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SUPLEMENTo Ao

boLETiM ESTATíSTico

1|2012

A Gestão da Qualidade nas Estatísticas

do Banco de Portugal

Janeiro 2012

Lisboa, 2012www.bportugal.pt

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BANCO DE PORTUGAL

Av. Almirante Reis, 71

1150-012 Lisboa

www.bportugal.pt

Edição

Departamento de Estatística

Edifício Adamastor Torre A

Av. D. João II, Lote 1.12.02

Design, impressão e distribuição

Departamento de Serviços de Apoio

Área de Documentação, Edições e Museu

Serviço de Edições e Publicações

Lisboa, 2012

Tiragem

2000

ISSN (impresso) - 1646-9364

ISSN (online) - 2182-1739

Depósito Legal 135690/99

Este suplemento foi redigido segundo o novo Acordo Ortográfico.

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íNdicE

I A GESTÃo dA QUALidAdE NAS ESTATíSTicAS do bANco dE PoRTUGAL

7 1 Introdução

7 2 Referencial de qualidade

9 3 Pré-requisitos de qualidade

9 3.1 Enquadramento legal e institucional

16 3.2 Recursos

20 3.3 Relevância

20 3.4 Preocupação com a qualidade

21 4 Integridade

21 4.1 Profissionalismo

22 4.2 Transparência

22 4.3 Padrões éticos

22 5 Solidez metodológica

23 6 Precisão e fiabilidade

23 6.1 Informação de base

25 6.2 Validação da informação de base

26 6.3 Técnicas estatísticas

26 6.4 Validação da informação intermédia e final

27 6.5 Estudos de revisão

27 7 Utilidade

27 7.1 Periodicidade e prazo de difusão

28 7.2 Consistência

- Interna

- Temporal

- Externa

29 7.3 Políticas de revisão e implementação prática

29 8 Acessibilidade

29 8.1 Acessibilidade dos dados e da metainformação

30 8.2 Assistência aos utilizadores

30 9 Considerações finais

32 Siglas e Acrónimos

34 Bibliografia

35 Suplementos ao Boletim Estatístico

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íNdicE dE FiGURAS

Figura 1 Estrutura em cascata do DQAF .................................................................. 8

Figura 2 Data Quality Assessment Framework ......................................................... 9

Figura 3 Sistema estatístico nacional ..................................................................... 11

Figura 4 Informação empresarial simplificada ........................................................ 12

Figura 5 Número de efetivos vs. estatísticas publicadas .......................................... 18

Figura 6 Arquitetura de sistemas de informação .................................................... 19

Figura 7 Informação reportada aos organismos internacionais .............................. 20

Figura 8 Bases de micro dados .............................................................................. 24

Figura 9 Matriz dos procedimentos de qualidade .................................................. 31

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1 Introdução

O presente Suplemento ao Boletim Estatístico tem como objetivo dar a conhecer a atividade desenvolvida no Banco de Portugal de forma a garantir estatísticas de elevada qualidade.

É entendimento do Banco de Portugal que a prossecução de elevados padrões de qualidade na compilação e difusão de estatísticas constitui um fator determinante para consolidar a confiança que os utilizadores depositam nas estatísticas da sua responsabilidade.

Deste modo considerou-se oportuno elaborar um documento essencialmente dirigido aos utilizadores das estatísticas do Banco de Portugal, dando a conhecer os principais procedi-mentos, boas práticas e soluções organizativas, correntemente implementados no âmbito da função estatística, no quadro das principais orientações e princípios no domínio da qualidade estatística que se encontram consagrados internacionalmente e que têm vindo a nortear as atividades de compilação e difusão de estatísticas pelo Banco de Portugal.

Neste contexto, apresenta-se, no capítulo dois deste Suplemento, um breve enquadramento sobre o referencial de qualidade definido pelo Fundo Monetário Internacional – Data Quality Assessment Framework – e nos capítulos subsequentes a descrição das várias dimensões de qualidade preconizadas por este referencial e a verificação dos indicadores mais relevantes que as caracterizam nos sistemas de compilação e difusão de estatísticas do Banco de Portugal. Por último no capítulo nove, sintetizam-se os principais mecanismos de qualidade implemen-tados no domínio da função estatística do Banco de Portugal que garantem a qualidade das estatísticas da sua responsabilidade.

2 Referencial de qualidade

De acordo com a sua Lei Orgânica o Banco de Portugal (BdP) deve assegurar a compilação das estatísticas monetárias, financeiras, cambiais, da balança de pagamentos e da posição de investimento internacional, devendo a elaboração destas estatísticas ser garantida, não só no contexto da produção estatística nacional, como também no âmbito da sua colaboração com o Banco Central Europeu (BCE). Para poder corresponder aos compromissos decorrentes dessas funções, o BdP é responsável pela emissão de um vasto conjunto de normativos, consubstanciados, no geral, em Instruções Técnicas dirigidas às entidades com obrigações de reporte de dados estatísticos elementares. Deste modo, a qualidade das estatísticas compiladas pelo BdP está dependente da qualidade da informação elementar recebida das entidades reportantes, dos dados obtidos junto de outras fontes primárias de informação e, ainda, dos sistemas de informação e procedimentos implementados no âmbito da compilação e difusão de estatísticas.

Neste contexto e sobretudo nos últimos anos, uma das principais prioridades do Banco de

Portugal tem sido desenvolver um alargado conjunto de procedimentos e soluções organizativas

que têm permitido assegurar um controlo de qualidade efetivo dos sistemas de compilação e

difusão de estatísticas. Estes desenvolvimentos podem ser documentados através da verificação

da conformidade face aos referenciais internacionais de avaliação da qualidade das estatísticas.

Com efeito a qualidade das estatísticas tem merecido uma atenção crescente por parte dos

organismos internacionais, pelo que se tem desenvolvido bastante trabalho neste domínio,

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entre outros aspetos, na definição de padrões de qualidade. Uma parte significativa do trabalho

realizado por estas organizações respeita à definição de referenciais de qualidade1 assentes na identificação de procedimentos/processos visando a qualidade das estatísticas produzidas, processos esses que são sistematicamente monitorizados, de acordo com as melhores práticas, sendo introduzidas medidas de melhoria quando necessárias.

O Data Quality Assessment Framework (DQAF) do Fundo Monetário Internacional (FMI) tem sido uma das metodologias de avaliação da qualidade mais utilizadas, já que adota uma visão abrangente da qualidade estatística, cobre as várias fases do processo estatístico, reconhece explicitamente tradeoffs entre os diferentes aspetos da qualidade e, finalmente, constitui uma estrutura bastante flexível que se adapta facilmente às diversas categorias de dados e de utilizadores. Como tal, é justificada a sua adoção por parte do BdP.

O DQAF encontra-se organizado em forma de cascata, descendo dos aspetos mais abstratos/gerais para os de maior detalhe e mais concretos/específicos.

O primeiro nível abrange as dimensões de qualidade (nas quais se incluem os pré-requisitos), o segundo nível, as respetivas componentes, a que por sua vez se encontram associados, num terceiro nível, os indicadores, níveis estes, que no seu conjunto, constituem a vertente genérica do DQAF. As questões chave e os pontos de referência completam o quadro de análise mais detalhada no âmbito dos exercícios de avaliação específica dos diferentes domínios estatísticos.

Resumidamente o DQAF desenvolve-se em torno de cinco dimensões de qualidade - integri-dade, solidez metodológica, precisão e fiabilidade, utilidade e acessibilidade - e de um

1 Em que os principais referenciais de qualidade são o do Fundo Monetário Internacional Data Quality Assessment Framework (http://dsbb.imf.org/pages/dqrs/dqafprt.aspx), o do Sistema Estatístico Europeu Código de Conduta para as Estatísticas Europeias (http://www.ine.pt/) e o do Sistema Europeu de Bancos Centrais Compromisso público do SEBC no domínio das estatísticas europeias (http://www.ecb.europa.eu/stats/html/pcstats.pt.html).

Figura 1

ESTRUTURA EM CASCATA DO DQAF

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conjunto de condições, os pré-requisitos de qualidade, que, não sendo propriamente dimensões de qualidade, facilitam o progresso no sentido da verificação das mesmas. Apresenta-se na Figura 2 a desagregação das dimensões e respetivas componentes.

Seguidamente proceder-se-á a uma descrição sumária de cada dimensão de qualidade do

DQAF e, em simultâneo, a uma análise da sua presença nos sistemas de compilação e difusão

de estatísticas pelo BdP. A verificação dos indicadores que caracterizam cada dimensão/compo-

nente de qualidade é entendida como um sinal evidente de que a mesma está presente nos

referidos sistemas.

3 Pré-requisitos de qualidade

O primeiro conjunto de aspetos a analisar é composto pelos pré-requisitos de qualidade – enqua-

dramento legal e institucional, recursos, relevância e preocupação com a qualidade – que, de

acordo com o DQAF, estabelecem um conjunto de condições cuja verificação abre caminho à

qualidade estatística.

3.1 Enquadramento legal e institucional

• Quadro normativo

Em termos de diplomas gerais, o enquadramento legal em que se baseia a compilação de estatísticas pelo Banco de Portugal é constituído, no plano nacional, pela Lei Orgânica do

Figura 2

DATA QUALITY ASSESSMENT FRAMEWORK

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Banco de Portugal e pela Lei do Sistema Estatístico Nacional, e, no plano internacional, pelos Estatutos do Sistema Europeu de Bancos Centrais.

