a gênese do serviço social em marilda iamamoto e josé paulo netto

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  • 8/17/2019 A Gênese Do Serviço Social Em Marilda Iamamoto e José Paulo Netto

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    A GÊNESE DO SERVIÇO SOCIAL EM MARILDA IAMAMOTO E JOSÉ PAULONETTO: ALGUMAS NOTAS INTRODUTÓRIAS

     André Luciano da Silva Mestrando em Serviço Social - PPGSS/UFAL

    1. INTRODUÇÃO

    Este texto tem por objetivo se debruçar sobre o entendimento da !nese do Serviço

    Social seundo Marilda "amamoto e #os$ Paulo %etto& 'ecendo assim alumas notas

    introdut(rias acerca da compreens)o desses autores sobre a oriem e necessidade desta

     pro*iss)o para o desenvolvimento/reproduç)o das condiç+es existenciais do sistema capitalistade produç)o&

    Para tanto nos basearemos nos textos Relações Sociais e Serviço Social no Brasil ,

    escrito por "amamoto e arval.o e Capitalismo Monopolista e Serviço Social, escrito por 

    #os$ Paulo %etto. Ambos partem de uma leitura marxista da realidade entendendo 0ue as

    relaç+es sociais est)o dialeticamente inter-relacionadas a uma *orma espec1*ica de produç)o,

    ou seja, de reali2ar trabal.o& %este ponto entende-se 0ue a economia, o trabal.o, $ o polo

    reente para compreender a realidade e assim as relaç+es sociais& E obviamente esta

    conjuntura possibilita analisar a pro*iss)o serviço social&

     ompreendendo 0ue a especi*icidade da tem3tica sobre a !nese do Serviço Social

    est3 nas primeiras partes dos livros acima citados, *ocali2amos nossas an3lises sobre tais

     partes, contundo n)o despre2amos a ri0ue2a da discurs)o sobre o surimento da pro*iss)o no

    4rasil, 0ue consiste nas lin.as da seunda parte do livro de "amamoto e arval.o5 e a 0uest)o

    do car3ter sincr$tico da pro*iss)o presente na seunda parte do livro de %etto&

      Posto isso, comunicamos 0ue este texto est3 es0uemati2ado da seuinte maneira6 no

     primeiro momento apresentaremos as apreens+es te(rico-metodol(icas da !nese do Serviço

    Social con*orme a compreens)o de "amamoto5 em seuida o entendimento de %etto sobre tal

    tem3tica e por *im nossas consideraç+es *inais&

    2. SERVIÇO SOCIAL, GÊNESE E FUNÇÃO SOCIAL NA SOCIEDADE DOCAPITAL SEGUNDO IAMAMOTO

    7 livro escrito por "amamoto e arval.o  Relações Sociais e Serviço Social no Brasil 

    $ divido em duas partes6 a primeira busca apresentar as diretri2es anal1ticas e te(rico-

    metodol(icas, e a seunda exp+e a constituiç)o da pr3tica institucional do Serviço Social no

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    4rasil 89:;

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     %ascem a1 ?s pro*iss+es liberais como estrat$ias da buruesia para conter as revoltas

    e assim de*ender o capitalismo& Dentre elas o serviço social&

    Diante desse contexto, aora $ poss1vel compreender a emer!ncia da

     pro*issionali2aç)o do Serviço Social&

    7 Serviço Social ae como processo/instrumento de reproduç)o do sistema capitalista&

    omo uma especiali2aç)o do trabal.o coletivo e pertence ? divis)o social do trabal.o, dentro

    da sociedade industrial&

    Dentro da l(ica do capital a pro*iss)o ae tanto pelas demandas do capital como, a do

    trabal.o, mediando o seu oposto, ou seja, participa dos mecanismos de dominaç)o e

    exploraç)o como tamb$m atende as necessidades de sobreviv!ncia do trabal.ador& Essa aç)o

     pro*issional mediadora, ao mesmo tempo em 0ue reprodu2 os antaonismos de classes,reprodu2 a *orma social capitalista&

    ompreende-se da1 0ue o Serviço Social nasce como uma necessidade social da  

    sociedade do capital pois, esta cria novos impasses, os 0uais necessitam de pro*issionais

