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A FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM NÍVEL MÉDIO NO CURSO TÉCNICO EM SECRETARIADO INTEGRADO - RESSIGNIFICANDO PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Joseli Maria Borato Kloster1 RESUMO Este artigo apresenta o resultado de estudos teóricos e empíricos realizados no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE/2007) da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Enfoca a formação profissional em nível médio no Curso Técnico em Secretariado Integrado e teve por objetivo a ressignificação de práticas pedagógicas, tendo por base dados colhidos através de questionários respondidos por professores, alunos, empresários e secretárias atuantes. As práticas pedagógicas apontadas como mais eficazes foram: palestras, Semana do Secretariado, trabalho em grupo e trabalho individual, as quais foram ressignificadas pelos professores atuantes no curso. Atualmente, o mundo do trabalho exige profissionais cujos conhecimentos ultrapassem os limites de uma formação específica e restrita para uma formação que permita a sua atuação como sujeito de ações que visem transformação social. As ações pedagógicas realizadas buscaram conciliar teoria e prática, num processo de ensino reflexivo no sentido de encaminhar situações relevantes para formação do aluno/cidadão, tendo o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura como princípios fundantes da organização curricular integrada. Desta forma, espera-se que as vivências possam potencializar experiências de cooperação e o resgate de valores éticos, proporcionando melhorias significativas na formação do Técnico em Secretariado, com condições de enfrentar os desafios próprios do mundo do trabalho contemporâneo, e que também tenha condições e incentivos para progredir em seus estudos futuros, atuando como cidadão no seu âmbito de influência. Palavras-chave: Ensino Médio Integrado. Formação humana. Ressignificação de práticas pedagógicas.

ABSTRACT This article presents the result of theoretical and empirical studies carried out in the Educational Development Program (PDE/2007) of the State Secretary of Education from Parana. It focuses on professional formation in intermediate level in the course of Integrated Technical Secretariat and has as its goal the resignification of pedagogical practices, based on the collection of data, through questionnaires answered by teachers, students, businessmen and secretaries working in the area. The pedagogical practices identified as the most effective were: lectures, The Week of the Secretariat (Semana do Secretariado), individual and group activities, which were resignified by teachers of the course. Currently, the work market demands professionals whose knowledge cross the boundaries of a specific and restrict formation to one that allows their performance as people of actions towards social change. The pedagogical actions that were applied intent to concile theory and practice, in a process of reflexive teaching in order to lead relevant situations to the formation of the student/citizen, having the job, science, technology and culture as the foundational principles of the integrated curriculum organization. Thus, it is expected that their experiences can enhance experiences of cooperation and the redemption of ethical values, providing significant improvements in the formation of Technical Secretariat, having the conditions to face the challenges of the very contemporary work market, and that they also have

1 Professora PDE/2007. Docente do Curso Técnico em Secretariado Integrado, atuando na área de Disciplinas

Técnicas, lotada no Colégio Estadual Regente Feijó – Ponta Grossa – PR

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condition and encouragement to advance in their future studies, acting as a citizen in their range of influence. Keywords: Integrated High School. Human formation. New meaning of pedagogical practice INTRODUÇÃO

A formação do aluno do Ensino Médio no Curso Técnico em Secretariado

Integrado é foco deste artigo que relata o trabalho desenvolvido no PDE/2007

(Programa de Desenvolvimento Educacional), política pública que “estabelece o diálogo

entre os professores da Educação Superior e os da Educação Básica, através de

atividades teórico-práticas orientadas, tendo como resultado a produção de

conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública

paranaense”. (PARANÁ/SEED, PDE/2007).

O trabalho centrou-se nas ações do fazer docente em sala de aula. Buscou-se a

ressignificação por parte dos professores, das práticas pedagógicas, objetivando a

melhoria do ensino-aprendizagem dos alunos no processo de seu desenvolvimento

educacional, o qual abarca as dimensões: pessoal, social e profissional. Uma ação

pedagógica que os capacite para atuação consciente e cidadã na realidade e no mundo

do trabalho, com condições de continuidade nos estudos. Sua inserção no mundo

hodierno exige o domínio de habilidades cognitivas complexas, nesta fase do

capitalismo conhecida como terceira revolução industrial em um mundo globalizado,

onde o conhecimento e a tecnologia se embricam e mudam a cultura. Assim, a

educação de jovens e adultos não pode ser reduzida às necessidades estritas do

mercado de trabalho. Mas também, ela não pode ser alheia às necessidades de

sobrevivência dos jovens e às exigências da produção econômica, como campo de

onde os sujeitos sociais retiram sua sobrevivência. Em conseqüência, os estudos

locais, a identificação das oportunidades ocupacionais não é um dado desprezível, pelo

contrário, deve fazer parte do processo educativo de desenvolvimento de competências

cognitivas complexas que exigem raciocínios de compreensão da totalidade e ações

rápidas enumeradas por Kuenzer

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O desenvolvimento de competências cognitivas complexas e de relacionamento, tais como análise, síntese, estabelecimento de relações, criação de soluções inovadoras, rapidez de resposta, comunicação clara e precisa, interpretação e uso de diferentes formas de linguagem, capacidade para trabalhar em grupo, gerenciar processos para atingir metas, trabalhar com prioridades, avaliar, lidar com as diferenças, enfrentar os desafios das mudanças permanentes, resistir a pressões, desenvolver o raciocínio lógico-formal aliado à intuição criadora, buscar aprender permanentemente, e assim por diante. (KUENZER, 2007 p.3).

Portanto, o que aumenta a possibilidade de empregabilidade no mundo de hoje é

a ênfase nas habilidades básicas e gerais. Têm grande importância a capacidade de

análise, a capacidade de resolver problemas, a capacidade de tomar decisões e,

sobretudo, ter flexibilidade para continuar aprendendo.

A temática centrada na sala de aula foi definida devido à experiência como

professora de disciplinas técnicas do curso, com vinte anos de profissão, conhecedora

da realidade dos professores, dos alunos, do colégio estadual e das repercussões que

as mudanças na política educacional, para este nível de ensino, acarretaram nos

últimos anos.

Pais e professores, em sua grande maioria, vibraram com a retomada da oferta

pública da Educação Profissional no Estado do Paraná (2003), com cursos totalmente

reformulados integrados ao Ensino Médio, com o comprometimento, por parte do

governo paranaense, em constituir uma rede pública de ensino com recursos humanos,

físicos, tecnológicos e materiais necessários a uma educação de qualidade social, na

perspectiva de desenvolvimento do ser humano em sua integralidade.

O Ensino Médio caracteriza-se por uma confluência de expectativas equivalente

a uma plataforma de lançamento onde o jovem vislumbra seu projeto de vida. Pontuam

várias forças sobre o aluno do ensino público. Pais que mandam seus filhos fazerem o

curso na expectativa de conseguirem logo “um bom emprego”; o Estado, em busca de

cidadãos e renovação da força de trabalho, os jovens que se queixam da falta de

oportunidades de trabalho, de estágios remunerados nas empresas e, professores que

reclamam da falta de interesse, de responsabilidade e de comprometimento por parte

dos alunos. Constantemente ouve-se das empresas a seguinte queixa: “temos vagas,

não temos pessoas competentes para preenchê-las”. Por outro lado, ouvimos dos

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jovens: “não temos oportunidades para trabalhar, as empresas são muito exigentes, a

concorrência a uma vaga é muito grande”.

Até que ponto essas queixas são fundamentais para um processo de mudanças

nas práticas pedagógicas?

