a formação do terapeuta analítico- comportamental · análise funcional resposta verbal usada...

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31/08/2010 1 Encontro de Análise do Comportamento do Vale do São Francisco UNIVASF A formação do terapeuta analítico- comportamental Ana Lúcia A. O. Ulian UFBA Ago 2010 A formação do terapeuta analítico- comportamental Graduação Pressupostos científicos (previsão e controle) e filosóficos (níveis de determinação do comportamento baseado no modelo de seleção pelas consequências) Que são a base para a atuação do Sem convicção desses pressupostos não é possível ser um terapeuta analítico- comportamental.

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31/08/2010

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Encontro de Análise do Comportamento do

Vale do São FranciscoUNIVASF

A formação do terapeuta analítico-comportamental

Ana Lúcia A. O. UlianUFBA

Ago 2010

A formação do terapeuta analítico-comportamental

GraduaçãoPressupostos científicos (previsão e controle)e filosóficos (níveis de determinação do

comportamento baseado no modelo de seleção pelas consequências)

Que são a base para a atuação doSem convicção desses pressupostos não é

possível ser um terapeuta analítico-comportamental.

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Quem é o terapeuta analítico-comportamental?

O terapeuta analítico-comportamental não é um técnico

O terapeuta analítico-comportamental é um analista

O terapeuta analítico-comportamental faz um tipo especial de análise

Análise funcional

Resposta verbal usada para descrever a prática do analista do comportamento, cujas variáveis controladoras são difíceis de serem identificadas (Andery, Micheletto e Sério, 2001).

É o estabelecimento de relações funcionais entre antecedentes e conseqüentes às respostas de um organismo (Skinner, 1953).

Termo mais adequado:Análise de contingências (Skinner, 1969).

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Como é que se faz?

• Simples de dizer

“É necessário identificar o comportamento problema do cliente e o contexto em que

ocorre.”

• Difícil de fazer

Como é que se faz?

1º) Identificar o comportamento-problema e o contexto em que ocorre

(pode ser diferente da queixa)• Atenção ao máximo de respostas possível• Levantamento de hipóteses desde o 1º contato• Escuta empática

A fase das “DESCOBERTAS”(a metáfora do quebra-cabeça)

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“DESCOBERTAS”

• Escuta empática• Levantamento de hipóteses (ainda no

pensamento)• Estabelecimento da Relação Terapêutica

(empatia, aceitação incondicional e autenticidade)

Imprescindível para que a terapia tenha sucesso

Critérios para identificar comportamento-problema

• Selecionar o que é mais aversivo para o cliente.• O comportamento que é mais perigoso fisicamente.• O comportamento mais fácil de mudar (cooperação).• O que produz maior mudança entre vários.• Comptos incompatíveis para maior adaptação.• Comptos importantes para o desenvolvimento de

outros.• Comptos relevantes para bom desempenho.• Comptos valorizados socialmente.• Aquele que é mais provável de se manter.

(Sturmey, 1966)

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Perguntas que podem ser feitas nessa fase

• Como você se sente? Como reage? O que você faz quando...? Como é o seu medo? Como você responde? Com que frequência isso acontece?

• Em que circunstâncias você se sente assim? O que o deixa mais ansioso? O que incomoda você? Como as pessoas reagem a você? Que lugar você prefere?

• O que acontece quando você age assim? Você pode contar com alguém? É por isso que você não gosta de...?

Essa fase pode durar cerca de 4 sessões.As peças do quebra-cabeça estão desviradas, mas

misturadas.Começa a fase das “EXPLICAÇÔES”

“Explicações”• Separar as peças do quebra-cabeça com algum critério e

começar os encaixes.• “Montar” a análise por escrito para discutir com o cliente.• Levantar hipóteses junto com o cliente.• Dar modelo de como se faz análise de contingências.• Dar “aulinhas” teóricas sobre princípios do

comportamento, com exemplos da própria relação com o cliente, da relação com outros, de personagens de filmes, novelas etc.

• Pedir para o cliente explicar comportamentos dos outros.

Mais 3 ou 4 sessões o cliente já discrimina o que é RESPOSTA e CONTEXO. Está na hora de analisar o

próprio comportamento. É a fase do “AUTOCONHECIMENTO”

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“Autoconhecimento”

• É o auge da análise. O cliente passa a observar o que faz e as consequências do que faz.

• O quebra cabeça está praticamente montado.• Dar “aulinhas” sobre escolha e tomada de decisão.• O cliente toma consciência de si e do contexto em

que está vivendo.

