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A Força que Vem do Altíssimo Silvio Dutra JAN/2016

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A Força que Vem do Altíssimo

Silvio Dutra

JAN/2016

2

A474 Alves, Silvio Dutra A força que vem do Altíssimo./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 147p.; 14,8x21cm 1. Cristianismo. 2. Graça. I. Título.

CDD 207

3

Sumário

Introdução............................................................... 4

Porque Necessitamos de Força e Paz......... 5 O Segredo da Nossa Força................................. 7

Força e Coragem Vêm do Senhor................. 16

A Graça de Jesus é a Força do Cristão......... 23

A Fortaleza................................................................ 29 Tão-somente sê forte e mui corajoso 37

O Braço Forte.......................................................... 39

O Forte Vencido por Um Mais Forte........... 45

Fortalecidos com Poder..................................... 53 Seja Forte no Senhor........................................... 56

O Poder se Aperfeiçoa na Fraqueza............. 61

Como Podemos Ter um Coração

Turbado e sem Paz Depois de Ter Obtido uma Vida de Vitória em Cristo?.....................

85

Faz Forte ao Fraco...................................................... 90

Salmo 119.28............................................................. 92

Posso todas as coisas naquele que me fortalece.....................................................................

113

Usando as Armas de Deus – Efésios 6.10-

13.....................................................................................

119

Cura de Deus para a Fraqueza do Homem 126 “Mas os que esperam no SENHOR

renovam as suas forças...” (Is 40.31).............

138

O Senhor Pelejará por nós se Tivermos Fé.....................................................................................

142

Fortifica-me Oh Senhor!................................... 146

4

Introdução

Uma correta compreensão do assunto do

nosso título requer antes de tudo que se saiba

que a força aqui referida, como sendo

proveniente de Deus, sempre se manifesta na

nossa fraqueza.

O apóstolo Paulo havia aprendido esta lição através de duras experiências, e a maior delas

depois que retornou do seu arrebatamento ao

terceiro céu, e foi afligido por um mensageiro

de Satanás que o esbofeteava e ao qual classificou de “espinho na carne”.

Quando orou insistentemente ao Senhor para que o removesse, teve como resposta que o Seu

poder se aperfeiçoava na fraqueza, e portanto, o

apóstolo deveria recorrer simplesmente à Sua graça que seria suficiente para fortalecê-lo e

sustentá-lo.

Este aparente paradoxo, que é de fato uma das grandes verdades relativas ao poder do

evangelho, será devidamente analisado nos capítulos deste livro, de forma que

entenderemos que não há no caso qualquer

contraposição de ideias.

5

Porque Necessitamos de Força e Paz

“O SENHOR dá força ao seu povo, o SENHOR

abençoa com paz ao seu povo.” (Salmo 29.11)

Quem se converteu a Cristo e com isto mudou

o seu antigo estilo de vida, necessitará

obrigatoriamente de receber força e paz da

parte de Deus para poder atender e suportar todas as demandas da nova vida que recebeu por

meio da graça de Jesus.

Sem que renovemos todos os dias a graça que está sendo oferecida a nós no Senhor Jesus, para que sejamos fortalecidos, não podemos

executar os nossos deveres para com ele, e nem

poderemos suportar com paciência as aflições

que teremos que enfrentar, em razão dos poderes das trevas que se levantam em oposição

a todos aqueles que estiverem empenhados de

modo sincero na obra de Deus.

Na verdade, a força não é propriamente nossa, mas dele, pois quem é suficiente para as coisas

espirituais, celestiais e divinas? Por isso, é

quando reconhecemos a nossa fraqueza que

podemos ser fortes, por meio da força que recebemos da parte do Senhor, quando

recorremos para tal propósito, ao seu trono de

graça.

6

Desta forma, somos abençoados por Deus com a sua paz, que preserva a nossa mente e coração

em todas as provações que enfrentarmos.

Se Deus é por nós, nenhuma força contrária

poderá prevalecer contra nós, porque somos assim guardados pela paz sobrenatural de Jesus,

que excede todo entendimento.

Nisto se cumpre a promessa feita através dos profetas, como esta de Isaías 26.3: “Tu, SENHOR, conservarás em perfeita paz aquele cujo

propósito é firme; porque ele confia em ti.”

Temos sobretudo paz perfeita e permanente com o próprio Deus, uma vez que por meio da

justificação pela fé, por meio de Jesus, acabou a guerra que havia entre a nossa velha natureza e

a justiça divina, Rom 5.1, e agora, em vez de

inimigos, somos amigos de Deus para sempre.

Por meio do sangue que Jesus derramou no Calvário a paz pôde ser celebrada entre nós

pecadores remidos e lavados neste sangue

precioso, e o Deus que é inteiramente justo e

santo.

Assim, temos acesso a tudo isto, porque foi o próprio Deus o autor, o doador e o consumador

desta condição bem-aventurada que temos em

Cristo.

7

O Segredo da Nossa Força

"Posso todas as coisas naquele que me fortalece." (Fp 4.13)

A Bíblia descreve homens e mulheres como

eles são realmente, e nos mostra a sua fraqueza

bem como a sua força. Somente o Livro de Deus é quem nos dá o retrato de um homem perfeito

- o Homem Cristo Jesus, que nos faz heróis de

Deus, homens de paixões como somos, caindo

por vezes em tentações e pecados terríveis, porque negligenciam a vigilância e a oração.

Assim, a mesma Bíblia que nos mostra um Noé

como um gigante da fé, também o mostra como

o primeiro bêbado; que descreve Abraão como estando pronto para sacrificar seu filho pela

vontade de Deus, descreve-o também com

medo de perder a sua vida por causa de sua

esposa na terra de Faraó, e que mentiu para sua proteção. Lemos sobre Moisés e sua vida

esplêndida de obediência, fé e autossacrifício,

mas lemos também que ele falou

imprudentemente com seus lábios. Temos os retratos de Davi em sua virilidade imaculada, o

guerreiro arrojado, o amigo fiel, e o homem

segundo o coração do próprio Deus, mas nos

mostra também o retrato de Davi manchado com o pecado e vergonha, pintado pelos crimes

de adultério e assassinato. A Bíblia nos fala da

sabedoria de Salomão, mas também de sua

8

loucura. Nós vemos Elias, antes destemido

diante de Acabe, mas o vemos novamente

fugindo com temor de Jezabel. Vemos Pedro

andando sobre a água para Jesus, e podemos vê-lo, também, negando o seu Senhor por três

vezes. E todas estas coisas foram escritas para o

nosso aprendizado, para o nosso exemplo. Estamos mostrando como o mais puro, o mais

nobre, o melhor dos homens pode cair em

tentação súbita, estamos ensinando que não

somos suficientes em nós mesmos, de pensar ou fazer qualquer coisa a partir de nós mesmos,

e somos alertados pelos pecados, e encorajados

pelos atos nobres, daqueles heróis de Deus

descritos na Escritura Sagrada. Olhe para a história de Sansão, e veja lá o retrato de uma

pessoa que era um gigante de força e conquista,

e ainda que era fraco demais para conquistar a si

mesmo. Tomo como minha primeira lição da vida de Sansão o solene dever dos pais em

relação aos seus filhos. Um anjo de Deus disse

aos pais de Sansão que eles teriam um filho, que

deveria ser um Nazireu, isto é, ele seria dedicado ao serviço de Deus, para viver uma

vida estritamente religiosa, separada do mundo,

e obrigada a um voto de abstinência de todo tipo

de bebida forte. Seu longo cabelo também seria um sinal externo e visível de seu voto. A mãe de

Sansão, tanto antes como depois de seu

nascimento, deveria também se abster de

bebida forte e alimentos impuros. Manoá, pai de Sansão, buscou a orientação de Deus quanto à

9

formação de seu filho, ele disse ao anjo: ""nos

ensine o que devemos fazer ao menino que há

de nascer.” Agora, meus irmãos, todo pai cristão

deve aprender com isso a responsabilidade solene que repousa sobre ele. Seus filhos são

todos nazireus em certo sentido. Eles são

dedicados em seu batismo ao serviço de Deus, porque eles devem viver no mundo, mas não

para ser do mundo. Eles são um sacerdócio

escolhido, o povo adquirido. Eles não devem

fazer votos de abstinência total de bebida forte e alimentos impuros, como eram prescritos no

Velho Testamento, ou com o sinal externo de

não cortarem o cabelo; mas eles estão

compromissados em votos de sobriedade, temperança, castidade, e eles têm uma marca, o

sinal mesmo da cruz, que ao carregá-la,

doravante, eles testemunham que não terão

vergonha de confessar a fé no Cristo crucificado, e de lutar bravamente sob Sua

bandeira contra o pecado, o mundo e o diabo, e

permanecer como soldados fiéis de Cristo e

seus servos até o fim da vida. A mãe de Sansão deveria ser sóbria e disciplinada em sua vida. Os

vícios dos pais revivem em seus filhos. Nós não

somente herdamos a aparência do nosso pai e

mãe, mas seu caráter, suas virtudes ou pecados. Todos os pais devem lembrar que seu filho é

dedicado a Deus, e ele deve pedir ao Senhor em

oração a respeito dele: "nos ensine o que

devemos fazer ao menino.” Falo a vocês, pais e mães, não tentem transferir sua

10

responsabilidade para outras pessoas. Muitos

de vocês parecem pensar que se enviarem os

seus filhos para a escola secular, e talvez para a

Escola Dominical, que vocês têm feito tudo o que é exigido de vocês por Deus. Na consagração

das crianças na Igreja é lembrado o

compromisso dos pais na formação de seus filhos, mormente em lhes ensinar a serem

pessoas devotadas a Deus, com vistas a terem

uma vida realmente cristã e piedosa. Tudo isto é

o dever de casa, e não da escola. A escola faz a sua parte, mas nunca pode tomar o lugar dos

pais. Isto deve ser principalmente feito mais

com a cabeça, do que com o coração. Vocês,

como pais, estão empenhados em criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor,

vocês são responsáveis perante Deus por eles,

vocês terão que responder por sua negligência

deles no Dia do Juízo. Nunca suponha que todos os seus deveres religiosos para com os seus

filhos termina com o envio deles para a Escola

Dominical. Se eles vierem à Igreja apenas por

causa da escola dominical, eles ficam muito susceptíveis a olhar o culto como sendo parte da

escola, e quando eles saírem dela eles

abandonarão o outro. O dever dos pais é o de

virem à Igreja eles próprios, e levarem seus filhos com eles. Queremos mais desta religião

da família, esta adoração unida. Há tão pouca

religião no mundo, porque há tão pouca religião

no lar. Se a próxima geração de homens e mulheres vier a liderar a vida religiosa cristã,

11

eles devem ter o exemplo de pais tementes a

Deus. Não há orações que sejam mais

lembradas, do que aquelas que uma mãe

piedosa nos ensinou. Não há partes da Bíblia que nos sejam tão preciosas como aquelas que

lemos no joelho de um pai. Meus amigos, não

tenham medo de ter religião em sua casa. Devemos ter Jesus em nossa casa, Emanuel,

Deus conosco. Os nossos umbrais devem ser

aspergidos com o sangue do Cordeiro de Deus.

O cordão vermelho, sinal do Precioso Sangue de Cristo, deve estar na nossa janela, para que

possamos encontrar a salvação, como fez Raabe,

em Jericó. Alguns de vocês, irmãos, parecem ter

medo de ter a religião em sua casa. Qual a razão disto? Você imagina que uma casa religiosa

significa tristeza, e melancolia, e rostos

sombrios e amargurados e conversação triste?

Você imagina que isto se parece com uma casa da qual os risos, a felicidades e as músicas foram

banidos? Nunca acredite nisto. A casa mais

brilhante, mais feliz é aquela onde a religião

brilha com o sol de Deus, onde cada membro da família está pronto para fazer o seu dever

cotidiano, e sem medo de confiar em Deus para

o amanhã, onde o amor fraternal permanece, e

onde o pai, a mãe, a irmã e o irmão, oram uns pelos outros, e assim andam de mãos dadas ao

longo do caminho estreito para o céu. Em

seguida, eu aprendo com essa história de

Sansão que todo cristão que tenta manter os votos de seu batismo pode descobrir o segredo

12

da força de Sansão. Eu não quero dizer que ele

será um gigante de força física, capaz de rasgar

um leão, ou ferir os filisteus, ou levar consigo as

portas de Gaza. Mas ele será um herói de Deus, um gigante da fé, fortalecido no Senhor e na

força do seu poder. Encontramos esses heróis

de ambos os sexos em enfermarias de hospitais, ou doentes em suas casas, mártires da cegueira,

mártires do reumatismo, mártires de neuralgia,

muitas vezes destinados a passarem dias e

noites cansados e em solidão e dor, com pouco ou nenhum conforto. Eles são tão fracos que mal

podem se virar na cama ou levantar a mão, e

ainda assim eles são mais fortes do que Sansão.

Eles são poderosos em "amor, alegria, paz, longanimidade, mansidão, bondade, fé,

temperança. "E qual é o segredo de sua força? O

Senhor é com eles, "Ele dá força ao cansado, e ao

que não tem nenhum vigor ele lhe multiplica as forças." Havia alguns nos velhos tempos de

Roma, que usavam um anel, com o nome do

Imperador Augusto, que lhe haviam prometido

nunca entrarem numa casa de má fama ou se misturarem em má companhia. Nós temos um

nome mais nobre em nosso coração, um sinal

mais santo em nossa testa. Nós, nazireus de

Deus, estamos consagrados para lutar contra o pecado, para nos manter imaculados do mundo,

para respeitar e reverenciar nossos corpos

como o Templo do Espírito Santo. Enquanto nós

nos esforçarmos para fazer isso, o mais fraco de nós é feito forte, o Espírito Santo vem sobre nós,

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e nos orienta, e assim podemos todas as coisas

em Cristo que nos fortalece. Não diga que você é

tão fraco, tão facilmente tentado, e que essa é a

desculpa para os seus pecados. A Graça de Deus é suficiente para você, você pode ser forte se

assim o desejar, se você pedir em oração, se

procurar os meios da graça, onde eles podem ser encontrados. Como Sansão encontrou um

leão no caminho, e venceu, por isso temos de

encontrar Satanás, que virá sobre nós como um

leão que ruge, buscando a quem possa tragar. Nós não podemos sempre escapar dele pela

fuga, a nossa própria força não é suficiente para

lhe resistir, não somos capazes, por nós mesmos

para qualquer coisa, mas o Espírito de Deus, que fez Sansão forte para matar o leão, vai nos fazer

fortes para vencer as tentações do maligno. Há

um leão mais forte em nós do que contra nós. E

mais do que isso, como Sansão depois encontrou mel na carcaça do leão morto, por

isso, os heróis de Deus, se vencerem a tentação,

se derrubarem o leão do nosso pecado que nos

assedia, devem encontrar doçura e paz depois da tentação ou da luta, nós seremos pessoas

melhores por nossa luta porque bem-

aventurado é o homem que suporta com

paciência a tentação. Vamos conseguir tirar mel do leão. Eu olho Sansão matando os filisteus

com a queixada de um jumento, e nós

aprendemos que os heróis de Deus são feitos

fortes para vencer os inimigos de sua alma por armas muito simples. Não foi o maxilar do

14

jumento, que deu a vitória, mas o Espírito de

Deus que usou a mão que o sustentou. Então,

alguns de nós podem não ter a poderosa espada

de aprendizagem, sem a lâmina afiada de dois gumes, podemos ser humildes, gente humilde,

mas se tivermos a arma de uma fé simples, e a

espada de dois gumes da oração fervorosa, isto deve triunfar sobre os filisteus dos pecados que

nos atacam. Nós podemos ser criaturas fracas

em nós mesmos, mas o Deus Todo-Poderoso

está conosco. Mais uma vez, eu aprendo com a história de Sansão que o mais forte pode se

tornar fraco e indefeso por ceder à tentação.

Sansão, que pôde rasgar um leão, não poderia

conquistar as suas próprias concupiscências carnais. Sansão, que poderia matar mil filisteus

com o maxilar de um jumento, foi vencido por

uma mulher filisteia. Aquele que nunca cedeu à

bebida forte, no entanto, se tornou escravo das paixões impuras. Saibam, meus irmãos, que

uma virtude não desculpa um vício. Um homem

pode ser sóbrio, mas não casto. Ele pode vencer

o seu desejo de uma maneira, somente para perder para ele em uma outra forma. Um

homem pode se orgulhar de ser um abstêmio

total de bebida forte, mas ele pode não ser um

abstêmio total de outros pecados das concupiscências carnais que combatem contra

a alma. Lembre-se que, como Sansão caiu, como

milhares caíram, também podemos cair.

Podemos começar a jornada da vida estando fortes no Senhor, fortes em nossas graças, e

15

tendo a nossa força pelo Espírito Santo, e se

cairmos em má companhia, se buscamos a

mulher estranha, e uma vida indolente de

entretenimentos, cairemos. Nosso manto branco ficará sujo, a nossa força nos deixará,

ficaremos cegos, e escravos indefesos. Qualquer

pessoa que se entrega a alguma Dalila, algum pecado querido, vai perder sua força, seu bom

nome, seu poder para fazer o bem. O homem

que nada faz, que não exercita o dom recebido

de Deus, que não valoriza o Espírito de Deus em seu coração, irá perceber um dia que Deus se

afastou dele. "Ó Deus, purifique os nossos

corações, e não afaste de nós o Teu Espírito

Santo."

Tradução e adaptação de um sermão em

domínio público de Harry John Wilmot - Buxton

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Força e Coragem Vêm do Senhor

Salmos 29:11 O SENHOR dá força ao seu povo, o

SENHOR abençoa com paz ao seu povo.

Salmos 118:14 O SENHOR é a minha força e o meu cântico, porque ele me salvou.

Isaías 12:2 Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o SENHOR Deus

é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação.