No plano nacional, a Lei Orgânica do Banco de Portugal (Lei n.º 5/98 de 31 de janeiro, com as alterações introduzidas pelos Decretos-Lei n.º 118/2001, de 17 de abril, n.º 50/2004, de 10 de março, e n.º 39/2007, de 20 de fevereiro) consagra, no número 1 do seu Artigo 13.º, a responsabilidade do BdP na “recolha e elaboração das estatísticas monetárias, financeiras, cambiais e da balança de pagamentos, designadamente no âmbito da sua colaboração com o Banco Central Europeu”, estipulando ainda no número 2 que “o Banco pode exigir a qualquer entidade, pública ou privada, que lhe sejam fornecidas diretamente as informações necessárias para cumprimento do estabelecido no número anterior ou por motivos relacionados com as suas atribuições”.

Ainda no plano nacional destaca-se a Lei do Sistema Estatístico Nacional (Lei n.º 22/2008, de 13 de maio) que, entre outros aspetos, reconhece a qualidade de autoridade estatística ao BdP e consagra as suas atribuições no âmbito do Sistema Estatístico Nacional (SEN), em perfeita consonância com as previstas na sua Lei Orgânica. De facto, embora as competências estatísticas do BdP já se encontrassem claramente definidas na respetiva Lei Orgânica, com a Lei do SEN passa a haver um reconhecimento formal destas atribuições no âmbito do SEN (Artigos 19.º e 20.º da Lei nº 22/2008). Assim ambos os normativos passaram a refletir, de forma consistente, a tradicional prática de o BdP produzir as estatísticas oficiais no domínio das suas competências. Acresce que, nos termos da Lei do SEN (Artigo 20.º), a participação do BdP no SEN não prejudica as garantias de independência decorrentes da sua participação no Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC), em especial no que respeita à colaboração com o BCE no âmbito estatístico.

No plano internacional, a recolha de informação estatística para o cumprimento das atribuições cometidas ao SEBC é baseada no Artigo 5.º dos seus Estatutos e efetivada no Regulamento n.º 2533/98 do Conselho, de 23 de novembro (publicado no Jornal Oficial das Comunidades em 27 de novembro de 1998), com as alterações introduzidas pelo Regulamento n.º 951/2009 da Comissão Europeia, de 9 de outubro, relativo à compilação de informação estatística pelo BCE. Neste âmbito, o BdP, bem como os restantes bancos centrais nacionais, deve colaborar com o BCE na recolha da informação estatística necessária ao desempenho das atribuições do SEBC, junto de autoridades nacionais competentes ou diretamente junto dos agentes económicos.

Para além destes diplomas de caráter geral o BdP emana normas/instruções, que, caso a caso, definem o quadro normativo de reporte de informação estatística ao BdP, vertendo, deste modo, para o plano nacional, as normas consagradas nas orientações e nos regulamentos do BCE e/ou do Conselho decorrentes da participação do BdP no Eurosistema.

• Articulação interinstitucional

No que diz respeito ao enquadramento institucional, estão implementados mecanismos de articulação que têm permitido uma efetiva cooperação entre o BdP e as demais entidades participantes no âmbito da função estatística, tanto no contexto nacional como internacional.

O BdP participa ativamente no quadro do SEN (Figura 3), que compreende o Conselho Superior de Estatística (CSE)2 , o Instituto Nacional de Estatística (INE), o Banco de Portugal,

2 O CSE é o órgão do Estado que orienta e coordena o SEN, definindo as linhas gerais da atividade estatística nacional e respetivas prioridades.

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os Serviços Regionais de Estatística das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira e as restantes entidades produtoras de estatísticas oficiais por delegação do INE. Merecem destaque, neste âmbito, os trabalhos desenvolvidos pela Secção Permanente de Coordenação Estatística do CSE, presidida pelo BdP, e a participação de diversos colaboradores do BdP que integram, e nalguns casos presidem, grupos de trabalho do CSE.

A cooperação institucional pode assumir várias formas consoante os objetivos em causa, tendo associadas várias vantagens: a) permite uma clarificação das responsabilidades atribuídas a cada entidade envolvida, evitando situações de redundância; b) possibilita a partilha de experiências mútuas; c) contribui para aumentar a consistência dos dados em resultado da utilização articulada de metodologias consistentes (com impacto positivo na comparabi-lidade das estatísticas); e d) tende a reduzir os custos para os reportantes uma vez que evita possíveis situações de múltiplo reporte. Todas estas vantagens concorrem para um aumento da eficiência dos sistemas de compilação de estatísticas e para a melhoria de qualidade das próprias estatísticas.

Nos termos do Artigo 21.º da Lei do SEN, “o INE e o Banco de Portugal estabelecem os meios de colaboração considerados adequados ao desempenho das suas atribuições no âmbito do SEN, assim como ao desenvolvimento de operações estatísticas conjuntas, à partilha de ficheiros de unidades estatísticas, do controlo de qualidade da informação de base e da representação externa ao nível das estatísticas comunitárias”. Este artigo veio colocar em letra de lei uma prática corrente de estreita articulação entre o BdP e o INE, e que tem assumido de várias formas e sido desenvolvida a vários níveis. Neste contexto, destacam-se, a título de exemplo, as seguintes iniciativas, promovidas entre 1998 e 2011, que, nalguns casos, envol-veram também outras entidades oficiais:

• Em 1998 foi assinado um protocolo entre o Banco de Portugal, o Ministério das Finanças e o Instituto Nacional de Estatística com o objetivo de estabelecer a articulação e coorde-nação entre estas entidades com vista ao cumprimento dos compromissos decorrentes da

Figura 3

SISTEMA ESTATÍSTICO NACIONAL

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adesão de Portugal ao Special Data Dissemination Standard (SDDS)3 do FMI;

• Também em 1998, mas no âmbito da implementação do Sistema Europeu de Contas de 1995 (SEC 95)4 , foi assinado um protocolo entre o BdP e o INE, definindo a partilha de responsabilidades relativamente às contas nacionais – o INE ficou responsável pela compi-lação das contas não financeiras e o BdP assumiu a responsabilidade pela compilação das contas financeiras. Este protocolo foi atualizado em 2001;

• Um outro protocolo foi estabelecido em 1999 entre o INE e o BdP sobre a realização em parceria, a partir do ano 2000, do Inquérito Trimestral às Empresas Não Financeiras (ITENF), previamente lançado em 1997 pelo BdP;

• No início de 2006 foi estabelecido um acordo de cooperação institucional entre o Banco de Portugal, o Instituto Nacional de Estatística e a Direção Geral do Orçamento do Ministério das Finanças no domínio das estatísticas das administrações públicas (APs), cobrindo as seguintes áreas: a) definição e atualização das entidades que integram o setor das APs; b) compilação das contas trimestrais e anuais das APs (financeiras e não financeiras); c) compilação das estatísticas da dívida pública; e d) definição da metodologia e elaboração do reporte relativo ao Procedimento dos Défices Excessivos;

• Ainda no domínio das empresas não financeiras, o Banco de Portugal esteve ativamente envolvido num grupo de trabalho com o Instituto Nacional de Estatística, o Ministério das Finanças e o Ministério da Justiça, cuja atividade culminou com a publicação do Decreto -Lei nº 8/2007, de 17 de janeiro, relativo à Informação Empresarial Simplificada (IES). Nos termos deste normativo, as empresas cumprem, uma vez por ano, quatro obrigações de reporte (informação de natureza contabilística, de natureza fiscal e de natureza estatística em dois modelos diferentes), junto das quatro entidades supra referidas através de uma única prestação de informação eletrónica (cf. Figura 4);

• Também no domínio das empresas não financeiras, são de referir os trabalhos relacionados com a preparação da entrada em funcionamento do SICAE (Sistema de Informação da Classificação Portuguesa de Atividades Económicas), em 2009, em cujo desenvolvimento participaram, para além do INE e do BdP, diversas entidades públicas (Ministério da Justiça, Ministério das Finanças e o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social); e

3 O SDDS corresponde a um conjunto de indicadores estatísticos padronizados sobre dados macroeconómicos, criado pelo FMI com o objetivo de reforçar a transparência, integridade, atualidade e qualidade da informação estatística.

4 O SEC 95 corresponde à versão da União Europeia do Sistema de Contas Nacionais de 1993.

Figura 4

INFORMAÇÃO EMPRESARIAL SIMPLIFICADA

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• Paralelamente, no domínio das empresas não financeiras, merece destaque a articulação entre o BdP, o INE e outras entidades tendo em vista a constituição de um Ficheiro de Unidades Estatísticas único para o SEN.

Ainda no domínio da articulação interinstitucional, no plano nacional, é de realçar a colabo-ração existente entre o Banco de Portugal e as restantes entidades de supervisão do sistema financeiro, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e o Instituto de Seguros de Portugal (ISP), responsáveis pela supervisão do mercado de títulos e das sociedades de seguros e fundos de pensões (SSFP), respetivamente. Assim:

• Em 2008 o BdP e a CMVM assinaram um Protocolo de Cooperação tendo em vista estreitar a sua colaboração em matéria de supervisão e de compilação estatística. No que diz respeito à vertente estatística, este protocolo aprofundou as relações entre as duas entidades no domínio da troca de informação sobre emissões de títulos e sobre informação de natureza contabilística dos intermediários financeiros; e

• No que respeita à cooperação com o ISP existem também canais de comunicação, que, embora menos formais, permitem ao Banco de Portugal receber informação sobre as SSFP, informação esta que se tem revelado particularmente útil na compilação das contas financeiras deste subsetor institucional.

Em várias das iniciativas de cooperação institucional que se acabaram de descrever está bem patente o objetivo de, nos casos em que há sobreposição de pedidos de informação, procurar aliviar a carga de reporte, baseado no princípio de que os mesmos dados só devem ser coligidos uma única vez. O caminho conducente a este objetivo passa pela exploração das vantagens comparativas no domínio da cooperação com outras autoridades nacionais, por exemplo, partilhando informação entre si, no mais estrito respeito pelas regras de confidencialidade e pela independência de cada organismo.