A partir de 2003, a política estabelecida para a Rede Estadual Paranaense inicia

não só o processo de retomada da oferta pública e gratuita da formação para o

trabalho, mas assume a concepção de ensino e currículo em que o trabalho, a cultura,

a ciência e a tecnologia constituem os fundamentos sobre os quais os conhecimentos

escolares devem ser trabalhados e assegurados, na perspectiva da escola unitária e de

uma educação politécnica, favorecendo, assim a formação do cidadão/trabalhador, que

precisa ter acesso ao saberes técnicos e tecnológicos requeridos atualmente. A

educação básica de nível médio, tomado como direito social universal de todo cidadão,

é indissociável da formação profissional (PARANÁ, 2005).

Os critérios adotados para a definição da expansão da oferta dos cursos foram

os de priorizar a política de desenvolvimento sócio econômico do Estado e a vocação

econômica das regiões, considerando também, o provimento de recursos materiais e

humanos, a reestruturação curricular dos cursos com o objetivo de favorecer a

formação do cidadão/aluno/trabalhador.

A concepção de educação profissional no Paraná, implementada a partir de

2003, rompe com a dimensão que a articula diretamente ao mercado de trabalho e a

questão da empregabilidade e laboralidade, assumindo compromisso com a formação

humana dos alunos, a qual requer a apreensão dos conhecimentos científicos,

tecnológicos e histórico-sociais pela via escolarizada.

Dentro da metodologia do PDE/2007-PR, iniciou-se as atividades com a

elaboração de um plano de trabalho, fundamentado teoricamente no documento síntese

do PDE (PARANÁ/SEED) em conjunto com o professor orientador da UEPG

(Universidade Estadual de Ponta Grossa), o qual foi estruturado a partir dos eixos: a

proposta de estudo e de implementação, a elaboração e aplicação do material didático,

construção e coordenação de Grupo de Trabalho em Rede e registro científico de

experiência vivenciada.

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Os professores participantes, em um primeiro momento, fizeram leituras de

textos como: O conhecimento a serviço do desenvolvimento: uma "revolução"

conceitual e prática de Lizia Helena Nagel e palestra editada de Acácia Zeneida

Kuenzer, do I Seminário Temático do PDE, e todos identificaram a relação destes

textos com sua disciplina/área de formação/atuação.

De acordo com Barcelona (2006), questões foram propostas para discussões

com os professores:

-Qual é o modelo educativo que motiva, ou não, os nossos estudantes a

empenhar-se em seus estudos?

-Por que os saberes que lhes são transmitidos não os ajudam, ou ajudam, a

compreender o tipo de mundo em que eles vivem?

-Existe perspectiva de emprego para os recém formados de nossas escolas?

A síntese das discussões reforçou a convicção que toda mudança deve-se iniciar

e terminar na sala de aula aliando-se a teoria e a prática, os conhecimentos gerais e os

técnicos e tecnológicos.

O Decreto 5.154/04 possibilitou conceber proposta curricular considerando a

necessária articulação entre as diferentes dimensões do trabalho de formação

profissional do cidadão/aluno, na perspectiva da oferta pública da educação profissional

técnica de nível médio, enfatizando o trabalho, a cultura, a ciência e a tecnologia, como

princípios fundadores da organização curricular integrada ao ensino médio buscando o

ensino público, gratuito e de qualidade.

Assim um currículo integrado pode ser compreendido como aquele próprio de

todo ensino médio, pois como bem destaca Ramos (2004), “o objetivo não é a formação

de técnicos, mas a formação de pessoas que compreendam a realidade e que possam

também atuar como profissionais”. Também se viu que, na sociedade capitalista em

que vivemos, as mutações da escola, da educação profissional, não é novidade.

Cogitam-se mudanças com relação aos conteúdos curriculares e aos métodos de

ensino nas escolas.

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OS FUNDAMENTOS DA PROPOSTA

O Paraná, através do Departamento de Educação Profissional/SEED, assumiu o

compromisso com uma política de educação profissional que tem o trabalho como

princípio educativo, princípio este que considera o homem em sua totalidade histórica, e

a articulação entre trabalho manual e intelectual a partir do processo produtivo

contemporâneo, com todas as contradições daí decorrentes para os processos de

formação humana no e para o trabalho.

Segundo Ciavatta (2005, p.85), os indivíduos devem ser formados de maneira à

“superar a redução da preparação para o trabalho ao seu aspecto operacional,

simplificado, escoimado dos conhecimentos que estão na sua gênese científico-

tecnológica e na sua apropriação histórico-social” ou seja, proporcionar uma formação

completa permeada por conhecimentos científicos, tecnológicos e histórico-sociais.

A proposta do ensino médio integrado ao ensino técnico é inovadora e ao

mesmo tempo ousada, pois, segundo o dicionário Globo, integrar significa completar,

inteirar, portanto, tornar íntegro, tornar inteiro. Assim, no caso da formação integrada, a

educação geral não pode ser separada da educação profissional, onde teoria e prática

se articulam em todos os momentos do processo ensino-aprendizagem do curso. Ou

seja, considerando-se o princípio educativo que tem por base a microeletrônica, a

formação científico-tecnológica deve ser aliada ao conhecimento tácito, “no sentido de

superar a dicotomia trabalho manual/trabalho intelectual, de incorporar a dimensão

intelectual ao trabalho produtivo, de formar trabalhadores capazes de atuar como

dirigentes e cidadãos”. (GRAMSCI 1981 apud Ciavatta, 2005, p. 84).

Compreende-se que além do saber fazer memorizado, o mundo do trabalho

exige conhecimento, comunicação e criatividade para resolver situações não previstas.

Afirma Kuenzer (1988, p.126), “a finalidade da escola que unifica cultura e

trabalho é a formação de homens desenvolvidos multilateralmente, que articulem à sua

capacidade produtiva as capacidades de pensar, de estudar, de dirigir ou de controlar

quem dirige”.

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Esta afirmação nos remete à escola única do trabalho como a proposta a ser

defendida a partir da ótica dos trabalhadores, com base em Gramsci: a escola unitária,

ou de formação humanista ou de cultura geral deveria se propor à tarefa de inserir os

jovens na atividade social, depois de tê-los levado a um certo grau de maturidade e

capacidade, à criação intelectual e prática e a uma certa autonomia na orientação e na

iniciativa (PARANÁ, 2005).

O estudo estendeu-se para o trabalho e para o capitalismo, pois é necessário

saber-se como os avanços tecnológicos são preponderantes a vida humana.

Segundo SAVIANI (1986, p.14), as questões relativas ao trabalho estruturam o

sistema educacional, visto que o trabalho é a base da existência humana. Através das

atividades a que as pessoas se dedicam, elas satisfazem as suas necessidades, se

humanizam, ampliam seus conhecimentos. Portanto, a produção da existência humana

e do conhecimento se dá pelo trabalho, pela ação do homem sobre a natureza e nas

relações sociais estabelecidas.

Etimologicamente, a origem de trabalho é o tripalium, é tortura, sofrimento.

Segundo Marx 1980 (apud Ciavatta, 2005, p. 92), o trabalho é essencial à vida

humana e ao conhecimento que ele proporciona aos indivíduos nas relações

ambientais, sociais e pessoais como um princípio de cidadania, traduzindo-se em direito

à participação nos benefícios da riqueza social acumulada historicamente e contra as

formas de trabalho que exploram o trabalhador, características da produção capitalista.

Assim, as atividades materiais produtivas, bem como a criação cultural que se

gera em torno da reprodução da vida fazem parte do conceito de mundo de trabalho.

Hoje, simplifica-se o universo complexo da produção e se complexifica a vida social que

se estabelece nas relações cotidianas. O trabalho no capitalismo é reduzido a uma de

suas formas históricas aparentes tais como a profissão, o produto do trabalho e as

atividades laborais que podem ser vistas como atividade de produção que entusiasma e

dignifica o homem (concepção geral - positividade) ou como atividade degradante,

fatigante ou que aliena o ser humano de si mesmo e dos produtos de seu trabalho (uso

predatório explorador da força de trabalho).

