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A Glória de Deus Pai Prefácio à edição em inglês Ao tentar escrever sobre Deus, rapidamente admitimos derrota; sugerir que podemos, pelo menos, arranhar a superfície, é um exagero total dos nossos esforços insignificantes e fracos. Somente uma Pessoa infinita pode expor sobre um Deus infinito: ―… o Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou‖ (Jo 1:18). Sempre haverá mistérios não contados da grandeza transcendente, da majestade e da glória de Deus, senão Ele não é Deus. Não podemos acrescentar nada à Sua grandeza intrínseca e eterna, nem pode a incredulidade e zombaria dos ateus e agnósticos prejudicar a Sua glória. Nós que somos salvos, nos maravilhamos constantemente no Seu amor inefável e na Sua rica demonstração de graça para conosco, e desejamos conhecer ―a ti só, por único Deus verdadei ro ‖ (Jo 17:3). Como o salmista no Salmo 42:1-2: ―Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo‖. Desejamos que esta sede possa ser diminuída, mesmo que de forma insignificante, ao lermos os capítulos deste livro e ao aprendermos um pouco mais sobre os atributos essenciais da Divindade, que nos fazem maravilhar, com grande assombro, e nos fazem regozijar, ―porque este Deus é o nosso Deus para sempre; ele será noss o guia até à morte [algumas autoridades antigas traduzem, ‗eternamente‘]‖ (Sl 48:14). Como Davi, almejamos louvar o Seu glorioso nome: ―Tua é, Senhor, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, Senhor, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre todos‖ (I Cr 29:11). Não somente O louvamos pela Sua majestade e glória incomparável, mas nos prostramos em adoração diante de cada lembrança da Sua graça e misericórdia, que conferiu a nós a inestimável honra de sermos seus filhos, ―pelo qual clamamos Aba, Pai‖ (Rm 8:15). Mais uma vez expressamos nossos agradecimentos aos autores que, apesar de seus muitos outros compromissos, têm contribuído de forma tão útil e valiosa a este livro da série sobre a ―Glória‖. Este volume é publicado com a oração de que Deus seja glorificado, e este deveria ser o nosso único motivo em todos os aspectos do nosso serviço, e que cada cristão que lê este livro seja levado a adorar e louvar o Deus da nossa salvação. ―Então Minh’alma canta a Ti Senhor, Grandioso és Tu, Grandioso és Tu.‖ (S. K. Hine) Roy Reynolds, Irlanda do Norte, Setembro 2010. Introdução A aprovação contínua e sincera do que se tornou carinhosamente conhecido como a série ―Da Glória‖, publicada por Assembly Testimony, tem nos incentivado a persistir na tarefa. Estamos muito satisfeitos de poder lançar mais este livro da série, e é nosso desejo que os santos de Deus sejam edificados como resultado. A ideia original era colocar material bom e doutrinariamente sadio nas mãos de jovens cristãos que talvez não tenham acesso à gama de volumes teológicos disponíveis nas livrarias. O retorno de apreciação sugere que este alvo está sendo alcançado. Sendo que um dos volumes anteriores trata do ensino Bíblico sobre o Senhor Jesus Cristo e outro esclarece verdades sobre o Espírito Santo, sentimos que é o nosso dever completar o tema da unidade da Trindade com um livro sobre o imenso assunto de Deus, o Pai. Frequentemente ouvimos ministério sobre a Pessoa do Senhor Jesus Cristo, e com menos frequência sobre o Espírito Santo, mas é um acontecimento raro ouvirmos alguém tentar expor sobre a verdade de Deus, o Pai. Talvez isto seja por causa da grandeza da tarefa, pois Deus enche a eternidade, trabalhando a partir de Si mesmo e para Si mesmo; é impossível colocar tanta riqueza e superabundância de verdade em algumas poucas reuniões de ministério. Não podemos entender Deus, e se pudéssemos, Ele deixaria de ser Deus, mas podemos tentar apreciar algo do Seu caráter, Sua forma de

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A Glória de Deus Pai

Prefácio à edição em inglês

Ao tentar escrever sobre Deus, rapidamente admitimos derrota; sugerir que podemos, pelo menos, arranhar a superfície,

é um exagero total dos nossos esforços insignificantes e fracos. Somente uma Pessoa infinita pode expor sobre um Deus

infinito: ―… o Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou‖ (Jo 1:18). Sempre haverá mistérios não contados da

grandeza transcendente, da majestade e da glória de Deus, senão Ele não é Deus. Não podemos acrescentar nada à Sua

grandeza intrínseca e eterna, nem pode a incredulidade e zombaria dos ateus e agnósticos prejudicar a Sua glória.

Nós que somos salvos, nos maravilhamos constantemente no Seu amor inefável e na Sua rica demonstração de graça

para conosco, e desejamos conhecer ―a ti só, por único Deus verdadeiro … ‖ (Jo 17:3). Como o salmista no Salmo 42:1-2:

―Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede

de Deus, do Deus vivo‖. Desejamos que esta sede possa ser diminuída, mesmo que de forma insignificante, ao lermos os

capítulos deste livro e ao aprendermos um pouco mais sobre os atributos essenciais da Divindade, que nos fazem maravilhar,

com grande assombro, e nos fazem regozijar, ―porque este Deus é o nosso Deus para sempre; ele será nosso guia até à morte

[algumas autoridades antigas traduzem, ‗eternamente‘]‖ (Sl 48:14).

Como Davi, almejamos louvar o Seu glorioso nome: ―Tua é, Senhor, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e

a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, Senhor, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre todos‖

(I Cr 29:11).

Não somente O louvamos pela Sua majestade e glória incomparável, mas nos prostramos em adoração diante de cada

lembrança da Sua graça e misericórdia, que conferiu a nós a inestimável honra de sermos seus filhos, ―pelo qual clamamos

Aba, Pai‖ (Rm 8:15).

Mais uma vez expressamos nossos agradecimentos aos autores que, apesar de seus muitos outros compromissos, têm

contribuído de forma tão útil e valiosa a este livro da série sobre a ―Glória‖. Este volume é publicado com a oração de que

Deus seja glorificado, e este deveria ser o nosso único motivo em todos os aspectos do nosso serviço, e que cada cristão que

lê este livro seja levado a adorar e louvar o Deus da nossa salvação. ―Então Minh’alma canta a Ti Senhor, Grandioso és Tu, Grandioso és Tu.‖ (S. K. Hine)

Roy Reynolds, Irlanda do Norte, Setembro 2010.

Introdução

A aprovação contínua e sincera do que se tornou carinhosamente conhecido como a série ―Da Glória‖, publicada

por Assembly Testimony, tem nos incentivado a persistir na tarefa. Estamos muito satisfeitos de poder lançar mais este livro

da série, e é nosso desejo que os santos de Deus sejam edificados como resultado. A ideia original era colocar material bom

e doutrinariamente sadio nas mãos de jovens cristãos que talvez não tenham acesso à gama de volumes teológicos

disponíveis nas livrarias. O retorno de apreciação sugere que este alvo está sendo alcançado.

Sendo que um dos volumes anteriores trata do ensino Bíblico sobre o Senhor Jesus Cristo e outro esclarece verdades

sobre o Espírito Santo, sentimos que é o nosso dever completar o tema da unidade da Trindade com um livro sobre o imenso

assunto de Deus, o Pai. Frequentemente ouvimos ministério sobre a Pessoa do Senhor Jesus Cristo, e com menos frequência

sobre o Espírito Santo, mas é um acontecimento raro ouvirmos alguém tentar expor sobre a verdade de Deus, o Pai. Talvez

isto seja por causa da grandeza da tarefa, pois Deus enche a eternidade, trabalhando a partir de Si mesmo e para Si mesmo; é

impossível colocar tanta riqueza e superabundância de verdade em algumas poucas reuniões de ministério. Não podemos

entender Deus, e se pudéssemos, Ele deixaria de ser Deus, mas podemos tentar apreciar algo do Seu caráter, Sua forma de

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agir e Sua glória. Se fizermos isto seremos levados, inevitavelmente, a nos prostrar diante dEle em louvor e adorar este Deus

inescrutável, que é o Pai de cada cristão.

Não há nenhuma reivindicação de que este livro seja, de qualquer forma, um tratado exaustivo sobre este tema

inesgotável. Entretanto, cremos que a verdade apresentada nele será de imenso valor como uma introdução a este assunto.

É mais fácil ser loquaz ao tratar de qualquer assunto do que ser conciso. Um profundo conhecimento do assunto é

necessário para se poder atingir uma exposição completa e concisa. Isto indica que devemos agradecimentos especiais a

todos os nossos autores que diligentemente pesquisaram o assunto tanto na Bíblia como nos escritos de outros, e que

dedicaram horas de estudo para que este volume pudesse ser lançado com confiança. Cada escritor é muito ocupado na sua

própria esfera de serviço, e aceitar escrever este livro é uma tarefa extra, que consome muito tempo. As suas contribuições

foram completadas sem reclamações e gratuitamente, reconhecendo que tudo é feito para a Sua glória e para o progresso

espiritual dos santos.

A habilidade e paciência de nosso irmão Roy Reynolds, que gastou horas editando o livro, são muito apreciadas, como

também a orientação do irmão Walter Boyd, que juntamente com a nossa irmã Ruth Nesbitt, foram diligentes ao fazer a

revisão e garantir a consistência na apresentação e estilo. Transmitimos nossos agradecimentos a estes, sabendo que num

dia, não muito distante, eles ouvirão: ―Bem está, bom e fiel servo‖ (Mt 25:23). Brian Currie, Irlanda do Norte. Setembro 2010

Prefácio à edição em português

Começando em 2011 com a publicação do livro ―A glória da Sua graça‖, prosseguimos com ―A glória do Filho‖ e ―O Espírito da glória‖ nos dois anos seguintes.

Dando sequência a esta série, lançamos agora o quarto volume, que trata do nosso Pai celestial, ―o bem-aventurado e único

poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; aquele que tem, Ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu, nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém‖ (I Tm 5:15-16).

Agradecemos aos responsáveis pela revista Assembly Testimony pela sua cooperação tão importante nesta obra, e pelos irmãos e

irmãs que voluntariamente usaram seu tempo e talentos nas diversas fases de produção deste livro. Novamente agradecemos a Deus pela oportunidade que Ele nos deu, através dos Seus servos na Irlanda do Norte e no Brasil, de oferecer este livro gratuitamente aos

nossos irmãos e irmãs no Brasil, Portugal e Angola.

Pirassununga, Julho de 2014

Cap. 1 — A Trindade

Por Jim M. Flanigan, Irlanda do Norte

Introdução

Quando os cristãos falam da ―Trindade‖ eles querem dizer que existe uma Tri-unidade santa e eterna de Pessoas na

Divindade. À luz da revelação do Novo Testamento, estes são conhecidos como Pai, Filho e Espírito Santo; três Pessoas

divinas distintas e distinguíveis, mas inseparáveis, um em essência, em conhecimento, em vontade, em amor, em graça e em

poder, coiguais e coeternas. A Divindade é uma, mas as Pessoas são três; três em um, um em três. O conceito é grande

demais para a inteligência humana, mas se não fosse assim, Deus deixaria de ser Deus. O cristão é grato pelo fato de ter um

Deus cuja grandeza e glória transcendem as débeis mentes dos mortais.

A palavra ―Trindade‖ não é uma palavra bíblica, mas a doutrina da Trindade é, com certeza, uma verdade bíblica. Já foi

dito que muitas vezes aquilo que é evidente no Novo Testamento é oculto no Velho Testamento, e isto é especificamente

correto em relação à verdade da Trindade. Aquilo que é, até certo ponto, oculto no Velho Testamento é revelado no Novo, e

então o que é chamado de a grande Tri-unidade, três em um e um em três, fica tão claro que pode ser visto através de todo o

volume inspirado das Sagradas Escrituras.

Há bons motivos para este progresso de doutrina e revelação. Nos dias do Velho Testamento a nação de Israel era o

testemunho de Deus no meio das nações idólatras, e precisava ser enfatizado à nação escolhida que havia realmente um

Deus. Era um erro grave supor, como faziam os gentios, que havia muitos deuses. Assim é que, desde os tempos remotos e

até o tempo presente, cada judeu devoto inicia o seu dia recitando as palavras de Deuteronômio 6:4: ―Ouve, Israel, o Senhor

nosso Deus, é o único Senhor‖. O fato que havia três Pessoas divinas naquela Divindade não era, para Israel, uma revelação

explícita, mas uma vez que os escritos do Novo Testamento são apreciados, então pode ser percebido que a grande verdade

estava implícita em muitas das passagens do Velho Testamento.

Jeová havia tirado Israel do Egito para que eles fossem adoradores do único Deus verdadeiro, e fossem também uma

repreensão às nações vizinhas, que adoravam muitos deuses e que tinham, na linguagem de Romanos 1:23, mudado ―a glória

do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrupedes, e de répteis‖. As

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nações tinham os seus deuses de ouro e prata, madeira e pedra. Infelizmente, Israel também, em certas ocasiões, sucumbiria

à adoração de ídolos, e honraria outros deuses, apesar da maneira benevolente como Jeová os tratava.

O falecido W. E. Vine, escrevendo em The Faith, a Symposium of Bible Doctrine (―A fé, um simpósio de doutrina

bíblica‖), editado pelo Dr. F. A. Tatford, comenta sobre o uso da palavra ―Pessoas‖ em relação à Trindade e diz:

Objeções tem sido feitas quanto ao uso desta palavra por ser não bíblica, e como que sugerindo a existência de três deuses; e estas objeções são válidas

se a palavra for usada na sua forma moderna normal. Sendo que as distinções não são quanto à essência, mas são pessoais, e são distinções de unidade,

e se a palavra ―pessoa‖ for entendida como simplesmente significando um ser inteligente, ou um agente possuidor da faculdade de raciocínio, podemos

considerá-la não tão censurável, embora o seu uso não seja realmente necessário.

Entretanto, tendo dito isto, o artigo do Sr. Vine está cheio da palavra ―Pessoa‖ e ―Pessoas‖, e realmente é difícil saber de

que outra maneira se referir aos Três Santos da Divindade. A palavra ―Pessoa‖ será portanto usada, com a devida reverência

e inteligência, no decorrer desta presente meditação. Quão verdadeiras são as palavras que os cristãos cantam:

Santo, Santo, Santo, Senhor Deus Todo Poderoso Cedo de manhã nosso canto se elevará a Ti; Santo, Santo, Santo! Misericordioso e poderoso! Deus em três Pessoas, bendita Trindade. Reginald Heber

A Trindade no Velho Testamento

Como já foi mencionado, a doutrina da Trindade não é especifica ou explicitamente ensinada no Velho Testamento, mas

com o esclarecimento do Novo Testamento as grandes verdade podem ser claramente vistas em muitas passagens.

O versículo inicial do Velho Testamento diz: ―No princípio criou Deus os céus e a terra‖ (Gn 1:1). A palavra ―Deus‖ no

hebraico é Elohim, e Elohim é uma palavra plural (Strong 0430). Quão significativo que o primeiro título divino em nossa

Bíblia está no plural. Se alguém argumentar que o plural hebraico é às vezes usado para sugerir grandeza, majestade,

magnificência, e não necessariamente uma pluralidade no sentido normal da palavra, isto é de fato correto. Entretanto, este

não é um plural de majestade, e isto é confirmado um pouco mais adiante, no mesmo capítulo, pelo uso dos pronomes

plurais que são usados quando Elohim diz: ―Façamos [nós] o homem ànossa imagem‖ (v. 26). Existe, no versículo inicial da

Bíblia, um título empregado que só pode ser entendido se reconhecermos a pluralidade de Pessoas na Divindade.

Também lemos: ―Então disse o Senhor Deus [Jeová Elohim]: Eis que o homem é como um de nós‖ (Gn 3:22),

mostrando que Jeová e Elohim são títulos divinos da mesma Divindade, e que há de fato uma pluralidade de Pessoas, que

sempre será um mistério se não há uma Trindade. E novamente é Jeová quem diz: ―Eia, desçamos [nós] e confundamos ali a

sua língua‖ (Gn 11:7).

Quando reconhecemos que há uma pluralidade de Pessoas divinas na Divindade, é fácil discernir alusões a isto em

outros textos bem conhecidos do Velho Testamento. Na bem conhecida bênção de Arão, em Números 6:24-26, muitos

percebem isto: ―O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o

Senhor sobre ti levante seu rosto e te dê a paz‖. A tríplice repetição do grande nome certamente indica para muitos o fato da

Trindade, enquanto as bênçãos respectivas que seguem estão de acordo com os ministérios benevolentes do Pai, do Filho e

do Espírito Santo.

Também, na memorável visão dada ao profeta Isaías, ele viu os serafins e os ouviu clamar uns anos outros: ―Santo,

Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos‖ (Is 6:3). Para o incrédulo, ou para os unitaristas, esta repetição ao atribuir santidade

pode não significar nada, mas para os que creem na maravilha da Trindade temos aqui mais uma alusão a esta grande

verdade.

Outras passagens do Velho Testamento chamadas ―Messiânicas‖, como Isaías 6:1 e Salmo 110:1, que iremos considerar

mais tarde, também transmitem à mente do cristão a mesma doutrina da Trindade. Enquanto concordamos que a Trindade

não é exposta no Velho Testamento, num longo artigo sobre a Trindade na Internacional Standard Bible

Encyclopaedia (―Enciclopédia Bíblica Internacional‖), Benjamim B. Warfield escreve:

O Velho Testamento pode ser comparado a um quarto ricamente decorado e mobiliado, mas com luz fraca: Acender a luz não coloca no quarto nada

que não estava ali antes; mas deixa claro muito do que já estava nele, e estava escondido ou era apenas visto vagamente. O ministério da Trindade não

é revelado no Velho Testamento; mas o mistério da Trindade está escondido na revelação do Velho Testamento, e pode ser percebido aqui e ali. Assim

a revelação de Deus no Velho Testamento não é corrigida pela revelação que vem a seguir, mas somente aperfeiçoada, aumentada e estendida.

Nas meditações que seguem, as referências bíblicas claras à Divindade de Cristo exigem uma Trindade de Pessoas

divinas.

A Trindade nos Evangelhos

É importante reconhecer e enfatizar a igualdade essencial do Pai, do Filho e do Espírito Santo na Divindade. A Deidade

de Cristo é frequentemente negada por infiéis e críticos, alguns dos quais, triste e estranhamente, ainda professam ser

cristãos. Não é possível crer na Trindade e negar a Deidade do Filho. Também é impossível crer na Deidade do Filho e ser

um Unitarista. Não existem três Deuses, mas o Pai é Deus, assim como o Filho é Deus, e o Espírito Santo também é Deus.

Estes relacionamentos na Divindade são vistos muito claramente através das páginas dos quatro Evangelhos.

Bem no início da história do Evangelho, a Trindade está em evidência na encarnação do Salvador. As palavras de

Gabriel a Maria foram: ―Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso

também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus‖ (Lc 1:35). O Espírito Santo … a virtude do

Altíssimo … Filho de Deus. Estes Três estão em perfeita harmonia na milagrosa concepção do Filho de Maria.

Naquele único relance que nos é dado dos anos escondidos em Nazaré, quando o menino Jesus estava sendo procurado e

foi finalmente encontrado no Templo, Suas palavras a Maria foram: ―Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me

convém tratar dos negócios de meu Pai?‖ (Lc 2:49). Aqui temos o Filho falando do Seu Pai, e os que creem na Trindade

entenderão isto perfeitamente. Entretanto, como indicado pela palavra Elohim, há uma pluralidade hebraica na Divindade,

não apenas uma dualidade, e outras Escrituras irão nos mostrar que a terceira Pessoa na Divindade é o Espírito Santo.

Alguns dezoito anos depois do incidente no Templo, Jesus veio ao rio Jordão onde João estava batizando. Em grande

humildade Ele pediu a João que O batizasse. Era um batismo de arrependimento para o povo, mas Ele, que não tinha nada

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do que Se arrepender, entrou nas águas com eles. Ele em graça tomaria o Seu lugar com aqueles que aceitaram a pregação

do profeta. Enquanto Ele estava no rio, os Céus se abriram. A voz do Pai falou, proclamando: ―Este é o meu Filho amado,

em quem me comprazo‖ (Mt 3:17). É interessante que Mateus, Marcos, Lucas e João todos registram o fato do Espírito

Santo descer sobre Ele como pomba (veja Mt 3:16; Mc 1:10; Lc 3:22; Jo 1:32). Pode haver alguma evidência mais clara da

Trindade do que esta? O Filho está na água; o Pai falando dos Céus; e o Espírito Santo descendo sobre o Filho.

Imediatamente depois do Seu batismo o Salvador foi dirigido ao deserto, e o Nelson’s Bible Dictionary (―Dicionário

Bíblico de Nelson‖) comenta: ―O Diabo reconheceu Jesus como o Filho de Deus, Lc 4:3, mas ele tentou destruir o

relacionamento fiel da família divina‖. Depois de quarenta dias, Jesus voltou no poder do Espírito Santo para a Galileia.

Filho e Espírito novamente estão juntos, enquanto o Pai aguarda silenciosamente dos Céus. Foi depois destes dias que Jesus

veio à sinagoga em Nazaré, Sua cidade. Ele Se levantou, indicando Seu desejo de ler a porção das Escrituras para aquele dia,

e tendo recebido o rolo da profecia de Isaías, Ele calmamente encontrou o lugar que hoje conhecemos como o cap. 61. Era

como se, para o povo de Nazaré, Ele iria lançar os alicerces e estabelecer a autoridade do Seu ministério Messiânico, como

tinha sido mencionado anteriormente, e vemos aqui a Trindade em evidência, no primeiro versículo daquele grande capítulo:

―O Espírito do Senhor Deus está sobre mim‖ (Is 61:1; Lc 4:18). O Espírito, enviado pelo Senhor Altíssimo está sobre o

Filho. Pai, Filho e Espírito Santo estão juntos na apresentação do Messias.

Durante os meses de ministério que se seguiram, na Galileia, Judeia, Samaria, o Salvador, vez após vez, falou do Seu

relacionamento divino com o Pai, e falou daquela santa comunhão entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. As seguintes

citações do Evangelho de João são apenas algumas ilustrações deste ministério:

3:16 — ―Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito‖;

3:34 — ―Aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida‖;

3:35 — ―O Pai ama o Filho e todas as coisas entregou nas suas mãos‖;

5:17 — ―E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também‖;

5:18 —―… também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus‖;

5:19 — ―O Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai‖;

5:20 — ―O Pai ama o Filho‖;

5:22 — ―O Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo‖;

5:23 — ―… todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou‖;

5:43 — ―Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais‖;

6:29 — ―A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou‖;

6:37 — ―Todo o que o Pai me dá virá a mim‖;

7:39 — ―E isto ele disse do Espírito que haviam de receber os que nele cressem‖;

8:18 — ―… de mim testifica também o Pai que me enviou‖;

8:19 — ―Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai‖;

8:58 — ―Disse Jesus … antes que Abraão existisse, eu sou‖.

Se alguém for tentado a pensar que estas citações são excepcionais ou raras, leia com atenção os capítulos dos quais elas

foram tiradas, para ver que há muitas outras semelhantes que não foram citadas, e se continuar lendo descobrirá tantas outras

nos capítulos seguintes. E tudo isto somente no Evangelho de João! Há outros três Evangelhos inspirados que estão

igualmente repletos de revelações e manifestações da Deidade de Cristo e da harmonia da Trindade.

E o evangelho de João continua:

10:15 — ―Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai‖;

10:17 — ―Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida‖ (10:17);

10:30 —―Eu e o Pai somos um‖;

10:38 — ―O Pai está em mim e eu nele‖;

13:31 — ―Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele‖;

14:9 — ―Quem me vê a mim vê o Pai‖;

14:11 — ―Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim‖;

14:16 — ―E Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador‖;

14:17 — ―O Espírito da verdade que o mundo não pode receber‖;

14:26 — ―O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome‖;

15:26 — ―O Consolador que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai‖;

16:14 — ―Ele me glorificará‖;

16:15 — ―Tudo quanto o Pai tem é meu‖;

16:28 — ―Saí do Pai … deixo … e vou para o Pai‖;

20:21 — ―Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós‖;

20:22 — ―… disse-lhes: Recebei o Espírito Santo‖.

Muitas outras expressões semelhantes poderiam ser citadas do Evangelho de João, mas será possível alguém meditar

nestas que foram citadas e não perceber o relacionamento divino e a harmonia entre as Pessoas da Trindade? Talvez

devamos enfatizar, entretanto, que não é espiritualmente inteligente falar da primeira, segunda e terceira Pessoas da

Divindade, como alguns fazem. O Pai é Deus; o Filho é Deus; o Espírito Santo é Deus. Há uma igualdade inescrutável de

Pessoas na Divindade, e isto pode ser visto não somente no Evangelho de João, mas também nos Evangelhos chamados

―sinópticos‖, Mateus, Marcos e Lucas. A Divindade de Cristo e o fato da Trindade brilham através da história do Evangelho.

Comentando no que é frequentemente chamado de a ―Fórmula do Batismo‖ em Mateus 28:19, Benjamim Warfield

escreve:

O mais próximo que chegamos a uma afirmação formal registrada sobre a doutrina da Trindade, vinda dos lábios de nosso Senhor, ou como talvez

podemos dizer, que pode ser encontrado em todo o Novo Testamento, foi preservada para nós não em João, mas em um dos Evangelhos sinóticos.

Entretanto, ela só é apresentada incidentalmente, e tem como objetivo principal algo muito diferente do que formular a doutrina da Trindade. Está

embutida na grande comissão que o Senhor ressurreto deu aos Seus discípulos: ―… Ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em [ao] nome

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do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo‖. Tentando estimar o valor desta grande declaração, devemos ter em mente a grande solenidade desta afirmação,

e devemos dar importância total a cada palavra da frase. Seu estilo é, no mínimo, impressionante. Não diz: ―Nos nomes [plural] do Pai, e do Filho e do

Espírito Santo‖; também não diz (o que seria o equivalente disto): ―no nome do Pai, e no nome do Filho e no nome do Espírito Santo‖, como se

estivéssemos tratando de três seres individuais. Por outro lado, também não diz: ―No nome do Pai, Filho e Espírito Santo‖,como se ―o Pai, Filho e

Espírito Santo‖ pudesse ser entendido como meramente três nomes da mesma pessoa. Com expressividade impressionante, a frase afirma a união dos

três, unindo-os dentro dos parâmetros de um único nome; e em seguida enfatiza a distinção de cada um, ao apresentá-los individualmente com a

repetição do artigo: ―No nome do [de o] Pai, e do Filho e do Espírito Santo‖.

A Trindade em Atos dos Apóstolos

O leitor mal começa a ler o livro de Atos e logo é apresentado a fatos sobre a Trindade. Nos primeiros versículos o

Salvador ressurreto instrui Seus discípulos a aguardar a promessa do Pai, a vinda do Espírito Santo. Ele então acrescenta:

―Recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas‖ (At 1:8). O Espírito Santo, a

promessa do Pai, capacita as testemunhas do Filho.

No dia de Pentecostes, o Espírito veio como prometido. Com grande ousadia Pedro se levantou com os onze e sua

mensagem foi: ―Homens israelitas, escutai estas palavras: a Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com

maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; a este que vos foi

entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; ao

qual Deus ressuscitou‖ (At 2:22-24). O Espírito Santo dado pelo Pai capacita os discípulos a testemunharem do Filho,

pregando sobre Sua vida, morte, ressurreição e exaltação à destra do Pai. ―De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e

tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis‖ (At 2:33). ―O Deus de

Abraão, de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Filho Jesus‖ (At 3:13).

Um pouco mais tarde, depois da cura milagrosa do coxo que estava mendigando à entrada da Porta Formosa do Templo,

Pedro e João foram acusados diante dos líderes, anciãos, escribas e sacerdotes. Pedro era o porta-voz. Cheio do Espírito

Santo, ele ousadamente testificou que Deus havia ressuscitado dentre os mortos a Jesus de Nazaré, a quem eles haviam

crucificado (At 4:5-10). O Espírito Santo, o poder de Deus, Jesus o Nazareno; a Santa Tri-unidade está novamente em

evidência para todos os que desejarem ver.

Voltando ao grupo de discípulos reunidos, Pedro e João contaram a eles tudo o que os principais sacerdotes e anciãos

haviam dito. Houve grande louvor e alegria entre eles ao recordarem das palavras do segundo Salmo: ―Levantaram-se os reis

da terra, e os príncipes se ajuntaram à uma, contra o Senhor e contra o Seu Ungido‖ (At 4:26). Depois, ―tendo orado, moveu-

se o lugar em que estavam reunidos, e todos foram cheios do Espírito Santo‖ (At 4:31). Aqui novamente as três Pessoas da

Trindade são vistas juntas, nos primeiros dias do testemunho cristão: o Senhor, Seu Cristo, e o Espírito Santo.

No caso de Ananias e Safira (At 5:1-10) temos novamente uma referência clara à Deidade do Espírito Santo e, portanto,

da Trindade. O homem e sua esposa haviam agido enganosamente acerca do preço que haviam recebido pela venda da sua

terra. Pedro, com discernimento apostólico, reconheceu a mentira e questionou Ananias: ―Por que encheu Satanás o teu

coração, para que mentisses ao Espírito Santo?‖ (v. 3). Repetindo a acusação, Pedro então disse: ―Não mentiste aos homens,

mas a Deus‖ (v. 4). Mentir ao Espírito Santo era a mesma coisa que mentir a Deus. Depois de algumas horas Safira chegou e

confirmou a mentira de Ananias, e Pedro disse a ela: ―Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do

Senhor?‖ (v. 9).

Foi depois disto que os apóstolos foram presos e detidos no cárcere, mas houve a libertação milagrosa e logo eles

estavam pregando e ensinando no Templo. Mais uma vez eles foram trazidos diante do conselho e ordenados a deixar de

ensinar o que ensinavam. A resposta deles foi que eles deviam obedecer a Deus e não aos homens, e em seguida, mais uma

vez, as três Pessoas da Divindade são mencionadas no seu testemunho. Eles disseram: ―O Deus de nossos pais ressuscitou a

Jesus, ao qual vos matastes, suspendendo-o no madeiro. Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador … e nós

somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem‖ (At

5:30-32). O Deus de seus pais havia ressuscitado a Jesus, e havia dado o Espírito Santo para testemunhar com eles da Sua

exaltação. Eles haviam crucificado o Filho; Deus O ressuscitara; o Espírito era testemunha.

Era provavelmente inevitável que, mais cedo ou mais tarde, alguns dos discípulos tivessem que fazer o sacrifício

supremo pelo seu testemunho ousado em favor de Cristo, e o relato da morte de Estêvão é o primeiro caso relatado de

martírio (At 7:58-60). Aqui, novamente, no final da grande pregação de Estêvão ao conselho, a Divindade está em

evidência. Estêvão tinha, com grande inteligência e poder, dado um relato detalhado do relacionamento de Deus com a

nação, desde o chamado de Abraão até a vinda do Justo a quem eles traíram e assassinaram. Ele descreve a história da nação

com suas perseguições, seus pecados e fracassos, e a constante paciência de Deus com eles, e então, corajosamente, ele os

acusa de resistência obstinada ao Espírito Santo, exatamente como os seus pais. Há algo majestoso na cena quando Estêvão,

―estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus; e

disse: Eis que vejo os seus abertos, e o Filho do homem que está em pé, à mão direita de Deus‖ (At 7:55). Aqui temos as três

Pessoas da Divindade em plena comunhão, na ocasião da morte do primeiro mártir. Estêvão está cheio do Espírito Santo; ele

vê Jesus, o Filho, à mão direita de Deus, e diante de tal visão de glória ele se ajoelha em oração, enquanto recebe uma chuva

de pedras, e pede perdão para os que o estavam apedrejando. E assim ele adormeceu.

O jovem Saulo de Tarso estava ali assistindo enquanto Estêvão era apedrejado, concordando com a morte de Estêvão,

embora seja possível que ele já estivesse ―recalcitrando contra os aguilhões‖ da consciência (At 9:5). Entretanto, ele

continuou teimosamente no seu caminho, perseguindo os cristãos e viajando em direção a Damasco para prender os cristãos

ali. A história da sua conversão é bem conhecida, mas depois de ter perdido a sua visão, no clarão da glória do Cristo

ressurreto, ele foi levado a Ananias, que lhe disse: ―Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde

vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo‖ (At 9:17). Que transformação! Cheio do Espírito

Santo, reconhecendo a Jesus como Senhor, e logo ―nas sinagogas pregava a Cristo, que este é o Filho de Deus‖ (At 9:20).

Jesus é o Filho de Deus, e os que creem passam a ser a morado do Espírito Santo, dado por Deus.

Mais uma vez na pregação de Pedro, na casa de Cornélio em Cesárea, a Trindade está evidente. Pedro diz: ―Deus ungiu a

Jesus de Nazaré com o Espírito Santo‖ (At 10:38). Isto nos faz lembrar de Isaías 6:1 e Lucas 4:18: ―Deus … Jesus … o

Espírito Santo‖. Enquanto Pedro pregava que Deus havia ungido a Jesus para ser Juiz de vivos e de mortos, ―dizendo Pedro

ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra‖ (At 10:42-44).

Se esta meditação fosse um estudo detalhado, ou uma exposição do livro de Atos, então veríamos a grande verdade da

Trindade vez após vez. Veríamos os apóstolos pregando a Palavra de Deus com poder; testificando de um Salvador

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crucificado, mas agora ressurreto e glorificado, e Deus honrando o seu testemunho: ―… testificando também Deus com eles,

por sinais e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo‖ (Hb 2:4). Deus tinha dado o Seu Filho, o Filho tinha sido

exaltado, e o Espírito tinha sido dado. Este era o peso da pregação apostólica, e esta apresentação do ministério das Pessoas

divinas está em evidência repetidas vezes no livro de Atos.

Não é sem razão que este livro de Atos às vezes é chamado ―Atos do Espírito Santo‖. O leitor será constantemente

lembrado da Deidade do Espírito Santo nos capítulo que seguem. O Espírito divino será visto controlando e dirigindo os

servos de Deus. Ele testemunhará com eles enquanto eles testificam da Pessoa e obra do Senhor Jesus e Ele irá, igualmente,

trabalhar nos corações dos que ouvem, revelando Cristo às almas sinceras e preocupadas.

Mas o estudo da Trindade deve prosseguir, pois ainda há vinte e uma epístolas e o livro final do Apocalipse para

considerarmos, todos eles repletos do fato e da doutrina da Trindade.

A Trindade nas epístolas

Há um comentário muito bom sobre a Trindade em Unger’s New Bible Dictionary (―Novo Dicionário Bíblico de

Unger‖), que diz:

O ensino do Novo Testamento sobre este assunto não é dado de maneira formal. A afirmação formal, entretanto, é legitima e necessariamente deduzida

das Escrituras do Novo Testamento, e estas, como foi sugerido, lançam uma luz ao passado, clareando as insinuações do Velho Testamento … Fica

claro que Cristo e os apóstolos atribuem personalidades distintas ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. E estas declarações são tais que não permitem

reconhecimento de qualquer outro conceito além daquele da união destas três Pessoas na unidade ontológica de toda a natureza divina (veja por

exemplo Mt 28:19; Jo 14:16, 17; I Co 12:4-6; II Co 13:14; Ef 4:4-6; I Pe 1:2; Ap 1:4-6). A mesma adoração é dada e as mesmas obras são atribuídas a

cada uma destas três Pessoas, e de tal forma que indicam que elas estão unidas na plenitude do Deus vivo. O monoteísmo do Velho Testamento é

mantido, enquanto são fornecidos vislumbres do modo tri-pessoal da existência divina.

Na epístola aos Romanos

Duvidar ou negar o fato de uma Trindade de Pessoas divinas na Divindade resultará num triste fracasso em apreciar a

grandeza da mensagem do Evangelho, como ela é exposta na epístola aos Romanos. Nos seus comentários iniciais nesta

epístola, Paulo associa tanto o Pai como o Filho com o seu Evangelho. O Evangelho é, ele escreve, ―… o evangelho de

Deus … acerca de Seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor … declarado Filho de Deus em poder‖ (Rm 1:1-4). Ele novamente

une Pai e Filho na sua saudação: ―Graça e paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo‖ (Rm 1:7). O Evangelho de Deus

(1:1) é o evangelho de Seu Filho (1:9), e assim o tema continua por toda a epístola. A paz com Deus, que os cristãos têm

hoje, veio a eles por meio de Jesus, o Filho (5:1). Deus provou Seu amor para conosco dando o Seu Filho para morrer em

nosso lugar (5:8). E depois, na primeira de muitas referências ao Espírito Santo na epístola, o apóstolo escreve: ―… o amor

de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado‖ (5:5). Muitos leitores saberão que o cap.

8 é o grande capítulo do Espírito Santo, e assim Pai, Filho e Espírito Santo estão unidos numa santa comunhão relacionada

às boas novas e à obra da graça nos corações dos que creem. Esta intimidade das Pessoas divinas é mencionada novamente

no versículo final da epístola: ―Ao único Deus sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo sempre. Amém‖ (16:27).

Como poderia a carta aos Romanos ser lida com um coração sincero e aberto sem perceber que ela apresenta o Evangelho de

Deus a respeito de Seu Filho, pregado no poder do Espírito? Pai, Filho e Espírito Santo estão, cada um e todos, envolvidos

no Evangelho que é tão poderosamente exposto na epístola aos Romanos. A grande Trindade está aqui.

Nas epístolas aos Coríntios

Há duas epístolas aos Coríntios, mas seria praticamente impossível, neste artigo, mencionar em detalhes todas as

referências a Deus e Seu Filho, até mesmo no primeiro capítulo da primeira epístola. Talvez algumas citações da epístola

serão suficientes.

1:9 — ―Fiel é Deus pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor‖;

2:4 — ―A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em

demonstração de Espírito e de poder‖;

2:10 — ―Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus‖;

2:11 — ―ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus‖;

3:16 — ―Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?‖;

8:6 — ―Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo,

pelo qual são todas as coisas, e nós por ele‖;

12:4-6 — ―Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o

mesmo, e há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos‖.

Como na epístola aos Romanos, assim também nesta primeira epístola aos Coríntios; Pai, Filho e Espírito Santo estão

em santa harmonia em todas as coisas relacionadas com as boas novas. As referências são numerosas demais para citarmos

aqui, mas o tema continua na segunda epístola, e mais uma vez é possível listar somente algumas citações das muitas que

podem ser encontradas ali.

―Porque o Filho de Deus, Jesus Cristo, que entre vós foi pregado por nós, isto é, por mim, Silvano e Timóteo, não foi sim

e não; mas nele houve sim. Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para a glória de

Deus por nós. Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus, o qual também nos selou e deu o

penhor do Espírito em vossos corações‖ (II Co 1:19-22).

Que grande união de todas as Pessoas divinas em tão poucos versículos! Deus está aqui. O Filho de Deus está aqui. O

Espírito está aqui. Três Pessoas com um propósito comum em graça! Quem pode negar isto?

Esta carta se encerra com a linda bênção da Trindade: ―A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a

comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém‖ (II Co 13:14).

Na epístola aos Gálatas

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No versículo inicial da epístola aos Gálatas, Paulo fala de ―Jesus Cristo e Deus Pai‖, e em 1:3 ele envia graça e paz ―de

Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo‖. Note como as Pessoas da Divindade são distintas e diferenciadas, e ao mesmo

tempo há uma eterna união entre eles. ―Aprouve a Deus‖, escreve Paulo, ―revelar seu Filho em mim‖ (1:15-16).

Mais uma vez, numa frase curta, temos as três Pessoas colocadas juntas. Para os cristãos Paulo escreve: ―Deus enviou

aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai‖ (4:6).

Na epístola aos Efésios

Logo no início desta epístola o apóstolo apresenta as Pessoas divinas em comunhão: ―Bendito o Deus e Pai de nosso

Senhor Jesus Cristo‖ (1:3). Mais tarde, falando dEle, por cujo sangue os cristãos foram reconciliados com Deus, ele diz:

―Por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito‖ (2:18). Pelo sangue do Filho e o ministério em graça do

Espírito, somos reconciliados com o Pai. Para os cristãos parece incrível que alguém pode ler tais palavras e ainda negar a

grande doutrina da Trindade. Em Cristo ―vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito‖ (2:22). Cristo o

Filho, Deus o Pai, e o Espírito Santo juntos novamente em uma só frase.

Mais uma vez: ―Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo … segundo as riquezas

da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior‖ (3:14, 16).

Tempo e espaço nos impedem de notar outras referências ao Pai, Filho e Espírito nesta epístola, mas, ―Paz seja com os

irmãos, e amor com fé da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo‖ (6:23).

Na epístola aos Filipenses

―Cristo é anunciado … nisto me regozijo, e me regozijarei ainda. Porque sei que disto me resultará salvação, pela nossa

oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo‖ (1:18-19).

No capítulo seguinte temos a consolação em Cristo, o conforto do amor, e a comunhão do Espírito (2:1). Depois temos a

promessa: ―E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará os vossos corações, e os vossos sentimentos em Cristo

Jesus‖ (4:7). Pai e Filho estão juntos no propósito de manter os cristãos em paz.

Na epístola aos Colossenses

O Pai ―nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; … o qual é imagem do

Deus invisível‖ (1:13-15).

Por algum motivo há apenas uma referência ao Espírito Santo nesta epístola. Talvez seja porque o tema principal da

epístola é a autoridade e glória de Cristo, o Filho. Mesmo assim, há uma referência, bem no início da epístola. ―Epafras,

nosso amado conservo, que para vós é um fiel ministro de Cristo; o qual nos declarou também o vosso amor no Espírito‖

(1:7-8).

Nas epístolas aos Tessalonicenses

―… como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus a seu Filho, a

quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus‖ (I Ts 1:9-10); ―Deus, que nos deu também o Seu Espírito Santo‖ (I Ts

4:8).

Assim, Pai, Filho e Espírito Santo são mencionados nesta curta primeira epístola. ―Devemos sempre dar graças a

Deus … por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito‖ (II Ts 2:13).

Nas epístolas a Timóteo

I Tm 1:2 — ―Graça, misericórdia e paz da parte de Deus nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor‖;

I Tm 2:5 — ―Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem‖;

I Tm 3:16 — ―… grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos,

pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória‖;

I Tm 4:1 — ―o Espírito expressamente diz‖;

I Tm 6:15-16 — ―A qual a seu tempo mostrará o bem aventurado, e único poderoso Senhor; Rei dos reis e Senhor dos

senhores, aquele que tem ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver,

ao qual seja a honra e poder sempiterno. Amem‖.

Que confirmação da Deidade de Cristo! Ele que é o Rei dos reis e Senhor dos Senhores (Ap 19:16) é o bendito e único

poderoso Senhor.

II Tm 4:1 — ―Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo‖. Note a igualdade de Deus e do Senhor Jesus.

Na epístola a Tito

1:4 — ―Graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai, e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador‖. Igualdade na saudação

do apóstolo.

2:13-14 — ―Aguardando a bem aventurada-esperança, e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus

Cristo; o qual se deu a si mesmo por nós‖.

Na epístola a Filemom

v. 3 — ―Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo‖. Novamente vemos igualdade!

Na epístola aos Hebreus

1:1 — ―Deus … falou-nos nestes últimos dias pelo Filho‖;

1:8 — ―Do Filho diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos‖;

2:3-4 — ―… tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a

ouviram; testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo‖;

4:14 — ―um grande Sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus‖;

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5:5 — ―Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse — Tu és meu Filho‖;

7:1-3 — ―Este Melquisedeque … sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida; mas

sendo feito semelhante ao Filho de Deus‖;

10:14-15 — ―Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados, e também o Espírito Santo no-lo

testifica‖.

Na epístola de Tiago

1:1 — ―Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo …‖. Note mais uma vez a igualdade!

3:9 — ―Com ela bendizemos a Deus e Pai‖.

Nas epístolas de Pedro

I Pe 1:2 — ―Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue

de Jesus Cristo‖. Note a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo na saudação de Pedro!

I Pe 1:3 — ―Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo‖;

I Pe 1:11-12 — ―o Espírito de Cristo … testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia

de seguir … agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregam o evangelho …‖;

II Pe 1:17 — ―Porquanto ele recebeu de Deus o Pai honra e glória, quando da magnifica glória lhe foi dirigida do céu a

seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido‖. Deus o Pai expressando o Seu prazer no Seu

Filho.

Nas epístolas de João

I Jo 1:1-2 — ―O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as

nossas mãos tocaram da Palavra da vida. (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos

anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada)‖. De que forma mais clara poderia ser expressa a

Deidade e eternidade do Filho?

I Jo 2:23 — ―Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho tem também o Pai‖;

I Jo 2:24 — ―… Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai‖;

I Jo 4:9-10 — ―… Deus enviou Seu Filho unigênito ao mundo, para que por Ele vivamos … Ele nos amou a nós e enviou

seu Filho …‖;

I Jo 4:14-15 — ―… o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo. Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus,

Deus está nele e ele em Deus‖;

II Jo v. 9 — ―Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho‖.

Na epístola de Judas

v. 1 — ―santificados em Deus Pai, e conservados por Jesus Cristo‖;

v. 4 — ―… homens ímpios … negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo‖;

vs. 20-21 — ―Mas, vós amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo,

conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus‖.

A Trindade em Apocalipse

1:5-6:―Jesus Cristo … nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai‖;

2:18, 29 — ―Isto diz o Filho de Deus … quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz as igrejas‖. O Filho e o Espírito com

uma só voz;

5:11-13 — ―… ouvi a voz de muitos anjos … e era o número deles de milhões de milhões, e milhares de milhares, que com

grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória,

e ações de graças. E ouvi toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e todas as coisas

que neles há dizer: Ao que está assentado no trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra e glória, e poder

para todo o sempre‖. Os Céus e a Terra dão honras ao Cordeiro, que só podem ser atribuídas à Divindade.

11:15-17 — ―Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo sempre … Graças te

damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste‖. O reino de

Cristo é o reino do Todo Poderoso!

21:22-23 — ―E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro. E a cidade não

necessita de sol, nem de lua, para que nela resplandeçam porque a glória de Deus a tem iluminado, e o Cordeiro é a sua

lâmpada‖. Na glória da cidade celestial, o Todo-Poderoso e o Cordeiro são supremos.

Deus e o Cordeiro ali A luz e o templo serão, E hostes radiantes para sempre compartilharão O mistério revelado. (J. N. Darby)

22:1, 3 — ―O trono de Deus e do Cordeiro‖ (repetido).

22:16-17 — ―Eu, Jesus … Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã. E o Espírito e a esposa

dizem vem‖. Ele é o Filho de Davi e o Senhor de Davi (Sl 110:1). Jesus é antes e depois de Davi. Ele é Deus e o Filho de

Deus!

Sem dúvida, precisamos concordar que, sendo estabelecida a divindade de Cristo e igualmente a divindade do Espírito

Santo, há de fato uma pluralidade, uma Santa Trindade de Pessoas divinas.

Santo! Santo! Santo! Todos os santos Te adoram, Lançando suas coroas de ouro ao redor do mar de vidro; Querubins e serafins prostram-se diante de Ti, Que eras e és, e eternamente serás.

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Santo! Santo! Santo! Senhor Deus Onipotente! Todas Tuas obras louvarão Teu nome na Terra, Céu e mar. Santo! Santo! Santo! Misericordioso e poderoso! Deus em três Pessoas, bendita Trindade! (Reginald Heber)

Cap. 2 — A onipotência de Deus o Pai

Por John M. Riddle, Inglaterra

Introdução

Embora a palavra ―onipotente‖ ocorre somente uma vez na AV, em Apocalipse 19:6, a palavra grega básica

(pantokrator) é encontrada dez vezes no Novo Testamento onde, com exceção da citação acima, é traduzida ―Todo-

Poderoso‖. Destas dez ocorrências, nove estão no livro de Apocalipse, e uma em II Coríntios 6:18. De acordo com W. E.

Vine, a palavra significa ―poderoso, aquele que governa sobre tudo (pas, todo, krator, segurar, ou ter força)‖ .

O Velho Testamento contribui ricamente no seu uso dos títulos divinos Elohim e El-Shaddai. Ambos estes títulos serão o

assunto de um capítulo mas adiante no livro. No momento basta dizer que o título Elohim (uma palavra plural) se refere a

Deus (El) como o ―Poderoso, a Primeira Grande Causa de tudo‖ (Thomas Newberry, The Newberry Study Bible). Também

devemos destacar que enquanto o título El Shaddai, combinando o singular El com o plural Shaddai, às vezes é definido

como ―Deus todo Suficiente‖, no sentido de conceder força e nutrição, W. Hoste diz que ―parece não haver base suficiente

para derivarmos Shaddai de Shad, que significa um seio‖. Genésio (Hebrew-Chaldee Lexicon to the Old Testament) não tem

dúvida alguma que significa ―o mais poderoso, o Todo-Poderoso‖. Thomas Newberry destaca que o título aparece na

combinação ―Deus Todo-Poderoso‖, ou ―o Todo-Poderoso Deus‖, em sete ocasiões, e sozinho, ―o Todo-Poderoso‖, em

quarenta e uma ocasiões. As referências são encontradas, na sua maioria, no livro de Jó. A primeira ocorrência está no livro

de Gênesis: ―Eu Sou o Deus Todo-Poderoso‖ (Gn 17:1). É bom notar que

[…] ninguém deu nomes a Deus. Ele os escolheu. Algumas pessoas recebem seus nomes antes de nascer — somente Ele, como Aquele que não teve

―princípio de dias‖, escolheu os Seus próprios nomes.

A onipotência de Deus é definida como ―Seu poder de fazer tudo conforme a Sua vontade e caráter‖. Ele mesmo diz isto:

―Haveria coisa alguma difícil ao Senhor?‖ (Gn 18:14). Se Jó tivesse sido perguntado, ele certamente teria dito: ―Bem sei eu

que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido‖ (Jó 42:2). Nabucodonosor, semelhantemente, estava

convencido: ―Segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a

sua mão, e lhe diga: Que fazes?‖ (Dn 4:35). O próprio Senhor Jesus lembrou os Seus discípulos que ―a Deus tudo é

possível‖ (Mt 19:26), e Gabriel disse a Maria que ―para Deus nada é impossível‖ (Lc 1:37). Paulo fez a pergunta a Agripa:

―Pois quê? Julga-se coisa incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos?‖ (At 26:8).

É importante lembrar que visto que Ele é Deus, Sua onipotência não pode ser separada da Sua absoluta santidade e

sabedoria. Lord Acton parece ter sido o criador do ditado: ―O poder tende a corromper, e poder absoluto corrompe

absolutamente‖, mas acerca do Deus onipotente, Abraão corretamente diz: ―Não faria justiça o Juiz de toda a terra?‖ (Gn

18:25). Ele ―não pode negar-se a si mesmo‖ (II Tm 2:13). Ele ―não pode mentir‖ (Tt 1:2). Em tudo, inclusive na Sua

onipotência, Ele é incomparável, fazendo o salmista exclamar: ―Pois quem no céu se pode igualar ao Senhor? Quem entre os

filhos dos poderosos pode ser semelhante ao Senhor? … Ó Senhor Deus dos Exércitos, quem é poderoso como tu, Senhor,

com a tua fidelidade ao redor de ti?‖ (Sl 89:6-9).

Davi afirma que ―o poder pertence a Deus‖ (Sl 62:11), e isto pode ser observado das seguintes maneiras:

Seu poder na Criação declara a Sua onipotência;

Sua eternidade declara a Sua onipotência;

Seu governo das nações declara a Sua onipotência;

Seu triunfo sobre toda oposição declara a Sua onipotência;

Sua provisão para o Seu povo declara a Sua onipotência.

Seu poder na Criação declara a Sua onipotência

Deus demonstra a Sua onipotência bem no começo da Bíblia. ―No princípio criou Deus [Elohim] os céus e a terra‖ (Gn

1:1). Thomas Newberry destaca que o título divino na sua forma singular vem de ahlah, que significa ―adorar‖ ou ―venerar‖,

de sorte que Deus Se revela, não somente como o Criador, mas como ―o objeto supremo de adoração, o Ser Adorável‖. Se

entendida corretamente, a onipotência de Deus na Criação deveria gerar admiração e, portanto, adoração por parte dos

homens, fazendo com o que o cristão diga dEle: ―A quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja a honra e

poder sempiterno. Amém‖ (I Tm 6:16). Infelizmente, os homens e mulheres falharam em corresponder à revelação de Deus

na Criação, e ―do céu se manifesta a ira de Deus … porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque

Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua

divindade se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto,

tendo conhecido a Deus não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o

seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos‖ (Rm 1:18-22). O falecido E. W. Rogers

descreve a evolução e suas teorias como as ideias de ―professos (‗dizendo-se sábios‘) que perderam o juízo (‗tornaram-se

loucos‘)‖.

O cristão observa a criação celestial e terrena com admiração, especialmente em vista do fato que o Criador, que sustenta

―todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à

destra da majestade das alturas‖ (Hb 1:3). O escritor do Novo Testamento fala em nome de todo verdadeiro filho de Deus ao

dizer que não houve um Big Bang, mas que ―pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de

maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente‖ (Hb 11:3), e é praticamente certo que isto se refere à afirmação

do Velho Testamento: ―Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo exército deles pelo Espírito da sua boca‖ (Sl

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33:6). Quer seja na esfera celestial ou terrena, Ele ―falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu‖ (Sl 33:9). Devemos

considerar a:

Sua onipotência na Criação celestial

Ao ponderar sobre o testemunho da Criação, Davi escreveu: ―Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia

a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem, nem

fala, onde não se ouve a sua voz. A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo‖ (Sl 19:1-4).

A magnificência dos Céus declara a Sua onipotência

Há um sentimento de reverência na voz de Davi enquanto ele contempla os Céus: ―Quando vejo os teus céus, obra dos

teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que

o visites?‖ (Sl 8:3-4). Sua admiração reverente flui não somente da sua contemplação dos Céus, possivelmente à noite, mas

também de um sentimento de incredulidade de que o Criador onipotente Se importasse tanto com o insignificante ser

humano. Um astrônomo disse que em comparação com a vastidão do universo, a raça humana orgulhosa é como ―micróbios

praticamente invisíveis rastejando sobre uma partícula de pó cósmico!‖ Preferimos as palavras de Davi!

As Escrituras estão cheias de referências à ―obra dos teus dedos‖. Por exemplo: ―E fez Deus os dois grandes luminares; o

luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas‖ (Gn 1:16). ―O que sozinho

estende os céus, e anda sobre os altos do mar. O que fez a Ursa, o Órion, e o Sete-estrelo, e as recamaras do sul‖ (Jó 9:8-9).

―O norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada … pelo seu Espírito ornou os céus‖ (Jó 26:7, 13). ―Ele é o

que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar‖ (Is 40:22). ―Procurai o que faz o Sete-

estrelo e o Órion e torna a sombra da noite em manhã, e faz escurecer o dia como a noite‖ (Am 5:8).

A manutenção dos Céus declara a Sua onipotência

―Ou poderás tu ajuntar as delícias do Sete-estrelo ou soltar os cordéis do Órion? Ou produzir as constelações [ou ―podes

fazer sair as Mazarote‖, VB, provavelmente se referindo aos doze signos ou constelações do Zodíaco] a seu tempo, e guiar a

Ursa com seus filhos?‖ (Jó 38:31-32). É dito acerca do Senhor Jesus não somente que ―por Ele [nEle] foram criadas todas as

coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis‖ (Cl 1:16), mas que ―todas as coisas subsistem por Ele‖, literalmente,

―todas as coisas permanecem juntas‖. Ele sustenta ―todas as coisas pela palavra do Seu poder‖ (Hb 1:3). Nas palavras de

Isaac Newton:

Este tão eloquente sistema de Sol, planetas e cometas, só poderia surgir do propósito e soberania de um Ser inteligente e poderoso … Ele governa todos

eles, não como sendo a alma do mundo, mas como Senhor soberano de tudo.

A magnitude dos Céus declaram a Sua onipotência

―Olha agora para os céus, e conta as estrelas se as podes contar‖ (Gn 15:5).

Nossa Galáxia, a via Láctea, tem pelo menos 100 bilhões de estrelas, e cientistas calculam que há 100 bilhões de outras galáxias no universo — cada

uma tendo pelo menos 100 bilhões de estrelas!

Isaías agora se torna leitura obrigatória: ―A quem, pois me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual? diz o Santo.

Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu

número; ele as chama todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder,

nenhuma delas faltará‖ (Is 40:25-26).

Se isto não fosse o suficiente o salmista declara ―Quem é como o Senhor nosso Deus, que habita nas alturas? O qual se

inclina, para ver o que está nos céus e na terra!‖ (Sl 113:5-6). Sua onipotência na esfera celestial faz com que os cristãos

cantem:

Senhor, meu Deus ! Contemplo, extasiado, O Teu poder na vasta criação; Ouço o trovão, vejo o céu estrelado E, em tudo, vejo a Tua forte mão ! Então minha alma canta a Ti, Senhor, Grandioso és Tu ! Grandioso és Tu ! (S. K. Hine, tradução de L. Soares)

Sua onipotência na Criação terrestre

Davi disse: ―Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os

céus‖ (Sl 8:1). Isaías ouviu a proclamação dos serafins: ―Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está

cheia da sua glória‖ (Is 6:3). Tendo dito: ―Louvai ao Senhor desde os céus, louvai-o nas alturas‖, o salmista continua:

―Louvai ao Senhor desde a terra: vós baleias, e todos os abismos; fogo e saraiva, neve e vapores, e vento tempestuoso que

executa a sua palavra; montes e todos os outeiros, árvores frutíferas e todos os cedros; as feras e todos os gados, repteis e

aves voadoras‖ (Sl 148:1, 7-10).

Jó recebeu uma visão estarrecedora da onipotência de Deus em relação à Terra, e aconselhamos o leitor a meditar

cuidadosamente em Jó 38:1 a 41:34. Começa com a Criação: ―Onde estavas tu quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se

tens inteligência. Quem lhes pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel?‖ (38:4-5), e continua

com a limitação dos oceanos: ―Ou quem encerrou o mar com portas, quando este rompeu e saiu da madre; quando eu pus as

nuvens por sua vestidura e a escuridão por faixa? [Quão maravilhoso pensar que o Criador que envolveu a Terra com

nuvens, Ele mesmo foi envolto em panos e deitado numa manjedoura] Quando eu lhe tracei limites, e lhe pus portas e

ferrolhos, e disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se parará o orgulho das tuas ondas?‖ (38:8-11). O Senhor então

continua e chama a atenção de Jó para as maravilhas da alva (v. 12), as profundezas do mar (v. 16), ―os tesouros da neve‖ e

―os tesouros da saraiva‖ (v. 22), a distribuição da luz (v. 24), o caminho dos trovões (v. 25), a chuva (v. 26), e tantas outras

coisas, ―das quais coisas não falaremos agora particularmente‖ (Hb 9:5). Não é de se admirar que o nome ―Todo-Poderoso‖

apareça com tanta frequência no livro de Jó!

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Mas isto não é tudo. O Senhor então deixa de lado a criação inanimada e se volta para a esfera dos animais e pássaros. G.

Campbell Morgan, no livro The Analysed Old Testament (―O Velho Testamento Analisado‖), resume da seguinte forma:

A revelação da glória divina continua, mas agora aplicando-se às coisas da vida. Em primeiro lugar, um grupo de simples perguntas serve para ilustrar

a impotência do homem e a onipotência de Deus. O alimentar dos leões e dos leõezinhos; o fato do clamor do corvo soar como uma oração aos ouvidos

de Deus, e que Ele responde enviando alimento; o mistério da reprodução e do nascimento dos mais humildes animais, com o sofrimento do trabalho e

o achar de forças; a liberdade e impetuosidade e esplêndida incapacidade de domar o asno selvagem; a força incontrolável do boi selvagem; em todas

estas coisas Jeová fez Jó reconhecer sua própria ignorância e impotência, ao revelar a ele Seu conhecimento e poder.

Campbell Morgan ainda tem mais a dizer, mas tendo contemplado Jó 38:39 a 39:40, ele conclui:

Tudo revela que nada acontece, nem mesmo na mais humilde esfera da vida, sem o conhecimento de Jeová. Mesmo que na administração do Seu

governo universal Deus deu domínio ao homem, no entanto é domínio sobre os fatos e forças que o homem não criou, nem sustenta.

Tudo isto e muito mais nos faz cantar:

A terra com todas as suas maravilhas não contadas, Todo-Poderoso! Teu poder fundou no passado; Estabeleceu tudo por ordenanças imutáveis, E ao seu redor, lançaste, como um manto, o mar. (R. Grant)

Sua onipotência na Criação humana

J. Flanigan mostra que no Salmo 139, tendo falado da onisciência de Deus (vs. 1-6) e da onipresença de Deus (vs. 7-12),

Davi então fala da onipotência de Deus (vs. 13-18): ―Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui

feito; maravilhosas são as tuas obras, e minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no

oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas

estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia‖ (vs. 14-16). Para

ilustrar o poder do Criador, Davi se refere à criação do embrião e à formação do feto no útero. Destacamos especialmente as

palavras ―e entretecido nas profundezas da terra‖. J. Flanigan explica que ―entretecido‖ é um termo referente a bordado ou

costura, e continua:

Tal é a forma humana, carne e ossos, tendões e músculos, artérias, veias e nervos, habilmente bordados e entrelaçados pela mão divina, e tudo isto no

silêncio do útero, um lugar secreto e escuro como as partes mais profundas da terra. O Salmista sabia que o embrião, mesmo imperfeito e desforme, era

conhecido de Jeová, pois Ele era o Criador. A condição final e o estado do corpo é conhecido dEle desde o momento da concepção, muito antes de

vários membros estarem completamente desenvolvidos. Estes membros, órgãos e aspectos faciais aumentam em força e tamanho diariamente, mas Ele

já sabe desde o início a forma final de cada um deles. O Onipotente os criou!