Jeremias 16:19 Ó SENHOR, força minha, e fortaleza minha, e refúgio meu no dia da

angústia

De onde vinha a força e a coragem de Davi,

Isaías e Jeremias para enfrentarem toda a sorte

de inimigos que deram contra suas vidas?

Onde acharam paz e ousadia na enfermidade?

Onde acharam ânimo para prosseguirem em sua caminhada com os terrores demoníacos que

investiam constantemente sobre suas almas?

Na determinação deles de serem vencedores?

Somente isto lhes teria dado força e bom ânimo na aflição?

17

Porventura não foi o próprio Senhor a força e a coragem deles?

Certamente que sim.

De onde procedem a força e o bom ânimo do cristão quando terríveis poderes do inferno

investem contra o seu corpo, seu espírito e sua

alma?

Por isso vemos o apóstolo Paulo recomendando aos seus cooperadores na obra do evangelho

que se fortalecessem no Senhor e na força do

Seu poder. Que se fortalecessem na graça de

Jesus.

Isto correspondia também a lhes dizer que nunca esquecessem qual era a fonte da alegria,

da força e do bom ânimo deles nas tribulações e

em todas as lutas que tinham que enfrentar em prol do evangelho.

Sempre é o Senhor a nossa própria força.

Ai de nós se Ele não fortalecer o nosso coração!

Desfalecemos, enfraquecemos, desanimamos.

Basta que por um só instante Ele retire a Sua mão fortalecedora de sobre nós, e logo nos

vemos entregues a sentimentos de angústia e de

morte.

18

Isto porque o diabo não nos poupará, porque sempre anda à espreita esperando o momento

em que o Senhor permitirá que caminhemos

sem a Sua força, em alguns momentos de nossas vidas, para a prova da nossa fé, e para que

saibamos sempre, quando estivermos fortes e

alegres, que é Ele próprio a fonte desta alegria e força.

Por isso devemos orar por nós mesmos e uns pelos outros, para que sejamos revestidos do

Senhor e da força do Seu poder.

Não será portanto no nosso programa de disciplina quanto aos bons hábitos de vida, ainda que isto seja importante, ou em qualquer outra

coisa de proceda de nós mesmos, que

encontraremos a alegria e a força de viver.

É preciso praticar o bem, fazer o que é certo, adquirir sabedoria no viver. Tudo isto é importante e necessário para um viver

abençoado. Mas nunca será no fruto do nosso

próprio trabalho que se achará a força e alegria,

porque isto sempre nos virá da parte do Senhor.

Sempre será no Senhor mesmo e no poder da Sua graça que poderemos nos achar com bom

ânimo em todas as circunstâncias.

Se Deus permitir que sejamos entregues a nós mesmos, logo nos acharemos deprimidos e

19

abatidos. E nenhuma força ou poder deste

mundo poderá nos arrancar das mãos de tais

sentimentos arrasadores que dominam a nossa

mente, o nosso corpo e o nosso espírito.

Palavras consoladoras para nada adiantarão nestas horas.

A própria força da vontade nada poderá fazer, por mais que nos empenhemos em nos levantar

de tal abatimento.

É do céu que nos virá o socorro.

Nenhuma esperança genuinamente verdadeira poderá nos chegar de qualquer outra parte.

Não somente seremos livrados do nosso abatimento como de tudo que possa ter dado causa ao mesmo, quando o Senhor começar a

agir em nosso favor.

Lembremos que Jesus é poderoso para nos curar de toda e qualquer enfermidade.

Não há nenhum diagnóstico de doença incurável atestado pelos homens, que não possa

ser revertido por Ele e pela força do Seu poder.

Não há nenhuma dificuldade, por maior que seja, que não possa ser contornada por Ele,

dando-nos a força e a coragem necessárias para

enfrentá-la.

20

Não fiquemos portanto alegres pelo mero pensamento de que Ele pode nos ajudar em

todas as coisas, mas que efetiva e certamente

tornará a alegrar e a fortificar todos aqueles que nEle esperam e confiam tão somente nEle para

serem fortificados, alegrados e curados.

Não é portanto o nosso esforço para evitar pensamentos de morte, temores, inquietações,

ansiedades, que poderá nos livrar efetivamente

de tudo isto, mas somente o poderoso braço do Senhor.

Por isso devemos dar toda glória e honra tão somente ao Seu grande nome, e nunca

esquecermos, tal como o apóstolo Paulo que é o

próprio Senhor a fonte da nossa força e alegria,

conforme podemos vê-lo fazendo tal citação em textos como os seguintes:

Em Colossenses 1:11: sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em

toda a perseverança e longanimidade; com

alegria,

Em Efésios 1:16-19:

16 não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações,

17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria

e de revelação no pleno conhecimento dele,

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18 iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu

chamamento, qual a riqueza da glória da sua

herança nos santos

19 e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força

do seu poder;

Em Efésios 6:10: Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.

Pastores nunca conseguirão congregações fortes, animadas e alegres espiritualmente, por

simplesmente exortarem os cristãos no sentido

de que sejam sempre alegres no Senhor e que evitem toda forma de pensamento negativo.

Alegrar-se no Senhor é um mandamento.

Pensar no que é bom e agradável é também outro mandamento.

Todavia, até mesmo os próprios pastores poderão ser entregues por Deus a profundos

sentimentos de depressão, enquanto

continuam pregando aos cristãos debaixo do

seu cuidado, que eles devem estar sempre de bom ânimo e alegres. Que devem estar de bem

com a vida, sempre trazendo um grande sorriso

em seus lábios.

22

Quem prega deste modo olhando somente para a congregação, e sem olhar para o alto

esperando que tal força e alegria de viver nos

venham diretamente de Deus e do céu, pode estar certo que terá seus esforços frustrados,

por maiores e melhores que sejam suas

intenções.

Afinal, demônios não são vencidos com argumentos.

As forças do inferno não recuam com o simples exercício de pensamento positivo.

É pela fé no poderoso nome de Jesus que todos os nossos inimigos espirituais batem em

retirada, conforme podemos aprender

fartamente em tantas passagens da Bíblia.

Em nossos abatimentos, em nossos

sofrimentos, olhemos tão somente para o Senhor, na expectativa de que a Seu tempo,

conforme o poder da Sua graça, tornará a nos

alegrar e a fortificar o nosso coração.

23

A Graça de Jesus é a Força do Cristão

Paulo exortou Timóteo a fortificar-se na graça

de Jesus Cristo para que pudesse continuar

cumprindo o seu ministério sem temor,

naqueles dias difíceis.

Não somente Timóteo, mas todos os ministros do evangelho, diante de perseguições,

tribulações, aflições, necessitam estar fortalecidos na graça de Jesus, porque nada mais

poderá mantê-los firme em tais circunstâncias.

É preciso ter um espírito inabalável e em paz em

todo o tempo, e somente a graça de Jesus pode nos conceder esta bênção.

Porém, para ser fortalecido pelo Senhor com a Sua graça, Timóteo deveria permanecer fiel na

execução de determinados deveres, e se

manter constante em certas atitudes que o

apóstolo lhe recordou neste capítulo, a saber:

confiar as sãs palavras da verdade que havia

aprendido do apóstolo a outros homens fiéis que fossem idôneos para também as

ensinarem a outros.

suportar as aflições do evangelho juntamente com Paulo, com a atitude de um

bom soldado de Jesus Cristo; lembrando-se

que nenhum soldado se envolve com negócios desta vida para poder agradar a

quem o alistou para a guerra.

24

Timóteo deveria lembrar que o reino de Deus

possui leis próprias, e portanto, o ministro do

evangelho somente poderá triunfar se lutar o

bom combate da fé segundo estas normas espirituais relativas ao reino, assim como um

atleta só pode ser considerado vencedor se

competir segundo as normas. Um evangelista, como era Timóteo, deve

trabalhar pacientemente como um lavrador, e

tal como este, deve ter fruto do seu trabalho.

Se não houver frutos, dos quais o evangelista deve ser o primeiro a participar, assim como o

lavrador em sua lavoura, então algo está errado

no trabalho que está sendo efetuado, pois não

está recebendo da parte de Deus a bênção da frutificação.

Paulo estava encorajando Timóteo a ser

constante e perseverante no seu trabalho, não

confiando no seu próprio poder e capacidade, mas por estar fortalecido na graça de Jesus. Não é possível trabalhar para Deus se não

estivermos fortalecidos pela graça.

É preciso força para combater o bom combate

da fé, e esta força deve ser do Senhor.

A força do homem nada poderá fazer contra

principados e potestades e não manterá o espírito firme nas aflições.

Este fortalecimento na graça deve aumentar em

graus, porque assim como aumentam as nossas

25

tentações em número e intensidade, nós temos

necessidade de ficarmos cada vez mais fortes

em nossas resoluções e em nosso amor a Cristo. Deste modo, aqueles que confiam na sua própria suficiência não poderão fazer grande progresso

no reino de Cristo.

Há graça suficiente em Cristo para todos os

cristãos. Muito mais do que água nos oceanos

para os peixes.

Paulo estava dizendo a Timóteo naquela hora difícil para a Igreja: Seja forte! Mas lembrou-lhe

que não deveria procurar esta força em si

mesmo, senão em Cristo.

Ele deveria ter forças para continuar treinando

outros para levarem adiante o trabalho de pregação do evangelho.

Ele deveria ordená-los, tendo o cuidado de

observar se eram fiéis e idôneos para serem

ordenados para pregarem a Palavra de Deus e

cuidar da Sua Igreja.

Timóteo deveria estar preparado para suportar

dureza tal como um soldado de Jesus Cristo em combate.

Jesus é o capitão da nossa salvação, e caso

alguém esteja a Seu serviço, deve esperar ter

que suportar lutas e tristezas neste mundo

26

porque terá que lutar para poder se manter fiel

à Sua vontade, e terá que se acostumar a isto se

pretender continuar íntegro na realização do

trabalho que faz em Seu nome.

Assim como um soldado que se encontra em combate numa guerra convencional neste

mundo, o cristão engajado no serviço do

ministério não pode também se embaraçar com

os negócios desta vida.

Isto não significa necessariamente que não deve trabalhar secularmente para se sustentar e à

sua família, mas que não deve se emaranhar em

suas atividades temporais, de maneira que não

venha a se desviar do seu dever para com Deus.

Todo cristão deve ter a permanente preocupação quanto ao que deve ser e fazer para

agradar a Cristo.

Deve se inteirar quanto ao que deve ser e fazer

na Igreja.

Contudo, deve sempre aferir se as suas atitudes

estão agradando efetivamente a Cristo e

cooperando para o avanço do Seu reino, em cooperação com a obra do Espírito Santo, ou se

está agindo apenas para agradar à carne.

Por isso todos os cristãos são chamados a juntar

tesouros no céu e não na terra, porque onde

27

estiver o seu tesouro ali estará também o seu

coração.

Se o objetivo de vida de um cristão diz respeito apenas às coisas deste mundo, ele não poderá,

de modo algum, agradar ao capitão da sua

salvação, que o tem alistado para um combate

espiritual contra o pecado, Satanás e o mundo.

Se quisermos vencer batalhas contra esta

trindade maligna, nós temos que lutar, mas

sempre com as armas espirituais, como se vê em II Cor 10.3-5.

Se pretendermos colher frutos como o lavrador,

temos que trabalhar.

Se desejamos ser coroados com a coroa da vida,

nós temos que correr a carreira espiritual que

nos está proposta segundo as normas estabelecidas por Deus.

Muitos cristãos estão empenhados numa

corrida mas não para almejarem o prêmio da

soberana vocação em Cristo Jesus. Assim o alvo deles não é o que foi proposto por Deus para que

tenham mais de Seu Filho e Sua vontade, de

maneira que o prêmio máximo é para aquele

que ganhar mais do próprio Cristo.

Esta corrida é portanto para os que são humildes

e mansos de coração.

28

É uma corrida, que caso estejamos correndo

segundo as normas divinas, nos trará

perseguição, privações, lutas e até mesmo em alguns casos, martírio, como ocorria com os

cristãos da Igreja Primitiva.

Então o conselho de Paulo a Timóteo significava

que ele deveria buscar nada além do próprio Cristo, e considerar, como ele, Paulo, todas as

demais coisas como estrume para poder ganhar

mais de Cristo.

29

A Fortaleza

“O Senhor é bom, é fortaleza no dia da angústia

e conhece os que nele se refugiam..” ((Naum 1.7)

Você já leu este capítulo? Ele é muito terrível -

é como o barulho de um rio caudaloso, quando

está se aproximando de uma cachoeira. Ele

fervilha e flui com força esmagadora, carregando tudo diante de si, mas, bem no meio

da inundação crescente, destaca-se, como uma

ilha verde, este amável texto confortador e

deleitável!

Ouça por um minuto as palavras de terror do profeta: "O Senhor é tardio em irar-se, e grande

em poder, e não inocentará o culpado: o Senhor

tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.

Ele repreende o mar, e o faz secar, e esgota todos

os rios. Basã definha, e o Carmelo, e a flor do

Líbano definham. Os montes tremem perante Ele, e os outeiros se derretem, e a terra é

devastada diante da Sua Presença, sim, o

mundo, e tudo o que nele habita. Quem pode

ficar de pé diante da Sua indignação? E quem suportará o ardor da Sua ira? O Seu furor se

derramou como um fogo, e as rochas foram por

Ele derrubadas."

30

Então, assim como há, por vezes, uma pausa e um silêncio prazeroso mesmo no meio de um

grande coro de música sacra, assim também,

aqui o trovão faz uma pausa, o furacão está parado e nós ouvimos a música doce desta suave

voz: "Jeová é bom, uma fortaleza no dia da

angústia, e conhece os que confiam nele" - na qual podemos nos reunir já que há sempre

um esconderijo para o Seu povo - Seus olhos de

amor estão fixados sobre eles, mesmo quando

são um pavio fumegante diante dos Seus adversários! Nada lhes fará dano algum, ainda

que a terra seja removida e as montanhas sejam

lançadas no meio do mar! Eles podem se alegrar

na bondade do Senhor, no dia da Sua ardente ira.

I. Analisando o nosso texto, vamos então, primeiro, pensar sobre o próprio Deus - "o

Senhor é bom." É bom para nós, sermos capazes

de dizer isto quando o dia da angústia está

realmente sobre nós. Uma coisa é sentar-se sob sua videira e figueira e cantar: "O Senhor é bom."

Mas é outra coisa quando a videira e a figueira

foram ambas cortadas e todo o seu conforto se

foi, e ainda dizer: "O Senhor é bom." Você não acha que, se não formos capazes de dizê-lo no

segundo caso citado, ele vai olhar como se,

afinal de contas, fosse a videira e a figueira que

eram boas, e não Deus? Ou, pelo menos, que a nossa visão da bondade de Deus era muito

derivada do fato de estarmos em tanto conforto?

Esta foi uma acusação que Satanás trouxe contra

31

Jó, que ele amava a Deus pelo que Ele lhe dera - "

Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa

e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos

abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra?" O diabo é muito apto para acusar o povo

de Deus de ter um amor egoísta, mas é bom para

nós, refutar a acusação, amando, louvando e adorando a Deus quando os confortos falharem,

quando a proteção for removida e quando as

coisas que recebemos com gratidão são, por fim,

em sabedoria, tiradas. Oh, que grande repulsa teve Satanás quando Jó, em seu monturo

raspando suas feridas e com seus filhos mortos

e os seus bens perdidos, ainda disse: "O Senhor o

deu e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor."

Deus é eterna e imutavelmente bom. Ele não pode ser melhor! Ele não pode ser pior, Ele é

absolutamente perfeito. Não pode haver uma melhoria e não pode haver depreciação nEle.

II. Em segundo lugar, Deus é bom para conosco. O que é Ele para nós? "é fortaleza no dia da angústia." É bom saber que Deus está nas

circunstâncias especiais. As circunstâncias

especiais aqui mencionados são, "no dia da

angústia." Lembre-se que é apenas um dia, não é uma semana, nem um mês, e Deus não vai

permitir ao diabo que ele adicione uma hora

extra àquele dia. É um "dia de angústia." Há um

32

fim para todas as nossas aflições. Alguém disse

bem:

"Quando Deus designa o número dez, nunca pode ser onze."

E quando Deus dosa o remédio amargo para o Seu povo, não pode ter mais uma gota de fel

colocada no cálice.

Mas ele é realmente "o dia da angústia." Veja como a ênfase é colocada - "uma fortaleza no dia

da angústia." É o dia mais problemático que um

homem tem, naquele dia em que as nuvens

retornam depois da chuva, naquele dia em que ele parece ter perdido cada conforto, e tristezas

vêm uma após a outra, como os mensageiros de

Jó, todos trazendo notícias sombrias - cada uma

mais sombria do que as que vieram antes - "no dia da angústia." Não é como um dia que ocorre

com as pessoas mais piedosas, mais cedo ou

mais tarde, antes de chegarem ao Céu - "no dia

da angústia." Isto parece ser o próprio dia do problema. O problema tem o dia reservado só

para ele. Desde o início da manhã até a última

hora da noite, é problema, problema, problema

- "no dia da angústia." O que é Deus, então? Ele é um "refúgio". Esta é uma grande palavra, "uma

fortaleza", isto é, um forte, um castelo, uma

torre de defesa - "no dia da angústia."

33

De modo que, no tempo de angústia, Deus garante a segurança do Seu povo. Eles moram

cercados por baluartes inexpugnáveis! "Como

estão os montes ao redor de Jerusalém, assim o Senhor está ao redor do seu povo, desde agora e

para sempre." Problemas são como inimigos que

os sitiam, mas Deus é para eles como uma forte torre de defesa na qual estão perfeitamente

seguros!