Em até 10 sessões é possível alcançar essa fase, mas a próxima fase é a mais difícil. É a fase da ação, da

RESOLUÇÂO DE PROBLEMAS

“Resolução de problemas”

• Identificar junto com o cliente alternativas de ação.

• Levar o cliente a agir efetivamente.• Avaliar com o cliente as atitudes

tomadas.

O quebra-cabeça está montado, mas essa fase pode durar anos.

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O que ensinar

Categorias identificadas:

1. Identificar respostas (busca de comportamento (s)-alvo) .2. Identificar antecedentes e dados relevantes da história de vida .3. Identificar conseqüentes e dados relevantes da história de vida. 4. Relacionar eventos descrevendo e explicando comportamentos do

cliente.5. Relacionar eventos descrevendo e explicando comportamentos de

modo geral, o seu próprio (do terapeuta) ou de terceiros.6. Induzir o cliente a relacionar eventos descrevendo e explicando

comportamentos de modo geral ou de terceiros.7. Induzir o cliente a relacionar eventos, identificando as próprias Rs,

seus As e Cs. 8. Pedir ao cliente explicações para o próprio comportamento ou induzir

o cliente a explicar o próprio comportamento.9. Propor ou induzir o cliente a propor alternativas de ações.10. Induzir o cliente à ação. 11. Avaliar ou induzir o cliente a avaliar o comportamento

experimentado fora da sessão, na sessão espontaneamente ou em ensaio comportamental.

Mais duas:

12. Elogiar análises de contingências(reforçar diferencialmente o cliente demonstrar entendimento das relações feitas pelo terapeuta ou quando ele mesmo as fizer. Quando o cliente relacionar eventos identificando Rs e seus As e Cs e explicando o próprio comportamento ou o de terceiros. Quando apresentar alternativas de ação e demonstrar interesse em tomar atitudes diferentes.

13. Outras(Falas do terapeuta que não são imprescindíveis à análise de contingências, mas que são necessárias à relação terapêutica: início e término, bate-papo, instruções, empatia, parafrasear)

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Sessões

5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8

Sessões

1

Respostas3

Consequentes

4

Explicar

cliente

5

Explicar

terceiros

6

Cliente explica

terceiros

2

Antecedentes

7

Cliente

relaciona

9

Induzir

alternativa

10

Induzir

a ação

11

Avaliar

a ação

12

Elogiar

8

Cliente

se

explica

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Outras

Mediana das porcentagens de categorias de falas dos terapeutas-estagiários

O ensino e a formação

Programa de ensino de análise de contingências:

Módulo 1 – Revisão de princípios básicos

Módulo 2 – Análise de casos da literatura

Módulo 3 – Análise do caso atendido pelo terapeuta-estagiário

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Tipos de Supervisão:Pós sessão:Campos (1995) modelo desenvolvimentista

(pedagógico) e modelo tradicional (clínico).Ao vivo:Guilhardi (1987) críticas aos modelos pós sessão.Kohlenberg e Tsai (1991/2001) vivenciar durante a

supervisão os aspectos de uma relação interpessoal.Kerbauy, em Rangé et al. (1995). “dá segurança ao

terapeuta-estudante e garante um atendimento de alto padrão para o cliente”.

Becker (2002) o supervisor leva o supervisionado a analisar seu próprio comportamento, tornando-se um terapeuta “terapeutizado”.

Zamignani (2000) treino discriminativo – muda comportamento na sessão seguinte.

Moreira (2001) adquiriu padrão comportamento do supervisor

Procedimento

Modelagem Reforçamento diferencial logo após a sessão de

atendimento e/ou na correção dos relatos cursivos.

Modelação Observação do comportamento do colega

atendendo, observação do próprio comportamento pela fita de vídeo e vivência da própria análise de contingências do seu comportamento de terapeuta durante as sessões de supervisão.

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Resultados(declarações e observações)

• “Fico ansioso pra receber logo o feedback”.• “Puxa, isso passou pela minha cabeça e eu

fiquei sem saber se dizia”.• “Nem percebi isso! Da próxima vez não vou

deixar passar”.• “Eu não percebia que falava assim...”• “É muito bom saber onde a gente está

errando e acertando.”• “Dá pra perceber o processo da modelagem

tanto na gente como no cliente.”

Dificuldades relativas ao procedimento

• Estagiário se nega a ser observado.• Durante o processo de supervisão o

estagiário deve vivenciar o que “cobrará” do cliente.

• Tempo em horas disponível para supervisão.

• Número de estagiários por turma.

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Muito Obrigada!

[email protected] (71) 8853 2273