    0uali*icados&

     %este contexto, temos a 0uest)o social como as express+es oriundas do processo de

    *ormaç)o e desenvolvimento do proletariado, e do seu inresso pol1tico na sociedade 0ue

    reivindicam aç+es al$m da caridade e da repress)o&Assim, o Serviço Social se desenvolve como pro*iss)o com o pr(prio desenvolvimento

    capitalista industrial e a expans)o urbana e com a constituiç)o e expans)o do proletariado e da

     buruesia industrial&

    A autora alerta 0ue n)o se pode pensar a pro*iss)o no processo de reproduç)o das

    relaç+es sociais, independentes das orani2aç+es empreat1cias a 0ue se vinculam as

    atividades deste pro*issional, ou seja, sua atuaç)o pro*issional& Assim $ necess3rio *risa 0ue o

    Estado $ o principal empreador dos assistentes sociais, pois o processo de institucionali2aç)odesta pro*iss)o encontra-se vinculado ao crescimento das randes instituiç+es de prestaç)o de

    serviços sociais e assistenciais eridas ou subsidiarias pelo Estado&

    Uma ressalva $ necess3ria6 o Serviço Social n)o $ uma pro*iss)o vinculada ao

     processo de criaç)o de produtos e de valor, todavia ae no sentido mais amplo da produç)o

    social&

    Assim, esta pro*iss)o utili2a dos con.ecimentos socialmente acumulados e produ2idos

     por outras ci!ncias para intervir, atrav$s de sua pr3tica social-pro*issional, na sociedade&

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    Em resumo6 o Serviço Social, como pro*iss)o inscrita na divis)o social e t$cnica do

    trabal.o, situa-se no processo da reproduç)o das relaç+es sociais *undamentalmente como

    uma atividade auxiliar e subsidiaria no exerc1cio do controle social& E participa do processo

    social, reprodu2indo e re*orçando as contradiç+es b3sicas do sistema do capital, ao mesmo

    tempo e pelas mesmas atividades *avorecendo a reproduç)o da *orça de trabal.o atrav$s dos

    serviços sociais&

    2. SERVIÇO SOCIAL, GÊNESE E FUNÇÃO SOCIAL EM NETTO

    7 livro 0ue analisamos de #os$ Paulo %etto $ a primeira parte de sua tese de

    doutoramento5 nela .3 a apreciaç)o do desenvolvimento do Serviço Social at$ a d$cada de9:=

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     %este ambiente, o Estado $ muito importante, pois $ tido como um mecanismo de

    intervenç)o extra econImica o 0ual $ utili2ado para a e*etivaç)o do capitalismo monopolista&

    Assim, a *unç)o essencial do Estado, neste contexto, $ arantir os superlucros dos

    monop(lios& Ele propiciar3 o conjunto de condiç+es necess3rias ? acumulaç)o e ? valori2aç)o

    do capital monopolista&

     %uma dessas condiç+es est3 ? reproduç)o da *orça de trabal.o e a sua conservaç)o

    *1sica, ameaçada pela super-exploraç)o do capital dos monop(lios&

    As pol1ticas sociais pblicas surem desse contexto da sociedade buruesa, onde o

    crescimento das express+es da 0uest)o social passa a ser administradas pelo Estado&