Ademais, eles estão muitas vezes perfeitamente em paz. O inimigo vem e os espia, e prepara suas máquinas de guerra. Mas assim diz o Senhor,

como fez com Senaqueribe, "A virgem, a filha de

Sião, te tem desprezado e escarnecido e rido de

ti. A filha de Jerusalém tem meneado a cabeça contra ti." Muitas vezes, nos momentos de sua

maior angústia, o povo de Deus é encontrado tão

resignado, tão submisso à vontade do seu

Senhor e, consequentemente, tão calmo, tão corajoso, que a paz não é no mínimo grau

afetada.

III. Agora, finalmente, falaremos sobre Deus conosco, "Ele conhece os que confiam nele."

Claro que o Senhor sabe tudo, mas há um sentido enfático nesta palavra "conhecer",

sempre que ela é aplicada ao povo de Deus. Aqui se refere à Sua íntima familiaridade com eles -

suas pessoas, suas condições, suas

necessidades, seus sofrimentos, seu passado,

34

seu presente, seu futuro. Ele sabe tudo sobre

eles. Nós dizemos, às vezes, a uma pessoa que

nós não a conhecemos: "Eu não te conheço." Mas

nunca dizemos isto à nossa querida filha, ou a um amigo com o qual nos preocupamos. Não,

nós tentamos conhecer tudo sobre ele, nós

queremos saber, a fim de que possamos aliviar e socorrer. Em um sentido muito maior, a

Onisciência concentra toda a sua percepção

sobre cada filho de Deus. Seu pai está olhando

para você, Amado, com um olhar como se não houvesse mais ninguém no mundo, senão

apenas você - sim, e nenhum mundo, qualquer

um, mas apenas você. Ele tem prazer em saber

tudo sobre você, porque Ele fez você e Ele te fez novo! Você é uma planta da sua lavoura. Ele tem

cuidado de você e Ele disse: "Eu vou regá-la a

cada momento, para que não sofra qualquer

dano, eu vou guardá-la dia e noite." É com o mais íntimo e intenso conhecimento que o Senhor

conhece os que confiam nEle.

Se você é um daqueles que nele confiam, é doce para você ser capaz de dizer: "Deus sabe tudo sobre mim e Ele cuida de mim". Note uma

palavra no texto: "Ele conhece os que confiam

nele", e não aqueles que são perfeitos, e não

aqueles que estão fazendo algumas obras, mas: "Ele conhece os que confiam nele."

Aqueles que confiam no Senhor não são apenas objeto de Seu conhecimento e cuidado, eles

35

também são objeto de Sua aprovação. Não há

nada no mundo que Deus aprove mais do que a

fé. Confiar em Deus é a maior de todas as obras."

O que vamos fazer", disseram os judeus a nosso Senhor, "para que possamos realizar as obras de

Deus?" Jesus respondeu: "Esta é a obra de Deus,

que creiais nAquele que Ele enviou." Erguer uma série de asilos, ou construir uma catedral -

não é isto um grande trabalho? Não, não

comparado com a fé em Jesus Cristo, a quem

Deus enviou. Este é o trabalho divino, a maior obra que podemos fazer! Nossa ação não pode

agradar a Deus, por mais agradável que possa

parecer para nós, mas onde quer que haja fé,

Deus está satisfeito. E lembre-se, "sem fé é impossível agradar a Deus." Então, queridos

amigos, se vocês quiserem agradar a Deus,

confiem nEle, confiem nEle implicitamente!

Confie nEle agora com seu pecado, com o seu sofrimento, com tudo! Quanto mais você

confiar nEle, mais agradável você será para

Deus. Veja que é uma oportunidade que você

tem de agradar a Deus em momentos de grande provação e dificuldade. Se uma pessoa tem um

fardo para carregar o qual seja capaz de

suportar, a autossuficiência terá a sua vez. Mas

quando tem uma carga sobre si, que não pode carregar, e ela diz: "Ó Deus, se Você me

fortalecer, eu vou levá-lo" - então isto é

agradável a Deus! Mais uma vez, queridos

amigos, esta palavra, "conhecer", aqui, significa comunhão amorosa. Nós conhecemos um ao

36

outro por estar unidos, tendo os mesmos

pensamentos e sentimentos de um em relação

ao outro. Deus conhece nossas orações e

lágrimas, Ele conhece nossos desejos, Ele sabe que não somos o que desejamos ser, mas Ele

sabe o que fazemos para ser o que desejamos.

Ele conhece nossas aspirações, nossos suspiros, nossos gemidos, nossos aposentos secretos, a

nossa própria correção do espírito quando

falhamos.

Aqueles que confiam no Senhor terão mais uma coisa. Isto é, Deus irá reconhecê-los como Seus.

No último grande dia, Cristo dirá a alguns,

"Nunca vos conheci." Aqueles que não confiam

em Cristo, Ele não reconhecerá. Naquela hora terrível quando aquilo que eles mais necessitam

é de um Salvador, Ele dirá: "Nunca vos conheci."

Mas se você confia nEle, Ele conhece você agora

e vai reconhecê-lo então naquele dia! Jesus Cristo não pode dizer para mim no último dia

"Nunca vos conheci." Ele deve me conhecer, pois

Ele sabe como eu tinha me incomodado e me

preocupado com Ele! Ele sabe como eu tinha o sangue de Seu coração para lavar meus pecados

e as vestes de Sua justiça para me vestir.

Deus te abençoe, por amor de Cristo! Amém.

Tradução, adaptação e redução do sermão de nº 2555 de Charles Haddon Spurgeon, elaboradas

pelo Pr Silvio Dutra.

37

"Tão-somente sê forte e mui corajoso."

(Josué 1.7)

O terno amor de nosso Deus para com os seus

servos faz com que fique preocupado com o estado de seus sentimentos interiores. Ele

deseja que eles sejam de bom ânimo. Alguns

estimam ser uma coisa pequena para um crente estar atormentado por dúvidas e temores, mas

Deus não pensa assim. Neste texto vemos que

está claro que o nosso Mestre não quer ver-nos

envolvidos com temores. Ele quer que estejamos sem cuidados, sem dúvidas, sem

covardia. Nosso Mestre não pensa assim tão

levemente de nossa incredulidade quanto nós.

Quando estamos desalentados ficamos sujeitos a uma enfermidade grave, com a qual não se

deve brincar, mas que deve ser submetida

imediatamente ao Médico amado. Nosso Senhor ama não ver o nosso semblante triste.

Era uma lei do rei Assuero que ninguém deveria

entrar na corte do rei vestido de luto: esta não é

a lei do Rei dos reis, porque podemos vir enlutados como estivermos, mas ainda assim

ele nos livraria do espírito pesado, e colocaria as

vestes de louvor, porque há muito motivo para

se alegrar.

O cristão deve ser de um espírito corajoso, a fim de que possa glorificar ao Senhor por suportar

38

provações de forma heroica. Se ele for medroso

e covarde, ele desonrará seu Deus . Além disso,

que mau exemplo é isto . Esta doença da dúvida

e do desânimo é uma epidemia que se espalha rapidamente entre o rebanho do Senhor.

Um crente abatido entristece vinte almas. Ademais, a menos que sua coragem seja mantida, Satanás será demais para você. Deixe

seu espírito se alegrar em Deus, seu Salvador, a

alegria do Senhor será a sua força, e nenhum

demônio do inferno avançará contra você, mas a covardia arria a bandeira. Além disso, o

trabalho é luz para um homem de espírito

alegre. O homem que trabalha, se regozijando

em seu Deus, crendo de todo o coração, tem sucesso garantido. Quem semeia na esperança

colherá com alegria e, portanto, caro leitor,

“Tão somente esforça-te e tenha muito bom

ânimo.”

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.

39

O Braço Forte

"Tu tens um braço poderoso; forte é a tua mão, e

alta está a tua destra." (Salmo 89.13)

Nós estamos implorando a Deus, humilde e

fervorosamente para que venham sobre nós

épocas de avivamento. É bom para nós

lembrarmos da fonte de onde toda a força procede. Um genuíno avivamento jamais pode

surgir a partir da carne. "O que é nascido da

carne é carne". A emoção humana no seu maior

zelo não pode produzir a verdadeira conversão das almas. Aqui somos ensinados quanto à lição,

"não por força nem por poder, mas pelo meu

Espírito." Um verdadeiro avivamento sempre

está apoiado na Graça divina e não na emoção humana. "O nosso socorro vem do Senhor que

fez o céu e a terra."

É bom estar constantemente convencido disso. Temos de ter o braço de Deus lançado para o trabalho ou então nada será feito que possa

suportar as provas solenes do último grande dia.

Madeira, feno e palha podemos construir sozinhos, mas ouro, prata e pedras preciosas são da tesouraria do Rei. "Sem mim nada podeis

fazer", foi a palavra do Salvador a Seus Apóstolos

escolhidos! Quanto mais isto se aplica a nós que

40

somos "menos do que o mínimo de todos os

santos".

Será em vão suas santas assembleias! Em vão os seus desejos sinceros! Em vão seus clamores

apaixonados! Em vão seus esforços de mil e uma formas! A menos que o próprio Deus esteja um

passo à frente do esconderijo de Seu poder e

opere a Sua própria obra gloriosa, nada de bom pode advir de tudo o mais.

"Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam."

Tendo lembrado a nós mesmos, queridos amigos, que os nossos grandes feitos repousam

na força do Deus de Jacó, é muito reconfortante percebermos quão grande é essa força. Existe

apenas um braço para nós para descansarmos,

mas é uma abençoada segurança – está escrito:

"Tu tens um braço poderoso."

O poder de Deus é como Ele mesmo – autoexistente e autosustentado. O poder na

criatura é como a água na cisterna. O poder no

Criador é como água na fonte. A criatura é a lua

que brilha com luz refletida - o Criador é o Sol, cuja luz é derivada de uma fonte dentro de si

mesmo.

Ele próprio é a grande fonte central e originador de todo o poder. Nós devemos vir, então, ao

41

escabelo de Seus pés, sentindo que tudo deve vir

Dele.

Nada temos que trazer, senão a nossa fraqueza, e o senso de necessidade, e vir a Ele clamando:

"Ó Deus, tu és todo-suficiente. Não necessitas de

nós, nem podemos contribuir com nada para contigo. Agora deixe Sua capacidade fluir em

nós e cinja a cada um de nós, pobres fracos que

somos, com Seu poder!"

No próximo lugar, o poder de Deus é abrangente, incluindo todo o poder que reside

em todas as criaturas no Universo. "Deus falou uma vez. Duas vezes tenho ouvido isto, que o

poder pertence a Deus." Quando as rodas de uma

máquina giram há energia em cada roda

dentada. Mas todo esse poder estava originalmente no motor. Assim que no Senhor,

“vivemos, nos movemos, e existimos."

Seja qual for o poder que possa haver na mais poderosa das criaturas de Deus é ainda inerente

ao próprio Deus.

Assim, meus irmãos, o Senhor terá o prazer de ensinar alguns de vocês como orar e outros

como exortar.

O poder de Deus, em terceiro lugar, é imutável.

O que quer que Ele tenha feito no passado Ele é capaz de repetir agora. Seu braço nunca

42

aumenta em força – senão como poderia ser

Todo-Poderoso? Ele nunca diminui – senão

como poderíamos concebê-lo como sendo de

Deus Todo-Suficiente?

Falamos de mudança das épocas, mas não devemos pensar em um Deus mudando!

Nosso Deus não é o Deus somente do passado, mas do presente.

Deixe isto então encorajar-nos em nossas fervorosas súplicas para que Ele faça para nós as

maravilhas que Ele operou para a Igreja Primitiva.

Cabe-nos lembrar, também, que o poder de Deus está na plenitude de ser perfeitamente

irresistível. Admitimos que quando Deus coloca para fora, senão um pouco da Sua força,

ninguém pode deter a Sua Onipotência.

Corações orgulhosos são humilhados, corações duros são quebrados, o ferro e a rocha são derretidos quando o Senhor está operando.

Deus fará Sua boa vontade e, em resposta às suas orações, ele vai enviar a bênção! Seu poder é

irresistível! Lance mão dele e prevaleça.

Este poder, não posso me esquecer de dizer, é infinito. O poder na criatura deve ter um limite

porque a criatura em si é finita. Mas o poder no

43

Criador não tem nem medida nem limite. Estou

certo, amados, que nós tratamos nosso Deus

muitas vezes como se Ele fosse como nós

mesmos. Sentamo-nos depois de alguma derrota ou decepção, e dizemos que nunca

vamos tentar novamente – porque supomos que

o trabalho será impossível. Mas há alguma coisa difícil para o Senhor? Por que então limitar o

Santo de Israel? Deus não é homem para falhar,

nem o filho do homem para que sofra uma

derrota.

Cristão, o poder que habita em Jeová pertence a você!

"Ao que crê todas as coisas são possíveis."

Olhe para trás com solene reverência sobre as obras de Deus na derrubada do pecado. Veja

toda a terra inundada com inundações

destrutivas. "Tu tens um braço poderoso, ó Deus."

Mais uma vez, o poder de Deus é manifesto, queridos amigos, para nossa alegria em obras de

sustentação, bem como de criação. O poder de

Deus foi visto, tenho certeza, não somente em sustentar o mundo, mas em preservar Sua

Igreja no mundo todos estes anos.

O poderoso braço de Deus foi notável em apoiar a Sua Igreja em anos passados; como o Senhor

44

tem feito nestes dias presentes. Tenhamos,

então, bom ânimo. Por que Deus não deveria

abençoar e socorrer Sua amada Igreja agora?

Por que Ele não o faria nestes dias um belo palácio para Si mesmo para morar? Porque para

a edificação da sua Igreja novos convertidos são

necessários.

Mas, amados, a manifestação mais marcante do poder divino é encontrada nas obras de

redenção. Típico disto foi a grande obra

redentora no Mar Vermelho, e, portanto, a

música de Moisés é juntada ao cântico do Cordeiro. Pensem, queridos amigos, do

poderoso braço de Deus em trabalhar os meios

de nossa salvação. Isso não foi um trabalho fácil

que Jesus empreendeu.

Cristo vai limpá-lo. Ele está lhe livrando! Ele vai lhe limpar por meio da Sua morte! Ele tomou as

coisas vis e as desprezadas para transformá-las

por meio do Seu poder! E então nós dizemos, "tu

tens um braço poderoso" para fazer tais maravilhas por coisas insignificantes.

Citações de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio

Dutra.

45

O Forte Vencido por Um Mais Forte

"Quando o valente guarda, armado, a sua casa,

em segurança está tudo quanto tem; Mas,

sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em

que confiava, e reparte os seus despojos.

Quem não é comigo é contra mim; e quem

comigo não ajunta, espalha.

Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e,

não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de

onde saí. E, chegando, acha-a varrida e

adornada.

Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o

último estado desse homem é pior do que o primeiro." (Lucas 11.21-26)

O Senhor Jesus está sempre em antagonismo direto e aberto a Satanás. "Eu porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a

sua descendência" foi mais enfaticamente

cumprido. Cristo nunca tolerou qualquer trégua

ou negociação com o Maligno e nunca o fará. Sempre que Cristo dá um golpe em Satanás, é

um golpe real. Ele nunca usa as armas que são

carnais, senão as que são poderosas, para

46

demolição de fortalezas. E Ele as usa sempre

com essa intenção. "Para isto o Filho de Deus se

manifestou: para destruir as obras do diabo."

Há um implacável, infinito, eterno ódio mortal entre Cristo e o pecado do qual Satanás é o

representante. Cristo nunca se desvia de Seu

propósito de esmagar a Satanás debaixo dos Seus pés e lançá-lo para dentro do lago de fogo.

Portanto nada havia mais difamatório do que a

afirmação de certos fariseus no tempo de Cristo,

que Ele expulsava demônios por Belzebu, o príncipe dos demônios!

Não, Cristo nunca entra em aliança com Satanás para fazer avançar o reino de Deus. Ele vem de

encontro a ele como um homem forte armado, determinado a lutar até que Ele vença com uma

vitória decisiva. Devemos observar isso mais

claramente quando lemos a passagem agora diante de nós. O nosso texto apresenta-nos

uma imagem do homem em seu estado

pecaminoso. Em seguida, ele nos dá uma

representação do homem por um tempo reformado, mas, eventualmente, submetido às

piores formas do mal. E também nos mostra um

retrato gráfico do homem, inteiramente

conquistado pelo poder do grande Redentor.

"Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem". Observe

que, embora o coração do homem estivesse

47

destinado a ser o trono de Deus, ele se tornou

agora o palácio de Satanás - enquanto Adão era

o servo obediente do Altíssimo, seu corpo era

um templo para o amor de Deus, mas agora, através da Queda, nós nos tornamos escravos do

pecado e nossos corpos tornaram-se as oficinas

de Satanás.

"O espírito que agora opera nos filhos da desobediência." Este espírito é chamado de um

homem forte e verdadeiramente ele é - quem

pode resistir-lhe?

Sansão, que era um poderoso herói, embora pudesse rasgar um leão, não foi páreo para o leão do abismo que o venceu com vergonha e

dor. Salomão, o mais sábio dos homens, foi

enganado por Satanás.

Ele é forte, não simplesmente como possuindo força, mas no sentido de astúcia. Ele sabe como adaptar suas tentações aos nossos pecados que

nos assediam.

Ele é um homem forte com sede de vingança! Oh, cristão ainda bem para você que há um mais

forte do que ele - o poder de Satanás iria esmagá-lo para a sua ruína se Cristo que tem todo o

poder não viesse para resgatá-lo!

Diz-se deste homem forte, além disso, que ele está armado. Verdadeiramente o príncipe do

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poder do ar nunca está sem armas. Sua principal

arma é a mentira. A espada do Espírito de Deus é

a Verdade, mas a espada do espírito do mal é a

mentira.

Ele alimenta nossas esperanças com sonhos arejados. Ou mata com medo servil. E nos

mantém ainda em larga presunção, ou desespero.