Partindo do pressuposto que o trabalho é a base da existência humana, então,

deve-se indagar como é produzida essa existência humana, por intermédio do trabalho,

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na especificidade do modo capitalista de produção, pois, sabemos que são muitas as

angústias e incertezas dos jovens em relação ao trabalho, ao aumento das formas de

marginalismo profissionais, o desemprego a precarização nas relações de trabalho, as

novas valorizações de padrões tanto de trabalho, quanto de consumo.

Segundo Rainho (1980, p. 3), no contexto sócio econômico e cultural brasileiro,

deve-se reconhecer que “nem sempre é possível escolher exatamente o emprego que

nos convém, então, temos de chegar a uma solução intermediária, isto é, obter das

condições aqui existentes o máximo possível”.

A complexidade do trabalho em qualquer um dos setores (primário, secundário

ou terciário), com implicações sobre serviços, constituiu uma divisão social e técnica do

trabalho em que o técnico de nível médio, categoria intermediária ao operariado pouco

qualificado e os profissionais de nível superior, assumiu responsabilidades para as

quais não seria suficiente “saber fazer”. Daí a necessidade também de se “teorizar” as

atividades práticas, buscando-se, suas bases científicas.

Ter o trabalho como princípio educativo na concepção gramsciana, implica

referir-se a uma formação baseada no processo histórico e ontológico de produção da

existência humana, em que a produção do conhecimento científico é uma dimensão.

Em se tratando do capitalismo, Rocha (1983, p.57) destaca: “o sentido de

capitalismo designa um regime caracterizado pelo papel preponderante do capital. Suas

molas fundamentais são a propriedade privada, a livre concorrência e o sistema de

preço”.

Portanto, capitalismo é o nome que se dá às atitudes econômicas decorrentes

naturalmente numa sociedade que respeita a propriedade privada e a liberdade de

contrato, onde o trabalhador vende sua força de trabalho no mercado, na livre

concorrência.

Historicamente, a ciência entrou em processo de evolução, cada vez mais

acelerada a partir do século XVIII, com o surgimento de novas tecnologias modificou o

modo de produzir mercadorias, acelerando assim o desenvolvimento do sistema

capitalista.

A respeito dos momentos que marcaram o desenvolvimento do capitalismo em

relação às mutações ocorridas em sua base técnica, Aranha (1999), com base nos

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estudos de Frigotto, apontou que a Primeira Revolução Industrial e todas as

implicações dela decorrentes para o tecido social em suas diferentes dimensões foi de

enorme significação histórica, pois com a invenção do tear e da máquina a vapor,

ocorreram mudanças profundas no setor produtivo e de transportes. Até meados do

século XIX, o capitalismo operou em sua base real através desta estrutura tecnológico-

científica. A mecanização substituiu os métodos artesanais resultando na divisão do

trabalho, culminando na qualificação e/ou desqualificação do trabalhador, em processo

taylorista, ou seja, especialização no fragmento do trabalho.

A partir da segunda metade do século XIX, o aparecimento da energia elétrica,

do petróleo, do aço, da química etc. conduziu a uma maior flexibilização produtiva na

atividade industrial proporcionando a substituição da força humana física pela energia.

Caracteriza-se a era da eletromecânica, ou seja, a Segunda Revolução Industrial

também conhecida como fordismo, daí que

Instaura-se um processo contínuo de formas de organização do trabalho e de

acumulação, bem como, a nível superestrutural, leis; instituições encarregadas

de regularem as relações e conflitos capital-trabalho e a própria competição

intercapitalista. O taylorismo e o fordismo constituem-se a base teórico-

ideológica desse paradigma. Registra-se, após a metade do século XX, um

salto qualitativo crucial que revoluciona de maneira sem precedente a base

técnica da produção (...). Essa mutação substancial da base técnica que

expressa, ao mesmo tempo, o esgotamento e a crise cada vez mais aguda dos

paradigmas capitalistas do desenvolvimento como de resto os do socialismo

real, resulta de uma combinação, de acordo com Adam Schaff, de três

elementos combinados:

-a revolução microeletrônica: robótica, máquinas numéricas, informática; -a revolução microbiológica: engenharia genética, produção de matérias primas; -a revolução energética: energia nuclear. Frigotto (apud ARANHA, 1999, p. 47).

O processo industrial abalizado pela pesquisa e pelo conhecimento da base

microeletrônica dá origem à chamada Terceira Revolução Industrial, que ocorreu depois

da Segunda Guerra Mundial após a segunda metade do século XX. A união do

conhecimento científico e produção industrial proporcionou ao mundo profundas

evoluções tecnológicas.

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Tal Revolução em curso permite que a indústria aplique tecnologias de ponta de

base microeletrônica em todas as etapas produtivas, acrescentando ao valor final do

produto o conhecimento nele inserido, elevando o seu valor final. Isto não exclui os

modos de produção anteriores havendo coexistência deles na cadeia produtiva até ao

processo de terceirização à quitarização da força de trabalho no processo de

exploração da força de trabalho.

Temos hoje o sistema conhecido como Toyota de Produção que é uma filosofia

de gerenciamento que procura otimizar a organização de forma a atender as

necessidades do cliente no menor prazo possível, na mais alta qualidade e no mais

baixo custo Os trabalhadores desenvolvem mais do que uma única tarefa e operam

mais que uma única máquina. Neste Sistema, a preocupação com a qualidade do

produto é extrema.

Segundo a Wikipédia (s/d) várias empresas no mundo vêm implantando o

Sistema Toyota de Produção, porém nem sempre com o sucesso esperado. A

dificuldade reside no aspecto cultural, pois, toda uma herança histórica e filosófica

confere uma singularidade ao modelo japonês.

Também no capitalismo atual, as grandes empresas do mundo passaram a

oferecer fortes benefícios a seus empregados, antecipando a ação de sindicatos e

governos. Benefícios, tais como: redução de jornada de trabalho, participação nos

lucros, ganhos por produtividade, salários acima da média do mercado, promoção à

inovação, jornada de trabalho flexível, flexibilização de jornada para mulheres com

filhos, participação societária para produtos inovadores desenvolvidos com sucesso;

considerando que o aprimoramento contínuo de tecnologias leva à dinamização

produtiva, intensifica o trabalho e cria produtos e mercadorias de melhor qualidade, com

diminuição de custos e maior competitividade no mercado.

Ao contrário dos primórdios do capitalismo, quando se acreditava que a redução

de custos com recursos humanos e sua conseqüente exploração, traria o maior lucro

possível, passou a vigorar a tese de que seria desejável atrair os melhores profissionais

do mercado e mantê-los tão motivados quanto possível e isto tornaria a empresa mais

lucrativa. No entanto, o número de funcionários que se enquadram neste modelo é

insignificante diante de toda a massa trabalhista mundial, que em sua maioria ainda

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trabalha em condições muito precárias, ou está no mercado informal ou desempregado

ou, como milhões ao nível da miserabilidade.

Diante disto, ressalta-se o papel atribuído as políticas relacionadas à educação e

trabalho neste mundo do capitalismo as quais são contraditórias e trazem

conseqüências indesejáveis ao ambiente e à vida humana.

Kuenzer (2007) estabelece uma relação entre o processo da exclusão includente

do mundo do trabalho e a inclusão excludente na educação. O primeiro fenômeno diz

respeito à expulsão dos trabalhadores do emprego formal (perda dos direitos legais)

para reaproveitá-los de forma precarizada com ínfimas condições de trabalho e sem

seus direitos profissionais assegurados, visando a redução dos custos de produção e

garantindo a competitividade industrial. O segundo, refere-se à inclusão de um grande

número de alunos no sistema educacional com caráter meramente formal, sem a

preocupação com a qualidade de formação conseqüentemente, sem condições de

superar as demandas do capitalismo.