Em resumo, devemos dizer novamente que a onipotência de Deus na Criação, quer seja na esfera celestial, terrestre ou

humana, deveria ser uma fonte de admiração e adoração para cada filho de Deus. Os ―quatro animais‖ ou ―seres viventes‖

(ARA) associados com o trono no Céu clamam: ―Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, que é, e

que há de vir‖, e os vinte e quatro anciãos respondem: ―Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu

criaste todas as coisas e por tua vontade são e foram criadas‖ (Ap 4:8-11). Se os vinte e quatro anciãos são figurativos e

representam a igreja, ou não (nem todos concordam quanto à identidade deles), o fato permanece que cada cristão deveria se

unir ao coro de adoração e admiração do Seu maravilhoso poder criador, e além disto, quanto mais ainda por causa da obra

redentora do Cordeiro (Ap 5:8-12). O fato de Deus ser descrito como ―Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e

que há de vir‖, nos apresenta mais uma consideração.

Sua eternidade declara a Sua onipotência

Nas palavras de W. Hoste:

Ao olharmos para o Universo ficamos impressionados com a sua grandeza e complexidade … Como não poderia ter se criado sozinho, certamente foi

causado por alguma força livre adequada, e não é difícil crer que a força que o produziu não poderia ser menor do que, e deve ter emanado do,

onipotente Criador. Seu poder eterno e Sua divindade se tornam visíveis nas Suas obras (Rm 1:20).

Moisés exclamou: ―Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Antes que os montes nascessem, ou que

tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus‖ (Sl 90:1-2). Ao dizer ―Tu és Deus‖, Moisés

usa o título El, indicando o Todo-Poderoso, a causa de tudo. Se Deus não é eterno, Ele não pode ser onipotente. Foi

destacado que o próprio conceito de tempo indica que algo o precede e sucede, mas que o conceito de eternidade indica que

não há nada nem antes nem depois. Se fosse diferente, não seria eternidade. Deus não poderia ser onipotente se a Sua

existência dependesse de algo que O precedesse, ou se a Sua existência dependesse de algo fora de Si mesmo. Como

Criador, Ele não somente está fora da Sua própria criação, como o ―Deus Eterno‖ (Dt 33:27) e o ―eterno Deus‖ (Is 40:28),

Ele também não tem origem e nem procedência. Nas Suas próprias palavras: ―Eu sou o Alfa e Ômega, o princípio e o fim,

diz o Senhor, que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso‖ (Ap 1:8). Ele é o ―Deus Forte‖ (Is 9:6).

Seu governo nas nações declara a Sua onipotência

Ao interpretar o sonho de Nabucodonosor, Daniel disse ao monarca babilônico: ―O Altíssimo tem domínio sobre o reino

dos homens, e o dá a quem quer‖ (Dn 4:25). Nabucodonosor veio a reconhecer que o domínio de Deus ―é um domínio

sempiterno, e cujo reino é de geração em geração‖ (Dn 4:34). O Novo Testamento diz que ―as potestades que há foram

ordenadas por Deus‖ (Rm 13:1).

O governo de Deus em assuntos nacionais e internacionais é enfatizado em toda a Palavra de Deus, começando com o

repovoamento da Terra depois do Dilúvio pelas famílias de Sem, Cão e Jafé (Gn 10:1-32). Edward Griffiths destaca que

―isto não foi de forma alguma ao esmo‖, e chama a atenção às palavras de Moisés: ―Quando o Altíssimo distribuía as

heranças às nações‖, e depois: ―… quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, estabeleceu os termos dos povos,

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conforme o número dos filhos de Israel‖ (Dt 32:8). No seu discurso em Atenas, Paulo declara que ―o Deus que fez o mundo

e tudo o que nele há … de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra,

determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação‖ (At 17:24, 26). O controle de Deus sobre os

assuntos das nações nunca foi relaxado, e mesmo no fim dos tempos, quando o mundo estará sujeito ao governo satânico, e

dominado pela trindade do mal, composta pelo Dragão, a Besta e o Falso Profeta, a duração do seu reino terrível será

limitada por Deus: ―Deu-se lhe poder para agir por quarenta e dois meses‖ (Ap 13:5).

As profecias de Isaías, Jeremias, Ezequiel e Amós todas incluem uma parte que fala das ―nações estrangeiras‖: Isaías

caps. 13-23; Jeremias caps. 46-51; Ezequiel caps. 25-32; Amós caps. 1 e 2. Jeremias foi posto ―sobre as nações, e sobre os

reinos, para arrancares, e para derrubares e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares‖ (Jr

1:10). Estes capítulos nos livros proféticos enfatizam que o Senhor não é uma mera divindade tribal. Ele é ―o Juiz de toda a

terra‖ (Gn 18:25). Todos os homens prestarão contas a Ele. Ele julgará todas as nações. As passagens destacam que o

Senhor permanece em controle perfeito dos acontecimentos nacionais e internacionais; nenhuma nação é permitida exceder

o lugar determinado no propósito divino, ou evitar pagar pela sua impiedade. Também devemos lembrar que as nações se

levantam e caem devido ao tratamento que dão ao povo terrestre de Deus. ―Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei

os que te amaldiçoarem‖ (Gn 12:3).

A supremacia universal do Senhor é frequentemente frisada no Velho Testamento, e os seguintes exemplos devem ser

notados: ―Porque o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações‖ (Sl 22:28). ―Porque o Senhor Altíssimo é tremendo, e

Rei grande sobre toda a terra‖ (Sl 47:2). Jeosafá estava bem ciente disto; foi em relação a uma invasão por uma aliança que

incluía ―os filhos de Moabe, e os filhos de Amom‖ (II Cr 20:1) que ele disse: ―Ah! Senhor Deus de nossos pais, porventura

não és tu Deus nos céus? Não és tu que dominas sobre todos os reinos das nações?‖ (II Cr 20:6). Ezequias orou ―perante o

Senhor e disse: Ó Senhor Deus de Israel, … só tu és Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus e a terra‖ (II Rs

19:15). O Novo Testamento descreve ―as duas testemunhas‖ de Deus no fim dos tempos assim: ―Estas são as duas oliveiras

e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra‖ (Ap 11:4).

Como Edward Griffiths corretamente observa:

A onipotência de Deus entre as nações tem sido manifesta no controle sobre a duração dos governos num nível internacional, especialmente durante o

―tempo dos gentios‖ (Lc 21:24); um período de supremacia dos gentios, começando com o surgimento de Nabucodonosor e terminando com o raiar do

reino milenar de Cristo.

A imagem vista por Nabucodonosor (Dn 2:31-35) enfatiza, não somente a presciência de Deus, mas Sua vontade

diretiva: ―Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis‖ (Dn 2:21).

O surgimento, o curso, e a queda de reis e reinos são dirigidos por Ele. Foi dito a Belsazar: ―Contou Deus o teu reino, e o

acabou‖ (Dn 5:26). Nos propósitos de Deus, o reino da Babilônia tinha um tempo de existência determinado. Deus não age a

esmo. Ele calcula: ―O tempo de duração de um império não é deixado ao acaso … é determinado por Deus‖.

Ele determina: ―… os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação‖ (At 17:26). Compare Daniel 9:26-27

onde, falando de acontecimentos do fim dos tempos, lemos: ―Estão determinadas as assolações … o que está determinado

será derramado sobre o assolador‖. Deus está em total controle dos acontecimentos do mundo. Belsazar foi pessoalmente

―pesado na balança e achado em falta‖ (Dn 5:27). Embora seja verdade, como princípio geral, que Deus mede as vidas e

obras dos homens pelos Seus padrões, e que todos os homens, deixados a si, serão achados ―em falta‖, também é verdade

que

[…] Ele pesa o valor das ações, e executa o juízo com exatidão. Não há ação improvisada no Seu tribunal. O Juiz pondera, avalia as diversas

considerações que afetam cada caso.

Devemos lembrar que ―o Senhor é o Deus de conhecimento, e por ele são as obras pesadas na balança‖ (I Sm 2:3). ―Tu

retamente pesas o andar do justo‖ (Is 26:7).

No seu sonho, Nabucodonosor viu a onipotência divina em ação: Daniel lhe explicou que ―nos dias desses reis, o Deus

do céu levantará um reino que não será jamais destruído … Da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem

auxilio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata, o ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser

depois disto‖ (Dn 2:44-45).

Seu triunfo sobre toda a oposição declara a Sua onipotência

O ―Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir‖ (Ap 4:8; 11:17) é também descrito como ―Rei das

nações‖ (Ap 15:3, ARA): ―Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são

os teus caminhos, ó Rei das nações!‖ Falando dEle como ―Rei das nações‖, é dito: ―Graças te damos, Senhor Deus Todo-

Poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder e reinaste‖ (Ap 11:17).

Para trazer este mundo mau e rebelde à sujeição a Deus, o Senhor Jesus retornará, chefiando os exércitos do Céu, para

―ferir … as nações‖, para regê-las ―com vara de ferro‖ e pisar o ―lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso‖

(Ap 19:15). À primeira vista a expressão ―Todo-Poderoso‖ pode parecer apropriada aqui para descrever o grande exército

armado e pronto para confrontar o Cristo que está retornando. ―E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos

para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exército‖ (Ap 19:19), mas somente o Senhor é

―Todo-Poderoso‖.

Davi descreve este vasto ajuntamento das nações: ―Porque se amotinam os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os

reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra o seu ungido dizendo: Rompamos as

suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas‖ (Sl 2:1-3). Mal sabem os ―reis‖ e os ―governos‖ que eles foram reunidos

pelo próprio Deus que eles pensam que podem derrotar! As Escrituras são perfeitamente claras em confirmar que este é o

caso: ―Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém‖ (Zc 14:2). Além disto, eles serão reunidos por

meio de poder demoníaco. Deus usará os poderes das trevas para realizar o Seu propósito. ―E da boca do dragão, e da boca

da besta, e da boca do falso profeta, vi sair três espíritos imundos semelhantes a rãs. Porque são os espíritos de demônios que

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fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da terra e de todo o mundo, para congregá-los para a batalha, naquele

grande dia do Deus Todo-Poderoso … E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom‖ (Ap 16:13-16).

Os líderes nacionais, depois de consultarem (―os governos se consultam juntamente‖), todos sujeitos a uma autoridade

final (Ap 17:12-13), decidem por uma ação conjunta: ―Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas‖.

Esta rebelião será em nome da ―liberdade‖. A Palavra de Deus e as leis de Deus precisam ser completamente derrotadas.

Precisa haver liberdade total de todas as restrições divinamente determinadas. Isto será o florescer completo daquilo que já

está acontecendo no mundo, e que vem acontecendo há séculos. Nas palavras de Paulo: ―Já o mistério da injustiça opera‖ (II

Ts 2:7). A abolição da pena de morte, o desrespeito à santidade do casamento, a liberdade para relacionamentos

homossexuais entre adultos (o pecado de Sodoma), o desrespeito crescente pela lei e ordem, para citar apenas quatro

exemplos, são nada mais nada menos do que uma rejeição clara e deliberada da lei divina. Estas tendências irão atingir seu

clímax quando os homens e mulheres irão, publicamente, e unidos, brandir seus punhos contra Deus e Cristo. Tragicamente,

os homens se esquecem que Deus deu estas ―ataduras e cordas‖ em amor para manter a ordem e decência na raça humana, e

hoje testemunhamos o resultado catastrófico quando estas restrições são desprezadas. A adoção indiscriminada da teoria da

evolução roubou os homens do seu senso de responsabilidade a Deus, com resultados trágicos.

A resposta divina segue: ―Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então lhes falará na sua ira, e no

seu furor os turbará. Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião‖ (Sl 2:4-6). Devemos prestar atenção no

seguinte:

A tranquilidade no Céu (v. 4)

Deus nem ao menos se levanta do Seu trono. Os ―ventos de mudança‖ não sopram no Céu. Não há pânico ali. Deus está

em controle perfeito e absoluto. A primeira coisa que o apóstolo João viu quando lhe foram mostradas as ―coisas que depois

destas hão de acontecer‖ foi ―um trono … posto no céu e um assentado sobre o trono‖ (Ap 4:2). Diferentemente dos tronos

na Terra, que podem ser derrubados por guerras e mudanças políticas, este trono está ―posto no céu‖, indicando estabilidade

e imutabilidade. Além disto, enquanto é verdade que ―descansa inquieta a cabeça que veste a coroa‖ (W. Shakespeare), o

Todo-Poderoso está assentado em perfeita tranquilidade. A mesma tranquilidade é observada mais tarde no livro, quando

João viu ―uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante ao Filho do homem‖ (Ap 14:14).

Deus não apenas fica assentado, Ele ri. A razão é clara: o insignificante homem na Terra está tentando derrotar o Todo-

Poderoso no Céu. Não é um riso de alegria, mas de desprezo, fazendo-nos lembrar que ―o ímpio maquina contra o justo, e

contra ele range os dentes. O Senhor se rirá dele, pois vê que vem chegando o seu dia‖ (Sl 37:12-13). ―Eis que eles dão

gritos com suas bocas; espadas estão nos seus lábios, porque dizem eles: Quem ouve? Mas tu, Senhor, te rirás deles;

zombarás de todos os gentios‖ (Sl 59:7-8). Os homens zombaram do Senhor Jesus no Calvário. Agora Deus zomba deles.

O terror na Terra (v. 5)

Deus ―no seu furor os turbará‖. A palavra ―turbará‖ significa ―aterrorizar‖ ou ―transtornar‖. O apóstolo João nos dá uma

ideia do terror na Terra: ―E os reis da terra e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo servo, e todo livre,

se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; e diziam aos montes e aos rochedos: Cai sobre nos, e escondei-nos

do rosto daquele que está sentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro‖ (Ap 6:15-16). É preciso dizer que não haverá injustiça

no juízo divino — João ouviu um anjo do altar, que dizia: ―Na verdade, ó Senhor Deus Todo Poderoso, verdadeiros e justos

são os teus juízos‖ (Ap 16:7). A ira do onipotente Deus será terrível. O Senhor Jesus, ―a Palavra de Deus‖ (Ap 19:13),

falará, e os poderes militares da Terra serão destruídos. A espada não está na bainha, nem na Sua mão, mas na Sua boca: ―E

os demais foram mortos com a espada que saia da boca do que estava assentado sobre o cavalo‖ (Ap 19:21). Ele irá destruir

―o iniquo‖ com o ―assopro da sua boca … e o esplendor da sua vinda‖ (II Ts 2:8).

O triunfo do Rei (v. 6)

O Salmo 2 começa com os reis rebeldes (v. 2). Deus agora apresenta o Seu Rei: ―Ungi o meu Rei sobre o meu santo

monte de Sião‖. O Rei de Deus está na Terra, e sendo que é assim, o apóstolo João ouve ―a voz de uma grande multidão, e

como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! Pois já o Senhor Deus Todo-

Poderoso reina‖ (Ap 19:6).

O Salmo 2 enfatiza que no fim dos tempos a humanidade desafiará a onipotência de Deus, e irá ser totalmente derrotada.

A Bíblia encerra descrevendo ―a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu‖ (Ap 21:10). Entre outras

coisas, o apóstolo João diz: ―Nela não vi templo; porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro‖ (Ap

21:22). A onipotência de Deus — Ele é o ―Deus Todo-Poderoso‖ — nunca mais será contestada. Ela será reconhecida e

aceita para sempre, pelas hostes adoradoras incontáveis dos santos e dos anjos.

Entretanto a onipotência de Deus é relevante para a vida de Seu povo hoje. Isto nos leva finalmente para:

Sua provisão para o Seu povo declara a Sua onipotência

Tendo dito que separação não é tanto ausência de contato com o mal, mas sim ausência de relacionamento com o mal,

Paulo exorta os cristãos em Corinto: ―Sai do meio deles [os adoradores de ídolos de Corinto], e apartai-vos, diz o Senhor, e

não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós, Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor

Todo-Poderoso‖ (II Co 6:17-18). O uso do título divino ―Todo-Poderoso‖, aqui, é significativo. ―Aquele que faz a promessa

aqui é Deus, o Soberano Senhor de todos, cuja palavra é criadora, e que não pode deixar de realizar o que promete‖. O

cristão hoje pode corretamente usar a linguagem do Velho Testamento ao dizer do Onipotente Deus: ―Este Deus é o nosso

Deus para sempre; Ele será nosso guia até à morte‖ (Sl 48:14).

Com isto em mente, devemos dar atenção às seguintes passagens do Novo Testamento, que enfatizam que temos um

Deus de tremenda habilidade: Ele é ―poderoso para confirmar‖ o seu povo (Rm 16:25); Ele é ―poderoso para fazer abundar

em vós toda graça‖ (II Co 9:8); Ele é ―poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente‖ além daquilo que o Seu povo

pedir ou pensar (Ef 3:20); Ele é ―poderoso para guardar‖ tudo o que Seu povo entrega a Ele (II Tm 1:12); Ele é ―poderoso

para guardar‖ o Seu povo de tropeçar (Jd 24). Quando Dario fez a pergunta: ―Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso

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que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?‖ Daniel respondeu: ―O meu Deus enviou

o seu anjo, e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano‖ (Dn 6: 20-22).

O povo de Deus pode ter toda confiança no seu Deus onipotente: ―Fiel é o que vos chama, o qual também o fará‖ (I Ts

5:24). Eles podem dizer alegremente um ao outro: ―Ora, aquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-

vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória. Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio

e poder, agora e para todo sempre. Amem‖ (Jd 24-25).

Cap. 3 — A onisciência de Deus o Pai

Por Tom Wilson, Escócia

Ana nada sabia sobre a sabedoria de Zoã, o lugar egípcio de conhecimento onde os Faraós buscavam conselho (Nm

13:22; Is 19:11-13), mas Ana conhecia o Deus onisciente que ela chamou de ―o Deus de conhecimento‖ (I Sm 2:3). Aqui a

palavra ―conhecimento‖ é um substantivo hebraico plural, e o plural indica plenitude e supremacia. Assim o plural hebraico

―conhecimentos‖ pode enfatizar a supremacia de Deus em relação ao Seu conhecimento, comparado com o conhecimento

ostentado pelas pessoas excessivamente orgulhosas que falavam arrogantemente contra ela. O conhecimento deles era

minúsculo comparado com o conhecimento do Deus de Ana, o ―Deus dos conhecimentos‖. Tal era o Seu conhecimento que

Ele podia pesar os atos dos orgulhosos e quebrar os arcos dos poderosos. Ana cria, como fazia o salmista anônimo do Salmo

147:5, que ―o seu entendimento é infinito‖. Sua teologia imputa a Deus o atributo da onisciência; como João, ela cria que

―Deus … conhece todas as coisas‖ (I Jo 3:20). Ficamos com Ana quando confessamos que Deus sabe todas as coisas. O

substantivo ―onisciência‖, do adjetivo latim ―todas‖ e do verbo latino ―saber‖, é usado frequentemente em relação ao

conhecimento que Deus tem de todas as coisas.

A mulher samaritana, que o Senhor viajou para encontrar junto ao poço que ela frequentava, sabia muito pouco sobre os

oráculos de Deus confiados aos judeus (Rm 3:2). Provavelmente ela nem sabia que Ana tinha falado do ―Deus dos

conhecimentos‖. Entretanto ela reconheceu que Aquele que ela supunha ser um judeu era um Homem que lhe dissera tudo

quanto tinha feito (Jo 4:29); ela sabia que Ele só podia ser o Cristo enviado de Deus, que era onisciente.

O reconhecimento de que Deus é ―o Deus dos conhecimentos‖, e que Ele sabe todas as coisas que nós já fizemos, é uma

verdade revelada diante da qual todo cristão deveria se curvar solenemente. É uma verdade que é tanto confortadora quanto

desafiadora. Encontramos grande conforto nas expressões que nos fazem lembrar que nosso ―Pai celestial bem sabe que

necessitais de todas estas coisas‖ (Mt 6:32). Precisamos também lembrar que estamos sujeitos ―ao Pai dos espíritos, para

vivermos‖ (Hb 12:9), pois Ele é o Pai que ―conhece os corações‖ (At 15:8), até de apóstolos. Como Paulo testifica: ―O Deus

e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto‖ (II Co 11:31). Ele sabe o caminho que

escolhemos, os ideais que acatamos, as ambições que temos, os feitos que realizamos e as palavras que pronunciamos, pois

Ele é onisciente. Não dizemos, como os ímpios blasfemadores dizem: ―Como o sabe Deus? Há conhecimento no

Altíssimo?‖ (Sl 73:11).

Reconhecemos que o Criador conhece ―o equilibro das grossas nuvens‖ que Jó precisou reconhecer como uma das

―maravilhas daquele que é perfeito nos conhecimentos‖ (Jó 37:16). O Criador é capaz de enumerar e nomear as estrelas (Sl

147:4) — um feito além da inteligência humana, até auxiliado pelos mais potentes telescópios. Ele também conhece ―todas

as aves dos montes, e todas as feras do campo‖ (Sl 50:11). Entretanto o Seu conhecimento não se limita ao exterior e óbvio.

Enquanto o ―homem vê o que está diante dos olhos … o Senhor olha para o coração‖ (I Sm 16:7). Os escritores inspirados

do Velho Testamento se curvam diante destas manifestações do poder e glória do Criador. Somente quando o Senhor Jesus

revelou o Pai é que o cuidado do Onisciente se tornou evidente, até mesmo na Criação. O Senhor Jesus falou de Um que

conhecia os pardais que os homens, despreocupados, vendiam por um ceitil. Seu conhecimento infinito e Seu cuidado

infinito até mesmo dos pardais é tal que ―nenhum deles cairá por terra sem a vontade de vosso Pai‖ (Mt 10:29).

O Velho Testamento também contém declarações da onisciência de Deus em relação ao conselho e revelação, nas

profecias das Escrituras. Jeová se revelou à geração de Isaías em termos que revelaram Seu conhecimento de todas as coisas,

e o Seu poder de mudar todas as coisas que os homens consideram imutáveis. ―Eu sou Deus, e não há outro Deus, não há

outro semelhante a mim. Que anuncio o fim, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu

conselho será firme, e farei toda a minha vontade; … porque assim o disse, e assim o farei vir; eu o formei, e também o

farei‖ (Is 46:9-11). O Novo Testamento também revela o Pai como fonte de conselho e propósito; veja Atos 4:27, 28;

Romanos caps. 8 e 9; Efésios caps. 1 e 3 e II Timóteo 1:7-10.

Deus o Pai — Seu conhecimento da Criação

As dezessete referências ao Pai no relato de Mateus do Sermão do Monte, revelam algo do conhecimento do Pai

relacionado a assuntos do universo físico e moral, e também a assuntos que afetam o cristão, individualmente.

Mateus Universo físico Reino de Deus Necessidades pessoais

1 5:16

Glorificando o Pai pelas boas obras

2

5:38-48,

duas

referências

O nascer do Sol e o cair da chuva Imparcialidade para com o justo e o injusto;

amor para com todos os homens

Satisfazendo necessidades por

meio de boas obras

3 6:1-4, duas

referências Dando esmolas em secreto

4 6:5-6, duas

referências Orando em secreto

5 6:7-8

Orando sobre necessidades

pessoais

6 6:9-13

Orando sobre o reino de Deus e a vontade Orando sobre as necessidades

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de Deus diárias, o alimento e o perdão

7

6:14-15,

duas

referências Perdoando ofensas

8

6:16-18,

duas

referências Jejuando em secreto

9

6:19-35,

duas

referências

Alimentando as aves do Céu; o lugar do homem

na Criação; a beleza dos lírios e da erva que

cresce

Dando prioridade à justiça e recebendo

todas as coisas que os ímpios gentios

buscam

Alimento, bebida e vestes

10 Mateus 7:1-

12 Consistência de vida e o dar de coisas boas

11 7:13-27

Fazendo a vontade do Pai

O conhecimento e a operação do Pai no Universo físico

A revelação da onisciência do Pai destaca o Seu conhecimento do Universo físico, mas a ênfase está também no que Ele

vê e sabe que é feito ―em secreto‖ (Mt 6:4, 6, 18). Com relação à Criação física, Ele é visto como Aquele que faz ―Seu sol‖

nascer. A sua regularidade é tal que, com surpreendente precisão, o nascer do Sol (e o por do Sol) podem ser preditos com

anos de antecedência. Mesmo assim, o Senhor Jesus não fala de um Universo físico mecânico independente de qualquer

inteligência, mas de um Universo onde o Pai, que tudo sabe, está associado com a Criação contínua. Ainda é o ―Seu sol‖ que

brilha no Céu, pois Ele não abriu mão de Seus direitos de propriedade sobre a criatura. Em outro lugar aprendemos que

todas as coisas foram criadas pelo poder criatorial, e permanecem criadas pelo poder sustentador do Seu Filho (Cl 1:16). Os

sistemas de clima que os homens estudam para prever a chuva — pouca chuva e muita chuva — ou granizo ou neve são

mencionados em Jó caps. 36-38 (e em outros lugares daquele livro importante). Em Mateus 5:45 é o Pai quem manda a

chuva. Tanto o Seu conhecimento como o Seu cuidado são evidentes no Seu interesse, não somente por aqueles a quem o

Senhor disse que Ele é ―seu Pai‖, mas para com toda a humanidade, ―sobre maus e bons … sobre justos e injustos‖. Ele faz o

bem, dando chuva do Céu e as estações frutíferas, enchendo os corações com alimento e alegria (At 14:17).

Enquanto o Senhor chama a atenção às aves do Céu e aos lírios e à erva do campo (Mt 6:26, 28, 30), Ele contrasta Seus

discípulos com a Criação inferior (v. 26) e com os gentios (v. 32). A criação inferior não tem a capacidade de entender o

propósito que ―vossa vida‖ deveria ter, nem o plano (vs. 25, 26, 28); o gentio não salvo não compartilha

das prioridades que deveriam ser vistas no estilo de vida de um discípulo (vs. 24, 32, 33). O Pai não equipou as aves para

ter parte na sequência de eventos associados com o crescer do alimento; os lírios e a erva não são consultados sobre como

devem ser vestidos; e para os homens — salvos ou não salvos — há acontecimentos que eles não podem mudar. Por que

deveriam eles lamentar sobre fatos que eles não podem influenciar, como reconhecidamente não podem acrescentar nada à

sua estatura (v. 27)? Todas estas coisas estão além do alcance da criatura, mas ―vosso Pai celeste sabe‖ (v. 32).

Que consolação para os que têm comunhão com o Pai saber que a Criação física não é uma entidade mecânica sobre a

qual ninguém tem controle, nem é controlada por uma divindade distante que se importa muito pouco com a Criação ou com

as criaturas que nela habitam. Que consolo saber que tudo está nas mãos do Pai!

O conhecimento e a operação do Pai no Reino

Quem pode duvidar que Aquele que sabe o que fazemos em secreto (Mt 6:1-6, 16-18) é Onisciente? Aprendemos do

Senhor que o Pai vê as coisas secretas que fazemos (vs. 4, 6, 18); e ouve o que falamos em secreto (vs. 7-8). Em outro lugar

aprendemos também, novamente através do Senhor, que os Céus ouvem o pensamento não pronunciado do nosso coração

(Lc 12:17). Prostramo-nos diante de tal onisciência! Quão cuidadosos deveríamos ser. Como Hagar, precisamos aprender

que ―Tu és Deus que me vê‖ (Gn 16:13). Como o rei da Síria precisamos aprender que o Pai ouve as palavras que falamos

no nosso quarto (II Rs 6:12). Como Davi precisamos aprender que Ele, que sabe nosso assentar e nosso levantar, entende

todos os nossos pensamentos de longe (Sl 139:2).

O conhecimento infinito do Pai inclui as maravilhas do Universo físico que os sábios têm estudado durante séculos, mas

enquanto Ele considera cada cristão no universo moral, o mesmo conhecimento deste Pai dá a devida prioridade ao bem que

ele ou ela faz, como vemos na consideração de Mateus 5:15; 6:1-4; 7:1-12. Ele espera que uma árvore boa produza bons

frutos (7:18). Ele vê nossa atitude para com o mal e os injustos (5:38-48); Ele tem um profundo interesse na nossa vida de

oração (6:5-13); Ele observa a disciplina que caracteriza as nossas vidas — o jejum que nega a si mesmo para que possamos

conhecer melhor o nosso Deus e fazer a Sua vontade com mais consistência (6:6-18). Como nosso Senhor mais tarde iria

mostrar, na parábola dos dois devedores (Mt 18:15-35), o grande indicador da nossa alma é nossa prontidão de perdoar; o

Pai espera que tenhamos um Espírito perdoador (5:21-26; 6:9-15; Ef 4:32). Ele sabe quão dispostos, ou não, estamos a

perdoar.

Tal é a onisciência do Pai que o Senhor fala da recompensa por fidelidade (Mt 5:12; 6:4, 6, 18). Ele também usa a

palavra ―aliás‖ onde não haverá galardão (6:1), e nos vs. 2, 5 e 16 Ele enfatiza que não há recompensa futura para os que

desejam parecer fieis diante dos homens, uma atitude que revela hipocrisia. O Senhor avisa sobre a possibilidade da luz no

discípulo ser trevas (6:23); e de ser julgado e medido pelos nossos próprios padrões (7:2). O Pai onisciente sabe, pois ―…

todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar‖ (Hb 4:13). Ele é o Pai que ―conhece os

corações‖ (At 15:8). Ele recompensará Seus servos de acordo com as suas obras. Sua recompensa será um reflexo exato do

seu valor, pois Ele é onisciente. Diferentemente dos tribunais deste mundo, a avaliação do Pai leva em conta os motivos e

fatores escondidos do observador humano; e obviamente Ele não está propenso a fazer distinção de pessoas, como é muito

comum na nossa sociedade. Sua avaliação revelará Sua onisciência e ao mesmo tempo será em amor, pois Ele é nosso Pai.

O Pai celeste é descrito como ―perfeito‖ pois a Sua reação a toda humanidade é sincera e imparcial, como já temos

notado. Ele tem olhos puros e não contempla a iniquidade, não pode ser tentado pelo pecado e não pode mentir (Hc 1:13; Tg

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1:13; Tt 1:2). Estas características morais essenciais do Pai devem ser o enfoque para os discípulos imitarem. O discípulo

deve também ser ―perfeito‖ em

[…] integridade e sinceridade de caráter … (o resultado da) maturidade em piedade ou atingir o alvo de conformidade com o caráter de Deus. Embora

perfeição sem pecado seja impossível, piedade, no seu conceito bíblico é atingível.

Outros podem interpretar mal os nossos motivos ou subestimar nossa estatura espiritual, mas não o Pai onisciente.

O conhecimento do Pai e as necessidades dos Seus

No Seu maravilhoso desenrolar da onisciência do Pai no Sermão da Montanha, o Senhor Jesus mostra que a esfera do

cuidado do Pai leva em conta os que são Suas criaturas, não somente os que são Seus filhos. É Sua intenção que algumas das

necessidades deles sejam supridas pelas boas obras do Seu povo, e que assim o Seu nome seja glorificado (Mt 5:16). Outras

necessidades Ele supre enviando chuva e estações frutíferas, que deveriam encher ―de mantimento e alegria os vossos

corações‖ (Mt 5:45; At 14:17). Entretanto a grande ênfase do Sermão da Montanha é o conhecimento que o Pai tem das

necessidades dos Seus. Aprendemos que Ele pretende que, da nossa parte, haja um exercício definido sobre as coisas que o

mundo toma como certo, e assim oremos: ―o pão nosso de cada dia nos dá hoje‖ (Mt 6:11). Embora estas bênçãos sejam

geralmente recebidas diariamente, a regularidade da provisão não deve diminuir a nossa gratidão. ―O pão nosso de cada dia‖

deve ser ―recebido com ações de graças, porque pela palavra de Deus e pela oração é santificada‖ (I Tm 4:4-5). Devemos

fazer isto não apenas no contexto de agradecer a habilidade evidente do Pai de vestir e alimentar (Mt 6:26, 30), mas também

pela Sua Onisciência, pois ―… vosso Pai celeste bem sabe que necessitais de todas estas coisas‖ (Mt 6:32). A sociedade

moderna do século XXI não admite que seja o Pai que envia as chuvas e as estações frutíferas. Não é de surpreender,

portanto, que poucos curvam suas cabeças para agradecer ao Doador pelos alimentos que Ele dá.

Mais adiante o Senhor irá revelar que o conhecimento do Pai sobre as necessidades dos Seus não se limita à vestes e

alimento. Seu olhar não está somente sobre os pardais que são vendidos por um ceitil, ou cinco por dois ceitis (Mt 10:29, Lc

12:6); mas Seu olhar está sobre os que valem mais ―do que muito passarinhos‖ (Mt 10:31). Nenhum pardal ―cairá em terra

sem a vontade de vosso Pai‖ (Mt 10:29). Alguém disse: ―Deus está presente no funeral de cada pardal‖. Quanto mais Ele

cuida dos que o mundo considera como ovelhas para o matadouro (Rm 8:36)? Ele sabe que eles precisam de mais do que

alimento e vestes. Para eles, Ele é ―o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação‖, bem ciente das suas necessidades e

capaz de confortar em qualquer dificuldade (II Co 1:3-4). Devemos interceder pelos cristãos que sofrem e que necessitam do

terno cuidado do Pai. Não falamos com Ele acerca deles porque Ele não sabe, nem hesitamos em falar por temer que Ele

necessite de muita persuasão para se importar. Falamos com Ele porque Ele é o nosso Pai e ama ouvir os Seus filhos quando

os seus corações estão tocados e eles desejam contar-lhe das necessidades dos outros. Ele Se deleita com compaixão, e ama

encontrar compaixão em nossos corações.

Deus o Pai — a fonte de todo conselho

O mundo ocidental do século XXI permanece obstinadamente cético a existência de Deus. Mesmo que não haja uma

negativa direta acerca de um Deus Criador, há objeções claras sobre qualquer sugestão do envolvimento divino na Criação, e

veemente oposição ao Seu envolvimento potencial nos afazeres dos homens e das nações. O ponto de vista que prevalece na

sociedade caída e arrogante do mundo ocidental é que o homem é capaz de planejar e desenvolver um futuro sustentável de

paz e prosperidade – uma tarefa considerada difícil demais para um Deus distante, que eles imaginam não estar interessado

nos afazeres da terra, e pouco familiarizado com as diversas sociedades através do mundo, e os problemas complexos que

enfrentam. Mas este não é o Deus revelado na Bíblia. Como vimos acima, Sua auto revelação afirma enfaticamente: ―O meu

conselho será firme e farei toda a minha vontade … porque assim o disse, e assim o farei vir; eu o formei, e também o farei‖

(Is 46:10-11). Mesmo que esta descoberta seja constrangedora para muitos, a Bíblia ensina em ambos os Testamentos que o

conselho do Pai é imutável e executado por um poder irresistível, de sorte que até poderes como Herodes e Pôncio Pilatos

podem somente fazer ―… tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer‖

(At 4:28). O Pai trabalha de acordo com ―o conselho da sua vontade‖ (Ef 1:11). Ele não somente determinou no passado,

mas está operando efetivamente no presente para realizar o que Ele planejou. Homens incrédulos não podem negociar

melhorias para aquilo que o Pai ―propusera em si mesmo‖ (Ef 1:9); nem podem evitar que a realização deste propósito seja

―segundo o seu beneplácito‖ (Ef 1:9). Tão profunda é a desconfiança deles no Pai, que os homens falharam em perceber que

o prazer do Pai está em relação a como Ele irá abençoar aqueles que vierem a Ele, culminando com eles sendo semelhantes

ao Seu Filho.

Na sua grande exposição dos relacionamentos de Deus com Israel, especialmente à luz da sua rejeição do Messias, o

apóstolo Paulo mostra que os dons e vocação de Deus são sem arrependimento, e que Ele cumprirá o Seu propósito para

Israel (Rm 11:29). Ele também revela um mistério (Rm 11:25), no qual os homens ainda tropeçam, que a queda de Israel se

tornou na ―riqueza do mundo, e a riqueza dos gentios‖ (Rm 11:12). O desenrolar desta sabedoria levou Paulo a adorar: ―Ó

profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os teus juízos, e quão

inescrutáveis os seus caminhos! … Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois a ele eternamente.

Amém!‖ (Rm 11:33-36). Paulo ficou maravilhado com o revelar daquele mistério e humilhado pela forma como o plano de

abençoar judeus e gentios estava sendo realizado nos nossos dias e num dia vindouro. Para Paulo havia sido revelado que até

a incredulidade de Israel não poderia frustrar os planos do Pai.

O conhecimento do Pai sobre o futuro

Muitas referências a profecias em ambos os Testamentos são seguidas dos detalhes do seu cumprimento. Lembramos

que Noé, um pregador da justiça, foi avisado por Deus sobre um diluvio que aconteceu (Hb 11:7). A reforma de Josias o

trouxe a Betel, onde Jeroboão havia edificado o seu altar. Talvez ele conhecesse a profecia do profeta sem nome que

identificou Josias com os atos que ele realizou trezentos e cinquenta anos depois da morte do profeta (I Rs 13:2; II Rs 23:14-

18). Quase dois séculos se passaram desde que Isaías profetizou que Ciro traria os judeus de volta do cativeiro, com ordens

para reconstruir o templo em Jerusalém, até que o fato aconteceu (Is 44:28; 45:13; Ed 1:1-3). O próprio Senhor explicou de

Moisés e os profetas ―o que dele se achava em todas as Escrituras‖ (Lc 24:27). Os Evangelhos contém muitas evidências do

cumprimento destas profecias. A fé aceita que Deus fala infalivelmente sobre o futuro. A incontestável evidência de

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profecias cumpridas enfraquece qualquer tentativa dos sépticos de prover explicações plausíveis. As Escrituras contém

muitas ocasiões onde os profetas são mencionados: Isaías, Jeremias, Jonas, Zacarias, João, Daniel, Davi, e até o nosso

Senhor Jesus. Os profetas também são mencionados como um grupo. Outras referências incluem ―a lei e os profetas‖,

―Moisés e os profetas‖, e ―as Escrituras‖. Todas estas eram exemplos do Espírito Santo falando pela boca do homem (At

1:16); Ele estava testificando com antecedência (I Pe 1:11). Estas referências provam sem sombra de dúvida a onisciência do

Espírito Santo. As ocorrências no Novo Testamento se referem a uma variedade de assuntos com respeito a primeira e a

segunda vinda de Cristo, e sobre a nação de Israel. Mateus 24:25 e Marcos 13:23 destacam a onisciência do Senhor. A estas

poderíamos acrescentar João caps. 13-16, onde o Senhor revelou assuntos que Ele queria que eles soubessem sobre o futuro,

enquanto ainda estava com eles (Jo 13:19; 14:25; 16:4 etc.). A revelação do Novo Testamento também fala enfaticamente

sobre a presciência de Deus onde não ligaríamos este conhecimento com o Senhor Jesus ou o Espírito Santo. Mais tarde

consideraremos em mais detalhes a presciência de Deus.

O conhecimento do Pai sobre o futuro não somente é completo, também é Seu direito determinar como isto deve ser

comunicado. Alguns têm tropeçado no fato de que o Senhor Jesus, que também é onisciente, como Pedro testificou, era

incapaz de revelar o dia e a hora de acontecimentos relacionados à Sua manifestação em poder e glória. Na verdade, o

comentário de Pedro sobre a onisciência do Senhor foi inapropriado; mas em certo sentido, era e ainda é verdadeiro: ―…

Senhor, tu sabes tudo‖ (Jo 21:17). Mesmo assim, não era responsabilidade do Senhor revelar o dia e a hora: ―Mas daquele

dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai‖ (Mc 13:32). Também não competia aos

discípulos saber o dia e hora, como eles aprenderam quando o Senhor apareceu entre eles em Jerusalém; o Senhor

enfaticamente declarou: ―Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder‖ (At

1:7). O próprio Pai escolheria como e por meio de quem Ele comunicaria revelações destas coisas secretas que pertencem a

Ele (Dt 29:29).

Marcos 13:32 enfatiza o conhecimento detalhado que pertence ao Pai, no caso de acontecimentos futuros. Ele sabe o dia

e a hora ―daquele dia‖, e cada detalhe dos acontecimentos futuros sobre os quais o Senhor Jesus tinha falado. O Pai revelou

muito a homens como Moisés (Dt 18:15), Davi (Sl 16), Isaías (Is 53), Pedro (Mt 16:16), Paulo (I Ts 4:15). Em relação a

alguns acontecimentos, que eram então futuros, os anjos também foram usados como mensageiros para anunciá-los (Dn

7:16; 8:16; 9:21; 10:10 etc.). Nosso Senhor Jesus também foi o meio de comunicação através de quem muitas coisas

concernentes ao futuro foram reveladas (Mt 13:3; 16:18-19; 24:4; Jo 13:19; 14:25; 16:4 etc.). Quem pode ler estas grandes

revelações do futuro e duvidar que elas vem do trono de Deus? O Pai sabe estas coisas com relação ao futuro e tem

determinado quando e para quem e como elas serão reveladas.

Quando o Senhor Jesus apareceu aos Seus ―depois de ter padecido‖ (At 1:3) Ele respondeu às perguntas deles sobre a

restauração do reino a Israel: ―Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio

poder‖ (At 1:7). Nosso Senhor estava indicando que o Pai sabia quando e como o reino seria restaurado a Israel. Estes

grandes acontecimentos futuros das profecias do Velho Testamento, que mexeram com as mentes dos homens, tiveram um

significado ainda mais amplo do que antes, devido as explicações do próprio Senhor. Entretanto não pertencia a Ele, o

Enviado de Deus, falar sobre aquele dia e hora. A frase explícita ―não vos pertence saber…‖ deveria ser o suficiente para

corrigir qualquer tendência de especular sobre aquilo que Deus não tem revelado. A revelação divina não é somente

necessária para a vida cristã, ela é suficiente. Devemos reconhecer a suficiência das Escrituras como sendo obra do Pai, para

de uma forma muito mais completa que Balaão podermos dizer e compreender: ―não poderia ir além da ordem do Senhor

meu Deus‖ (Nm 22:18). Que ninguém se atreva a ―acrescentar alguma coisa‖ àquilo que o Pai tem revelado nos livros

proféticos, (Ap 22:18); nem absorver o ensino dos homens que pode levar ao ―culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que

não viu‖ (Cl 2:8, 18); nem desejar conhecer ―as profundezas de Satanás‖ como faziam alguns em Tiatira (Ap 2:24). O Pai

sabe não somente as coisas das quais temos necessidade, mas também de qual revelação precisamos; a revelação que Ele nos

deu nas Escrituras. Estes assuntos estão no poder do Pai — nisto descansamos, sabendo que Ele sabe e é capaz de cumprir o

Seu conselho.

A presciência do Pai

Um aspecto especial da onisciência do Pai que devemos considerar é Sua presciência. A palavra não é usada em relação

a um conhecimento geral do futuro, mas do conhecimento específico de Deus daqueles com quem Ele se relacionará em

graça. E. C. James comenta: ―Poucas palavras bíblicas tem mais significado do que a palavra presciência‖. No Novo

Testamento encontramos dezesseis raízes gregas com o prefixo grego pro (―antes‖), cada uma das quais está num contexto

relacionado com o conhecimento de Deus. Estas palavras se referem a propósito, profetizar, predizer, saber de antemão,

mostrar antes, indicar antes, prometer antes, preparar antes, determinar antes, escrever antes, e pregar antes.

Sete vezes no Novo Testamento encontrarmos a palavra ―presciência‖ — o substantivo duas vezes (At 2:23; I Pe 1:2), e

o verbo cinco vezes (At 26:5; Rm 8:29; 11:2; I Pe 1:20; II Pe 3:17). Nem Atos 26:5 nem II Pedro 3:17 se referem a Deus. A

referência em Atos 26:5 é para aqueles que haviam conhecido Paulo antes da sua conversão; II Pedro 3:17 se refere aos

santos e o seu conhecimento prévio, que os salvaria do ―engano dos homens abomináveis‖. As outras cinco referências se

referem claramente à presciência de Deus. I Pedro 1:2 fala especificamente da ―presciência de Deus Pai‖. Atos 2:23;

Romanos 8:29 e I Pedro 1:20 todos falam da presciência de Deus em contextos que falam de Deus e de Jesus de Nazaré (At

2:23), Seu Filho (Rm 8:29) e Cristo (I Pe 1:19-20). Vamos considerar estas referências como exemplificando a presciência

de Deus o Pai.

Sabemos que o Deus onisciente que servimos conhecia desde o princípio do mundo todas as Suas obras (At 15:18).

Apesar da palavra ―presciência‖ não ser usada aqui, fica claro que Deus sabia tudo o que Ele faria no decorrer dos séculos,

desde a fundação do mundo. Com igual certeza asseguramos que Deus conhecia toda criatura que apareceria, mesmo que

por pouco tempo, sobre, ou até mesmo debaixo, da Terra. Devemos notar que em cada uma destas cinco referências à

presciência divina temos pessoas em vista, não simplesmente acontecimentos; e as pessoas de quem é dito que Deus tinha

presciência são todas aquelas que Ele abençoaria:

At 2:23 — ―… este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus‖;

Rm 8:29 — ―… os que dantes conheceu também os predestinou para serem conforme a imagem do Seu Filho‖;

Rm 11:2 — ―Deus não rejeitou a seu povo que antes conheceu‖;

I Pe 1:1-2 — ―… estrangeiros dispersos … eleitos segundo a presciência de Deus Pai‖;

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I Pe 1:19-20 — ―Cristo … o qual na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas

manifestado nestes últimos tempos por amor a vós‖.

Estas passagens, claramente, não se referem a conhecimento de acontecimentos ligados somente a Cristo; Rm 8:29, 11:2

e I Pe 1:2 descrevem uma pluralidade de pessoas. Notamos também que estas passagens não tratam dos homens em geral. A

linguagem destas passagens é usada somente daqueles que são queridos ao coração de Deus, o Pai. Com a exceção de

Romanos 11:2, que iremos considerar separadamente mais tarde, esta presciência era desde um ―passado distante e sem

data‖. A linguagem usada sugere o prazer que estes trazem, ou irão trazer, ao coração do Pai.

O que, então, a presciência de pessoas indica? Todos reconheceriam que o Onisciente saberia tudo acerca deles — suas

circunstâncias, os acontecimentos que moldariam as suas vidas, e Seu relacionamento com eles. Em I Coríntios 8:3 o

apóstolo Paulo considera os que tem conhecimento. Nem todos permanecem humildes e demonstram amor. No contexto, a

falta de amor seria vista no desprezo para com aqueles que não entendem a realidade da idolatria. Onde há amor para com

outros cristãos, especialmente um irmão fraco, há amor para com Deus. Paulo então comenta: ―… se alguém ama a Deus,

esse é conhecido dele‖. Este homem de conhecimento e amor era conhecido de Deus. O fato dele ser conhecido de Deus

indicaria aprovação do amor que ele estava demonstrando. Semelhantemente, a presciência de Deus das pessoas sobre quem

Paulo e Pedro estavam escrevendo significa que os Seus olhos tinham estado sobre eles para abençoar. C. B. Bass comenta:

―Presciência é o sinônimo de pré-amor‖. Também observamos que nas referências à presciência de Deus dos Seus santos,

não há sugestão alguma de que todos os seus atos mereçam aprovação divina.

Em Romanos 11:2, Paulo descreve Israel como ―seu povo que antes conheceu‖. O fato de Paulo estar descrevendo Israel

fica evidente a partir de v. 1 daquele capítulo, onde ele usa novamente a expressão ―Seu povo‖ antes de acrescentar:

―também eu sou israelita‖. Apesar de encontrarmos a expressão ―antes da fundação do mundo‖ em Ef 1:4; I Pe 1:20, não

temos uma expressão semelhante em Rm 11:2. Vemos uma expressão diferente — ―desde a fundação do mundo‖ — em Mt

13:35; 25:34; Ap 13:8; 17:8. Estas duas expressões registradas por Mateus se referem ao reino onde Israel será reconhecido

como cabeça das nações (Dt 28:13). Apocalipse 13:8 e 17:8 falam do livro da vida escrito desde a fundação do mundo. As

cenas destas passagens em Apocalipse acontecem depois do Arrebatamento da Igreja e portanto as partes envolvidas não são

membros do corpo de Cristo. Podemos concluir, a partir de I Pedro 1:1-2; Efésios 1:4, que temos autoridade bíblica para

falar dos salvos da era da Igreja como ―eleitos segundo a presciência de Deus o Pai‖, ―antes da fundação do mundo‖.

Também temos autoridade Bíblica para falar do mistério do reino como tendo sido guardado em segredo ―desde a fundação

do mundo‖, mas a Palavra de Deus não revela se seria apropriado falar de Israel e das nações que compartilharão aquele

reino terrestre como tendo sido conhecidos antecipadamente ―desde a fundação do mundo‖.

O propósito do Pai

O Novo Testamento usa o substantivo ―propósito‖ cinco vezes em relação a Deus: Rm 8:28; 9:11; Ef 1:11; 3:11; II Tm

1:9; e o verbo cognato (―propor‖) em Rm 3:25; Ef 1:9. Embora somente Ef 3:11 usa a expressão ―eterno propósito‖, Paulo

nos assegura que nenhum ser criado foi Seu conselheiro: ―… propusera em si mesmo‖ (Ef 1:9). Foi um assunto sobre o qual

―o homem não teve voz nem escolha‖. Diferentemente do homem, cuja direção estratégica requer ajustes constantes para

levar em consideração acontecimentos não previstos, os propósitos eternos do Deus onisciente são tão imutáveis quanto Ele

mesmo. Grandes forças se opõem ao Seu propósito eterno, tanto humanas quanto demoníacas, mas Ele continua a operar

―todas as coisas segundo o conselho da sua vontade‖ (Ef 1:11). Ele também escolheu revelar no Novo Testamento aspectos

do Seu propósito, nos mistérios revelados através de nosso Senhor Jesus e Seus apóstolos Paulo e João. O substantivo

―mistério‖ é usado vinte e sete vezes no Novo Testamento falando do plano divino escondido, não nas Escrituras, mas no

próprio Deus (Ef 3:9). Estes mistérios foram revelados no tempo escolhido por Deus; eles nunca precisarão de revisão, pois

não representam aspirações que nunca poderão ser realizadas. A onisciência nos assegura que o propósito do Pai não precisa

de revisão; Sua onipotência nos assegura que nunca falhará.

O Pai e a predestinação

Entre as dezesseis palavras no vocabulário do Novo Testamento que se referem à presciência do Pai, temos o verbo

―predestinar‖. Simplesmente significa ―indicar de antemão‖ (W. E. Vine). Pode ter o sentido de demarcar uma linha

divisória de antemão (Kittel, Friedrich and Bromiley). Todas as seis ocorrências do verbo se referem a Deus: At 4:28; Rm

8:29, 30; I Co 2:7; Ef 1:5, 11. O uso do verbo no Novo Testamento também nos dá provas de que predestinação não é

sinônimo de ―conhecimento prévio‖. Na verdade Romanos 8:29 contém ambos os verbos ―conhecer antes‖ e ―predestinar‖.

Lemos ―… os que dantes conheceu também os predestinou‖, assim claramente diferenciando presciência e predestinação.

Predestinação não está focado em pessoas, tanto quanto no que o Pai tem determinado antes que será deles. Com respeito ao

Senhor Jesus, Atos 4:28 revela que o Pai determinou de antemão o tipo de morte que Ele haveria de morrer. Em Romanos

cap. 8 a predestinação dos santos é para serem filhos; em I Coríntios 2:7 a sabedoria de Deus determinou que deveríamos ser

associados com o Senhor da glória ―para nossa glória‖, uma glória ainda a ser revelada publicamente. Em Efésios 1:5

novamente os santos deste período — um período que tem continuado desde a descida do Espírito Santo na exaltação do

Senhor e continuará até o Arrebatamento (I Ts 4:14-17) — são predestinados a filhos, enquanto que em Efésios 1:11 estes

mesmos filhos que obtiveram uma herança são predestinados ―para o louvor da sua glória‖.

Fica claro que a predestinação divina também pertence aquele ―tempo distante e sem data‖ ao qual os apóstolos Paulo e

Pedro se referem quando usando a expressão ―antes da fundação do mundo‖ (Ef 1:4; I Pe 1:20). Quando nos referimos ao

Pai onisciente levamos em conta ―o conselho da Sua vontade‖, ―a sabedoria de Deus‖ expressa no propósito que está sendo

executado para Sua própria glória eterna (Ef 1:11; I Co 2:7). Tanto a presciência como a predestinação são facetas daquele

atributo de Deus que chamamos de Onisciência. Presciência leva em conta pessoas, predestinação o lugar que estas pessoas

terão. O propósito do Pai sempre foi que deveríamos ocupar o lugar de filhos.

Prostramo-nos diante da Tua face, Filhos de Deus. Ó lugar maravilhoso! Grandes as riquezas da Tua graça; Pai, nós te adoramos. (S. Trevor Francis)

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Teria sido uma grande honra ser como um de Seus empregados, mas isto não teria sido ―segundo o beneplácito da sua

vontade‖ (Ef 1:5, 11). Entre as ―palavras … que o Espírito Santo ensina‖ (I Co 2:13) notamos a expressão ―beneplácito da

sua vontade‖. Agradou ao Pai que fossemos filhos ―diante dele em amor‖ (v. 4). Maravilhamos ainda mais quando

recordamos que estas palavras se referem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, a Quem pertence a onisciência. Ele

sabia do nosso pecado e nosso estado rebelde no qual nos gloriávamos, e mesmo assim ―nos salvou … não segundo as

nossas obras, mas segundo o Seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos‖

(II Tm 1:9). Em nos salvar Ele nos deu o Espírito de adoção, onde clamamos ―Aba Pai‖ (Rm 8:15). Agradou ao Pai enviar o

Espírito para habitar em cada um dos que são Seus filhos.

A palavra grega traduzida ―beneplácito‖ em Ef 1:5, 9 é usada do Pai declarando do Senhor Jesus: ―Este é o meu Filho

amado em quem me comprazo‖, e uma vez em Mateus 12:18 onde, citando Isaías 42:1-4, Jeová em aprovação do Seu servo

diz: ―… o meu amado, em quem a minha alma se compraz‖. Mateus afirma claramente que na obra do Senhor Jesus foi

cumprido ―o que fora dito pelo profeta Isaías‖ (Mt 12:17). Esta linda palavra ―beneplácito‖ e seu verbo cognato aparecem

desessete vezes no Novo Testamento. É uma das palavras mais lindas do Novo Testamento. Kittel, Friederich and Bromiley

comentam que a palavra grega traduzida ―beneplácito‖ não é uma palavra clássica. Aparece pela primeira vez na Bíblia

grega. Seu significado seria mais ou menos compreendido pelo seu uso na Septuaginta, mas muito mais pelo Novo

Testamento. Escrevendo acerca desta palavra ―beneplácito‖, William Kelly comentou que ―é linguagem adequada ao amor

especial do soberano … para manifestar o Seu favor‖. Reconhecemos que isto é linguagem do amor descrevendo atos do

amor. Nas palavras do Senhor em Mt 11:26; Lc 10:21 o beneplácito do Pai é associado com a substituição dos ―sábios e

inteligentes‖ pelas criancinhas e pelos pequeninos ―sem o poder da palavra‖. Para estes homens que os judeus consideravam

―sábios e entendidos‖, o Pai não tinha nada a dizer, mas aos que eram desprezados pelo mundo religioso do seu dia, o Pai

revelaria Cristo. Ef 1:9-10 nos ensina que aos que eram desprezados pelo mundo religioso o Pai agora revela ―o mistério da

sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas na

dispensação da plenitude dos tempos‖. Visto que o Pai é onisciente, Ele sabia em quem Ele congregaria todas as coisas —

em Cristo. No Seu beneplácito Ele escolheu revelar o mistério da Sua vontade àqueles a quem Ele conferiu o direito de

filhos.

Pesamos cuidadosamente estas palavras e reconhecemos por que Paulo podia fazer a pergunta retorica: ―… quem foi seu

conselheiro?‖ (Rm 11:34). Associamos conselho com o Pai, e notamos como isto destaca a Sua onisciência. Reconhecemos

―… a sabedora de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos

príncipes deste mundo conheceu; porque se a conhecessem, nunca teriam crucificado ao Senhor da glória‖ (I Co 2:7-8).

Conclusão

Ao elevarmos o nosso coração ao Pai, podemos usar as palavras que Pedro usou na sua resposta a Cristo em João 21:17:

―… Tu sabes tudo!‖ Revelar o Pai é a obra específica do Seu Filho. Durante o Seu ministério público Ele revelou a nós o Pai

onisciente, para que não precisemos orar como Filipe: ―… mostra-nos o Pai‖ (Jo 14:8). Na Sua ascenção, Cristo tem

revelado a nós, através dos apóstolos, grandes mistérios escondidos em Deus antes da fundação do mundo. Estas revelações

tem expandido grandemente a nossa compreensão da grandeza do Pai onisciente.

Cap. 4 — A onipresença de Deus o Pai

Por William M. Banks, Escócia

Introdução e definição

Este título é composto por duas palavras: ―oni‖, que significa ―em todas as maneiras e lugares‖, e ―presença‖. A ideia é,

portanto, claramente expressa como Deus estando ―presente em todos os lugares‖. Deus preenche todas as coisas, ele é ―tudo

em todos‖ (I Co 15:28). A pergunta pode ser feita: ―De que maneira Deus preenche todas as coisas?‖.

O profeta Jeremias, no cap. 23, fala dos falsos profetas que estavam falando da ―visão do seu coração, não da boca do

Senhor‖ (23:16). Eles estavam acalmando o povo do Senhor, dando-lhes um falso senso de segurança ao dizer-lhes: ―Paz

tereis; e a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração dizem: Não virá mal sobre vós‖ (v. 17). Estes profetas não

haviam sido enviados pelo Senhor: Ele não havia falado com eles (v. 21). Qual era o problema, e qual é o problema com

muitos tais hoje em dia?

Eles imaginavam que Deus não estava ciente da sua atividade! Eles pensavam que podiam esconder em ―esconderijos‖

(v. 24), e que Deus não perceberia o seu ministério. Eles não tinham nenhum senso da presença do Senhor! Eles

reconheciam a possibilidade de uma presença localizada — ―… sou eu Deus de perto?‖ (v. 23) — mas não entenderam a

realidade da Sua Onipresença: ―… sou eu Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe? Esconder-se-ia alguém

em esconderijos de modo que eu não o veja? diz o Senhor. Porventura não encho eu os céus e a terra? diz o Senhor‖ (vs. 23-

24).

Assim a realidade era que a autoridade e poder divinos estavam em evidência — ―um Deus de longe‖; conhecimento

divino estava em evidência — ―não o veja‖; mas além disso, e especificamente, a presença divina é indicada — ―não encho

eu os céus e a terra?‖ Isto não pode ser dito de nenhum outro. Uma compreensão da Sua Onipresença, pelos falsos profetas,

teria mudado a sua forma de pensar e a sua atividade e, portanto, o seu ministério. Deus os havia ouvido mentir em Seu

nome sobre aquilo que eles supunham ser secreto, e como resultado Ele estava ―contra os que profetizam‖ (v. 32).

Mas o que quer dizer este ―encher‖ dos Céus e da Terra? Como indicado acima, não era meramente autoridade e poder,

nem somente entendimento e vontade. Há muito mais incluído aqui.

Deus está essencialmente presente em todo lugar, seja nos céus ou na terra … como eternidade é a perfeição pela qual Ele não tem nem princípio nem

fim; imutabilidade é a perfeição pela qual Ele não tem nem acréscimo nem diminuição; assim a imensidão ou onipresença é aquilo pelo qual Ele não

tem limites nem fronteiras.

A onipresença de Deus

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A presença de Deus com o Seu povo em geral

Talvez a afirmação mais eloquente da onipresença de Deus é encontrada no Salmo 139. Davi está intimamente ciente da

proximidade daquela presença, e diz: ―Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão‖ (v. 5). De

passagem notamos que Deus considera o passado de nossas vidas — ―por detrás‖; o futuro — ―por diante‖; e o presente —

―puseste sobre mim a tua mão‖! Não há como escapar de Deus, nenhuma possibilidade de privacidade — ―para onde fugirei

da tua face?‖ (v. 7).

Mesmo ir até os limites do Universo conhecido não iria livrá-lo de estar ciente da presença de Deus. ―Se subir ao céu lá

tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades

do mar, até ali a tua mão me guiará, e a tua destra me susterá‖ (vs. 8-10).

A altura mais alta; a profundeza mais profunda; o lugar mais distante do Universo, não são um escape da presença de

Deus — ―ali estás também‖.

Em todo lugar há Deus; Seu Ser, Sua revelação, Sua soberania e Seu escrutínio minucioso. É impossível escapar dEle; e também da nossa percepção

dEle e da consciência da nossa própria dependência e responsabilidade final. Uma criatura é localizada. Quando está aqui, não está ali, e quando está

ali, não está aqui. Não é assim com Deus. Ele está presente simultaneamente em todo lugar da Sua Criação. Ele está aqui e ali na plenitude do Seu ser,

atributos, funções, prerrogativas, sustentando todas as coisas e Se revelando por meio de todas as coisas, e infringindo na consciência de toda criatura

racional.