Ele tem uma maneira de fazer a pior aparecer a melhor razão. Ele pode colocar o amargo por doce e o doce, por amargo - fazer os homens

acreditarem que é para a própria vantagem

deles o que está causando sua ruína eterna.

O homem forte está armado com os desejos da carne. Ele dá riquezas para o avarento e a

trombeta da fama e toda a fumaça de aplausos

para outros.

Observe, também, que este homem forte - além de estar armado e revestido com uma armadura

- é muito vigilante. Diz-se que, "ele guarda seu palácio." Ele vigia como os guardas fiéis que

incessantemente vigiam sem dormir os muros

do castelo. Ele não veste uma armadura para

dormir com ela. Você pode encontrar santos dorminhocos, mas nunca demônios dormindo.

A incansável atividade de anjos caídos é algo

terrível para se contemplar - "eles não

49

descansam de dia nem de noite" - mas como

vorazes leões vão em busca de suas presas.

Quando Satanás entra no coração de um homem, ele vigia para que ele não tenha a

menor chance de recepcionar a Verdade de Deus. Ele monta uma guarda dupla sobre a

pessoa quando ela está sob o som da Palavra. Ele

vai deixar você ir àqueles lugares onde o

ministro nunca mais ataca a consciência e nunca clama em voz alta contra o pecado - pois

ele sente que seu reino não é assaltado. Mas

onde quer que o verdadeiro Evangelho seja

pregado, e com poder divino, exércitos de demônios se reúnem.

Cuidado, ó santos, quando o Senhor, o Espírito Santo, está trabalhando, porque é certo que o

inimigo estará duplamente ativo em tais

ocasiões! Ele guarda os seus bens. Como eu gostaria de pegá-lo de surpresa, mas este leviatã

não pode ser apanhado com um anzol, nem sua

mandíbula ser perfurada com um espinho.

Agora vamos notar a reforma parcial descrita no texto:

“Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para

minha casa, de onde saí. E, chegando, acha-a

varrida e adornada. Então vai, e leva consigo

50

outros sete espíritos piores do que ele e,

entrando, habitam ali; e o último estado desse

homem é pior do que o primeiro."

Observe-se, então, que, no caso diante de nós o espírito imundo sai de sua própria vontade - não

há conflito – pois a casa continua sendo sua

propriedade porque está escrito: "Tornarei para minha casa, de onde sai." Ele se afasta do seu

palácio por sua própria vontade, pretendendo

retornar posteriormente. Há algumas pessoas

que parecem estar convertidas - que pensam que estão de fato, e, portanto, fazem uma

profissão e são alegremente recebidas na Igreja

cristã, porque no seu exterior a vida lhe dá a

evidência de uma grande e notável mudança.

Agora eu poderia imaginar alguns que, para meu grande pesar, que estiveram uma vez

conosco, mas que chegaram a um estado no fim que era "pior do que o primeiro." Quando o

espírito imundo sai de um homem ele se torna

bastante diferente do que ele costumava ser. O

espírito imundo tem saído do homem e ele é outro homem - embora não seja uma nova

criatura em Cristo Jesus.

Agora, depois de um tempo, o espírito maligno retorna. Não há oposição à sua entrada, a porta não está bloqueada - ou se está ele tem a chave.

Ele vem e não há nenhum inquilino, nenhum

homem na posse - nenhum outro titular. Ele

51

olha em volta e diz: "Aqui está a minha casa.

Deixei-a quando eu dei minhas caminhadas no

exterior, para cumprir meus propósitos

infernais, e eu vim de volta e aqui está pronta para mim." No devido tempo, o diabo volta

àquelas pessoas que estão reformadas, mas não

renovadas - que estão mudadas, mas que não foram feitas novas criaturas em Cristo Jesus.

Mas o que o diabo vê? Primeiro de tudo ele vê que o lugar está vazio. Se tivesse sido preenchido

ele não poderia ter entrado novamente. Se Jesus Cristo estivesse à porta teria havido uma terrível

luta por um pouco de tempo, mas ela teria

terminaria com Satanás sendo expulso em

desgraça.

Dirijo-me agora a descrever um direito muito mais agradável, que é o da verdadeira

conversão. "Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua

armadura em que confiava, e reparte os seus

despojos.” Agora, observe que aqui está um que

é "mais forte do que ele." Este não é o próprio homem, porque o homem não é tão forte como

o diabo - quem é este? Este é Jesus Cristo, que

vem pelo Seu Espírito no coração do homem! O

Espírito de Deus é imensamente superior ao poder satânico, tanto quanto o próprio Criador

infinito sempre deve ser superior à criatura

finita.

52

Ele, que criou Satanás, sabe como subjugá-lo.

Pecador, clame ao mais forte do que você para vir ajudá-lo. Vocês que gemem sob sua

escravidão - sejam gratos por isso! Clamem ao Grande Libertador! Ele virá!

Olhe para Jesus - olhe para Jesus e a batalha está ganha!

Venha para o Seu precioso sangue e seja realmente limpo.

Citações de um sermão de Charles Haddon

Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

53

Fortalecidos com Poder

Há na e pela graça da regeneração e da

santificação, um poder que nos capacita a viver para Deus, e realizar todos os deveres de

obediência que são requeridos por Ele e a seus

mandamentos.

O primeiro ato deste hábito espiritual de santidade, que é decorrente e inseparável dele,

é chamado de "força" ou "poder" em Isaías 40.31: “ os que esperam no Senhor renovam as suas

forças, sobem com asas como águias, correm e

não se cansam, caminham e não se fatigam.”,

isto é, para a obediência ou andar com Deus, sem cansaço; porque a força que eles têm, e na

sua caminhada com Deus é renovada ou

aumentada. É pela mesma graça que somos

“fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e

longanimidade; com alegria,” – Colossenses 1.11,

ou “fortalecidos com poder, pelo seu Espírito no

homem interior” – Efésios 3.16; e daí ser dito “tudo posso naquele que me fortalece.” (Fp 4.13).

Na nossa chamada ou conversão a Deus, todas as coisas que dizem respeito à vida e piedade, ou seja à vida de santidade, nos são dadas pelo

poder de Deus (I Pe 1.3), ou seja, cada coisa que é

necessária para nos habilitar a uma vida santa.

54

O hábito e princípio da graça que é forjado nos crentes, dá-lhes um novo poder e força

espiritual para todos os deveres de obediência.

Era pela falta deste novo princípio de poder de santidade que recebemos na conversão que

Paulo afirma que éramos fracos antes de

conhecermos a Cristo (Rom 5.6).

Há uma suficiência na graça que Deus concedeu aos crentes, para capacitá-los para a obediência

que lhes é exigida. Então Deus disse ao apóstolo

Paulo, quando ele estava pronto para desmaiar sob suas tentações, que "a sua graça era

suficiente para ele” - 2 Coríntios 12.9. Há assim

um poder em todos os que são santificados, que

lhes capacita a produzir uma obediência santa e completa a Deus. Eles estão vivos para Deus,

vivos para a justiça e santidade. Eles têm um

princípio de vida espiritual; e onde há vida, há o

poder inerente a ela para atingir o seu fim.

Este poder na mente consiste em uma luz espiritual e capacidade de discernir as coisas

espirituais de uma maneira espiritual, das quais os homens no estado da natureza estão

totalmente desprovidos - 1 Coríntios 2.13,14.

O Espírito Santo, na primeira comunicação do princípio da vida espiritual e santidade, brilha em nossos corações, para nos dar “o

conhecimento da glória de Deus, na face de

Jesus Cristo” - 2 Coríntios 4.6. Sim, este reforço

55

da mente, por uma iluminação salvífica, é o ato

mais eminente da nossa santificação. Sem isso

há um véu, com medo e escravidão sobre nós, de

modo que não podemos ver as coisas espirituais.

Mas onde está o Espírito de Deus, onde ele vem com sua graça santificante, há liberdade; e,

assim, todos nós “com o rosto desvendado, contemplamos, como por espelho, a glória do

Senhor, sendo transformados na mesma

imagem de glória em glória” – 2 Coríntios 3.18.

(Veja também Ef. I.17, 18).

Texto extraído do tratado de John Owen, intitulado A Obra Positiva do Espírito na

Santificação dos Crentes, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.

56

Seja Forte no Senhor

A força do cristão está no Senhor, não nele

mesmo.

A força do comandante de um exército terreno está em suas tropas, mas a do cristão, a de todos

os exércitos dos santos, está no Senhor Jesus.

As armas do cristão são a Palavra de Deus e a oração numa vida verdadeiramente santa, mas

quem deve manejá-las em nós e por nós é o

Espírito Santo.

Sem isto nada podemos fazer contra as forças do mal, porque toda a nossa capacidade vem de Deus.

É a graça derramada por Deus que nos põe em ação, fortalecendo-nos para resistir ao diabo e

obrigá-lo a fugir de nós.

Quão grande alegria enche o nosso coração ao ver o Inimigo sendo subjugado pelo poder de Deus, e sendo trazidas à plena liberdade e paz as

almas que ele mantinha cativas.

Seja pois a nossa oração: “Dá-nos mais graça Senhor!”.

57

Pois é somente da Sua graça que necessitamos para vencer as forças do mal.

Somente a graça pode fortalecer o coração abatido e oprimido pelos ataques constantes dos

espíritos das trevas – ataques que são

enganosos, sutis, disfarçados, como pequenas

doses de veneno diárias e imperceptíveis que vão minando as nossas forças paulatinamente e

que por fim podem nos matar.

Mas graças a Deus que revela aos Seus filhos, em tempo oportuno, estes ardis do Inimigo, e lhes

supre com a força necessária para se livrarem

destes laços de morte e angústias do inferno.

A nossa guerra contra as força do mal possui muitas batalhas que cessam somente na nossa

partida para a glória celestial.

Importa portanto estarmos vigilantes e revestidos de toda a armadura de Deus em todo

o tempo, e não sermos descuidados sequer

nos momentos de vitória; quando poderíamos ser vencidos por causa de uma exultação

desmedida em nossa comemoração e alegria,

que facilmente podem nos levar a ser

presunçosos como que houvesse alguma razão para nos gloriarmos em nós mesmos, e não

somente no Senhor, a quem de fato pertence

todo o mérito da vitória.

58

Somos fracos em nossa própria natureza, e lutamos com inimigos muito mais fortes do que

nós, que usam de todo expediente sujo e ilícito

para nos intimidar e vencer. Dependemos portanto de um poder sobrenatural e celestial

que venha em nosso auxílio.

Nossos melhores argumentos e habilidades não são apropriados para vencer as artimanhas de

Satanás. Os instrumentos que são usados por ele

contra a verdade do testemunho do evangelho

que sustentamos não se deixarão persuadir por tais argumentos persuasivos, ainda que sejam

verdadeiros e apresentados com espírito de

mansidão e amor.

Ai de nós, se Deus não agir suprindo-nos das armais espirituais que são as únicas que podem

desfazer com autoridade suprema todos os ardis

e armadilhas do Inimigo.

Graças a Deus pelo Seu dom inefável que nos permite caminhar em triunfo enquanto

assediados constantemente por todas as formas de investidas de Satanás.

Toda a glória e todo o louvor pertencem ao Senhor Jesus Cristo porque até mesmo a nossa capacidade para vigiar nos vem dEle. De nós

mesmos somos insuficientes para qualquer

bom propósito espiritual, especialmente no que

59

se refere a sairmos vitoriosos neste combate

contra Satanás e os seus demônios.

É a graça do Senhor que nos conduz ao arrependimento e a termos um espírito manso

e quebrantado.

É a graça que nos faz caminhar humildemente com o nosso Deus.

Conhecimento, sabedoria, domínio próprio e tudo quanto necessitamos para permanecer

inabaláveis e em paz, ainda que em meio às aflições, tentações e tribulações que nos

sobrevêm em nossa caminhada cristã, também

são o fruto da graça de Deus nos nossos

corações.

É a alegria do Senhor operando em nossos corações, quando perseveramos num caminhar em fidelidade perante Ele, que é a fonte da nossa

força espiritual. Isto não se encontra

naturalmente em nós.

Para sermos fortalecidos pelo Senhor, necessitamos então estar permanentemente

ligados à fonte da qual esta força procede, a saber, dEle mesmo. E esta constância e

permanência em fidelidade deve ser achada em

nós em todas e qualquer circunstância.

Este era o segredo da força do apóstolo Paulo na sua fraqueza.

60

Podemos ser fortes no Senhor nas horas de aflição ou de alegria, porque a Sua graça nos

assiste na hora da tristeza e da fraqueza até que

nos seja provido o livramento da tribulação, segundo o tempo determinado pela vontade de

Deus.

61

O Poder se Aperfeiçoa na Fraqueza

Texto base: 2 Coríntios 12:1-10

No mês passado, estudamos vários salmos que

tinham uma coisa em comum: eles traçam o

caminho do sofrimento para a glória. E ao longo

do caminho eu me deparei muitas vezes citando

versos como Romanos 5:3: "a tribulação produz perseverança". 2 Tessalonicenses 1:4-5, onde

Paulo diz ser "vossa constância e fé, em todas as

vossas perseguições e nas tribulações que

suportais, sinal evidente do reto juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do reino de

Deus, pelo qual, com efeito, estais sofrendo;" 2

Timóteo 1:8: "participa comigo dos sofrimentos,

a favor do evangelho, segundo o poder de Deus,” 2 Timóteo 2:3: "Participa dos meus sofrimentos

como bom soldado de Cristo Jesus." Capítulo 4,

versículo 5: "suporte o sofrimento." E o capítulo

3, versículo 12 diz: "De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão

perseguidos." Repare: a maior parte do

sofrimento descrito nas passagens envolve

sofrimento por causa da justiça do evangelho. O Novo Testamento apresenta a perseguição e

oposição mundana como as consequências

esperadas de uma vida fiel.

62

Se você é um verdadeiro crente, e se é fiel à palavra de Deus, você vai experimentar o

sofrimento. E grande parte do sofrimento que

você experimentar será na forma de perseguição deliberada nas mãos de pessoas do

mundo. Você vai ser chamado a suportar

"fraquezas, insultos, sofrimentos, perseguições e calamidades" no seu caminho para a glória.

Essa é uma das realidades paradoxais da vida

cristã. O sofrimento é um prelúdio para a glória.

E de certa forma, é reconfortante saber que o terá. Se você sofre, isso não significa que Deus o

lançou de lado ou lhe abandonou no seu

sofrimento. Todos nós estamos no mesmo

barco.

Pedro escreveu duas epístolas aos santos que haviam sido espalhados desde uma

extremidade do império a outra. Roma tinha

saqueado Jerusalém, e os judeus e os cristãos

tinham sido enviados para o exílio. Muitos tinham sofrido a perda de tudo o que possuíam,

pois estavam vivendo em terras estranhas, suas

vidas estavam em perigo diariamente, e seu

sofrimento era quase indescritível. E perto do fim da primeira epístola, Pedro escreve (1 Pedro

5:8-9): "Sede sóbrios; vigiai. Vosso adversário, o

diabo, anda em derredor, como leão que ruge

procurando alguém para devorar. Mas, ele diz: Resisti-lhe, firmes na fé, [agora leia isto:]

sabendo que os mesmos tipos de sofrimento

estão sendo experimentados por sua irmandade

63

em todo o mundo". Isso é algum tipo de

incentivo, hein? E há um sentido em que a

miséria ama companhia. É um conforto quando

sofremos ao saber que não estamos sofrendo sozinhos. Deus não virou as costas para mim, de

alguma forma singular, punitiva como vingança

por algum mal secreto do qual eu sou culpado. Todos os cristãos sofrem. Mas o versículo

seguinte (1 Pedro 5:10 ) é a chave. Pedro continua

a dizer: "Ora, o Deus de toda a graça, que em

Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há

de aperfeiçoar, firmar, fortificar e

fundamentar.”

Você vê o que Pedro está dizendo? Deus tem um plano e um propósito em nosso sofrimento. 2 Coríntios 4:17: "Porque a nossa leve e

momentânea tribulação produz para nós eterno

peso de glória, acima de toda comparação,". É

isso que faz a nossa dor suportável. Deus está fazendo algo bom, e gracioso com isto. Mais do

que isso, Ele está fazendo algo glorioso. O

sofrimento é simplesmente o caminho para a

glória. Pedro diz: "o Deus de toda a graça ... vos chamou à sua eterna glória em Cristo." Essa é

uma promessa maravilhosa. Deus tem nos

"chamado” - e ele está nos trazendo pela graça

para a glória. E ao longo do caminho, ele "há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar."

Ele fará tudo o que for necessário para mantê-lo

e conformá-lo à imagem de Cristo.

64

Mas lembrem-se que Cristo sofreu, e "vocês foram chamados [a sofrer], porque também

Cristo padeceu por vocês, lhes deixando

exemplo, para que possam seguir os seus passos.", 1 Pedro 2:21. (Fixe bem o que está sendo

dito pelo apóstolo: Cristo deixou para nós o

exemplo da paciência no sofrimento por causa do amor à justiça do evangelho, para que o

imitássemos nisto – “seguir os seus passos” no

sofrimento – nota do tradutor).

Se vocês estão sendo conformados à imagem de Cristo, então, o instrumento pelo qual Deus irá

"aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar"

deve envolver sofrimento. Sem compartilhar na "comunhão dos seus sofrimentos,

conformando-se com ele na sua morte", Fil 3.10,

você não pode ser plenamente conformado à

imagem de Cristo.