O papel da escola de Educação Básica é de fundamental importância, deve-se

levar em conta essa realidade do mundo do trabalho, a visão que os alunos têm de si

mesmos, das possibilidades de inserção social e laboral que o mundo externo lhe

oferece e da relevância de boa qualidade de ensino e formação dos professores

oferecidas pela escola. O que exige um processo de diálogo e de conscientização dos

alunos e de suas famílias sobre as próprias expectativas e sua possível realização. Há

que se dar ao aluno horizontes e compreensão do mundo além das rotinas escolares,

dos limites do estabelecimento e do normatizado, para que ele se aproprie da teoria e

da prática que tornam o trabalho uma atividade criadora, fundamental ao ser humano.

Assim se gera o conhecimento, a ciência e a cultura como parte do aperfeiçoamento

que a atuação do homem sobre a natureza produz com os benefícios e riscos de

desumanização se a civilização tornar-se virtual e insensível. Daí o importante papel da

escola de Ensino Médio Integrado.

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A REALIDADE ESCOLAR NA PERCEPÇÃO DOS ENVOLVIDOS NO CURSO

TÉCNICO INTEGRADO

Com o objetivo de ressignificar as práticas pedagógicas do Curso Técnico em

Secretariado Integrado em nível médio, na ótica de formação humana, realizou-se um

levantamento para fins de conhecimento da realidade, através de questionários,

solicitando-se aspectos gerais e a especificação das práticas pedagógicas

consideradas mais significativas para a formação do aluno/cidadão.

Procedeu-se essa pesquisa para fins de diagnóstico, primeiramente, junto a

alunos e professores. Escolheu-se uma turma do 3º ano do Ensino Médio Integrado,

Técnico em Secretariado. Os questionários abarcaram questões de âmbito geral e

específico do curso, foram respondidos por 8 (oito) professores, 34 (trinta e quatro)

alunos da referida turma, empregadores e secretárias. Constata-se que, desse

universo, apenas uma aluna é repetente do Ensino Médio, comprovando-se uma fluidez

na demanda do mesmo. Dos professores, 75% atuam em cursos técnicos de 01 a 10

anos e, 25% de 11 a 20 anos, ficando, assim comprovado que são profissionais com

experiência suficiente para atuarem no curso. Quatro práticas pedagógicas curriculares

receberam maior destaque entre professores e alunos, que foram por ordem de

preferências: palestras; Semana do Secretariado; trabalho em grupo e trabalho

individual. Essas práticas foram passíveis de ressignificação visando melhorias no

curso, por serem consideradas as mais relevantes para os alunos e professores.

Quando foi perguntado aos alunos o motivo de estar fazendo o curso, 67%

responderam que estão fazendo o curso porque se identificam com ele e 22%

concentraram suas respostas na área para preparação profissional. Ficou demonstrado,

segundo suas representações que a identificação com o curso corresponde a uma

visão prospectiva de vida profissional e um diferencial a mais do Ensino Médio

propedêutico, totalizando-se 89% que procuram o curso “por ser um curso

profissionalizante que me oferece mais chance de entrar no mercado de trabalho,

diferenciando-me dos alunos do Ensino Médio”. Apenas 11% responderam “porque os pais

querem que façam”.

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Pode-se também perceber que as expectativas para continuar os estudos em

nível superior são significativas, pois, 62% desejam fazer um curso universitário.

Quanto ao aproveitamento nos estudos constatou-se que 41% dos alunos declararam

dificuldades na disciplina de Biologia justificadas pelo acúmulo de matéria a ser

trabalhada pelo professor, visto que esta disciplina não é contemplada na grade

curricular da primeira série; 26% em Inglês, 12% em Matemática; 12% em

Administração de materiais; 3% em Prática de Secretariado; 3% em Administração

Financeira; 3% em Física, dados esses que possibilitam o repensar da proposta

pedagógica. Em relação à pergunta: você conhece alguém que fez o Curso Técnico em

Secretariado neste colégio?

68% responderam sim; 32% responderam não; aos que responderam sim, perguntou

se essa pessoa está atuando e 29% responderam sim; 44% responderam não.

Estas respostas confirmam que o curso técnico, de modo geral, não dá aos

alunos a garantia de emprego na área, visto que não há relação entre certificado de

Ensino Médio Integrado e garantia de emprego. Cabe a cada aluno esta

conscientização e o esforço pela conquista da sua colocação profissional, o que se

consegue em sua grande maioria pelo conhecimento, pela postura, pela ética, pelas

relações inter e intrapessoais entre outros atributos pessoais, sociais, econômicos e

culturais e abertura dos empregadores.

Quanto às dificuldades encontradas pelos professores para trabalhar no Curso

Técnico em Secretariado, as respostas foram as seguintes: 25% deles apontaram o

elevado número de alunos em sala de aula (tem-se turmas com até 48 alunos) 25%

falta de interesse dos alunos; 25% falta de livro didático específico para o curso; 13%

falta de material para aula prática; 12% afirmaram que os alunos são despreparados.

Na questão aberta sobre: “O que é fundamental para melhorar significativamente o

curso”, os professores, cada um com mais de uma indicação, fizeram as suas

colocações reivindicando: 25% mais material para o uso dos professores e alunos; 25%

mais reuniões com professores do Curso, para discussões sobre assuntos

pedagógicos; 25% maior comprometimento por parte de professores e alunos; 25%

professores mais capacitados nas disciplinas da parte diversificada do curso (formação

profissional); 13% turmas menores; 13% maior interdisciplinaridade; 13% estágio na

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grade curricular do Curso; 13% laboratório de informática melhor equipado (obs:

reivindicação já atendida em 2008); 13% palestras que valorizem o ser humano, a vida

e a educação.

Quando perguntou-se sobre a importância da disciplina que o professor trabalha

no Curso, todos responderam que a sua disciplina é importante e justificaram com

logicidade e argumentos pertinentes evidenciando a compreensão das inter-relações

dos conhecimentos.

Sabe-se que todas as disciplinas contempladas na grade curricular são de

máxima importância para os educandos. Cabe aos professores, com criatividade e bom

senso encaminhar os seus conteúdos e trabalhar metodologicamente aliando teoria e

prática de forma a atender às necessidades do aluno/cidadão em relação ao mundo do

trabalho e ao prosseguimento nos estudos. Enfim ao seu desenvolvimento e realização

do projeto de vida pessoal e profissional.

Houve destaque para a semana intitulada “Semana do Secretariado” a qual já faz

parte da história do Curso Técnico em Secretariado do Colégio Estadual Regente Feijó.

Com uma visão de totalidade do processo educacional, a “semana” proporciona

ao aluno novos horizontes e captação do mundo para além das rotinas do

estabelecimento e do normatizado, dando condições para que ele se aproprie da teoria

e da prática sob a forma interdisciplinar e contextualizada. Seu principal objetivo é

construir uma visão ampla do curso, condizente com o contexto sócio-econômico-

cultural da sociedade contemporânea e da cidade, pólo industrial importante no Estado.

Esta “Semana”, segundo levantamento feito entre alunos e professores (já

mencionado anteriormente) foi eleita a 2ª prática pedagógica de maior aceitação no

colégio e visando ressignificação de práticas pedagógicas, solicitou-se a 07 professores

e a 36 alunos do curso que respondessem a questionário com questões relativas a esta

semana e os resultados alcançados foram: 100% dos professores responderam que

este evento deve continuar acontecendo no Curso Técnico em Secretariado, pois

segundo suas representações “tudo que propicia conhecimento é sempre proveitoso”.

Percebemos que muitos professores e alunos não participam ativamente da

Semana do Secretariado, embora alguns professores tenham declarado que gostariam

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de aumentar a sua participação e que isto se daria através de uma maior integração

com a coordenação do Curso.

Entre os alunos que responderam o questionário, 78% afirmaram que os

assuntos tratados nas palestras foram condizentes com o curso e que colaboraram de

alguma forma para o seu crescimento pessoal, sócio-cultural, e profissional.