Ele é Soberano no Céu e no inferno, e aos confins da Terra. As trevas não O escondem; a luz não é necessária para O

revelar — ―as trevas e a luz são para ti a mesma coisa‖ (Sl 139:12b).

A implicação prática do que dissemos acima não deve ser perdida. Deus está ciente de todas as circunstâncias da nossa

vida. É um grande conforto em tempos de grande necessidade, mas certamente um desafio contínuo para as circunstâncias

que controlam a nossa vida — ―Tu és Deus que vê‖ (Gn 16:13).

O apóstolo Paulo enfatiza este aspecto geral da presença divina em Efésios cap. 4. Ele diz: ―Um só Deus e Pai de todos,

o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós‖ (v. 6). Ele está ―sobre todos‖ na Sua Suprema majestade, Ele é ―por todos‖

na soberania penetrante do Seu ser, e ―em todos vós‖ como resultado da graça regeneradora especial, suprindo toda

assistência necessária ao Seu povo em todas as circunstâncias da vida.

A presença de Deus com Seu povo em tempos de necessidade

O Salmista Davi, no seu Salmo do Pastor, nos faz lembrar que ―ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não

temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam‖ (23:4). Podemos nos perguntar a que

experiência o salmista está se referindo? Seria a própria experiência da morte? Isto é improvável, pois uma mesa é preparada

no próximo versículo (v. 5), na presença dos seus inimigos. Obviamente podemos encontrar conforto neste versículo nas

experiências negras desta natureza. Seria, então, a experiência normal de viver, com o ―vale da sombra‖ indicando o caráter

do mundo pelo qual passamos? Isto também é pouco provável, pois uma dúvida é expressa: ―ainda que eu andasse‖. Se ele

estivesse descrevendo a experiência normal, ele teria dito ―quando eu ando‖, ou ―enquanto ando‖!

Então, a que se refere? Talvez a uma experiência específica na vida, que para o indivíduo é um vale, com a fonte de luz

sendo obscurecida pelas montanhas, assim produzindo uma sombra. Mas no vale, há uma percepção da presença divina

―comigo‖, sustentando (cajado), protegendo (vara) e confortando. Para Davi era o vale do Carvalho (I Sm 17; ou ―vale de

Elá‖, ARA); para o remanescente do futuro será o vale da ―Tribulação‖; para o cristão hoje é uma percepção de conforto em

tempos de dificuldade e provação. Os montes variam em cada caso!

Encontramos um sentimento semelhante em Is 43:2-3. ―Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos

rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o

Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador‖. A garantia acima é dada com base na redenção (v. 1) e na autoridade do

nome divino. Na verdade, o título ―Eu Sou‖ é um lembrete da revelação dada a Moisés, na sarça ardente, e uma referência

indireta à onipresença de Deus. Deus se revelou como ―Eu Sou o Que Sou‖ (Êx 3:14). Newberry destaca, na introdução da

―Bíblia de Newberry‖, que o título é literalmente ―Eu Serei o que Serei‖. Ele continua:

Visto como o assim-chamado futuro, ou tempo continuo, expressa não simplesmente o futuro, mas também e especialmente continuidade, o significado

é ―Eu continuo a ser, e serei, o que continuo a ser, e serei‖.

O significado é exegeticamente explicado em Apocalipse 1:4: ―O que era, que é e que há de vir‖.

A mesma ideia geral é encontrada no Salmo 46, que foi proveitosamente resumido (levando em conta a repetição da

palavra ―Selá‖) da seguinte maneira:

Há um refúgio – vs. 1-3;

Há um rio – vs. 4-7;

Há um repouso – vs. 8-11.

―Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia‖, é a afirmação do v. 1. A ―angústia‖ é um tanto

horrenda: ―ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares, ainda que as águas

rujam, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. Selá‖. Mesmo nestas circunstâncias, provavelmente semelhantes ao

que irá acontecer com Israel nos dias da Tribulação, a conclusão como resultado do ―socorro presente‖ é: ―portanto não

temeremos‖ (v. 2). De fato, a confirmação da presença de Deus garante que haverá ajuda: ―Deus a ajudará, já ao romper da

manhã‖ (v. 5).

Esta natureza difusa da presença divina em relação ao cristão individual é assegurada com o uso de quase toda

preposição existente na língua portuguesa.

Mt 28:20 — Ele está com os seus: ―Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos‖;

Jo 14:17 — Ele está em nós: ―O Espírito da verdade … vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós‖;

Sl 139:5 — Ele está atrás de nós: ―Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão‖;

Dt 33:27 — Ele está por baixo de nós: ―O Deus eterno é a tua habitação, e por baixo estão os braços eternos‖;

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Sl 148:14 — Ele está perto de nós: ―Ele também exalta o poder do seu povo … um povo que lhe é chegado. Louvai ao

Senhor‖;

Jo 10:4 — Ele está adiante de nós: ―E quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem:

porque conhecem a sua voz‖;

Ef 4:6 — Ele está acima de nós: ―Um só Deus e Pai … o qual é sobre todos‖.

Todas as citações acima nos dão confiança e sustento na vida cristã. É algo em que cristão pode confiar completamente.

Não está baseado no pensamento subjetivo, mas na realidade objetiva. Deus está presente com o Seu povo. Ele está ali para

guardar, ajudar, suster, confortar e satisfazer. Há graça para ajudar em todo tempo oportuno (Hb 4:16), e força em tempos de

fraqueza )Fp 4:13).

A falta de percepção da presença de Deus

Embora as afirmações acima sejam verdadeiras, há ocasiões em que há uma falta de percepção da presença divina. O

próprio salmista pergunta: ―Ó Deus, porque nos rejeitaste para sempre?‖ (74:1). Isaías faz o povo lembrar que há uma

separação entre eles e o seu Deus (Is 59:2); que há uma possibilidade de andar nas trevas e não ter luz (Is 50:10). Então

surge a pergunta, como que esta linguagem pode ser consistente com a afirmação inequívoca do escritor aos Hebreus: ―De

maneira alguma te deixarei, nunca jamais te desampararei‖ (13:5, ARA), que é quase uma citação direta de Js 1:5 e Dt 31:6?

Ele é ―poderoso para guardar‖ (II Tm 1:12), e temos a garantia de que somos ―guardados na virtude de Deus para a salvação,

já prestes para se revelar no último tempo‖ (I Pe 1:5).

Como podemos reconciliar estas duas ideias acima: por um lado ―rejeitados‖ e ―separados‖, e por outro lado nunca

abandonados e ―guardados‖? Por que pode haver uma retenção de uma percepção daquela presença que é geralmente

garantida a nós? A resposta não é difícil de encontrar em Isaías: ―As vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso

Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça‖ (Is 59:2).

Sansão não percebeu que o poder havia saído dele, depois do seu encontro com Dalila. Josué pensou que poderia

derrotar Ai depois da grande vitória sobre Jericó, sem perceber que havia pecado no arraial, e que a presença de Deus não

estava mais com eles para garantir a vitória.

Há ocasiões quando a presença de Deus é retida por razões diferentes. As palavras proféticas do salmista (22:1), e a

experiência do Senhor na cruz, provam isto. Trevas envolveram a cena. Era meio dia, mas as circunstâncias no nascimento

do Senhor, quando os Céus brilharam com glória ―à noite‖ (a ―glória do Senhor‖ brilhou ao redor dos pastores) agora foram

invertidas. Ao invés do Sol do meio dia, houve trevas impenetráveis. Ao invés de uma percepção da presença de Deus,

houve um abandono. O clamor que penetrou a escuridão foi alto (―bradou‖), e a princípio incompreensível: ―Deus meu,

Deus meu, por que me desamparaste?‖ (Mt 27:46). Os detalhes são impressionantes, no verdadeiro sentido da palavra. ―Por

que … Tu?‖; ―Por que Me?‖

A obra da expiação não poderia ser completada de outra maneira. Era necessário que o bendito Filho de Deus ficasse

―tão longe‖ de ser ajudado. Não houve resposta! Não havia outra maneira de satisfazer o trono de Deus e lançar a base justa

para a salvação do homem.

A onipresença de Cristo

A deidade de Cristo nos leva à afirmação inconfundível de que o que é verdade acerca de Deus é verdade acerca dEle.

Há, entretanto várias passagens nas Escrituras que deixam abundantemente claro que este atributo da Divindade era

verdadeiro acerca do nosso Senhor Jesus. Na noite em que Ele falou com Nicodemos, a conversa, com suas três

partes,estava chegando ao fim. Tendo afirmado que o novo nascimento não era obtido por ―fazer‖ (Jo 3:1-3), e que era

inquestionavelmente uma obra do Espírito de Deus (vs. 4-8), e provado somente mediante o crer (vs. 9-15), o Senhor agora

afirma e enfatiza o problema fundamental de Nicodemos: ―Não crestes‖ (v. 12). Para focalizar na importância da Pessoa que

falava com ele, o Senhor fala uma coisa impressionante: ―Ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do

Homem, que está nos céu‖ (v. 13). Será que Nicodemos não estava ciente da autoridade absoluta e da singularidade de quem

falava com ele? Ele estava no Céu, e ao mesmo tempo falando com ele, tendo descido do Céu! Ele está no Céu e na Terra ao

mesmo tempo — o Salvador é Onipresente!

A palavra final dada aos discípulos adoradores, reunidos com o Senhor Jesus no monte da Galileia, é mais uma

confirmação desta verdade. Diz o Cristo ressurreto: ―É me dado todo o poder, no céu e na terra. Portanto ide, fazei

discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as

coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco até a consumação dos séculos. Amém‖ (Mt 28:18-20). A

presença de Cristo é garantida aos Seus, em todo o tempo e em todos os lugares. Esta promessa tem sido provada por muitos

através dos séculos. O Todo-Poderoso Cristo tem sustentado o Seu povo nos seus esforços missionários, e os assegurado de

ajuda e sustento no testemunho do Evangelho.

Encontramos outra passagem que nos assegura desta mesma verdade em Hebreus. O escritor enfatiza a importância da

autoridade das Sagradas Escrituras. Enquanto o caráter perspicaz e penetrante da Palavra de Deus está sendo enfatizado

(―penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do

coração‖, (4:12), ele finaliza: ―… e não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes

aos olhos daquele com quem temos de tratar‖ (v. 13).

Repare, no último versículo, a abrangência do conhecimento: ―todas as coisas‖; a total percepção: ―nuas e patentes‖; e a

autoridade final: é com Ele que ―temos de tratar‖, ou mais corretamente, ―temos de prestar contas‖ (ARA). Se alguém está

assim totalmente ciente e empossado como o Juiz final, Ele precisa estar presente para saber e avaliar.

A onipresença do Espírito de Deus

O fato do Espírito Santo ser uma das três Pessoas do Deus Triuno é evidência suficiente da Sua onipresença. Há,

entretanto, ampla evidência adicional para provar que o Espírito Santo é onipresente.

A missão do Consolador é especificamente enfatizada no ministério no cenáculo, no Evangelho de João. O fato do

Senhor Jesus ir embora era a prova da vinda do Espírito Santo. ―Vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador

não virá vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei‖ (16:7). A era atual, de uma forma especial, é a era do Espírito. Cristo está

ausente (nos Céus), e o Espírito está presente na Terra.

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Esta promessa do Senhor, de enviar o Espírito, foi cumprida no dia de Pentecostes, como lemos em Atos cap. 2. Pedro

confirma isto no seu discurso. Ele diz, referindo-se ao Senhor Jesus: ―… de sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo

recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis‖ (v. 33). Este dar do Espírito Santo

levou ao batismo no Espírito, e ao fato de todos os discípulos, sem exceção, ficarem cheios do Espírito (At 2:4).

Pelo menos duas coisas acompanharam a vinda do Espírito. A primeira foi: ―… veio do céu um som, como de um vento

veemente‖ (At 2:2). A palavra ―Espírito‖ e ―vento‖, no Velho Testamento, é a mesma (Strong 07307). A figura enfatiza a

energia invencível de Deus que está disponível à Igreja, tanto nos aspectos criativos como destrutivos. Está disponível

imediatamente para mudar vidas, e ao mesmo tempo derrubar as fortalezas do erro e do pecado.

A segunda foi: ―… línguas repartidas, como que de fogo‖ (At 2:3). Fogo neste contexto é símbolo de pureza e

integridade. No monte Sinai, o monte queimava com fogo e o povo teve medo de se aproximar. ―Nosso Deus é um fogo

consumidor‖ (Hb 12:29). A presença de Deus requer uma percepção da necessidade de santidade: ―sereis santos, porque eu

sou santo‖ (Lv 11:44, veja também I Pe 1:16).

Na mesma passagem onde o Senhor Jesus fala da vinda do Consolador, Ele faz um esboço da Sua obra. Ele diz: ―E,

quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em mim; da justiça,

porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado‖ (Jo 16:8-11).

Para cumprir esta tarefa universal há, evidentemente, a necessidade de onipresença. Seria impossível realizar esta obra de

outra forma. Esta obra é contínua, efetiva e universal.

A palavra ―convencerá‖ às vezes é traduzida ―reprovará‖ ou ―repreenderá‖. ―A palavra basicamente significa ‗trazer à

luz, expor‘, isto é, manifestar algo com clareza sem medo de ser provado errado‖. Portanto, realmente tem um significado

objetivo, e não a antecipação de uma reação subjetiva.

Nesta passagem a obra convincente do Espírito está relacionada ao pecado (não pecados), à justiça e ao juízo (não juízo

vindouro). A realidade do pecado é vista na falta de crer no Senhor Jesus. Uma recusa de aceitá-lO pela fé é uma evidência

da realidade do pecado. A justiça é demonstrada no retorno de Cristo ao Pai. Isto era evidência de que a Sua obra havia

lançado o fundamento necessário para a necessidade do homem. Era também uma confirmação da justiça de Cristo, como

indicado em Romanos 3:25: ―… ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça

pela remissão dos pecados dantes cometidos sob a paciência de Deus‖. O juízo foi demonstrado na vitória de Cristo sobre ―o

príncipe deste mundo‖. Se ele já foi tratado com êxito, então os que escolhem segui-lo serão igualmente trazidos a juízo.

A promessa e implementação da presença de Deus coletivamente

Sempre foi o desejo de Deus habitar entre o Seu povo. Enquanto é verdade que Deus habita ―nas alturas‖ (Sl 113:5), e

Salomão disse: ―Mas na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus, e até o céu dos céus, não te poderiam conter,

quanto menos esta casa que tenho edificado‖ (I Rs 8:27), Deus sempre desejou estar com as Suas criaturas e desfrutar da sua

companhia. O relacionamento entre o Céu e a Terra é enfatizado em vários lugares. ―O céu é o meu trono, e a terra o

escabelo dos meus pés; que casa me edificaríeis vós? E qual seria o lugar do meu descanso?‖ (Is 66:1). Esta última

expressão é linda: pensar que o Seu povo pode contribuir para o descanso de Deus, ―o lugar do Meu descanso‖!

A implementação deste desejo de Deus, de habitar com Seu povo, foi visto numa variedade de maneiras no decorrer da

história, e aguarda sua consumação no estado eterno. Vamos observar alguns.

O jardim do Éden

A primeira comunhão entre o Céu e a Terra, e a primeira evidência da presença divina com o homem, aconteceu num

jardim. Um jardim que foi planejado por Deus para ser um lugar de beleza, prazer, e refrigério. Deus nunca planejou que

houvesse um túmulo num jardim! O fato que isto aconteceu foi por causa do pecado do homem e seu fracasso em obedecer à

ordem de Deus e gozar da companhia da Deus. Naquele primeiro jardim, Adão e Eva ―ouviram a voz do Senhor Deus, que

passeava no jardim pela viração do dia‖ (Gn 3:8). O Senhor Deus desejava ter comunhão com Suas criaturas. Ele queria

desfrutar da sua companhia, e Ele queria que eles apreciassem a companhia dEle! Infelizmente o pecado entrou. O elo de

intimidade foi rompido; e Adão e sua esposa se escondem da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim (Gn 3:8).

Que tragédia! Que mudança! A partir de então uma barreira seria erguida; o homem seria expulso do jardim, e acesso direto

à presença divina seria proibido. Deus ―pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao

redor, para guardar o caminho da árvore da vida‖ (Gn 3:24).

Parecia que o plano divino para apreciação mútua da companhia um do outro fora frustrado; haveria possibilidade de

reconciliação? Com base na iniciativa divina, sangue foi derramado, provisão foi feita para as necessidades do homem, e um

caminho de volta foi implantado. Uma figura do Calvário, aparecendo nas primeiras páginas das nossas Bíblias, indicando

que com base na expiação realizada a fé poderia ser desempenhada, pecados poderiam ser perdoados e a comunhão poderia

ser restaurada!

O Tabernáculo no deserto

Muitos séculos se passaram. Uma nação eleita foi redimida pelo sangue e salva com poder (Êx 14:30), e como povo

peregrino estão atravessando o deserto. Não há nenhum sinal visível da presença de Deus no meio do Seu próprio povo, com

o propósito de comunhão (a coluna de fogo e a nuvem estão lá para dar direção). Eles provaram evidências da Sua mão com

eles: o maná do Céu, a água saindo da rocha ferida, experiência amarga transformada em doce, mas nenhum sinal visível. A

Lei fora dada para controlar o seu comportamento e para ligá-los com a aliança divina, mas agora recebem uma palavra

nova, por intermédio de Moisés. ―Então falou o Senhor a Moisés dizendo: Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma

oferta alçada … e me farão um santuário, e habitarei no meio deles. Conforme a tudo que eu te mostrar para

modelo … assim mesmo o fareis‖ (Êx 25:1-2, 8-9). ―Habitarei no meio deles‖ — estas palavras devem ter soado como

música aos ouvidos de Moisés. Deus no meio do Seu povo! Conhecer a presença de Deus! Moisés havia provado desta

presença em diversas ocasiões, mas agora um santuário no meio; a presença visível de Deus no meio do Seu povo.

Isso necessitaria um sacerdócio, um sistema de sacrifícios, uma legislação para trazer as ofertas, e muito mais, mas que

honra! Deus no próprio meio do Seu povo; a comunhão seria uma possibilidade; o pecado e transgressão poderiam ser

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tratados e um povo devoto poderia apresentar suas ofertas de aroma suave, apresentando adoração leal a Deus que tinha feito

tanto por eles, com o Seu amor redentor.

O Templo de Salomão

Salomão desejou construir uma casa para Deus. Ele estava ciente das limitações. ―Então falou Salomão: o Senhor disse

que ele habitaria nas trevas. Certamente te edifiquei uma casa para morada, assento para a tua eterna habitação‖ (I Rs 8:12-

13). Na sua oração, na dedicação da casa, ele disse: ―Mas na verdade habitaria Deus na terra? Eis que os céus, e até os céus

dos céus, não te poderiam conter, quanto menos esta casa que tenho edificado‖ (I Rs 8:27).

Parecia inacreditável para Salomão que Deus pudesse assim habitar com os homens, mas assim foi, e na conclusão da

dedicação, Deus em grande graça ―tornou a aparecer a Salomão‖ (I Rs 9:2), e o assegurou que a sua oração fora ouvida, ―a

fim de por ali o Meu nome para sempre; e os Meus olhos e o Meu coração estarão ali todos os dias‖ (I Rs 9:3).

A Pessoa de Cristo

Não houve evidência maior da presença divina entre os homens do que o que foi visto na Pessoa de Cristo. ―E o Verbo

se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade‖ (Jo

1:14). ―Estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele, e o mundo não o conheceu‖ (Jo 1:10).

Ele podia dizer ―Quem me vê a mim vê o Pai‖ (Jo 14:9). O nome dado a Ele no Seu nascimento (profetizado com

antecedência) era uma evidência da revelação a ser dada na Sua vida: ―E chamá-lo-ão pelo nome de Emanuel, que traduzido

é: Deus conosco‖ (Mt 1:23). O amor, gozo, paz e o próprio ambiente do Céu foi visto e conhecido na Pessoa de Cristo. Cada

palavra que Ele disse, cada obra que Ele realizou, cada movimento que Ele fez, estava repleto da glória do Céu. Deus estava

entre os homens!

A igreja Local

Se a presença de Deus foi conhecida no passado, no Tabernáculo e no Templo, certamente o lugar onde ela é conhecida

hoje é no ajuntamento do povo de Deus. O versículo tão bem conhecido de todos nós é de grande valia neste aspecto: ―…

onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ai estou eu no meio deles‖ (Mt 18:20). Existem condições necessárias,

evidentemente, para uma apreciação plena desta presença. Estas condições são claramente mencionadas naquele capítulo. O

assunto dos vs. 1-19 é, principalmente, a humildade, ilustrada através da criancinha no meio deles (v. 2), enquanto que o

assunto do resto do capítulo (vs. 21-35) é o perdão.

Joel assegurou seus leitores que ―sabereis que eu estou no meio de Israel‖ (2:27). Que coisa maravilhosa quando

sabemos que o Senhor está no meio. Havia condições necessárias nos dias de Joel, como há condições necessárias hoje

também. Onde a humildade e o perdão estão evidentes entre o povo de Deus, uma percepção da Sua presença é garantida.

Há outras indicações da onipresença de Cristo no livro do Apocalipse, e especialmente nos caps. 2 e 3. Estes capítulos

mostram claramente que o Senhor está ciente das condições específicas do Seu povo. Ele está andando ―no meio‖. Ele

observa as condições com um olhar sacerdotal. Ele vê cada detalhe. Ele recomenda e censura. Infelizmente, Ele pode estar

do lado de fora da porta, aguardando entrada (Ap 3:20). Que estejamos cientes das condições necessárias para termos a

honra singular e única de uma percepção da Sua presença e agir em conformidade!

O Milênio

A presença do Senhor irá permear a Terra durante o milênio. O profeta Habacuque antecipou aquele dia quando

escreveu: ―… porque a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar‖ (2:14 —

compare também com Isaías 11:9). Que reino maravilhoso será este! A onipresença de Cristo como Soberano será

manifestada, universalmente. Haverá uma demonstração evidente da Sua ―glória‖ , de forma que ―desde o nascente do sol

até o poente é grande entre os gentios o Meu nome; e em todo o lugar se oferecerá ao Meu nome incenso, e uma oferta pura;

porque o Meu nome é grande entre os gentios, diz o Senhor dos Exércitos‖ (Ml 1:11).

O Estado Eterno

Com certeza, chegamos ao clímax. Será que o pecado poderia impedir o propósito divino iniciado no Jardim do Éden?

Será que a intenção de Deus de habitar entre os homens foi interrompida por causa do pecado? Claro que não! Os

pensamento inicias de Deus são os Seus pensamento finais. No estado eterno, quando tudo se concentrará na glória do Deus

Triuno, as palavras são inequívocas. São ditas por nada mais nada menos que ―uma grande voz do céu que dizia: Eis aqui o

tabernáculo de Deus com os homens [fazemos bem em parar e admirar!] pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e o

mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus‖ (Ap 21:3).

O quadro apresentado no Éden, no Tabernáculo, no Templo, temporariamente na Pessoa de Cristo na Terra, atualmente

no ajuntamento do povo de Deus, futuramente no Milênio, é agora concretizado em toda a sua plenitude. ―Deus … com os

homens‖. Não há nenhuma possibilidade agora do pecado danificar; nenhuma possibilidade do tempo mudar as coisas; o

propósito infalível de Deus atingiu o seu alvo. É ―Deus … com os homens‖, e isto eternamente!

Cap. 5 — Elohim

Por James B. Currie, Japão

Os nomes de Deus nas Escrituras Sagradas são muitos; são variados, pitorescos e impregnados de significado. Isto é

compreensível quando reconhecemos que Deus Se revela por meio destes nomes, na Sua comunicação com Suas criaturas.

Portanto os nomes dados são um veículo divino da auto revelação de Deus.

Dentre estas numerosas designações, três nomes são encontradas com mais frequência nas Escrituras. São eles Jeová, o

nome pessoal de Deus, que tem implicações morais; Adonai, sempre traduzido ―Senhor‖, indicando a completa supremacia

de Deus, em toda esfera da existência; e o nome que vamos considerar neste capítulo, Elohim. Este título é quase sempre

traduzido ―Deus‖ nas versões em português da Bíblia. Os dois primeiros títulos divinos serão considerados em outros

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capítulos desta publicação. O foco atual irá tentar mostrar, até certo ponto pelo menos, quais as características de Deus

expressas no título Elohim. Uma abordagem tripla será tomada, e vamos observar:

As ocorrências de Elohim nas Escrituras hebraicas;

A etimologia do título;

Os atributos de Deus indicados pelo título.

As ocorrências de Elohim nas Escrituras hebraicas

Esta palavra aparece com tanta frequência no Velho Testamento, mais de duas mil e quinhentas vezes, que o espaço

necessário para considerar cada uma destas ocorrências torna o feito impossível. O melhor que podemos fazer, dentro das

limitações deste artigo, é examinar algumas das ocasiões onde Elohim parece se relacionar, de uma maneira clara, com a

Pessoa de Deus, ou se refere a características divinas. Assim poderemos entender o significado inerente do termo.

Um fato muito significativo é que Elohim aparece primeiramente nos versículos introdutórios da Bíblia. Gênesis 1:1

afirma: ―No princípio criou Deus (Elohim) os céus e a terra‖. Além desta ocorrência, este título aparece mais trinta e nove

vezes somente na narrativa da Criação, em Gênesis 1 e 2. Depois do término da narrativa da criação (Gn 2:3), e como

preparação para a estreia do homem, outra designação das Pessoas divinas é apresentada. A partir de Gênesis 2:4 o nome

―Senhor Deus‖ é apresentado. A conclusão indiscutível é que a raça humana também está debaixo do mandado da Criação

de Deus, mas com o embargo adicional que considerações morais estão envolvidas nesta evidência adicional de poder

divino. Nossa atenção rapidamente se volta ao fato que Elohim é o Deus de poder infinito, capaz de criar o vasto Universo

físico simplesmente através da Sua palavra falada. A onipotência de Elohim permeia estes dois capítulos, bem no começo da

manifestação de Deus sobre Si mesmo à Sua criação. A imensidão do espaço, aparentemente infinito, ocupado por bilhões

de corpos celestes, cada um deles com sua própria glória inconfundível (I Co 15:41), fala de poder imensurável e incapaz de

ser imaginado. Criar os Céus e a Terra e equipá-los, tendo em vista o Seu próprio propósito especial, e fazer tudo de nada

que previamente existisse, estonteia até mesmo o mais profundo intelecto.

Outro aspecto de Elohim é onipotência: o poder, força e vigor de Deus. Quando Abraão obedeceu à voz do Senhor e

estava pronto para oferecer o seu filho Isaque, Deus forneceu um substituto, e logo após pronunciou uma bênção sobre

Abraão. Aquela bênção foi jurada pelo próprio Deus (Gn 22:16), e a epístola aos Hebreus faz o seguinte comentário: ―Como

não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo‖ (Hb 6:13). No cap. 22 de Gênesis a palavra Elohim é usada

cinco vezes para mostrar que era o Senhor, como Elohim, que testou Abraão, guiou-o até o monte, forneceu o cordeiro e

depois prometeu abençoá-lo. O Elohim de quem é registrado que não há ―maior‖. Deuteronômio 10:17 resume a grandeza da

Pessoa de Deus: ―Pois o Senhor [Jeová] vosso Deus [ Elohim] é o Deus dos deuses, o Senhor dos senhores, o Deus grande,

poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensa‖. Assim o significado do nome Elohim é

explicado para nós nas Palavras do próprio Deus.

Com referência às primeiras ocorrências da palavra Elohim, no livro de Gênesis, torna-se inquestionável que a

onipotência de Deus é essencial para o seu significado, como temos visto, enquanto a singularidade do relato Bíblico do

início da Criação é enfatizado. Também podemos notar que este nome de Deus, Elohim, não é encontrado em nenhuma das

antigas crônicas da língua semítica; é encontrado somente nos escritos hebraicos. Isso também sugere que a palavra tem por

finalidade transmitir algo muito especial, para que a criatura peculiar de Deus, o ser humano, possa entender seu

relacionamento especial com o Deus da sua vida.

A etimologia do título

Muito tem sido escrito sobre a origem e desenvolvimento das palavras bíblicas, especialmente em relação aos nomes de

Deus. Sendo que Deus desenvolveu este meio para Se revelar às Suas criaturas, temos diante de nós um estudo muito

interessante e informativo. Além disto, a salvação é essencial para qualquer um que deseja conhecer a Deus, de acordo com

o que o nosso Senhor Jesus propôs na Sua definição de vida eterna, que Ele disse consistia em conhecer ―a Ti só, por único

Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste‖; a isto Ele acrescentou as palavras: ―manifestei o Teu nome aos homens

que do mundo me deste‖ (Jo 17:3, 6). Quanto mais apreciamos a Pessoa divina e Seus atributos assim revelados a nós, mais

nossos corações são levados a adorar o Deus da nossa Criação. Isto foi expresso pelo poeta, enquanto ele parece estar

meditando em Mateus 10:29-31:

De todas as maravilhas transcendestes de Deus, Esta maravilha das maravilhas eu vejo, Que o Deus de tanta infinita grandeza Se preocupe com os pardais — e comigo! (M. H. D.)

Alguns estudiosos do hebraico pensam que Elohim se origina de Eloah, o primeiro sendo um substantivo plural e o

segundo singular. Eloah parece ter o significado de ―força‖ ou ―temor‖. Isto nos leva a interpretar Eloah como ―O Forte‖.

Esta forma da palavra ―Deus‖ aparece frequentemente no livro de Jó, mas raramente em outro lugar das Escrituras. Talvez o

motivo para isto seja que Jó está especificamente debatendo o próprio caráter de Deus com seus três ―amigos‖, e Deus é

retratado como ―O Poderoso‖.

Elohim tem um significado diferente. Como palavra plural ela está sempre ligada com formas de linguagem no singular:

verbos, adjetivos, pronomes, etc. Já mencionamos as primeiras palavras da Bíblia em hebraico: ―No princípio criou [verbo

no singular] Deus [Elohim — substantivo plural] os céus e a terra‖. A mesma anomalia gramatical aparece em diversas

porções da Palavra de Deus. Ainda ligado com o dia da Criação, as palavras de Gênesis 1:26-27, acrescentam peso a esta

aparente inconsistência: ―E disse Deus [Elohim – plural] Façamos [verbo singular no original] o homem à nossa

imagem … e criou [singular] Deus [plural] o homem à sua [singular] imagem [singular]; à imagem [singular] de Deus

[plural] o criou [singular]‖. Assim a palavra Elohim abre caminho para a revelação bíblica de um Deus que subsiste em

pluralidade de Pessoas. É uma palavra exclusiva para descrever uma comunicação sem paralelos. A unidade essencial do

próprio ser de Deus, enquanto Ele subsiste numa pluralidade de três Pessoas. Este é o significado que a palavra Elohim deve

transmitir, e é claramente apoiada pelo seu uso na Palavra de Deus.

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Os atributos de Deus indicados pelo título

A onipresença divina

Deus, para ser Deus, precisa ser onipresente. Não somente capaz de o ser, mas realmente o sendo, estando em todos os

lugares ao mesmo tempo. Ele não pode ser, de modo algum, limitado, nem preso a algum lugar, ou excluído de outros. Para

ser verdadeiramente Deus Ele precisa ser superior a espaço, tempo e matéria, e ser superior a toda a Criação que Ele criou.

Nem pode a ideia dos politeístas, que afirmam que os ―muitos deuses e muitos senhores‖ (I Co 8:5) da sua imaginação

obscurecida habitam em todos os homens, animais e fenômenos do Universo físico, ser suficiente para explicar esta

necessidade lógica. Deus precisa estar presente no centro, na circunferência e em todo o espaço da Sua vasta Criação. A

reivindicação inabalável dos escritos inspirados, tanto do hebraico como do cristão, é que somente Elohim é possuidor desta

onipresença. Como com todos os atributos infinitos, o limitado intelecto humano acha impossível entender isto. Devemos

notar, entretanto, que onipresença não é uma percepção que ofende a lógica. Por outro lado não é uma ideia que tem muito

apoio nas religiões não cristãs, visto que as suas exposições das deidades reconhecidas são especulativas ou etéreas, isto é,

sem forma material. Não é o caso com Elohim, que se revelou a Si mesmo substancialmente como Pai, Filho e Espírito

Santo. Isaías registra palavras que foram inspiradas pelo Espírito Santo: ―O Senhor Deus me enviou a mim e o seu Espírito‖

(Is 48:16). O ―Me‖ desta citação ninguém mais é do que Aquele que é chamado de ―Filho [que] se nos deu‖, em 9:6 da

mesma profecia. Uma trindade de pessoas pode ser concebida pela mente humana, pois os humanos foram criados tendo

espírito, alma e corpo, um ser triuno criado à imagem de Elohim que o criou.

Elohim é chamado de ―o Deus de toda terra‖ (Is 54:5); ―o Deus de toda carne‖ (Jr 32:27); ―o Senhor Deus dos céus e

Deus da terra‖, (Gn 24:3). Em cada uma destas citações ―Deus‖ é a tradução da palavra Elohim. Elohim não deixa dúvidas

quanto a Sua reivindicação de onipresença quando Ele usa a caneta de Seu servo Jeremias para escrever: ―Porventura sou eu

Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que Eu não o

veja? diz o Senhor. Porventura não encho Eu os céus e a terra? diz o Senhor‖ (Jr 23:23-24).

É inconcebível que tal Deus por quem estas reivindicações são feitas seja, de qualquer forma, limitado. Se tais limitações

forem aplicadas de qualquer forma a Elohim, então muito do que é afirmado em relação aos atributos divinos não faz

sentido. Além disto, muitas das palavras do Senhor Jesus se tornam incompreensíveis. Por exemplo, as palavras

maravilhosas da comissão, encontradas em Mateus 28:19-20: ―Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações … e eis que

Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos‖. Para que estas palavras, quer sejam cridas ou não, façam

algum sentido elas precisam ser vistas como sendo uma reivindicação direta de onipresença, pois Ele promete estar com o

Seus servos em todos os lugares em todo tempo. Apesar do fato maravilhoso do Senhor Jesus ter tomado sobre Si as

limitações de um corpo humano perfeito, para poder estar em somente um lugar em determinado momento, e assim sofrer a

experiência da morte, Ele nunca deixou de lado a Sua onipresença essencial. Este, entre outros atributos intrínsecos, estava

encoberto pelo Senhor, ―fazendo-se semelhante aos homens‖ para que pudesse ―humilhar-se a si mesmo‖, por Se tornar

―obediente até à morte, e morte de cruz‖ (Fp 2:7-8). O rei Davi, no seu salmo de confissão (Salmo 139), estava plenamente

ciente desta característica exclusiva que pertencia a Elohim. Ele escreveu: ―Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde

fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as

asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiara e a tua destra me susterá‖ (vs. 7-10). Este é um

pensamento impressionante! Diante da presença de nosso Deus, Elohim, não há esconderijo secreto, nem no Céu, nem na

Terra ou no inferno. Pela mesma indicação da onipresença de Deus, o cristão tem a certeza absoluta de que Elohim é ―Deus

que me vê‖ (Gn 16:13), é Aquele em quem ele depositou a sua confiança, como Jacó, que disse: ―O Deus que tem sido o

meu pastor durante toda a minha vida até este dia‖ (Gn 48:15, VB).

A onisciência divina

Falar da onisciência de Deus é lidar com o fato que Deus tudo sabe, (I Jo 3:20). Isto não significa que Deus meramente

sabe tudo o que os homens sabem, ou podem saber. A onisciência de Deus, assim como a Sua onipresença, precisa ser um

atributo absoluto e eterno. Em relação à onisciência divina as Escrituras dão um testemunho abundante.

Nossa atenção é atraída ao fato que a primeira vez que o conhecimento de Elohim é mencionado nas Escrituras é por

meio dos lábios do maligno, que reconhece que coisas ainda futuras, e que a causa e o efeito relacionado a todos os

acontecimentos, são conhecidos a Ele (Gn 3:5).

Por ocasião da conferência em Jerusalém, para tratar da posição dos gentios diante dos judeus e da Lei, Tiago faz uma

afirmação abrangente. Uma mudança drástica, relacionada à aplicação da dispensação Mosaica, estava sendo reconhecida, e

em relação a ela e a todos os outros acontecimentos, o apóstolo disse: ―Conhecidas são de Deus, desde o princípio do

mundo, todas as suas obras‖ (At 15:18). Isto poderia significar que o conhecimento de Deus era limitado à era que abrange a

habitação do homem até agora, mas outras Escrituras mostram que este não é o caso. O conhecimento de Deus é

mencionado três vezes no Salmo 139 já mencionado: Davi reconhece que Deus é conhecedor absoluto dos seus pensamentos

mais secretos (v. 2), de cada palavra mesmo antes de ser proferida (v. 4), e que tal conhecimento é algo que ele nunca poderá

alcançar (v. 6).

Se, como já notamos, a onisciência divina é absoluta e eterna, então nenhum mero ser humana pode esperar alcançá-la.

O conhecimento do homem é recebido, é parcial e progressivo. O conhecimento de Deus é intuitivo e intrínseco, e ninguém

é convocado para ser Seu instrutor ou Seu conselheiro (Rm 11:33-34). Nada do passado foi esquecido por Deus; nada do

presente está escondido dEle, e nem o futuro revelará algo inesperado para Ele. Tentativas já foram feitas para explicar

como Deus pode estar ciente de todas as coisas de todos os tempos, de uma vez, sem auxílio das limitações impostas aos

homens, pela nossa percepção do passado, presente e do futuro. Os esforços para esclarecer este fato podem não ter sido

muito bem sucedidos, mas uma ilustração, pelo menos, pode nos ajudar a apreciar um pouco, como o conhecimento de Deus

não sofre as limitações impostas pelo tempo e espaço. Suponhamos que uma pessoa, de pé à beira da estrada, vê passar uma

procissão muito longa. Ele, em qualquer momento, vê somente uma pequena parte da procissão, ou seja, o presente. Agora

se este indivíduo for levado ao alto, em alguma maquina voadora, então da altura de 80 ou 100 metros, ele poderia ver toda a

procissão desde o começo até o fim (passado, presente e futuro) sem ao menos precisar virar a cabeça.

Para o incrédulo, a ideia da onisciência divina é assustadora. Deus diz: ―Quanto às coisas que vos surgem à mente, eu as

conheço‖ (Ez 11:5, ARA). O cristão, entretanto, descansa feliz neste bendito fato, que o seu Deus (seu Elohim) tudo sabe.

Isto é afirmado indubitavelmente no Novo Testamento em lugares como Hebreus 4:13, onde está escrito: ―Todas as coisas

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estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar‖. Deus sabe tudo sobre tudo em todo tempo. Nem um

pardal cai em terra sem que o nosso Pai saiba, diz o Senhor Jesus (Mt 10:29). Deus sabe tudo instintivamente, sem a

necessidade de aprender ou ser ensinado. Seu conhecimento é perfeito e completo. Ele também não precisa modificar os

Seus planos por causa de informações mais atualizadas. O Elohim da nossa Bíblia é onisciente.

A soberania divina

Um atributo é algo completamente essencial à própria natureza de Deus, não somente uma qualidade ou característica do

Seu pensamento ou dos Seus atos. Por esta razão há alguns pensadores respeitados que creem que soberania não é

fundamental à Sua natureza, mas característico da maneira como Ele pensa ou do método que Ele escolhe para agir. Até o

momento, nossas considerações de Gênesis 1:1-2:3, como um relato da criação do Universo, tem mostrado que Elohim, nos

Seus atos criativos, agiu com liberdade desimpedida: ninguém foi capaz de controlar, ordenar ou interferir em Seus

propósitos ou propostas. As decisões de Elohim são dEle mesmo, singulares, com ninguém mais no centro do palco ou na

periferia convidado a assistir, alterar ou contribuir com o desenvolvimento desta empolgante obra. Elohim programou,

determinou e terminou perfeitamente, com propósito de antemão determinado, este vasto Universo para o benefício do

homem. Assim está escrito: ―Porque falou e foi feito; mandou e logo apareceu‖ (Sl 33:9). O sujeito deste versículo é

o Elohim do v. 12: ―Bem-aventurada a nação cujo Elohim é o Senhor‖.

Referente à salvação de Deus, o mesmo é verdade. De uma forma muito especial e singular, ―do Senhor vem a salvação‖

(Jn 2:9). Nos Salmos, a frase ―o Deus [Elohim] da minha salvação‖ é usada oito vezes, e em muitas outras referências fora

dos Salmos. Foi Elohim quem mandou Noé construir a arca para a salvação da sua família (Gn 6:13-14), devido à Sua

decisão soberana de destruir a Terra que Ele havia criado. Em diversos textos, no decorrer das Escrituras, Deus permite que

Ele seja chamado de ―o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó‖ (veja, por exemplo, Êx 3:6). Em todas tais

ocorrências é o nome Elohim, fazendo-nos lembrar que Deus fez uma escolha soberana dos patriarcas para que a obra da

salvação pudesse ser inaugurada e consumada no Filho transcendente de Abraão. Foi também Elohim quem enviou José

adiante dos seus irmãos ao Egito, para ―conservar vossa sucessão na terra, e para guardar-vos em vida por um grande

livramento‖ (Gn 45:7).

Nos escritos enigmáticos de Salomão, no livro de Eclesiastes, a palavra Elohim é encontrada quarenta e uma vezes. O

plano simples e não adulterado de Deus para o homem é descrito. O plano é que os homens sejam felizes e desfrutem dEle

para sempre. A conclusão do rei sábio é: ―Teme a Elohim e guarda os seus mandamentos‖ (12:13). Ele também diz: ―Eu sei

que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar, e isto faz Deus para que

haja temor diante dele‖ (Ec 3:14). A soberania de Elohim é assim confirmada como sendo eterna e inviolável.

A eternidade divina

―De eternidade a eternidade tu és Deus [Elohim]‖ (Sl 90:2). ―Deus é desde a eternidade‖ (Sl 93:2), portanto Ele não tem

princípio de dias e Seus ―anos nunca terão fim‖ (Sl 102:27). Sendo onisciente Ele é capaz de reconhecer as limitações de

tempo, passado, presente e futuro, mas Ele mesmo não é atingido pela natureza do tempo nem por suas mudanças. Ele é o

Criador do tempo (Rm 8:38-39) e, portanto, pode Se mover dentro ou fora dos seus parâmetros. Na era patriarcal, quando

Abraão fez uma aliança com Abimeleque, ele ―cavou o poço do testemunho‖ e plantou um bosque de comemoração, em

Berseba, invocando Jeová como ―o Elohim eterno‖ (Gn 21:33). Depois que os três amigos de Jó falharam miseravelmente ao

tentar explicar a Pessoa de Deus e os Seus caminhos, Eliú, que de certa forma se tornou o interprete de Deus para Jó, falou

deElohim dizendo: ―O número de Seus anos não se pode esquadrinhar‖ (Jó 36:26). É evidente que se Deus é a Fonte e o

Originador do tempo, então Ele pode usar suas disposições finitas ou ignorá-las como Lhe convém. Um exemplo do

primeiro é a promessa que Ele fez a Abraão em Gênesis 18:14: ―Ao tempo determinado, tornarei a ti‖. Quanto ao segundo,

nenhuma mudança que permita uma transição em existência ou em caráter é contemplada em relação a Deus. O oposto é o

caso, e o cristão canta com absoluta confiança: ―Jeová não conhece mudança‖. Trataremos disto, em mais detalhes, mais

adiante. Por agora é suficiente notar que Deus (Elohim), quanto ao Seu Ser essencial, subsiste sem princípio nem fim;

quanto à duração da Sua existência, Ele não tem precedente nem sucessor, e quanto a todos os Seus atos em amor, salvação

e preservação, Ele age em suprema independência eterna, sem tolerar qualquer interferência ou assistência. ―Ora, ao Rei dos

séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre, Amém‖ (I Tm 1:17).

A onificência divina

―Onificência‖ é uma palavra descritiva, raramente usada, e que significa ―ter todo poder para criar‖ ou, para nossa

necessidade presente, ―todo bom, e sempre fazendo o bem!‖ ―Tu és bom e fazes bem‖ (Sl 119:65, 68) diz tudo! Davi é

constrangido a escrever: ―Cantarei ao Senhor [Elohim] enquanto eu viver‖, e isto ele faz após uma longa meditação sobre o

poder, a bondade e a glória de Deus que, diz ele, ―durará para sempre‖ (Sl 104:33, 31).

―Se Deus é bom, por que …‖ é a eterna pergunta nos lábios da incredulidade, mas o coro entoado por aqueles que

conhecem o seu Deus é: ―A bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida‖, porque ―a sua [Elohim]

benignidade dura para sempre‖ (Sl 23:6; 136:2). Misericórdia é a bondade de Deus estendida às Suas criaturas em

necessidade. Paulo, reconhecendo o estado pecaminoso do homem, sabe que somente um ―Deus riquíssimo em

misericórdia‖ poderia suprir esta necessidade (Ef 2:4). A bondade de Deus é um atributo puro e essencial, e assim

permanece continuamente (Sl 52:1). Jó falou para a sua esposa sobrecarregada de ansiedade: ―Temos recebido o bem

de Elohim” (Jó 2:10, ARA), e um dos salmos de Asafe faz Israel recordar que ―bom é Elohim para com Israel‖ (Sl 73:1).

Paulo chama a atenção dos habitantes de Listra para o fato que a bondade de Deus os supria com as coisas básicas da vida e

a felicidade (At 14:17).

Tal era a decisão de Deus de abençoar Abraão que, não encontrando outro maior por quem jurar, jurou por Si mesmo.

Em outras palavras, Seu desejo de fazer o bem para Abraão era inflexível. Os cristãos da era presente entram na bênção

desta verdade e podem levantar as suas vozes e cantar:

Quão bom é o Deus que adoramos; Nosso fiel e imutável Amigo, Cujo amor é tão grande quanto o Seu poder E não conhece medida nem fim. (Joseph Hart)

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A bondade de Deus inclui todas as Suas criaturas, homens e animais igualmente. Ela é universal. Todos os homens são

convidados a participar da bondade de Deus: ―Provai e vede que o Senhor é bom; bem aventurado o homem que nele

confia‖ (Sl 34:8). O Senhor Jesus incentivou os Seus discípulos a refletir uma semelhança do seu Pai celestial ao fazer ―bem

aos que vos odeiam‖, porque sem preconceito Ele faz com que ―o seu sol se levante sobre maus e bons, e a sua chuva desça

sobre justos e injustos‖ (Mt 5:44-45).

Essa bondade de Deus é essencial quanto à sua natureza, implacável no seu desejo, universal na sua abrangência, e única

na sua posse. Os três evangelistas sinópticos relatam que o Senhor Jesus declarou, sem sombra de dúvida, que esta

onificência pertence a Deus e a mais ninguém: ―Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus‖ (Mt 19:17;

Mc 10:18; Lc 18:19). ―Toda a boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há

mudança nem sombra de variação‖ (Tg 1:17). Isto nos traz ao próximo atributo que vamos considerar.

A imutabilidade divina

Se Deus fosse capaz de, ou suscetível a, qualquer mudança, tudo o que foi escrito sobre o Seu caráter ou atributos seria

sem sentido. O mesmo se aplica a quase tudo escrito neste livro. Um universo inconstante e variável exige uma fonte que,

sendo sem princípio ou fim, é eternamente imutável. No último livro do Velho Testamento o Senhor dos Exércitos

reivindica imutabilidade incondicional. Ele diz: ―Porque eu o Senhor não mudo‖ (Ml 3:6). Como diz uma das canções

populares de algum tempo atrás: ―Nada vem do nada, nada poderia vir‖! Apesar daquilo que é arrogantemente argumentado

ao contrário, o cosmo exige uma origem, e esta origem precisa ser eternamente imutável. O que é afirmado como princípio

nas Escrituras Sagradas, em relação a Elohim, responde ao que é exigido de uma forma razoável e racional, sem forçar a

crença da criatura que foi dotada, pelo seu Criador, de uma percepção da eternidade no seu coração (Ec 3:11, ARA). Por

toda a Bíblia esta verdade é mantida da forma mais natural e desembaraçada. O escritor do Salmo 102, ao contrastar o seu

próprio estado inconstante com o estado do Senhor, diz: ―Os meus dias são como a sombra que declina, e como a erva me

vou secando. Mas, tu Senhor, permanecerás para sempre, a tua memória de geração em geração‖ (vs. 11-12). Isto não seria

possível se Deus fosse suscetível à mudança! O mesmo escritor, em linguagem explícita e forte, afirma: ―Meu

Deus … desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás‖

(vs. 24-26). Na Nova Tradução de J. N. Darby há mudanças interessantes feitas na profecia de Isaías. Em Isaías 37:16, onde

lemos: ―Tu mesmo, só tu és Deus‖, diz: ―Tu és o mesmo, somente tu‖. Também em 41:4: ―Eu o Senhor, o primeiro, e com

os últimos eu mesmo‖ temos: ―Eu sou o mesmo‖. A epístola aos Hebreus enfatiza esta verdade como aplicada ao Senhor

Jesus na órbita completa dos Seus atributos divinos. A citação em Hebreus cap. 1 é de Salmo 102, onde palavras apropriadas

à boca do Salvador crucificado e sofredor são registradas. ―Dizia eu: Meu Deus não me leves no meio dos meus dias‖

(v. 24), e a resposta de Deus a Ele é, como a temos em Hebreus 1:10-12: ―Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os

céus são obras das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás … Tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão‖. Isto é

confirmado ainda mais em Hebreus 13:8, onde a afirmação sem ambiguidade é feita: ―Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje

e eternamente‖.

Surge um problema nas ocasiões quando é dito que Deus Se ―arrepende‖. Deus não pode ser, ao mesmo tempo, imutável

e ainda capaz de mudar de ideia, da maneira como nós pensamos. Deus nunca muda de ideia da maneira como os homens O

acusam de fazer. Por exemplo, Deus criou o homem com um propósito definido diante dEle. Era para que o homem O

glorificasse e desfrutasse da Sua presença para sempre. A humanidade fracassou diante deste tal propósito e recusou

obedecer. O resultado foi que a intenção de Deus, para todos os homens, foi alterada. Para ilustrar isto, podemos usar os

raios solares. Os mesmos raios aquecedores do Sol derretem o gelo, mas endurecem o barro. Nem o Sol em si, nem os raios

enviados por ele, diferem de alguma maneira. A única diferença é causada pela reação do material sobre o qual o Sol brilha.

Em eventos importantes durante a infância do escritor, imediatamente antes de se cantar o hino nacional, a multidão

sempre cantava um bem conhecido hino, com as cabeças descobertas em sinal de reverência e respeito. Também era

cantado, quase toda noite, nos abrigos antiaéreos durante a Segunda Guerra Mundial. As palavras são:

Ó Deus, nosso auxílio em eras passadas, nossa esperança nos anos por vir, Nosso abrigo da tormenta e nosso eterno lar! Antes dos montes serem estabelecidos, ou da terra receber a sua forma, Desde a eternidade Tu és Deus, para sempre o mesmo. (Isaac Watts)

As palavras encantavam a minha alma, mesmo na ignorância, e ainda hoje o fazem. O Elohim do cristão; o mesmo

eternamente, em amor, em misericórdia, em graça, e em poder.

Às vezes somos loquazes demais nas nossas tentativas de explicar Deus, usando linguagem que pensamos ser razoável e

compreensível. O caráter transcendente de Deus é inconfundivelmente apresentado por Paulo em Romanos 11:33-34, onde

ele escreve: ―Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus

juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu

conselheiro?‖ Mas enquanto Deus é revelado como o inescrutável (aquele cujos caminhos não podem ser traçados), Ele está

longe de estar distante ou isolado da habilidade do homem de ―procurá-lo‖. Paulo falou aos atenienses que os limites das

suas habitações haviam sido determinados por Deus de antemão para que eles buscassem e encontrassem o Senhor, pois,

disse o apóstolo, ―… não está longe de cada um de nós‖ (At 17:26-27). Deus em graça encontrou uma maneira justa de

redimir as almas perdidas, para que ninguém precise perecer, e por onde o mistério do Seu próprio Ser pudesse, de certa

forma, ser entendido pelo homem mortal. Isto se encontra na revelação que Ele deu de Si mesmo no sacrifício do Seu único

Filho, pois embora ―Deus nunca foi visto por alguém [de fato], o Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou [o

manifestou em revelação]‖ (Jo 1:18). Assim o Elohim da revelação bíblica é visto como o Deus da onipotência, onipresença,

onisciência, soberania, eternidade, onificência e imutabilidade. DEle, em revelação aos salvos da Terra, está escrito: ―O

mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus‖ (Ap 21:3).

Cap. 6 — Jeová e os nomes compostos de Jeová

Por David E. West, Inglaterra

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Introdução geral

Elohim (Deus), Adonai (Senhor) e Jeová (Senhor) são os títulos (ou nomes) divinos mais usados no Velho

Testamento. Jeová ocorre quase sete mil vezes.

Os nomes e títulos divinos são um assunto muito importante para ser estudado, pois eles estão inseparavelmente ligados

com uma interpretação sólida das Escrituras. Por exemplo, Elohim e Jeová não são usados de maneira imprecisa nas páginas

das Escrituras Sagradas; cada um tem um significado definido, e a distinção é cuidadosamente mantida.

Nós, como cristãos desta presente dispensação, O conhecemos como nosso Deus e Pai. Entretanto, Jeová é um nome

reservado especificamente para Israel; consequentemente, será usado novamente quando eles forem trazidos de volta ao

conhecimento e apreciação do seu relacionamento com Deus, durante o reino milenar de Cristo.

Que o Senhor Jesus do Novo Testamento é o Jeová do Velho Testamento fica abundantemente claro. Entretanto, quando

Ele veio, Ele era realmente Jeová no meio de Israel, mas Ele nunca é Jeová para os cristãos.

O nome pessoal do Deus de Israel mais frequentemente usado no Velho Testamento, aparece na Bíblia Hebraica (depois

de transliterado) escrito com quatro consoantes:YHWH ou JHWH. Na nossa Bíblia YHWH é traduzido ―O Senhor‖, a não ser

onde vem precedido de Adonai, quando então é traduzido ―Deus‖ — ―o Senhor Deus‖ representa ―Adonai YHWH‖.

Devemos notar que em Gênesis 2:4 a 3:24, ―o Senhor Deus‖ representa ―YHWH Elohim‖ — uma forma composta que marca

a transição do uso de ―Deus‖ (Elohim) em Gênesis 1:1 a 2:3 para ―o Senhor‖ (YHWH) do cap. 4.

Na AT, lemos em Isaías 26:4: ―o Senhor Deus é uma rocha eterna‖, ambos os títulos em letras maiúsculas. Aqui ―o

Senhor‖ representa ―YH‖ (Jah) uma forma abreviada de YHWH, também encontrada por exemplo no Salmo 68:4: ―Louvai

aquele que vai montado sobre os céus, pois o seu nome é Senhor [Jah]‖

A pronúncia de Jeová

Ninguém sabe ao certo a pronúncia correta de YHWH, pois a antiga grafia hebraica não usava vogais no seu alfabeto. Os

judeus escrupulosamente evitavam pronunciar o nome por considerá-lo sagrado demais para ser dito. O costume de evitar o

uso oral do nome Jeová teve sua origem na reverência, mas depois quase se degenerou em superstição, baseado na

interpretação errônea de Levítico 24:16: ―Aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a congregação

certamente o apedrejará‖, e dai se concluiu que o mero pronunciar do nome Jeová constituía uma ofensa digna de morte.

O escritor aprendeu que quando (por volta de 500-1000 a.C.) pontos indicando o som das vogais foram introduzidos no

texto consonantal da Bíblia Hebraica para ajudar com a pronúncia, os pontos adicionados às consoantes YHWH indicavam

as vogais da palavra que seria pronunciada no seu lugar, geralmente “Adonai”. Assim, embora os judeus continuassem a

escrever ―YHWH‖, eles liam “Adonai”. Entretanto, onde Deus é chamado de ―o Senhor Jeová‖ (no

hebraico, Adonai YHWH), para evitar o uso duplo de ―Adonai”, eles substituíram ―YHWH‖ por Elohim”. Entretanto, há uma

grande possibilidade de que o nome ―Jeová‖ antigamente era pronunciado ―Yahweh‖.

Jeová no livro de Gênesis

No total, o nome Jeová é usado sozinho ou como parte de um nome composto de Deus em mais de cento e quarenta

ocasiões no livro de Gênesis. O primeiro registro do uso de Jeová é como parte do nome composto Jeová Elohim: ―Estas são

as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que o Senhor Deus fez a terra e o céu‖ (Gn 2:4).

Abraão conhecia o nome de Jeová: ―Abraão invocou ali [Betel] o nome do Senhor‖ (Gn 13:4). Acerca de Isaque lemos:

―Então edificou ali [Berseba] um altar, e invocou o nome do Senhor‖ (Gn 26:25); ―e Abimeleque … com Auzate seu amigo,

e Ficol, príncipe do seu exército‖ (Gn 26:26), dizem a Isaque: ―Havemos visto na verdade que o Senhor é contigo‖ (Gn

26:28). Em Betel, Jacó prometeu: ―o Senhor me será por Deus‖ (Gn 28:21), e lemos do mesmo patriarca orando: ―Deus de

meu pai Abraão, e Deus de meu pai Isaque, o Senhor, que me disseste: Torna-te à tua terra, e à tua parentela, e far-te-ei

bem … Livra-me, peço-te da mão de meu irmão, da mão de Esaú‖ (Gn 32:9, 11). Depois, entre suas palavras finais a seus

filhos, Jacó afirma: ―A tua salvação espero, ó Senhor!‖ (Gn 49:18).

Portanto fica claro que os patriarcas estavam familiarizados com este nome de Deus, Jeová, mas eles não tinham

conhecimento experimental de tudo o que este nome representava; eles não entendiam o significado pleno do nome.

Jeová — quando revelado

Êxodo 3:14

Lemos: ―E apareceu-lhe [Moisés] o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a

sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia‖ (Êx 3:2). Naquela ocasião, Deus confirmou a Moisés que Ele era ―o Deus de

teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó‖ (Êx 3:6).

Quando Moisés recebeu a comissão, dada por Deus, de que ele deveria ser o libertador do povo de Deus da opressão dos

egípcios, ―disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a

vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?‖ (Êx 3:13). Que situação lamentável! O povo de Deus nem

sabia qual era o Seu nome!

Entretanto, Moisés queria entender a natureza essencial e o caráter do Deus com quem ele estava lidando. Ao saber

disto, haveria uma apreciação melhor de como Deus agiria. Deus bondosamente demonstra paciência com Seu servo

hesitante, e diz a Moisés: ―Eu sou o que sou‖, e Ele disse: ―Assim dirás aos filhos de Israel: Eu sou me enviou a vós‖ (Êx

3:14).

Este nome contém todos os tempos do verbo ―ser‖; portanto, poderia ser traduzido: ―Eu fui, Eu sou, e Eu sempre

continuarei a ser‖. Pode significar: ―Eu sou porque sou‖, ou ―Eu serei o que eu serei‖, significando: ―Eu serei tudo o que é

necessário quando surgir a ocasião‖ — este é um pensamento bem conhecido no Velho Testamento. Ele é o Deus da

promessa sem fim. ―Eu sou‖ é a tradução das quatro letras hebraicas, às quais acrescentamos vogais para poder pronunciá-la

como ―Yahweh” ou ―Jeová”.

―Eu sou o que sou‖ — Ele é o auto existente, auto subsistente ser eterno. Todos os outros são meramente seres que

existem. Deus é o único que pode dizer: ―Eu sou‖; aqueles que existem foram chamados à existência. Isto testifica de um

Deus que não muda. Com Ele não havia, e não há, nenhum poder externo que possa mudá-lO, e nenhuma mudança era, ou é,

necessária. Tudo o que Ele é, Ele deve somente a Si mesmo.

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Este título bem definitivo contém uma lição importante tanto para Moisés, como para nós. Não é nossa responsabilidade

provar que Deus existe, mas sim proclamá-lO. Precisamos anunciá-lO como o Deus imutável, manifestado no Seu amado

Filho: ―Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente‖ (Hb 13:8). O ―Eu sou‖ do Velho Testamento é o Senhor Jesus

do Novo Testamento. Este parece ser, mais do que qualquer outro, o título que o Senhor Jesus usou para revelar quem Ele é.

No Evangelho de João Ele declara: ―Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou‖ (Jo 8:58). No

decorrer deste Evangelho, Ele diz repetidas vezes: ―Eu sou‖. Este é o Deus que todos devem conhecer. A Criação declara a

existência de um Planejador, o Elohim de Gênesis cap. 1: ―Porque as coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu

eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas‖ (Rm 1:20).

Entretanto, como Israel no Egito, todos precisam reconhecer o eternamente existente ―Eu sou‖, ―Aquele que é, e que era, e

que há de vir‖ (Ap 1:4).

Êxodo 6:3

Moisés iria ver o que o Senhor faria com Faraó. ―Agora verás o que hei de fazer a Faraó‖ (Êx 6:1). Os filhos de Israel

não sairiam da escravidão por meio de astúcia, nem teriam que lutar batalhas para sair do Egito. Faraó seria trazido ao ponto

onde ele insistiria que o povo saísse; ele os lançaria fora da terra. ―Por uma mão poderosa os deixará ir, sim por uma mão

poderosa os lançará de sua terra‖ (Êx 6:1). Foi neste ponto que ―falou mais Deus a Moisés, e disse: Eu sou o Senhor‖ (Êx

6:2).