     %etto adverte 0ue tanto a compreens)o da pol1tica social pblica 0uanto da 0uest)o

    social n)o podem ser tomadas descoladas das relaç+es sociais e produtivos da sociedade docapital monop(lico, ou seja, ele de*ende 0ue tomar a totalidade da 0uest)o social, e das

     pol1ticas compreenderia pIr em xe0ue a pr(pria conjuntura do sistema, apontando-o como o

     produtor da 0uest)o social, e das pol1ticas sociais pblicas&

    Al$m disso, o autor relembra 0ue a capacidade e orani2aç)o da classe oper3ria e do

    conjunto dos trabal.adores *oram *atores *undamentais para a implantaç)o das pol1ticas

    sociais, visto 0ue *oi o c.o0ue de interesses presentes nas classes sociais 0ue possibilitaram

    tais mudanças de estrat$ias da classe buruesa na dominaç)o da classe trabal.adora e assim para manter a reproduç)o e produç)o das condiç+es essenciais ? produç)o capitalista&

    Apesar disso, %etto recorda 0ue o novo cen3rio n)o implica um abandono do trato

    individualista, pr(prio do capitalismo, visto 0ue os problemas sociais s)o en*rentados por 

     pol1ticas sociais pblicas, por$m incorpora essas ideias& Assim, o en*rentamento super*icial da

    0uest)o social Bcorta e recuperaC o ide3rio liberal corta-o intervindo com pol1ticas pblicas,

    recupera-o sujeitando os indiv1duos a elas, assim como ao seu acesso&

    "sto por0ue o estilo de pensar o social na sociedade buruesa imperialista encontra-seno Positivismo, 0ue naturali2a a sociedade e sua explicaç)o, assim como a explicaç)o das

    re*raç+es sociais, locali2ando-as na es*era moral e n)o na econImica tampouco na pol1tica&

    Juando a sociedade 8concebida como natural, positiva e .armInica> encontra BdesviosC na

    conjuntura normal $ necess3rio Bsan3-losC atrav$s de uma reorani2aç)o espiritual, uma

    modelaem psicossocial e moral&

    'emos a1 a Bpsicoloi2aç)oC das relaç+es sociais, pois n)o adentra na rai2 dos

     problemas de tais BdesviosC, mas sim busca ajust3-los ? Bnormalidade da sociedadeC& 7s

     problemas s)o individuais, s)o desvios de indiv1duos&

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     %este ambiente, por exemplo, a B0uest)o socialC $ deseconomi2ada e desistori2ada& Se

    os conceitos cient1*icos n)o estavam subordinados aos *atos 8sociais e naturais> eram

    remetidos ? moral e ? $tica&

     %etto aponta ainda 0ue a sociedade monopolista do capital, seus protaonistas

    .ist(rico-sociais, com seus projetos decisivos& 7 proletariado constitu1do como classe para si

      onde começa a construir sua identidade como protaonista .ist(rico social se con*iura com

    os embates de 9H& Essas derrotas do proletariado começam a conscienti23-los como uma

    classe& %este embate, os sindicatos e o partido prolet3rio s)o os principais instrumentos de

    intervenç)o s(cio-pol1tica&

    A experi!ncia da omuna de Paris 89K9> *oi importante para esta constituiç)o& %este

    contexto de e*ervesc!ncia e orani2aç)o da classe oper3ria, como classe para si, temos a buruesia como aente social conservador e 0ue mediante a situaç)o se ver acuada a

    articuladas um projeto pol1tico-social 0ue seja concorrente ao de seu advers3rio e

    simultaneamente 0ue atenda ?s exi!ncias da nova din@mica econImica& Este projeto deve

    combinar conservadorismo e re*ormismo&

    As Bclasses m$diasC, camadas e cateorias entre a buruesia e o proletariado, neste

    ambiente eram bem expressivas 0uantitativamente, e tin.a peso ideol(ico importante&

    neste contexto de projetos em con*litos 0ue se tem a emer!ncia do Serviço Socialcomo pro*iss)o&