Também no plano internacional no domínio da cooperação estatística importa destacar o facto de o Banco de Portugal estar envolvido no processo de construção do sistema estatístico europeu, participando nos mecanismos de identificação das necessidades estatísticas dos utili-zadores institucionais, quer no âmbito do SEBC, quer através da colaboração com o Eurostat.

Com efeito, o Banco de Portugal integra, desde o início, o Comité de Estatísticas do SEBC sendo corresponsável pelas decisões que neste fórum têm sido tomadas, apoiadas nos trabalhos desenvolvidos pelos vários grupos de trabalho e task forces que têm funcionado no âmbito deste Comité, em que também participam ativamente representantes do BdP, como os que respeitam às estatísticas monetárias e financeiras, às de balança de pagamentos e de posição de investimento internacional, às de administrações públicas e às de contas da área do euro.

O BdP integra ainda o Comité da Balança de Pagamentos e alguns grupos de trabalho criados no domínio do Eurostat, em particular os que respeitam às estatísticas da balança de paga-mentos e das contas financeiras.

De forma idêntica, o Banco de Portugal é membro do Comité das Estatísticas Monetárias, Financeiras e da Balança de Pagamentos (CMFB), o organismo que reúne os representantes dos bancos centrais nacionais e dos institutos nacionais de estatística da União Europeia, para além do próprio BCE e do Eurostat.

O BdP participa ainda nas atividades do Irving Fisher Committee on Central Bank Statistics (IFC), a funcionar sob a égide do Banco de Pagamentos Internacionais (BIS), que reúne representantes

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de mais de sete dezenas de países a nível mundial e tem como objetivo promover a discussão e a partilha de experiências sobre questões estatísticas de interesse para os bancos centrais.

Refira-se, por último, que o Banco de Portugal participa regularmente em encontros estatísticos e seminários organizados a nível internacional, nomeadamente em iniciativas do International Statistical Institute, do IFC, do BCE e do Eurostat.

• Confidencialidade

Ainda no âmbito dos pré-requisitos de qualidade, na componente relativa ao enquadramento legal e institucional, o DQAF refere a importância dos dados de base de natureza individual serem confidenciais e usados estritamente para efeitos de compilação de estatísticas.

No plano nacional, a confidencialidade dos dados individuais encontra-se assegurada de forma explícita no Artigo 60.º da Lei Orgânica do BdP, no ponto 3.2, respeitante ao segredo profissional do Código de Conduta do BdP, e no Artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 298/92, de 31 de dezembro, relativo ao Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (a que está sujeito o BdP). O princípio da confidencialidade está também subjacente no respeito pelo segredo estatístico que se encontra definido na Lei do Sistema Estatístico Nacional (Artigo 6.º).

No plano internacional, o regime de confidencialidade encontra-se estabelecido no Artigo 8.º do Regulamento (CE) n.º 2533/98 do Conselho relativo à compilação de informação estatística pelo BCE. A proteção dos dados individuais está também especificamente contemplada na Orientação do Banco Central Europeu (BCE/1998/NP28), de 22 de dezembro de 1998, que respeita às regras comuns e normas mínimas destinadas à proteção da confidencialidade da informação estatística de ordem individual compilada pelo BCE com a assistência dos bancos centrais nacionais.

Não obstante todos os colaboradores do BdP estarem abrangidos pelo princípio do segredo estatístico, internamente estão implementados mecanismos de controlo de acesso a dados individuais, de forma a garantir um acesso restrito e controlado aos mesmos.

Também ao nível da transmissão da informação ao BdP existe a preocupação de que a mesma seja feita de forma segura e inviolável. Neste contexto é de referir a existência de um canal de comunicação – desenvolvido pelo BdP, com a designação de BPnet – que constitui um sistema de comunicação eletrónica entre o BdP e as outras instituições financeiras e que garante a confidencialidade da informação reportada. No caso da central de responsabilidades de crédito (CRC)5, o sistema BPnet encerra uma dupla utilidade: a) para transmissão eletrónica de informação para o BdP; e b) para o acesso das instituições financeiras, em tempo real, às responsabilidades de crédito registadas na base de dados desta central. A utilização do BPnet tem contribuído, também, para uma mais fácil integração da informação recebida das insti-tuições reportantes, assim como para a elaboração e devolução automática a estas entidades dos relatórios de avaliação da qualidade da informação por elas comunicada.

Por último, e ainda no que respeita à confidencialidade ao nível da difusão estatística, o BdP implementou mecanismos que asseguram que informação de natureza individual não seja publicamente divulgada nem tão pouco possa ser deduzida a partir de dados publicados.

5 A CRC é uma base de dados gerida pelo Banco de Portugal, com informação prestada pelas entidades que concedem crédito – entidades participantes nesta central – sobre os créditos concedidos, a que está associado um conjunto de serviços relativos ao seu processamento e difusão, nomeadamente o apoio às entidades participantes na avaliação do risco de crédito dos seus clientes.

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Estes procedimentos estão em linha com as orientações definidas internacionalmente neste domínio, em particular no âmbito do SEBC, como vertido no normativo sobre confidencialidade anteriormente referido.

• Procedimentos e boas práticas

O enquadramento legal existente confere plena autoridade ao BdP no domínio da recolha de informação estatística sendo, na prática, efetivado através de várias Instruções e Avisos emanados pelo BdP. Em geral, os reportes estatísticos são de natureza obrigatória, pelo que, no caso de incumprimento, está legalmente prevista a aplicação de um conjunto de sanções. Contudo, na prática, não tem sido necessário aplicar tais medidas, o que, em última análise, constitui um bom indicador do grau de cumprimento dos requisitos de reporte, refletindo igualmente um conjunto de procedimentos e práticas que o BdP implementou, para encorajar a receção atempada de informação de qualidade.

Apresentam-se em seguida alguns destes mecanismos, que se encontram em perfeita sintonia com as considerações expressas no DQAF.

Uma preocupação constante do BdP respeita ao princípio da parcimónia no domínio da carga de reporte estatístico solicitada aos agentes económicos, procurando-se que esta não seja excessiva. Assim, procede-se regularmente, e sempre que é lançada uma nova inquirição, a uma cuidadosa análise sobre a possível existência de alternativas para a recolha da informação em causa. A título ilustrativo, pode referir-se a utilização da informação da CRC para repartir, segundo a classificação das atividades económicas (CAE), o montante global do crédito coligido a partir do reporte para as estatísticas monetárias e financeiras, permitindo, assim, aliviar esta última inqui-rição. Também a IES, já anteriormente mencionada, constitui um bom exemplo de uma medida concreta de simplificação do reporte e de redução da carga sobre as empresas no âmbito da prestação de informação relativa às suas contas anuais, permitindo ao BdP suspender o inquérito anual da central de balanços (CB) e simplificar os inquéritos sobre o investimento internacional mediante a inclusão, requerida pelo BdP, de algumas variáveis adicionais com relevância para a compilação das estatísticas de balança de pagamentos e de posição de investimento internacional.

Neste contexto salientam-se ainda algumas situações em que o custo de reporte é reduzido através da introdução de mecanismos de simplificação das regras de comunicação da infor-mação de base ao BdP. Destacam-se, entre outros, os seguintes exemplos:

• No caso das estatísticas de balanço de instituições financeiras monetárias (IFM), as institui-ções cujo ativo seja inferior a 1000 milhões de euros podem pedir a passagem ao regime de reporte trimestral, passando a fazer quatro comunicações ao BdP em vez das doze necessárias no regime regular de reporte mensal;

• No domínio das estatísticas da balança de pagamentos, para os declarantes bancários, aplica-se um limiar de comunicação/simplificação de 50 000 euros; e

• No âmbito das estatísticas de títulos também se aplica, no caso do reporte associado às carteiras, um limiar de simplificação que possibilita a passagem a um regime de reporte simplificado, numa base anual, para as instituições que não ultrapassem os 500 milhões de euros em transações médias mensais nem em posições de final de período.

Um outro objetivo consiste em promover o envolvimento das instituições reportantes pelo que, em geral, antes do lançamento de um novo sistema de recolha de informação, estas entidades são convidadas para uma sessão de apresentação do mesmo no BdP. Este género de iniciativas permite uma melhor compreensão dos objetivos das novas estatísticas, abrindo espaço para a troca de pontos de vista sobre o novo pedido de informação.

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No caso de alterações mais complexas nos sistemas de recolha são criados grupos de trabalho que integram representantes dos fornecedores de informação, com o objetivo de analisar e avaliar as melhores opções para a obtenção da informação de base requerida. Adicionalmente o envio de consultas e/ou questionários a todas as instituições abrangidas tem-se revelado um elemento muito útil no processo de decisão.

Em regra, o BdP solicita às instituições reportantes a nomeação de elementos de contacto – correspondentes – para cada reporte estatístico específico e, de modo equivalente, o Banco também comunica às instituições os seus correspondentes no banco central, o que permite um diálogo mais eficaz entre ambas as partes. Além de ações de formação dirigidas aos correspon-dentes, em particular quando é lançado um novo sistema de recolha de informação estatística, são também efetuadas reuniões sempre que tal se revele necessário.

Com o propósito de facilitar o envio da informação, é, em geral, disponibilizada às instituições reportantes uma aplicação de recolha específica do BdP, de utilização facultativa, que inclui, entre outras funcionalidades, testes preliminares de validação da informação, de forma a cumprir padrões mínimos de qualidade. Após a chegada da informação aos sistemas do BdP, são-lhe aplicados testes automáticos e os relatórios de avaliação da respetiva qualidade são remetidos às instituições.