As palavras de Êxodo 6:3 (―Pelo meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido [isto é, Abraão, Isaque e

Jacó]‖) não indicam que os patriarcas eram totalmente ignorantes da existência ou do uso do nome. Isto já foi claramente

visto neste capítulo, na parte que fala sobre ―Jeová no livro de Gênesis‖. Assim Êxodo 3:6 é uma das Escrituras que não

pode ser interpretada de maneira absoluta, mas deve ser entendida de modo relativo.

Deus diz: ―Eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso‖ (Êx 6:3). Assim lemos: ―Apareceu o

Senhor a Abraão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso‖ (Gn 17:1). Depois, ―Apareceu Deus outra vez a Jacó … e

disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou-lhe Israel. Disse-lhe

mais Deus: Eu sou o Deus Todo-Poderoso‖ (Gn 35:9-11). E mais adiante ―Jacó disse a José: O Deus Todo-Poderoso me

apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou‖ (Gn 48:3). Assim os patriarcas, como pastores da terra, tinham

conhecido a Deus como o El-Shaddai (Deus Todo-Poderoso), provando o Seu poder.

Temos a chave para entender a aparente dificuldade apresentada em Êxodo 6:3 no que segue, onde o Senhor diz: ―E

também estabeleci a minha aliança com eles‖ (Êx 6:4). Assim Jeová [o Senhor] é o Seu título ligado com o Seu povo pelo

relacionamento da aliança. Ele se revelaria agora como Jeová de forma diferente, isto é, em novo poder libertando o Seu

povo. Ele havia feito uma aliança e estava prestes a cumpri-la, libertando o povo de Israel do Egito e levando-os finalmente

à terra prometida.

Como Jeová Ele revelaria o que estava no Seu coração, Seu interesse e prazer no Seu povo, e Sua intervenção ativa a

favor deles para que Ele fosse conhecido, pessoalmente, por eles.

Jeová é um título que manifesta Deus agindo para a Sua própria glória e dedicando-se ao Seu povo oprimido, para

manifestar glória neles.

Enquanto Deus tinha realmente feito uma aliança com Abraão, Isaque e Jacó, lemos que ―todos estes morreram na fé,

sem terem recebido as promessas‖ (Hb 11:13). Mas agora esta aliança (Êx 6:4) seria cumprida de uma maneira especial;

Moisés e o povo de Israel iriam conhecê-lO como “Jeová”.

Nomes compostos de Jeová

Jeová-Jireh

Historicamente, Gênesis 22 apresenta o maior teste de Abraão; para Abraão foi mais um momento de crise. Tipicamente,

este trecho nos direciona a outro Pai entregando o Seu Filho em sacrifício. Em resposta à pergunta de Isaque: ―Eis aqui o

fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?‖ (Gn 22:7), Abraão respondeu: ―Deus proverá para si o cordeiro

para o holocausto‖ (Gn 22:8).

Ao continuarmos lendo a história, vemos que ―estendeu Abraão a sua mão e tomou o cutelo para imolar o seu filho‖ (Gn

22:10), mas quando ele fez isto ―o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus … Não estendas a tua mão sobre o moço, e não

lhe faças nada‖ (Gn 22:11-12).

Entretanto o ―anjo do Senhor‖ que falou com Abraão desde os Céus não só interrompeu o sacrifício de Isaque, mas

forneceu um cordeiro no seu lugar: ―Levantou Abraão os olhos‖ (este era o lugar de visão clara) ―e olhou; e eis um carneiro

detrás dele, travado pelos chifres, num mato; e, foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu

filho‖ (Gn 22:13).

A reação de Abraão a esta maravilhosa provisão de Deus foi chamar o ―nome daquele lugar: O Senhor Proverá [Jeová-

Jireh]; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá‖ (Gn 22:14). Jireh é uma transliteração da palavra

hebraica traduzida ―proverá‖ em Gênesis 22:8, mas vem do verbo ―ver‖, e poderia ser assim traduzida. Frequentemente

usamos a expressão ―vou ver sobre isto‖ no sentido de ―tomar providências‖. O Deus da visão é o Deus da provisão. O

Senhor que vê, também providencia para suprir a necessidade que Ele observa, portanto ―Jeová-Jireh” também é,

corretamente, traduzido ―O Senhor proverá‖. Deus supriu a necessidade imediata de Abraão (e de Isaque) com um carneiro,

e vendo a nossa maior necessidade, Ele ―nem mesmo a Seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós‖ (Rm

8:32).

Jeová–Ropheka

Este título é o segundo, cronologicamente falando, dos nomes compostos de Jeová. Devemos notar que o título em

si, Jeová-Ropheka, não aparece no texto da nossa Bíblia, mas a sua tradução ―o Senhor que te sara‖ (Êx 15:26). A palavra

hebraica transliterada Ropheka é usada quase setenta vezes no Velho Testamento para curar, restaurar ou preservar.

Os israelitas estavam no deserto onde não havia refrigério, ―e andaram três dias no deserto e não acharam água‖ (Êx

15:22), e depois quando acharam água foi um desapontamento, pois a água era amarga; ―então chegaram a Mara; mas não

puderam beber das águas de Mara, porque eram amargas‖ (Êx 15:23). Então os que tinham estado cantando com Moisés

começaram a murmurar contra ele: ―e o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?‖ (Êx 15:24).

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Moisés então intercede a favor do povo; ―ele clamou ao Senhor‖, e a resposta foi imediata: ―o Senhor lhe mostrou uma

árvore, que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces‖ (Êx 15:25). Embora não esteja registrado nenhuma ordem do

Senhor para Moisés lançar a árvore nas águas, o fato das águas se tornarem doces quando Moisés fez isto, sugere que esta

instrução fora dada. Com certeza, a árvore fala para os cristãos de hoje da cruz, a resposta para todas as necessidades de cura

do homem. Aquele que morreu naquela cruz conhece toda a amargura deste mundo. Para usarmos a analogia, onde a cruz é

colocada nas circunstâncias da vida, o amargo se torna doce.

Com relação aos filhos de Israel, a lição de Mara precisava ser aprendida, pois ―ali lhes deu estatutos e uma ordenança, e

ali os provou‖ (Êx 15:25). O Senhor iria prová-los. O teste que enfrentaram em Mara foi para que não houvesse mal

entendidos no futuro. O v. 26 nos revela o estatuto e ordenança mencionados no v. 25: ―Se ouvires atento à voz do Senhor

teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos

os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou o Senhor que te sara

[Jeová-Ropheka]‖. A saúde deles dependeria da sua obediência. A saúde espiritual do cristão, hoje, depende da sua

obediência à Palavra de Deus.

Jeová-Nissi

Este título é o terceiro título, cronologicamente falando, dos nomes compostos de Jeová. Desta vez o título aparece na

nossa versão da Bíblia. ―E Moisés edificou um altar, ao qual chamou: Jeová-Nissi‖ (O Senhor é Minha Bandeira; Êx 17:15).

Devemos notar que a versão Septuaginta (a tradução grega do Velho Testamento hebraico) traduz o título como o ―Senhor é

meu refúgio‖, derivando nissi de uma palavra hebraica que significa ―fugir‖.

Uma bandeira descreve algo debaixo do qual um exército iria à batalha. O título portanto é muito apropriado para as

circunstâncias registradas em Êxodo 17, pois Israel havia acabado de se envolver na sua primeira batalha. Os vs. 8-16

descrevem a batalha com Amaleque. Amaleque era um parente próximo de Israel segundo a carne; ele era neto de Esaú,

filho de Elifaz com Timna sua concubina. A esta altura ele havia se tornado num povo forte e guerreiro.

Esta batalha pode ser vista como uma figura da guerra na qual todo cristão está ocupado. Fala do conflito conhecido

somente por aqueles que foram redimidos por Deus e libertos do domínio das trevas deste presente mundo mau. Amaleque é

uma figura da carne; a carne é a natureza caída, corrompida, perversa, a sede do pecado no homem. Os incrédulos estão sob

o domínio da carne, e servem às concupiscências da carne e fazem a sua vontade. A carne portanto não combate contra os

seus súditos, ela reina absoluta sobre eles.

Entretanto, no ato da conversão, o Espírito Santo passa a residir dentro do cristão, e um conflito estranho começa, algo

antes desconhecido àquela pessoa. A carne dentro do cristão não morreu, nem deixou de funcionar. O Espírito de Deus não

erradica, nem absorve a carne dentro do cristão. A carne não pode ser expulsa; não pode ser melhorada. Devemos notar que

não foi Israel que atacou Amaleque, mas ao contrário: ―Então veio Amaleque, e pelejou contra Israel‖; por isto é que lemos

primeiramente que ―a carne cobiça contra o Espírito‖ antes de ―e o Espírito contra a carne‖ (Gl 5:17).

A maneira como a vitória foi ganha tem lições importantes para o povo de Deus. O campo de batalha tinha suas esferas

superiores e inferiores. No cume do monte, Moisés segurava a vara de Deus na sua mão, enquanto lá embaixo Josué

segurava a espada. As ações respectivas de Moisés e Josué apontam para as provisões que Deus nos tem dado para o

combate contra a carne. Em Moisés, no cume do monte, vemos uma figura do cristão em comunhão com Deus. Enquanto ele

permanece ali, suas mãos elevadas em consciente dependência, o poder de Deus (simbolizado pela vara) é exercido em prol

dele. Entretanto, Moisés não estava sozinho; Arão e Ur estavam com ele. Arão era o chefe do sacerdócio de Israel, e

representa claramente nosso Sumo Sacerdote. Ur significa ―luz‖, o emblema de santidade divina, e nos aponta para o próprio

Espírito Santo. Deus, na Sua graça, tem suprido tudo para o cristão, e ele é apoiado de ambos os lados por um intercessor

com Deus por ele, e um intercessor com Deus no seu interior (Rm 8:26), e assim ele tem o poder para prevalecer. A figura é

completada pelo que é dito em Êxodo 17:13: ―E assim Josué desfez a Amaleque e a seu povo, ao fio da espada‖. A espada

representa a Palavra de Deus (Hb 4:12). Não é somente pela oração que podemos combater a carne, precisamos também da

Palavra de Deus.

Os vs. 14-16 de Êxodo cap. 17 estão ligados com o memorial da batalha. Primeiramente um livro deveria ser escrito:

―Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memória num livro‖. O escrito sem dúvida seria um relato da batalha,

incluindo os acontecimentos no monte, com a mensagem que a lembrança de Amaleque seria apagada. Era para ser lido aos

ouvidos de Josué que, presume-se, transmitiria a mensagem para a próxima geração, para que nunca fosse esquecida.

Moisés também ―edificou um altar‖ (v. 15). O propósito do altar era para marcar uma transação com Deus, e Moisés

determinou que esta batalha fosse assim marcada. Moisés ―edificou um altar, ao qual chamou: O Senhor é Minha Bandeira

[Jeová-Nissi]‖, fazendo referência à vara de Deus que havia sido segurada sobre o campo de batalha como uma bandeira. O

altar e o seu nome testificavam que a vara por si só não ganhou a batalha, mas sim que o próprio Senhor, que lutou em favor

de Israel, ganhou a vitória.

O versículo final do capítulo claramente indica que o futuro de Amaleque já fora selado: ―haverá guerra do Senhor

contra Amaleque de geração em geração‖. Isto foi demonstrado no campo de batalha em Refidim. A batalha é do Senhor, e

nós lutamos sob Sua bandeira, portanto qualquer que seja a persistência obstinada do inimigo, a vitória é garantida.

Jeová-Shalom

Os versículos iniciais de Juízes cap. 6 dão um pano de fundo ao chamado de Gideão. Os filhos de Israel ―fizeram o que

era mau aos olhos do Senhor, e o Senhor os deu nas mãos dos midianitas por sete anos‖ (v. 1). O povo de Deus que havia

sido vitorioso com Josué agora estava reduzido a um povo temeroso, empobrecido, e oprimido pelo seus inimigos, ―… os

midianitas, os amalequitas, e também os dos oriente‖ (v. 3). Então lemos: ―Israel empobreceu muito pela presença dos

midianitas‖; entretanto chegou a hora quando ―os filhos de Israel clamaram ao Senhor‖ (v. 6). Em resposta ao seu clamor,

―enviou o Senhor um profeta aos filhos de Israel‖ (v. 8) para os lembrar da sua idolatria, dizendo ―não temais aos deuses dos

amorreus‖ (v. 10).

Então ―o anjo do Senhor … apareceu‖ (v. 12 — uma das aparições de Cristo antes da Sua encarnação) a um homem da

tribo de Manassés, chamado Gideão, enquanto ele secretamente malhava o trigo no lagar para o salvar dos midianitas

(v. 11). O anjo do Senhor disse a Gideão, a quem ele chamou de ―homem valoroso‖, que o Senhor era com ele (v. 12). A

reação de Gideão foi abrir o coração e declarar a angustia que sentia em sua alma: ―Se o Senhor é conosco, porque tudo isto

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nos sobreveio? E que é feito de todas as Suas maravilhas que nossos pais nos contaram?‖ (v. 13). Eram palavras de

desespero.

Então ―o Senhor [era realmente o próprio Jeová] olhou para ele e disse: Vai nesta tua força, e livrarás a Israel das mãos

dos midianitas; porventura não te enviei eu?‖ (v. 14). Ainda assim Gideão relutou em crer na mensagem, mas em graça o

Senhor lhe disse: ―Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como se fossem um só homem‖ (v. 16). O

Senhor havia chamado Gideão, e quando Ele chama, Ele também equipa para o trabalho e vai junto com o Seu servo.

Sentindo que estava falando com o Senhor, Gideão pede um sinal: ―dá-me um sinal de que és tu que falas comigo‖ (v. 17).

Gideão, obviamente impressionado pela aparição do anjo do Senhor e pela manifestação de graça dada a ele, alguém tão

indigno, desejou trazer um presente (uma oferta) e o colocar diante do anjo (v. 18). A oferta consistia de um cabrito como

holocausto (ou será que era como oferta pacífica?), pães ázimos de um efa de farinha como oferta de manjares, e uma panela

de caldo, provavelmente como libação (v. 20). Gideão evidentemente tinha uma compreensão imperfeita do valor dos

sacrifícios que o Senhor tinha ordenado aos filhos de Israel; ―o caldo na panela‖ era uma prova da sua ignorância. Entretanto

Deus discerniu o que era verdadeiro, encoberto pela fraca fé de Gideão, e aceitou a oferta quando ele a colocou ―sobre esta

penha‖ (v. 20). O fogo do juízo subiu da penha, consumindo ―a carne e os pães ázimos‖ (v. 21). Estes detalhes fazem nossos

pensamentos se voltarem para o grande sacrifício de Cristo — haveria um dia quando o fogo do juízo cairia sobre Ele.

Parece que Gideão não percebeu que ele estava diante do anjo do Senhor, até depois que Ele partiu; então Gideão se

assombrou com o fato e temeu as consequências: ―Ah, Senhor Deus! Pois vi o anjo do Senhor face a face‖ (v. 22).

Entretanto o Senhor em graça falou com o Seu servo amedrontado, com palavras de conforto e segurança: ―Paz seja contigo,

não temas, não morrerás‖ (v. 23). ―Então Gideão edificou ali um altar ao Senhor‖ — ele se tornou um adorador — ―e

chamou-lhe Jeová-Shalom‖ (v. 24), que significa ―o Senhor é Paz‖, ou ―o Senhor Envia Paz‖. A palavra

hebraica shalom indica bem estar na sua conotação mais ampla, incluindo paz de mente, saúde do corpo, salvação da alma,

conforto na angustia e sucesso na vida.

No meio de todo o tumulto que rugia ao seu redor, e apesar dos conflitos que logo aconteceriam, havia um que poderia

dar paz perfeita, uma Pessoa em quem não havia conflito — o próprio Jeová. Gideão havia encontrado o Deus da paz.

Jeová-Tsidkenu

Neste ponto da sua profecia Jeremias projeta nossos pensamentos ao futuro, para o reino milenar de Cristo: ―Eis que vêm

dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a

justiça na terra‖ (Jr 23:5). Ele então acrescenta: ―Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu

nome, com o qual Deus o chamará: o Senhor Justiça Nossa‖ (Jeová-Tsidkenu, Jr 23:6). Assim este título é dado ao futuro

Rei.

Este ―Renovo justo‖, o Rei, é e será pessoalmente justo em todos os Seus relacionamentos. Em seguida, um pensamento

novo é acrescentado: como rei ou governante Ele vai fazer e estabelecer uma nova justiça, por causa da qual Ele será

chamado ―o Senhor Justiça Nossa‖, isto é, a justiça do homem pecador. Paulo faz os cristãos da presente dispensação

lembrarem: ―Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus‖ (II Co

5:21), e que ―vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus, sabedoria, e justiça, e santificação e

redenção‖ (I Co 1:30).

Mas Jeremias escreveu também: ―Naqueles dias Judá será salvo, e Jerusalém habitará seguramente; e este é o nome com

o qual Deus a chamará: o Senhor é a Nossa Justiça‖ (Jr 33:16). A expressão que anteriormente era associada com o Rei, aqui

é aplicada à cidade de Jerusalém. Naquele dia, ela terá o mesmo nome que o próprio Messias, porque ela refletirá aquela

justiça que Ele tem concedido a ela.

Quando a cidade era ímpia, não havia segurança. Quando Jeremias escreveu estas palavras os babilônios estavam às

portas, mas ―naqueles dias Judá será salvo, e Jerusalém habitará seguramente‖. Justiça e segurança estão ligados. Na

primeira passagem (23:6) a referência é feita a Judá e Israel, mas aqui os alvos da promessa são Judá e Jerusalém; isto reflete

as circunstâncias imediatas da profecia, porque as ―cidades de Judá e as ruas de Jerusalém‖ estavam ―assoladas‖ (Jr 33:10).

Jeová-Shamah

Que tempo infeliz para o a nação quando Deus se apartou do Templo e da cidade de Jerusalém. A casa de Israel ficou

desolada; não era mais a Sua casa, e logo não seria mais deles também. Entretanto, naquele dia vindouro, quando a nação

eleita será novamente reunida, Deus irá redistribuir a terra, mas de maneira diferente da divisão feita nos dias de Josué. O

Templo, nos dias do reino futuro, será bem diferente do Tabernáculo no deserto ou do Templo de Salomão. A cidade será

construída em quadrado (Ez 48:16), indicando igualdade e estabilidade naquela era vindoura. Seus portões receberão os

nomes das doze tribos, representando toda a nação de Israel.

―E o nome da cidade desde aquele dia será: O Senhor Está Ali‖ (Jeová-Shamah, Ez 48:35). Ninguém irá perguntar,

como fizeram os seus antepassados: ―Está o Senhor no meio de nós, ou não?‖ (Êx 17:7). Ezequiel não se alonga sobre o

propósito da cidade, suas atividades ou sua administração. Tudo o que importa para ele é a presença do Senhor; isto supera

tudo. Com isto ele encerra a sua profecia. Podemos ouvir o próprio Senhor Jesus dizendo: ―Onde estiverem dois ou três

reunidos em meu nome, ai estou eu no meio deles‖ (Mt 18:20).

Jeová-Ro’i

Este título não aparece nas versões em português. Entretanto, o título hebraico Jeová-Ro’i é traduzido ―O Senhor é o

meu pastor‖ no Salmo 23:1. Jeová é chamado de ―o Pastor de Israel‖: ―Tu, que és pastor de Israel, dá ouvidos; tu que guias a

José como a um rebanho‖ (Sl 80:1). Entretanto, a nação de Israel no passado falhou em não apreciar plenamente o Seu

caráter de pastor. Mesmo assim, há um dia vindouro quando Isaías 40:11 será cumprido em relação à nação: ―Como pastor

apascentará o Seu rebanho; entre os Seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no Seu regaço; as que amamentam

guiará suavemente‖.

Davi, no Salmo 23, estava escrevendo baseado na sua própria experiência. O Salmo começa e termina com referência

a Jeová: ―… habitarei na casa do Senhor por longos dias‖ (v. 6). Como pastor, Ele dirige, Ele guia, Ele alimenta, Ele

restaura, e Ele protege.

Conhecemos o Senhor agora como o Bom Pastor em relação à Sua morte: ―Eu sou o bom pastor, o bom pastor dá a sua

vida pelas ovelhas‖ (Jo 10:11); como o Grande Pastor em relação à Sua ressurreição: ―Ora, o Deus da paz, que pelo sangue

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da aliança eterna tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe …‖ (Hb

13:20-21); e como o Sumo Pastor em relação à Sua vinda: ―E quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis [os fieis pastores

sob suas ordens] a incorruptível coroa de glória‖ (I Pe 5:4).

Jeová-MeKaddishkem

O título hebraico Jeová-MeKaddishkem é traduzido ―o Senhor que vos santifica‖ nas seguintes Escrituras:

Êx 31:13 — ―Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que

saibais que eu sou o Senhor que vos Santifica‖;

Lv 20:8 — ―E guardai os meus estatutos, e cumpri-os. Eu sou o Senhor que vos Santifica‖;

Lv 21:8 — ―Portanto o [sacerdote] santificarás, porquanto oferece pão ao teu Deus; santo será para ti, pois eu, o Senhor que

vos Santifica, sou santo‖;

Lv 22:32 — ―E não profanareis o Meu santo nome, para que Eu seja santificado no meio dos filhos de Israel. Eu sou o

Senhor que vos Santifica‖;

Ez 20:12 — ―E também lhes dei os Meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles; para que soubessem que Eu

sou o Senhor que os Santifica‖.

O Senhor que santificou o Seu povo exige santidade de vida naqueles que foram assim separados.

Nós, como cristãos hoje, fomos santificados posicionalmente, ―eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em

santificação do Espírito‖ (I Pe 1:2), e devemos mostrar santificação prática: ―Mas como é santo aquele que vos chamou,

sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver‖ (I Pe 1:15).

Jeová-Elyon

Elyon, significando ―altíssimo‖, aparece trinta e seis vezes no Velho Testamento, a primeira ocorrência sendo em

associação com El, onde é traduzida ―Deus Altíssimo‖: ―Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este

sacerdote do Deus Altíssimo‖ (Gn 14:18). Como o ―Altíssimo‖ Ele é grandioso em poder, imponente em domínio, eminente

em sabedoria e elevado em glória.

Entretanto estamos pensando no título Elyon relacionado com Jeová, e há somente três referências, todas no livro dos

Salmos:

Sl 7:17 — ―Eu louvarei ao Senhor, segundo a Sua justiça, e cantarei louvores ao nome do Senhor Altíssimo‖;

Sl 47:2 — ―Porque o Senhor Altíssimo é tremendo, e Rei grande sobre toda terra‖;

Sl 97:9 — ―Pois tu, Senhor, és o Mais Alto [Elyon] sobre toda a terra; tu és muito mais exaltado do que todos os deuses‖.

O Salmo 7 começa e termina com estes grandes títulos, Jeová-Elohim (v. 1) e Jeová Elyon (v. 17). Davi está dizendo que

Jeová é o meu Deus, e Ele é o Altíssimo. Frequentemente nos salmos Davi fala da justiça e, de acordo com esta justiça, o

salmista canta louvores ao nome dAquele a quem ele chama Jeová-Elyon. Este título é adequado Àquele que é o supremo

Governador do mundo; como Daniel disse a Nabucodonosor: ―O Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens, e o dá

a quem quer‖ (Dn 4:25).

Salmo 47 nos faz lembrar que ―o Senhor Altíssimo é tremendo‖; Ele deve ser temido pelas Suas criaturas, e ser tido em

admiração e reverência. Ninguém pode resistir Seu poder nem ficar em pé diante da Sua vingança. ―Rei grande sobre toda a

terra‖ — não somente sobre a Judeia ou Israel; na verdade, ―Altíssimo‖ é o título de Deus no seu reino milenar.

O autor desconhecido do Salmo 97, durante a sua meditação, irrompe em louvores a Jeová: ―Pois tu, Senhor, és o mais

alto sobre toda a terra‖ (v. 9); na verdade, os vs. 8 e 9 do Salmo estão dirigidos diretamente a Jeová. Ele é ―Altíssimo‖

(Elyon); Ele está acima de toda a terra, e exaltado grandemente sobre todos os deuses, a referência sendo às divindades

pagãs: ―Tu és muito mais exaltado do que todos os deuses‖ (v. 9).

Jeová ZeBa’oth (Tsebaoth ou Seba’oth)

Este é um título de Deus usado frequentemente (mais de 200 vezes) no Velho Testamento, e é traduzido ―Senhor dos

Exércitos‖. Aparece primeiramente como o nome pelo qual Deus é adorado em Siló, o santuário que, durante o período dos

juízes, era o lugar onde a arca da aliança estava: ―Subia, pois, este homem, da sua cidade, de ano em ano, a adorar e

sacrificar ao Senhor dos Exércitos em Siló‖ (I Sm 1:3). Neste tempo os ―exércitos‖ podem ter sido considerados os exércitos

de Israel, assim o desafio de Davi a Golias foi: ―Eu venho a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de

Israel, a quem tens afrontado‖ (I Sm 17:45).

Entretanto, os ―exércitos dos céus‖ é uma expressão usada frequentemente para descrever os planetas e as estrelas, que

muitas vezes eram o alvo da adoração dos idólatras: ―Não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas,

todo exército dos céus; e sejas impelido a que te inclines perante eles‖ (Dt 4:19). Nosso Deus é o ―Senhor dos Exércitos‖. Os

exércitos eram também considerados como os exércitos dos Céus, os poderes angelicais que existem para cumprir as ordens

do Criador: ―Bendizei ao Senhor, todos os seus exércitos, vós ministros seus que executais o seu beneplácito‖ (Sl 103:21). O

título Jeová ZeBa’oth nos revela que este Deus é poderoso, majestoso e supremo.

Para concluirmos, fizemos uma breve menção deste nome composto de Jeová, embora ele será considerado em mais

detalhes no cap. 7.

Salmo 23

Para encerrar, temos mencionado que oito nomes compostos de Jeová são mencionados neste bem conhecido salmo de

Davi. Jeová como o bom, grande e supremo Pastor está ocupado, em toda a perfeição dos Seus atributos, em prol das Suas

ovelhas:

v. 1 — ―O Senhor é o meu pastor‖ (Jeová-Ro’i);

v. 1 — ―Nada me faltará‖ (Jeová-Jireh);

v. 2 — ―Guia-me mansamente a águas tranquilas‖ (Jeová-Shalom);

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v. 3 — ―Refrigera a minha alma‖ (Jeova-Ropheka);

v. 3 — ―Guia-me pelas veredas da justiça‖ (Jeová-Tsidekenu);

v. 4 — ―Tu estás comigo‖ (Jeová-Shamah);

v. 5 — ―Preparas uma mesa perante mim na presença de meus inimigos‖, (Jeová-Nissi);

v. 5 — ―Unges minha cabeça com óleo‖ (Jeová-MeKaddishkem).

Te agradecemos pela graça Vinda do alto Que transborda além de nossa maior culpa; O amor do Pai eterno, Amor do Filho Eterno do Pai, Amor do Espírito Santo — Jeová, Três em Um. (H. Bonar)

Cap. 7 — O Senhor dos Exércitos

Por James R. Baker, Escócia

Introdução

Os capítulos do presente livro chamam nossa atenção à grandeza e a nitidez do ―único Deus verdadeiro‖ (Jo 17:3). Os

diversos títulos da divindade usados no Velho Testamento descrevem aspectos e atributos diferentes da Pessoa divina. Há

um grupo de palavras designativas usadas com o nome divino ―Jeová‖ que descrevem as características que pertencem a Ele.

A lista a seguir apresenta os mais comuns, e estes, junto com outros, foram analisados no cap. 6 deste livro:

Gn 22:14 — Jeová-Jireh, o Senhor Proverá;

Êx 15:26 — Jeová-Rapha (Jeová-Ropheka), o Senhor que Sara;

Êx 17:8-15 — Jeová-Nissi, o Senhor é Nossa Bandeira;

Jz 6:23,24 — Jeová-Shalom, o Senhor é Nossa Paz;

Sl 23:1 — Jeová-Ra-ah (Jeová-Ro’i), o Senhor é Meu Pastor;

Jr 23:6 — Jeová Tsidkenu, o Senhor Nossa Justiça;

Ez 48:35 — Jeová-Shama, o Senhor Está Ali.

Além desta lista acima há a maneira tripla em que o nome supremo Jeová é composto para descrever a Pessoa divina.

Primeiro temos Jeová Elohim, traduzido como ―Senhor Deus‖; depois temos Adonai Jeová, traduzido ―Senhor Deus‖, e em

terceiro lugar Jeová Sabaoth, traduzido ―Senhor dos Exércitos‖. É importante notar o uso de letras maiúsculas e minúsculas

nas traduções acima mencionadas. Os tradutores têm tomado cuidado para enfatizar a distinção dos títulos divinos pelo uso

correto e consistente de letras maiúsculas e minúsculas através de toda a Bíblia.

A dignidade do título divino

A primeira menção da expressão ―exércitos do Senhor‖ é em Êxodo 12:41, onde temos o relato da redenção da nação de

Israel, no final do longo período de quatrocentos e trinta anos de peregrinação na terra do Egito. Já foi destacado, muitas

vezes, que havia um aspecto duplo da libertação de Israel do Egito, o primeiro aspecto sendo a redenção pelo sangue que é

apresentada no cap. 12, seguido da redenção pelo poder que é registrado nos versículos finais do cap. 13. Num estudo

completo deste capítulo, a ênfase no título divino ―Senhor dos Exércitos‖ estará no fato que Deus é o todo Poderoso; o Deus

de poder infinito. Entretanto, não é sem importância que antes de qualquer referência ser feita ao grande título, temos uma

afirmação impressionante do que o poder de Deus fez para a nação, redimindo-a e livrando-a. Como um povo redimido e

tirado do Egito, eles são descritos de uma forma nova e diferente. É importante notar as várias descrições de Israel em

Êxodo cap. 12: ―congregação de Israel‖ (vs. 3, 19) e ―os filhos de Israel‖ (vs. 27, 31, 35, 37, 40). Mas foi com a dignidade

oficial conferida a eles por Jeová que eles saíram do Egito: ―E aconteceu que, passados os quatrocentos e trinta anos,

naquele mesmo dia, todos os exércitos do Senhor saíram da terra do Egito‖ (v. 41). Deus não somente os redimiu, mas

conferiu-lhes a dignidade do Seu nome; eles foram chamados de ―os exércitos do Senhor‖.

Nos nossos dias, a posição, em graça, dos redimidos pelo sangue de Cristo, é de uma dignidade ainda maior. O apóstolo

Paulo, escrevendo aos santos em Éfeso, descreve a grandeza da sua posição em Cristo. ―Em quem temos a redenção pelo seu

sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça‖ (1:7). Podemos ter uma apreciação da grande dignidade

conferida aos santos dos nossos dias ao lermos os primeiros quinze versículos de Efésios cap. 1. O propósito divino na era

atual tem elevado aqueles que têm crido no Evangelho a uma posição de glória futura impossível de se imaginar.

O significado do título divino

O título Jeová Tsebahoth (o Senhor dos Exércitos) é o assunto específico deste capítulo. Este título aparece em diversos

contextos do Velho Testamento, mas somente duas vezes no Novo Testamento. Um estudo cuidadoso das passagens onde

esta descrição de Jeová é usada revela os recursos impressionantes de poder e força que estão sob o controle de Jeová, o

Senhor dos Exércitos. Isto fica evidente desde a primeira menção deste título divino, e continua até a sua última menção. Em

todo o Velho Testamento os tradutores usaram uma variedade de palavras para traduzir o nome hebraico Jeová-Tsebahoth.

Em Números 1:3 Tsebahoth é traduzido ―exércitos‖, e em Números 4:23 ―o serviço‖. Depois, em Jó 14:14, é traduzido ―meu

combate‖. Destas, e de muitas outras referências, fica claro que as condições de guerra, conflito, fraqueza humana e

necessidade estão em vista quando a palavra é usada. Portanto parece que Deus insiste em assegurar o Seu povo do poder

que pertence a Ele, e do nome especificamente relevante que Ele tem neste aspecto.

A declaração do título divino

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Uma característica interessante em relação ao título Senhor dos Exércitos está no fato que, intercalados entre a grande

quantidade (aproximadamente 266) de referências no Velho Testamento, existem pelo menos treze que contem uma

declaração especifica de ênfase. A declaração é: ―O Senhor dos Exércitos é o Seu nome‖. Através destas referências, fica

claro que Deus deseja que o Seu povo entenda a importância e relevância deste aspecto específico do Seu nome. Não

podemos considerar cada uma das treze referências neste capítulo, mas uma seleção das últimas quatro, na profecia de

Isaías, será usada para ilustrar seu valor. As referências restantes podem ser proveitosamente estudadas individualmente pelo

leitor interessado.

A primeira das referências em Isaías se encontra em 47:3-4, onde o profeta está revelando a derrota do poder e do mal

da Babilônia. Fica claro que esta vitória, sendo o juízo final sobre tão grande inimigo, só pode ser conseguida através de um

grande poder: ―Tomarei vingança, e não pouparei a homem algum. O nosso redentor cujo nome é o Senhor dos Exércitos, é

o Santo de Israel‖.

A segunda tem uma ênfase semelhante nas palavras de Isaías à ―casa de Jacó‖ no tempo da sua desobediência e teimosia

contra o Senhor. ―E até da santa cidade tomam o nome e se firmam sobre o Deus de Israel; o Senhor dos Exércitos é o seu

nome‖ (Is 48:2). A nação sabia que Ele era o Deus de Israel, mas não tinha apreciado de forma prática, ou descansado sobre,

o recurso divino que habitava entre eles. Os versículos que seguem revelam claramente sua ignorância intencional da ajuda

que poderiam ter recebido de Deus. Precisamos reconhecer que nos nossos dias também somos culpados de esquecer do

poder que está disponível a nós. Muitos fardos são carregados desnecessariamente, porque não colocamos em prática as

palavras de Pedro: ―Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade porque Ele tem cuidado de vós‖ (I Pe 5:7). Talvez Pedro, ao

escrever estas palavras, se lembrasse das suas palavras faladas anos antes quando, junto com os outros discípulos, ele

perguntou: ―Não se te dá que pereçamos?‖ (Mc 4:38). Naquela ocasião eles haviam questionado o Seu cuidado, mas Pedro

havia aprendido a lição, como vemos no versículo que citamos.

A terceira ilustração do assunto em pauta é dada pelo mesmo profeta. ―Porque eu sou o Senhor teu Deus, que agita o

mar, de modo que bramem as suas ondas. Senhor dos Exércitos é o seu nome‖ (Is 51:15). Mais uma vez Deus fala com a

nação por intermédio de Isaías, e relatos de atos passados no relacionamento de Deus com a nação são repetidos pelo

profeta. Nos primeiros versículos, é mencionado o chamado soberano feito a Abraão para sair de Ur dos Caldeus, e por ele

toda a nação foi chamada. Como nação eles tinham grande poder. A Babilônia, apesar de toda a sua ciência e glória, era

somente ―caverna do poço‖. No versículo acima citado há um lembrete de outro grande poder, quando o mar foi fendido,

embora as ondas rugissem. Não é de admirar que nesta altura temos novamente a declaração: ―o Senhor dos Exércitos é o

seu nome!‖ O israelita libertado seria capaz de apreciar este poder em redenção, primeiro pelo sangue, no Egito, e depois

pelo poder, no Mar Vermelho. O filho de Deus pode se regozijar na palavra dita aos santos em Colossos: ―O qual nos tirou

da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor; em quem temos a redenção pelo seu sangue, a

saber, a remissão dos pecados‖ (Cl 1:13-14).

A quarta e última vez que encontramos a expressão ―o Senhor dos Exércitos é o seu nome‖ em Isaías, é também a mais

significativa. Encontra-se em Isaías 54:5, que vem logo depois da grande profecia da morte, sepultamento e ressurreição do

Messias de Israel, o Senhor Jesus Cristo. Aqui o futuro de Israel é assegurado, e o relacionamento íntimo que fora danificado

pelo fracasso da nação é transformado na condição da esposa restaurada de Jeová: ―Porque o teu Criador é o teu marido; o

Senhor dos Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; que é chamado o Deus de toda a terra‖. A

abrangência dos termos usados neste versículo nos faz pensar dos dias do milênio, e do reino eterno. Que poder e habilidade

pertencem ao ―Senhor dos Exércitos‖.

A distinção do título

Isto é visto especialmente na grande gama de referências a este título através da Bíblia. Temos dezenove referências nos

livros históricos, e catorze no livro dos Salmos. Estas catorze referências são as únicas nos livros poéticos do Velho

Testamento. De entre os profetas maiores (assim chamados) temos sessenta referências em Isaías, oitenta e uma referências

em Jeremias, e nos profetas menores (como são chamados) temos um total de noventa e uma referências. Temos algumas

referências isoladas, espalhadas aqui e ali, e também nove referências em Amós, doze em Ageu, quarenta e seis em Zacarias,

e dezessete em Malaquias. No Novo Testamento temos apenas duas referências. Uma característica específica revelada nos

números acima é que este título é reservado exclusivamente para o Velho Testamento, com exceção das duas referências no

Novo Testamento. Há uma razão específica por certos livros enfatizarem o poder do Senhor dos Exércitos, e vamos

considerar algumas destas referências agora.

Isaías e Jeremias, sem dúvida, têm o maior número de referências. Isaías tem pelo menos sessenta, e Jeremias pelo

menos oitenta e uma referências a este importante título. Devemos enfatizar que não será possível, neste capítulo, tratar

detalhadamente todas estas passagens, mas podemos destacar algumas. Um ponto a considerar é que este título divino

importante não é encontrado nos outros (assim chamados) profetas maiores, Ezequiel e Daniel. Parece que Deus, na Sua

soberania, claramente permitiu que o cativeiro acontecesse; na verdade era parte do programa divino, portanto, era

necessário que eles passassem por estes tempos difíceis, sem a direção de Deus. Deus os colocou sob o controle de homens

ímpios como uma medida de punição para a nação que, num dia futuro, irá passar pelos sete anos da Tribulação. Temos um

princípio semelhante nas igrejas do Novo Testamento. Quando um cristão é culpado de pecado grave e é excluído da

comunhão, ele é transferido da esfera espiritual da igreja para o mundo. Este é o significado das palavras do apóstolo Paulo:

―E entre estes foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar” (I Tm

1:20).

Isaías

A primeira referência se encontra no primeiro capítulo desta profecia, e revela o estado da nação naquele tempo: ―Se o

Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra‖

(1:9). A condição de Judá e Jerusalém foi descrita nos versículos iniciais deste capítulo, e este versículo parece enfatizar que

o poder e grandeza do Senhor dos Exércitos não somente abrange a destruição dos inimigos do povo de Deus, mas também a

preservação do remanescente de Israel, se for a Sua vontade. O Deus da Bíblia é um Deus de propósito soberano, portanto,

nem sempre Ele quer usar os exércitos incontáveis de israelitas para obter uma vitória. Nesta ocasião Ele havia permitido

que muitos fossem destruídos devido ao seu fracasso e pecado, mas Ele não estava tratando com o Seu povo como com os

ímpios. O remanescente não estava livre de fracasso, e precisava da mão disciplinadora de Deus, e as Suas palavras a eles,

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através do profeta, são fortes, no decorrer do cap. 1. Fica claro que apesar deles estarem trazendo ofertas para o altar, estas

não estavam de acordo com sua situação espiritual, e Deus por causa disto estava magoado.

A segunda menção do título por Isaías indica uma recuperação pretendida: ―Portanto diz o Senhor, o Senhor dos

Exércitos, o Forte de Israel … vingar-me-ei dos meus inimigos. E voltarei contra ti a minha mão, e purificarei inteiramente

as tuas escorias … restituirei os teus juízes, como foram dantes‖ (vs. 24-26). Assim temos o poder da restauração nacional

predita. Apesar do fracasso haverá restauração, e o propósito divino de Jeová será realizado para o povo escolhido de Deus.

Os mesmos princípios serão vistos nos caps. 5 e 6, com uma nova dimensão. No cap. 5 temos a ilustração da condição

triste e ímpia da nação, descrita como ―minha vinha‖, e no próximo, uma santa Pessoa divina assentada sobre um trono. O

cap. 5 apresenta claramente uma cena terrestre, e o cap. 6 uma cena celestial. Em ambos os capítulos temos uma referência

ao Senhor dos Exércitos. No primeiro, Ele é descrito como o dono da vinha, e os homens de Judá são a planta de suas

delícias (v. 7), mas no capítulo seguinte os serafins claramente identificam aquele que está assentado sobre o trono como o

Senhor dos Exércitos. Aqui devemos explicar que a referência a ―exércitos‖ nem sempre se refere a uma cena militar. Na

verdade a primeira vez que a palavra é encontrada na Bíblia pode bem ser que esteja se referindo a partes da Criação, ou a

seres da Criação que não pecaram. Em Deuteronômio 4:19 a referência obviamente é ao Sol, a Lua e estrelas, etc. A figura

da vinha é para enfatizar o fracasso, e a repetição sêxtupla da expressão ―ai‖ no capítulo ilustra a condição caída da nação. O

capítulo seguinte, que é melhor conhecido, revela o padrão divino de santidade em contraste com as condições em que o

povo de Deus se encontrava. Mesmo assim, a verdade do altar e do sacrifício revela o meio pelo qual Jeová podia e iria

conceder restauração. Mais um componente desta recuperação está no ministério de Isaías, o profeta, e nas confirmações que

ele buscou em Deus em relação ao cativeiro iminente.

Jeremias

É interessante notar que Isaías serviu ao Senhor no seu ministério para com Judá como um profeta, mas a ênfase do

ministério de Jeremias era como sacerdote. Estes dois servos serviram antes dos setenta anos de cativeiro de Judá na

Babilônia. Entretanto, quando chegou o momento do cativeiro, Deus tinha outros dois servos para estarem com eles na

Babilônia. Daniel o profeta serviu a Deus principalmente dentro dos palácios reais, mas Ezequiel o sacerdote supriu as

necessidades espirituais da nação no meio dos cativos, algumas vezes junto ao rio Quebar (Ez 1:1). Isto nos dá um paralelo

interessante com o início da experiência de Israel no cativeiro do Egito. Ali eles foram ajudados pelo profeta Moisés, que foi

criado no palácio de Faraó, e pelo sacerdote Arão, que estava entre o povo. Como temos notado, há oitenta e uma referências

ao Senhor dos Exércitos no livro de Jeremias. Como na profecia que antecede, Jeremias começa com a triste condição da

nação no seu fracasso, e no primeiro capítulo temos sua comissão dada por Jeová para o seu serviço. O título ―Senhor dos

Exércitos‖ não aparece até o capítulo dois, e se espalha mais através da profecia do que na profecia de Isaías. Em geral, é

dirigida a Jeremiais individualmente, como que para encorajá-lo no seu ministério. Possivelmente isto é devido à natureza

sensível do próprio profeta, que é descrito como o profeta chorão. Ele havia escrito anteriormente: ―os meus olhos

entristecem a minha alma‖ (Lm 3:51). Esta e outras afirmações feitas pelo profeta revelam a sua discrição natural.

Podemos ver facilmente que haveria grande incentivo para o servo de Deus no fato dele ser fortalecido e capacitado pelo

Senhor dos Exércitos, aquele que é grande em poder. Jeremias já havia sido informado das circunstâncias difíceis que ele

teria de enfrentar, mas a sua fé estava firme no seu Deus. A palavra divina havia chegado até ele: ―Portanto assim diz o

Senhor Deus dos Exércitos: Porquanto disseste tal palavra, eis que converterei as minhas palavras na tua boca em fogo, e a

este povo em lenha, eles serão consumidos‖ (5:14). Assim ele havia sido encorajado por Deus desde o início.

Devemos lembrar que o tempo do ministério de Jeremias era ainda mais perto do tempo do cativeiro que o ministério de

Isaías, e que vários detalhes sobre o seu início são apresentados nesta profecia. Vemos isto nas palavras de Jeová ao profeta:

―Porque o Senhor dos Exércitos, que te plantou, pronunciou contra ti o mal, pela maldade da casa de Israel e da casa de

Judá, que para si mesma fizeram, pois me provocaram à ira, queimando incenso a Baal‖ (11:17). Esta afirmação é uma

amostra das muitas acusações feitas contra a nação, e pelas quais a nação foi finalmente levada ao cativeiro.

Devemos dar crédito a Jeremias, pelo fato dele ter aceitado as palavras faladas a ele como sendo as palavras do próprio

Deus. Claramente, esta aceitação não fez o servo de Deus popular entre o povo a quem ele as comunicou. Sua aceitação

estava no fato que ele conhecia e amava a Palavra de Deus, e desejava obedecer o Senhor que ele tanto amava. ―Achando-se

as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou

chamado ó Senhor Deus dos Exércitos‖ (15:16). Há muito aqui para educar e guiar o povo de Deus nos dias de hoje. Os

servos de Deus podem, muito facilmente, ser negligentes no ensino da verdade transmitida por Deus. Há uma necessidade,

nos dias de hoje, de fidelidade na proclamação da Palavra de Deus.

Os avisos de julgamento sobre Judá e Jerusalém soam alto nos capítulos centrais de Jeremias. O cap. 32 registra as

circunstâncias em que Zedequias, rei de Judá, aprisionou Jeremias na corte da prisão, que ficava na casa do rei de Judá. Este

encarceramento foi a reação de Zedequias à profecia de Deus, enviada a ele através de Jeremias. A história interessante da

compra de um campo em Anatote, que era uma das cidades de refúgio na terra de Benjamim, é uma história que prova a fé

de Jeremias na verdade da Palavra de Deus. Jeremias comprou o campo porque a sua fé em Jeová estava firme. A promessa

de Deus também era firme. ―Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Toma estas escrituras, este auto de compra,

tanto a selada, como a aberta, e coloca-as num vaso de barro, para que se possam conservar muitos dias. Porque assim diz o

Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Ainda se comprarão casas, e campos e vinhas nesta terra‖ (32:14-15). Aqui vemos

não só fé mental nas promessas de Deus, mas também a verdadeira fé que está preparada para descansar plenamente na

promessa divina. Apesar do reino de Judá estar sob o controle da Babilônia, o profeta estava disposto a crer nas promessas

dadas a ele por Deus. A base real desta fé estava no Senhor dos Exércitos, o Todo-Poderoso.

Dentro do mesmo contexto, temos a firme convicção de libertação do cativeiro da Babilônia. Apesar dos longos anos de

cativeiro, e também do aparente impenetrável controle da Babilônia, as palavras de Deus, por intermédio do seu servo,

confirmam a realidade da mudança, e a libertação vindoura: ―A voz de gozo, e a voz de alegria, a voz do esposo e a voz da

esposa, e a voz dos que dizem: Louvai ao Senhor dos Exércitos, porque bom é o Senhor, porque a sua benignidade dura para

sempre; dos que trazem ofertas de ação de graças à casa do Senhor; pois farei voltar os cativos da terra como ao princípio,

diz o Senhor‖ (33:11). A conclusão clara destes versículos é que o grande poder e bondade do Senhor dos Exércitos era o

responsável pelas grandes bênçãos que estavam em vista para eles. Os versículos restantes, até o final do capítulo, também

são de leitura muito proveitosa. Jeová, por meio de Seus mensageiros, está estimulando os corações e mentes dos homens e

mulheres para anteciparem as glórias que Deus havia preparado para eles. Esta mensagem de Deus para o Seu povo antigo

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deveria ser lida cuidadosamente pelos santos dos dias atuais, que também têm perspectivas maravilhosas. Nos nossos dias

existe o perigo das glórias associadas ao futuro serem negligenciadas no ministério, e a esperança viva da segunda vinda de

Cristo para buscar os Seus e levá-los ao Céu é mencionada com menos frequência do que em dias passados. Tal ministério

ajudará o filho de Deus a apreciar a perspectiva e descansar nesta promessa durante a sua peregrinação neste mundo.

Outra lição importante é encontrada nos capítulos que descrevem o desejo que estava no coração daqueles que haviam

decidido deixar a terra de Israel. Aqui deveríamos explicar que estes eram o remanescente que fora deixado em Israel depois

de muitos outros terem sido levados para a Babilônia. Passado algum tempo, eles expressaram a Jeremias o desejo de partir

e ir para o Egito. Os versículos iniciais do cap. 42 revelam algumas das conversas que aconteceram. Depois do profeta ter

levado o pedido deles a Deus, ficou claro que eles não deveriam deixar a terra, e que sair dela seria desobediência: ―Porque

assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Como se derramou a minha ira e a minha indignação sobre os habitantes

de Jerusalém, assim se derramará a minha indignação sobre vós, quando entrardes no Egito; e séries objeto de maldição, e de

espanto, e de execração, e de opróbio, e não vereis mais este lugar. Falou o Senhor acerca de vós, ó remanescente de Judá!

Não entreis no Egito; tende por certo que hoje testifiquei contra vós‖ (42:18-19). Uma leitura das passagens apropriadas

revelará o triste resultado da desobediência. Aqui podemos ver a diferença entre o poder da desobediência e o poder do

Senhor dos Exércitos, o Todo-Poderoso. Estas lições importantes do Velho Testamento são pertinentes nos dias atuais. Nas

Sagradas Escrituras o Egito sempre foi uma figura realista do mundo. Por meio da comparação, todos os que conhecem o

Senhor Jesus como Senhor e Salvador devem estar cientes da tremenda invasão do mundo, tanto na vida pessoal como no

testemunho coletivo dos santos. A maneira como vivemos e os lugares que visitamos são testes importantes da influência do

mundo sobre nós. Os lares do povo de Deus deveriam dar testemunho do que somos e a Quem pertencemos. E, como o povo

de Deus nos dias de Jeremias, nós também temos um poder disponível para nos manter numa vida de verdadeira santidade.

Outros inimigos de Israel estavam a espreita, mas não temos tempo nem espaço para tratar destes em detalhes.

Uma consideração final em Jeremias está perto do final do livro: ―Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de

Israel: Eis que castigarei o rei da Babilônia, e a sua terra, como castigarei o rei da Assíria. E farei tornar Israel para a sua

morada, e ele pastará no Carmelo e em Basã; e fartar-se-á a sua alma no monte de Efraim e em Gileade. Naqueles dias, e

naquele tempo, diz o Senhor, buscar-se-á a maldade de Israel, e não será achada; e os pecados de Judá, mas não se acharão;

porque perdoarei os remanescentes que eu deixar‖ (50:18-20). A passagem mencionada merece uma leitura cuidadosa. Jeová

está olhando para trás e vendo a história da nação e dos reinos ímpios. As nações cruéis e orgulhosas, que tinham agido

contra o povo de Deus, eram especificamente a Assíria e a Babilônia, e é claramente prometido que haverá um dia de

castigo. Devemos notar que a linguagem de Jeová é relativa ao futuro, pois ainda não aconteceu, mas quando Deus fala

sempre há certeza. Sem uma exposição detalhada, temos aqui um princípio irrefutável. Deus irá completar o Seu designo e

propósito divino. Israel e Judá serão um, e serão eternamente abençoados, e seus inimigos castigados. Fica claro nestas

passagens que há, nos propósitos de Deus, um futuro glorioso para Israel. O Novo Testamento descreve uma posição

semelhante para os santos do dia presente: ―Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos

atribulam, e a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do

seu poder‖ (II Ts 1:6-7). É bom lembrar que o dia da recompensa e descanso já está determinado, e virá no momento

determinado, primeiro para a Igreja, e pelo menos sete anos mais tarde para Israel. Todo o programa divino será cumprido

na sua íntegra de acordo com o propósito soberano de Deus.

Ageu

Cada uma das oito referências ao Senhor dos Exércitos nesta curta profecia é usada em relação à construção da Casa de

Deus em Jerusalém. Esdras, o sacerdote, havia sido chamado e levantado por Deus para dirigir um grupo de cativos judeus

do seu lugar na Pérsia até Jerusalém, para reconstruírem a Casa de Deus. A obra havia progredido bem até que houve

interferência por parte dos inimigos de Israel, e a obra parou completamente por um período de aproximadamente catorze

anos, um período que fica entre o último versículo de Esdras cap. 4 e o primeiro versículo do cap. 5. Neste tempo os dois

profetas, Ageu e Zacarias, profetizaram, e o resultado imediato foi que os construtores recomeçaram a construir, e logo a

obra foi terminada. Fica claro nas palavras do primeiro mensageiro, Ageu, que as mensagens que ele trouxe foram todas

enviadas pelo Senhor dos Exércitos. Primeiramente foram palavras de repreensão, para as quais houve uma resposta

positiva, e a construção foi retomada. É encorajador notar que Jeová, o Todo-Poderoso, deu grande incentivo aos que

reagiram tão bem, e Esdras 6:15 relata que em pouco tempo a Casa de Deus estava terminada. Há um grande paralelo nesta

informação do Velho Testamento para incentivar os santos dos nossos dias no seu trabalho nas atividades da Casa de Deus.

A verdade da igreja local não é apreciada nos dias de hoje como deveria ser. Cada testemunho local ao nome do nosso

Senhor Jesus Cristo merece receber todo o esforço sincero e leal tanto, em participação como certamente em

comparecimento.

Zacarias

Neste livro temos quarenta e seis menções do título divino ―o Senhor dos Exércitos‖. É importante notar que Zacarias

era o segundo dos dois profetas que aparecem em Esdras cap. 5, e os versículos iniciais daquele capítulo enfatizam o fato

que ambos os profetas não apenas profetizaram, mas também trabalharam junto com os outros construtores. Eles eram

homens práticos, que serviam a Deus e ao Seu povo da melhor maneira possível. Os dois profetas parecem ser bem

diferentes, mas trabalhavam juntos. O ministério e dom de Ageu parece ter sido exortativo, enquanto que o ministério e o

dom de Zacarias parece ter sido convincente e de ensino. Ambos estavam sob o poder do Senhor dos Exércitos. Ao

olharmos às datas apresentadas para o seu ministério, elas se entrosavam mas não revezavam.

É evidente que ambos os profetas ministravam e trabalhavam sob o poder do Senhor dos Exércitos. Na era atual, a

capacitação para o serviço é o poder do Espírito Santo de Deus. É de conhecimento geral que o único homem no Velho

Testamento em quem o Espírito Santo habitou foi Bezalel, que foi assim capacitado para projetar obras habilidosas,

trabalhar com ouro e prata e cobre, lapidar pedras, engastá-las e entalhar madeira, e trabalhar em todo tipo de arte. O poder e

a capacitação do Senhor dos Exércitos não era restrito ao ministério público dos profetas, era também para o trabalho físico

dos que estavam reconstruindo a Casa de Deus. Mais uma vez podemos ver que o poder divino era necessário para ouvir e

atentar para as grandes visões entregues a Zacarias nos primeiros seis capítulos do livro. O leitor do livro de Zacarias, hoje,

pode facilmente esquecer que oito visões foram entregues para um povo que estava fazendo serviço prático! Acompanhando

as visões, há uma série de mensagens doutrinárias do Senhor dos Exércitos. Todos estes fatos indicam a importância do

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poder divino no nosso entendimento da Palavra de Deus. Ler a Bíblia no poder da carne não é suficiente. Também, enquanto

muitos têm sido ajudados por vários escritores humanos, é necessário que haja poder divino para ler e apreciar a revelação

de Deus aos homens. O livro de Zacarias tem capítulos finais notáveis, que revelam as maravilhosas glórias preparadas por

Deus para o Seu povo terrestre. Não poderiam ter sido dadas ou compreendidas sem o poder divino do Senhor dos Exércitos,

o Todo-Poderoso.

Malaquias

Este livro registra os detalhes da nação de Israel cerca de oitenta anos depois da sua grande restauração, registrada em

Neemias cap. 8. O início do livro deixa claro que havia apatia e desobediência espiritual por todos os lados. Eles estavam

questionando a Deus e deixando de servi-lO. Malaquias, o mensageiro do Senhor dos Exércitos, traz uma série de avisos nos

quatro capítulos, e um forte apelo é feito aos líderes espirituais, os sacerdotes. O livro inicialmente mostra o declínio

espiritual na nação, e posteriormente revela a causa: os sacerdotes, que eram os líderes espirituais, haviam dado o exemplo

de declínio. Muitas vezes é dito que nenhuma nação é superior aos seus líderes, e o mesmo se aplica à esfera da igreja local.

O livro de Malaquias apresenta o apelo final feito à nação para a sua restauração espiritual. Cerca de quatrocentos anos mais

tarde o Senhor Jesus Cristo veio ao mundo. Temos dezessete referências ao Senhor dos Exércitos no livro todo. Nos dias

atuais, o cristão espiritual pode perceber os padrões se rebaixando em todas as esferas. Até mesmo o mundo religioso tem

dispensado a Bíblia. Há uma forma de piedade, mas há também uma negação do seu poder. Os salvos atuais têm uma

responsabilidade de permanecer firmes.

Romanos 9:29

Esta grande epístola do Novo Testamento é a exposição do evangelho de Deus acerca do Seu Filho Jesus Cristo nosso

Senhor. Ela contém somente uma referência ao Senhor dos Exércitos (Tsebahoth). A referência é uma citação de Isaías 1:9,

que já foi considerada neste capítulo. A citação no versículo que estamos agora considerando é para mostrar a verdade de

um remanescente que foi preservado nos dias de Isaías, e reconhecido como uma evidência da soberania de Deus em relação

a Israel. É um pensamento semelhante à graça de Deus em preservar um remanescente do Seu povo para o futuro da nação.

Em ambos os contextos, o poder do Senhor dos Exércitos é supremo.

Tiago 5:4

Este versículo é o único outro versículo no Novo Testamento que usa o título ―o Senhor dos Exércitos‖. A referência é

muita apropriada; como os trabalhadores dos campos não estavam recebendo o seu pagamento correto, eles não tinham

recurso terrestre de justiça. Mas embora os seus clamores estavam sendo ignorados pelos ouvidos terrenos, eles chegaram

aos ouvidos mais importantes do Senhor dos Exércitos (Tsebahoth). Aquele que tudo vê, o Onipotente, o Deus poderoso,

ouvira e responderia.

A exigência do título divino

Tendo considerado Deus no Seu título divino ―Senhor dos Exércitos‖, é importante, ao terminarmos, levar em conta os

seguintes fatos:

Nosso Deus é o único que tem absoluto poder e controle sobre todo o Universo; isto inclui toda a panóplia dos exércitos

celestiais e categorias de autoridade e poder invisíveis.

Este grande poder de Deus se estende além das hostes do bem no mundo invisível; assim os poderes que Satanás e suas

hostes exercem hoje são permitidos por Deus (Lc 4:6).

Este conhecimento deveria incentivar o cristão e gerar mais confiança e dependência em Deus. Foi neste espírito que Davi

falou com Golias: ―Eu venho a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel … hoje mesmo o Senhor

te entregará na minha mão … e toda a terra saberá que há Deus em Israel‖ (I Sm 17:45-46). Ao obedecermos a Deus e

andarmos de acordo com a Sua vontade, Ele estará conosco e do nosso lado.

Com isto há um desafio, porque sabemos que o contrário é verdade. Se desobedecemos e desrespeitamos o Senhor, então

Ele tem todos os recursos necessários para nos castigar e nos trazer à conformidade com a Sua vontade.

O imenso recurso de grande poder também traz grande conforto ao filho de Deus, que sabe que Ele preservará um

remanescente fiel para trazer honra e glória ao Seu nome.

Que o Senhor nos capacite a desfrutar da comunhão com o Senhor dos Exércitos.

Cap. 8 — O Deus vivo

Por Brian Currie, Irlanda do Norte

Introdução

Temos trinta referências ao ―Deus vivo‖ na Bíblia, e é interessante notar que há quinze em cada Testamento. No Velho

Testamento temos três títulos divinos usando o adjetivo ―vivo‖. Nove vezes é o ―Elohim vivo‖, que é o plural de Eloah, e

indica a Trindade. É interessante que a primeira ocorrência de Elohim é em Gênesis 1:1. Quatro vezes Deus é chamado de o

―El vivo” que é o forte e poderoso, e duas vezes de ―Elah vivo”, ou na forma intensificada, ―Elahah”. Este título está na

língua dos caldeus, e corresponde a Eloah. É encontrado somente em Daniel 6:20, 26, que é a parte de Daniel escrita na

língua dos caldeus. A maioria das outras noventa e três ocorrências de Elahou Elahah ocorre em Esdras, Daniel e no único

versículo em Jeremias (10:11) que foi escrito na língua dos caldeus, que enfatiza a verdade e realidade do cativeiro de Judá.

O leitor também pode notar que algumas vezes ambas as palavras ―vivo‖ e ―Deus‖ estão no plural; algumas vezes somente

―Deus‖ está no plural, e outras vezes ambas estão no singular. Devido às limitações de espaço, estes detalhes precisam ser

deixados para o estudo individual de quem se interessar.

Nas quinze referências no Novo Testamento, a palavra ―Deus‖ é sempre a tradução da palavra grega ―Theos”.