Em Filipenses 3:9-10 Paulo coloca em tão poucas palavras quanto possível o verdadeiro desejo do

coração de cada crente regenerado. É a própria essência da fé ter este desejo: "e ser achado nele,

não tendo justiça própria, que procede de lei,

senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça

que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a

comunhão dos seus sofrimentos, conformando-

me com ele na sua morte;"

65

Agora, eu preciso esclarecer algo sobre isso, porque quando eu digo que o sofrimento é o

caminho para a glória, há alguns que vão ouvir

isso e pensar: Isso não é tão revolucionário. Muita religiões ensinam isso. O preço do

nirvana é a autonegação. O custo da verdadeira

felicidade é o estoicismo. A chave que abre o portal para o céu é a aflição ou austeridade, ou

ascetismo, ou abstinência de algum tipo.

Como se o seu sofrimento pudesse de alguma forma ganhar um lugar para você na glória. Isso não é o que estamos dizendo afinal. O

sofrimento não é meritório. Você não garantirá

o seu próprio bem-estar eterno, mesmo em

parte, pela sua própria autonegação ou através da imposição de dor. Nossas misérias não são

nenhum tipo de expiação pelos nossos pecados.

Esta é a verdade central do evangelho: o sofrimento de Cristo obteve a glória para o Seu povo. Hebreus 2:10: "Porque convinha que

aquele, por cuja causa e por quem todas as

coisas existem, conduzindo muitos filhos à

glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles." O sofrimento de Jesus

foi o preço da nossa salvação, pago na íntegra.

Sua morte pagou o preço de nossos pecados. Sua

justiça é toda a justiça que precisamos para nossa reconciliação com Deus. Isso é o que

Paulo estava dizendo no texto que acabamos de

citar de Filipenses 3:9 , onde ele afirma que

66

desejava ser encontrado em Cristo, e não com

justiça própria, mas com a justiça que obtemos

pela fé. Ele está falando sobre a justiça de Cristo,

imputada na nossa conta. Porque a justiça de Cristo é melhor do que qualquer justiça que

poderíamos alcançar em nós mesmos – a dele é

perfeita justiça do início ao fim. E nós nunca poderíamos obter tal justiça por conta própria.

Então por que é necessário que soframos no caminho para a glória? No texto estaremos

analisando, Paulo responde a essa pergunta em detalhes com um maravilhoso testemunho de

sua própria experiência. 2 Coríntios 12 . Nós

vamos trabalhar o nosso caminho através dos

versos 1-10. Eis o contexto:

Este é o relato do apóstolo Paulo do seu espinho na carne. Não sabemos a natureza desse

espinho. Foi uma aflição persistente ou um

julgamento prolongado de algum tipo não especificado. Alguns pensam que era um

problema particular, e pode muito bem ter sido,

porque Paulo refere-se ao espinho no versículo

7 como "um mensageiro de Satanás para me esbofetear" - como se ele estivesse falando de

uma pessoa. E, de fato, isso é o que pode ter sido.

Havia muitas pessoas como Himeneu e Fileto,

os hereges hiperpreteristas originais; Demas, o colega de trabalho mundano, que estava com

Paulo por um longo tempo, mas abandonou a fé,

quando o custo de seguir a Cristo tornou-se

67

muito caro. Talvez as práticas mundanas de

Demas ou sua fé indiferente fossem como um

espinho na carne de Paulo. Então, novamente,

em 2 Timóteo 4:14, Paulo menciona "Alexandre, o latoeiro [do qual, ele diz] me fez um grande

mal, o Senhor lhe retribuirá segundo as suas

obras." Então, é claro, havia os judaizantes, que seguiram Paulo em todo o império, semeando o

joio de falsa doutrina, onde quer que ele tivesse

levado o evangelho aos gentios. Talvez o

"espinho" do qual Paulo falou fosse um verdadeiro "mensageiro de Satanás".

Agora deixe-me expandir o contexto para você um pouco: Paulo estava sob ataque em Corinto.

Seu caráter e apostolado tinham sido abertamente questionados, e as pessoas em

comunhão de Corinto haviam ficado confusas

sobre se Paulo era alguém cujo ensinamento e

liderança eram confiáveis. E isso foi minando o evangelho em Corinto. A igreja estava flertando

com a apostasia. Acima de todos os problemas

abordados por Paulo em 1 Coríntios, a igreja já

estava à beira de abandonar a verdade por completo.

Agora, tenha em mente que esta igreja, que o próprio Paulo havia fundado, era composta

principalmente por pessoas que ele conhecia pessoalmente. O próprio Paulo lhes tinha levado

o evangelho e os conduziu a Cristo tirando-os do

paganismo que grassava naquela cidade. Ele era

68

o seu pai espiritual. Ele também exerceu

autoridade apostólica sobre eles. E, no entanto,

na sua ausência, os falsos mestres tinham

aparecido. Estes eram homens que falsamente arrogavam um nível ainda mais alto de

autoridade apostólica para si mesmos. No

versículo 11, Paulo se refere a eles como "superapóstolos". Mas Paulo não está falando

sobre o mais eminentes dos doze. Ele está

fazendo uma referência sarcástica ao que esses

falsos mestres afirmavam sobre si mesmos. A palavra grega tem a conotação de alguém que é

arrogante, autoimportante, e que despreza aos

outros. A expressão "superapóstolos" capta

perfeitamente o desdém de Paulo para com estes homens.) Ele usa a mesma expressão em

11:5. Esses falsos mestres tinham se movido na

igreja de Corinto, ensinando o erro e minando a

confiança da Igreja na liderança de Paulo.

Segunda aos Coríntios é, portanto, dominada pela defesa de Paulo de sua autoridade

apostólica, e não por motivos egoístas ou

autoengrandecimento, mas porque um ataque contra a sua autoridade abriria a porta para

hereges e suas falsas doutrinas, e isso era uma

ameaça para a própria vida da igreja em Corinto.

Assim, ao longo de 2 Coríntios, Paulo está defendendo suas credenciais apostólicas, e sua

autodefesa atinge uma espécie de clímax aqui

no capítulo 12.

69

Deixe-me ler os primeiros 12 versículos do capítulo. Paulo passou vários capítulos

respondendo os ataques contra si mesmo,

defendendo seu caráter, lembrando aos coríntios o que eles já conheciam a respeito

dele, refutando acusações falsas de seus

oponentes, e explicando seus motivos e seu estilo de ministério. Tudo isso é muito estranho

para o estilo habitual de Paulo. Ele era um

homem humilde. Ele não gostava de falar sobre

si mesmo. Mas, a fim de defender o verdadeiro evangelho, ele teve que defender as suas

próprias credenciais apostólicas.

Os falsos mestres, evidentemente, se gabavam de grandes obras e revelações impressionantes. O que Deus tinha revelado a eles e que eles

tinham que ensinar aos coríntios superaria tudo

o que Paulo poderia realizar, foi o que disseram.

Paulo teve que responder a esse argumento, também. Assim, ele responde. Vou começar no

início do capítulo 12 e leia até o versículo 12. Aqui

está a resposta de Paulo às afirmações dos

superapóstolos sobre sonhos, visões e revelações privadas:

2Co 12:1 Se é necessário que me glorie, ainda que não convém, passarei às visões e revelações do Senhor.

2Co 12:2 Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu

70

( se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o

sabe )

2Co 12:3 e sei que o tal homem ( se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe )

2Co 12:4 foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao

homem referir.

2Co 12:5 De tal coisa me gloriarei; não, porém, de mim mesmo, salvo nas minhas fraquezas.

2Co 12:6 Pois, se eu vier a gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas abstenho-

me para que ninguém se preocupe comigo mais

do que em mim vê ou de mim ouve.

2Co 12:7 E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um

espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte.

2Co 12:8 Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim.

2Co 12:9 Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas

fraquezas, para que sobre mim repouse o poder

de Cristo.

71

2Co 12:10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas

perseguições, nas angústias, por amor de Cristo.

Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.

2Co 12:11 Tenho-me tornado insensato; a isto me constrangestes. Eu devia ter sido louvado por

vós; porquanto em nada fui inferior a esses tais

apóstolos, ainda que nada sou.

2Co 12:12 Pois as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes

miraculosos.

Então aqui está o que está acontecendo: Paulo foi forçado a mostrar suas próprias credenciais

apostólicas – a se gloriar de suas próprias

qualificações espirituais contra seus próprios desejos e contrariamente ao seu estilo normal

de ser e escrever. Ele conta para o coríntios um

privilégio sagrado maravilhoso que lhe foi dado.

Ele foi arrebatado ao céu. É um evento que ele não cita em nenhum outro lugar. Na verdade,

ele diz muito pouco sobre isso aqui. Ele

rapidamente se desloca para outro assunto, referindo-se à aflição que ele sofreu. E ele usa

esse contraste para fazer um ponto significativo

sobre a suficiência da graça divina.

De fato, a graça é o tema que permeia o testemunho de Paulo nesta passagem. Assim ele

72

se move através desses primeiros dez versos, ele

fala sobre três dons significativos que recebeu

das mãos da graça de Deus. Três tipos de dons

totalmente diferentes, mas unidos como se encontram nos dão uma lição maravilhosa

sobre a suficiência da graça de Deus. O dom

número um é -

1. Paraíso

Paulo foi transportado para o "terceiro céu". Isso é uma referência ao paraíso, a morada de Deus e a morada "dos espíritos dos justos

aperfeiçoados." O primeiro céu é o céu

atmosférico, chamado de céu em Gênesis 1:6-8.

O segundo céu é o espaço sideral, o reino das estrelas e dos planetas. É chamado de céu em

Gênesis 22:17 e numa série de outras passagens

que falam de "as estrelas do céu." O terceiro céu

é o lugar onde Deus habita.

Em 1 Reis 8:27, Salomão diz: "Mas, de fato,

habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter,".

Literalmente, a expressão é "o céu e o céu dos

céus não te podem conter". Assim, o terceiro céu é exclusivamente o domínio de Deus - e ainda

isto não pode contê-lo.

Paulo foi levado para lá, "arrebatado" ao paraíso, levado para a sala do trono de Deus, onde ele viu

e ouviu coisas que não é possível descrever e

73

nem mesmo é lícito tentá-lo. Esta foi uma

experiência praticamente sem paralelo na

história da humanidade, uma honra que, tanto

quanto sabemos, foi igualada apenas pela experiência do apóstolo João, que anos depois,

na Ilha de Patmos, teve uma visão semelhante. E

talvez fosse semelhante à experiência de Isaías, que diz em Isaías 6:1 que "No ano em que morreu

o rei Uzias, [ele] viu o Senhor sentado sobre um

trono alto e sublime, e as abas de suas vestes

enchiam o templo."

A experiência de Paulo era tão vívida e real que ele diz no versículo 2, que ele não poderia dizer

se ele estava no corpo ou fora do corpo. Ele

poderia ter sido literalmente transportado corporalmente para o céu, ou isso poderia ter

sido uma experiência fora do corpo. Mesmo o

próprio Paulo não sabia ao certo, mas ele nos diz

que a experiência foi intensa e autêntica, não obscura ou um sonho. Foi uma verdadeira e

genuína revelação de Cristo em pessoa para o

apóstolo Paulo.

Como um jovem cristão eu li isso e não me ocorreu imediatamente que Paulo estava

descrevendo sua própria experiência nos

versículos 1-5, porque ele descreve a experiência na terceira pessoa. "Conheço um

homem em Cristo ... E eu sei que este homem foi

arrebatado ... e ouviu coisas ... este homem."

74

Terceira pessoa, todo o tempo.

Mas não se enganem; isto foi a própria experiência de Paulo. Ele deixa isso claro, e até mesmo explica porque ele dá o seu próprio

testemunho na terceira pessoa. Versículo 5: " De

tal coisa me gloriarei; não, porém, de mim

mesmo, salvo nas minhas fraquezas." Então, quando ele tem uma história para contar que

honra a si mesmo e exalta sua experiência, ele

diz isto na terceira pessoa. Quando ele tem algo

a dizer sobre a sua fraqueza, ele muda para a primeira pessoa. Versículo 6: " Pois, se eu vier a

gloriar-me, não serei néscio, porque direi a

verdade; mas abstenho-me para que ninguém

se preocupe comigo mais do que em mim vê ou de mim ouve."

Observe o que Paulo diz sobre sua experiência: "Ele ouviu coisas que não podem ser contadas, que o homem não pode pronunciar." E além

disso ele não dá nenhum detalhe sobre como o

céu era, ou por quanto tempo ele esteve lá,

quem ou o que ele viu, ou qualquer um dos outros tipos de detalhes que são tão

proeminentes nas declarações que você ouve no

circuito televisivo de celebridades cristãs que se

gabam de seus feitos.

Na verdade, Paulo não quer falar sobre isso. Ele não quer que os coríntios o reverenciem,

porque ele passou por coisas sobrenaturais. Se

75

eles o honrassem deveria ser pelo que viam em

sua vida e que eles ouviam de seus lábios

quando ele ensinava. Sua experiência no paraíso

foi uma experiência sagrada, mas intensamente pessoal. A única razão pela qual ele contou a

história foi para demonstrar que ele podia

facilmente superar a mais alta das reivindicações que aqueles super-apóstolos

estavam fazendo.

E do que Paulo acaba, na verdade, se gloriando é

sobre um tipo completamente diferente de dom. Dom número um: Paraíso. Aqui está o dom

número 2:

2. Dor

O versículo 7: "E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações,

foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não

me exalte."

Observe, em primeiro lugar, que a palavra "revelações" no versículo 7 é plural. Isso é um

indício sutil, mas sugere que a experiência que

Paulo descreveu no versículo 2 não foi um

evento único em sua experiência. Ele parece ter tido várias revelações deste mesmo tipo. Mas

ele não as contou para nós. Ele terminou falando

sobre "visões e revelações".

76

E eu não o culpo. Paulo teve uma lembrança perpétua para não se ensoberbecer sobre seus

privilégios espirituais. Foi esse "espinho na

carne, um mensageiro de Satanás." A palavra traduzida como "espinho" no texto grego é

skolops. Significa algo muito pontiagudo,

geralmente de madeira. No grego clássico, muitas vezes, significa "estaca", como uma

estaca de uma paliçada. O tamanho deste objeto

cortante não é quase tão importante quanto a

gravidade da dor que inflige. É evidente que ele não está descrevendo uma espécie de tortura

fatal, mas uma forte aflição constante, irritante,

que parecia um tipo de tortura lenta. Paulo

escolhe esta palavra precisamente porque evoca uma noção de dor torturante.

Assim a dor de Paulo foi uma provocação de Satanás, ou foi um dom da graça de Deus?

Qual é a resposta correta para essa pergunta?

Ambos.

Satanás quis fazer disso para o mal, Deus o tornou em bem. E aqui está um pequeno

segredo: que é verdade para cada problema

vexatório que os poderes das trevas jamais

podem causar a você. Tudo o que é feito para o mal, Deus usa para o bem. "Sabemos que Deus

faz com que todas as coisas cooperem para o

bem daqueles que amam a Deus, daqueles que

77

são chamados segundo o seu propósito." Vimos

esta mesma verdade em tantos lugares. Foi a

lição da vida de José, e o culminar triunfante das

provações sofridas de seus próprios irmãos para se livrarem dele para sempre. Depois que subiu

para a segunda maior posição de poder no Egito,

em Gênesis 45:8, José diz a seus irmãos: "Não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus.

Ele me fez um pai de Faraó, e senhor de toda a

sua casa e governador de toda a terra do Egito."

Então, ele diz em Gênesis 50:20: "Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o

tornou em bem."

No versículo 7 do nosso texto, Paulo escreve: "um espinho me foi dada na carne." Ele usa a voz passiva. Quem o deu a ele? Claramente Satanás

os fez - no sentido de que Satanás (ou um

mensageiro de Satanás) foi a causa imediata, o

agente instrumental que afligiu Paulo.

No entanto, sabemos que Deus era a última Causa. Como podemos ver no caso de Pedro, e

no caso de Jó, no Antigo Testamento, Satanás

não poderia afligir um santo de Deus, sem permissão expressa de Deus. Satanás teve que

pedir para peneirar Pedro como trigo, e ele teve

que pedir para afligir a Jó. Ele não poderia ter

afligido Paulo com um espinho na carne, se Deus não o permitisse. E Deus nunca teria

permitido tal coisa sem um bom motivo, e com

isso quero dizer que tinha que ser algo que era

78

bom para Paulo, uma expressão da graça e do

favor de Deus, envolto na aparência de

adversidade.

Além disso, a Escritura ensina expressamente que nossos sofrimentos têm sempre um

propósito gracioso. Sempre que sofremos

injustamente, devemos ver isso como um dom de Deus. Tiago 1:2: "Meus irmãos, tenham por

motivo de toda alegria, passarem por variadas

provações." Romanos 5:3: "Nós nos gloriamos

nas tribulações." Primeira Pedro 2:19: "porque isto é grato, que alguém suporte tristezas,

sofrendo injustamente, por motivo de sua

consciência para com Deus."

Mateus 5:10-12: "Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é

o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando,

por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal

contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é

grande o vosso galardão nos céus; pois assim

perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.". Sofrer por amor de Cristo, ou por amor da

justiça é uma grande bênção. Primeira Pedro

4:15-16: "Não sofra, porém, nenhum de vós como

assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem;

mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe

disso; antes, glorifique a Deus com esse nome."

79

Essa palavra "dado" no versículo 7 significa, creio eu, que o próprio Paulo havia chegado a

considerar o espinho na carne como um favor. É

a própria palavra que você usaria para descrever um presente dado com a intenção de

homenagear alguém.

"Por causa da suprema grandeza das revelações", para que Paulo não se tornasse

ensoberbecido - Deus permitiu que Satanás

encaixasse algum tipo de lasca espiritual sob a pele do apóstolo, e isto se tornou uma

lembrança perpétua da suficiência absoluta da

graça de Deus, bem como um motivo para Paulo

permanecer humilde.