Ainda no âmbito da articulação com as entidades reportantes é de referir a implementação de sistemas de informação de contrapartida (informação de feedback) para as entidades fornecedoras de informação, baseados em quadros padronizados considerados úteis pelos seus destinatários. A título de exemplo, e no domínio da CB, refira-se a elaboração dos “Quadros da Empresa e do Setor” que respeitam à posição da entidade no setor de atividade económica/classe de dimensão onde a mesma está incluída.

Neste contexto, merece também referência o objetivo de alargar/aprofundar a informação de feedback correntemente produzida e disponibilizada à generalidade das entidades reportantes ao BdP. Esta intenção é uma das vertentes contempladas no projeto mais amplo de criação de uma “Área de Empresa” no sítio do BdP na Internet, que constitui um sistema de comunicação direta entre aquelas entidades e o Banco de Portugal, no sentido de aumentar a qualidade da informação elementar recebida para a compilação de estatísticas, promovendo, em simultâneo, a sua utilização de uma forma mais alargada, com impacto ao nível da redução dos custos de reporte e de compilação das estatísticas.

Além de instruções de reporte muito detalhadas respeitando os padrões e orientações interna-cionais, são frequentemente disponibilizados manuais de apoio, tendo em vista complementar aquelas instruções com especificações mais técnicas, bem como com exemplos práticos que possam ajudar a cumprir adequadamente os requisitos de reporte.

Por último destaque-se ainda que, regularmente, se disponibiliza aos reportantes um calendário anual com a indicação das datas limite de comunicação da informação ao BdP.

3.2 Recursos

No âmbito desta componente dos pré-requisitos de qualidade o DQAF explora questões relacio-nadas com os recursos humanos, logísticos e financeiros e a sua adequação à função estatística.

As responsabilidades de compilação de estatísticas resultantes dos compromissos assumidos pelo BdP, tanto a nível nacional como internacional, registaram, desde os finais da década de noventa, um aumento significativo. Para corresponder às crescentes exigências de recursos associados às

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atividades de compilação estatística, em particular as relacionadas com a preparação da União Monetária, foi decidido, em 1997, centralizar a função estatística num departamento do BdP, o Departamento de Estatística, dedicado, fundamentalmente, aos processos de elaboração de estatísticas: conceção, metodologias, desenvolvimento, compilação e difusão.

O facto de a compilação de estatísticas se encontrar centralizada num único departamento tem permitido concentrar a massa crítica existente neste domínio, potenciando a participação do BdP no processo de construção do sistema estatístico europeu, em particular no âmbito do Sistema Europeu de Bancos Centrais e, simultaneamente, a capacidade de responder, de forma muito eficaz, aos desafios que se têm colocado ao longo deste processo.

A centralização da função estatística tem também contribuído para gerar ganhos de eficiência e de qualidade, uma vez que torna mais fácil a validação da informação, quer ao nível dos dados de base (cruzando a informação recebida de várias fontes para efeitos de compilação das várias estatísticas), quer ao nível da informação intermédia e final (cruzando os resultados intermédios e finais dos vários ciclos de compilação de estatísticas). Uma outra vantagem consiste na criação de condições que permitem agilizar a partilha da informação e coordenação entre as diferentes estatísticas, bem como a aplicação, de forma generalizada, de abordagens harmonizadas para questões metodológicas transversais às diferentes áreas estatísticas.

Com o objetivo de corresponder às funções que lhe estão atribuídas no domínio estatístico o BdP elabora:

• Estatísticas monetárias e financeiras e de centralização das responsabilidades de crédito – compreendem as estatísticas relativas às instituições financeiras monetárias – que abrangem o Banco de Portugal e as outras instituições financeiras monetárias (OIFM) –, às instituições financeiras não monetárias (IFNM) e ao mercado monetário interbancário. As estatísticas de IFM compreendem, por seu turno, as estatísticas de balanço e as de taxas de juro (praticadas pelas OIFM em operações de depósitos e empréstimos face às famílias e às empresas não financeiras). Neste contexto é também garantida a compilação de estatísticas sobre o crédito concedido pelo setor financeiro com base na informação disponível na central de responsabilidades de crédito;

• Estatísticas da balança de pagamentos e de posição de investimento internacional – para além das estatísticas que a própria designação sugere, refira-se a compilação das estatísticas sobre ativos de reserva internacionais, dívida externa e bancárias internacionais (consolidadas e “locacionais”);

• Estatísticas de contas nacionais financeiras e de títulos – compreendem as transações/fluxos e patrimónios/posições financeiros compilados no quadro das contas nacionais financeiras (em articulação com o INE que produz as contas nacionais não financeiras), as estatísticas de financiamento, défice e dívida das APs e as estatísticas de emissões e de carteiras de títulos; e

• Estatísticas das empresas não financeiras da central de balanços – incidindo em particular sobre indicadores de atividade, número de pessoas ao serviço, remunerações, ativos e passivos financeiros e rácios de atividade empresarial, designadamente, rácios de rendibilidade e de dívida financeira e prazos médios de recebimentos e de pagamentos. A CB contém informação de base trimestral e anual obtida, normalmente, através de dois instrumentos de recolha de informação: (a) Inquérito Trimestral às Empresas Não Financeiras; e (b) Informação Empresarial Simplificada (a partir de 2006, inclusive).

São ainda disponibilizadas as estatísticas de taxas de câmbio, as taxas de referência do Euro, os índices cambiais efetivos para Portugal, as taxas de câmbio efetivas para o Euro e os direitos de

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saque especial e o ouro, para além de um diversificado conjunto de indicadores e estatísticas do Eurosistema.

No que diz respeito aos recursos humanos afetos à função estatística, tem-se observado, nos últimos quinze anos, uma redução gradual do número total de efetivos a par de um aumento e diversificação da informação estatística compilada e difundida pelo BdP. Esta evolução pode ser ilustrada no gráfico (Figura 5) que compara o número de efetivos com o número de séries estatísticas divulgadas mensalmente no Boletim Estatístico (BE) do BdP.

Os recursos humanos têm-se revelado adequados ao cumprimento dos compromissos assumidos pelo Banco de Portugal na vertente estatística, a avaliar pela compilação atempada e de qualidade que se tem verificado, quer no domínio nacional, quer no internacional, nomeadamente no âmbito do SEBC. Esta mesma conclusão é corroborada pelas avaliações das auditorias internas e do BCE à compilação de estatísticas pelo BdP.

No âmbito dos sistemas e tecnologias de informação (SI/TI) desenvolvidos no quadro da função estatística6 , o BdP optou pela implementação de um sistema integrado da informação dos vários domínios estatísticos que possibilita o cruzamento e a partilha de informação das diferentes fontes estatísticas e garante a articulação, consistência e qualidade dos resultados estatísticos compilados. Este sistema integrado de informação estatística apoia-se numa solução de arquitetura de Business Intelligence (BI) que assenta no desenvolvimento articulado de um data warehouse de informação estatística e de um sistema centralizado/partilhado de dados de referência (Sistema de Partilha de Informação de Referência - SPAI), conjugados com a implemen-tação de processos integrados de sistemas de compilação para as estatísticas da responsabilidade do BdP. A implementação da solução BI vem possibilitar uma maior integração e consistência entre a informação estatística dos vários sistemas de informação, como pode ser ilustrado pelo

6 Para se ter uma ideia dos recursos informáticos refira-se que, no geral, os processos de recolha, compilação e disseminação de estatísticas envolvem cerca de cinquenta aplicações específicas e/ou sistemas de informação, em cujo desenvolvimento foram utilizadas variadíssimas soluções, programas e/ou produtos informáticos.

Figura 5

NÚMERO DE EFETIVOS VS. ESTATÍSTICAS PUBLICADAS

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diagrama seguinte (Figura 6), onde se confronta um processo de integração direta de sistemas de informação com uma integração da informação através da criação de um data warehouse.

A solução de BI permite, igualmente, potenciar a integração e exploração dos sistemas de compilação desenvolvidos a partir de bases de micro dados e de informação reportada operação a operação, agilizando os procedimentos de confronto cruzado e de controlo de qualidade associados ao apuramento dos resultados estatísticos, garantindo um maior rigor e detalhe classificativo e uma acrescida compreensão dos fenómenos decorrente do melhor conhecimento das operações elementares.

No que respeita aos recursos financeiros, as estatísticas do Banco de Portugal são integralmente financiadas pelo próprio Banco, encontrando-se estes recursos englobados no orçamento de exploração elaborado anualmente pelo BdP.

Figura 6

ARQUITETURA DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Integração direta de sistemas de informação Integração via data warehouse

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3.3 Relevância

No que concerne à relevância das estatísticas – que tem a ver com a monitorização do grau de satisfação dos utilizadores – deve referir-se, desde logo, quais são os principais utilizadores das estatísticas do Banco de Portugal. Estes são, fundamentalmente, a nível internacional o BCE, o Eurostat, o FMI, o BM, a OCDE e o BIS, e a nível nacional, além do próprio BdP, o INE, as APs, as OIFMs, e, naturalmente, o público em geral, nomeadamente, empresas, universidades e os órgãos de comunicação social.

Relativamente à satisfação do grupo de utilizadores constituído pelos organismos internacionais, na medida em que se verifica um cumprimento escrupuloso dos requisitos legais de compi-lação e reporte estatístico a esses organismos (cf. diagrama relativo aos pesos e volumes de informação reportada - Figura 7), tal poderá ser entendido como satisfazendo as regras legais aplicáveis, ficando portanto assegurada, neste sentido, a sua relevância.