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Distinção

O título ―o Deus vivo‖ O revela como totalmente diferente dos ídolos. O salmista fala dos pagãos: ―Os ídolos deles são

prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não veem, tem ouvidos, mas não ouvem,

narizes têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam, pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta‖

(Sl 115:4-7). Deuteronômio 4:28 se refere aos ídolos como sendo ―obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não veem,

nem ouvem, nem comem, nem cheiram‖. Sem considerar o terrível poder satânico que opera por traz deles, os ídolos são

mortos, e sem nenhum poder inerente proveniente deles. Ezequias falou dos deuses pagãos: ―Não eram deuses, mas obra de

mãos de homens, madeira e pedra …‖ (II Rs 19:18). Habacuque fala dos ídolos sem vida: ―Ai daquele que diz ao pau:

Acorda! E à pedra muda: Desperta! Pode isso ensinar? Eis que está coberta de ouro e prata, mas dentro dela não há espírito

algum‖ (Hc 2:19). Para a mente esclarecida é impressionante como pessoas inteligentes podem visitar os templos dos ídolos,

ou até mesmo ter um santuário na sua própria casa, onde se curvam para adorar ao ídolo. Eles até tentam alimentar o ídolo,

deixando frutas de manhã, e para que não chegue a estragar, as removem ao anoitecer; mas é o seu deus! Tal insensatez é

enfatizada em Is 44:14-17: ―Corta para si cedros, toma, também, o cipreste e o carvalho; assim escolhe dentre as árvores do

bosque, planta um olmeiro, e a chuva o faz crescer. Então serve ao homem para queimar, e toma deles, e se aquenta, e os

acende, e coze pão; também faz um deus, e se prostra diante dele; também fabrica uma imagem de escultura, e ajoelha-se

diante dela. Metade dele queima no fogo, com a outra metade prepara a carne para comer, assa-a e farta-se dela; também se

aquenta e diz: Ora já me aquentei, já vi o fogo. Então do resto faz um deus, uma imagem de escultura; ajoelha-se diante dela

e se inclina, e roga-lhe e diz: Livra-me, porquanto tu és o meu deus‖. Tal idolatria é criticada por Paulo em Listra: ―…

Senhores, por que fazeis estas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos

que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu e a terra, o mar e tudo quanto há neles … ‖ (At 14:15). E

mais adiante ele diz: ―Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou

à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens‖ (At 17:29).

Embora o título ―o Deus vivo‖ não é mencionado, foi o fato de Deus estar vivo, em contraste com a falta de vida de

Baal, que deu a Elias a coragem de se apresentar diante do perverso rei Acabe e dizer: ―Vive o Senhor Deus de Israel,

perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra‖ (I Rs 17:1).

Nosso Deus é o Deus vivo, e Ele prova estar vivo, como as páginas seguintes irão nos mostrar. Este título de Deus será

visto no seu contexto, e depois tiraremos lições práticas para confortar e desafiar a cada um de nós.

Comunicação

A primeira menção do Deus vivo é encontrada em Deuteronômio cap. 5, e está relacionada com a Lei: ―Porque, quem há

de toda a carne que ouviu a voz do Deus vivente falando do meio do fogo, como nós, e ficou vivo?‖ (Dt 5:26). Vemos isto

novamente no v. 24: ―Eis aqui o Senhor nosso Deus nos fez ver a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio

do fogo; hoje vimos que Deus fala com o homem e que este permanece vivo‖. Neste capítulo de Deuteronômio algumas

características do Deus vivo nos são apresentadas.

Ele fala

Isto é salientado, por exemplo, no v. 22: ―Estas palavras falou o Senhor a toda a vossa congregação … com grande voz

…‖, e no v. 24: ―… ouvimos a sua voz do meio do fogo; hoje vimos que Deus fala com o homem e que este permanece

vivo‖.

É uma característica da imensa graça de Deus que Ele Se digna de falar com a humanidade. No Velho Testamento Ele

falou ―do meio do fogo, da nuvem e da escuridão‖ (v. 22), e os homens ficavam à distância. Entretanto, no Novo

Testamento aprendemos que, ―havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos

profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho …‖ (Hb 1:1). Anteriormente Ele falou diversas vezes e de diversas

formas, mas agora Ele nos deu uma revelação completa do Seu Filho. Isto permite aos cristãos chegarem ―com verdadeiro

coração, em inteira certeza de fé‖ (Hb 10:22). Somos orientados a chegar ―com confiança ao trono da graça, para que

possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno‖ (Hb 4:16). Tudo isto é por

meio do Filho, ―porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo espírito‖ (Ef 2:18).

Quando Ele fala devemos prestar atenção e ouvir a voz ―mansa e delicada‖ que falou com Elias (I Rs 19:12). Para isto

precisamos de sensibilidade para ouvi-lO e espiritualidade para obedecê-lO. Não ouviremos, obviamente, uma voz audível

ou articulações verbais, pois a Sua voz é sempre ouvida por meio da Sua Palavra e, portanto, é importante prestar atenção no

paragrafo seguinte.

Ele escreve

Quando Moisés repetiu a Lei diante do povo ele afirmou: ―… e as escreveu em duas tábuas de pedra, e a mim mas deu‖

(Dt 5:22). A nação deveria ouvir estes estatutos: ―aprendê-los-eis, e guardá-los-eis, para os cumprir‖ (v. 1). Se esta fosse a

responsabilidade dos que receberam o ―ministério da morte‖, quanto mais isto deve caracterizar a nós, que recebemos o

―ministério da justiça‖ (II Co 3:7, 9)? O aprender, guardar e cumprir a Palavra de Deus não é opcional para aqueles que

querem agradar a Deus.

Sendo que os cristãos creem que Deus revela a Sua vontade através da Sua Palavra, então é incumbência de todos

passarem tempo lendo e estudando a Bíblia. Sendo que a Bíblia foi inspirada pelo Espírito Santo, e os cristãos são habitados

pelo mesmo Espírito Santo desde o momento da sua salvação, é inconcebível que Ele nos guiaria a desobedecer as

Escrituras. Assim a Bíblia é a regra de vida para todos os cristãos, e cada cristão, cheio do Espírito e guiado pelo Espírito, irá

obedecer o que está escrito na Bíblia, sem considerar qualquer inconveniente pessoal e natural que isto possa causar.

Ele ouve

Este fato solene é revelado no v. 28: ―Ouvindo, pois, o Senhor as vossas palavras, quando me faláveis, o Senhor me

disse: Eu ouvi as palavras deste povo, que eles te disseram; em tudo falaram bem …‖. Se nós entendêssemos esta verdade,

como isto faria uma tremenda diferença nas nossas conversas! Ele ouve tudo o que falamos, como por exemplo:

Queixas — Números 11:1: ―E aconteceu que queixou-se o povo, falando o que era mal aos ouvidos do Senhor; e ouvindo o

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Senhor, a sua ira se ascendeu; e o fogo do Senhor ardeu entre eles e consumiu os que estavam na última parte do arraial‖. A

palavra ―queixosos‖ aparece só uma vez no Novo Testamento: ―Estes são murmuradores, queixososda sua sorte, andando

segundo as concupiscências‖ (Jd 16), e indica aqueles que estão continuamente descontentes. Esta palavra é usada para

descrever os ―ímpios‖ e eles, obviamente, não são boa companhia para um cristão.

Críticas — Números 12:2 ―E disseram: Porventura falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o

Senhor o ouviu‖. Pessoas críticas abundam, e muitas vezes se apegam hipocritamente em coisas pequenas, das quais eles

mesmos já foram culpados. Foi o próprio Senhor Jesus que disse: ―E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu

irmão e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma

trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão‖ (Mt 7:3-

5). Uma boa dose de autoexame e menos auto exaltação seria de grande ajuda estes casos.

Companheirismo — Malaquias 3:6: ―Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; e o

Senhor atentou e ouviu; e um memorial foi escrito diante dele para os que temeram ao Senhor, e para os que se lembraram

do seu nome‖. Quão lindo é isto, comparado com os críticos queixosos. Como a experiência dos santos seria enriquecida se

falássemos mais acerca dEle e dos Seus interesses quando nos reunimos, até mesmo socialmente.

Ele deseja

Como Ele ouviu o povo afirmar que guardaria a Sua Lei, Ele expressa o Seu desejo: ―Quem dera que eles tivessem tal

coração que me temessem, e guardassem todos os meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus

filhos para sempre‖ (Dt 5:29). Na Sua Onisciência Ele conhece o caminho rebelde que eles escolheriam, mas mesmo assim

Ele deseja que fosse diferente. O Deus vivo só quer o melhor para nós, e não tem desejo de reter as bênçãos. Qualquer outra

ideia vem daquele que, disfarçado de serpente, distorceu as palavras de Deus no jardim do Éden e disse à mulher:

―Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como

Deus, sabendo o bem e o mal‖ (Gn 3:4-5). Ele ainda insinua que Deus retém as coisas boas de nós e que, de alguma forma, o

pecado nos elevará; um fato que é a verdadeira antítese da verdade.

Subjugação

Quando os israelitas chegaram ao Jordão e estavam prestes a entrar na terra prometida, eles poderiam estar nervosos e

apreensivos em relação aos inimigos que enfrentariam do outro lado. Isto seria exacerbado pelo fato que Moisés havia

morrido, e eles haviam perdido seu sábio e ilustre líder. Para lhes dar segurança e acalmar seus espíritos, eles receberam uma

grandiosa promessa: ―Disse mais Josué: Nisto conhecereis que o Deus vivo está no meio de vós; e que certamente lançará de

diante de vós aos cananeus, e aos heteus, e aos heveus, e aos perizeus, e aos girgazeus, e aos amorreus, e aos jebuseus‖ (Js

3:10). Moisés estava morto, mas Deus vive! O Deus vivo subjugaria todo inimigo e expulsaria as sete nações, algo que teria

sido impossível para eles realizarem na sua própria força.

Enquanto nós cristãos hoje consideramos a maravilhosa herança que é nossa, como detalhada, por exemplo, na carta aos

Efésios, pode parecer uma tarefa assustadora derrotar nossos inimigos para podermos apreciar e desfrutar da verdade, mas o

Deus vivo dará toda a capacitação necessária, se estivermos dispostos a avançar e conquistar nossas possessões.

Semelhantemente, em atividades evangelísticas, mesmo nestes dias difíceis, quando tão pouco parece ser feito, através de fé

no poder do Deus vivo, bênçãos podem ser desfrutadas.

Proteção

Para aqueles que observavam, Davi parecia prestes a cometer suicídio. Ele estava se preparando para entrar no vale de

Elá para lutar com o gigantesco Golias de Gate, e para a mente natural ele seria morto. Entretanto, a confiança de Davi não

estava na sua habilidade, mas no Deus vivo. ―Então falou Davi aos homens que estavam com ele, dizendo: Que farão àquele

homem, que ferir a este filisteu, e tirar a afronta de sobre Israel? Quem é, pois, este incircunciso filisteu, para afrontar os

exércitos do Deus vivo? … Assim feria o teu servo o leão, como o urso; assim será este incircunciso filisteu como um deles;

porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo‖ (I Sm 17:26, 36).

Havia duas coisas que pesavam no coração de Davi. É óbvio pela repetição que ele faz da expressão ―incircunciso

filisteu‖ (vs. 26, 36) que Davi estava horrorizado com o fato que este homem ímpio, profano e idólatra, pudesse aterrorizar

aqueles que pertenciam ao Deus vivo. Depois ele pensou neste gigante desafiando ―o exército do Deus vivo‖, e ele se

preocupou com o fato que a honra de Deus estava sendo desafiada.

Estas são duas grandes influências motivadoras enquanto buscamos servi-LO. Quando agimos para a Sua glória, ao

invés de buscarmos a nossa própria, podemos contar com a Sua ajuda infalível. O rei Saul olhava à situação de um ponto de

vista natural. ―Porém Saul disse a Davi: Contra este filisteu não poderás ir para pelejar com ele; pois tu ainda és moço, e ele

homem de guerra desde a sua mocidade‖ (v. 33). Saul não estava confiando no Deus vivo. Ele viu somente o gigante, e não

tinha compreensão real do grande poder que poderia ter estado à sua disposição se ele tivesse confiando no Deus vivo e

procurado defender a honra de Deus. Assim Deus torna possível o que parece impossível; Ele faz o ridículo sensato; Ele

torna o aparentemente ilógico em lógico. O conselho do grande sábio foi: ―Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te

estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas‖ (Pv 3:5, 6).

Foi a fé no Deus vivo que impeliu alguns homens a fazerem coisas que naturalmente eram totalmente ilógicas. Por exemplo,

não era lógico para Noé construir uma arca quando ele nunca havia visto chuva, muito menos uma enchente; era totalmente

contrário à natureza humana Abraão levar o seu filho ao lugar de sacrifício para que ele fosse a vítima; também poderíamos

pensar em Josué circuncidando o exército antes da tomada de Jericó, e depois recebendo a ordem para marchar ao redor de

Jericó, e finalmente gritar; Gideão enfrentando os midianitas com trezentos homens; Naamã mergulhando no rio Jordão para

se purificar da lepra. Estas coisas só poderiam ser explicadas por homens atuando por fé no Deus vivo, e agindo somente

para a Sua glória.

Mesmo nos nossos dias, muitos queridos cristãos pagaram um alto preço para poderem trazer alegria a Deus. Alguns

precisaram sair de casa, porque desejaram obedecer a Deus e passar pelas águas do batismo. Outros foram desprezados por

terem abandonado a religião de seus pais para se reunirem de forma bíblica ao Seu nome fora do arraial. Algumas queridas

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irmãs pagam um preço elevado para manter o padrão do vestuário e conduta que o Senhor espera de mulheres que professam

a piedade.

A proteção de Deus para aqueles que se preocupam com a Sua glória também é vista na experiência do rei Ezequias,

como temos em II Reis 9 e Isaías 37. A Assíria, desenfreada nas suas guerras, havia levado cativo o reino do norte de Israel,

e cerca de oito anos mais tarde voltou para atacar Judá, que era governada pelo rei Ezequias. Naquele tempo o rei Ezequias

ficou com medo, e por falta de fé em Deus deu muitos objetos preciosos aos assírios, e isto os satisfez por uns três anos, e

então retornaram ―com grande exército‖ (II Rs 18:17). Enquanto Rabsaqué, um embaixador e porta-voz do rei da Assíria, se

gabava do que ele faria a Jerusalém, ele esperava que Ezequias se renderia sem lutar. Ele continuou a blasfemar contra Deus

e disse: ―Nem tampouco vos faça Ezequias confiar no Senhor, dizendo: Certamente nos livrará o Senhor, e esta cidade não

será entregue na mão do rei da Assíria‖ (v. 30). Ele então comparou Jeová com os ídolos impotentes dos pagãos:

―Porventura os deuses das nações puderam livrar, cada um a sua terra, das mãos do rei da Assíria? Que é feito dos deuses de

Hamate e Arpade? Que é feito dos deuses de Sefarvaim, Hena e Iva? Porventura livraram a Samaria da minha mão? Quais

são eles, dentre todos os deuses da terra, que livraram a sua terra da minha mão, para que o Senhor livrasse a Jerusalém da

minha mão?‖ (vs. 33-35).

Foi a esta altura que Ezequias percebeu que a sua única esperança era confiar em Deus, e especialmente nAquele que era

o Deus vivo. Assim Ezequias enviou uma delegação a Isaías, ―e disseram-lhe: Assim diz Ezequias: Este dia é dia de

angústia, de vituperação e de blasfêmia; porque os filhos chegaram ao parto, e não há forças para dá-los à luz. Bem pode ser

que o Senhor teu Deus ouça todas as palavras de Rabsaqué, a quem enviou o seu senhor, o rei da Assíria, para afrontar o

Deus vivo, e para vituperá-lo com as palavras que o Senhor teu Deus tem ouvido; faze, pois, oração pelo restante que

subsiste‖ (II Rs 19:3-4). Note que Ezequias chegou ao ponto onde ele levou em conta a glória do Deus vivo, e ele estava

preocupado porque Deus estava sendo vituperado. Deus controlou a situação e os assírios foram impedidos de executar o seu

plano (II Rs 19:8-9) e mandaram uma carta a Ezequias, novamente indicando que Deus não os poderia livrar porque Ele era

como ―os deuses das nações‖ (II Rs 19:12).

Ezequias imediatamente estendeu a carta perante o Senhor, ―e orou Ezequias perante o Senhor e disse: Ó Senhor Deus

de Israel, que habitas entre os querubins, tu mesmo, só tu és Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus e a terra.

Inclina Senhor, o teu ouvido, e ouve; abre, Senhor, os teus olhos e olha; e ouve as palavras de Senaqueribe, que enviou a

este, para afrontar o Deus vivo. Verdade é, ó Senhor, que os reis da Assíria assolaram as nações e as suas terras, e lançaram

os seus deuses no fogo; porquanto não eram deuses, mas obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso os destruíram.

Agora, pois, ó Senhor nosso Deus, te suplico, livra-nos da sua mão; e assim saberão todos os reinos da terra que só tu és o

Senhor Deus‖ (II Rs 19:15-19). É de suma importância notar que ele confiava no ―Deus vivo‖, e fez uma grande distinção

entre Deus e os ídolos das nações. Como poderíamos esperar, tal humilde apelo e total dependência em Deus trouxe grandes

resultados. ―Sucedeu, pois, que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e

cinco mil deles; e levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram cadáveres. Então, Senaqueribe, rei da Assíria, partiu e

se foi, e voltou e ficou em Nínive. E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e

Sarezer, seus filhos o feriram à espada; porém eles escaparam para a terra de Ararate, e Esar-Hadom, seu filho, reinou em

seu lugar‖ (vs. 35-37).

Quão encorajador para nós sabermos que ―este Deus é o nosso Deus para sempre‖ (Sl 48:14).

Aspiração

No Salmo 42 chegamos à seção de Êxodo deste livro de Salmos, que começa com o salmista expressando seu desejo:

―Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede

de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?‖ (Sl 42:1-2). Assim como o livro de Êxodo

começa com um povo em aflição e buscando a Deus (―os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão e clamaram; e o

seu clamor subiu a Deus por causa de sua servidão. E ouviu Deus o seu gemido‖, Êx 2:23-24), assim também este Salmo. A

lição que temos é que no meio de tristezas e aflição, somente Deus é o nosso refúgio, e precisamos de Um que se

encarregará da nossa causa, e assim Ele é chamado ―o Deus vivo‖. É somente quando O apreciamos neste aspecto que

podemos, no meio das tribulações, perguntar a nós mesmos: ―Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em

mim?‖ (Sl 42:5, 11; 43:5).

A depressão do salmista é profunda, e ele se refere sete vezes à ―minha alma‖. Talvez o motivo pela omissão do nome

do autor deste salmo, é para indicar que esta pode ser a experiência de qualquer um. O salmista está cansado e fatigado, e

enquanto ele é perseguido por temores e inimigos, a vida parece ser difícil demais, e ele precisa de refrigério. Isto ele só

poderia encontrar em Deus, e no Deus vivo.

Um sentimento semelhante é expresso no Salmo 84:2: ―A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do Senhor;

o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo‖. Enquanto o salmista passa pelo vale de Baca, que significa

―choro‖, ele anseia por Deus e por Aquele que é o ―Deus vivo‖. Ninguém a não ser um Deus que pode sentir e agir por ele

poderia ser de alguma valia.

Deveria ser um grande conforto para cada cristão saber e apreciar o fato que Deus tem o poder e a habilidade de Se

aproximar de nós, e nos preservar em cada tribulação.

Indignação

Há duas referências ao ―Deus vivo‖ na profecia de Jeremias. São elas: ―Mas o Senhor Deus é a verdade; ele mesmo é o

Deus vivo e o Rei Eterno; ao seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação‖ (10:10), e: ―Mas

nunca mais vos lembrareis do peso do Senhor; porque a cada um lhe servirá de peso a sua própria palavra; pois torceis as

palavras do Deus vivo, do Senhor dos Exércitos, o nosso Deus‖ (23:36).

No cap. 10 o cenário é o contraste entre o Deus vivo e ―o caminho dos gentios‖ (v. 2). O ímpio depende de ―obra das

mãos do artífice‖ (v. 3), e à casa de Israel é dito: ―Não tenhais receio deles, pois nem podem fazer mal, nem tampouco tem

poder de fazer bem‖ (v. 5). Entretanto, o Deus de Israel é diferente, e Jeremias pergunta: ―Quem não te temeria a ti, ó Rei

das nações?‖ (v. 7). Os ídolos ―são obra de peritos‖, e depois vem o glorioso ―mas‖: ―Mas o Senhor Deus é a verdade; Ele

mesmo é o Deus vivo e o Rei eterno‖ (vs. 9-10).

Nunca precisaremos temer ―os deuses que não fizeram os céus e a terra‖, pois temos o ―Deus vivo‖.

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No cap. 23 o Deus vivo e as Suas palavras estão em contraste evidente com as palavras dos falsos profetas. Acerca

destes deuses Ele diz: ―Não mandei estes profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, contudo eles profetizaram‖

(v. 21). A linguagem é forte e clara. Deus diz: ―profetizando mentiras em meu nome … profetizam do engano do seu

coração‖ (vs. 25-26), e Ele afirma: ―Eis que eu sou contra os que profetizam‖ (v. 32). Parece que o clímax da acusação

contra eles é: ―torceis as palavras do Deus vivo, do Senhor dos Exércitos, o nosso Deus‖ (v. 36). Esta má interpretação de

Deus faz as pessoas ―desvanecer‖ (v. 16), dá uma falsa segurança (v. 17), faz com que elas esqueçam o nome de Deus

(v. 27), e faz ―errar o meu povo com as suas mentiras, e com suas leviandades‖, e o povo não tem ―proveito algum‖ (v. 32).

Profetas verdadeiros são tão diferentes. O que o Senhor esperava deles é revelado através das perguntas: ―Porque, quem

esteve no conselho do Senhor, e viu, e ouviu a sua palavra? Quem esteve atento à sua palavra e ouviu?‖ (v. 18). Ministério

verdadeiro da parte de Deus teria um efeito marcante nos ouvintes: ―Se tivessem estado no meu conselho, então teriam feito

o meu povo ouvir as minhas palavras, e o teriam feito voltar do seu mau caminho, e da maldade das suas ações‖ (v. 22). O

profeta fiel é admoestado: ―Aquele que tem a minha palavra, fale a minha palavra com verdade‖ (v. 28), e a mensagem não é

nada leve, pois é chamada de ―peso do Senhor‖ (v. 34).

A lição para todos os que professam falar em nome de Deus, nesta era, é que devem cuidar para que Deus e a Sua

verdade sejam fielmente representadas. Para que isto aconteça, temos que gastar tempo na presença de Deus descobrindo a

Sua intenção para a ocasião específica, e então a mensagem deve ser entregue com total fidelidade. Quando Paulo escreveu

aos coríntios e disse: ―Estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor‖ (I Co 2:3), seria difícil imaginar que

ele temia os homens. Não seria preferível entender que ele temia não representar a Deus corretamente naquela cidade?

Preservação

As próximas duas referências estão em Daniel cap. 6, onde Daniel foi lançado na cova dos leões porque orou a Deus e

não ao rei Dario. O rei havia sido enganado pelos seus presidentes e príncipes, que eram motivados por inveja de Daniel. O

rei ―ficou muito penalizado, e a favor de Daniel propôs dentro do seu coração livrá-lo‖ (v. 14). Os esforços do rei foram em

vão, pois os inimigos de Daniel lembraram o rei: ―Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que nenhum edito ou

decreto, que o rei estabeleça, se pode mudar‖ (v. 15). O rei não tinha alternativa a não ser executar o seu decreto, mas

declarou a sua fé no Deus de Daniel. ―Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel e lançaram-no na cova dos leões. E,

falando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a quem continuamente serves, ele te livrará‖ (v. 16). Na manhã seguinte, após uma

noite sem dormir passada em jejum, ―pela manhã, ao romper do dia, levantou-se o rei, e foi com pressa à cova dos leões; e

chegando à cova, chamou por Daniel com voz triste; e disse o rei a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que

o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?‖ (vs. 19-20). Quando ele percebeu que Daniel

estava salvo e que o Deus vivo o havia livrado, ele ―escreveu a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra:

A paz vos seja multiplicada. Da minha parte é feito um decreto pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens

tremam e temam perante o Deus de Daniel, porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre, e o seu reino não se

pode destruir, e o seu domínio durará até o fim. Ele salva, livra e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; ele salvou e

livrou Daniel do poder dos leões‖ (vs. 25-27).

Que incentivo para nós sabermos que nosso Deus, o Deus vivo, é capaz de nos livrar de todo inimigo. Mesmo que o

inimigo tenha a forma de ―leão que ruge‖, nosso Deus é capaz. ―Maior é o que está em vós do que o que está no mundo‖ (I

Jo 4:4).

Restauração

O veredito pronunciado sobre as nações foi: ―A terra certamente se prostituiu, desviando-se do Senhor‖ (Os 1:2). Deus

havia dito: ―Lo-Ami; porque vós não sois meu povo; nem eu serei vosso Deus‖ (v. 9). Isto foi porque a nação estava

apostatando e seguindo aos ídolos das nações ao redor. Entretanto na Sua graça Ele declarou que Ele recuperaria, restauraria

e reuniria a nação, e isto Ele fará. ―Todavia o número dos filhos de Israel será como a areia do mar, que não pode medir-se

nem contar-se; e acontecerá que no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus

vivo‖ (v. 10). Isto é citado em Romanos 9:26 para mostrar que o propósito de Deus na salvação se estenderá aos gentios.

Somente o Deus vivo pode ter filhos. Ídolos mortos não podem reproduzir ou dar vida.

É confortante para nós apreciarmos o fato que nosso Deus é um Deus de restauração, e que quando somos restaurados é

para a posição de filhos. Não foi permitido ao pródigo, em Lucas 15, terminar sua fala ensaiada. Quando ele confessou que

era indigno de ser filho, isto bastou para o pai, e ele o interrompeu e não permitiu que dissesse: ―Faze-me como um dos teus

jornaleiros‖. O pai lhe deu o lugar de filho ao lhe dar um anel, sapatos e a melhor roupa.

Confissão

Quando chegamos ao Novo Testamento, a primeira ocorrência deste título é por Pedro. ―E chegando Jesus às partes de

Cesaréia de Filipe, interrogou os Seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram:

Uns, João o Batista; outros Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes Ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E,

Simão Pedro, respondendo disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo‖ (Mt 16:13-16). Esta confissão é muito ampla pois

indica:

Que Jesus é o Cristo, o verdadeiro Messias de Israel: ―Tu és o Cristo”;

Que Ele não era um simples homem, mas uma Pessoa divina: ―o Filho do Deus vivo‖;

Que há um só Deus: ―o Deus vivo‖;

Que Ele tem vida em Si mesmo e é a fonte de vida para outros: ―o Deus vivo”.

Todo verdadeiro cristão aceita esta confissão, e é sobre estas grandes verdades que a Igreja é edificada. Este é um

alicerce indestrutível e inabalável.

Uma confissão semelhante havia sido feita por Pedro quando o Senhor Jesus entregou Seu discurso sobre o pão vivo em

Cafarnaum: ―Nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente‖ (Jo 6:69).

Outro aspecto da confissão é visto em Mateus 26:63, quando o sumo sacerdote, interrogando o Salvador, disse:

―Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus‖. O Senhor Jesus havia ficado em silêncio

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durante o interrogatório, recusando dar credibilidade ao falso julgamento e, irritado, o sumo sacerdote coloca o Senhor sob

juramento para conseguir uma confissão. O Senhor Jesus respondeu: ―Tu o disseste‖. Na verdade Ele fez uma afirmação, e

admitiu que o sumo sacerdote havia feito uma afirmação verdadeira. A resposta deles foi: ―É réu de morte‖ (v. 66).

Em cada um destes casos, aprendemos que um cristão deve sempre dizer a verdade: ―Por isso deixai a mentira, e falai a

verdade cada um com o seu próximo‖ (Ef 4:25).

Recomendação

Alguns dos coríntios haviam se afastado de Paulo, e alguns estavam questionando a realidade do seu apostolado, e

afirmando que eles próprios eram superiores a ele (veja II Coríntios caps. 10 a 13). Ao defender seu apostolado no cap. 3,

ele os faz lembrar do tempo da conversão deles. Ele pergunta: ―Porventura, começamos outra vez a louvar-nos a nós

mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós, ou de recomendação de vós?‖ (v. 1). Era

prática no início da Igreja, e também deveria ser a prática ainda hoje, que os cristãos, indo de uma região para outra, ou

viajando a negócios, levavam consigo uma carta de apresentação, recomendando-os à comunhão da igreja local onde eles

não eram conhecidos. Esta é uma das provas circunstanciais de que não temos no Novo Testamento nenhuma indicação de

uma ―mesa aberta‖ ou ―recepção aberta‖. Entretanto, por ser ele o seu pai espiritual, ele não precisava de recomendação

escrita. Eles eram a carta de Paulo: ―Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os

homens‖ (v. 2). Eles estavam permanentemente escritos no coração de Paulo, e a tremenda mudança na vida deles era ―lida

por todos os homens‖. Ninguém poderia negar a grande obra que havia sido feita. Isto não era devido ao poder do apóstolo

Paulo, era devido à operação do ―Espírito do Deus vivo‖ (v. 3). Algo escrito num pergaminho com tinta poderia ser

apagado, mas quando estava escrito, ―não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas nas

tábuas de carne do coração‖, não poderia ser apagado. Era uma prova indelével e inegável do seu apostolado para com eles.

Separação

Em II Coríntios cap. 6 Paulo novamente usa o título ―o Deus vivo‖, e é para mostrar a natureza imprópria de estar ligado

à falsa religião da idolatria, enquanto confessando estar ligado com o Deus vivo. Para salientar esta separação espiritual

essencial Paulo faz cinco perguntas.

Participação – ―Que sociedade [comunhão] tem a justiça com a injustiça?‖

Princípio – ―Que comunhão [sociedade] tem a luz com as trevas?‖

Patronato – ―Que concórdia [harmonia] há entre Cristo e Belial?‖

Povo – ―Que parte [porção] tem o fiel com o infiel?‖

Posição – ―Que consenso [sentimento em comum] tem o templo de Deus com os ídolos?‖

Alguns podem perguntar: por que esta separação é tão importante? A resposta é porque envolve ―o Deus vivo‖. Ele não

pode ter a Sua glória comprometida por ídolos mortos e pela religião falsa. Assim Paulo acrescenta: ―Porque vós sois o

templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles serão meu

povo. Por isso sai do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, e eu vos receberei, e eu serei para

vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso‖ (II Co 6:16-18).

Separação de toda religião organizada é o que Deus deseja para o Seu povo de cada dispensação, e assim lemos da

ordem de Deus para o Seu povo, até mesmo depois do arrebatamento da Igreja: ―Sai dela, povo meu, para que não sejas

participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas‖ (Ap 18:4). Paulo faz Timóteo lembrar que ―qualquer

que profere o nome de Cristo, aparte-se da iniquidade‖ (II Tm 2:19).

Habitação

Paulo instrui Timóteo acerca do Deus vivo ter uma habitação na terra: ―Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem

depressa; mas se tardar, para que saibas como convém andar na casa do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade‖ (I Tm

3:14-15). No Novo Testamento a expressão ―casa de Deus‖ ocorre somente três vezes. São elas:

Compaixão — Hb 10:21: ―E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus‖;

Condenação — I Pe 4:17: ―… comece o julgamento pela casa de Deus‖;

Conduta — I Tm 3:15: ―Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na [em] casa de Deus, que é igreja do Deus

vivo, coluna e firmeza da verdade‖.

Estas Escrituras apresentam os dois aspectos principais desta verdade no Novo Testamento, e vemos isto ao notarmos a

inclusão e a omissão do artigo definido. Em Hebreus 10:21 e I Pedro 4:17, o artigo é incluído, e portanto a tradução está

correta: ―a casa de Deus‖. Entretanto em I Timóteo 3:15 o artigo é omitido no original, e uma tradução melhor seria ―em

casa de Deus‖, sem o artigo. Os dois primeiros abrangem todo salvo que confia no Senhor Jesus, e se referem ―… à igreja,

que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos‖ (Ef 1:22-23). A terceira referência, em I Timóteo 3:15, é

característica e se refere à igreja local. É ali, no sentido coletivo, que Deus habita entre o Seu povo, e por Ele estar presente,

é necessário haver um código de conduta. Em I Timóteo cap. 3, o próximo versículo descreve o padrão de conduta como

―piedade‖. Este assunto é repetido no decorrer da epístola e mostra, de forma clara, o padrão esperado daqueles que se

reúnem somente ao Seu nome (Mt 18:20).

Devemos orar ―pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em

toda piedade e honestidade‖ (2:2). Isto é piedade e sua tranquilidade.

Enquanto Paulo tratava do assunto das vestes das irmãs ele escreve: ―Do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje

honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou perolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a

mulheres que fazem profissão de servir a Deus [―que professam ser piedosas”, ARA]‖ (2:9-10). Isto é piedade e

sua modéstia.

O grande exemplo da piedade é visto no nosso Senhor Jesus, um Homem que constantemente demonstrou esta

característica. Assim Paulo escreveu: ―E sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne,

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foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória‖ (3:16). Isto é a

piedade e seu mistério.

Em contraste com as tolices frívolas das ―fábulas‖, Paulo fala de piedade. ―Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom

ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. Mas rejeita as fábulas profanas e

de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo

é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir‖ (I Tm 4:6-8). Isto é piedade e seu proveito. É neste

contexto sobre compreender o proveito da piedade que tem ―a promessa da vida presente e da que há de vir‖ que Paulo

afirma: ―Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo que é o Salvador de todos os homens,

principalmente dos fiéis‖ (I Tm 4:10). Ao invés de receber o aplauso dos homens por causa de sucesso na esfera do

―exercício físico‖, o cristão está separado de tudo isto e sofre o opróbrio. O que impulsiona alguém a tomar este caminho? A

resposta é: ―Pois esperamos no Deus vivo‖, ou: ―Temos posto a nossa esperança no Deus vivo‖ (ARA). O cristão espiritual

tem um alvo mais elevado do que a aceitação deste mundo, ele olha para o futuro e tem sua esperança posta no Deus que

vive.

A referência final à piedade está no cap. 6. ―Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs

palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca

de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens

corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é

grande ganho apiedade com contentamento … Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a

fé, o amor, a paciência, a mansidão‖ (6:3-6, 11). Isto é piedade e sua serenidade.

Parece que a busca pelas riquezas leva a todos os tipos de males (v. 10), e pode levar os ricos a confiar nas suas riquezas,

que são incertas, como notou o grande sábio: ―Porventura fixarás os teus olhos naquilo que não é nada? Porque certamente

criará asas e voará ao céu como a águia‖ (Pv 23:5). Paulo nos diz onde devemos colocar a nossa confiança: ―Manda aos

ricos deste mundo que não sejam altivos nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus [―no Deus vivo‖,

ARA], que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos‖ (I Tm 6:17). Ele não é fraco e transitório, Ele é o

Deus vivo; mas devemos notar que muitas traduções omitem a palavra ―vivo‖ aqui.

Diferenciação

Há quatro referências ao ―Deus vivo‖ na epístola aos Hebreus, mais do que qualquer outro livro do Novo Testamento.

Isto se torna especialmente interessante, pois muitas das referências do Velho Testamento têm por finalidade fazer a nação

hebraica deixar a idolatria morta e se dedicar ao serviço do Deus vivo. Entretanto a nação, em geral, não obedeceu, e foram

levados cativos para a Assíria e para a Babilônia. Quando o Senhor Jesus veio, Ele foi rejeitado pelos judeus e foi

crucificado. No Seu julgamento e crucificação duas coisas foram rasgadas. São elas: ―… o sumo sacerdote rasgou as suas

vestes‖ (Mt 26:65) e: ―Eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo‖ (Mt 27:51). Estes fatos demonstraram

publicamente que Deus havia rompido com o sacerdócio e com o lugar. Um novo sacerdócio havia sido estabelecido, que

incluía cada cristão, e uma nova forma de aproximação, através do nosso Sumo sacerdote o Senhor Jesus Cristo, permitia

que estes sacerdotes entrassem na presença imediata de Deus sem restrição de horário ou lugar. Assim, na epístola aos

Hebreus, eles foram chamados para sair do apático e agora obsoleto judaísmo, e adorar ―o Deus vivo‖.

Havia a tentação para alguns, que professavam ter se tornado cristãos, de voltar ao judaísmo, e por isto foram alertados:

―Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo‖ (Hb 3:12). Eles

são chamados de ―irmãos‖, pois ele se dirige a eles na base da sua confissão, mas se eles voltassem ao judaísmo isso

mostraria que tinham ―um coração mau e infiel‖, e estavam voltando para o que agora estava morto ao invés de prosseguir

com o ―Deus vivo‖. Isto era um aviso contra o retrocesso, e um chamado para o progresso.

A segunda referência é para destacar a enorme distinção entre o que foi realizado pelos sacrifícios do Velho Testamento

e o que foi realizado pela obra de Cristo na cruz. Hb 9:14: ―Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se

ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?‖ O

judaísmo e todo o seu ritual é agora visto como ―obras mortas‖, ou como dito por Pedro: ―Vossa vã maneira de viver que por

tradição recebestes de vossos pais‖ (I Pe 1:18). Nesta era, Deus está tirando de entre as nações ―um povo para o seu nome‖

(At 15:14), e todas as características do judaísmo, tais como prédios ornados, incenso visível e fragrante, um altar visível,

um clero distinto dos leigos, homens com vestes especiais, corais, instrumentos musicais, etc., são agora obsoletos na

verdadeira adoração cristã. Devemos servir e adorar ―ao Deus vivo‖. Em I Ts 1:9 a expressão ―servir o Deus vivo e

verdadeiro‖ está no contexto dos tessalonicenses que tinham sido idólatras e tinham deixado todas estas coisas mortas para

se associarem com Aquele que é vivo. Assim o judaísmo e a idolatria pagã não tinham nenhum lugar no cristianismo do

Novo Testamento. Isso salienta a transformação operada pela morte de Cristo.

Hebreus 10:26 começa outra das seções da epístola aos Hebreus, avisando sobre apostatar e retornar ao que Deus tinha

rejeitado. No meio desta seção temos um avisomuito solene: ―Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo‖ (Hb 10:31).

A referência final na epístola aos Hebreus está em 12:22: ―Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à

Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos‖. Aqui o contraste está entre as alianças do Velho e do Novo Testamento,

e as variações são impressionantes. O leitor interessado deve listar as oito coisas que caracterizam a velha aliança nos vs. 18-

20, e as oito coisas que caracterizam a nova aliança nos vs. 22-24 (note em cada lista a repetição do ―e‖). A primeira era

caracterizada por trevas e morte, enquanto que o ―Deus vivo‖ caracteriza a segunda. Verdadeiramente é um paragrafo de

uma divergência muito distinta.

Declaração

A última referência na Bíblia ao ―Deus vivo‖ está em Ap 7:2: ―E vi outro anjo subir do lado do sol nascente, e que tinha

o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar‖. Este

anjo vem do leste, o lugar do Sol nascente, indicando calor e bênção. Ele tem o ―selo do Deus vivo‖. O selo é a marca de

posse e segurança. Em Romanos 4:11 é dito que a ―circuncisão‖ é a autenticação da justiça da fé de Abraão, e a confirmação

externa da aliança. O selo dos cristãos hoje é interno e não pode ser visto pelos homens, mas é muito mais poderoso, pois é o

Espírito Santo, ―o qual também nos selou‖ (II Co 1:22) — ―fostes selados com o Espírito Santo da promessa‖ (Ef 1:13).

Aqui em Apocalipse 7 é para marcar os 144.000 da nação de Israel que hão de ―permanecer até o fim‖, e não se curvarão

diante da besta e do falso profeta. Poderíamos perguntar se alguém poderá resistir estes dois personagens inspirados por

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Satanás, e naturalmente a resposta seria um forte: ―Não‖. Entretanto, tudo é diferente quando se tem o selo do ―Deus

vivo‖ — Ele pode capacitar os Seus para permanecerem em pé, e os preservará durante o tempo que for necessário para que

o Seu propósito seja cumprido. Assim todo julgamento sobre a Terra será restringido até que os servos de Deus sejam

selados, e mesmo no meio da mais terrível rebelião que prevalecerá na sociedade depois do Arrebatamento, o Deus vivo

ainda estará em controle absoluto e soberano.

Conclusão

Ao revisarmos os assuntos acima, aprendemos que não há circunstância na vida, ou dificuldade pela qual passamos, que

esteja fora do Seu controle. Temos todos os motivos para continuamente e implicitamente confiarmos no Deus vivo.

Cap. 9 — ―O Deus de …‖ no Velho Testamento

Por David McAllister, Zâmbia

No Velho Testamento há aproximadamente quatrocentas ocorrências da expressão ―O Deus de … ‖. Certamente não

vamos considerar todas elas neste capítulo, mas esperamos que aquelas que abordarmos serão para a edificação e incentivo

de cada leitor.

Uma destas ocorrências é ―O Deus da glória‖ (Sl 29:3). Já que o nosso livro tem o título de ―A glória de Deus o Pai‖,

talvez seja apropriado começar pensando neste título. Ao meditar na ―glória de Deus‖, é sempre bom nos recordarmos que

Ele é o ―Deus da glória‖, o que indica que aquela glória pertence a Ele; a glória vem dEle; e a glória é atribuída a Ele. Que

estas poucas linhas nos ajudem a apreciar mais a Sua glória, e dar a Ele a glória que Lhe é devida.

Apesar de lermos ―Deus de … ‖ cerca de quatrocentas vezes, a maior parte não são referências singulares — muitas são

repetidas, especialmente ―Deus de Israel‖, que é responsável por aproximadamente metade do total das referências. Via de

regra, quando a expressão ―Deus de …‖ é citada neste capítulo, a primeira referência será dada, mas o leitor deve ter em

mente que nem sempre esta é a única ocorrência da expressão. As outras referências podem ser facilmente obtidas usando

uma concordância Bíblica (ou um programa de computador!).

A pequena palavra ―de‖ (ou ―da‖ ou ―do‖) é a palavra chave do capítulo. No nosso contexto indica associação, posse,

identificação. Assim quando vemos as palavras ―Deus de …‖ temos um vislumbre daquilo com o qual Deus tem prazer de

Se identificar; aquilo com o qual Ele está preparado a Se associar. Portanto aprendemos muito acerca de Deus através

daquilo que Ele é ―Deus de‖, pois vemos o que está de acordo com o Seu caráter. Hebreus 11:16 afirma: ―Deus não se

envergonha deles, de se chamar seu Deus‖. Portanto ao considerarmos de que, quem e onde Ele é Deus, ganhamos

conhecimento sobre o próprio Deus.

Como o título do capítulo indica, estamos lidando com referências do Velho Testamento. Obviamente, não vivemos no

tempo do Velho Testamento, e precisamos sempre ter isto em mente. O Velho Testamento é para nós, mas não é sobre nós.

Por exemplo, enquanto a expressão ―Deus de Israel‖ ocorre cerca de duzentas vezes no Velho Testamento, ela ocorre

somente duas vezes no Novo Testamento, indicando o fato que a Igreja não é Israel! Tendo dito isto, veremos que embora os

tempos e as dispensações mudam, Deus é imutável, e as referências do Velho Testamento contém muitas lições verdadeiras,

independentemente de quando, onde e para quem foram escritas. Assim, há muito para nos incentivar, como também houve

muito para incentivar os primeiros cristãos que leram estas palavras; ou melhor, há ainda mais para nos incentivar, pois à luz

da revelação do Novo Testamento, conhecemos a Ele como ―o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo‖.

Vamos considerar as referências ao ―Deus de …‖ sob quatro subtítulos, que incluirão a maioria das expressões:

Deus de princípios;

Deus de lugares;

Deus de pessoas;

Deus de provisões.

Deus de princípios

A expressão ―Deus de …‖ nos apresenta alguns grandes princípios divinos, que pertencem a Deus totalmente,

supremamente e imutavelmente.

Vamos considerar quatro. Em cada caso, o contexto é o fracasso do homem, apresentado em contraste com o caráter

infalível de Deus. Isto deveria nos encorajar nos nossos dias, quando a infidelidade abunda, a lembrar da Sua fidelidade.

―Deus da verdade‖ (Dt 32:4)

Moisés descreve as pessoas que ―corromperam-se‖ como ―uma geração perversa e distorcida‖ (v. 5). Em contraste, Deus

é apresentado como o Deus da verdade, ―e não há nele injustiça; justo e reto é‖ (v. 4). Não há falsidade nEle. Ele é

caracterizado pela verdade, em todos os seus aspectos. Assim podemos confiar na Sua Palavra. Num dia quando a Palavra

de Deus está sofrendo ataques, não somente por parte dos incrédulos, mas também por muitos que se dizem cristãos, nunca

façamos concessões sobre a total confiabilidade das Escrituras da verdade, que são as próprias palavras do ―Deus da

verdade‖.

―Deus de conhecimento‖ (I Sm 2:3)

Estas palavras são encontradas na oração de ação de graças de Ana. Ela fala dos que falam ―palavras de altivez‖ e

―coisas arrogantes‖ (v. 3). Será que já houve um tempo pior do que o nosso, com homens se vangloriando do seu

―conhecimento‖ e demonstrando todo seu orgulho e arrogância? Como é verdade o que lemos em Romanos 1:28: ―Não se

importaram de ter conhecimento de Deus‖, e vemos o resultado sórdido de tal loucura. A reação de Ana a estas pessoas

também é muito apropriada para os dias de hoje: ―O Senhor é o Deus de conhecimento, e por Ele são as obras pesadas na

balança‖. Como Paulo diz: ―O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos‖ (I Co 3:20). Que não sejamos

intimidados pela assim chamada ―sabedoria‖ de homens ímpios, e que possamos descansar Naquele ―em quem estão

escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência‖ (Cl 2:3).

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―Deus de justiça‖ (Is 30:18, ARA)

Mais uma vez o contexto é de fracasso humano: aqueles que confiam ―na opressão e perversidade‖ (v. 12) — pessoas

caracterizadas por falsos julgamentos. Como isto é característico dos nossos dias, quando muitas vezes parece que o

criminoso recebe mais consideração que a vítima, quando o ―politicamente correto‖ é tal que alguém pode ser processado

por citar um versículo da Bíblia; quando uma enfermeira que oferece orar por um paciente pode ser demitida. Precisamos ser

lembrados, como o povo dos dias de Isaías, ―que o Senhor é um Deus de justiça‖. Diferentemente das Suas criaturas caídas,

Ele sempre julgou, e sempre julgará, retamente. É evidente que o julgamento tem um lado negativo e um lado positivo e, na

verdade, aqui em Isaías 30:18 é o lado positivo que é enfatizado: ―Bem-aventurados todos os que nele esperam‖. Podemos

ficar confiantes que Deus faz a avaliação correta de cada situação e ação — boa ou ruim — e podemos confiar nEle para

fazer o que é correto.

―Deus das recompensas‖ (Jr 51:56)

Mais uma vez o contexto é de fracasso humano — neste caso, é o pecado da Babilônia, que Deus diz que irá

―recompensar‖ (v. 6). Por quê? ―Porque o Senhor, Deus das recompensas, certamente lhe retribuirá‖ (v. 56). As pessoas

ainda pensam que podem viver como querem com impunidade, mas Deus ―recompensará‖ a cada um conforme ao que tiver

feito. Para os incrédulos, o terrível juízo do Grande Trono Branco será ―cada um segundo as suas obras‖ (Ap 20:13); para os

salvos, a salvação é garantida, mas ―o que tiver feito por meio do corpo‖ será avaliado (II Co 5:10), e ele ―receberá‖. Isto é

um grande conforto para todos — tudo o que é efeito em Seu nome, de acordo com a Sua palavra, com um motivo

verdadeiro, será recompensado (I Co 3:14); mas também é solene, pois quando não for assim, haverá ―detrimento‖ (I Co

3:15). Que Deus nos ajude, para que as atividades da nossa vida sejam tal que recebam a Sua aprovação naquele dia.

Assim, ao considerarmos os princípios divinos, a mensagem é clara; vivemos num mundo ímpio que está sempre

mudando; mas temos um Deus imutável e justo, em quem podemos confiar. É nossa responsabilidade viver à luz destas

grandes características de Deus.

Deus de lugares

A lista dos lugares com os quais Deus tem prazer em Se associar (no Velho Testamento) é extremamente ampla.

Podemos ver isto mesmo dentro dos limites do primeiro livro da Bíblia; por um lado Ele é o ―Deus dos céus‖ (Gn 24:3), e

por outro lado Ele é o ―Deus de Betel‖ (Gn 31:13) — um posto fronteiriço obscuro.

Poderíamos aprender muito acerca de Deus dos lugares com os quais Ele se associa, mas precisamos nos contentar com

apenas um pensamento sobre cada um:

―Deus dos céus‖ (Gn 24:3): Sua deidade

A expressão ―Deus dos céus‖ ocorre vinte e uma vezes no Velho Testamento. Os Céus materiais e a habitação de Deus

são diferenciados, por exemplo em I Reis 8:27: ―… os céus, e até o céu dos céus‖, mas frequentemente fica difícil distinguir

um do outro quando a palavra ―céus‖ é usada. Entretanto isto não deve nos preocupar demasiadamente, pois Ele é, com

certeza, o Deus de ambos. O fato de Deus ser o Deus dos próprios Céus nos faz lembrar da Sua deidade — Ele era, é, e

sempre será o Deus que ―habita na luz inacessível, a quem nenhum dos homens viu ou pode ver‖ (I Tm 6:16). Ele é um

Deus que transcende tudo o que está associado ao tempo e espaço — verdadeiramente digno de nossa reverência e adoração.

O fato dEle ser o Deus dos Céus materiais também mostra a Sua deidade: ―Os céus declaram a glória de Deus e o

firmamento anuncia a obra das Suas mãos‖ (Sl 19:1). Em dias quando a Sua glória é negada, e os homens creem em

qualquer história, independentemente de quão ridícula seja, para negar que Ele seja o Criador, nunca nos esqueçamos, ao

olharmos para os Céus, que ali temos uma declaração poderosa dAquele que os criou. Como Paulo diz: ―Porque as suas

coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem e claramente se

veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis‖ (Rm 1:20).

―Deus dos céus e da terra‖ (Ed 5:11): Sua universalidade

Quando lemos ―os céus e a terra‖, isto indica todo o Universo, e quando lemos ―Deus dos céus e da terra‖, isto nos faz

lembrar que Ele é o Deus de tudo. Ele criou tudo, Ele controla tudo, Ele preenche tudo. ―Para onde me irei do teu espírito,

ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também‖

(Sl 139:7-8). O politeísta pensa que há muitos deuses, cada um com a sua esfera e influência no Universo; o panteísta vê

―deus‖ na matéria do Universo; o deísta pensa que Deus não tem nenhum interesse presente, ou envolvimento, no Universo;

o ateu pensa que pode existir um Universo sem qualquer Deus. Nós rejeitamos completamente todas estas, e quaisquer

outras, desilusões: há um só Deus; Ele criou tudo; tudo pertence a Ele, e somente a Ele. Ele está ativamente e intimamente

envolvido em cada aspecto do funcionamento do Universo. Ele está em toda parte: ―Porventura não encho eu os céus e a

terra? diz o Senhor‖ (Jr 23:24).

―Deus de toda a terra‖ (Is 54:5): Sua soberania

Ao mesmo tempo em que Deus é Deus de todo o Universo criado, as Escrituras mostram que a Terra é o alvo do Seu

interesse e envolvimento supremo. Ele criou a Terra, e Ele tem o direito de domínio universal sobre ela. Infelizmente, Ele

não é reconhecido pela grande maioria da Sua Criação. Entretanto Ele será reconhecido, e Sua soberania será incontestável.

É interessante que a passagem de onde tiramos esta expressão, Isaías 54, fala do tempo futuro do milênio quando, como

resultado da obra de Cristo (cap. 53), a esterilidade de Israel será removida (v. 1), e Aquele que é seu ―Criador … Marido, o

Santo de Israel, o Redentor …‖ (v. 5) também será chamado ―o Deus de toda terra‖. Que pensamento bendito — Aquele que

hoje é ―desprezado e … rejeitado‖ (Is 53:3) — não somente por Israel, mas pelo mundo todo em geral — será reconhecido

como o Soberano: ―O Deus de toda a terra‖.

―Deus dos montes … Deus dos vales‖ (I Rs 20:28): Sua competência

Israel havia derrotado seus inimigos, os sírios, numa batalha nos montes (I Rs 20:19-21). Os sírios planejavam outro

ataque, pensando erroneamente que Deus era somente ―Deus dos montes‖, e não ―Deus dos vales‖ (vs. 23, 28), e que assim,

se a batalha fosse nos vales, eles, os sírios, obteriam a vitória. Entretanto, quando a batalha aconteceu, os sírios foram

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derrotados (vs. 29, 30). A razão é dada no v. 28: para que Israel saiba ―que eu sou o Senhor‖. Ao dar-lhes a vitória no vale, e

nos montes, Deus estava mostrando ao Seu povo (e aos seus inimigos também) que Ele não tem ―pontos fracos‖. Esta é uma

lição que nós faríamos bem em aprender; nós homens mortais temos nossos ―pontos fortes‖ e nossos ―pontos fracos‖ — não

é assim com Deus. Não há limite para o Seu poder, para Sua habilidade; nenhuma área é difícil demais para Ele. E para

espiritualizarmos ―os montes e os vales‖: não importa onde estivermos espiritualmente, no ―topo do monte‖ ou no ―vale‖ da

tristeza, Deus está ali conosco em toda e qualquer circunstância, e Ele é capaz de nos ajudar, seja qual for a nossa

necessidade.

―Deus da terra‖ (II Rs 17:26): Sua pureza

Esta expressão nos mostra que enquanto Deus é de fato o ―Deus de toda terra‖, há um aspecto em que Ele está associado

especificamente com a terra de Israel. O contexto desta citação é sobre o rei da Assíria trazendo estrangeiros para as cidades

da Samaria (II Rs 17:24). Estes ―não temeram ao Senhor‖, e Deus enviou leões entre o povo que mataram alguns deles

(v. 25). O povo reconheceu o motivo: eles não sabem ―o costume do Deus da terra‖. Eles haviam chegado a um país onde

Deus era totalmente diferente dos ―deuses‖ das nações de onde eles tinham vindo. Ele era um Deus puro, um Deus de

justiça, que exigia um viver puro e santo daqueles sob a Sua jurisdição. As pessoas sugeriram uma solução: que alguém que

conhecia o Deus da terra viesse e lhes ensinasse ―o costume do Deus da terra‖ (v. 27). Assim um sacerdote veio e lhes

ensinou ―como deviam temer ao Senhor‖ (v. 28) mas, infelizmente, eles continuaram seu estilo de vida impuro. Aqui temos

uma lição para nós: embora não habitamos na ―terra‖ literal, realmente representa os ―lugares celestiais‖ onde habitamos

com Ele. Deus é um Deus puro e santo, e se Ele esperava daqueles que viviam na terra literal um padrão de pureza

compatível com o Seu caráter, certamente nada menos do que isto é o que Ele espera de nós, que habitamos na Sua herança

espiritual.

―Deus de Jerusalém‖ (II Cr 32:19): Sua identidade

Não há dúvida que Jerusalém era o lugar com o qual o nome de Deus era associado. Muito antes de Davi conquistar

Jerusalém e fazer dela a capital, enquanto Israel ainda estava no deserto, Moisés falou do lugar ―que o Senhor vosso Deus

escolher de todas as tribos, para ali por o seu nome‖ (Dt 12:5, 11, 21; 14:23, 24; 16:2, 6, 11; 26:2). Várias referências em I

Reis (5:5; 8:16, 18, 19, 29; 9:3, 7) e muitas outras em II Reis e Crônicas mostram, sem sombra de dúvida, que este lugar,

onde o Senhor colocaria o Seu nome, era a cidade de Jerusalém, onde seria construído o Seu Templo. Um exemplo disto está

em II Reis 21:7: ―Nesta casa, e em Jerusalém, que escolhi de todas as tribos de Israel, porei o meu nome para sempre‖.

Muitas coisas faziam de Jerusalém um lugar diferente de qualquer outro lugar na Terra, mas nenhuma era mais importante

do que este: era o lugar escolhido por Deus, o lugar com o qual o Seu nome estava ligado.

Jerusalém tem uma longa história de identificação com o Seu nome, e terá um futuro glorioso de identificação com Ele.

No passado, Jerusalém tinha um templo, e terá um templo no futuro; entretanto no presente Jerusalém não tem templo, nem

altar, nem sacrifício. Isto significa que hoje não há nenhum lugar identificado com o Seu nome? Não! Lemos as seguintes

preciosas palavras de Mateus 18:20, as palavras dAquele que é Deus manifesto em carne: ―Onde estiverem dois ou três

reunidos em meu nome, ai estou eu no meio deles‖. A igreja local é aquilo com o qual o nome de Deus está associado hoje.

É o ―templo de Deus‖ (I Co 3:16) — um lugar santificado, onde Ele habita, e onde Ele recebe a adoração que Lhe é devida.

Assim, enquanto a igreja local não é vista no Velho Testamento, temos figuras dela, e uma das figuras é a cidade de

Jerusalém e o Templo; o lugar onde Deus escolheu para colocar o Seu nome. Que privilégio era para o povo daqueles dias

estar associado com a cidade de Jerusalém; que privilégio ainda maior é o nosso, estarmos associados com um ajuntamento

reunido de maneira bíblica, da qual Jerusalém é uma figura.

―Deus de Betel‖ (Gn 31:13): Sua generosidade

A principal referência a Betel está em Gênesis 28:10-22, onde Deus apareceu a Jacó enquanto ele dormia, e lhe fez

maravilhosas promessas. Até este ponto havia pouco na vida de Jacó para elogiar, quanto ao seu caráter. Certamente não foi

nenhum mérito seu que fez com que ele recebesse este privilégio; mas foi a graça de Deus. E que bondade Deus lhe

manifestou! Deus lhe prometeu a terra (v. 13); prometeu que sua semente seria muito numerosa, espalhada por todos os

lados, e seria a fonte de bênção para todas as famílias da terra (v. 14); que Deus estaria com ele e o guardaria onde quer que

ele fosse, e que Ele o traria de volta em segurança, e nunca o abandonaria (v. 15). A reação de Jacó (vs. 16-22) mostra a sua

apreciação da generosidade de Deus para com ele, ao chamar o lugar de ―Betel‖, que significa ―casa de Deus‖. Assim,

muitos anos mais tarde, quando Deus disse a Jacó: ―Eu sou o Deus de Betel‖ (Gn 31:13), e: ―Levanta-te, sobe a Betel‖ (Gn

35:1), Jacó imediatamente sabia que Deus estava se referindo ao lugar onde tinha aparecido a ele, quando ele fugia da face

de Esaú, seu irmão. Deus o estava relembrando da difícil situação em que ele estava quando o encontrou ali; das benditas

promessas que lhe fizera, e das responsabilidades que isto trouxera a Jacó. Assim, na expressão ―Deus de Betel‖ lembramos

do favor e da bondade imerecida de Deus para conosco, e como Jacó, nosso corações deveriam ser sempre gratos a Deus

pelas muitas bênçãos que Ele tem derramado sobre nós.

O escritor não tem conhecimento profundo da geografia de Israel mas, pelo que ele pode entender, não há nada

especificamente importante sobre a localização de Betel hoje. Tenho a impressão que a sua localização exata nem é

conhecida. Não sabemos se o ―travesseiro de pedra‖ continua ali ou não. Entretanto podemos desfrutar da verdade de Betel,

não somente nas suas lições sobre a bondade de Deus, que é imutável, mas também sobre aquilo do qual Betel é uma linda

figura: uma igreja local que se reúne conforme o modelo bíblico. Não estamos dando asas à imaginação aqui; Paulo escreve

a Timóteo: ―Mas se tardar, para que saibais como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e

firmeza da verdade‖ (I Tm 3:15). Somente uma recusa proposital de aceitar o ensino bíblico sobre a igreja pode fazer com

que não vejamos na expressão ―casa de Deus‖ uma alusão a ―Betel‖, que significa exatamente isto. Betel — o lugar da

presença divina (Gn 28:16); de atividade angelical (v. 12); de governo divino (v. 17); de santidade (v. 17) — tem sua

aplicação hoje na igreja local, onde o Senhor está (Mt 18:20), que os anjos observam (I Co 11:10), onde há governo divino (I

Tm 3:5), e que é um lugar santo (I Co 3:17).

Além disto, I Timóteo foi escrito para que Timóteo e os outros cristãos em Éfeso pudessem saber qual comportamento é

apropriado em relação à ―casa de Deus‖. A conduta de Jacó, com relação à Betel, nos dá ilustrações de comportamento

adequado para nós em relação à igreja; reverência e respeito diante do reconhecimento da presença de Deus (Gn 28:16-17);

testemunho de quem Ele é (a coluna de pedra em Gn 28:18 e 35:14 eram, sem dúvida, diferentes da ―coluna‖ de I Tm 3:15,

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que sugere uma coluna que suportaria o peso de um prédio — mas a ideia de testemunho está presente em ambos); Deus

recebendo a Sua porção (Gn 28:22); a incompatibilidade de associação com a casa de Deus e associação com os ídolos (Gn

35:1-2); adoração a Deus (Gn 35:3, 7, 14); a necessidade dos membros terem um caráter e uma vida limpos (Gn 35:2); e a

ausência de adornos mundanos (Gn 35:4).

Deus de pessoas — coletivo

Assim como com os lugares dos quais Ele é ―Deus de‖, também temos Deus se associando com muitas pessoas. Vamos

considerar alguns dos grupos coletivos dos quais Ele é ―Deus de‖, antes de focalizarmos em indivíduos:

―Deus dos Exércitos‖ (II Sm 5:10): o Deus conquistador

É interessante que a primeira referência a este título está relacionada com Davi conquistando a cidade de Jerusalém,

tirando-a das mãos dos jebuseus, seu subsequente engrandecimento, e o comentário ―o Senhor Deus dos exércitos era com

ele‖. Vemos, sem sombra de dúvida, que não foi devido à sua própria inteligência ou poder que Davi ganhou esta vitória e

estabeleceu o seu trono em Jerusalém, mas foi devido ao poder do ―Deus dos Exércitos‖.