Quanto à questão: que outros assuntos deveriam ser tratados nessa semana?

53% responderam: mercado de trabalho e primeiro emprego; 14% etiqueta social e

33% ficaram divididos entre: tendências da moda; postura e ética; atualidades e saúde.

Foram eleitos, pelos alunos, como melhores acontecimentos da “Semana do

Secretariado:” palestras 94% e o restante ficou dividido entre desfile de modas para

secretária, apresentações culturais e artísticas e interação entre as turmas de turnos

diferentes.

Segundo Miranda (2007), “palestra é o evento muito requisitado atualmente,

pois, seu formato peculiar presta-se a muitas aplicações. Visa sensibilizar a platéia para

um tema específico ou vários temas, e despertar o interesse para a reflexão e a busca

de seu desenvolvimento”. Várias técnicas são Utilizadas nas palestras para apresentar

conceitos de alta performance.

As palestras nas escolas têm se mostrado uma prática pedagógica que agrada

aos alunos e auxilia o ensino/aprendizagem, pois, o palestrante ao discorrer sobre um

determinado assunto transfere seus conhecimentos e suas experiências para a

realidade dos alunos de forma natural e motivadora. Através de exemplos práticos, o

aluno é levado a relacionar a teoria de sala de aula com a prática acentuada na fala do

palestrante e a aprender como superar desafios e alcançar resultados, sendo

incentivado a enfrentar com criatividade os problemas do cotidiano, encarando-os como

oportunidades de crescimento pessoal.

Segundo os professores do curso, as palestras são importantes para os alunos,

pois, proporcionam reflexões através dos temas abordados pelos palestrantes tendo em

vista conhecimentos relacionados com o Curso Técnico em Secretariado. Declararam,

que a semana do secretariado tem muitos aspectos positivos, pois, permite ao aluno

adquirir novos conhecimentos, é importante para a complementação curricular;

promove reflexões sobre temas diferentes dos vivenciados em sala de aula,

16

proporciona integração entre os alunos de diferentes turnos, propicia conhecimentos.

Como aspecto negativo os professores apontaram que eles poderiam ter participado

mais.

Na “Semana do Secretariado” (setembro/2007), todas as turmas do respectivo

Curso participaram de palestras que trataram sobre: postura e ética profissional;

relações interpessoais;

Excelência no séc XXI; como secretariar; vestimentas para secretárias(os); seleção de

pessoal e entrevista de trabalho.

Todas as palestras foram realizadas no auditório do próprio colégio e ministradas

por palestrantes convidados pela coordenadora e professores do Curso. Os alunos

participaram ativamente, fizeram relatório sobre os assuntos abordados e preencheram

ficha de avaliação das palestras.

Entre os alunos 44% responderam que a programação da “Semana”

correspondeu às suas expectativas, porque (conforme as suas representações) “o

evento foi bom e bem organizado com uma programação dinâmica, as palestras foram

produtivas favorecendo a aprendizagem de conteúdos interessantes e novos”; os outros

56% acharam que deixou um pouco a desejar, pois, gostariam que tivesse mais

palestras com assuntos relacionados diretamente à profissão de Secretária.

Esta “Semana” é um evento que todo ano ocorre no colégio para os alunos do

Curso, mas, não tinha projeto escrito. Elaborou-se o projeto e um planejamento de

maior envolvimento dos alunos e professores para esta, que aconteceu em setembro

de 2008, através da organização de painéis com fotos das palestras, visitas e viagem

de estudos que fizeram à Curitiba. Exposição de trabalhos elaborados pelos alunos do

curso nas diversas disciplinas; elaboração de cartazes; declamação de poesias;

apresentação musical e teatral. Os alunos, sob a orientação da professora da disciplina

de Cerimonial e Protocolo, participaram ativamente do cerimonial do evento.

A sondagem sobre aspectos do curso estendeu-se também entre empresários e

secretárias atuantes. Foram entrevistadas 15 pessoas, entre elas profissionais liberais e

empresários com tempo de atuação em sua área de trabalho assim distribuídos: de 01

a 10 anos – 5 pessoas; de 20 a 22 anos – 3 pessoas.

17

Perguntou-se sobre o nível de importância da secretária dentro da empresa, as

respostas foram as seguintes:

-“Um nível de extrema importância, porque é a pessoa que direciona os compromissos

prioritários para bom andamento da empresa”;

-“É muito importante, pois é através dela que o cliente obtém o seu primeiro contato

com a empresa quer por telefone ou pessoalmente, é primordial também, para a

organização de arquivos, agendas, administração de horários, compromissos e

informações gerais”.

-“A secretária é a peça-chave de uma empresa, pois, é ela quem faz quase tudo”.

Parte do exposto acima pelos empresários encontra-se na Lei 9261 de 10/01/96

a qual regulamenta o exercício da profissão de secretariado.

No que diz respeito ao perfil que uma pessoa precisa ter para ser uma

secretária, em nível médio, ideal para atuar em uma empresa, as respostas foram as

seguintes por ordem de prioridades: eficiente; simpática; comunicativa; responsável;

organizada; boa aparência; ética; dinâmica; honesta; criativa; dedicada; pontual;

discreta; ter espírito de equipe; atenciosa.

Este perfil exigido pelos empresários está no Código de Ética Oficial da

Secretária, portanto, a exigência do mundo do trabalho, alia-se à obrigação legal dos

profissionais desta área.

Quanto à questão que versou sobre o que não se admite em uma secretária,

apareceu em primeiro lugar atrasos depois desorganização, falta de comunicação, não

comprimento das tarefas determinadas, desonestidade, falsidade, mau atendimento,

falta de interesse no trabalho, falta de conhecimento, mau humor, falta de

comprometimento, inconveniência, indiscrição, fofocas, falta de ânimo,

irresponsabilidade, indisciplinada, mau relacionamento com funcionários e patrão. Vê-

se que as atitudes pesaram mais que o conhecimento específico.

Entrevistou-se 15 secretárias entre elas 05 concluíram o Curso Técnico em

Secretariado. 86% assessoram entre 01 a 10 executivos; 7% entre 10 e 20 e 7% entre

20 e 30 executivos, 46% responderam que o que mais lhes agrada nesta função é a

importância (status) do seu papel na empresa; 27% gostam de organizar e coordenar

informações e projetos e 27% gostam dos relacionamentos.

18

Quanto às dificuldades mais significativas encontradas nesta função 47%

responderam que é manter-se atualizada em tecnologias; 33% aumento da carga de

trabalho e 20% manter o equilíbrio entre família e trabalho.

No que diz respeito às áreas de responsabilidades que aumentaram mais nos

últimos 5 anos 86% responderam gerenciar e coordenar o escritório e informações; 7%

planejamento de reuniões e 7% administração de projetos a longo prazo. Quanto ao

grau de importância sobre os desafios diários, aparece em 1º lugar lidar com pessoas

difíceis e diferentes personalidades com 67% contra 33% para coordenar múltiplas

prioridades.

As ferramentas tecnológicas mais utilizadas para aumentar a produtividade,

oferecidas pelo empregador, foram as seguintes citadas por ordem: Computadores

mais potentes; Gravador de CD; Copiadora digital; impressora colorida; scanner;

internet; novos softwares; celular; notebook; câmera digital. Nota-se que há exigência

de um profissional que tenha desenvolvido competências complexas.

PREPARANDO A IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA

Tendo por base os pressupostos teóricos e com a finalidade de socializar os

resultados dos estudos realizados oferecendo subsídios para reflexões, deu-se início às

discussões sobre práticas pedagógicas vivenciadas no cotidiano escolar, passou-se a

elaboração do material didático, caderno pedagógico intitulado “Ressignificando

Práticas Pedagógicas”, condizente com o objeto de estudo definido no plano de

trabalho, o qual caracterizou-se como uma das atividades integrantes da Proposta de

Implementação na Escola, produzido sob o acompanhamento da orientadora da UEPG

e com a colaboração dos professores da Rede (GTR – grupo de trabalho em rede).