3.4 Preocupação com a qualidade

A preocupação com a qualidade estatística é uma prioridade constante, e partilhada a todos os níveis, encontrando-se implementados vários procedimentos e soluções organizativas com vista a assegurar um controlo de qualidade efetivo, designadamente através da partilha de informação, de responsabilidades de produção e de soluções metodológicas.

Um indicador claro da preocupação com os aspetos de qualidade é, desde logo, a assunção pelo BdP da função de auditoria estatística7 , com o objetivo de aprofundar o processo global de gestão da qualidade. A condução de operações de auditoria estatística visa, entre outros aspetos, analisar e avaliar os procedimentos implementados desde a fase de recolha da informação de base até ao apuramento final dos resultados estatísticos e respetiva divulgação. No âmbito da avaliação da qualidade das estatísticas, são elaborados Relatórios de Qualidade sobre os resultados estatísticos, assentando a sua análise num conjunto de indicadores de quali-dade desenvolvidos para as várias estatísticas, tendo em consideração as suas especificidades e pontos críticos no respetivo processo de compilação.

7 Em 2004 foi criado o Núcleo de Auditoria Estatística no Departamento de Estatística do BdP. Tratou-se de um aspeto inovador como contributo para a organização e estrutura de atividades dos departamentos de estatística dos bancos centrais do Eurosistema.

Figura 7

INFORMAÇÃO REPORTADA AOS ORGANISMOS INTERNACIONAIS

Reporte regular aos organismos internacionais Estrutura do número de reportes 2005 a 2011

Volumes médios anuais de séries enviadas

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Nas reuniões de análise das estatísticas compiladas que se realizam a cada mês (ou trimestre) com o objetivo de facilitar a partilha de informação e a coordenação entre os colaboradores responsáveis pela compilação estatística, o controlo de qualidade é um dos principais aspetos considerados.

Beneficiando do facto de a produção estatística se encontrar centralizada, são por vezes criados grupos de trabalho internos com o objetivo de abordar aspetos de natureza transversal, definir abordagens harmonizadas e desenvolver soluções operacionais, relevantes para as diferentes áreas estatísticas. São fruto deste tipo de iniciativas, entre outros, os trabalhos desenvolvidos na área da valorização a preços de mercado das ações não cotadas e na esfera da estimação dos créditos comerciais (entre residentes e face ao exterior). Merece ainda destaque a criação de uma Estrutura de Missão das Contas Financeiras (EMCF), que se traduz no envolvimento de todas as áreas estatísticas, como reflexo da natureza transversal de compilação das estatísticas de contas nacionais financeiras.

Por fim, refira-se que a compilação e difusão de estatísticas do BdP têm sido objeto de ações periódicas de auditoria, conduzidas pelo Departamento de Auditoria do BdP ou, conjuntamente, por este Departamento e pelo BCE, a que acrescem as auditorias estatísticas já referidas.

4 Integridade

No âmbito desta dimensão de qualidade é relevante analisar se as tarefas são executadas com profissionalismo, de forma transparente e respeitando padrões éticos, tendo em vista assegurar a prossecução do princípio da objetividade na recolha, processamento e difusão das estatísticas.

4.1 Profissionalismo

Segundo o DQAF, uma forma de avaliar se a compilação de estatísticas é desenvolvida em termos imparciais é verificar a existência de um normativo que assegure a independência profissional da entidade produtora da mesma, em particular em relação ao poder político. Neste contexto, a referência por excelência respeita à Lei Orgânica do BdP que consagra, formalmente, a sua independência nos termos do Artigo 1.º – autonomia administrativa, financeira e dotação de património próprio.

A realização e/ou participação em ações de formação – outro aspeto importante no domínio desta dimensão que, de acordo com o DQAF, deve ser garantido – tem também sido uma vertente em que se tem investido recursos, visando um profissionalismo acrescido dos colaboradores. Para além da formação externa, em particular no BCE, Eurostat, FMI e BM – entidades que patrocinam várias iniciativas de formação (cursos, seminários, workshops, etc. ...) no domínio das estatísticas –, também no próprio BdP está disponível um conjunto de ações de formação.

Realça-se, igualmente, a colaboração do BdP com o FMI na organização conjunta de cursos sobre estatísticas monetárias e financeiras e de balança de pagamentos e de posição de inves-timento internacional – fundamentalmente dirigidos a colaboradores dos bancos centrais dos países africanos de língua oficial portuguesa –, que têm decorrido nas instalações do BdP, contando com um elevado número de participantes do BdP.

No domínio da comunicação com o exterior, têm sido realizados workshops com jornalistas e várias ações de divulgação sobre a compilação e difusão de estatísticas da responsabilidade do Banco de Portugal, nomeadamente, a realização de conferências sobre a central de balanços

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e apresentações a) no âmbito do Conselho Superior de Estatística, b) em diversas associações industriais e comerciais, e c) em universidades, com o objetivo de contribuir para uma melhoria da utilização da informação estatística disponibilizada pelo BdP e, simultaneamente, dar a conhecer o sistema de difusão de estatísticas através da Internet (BPstat | Estatísticas online). Note-se que este género de iniciativas visando melhorar a literacia estatística de grupos alvo, bem como do público em geral, estão perfeitamente em linha com os princípios estratégicos assumidos pelo BdP no âmbito da sua função estatística.

Refira-se ainda que a monitorização das referências nos órgãos de comunicação social às estatísticas do BdP é uma prática corrente, verificando-se, ocasionalmente, a necessidade de prestar esclarecimentos no caso de interpretações menos corretas sobre a informação estatística divulgada.

4.2 Transparência

O princípio da transparência está presente na compilação estatística no BdP. Com efeito, os termos e as condições segundo os quais estas estatísticas são compiladas ao longo das várias fases do processo estatístico (recolha, processamento e disseminação) encontram-se claramente descritos: a) nos normativos (nacionais e internacionais) que enquadram a sua compilação; b) nos manuais de procedimentos associados a vários reportes estatísticos ao Banco de Portugal; c) nos Documentos Metodológicos elaborados para as várias estatísticas (conforme modelo aprovado pelo Conselho Superior de Estatística para a caracterização das operações estatísticas realizadas no âmbito do Sistema Estatístico Nacional); e d) nos Suplementos e notas ao BE. Acresce que todos estes elementos estão documentados publicamente através da página das estatísticas no sítio do BdP na Internet (www.bportugal.pt).

Destaque-se, ainda, que o BdP presta informações nos domínios estatísticos, por escrito, ou tele-fonicamente, sempre que são solicitados esclarecimentos adicionais ou de maior complexidade.

Por fim, a bem do princípio da transparência junto dos utilizadores das estatísticas, é de salientar que a informação divulgada pelo Banco de Portugal está claramente identificada em termos da entidade responsável pela sua compilação, quer seja o BdP ou outra entidade.

4.3 Padrões éticos

No que respeita à existência de padrões éticos, há que mencionar o Código de Conduta do Banco de Portugal (disponível no sítio do BdP na Internet) que enquadra, em matéria de ética profissional, o comportamento de todos os colaboradores do BdP, nomeadamente no que respeita ao dever de sigilo profissional, bem como ao padrão de conduta no seu relacionamento com terceiros. Em particular no âmbito da função estatística, merece especial referência a importância da salvaguarda do princípio da confidencialidade/segredo estatístico, já anteriormente abordado.

5 Solidez metodológica

Esta dimensão de qualidade, segundo o DQAF, é habitualmente avaliada através da confor-midade da base metodológica do processo estatístico com os padrões, manuais ou práticas internacionalmente aceites. Esta verificação é feita nas vertentes a) dos conceitos e definições, b) do âmbito, c) das classificações e d) das regras de registo.

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Por norma, a compilação de estatísticas levada a cabo no Banco de Portugal segue o enqua-dramento metodológico internacional tal como consagrado nos padrões e orientações em termos de âmbito, conceitos e definições, sistemas de classificação e setorização, regras de valorização e princípios de registo. Neste contexto, merecem realce o Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais (SEC)8 e o Manual da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional (MBP)9, os quais estabelecem o enquadramento metodológico para a compilação, respetivamente, das contas nacionais para os países da União Europeia e das estatísticas de balança de pagamentos e de posição de investimento internacional para a generalidade dos países do mundo. As mais recentes edições dos referidos manuais resultaram de um processo de revisão e atualização das anteriores versões (estas últimas, SEC 95 e MBP5, em vigor até ao ano de 2013, para os países da União Europeia).

Situações de fronteira e desvios em relação às regras metodológicas em vigor são claramente identificados e monitorizados até ao completo esclarecimento, assegurando-se um tratamento consistente nas diversas estatísticas.

6 Precisão e fiabilidade

De acordo com o DQAF, nesta dimensão de qualidade deve avaliar-se se os dados de base são recebidos atempadamente, se constituem uma base apropriada para a compilação das estatísticas e se as fontes são regularmente avaliadas. Relativamente às técnicas estatísticas deve analisar-se se são robustas e se estão em conformidade com procedimentos estatísticos adequados. De forma idêntica, também se deve fazer uma apreciação regular dos dados intermédios e finais, se os outputs estatísticos refletem de forma ajustada a realidade, nome-adamente por comparação com outra informação disponível e investigando as discrepâncias estatísticas. Neste âmbito, são ainda de referir os estudos de revisões que devem ser feitos rotineiramente, devendo os seus resultados ser considerados no processo estatístico.