Quem são os ―exércitos‖? Com certeza a palavra não se refere a um mero exército terrestre, mas sim aos exércitos

celestiais, à grande hoste de anjos, que fazem a Sua vontade. Lemos deles no primeiro livro da Bíblia: ―Jacó também seguiu

o seu caminho, e encontraram-no os anjos de Deus. E Jacó disse, quando os viu: Este é o exército de Deus‖ (Gn 32:1-2).

Lemos deles também no último livro: ―E houve batalha no céu; Miguel e seus anjos batalhavam contra o dragão‖ (Ap 12:7).

Também lemos deles em outras partes, por exemplo, o grande exército que cercou e protegeu Elias (II Rs 6:17).

Assim vemos a grandeza do poder de Deus. Enquanto há muitos seres humanos com os quais Ele tem prazer em Se

identificar, Ele não Se limita aos herdeiros de Adão — há legiões de anjos que estão sob Suas ordens, que correm para fazer

a Sua vontade; um grande exército que nunca será derrotado. Não importa quantos sejam os nossos inimigos espirituais,

podemos aplicar as palavras de Elias a nós mesmos: ―Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão

com eles‖ (II Rs 6:16).

―Deus dos espíritos e de toda carne‖ (Nm 16:22): o Deus compassivo

Esta expressão ocorre somente duas vezes – ambas no livro de Números (a outra é em 27:16). Em ambos os casos o

povo de Israel está em grande perigo devido a uma crise de liderança; o perigo de todos eles morrerem devido a rebelião de

Coré (cap. 16), e o perigo de ficarem como ovelhas sem pastor, porque Moisés não iria entrar na terra prometida com eles

(cap. 27). Em ambos os casos Moisés apela a Deus, como o ―Deus dos espíritos e de toda carne‖, para agir em misericórdia,

e poupar o Seu povo. Parece que ao se referir aos ―espíritos‖, Moisés está enfatizando que os seres humanos são mais do que

mera ―carne‖, são seres espirituais, singulares na Criação de Deus, e baseado nisto Moisés faz seu apelo a Deus para que

sejam preservados.

Nos nossos dias, quando vozes poderosas do mundo tentam doutrinar as pessoas a pensarem que os seres humanos são

simplesmente o ápice de um longo processo de evolução, é bom lembrar que não é assim — o homem foi criado à imagem e

semelhança de Deus, tem um Espírito, que o diferencia dos outros seres criados na Terra, e faz dele o objeto especial do

amor e cuidado de Deus.

―Deus de Israel‖ (Êx 5:1): o Deus da aliança

Sem dúvida alguma esta é a expressão com o maior número de referências. Fala do relacionamento de Deus com o Seu

povo da aliança — os filhos de Abraão através de Isaque e Jacó. Várias outras expressões que incluem ―Deus de …‖

também descrevem o Seu relacionamento com aquela nação:

Êx 3:6 ―Deus de Abrão‖, ―Deus de Isaque‖, e ―Deus de Jacó‖;

Êx 3:13 ―Deus de vossos pais‖;

Êx 3:18 ―Deus dos hebreus‖;

Dt 26:7 ―Deus de nossos pais‖;

Dt 29:25 ―Deus de seus pais‖;

I Sm 17:45 ―Deus dos exércitos de Israel‖;

Jr 31:1 ―Deus de todas as famílias de Israel‖.

Deus fez uma aliança com Abraão (Gn 15:18-21), e posteriormente a confirmou com ele (Gn 17:4-8; 22:15-18), com

Isaque (Gn 26:2-5), e com Jacó (Gn 28:13-14). Apesar da nação que descendeu deles ter falhado, Deus frequentemente lhes

diz que, embora Israel será severamente castigada pelos seus pecados, no entanto Ele não os abandonará (por exemplo, Sl

89:31-34). Hoje em dia, Deus está separando dentre os gentios ―um povo para o seu nome‖ (At 15:14), mas quando ―a

plenitude dos gentios haja entrado‖ (Rm 11:25), então a cegueira de Israel será removida, e Israel será salva (Rm 11:25-26).

A razão que Paulo dá para isto é muito interessante: ―amados por causa dos pais‖ (Rm 11:28). Deus é o Deus que guardará

todas as promessas que fez.

Isto é claramente ilustrado na ocorrência da expressão ―Deus de Israel‖ (ou melhor, pela falta da ocorrência dela) no

Novo Testamento; ocorre somente duas vezes, e ambas as vezes nos Evangelhos — nunca ocorre em Atos ou nas Epístolas.

Entretanto, muitas das suas ocorrências no Velho Testamento são com relação ao futuro (por exemplo, Is 52:12). Para Israel,

no presente, pode-se dizer: ―Não sois meu povo‖, mas num dia futuro será dito: ―Vós sois filhos do Deus vivo‖ (Os 1:10).

Embora a Igreja não seja Israel, podemos ser encorajados por saber que temos um Deus que cumpre as Suas promessas,

e da mesma forma que Ele irá cumprir as Suas promessas a Israel, Ele cumprirá as Suas promessas a nós.

Deus de pessoas — individual

Cada um dos indivíduos com quem Deus identifica o Seu nome merece um estudo completo. Entretanto, vamos somente

observar um aspecto principal de cada indivíduo; uma característica com a qual Deus estava disposto a Se associar — uma

característica que devemos procurar imitar. Vamos considerá-los na ordem em que são mencionados nas Escrituras.

―Deus de Sem‖ (Gn 9:26): um homem circunspecto

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O pano de fundo desta citação é desagradável; Noé estava embriagado e nu na sua tenda. Seu filho Cão o achou assim,

talvez por acaso, mas ele certamente falhou na sua reação: ele deixou de cobrir a nudez de seu pai, e ainda foi comentar com

os outros. Sem e Jafé se comportam de forma louvável, no que poderíamos chamar de uma atitude para ―minimizar o dano‖;

eles cobrem a nudez de seu pai evitando ver o seu estado. Noé pronuncia uma bênção sobre o ―Deus de Sem‖, assim

indicando a aprovação de Deus com a atitude de Sem.

Certamente podemos aprender com o comportamento respeitoso de Sem. É um bom exemplo em situações familiares.

Ele respeitou e honrou o seu pai, mesmo que Noé estivesse em falta. É sempre desagradável, por exemplo, ouvir alguém

falar mal de seus próprios pais, mesmo se ele tiver motivos para isto. Sem nos dá um bom exemplo também para a vida na

igreja local: como povo de Deus, todos temos as nossas faltas, e o pecado não deve ser ―varrido para debaixo do tapete‖,

mas quando há falhas, então o amor e consideração cristã deveriam nos motivar a limitar ao máximo o estrago que

inevitavelmente será causado. Uma aplicação simples e prática é evitar falar sobre o assunto com aqueles que não precisam

saber. Lembremos: ―o amor cobrirá a multidão de pecados‖ (I Pe 4:8).

―Deus de Abraão‖ (Gn 24:27): um homem chamado

Há muita coisa que poderíamos aprender com o exemplo de Abraão, mas vamos nos limitar ao primeiro ponto

mencionado em Hebreus cap. 11: ―Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por

herança; e saiu, sem saber para onde ia‖ (v. 8). Todas as suas bênçãos subsequentes foram resultado disto, e sua vida, a partir

deste ponto, foi vivida em conformidade com a decisão que ele tomou.

Isto nos faz lembrar que somos um povo chamado. Nós fomos ―chamados das trevas para a sua maravilhosa luz‖ (I Pe

2:9). Nós fomos chamados pelo evangelho (II Ts 2:14). Falta espaço para pensarmos na esperança da Sua vocação (Ef 1:18);

na vocação celestial (Hb 3:1); na vocação santa (II Tm 1:9); e na vocação soberana (Fp 3:14), mas é suficiente notar que

todas as nossas bênçãos resultam de termos respondido ao chamado do Evangelho, e nossas vidas devem ser vividas de

maneira consistente com isto: ―Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira

de viver; porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo‖ (I Pe 1:15-16).

―Deus de Isaque‖ (Gn 28:13): um homem contente

De muitas formas a vida de Isaque não foi tão ―dramática‖ quanto a de seu pai e de seu filho mais novo. Ele não viajou

tanto e teve menos ―crises‖ na sua vida, apesar de ter vivido mais do que eles. Ele se contentou em viver sua longa vida da

forma e no lugar que Deus desejou. Isto é indicado na primeira menção que temos dele em Hebreus 11: ―… habitou na terra

da promessa, como em terra alheia‖ (v. 9). Nós o vemos contente em se submeter a seu pai, até mesmo à morte (Gn 22),

contente em deixar seu pai encontrar uma esposa idônea para ele (Gn 24); ele não insistiu nos seus ―direitos‖ quando outros

disputaram os poços que ele cavara — ele simplesmente foi adiante e continuou cavando (Gn 26); ele se contentou com a

esposa que Deus lhe deu — sua vida é um exemplo brilhante de uma longa vida de fidelidade a uma esposa — algo que não

podia ser dito de seu pai, seus filhos, e de mais do que um de seus netos.

Não é que ele não teve tristezas; a morte de sua mãe (Gn 24:67); a escolha das esposas de Esaú (Gn 26:34-35); o engano

de Jacó (Gn 27:33), todas estas experiências foram dolorosas para ele. Entretanto, como mostram as suas últimas palavras

registradas, ele descansou nas promessas de Deus (Gn 28:2-4).

Nisto ele tem algo a nos ensinar: o valor para Deus de uma vida quieta, piedosa, exemplar, vivida em contentamento, no

gozo das bênçãos de Deus, sabendo, mesmo no meio das tristezas, que Deus está em controle, e que as Suas promessas

nunca falharão. Deus se apraz em ser chamado o Deus de tais pessoas.

―Deus de Jacó‖ (Gn 49:24): um homem transformado

Um das coisas que chama a atenção, ao considerarmos Jacó, é que ele foi um homem complemente transformado por

Deus. Seu nome foi mudado de Jacó (―Suplantador‖) para Israel (―Príncipe com Deus‖, Gn 32:28). Esta mudança de nome

provocou uma mudança de caráter. Vemos seu caráter de ―Jacó‖ desde o ventre, quando ele lutou com o seu gêmeo (Gn

25:22); através de seus planos para obter a primogenitura (Gn 25:29-34), e a bênção (Gn 27:1-46). Uma série de encontros

com Deus mudariam a sua vida, especialmente em Betel (Gn 28:10-22) e Peniel (Gn 32:24-32), além das muitas tristezas

por que passou — distante do lar, enganado pelo seu tio, a morte de Raquel, desapontamento com os seus próprios filhos, a

angústia pela longa separação de José — resultaram num homem completamente transformado; um homem poderoso para

Deus que, no final da sua vida, podia falar com tanta dignidade e autoridade aos seus doze filhos (Gn 49), e ao chegar ao

final da sua mensagem podia falar do ―Valente [Deus] de Jacó‖ (v. 24).

Nenhum de nós irá provar a variedade de situações que Jacó conheceu na sua vida; mas deveríamos ser profundamente

gratos a Deus pelas mudanças que ele operou em nós. Em Efésios 2, Paulo menciona aos seus leitores o que eles eram antes,

e fala da grande mudança que a salvação operou na vida deles, no presente e no futuro. O mesmo é verdade acerca de nós.

Que possamos sempre procurar andar de acordo com esta mudança; uma mudança que ―não vem das obras‖ (v. 9), mas que

tem em vista produzir uma vida de ―boas obras‖ (v. 10).

―Deus de Elias‖ (II Rs 2:14): um homem corajoso

Quanta coragem vemos na vida de Elias! Ele estava disposto a enfrentar um rei perverso e cruel em diversas ocasiões (I

Rs 17:1; 18:17-19; 21:17-24), desafiar os profetas de Baal, a quem o povo estava servindo, e desmascará-los em público (I

Reis 18). Verdadeiramente ele é um exemplo de coragem piedosa. Não é que ele era imune ao medo e outras fraquezas (I Rs

19:3, 10, 14 e Tg 5:17), e isto deveria nos encorajar ainda mais: é um lembrete que dependemos não da nossa própria força,

mas de Deus. Vivemos em dias difíceis, quando a sociedade procura marginalizar aqueles que defendem a Deus. Que

aprendamos com Elias a lição de coragem, pois nossa confiança está em Deus.

―Deus de Davi‖ (II Rs 20:5): um homem compassivo

Muito poderia ser dito acerca de Davi, mas vamos escolher somente um ponto: a primeira ocasião em que o vemos nas

Escrituras (I Sm 16:11), ele estava cuidando das ovelhas de seu pai. Isto nos mostra também o cuidado que ele tinha com o

povo, como vemos demonstrado frequentemente na sua vida: seu cuidado pela nação (I Sm 17:26); pelos seus pais (I Sm

22:3-4); por Saul e Jonatas (II Sm 1:17-27); pelos seus filhos (II Sm 12:16; 18:33); e por Mefibosete (II Sm 9).

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Não é de se admirar que Samuel descreve Davi como ―um homem segundo o seu [de Deus] coração‖ (I Sm 13:14), pois

ele certamente tinha algo daquele coração cuidadoso de pastor que Deus tem pelo Seu povo. Que nós também possamos ter

um coração assim — um cuidado pelo povo de Deus, que sempre busca o seu bem, e um cuidado por aqueles que ainda

estão nos seus pecados, para que sejam ganhos para Cristo.

―Deus de Ezequias‖ (II Cr 32:17): um homem vencedor

O contexto desta citação, o cap. 32 de II Crônicas, é o ataque verbal de Senaqueribe contra Ezequias e o seu povo, que

estavam sitiados em Jerusalém. Senaqueribe estava reforçando a sua ameaça de um ataque militar, tentando desmoralizar o

povo de Judá, usando as palavras do seu servo, e também por carta, na qual ele se gabava: ―Assim como os deuses das

nações das terras não livraram o seu povo da minha mão, assim também o Deus de Ezequias não livrará o seu povo da

minha mão‖ (v. 17). Ezequias e Isaías reagiram da forma correta; eles oraram a Deus (v. 20), e no versículo seguinte vemos

Senaqueribe, não somente derrotado, mas morto. ―Assim livrou o Senhor a Ezequias, e aos moradores de Jerusalém‖ (v. 22).

Portanto, em Ezequias, vemos um homem que venceu não pelo seu próprio poder, mas em dependência a Deus. Paulo

nos diz: ―… fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder‖ (Ef 6:10), e nisto podemos ter a vitória sobre o nosso inimigo,

Satanás, de quem Senaqueribe é uma figura.

―Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego‖ (Dn 3:28): homens consistentes

Aqui temos três homens que recusaram se prostrar diante da imagem do rei. Entre as suas muitas qualidades admiráveis,

vamos considerar apenas uma: sua constância. Havia muitas tentações para que eles agissem de forma diferente: eles eram

jovens; estavam longe de casa; estavam num ambiente completamente hostil à sua fé; havia um preço alto a ser pago por

recusar se conformar; o argumento ―mas todo mundo está fazendo‖ poderia ser apresentado; poderiam argumentar que se

encurvar diante da estatua ―não faria mal a ninguém‖. Havia muitas desculpas em potencial para comprometer os seus

padrões. No entanto nenhuma destas coisas os abalou. As circunstâncias não mudaram sua posição. Isto ganhou grande

respeito, não somente para eles mas também para o seu Deus: ―Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego‖

foram às palavras do rei Nabucodonosor (3:28).

Quão grande é a tentação para nós comprometermos os nossos princípios — mudarmos de acordo com as circunstâncias

em que nos encontramos. Deus fica feliz em se identificar com aqueles que, como estes três homens, são constantes. Não é

fácil, mas isto produzirá respeito, e fará com que os homens glorifiquem a Deus.

―Deus de Daniel‖ (Dn 6:26): um homem incontaminado

É claro que tudo o que falamos dos seus três amigos poderia ser dito de Daniel, mas vamos nos concentrar na primeira

coisa dita sobre ele: ―E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção do rei, nem com o vinho que ele

bebia‖ (Dn 1:8).

A provisão do rei é uma figura das coisas que nos contaminariam. Há muito neste mundo hoje que contamina — tal

como os seus padrões, seus valores, seus entretenimentos, e sua literatura. Que possamos, como Daniel, propor em nossos

corações não nos contaminarmos. A maneira de evitar a contaminação é evitar se expor, da mesma maneira como Daniel

evitou tomar parte naquilo que o rei fornecia. Seus ―legumes e água‖ (1:12) sem dúvida não eram apetitivos aos babilônios,

mas eles tiveram que reconhecer que Daniel e seus amigos estavam com semblantes melhores devido a esta alimentação

(vs. 15-16). Assim também a nossa ―dieta‖ da Palavra de Deus não é atrativa para as pessoas deste mundo, mas é para o

nosso bem — não há nenhum sustento neste presente mundo mau.

Ao considerar as qualidades admiráveis em todas estas pessoas, precisamos ter em mente que foi Deus quem efetuou

estas coisas neles, e ao Se chamar ―seu Deus‖, Deus está indicando que são características que O agradam, pois refletem

algo do Seu próprio caráter. Nisto, todos eles são um exemplo para nós seguirmos.

Deus de provisões

Ao encerrar, vamos considerar algumas citações do livro dos Salmos, onde, diversas vezes, temos a expressão ―Deus da

minha [do meu] …‖. Evidentemente o salmista tem uma apreciação de que este grande Deus é Aquele que tem um interesse

pessoal nele, e que supre abundantemente para ele. Podemos regozijar que isto é assim para cada um de nós também, e

vamos brevemente aplicar cada uma destas citações a nós. Vamos considerá-las na ordem em que elas aparecem:

―Deus da minha justiça‖ (Sl 4:1)

Nós éramos injustos; agora somos justos. Não foi nossa própria justiça, nem a justiça pessoal de Cristo, mas uma justiça

concedida por Deus em justiça, porque ―estamos nEle‖. Como diz Paulo: ―… não tendo a minha justiça que vem da lei, mas

a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé‖ (Fp 3:9).

―Deus da minha salvação‖ (Sl 18:46)

Que bênção é a salvação que temos! E tudo isto vem de Deus: ―Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não

vem de vós, é dom de Deus. Não vem de obras, para que ninguém se glorie‖ (Ef 2:8-9).

―Deus da minha vida‖ (Sl 42:8)

Será que o salmista se refere à sua vida física ou à sua vida espiritual? Será que significa que Deus é o Doador da vida,

ou que Ele é o Sustentador dela, ou que Ele é Aquele que é Senhor dela? Não precisamos perder tempo discutindo isto, pois

todos são verdadeiros. Assim deve ser conosco. Deus não é somente o Doador e Sustentador da nossa vida, Ele é também

Senhor da vida; na verdade Cristo ―é a nossa vida‖ (Cl 3:4).

―Deus da minha fortaleza‖ (Sl 43:2)

Não podemos viver para Deus na nossa própria força. Paulo diz: ―Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece‖ (Fp

4:13).

―Deus da minha misericórdia‖ (Sl 59:10)

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Deus é verdadeiramente ―rico em misericórdia‖ (Ef 2:4), e esta misericórdia está disponível a nós.

―Deus do meu louvor‖ (Sl 109:1)

Em vista de todas estas provisões, Davi sabia que o Senhor era digno do seu louvor. Ele também é digno do nosso

louvor: ―Portanto, ofereçamos sempre por Ele a Deus sacrifícios de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu

nome‖ (Hb 13:15).

E assim, precisamos encerrar o capítulo, com mais uma citação de ―Deus de …‖: ―Bendito seja o Senhor que de dia em

dia nos carrega de benefícios; o Deus da nossa salvação (Selá)‖ (Sl 68:19).

Cap. 10 — ―O Deus de …‖ no Novo Testamento

Por Walter A. Boyd, Irlanda do Norte

Ao estudar os nomes e títulos de Deus é importante ter em mente que nos tempos bíblicos os nomes tinham uma função

diferente do que em nossos dias. Os nomes e títulos não apenas identificavam as pessoas, as distinguiam umas das outras e

as ligavam com a sua família, mas também revelavam algo da natureza e do caráter da pessoa. Isto é especialmente verdade

quando se trata de nomes e títulos de Deus, como revelados nas Escrituras Sagradas.

Os títulos ―Deus de …‖ no Novo Testamento nos apresentam os atributos e qualidades de nosso Deus, e são revelados

para que possamos apreciar o Deus da nossa salvação (Sl 68:20), e todo o frescor, plenitude e glória do Seu caráter. O estudo

destes nomes fornecerá uma riqueza de informação que nos levará a uma compreensão mais plena e completa do Seu

propósito, poder e programa para as nossas vidas.

Ao olharmos para estes nomes e títulos de Deus no Novo Testamento, vamos lembrar que enquanto seja importante

dividir corretamente a Palavra da verdade (II Tm 2:15), e assim distingui-los dos títulos do Velho Testamento, estamos

tratando da mesma Pessoa gloriosa. Não estamos fazendo distinção entre o Deus do Novo Testamento e o Deus do Velho

Testamento; estamos distinguindo os atributos pelos quais Ele se revelou em determinada ocasião. Deus, que revelou-Se a Si

mesmo aos homens por várias designações nos dias do Velho Testamento, é a mesma Pessoa que Se revela a Si mesmo a

nós através da Sua Palavra na nossa dispensação.

Vamos examinar os nomes e títulos conforme a ordem cronológica em que aparecem no Novo Testamento: nos

Evangelhos, em Atos dos Apóstolos; nas Epístolas; e no Apocalipse.

O Deus de Israel (Mt 15:31)

“De tal sorte que a multidão se maravilhou vendo os mudos a falar, os aleijados sãos, os coxos a andar, e os cegos a ver; e glorificava o Deus de Israel.”

Este título aparece desta forma somente uma vez no Novo Testamento. Um título semelhante é usado por Paulo no seu

sermão na sinagoga de Antioquia da Pisídia: ―o Deus deste povo de Israel‖ (At 13:17). Outra ocorrência semelhante, mas

distinta, com a qual iremos lidar separadamente, é o título usado por Zacarias em Lc 1:68: ―o Senhor Deus de Israel‖. O

significado do uso único deste título ―o Deus de Israel‖ fica claro quando observamos algumas coisas.

É significativo que o Evangelho de Mateus foi escrito com um forte pano de fundo judaico; e é somente através de

reconhecer o Deus de Israel que os gentios recebem bênção divina. Bem no início da revelação de Deus no Novo

Testamento, aprendemos por meio dos Seus títulos como Deus irá lidar com os homens nesta dispensação. O seguinte ponto

fica claro: as bênçãos desfrutadas pela humanidade necessitada (neste caso, os mudos, os aleijados, os coxos e os cegos) são

recebidas através do Deus de Israel, quando Ele estende as mãos além dos limites da Judéia, aos habitantes da Galileia que

eram considerados, na melhor das hipóteses, somente parcialmente judeus. No que consideramos ser o ―Evangelho Judaico‖,

o Senhor Jesus estende a Sua mão além de Israel, a estes rejeitados!

Outro fator interessante é a posição do título no contexto do Evangelho de Mateus. Os atos do Senhor Jesus,

imediatamente antes deste incidente, mostram que o Messias havia Se apresentado à nação judaica e demonstrado as Suas

valiosas credenciais. Entretanto, a nação obstinada havia recusado reconhecer Seu Rei e o Seu reino. Começam a manifestar

sua oposição. O Senhor percebe a sua dureza (Mt 13:57-58), e como resultado da sua rejeição Ele começa a Se retirar dos

líderes da nação. Ele se retirou ―para um lugar deserto‖ (Mt 14:13), e depois para Tiro e Sidom (15:21). Agora Ele está em

território gentio, e esta mudança geográfica é marcada por sinais milagrosos, começando com a cura da filha da mulher

cananeia (15:22-28), e em seguida, as grandes multidões ao redor do Mar da Galileia foram abençoadas (15:29-31).

Romanos 15:8-9 mostra que este afastamento da nação de Israel fazia parte do grande plano divino de graça. O Senhor

Jesus veio como o Servo da nação dos judeus para confirmar as promessas feitas à nação, e para trazer bênçãos para os

gentios. Assim os gentios bendiriam a Deus pela Sua misericórdia. Em Mateus 15 estes gentios que foram abençoados pelo

Messias de Israel glorificam o Deus de Israel, assim demonstrando maior percepção que os líderes judeus que O rejeitaram.

O plano divino de abençoar o mundo terá o seu cumprimento final quando Deus, mais uma vez, se dirigirá aos judeus

durante o reino milenar de Cristo. Mesmo embora Israel tenha rejeitado o Seu Rei, Deus abençoará os gentios por meio do

Seu reino universal, e os gentios salvos reconhecerão que a bênção deles vem do Deus de Israel.

―O Deus de Israel‖ é um título usado primeiramente no Velho Testamento por Moisés, quando ele se dirige a Faraó (Êx

5:1). Em Êxodo 3:6-7 Deus apareceu a Moisés na sarça, e usando o título da aliança, Yahweh, disse que Ele era ―o Deus de

teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó‖. Deus deu a Moisés instruções para que tirasse o Seu povo

(os filhos de Israel) do Egito (Êx 3:10). Ao entender esta revelação dada por Deus, Moisés vai a Faraó e

chama Yahweh ―Deus de Israel‖ (5:1), significando que a nação pertencia a Deus. Ele era dono deles e, portanto, realizará o

Seu propósito para eles e Suas promessas a eles. Parte deste propósito é a bênção de todas as nações da terra por meio da

semente de Abraão (Gn 22:18). Este propósito é manifestado na bênção do Senhor para com os gentios em Mateus 15.

O Deus de Abraão, Isaque e Jacó (Mt 22:32)

“Eu sou o Deus de Abrão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.”

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O pano de fundo desta afirmação feita pelo Senhor Jesus é a Sua resposta à atitude hostil dos líderes judaicos. Os

fariseus haviam tentado emaranhar o Senhor Jesus nas Suas palavras com a famosa pergunta sobre pagar impostos, mas Ele

lançou a pergunta de volta a eles e confundiu as suas tentativas de apanhá-lO em alguma palavra (Mt 22:15-22).

Antes disso, os saduceus estiveram presente, como observadores silenciosos, no batismo do Senhor Jesus (Mt 3:7-9);

mas João Batista condenou a atitude deles, e expos os seus pensamentos secretos e sombrios enquanto pregava. Eles ficaram

furiosos com a mensagem de João Batista sobre o Messias vindouro, e diziam para si mesmos: ―Temos por pai a Abraão‖.

Basicamente o que eles estavam pensando era: ―Não precisamos nos arrepender e preparar para a vinda do Messias, pois

somos os verdadeiros descendentes de Abraão‖, mas João enfatizou a sua necessidade de arrependimento e falava da sua

destruição se eles rejeitassem os seus avisos (Mt 3:10).

Em Mateus 22:23-28, os saduceus aparecem com uma pergunta, obviamente para testar o Senhor. Eles falam de uma

mulher que morreu sem ter filhos, depois de ter se casado sucessivamente com seis irmãos do seu falecido marido.

―Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será a mulher?‖ Eles provavelmente pensavam que a pergunta era uma que

finalmente colocaria o Salvador numa situação complicada, mesmo embora mais cedo naquele mesmo dia Ele havia

derrotado o argumento dos líderes rivais, os fariseus. Os saduceus sofrem a mesma humilhação, e eles também se retiram

confusos com a sabedoria do Salvador. Quando a multidão ouviu a resposta do Salvador, ―ficaram maravilhados da Sua

doutrina‖.

A pergunta dos saduceus era baseada num fato hipotético, dentro da sua especialidade religiosa, sobre uma mulher que

morre depois de ter uma série de maridos, não por imoralidade, mas por causa da lei do levirato de Dt 25:5-6. Eles pensavam

que a sua pergunta habilidosa era segura, porque estava baseada nas Escrituras do Velho Testamento. Finalmente, pensavam

eles, a resposta do Salvador iria contradizer a Lei de Deus. A pergunta do seu enigma teológico era: ―Por fim, depois de

todos, morreu também a mulher. Portanto na ressurreição, de qual dos sete será a mulher, visto que todos a possuíram?‖ (Mt

22:28).

O Salvador revela aos saduceus a sua ignorância proposital das Sagradas Escrituras: ―Errais, não conhecendo as

Escrituras, nem o poder de Deus. Porque na ressurreição nem casam, nem são dados em casamento; mas serão como os

anjos de Deus no céu‖ (Mt 22:29-30). Ele revelou a sua cegueira, perguntando se eles não haviam lido nas Escrituras o que

Deus lhes havia dito em Êxodo 3:6: ―Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó‖, e

acrescenta ―Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos‖ (Mt 22:31-32). Deus havia feito promessas de aliança com

Abraão, Isaque e Jacó, a quem os saduceus consideravam ser seus ancestrais.

O Deus dos vivos (Mt 22:31-32)

“E, acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.”

A segunda parte da resposta do Senhor aos saduceus era que Deus não era apenas o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, mas

que Ele era também Deus dos vivos. A verdade da ressurreição do corpo é uma doutrina fundamental para o Senhor Jesus e

deveria ser defendida, pois a aproximação e a pergunta dos saduceus era um ataque sobre o poder de Deus e a clareza das

Escrituras. A ressurreição é o meio pelo qual muitos vão entrar nas bênçãos do reino futuro do Messias. Ao citar Êxodo 3:6,

o Senhor Jesus está ensinando que Abraão, Isaque e Jacó desfrutariam das bênçãos do reino. J. N. Darby diz no seu

comentário sobre o Evangelho de Mateus: ―As promessas feitas aos Pais permaneciam firmes, e os pais estavam vivos para

desfrutar destas promessas no futuro‖. A resposta do Salvador às suas artimanhas vai além do conteúdo da pergunta. Ele não

se prende às suas artimanhas, mas mostra que, por eles negarem a verdade bíblica da ressurreição, eles foram levados a

pensar infundadamente que a situação desta viúva era uma prova de que não pode haver ressurreição. O Senhor os traz de

volta à verdade fundamental da ressurreição. Quando o Deus eterno da aliança falou a Moisés centenas de anos depois da

morte de Abraão, Isaque e Jacó, Ele ainda era o Deus dos vivos. Como? Abraão, Isaque e Jacó ainda existiam. Eles haviam

morrido na esperança que Deus cumpriria as Suas promessas a eles, e para eles alcançarem esta esperança é necessário que

haja uma ressurreição.

Deus falou a Moisés e se identificou como Yahweh: ―Eu sou quem Eu sou‖, uma declaração divina do sempre existente,

eternamente presente Deus. A passagem de centenas de anos, e o fato óbvio que os corpos dos patriarcas já haviam se

transformado em pó, não altera a verdade que Jeová ainda é o Deus deles. Ele é o Deus dos vivos! Os patriarcas não

deixaram de existir, mas estão na presença de Deus, aguardando a ressurreição. O relacionamento estabelecido com eles por

Deus ainda permanece, e eles são assim assegurados de que vencerão a morte na ressurreição.

Além da afirmação registrada por Mateus e Marcos, Lucas acrescenta mais um comentário feito pelo Senhor Jesus: ―Ora,

Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos‖ (Lc 20:38). O Senhor faz uma firmação firme da

verdade: os que morreram tendo Yahweh como seu Deus, estão atualmente, mesmo antes da ressurreição, no gozo da Sua

presença, pois todos tais ―vivem diante dele‖.

O Senhor Deus de Israel (Lc 1:68)

“Bendito o Senhor Deus de Israel; porque visitou e remiu o seu povo.”

Este título foi dado a Deus por Zacarias, o pai de João Batista, na ocasião do nascimento de João. Zacarias havia ficado

mudo devido à sua incredulidade quando o anjo disse que ele teria um filho que seria o precursor do Messias, e que Zacarias

deveria chamá-lo de João.

Assim que o seu filho nasceu e recebeu o nome de João, a incapacidade de falar, pronunciada por Gabriel, ―até ao dia em

que estas coisas aconteçam‖, foi removida (Lc 1:20), e Zacarias ficou cheio do Espírito Santo, para poder profetizar. As

palavras iniciais da profecia de Zacarias eram uma atribuição de louvor ao seu Deus: ―Bendito o Senhor Deus de Israel;

porque visitou e remiu o seu povo‖ (v. 68). Na sua tradução, J. N. Darby inclui um artigo antes de cada nome, para mostrar

que ao invés de ser um título composto, realmente é formado por dois títulos distintos: ―O Senhor, o Deus de Israel‖.

Podemos entendê-lo da seguinte maneira: ―Yahweh, o Deus de Israel‖.

Zacarias está afirmando que o Deus de Israel é o eternamente existente Deus da aliança (Yahweh). Zacarias obviamente

estava apreciando o que o Salmista diz: ―Bendito seja o Senhor Deus, o Deus de Israel, que só ele faz maravilhas‖ (Sl

72:18).

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―O Senhor‖, como disse Zacarias, é um título muito usado por Lucas nos seus escritos. Traz a ideia de ser dono e ter

controle. ―O Deus de Israel‖ é um título frequente no Velho Testamento, e indica o relacionamento que a nação de Israel

desfruta com o seu Deus. O Deus da nação é o Deus que cumpre Suas alianças, Aquele que Se revelou desta maneira a

Moisés quando Ele o chamou da sarça ardente em Êxodo cap. 3. Apesar do fracasso da nação nos dias de Zacarias, Deus

havia permanecido fiel às Suas promessas, e estava para levantar ―uma salvação poderosa‖ no Messias (Lc 1:69).

O Messias terá o poder de salvação para a nação; somente Ele poderá trazer libertação, e João será o Seu precursor. É

interessante observar que Zacarias fala, do v. 68 ao v. 79, principalmente usando o tempo passados dos verbos. Para ele, era

um fato consumado. O nascimento do seu filho João era uma indicação do propósito completo de Deus, e garantia para

Zacarias que a promessa de um Messias era tão segura como se já tivesse sido cumprida. Para Zacarias era uma certeza:

―visitou o Seu povo‖.

A descrição ―Seu povo‖ enfatiza a apreciação que Zacarias tinha da nação de Israel como povo de Deus, a quem Ele

havia feito Sua promessa através de Moisés em Êxodo 3:7, 10, que foi a primeira vez que Deus os chamou de ―meu povo‖.

Quando Zacarias considerou tudo o que o nascimento do seu filho representava, seu coração se encheu de louvor a Deus

pelo Messias, cuja vinda representaria salvação e libertação para Israel. Quando Zacarias ouviu, pela primeira vez através de

Gabriel, o significado do nascimento do seu filho, ele duvidou, mas ele teve alguns meses para considerar e contemplar o

que ele ouvira. Não há dúvida alguma que, durante estes meses de contemplação silenciosa da mensagem angelical, ele

meditou nas profecias das Escrituras. Sua incredulidade desapareceu, e a chama da fé foi reascendida para brilhar claramente

na sua apreciação de Deus. O Deus de Israel havia cumprido as Suas promessas, primeiramente trazendo ao mundo, de uma

maneira milagrosa, o precursor, através do ventre idoso e estéril de Isabel. O Deus que havia trazido o precursor também

traria o Messias, e Zacarias regozijava neste fato. O Messias que viria seria como o Sol nascente que dispersa as trevas de

uma longa noite, e guiaria Israel pela paz da luz da alvorada (Lc 1:78-79). Somente o Senhor (Yahweh) tinha poder para

executar um milagre como o nascimento de João Batista, e Ele cumpriria também a Sua promessa do Messias. Zacarias diz:

―Bendito seja tal Deus‖. O adjetivo ―bendito ― é Eulogeetosque é usado no Novo Testamento somente em relação a Deidade.

É uma palavra diferente do verbo mais comum, que significa ―falar bem de‖. Quando Zacarias diz: ―Bendito seja‖, ele está

descrevendo aquilo que Deus é; não o que ele pensa de Deus. O Senhor é o Deus de Israel, e Ele é caracterizado como um

Deus de bênção.

O Deus de nossos pais

Este título aparece cinco vezes, com ligeiras variações, no livro histórico escrito por Lucas, Atos dos Apóstolos. Cada

ocorrência está no relato de uma pregação. Em Atos 3:13 e 5:30 é usado por Pedro; em 7:32 é usado por Estêvão; e em

22:14 e 24:14 é usado por Paulo. Em cada uma destas ocorrências tem um aspecto nacional distinto, com ―os pais‖ sendo um

título dado aos progenitores da nação de Israel: Abraão, Isaque e Jacó. O espaço nos permite analisar somente a referência

feita por Pedro.

Atos 3:13

“O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu filho Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, tendo ele determinado que fosse solto.”

Esta afirmação de Pedro faz parte da sua explicação, a uma multidão maravilhada, depois de Deus ter curado o coxo que

ficava à porta do Templo. Ele diz aos seus ouvintes para não repreendê-lo nem ficar surpresos com o ocorrido. ―Homens

israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade

fizéssemos andar este homem?‖ (At 3:12). Enquanto Pedro explica que não foi o seu próprio poder que curou o coxo, ele

também se preocupa em confirmar a sua própria linhagem judaica, afirmando que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó é

também o ―Deus de nossos pais‖. Ele é o Deus de Pedro, e o Deus dos que estavam ouvindo a Pedro.

Pedro então continua e acusa os seus ouvintes da sua culpa na morte de Jesus, que é o Filho de Deus. Através da sua

ignorância de Deus, eles haviam ―negado‖ e ―entregado‖ o Seu Filho (v. 17). Entretanto, foi Deus quem ressuscitou a Seu

Filho dentre os mortos, e Jesus é o ―servo‖ de Deus (veja 3:13 na ARA). Pelo argumento de Pedro, ele mostra que a nação

era culpada da rejeição do Servo do Deus de seus pais. Pedro apresenta a magnitude da sua culpa pelos elos importantes que

ele faz com os ilustres da sua história nacional. Ele reúne um grande número de testemunhas contra eles, citando homens

reverenciados na história da nação: os santos profetas (3:21), Moisés (3:22), todos os profetas, e Samuel (3:24). O povo a

quem Pedro se dirigia era culpado de ignorar séculos do procedimento de Deus para com eles como nação, e de rejeitar o

testemunho enviado por Deus pelos porta vozes da nação. Quão grande era a culpa deles!

Os ouvintes de Pedro, que conheciam as Escrituras do Velho Testamento, deveriam ter reconhecido a importância do uso

que Pedro fez do título ―o Deus de Abraão, de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos pais‖. Este título foi usado pela primeira

vez por Deus. Quando Deus falou com Moisés em Horebe (Êx 3:6), Ele chamou Moisés de Seu servo, e o enviou ao Egito

para libertar a nação de Israel. Esta foi também a primeira ocasião em que Deus chamou Israel de ―meu povo‖. Isto deve ter

atingido a consciência dos que ouviam a Pedro, ao serem relembrados do dia da redenção da nação.

Atos 5:30-31

“O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, o qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro. Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.”

Nesta ocasião, Pedro não está falando com o povo em geral, mas com o Sinédrio. O sumo Sacerdote e a sua coorte, os

saduceus, haviam se enchido de ira com as atividades de Pedro e dos apóstolos enquanto eles pregavam, e Deus curava as

multidões. A ira e animosidade dos líderes judaicos resultou na prisão dos apóstolos. Seu aprisionamento foi curto, pois o

anjo do Senhor abriu a portas da prisão durante a noite, e os tirou de lá, e os enviou de volta à cidade para pregar, onde eles

deveriam apresentar-se no Templo, e dizer ao povo todas as palavras desta vida (At 5:20). Os apóstolos foram presos

novamente, trazidos perante o conselho, e avisados solenemente sobre a sua pregação (5:27-28). A defesa de Pedro diante do

conselho foi direta e clara, e ele salientou a sua responsabilidade ao dizer: ―Mais importa obedecer a Deus do que aos

homens‖ (5:29). Pedro realmente disse, em outras palavras, que a força constrangedora da ressurreição do Senhor Jesus

significava que, como testemunhas, eles não tinham opção a não ser pregar no Seu nome. Eles tinham um chamado e uma

compulsão celestial!

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Quando os líderes judaicos ouviram Pedro dizer: ―O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, o qual vós matastes,

suspendendo-o no madeiro‖, eles deveriam ter compreendido o significado e a insinuação destas palavras. Mas Israel estava

completamente fora de sintonia com os objetivos de Deus e dos pais da nação, quando seus líderes condenaram o Senhor

Jesus à morte. Eles mataram o Senhor Jesus; mas Deus reverteu isto ressuscitando-O dos mortos!

O Deus da glória (At 7:2)

“E ele disse: Homens irmãos, e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã.”

Os títulos que temos considerado até agora explicam a quem Deus tinha Se revelado, por exemplo, Abraão, Isaque e

Jacó. Este nome explica como Deus Se revelou a Abraão: Ele se revelou em glória, ou pela glória.

Inicialmente, Estêvão havia sido acusado de blasfêmia contra Moisés e Deus (6:1), mas quando chamado diante do

conselho, as acusações são mudadas para blasfêmia contra o Templo e a Lei (6:14). Enquanto Estêvão estava diante daquele

ajuntamento de homens eminentes, seu rosto brilhou como de um anjo (6:15), e o Sumo Sacerdote pediu que Estêvão se

explicasse (7:1).

O discurso de Estêvão ao conselho é o de um mestre no seu argumento e conteúdo. Ele manifesta respeito aos seus

superiores ao usar a expressão ―Homens, irmãos e pais‖. Eles eram compatriotas judeus (homens e irmãos), mas também

superiores (pais). Ele então os leva de volta ao início da nação, e afirma que Abraão é o pai dos seus ouvintes, e também o

seu pai. Estêvão está reivindicado descendência mútua, sua e de seus inquiridores, de Abraão, a quem o Deus da glória

apareceu. Ele havia sido acusado de blasfemar contra Moisés; mas ele usa um título de Deus como o Deus que Se revelou

em glória a Moisés no monte Sinai (Êx 24:16). Ele fora acusado de blasfemar contra Deus; mas ele usa um título para Deus

que descreve como Ele se revelou a Isaías (Is 6:3). Estêvão mostra que ele conhecia a Deus como o Deus da glória; e que

este Deus da glória é o mesmo Deus que aparecera a Abraão, o ancestral deles. Aqui ele refuta a acusação de blasfêmia, e a

insinuação de rejeitar tradições nacionais quanto à formação da nação — Estêvão é totalmente ortodoxo! O motivo pelo qual

o seu rosto estava ―como o rosto de um anjo‖ (6:15) era simplesmente porque Estêvão tinha comunhão íntima com o Deus

da glória. Como Moisés, que no passado havia sido acusado de blasfemar, o rosto de Estêvão irradiava a glória do Deus em

cuja presença ele tinha estado (Êx 34:33-35).

Conforme Estêvão avança na sua defesa, ele menciona os principais períodos da história de Israel, e menciona os

principais personagens: Abraão (7:2); José (7:9); Moisés (7:20); Davi (7:45). Ele então demonstra que embora a sua história

começara com o Deus da glória, cada época manifestou desgraça nacional. A época que começou com Abrão terminou com

os patriarcas vendendo José ao Egito, por causa de inveja, (7:8-9). A época que começou com José, que tinha Deus ao seu

lado, (7:9) terminou com a escravidão no Egito sob o governo de Faraó (7:19). A época que começou com o nascimento de

Moisés e ―aproximando-se o tempo da promessa que Deus tinha feito‖ (7:17), passou por ciclos de rebelião e perdão, como

nenhum outro período. A época que começou com Davi fazendo provisão para a construção da casa de Deus, terminaria em

desgraça com estes líderes atuais resistindo o Espírito Santo, assim como os seus ancestrais haviam feito (7:51).

Estêvão encerra sua defesa ao mostrar que o que havia começado em glória ilustre, com o Deus da glória aparecendo ao

seu pai Abraão, havia manifestado somente fracasso, durante todo o seu percurso, por causa da rebelião e teimosia do

homem contra Deus. Esta rebelião se manifestou em cada época com a perseguição, pela nação, dos profetas que falavam do

Deus da glória (7:52). Muito pior que isto, porém, a nação que tinha recebido a Lei, pela mediação dos anjos, não guardou a

Lei, mas traiu e matou o Justo (7:53).

O resultado do discurso de Estêvão é significativo. O homem que, na nova dispensação, foi o primeiro a falar do Deus

da glória, ―estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de

Deus‖. Em poucos minutos, enquanto as pedras caiam brutalmente sobre o seu corpo, Estêvão, cujo nome significa ―uma

coroa‖, estaria na própria presença do Deus da glória, cuja glória foi a última visão que ele teve sobre a Terra.

Ao concluirmos nossa meditação sobre este título majestoso, que é usado diretamente somente por Estêvão, e ao qual

Paulo se refere (I Co 2:8), e Tiago (Tg 2:1), devemos perguntar, será que o Deus da glória aparece a nós hoje? A resposta

está na vida e no ministério de Estêvão. Ele falou do Deus da glória aparecendo a Abraão, e viu a glória de Deus ligada

intimamente com a mão direita de Deus. Aqui temos um homem que viveu em comunhão com os Céus, e o que ele viu ao

entrar pelos seus portões, através do martírio, era o que ele havia contemplado durante a sua vida cristã. Um homem que

havia gastado a sua vida contemplando o Deus da glória, manifestada no Senhor Jesus Cristo, teve o privilégio abençoado de

ver a glória de Deus no momento em que a sua vida na Terra foi brutalmente encerrada. Não é sem importância que a sua

vida foi caracterizada por graça e poder divinos: ―E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o

povo‖ (At 6:8). A lição para nós hoje é obvia: contemplação do Deus da glória se manifesta na graça de Deus e no poder de

Deus enquanto andamos entre o povo.

O Deus de Jacó (At 7:45-46)

“… Davi, que achou graça diante de Deus, e pediu que pudesse achar tabernáculo para o Deus de Jacó.”

Este é outro título que Estêvão usou no seu discurso perante o Sinédrio, para descrever o Deus do rei Davi. Estêvão

indica que o destaque notável no reinado de Davi era seu constante desejo de edificar uma casa para o ―Deus de Jacó‖. Este

título mostra que, na sua mente, Davi estava voltando ao tempo em que Jacó abençoou os seus doze filhos antes de morrer. É

provável que Davi vivesse na esperança das promessas que Deus havia feito a Jacó que, devido à sua experiência de Deus,

pronunciou a sua bênção sobre seus filhos (Gênesis 49). Uma das bênçãos de Jacó que teria grande importância para Davi

era a bênção a José (Gn 49:22-26). Embora Davi conhecera muitos inimigos que ―lhe deram amargura, e o flecharam e

odiaram‖ (Gn 49:23), pelo poder de Deus, como José ele descobriu que ―o seu arco … susteve-se no forte, e os braços das

suas mãos foram fortalecidas pelas mãos do Valente de Jacó‖ (Gn 49:24). Deus havia prometido a Davi que ele prosperaria

no seu reino, e Ele cumpriu esta promessa. Este é o mesmo Deus que Estêvão servia! Davi explica este poder no Salmo 18,

onde ele fala do poder sendo dado à suas mãos e braços, no contexto do título divino El, que descreve Deus como o único

Deus verdadeiro (Sl 18:32). No Salmo 18 Davi atribui louvor ao seu Deus pelo poder divino que capacitou que suas mãos e

braços o defendessem: ―Deus [El] é o que me cinge de força … Ensina as minhas mãos para a guerra, de sorte que os meus

braços quebraram um arco de cobre‖ (Sl 18:32-34).

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Sendo que o ―poderoso Deus de Jacó‖ havia abençoado Davi de tal forma, seu coração é motivado a afirmar com

confiança que nada o impediria de providenciar uma habitação para ―o poderoso Deus de Jacó‖ (Sl 132:5).

Ao usar este título, Estêvão faz fortes insinuações; não é de se admirar que isto fez com que os líderes judaicos se

enfurecessem ―em seus corações‖ (At 7:54). O Justo, a quem eles traíram e assassinaram (7:52-53), era de fato Deus

habitando entre os homens. Estes líderes estavam em desacordo total com o grande Rei Davi, a quem eles tanto

reverenciavam.

O Deus deste povo de Israel (At 13:17)

“O Deus deste povo de Israel escolheu a nossos pais, e exaltou o povo, sendo eles estrangeiros na terra do Egito; e com braço poderoso os tirou dela.”

Este título é usado pelo apóstolo Paulo no seu discurso na sinagoga de Antioquia da Pisídia. Ele dá um breve resumo da

história nacional, começando com Deus escolhendo a nação quando eles estavam no Egito. Ele se refere ao tempo quando

Deus ouviu o clamor do Seu povo e veio libertá-los. Quando Deus chamou Moisés para a tarefa de libertar a nação, Ele

usou, pela primeira vez, a expressão ―Meu povo‖ para descrevê-los (Êx 3:7, 10). Antes disto, eles eram chamados de ―os

filhos de Israel‖, ou ―os hebreus‖. É interessante notar que anteriormente Faraó havia chamado os egípcios de ―seu povo‖

(―Então ordenou Faraó a todo o seu povo …‖, Êx 1:22). O palco estava pronto para Deus fazer uma diferença entre os

egípcios e Israel (Êx 11:7).

Deus ―exaltou‖ o Seu povo escolhido — literalmente, ―foram feitos grandes‖ — isto sem dúvida se refere à sua

exaltação da escravidão para serem uma nação, como o povo de Deus. Paulo começa sua narrativa histórica com um povo

exaltado e redimido e tirado da escravidão do Egito, e termina com um Redentor que é exaltado na ressurreição (At 13:30,

33, 34, 37). Como Redentor, o Senhor Jesus é uma figura muito maior do que Moisés jamais foi; pois através dEle ―se vos

anuncia a remissão de pecados, e de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados‖ (At 13:38-39).

O Deus dos gentios (Rm 3:29-30)

“É porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios certamente, visto que Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a incircuncisão.”

Em Romanos cap. três, Paulo toma cuidado para destacar a posição especial que os judeus tinham em relação a Deus;

eles eram zeladores da Lei (3:2). Entretanto, aquela posição especial de aliança não os excluía da condenação da Lei; Paulo

diz que ele já tinha provado que tanto os judeus como os gentios estão igualmente debaixo do pecado (3:9). Ele também

afirma que não há justificação por meio da Lei (3:20) — a Lei é impotente para abençoar, quer judeu, quer gentio. Então

qual é a resposta para a necessidade universal do homem? A única solução é a ―justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para

todos e sobre todos os que creem‖ (3:22).

Se todos os homens são condenados pela Lei, e todos os homens podem ser salvos pela fé em Cristo, então Deus deve

ser o Deus dos gentios como também dos judeus. As velhas bênçãos da aliança da terra, a Lei, etc., não dão a Israel um

privilégio acima dos gentios. Deus não faz discriminação; nosso relacionamento com Ele é através da fé em Cristo, e não

através de descendência nacional. Um gentio salvo pode afirmar que o Deus do Evangelho é o seu Deus, assim como um

judeu salvo pode. Por meio do milagre da graça de Deus em perdoar e justificar, um judeu religioso e temente a Deus e um

gentio pagão podem ser colocados no mesmo nível através de fé no Cristo ressurreto.

O Deus da paciência e consolação (Rm 15:5)

“Ora, o Deus da paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus.”

Quando o apóstolo chega ao final desta grande epístola, ele mostra que as bênçãos concedidas a nós pela graça devem ter

um efeito nas nossas vidas. Caps. 14 e 15 lidam com o assunto de relacionamentos entres os salvos. No cap. 15, a exortação

é para os fortes terem consideração pelos fracos. O parágrafo onde o título ―o Deus da paciência e consolação‖ aparece,

encerra com a oração do apóstolo. Está cheia de considerações práticas que, se acatadas, melhorariam o relacionamento

entre cristãos.

v. 1 — O preço a pagar pelos fortes: ―suportar as fraquezas‖;

v. 1 — O prazer a considerar: ―não agradar a nós mesmos‖;

v. 2 — O propósito a cumprir: ―para edificação‖;

v. 3 — O padrão a seguir: ―Cristo não agradou a Si mesmo‖;

v. 4 — Os preceitos a observar: ―foi escrito, para o nosso ensino‖;

v. 4 — A paciência a adotar: ―paciência e consolação das Escrituras‖;

v. 5 — A paz a manifestar: ―o mesmo sentimento uns para com os outros‖;

v. 6 — O louvor a dar: ―concordes, a uma boca, glorifiqueis a Deus‖.

Ao lermos a Palavra de Deus e recebermos a sua instrução e encorajamento, nossa esperança é fortalecida (v. 4). Nas

situações mais difíceis da vida, o filho de Deus tem no seu coração a expectativa de livramento. Nos vs. 5 e 6 Paulo ora para

que o Deus da paciência e consolação lhes dê um Espírito de união. Paciência (perseverança) e consolação (encorajamento,

v. 5a), são as características do nosso Deus. No v. 4 as Escrituras são o agente da paciência e consolação; e agora no v. 5

Deus é o autor destas duas qualidades. Se os cristãos vão ter o mesmo sentimento, eles precisarão de perseverança e

encorajamento para ajudá-los a exercitar consideração piedosa uns para com os outros.

Este título de Deus nos assegura que, não importa quais recursos precisemos para mostrar paciência e desfrutar da

consolação diante das dificuldades, estes recursos são conferidos pelo nosso Deus, que é a fonte sublime de todas as graças

cristãs. Embora Ele seja a fonte, é através das Escrituras que vamos conhecer o Deus da paciência e da consolação. Se

quisermos conhecer a Deus e viver de maneira correta, precisamos meditar nas Escrituras; elas são para nossa instrução.

O Deus da esperança (Rm 15:13)

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“Ora o Deus de esperança vos encha de todo gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo.”

Este é o segundo pedido, em oração, que o apóstolo faz neste capítulo, e o segundo título de Deus. Era o desejo de Paulo,

enquanto eles crescessem no conhecimento do Deus da paciência e consolação (v. 15), que o Deus da esperança pudesse

enchê-los de gozo e paz. Esta curta oração expressa o seu desejo de que os santos em Roma fossem completamente cheios

de gozo e paz, para que a sua esperança continuasse a crescer. Na expressão sucinta deste desejo, aprendemos verdades que

são fundamentais à fé cristã. Esperança, fé, gozo e paz são características da vida do cristão. Realmente, gozo e paz são

vistas como características do reino de Deus (Rm 14:17).

A oração de Paulo nos ensina várias lições valiosas sobre como ele espera que o seu desejo para os cristãos em Roma

seja alcançado. Se eles vão abundar em esperança, eles precisam reconhecer o seguinte, na sua experiência:

O Autor da esperança é Deus — ―O Deus da esperança‖;

O Agente da esperança é o Espírito Santo — ―na virtude do Espírito Santo‖;

O canal da esperança é a fé — ―em crença‖;

Sua medida de esperança deve ser crescente — ―para que abundeis na esperança‖;

O pré-requisito da esperança é gozo e paz — ―vos encha de todo gozo e paz‖.

Se os cristãos em Roma atentarem ao desejo de Paulo, expresso na sua oração, eles estarão no pleno gozo destas

bênçãos. Sua capacitação pelo poder do Espírito Santo será como uma consequência da sua fé.

O Deus da paz

Romanos 15:33

“E o Deus da paz seja com todos vós. Amém.”

A oração final do apóstolo nesta parte da epístola começa com a palavra ―ora‖ (no texto original) como nas duas petições

anteriores do v. 5 e v. 13. Isto indica urgência na mente de Paulo: ele quer que eles desfrutem de uma resposta à sua oração

agora mesmo. O conteúdo destas petições é o seguinte:

v. 5 — Tendo um mesmo sentimento uns para com os outros;

v. 13 — Cheios de todo gozo e paz;

v. 33 — O Deus da paz seja convosco.

O resultado prático deste trio de bênçãos é que, se os cristãos vão ser capazes de viver em paz (com um mesmo

sentimento) e ser cheios de paz, eles vão precisar da presença permanente do Deus da paz. Somente Ele é o Autor e fonte de

paz, e pode suprir os recursos necessários para a paz individual e coletiva entre os cristãos. Se um cristão não está em

comunhão com Deus, por qualquer que seja o motivo, ele não estará desfrutando de paz na sua própria alma, e não será

capaz de cumprir a recomendação de Paulo aos efésios: ―Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vinculo

[―unificador‖, JND] da paz‖ (Ef 4:3).

Sua Pessoa — A única fonte de paz é ―o Deus da paz‖;

Sua presença — A essência da paz é ―com … vós‖;

Sua plenitude — A abrangência da paz é ―todos vós‖.

Romanos 16:20

“E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés.”

No v. 17 o apóstolo estava avisando os santos em Roma a terem cuidado com aqueles que causam divisão e ocasiões de

tropeço. No v. 20 ele lhes dá a garantia de recursos divinos que estão à sua disposição. O seu único recurso para lidar com os

conflitos é o poder conquistador de Deus sobre seus inimigos; Ele é o Deus da paz. O Deus que é caracterizado pela paz virá

auxiliá-los rapidamente, e o resultado será que Satanás será esmagado, e então haverá paz.

Embora não há dúvida que o Deus da paz operará no presente para controlar as atividades de Satanás e conceder paz ao

Seu povo, igualmente não há dúvida de que há um aspecto futuro deste esmagar de Satanás. Quando a semente da mulher

(Gn 3:15) for tratar, finalmente, com Satanás, os salvos estarão na presença eterna do Seu Senhor e Mestre. Então Satanás

estará, realmente, debaixo dos seus pés.

Filipenses 4:9

“O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus da paz será convosco.”

O apóstolo tem dado um bom número de exortações práticas, nos versículos anteriores deste cap. 4. Ele resume os

deveres dos santos dizendo que as coisas que eles têm ouvido, aprendido e recebido, através do ensino de Paulo, e visto na

vida dele, deveriam ser feitas por eles. Se eles pusessem em prática tudo que ele lhes transmitira, eles desfrutariam da

presença do ―Deus da paz‖, que é a única fonte da ―paz de Deus‖ (v. 7). É interessante que Paulo usa o artigo definido no

(v. 9): ―o Deus de a paz‖, indicando que a paz no v. 7 é fornecida pelo Deus da paz do v. 9.

I Tessalonicenses 5:23

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”

―O mesmo Deus de paz‖ é traduzido por J.N.D. como: ―O próprio Deus de paz‖. As dificuldades que os cristãos de

Tessalônica enfrentariam, na ausência do apóstolo que os amava tanto, poderiam ser encaradas na preservação do espírito,

alma e corpo, que o próprio Deus de paz concede. O próprio Deus de paz — nenhum outro e nada menos — poderia

preservá-los em santificação. A preservação e santificação que Ele concede os levaria ao gozo e à paz em meio às suas

dificuldades.

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O Deus de toda a consolação (II Co 1:3)

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação.”

Este título poderia ser o ―Deus de todo tipo de consolo‖. Paulo não está descrevendo a consolação que Deus dá, mas sim

descrevendo Deus que supre a consolação. Ele está falando da característica de Deus: Ele é o Deus que supre todo tipo de

consolação. Qualquer tristeza (―toda a tribulação‖, ―alguma tribulação‖, v. 4) pode ser superada pela consolação que Deus, o

Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, supre. Paulo vai divulgar o que ele tem aprendido através da sua experiência com o seu

Deus, (v. 8 em diante); e a lição principal é que Deus é ―bendito‖ (v. 3). Mesmo embora Paulo tivesse suportado muitas

tribulações, ele ainda afirmava que Deus é bendito.

Em que estava esta bênção? Ela era desfrutada por Paulo no meio da sua tribulação, através da consolação que Deus lhe

fornecia. Paulo aprendeu o que nós devemos aprender em toda tribulação, que Deus é bendito. Nas suas tribulações Paulo

aprendeu que o seu Deus era ―o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação‖. Deus era também a fonte e o fornecedor

de todo tipo de misericórdia. A palavra usada aqui é plural, indicando que Deus fornecia uma abundância de misericórdias;

não havia falta de suprimento. Junto com uma abundância de misericórdia para qualquer provação, Paulo recebia todo tipo

de consolação. A palavra usada aqui é da mesma raiz que paraklete.

O propósito de Deus em suprir uma tão grande variedade e abundância de misericórdias e consolação para nossas

tribulações é para que ―possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação‖ (v. 4). Deus espera que usemos a

consolação e misericórdia que recebemos nas nossas tribulações para ajudar outros cristãos quando eles estiverem passando

por tribulação. Entretanto, como somos egoístas quando vemos outro cristão em dificuldade! Se nas nossas tribulações

chegamos a conhecer a Deus como Ele espera, estaremos prontos a nos identificar com os sentimentos dos outros nas suas

tribulações. Na verdade, iremos nos aproximar deles, e daremos a eles o auxílio daquilo que nós aprendemos de Deus nas

nossas tribulações, para que eles possam ser encorajados e fortalecidos.

O Deus de amor e de paz (II Co 13:11)

“Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco.”

Quando Paulo chega ao final desta epístola, ele fornece a receita para o viver espiritual em cinco ações curtas que os

coríntios deveriam por em prática para o seu próprio bem. O resultado destas cinco ações seria que eles estariam cientes, e

desfrutariam, da presença de Deus ―convosco‖ (literalmente, ―certamente no vosso meio‖). Estar ciente e desfrutar da

presença de Deus não é alcançado por repetir Mateus 18:20 no início de uma reunião. A presença de Deus entre o Seu povo

depende deles estarem na condição espiritual correta com Deus e entre si. Quando há um bom relacionamento horizontal,

haverá um bom relacionamento vertical. Temos a tendência de pensar o contrário: se nos certificamos de que tudo está certo

entre nós e Deus, então teremos bons relacionamentos uns com os outros. Não é assim! Acerte as coisas nos relacionamentos

uns com os outros, e então Deus manifestará a Sua presença entre nós! As cinco atitudes são:

―Regozijai-vos‖;

―Sede perfeitos‖ — conserte os relacionamentos danificados;

―Sede consolados‖ — incentive, ou console uns aos outros;

―Sede de um mesmo parecer‖ — cada um deveria pensar o mesmo que o outro;

―Vivei em paz‖ — mergulhe sua vida na esfera da paz.