O registro das ações previstas ocorreu segundo as seguintes etapas:

1. Conhecimento da realidade através de questionários respondidos por professores,

alunos do curso, ex-alunos que estão trabalhando na área, secretárias e empresários.

2. Elaboração de material didático, caderno pedagógico, para intervenção.

19

3. Colaboração dos participantes do GTR.

4. Reunião pedagógica para apresentação do projeto, discussão e abertura à

contribuição dos professores. Planejamento participativo visando á construção e

organização de proposta de ação dos professores envolvidos com a participação dos

pedagogos.

5. Execução pelos professores da proposta de ressignificação das práticas

pedagógicas.

6. Avaliação das mesmas pelo professor através de ficha avaliativa de relatos contendo

as seguintes dimensões: o que foi proposto; o que aconteceu; o que pensar sobre isso.

No questionário de levantamento aplicado, as práticas pedagógicas mais

significativas para professores e alunos foram: palestras, Semana do Secretariado,

trabalhos individuais e em grupo. Sobre essas práticas é que focalizamos a nossa

reflexão afim de torná-las mais efetivas no processo ensino aprendizagem pela ação

interdisciplinar e contextualizada, princípios integradores do currículo.

A IMPLEMENTAÇÃO

A proposta de implementação, cuja temática foi: A formação do aluno do Curso

Técnico em Secretariado Integrado em nível médio, ressignificando práticas

pedagógicas, oportunizou a reflexão do processo ensino-aprendizagem para o

desenvolvimento pessoal, social e profissional, que capacite o aluno para a atuação

consciente, enquanto cidadão, na realidade e no mundo do trabalho. Aderiram ao

plano, catorze professores com formação nas seguintes áreas: Matemática;

Administração; Ciências Contábeis; Letras; Direito; Educação Física; História;

Pedagogia; Filosofia e Prática de Secretariado. Todos são pós-graduados, a nível de

especialização e, dois deles têm mestrado. Os professores que trabalham com as

Disciplinas Técnicas possuem também Esquema I (Curso de formação pedagógica).

Muitos trabalham no Ensino Médio e no Curso Técnico em Secretariado Integrado,

20

outros já trabalharam no Ensino Médio e atualmente só atuam no Técnico

Profissionalizante.

Foram realizadas reuniões onde os dados da coleta sobre a realidade escolar e

profissional e o caderno pedagógico intitulado Ressignificando Práticas Pedagógicas

(cada professor recebeu um exemplar em CD) serviram de base para estudos e

também para que cada professor refletisse sobre sua prática pedagógica, sendo

incentivado a fazer um planejamento para a ressignificação de suas práticas

pedagógicas, durante o primeiro semestre letivo de 2008. A equipe de coordenação

pedagógica acompanhou esta implementação.

Visto que, na contemporaneidade urge a necessidade de revisão e

ressignificação de práticas pedagógicas, o professor precisa assumir uma postura

comprometida e sintonizada com teorias e metodologias que o levem a trabalhar

considerando a complexidade da realidade social, econômica, tecnológica e cultural em

que vivemos. Enfim, pensar a ressignificação da prática docente, a partir de uma

reflexão sobre a sua própria ação e o aprendizado do aluno.

Percebe-se que quanto mais o professor se aprofunda na compreensão da sua

disciplina, mais realiza as ligações dessa área de conhecimento com outras áreas afins,

possibilitando abordagens interdisciplinares atraentes aos alunos por aliar a teoria ao

mundo do trabalho.

Segundo Santos (SEED, 2007), a interdisciplinaridade favorece a integração

curricular, visto que, estimula a reorganização das áreas do conhecimento, a seleção e

a organização de conteúdos curriculares e a definição de metodologias de ensino-

aprendizagem inovadoras. Ainda, subsidia a transformação de uma organização

curricular fragmentada e fragmentária, reprodutora de posições desiguais para saberes

de igual importância, em propostas e projetos pedagógicos que podem ir além das

fronteiras tradicionais entre a chamada formação científica e a tecnológica. Assim, sob

os eixos do trabalho, da ciência e da tecnologia, a integração entre conhecimentos

gerais e específicos irá se constituir ao longo da formação do jovem, isto porque “a

metodologia interdisciplinar parte de uma liberdade científica, alicerça-se no diálogo e

na colaboração, funda-se no desejo de inovar, de criar, de ir além e exercitar-se na arte

de pesquisar”.(FAZENDA, 1995, p.69).

21

Tem-se que através do envolvimento qualificado dos educadores nesse processo

de mudança, a interdisciplinaridade é uma grande aliada para o sucesso das escolas

que ofertarem o curso técnico médio integrado, mas está na dependência da

construção de atitude interdisciplinar entendida como aquela que impele ao diálogo

exigindo atitude de desafio perante o novo e a coragem de redimensionar

procedimentos ineficazes.

A seguir aborda-se as práticas ressignificadas e as ações relatadas. Nas dez

disciplinas os 14 professores partícipes, registraram as ressignificações feitas ao

responderem as questões avaliativas: o que foi proposto; o que aconteceu; o que

pensar sobre isso.

O trabalho individual exercita o autocontrole e o hábito da aprendizagem

contínua. Segundo Matos (1994), “estudar é procurar a verdade, o estudo está inserido

num processo de saber, buscar, saber de novo e recomeçar para buscar ainda mais. O

objetivo é aprender, livre de opiniões vulgares e de todo posicionamento inverídico”.

Através de um estudo de qualidade as pessoas tornam-se capazes de formarem suas

opiniões, com base em fatos e evidências passíveis de serem transmitidas aos outros.

Estudar com seriedade leva as pessoas a serem mais receptivas, respeitando e

ponderando as opiniões alheias, isto faz com que o estudo seja um fator importante de

aproximação dos homens e das culturas.

O estudo é um trabalho e, no ser humano, a força de vontade para aprender, o

empenho e a dedicação, devem ser aliados ao prazer de saber que se sabe. É

importante impor uma hierarquia de valores na vida de quem se propõe a estudar, pois,

deve-se estabelecer o grau de importância do estudo em relação às outras

responsabilidades. Pode-se comparar um estudante a um operário, ele é igualmente

sujeito a horários de trabalho, a tarefas indicadas, a controles e verificações de

qualidade, apesar de saber que, como estudante, ele pertence a uma classe

privilegiada de operários em condições muito boas de trabalhos.

Verificou-se que os professores realizaram vários trabalhos com seus alunos de

forma individual nas várias disciplinas do currículo vigente. Dentre essas práticas,

mereceram destaque dos professores as abaixo mencionadas:

22

-Matemática: pesquisa sobre plano cartesiano e função do 1º grau, através da internet

sobre a orientação da professora que se mostrou satisfeita com os resultados,

relatando: os alunos se comportaram adequadamente e aprenderam o conteúdo de

uma forma diversificada. Também se realizou uma pesquisa sobre o conjunto dos

números complexos, conteúdo a ser trabalhado no próximo bimestre. O objetivo foi

propiciar ao aluno noções do conteúdo a ser trabalhado posteriormente. A professora

destacou que alguns trabalhos foram bem pesquisados, mas alguns denotaram falta de

comprometimento e interesse, pois fizeram o trabalho só para obtenção da nota

proposta.