    'odavia, esta pro*iss)o re0uerida neste contexto como umas das necess3rias ao

    controle das massas n)o $ uma continuidade das antias *ormas de *ilantropia e

    assistencialismo 0ue s)o antecessores da pro*iss)o, mas justamente, como o autor relembra .3

    uma ruptura com tais relaç+es&

    Assim, centrar-se nela, ou ele!-las como *undamento do Serviço Social $ um

    e0u1voco anal1tico&Seundo %etto, o Serviço Social se constitui en0uanto pro*iss)o 0uando inserida no

    mercado de trabal.o onde o aente passa a inscrever-se numa relaç)o de assalariamento e

    *a2 parte da divis)o social e t$cnica do trabal.o5 exercendo atividades, alocados por 

    oranismos e inst@ncias al.eios ?s matri2es oriinais das proto*ormas da pro*iss)o, por 

    exemplo, o Estado&

    Assim, a emer!ncia do Serviço Social como pro*iss)o $ indissoci3vel do contexto da

    ordem monopolista 0ue, en*renta a B0uest)o socialC com pol1ticas sociais e remunera um

    aente social para desempen.ar este serviço&

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    Em resumo6 .3 uma ruptura com as proto*ormas do serviço social, pois seu

    assalariamento, sua inclus)o no mercado de trabal.o como aente vendedor da sua *orça de

    trabal.o aente para Ben*rentarC as ma2elas da 0uest)o social a di*erencia de *orma cabal

    das antias atividades espor3dicas do assistencialismo e da *ilantropia&

    Assim, para %etto, os elementos 0ue est)o nas bases da pro*issionali2aç)o est)o no

    contexto da ordem monop(lica do capital&

    CONSIDERAÇ-ES FINAIS

    obvio 0ue outras interpretaç+es sobre a tem3tica da !nese do Serviço Social

    coexistem com estas 0ue *oram apresentadas acima, por exemplo, a apreciaç)o de Martinelleem  Serviço Social, Identidade e Alienação. "sso tamb$m n)o indica 0ue ambas as leituras

    acerca do assunto sejam id!nticas, mas 0ue ambas partem metodoloicamente da economia,

    do trabal.o como o polo reente para compreender a !nese e a *unç)o social da pro*iss)o em

    meio ? conjuntura socioeconImica capitalista&

    3 nas lin.as textuais desses pensadores a especi*icaç)o da pro*iss)o como uma das

    0ue reali2a a *unç)o social de controle e reproduç)o das condiç+es necess3rias ? exist!ncia da

     produç)o capitalista, mas ao mesmo tempo sinali2am 0ue a mesma aç)o auxilia na condiç)ode exist!ncia da classe trabal.adora&

    Exp+em 0ue a !nese da pro*iss)o $ decorrente da luta de classes, e n)o apenas do

    acirramento das express+es da 0uest)o social, ou do surimento das pol1ticas sociais, dos

    direitos sociais& Mas sua exist!ncia $ pr(pria da conjuntura socioeconImica da sociedade

    capitalista na idade dos monop(lios&

    Alertam 0ue tomar 0ual0uer um desses elementos de *orma isolada $ um erro, pois

    desconsidera as relaç+es sociais e produtivas 0ue re0uereram tais medidas e estrat$ias&

    Por isso, as bases 0ue deram possibilidade para 0ue se existisse uma pro*iss)o 0ue

    rompe com as antias atividades espor3dicas, *ilantr(picas e assistencialistas est)o no bojo

    conjuntural da sociedade capitalista em seu est3io monop(lico& 7nde o Estado $ intimado a

    inter*erir mais no social, e conse0uentemente no mercado, no econImico, e passa a assalariar 

    um aente para desempen.ar uma *unç)o social, a mediaç)o do acesso aos direitos sociais&

    Por isso, o maior empreado do assistente social $ o Estado&

    Somos ontoloicamente reprodutores do capital, e de suas desumanidades&

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    REFERÊNCIAS

    "AMAM7'7, M& N5 AONAL7, O& Relações Sociais e Serviço Social no Brasil 6 Esboço

    de uma interpretaç)o .ist(rico-metodol(ica& ; ed& S)o Paulo6 orte2,/ ELA'S, ;