Agora Paulo diz no versículo 8, "Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de

mim." A palavra traduzida como "pedi" tem no original grego o significado de pedido urgente,

importuno, rogo para alívio. É a mesma palavra

traduzida como "rogou", em Mateus 8:34: "toda a

cidade saiu ao encontro de Jesus e, vendo-o, rogaram-lhe para sair de sua região." Além

disso, a mesma palavra é usada para descrever a

súplica urgente de Jairo, o chefe da sinagoga, em

Marcos 5:23, quando ele caiu aos pés de Jesus "e insistentemente lhe suplicou: “Minha filhinha

está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para

que seja salva, e viverá."

80

E a tríplice repetição de Paulo sobre a oração também é significativa. De acordo com Mateus

26:44, Jesus repetiu Sua oração no Getsêmani

para o cálice passar dele por três vezes. Esta é uma reminiscência disso. E assim como o cálice

não passou de Jesus, o espinho na carne não

partiu de Paulo. Mas em vez disso, ele recebeu uma resposta muito específica do Senhor.

De qualquer forma, a resposta que Paulo recebeu revela para nós o dom número três. O

primeiro dom foi o paraíso. O segundo foi a dor.

Agora o terceiro -

3. Poder

Aqui está a prova definitiva de que era a Jesus que Paulo estava orando. Olhe para a resposta no

versículo 9: "Mas ele me disse: A minha graça te

basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na

fraqueza."

"Meu poder". Que poder?

Paulo imediatamente responde a essa pergunta para nós, quando ele diz: "Pelo que sinto prazer

nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades,

nas perseguições, nas angústias, por amor de

Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte." Nós não sabemos como Paulo

recebeu a resposta à sua oração. Pode ter sido

através de uma voz audível, em um sonho ou

81

visão. Não é importante para nós saber como

Paulo recebeu a mensagem, ou ele teria nos

contado. O que é importante é a mensagem em

si.

"Meu poder", Jesus disse, "atinge a perfeição na fraqueza." Uma das coisas mais difíceis do

mundo é fazer com que os cristãos abracem e acreditem nesta verdade, mas o que Paulo diz

aqui é sempre apresentado como a estratégia

divina. Em 1 Coríntios 1:27-29, lemos: "pelo

contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu

as coisas fracas do mundo para envergonhar as

fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do

mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;"

Mas a melhor parte é a frase da resposta que Paulo recebeu: "Minha graça é suficiente para você." Agora, uma pessoa imprudente lendo isso

pode pensar Cristo ouviu a oração de Paulo e a

resposta que ele deu foi um "não". O próprio

Paulo não viu dessa forma. E nós precisamos ser sábios em discernir as respostas às nossas

orações. "Sim" não é necessariamente a resposta

que realmente queremos. E "não" não significa

necessariamente que o Senhor recusou nosso pedido.

Lembram como os israelitas oraram por carne, em vez do maná no deserto? Deus lhes disse

82

"sim". Então ele enviou codornizes a eles por

comida. Salmo 106:14-15: "entregaram-se à

cobiça, no deserto; e tentaram a Deus na solidão.

Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma." Às vezes, Deus em Sua ira

atenderá a um pedido de oração ao pé da letra.

Mas às vezes, Deus em Seu amor diz "não" ao nosso pedido para que Ele possa nos dar algo

melhor. Esse é o caso aqui. Você preferiria ter a

ausência do espinho ou a abundância da graça

divina? E a graça, neste caso, vem na forma de capacitação.

A resposta de Jesus à oração de Paulo é indicada na forma de um quiasmo (ki AS mus), que

significa que a forma da segunda frase é um espelho invertido da primeira frase. Este é um

dispositivo literário bastante comum nas

Escrituras, e que lança alguma luz sobre o significado dessa promessa. A palavra no grego

diz assim: "é suficiente para você a minha graça;

meu poder é aperfeiçoado na fraqueza.” Assim,

a palavra “suficiente” espelha a palavra “perfeita”, a palavra “você” espelha a

“fraqueza”; e a palavra “graça” espelha “poder”.

E isso significa que a "graça" da qual Jesus está

falando aqui é personificada no poder de Cristo, manifestado no ministério de Paulo.

Assim, enquanto Jesus não responde a oração de Paulo precisamente da maneira como Paulo

83

pediu, Ele lhe deu algo melhor: a graça

suficiente para todas as necessidades.

Assim, a mesma coisa que lhe causou dor tornou-se para Paulo, o lembrete do poder de

Cristo manifestado em sua vida - e, portanto, um

motivo para se alegrar.

Versículo 10: "Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas

perseguições, nas angústias, por amor de Cristo.

Porque, quando sou fraco, então, é que sou

forte." Essa é uma declaração surpreendente. Nós pensamos de contentamento em termos de

ter o que queremos, se nosso desejo é cumprido,

e se desfrutamos de todos os confortos e

conveniências da vida. Para Paulo, o contentamento significava apenas ter graça

suficiente e o poder do Senhor para sustentá-lo.

Assim, ele poderia fazer essa afirmação notável: "Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas

injúrias, nas necessidades, nas perseguições,

nas angústias." Nada nessa lista jamais seria

associado com contentamento, mas Paulo tinha uma visão de mundo verdadeiramente centrada

em Cristo.

Na versão King James, o versículo 9 lemos: "De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas minhas fraquezas." A Bíblia New American Standard é

semelhante: "De boa vontade, pois, mais me

gabarei nas minhas fraquezas." Essa palavra

84

"mais" está no texto grego. “Mais” do que o quê?

O que Paulo está dizendo? Parafraseando, isso é

o que significa: "Em vez de pedir uma quarta vez

para a retirada do espinho, eu vou (com alegria suprema) me gloriar nas minhas fraquezas."

No final desta passagem, Paulo está tão fraco como ele sempre foi. Mas porque agora ele sabe

que o poder de Cristo será ampliado através de sua fraqueza, a própria tribulação, que antes

parecia tão problemática se tornou sua melhor

razão para se gloriar – uma glória que ele mais

preferia fazer do que falar sobre suas "visões e revelações" do céu.

Se conhecêssemos a suficiência da graça de Deus e inesgotável energia do poder de Cristo,

teríamos uma perspectiva semelhante de nossas próprias provações.

Que Deus nos dê essa sabedoria.

Texto de Phil Johnson, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.

85

Como Podemos Ter um Coração

Turbado e sem Paz Depois de Ter Obtido

uma Vida de Vitória em Cristo?

“1 Não se turbe o vosso coração; crede em Deus,

crede também em mim.

2 Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.

3 E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para

que onde eu estiver estejais vós também.”. (João

14.1-3)

“27 Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

28 Ouvistes que eu vos disse: Vou, e voltarei a vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu

vá para o Pai; porque o Pai é maior do que eu.

29 Eu vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais.” (João 14.27-

29).

Irmãos, este texto nos mostra que não devemos ter pensamentos de morte, mas de vida, porque

a própria morte física significa vida para o

crente.

86

Jesus disse que iria para a casa do Pai onde há muitas moradas. O terceiro céu é a casa de Deus,

tal como a igreja e o corpo do crente são a casa

de Deus neste mundo.

Nada mais neste mundo pode ser chamado de casa de Deus. Mas no terceiro céu tudo é a casa

de Deus, assim como o templo de Jerusalém era

um tipo desta casa celestial. Nele havia não somente o Santo dos Santos e o Lugar Santo,

mas também câmaras para os sacerdotes

morarem.

De igual modo, há inumeráveis aposentos na habitação celestial de Deus, tal como havia nos palácios dos reis da antiguidade para os seus

príncipes e ministros. Deus preparou estes

aposentos para serem habitados, e eles têm sido

ocupados por todos os crentes que partem deste mundo para a Sua presença.

Podemos dizer quanto à Igreja Primitiva Arca do Senhor, que Jesus preparou esta casa para nós

aqui na terra. Estamos felizes nela porque Ele se

encontra aqui.

Ele tem derramado o óleo de alegria do Espírito neste lugar que ele nos preparou.

Muitas têm sido as nossas lutas e aflições mas o Senhor nos tem consolado neste lugar através

da nossa comunhão no Espírito.

87

Se você é de Jesus, você tem a vida, porque Jesus, que é a vida, jamais te deixará ou desamparará.

O ano de 2006 está terminando mas não estamos preocupados com o futuro.

O crente não vive ansioso pelo dia de amanhã porque tem a fé verdadeira que vence o mundo.

O Senhor prometeu que estaria conosco todos os dias de nossas vidas, e que por isso não deveríamos estar ansiosos quanto ao futuro.

OS APÓSTOLOS FICARAM TRISTES

Jesus proferiu estas palavras do nosso texto aos apóstolos porque eles estavam preocupados com o futuro quando Jesus lhes disse que estava

chegando a hora dEle partir deste mundo para o

Pai.

Eles pensavam que a ausência de Jesus em corpo

presente significaria o fim de tudo para eles.

Jesus percebeu a tristeza deles e lhes disse estas palavras do capítulo 14 de João para reanimá-los.

Sua morte na cruz e partida para o Pai não deveria ser um motivo de tristeza, mas de alegria, porque seria por causa disso que o

Espírito Santo seria derramado sobre a Igreja no

Pentecostes.

88

E não era somente uma vida de poder no Espírito que eles receberiam neste mundo, como

também uma herança eterna nos céus, onde há

muitas moradas, e Jesus foi preparar uma morada para cada crente que se converte a Ele.

Mas como eles poderiam enxergar uma vida de vitória e mansões no céu debaixo das

perseguições e sofrimentos que eles vinham

testemunhando na vida do Senhor?

Como se poderia pensar em vitória quando Ele disse que seria entregue nas mãos dos

pecadores para ser pisoteado por eles e para ser morto numa cruz?

Como poderiam pensar em vitória tendo Jesus dito a eles que os mesmos sofrimentos

acompanhariam a vida dos seus discípulos?

Eles penavam: “Ele nos falou de vida eterna, e agora diz que vai morrer. Então nós tivemos uma

falsa esperança ao deixarmos tudo para segui-

lO.”.

Só que Jesus morreu e ressuscitou e subiu ao céu. E a nossa união com Ele fará conosco o

mesmo. A vida eterna se manifesta então sobre tudo o que é morte. Esta é a vitória da cruz. A

morte do eu traz uma maior plenitude de vida da

nova criatura.

89

Como pode você crente, dizer que vive em vitória se há toda esta luta, toda esta aflição, toda

esta perseguição do inferno contra a sua vida?

Mas é exatamente aqui que está a vitória da cruz. Estas lutas, perseguições, aflições lhe

ensinaram neste ano de 2006 a ver quão poderoso é o braço do Senhor para livrar e

abençoar, e o quanto Ele mudou a sua própria

vida, fazendo de você uma pessoa mais ousada,

com uma fé muito maior do que a que tinha dantes.

Se dantes pequenas lutas te apavoravam, as lutas fizeram com que você tenha agora a

mesma coragem e ousadia que haviam em Davi,

de maneira que os Golias que têm se levantado

contra o Senhor têm sido derrubados pelo poder do Espírito Santo que opera na sua vida.

Os apóstolos estavam temerosos, mas com que ousadia eles pregaram o evangelho em todas as

nações desde que o Espírito Santo os batizou

com poder no dia de Pentecostes!

E não tem sido diferente contigo, crente fiel, que tal como eles, não tem se desviado da cruz, mas

que a tem carregado com paciência, sabendo que o enfraquecimento do nosso eu traz ao

nosso espírito o poder de Deus que vence todas

as coisas.

90

Faz Forte ao Fraco

Cristo faz com que o fraco fique forte, mas com

o cuidado de um pastor terno que apascenta o

seu rebanho cuidando dos que são fracos em seus próprios braços, e levando em seu colo os

que são novos na fé e que ainda estão sendo

alimentados com o leite genuíno que lhes dará

crescimento espiritual.

Ele faz isto com paciência e mansidão.

Não podemos nunca esquecer que Deus não é nenhuma criatura, Ele não foi criado por

ninguém.

Ele é o único Criador, digno portanto de toda honra, glória, louvor e obediência.

Ele nos fez de tal modo que cresçamos em liberdade perante Ele, pelas escolhas acertadas

que fizermos, e pelo nosso crescimento, que é realizado com o Seu permanente auxílio. Pois

não nos criou para nos deixar entregues à nossa

própria sorte.

Ele é um Pai amoroso e paciente, que nos guiará pelo conhecimento do caminho do amor, da

verdade e da justiça, tornando-nos cada vez

mais semelhantes a Ele próprio.

91

Estes que são assim conduzidos por Ele e que se deixam voluntariamente serem ensinados de

boa vontade, são mais valiosos para ele do que

todos os reinos do mundo, que são considerados por Ele como um mero pingo de água que cai de

um balde, ou seja, no qual não encontra

nenhum prazer ou utilidade.

Devemos então ter todo o cuidado de não errarmos quanto ao grande alvo da Sua vontade,

porque somos cercados sempre de muitas

tentações neste mundo, de nos apegarmos à criatura e não ao Criador.

92

Salmo 119.28

“A minha alma se consome de tristeza;

fortalece-me segundo a tua palavra.” (Salmo 119.28)

Um cristão nunca deveria ficar entristecido

até o grau de desânimo, nem confiante até o grau de segurança; e assim ele deve ter um olhar

duplo, sobre Deus e sobre si mesmo, sobre as

suas próprias necessidades e a todo-suficiência

de Deus. Você tem ambos representados neste verso 28 (e frequentemente neste salmo), a sua

condição e a sua petição.

1. A sua condição está representada em: “a minha alma se consome de tristeza”.

2. A sua petição a Deus: “fortalece-me segundo a tua palavra.”

Vejamos então em primeiro lugar, a sua condição, "a minha alma se consome de

tristeza." A citação “se consome” foi traduzida

do original hebraico “dalaph” que significa

"verter lágrimas”, “chorar”. É a mesma palavra usada em Jó 16.20. Relaciona-se com definhar de

tristeza a ponto de sentir o coração derreter.

Doutrina extraída do texto: Os filhos de Deus, frequentemente, se encontram sob a ação de

93

uma profunda e esmagadora tristeza que não é

experimentada por outros homens.

Davi se expressa aqui como estando numa condição de debilidade que não é comum,

"Minha alma goteja ou se derrete de tristeza."

São três as razões disto:

1. Seus fardos são muito grandes.

2. Eles têm uma sensibilidade maior do que outros.

3. Sua ação é maior, porque a sua recompensa e conforto são também grandes.

1. Seus fardos são maiores do que outros - como a tentação, a deserção, o problema do pecado. O

bem e o mal da vida espiritual é maior do que o

bem e o mal de qualquer outra vida qualquer. Como as suas alegrias são indizíveis e gloriosas,

assim seus sofrimentos são, por vezes

equivalentes à expressão: "Um espírito abatido

quem o pode suportar?" (Pv 18.14).

A coragem natural comum levará um homem a

outras aflições, oh! mas quando as flechas do Todo-Poderoso perfuram seu coração, Jó 6.3,

isto é um peso insuportável.

O homem, que tem uma vida maior do que os animais, é mais capaz de ter prazeres e tristezas

94

do que eles, e assim um cristão que vive a vida da

fé está mais capacitado para uma maior carga.

Considere que aqueles que vivem uma vida espiritual lidam imediatamente com o Deus

infinito e eterno, e, portanto, quando ele gera alegria no coração, oh, que alegria é isso! E

quando Deus estende a sua mão contra eles,

quão grande é o seu problema!

O pecado é um fardo mais pesado do que a aflição, e a ira de Deus do que o

descontentamento do homem. Males de uma

influência eterna são mais do que temporais,

portanto, devem ser, necessariamente, maiores e mais pesados.

2. Eles têm uma sensibilidade maior do que os outros - os seus corações estão enternecidos

pela fé que professam em Cristo. Ninguém tem

um sentimento despertado tão rápido como os filhos de Deus. Por quê? Porque eles têm uma

compreensão mais clara, e as afeições mais

ternas e sensíveis.

[1] Porque eles têm uma compreensão e visão mais clara sobre a natureza das coisas do que aqueles que estão afogados em prazeres carnais.

Os homens carnais não sabem como valorizar a perda do favor de Deus, mas os santos o

preferem mais do que a própria vida: "A graça de

95

Deus é melhor do que a vida", Sl 63.3. Portanto,

se o Senhor suspende as manifestações

habituais da sua graça e favor, quão perturbados

ficam os seus corações! “Tu escondeste o teu rosto, e fiquei perturbado,” Sl 30.7.

Um filho de Deus, que vive em Seu favor, não pode suportar Sua falta; e portanto, quando perde o sentido doce de Seu favor e

reconciliação com ele, oh, isto é um problema

para as suas almas! Outros homens não se dão

conta de tudo isto. E assim, por causa do pecado, os espíritos comuns valorizam apenas o dano

que possam sofrer em seus interesses

mundanos, e quando isso lhes custa caro, eles

podem curvar a cerviz: Jer 2.9: “Agora sei quão amarga coisa é abandonar o Senhor." Um

homem mundano pode saber algo sobre o mal

do pecado nos seus efeitos, mas um filho de

Deus vê a natureza dele, eles valorizam isto pelo mal, pela ofensa que se faz a Deus, e por isso

ficam mais entristecidos pelo mal no pecado, do

que pelo mal que é consequente do pecado.

Assim, em razão da ira de Deus, os homens carnais têm pensamentos rudes quanto à

mesma, e podem uivar nas suas camas quando

as suas coisas agradáveis são tomadas deles,

mas os filhos de Deus ficam entristecidos porque seu Pai está irado.

[2] Eles têm afeições delicadas e suaves. A graça, que nos dá um novo coração, também nos dá um

96

coração de carne: Ez 36.26: “Vou colocar um

coração novo neles.” Que tipo de coração? "Um

coração de carne", porque o velho coração que é

removido é um coração de pedra. Um novo coração sensível recebe mais rápido a

impressão de terror divino do que outros

corações. Um selo é mais facilmente deixado sobre a cera, ou uma coisa mole, do que em cima

de uma pedra. O ímpio tem mais motivos para

ficar incomodado com a ira de Deus do que um

homem piedoso, mas ele não é alguém de bom senso, ele tem um coração de pedra, e, portanto,

não é tão afetado com as relações de Deus para

com ele, ou suas relações com Deus. Veja, como

não deve ser considerado apenas o peso dos golpes, mas a delicadeza da constituição, e

assim, porque seus corações são de uma

constituição mais suave, sendo um coração de

carne, e receptivo a uma impressão mais profunda, portanto suas tristezas ultrapassam

as tristezas de outros homens.