Quando tivermos feito isto, então desfrutaremos da bendita presença do Deus que é caracterizado por amor e paz. O

Deus de amor e paz não estará presente no meio daqueles que não mostram amor uns para com os outros, e não estão em paz

uns com os outros. Relacionamentos na igreja local são de suma importância, e devemos colocar o máximo de esforço em

cada uma destas atitudes.

O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo

Este título ocorre da seguinte maneira: “O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto” (II Co 11:31);

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fossemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Ef 1:3-4);

“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o Espírito de sabedoria e de revelação” (Ef 1:17);

“Graças damos a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, orando sempre por vós” (Cl 1:3);

“Bendito seja o Deus e Pai e nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (I Pe 1:3).

O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo — que título inconfundível! Suas ocorrências, embora em formas variadas, podem

ser divididas em dois assuntos. É usado emlouvor a Deus (II Co 11:31; Ef 1:3; I Pe 1:3) e em oração a Deus (Ef 1:17 e Cl

1:3). Quando usado em louvor a Deus, não está dizendo que Deus deve ser abençoado, mas é a afirmação de um fato: Deus é

bendito.

Quer seja ―o Deus de‖ ou ―o Deus e Pai de‖, ambas as descrições indicam um relacionamento bem íntimo. Este

relacionamento é entre o Pai e o Filho, e entre o Pai e nós. Aquele que é o nosso Deus e Pai, é também o Deus e Pai de nosso

Senhor Jesus Cristo.

Entender como o Senhor Jesus usou estes títulos vai nos ajudar a entender a profundidade do seu significado. Na cruz, o

Senhor Jesus se referiu ao Seu Pai usando ambos: ―Deus meu‖ (Mt 27:46; Mc 15:34) e ―Pai‖ (Lc 23:46). Os Evangelhos de

Mateus e Marcos são os evangelhos do sacrifício pela culpa, e o Evangelho de Lucas é o evangelho do sacrifício pacífico.

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Ao tratar do assunto do pecado, o Salvador usa o título ―Deus‖, que fala da santidade de Deus. Por outro lado, quando Ele

trata do relacionamento desfrutado, como na oferta pacífica, Ele usa o título ―Pai‖.

Quando o apóstolo usa os dois títulos ―Pai‖ e ―Deus‖, ele está juntando os conceitos do sacrifício de Cristo pelo pecado,

e da filiação de Cristo. O fundamento da nossa bênção é baseado na plenitude do Seu relacionamento de Filho com o Pai,

que é interligado com a plenitude do Seu sacrifício pelo pecado. Aquele que é ―bendito‖ (II Co 11:31) ―nos gerou de novo

para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos‖ (I Pe 1:3), e ―nos abençoou … em Cristo‖ (Ef

1:3-4). Ele nos dará ―o Espírito da sabedoria e de revelação‖ (Ef 1:17). É para este Deus de tão grande misericórdia e bênção

que o apóstolo ora em favor dos cristãos em Colossos (Cl 1:3).

Não é sem importância que o título ―Deus de nossos pais‖ nunca é usado em relação aos cristãos na era da Igreja; a não

ser em Atos dos Apóstolos, quando se refere exclusivamente aos cristãos de nacionalidade judaica. Eles tinham elos com os

pais da nação. Quando falando aos cristãos gentios, nossas bênçãos são baseadas na Nova Aliança, e no fato que o Senhor

Jesus é o nosso ―progenitor‖, por assim dizer. Portanto o nosso Deus é o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Abraão,

Isaque e Jacó, como pais da nação, trouxeram Israel a um relacionamento com Deus; e nosso Senhor Jesus Cristo nos trouxe,

gentios, a um relacionamento com Ele.

O Deus de paz (Hb 13:20-21)

“Ora, o Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor de ovelhas, vos aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a Sua vontade, operando em vós o que perante Ele é agradável por Cristo Jesus, ao qual seja glória para todo sempre. Amem.”

Ao chegar ao final desta epístola, o Espírito Santo apresenta uma doxologia de louvor às duas grandes Pessoas

apresentadas no livro: Deus e o Seu Filho. Entretanto, de acordo com o tema da epístola, Ele descreve Deus como o Deus de

paz. Reconciliação com Deus se tornou possível pelo sacrifício do Senhor Jesus. Nos capítulos anteriores, Deus é visto como

o Deus dos Céus (cap. 1), o Deus que é Santo (2:17), o Deus da criação (caps. 3 e 4), o Deus do santuário (cap. 5), o Deus da

velha aliança (cap. 6), e o Deus da nova aliança (caps. 8-10). Agora, na base de um sacrifício aceito que estabeleceu uma

nova aliança, Ele é conhecido como não poderia ser conhecido na velha aliança: Ele é o Deus de paz.

A paz espiritual é possível por causa do sangue que satisfez Suas exigências justas pelo pecado. Paz prática é possível

porque Deus tornou a trazer dos mortos o ―Pastor das ovelhas, o grande Pastor‖. Enquanto os cristãos judeus contemplam as

tribulações que os esperam, eles são assegurados de paz no meio da tempestade. Eles serão equipados para servir

(―aperfeiçoados‖) pelo mesmo Deus poderoso que trouxe o seu grande Pastor dos mortos. Poder divino, como visto na

ressurreição do Senhor Jesus, está disponível a eles nas tribulações da vida.

O Deus que é caracterizado por paz operará a favor deles. A paz foi feita pelo sacrifício do Seu Filho, assim Deus agora

se relaciona com eles como o Deus de paz.

O Deus de toda a graça (I Pe 5:10)

“E o Deus de toda graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá.”

O apóstolo Pedro encerra sua epístola com uma oração para que seus leitores possam ser edificados. Na sua breve

oração, ele inclui adoração a Deus, expectativa de glória, e a edificação dos santos.

Ele se refere a Deus como o Deus de toda graça. Estes santos haviam sido avisados de tribulações (cap. 4), por causa da

sua ligação com Cristo. Eles são também incentivados a lembrar que haviam sido trazidos a uma viva esperança cheia de

glória (cap. 1). Frequentemente, no decorrer da epístola, as suas mentes são direcionadas à glória vindoura de Cristo na qual

eles compartilharão (1:3, 13; 4:13; 5:1).

Como eles, nós fomos chamados à santidade (1:15); chamados das trevas para a Sua maravilhosa luz (2:9); chamados

para sofrer (2:21); e chamados a sofrer afronta (3:9). Que contraste há do primeiro para o último— chamados das trevas para

um caminho de tribulação, que culminará em glória! O único recurso para nos equipar para este caminho, e nos capacitar a

suportá-lo, é o Deus de todo tipo de graça. Ele nos capacitará a triunfar em todo tipo de tribulação.

O Deus da Terra (Ap 11:4)

“Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra.”

O título ―Deus da terra‖ é normalmente traduzido ―Senhor da terra‖. Mesmo que este título não se encaixa

completamente com o resto deste capítulo sobre ―o Deus de …‖, faremos uma breve menção do seu significado.

Apocalipse cap. 11 está tratando das duas testemunhas fiéis durante o período da Grande Tribulação, que perdem suas

vidas por causa de Cristo. Por mais que os homens os desprezam, durante os dias do seu testemunho eles são considerados

pelo Céu como duas oliveiras e dois castiçais. A expressão ―diante do Deus da terra‖ significa que a autoridade deles se

origina nos direitos criadores de Cristo sobre a Terra. Ele é Aquele ―para quem são todas as coisas‖ (Hb 2:10). Este é um

título para o Senhor, enquanto Deus contempla os Seus servos fiéis na Terra.

O Deus do Céu (Ap 11:13; 16:11)

“E naquela mesma hora houve um grande terremoto, e caiu a decima parte da cidade, e no terremoto foram mortos sete mil homens; e os demais ficaram muito atemorizados, e deram glória ao Deus do céu.”

Esta cena é a continuação do que consideramos no v. 4. As testemunhas fieis foram mortas, ressuscitadas dentre os

mortos, e arrebatadas aos Céus. Tal intervenção de poder divino causou um grande transtorno na Terra, e o remanescente

dos fieis dão glória ao Deus do Céu. Eles reconhecem os direitos e autoridade do Deus do Céu sobre a Terra. Este é um

título de Deus, usado enquanto os Seus servos fieis olham para o alto, aos Céus, em esperança.

“E por causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras” (16:11).

Os acontecimentos cercando o uso de ―Deus do céu‖ são o clímax final do tratamento de Deus com a besta e o seu

império do mal. Quando o quinto anjo derramou a sua taça diretamente sobre o trono do poder e influência universal da

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besta, a reação dos súditos do seu reino foi exatamente a mesma dos homens endurecidos dos dias de Faraó. Ao invés de se

prostrarem diante da autoridade do Deus do Céu, eles blasfemaram o Seu nome e recusaram se arrepender. Este título de

Deus é usado enquanto os homens ímpios e rebeldes olham para o alto, aos Céus, em ódio.

O Senhor Deus dos santos profetas (Ap 22:6)

“E disse me: estas palavras são fiéis e verdadeiras, e o Senhor, o Deus dos santos profetas, enviou o seu anjo, para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer.”

O anjo que estivera revelando a João os dizeres do livro dá o seu selo de aprovação à toda a revelação anterior. Ele havia

sido enviado pelo Senhor Deus dos santos profetas, e a verdade que ele revelou a João era tão certa e garantida quanto as

Escrituras do Velho Testamento. Ela tem o selo divino, e está em harmonia com tudo que os profetas escreveram — em

contraste com qualquer falso profeta. As coisas que João viu, ouviu e registrou para nós neste grande livro são verdadeiras

em si mesmas, e dignas de confiança.

É apropriado que o último título dado a Deus, no último livro da Bíblia, seja ―o Deus dos santos profetas‖. Tudo que

dantes foi escrito foi transmitido por Aquele que comissionou homens a escrever as Santas Escrituras, que são dignas de

confiança e verdadeiras, como o próprio Deus.

Cap. 11 — A paternidade de Deus

Por Jack Palmer, Irlanda do Norte

Introdução

A paternidade de Deus é um das grandes doutrinas fundamentais da Bíblia. É uma verdade preciosa que permeia todas as

Escrituras, é abrangente e atrativa na amplitude da sua apresentação, e uma compreensão completa do seu ensino é essencial

para uma apreciação de tudo o que o povo de Deus desfruta através das ―abundantes riquezas da sua graça pela sua

benignidade para conosco em Cristo Jesus‖ (Ef 2:7). Da mesma forma, é básica para endossar a verdade da filiação eterna

do Senhor Jesus, um fato que está constantemente sob ataque e é repetidamente questionado. Este é um assunto que abrange

toda a eternidade, é vital para tudo que a Palavra de Deus apresenta, tanto doutrinariamente como em relação às

dispensações, e é muito desafiante e ao mesmo tempo confortador na sua aplicação prática. Em vista da abrangência e

amplitude do assunto, devemos considerá-lo sob seus aspectos principais e variados.

Doutrinariamente

Deus tem muitos títulos. Por exemplo, o primeiro título usado na Bíblia é Eloim (Gn 1:1), que ocorre cerca de duas mil e

quinhentas vezes ao todo, e fala principalmente do Seu poder. Outro título é Adonai, que representa Deus como Soberano,

Senhor, Mestre, e salienta Suas posses. Jeová e os títulos derivados refletem os atributos da Suapessoa e provisão. El

Shaddai retrata o esplendor da Sua preeminência. O título usado em Efésios 1:17, ―o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o

Pai da glória‖, revela a totalidade das Suas características paternas.

Quando Paulo entregou aquela impressionante mensagem ―no meio do areópago‖ (At 17:22), ele declarou que ―somos

também sua geração‖ (v. 28). Naquela ocasião ele revelou que temos uma relação criatorial com Deus, mas fica claro que

nem todos conhecem a Deus como ―Pai‖. Tal conhecimento só pode ser desfrutado através de um relacionamento com o

Filho. João 1:18 deixa claro que ―Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o

revelou‖. Novamente João 14:6 ensina que ―ninguém vem ao Pai, senão por mim‖.

Igualdade

Quando o Senhor Jesus ensinou que Ele era o Filho de Deus, Ele estava fazendo uma declaração inconfundível de que

Ele está em igualdade com o Pai; igualdade em todos os atributos de Divindade, tais como existência eterna, grandeza,

poder, honra e glória. Na intimidade da sua oração sacerdotal, o Senhor Jesus orou para que os Seus fossem um, e depois

acrescentou, de forma muito instrutiva: ―como nós somos um‖ (Jo 17:22). O Senhor também confirmou a igualdade deles,

quando na Sua resposta à pergunta de Filipe ele explicou: ―Quem me vê a mim vê o Pai‖ (Jo 14:9).

Expressão

Deus tem comunicando com os homens desde os dias de Adão. Os versículos iniciais de Hebreus 1 mostram que Deus

tem falado de muitas maneiras, em tempos diferentes, aos pais pelos profetas, mas ―falou-nos nestes últimos dias pelo Filho‖

(v. 1). Aprendemos que o ―Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou‖ (Jo 1:18). Quando o Senhor declarou:

―Eu sou o Alfa e o Ômega‖ (Ap 1:8), Ele estava indicando que Ele era o alfabeto de Deus aos homens — Aquele que

revelava a Deus plena e perfeitamente. O relacionamento eterno entre o Pai e o Filho, baseado na absoluta e perfeita

igualdade, deveria encher o coração de cada cristão com adoração, embora reconheçamos que vai muito além da nossa

compreensão entender plenamente a maravilha da igualdade e glória que nunca conheceu princípio.

Aparecimento

O Senhor Jesus era consistente no Seu ensino de que Ele vinha do Pai. Isto era algo que os judeus achavam difícil de

aceitar, e era a razão da hostilidade contra Ele, como refletido na ocasião registrada em João 10:31, quando ―os judeus

pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar‖. Assim como Ele ensinava que vinha do Pai, Ele deixou igualmente

claro (Jo 16:28) que quando Ele deixasse este mundo Ele estaria voltando para o Pai.

Endosso

Muito da base doutrinaria para o ensino em torno da ―Paternidade de Deus‖ vem do Filho, e em especial das diversas

maneiras como Ele se dirigia ao Pai. Estas formas de se dirigir ao Pai fornecem amplas evidências do relacionamento

Pai/Filho que é tão precioso para os que, através da regeneração, pertencem à família de Deus. Vamos notar, especialmente,

que o Senhor Jesus falou com o Pai como:

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Pai

Em diversas ocasiões Ele falou com Ele como ―Pai‖. Isto salienta a intimidade do relacionamento entre Pai e Filho.

Quão interessante que esta forma é a usada no jardim quando o Filho orou, como temos em Lucas 22:42: ―Pai, se queres,

passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua‖. Ele também usa este termo precioso de carinho,

―Pai‖, em João 11:41; 12:27, 28; 17:1, 21, 24. Estas referências representam situações de grande intimidade, sensitividade e

compaixão.

Meu Pai

Devemos notar o uso da expressão ―Meu Pai‖. O Senhor Jesus sempre tinha a atividade de Seu Pai diante de Si. Ele fala

―dos negócios de meu Pai‖ em Lucas 2:49 e em João 5:17. Ele revelou: ―Meu Pai trabalha até agora e eu trabalho também‖.

A autoridade do Pai era soberana para Ele, como ilustrado através da Sua declaração: ―Este mandamento recebi de meu Pai‖

(Jo 10:18). Ele também usou este título para transmitir a garantia do Pai quanto à segurança do cristão, quando Ele informou

os Seus que ―ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai‖ (Jo 10:29). O Senhor Jesus usa esta expressão novamente para

enfatizar a associação do Pai com Ele e com os Seus. João 14:23 declara: ―Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e

meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada‖. Ao observarmos a realidade destas bênçãos totalmente

imerecidas, olhamos para frente, com alegre antecipação, para a casa do Pai, lembrando que o próprio Senhor Jesus

confortou os Seus ao lhes garantir: ―Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito‖ (Jo

14:2).

O Pai

O uso do título ―o Pai‖ traz mais uma dimensão importante às considerações da Paternidade de Deus. Isto revela, de

maneira especial, o que o Pai é essencialmente em Si mesmo — Suas características essenciais. Vamos meditar sobre

algumas características do Pai:

Revelação — Tal é a santidade e majestade de Deus que nenhum homem pode olhar para Deus. Moisés ―temeu olhar para

Deus‖ (Êx 3:6), e mais tarde só pôde observar a Deus da segurança da ―fenda da penha‖ (Êx 33:22), e ―me verás pelas

costas; mas a minha face não se verá‖ (Êx 33:23). Quão maravilhosos é lermos: ―Quem me vê a mim vê o Pai‖ (Jo 14:9).

Atração — O Senhor Jesus, em João 6:44, afirmou enfaticamente que ―ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou

não o trouxer‖. Reconhecemos que o fato do Senhor Jesus ter sido levantado na cruz é fundamental para atrair os pecadores

ao Salvador. Quão precioso ser atraído e trazido a um relacionamento vivo e duradouro com ―o Pai‖, por meio do Filho.

Adoração — No poço de Jacó o Salvador ensinou à mulher que o ―Pai procura a tais que assim o adorem‖ (Jo 4:23). Que

gozo poder nos aproximar do Pai através do Filho, e assim trazer adoração de corações redimidos.

Louvemos nosso Deus que assim o quis; Louvemos o Cordeiro que morreu por nos; Louvemos o Pai por meio do Filho, Que tão vasta obra realizou. (J. Cennick)

Compaixão — ―O Pai ama o Filho‖ (Jo 3:35). É bom meditar no amor do Pai pelo Filho. Isto é totalmente compreensível,

mas quando lemos ―o mesmo Pai vos ama‖ (Jo 16:27), isto é totalmente incompreensível, e ao meditarmos nisto, gratidão e

adoração afluem para a Sua glória.

Comissão — O Senhor Jesus ensinou os Seus, quando Ele estava prestes a partir, que o Consolador viria. Ele falou acerca

do ―Espirito Santo, que o Pai enviará em Meu nome‖ (Jo 14:26). Com frequência refletimos no fato do Pai enviar o Filho ao

mundo, mas não devemos subestimar tudo que estava incluído no enviar do Espírito Santo, quando o Filho retornou ao Pai.

Vosso Pai

Enquanto é precioso meditar em Deus como Pai, Meu Pai, e o Pai, há algo pessoal e confortante no título ―vosso Pai‖.

Este título precioso traz a ideia de relacionamento e responsabilidade. Neste contexto especifico é vital observarmos a

singularidade do relacionamento entre o Pai e o Filho; isto enche nossas almas de gozo e apreciação quando reconhecemos

que Aquele que é o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo foi descrito pelo próprio Senhor como ―vosso Pai‖. Logo depois

do Senhor ter sido ressuscitado dentre os mortos, Ele trouxe consolo e confirmação ao coração de Maria ao falar com ela

pessoalmente e informá-la: ―Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes

que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus‖ (Jo 20:17). Este relacionamento não somente nos coloca na

família de Deus, mas é essencial para revelar tudo o que está disponível através do afeto do coração do Pai e da abundância

da Sua mão generosa. Esta verdade preciosa será desenvolvida mais adiante no capítulo, quando tratarmos das dimensões

práticas da paternidade de Deus.

Nacionalmente

O relacionamento entre o Pai e o Filho é singular e inquebrável. Tendo traçado a sua glória e grandeza, é apropriado

considerar a paternidade de Deus em relação ao Seu povo terrestre — a nação de Israel. Na formação da nação, inicialmente

pelo chamado de Abraão das trevas da idolatria, os princípios de graça e eleição estão claramente evidentes em ação. A

nação escolhida por Deus e desenvolvida sob Sua supervisão proposital é descrita assim: ―Israel é meu filho, meu

primogênito‖ (Êx 4:22). A declaração inconfundível é que Deus é o Pai da nação, e isto é confirmado por Jeremias, que

destaca o que a nação significava para Deus. Ele escreve: ―Sou um pai para Israel , e Efraim é o meu primogênito‖ (Jr 31:9).

Uma meditação no relacionamento de Deus com o Seu povo terrestre irá magnificar a preciosidade da Sua:

Escolha

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Deus agiu em bondosa soberania ao fazer Israel o Seu tesouro peculiar. Era o desejo de Deus ter um povo santo ao

Senhor Deus, e assim Ele os escolheu para que fossem ―o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra‖ (Dt

7:6).

Compaixão

A definição de tal escolha também precisa ser contemplada com o pano de fundo da compaixão incomparável de Deus.

O amor divino não conhece motivo, está livre de toda condição, e é imutável nas suas características gloriosas. Raciocínio

lógico não consegue encontrar nenhuma explicação humana ao considerarmos o fato que ―o Senhor não tomou prazer em

vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois éreis menos em número do

que todos os povos, mas porque o Senhor vos amava‖ (Dt 7:7-8a).

Cuidado

Os relacionamentos de Deus como Pai da nação demonstram que Ele é sempre fiel. Ele constantemente supriu as suas

necessidades e agiu diante das dificuldades de toda situação, sem levar em conta os constantes fracassos do povo. Água da

rocha fendida, suprimento diário de pão do céu, sandálias que não se gastavam com o uso constante, são apenas alguns

exemplos que dão testemunho da fidelidade, do cuidado e da atenção infalível do Pai diante de circunstâncias específicas.

Consistência

Os relacionamentos de Deus com a nação demonstraram o Seu repúdio ao pecado e desobediência. O pecado precisa ser

castigado, consequências de afastamento precisam ser encaradas, e as lições ensinadas sob a mão disciplinadora de Deus

devem ser levadas em conta. Não confiar em Deus e entrar na terra fez com que eles peregrinassem no deserto, e muitos não

foram permitidos entrar ―por causa da sua incredulidade‖ (Hb 3:19).

Causa

Um dos grandes propósitos de Deus de ter um povo para Si era para que pudesse habitar ―no meio deles‖ (Êx 25:8).

Mais tarde, o Tabernáculo daria lugar ao Templo, mas o princípio de Deus habitar no meio do Seu povo tinha sido

firmemente estabelecido.

Controle

Além de guiar os movimentos da nação, Deus regulamentou a sua maneira de viver por meio das exigências da Lei.

Tudo isto estabeleceu que a nação deveria prestar contas Àquele que tinha o direito de exercer todo aspecto da disciplina e

controle de um Pai.

Temos muito que aprender dos relacionamentos de Deus com o Seu povo, nacionalmente. ―Porque tudo o que dantes foi

escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança‖ (Rm 15:4).

Muitas vezes a história se repete e deixamos de aprender com as lições do passado. Isto deve ser triste para nosso Pai.

Individualmente

Embora seja um grande incentivo olhar ao passado e observar tudo o que Israel desfrutou corporativamente, apesar de

não o merecer, é importante que nós, como filhos de Deus da presente era da graça, comecemos a apreciar e desfrutar de

tudo que é nosso, individualmente. Embora o relacionamento de Deus com Israel era corporativo e terrestre, o nosso é

individual e celestial. Fazemos bem em meditar neste relacionamento tão privilegiado. Pedro, na sua primeira epístola, usa

esta bendita realidade como uma grande fonte de incentivo aos cristãos individuais que eram alvos de tribulações diversas e

severas. Deveria ser igualmente encorajador para nós no meio das dificuldades da vida.

A bênção individual do cristão é uma verdade que é apresentada na carta aos Efésios. De acordo com o Seu caráter

celestial, precisamos lembrar que tudo que desfrutamos é atribuído ao ―Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos

abençoou com todas as bênçãos espirituais no lugares celestiais em Cristo‖ (Ef 1:3). Estas bênçãos são ampliadas no cap. 1

da epístola, e notamos que Deus ―nos abençoou‖ (v. 3), ―nos elegeu‖ (v. 4); ―nos predestinou‖ (v. 5); ―nos fez agradáveis a

si no amado‖ (v. 6); ―fez abundar para conosco‖ (v. 8); ―descobrindo-nos o mistério‖ (v. 9).

Todas estas bênçãos são dadas aos que, como indivíduos, primeiramente creram em Cristo depois que ouviram a palavra

da verdade, o Evangelho da salvação (Ef 1:12-13). Quão confortante lembrar que cada indivíduo, depois de crer, foi ―selado

com o Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da

sua glória‖ (Ef 1:13-14).

Além do esboço dado, na epístola aos Efésios, de todas as bênçãos que o cristão recebe, a segunda carta aos Coríntios

tem como alvo apresentar o conforto e a consolação que cada um desfruta. Paulo atribui estes ao nosso conhecimento de

Deus como Pai quando ele declara: ―Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o

Deus de toda a consolação; que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que

estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus‖ (II Co 1:3-4). Talvez

nossa falta de apreciação do Deus de toda consolação como o Pai das misericórdias nos priva da capacidade de

verdadeiramente sermos um conforto real aos nossos irmãos cristãos em tempos de dificuldade e tribulação.

A mesma expressão (―Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo‖) é usada por Pedro para assegurar os cristãos

sofredores que eles foram trazidos à bênção de uma viva esperança, e para lembrá-los, quando tentados a contemplar o que

poderiam ter perdido por causa do seu relacionamento com Cristo, de ―uma herança incorruptível, incontaminável e que não

pode murchar, guardada no céu para vós, que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para salvação, já prestes

para se revelar no último tempo‖ (I Pe 1:4-5). Não é à toa que cantamos;

Nosso Deus e nosso Pai! Bendizemos Teu santo nome; Tuas promessas a nós cumpridas, Tua fidelidade proclamam! (A Midlane)

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Conhecer Deus como Pai é verdadeiramente um relacionamento novo, mas permanente. Antes, pertencíamos a nosso

―pai o diabo‖ (Jo 8:44), mas agora ―nossa comunhão é com o Pai‖ (I Jo 1:3). Comunhão com o Pai traz comunhão íntima, e

nos permite oferecer louvor e apreciação apropriados. Também significa que temos acesso ao Pai em tempos de dificuldade,

sabendo que podemos contar a Ele coisas que não contaríamos a qualquer outro. Não somente podemos vir ao Pai em

tempos de dificuldade, mas nosso relacionamento com Ele é tal que temos sido feitos participantes em tudo o que Ele propõe

e providencia para Seus filhos.

Ocupar um lugar de tamanha intimidade é realmente precioso. Ter certeza disto, e saber que nada pode nos deslocar

desta intimidade, é igualmente precioso. Tal segurança vem através do ministério bondoso do Espírito Santo. Em Gálatas

4:6 lemos: ―Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai‖, e esta mesma verdade é

confirmada pela afirmação de Romanos 8:14: ―Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de

Deus‖.

Esta posição privilegiada traz grandes responsabilidades. ―Se invocais por Pai‖ (I Pe 1:17), muitas responsabilidades

repousam sobre nós, particularmente com relação à obediência. Nossa experiência espiritual começou por obedecermos o

Evangelho. O Salvador ensinou aos Seus: ―Se me amais, guardai os meus andamentos‖ (Jo 14:15). É trágico quando a

conduta de cristãos não endossa a sua posição como filhos da família de Deus. Há uma dignidade associada com filiação, e o

reconhecimento disto deveria controlar nossas vidas para vivermos de uma maneira que traga glória ao nosso Pai. Devemos

sempre ter em mente a exortação do Salvador: ―Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas

boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus‖ (Mt 5:16); e novamente: ―Sede vós pois perfeitos, como é perfeito

o vosso Pai que está nos céus‖ (Mt 5:48).

Praticamente

Tendo notado nossa obrigação de refletir o caráter de nosso Pai, é uma grande consolação apreciar tudo o que

desfrutamos através de um relacionamento indestrutível com Ele no nosso caminhar cristão, um caminho imprevisível num

mundo difícil e tenebroso. Embora apreciemos e valorizemos a função e os recursos dados por um pai natural, isto nos dá

somente uma indicação fraca de tudo o que Deus é para os seus, paternalmente. É muito confortante perceber que Deus,

como Pai, está constantementeciente das necessidades de Seus filhos. Em Mateus 6:8 o Senhor Jesus ensinou que ―vosso Pai

sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes‖. Ele também ensinou que o mesmo Pai é acessível, e deu instruções

claras sobre como e quando orar. Em Mateus 6:6 lemos: ―Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua

porta, ora a teu Pai‖. O Salvador também salienta a capacidade do Pai de suprir as necessidades de todos, e frisa que os

Seus deveriam estar livres de ansiedade acerca das necessidades recorrentes do viver diário, como o que vestiremos e o que

comeremos, baseados no fato que nosso ―Pai celestial‖ (Mt 6:26) dá alimento às aves do Céu e veste ―a erva do campo‖ (Mt

6:30). Além disto, é de grande ajuda observarmos a atenção do Pai aos detalhes: ―Não se vendem dois passarinhos por um

ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos

contados. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos‖ (Mt 10:29-31). Muitas vezes ficamos preocupados

sem necessidade. Se nós entendêssemos a atitude e a autoridade de nosso Pai, isto regularia muito a nossa atitude em

relação à nossa maneira de viver, e reduziria muito a preocupação e os cuidados que carregamos desnecessariamente.

Minha vida está em Tuas mãos, Por que temer ou duvidar? Uma mão paterna nunca irá trazer Ao seu filho uma lágrima desnecessária. (W. F. Lloyd)

Se vamos desfrutar totalmente do benefício e descanso que fluem do nosso relacionamento com o Pai, é vital

cultivarmos o habito de comunhão íntima e constante com Ele. Temos todo incentivo para orar e desenvolver uma atitude de

dependência no Pai. O Senhor Jesus ofereceu tal incentivo quando Ele novamente fez um paralelo com um pai terrestre, e

perguntou: ―Pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente?‖ (Mt 7:9-10). Ele

continua afirmando que se um pai terrestre sabe ―dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus,

dará bens aos que lhe pedirem?‖ (Mt 7:11). Talvez nós falhamos em pedir, mas isto nos dá grande incentivo para orar,

sabendo que a resposta será para o nosso bem, na bondosa onisciência de nosso Pai. A glória do Pai será a grande

consideração, e isto foi reforçado pelo Senhor quando Ele instruiu os Seus: ―E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o

farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei‖ (Jo 14:13-14).

Ó! Que paz muitas vezes perdemos, Ó! Quanta dor desnecessária suportamos. Tudo porque não levamos, Tudo a Deus em oração. (J. M. Scriven)

Devocionalmente

Todos os quatro Evangelhos apresentam o Pai. Temos notado vários dos encorajamentos práticos salientados por

Mateus, mas ao compararmos os Evangelhos, notamos que João dá muito mais atenção à apresentação do Pai do que os

outros. Isto não nos surpreende, se lembrarmos que a apresentação do Senhor Jesus como Filho de Deus é o tema central do

seu Evangelho. Seria impossível tratar deste assunto sem magnificar o Pai. Há cerca de cento e cinquenta e cinco referências

ao Pai no Evangelho de João, e ao mesmo tempo em que seria muito proveitoso considerá-las detalhadamente, limites no

tamanho deste capítulo exigem que escolhamos apenas algumas.

João apresenta as muitas e variadas possessões do Pai. Ele escreve sobre ―o seio do Pai‖ (Jo 1:18), e isto salienta Suas

afeições, primeiramente em relação ao Senhor Jesus. Ele também se refere à ―casa de Meu Pai‖ (Jo 2:16; 14:2), e isto

salienta a bem aventurança da Sua habitação. Em João 5:26 aprendemos que o Pai ―tem a vida em si mesmo‖, e em João

5:30 sobre ―a vontade do Pai que me enviou‖, destacando assim somente alguns dos atributos do Pai. O Senhor Jesus

salientou a autoridade do Pai quando Ele declarou: ―Eu vim em nome de Meu Pai‖ (Jo 5:43), e destacou a capacidade do Pai

quando Ele mencionou ―as obras de Meu Pai‖ (Jo 10:37).

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É muito confortante apreciar que este Pai tem um papel importante na proteção e segurança dos Seus. Isto é uma

verdade apresentada de forma maravilhosa no Evangelho de João. Ao ensinar sobre a segurança eterna das ovelhas, o Bom

Pastor mostra que elas estão seguras na Sua mão e na mão de Seu Pai, e Ele afirma: ―Ninguém pode arrebatá-las da mão de

meu Pai. Eu e o Pai somos um‖ (Jo 10:29-30). Tal verdade preciosa é desenvolvida ainda mais quando, na Sua oração

sacerdotal, Ele orou: ―Pai santo, guarda em Teu nome aqueles que Me destes, para que sejam um, assim como Nós‖ (Jo

17:11).

Uma posição segura e íntima como esta traz grandes responsabilidades. As expectativas do Pai são desafiadoras e

perscrutadoras. Isto foi confirmado pelo Senhor quando Ele falou sobre ―os mandamentos de meu Pai‖, e em seguida deu

Suas próprias instruções: ―Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros‖ (Jo 15:17). Isto faz pesar sobre nós os preceitos

do Pai, governando nossos relacionamentos uns com os outros.

Obediência combinada com devoção ao Senhor Jesus representam um caminho de bênção. O Salvador, prestes a deixar

os Seus, deixou claro que ―Se alguém Me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos

nele morada‖ (Jo 14:23). Isto está revelando claramente que é possível para um cristão individual conhecer e desfrutar da

intimidade da presença do Pai. Provar esta bênção na Terra é desfrutar do Céu na Terra, antecipando nossa habitação eterna

na casa do Pai (Jo 14:2). Tudo isto deveria atrair nossa afeição ao Pai enquanto desfrutarmos da abundância do Seu coração

e mão, através da glória do Seu Filho.

Educacionalmente

Ao meditarmos no nosso amor para com o Pai devemos também meditar no Seu amor por nós. Isto se manifesta no fato

que somos Seus filhos, e por isso desfrutamos do Seu cuidado e provisão. Entretanto, nosso relacionamento vai além do de

crianças; se estende à posição digna de filhos. Nosso relacionamento com o Pai como filhos introduz o assunto importante

da disciplina do Pai e nos traz à escola de Deus, onde o Seu propósito é moldar e formar aqueles que são Seus para que

possam refletir a Sua glória. ―Filho meu, não rejeites a correção do Senhor, nem te enjoes da Sua repreensão. Porque o

Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem‖ (Pv 3:11-12). Este princípio é

desenvolvido em Hb 12:4-13, onde é claramente afirmado que é a prerrogativa do Pai lidar com e treinar Seus filhos, e

prepará-los para a Sua glória. Tal correção é de acordo com a Sua soberania, sabedoria e amor, e é permitida para o

benefício daqueles que são genuinamente Seus. Ser um filho verdadeiramente nascido significa que a correção é inevitável,

e assim também a sua falta é uma indicação clara de que não há um verdadeiro relacionamento com o Pai.

Embora o castigo não seja agradável, reconhecer que é permitido pelo Pai por amor, e para o desenvolvimento espiritual

dos que pertencem a Ele, será uma fonte de poder e nos preservará de cair no perigo de tratar a correção levianamente. Estas

considerações devem regular a nossa atitude às circunstâncias da vida, reconhecendo que ―toda a correção, ao presente, não

parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça‖ (Hb 12:11). Que possamos desfrutar

da graça e do discernimento espiritual para sermos estudantes dispostos e submissos na escola de disciplina e correção do

Pai.

Eternamente

Qualquer artigo sobre a Paternidade de Deus seria incompleto sem algo, mesmo que breve e de forma resumida, sobre o

aspecto da sua imensidão eterna. Um dos títulos interessantes dado profeticamente por Isaías ao Senhor Jesus é ―Pai da

Eternidade‖ (Is 9:6). No mesmo contexto Aquele que viria é mencionado como ―um Filho se nos deu‖ assim confirmando a

eternidade e igualdade do Pai e do Filho. Também, obviamente, confirma a distinção entre as personalidades na Divindade.

Ao meditarmos na existência eterna do Pai nossas mentes se voltam a I Pedro 1:2, onde somos apresentados à

―presciência de Deus Pai‖, especificamente no contexto de Deus escolhendo os Seus, que estavam sendo perseguidos; isto

mostra que Deus irá, a todo tempo, realizar o Seu propósito eterno no Seu próprio tempo.

Enquanto isto é verdade em relação ao Seu povo, é principalmente verdade em relação ao Seu Filho. Em Hebreus 1:5

lemos: ―Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai e ele me será

por Filho?‖ Isso está ligado ao Salmo 2:7: ―Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei‖. A

palavra ―gerei‖ (Strong 03205) é usada primeiramente em Gênesis 3:16: ―Com dores darás à luz filhos‖, e claramente

significa o nascimento. Quando aplicado ao Senhor Jesus nos faz recordar da maravilha da encarnação. Não que Ele se

tornou Filho na encarnação; isto Ele era eternamente, mas Ele foi ―gerado‖ como Homem, algo que Ele nunca foi antes. O

comentário de J. N. Darby no seu livro Collected Writings, Vol. 25 (―Coletânia de Escritos‖) é o seguinte:

Foi o Filho quem criou em Hebreus 1, e em Colossenses 1; e quanto a ser Filho no estado eterno, Ele diz: ―Saí do Pai, e vim ao mundo‖, e novamente:

―Outra vez deixo o mundo e vou para o Pai‖; se não há Pai não há Filho. Se não o reconheço como Filho quando Ele veio ao mundo, não tenho

nenhuma missão de Deus. Temos também, o Pai enviando o Filho. ―Filho do Pai‖ e ―Filho de Deus‖ são essencialmente a mesma coisa, só que um é

relacionamento pessoal, e o outro natural. Existem pessoas que consideram que Cristo somente se tornou Filho quando veio ao mundo. A resposta a

isto é dada em Hebreus e Colossenses, que por Ele, o Filho, o mundo foi criado. Ele também é chamado de Filho como nascido no mundo. Temos a

expressão ―Tu és meu Filho, eu hoje te gerei‖ no Salmo 2. Isto não é exatamente a mesma coisa, embora é a mesma Pessoa, é claro. Ele foi gerado em

tempo, isto é verdade quando ao Seu estado humano.

A palavra ―unigênito‖ que, a não ser por Hebreus 11:17, é exclusividade dos escritos de João, frisa a singularidade e o

relacionamento sem origem do Filho com o Pai. Sendo que o Filho tem um relacionamento eterno com o Pai, fica evidente

que o Pai igualmente é eterno. Nenhum anjo poderia desfrutar de tal relacionamento. As Escrituras nos mostram que é

possível para anjos caírem, mas quanto ao Filho do Pai eterno, alegra as nossas almas quando lemos: ―Mas do Filho diz: Ó

Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos‖, ou como temos na ARA: ―Mas acerca do Filho, o teu trono, ó Deus, é

para todo o sempre‖ (Hb 1:8).

É difícil para nós, presos ao tempo, compreendermos a vastidão da eternidade. Entretanto, mesmo levando em conta a

nossa apreciação limitada, podemos desfrutar até certo ponto o fato que temos sido nascidos na família de Deus, e que nosso

relacionamento com Ele é interminável e inquebrável. Quão precioso é poder cantar com confiança:

Redimido, como amo o proclamar! Redimido pelo sangue do Cordeiro, Redimido pela Sua infinita misericórdia

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Filho de Deus, e para sempre, eu sou. (F. J. Crosby)

Olhando ao passados temos muito que agradecer. É com igual gratidão que meditamos no futuro, à luz do ensino da

Palavra de Deus sobre um programa de acontecimentos ainda por vir, que se iniciarão com a vinda do Senhor aos ares para

buscar os Seus. Muitos estágios do programa profético de Deus acontecerão, mas Paulo olha através do telescópio divino, ao

escrever em I Coríntios 15:24: ―Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver

aniquilado todo o império, e toda potestade e força‖. Mesmo então, quando o tempo não mais existirá e o estado eterno tiver

sido estabelecido, Deus nunca será despido da glória, majestade e singularidade da Sua Paternidade eterna.

Cap. 12 — O caráter de Deus

Por James Paterson Jnr., Escócia

Introdução

Nos capítulos anteriores deste livro, temos visto a grandeza e majestade de Deus. É emocionante para o cristão entender

que temos um relacionamento com o Deus vivo. ―Mas o Senhor Deus é a verdade; Ele mesmo é o Deus vivo‖ (Jr 10:10).

Através das Escrituras, Deus é diferenciado das coisas criadas e visto como Aquele a quem os homens se voltam quando

abandonam suas ―vaidades‖ (At 14:15) e seus ―ídolos‖ (I Ts 1:9) e confiam ―no Deus vivo‖ (I Tm 4:10). Como Deus vivo,

Ele vê, ouve, sente, tem desejos e age; Ele é uma Pessoa. Ele precisa ser diferenciado dos ídolos que são coisas, não pessoas,

e das obras das Suas mãos, que Ele mesmo criou. Como Deus vivo Ele tem um interesse pessoal presente, e uma mão ativa,

nos negócios dos homens. Ele abre um caminho para o Seu povo, e subsequentemente os leva por este caminho. Nas

circunstâncias da vida Ele livra, salva e, quando necessário, castiga o Seu povo.

Alguns homens caem no erro do Panteísmo, que ensina que Deus não pode existir à parte das Suas criaturas. Os grandes

versículos de Gênesis 1:1 e João 1:1-3 negam este fato, e também negam o Deísmo que, enquanto reconhece Deus como o

Criador, crê que Ele deu ao mundo a habilidade de se desenvolver por si mesmo, e que Ele deixou o mundo aos seus

próprios recursos. Isto também é contradito por versículos como: ―Todos esperam de ti, que lhes dês o seu sustento em

tempo oportuno. Dando-lho tu, eles o recolhem; abres a tua mão, e se enchem de bens. Escondes o teu rosto, e ficam

perturbados; se lhes tira o fôlego, morrem e voltam para o seu pó. Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face

da terra‖ (Sl 104:27-30). Deus está pessoalmente e ativamente presente nos acontecimentos do Universo.

É enquanto olhamos para Ele no Seu sustento, governo, cuidado, controle e ministério, que vemos o caráter de Deus

revelado. Enquanto Ele se dirige aos homens, e especialmente ao Seu próprio povo, o Seu caráter é visto em toda a Sua

majestade.

Embora não podemos descrever Deus de forma abrangente, aprendemos sobre Ele ao examinarmos quais são as Suas

características inerentes, como revelado nas Escrituras. Neste livro, capítulos foram escritos para descrever alguns dos Seus

atributos inerentes, isto é, Sua onipotência, Sua onisciência e Sua onipresença. Em outros capítulos, Ele é descrito através

dos Seus títulos, e enquanto tentamos descrever o Seu caráter devemos nos lembrar da afirmação feita pelo apóstolo João:

―Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou‖ (Jo 1:18).

Ó Tu, o Ser eterno! Cuja presença radiante Ocupa todo o espaço, guia todo movimento, Imutável em toda trajetória devastadora do tempo! Tu, único Deus – não há Deus além de Ti! Ser acima de todos os seres! Poderoso, Que ninguém pode compreender e explorar! Que preenche a existência toda Contigo mesmo – Englobando tudo, amparando, controlando, Ser a quem chamamos Deus, e ninguém mais conhecemos! (G. R. Derzhavin)

Deus é eterno

Embora a palavra ―eternidade‖ ocorre somente uma vez na nossa tradução da Bíblia (―Porque assim diz o Alto e o

Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo‖; Is 57:15), Deus é chamado de o ―Deus eterno‖: Gn 21:33; Dt

33:27; Rm 16:26. Ele é Aquele que igualmente conhece o passado, o presente e o futuro: ―Um dia para o Senhor é como mil

anos, e mil anos como um dia‖ (II Pe 3:8). Como Ele é Eterno, Sua existência não tem início e não terá fim. Ele sempre foi,

sempre é, e sempre será. Ele é o ―Eu Sou‖ (Êx 3:14). A Sua eternidade nos leva a entender que Ele é imutável. ―Porque eu, o

Senhor, não mudo‖ (Ml 3:6). Seu conselho, caráter e propósito são sempre os mesmos. Ele não pode mudar, nem em Seu ser

nem na Sua vontade. Na constância do Seu caráter, o Seu ser essencial é evidente, e o que Ele faz desde a Criação até a

consumação dos séculos está plenamente de acordo com o Seu plano imutável e infalível. Sua eternidade e Sua

imutabilidade definem Seus outros atributos de sabedoria, misericórdia, benevolência, bondade, conhecimento e

confiabilidade. Ele sabe, Ele ama, Ele se importa. ―Deus é infinito, eterno e imutável no Seu Ser‖ (Catecismo de

Westminster, 1647).

Deus é santo

―Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória‖ (Is 6:3). Ao pensarmos no caráter

moral de Deus, precisamos sempre lembrar da Sua santidade. Deus é chamado de o Santo de Israel cerca de trinta vezes em

Isaías; também com frequência em Jeremias e Ezequiel, e em outros trechos do Velho Testamento. No Novo Testamento o

Filho de Deus é chamado de o Santo em Marcos 1:24; Lucas 4:34; Atos 2:27; 3:14; 13:35; I João 2:20, e através das

Escrituras o Espírito de Deus é descrito pela palavra Santo. Santidade é o atributo moral essencial de Deus. Na verdade o

caráter santo de Deus é uma verdade fundamental da Bíblia. Vemos isto claramente no sistema Mosaico de lavagens, na

ordem e nos móveis do Tabernáculo, na classificação do povo em israelitas, levitas, sacerdotes e sumo sacerdote, que tinham

diferentes graus de aproximação a Deus, sob condições rigorosamente designadas, sendo o sacrifício o único meio de

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aproximação. É visto na experiência de Israel, quando Deus dirige Moisés quando ele se aproxima da sarça ardente (Êx 3:5);

enquanto Ele fala com Josué perto de Jericó (Js 5:15); quando Deus age em juízo contra Coré, Datã e Abirão (Nm 16);

contra Nadabe e Abiú (Lv 10) e contra Uzias (II Cr 26). Estas foram lições onde Deus estava ensinando Seu povo sobre Sua

santidade impecável. O significado básico da palavra ―santo‖ é ―cortar‖ ou ―separar‖. Isto significa que Deus é

completamente separado de todos, de tudo, de qualquer ideia, qualquer medida, qualquer imaginação, qualquer intelecto,

qualquer poder. Enquanto podemos concordar que Ele é separado de todo mal, a ideia vai além disto. Por exemplo: ―Porque

os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque

assim como os céus são mais altos do que a terra, assim sãos os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os

meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos‖ (Is 55:8-9). Deus está dizendo que Ele está totalmente além e

separado de tudo o que somos ou que podemos pensar. A santidade de Deus é vista de diversas formas nas Escrituras:

O ódio de Deus contra o pecado: ―E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara obre a terra e que toda a

imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o

homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração‖ (Gn 6:5-6).

Seu amor pela justiça: ―Ao que segue a justiça ele ama‖ (Pv 15:9).

Ele se distancia da maldade mas se alegra com a justiça: ―Portanto vós, homens de entendimento, escutai-me: Longe de

Deus esteja o praticar a maldade e do Todo-Poderoso o cometer a perversidade!‖ (Jó 34:10). ―Mas as vossas iniquidades

fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça‖ (Is

59:2).

O pecador está separado dEle: toda aproximação a Deus é feita baseada no sangue derramado. A verdade da expiação é

baseada na santidade de Deus, e portanto a razão fundamental por que ―sem derramamento de sangue não há remissão‖ (Hb

9:22) é que Deus é santo, e o pecado precisa ser coberto antes que possa haver comunhão entre Deus e o pecador. ―Mas

agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto‖ (Ef 2:13). Não há base para o

perdão a não ser pelo sangue de Cristo. O pecado precisa ser coberto da vista do Deus santo, e a única forma de cobri-lo é o

sangue do Seu Filho.

Seu castigo do pecador: A santidade de Deus e Seu ódio do pecado, como todos os Seus outros atributos, estão ativos e

portanto precisam se manifestar. Ele não somente castiga o pecador porque os seus atos e atitudes tornam isto necessário.

Deus é santo. Ele odeia o pecado e Sua ira santa contra o pecado é a evidência deste ódio. Devemos manter isto diante de

nós na nossa apresentação do Evangelho, pois qualquer mensagem sobre o castigo do pecado que omite a santidade de Deus,

é antibíblica, e deprecia a verdade da Sua santidade. Embora falaremos mais adiante sobre a verdade de que Deus é amor,

Seu amor não é a ideia sentimental propagada pelos que tem uma crença Universalista. O amor de Deus para com o pecador

nunca será totalmente apreciado a não ser que seja visto à luz da Sua ira contra o pecado. ―Porque o nosso Deus é um fogo

consumidor‖ (Hb 12:29).

O caráter santo de Deus nunca mudou nem diminuiu. A atitude de Moisés e Josué na Sua presença, como vimos acima,

ainda deveria nos caracterizar. Nossa apreciação deveria ser como a dos serafins em Isaías 6:3, mencionados no início desta

parte. Devemos nos aproximar de Deus com temor e santa reverência, mas infelizmente não há, hoje em dia, este sentimento

intenso gerado por entrar na presença de um Deus santo como visto, por exemplo, nas palavras de Isaías: ―Então disse eu: Ai

de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio e um povo de impuros lábios; os

meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos‖ (Is 6:5); ou Jó: ―Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem

os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo em pó e cinza‖ (Jó 42:5-6). Nada destruirá a sensação de justiça própria

como uma visão do caráter santo de Deus.

Santo, Santo , Santo! Embora as trevas Te escondam, Embora o olhar do homem pecador a Tua glória não possa ver; Somente Tu és Santo, não há outro semelhante a Ti, Perfeito em poder, amor e pureza. (Reginald Heber)

Deus é justo

―Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras‖ (Sl 145:17). A justiça de Deus é a

expressão natural da Sua santidade. Como Ele é infinitamente puro, então Ele precisa se opor a todo pecado, e esta oposição

ao pecado é demonstrada no Seu modo de tratar todas as Suas criaturas. Sua justiça exige que Seus atos para conosco

estejam em perfeita harmonia com o Seu caráter santo. Sendo que a santidade parece se referir mais ao caráter de Deus,

como Ele é em Si mesmo, Sua justiça é manifesta através da Sua maneira de tratar os outros.

A expressão ―justiça de Deus‖ é sinônima da expressão ―retidão de Deus‖, e do fato de Deus ser justo. A palavra mais

comum traduzida ―justo‖ no Velho Testamento significa ―reto‖, e no Novo Testamento é ―igual‖, mas num sentido moral

ambas significam ―correto‖. Quando lemos que Deus é justo, ou que Ele é reto, entendemos que Ele sempre faz o que é

certo, o que deveria ser feito, e que Ele faz isto consistentemente, sem qualquer parcialidade. A palavra ―justo‖ e a palavra

―reto‖ são idênticas, tanto no Velho como no Novo Testamentos. Algumas vezes os tradutores traduzem a palavra original

por ―justo‖ e outras ―reto‖, sem nenhuma razão aparente. Entretanto, seja qual for a palavra usada, significa essencialmente

a mesma coisa. Os atos de Deus e, portanto, o Seu caráter, são sempre corretos e justos. Assim entendemos que a justiça de

Deus é evidente na maneira como Ele age consistentemente de acordo com o Seu próprio caráter. Devemos notar que Deus

não é definido pela palavra ―justo‖, mas sim que a palavra ―justo‖ é definida por Deus. Ele não pode ser medido pelo padrão

de ser justo; Ele define o padrão de justiça.

No livro The Joy of Knowing God (―O prazer de conhecer a Deus‖), A. W. Tozer escreve:

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Algumas vezes é dito que ―a justiça requer que Deus faça isto‖, referindo-se a algum ato que sabemos que Deus irá realizar. Isso é um erro de

pensamento e também de expressão, pois define um padrão de justiça fora de Deus, que O obriga a agir de uma certa forma. É evidente que não existe

tal princípio. Se existisse seria superior a Deus, pois somente um poder superior pode exigir obediência. A verdade é que não há, e nunca pode haver,

nada fora do caráter de Deus que possa movê-lo de alguma forma. Todas as premissas de Deus vêm de dentro do Seu próprio Ser, que nunca foi criado.

Nada foi incluído no Ser de Deus desde a eternidade, nada foi removido, e nada tem mudado. Justiça, quando usada de Deus, é um nome que damos à

maneira como Deus é, nada mais; e quando Deus age em justiça Ele não está fazendo isto para conformar com um critério independente, mas

simplesmente agindo como Si mesmo em dada situação… Deus é Seu próprio princípio existente de igualdade moral, e quando Ele castiga homens

ímpios ou recompensa o justo, Ele simplesmente age como Si mesmo, do interior, que não pode ser influenciado por nada que não seja Ele mesmo.

O caráter justo de Deus é visto nas Escrituras de duas maneiras. Ele agirá em justiça contra o ímpio, mas também a Sua

justiça é manifesta aos justo: ―O Senhor prova o justo, porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua alma. Sobre os

ímpios fará chover laços, fogo, enxofre e vento tempestuoso; isto será a porção do seu copo. Porque o Senhor é justo e ama a

justiça; o seu rosto olha para os retos‖ (Sl 11:5-7).

Contra os ímpios: Quando Ele age em juízo contra os ímpios, Deus opera no Seu próprio modo imparcial. Vemos isto no

juízo de Faraó, que no final reconhece a justiça de Deus contra o seu pecado: ―Então Faraó mandou chamar a Moisés e a

Arão, e disse-lhes: Esta vez pequei; o Senhor é justo; mas eu e o meu povo ímpios‖ (Êx 9:27).

No castigo de Israel no cativeiro: ―Por isso o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós; porque justo é o Senhor,

nosso Deus, em todas as suas obras, que fez, pois não obedecemos à sua voz‖ (Dn 9:14).

No juízo futuro quando as taças da ira de Deus são derramadas: ―E o terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas

fontes das águas, e se tornaram em sangue. E ouvi o anjo das águas, que dizia: Justo és tu, ó Senhor, que és, e eras, e hás de

ser, porque julgaste estas coisas. Visto como derramaram o sangue dos santos e dos profetas, também tu lhes deste sangue a

beber, porque disto são merecedores‖ (Ap 16:4-6).

Recompensando o justo: O incentivo para o cristão é que a justiça de Deus é manifesta no fato que Ele recompensa a

fidelidade e protege e livra os fieis dos seus adversários. O salmista aborda este tema incentivador: ―O Senhor faz justiça e

juízo a todos os oprimidos‖ (Sl 103:6). ―O meu escudo é de Deus, que salva os retos de coração. Deus é juiz justo, um Deus

que se ira todos os dias‖ (Sl 7:10-11). A esperança do cristão se resume em algumas das últimas palavras de Paulo: ―Desde

agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas

também a todos os que amarem a sua vinda‖ (II Tm 4:8).

Frequentemente ouvimos mais sobre a justiça ou retidão de Deus relacionada com o castigo dos pecadores, e embora

usemos isto no Evangelho, para fazer o pecador compreender algo do caráter de Deus, devemos notar que, nas Escrituras,

este atributo é usado constantemente para fazer o Seu povo regozijar com confiança. Entre os muitos versículos que

confirmam este aspecto incentivador da justiça estão: ―Dizei entre os gentios que o Senhor reina. O mundo também se

firmará para que se não abale; julgará os povos com retidão. Alegrem-se os céus, e regozije-se a terra; brame o mar e a sua

plenitude. Alegre-se o campo com tudo o que há nele; então se regozijarão todas as árvores do bosque. Ante a face do

Senhor, porque vem, porque vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos com equidade‖ (Sl 96:10-13).

―Piedoso é o Senhor e justo; o nosso Deus tem misericórdia. O Senhor guarda aos símplices; fui abatido, mas ele me livrou‖

(Sl 116:5-6). ―Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade. Ele cumprirá o desejo

dos que o temem; ouvirá o seu clamor, e os salvará‖ (Sl 145:18-19).

Entretanto, ao afirmar o que afirmamos acima, não queremos minimizar a necessidade de mostrar ao pecador que ele é

ímpio diante de Deus: ―Não há um justo, nem um sequer‖ (Rm 3:10). Os homens não conseguem viver à altura do padrão de

justiça estabelecido pela Lei (Rm 3:9-20). Deus é justo ao condenar todos os homens à morte, pois todos, sem exceção, têm

pecado e destituídos estão da Sua glória: ―Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus‖ (Rm 3:23). Todos os

homens são dignos de morte, porque ―o salario do pecado é a morte‖ (Rm 6:23). Deus é justo em condenar o ímpio.

Entretanto, Deus também é justo em salvar pecadores. Ele é ―justo e justificador daquele que tem fé em Jesus‖ (Rm 3:26).

Deus é justo em salvar o pecador porque a Sua ira justa foi satisfeita. Justiça foi feita na cruz do Calvário. Deus não reduziu

as acusações contra os homens; Ele não diminuiu o padrão de justiça. Ele derramou todo o Seu justo castigo sobre o Seu

Filho na cruz. Nele a justiça foi satisfeita. Todos os que se arrependem e creem no Salvador são justificados; seus pecados

são perdoados porque o preço total foi pago. Os que rejeitam a bondade e a misericórdia de Deus pagarão o preço dos seus

pecados, porque não aceitaram a obra realizada e o preço pago. Finalmente, nós como cristãos gozamos do benéfico

constante da justiça de Deus: ―Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos

purificar de toda a injustiça‖ (I Jo 1:9).

Deus é amor

―Deus é amor‖ (I Jo 4:16). A compreensão deste aspecto do caráter de Deus não é baseada no fato que Deus ama, não

importa quão maravilhosa seja esta verdade, mas a verdade do Seu caráter é que Ele é amor. Amor é a própria essência da

Sua natureza moral. Ele é a fonte de todo amor. No entanto, há muitos que falam do amor de Deus mas que são totalmente

estranhos ao Deus de amor. Para muitos, o amor divino é considerado como um tipo de inclinação bondosa, algum tipo de

indulgência bem humorada, que se tornou numa espécie de sentimentalismo semelhante à emoção humana. Entretanto, para

o verdadeiro cristão o amor de Deus é a expressão do Seu caráter, e quanto mais familiarizados formos com Ele em toda a

sua plenitude, mais os nossos corações serão levados a amá-lO.

Enquanto Deus é a fonte de todo amor, o Filho de Deus é o objetivo original e eterno do Seu amor. Seria óbvio

concluirmos que se Deus é amor eterno, então este amor deve ter um objetivo eterno. O objetivo eterno do amor divino é o

Filho Eterno. Este relacionamento eterno e este amor eterno são vistos na oração do Senhor Jesus ao Pai: ―Pai, aqueles que

me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu

me amaste antes da fundação do mundo‖ (Jo 17:24). A declaração do amor do Pai já fora ouvida depois do batismo do Filho:

―E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo‖ (Mt 3:17); e novamente no Monte da

transfiguração: ―Da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho em quem me comprazo; escutai-o‖ (Mt 17:5).

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Entretanto, o Pai não somente ama o Filho, mas Ele ama todos que estão ligados ao Seu Filho pela fé e amor. Sabemos

através das Escrituras que Deus ama todos os homens, mas Ele tem um amor especial por aqueles que estão em Cristo. ―Eu

neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que

os tens amado a eles como me tens amado a mim‖ (Jo 17:23). Quão bendito o fato que Deus tem o mesmo amor para com os

que estão em Cristo, como Ele tem pelo próprio Cristo; e enquanto nós que estamos em Cristo amamos o Pai, o amor do Pai

por nós precedeu o nosso amor por Ele. ―Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro‖ (I Jo 4:19).

Embora o amor de Deus para com o pecador não regenerado é diferente do amor que Ele tem para com os que estão em

Cristo, este amor é claramente demonstrado e anunciado nas Escrituras. O grande versículo evangelístico confirma isto:

―Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça

mas tenha a vida eterna‖ (Jo 3:16). ―Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós

ainda pecadores‖ (Rm 5:8); ―Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando

nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)‖ (Ef 2:5). Não há nada

nos objetos do Seu amor para atrair este amor ou para instigar este amor. O amor humano é despertado por algo no ente

amado, mas o amor de Deus é gratuito, espontâneo e sem causa.

O assunto do amor de Deus é uma verdade de profundidade insondável. Seu amor é infinito, sem limites,

incompreensível, eterno, imutável, sacrificial; é algo que deve ser desfrutado e apreciado, mas não pode ser explicado.

Entretanto, o amor de Deus traz responsabilidades ao cristão. Para provar isto, voltamos aos versículos em torno do título

―Deus é amor‖. ―Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e

conhece a Deus. Aquele que não ama, não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus para

conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós

tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.

Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos

uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é perfeito o seu amor‖ (I Jo 4:7-12). O amor de Deus é manifesto a nós e em nós.

Da mesma forma que somos objetos do amor sacrificial de Deus, devemos demonstrar o mesmo tipo de amor uns para com

os outros. Nossa expressão de amor é, na verdade, o reflexo do amor de Deus em nós, e nossos atos que manifestam amor

são um sinal da nossa resposta ao Seu amor. O discurso claro do Senhor Jesus no seu ministério no cenáculo resume o peso

da nossa responsabilidade: ―Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros‖ (Jo 13:35).

O amor de Deus é um amor eterno, Nunca houve tempo quando não existia; O rio está aqui — a Fonte no alto; Quem o prova agora, bendita é a sua sorte. É como um oceano sem praia, Cuja profundeza ninguém pode sondar; E à sua altura nenhum pensamento pode chegar, É infinito, não conhece limites. (Douglas Russell)

Deus é luz

―Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas‖ (I Jo 1:5). Antes de João declarar que ―Deus é amor‖, no cap. 4 da sua

primeira epístola, ele se preocupa em mostrar que ―Deus é luz‖. ―Está é a mensagem que dele ouvimos, e que vos

anunciamos, que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas‖ (I Jo 1:5). Este versículo apresenta a mensagem central da

epístola, mostrando-nos que o caráter de Deus exige certas características em toda pessoa que se chama cristão. Nossas vidas

como cristãos refletirão o caráter de Deus que é luz. A palavra grega Phos, traduzida ―luz‖, é muito descritiva quando usada

no contexto de Deus sendo luz. Descreve uma luz que nunca precisa ser acesa, e portanto nunca pode ser apagada. Como

isso é expressivo quando descreve o caráter de Deus.