6.1 Informação de base

Para satisfazer as necessidades de compilação estatística nos vários domínios definidos nas suas competências, o Banco de Portugal recebe informação estatística elementar de fontes de informação diversificadas, compreendendo instituições financeiras, empresas não financeiras, e entidades das administrações públicas e de supervisão/reguladoras do sistema financeiro, entre outras. Esta informação tem a sua origem em processos de recolha igualmente diversificados, uns de natureza direta (comunicações obrigatórias de dados e questionários estatísticos) e outros de natureza indireta (tipicamente o caso da utilização para fins estatísticos de bases de dados de natureza administrativa). A natureza da informação elementar respeita sobretudo a micro dados organizados em bases de dados, permitindo pelo seu nível de detalhe um controlo de qualidade estatístico mais eficaz, não só ao nível do conteúdo da informação recebida, mas também ao nível dos processos de agregação a que a mesma é sujeita.

8 O SEC na sua versão de 2010 (SEC 2010) corresponde à versão comunitária do Sistema de Contas Nacionais de 2008 (SCN 2008), muitas vezes designado SNA 2008 de acordo com as siglas da sua denominação em inglês, sendo este último compilado sob a orientação de vários organismos internacionais, nomeadamente as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico e a Comissão Europeia.

9 O MBP, na sua 6ª edição (MBP6) datada de 2008 da responsabilidade do FMI, reflete as contribuições nacionais e dos restantes organismos internacionais, sendo adotado a nível mundial.

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Pela sua importância no contexto dos processos de compilação estatística, refira-se em maior detalhe a utilização das bases de micro dados que se desenvolvem, numa primeira fase, como suportes aos sistemas de compilação de estatísticas, constituindo-se como os repositórios de informação de natureza elementar. Neste domínio, destacam-se:

• No sistema integrado das estatísticas de títulos (SIET) as emissões são coligidas título a título e as carteiras de títulos são registadas numa base título a título e investidor a investidor (exceto no caso dos particulares);

• No domínio da central de responsabilidades de crédito a informação sobre créditos concedidos a pessoas singulares ou coletivas é registada numa base individual por devedor, por instituição de crédito, por situação do crédito (regular ou em incumprimento) e por instrumento financeiro, entre outras características; e

• No domínio da central de balanços a informação é coligida numa base individual para as empresas não financeiras e refere-se, fundamentalmente, a dados de natureza conta-bilística (balanço e demonstração de resultados obtidos através da IES).

A utilização para fins estatísticos de informação de natureza individual coligida com outro propósito que não o estatístico, como é o caso das bases de dados administrativas, é conside-rada na estratégia de desenvolvimento da função estatística do BdP, como uma via a explorar/intensificar com o objetivo de reduzir a carga de reporte estatístico. O BdP tem tido nos últimos anos uma significativa experiência de utilização da CRC e da CB para fins estatísticos, a qual tem sido partilhada e reconhecida internacionalmente nos fora relevantes como uma boa prática estatística. Também a base de dados do SIET tem desempenhado um papel transversal ao nível da informação de base sobre títulos que alimenta os vários sistemas de compilação de estatísticas do BdP (cf. Figura 8).

No caso da CRC, esta utilização tem permitido, além da desagregação dos créditos concedidos por IFM e IFNM de acordo com a atividade económica e o setor institucional do devedor, melhorar a análise da evolução do crédito e aprofundar a informação sobre titularização de créditos. Por outro lado, o facto de se tratar de dados de natureza elementar muito detalhados leva a que possa ser utilizada como instrumento de controlo e de melhoria da qualidade das próprias estatísticas monetárias e financeiras.

Figura 8

BASES DE MICRO DADOS

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A utilização para fins estatísticos da informação da CB tem permitido um melhor conhecimento da situação económica e financeira das empresas não financeiras, sendo utilizada igualmente como instrumento de controlo de qualidade de outros dados disponíveis, bem como fonte de informação para outras estatísticas, em particular as estatísticas da balança de pagamentos e das contas financeiras. O significativo aumento da cobertura desta central associado à intro-dução da IES tem permitido também a sua utilização no domínio da amostragem estatística e da extrapolação.

As fontes utilizadas para a compilação das estatísticas são correntemente monitorizadas, visando assegurar que estas são em cada momento as mais apropriadas para captar os fenómenos em análise e/ou também detetar a necessidade de eventuais novas fontes. De facto, existe a preocupação de recolher informação de base de todas as entidades consideradas relevantes no quadro de uma dada estatística, podendo esta informação ser de natureza censitária (respeitando ao universo em observação) ou de natureza amostral (abrangendo apenas um subconjunto de entidades representativas necessário ao exercício de extrapolação recorrendo a técnicas esta-tísticas adequadas). A este propósito refira-se, como exemplo, a compilação das estatísticas de balanço e taxas de juro das OIFM que assenta em informação censitária recolhida junto das OIFM residentes e a compilação de indicadores trimestrais das empresas não financeiras da central de balanços que se baseia em informação amostral.

Refira-se também que a natureza da informação a recolher, bem como os conceitos e classifica-ções a utilizar pelos reportantes, são claramente apresentados nas Instruções Técnicas do BdP e explicados de forma detalhada nos manuais de procedimentos associados às referidas Instruções. Quando aplicável, são elaboradas chaves de passagem dos dados de natureza contabilística para os conceitos estatísticos. Acresce, ainda neste âmbito, a condução de reuniões regulares com os reportantes e/ou ações de formação quando consideradas necessárias.

Por último, salienta-se a implementação de procedimentos de controlo rigoroso à receção da informação e a elaboração regular de indicadores, tanto de natureza quantitativa como qualitativa, visando detetar possíveis situações de incumprimento em relação aos requisitos de reporte exigidos.

6.2 Validação da informação de base

Relativamente à validação da informação de base, é de realçar a utilização generalizada de aplicações informáticas que, à entrada no BdP, permitem filtrar/validar de forma automá-tica os ficheiros recebidos dos reportantes, segundo três vertentes diferentes: a) testes de adequação às regras de reporte (formato dos ficheiros, tipo de informação e controlo de prazos de reporte); b) testes de coerência interna dos dados reportados numa base individual (que também são realizados pelas instituições reportantes antes do envio dos dados, através da aplicação de recolha); e c) testes de plausibilidade intertemporal (análise à evolução temporal das séries reportadas consideradas mais relevantes). Os resultados destes testes são refletidos num relatório remetido de forma automática às instituições, na sequência da receção dos ficheiros de reporte.

Após a receção da informação de base efetuam-se validações não automáticas em resultado do trabalho de análise e controlo de qualidade, envolvendo contactos com os reportantes sempre que necessário. Estas validações desenvolvem-se, fundamentalmente, seguindo três abordagens: validação temporal (análise da evolução temporal - variações em cadeia e homó-logas - e controlo de outliers), validação interna (coerência dos dados entre si) e validação externa (confronto com outras fontes ao nível da informação de base).

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Nas atividades de acompanhamento e controlo da qualidade dos dados de base comunicados

ao Banco de Portugal refira-se, na vertente dos procedimentos de validação externa imple-

mentados nos diversos domínios de compilação estatística, a análise regular da qualidade da informação elementar comunicada pelos principais grupos financeiros residentes (com um peso de setenta e cinco por cento), sendo elaborados relatórios sobre a mesma e remetidos àquelas entidades sempre que tal se justifique. Estes procedimentos foram definidos com o objetivo de controlar a qualidade global dos dados estatísticos elementares comunicados pelo sistema financeiro, através do confronto cruzado (cross-check analysis) da informação comunicada ao BdP para as estatísticas monetárias e financeiras, estatísticas da balança de pagamentos, estatísticas de títulos, CRC e também informação reportada no contexto da supervisão (dados de natureza contabilística).

6.3 Técnicas estatísticas

As técnicas estatísticas implementadas nos processos de compilação de estatísticas no BdP são robustas e encontram-se em conformidade com as boas práticas consagradas neste domínio.

Com efeito, existe um amplo conjunto de ajustamentos e transformações aos dados processados nos diferentes sistemas de informação que garantem uma adequada utilização dos dados nos processos de compilação estatística. A utilização de várias técnicas estatísticas permite colmatar limitações identificadas ao nível da informação elementar, quer por opção dos procedimentos de recolha implementados (por exemplo a introdução de limiares de simplificação), quer por necessidade de acomodar a informação a diferentes requisitos metodológicos (ao nível do âmbito, dos conceitos, da valorização, da classificação e das regras de registo), salvaguardando os padrões de qualidade apropriados. São exemplos, entre outras:

a) técnicas de processamento que minimizam erros de codificação, edição e tabulação;

b) utilização de transações corretivas aplicadas às originais no âmbito dos procedimentos de registo bruto/líquido;

c) ajustamentos de valorização para converter dados primários de uma base de liquidações para uma base de transações;

d) regras para valorização das importações e exportações numa base f.o.b. (free on board);

e) ajustamentos para passar de dados a valor nominal para dados a preços de mercado (através de tabelas de conversão/equivalência adequadas);

f) procedimentos de extrapolação a partir de amostras estatísticas;

g) procedimentos de reclassificação (operações e/ou setorização) com base em informação complementar;

h) técnicas de ajustamento temporal de forma a reconciliar dados de periodicidades distintas;

i) imputação/estimação de não resposta total e parcial;

j) procedimentos de compatibilização entre fluxos e variação de posições;

k) técnicas de consolidação dos dados estatísticos; e

l) hierarquia de fontes.

6.4 Validação da informação intermédia e final

A validação da informação intermédia e final é desenvolvida sobre informação já agregada em dois estádios diferentes: dados intermédios e resultados finais. Testes de controlo de qualidade são

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desencadeados automaticamente, utilizando aplicações informáticas que permitem centralizar/agregar toda a informação reportada pelas instituições (testes de coerência e alertas temporais), e/ou em resultado do trabalho de análise desenvolvido, tal como no caso do controlo de qualidade dos dados de base (validação temporal e testes de consistência interna e externa).

Ainda no domínio da validação da informação intermédia e final, salientam-se os testes que se aplicam às séries estatísticas reportadas ao BCE, visando cumprir os requisitos de reporte exigidos por esta entidade.