-Informática: a turma foi dividida em dois grupos, metade da turma segue para o

laboratório de informática (20 máquinas), um aluno em cada computador que realiza

trabalho individual conforme orientação do professor e, a outra metade da turma fica em

sala de aula, com orientações para realizar, individualmente, leituras e produzir

resenhas que tratam, por exemplo, da questão da globalização e do desenvolvimento

da tecnologia de informação sobretudo, nos países em desenvolvimento, como no caso

do Brasil, China e Índia. Ademais, os alunos em sala de aula desenvolvem também:

atividades lúdicas como jogos de xadrez; técnica de falar em público e exercitam a

tradução de termos técnicos da informática do idioma inglês para o português. Assim os

alunos conseguem uma compreensão mais ampla sobre os efeitos da tecnologia da

informação na sociedade contemporânea e como tal tecnologia configura os novos

meios de trabalho e de relações sociais.

-Gestão de Pessoas: Simulação de contratação de pessoal. Cada aluno preenche

cópias da documentação fornecidas pelo professor, desde a admissão até a demissão

do indivíduo na empresa. Isso leva o educando a um entendimento prático de

Departamento de Pessoal.

-Educação Física: a professora trabalhou conteúdos como: ginástica, jogos, esportes,

recreação e qualidade de vida, voltados para a ética social do corpo com o objetivo de

analisar a transfiguração perceptível em todos os domínios do corpo: político,

empresarial da vida cotidiana do consumo, do turismo e de serviços. Os alunos

participaram ativamente e a professora notou um grande avanço, amadurecimento,

crescimento tanto em disciplina como apresentação pessoal dos mesmos.

23

-Prática de Secretariado: aos alunos foi passado um esquema com os principais

títulos e sub-títulos de um determinado assunto e, eles desenvolveram esse esquema

através de uma pesquisa bibliográfica (bibliografia fornecida pela professora e contida

na biblioteca do colégio). Houve interesse e avanço de conhecimento.

-História: Como os livros didáticos não chegaram ao colégio em números suficientes,

os alunos do Curso Técnico em Secretariado não receberam. Com uma sobra de livros

de história, a professora passou a carregar estes livros, distribuiu a cada aluno no início

e recolher no final de cada aula, para levar para outra turma e assim por diante. O uso

do livro proporciona maior rendimento, compreensão e fixação dos conteúdos com a

visualização de imagens que auxiliam na localização da temporalidade histórica.

Vê-se que na proposta do trabalho individual houve um repensar do professor e

a ressignificação da abordagem metodológica.

O trabalho em grupo, em terceiro lugar eleita como mais significativa, também é

uma prática bastante explorada pelos professores, pois, trabalhar em grupo implica em

compartilhar o processo de conhecimento. Significa aprender coisas novas com a ajuda

dos colegas. Fazer parte de um grupo que debate assuntos de interesse e dividir com

eles as dúvidas e descobertas pessoais; aprender a trabalhar junto a outras pessoas,

aprender a ouvir, a respeitar a palavra dos outros. Aprender a fazer parte, a colaborar e

a pedir ajuda.

A finalidade dos trabalhos em grupo é o estudo coletivo para solucionar diversas

tarefas didáticas, cuja característica principal é enriquecer o estudo individual a partir da

troca de idéias e do debate presentes nas reuniões de estudo e trabalho.

O trabalho em grupo proporciona o planejamento participativo e o engajamento,

economia de tempo de estudo, visto que, muitas vezes, há distribuição de tarefas (cada

um dedica o tempo disponível a uma parte do todo) que, depois de realizadas, são

comunicadas no grupo com conclusões apresentadas, debatidas e sintetizadas em

grande grupo.

Os professores em relação ao trabalho em grupo, explicitaram as práticas mais

relevantes:

-Matemática: Em grupos de no máximo quatro alunos, a professora explica que eles

terão quatro fichas (de cores diferentes para melhor identificação dos exercícios) para

24

resolverem os exercícios no caderno. Cada ficha vale 0,25, ao final da aula todas as

fichas deverão estar resolvidas corretamente para que o aluno obtenha 1,0 ponto. As

fichas são distribuídas uma a uma, e só quando o grupo resolve todos os exercícios da

1ª ficha, a professora aponta acertos e erros e, estes são corrigidos pelo grupo, é que

receberão a 2ª ficha e assim por diante até que os exercícios das quatro fichas estejam

todos resolvidos e corretos no caderno de cada aluno. Esta técnica proporciona troca

de idéias, interação, discussões de estratégias para resolução dos problemas, uso

adequado do tempo e conseqüentemente aprendizado.

-Prática de Secretariado: Revisão de conteúdos para a avaliação. Em grupos de cinco

alunos, cada grupo elabora, com os conteúdos do bimestre, um exercício contendo 15

questões criativas. Estes exercícios são trocados entre os grupos para serem

respondidos. Depois disto, volta para o grupo que elaborou os exercícios para que o

mesmo proceda a correção. Esta técnica leva o aluno a ler e reler o conteúdo várias

vezes, conduzindo-o assim ao entendimento, a fixação do conteúdo e,

conseqüentemente, ao aprendizado.

Administração e Planejamento: a professora determina quatro alunos para cada

grupo, e distribui temas diferentes para cada grupo desenvolver, estudar e apresentar.

Marca três datas para as apresentações onde, serão sorteados no dia, a equipe e o

aluno da equipe que fará a apresentação. Caso o aluno sorteado não saiba o conteúdo,

o grupo volta a estudar para novo sorteio e apresentação na próxima data marcada. A

professora relatou que no início foram muitas as reclamações, muitos alunos queriam

trocar de grupo etc. Mas, acabaram aprendendo a conviver com os colegas, interagindo

entre eles, diminuindo as rivalidades. Houve socialização e aprendizado.

Gestão de Recursos Humanos: dinâmica de grupo e debate sobre o conteúdo. O

objetivo da dinâmica foi trabalhar a interação, a adaptabilidade, os desafios e os

obstáculos presentes nas empresas. Houve certa resistência de alguns alunos ao

serem trocados de grupo, mas logo começaram a trocar idéias e a trabalhar, por fim,

houve o desenvolvimento do marketing interno. Foi aberto um debate onde todos

falaram no grande grupo, dando suas opiniões sobre o conteúdo proposto.

Matemática Financeira e Prática de Secretariado: Em trios, os alunos foram até uma

empresa e realizaram uma entrevista com os empresários e funcionários, com questões

25

elaboradas pelas professoras e pertinentes às duas disciplinas. Este trabalho buscou

aliar a teoria à prática, confirmando através das questões respondidas a teoria de sala

de aula.

Trabalho interdisciplinar

-Prática de Secretariado: os alunos da 4ª série, acompanhados por professores,

viajaram para Curitiba em visita à Assembléia Legislativa do Paraná, oportunizando

também conhecimentos sobre a vivência das funções da Secretária. Essa viagem

resultou na melhoria da auto-estima, visão de mundo, possibilidades na carreira,

integração e melhoria de postura.

-Visita a Faculdade Sant’Ana, os alunos tiveram esclarecimentos sobre o curso de

Secretariado Executivo, conheceram as dependências da faculdade e tiveram uma

palestra sobre Marketing Pessoal, proferida pela coordenadora do curso desta

faculdade.

-Projeto de Matemática: “Aproximando da matemática sem medo”, previsto para

comemorar o “Dia Nacional da Matemática”. Com a participação de todos os

professores, foi realizada uma gincana, para todos os alunos do colégio (turno da

tarde), com provas de cálculos, lógica e atividades de Educação Física. A competição

foi entre turmas e, os alunos participaram com compromisso, união e interesse. Houve

premiação para as três primeiras colocadas.

-Cine fórum: foi apresentado o filme “Forrest Gump”, e posterior análise dos educandos

sobre a relação entre a narrativa e questões da ciência e da cultura contemporânea. Os

alunos receberam um roteiro que consistia em questões que serviam de base para a

preparação de um relatório. Tais questões levaram o educando a considerar: os

aspectos do desenvolvimento da ciência e seu impacto na vida em sociedade; sobre a

questão dos valores morais e sua importância para que um indivíduo seja bem

sucedido no âmbito do trabalho; questões sobre a relação e interdependência entre as

diversas ciências. Depois os alunos discutiram com o grande grupo as respostas

registradas por eles sobre as questões propostas e houve um grupo de síntese das

idéias principais.