Quando o apóstolo João escreveu esta descrição de Deus, ele estava escrevendo numa época quando havia grande ênfase

na adoração de ídolos que eram associados à luz. A divindade romana Júpiter tinha um filho, Sol, que era o deus Sol,

enquanto sua irmã gêmea, Diana, era a deusa da Lua, ambos aclamados como deuses da luz. Obviamente o imperador

romano era considerado um deus e adorado como a presença da luz divina na Terra. Até mesmo os gnósticos daqueles dias

se referiam à alma humana como luz. João então afirma que a Pessoa, Deus, é luz.

No Velho Testamento, Jeová é radiante como a luz. ―Ele se cobre de luz como um vestido, estende os céus como uma

cortina‖ (Sl 104:2); ―E o resplendor se fez como a luz‖ (Hc 3:4); ―Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos

a luz‖ (Sl 36:9). O Senhor Jesus é visto como aquele que habita na luz: ―A qual a seu tempo mostrará o bem aventurado, e

único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz

inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém‖ (I Tm 6:15-16),

e no dia futuro: ―Até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os designíos

dos corações‖ (I Co 4:5).

A luz simboliza a absoluta perfeição de Deus, como também a verdade revelada de Deus. ―Porque o mandamento é

lâmpada, e a lei é luz‖ (Pv 6:23). ―A entrada das tuas palavras dá luz, dá entendimento aos símplices‖ (Sl 119:130).

―Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho‖ (Sl 119:105).

Mais uma vez, a verdade do fato que Deus é luz traz responsabilidades práticas ao cristão. Trevas, nas Escrituras,

significa a ausência de luz, e não o oposto de luz, como nós a descreveríamos, mas é também a ausência de revelação.

Quando Paulo descreve a nossa situação no mundo, ele contrasta luz com trevas: ―E isto digo, conhecendo o tempo, que já é

hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é

passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente,

como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e

inveja‖ (Rm 13:11-13). Mais uma vez ele nos admoesta, não somente a buscar a luz, mas também a rejeitar as trevas:

―Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz‖ (Ef 5:8). A descrição que Paulo

faz de nós está de acordo com a descrição de João do nosso Deus, que é luz: ―Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do

dia; nós não somos da noite nem das trevas‖ (I Ts 5:5). O grande ponto prático é que viver nas trevas é incompatível com

dizer estar em comunhão com o Deus da luz: ―Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos,

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e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue

de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado‖ (I Jo 5:6-7). Portanto deve ser óbvio quem pertence a Deus, que é

luz, e quem não pertence a Deus.

Ao aprendermos sobre Deus, vamos refleti-lO na nossa maneira de viver. Portanto, se devemos amar, porque Deus é

amor, devemos primeiramente apreciar o fato que Deus é luz. Ele é uma glória brilhante, uma luz ofuscante, uma chama

devoradora, uma sarça ardente, uma coluna de fogo.

Andai na luz, e descobrirás Que teu coração será todo dEle, Daquele que habita entronizado na desnublada luz, Em Quem não há trevas. (Bernard Barton)

Deus é misericordioso

―A ti também, Senhor, pertence a misericórdia‖ (Sl 62:12). Nas Escrituras a misericórdia de Deus é expressa de diversas

formas. Entretanto devemos lembrar que Deus é absolutamente soberano na maneira como Ele executa a Sua misericórdia.

Precisa ser assim, pois não há nada fora dEle que O obriga a agir. ―Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me

compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia‖ (Rm 9:15).

Primeiramente, a Sua misericórdia é expressa a todos os homens, cristãos e incrédulos igualmente, e também a toda criação.

―Piedoso e benigno é o Senhor, sofredor e de grande misericórdia. O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias são

sobre todas as suas obras‖ (Sl 145:8-9). ―Ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas‖ (At 17:25).

Em segundo lugar, vemos a Sua misericórdia à humanidade enquanto Ele distribui as necessidades da vida: ―Porque faz

que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos‖ (Mt 5:45). Entretanto, ao mesmo tempo

em que os ímpios estão incluídos nas Suas misericórdias, o que Ele lhes proporciona se limita apenas a esta vida. Não há

misericórdia para eles além túmulo: ―Este povo não é povo de entendimento, assim aquele que o fez não se compadecerá

dele, e aquele que o formou não lhe mostrará nenhum favor‖ (Is 27:11).

Em terceiro lugar, a demonstração da misericórdia de Deus é para os que creem, os que O temem, O amam, e andam diante

dEle com todo o seu coração. Estes são os que confessam os seus pecados: ―O que encobre as suas transgressões nunca

prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia‖ (Pv 28:13); que confiam no Senhor: ―Aquele que confia

no Senhor a misericórdia o cercará‖ (Sl 32:10); e que invocam o Senhor: ―Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e

abundante em benignidade para todos os que te invocam‖ (Sl 86:5). Portanto é pela Sua misericórdia que somos salvos:

―Não pelas obras de justiça, que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, pela lavagem da regeneração e da

renovação do Espírito Santo‖ (Tt 3:5).

De forma prática, podemos apresentar a misericórdia de Deus como um atributo de Deus que é atraente para o pecador, e

confortante para o salvo.

Para o pecador — Ele é um Deus misericordioso e perdoador. ―Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus

pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar‖

(Is 55:7); ―Quem é Deus semelhante a ti, que perdoa a iniquidade, e que passa por cima da rebelião do restante da sua

herança? Ele não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na sua benignidade‖ (Mq 7:18); ―O Senhor é longânimo, e

grande em misericórdia, que perdoa a iniquidade e a transgressão, que ao culpado não tem por inocente, e visita a iniquidade

dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração. Perdoa, pois, a iniquidade deste povo, segundo a grandeza da tua

misericórdia; e como também perdoaste a este povo deste a terra do Egito até aqui. E disse o Senhor: Conforme a tua palavra

lhe perdoei‖ (Nm 14:18-20).

Para o cristão — Ele manifesta a sua misericórdia. Para proteger: ―O ímpio tem muitas dores, mas aquele que confia no

Senhor a misericórdia o cercará‖ (Sl 32:10). Na aflição: ―O Senhor consolou o seu povo, e dos seus aflitos se compadecerá‖

(Is 49:13). Na doença: ―Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou fraco; sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão

perturbados. Até a minha alma está perturbada, mas tu, Senhor, até quando? Volta-te Senhor, livra a minha alma; e salva me

por tua benignidade‖ (Sl 6:2-4). Na tristeza: ―E de fato esteve doente, e quase à morte, mas Deus se apiedou dele, e não

somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza‖ (Fp 2:27). Para segurança: ―Porque o

rei confia no Senhor, e pela misericórdia do Altíssimo nunca vacilará‖ (Sl 21:7).

Enquanto apresentamos a misericórdia de Deus, devemos acrescentar um comentário sobre a graça de Deus. W. E. Vine,

no seu Expository Dictionary of New Testament Words (―Dicionário Expositivo de Palavras do Novo Testamento‖) explica a

misericórdia e a graça de Deus da seguinte forma:

Misericórdia é a manifestação externa de compaixão; admite necessidade da parte de quem a recebe, e recursos suficientes para suprir a necessidade da

parte de quem manifesta misericórdia … Quando as palavras ―misericórdia‖ e ―paz‖ aparecem juntas, elas sempre aparecem nesta ordem, a não ser em

Gálatas 6:16. Misericórdia é o ato de Deus, paz é a experiência resultante no coração do homem. Graça descreve a atitude de Deus para com aquele que

desobedece a lei, e o rebelde; misericórdia é a Sua atitude para com aqueles que estão em aflição.

Em graça Deus perdoa pecadores culpados. Em graça Ele nos remove da esfera de condenação para o lugar de

justificação. Em graça o pecador justificado recebe uma nova natureza, inicia um relacionamento com Deus e se torna um

cidadão dos Céus. ―Mas Deus que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda

mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com

Ele e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus‖ (Ef 2:4-6). Foi graça, o favor de Deus para com pecadores

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culpados e indignos, que estendeu a mão para providenciar redenção em Cristo. Nós nos gloriaremos na graça de Deus por

toda a eternidade. Que perspectiva gloriosa.

Ao terminar esta parte elevamos o nosso louvor a um Deus de misericórdia. Foi Sua misericórdia que nos vivificou

quando estávamos mortos em nossos pecados (Ef 2:4-5), e nos salvou (Tt 3:5), e nos gerou para uma herança (I Pe 1:4). Na

verdade Ele, é o ―Pai das misericórdias‖ (II Co 1:3).

Quão apropriadas são as palavras do salmista: ―Eu porém cantarei à tua força; pela manhã louvarei com alegria a tua

misericórdia; porquanto tu foste o meu alto refúgio, e proteção no dia da minha angústia. A ti, ó fortaleza minha, cantarei

salmos; porque Deus é a minha defesa e o Deus da minha misericórdia‖ (Sl 59:16-17).

Deus é fiel

―Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão do seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor‖ (I Co 1:9). A justiça,

misericórdia e fidelidade de Deus são paralelas e estão todas comprometidas com a libertação, defesa, e salvação completa e

eterna do povo de Deus. A raiz hebraica das palavras ―fiel‖ e ―fidelidade‖ (aman) significa ―apoiar‖, ―escorar‖, ―sustentar‖.

O uso da palavra significa apoiar-se a si mesmo ou ser sustentado; portanto a palavra ―fiel‖, aplicada a uma pessoa, indica

alguém sobre quem você pode se apoiar com segurança. A palavra grega usada no Novo Testamento para ―fiel‖ ou

―fidelidade‖ (pistos) significa ―alguém de confiança‖ ou ―alguém em quem se pode confiar‖. Assim, tanto no Velho

Testamento quanto no Novo, este aspecto do caráter de Deus é visto claramente. A afirmação que Deus é fiel significa que

Deus é um Ser em quem podemos confiar plenamente. As Escrituras desenvolvem a amplitude da fidelidade de Deus, que é

vista em:

Sua aliança: ―Saberás, pois, que o Senhor teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil

gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos‖ (Dt 7:9); ―Mas não retirarei totalmente dele a minha

benignidade, nem faltarei à minha fidelidade. Não quebrarei a minha aliança, não alterarei o que saiu dos meus lábios‖ (Sl

89:33-34); ―E disse: Ó Senhor Deus de Israel, não há Deus como tu, em cima nos céus nem em baixo na terra; que guardas a

aliança e a beneficência a teus servos que andam com todo o seu coração diante de ti. Que guardaste a teu servo Davi, meu

pai, o que lhe disseras; porque com a tua boca o disseste, e com a tua mão o cumpriste, como neste dia se vê … Bendito seja

o Senhor, que deu repouso ao seu povo Israel, segundo tudo o que disse; nem uma só palavra caiu de todas as suas boas

palavras que falou pelo ministério de Moisés, seu servo‖ (I Rs 8:23-24, 56). Portanto Deus é fiel e cumpre toda palavra que

Ele profere, independentemente do que o homem faz.

Sua defesa e livramento dos Seus servos: o Salmo 89 é uma grande expressão da fidelidade de Deus, fazendo com que o

salmista regozije: ―As benignidades do Senhor cantarei perpetuamente; com a minha boca manifestarei a tua fidelidade de

geração em geração‖ (v. 1). Deus é fiel na Sua defesa infalível em tempos de tribulação e conflito. Isto é um incentivo no dia

de hoje também: ―Portanto também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhes as suas almas, como ao

fiel Criador, fazendo o bem‖ (I Pe 4:19).

Sua confirmação daqueles que Ele tem chamado: ―O qual vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis

no dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo

nosso Senhor‖ (I Co 1:8-9); ―E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo vosso Espírito, e alma, e corpo, sejam

plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o

fará‖ (I Ts 5:23-24); ―Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno‖ (II Ts 3:3). Esta fidelidade de Deus é

expressa ao confirmar e estabelecer os que Ele tem chamado. Ele os guarda do maligno, os santifica e os preserva. A

confiança do povo de Deus, em relação ao seu futuro, não depende da fidelidade deles, mas sim da fidelidade de Deus.

Ele responde as orações e perdoa o pecado do Seu povo: ―Ó Senhor, ouve a minha oração, inclina os teus ouvidos às

minhas suplicas; escuta-me segundo a tua verdade, e segundo a tua justiça‖ (Sl 143:1). ―Se confessarmos os nosso pecados,

ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça‖ (I Jo 1:9). Nossa confiança de que Deus

perdoará nossos pecados, quando os confessamos, se baseia em duas coisas sobre Deus, isto é, que Deus é justo e que Deus

é fiel. Duvidar que o pecado confessado seja pecado perdoado não é humildade, mas sim incredulidade. Ao duvidar, estamos

questionando a justiça de Deus, Sua fidelidade e Sua confiabilidade.

Ele apresenta o Seu povo irrepreensível: ―O qual vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de

nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor‖

(I Co 1:8-9).

Embora anos e anos passem; Sua aliança permanecerá; Embora nuvens e trevas encubram o Seu caminho, A graça prometida é certa.

Através de ondas, e nuvens, e tempestades Ele suavemente desobstrui teu caminho; Espere o tempo dEle; assim esta noite Logo findará em dia jubiloso. (P. Gehardt)

Deus é Salvador

―Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador‖ (Is 43:11). Enquanto associamos a salvação com o Senhor Jesus

Cristo, as Escrituras, tanto o Velho como o Novo Testamento, descrevem Deus como Salvador. No Velho Testamento a

salvação de Deus é vista principalmente, mas não exclusivamente, em relação à Israel. Muitas vezes, na profecia de Isaías,

Ele é descrito como Salvador:

Is 43:3 — Sua Supremacia como Salvador: ―Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador‖;

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Is 43:11 — Sua Singularidade como Salvador: ―Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador‖;

Is 45:15, 17 — Seus Segredos como Salvador: ―Verdadeiramente tu és o Deus que te ocultas, o Deus de Israel, o

Salvador … Porém Israel é salvo pelo Senhor, com uma eterna salvação‖;

Is 45:21-22 — A Abrangência da Sua Salvação: ―Deus justo e Salvador não há além de mim. Olhai para mim, e sereis

salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro‖;

Is 49:26 — Sua Severidade como Salvador: ―E sustentarei os teus opressores com a sua própria carne, e com o seu próprio

sangue se embriagarão, como com mosto; e toda carne, saberá que eu sou o Senhor, teu Salvador, e o teu Redentor, o Forte

de Jacó‖;

Is 60:15-16 — Sua Força como Salvador: ―Em lugar de seres deixada e odiada, de modo que ninguém passava por ti, far-

te-ei uma excelência perpetua, um gozo de geração em geração. E mamarás o leite dos gentios, e alimentar-te-ás ao peito dos

reis; e saberás que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu Redentor, o poderoso de Jacó‖;

Is 63:8 — Seu Socorro como Salvador: ―Porque dizia: Certamente eles são o meu povo, filhos que não mentirão; assim ele

se fez o seu Salvador.‖

No Novo Testamento a expressão Salvador é usada principalmente em relação ao Senhor Jesus Cristo, com algumas

exceções interessantes. É usada de Deus o Pai nas palavras de:

Maria, enquanto ela se alegrava, antecipando o nascimento do Filho de Deus: ―E o meu Espírito se alegra em Deus meu

Salvador‖ (Lc 1:47). Esta é a única vez que o pronome na primeira pessoa do singular é usado no Novo Testamento ao

descrever Deus o Salvador.

Paulo, quando ele confirma a sua autoridade apostólica (I Tm 1:1 e Tt 1:3). Depois, quando ele descreve o desejo de Deus

com relação às orações do Seu povo e à salvação de todos os homens: ―Porque isso é bom e agradável diante de Deus nosso

Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade‖ (I Tm 2:3-4); e quando ele dá a

razão de se ocupar no serviço do Senhor: ―Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o

Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis‖ (I Tm 4:10).

Paulo, na sua epístola a Tito. Nesta pequena epístola o título Salvador é usado seis vezes. Três vezes em relação ao Senhor

Jesus Cristo, e três vezes em relação a Deus. As referências a Deus são: 1:3, como mencionamos acima; em relação a servos

(―Para que em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador‖, 2:10), e finalmente em relação à salvação do

que antes éramos (―Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas

obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da

renovação do Espírito Santo‖, 3:4-5).

Judas, ao concluir a sua epístola, nos dá a última referência a Deus nosso Salvador. É uma conclusão adequada a esta parte:

―Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória.

Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora e para todo o sempre. Amem‖ (Jd 24-

25).

Então minh’alma canta, meu Salvador Deus, a Ti, Grandioso és tu, grandioso és tu. (Stuart K. Hine)

Conclusão

Ao concluirmos este capítulo, confessamos que há muitas descrições dos atributos divinos que temos omitido.

Considerar o caráter de Deus nos traz um sentimento de incompetência que nos faz sentir como Jó: ―Ah, se eu soubesse

onde o poderia achar!‖ (Jó 23:3); e como ele descreve Deus: ―O que faz coisas grandes e inescrutáveis; e maravilhas sem

número‖ (Jó 9:10); e como o salmista: ―Senhor Deus meu, tu és magnificentíssimo; estás vestido de glória e majestade. Ele

se cobre de luz como de um vestido, estende os céus como uma cortina‖ (Sl 104:1-2).

Enquanto há muito para apreciarmos do Seu caráter e da Sua glória moral, há também grandes profundezas de verdade

em relação a Ele, que incentivam os cristãos que tiram os seus olhos do mundo e os fixam nEle. Quão abençoado é apreciar

o fato que Ele é:

O Deus da minha Salvação. Sete vezes no Velho Testamento esta afirmação é feita. Ele é meu rochedo (Sl 18:46); meu

professor (Sl 25:5); meu ajudador (Sl 27:9);minha adoração (Sl 51:4); meu libertador (Sl 88:1); minha confiança (Mq

7:7); meu gozo (Hc 3:18). Enquanto Ele traz salvação ao indivíduo, Ele é também chamado ―o Deus da nossa salvação‖

cinco vezes no Velho Testamento.

O Deus da paz. Cinco vezes no Novo Testamento o apóstolo Paulo O descreve como o Deus da paz. Lemos da presença do

Deus da paz (―E o Deus da paz seja com todos vós‖, Rm 15:33); do poder do Deus da paz (―E o Deus da paz esmagará em

breve Satanás debaixo dos vossos pés‖, Rm 16:20); da promessa do Deus da paz (―O Deus de paz será convosco‖, Fp 4:9);

da pureza dos Deus da paz (―E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo‖, I Ts 5:23); do aperfeiçoamento pelo Deus

da paz (―Ora o Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo,

grande pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em vós o que perante

ele é agradável por Cristo Jesus‖, Hb 13:20-21). Ele também é descrito como o Deus de amor e de paz (II Co 13:11).

Para cristãos atribulados Ele é: o Deus de toda consolação (II Co 1:3); o Deus de toda graça (I Pe 5:10); o Deus da

esperança (Rm 15:13). Para os que passam por dificuldades de doença física, Ele é o ―Senhor que te sara‖ (Êx 15:26).

Enquanto temos procurado estudar algo do caráter de nosso Deus, as Suas glórias se destacam. Portanto nós O louvamos

como o ―Deus da Glória‖ (Sl 29:3).

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Glorioso Deus supremo em Majestade, Grande no Seu ser, santidade imaculada; Desconhecido aos homens, eternamente invisível; Habitando em luz que ninguém pode igualar. Tu o eterno, nunca criado, só, Cuja presença gloriosa por toda parte brilha Que fala de luz especificamente Tua, Divindade intrínseca que é sempre Tua. Mas se isso fosse tudo, meu coração não ousaria intrometer, Nem achar alívio para suas necessidades de criatura, Grandeza somente poderia humilhar, mas excluir Criaturas como eu de Ti e de tudo que é bom. Essência impessoal, muito além de todo conhecimento, Desconhecida a todos em Majestade inacessível, Mas no entanto revelado na forma mais divina do Amor, A Ti minha alma é atraída em êxtase. (J. McBroom)

Cap. 13 — Símiles divinas

Por Samuel McBride, Irlanda do Norte

Introdução

Não existe tema maior do que a glória de Deus. Fazemos bem em refletir sobre este assunto. O Shorter Catechism afirma

corretamente: ―O alvo principal do homem é glorificar a Deus e apreciá-lO para sempre‖. Diferentemente dos seres

humanos, cujas conquistas gloriosas e grandezas desvanecem com a convivência, e se depreciam com a análise crítica,

quanto mais meditamos na glória de Deus, e quanto mais de perto estudamos este assunto, mais indignos nos sentiremos na

nossa contemplação, e mais profundamente sentiremos nossa vulnerabilidade a algum inadvertido erro de expressão em

relação à bendita e santa Trindade. As expressões mais seguras são as que nos são dadas nas próprias palavras das

Escrituras, isto é, ―palavras … que o Espírito Santo ensina‖ (I Co 2:13). O impacto de um encontro com a glória de Deus é

exemplifica nos casos de Moisés, Elias, Isaías e Daniel, cujas vidas manifestaram o efeito duradouro deste encontro.

Quando consideramos as Pessoas da Trindade separadamente, descobrimos que algumas das símiles/figuras de

linguagem para Deus o Pai também são usadas em relação ao Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo. Uma longa lista de

títulos divinos poderia ser produzida para mostrar que, de fato, símiles/figuras e títulos divinos que se referem ao Pai

também são usados em relação ao Filho. Isto salienta a igualdade, eternidade e Divindade do Filho. Através dos séculos, este

uso intercambiável de títulos divinos em relação à Trindade tem sido usado por escritores cristãos, defensores da verdade,

para defender as grandes verdades da Trindade e da Divindade de Cristo. O grande peso deste testemunho nas Escrituras tem

convencido muitos céticos, e nutrido a fé dos cristãos em sucessivas gerações.

Tendo dito isto, meramente listar estas símiles/figuras de linguagem usadas para descrever Deus, e notar sua atribuição

conjunta, tanto ao Pai como ao Filho, como um exercício de apologia Trinitária, é insuficiente para nos trazer a uma

apreciação completa do que estes títulos realmente significam. Uma símile é uma expressão de semelhança ou comparação

que é usada para transmitir o significado de algo, afirmando que há uma analogia, ou comparação, entre alguma coisa e o

objeto da nossa atenção. As palavras de ligação ―como‖ ou ―igual a‖ são frequentemente usadas ao propor uma símile.

Uma metáfora significa carregar o significado de uma coisa para outra, frequentemente omitindo palavras de ligação que

são características de símiles. Por exemplo, em relação a Israel está escrito: ―Aquele que tocar em vós toca na menina do seu

olho‖ (Zc 2:8). Esta é uma metáfora complexa que atribui a Deus uma reação muito sensível quando Seu povo Israel é

perturbado. Esta menção da delicada enervação sensitiva da córnea humana não pode ser aplicada literalmente a Deus, mas

mesmo assim transmite uma verdade bem clara. Este é o poder da metáfora, isto é, emprestar o significado de uma coisa

para explicar um fato que é verdade de outra entidade que, em todos os outros aspectos, é completamente diferente. Há

trabalhos de estudiosos que classificam as metáforas em subgrupos diferentes. Discursos figurados mais extensos para

ilustrar Deus e Seus caminhos são vistos nas chamadas parábolas. Ensino simbólico constitui outro método de ilustrar os

caminhos e o caráter de Deus.

Ao lermos a Bíblia, quando percebemos uma símile ou uma metáfora, deveríamos perguntar: ―Por que esta figura de

linguagem é usada?‖

Qual o significado dela em relação a Deus?

O que eu aprendo de Deus ao estudar o uso Bíblico desta expressão?

O que isto me diz de Deus o Pai?

Quando usada em relação ao Filho de Deus, o que eu aprendo sobre Ele?

Por exemplo, o que há na figura da rocha que é apropriado para ser usada na apreciação de Deus? Qual é a revelação de

Deus, dada pelo Espírito, trazida a nós através desta descrição e figura de linguagem?

As expressões elevadas encontradas nos salmos divinamente inspirados, e nas profecias, ilustram de uma maneira

maravilhosa a implementação de tais termos descritivos acerca de Deus. As composições não inspiradas dos homens, apesar

de talentosas, não chegam à perfeição das Sagradas Escrituras.

Os melhores escritores de hinos tem garimpado nos ricos tesouros dos Salmos e Profetas na sua atribuição de louvor e

glória a Deus. Valorizamos muito os seus esforços, mas o material da fonte Bíblica é insuperável.

Sendo que o foco principal deste artigo é Deus o Pai, nosso estudo irá se concentrar nas figuras que descrevem o Pai, e

não os outros membros da Divindade. No Velho Testamento isto é difícil. O dr. A. T. Schofield resume bem quando diz:

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É praticamente impossível classificar totalmente os nomes e títulos de Jeová, especialmente quando os consideramos como se referindo a Cristo — o

fato é que embora o Novo Testamento mostra que é o Filho que sempre executa a vontade do Pai, e que este Filho é o mesmo ―Eu Sou‖, ou Jeová do

Velho Testamento, entretanto visto que Pai, Filho e Espírito Santo é uma revelação distinta do cristianismo, a diferença entre Deus o Pai e Deus o Filho

geralmente não é apresentada antes do Novo Testamento.

O dr. H. Lockyer cita A. T. Schofield como fonte primaria para o seu livro valioso All the Divine Names and Titles in the

Bible. Ele resume Schofield da seguinte maneira:

Enquanto que os nomes e títulos de Cristo podem ser satisfatoriamente compilados, os títulos de Deus não podem ser definidos claramente. Uma lista é

apresentada dos nomes mais impressionantes de Jeová, apresentados em cada livro da Bíblia, que sem dúvida são aplicáveis a Cristo. O que devemos

ter em mente é que títulos e tipos são coisas bem distintas.

A importância de conhecer a Deus

Apesar de ser muito bom conhecer acerca de Deus, e a Bíblia é a nossa única fonte de informação correta sobre este

tema, é algo completamente diferente, e muito melhor, conhecer a Deus. Tal conhecimento só pode ser obtido através de um

relacionamento pessoal com o Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo. Este era o alvo de Paulo (Fp 3:10). Ora, o

conhecimento de Deus não é meramente uma realização individual de felicidade mística. Através da história nas Escrituras,

descobrimos que aqueles que obtinham sucesso prático nas coisas de Deus eram aqueles que conheciam a Deus. Os heróis

da fé apresentados em Hebreus cap. 11 eram aqueles que conheciam o seu Deus. Foi dito a Daniel ―… o povo que conhece

ao seu Deus se tornará forte e fará proezas‖. Paulo pôde dizer com grata confiança: ―Eu sei em Quem tenho crido‖ — não

apenas uma afirmação de credo: ―Eu sei o que tenho crido‖.

O fato maravilhoso é que Deus achou por bem nos permitir aprender sobre Ele através de certas ilustrações que auxiliam

nossa compreensão limitada. Como pode uma criatura finita compreender a verdade sobre o Criador infinito, o Senhor Deus

Todo Poderoso? Somos lembrados da distância entre nosso pensamento e o pensamento divino: ―Porque os meus

pensamentos não são os vossos pensamentos nem os vossos caminhos os meus caminhos‖ (Is 55:8-9), e Jó também foi

relembrado desta verdade por Eliu (Jó 34:31-33).

É um fato incontestável que o homem caído tem uma imaginação fértil, que é usada para gerar maneiras enganosas e

inadequadas de pensar sobre Deus, e para criar imagens erradas dEle. Embora Romanos cap. 1 nos dá a prova mais clara

disto, há muita evidência adicional nas Escrituras do Velho Testamento, onde o engodo intelectual e romântico da idolatria é

visto como um forte atrativo à mente auto engrandecedora do homem não regenerado. A mente da carne está em inimizade

contra Deus e não é sujeita à lei de Deus, nem tão pouco pode ser .

Especulações intelectuais sobre Deus que não se atém, no temor de Deus, as palavras que o Espírito Santo ensina, e se

desviam da sã doutrina, produzem resultados prejudiciais — mesmo se aqueles que se envolvem nestas especulações

professam ser cristãos piedosos.

O resultado trágico de várias formas de ―novo esclarecimento‖ e ―ministério autoritário‖ que permeavam a era pós-

Darby dos irmãos exclusivistas é um testemunho eloquente disto. Fazemos bem em cultivar uma reverência mental, e evitar

o orgulho intelectual ao nos aproximarmos do grandioso assunto de Deus o Pai e Sua descrição nas Escrituras. Um adorador

não é um filósofo. Tendo isto em mente, podemos abordar exemplos específicos de linguagem figurada relacionadas a Deus.

Símiles e descrições figurativas de Deus

Coisas inanimadas

Deus como Luz

―Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas‖ (I Jo 1:5). Luz é atribuída a Deus, e Ele é o Criador da luz como a

conhecemos, da qual a vida na Terra depende. Ele é chamado de ―Pai das luzes‖, o Doador de toda boa dádiva e dom

perfeito (Tg 1:17). A criação do primeiro raio de luz, em Gênesis 1, é usada como ilustração do poder soberano de Deus na

conversão do pecador, onde a entrada da luz divina traz a ―iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus

Cristo‖ (II Co 4:6). Mesmo as crianças sabem que insetos repulsivos fogem da luz. Esta analogia é aplicada aos pecadores

em João 3:19-22, quando a maravilhosa luz de Deus, vista perfeitamente no Seu Filho, é descrita como repulsiva a eles.

Muito mais é escrito sobre a luz como uma descrição de Deus. Vale a pena estudar este tema.

A Rocha

Força, estabilidade, refúgio e permanência, todas estas características veem a nossa mente pela aplicação bíblica da

expressão ―Rocha‖ em relação a Deus. O grande cântico de Moisés, em Deuteronômio 32, dá pelo menos quatro referências

diretas a Deus como a Rocha; veja vs. 15, 18, 30 e 31. Davi, na sua última fala oficial, disse: ―Disse o Deus de Israel, a

Rocha de Israel a mim me falou‖ (II Sm 23:3). Davi tinha uma afeição especial por esta metáfora, tendo passado tanto

tempo, com seu bando de fiéis seguidores, escondendo-se de Saul no deserto rochoso do sul da Judeia. Em um dos seus

grandes cânticos de agradecimento vitorioso a Deus, ele reúne várias figuras e diz: ―O Senhor é o meu rochedo, e o meu

lugar forte, e o meu libertador. Deus é o meu rochedo, nele confiarei, o meu escudo, e a força da minha salvação, o meu alto

retiro e o meu refúgio. Ó meu Salvador, da violência me salvas‖ (II Sm 22:2-3). Nestes dois versículos temos agrupadas oito

metáforas diferentes, todas se referindo à defesa e ao refúgio procurados por um fugitivo.

Há duas palavras principais para rocha no Velho Testamento. Uma é cela (Strong 05553), que muitas vezes tem o

significado de ―alicerce‖, e a outra é tsuwr (Strong 06697), que significa ―rocha elevada‖. Elas aparecem nesta ordem nas

duas referências à rocha nos dois versículos que acabamos de citar. Ambas as palavras são usadas frequentemente para

descrever Deus. Os moradores de muitos países não estão tão acostumados com a paisagem rochosa comum a um israelita;

portanto muitas línguas não são tão ricas em palavras para descrever ―rocha‖. A referência à refrescante ―sombra de uma

grande rocha em terra sedenta‖, embora obviamente se referindo a Deus, está ligada com ―um homem‖ (Is 32:2), e este

homem só pode ser o Senhor Jesus Cristo, que é a Rocha sobre a qual a Igreja é edificada, e que é revelado como a Rocha

que produziu água que sustentou os israelitas na sua jornada do Egito a Canaã: ―… bebiam da pedra espiritual que os seguia;

e a pedra era Cristo‖ (I Co 10:4).

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Figuradas relacionadas à construção

Artífice, Construtor, Criador

A casa de Deus aparece tanto no Velho como no Novo Testamentos. A doutrina relacionada com este grande assunto é

central a todas as perguntas sobre como o povo de Deus se reúne, e como suas comunidades são organizadas em testemunho

a Deus, no mundo de hoje. A Bíblia claramente estabelece que a casa de Deus é algo construído e projetado pelo próprio

Deus, e que Ele é o Senhor da casa. O desafio prático a cada um de nós hoje (quer como indivíduos ou como grupos de

cristãos) é este: será que eu (e o grupo religioso ao qual eu me associo) me conformo com o ensino Bíblico sobre a casa de

Deus? Se Ele é o Senhor da Sua própria casa, então a constituição da casa, e o comportamento dentro dela, não são assuntos

para nossas inovações inteligentes, ou para concessões. Conformidade à doutrina da casa de Deus é vista como um indicador

da nossa fidelidade. Por isso a ideia de administração é usada para ilustrar o serviço cristão. Assim como os servos

confiáveis de uma grande casa do império romano eram responsáveis por delegar a autoridade dada a eles pelo senhor da

casa, assim nós, seja qual for a nossa esfera de trabalho para Cristo, somos responsáveis pelo nosso serviço à luz da

avaliação vindoura.

Expressões que são usadas de Deus neste contexto são: Senhor da casa, oikodespotes; technites — esta palavra é usada

de Deus como construtor e criador da futura ―cidade que tem fundamentos‖, a qual Abraão, pela fé,

aguardava; demiourgos (―construtor‖) — traz a ideia de ―planejador da cidade‖. Estas duas expressões são usadas em

Hebreus 11:10.

Depois temos a construção da própria Criação: ―Os mundos pela palavra de Deus foram criados‖ (Hb 11:3). Isto nos faz

pensar no Criador como planejador de todas as coisas. É pela fé que estes assuntos são aceitos e compreendidos. Se

pensamos na iniciativa de Deus em planejar, organizar e implementar a criação material, ou no Seu planejamento

providencial do programa da História descrito pela palavra ―mundos‖ (―eras‖; no grego, ainon), todas as sucessivas

dispensações são alvo do planejamento e execução divinos. Aceitar este fato pela simples fé na revelação de Deus nas

Escrituras dá ao cristão vantagens e discernimentos que são impossíveis de se obter por sabedoria humana. Não podemos

enfatizar demais que a verdadeira sabedoria consiste em aceitar totalmente a revelação de Deus sobre estes assuntos.

Devemos ser gratos por termos sido poupados das fúteis tentativas intelectuais da humanidade caída de investigar estes

grandes temas. Os esforços do pecador, na sua própria busca da verdade, são como as tentativas dos homens cegos de

Sodoma procurando encontrar a porta da casa de Ló. É uma tentativa, condenada ao fracasso, de agredir os mensageiros de

Deus enquanto recusando reconhecer sua cegueira como o juízo de Deus.

Figuras da vida no campo

O Pastor

Esta visão de Deus tem sido prezada por sucessivas gerações de cristãos. Os hebreus antigos eram um povo pastoral, e a

ideia de pastor era apreciada entre eles. A tarefa de um pastor no clima de Israel era mais árdua do que a exigida de um

pastor em climas mais frios. Todos os aspectos do bem estar das ovelhas eram a responsabilidade do pastor: uma tarefa que

exigia atenção vinte e quatro horas por dia. Os pastores tinham que proteger as ovelhas dos predadores, tais como os leões e

ursos que Davi enfrentou, ou dos lobos, como em João 10:12, e também contra os ladrões, como vemos em I Samuel 25. O

pastor precisava guiar as ovelhas ao pasto e às fontes de água. As ovelhas não eram capazes de encontrar estas coisas

sozinhas. Os cordeiros, os fracos e doentes, ou as ovelhas feridas, precisavam de atenção individual. Estas tarefas exigiam

força, coragem e sabedoria, portanto é natural que o rei de Israel fosse considerado como o pastor do povo. O ideal hebraico

de um pastor salienta uma figura heroica. A palavra ―herói‖ pode ser derivada da palavra hebraica para ―pastor‖.

Para o cristão, quer seja nos tempos do Velho ou do Novo Testamentos, o Pastor supremo é Deus. Davi celebrou este

fato no Salmo 23, que é tão lindo que até mesmo multidões de almas não esclarecidas encontram conforto injustificado ao

repetir seus versos líricos majestosos. O Novo Testamento mostra esta palavra sendo aplicada ao Senhor Jesus Cristo por Ele

mesmo, e é também aplicada a Ele nas epístolas, em relação à Igreja. Esta continuidade de descrições figuradas, através das

dispensações, desvenda aos cristãos, hoje, a riqueza de revelação incentivadora e restauradora do cuidado de Deus para com

o Seu povo, individualmente e coletivamente, que abunda em ambos os Testamentos. Fazemos bem em gastar tempo

meditando nestas preciosas vinhetas das Pessoas divinas.

O Vinhateiro

O proprietário, o plantador e o administrador de uma vinha são todos usados em diversas passagens como descritivos de

Deus, e especialmente relacionados a Israel, que é comparada à Sua vinha ou vinhedo. No Salmo 80, o salmista Asafe

lamenta a situação trágica de Israel. Ele começa se referindo a Deus como ―Pastor de Israel‖, e fala da vinha destruída, que

tinha desfrutado de tanto favor e privilégio devido à iniciativa soberana de Deus, mas que agora o ―javali da selva‖ havia

devastado e ―as feras do campo‖ devorado. Repetidamente ele implora, ―Faze-nos voltar, ó Deus dos exércitos, e faze

resplandecer o teu rosto e seremos salvos‖.

Embora o salmista não elabora sobre as falhas de Israel, como a causa deste triste estado da vinha, isto fica claro quando

olhamos para outras passagens.

Isaías 5:1-7 nos apresenta o cântico da vinha. Uma explicação clara é dada no v. 7: ―Porque a vinha do Senhor dos

Exércitos é a casa de Israel‖. O problema está inerente na própria vinha. Jeremias 2:21 nos deixa ouvir Deus suplicando com

Israel e perguntando: ―Como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada como vide estranha?‖ Os relacionamentos

bondosos de Deus com Israel tinham dado a ela todas as oportunidades possíveis de ser frutífera e agradável a Ele. ―Julgai,

vos peço, entre mim e a minha vinha. Que mais se podia fazer a minha vinha, que eu não lhe tenha feito?‖ (Is 5:3-4). O

resultado execrável não é culpa de Deus. Como sempre, é a natureza caída do homem que leva à ruína, apesar da provisão

bondosa de Deus.

―O Senhor da vinha‖ é um título de Deus o Pai, usado pelo Senhor Jesus Cristo na Sua parábola da vinha em Mateus

21:33-41. Aqui são os lavradores a quem a vinha foi arrendada durante a ausência do Senhor da vinha que são o foco da

repreensão e do futuro castigo do Senhor.

O Fazendeiro Agrícola

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O fazendeiro, que na colheita do milho e trigo colhe os seus feixes, é usado como figura do Senhor como o futuro

libertador de Israel. A destruição das nações inimigas de Israel é comparada com a eira, e o remanescente de Israel, os que

fazem a debulha, são descritos como uma nova trilha com dentes (uma debulhadora de algum tipo) e também como o gado

da eira. Depois de debulhar vem o assoprar, e aqui também Deus, como o fazendeiro supervisor, vê Israel abanando os grãos

para eliminar a palha (das nações) que é levada pelo vento do juízo de Deus. É interessante ver que João Batista usa esta

figura para descrever a atividade do juízo futuro do Senhor Jesus às multidões curiosas em Lucas 3:17.

O Fazendeiro Pecuarista

O cuidado diligente do fazendeiro com o seu gado é usado como uma figura do cuidado diligente de Deus com Israel,

com o triste contraste que enquanto os animais domésticos conhecem o seu dono, Israel não tinha este entendimento básico

(Is 1:3-4). Esta figura é ampliada por Oséias (Os 4:16; 10:11) quando ele se refere ao fazendeiro usando gado para debulhar

e cultivar campos, falando de Israel como sendo ―a novilha obstinada‖ de Deus, e de Efraim como a novilha que fora

ensinada a debulhar o trigo, e Judá sendo obrigada a puxar o arado, e Jacó os torrões. Todo este uso útil do poder dos

animais na fazenda exige que os animais saibam como se comportar sob o jugo. Isto exige disciplina, e o fazendeiro precisa

treinar o animal de acordo. Aqui também Deus é mencionado como fazendeiro, castigando um novilho desobediente

(Efraim) que está sendo domado para usar o jugo e ser útil na fazenda (Jr 31:18).

Nos dias de nossos bisavós, estes conceitos eram a rotina diária da vida no campo. Fazemos bem em meditar neles como

ilustrando o cuidado bondoso de Deus para com o Seu povo, e sua Soberania inquestionável em escolher como Ele delega

cada um no Seu serviço. O Senhor Jesus usa esta linguagem figurada em Mateus 11:29-30: ―Tomai sobre vós o meu jugo, e

aprendei de mim … porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve‖.

Metáforas militares

O mundo antigo viu muitos conflitos. Desde o início da história de Israel eles estavam cercados de inimigos poderosos, e

as guerras eram frequentes. Tanto Moisés como Davi conheciam a linha de frente de batalhas militares, e os outros escritores

do Velho Testamento estariam bem familiarizados com o serviço militar. Os bons reis reconheciam que qualquer sucesso

militar alcançado por eles era realmente obra de Deus. Portanto, é fácil entender o uso de figuras de linguagem militar

aplicadas a Deus como o verdadeiro responsável pela proteção nacional e pessoal, além do esforço da infantaria israelense.

Homem de Guerra

―O Senhor é homem de guerra; o Senhor é o seu nome‖ (Êx 15:3). Estas descrições proféticas de Deus como guerreiro se

referem especialmente à intervenção futura de Deus como libertador do Seu povo Israel, isto é, no final da Grande

Tribulação. Isto naturalmente se liga com o título divino ―Senhor dos Exércitos‖. Como guerreiro, temos a menção do

arsenal de Deus (Jr 50:25), ―os instrumentos da sua indignação‖ (Is 13:5), e temos referência ao ―machado de batalha e

minhas armas de guerra‖ (Jr 51:20). Isto é especialmente notável em relação à Babilônia, que usava a clava e o machado de

batalha como componentes chave da sua técnica de batalha. Estas armas eram usadas para incapacitar o inimigo, quebrando

os seus ossos. Por isso, a referência a ―despedaçar‖ (Jr 51:20).

O Poderoso (soldado da infantaria)

―O Senhor sairá como poderoso, como homem de guerra despertará o zelo‖ (Is 42:13). Sua intervenção como o guerreiro

vem depois de um longo tempo de espera (isto é uma referência a este presente dia de graça). O silêncio de Deus é quebrado

com um grito: ―Darei gritos como a que está de parto‖ (Is 42:14). Esta justaposição de símiles é marcante. Em uma só frase

temos o guerreiro pronto para o combate e uma mulher em trabalho de parto (veja também o paragrafo posterior sobre

―linguagem feminina‖), que fala da compaixão de Deus com o remanescente que está sofrendo e Sua justa ―campanha de

vingança‖ em favor de Israel no final da Grande Tribulação. Este grande e terrível dia do Senhor será caracterizado por uma

campanha complexa de batalhas, da qual o longo dia de Josué, com todas as suas batalhas, é um tipo; veja Josué cap. 10.

O grande Comandante

―O Senhor dos Exércitos passa em revista o exército de guerra‖ (Is 13:4); também como uma guerrilha fazendo uma

armadilha para pegar o inimigo: ―Laços te armei, e também foste presa, ó Babilônia, e tu não soubeste; foste achada, e

também apanhada; porque contra o Senhor te entremeteste‖ (Jr 50:24).

Instrutor Militar

Davi escreveu: ―Bendito seja o Senhor, minha rocha, que ensina as minhas mãos para a peleja e os meus dedos para a

guerra‖ (Sl 144:1; veja também Sl 18:34).

Intendente

Aquele que fornece as armas e a armadura: ―Também me deste o escudo da tua salvação‖ (Sl 18:35). Compare também

―toda a armadura de Deus‖ dada hoje ao cristão no conflito contra o Diabo.

Arqueiro

―Envia as tuas flechas, e desbarata-os‖ (Sl 144:6).

Linguagem feminina

Algumas das descrições de Deus usam referências pitorescas de entidades ou ações femininas. Em tempos recentes elas

tem sido usada por feministas e seus seguidores teológicos num esforço para ―despatriarcalizar‖ a Bíblia. Ofende tais

pessoas observar que pronomes femininos não são usados em relação a Deus, que a vasta maioria de símiles e metáforas

para Deus são masculinas, e que universalmente Deus é conhecido como ―Ele‖, em cuja imagem o homem foi criado:

―homem e mulher os criou‖ (Gn 1:27). O tom estridente do pensamento feminista tem consideravelmente influenciado

círculos evangélicos, e a linguagem inclusiva (ou linguagem neutra de gêneros) nas traduções da Bíblia (por exemplo na

NIV) é um exemplo. É verdade que algumas expressões são usadas que dão a Deus atributos femininos. Entretanto, não

podemos chegar à conclusão falsa, baseado nestas metáforas, que não devemos nos referir a Deus como ―Ele‖, ou que Ele

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seja de gênero neutro, num sentido vago e politicamente correto. A atribuição de linguagem feminina a humanos do sexo

masculino na Bíblia não põe em duvida a sua masculinidade. Porque deveria ser diferente quando se trata de Deus?

Considere a figura de dar à luz filhos, como usada de Deus em relação ao Seu povo Israel (Is 42:14). Aqui temos um

ponto de vista profético da intervenção final de Deus para livrar Israel, na fase final da Grande Tribulação. A intensa

compaixão de Deus para com o Seu povo sofredor, nesta crise cataclísmica da história da humanidade, é descrita aqui. Os

versículos que seguem (Is 42:15-17), que descrevem o grande poder de Deus no Seu resgate de Israel, transmitem tudo

menos uma impressão feminina. A figura de uma mãe confortando uma criança angustiada é usada para descrever o cuidado

de Deus com Israel (Is 66:13). Isto não é uma atribuição de feminilidade a Deus. Outra figura feminina, a mãe de uma

criança de peito, é usada para descrever o compromisso de Deus com Israel. Esta figura distinta tem sido usada repetidas

vezes em pinturas e esculturas pelos mais ilustres artistas. É a evocação mais potente e emotiva de amor e cuidado para com

um bebê indefeso. Mas aqui a figura é usada em forma de contraste, e não de comparação. ―Acaso pode uma mulher

esquecer-se do filho que ainda mama?… ainda que esta viesse a se esquecer‖ (Is 49:15, ARA). Todo bebe corre um certo

risco de que a mãe possa parar de se importar, mas Israel não precisa ter esta preocupação: ―Eu não me esquecerei de ti‖, diz

Deus. O elo de amor mais forte entre seres humanos é examinado e visto possuir fraquezas, comparado com o amor e

cuidado de Deus para com o Seu povo, e isto não é uma base muito sólida para a teologia feminista.

A Águia

Alguns instintos maternais de certos membros do reino animal são usados para apresentar algumas símiles de Deus. Um

destes é a águia. Em Deuteronômio 32:11-12 lemos acerca de Israel: ―Como a águia desperta a sua ninhada, move-se sobre

os seus filhos, estende as suas asas, toma-os, e os leva sobre as suas asas: assim só o Senhor os guiou‖. Isto amplia a breve

alusão a águia em relação à libertação de Israel do Egito em Êx 19:4: ―Vos levei sobre asas de águia‖. A ênfase está no

nutrir e treinar de filhotes indefesos, num ambiente hostil de deserto. ―Desperta‖ se refere à indisposição inicial dos filhotes

de deixar o ninho. Os israelitas não estavam entusiasmados para deixar o Egito até que Deus ―despertou o ninho‖, como a

sua recepção inicial de Moisés demonstra. Liderança divina fez com que Deus efetuasse para Israel o que seria considerado

arriscado e assustador, como o processo de filhotes de águia sendo ensinados a voar. É essencial que os filhotes confiem na

sua mãe, ou eles nunca sobreviveriam. Entretanto as acrobacias impressionantes da águia, uma das aves mais poderosas,

carregando assim os seus filhotes, certamente abrem nossos olhos da fé para o fato que o cuidado de Deus para conosco

pode incluir episódios de ―despertar‖, seguidos da maravilhosa proteção e cuidado, em situações de extremo perigo. A figura

da águia também é usada de Deus em relação às nações inimigas. Aqui a ênfase é predatória e não de cuidado. ―Porque

assim diz o Senhor: Eis que voará como águia, e estenderá as suas asas sobre Moabe‖ (Jr 48:40), fazendo de Moabe uma

área de predação. A mesma profecia é feita contra Edom em Jeremias 49:22. Voracidade rápida e violenta caracteriza o

ataque da águia. Isto não é figura da mãe-águia protegendo, mas da águia-macho atacando. Assim temos descrito o castigo

de Deus contra Moabe e Edom pelos seus séculos de ataque contra o Seu povo Israel.

A ursa

Outra símile feminina interessante de Deus é a da ursa roubada de seus filhotes. Mesmo hoje, na era moderna de armas

de fogo, nenhum caçador quer se encontrar com uma ursa roubada de seus filhotes. É uma imagem assustadora. Esta

descrição de Deus aparece em Oséias 13:8. A passagem se refere ao programa de juízo de Deus contra a idolatria crônica de

Israel. Três animais diferentes são escolhidos para ilustrarem a manifestação de Deus em juízo. Estes são o leão, o leopardo

e a ursa. Cada um é um predador apavorante. A verdade é que Israel merecia cada encontro punitivo. É interessante que cada

um destes três animais compartilha o mesmo contexto novamente em Daniel cap. 7, onde cada um representa uma besta

imperial que tem um papel a executar no drama final dos relacionamentos dos gentios com Israel, que sobrevive ao ―quarto

animal, terrível e espantoso, e muito forte‖ (v. 7). Será que o uso conjunto desses animais, por Oseias e Daniel, estava

mostrando a Israel que, por trás dos terríveis regimes dos gentios, estava a soberana mão de Jeová contra quem um Israel se

rebelara? É certamente má interpretação prender-se à feminilidade da ursa. Isto de fato é o fruto da teologia feminista.

Figuras analógicas de relacionamentos humanos

Figuras derivadas da família

Pai

Embora muito do que é essencial à nossa ideia de Deus como Pai já foi tratado em outros capítulos deste livro, mesmo

assim, características de relacionamentos humanos, tirados da vida familiar, servem para ilustrar a verdade sobre Deus. A

apresentação de Deus como Pai, no Velho Testamento, é mais analógica e ilustrativa do que factual — para isto precisamos

da revelação do Novo Testamento. A paternidade de Deus como Criador é confirmada claramente em Malaquias 2:10: ―Não

temos todos nós um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus?‖ Este fato criatorial não dá base alguma para pecadores

não regenerados reivindicar que Deus seja seu Pai no sentido Neotestamentário. Deus não pode ser conhecido ou adorado

como Pai por aqueles que não têm um relacionamento com Ele, através da fé no Seu Filho redentor, o Senhor Jesus Cristo.

Muitas tolices plausíveis sobre a paternidade universal de Deus tem sido propagadas por homens religiosos do século XIX, e

seus seguidores, até o dia de hoje — todos caracterizados por relutância em enfrentar a ruína do homem e o remédio de

Deus, isto é, a propiciação pela fé no Seu sangue — o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, que nos purifica do todo pecado

(Rm 3:25; I Jo 1:7).

Nos Evangelhos, lemos que o Pai é revelado pelo Filho de Deus. Assim, lemos do Senhor Jesus Cristo se dirigindo a

Deus como ―Pai‖ diretamente, e também usando a expressão ―Pai santo‖, e ―Pai justo‖ (Jo 17:11, 25). Ele fala com os outros

sobre ―Meu Pai‖, e aos discípulos ―Vosso Pai‖. O apóstolo Paulo nos apresenta o uso de ―Aba Pai‖ ao se dirigir a Deus. Esta

expressão foi usada pelo Senhor Jesus Cristo no Getsêmani ao se dirigir ao Pai (Mc 14:36). Somos ensinados sobre o seu

uso, baseados no fato que somos filhos de Deus e guiados pelo Espírito de Deus; libertos da escravidão judaica para a

liberdade cristã (Gl 4:24). Esta expressão une a linguagem carinhosa, infantil e não racional da criança com a linguagem

respeitosa e racional do adulto. Intimidade e reverência estão ligados. Adoração inteligente de Deus como Pai é a obrigação

do cristão, pois lembramos das palavras do Senhor Jesus Cristo em João 4:23 ―… Adorem o Pai em Espírito e verdade,

porque o Pai procura a tais que assim o adorem‖. Com respeito a adoração do Pai, J. N. Darby diz:

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Ao adorar o Pai, eu me dirijo Àquele que em amor infinito, imerecido … Se revelou a mim, e me reconciliou consigo mesmo, e me deu o Seu Espírito,

para que eu possa estar ciente do lugar em que Ele me colocou, para que eu possa clamar, Aba Pai.

Ele diz também que esta adoração consiste da ―alma, pelo Espírito Santo, estando com e adorando o Pai, a quem Cristo

nos trouxe, e sendo amados como Ele é amado‖. Somente uma atenção espiritual diligente a tudo o que Deus tem revelado

de Si mesmo nas Escrituras pode nos equipar para tal louvor. Isto (citando mais uma vez J. N. D) ―nos eleva simplesmente a

Deus para que nosso novo homem possa habitar e se deleitar em, e certamente adorar a, Ele‖.

O fato que uma criança deveria ter respeito pelo seu pai é tido como correto e normal nas Escrituras. A ausência deste

respeito filial para com Deus é salientado como sintoma da decadência moral e espiritual de Israel (Ml 1:6). A prerrogativa

do pai de disciplinar seus filhos não é somente aceita nas Escrituras, mas é usada para ilustrar a bondosa soberania de Deus,

como nosso Pai, disciplinando Seus filhos, para nosso bem, incutindo santidade e o pacífico fruto da justiça (Hb 12:5-13).

Nesta passagem, vemos o ensino do Velho Testamento sobre Deus como um Pai que disciplina aplicado diretamente na

nossa era do Novo Testamento. A advertência é acrescentada: ―Se estais sem disciplina, da qual todos são feitos

participantes, sois então bastardos, e não filhos‖. Ele está incentivando os cristãos hebreus a não confundir a correção de

Deus com desprazer por capricho, mas sim considerá-la como uma característica necessária de cuidado paternal.

Tal é a decadência rebelde de nossa cultura atual que, infelizmente, esta passagem esbarra na ideia moderna sobre a

criação de filhos.

Esposo

Esta descrição de Deus é usada em relação ao Seu relacionamento com Israel, que é descrita como a esposa (Is 54:5-6).

No contexto deste relacionamento metafórico, referências à ―aliança‖ — para com a qual Israel foi infiel — comparam a

aliança de Deus com Israel a um contrato de casamento humano. Apesar dos seus caminhos pecaminosos, a preocupação

amorosa de Deus de ganhar Israel de volta é descrita na profecia de Oséias. Este relacionamento não é igual ―ao grande

mistério‖ de Efésios 5, onde o casamento é comparado com o elo entre Cristo e a Igreja.

O Pranteador tocando um lamento

Jeremias 48:36 descreve o coração de Deus como flautas, tocando um lamento para a destruição e desolação de Moabe.

Isto é um exemplo de uma descrição figurativa aplicada a outra descrição figurativa. A figura primária é o coração de Deus,

a figura secundária é a do coração tocando — claramente uma figura surreal, mas muito descritiva de uma reação emocional

profundamente triste.

Figuras de governo e liderança

Rei

A realeza é encontrada pela primeira vez na Bíblia em Gênesis cap. 10, onde o reino de Ninrode é mencionado. O

rebelde primordial contra Deus ―começou a ser poderoso na terra‖ (Gn 10:8). Sua carreira como rei começa em Babel e

prefigura a do assírio do final dos tempos (Mq 5:6). O reinado terrestre, portanto, começa como uma usurpação da

prerrogativa divina em relação ao governo das nações. Israel foi proibida de imitar as nações e ter um rei. Quando eles

insistiram em ter um rei, Deus falou para Samuel: ―Não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não

reinar sobre eles‖ (I Sm 8:7). Israel tinha Deus como seu rei até esta rebelião. Saul, o primeiro rei, provou ser um desastre. O

fim do seu reinado, caracterizado pela perseguição a Davi, o caracteriza como um tipo do anticristo futuro. O ideal hebraico

de monarquia, celebrado nos Salmos e nos profetas e apresentado nos livros históricos, é visto em Davi e no início do

reinado de Salomão. Ambos estão explicitamente ligados ao futuro reino Messiânico, que será caracterizado por tudo o que

houve de melhor nestes dois grandes reis. A realeza de Deus, embora usurpada por homens de orgulho voraz e mente

satânica, é um grande tema que se desenvolve através de toda Escritura. Asafe reconheceu isto ao dizer: ―Todavia Deus é o

meu rei desde a antiguidade, operando a salvação no meio da terra‖ (Sl 74:2). Ele então cita uma lista dos atos históricos de

Deus como Rei, que inclui a libertação de Israel através do Mar Vermelho, e a própria Criação.

Atributos reais desejáveis incluem poder, sabedoria e justiça, e cada um destes atributos é encontrado com perfeição em

Deus. O apóstolo Paulo, no final da sua vida atarefada, escreve a majestosa doxologia: ―Ora, ao rei dos séculos, imortal,

invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo sempre. Amém‖ (I Tm 1:17).

Governador

No Salmo 22:28, numa passagem que descreve as condições milenares do futuro, lemos: ―Porque o reino é do Senhor, e

ele domina entre as nações‖. Um cristão do Velho Testamento sem dúvida entenderia isto como uma simples promessa do

reinado direto e futuro de Deus sobre a Terra. Entretanto esta mesma palavra é usada acerca de José, ―regente em toda a

terra do Egito‖, e portanto, para emprestarmos a analogia das grandes empresas contemporâneas, temos José como Chefe

Executivo, e Faraó o menos destacado Presidente. Quando vemos isto aplicado a Deus, precisamos trazer a passagem para o

Novo Testamento para obtermos mais esclarecimento. Encontramos isto em I Coríntios 15:24-28, onde a aniquilação final

de todo império e toda autoridade e poder acontece por intermédio do Senhor Jesus tendo um reino pessoal, e no entanto

entregando o reino a Deus, o Pai. O resultado final glorioso é para que ―Deus seja tudo em todos‖. Tal comparação de uma

Escritura com outra nos ajuda a apreciar os atos gloriosos da bendita e santa Trindade.

Redentor

Esta expressão muitas vezes é explicada como ―parente remidor‖. Refere-se ao antigo costume de um parente que agia

para cumprir seu dever familiar de vingar uma injustiça, e redimir propriedade alienada, casando-se, se necessário, com a

viúva e restaurando as posses do membro da família desapropriado, por meio de uma ação direta, ou ação legal (Pv 23:11).

Boaz é o exemplo mais óbvio do Velho Testamento.

Quando Deus é assim descrito, podemos nos identificar com a alegre expectativa do pobre israelita, vítima de infortúnio

ou injustiça, quando ele/ela sabia que o parente remidor estava cuidando do caso. Diferentemente dos casos atuais de litígio

civil, com seus frequentes cancelamentos e adiamentos, fazendo a pessoa prejudicada sentir que os advogados não se

importam, o parente remidor certamente se preocupava, e agia sem demora. Isaías é o escritor do Velho Testamento que

mais usa esta descrição de Deus, mas somente na parte final da profecia, isto é, depois do cap. 40. É parte do seu ministério

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de ―falar benignamente a Jerusalém‖ (Is 40:2), e apresentar a promessa da libertação futura do Parente Remidor, vingando

Seu querido povo das injustiças dos inimigos que haviam caído sobre eles. Quando observamos a cena geopolítica dos dias

atuais, e vemos o crescente ódio contra os judeus, podemos ver isto como parte do processo de ódio contra Deus, que está

preparando o caminho para a aceitação do anticristo vindouro. Todas estas nações unidas, que estão incentivando o ódio

contra Israel, descobrirão ―naquele dia‖ que eles terão que se encontrar com o Parente Remidor, quando as dívidas de

injustiça contra Israel, acumuladas pelas nações, finalmente serão cobradas. Você gostaria de estar junto com os inimigos de

Deus se opondo a Israel? Bom é regozijarmos ―na redenção que há em Cristo Jesus‖ (Rm 3:24). Pode o leitor assim se

regozijar?

Juiz

O Juiz de toda a Terra. Esta descrição de Deus foi feita por Abraão quando ele concluía sua oração intercessora para que

Sodoma fosse poupada. O grande salmo de juízo afirma: ―Deus mesmo é o juiz‖ (Sl 50:6). Diferentemente de todos os juízes

terrestres, Deus é caracterizado por justiça e imparcialidade, considerando adequadamente todas as contingências litigantes.

Como juiz do mundo, fica claro quando consultamos o Novo Testamento que isto será feito ―por meio do homem que

destinou; e disto deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos‖ (At 17:31). A doutrina detalhada de Deus como juiz

está centrada no Senhor Jesus Cristo, e é Ele quem é descrito em Romanos 14:10 como o Juiz no Tribunal de Cristo;

também em Mateus 25:31-46, quando Ele julga as nações vivas; além disto Ele é o Juiz do Grande Trono Branco (Ap 20:11-

15).

Conclusão

Muitas outras símiles e metáforas de Deus não foram consideradas, mas o espaço impede o seu estudo neste capítulo. As

que temos incluído, entretanto, demonstram a abrangência das figuras que o Espírito Santo julgou adequadas para nos

ensinar acerca de Deus. Refletindo no uso de linguagem ricamente figurativa em relação a Deus, Herbert Lockyer escreveu:

Outra explicação pode ser que Deus, por causa da Sua infinidade, precisou condescender a usar figuras de linguagem que mentes finitas pudessem

entender, para tornar claro e simples o Seu ser, revelação e propósito.