A validação entre estatísticas é também assegurada pelo facto de algumas estatísticas (primárias) serem utilizadas como fonte de informação na compilação de outras estatísticas (as denominadas estatísticas derivadas), como sejam as contas nacionais financeiras. A já referida estrutura de missão (EMCF), que tem a sua compilação a cargo, atribui uma especial atenção à consistência entre as várias estatísticas, reconciliando os resultados intermédios/finais, nomeadamente, entre as estatísticas monetárias e financeiras, as da balança de pagamentos e da posição de investimento internacional e as das emissões e carteiras de títulos. Complementarmente, e no âmbito do controlo de qualidade da informação intermédia/final, refira-se a elaboração, numa base regular, dos já referidos Relatórios de Qualidade que incidem sobre os resultados apurados pelos vários sistemas de compilação de estatísticas.

Por último, e não menos importante, refira-se a atividade de análise económica também reali-zada no BdP que, na condição de utilizadora preferencial das estatísticas, constitui um elemento adicional de validação da qualidade das mesmas.

6.5 Estudos de revisão

Relativamente à componente “estudos de revisão” associada à dimensão de qualidade da precisão e fiabilidade, deve referir-se que o BdP efetua estudos e análises regulares das revisões com o objetivo de identificar comportamentos sistemáticos, eventuais fontes de erros, omissões e flutuações nos dados, de forma a corrigir procedimentos e antecipar eventuais necessidades de alteração de informação já difundida. Exemplos de alguns trabalhos realizados neste domínio são os desenvolvidos no âmbito da compilação das estatísticas da balança de pagamentos.

7 Utilidade

É objeto desta dimensão de qualidade, de acordo com o DQAF, a análise de aspetos relativos à periodicidade e prazo de difusão, à consistência (dentro da própria estatística, ao longo do tempo e com outras estatísticas) e às políticas e práticas de revisão.

7.1 Periodicidade e prazo de difusão

As estatísticas compiladas pelo BdP seguem, em todos os casos, a periodicidade e o prazo de difusão recomendados internacionalmente, que são variáveis consoante os fenómenos estatísticos observados. Deste modo, a título de exemplo, refira-se que as estatísticas de balanço e taxas de juro das OIFM e da balança de pagamentos são divulgadas mensalmente, respetivamente, com cerca de cinco e sete semanas de desfasamento em relação ao período de referência. Já as esta-tísticas de posição de investimento internacional e de contas financeiras são compiladas numa base trimestral, sendo as mesmas divulgadas, respetivamente, com desfasamentos de sete e onze semanas face ao período de referência.

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A atualização da informação estatística no BPstat | Estatísticas online (base de dados interativa de informação estatística disponível no sítio do BdP na Internet) coincide, em geral, com a divulgação do BE, mas casos há em que a atualização é feita em prazos distintos e/ou inferiores a um mês. É o caso, por exemplo, de algumas estatísticas cambiais que são atualizadas numa base diária e das estatísticas de balanço e de taxas de juro das IFM cuja difusão ocorre uma a duas semanas antes da publicação do BE (calendário disponibilizado no sítio do BdP na Internet).

7.2 Consistência

• Interna

As estatísticas compiladas pelo BdP são internamente consistentes. Desde logo, e de um ponto de vista estritamente conceptual, conceitos, definições e classificações utilizados para compilar estatísticas são os mesmos, qualquer que seja a periodicidade a que se referem. Acresce que, e em termos quantitativos, as estatísticas relativas a periodicidades diferentes são também consis-tentes entre si. Por exemplo, assegura-se que os resultados estatísticos mensais são consistentes com os correspondentes trimestrais e anuais. Note-se que, na maior parte das estatísticas, esta consistência é atestada pelo seu próprio processo de construção. É o caso da generalidade das estatísticas anuais de fluxos, que são obtidas por soma dos correspondentes fluxos trimestrais /mensais, ou das estatísticas anuais de stocks/posições, que coincidem com as correspon-dentes posições do último trimestre/mês do ano. Nos casos em que posteriormente se dispõe de uma fonte complementar, de natureza anual, que permite rever a primeira estimativa anual elaborada segundo a metodologia referida, os valores infra-anuais são ajustados em conformidade por recurso a técnicas estatísticas adequadas de modo a confirmar a consistência das estatísticas relativas às diferentes periodicidades. Tipicamente este é o caso da revisão sobre as estatísticas infra-anuais da balança de pagamentos e da posição de investimento internacional, que reflete a incorporação dos resultados do Inquérito sobre Investimento Internacional.

A consistência interna é também analisada em termos de consistência entre estatísticas de fluxos e estatísticas de posições. Nalguns casos, as posições são estimadas por acumulação de fluxos e, noutros, os fluxos podem ser estimados combinando a informação relativa à variação de posições com a respeitante a reclassificações e a outras variações de volume e de preço. Nos casos em que há fontes distintas para a compilação de posições e fluxos, a consistência dos mesmos é garantida através de uma análise crítica da sua evolução.

Igualmente com o objetivo de assegurar a consistência interna das estatísticas, deve ainda mencionar-se a atividade de monitorização das rubricas de “ativos e passivos diversos”, no caso das estatísticas de balanço das IFM, da componente “outros” do instrumento “outros débitos e créditos”, no caso das contas nacionais financeiras, e da rubrica de “erros e omissões”, no caso das estatísticas da balança de pagamentos. Com efeito, trata-se de rubricas, que pela sua própria definição/natureza, encerram elementos de caráter residual os quais, quando são significativos, merecem um cuidado acrescido na análise da sua evolução.

• Temporal

No que respeita à análise da consistência temporal das estatísticas procura acautelar-se a sua

consistência para períodos adequados de tempo. Alterações significativas de metodologia

ou nas fontes de informação, bem como mudanças de fundo nos sistemas de recolha e/ou

tratamento da informação estatística, são acompanhadas de notas explicativas, regra geral

publicadas no Boletim Estatístico e no BPstat | Estatísticas online, no sítio do BdP na Internet

e/ou enviadas aos organismos internacionais, onde tais alterações são devidamente explicadas.

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Sempre que possível são reconstruídas séries longas visando garantir a consistência das esta-tísticas publicadas.

• Externa

Relativamente à consistência externa por confronto com estatísticas da responsabilidade de outras entidades, em particular do INE, e sem preocupação de exaustividade, é de destacar a consistência entre as estatísticas da balança de pagamentos e as estatísticas do comércio internacional do INE (utilizadas como principal fonte na produção da balança de bens) e a consistência entre contas financeiras e as contas não financeiras, no domínio das APs.

7.3 Políticas de revisão e implementação prática

A política de revisões consubstancia-se num conjunto de práticas de revisões articuladas entre as diferentes estatísticas, definidas de acordo com as normas, orientações e as boas práticas acordadas a nível europeu e internacional. No caso de ocorrerem revisões significativas fora do padrão regular, estas são acompanhadas de notas explicativas, por norma publicadas no BE e no BPstat | Estatísticas online, no sítio do BdP na Internet e/ou enviadas aos organismos internacionais à semelhança, aliás, dos procedimentos utilizados no caso de alterações meto-dológicas e/ou de fontes. Apesar da diversidade de práticas de revisão das várias estatísticas da responsabilidade do BdP, os procedimentos de difusão implementados verificam, a cada momento, a publicação de versões consistentes entre si. As práticas de revisões são, por norma, devidamente publicitadas na metainformação disponibilizada na página das estatísticas no sítio do BdP na Internet, no BPstat | Estatísticas online, no Boletim Estatístico e no reporte SDDS ao FMI.

8 Acessibilidade

Nesta dimensão de qualidade, o DQAF aborda as questões sobre a acessibilidade dos dados e da metainformação (de forma clara, compreensível e imparcial e em suportes/formatos adequados), a pontualidade da disseminação estatística e a assistência aos utilizadores.

8.1 Acessibilidade dos dados e da metainformação

A disseminação de estatísticas pelo Banco de Portugal segue as regras definidas nos padrões e orientações internacionais e prossegue os princípios da satisfação das necessidades dos utilizadores e do cumprimento dos requisitos de reporte aos organismos internacionais, em particular o BCE, o Eurostat, o FMI, o BM, o BIS e a OCDE.

Constitui preocupação constante que a informação estatística seja divulgada de forma clara e compreensível, em quadros e gráficos que facilitem a análise e permitam uma correta inter-pretação dos resultados. É neste contexto que se inserem as iniciativas junto da imprensa especializada na área económica (workshops com jornalistas, conferências e diversas ações de sensibilização) sobre a compilação e disseminação das várias estatísticas da responsabili-dade do BdP.

A informação estatística e correspondente metainformação são disponibilizadas mensal-mente, de forma gratuita, a todos os utilizadores simultaneamente, no sítio do BdP na Internet:

• no Boletim Estatístico, em formato pdf. (também disponível em CD-ROM) – sendo possível obter ficheiros de formato csv./xls. com dados e com metainformação; e

• no BPstat | Estatísticas online - serviço de disseminação estatística na Internet.

O BPstat | Estatísticas online está disponível a partir da página principal do sítio do BdP na Internet, permitindo acesso online à base de dados estatística interativa do Banco de Portugal.

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O seu principal objetivo consiste em facultar um acesso fácil e célere a um vasto conjunto de séries estatísticas e indicadores produzidos pelo BdP e por outras instituições, bem como às estatísticas que integram a divulgação conjunta do Eurosistema. Este serviço está disponível em duas versões, em português e em inglês, integrando várias funcionalidades que permitem navegar, de forma amigável, através da informação estatística.