3. O bem que eles esperam é grandíssimo. Os homens ímpios, nada esperam do mundo por

vir, senão que lhes aguardam horrores e dores, e eles agora chafurdam em facilidade e

abundância: Lucas 16.25: “Filho, em tua vida tu

recebeste os teus bens.” Mas, agora, os homens

de bem, esperam por outra felicidade, que deve ser a coisa a ser buscada e exercida, para que

possam ser preparados para o gozo dessa

felicidade.

97

Aplicação 1. Então, os homens carnais não estão aptos a julgar os santos quando eles relatam

suas experiências.

Davi era um homem valente, que tinha "um coração como o coração de um filho", 2 Sam

17.10. Ele era um homem alegre, chamado "o

mavioso salmista de Israel", 2 Sam 23.1. Ele não era tolo, mas um homem sábio como um anjo de

Deus; e ainda assim você vê que sentimento

amargo ele tinha de sua condição espiritual. E

quando um homem tão forte e valente, tão alegre, tão sábio, queixa-se tão fortemente, você

vai achar que este abatimento e melancolia

eram uma tolice? Mas, infelizmente um homem

que nunca soube qual é o peso do pecado não pode concebê-lo, pois nunca esteve

familiarizado com a infinitude de Deus, nem

com o poder da Sua ira, e não tem o devido senso

de eternidade, e por isso pensa tão baixo sobre estes assuntos da vida espiritual.

Aplicação 2. Não esteja tão seguro de alegrias espirituais. Nós lhes alertamos muitas vezes

sobre segurança, ou sobre o cair no adormecimento em confortos temporais, e

devemos avisá-lo desse tipo de segurança

também no que se refere ao espiritual. Todas as

coisas mudam. Você pode encontrar Davi neste salmo numa condição diferente de espírito,

algumas vezes se regozijando na palavra de Deus

acima de todas as riquezas, e em outras vezes a

98

sua alma derrete em lágrimas em razão do

muito peso sentido. O próprio povo de Deus está

sujeito a grande dificuldade de espírito,

portanto, você não deve estar seguro quanto a esses gozos espirituais, que vêm e vão conforme

a vontade de Deus. Os homens que constroem

muito sobre êxtases espirituais ou sensíveis consolações estão preparando uma armadilha

para suas próprias almas, em parte porque estão

menos atentos para o presente (como

marinheiros que foram ao mar, e quando entram na calmaria, ficam felizes e pensam que

nunca mais verão tempestades), e também por

causa de sua negligência e descuido em seu

conforto espiritual que se foi. E há outro dano - a perda é mais pesada, porque nunca pensaram

sobre a possibilidade da mesma. E, portanto, na

preparação do coração, devemos estar prontos a

perder os nossos confortos interiores, bem como as propriedades e conveniências

externas. Somente no céu temos um dia

contínuo sem nuvens ou noite, mas aqui sempre

haverá mudanças.

Não vamos julgar a nossa condição se for este o nosso caso, ou seja, se devemos estar debaixo de

problemas presentes, nem sequer quebrar

nossos espíritos. Este foi o caso do Filho de Deus,

a sua alma se perturbou, e ele não sabia o que dizer: João 12.27: “A minha alma está perturbada,

o que direi eu?” E muitos de seus servos

escolhidos foram extremamente

99

experimentados nisto. Nosso negócio, nesse

caso, não é examinar e julgar, mas confiar. Nem

para determinar nossa condição de um lado ou

outro, mas ficar com o nosso coração em Deus, e descansar em suas promessas. Devemos

confiar o nosso coração à misericórdia de Deus.

Vejamos agora, em segundo lugar, a petição de Davi dirigida a Deus, “fortalece-me segundo a

tua palavra.” Onde temos:

1. O próprio pedido.

2. Um argumento para aplicá-lo.

Em primeiro lugar, o pedido em si, "Fortalece-me”, que é o benefício solicitado.

Doutrina 1. Observe que o que ele faz agora é abandonar a visão de um pedido de segurança

temporal, mas em todo o tempo o seu principal

desejo é por graça e por apoio ao invés de

libertação.

Para os filhos de Deus, a principal coisa que o seu coração busca é sustentação e apoio espiritual ao invés de libertação: Sl 138.3, “No dia

em que eu clamei, tu me acudiste e alentaste a

força de minha alma.” Veja que Davi buscava

uma audiência, para ser ouvido em oração; ele não pensava em libertação, e ainda assim ele

tinha a experiência de conforto interior, era isso

que o sustentava.

100

Os filhos de Deus se avaliam pelo homem interior, ao invés do exterior. Davi aqui ora por si

mesmo, Paulo ora por outros: Ef 3.16, “para que,

segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o

seu Espírito no homem interior;”. Sim, eles

estão contentes com os decaimentos do homem exterior, a fim de que o homem interior possa

aumentar em força: 2 Coríntios 4.16, "Embora o

nosso homem exterior se corrompa, contudo o

homem interior se renova de dia em dia." O homem exterior na linguagem de Paulo é o

corpo, com todas as suas conveniências e

propriedades, como saúde, beleza, força,

riqueza, tudo isso é o homem exterior. Agora, isso não é o desejo de um cristão, prosperar no

mundo, ou fazer um show de boa aparência na

carne, não, mas seu coração está voltado para

crescer mais forte no espírito, para que a alma, como que adornada com as graças do Espírito

Santo, possa prosperar, este é o homem interior.

Insistamos um pouco mais sobre este ponto:

1. É o homem interior, que é estimado por Deus, e, portanto, é dele que os santos,

principalmente, cuidam. Deus não olha para os

homens de acordo com sua condição externa,

pompa e aparências do mundo, mas de acordo com os dons interiores do coração: 1 Sam 16.7,

"Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes

para a sua aparência, nem para a sua altura,

101

porque o rejeitei; porque o Senhor não vê como

vê o homem. O homem vê o exterior, porém o

Senhor, o coração.”. Do homem interior é dito

em 1 Pe 3.4, que é “de grande valor diante de Deus”. Deus considera os homens pela alma,

quando está fortalecida com graça.

2. O bem-estar eterno de toda pessoa depende do florescimento do homem interior. Quando

jogamos fora a vestimenta superior, a pobre alma ficará desamparada, nua e sem porto, se

não fizermos qualquer provisão para isto, 2

Coríntios 5.3, e então, o corpo e a alma são

desfeitos para sempre.

Para onde irá a alma que é lançada fora, se ela não tiver uma morada eterna no céu para recebê-la?

3. A perda do homem exterior pode ser recompensada e isto é feito pela força da graça

que é colocada no homem interior, mas a perda

do homem interior não pode ser compensada

pelas perfeições do homem exterior. Um homem que sofre em sua condição exterior,

pode ser elevado por Deus em graça; se ele é rico

na fé, e os filhos de Deus podem achar consolo

no fato de o seu homem interior ser fortalecido e renovado dia após dia, 2 Coríntios 4.16, de

modo que um homem pode ser feliz apesar das

rupturas da paz feitas no seu homem exterior.

102

A vida espiritual interior é chamada de a vida de Deus, Ef 4.18. A vida interior é o início de nossa

vida no céu. Tanto vivem a vida de Deus, um

santo glorificado no céu e um santo militante sobre a Terra; e a vida da graça é o mesmo tipo

de vida, mas não em grau; e o que é glorificado e

o que se encontra aqui na Terra são diferentes, assim como uma criança difere de um adulto.

Aplicação. O uso disto é verificar o nosso absurdo cuidado carnal para com o homem

exterior, em detrimento do interior. Quando não somos tão cuidadosos em provermos a alma

com graça, e sermos fortalecidos e renovados

pelas influências contínuas de Cristo.

Você pode conhecer a desproporção de seu cuidado para com as coisas exteriores e para o

homem interior, por essas razões que

apresentamos a seguir:

1. Quanto você preza do dia do Senhor, os meios da graça, as oportunidades de culto, que são

para o homem interior? O dia de domingo é um

dia de festa para as almas. Agora, quando os homens estão cansados disso, é o dia mais

pesado de toda a semana. É um sinal de que são

carnais, quando os homens pensam que o

domingo consagrado a Deus é um dia perdido para eles, e eles olham para o domingo como

uma interrupção melancólica de seus assuntos

e negócios.

103

2. Que cuidados você tem para com o homem interior, para adornar a alma, para embelezá-la

com graça, que é de grande valor para Deus, ou

para fortificá-la com graça? Agora, quando toda a nossa força e trabalho são utilizados para não

nos conduzir à vida interior, Isaías 55.2, e

empregamos todo o nosso dinheiro naquilo que não é pão para o espírito, é um sinal de que

somos totalmente carnais.

3. Você tem um refrigério espiritual, mesmo quando as aflições abundam? 2 Coríntios 1.5,

“Porque, assim como os sofrimentos de Cristo

se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda

por meio de Cristo.”, então você demonstra ser

como os filhos de Deus, cujo coração e cuidado

estão focados no homem interior.

Doutrina 2. Em segundo lugar, mais especialmente, observe que Davi recorre a Deus para ser fortalecido. Deixe-me mostrar:

1. O que é essa força espiritual.

2. Como ela é dada.

3. Como Deus está presente na mesma. Davi vai a Deus: “Senhor, fortalece-me.”

Primeiro, então, o que é essa força espiritual. Ela é o aperfeiçoamento de Deus da sua obra. A

força pressupõe vida, portanto, em geral, ela é a

104

renovada influência de Deus; quando ele tem

plantado hábitos de graça, ele vem e fortalece.

Em primeiro lugar Deus infunde a graça e

depois a confirma. Em primeiro lugar, somos objeto de seu trabalho, em seguida,

instrumentos, para mostrar onde reside a força

da alma.

1. Os hábitos da graça são plantados na alma. Não são apenas altas operações da graça, mas os

hábitos permanentes e fixos, a semente de

Deus, que permanece dentro de nós, 1 João 3.9 - isto não é a habitação do Espírito Santo

propriamente dita, ou seja, o próprio Espírito

Santo com sendo a semente de Deus que

permanece em nós, pois esta semente é alguma coisa criada: Sl 51.10, "Cria em mim um coração

puro, oh Deus”, e é alguma coisa que cresce: 2

Pedro 3.6, "crescei na graça". E, portanto, é

evidente que há hábitos da graça plantados na alma, um bom estoque que temos de Deus em

primeiro lugar, chamado de "o bom tesouro do

coração", Mateus 12. Estes hábitos da graça são

chamados de “armadura de Deus”, “o escudo da fé”, “o capacete da salvação”. Esta é a força da

alma.

2. Mas, além disso, há uma continuidade e um aumento dessas graças, quando o Senhor confirma o seu trabalho, e aperfeiçoa o que ele

tem começado, Fp 1.16. O apóstolo o define

principalmente em 1 Pedro 5.10, "Ora, o Deus de

105

toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua

eterna glória, depois de terdes sofrido por um

pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar,

confirmar, fortificar e fundamentar.” Todas estas palavras dizem respeito ao hábito, ou à

semente da graça na alma; e para mostrar a

participação de Deus para nossa preservação no estado espiritual, ele se serve destas palavras:

“aperfeiçoar”, que significa a adição de graus

que ainda estão faltando; "confirmar", que indica

a defesa da graça que já está plantada no coração, da tentação e de perigos; "fortificar",

isto é, dar-lhe o poder de ação ou capacidade

para o trabalho, e "fundamentar”, que é para

fazer a raiz crescer e se fixar mais e mais.

3. Há uma participação de Deus no ato. A graça em hábito não é suficiente, mas deve ser

aumentada e dirigida. Sobre o ato, há duas

coisas: o Espírito Santo opera a graça que é implantada, e a coloca em exercício, por isso, se

diz em Fp 2.13: "É Deus que opera em vós tanto o

querer como o realizar", ou seja, ele aplica a

graça em nosso coração, e a põe em operação, e, então, há um direcionamento ou regulação da

alma para a ação: 2 Ts 3.5, “O Senhor encaminhe

os vossos corações no amor de Deus" etc.

Em segundo lugar, vejamos os usos para os quais nós temos essa força de Deus. Ela serve

para três usos - para a ação, para o sofrimento, e

para superação de conflitos; porque assim como

106

as nossas necessidades são muitas, assim

também deve ser a nossa força.

1. Força para desempenhar deveres. O cansaço e o desconforto logo cairão em nossos corações, e

vamos nos afastar de Deus, se o Senhor não

colocar uma nova força e uma nova vivificação

em nossos corações.

Se quisermos ser operosos com fervor e em qualquer movimento em direção a Deus,

devemos ir adiante na força de Deus. A alma é

uma coisa tenra, e logo se desconcerta. Portanto, a obra de Deus deve sempre ser feita

na força de Deus.

2. Força para suportar os fardos com paciência, para que não desmaiemos sob eles: Col 1.11,

"fortalecidos com todo o poder, segundo a sua

glória, em toda a paciência, e longanimidade

com gozo." Para que não desmaiemos em nossa aflição: Prov 24.10: "Se te mostrares fraco no dia

da angústia, a tua força é pequena." Filhos de

Deus, antes de irem para o céu, terão suas

provas, eles terão muitos fardos sobre eles: Heb 6.12, "Sede imitadores dos que pela fé e paciência

herdam as promessas." É preciso não somente a

fé, mas paciência. Agora, um fardo pesado

precisa ter bons ombros. Oramos para ter força, para que possamos romper as dificuldades e

aflições que encontraremos em nossa jornada

para o céu.

107

3. Força para os conflitos, para que possamos enfrentar as tentações. Um cristão não deve

apenas usar a colher de pedreiro, mas a espada.

Não podemos pensar em cumprir deveres ou suportar aflições sem uma batalha e conflito;

por isso precisamos da força da graça do Senhor

para nos sustentar. Satanás é o grande inimigo com o qual lutamos, ele é o gerente da tentação.

Este é o curso disto; o mundo é a isca; a carne é o

traidor que funciona dentro dos homens, o qual

dá vantagem a Satanás; o mal jaz escondido, e procura por coisas mundanas para afastar o

nosso coração de Deus. Agora, somos assaltados

por todos os lados, às vezes, pelos prazeres do

mundo, às vezes pelas cruzes do mesmo, de modo que um cristão precisa estar apto para

todas as condições: Fp 4.13, “Tudo posso em

Cristo que me fortalece”, porque por todos os

meios o diabo tentará nos levar a pecar.

Agora, esses conflitos são, em qualquer caso, ou solicitações para o pecado, ou eles tendem a

enfraquecer o nosso consolo; e em ambos os

casos é preciso ter força de Deus.

Vejamos agora, em terceiro lugar, como Deus está interessado nisto. Davi vai a Deus para

receber este benefício: "Senhor, dá-me força." Do primeiro ao último é ele que faz tudo. Não

ficamos de pé pela estabilidade de nossas

próprias resoluções, nem pela estabilidade dos

108

hábitos da graça plantados em nós mesmos, a

menos que o Senhor nos dê nova força.

Nossas próprias resoluções estão prestes a

falhar, porque Davi estava resolvido em se manter perto de Deus, mas ele diz: "Meus pés

tinham quase escorregado.” O que o manteve?

"A tua destra me sustentou.”

Nem é a estabilidade dos hábitos da graça em si, por si só, porque são coisas que se desvanecem;

a fé, o amor e o temor de Deus de si mesmos logo

desaparecem: Apocalipse 3.2, “Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer.” Estes

que estão prontos para morrer, portanto, só são

mantidos por uma força renovada de Deus. É o

poder de Deus, que está envolvido em nossa preservação. Eu poderia mostrar em que ordem,

temos isto da parte de Deus; não somos somente

guardados, em geral, "pelo poder de Deus

mediante a fé para a salvação", 1 Pedro 1.5, mas todas as pessoas da Trindade trabalham nisto. O

Pai, o seu ato é judicial: Ef 3.14-16, “Por esta

causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de

quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza

da sua glória, vos conceda que sejais

fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito

no homem interior;”. Ele decreta a concessão, que as almas que vêm em nome de Cristo, e

pedindo salvação, deverão obtê-la. E Deus Filho

tem comprado essa força para nós, e ele

109

intercede por fornecimento constante e, por

isso se diz em Fp 4.13, “Poso todas as coisas por

meio de Cristo”. E o Espírito Santo aplica a força

que necessitamos ao nosso coração, porque assim é dito, Ef 3.16, “Para que sejais fortalecidos

com poder pelo seu Espírito no homem

interior."

Aplicação. Para nos incentivarmos a buscar em Deus por esta força. O que devemos fazer?

1. Seja fraco em seu próprio senso e sentimento. A maneira de ser forte é ser fraco: 2 Coríntios

12.10: "Quando sou fraco, então é que sou forte."

O balde, se quisermos enchê-lo com água, deve primeiro ser esvaziado.

Deus fortalece os que são fracos em seu próprio senso quanto à sua insignificância: Heb 11.34,

“da fraqueza tiraram força”, da fraqueza sentida

e apreendida.

2. Deve haver uma plena confiança somente na força de Deus: Sl 71.16: “Sinto-me na força do

Senhor Deus”; Ef 6.10, “Fortalecei-vos no

Senhor e na força do seu poder”, e 2 Tim 2.1,

“Fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus."

3. Use o poder que você tem, e então ele será aumentado. "Pois ao que tem se lhe dará, e terá

em abundância;", Mat 13.12. Quanto mais

exercitamos a graça mais teremos dela.