26

-IV Semana do Secretariado (2008), intitulada “Reflexão, Motivação e Ação”: a equipe

pedagógica, coordenação e professores do curso, ressaltaram que foi positivo o

processo de planejamento e organização da semana, a designação de convites a

palestrante e a comunidade empresarial, pois fizeram colocações pertinentes onde os

alunos puderam aliar a teoria trabalhada com as exemplificações dadas pelos

palestrantes.

Também a ressignificação da Semana do Secretariado, movimentou os

professores que programaram, incentivaram e ensaiaram os alunos para as

apresentações musicais, de teatro, dança, poesia, exposição de trabalhos, elaboração

de cartazes com desenhos, fotos de situações de trabalhos realizados, com

apresentações em multimídia de slides e de fotos das turmas. Cada dia desta semana

contou com a participação de diferentes grupos de alunos do curso para a recepção do

evento.

Relevante foi no primeiro dia, quando a mestre de cerimônia foi a professora de

Cerimonial e Protocolo. Teve abertura com o Hino Nacional Brasileiro tocado e

interpretado por alunos; poesia “Estereótipo e realidade” de autoria da professora de

Português e declamada por uma aluna do 4º ano do curso de Secretariado, na

seqüência a apresentação do ballet “Bolero de Ravel” sob a direção da professora de

Educação Física e apresentado por alunas do colégio, e em seguida os alunos

participaram da palestra “Motivação no Trabalho”. Sendo que no período noturno

repetiu-se a programação da tarde.

Já no segundo dia, a mestre de cerimônia foi uma aluna do curso tendo inicialmente,

músicas gospel apresentada por alunos, em seguida uma palestra “Secretariando com

Sucesso” e logo após dança anos 60 “Dança Pop” de alunos a qual foi apresentada no

FERA – Paraná PR 2008; dança cigana, também apresentadas por alunos; palestra

“Secretariando com Sucesso” e “Relações no Trabalho”; teatro: “A secretária”, também

apresentado por alunas.

No terceiro dia, a mestre de cerimônia foi uma aluna. Palestra “Mudança do mercado,

novo perfil do profissional e comunicação” e “O empreendedor”; dança cigana e dança

hip-hop, ambas apresentadas por alunos; desfile “Moda profissional” patrocinado por

agência e lojista da cidade, com participação de alunos e coquetel de encerramento.

27

Na apreciação dos alunos, as tardes foram proveitosas e a noite foi válida com a

mesma programação para os alunos do noturno. O evento foi ressignificado e a

avaliação foi positiva.

Percebeu-se que nesta Semana do Secretariado a participação tanto de alunos

como de professores foi bem maior do que a de anos anteriores.A avaliação desta

Semana foi realizada pelos professores junto aos alunos utilizando-se de instrumentos

tais como: questionário individual, debate por turma, relatório elaborado em grupo

obedecendo às normas técnicas e apresentados aos professores e coordenadores. Os

resultados obtidos mostraram que a maioria dos alunos ficou satisfeita com o evento e,

através do conteúdo apresentado, a Semana alcançou seus objetivos: construir uma

visão ampla do curso, condizente com o contexto sócio-econômico-cultural da

sociedade contemporânea; interagir escola e comunidade empresarial para melhoria do

conhecimento sistematizado; refletir sobre o papel do profissional enquanto

protagonista do processo educacional; filtrar conhecimentos para ajudá-los nas

resoluções de problemas cotidianos; sentir a real possibilidade de práticas

interdisciplinares e a amplitude das possibilidades da universalização do conhecimento.

De modo geral, os professores, ao avaliarem a aplicação de uma prática

pedagógica, uma maneira diferente de trabalhar um conteúdo, seja através de uma

palestra, trabalho individual, trabalho em grupo, visitas, viagens, uso da tecnologia,

ressaltam o lado positivo. Deixam claro que surte um bom resultado, como: interação,

melhoria de postura, união, desperta a auto-estima, interesse, responsabilidade, visão

de mundo, socialização, adaptabilidade, desenvolvimento da oralidade, reflexão, maior

compreensão, desenvolvimento da cultura e conseqüentemente um maior aprendizado.

A equipe pedagógica e o diretor avaliaram o trabalho PDE em um formulário de

acompanhamento, explicitando que “o trabalho realizado foi de grande valia para a

melhoria da qualidade de ensino do Curso Técnico em Secretariado Integrado, pois as

ações articuladas foram de grande peso para os alunos, traduzindo-se em melhorias

para o ensino-aprendizagem”.

28

CONCLUSÃO

Ser professor requer saberes e conhecimentos científicos, pedagógicos,

educacionais, sensibilidade, ética, indagação teórica, criatividade e acompanhamento

reflexivo com ressignificação de suas práticas pedagógicas. Assim, no que diz respeito

ao processo formativo dos alunos, trabalhar o conhecimento significa proceder à

mediação entre os significados do saber, no mundo atual, e aqueles dos contextos nos

quais foram produzidos e, ainda, demonstrar a conexão entre a atividade de pesquisa e

seus resultados, ou seja, instrumentalizar os alunos no próprio processo de pesquisar e

desenvolver as competências cognitivas complexas.

A sondagem realizada proporcionou conhecimento da realidade escolar e

empresarial no que diz respeito aos seus anseios e necessidades. A implementação do

plano de trabalho, na escola, incentivou os professores, que aderiram ao mesmo, a

repensar sobre suas práticas pedagógicas e possíveis meios de renová-las,

redirecionando objetivos e estratégias, buscando teorias e práticas para melhorar o

aprendizado dos alunos.

A participação do professores do GTR (Grupo de Trabalho em Rede) foi

significativa, pois através do uso da tecnologia, fizemos troca, interação e socialização

de experiências e conhecimento. A adesão do coletivo de professores do curso, da

coordenação e da equipe pedagógica estebeleceu um clima favorável para a

ressignificação das práticas pedagógicas.

A implementação do trabalho teve boa receptividade por parte da direção do

colégio, da equipe pedagógica e principalmente dos professores participantes, pois faz

parte do cotidiano escolar o desafio de inserir os educandos na vivência plena da

cidadania, e para tanto os professores estão sempre em busca do conhecimento, de

teorias e práticas que os ajudem a renovar o ensino. Sabe-se que na

contemporaneidade, com a globalização, as tecnologias, as mudanças acontecem

rapidamente, em todos os sentidos, urge assim, a necessidade de serem

pesquisadores, reflexivos, críticos e criativos buscando sempre novos saberes para as

29

ações que precisam ser ressignificadas. Houve algumas dificuldades em estabecer

tempo para as reuniões, porém em pequenos grupos, por áreas afins e outros

intercâmbios diversos, o planejamento foi acordado, o acompanhamento deu-se a

contento e os alunos tiveram um ensino de melhor qualidade, comprovando-se que é

possível a ressignificação de práticas pedagógicas no ensino público paranaense.

Entendemos que se tornam necessárias ações que vislumbrem caminhos para

práticas pedagógicas coerentes às perspectivas atuais de formação e aos princípios

relacionados com a formação integral do aluno/cidadão. Para tanto, faz-se necessário

um comprometimento maior por parte de todos os envolvidos diretamente com a escola,

com as propostas governamentais e uso dos materiais disponíveis buscando a melhoria

educacional em todos os níveis da educação pública.2

2 AGRADECIMENTOS

A Deus, Mestre dos mestres, fonte de luz e sabedoria.

À minha família, pelo incentivo, apoio e compreensão.

À minha orientadora, profª Ms. Marinê Fecci Batistão Leite, pela receptividade, dedicação e amizade.

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REFERÊNCIAS

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