A informação no BPstat está agrupada em domínios estatísticos organizados numa estrutura hierárquica (árvore de domínios estatísticos), cada um abrangendo um conjunto de subdomínios relacionados que compreendem as respetivas séries estatísticas. Pode aceder-se à metainfor-mação escolhendo o domínio relevante, ou séries estatísticas, navegando na árvore de domínios ou através de análise estatística específica selecionada pelo utilizador. Estão disponíveis links para as referências consideradas mais relevantes, permitindo assim um rápido acesso a uma vasta gama de padrões metodológicos, orientações e diplomas legislativos.

A informação estatística encontra-se disponível no BPstat sob duas formas:

• Séries cronológicas – permitem explorar a informação dos domínios estatísticos numa abordagem de séries temporais;

• Exploração multidimensional – possibilita a exploração da informação dos domínios estatísticos combinando, em simultâneo, várias dimensões de análise.

As estatísticas do Banco de Portugal são divulgadas pontualmente respeitando um calendário previamente disponibilizado, por regra no início do ano, no sítio do BdP na Internet. A verificação dos prazos de difusão é monitorizada através da elaboração de quadros de controlo construídos para o efeito. Tem-se verificado um rigoroso cumprimento destes prazos de acordo com os calendários previamente publicitados. Refira-se ainda que nenhuma entidade externa ao BdP tem acesso à informação estatística antes da sua divulgação pública. Informação não publicada e não confidencial pode ser disponibilizada mediante pedido escrito, sujeito a apreciação.

8.2 Assistência aos utilizadores

No que respeita ao apoio aos utilizadores, é divulgado publicamente um contacto no BdP para o esclarecimento de possíveis dúvidas relacionadas com a informação publicada. Existe também um formulário eletrónico (no sítio do BdP na Internet) para pedidos de informação, contendo um campo para sugestões e comentários. Com o objetivo de aferir o interesse e as necessi-dades dos utilizadores das estatísticas compiladas pelo BdP, é feito um acompanhamento e uma análise regular dos pedidos de informação estatística recebidos (sobre dados correntemente publicados e não publicados), procurando-se identificar e avaliar eventuais novos conteúdos de difusão estatística.

9 Considerações finais

Por fim, terminada a análise detalhada à luz do DQAF, dos mecanismos de controlo de quali-dade estatística implementados no âmbito da função estatística, infere-se que os sistemas de compilação das estatísticas do Banco de Portugal têm revelado corresponder, de forma bastante adequada, aos compromissos assumidos neste domínio, nomeadamente nas vertentes de controlo de prazos da informação de base, validação e consistência dos dados elementares, consistência interna e externa da informação agregada e disseminação atempada dos resul-tados estatísticos. Na matriz abaixo (Figura 9) apresenta-se de forma resumida e esquemática o sistema de controlo de qualidade das estatísticas compiladas no BdP.

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Perante o exposto, é possível concluir que o Banco de Portugal dedica uma quantidade signifi-cativa de tempo e de recursos aos procedimentos desenvolvidos aos diferentes níveis da função de compilação e disseminação das estatísticas, refletindo-se num controlo de qualidade efetivo, nomeadamente através da partilha de informação entre todos os intervenientes, da implementação de procedimentos e soluções organizativas adequados, da articulação das estatísticas compiladas e de uma gestão orientada para a qualidade.

Figura 9

MATRIZ DOS PROCEDIMENTOS DE QUALIDADE

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SIGLAS E ACRóNIMOS

APs – Administrações públicas

BCE – Banco Central Europeu

BE – Boletim Estatístico

BI – Business Intelligence

BIS – Banco de Pagamentos Internacionais (Bank for International Settlements)

BM – Banco Mundial

BdP – Banco de Portugal

CAE – Classificação das Atividades Económicas

CB – Central de balanços

CE – Comissão Europeia

CMFB – Comité de Estatísticas Monetárias, Financeiras e da Balança de Pagamentos

CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliários

CRC – Central de responsabilidades de crédito

CSE – Conselho Superior de Estatística

DQAF – Data Quality Assessment Framework

EMCF – Estrutura de Missão das Contas Financeiras

EMF – Estatísticas monetárias e financeiras

Eurostat – Serviço de estatística da União Europeia

FMI – Fundo Monetário Internacional

IES – Informação Empresarial Simplificada

IFM – Instituições financeiras monetárias

IFNM – Instituições financeiras não monetárias

INE – Instituto Nacional de Estatística

ISP – Instituto de Seguros de Portugal

ITENF – Inquérito Trimestral às Empresas Não Financeiras

MBP5 – 5ª edição do Manual da Balança de Pagamentos do Fundo Monetário Internacional

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OIFM – Outras instituições financeiras monetárias

SCN 2008 – Manual referente ao Sistema de Contas Nacionais de 2008

SDDS – Special Data Dissemination Standard

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SEBC – Sistema Europeu de Bancos Centrais

SEC 95 – Manual referente ao Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais de 1995

SEE – Sistema Estatístico Europeu

SEN – Sistema Estatístico Nacional

SI/TI – Sistemas e tecnologias de informação

SICAE – Sistema de Informação da Classificação Portuguesa de Atividades Económicas

SIET – Sistema integrado de estatísticas de títulos

SNA 2008 – System of National Accounts, 2008

SPAI – Sistema de Partilha de Informação de Referência

SSFP – Sociedades de seguros e fundos de pensões

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BIBLIOGRAFIA

Agostinho, António e Valério, Maria José (2007), Statistics Audit: the experience of Banco de Portugal, International Statistical Institute – 56th Session, Lisbon;

Agostinho, António e Valério, Maria José (2010), Exploring micro-databases for statistical quality control: the experience of Banco de Portugal, Q2010 – European Conference on Quality in Official Statistics, Helsinki (Finland), May 2010;

Banco de Portugal (2005), Código de Conduta;

Comissão Europeia (CE) (maio de 2005), Código de Conduta para as Estatísticas Europeias, (http://www.ine.pt/);

Comissão Europeia (julho de 2001), Summary Report from the Leadership Group (LEG) on Quality,

Compromisso público do SEBC no domínio das estatísticas europeias (http://www.ecb.europa.eu/stats/html/pcstats.pt.html);

Decreto-Lei n.º 298/92, de 31 de dezembro, relativo ao Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, com as alterações subsequentes;

Banco de Portugal, Documentos Metodológicos relativos às estatísticas da responsabilidade do BP;

International Monetary Fund (June 2003), Fifth Review of the Fund’s Data Standards Initiatives;

International Monetary Fund (July 2003), Data Quality Assessment Framework (http://dsbb.imf.org/pages/dqrs/dqafprt.aspx);

Lei n.º 5/98 de 31 de janeiro, respeitante à Lei Orgânica do Banco de Portugal, com as alte-rações subsequentes;

Lei n.º 22/2008 de 13 de maio, Lei do Sistema Estatístico Nacional;

Lucie Laliberté (IMF), Werner Grünewald and Laurent Probst (Eurostat) (January 2004), Data Quality: A Comparison of IMF’s Data Quality Assessment Framework (DQAF) and Eurostat’s Quality Definition;

Matos, J. C. e Garcia, António (2006), Statistics Audit and Good Practices: the experience of Banco de Portugal, STC Thematic Meeting, September 2006;

Regulamento (CE) n.º 2533/98 do Conselho, de 23 de novembro, com as alterações introduzidas pelo Regulamento (CE) n.º 951/2009 do Conselho, de 9 de outubro, relativo à compilação de informação estatística pelo BCE;

United Nations (September 2005), Principles Governing International Statistical Activities.

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SUPLEMENTOS AO BOLETIM ESTATÍSTICO

1/98 Informação estatística sobre instituições financeiras não monetárias, dezembro de 1998

2/98 Investimento direto do exterior em Portugal: estatísticas de fluxos e stocks para o ano de 1996 e estimativas de stocks para 1997, dezembro de 1998

1/99 Nova apresentação das estatísticas da balança de pagamentos, fevereiro/março de 1999

2/99 Informação estatística sobre fundos de investimento mobiliário (FIM), dezembro de 1999

1/00 Investimento direto de Portugal no exterior, dezembro de 2000.

1/01 “Balanço estatístico” e “Balanço contabilístico” das outras instituições financeiras monetárias, agosto de 2001.

1/05 Utilização da central de responsabilidades de crédito no âmbito das estatísticas monetárias e financeiras, abril de 2005.

2/05 Contas nacionais financeiras da economia Portuguesa. Notas metodológicas e apresentação dos resultados estatísticos de 2000 a 2004, junho de 2005

3/05 Contas nacionais financeiras da economia Portuguesa. Estatísticas sobre patrimónios financeiros de 1999 a 2004, novembro de 2005.

4/05 Ajustamento sazonal de séries estatísticas da balança de pagamentos, novembro de 2005

5/05 Estatísticas das empresas não financeiras da central de balanços, dezembro de 2005

1/07 Papers presented by Banco de Portugal representatives at the 56th session of the International Statistical Institute, held in Lisbon 22 - 29 August 2007, August 2007 (versão em inglês)

1/08 Reporte simplificado: incorporação da informação empresarial simplificada nas estatísticas das empresas não financeiras da central de balanços, maio de 2008

2/08 Estatística de títulos: caracterização do sistema integrado e apresentação de resultados,junho de 2008

1/09 Papers presented by Banco de Portugal representatives at the 57th Session of the International Statistical Institute, held in Durban,South Africa, 16 - 22 August 2009 (versão em Inglês)

1/11 Papers presented by the Statistics Department in national and international fora, October 2011 (versão em inglês)

2/11 Papers presented by Banco de Portugal representatives at the 58th World Statistics Congress of the International Statistical Institute, held in Dublin, Ireland, 21-26 August 2011, October 2011 (versão em inglês)

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