110

4. Utilize os meios, pelos quais "os que esperam no Senhor renovam as suas forças”, Isa 40.31.

5. Evite o pecado; que drena a sua força, assim como o sangramento solta o espírito do corpo.

Quando você entristece o Espírito de Cristo, que

lhe é dado para lhe fortalecer, você joga fora a

sua força. Vamos, então, esperar em Deus por ajuda, pois quando todas as coisas falham, Deus

não falha.

Vejamos agora a segunda parte do texto:

"fortalece-me segundo a tua palavra." Pela sua palavra Deus se compromete em aliviar o seu

povo em perigo. Há duas promessas: 1 Coríntios

10.13: "Deus é fiel e não permitirá que sejais

tentados além das vossas forças”. Um bom homem não sobrecarregará seu animal,

certamente o Deus gracioso não vai permitir

que a tentação venha sobre nós acima da medida. Outra promessa é a de Is 57.15-17, “para

vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar

o coração dos contritos." Ele tem prometido

consolo e alívio para os pobres pecadores com o coração partido; você é chamado por nome na

promessa, isto é dito a pessoas no seu caso.

Mais uma vez, Davi orou baseado numa palavra e promessa de Deus. A oração fundamentada sobre a promessa é a maneira de prevalecer;

você pode fazer um desafio humilde a Deus,

invocando a Sua Palavra para ele. Isto é fogo

111

estranho somente quando você coloca no

incensário, um pedido a Deus em relação ao

qual ele nunca se comprometeu a conceder.

Davi, muitas vezes diz: "segundo a tua palavra." Mais uma vez, a palavra de Deus é a única cura e

alívio para a alma desfalecida. Quando Davi

estava debilitado sob profunda tristeza, então, o Senhor, lhe trouxe força segundo a Sua Palavra.

(1) Isto é a cura apropriada. Meios naturais não podem ser um remédio para a enfermidade

espiritual, não mais do que um belo terno de

vestuário para um homem doente, ou um

ramalhete de flores para um homem condenado. Confortos naturais não têm

qualquer relação com uma doença espiritual;

nada além da graça, perdão, força e aceitação de

Deus pode removê-la.

Os que buscam saciar suas tristezas em excessos e com alegre companhia tomam um remédio brutal para doenças da alma.

(2) Isto é uma cura universal; temos a partir da palavra viva, consolo e força. É a palavra que

deve nos guiar e nos guardar de desmaios de

alma, ela nos vivifica e nos guarda da morte. A

palavra é um remédio completo em conjunção com o poder de Deus, e torna a dor em alegria no

meio de problemas externos: Sl 56.10, “Em Deus,

cuja palavra eu louvo".

112

Por último, esta palavra deve ser aplicada à consciência pelo próprio Deus, “fortalece-me

segundo a tua palavra." Davi se dirigiu a Deus para que ele pudesse aplicar sua palavra, que

poderia ser a sua força; pois não podemos nem

apreender nem aplicá-la mais do que recebemos a graça de Deus. A palavra é o

instrumento de Deus, e não opera sem o Seu

principal Agente.

Tradução e adaptação elaboradas pelo Pr Silvio Dutra, de citações extraídas do comentário de

autoria de Thomas Manton, sobre o Salmo

119.28.

113

Posso todas as coisas naquele que me

fortalece

Esta não é apenas a experiência pessoal de

Paulo, mas de todos os que são participantes da "fé igualmente preciosa".

Todos nós precisamos de força; todos nós precisamos de alguém para nos fortalecer.

Conscientes ou inconscientes da nossa fraqueza, somos fracos. A nossa própria força é

fraqueza. Nós não temos a força suficiente para

sermos fortes. O esforço de fraqueza não pode

produzir força. A impotência, em assuntos espirituais, é uma parte da nossa maldição

hereditária. Temos de olhar para fora de nós

mesmos para a sua remoção. E para nos salvar

de uma busca vã, a palavra de Deus define Cristo de uma só vez diante de nós como nossa força,

nosso fortalecedor.

Todo verdadeiro crente, em sua medida, tem o direito de dizer: Eu posso fazer todas as coisas através de Cristo que me fortalece. De mim

mesmo nada posso fazer; mas através de Cristo

eu posso fazer todas as coisas, tudo o que é

obrigação, tudo o que é necessário, tanto para minha própria segurança, quanto para o bem

dos outros, ou para a honra do próprio Cristo.

114

Pode ser propício para a clareza de nossos pontos de vista, se perguntar (1) como ele nos

fortalece, e (2) para que ele nos fortalece?

Primeiro, então, de que forma e com que meios, Cristo nos fortalece? Eu respondo,

negativamente, não por milagre ou mágica, não agindo em nós sem o nosso conhecimento ou

contra a nossa vontade, mas através de nossos

próprios poderes inteligentes e ativos. Eu

exponho positivamente, em primeiro lugar, que ele nos fortalece nos instruindo, iluminando

nossas mentes no conhecimento de si mesmo e

de nós próprios e, especialmente, fazendo-nos

sentir nossa fraqueza e compreender seus poderes. Ele nos mostra o que é uma fraqueza

moral, conectada com uma depravação moral

universal, envolvendo todos os nossos poderes e

afetos. Ele nos mostra nossa dependência da misericórdia de Deus para o alívio e livramento

deste estado debilitado indefeso, e nos ensina a

procurá-lo – ao Senhor Jesus Cristo, como o

nosso profeta, instrutor infalível, e nosso fortalecedor.

Ainda, ele nos fortalece por seu exemplo. Isto não é feito por preceito ou por doutrina simplesmente, que ele trabalha esta mudança

necessária em nós. Ele não tem apenas dito o

que é certo. Ele nos mostra como fazê-lo.

115

Mas preceito e exemplo não é tudo. Podemos ouvir os preceitos de Cristo, e ainda não

obedecê-los. Podemos ver seu exemplo, e ainda

não segui-lo. Com tanto à vista, ainda podemos ser impotentes para o bem espiritual, a menos

que alguma nova energia trabalhe dentro de

nós, assim como uma máquina está completa e bem ajustada, mas sem efeito ou uso até que a

energia em movimento é aplicada. Mas quando

ela é aplicada, quando tudo é posto em

movimento, quão distintamente as peças realizam seu trabalho e harmoniosamente

contribuem para o resultado final!

Mas nós não somos máquinas, movidos por uma

força externa, sem uma cooperação consciente de nossa parte. Estamos ativa e

espontaneamente em nossos exercícios

espirituais.

"O amor de Cristo nos constrange." Se o amor faltar, tudo está perdido; não podemos fazer

nada; ficamos tão fracos como sempre. Mas

deixe o amor de Deus operar em nossos corações, e todo o conhecimento e os motivos

que tinham permanecido muito tempo inertes,

começam a se mover, e na direção certa. Todos

os poderes e afetos são despertados, e o que parecia impossível, agora é sentido como sendo

fácil. Aquele que uma vez não podia fazer nada,

agora é capaz de "fazer todas as coisas."

116

Irmãos, o poder de Cristo nos fortalece, quando o amor de Cristo nos constrange.

Novamente: Cristo nos fortalece por operar a fé em nós, e fazendo-se conhecido a nós, como o objeto dessa fé. Nesta vida o mais favorecido

deve andar pela fé e não pela vista. Cristo é para

todos nós um Salvador invisível. Sua palavra e

seu exemplo estão de fato diante de nós. Mas a razão e o propósito de seu relacionamento

conosco podem ser totalmente inexplicáveis.

Portanto, a fé fortalece. Para ser forte, devemos acreditar e confiar. A razão deste fato é óbvia. Se esperarmos até que vejamos e compreendamos

a solução de todas as dificuldades, nunca

começaremos a agir, e tal inação é, claro, é um

estado de debilidade. Se nos recusamos a tomar qualquer coisa como concedida, ou receber

qualquer coisa com confiança, uma ação rápida

e energética é impossível. As situações de

emergência que a exijam passarão antes que tenhamos nos colocado em movimento.

A correção desta fraqueza é um bem colocado para confiar em alguma coisa fora de nós

mesmos. A confiança cega é pior do que a fraqueza; mas uma confiança em algo ou

alguma pessoa que seja digna, é uma fonte, uma

fonte inesgotável de força.

117

Cristo nos permite, e nos convida, a confiar nele. E qual é o alicerce mais seguro sobre o qual

podemos construir? Seu poder onipotente,

sua onisciência, a perfeição de sua sabedoria, a verdade, e bondade, e o mérito infinito de sua

obra de salvação, tudo garante uma confiança

implícita e inabalável. E lançando-nos sobre ele, podemos descartar nossas dúvidas e medos,

extinguir nossos erros e pensamentos vagos,

concentrar todas as nossas energias nos

deveres presentes, e fazer maravilhas da obediência, encorajados pelo testemunho e

exemplo de '' uma nuvem tão grande de

testemunhas", que por meio da fé venceram

reinos, praticaram a retidão, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões,

apagaram a violência do fogo, escaparam do fio

da espada, retiraram força da fraqueza, e

puseram em fuga os exércitos do inimigo.”

Este é o ofício e efeito da fé. Não temos um salvador ausente. Ele não está longe, pois nele

vivemos, e nos movemos, e existimos. Também não estamos apenas perto dele. Estamos unidos

com ele. Estamos enxertados nele, estamos

inseridos nele. A vida que agora vivemos não é

mais nossa, mas de Cristo, e a força espiritual que agora exercermos é no mesmo sentido dele,

o poder que se aperfeiçoa na fraqueza; de modo

que quando estamos fracos então somos fortes;

118

e em vez de desesperar, podemos nos gloriar nas

fraquezas. Esta nova,

transcendente, real, embora seja uma força misteriosa, é o fruto da união com o Salvador; e

a união que gera essa força é produzida pela fé.

Assim, nos sentimos fortes à medida que crescemos conscientes de nossa união e

identidade com Cristo. Nele podemos todas as

coisas. Este é o verdadeiro sentido da linguagem

de Paulo.

Partes de um sermão de Joseph A. Alexander, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

119

Usando as Armas de Deus – Efésios 6.10-

13

“10 Finalmente, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.

11 Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do diabo.

12 Porque não temos que lutar contra a carne eo sangue, mas contra os principados, contra as

potestades, contra os príncipes das trevas deste

século, contra as hostes espirituais da maldade

nas regiões celestes

13 Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo

feito tudo, ficar firmes.” (Efésios 6.10-13)

v. 10 – “Finalmente”. Retomando suas exortações gerais, novamente ele ordena que eles sejam fortes, - para reunir coragem e vigor;

pois há sempre muito a nos enfraquecer, e

somos mal equipados para resistir. Mas quando

a nossa fraqueza é considerada, uma exortação como esta não teria nenhum efeito, a não ser

que o Senhor estivesse presente, e estendido a

mão para prestar assistência, ou melhor, a

menos que ele nos proveja todo o poder. Paulo, portanto, acrescenta, “no Senhor”. Como se ele

tivesse dito: "'Você não tem o direito de replicar,

que não têm capacidade; porque tudo o que eu

120

preciso de você é, que seja forte no Senhor." Para

explicar o seu significado mais plenamente,

acrescenta, “na força do seu poder”, que tende

muito a aumentar a nossa confiança, especialmente no que se revela uma assistência

marcante pela qual Deus usualmente supre os

crentes. Se o Senhor nos ajuda pela força do seu poder, não temos nenhuma razão para fugir ao

combate. Mas isto será perguntado: Para qual

propósito serviria ordenar aos efésios a serem

fortes no grande poder do Senhor, para aquilo que eles não poderiam realizar por si mesmos?

Eu respondo, há duas cláusulas aqui que devem

ser consideradas. Ele os exorta a serem

corajosos, mas ao mesmo tempo lhes lembra a pedirem a Deus um suprimento de suas

próprias deficiências, e promessas que, em

resposta às suas orações, o poder de Deus será

exibido.

v. 11 – “Revesti-vos de toda a armadura”. Deus nos tem fornecido várias armas de defesa, desde

que não recusemos indolentemente o que é

oferecido. Mas estamos quase todos carregados

com descuido e hesitação em usar a graça oferecida; como se um soldado, prestes a

enfrentar o inimigo, devesse esquecer o seu

capacete, e negligenciar o seu escudo. Para

corrigir essa segurança, ou, pelo contrário, devemos dizer esta indolência, Paulo apresenta

uma comparação da arte militar, e nos convida

a colocar toda a armadura de Deus. Devemos

121

estar preparados em todos os lados, de modo a

não faltar nada. O Senhor nos oferece armas

para repelir qualquer tipo de ataque. Resta a nós

aplicar-nos ao seu uso, e não deixá-las penduradas na parede. Para acelerar a nossa

vigilância, ele nos lembra que não devemos

apenas entrar numa guerra aberta, mas que temos um inimigo astuto e insidioso para

enfrentar, e daí a frase usada pelo apóstolo, “as

artimanhas do diabo”.

v. 12 – “Porque não temos que lutar”. Para impressioná-los ainda mais profundamente

com o seu perigo, ele aponta a natureza do

Inimigo, que ele ilustra numa demonstração

comparativa, “não contra a carne e o sangue”. O significado é que as nossas dificuldades são

muito maiores do que se nós tivéssemos que

lutar com os homens. Aqui, resistimos com a

força humana, a espada se opõe à espada, o homem contende com o homem, a força se

encontra com a força, e a habilidade com a

habilidade; mas aqui o caso é amplamente

diferente. Tudo equivale a isso, que nossos inimigos são tais que nenhum poder humano

pode suportar. Por carne e sangue, o apóstolo

denota homens, que são assim denominados, a

fim de contrastá-los com assaltantes espirituais. Esta não é uma luta corporal.

Lembremo-nos disto quando o tratamento injurioso de outros nos provocar à vingança.

122

Nossa disposição natural nos levaria a dirigir

todos os nossos esforços contra os próprios

homens; mas esse desejo tolo será impedido

pela consideração de que os homens que nos incomodam não são nada mais do que dardos

lançados pela mão de Satanás. Enquanto

estamos empenhados em destruir esses dardos, colocamos a nós mesmos abertos para sermos

feridos por todos os lados. Porque lutar contra a

carne e o sangue não somente será inútil, mas

altamente pernicioso. Devemos ir direto para o Inimigo, que nos ataca e fere na sua ocultação, -

que mata antes que ele apareça.

Mas voltemos a Paulo. Ele descreve nosso inimigo de modo tão formidável, não para nos oprimir com medo, mas para acelerar nossa

diligência e zelo; pois não há um meio termo

para ser observado. Quando o inimigo é

negligenciado, ele faz o seu melhor para nos oprimir com preguiça, e depois nos desarmar

pelo terror; de modo que, antes que a batalha

comece, estejamos vencidos. Ao falar do poder

do Inimigo, Paulo se empenha para nos manter mais alertas. Ele já tinha lhe chamado de diabo,

mas agora emprega uma variedade de epítetos,

para fazer o leitor entender que este não é um

inimigo que pode ser desprezado de forma segura.

“Contra os principados, contra as potestades”. Ainda, seu objetivo em produzir alarme não é

123

para nos encher de espanto, mas para nos

estimular à cautela. Ele os chama

κοσμοκράτορας, isto é, os príncipes do mundo;

mas ele se explica mais plenamente, acrescentando – do mundo de trevas. O diabo

reina no mundo, porque o mundo não é nada

mais do que trevas. Daí segue-se que a corrupção do mundo dá lugar ao reino do diabo;

porque ele não poderia residir em uma criatura

pura e reta de Deus, senão em tudo que surge do

pecado dos homens. Porque a escuridão, é quase desnecessário dizer, está destinada à

incredulidade e à ignorância de Deus, com as

consequências que elas carregam. Assim, por

estar o mundo inteiro coberto com as trevas, o diabo é chamado de "o príncipe deste mundo."

(João 14.30).

Por chamar isto a maldade, ele denota a malignidade e a crueldade do diabo, e, ao mesmo tempo, lembra-nos que o maior cuidado

é necessário para impedi-lo de ganhar uma

vantagem. Pela mesma razão, o epíteto

“espirituais” é aplicado; porque, quando o inimigo está invisível, o nosso risco é maior. Há

ênfase, também, na frase, nos lugares celestiais;

porque a esfera elevada em que o ataque é feito

nos dá maior problema e dificuldade.

Um argumento retirado desta passagem pelos maniqueístas, para apoiar a sua noção selvagem

de dois princípios, é facilmente refutada. Eles

124

supõem que o diabo é (ἀντίθεον), uma divindade

antagonista, a quem o Deus justo não poderia

subjugar sem grande esforço. Porque Paulo não

atribui aos demônios um principado, do qual eles se apoderam, sem o consentimento, e que

mantêm, apesar da oposição do Ser Divino, -

senão um principado que, como a Escritura afirma em toda parte, Deus, em justo juízo, os

colocou sobre os ímpios. A indagação não é o

poder que eles têm em oposição a Deus, mas até

onde eles deveriam excitar nossa vigilância, e nos manter em guarda. Também não é dado

qualquer espaço aqui à crença, que o diabo tem

formado e mantido para si mesmo, a região

média do ar. Paulo não lhes atribui um território fixo, que eles podem chamar de seu, mas apenas

dá a entender que eles estão envolvidos em

hostilidades, e ocupam um posto elevado.

v. 13 – “Portanto, tomai”. Embora o nosso inimigo seja assim tão poderoso, Paulo não infere que devemos jogar fora nossas lanças,

mas que devemos preparar as nossas mentes

para a batalha. A promessa de vitória está, de

fato, envolvida na exortação, “para que sejais capazes”. Se nós somente colocarmos toda a

armadura de Deus e lutarmos bravamente até o

fim, vamos certamente prevalecer. Em qualquer

outra hipótese, seríamos desencorajados pelo número e variedade dos conflitos; e, portanto,

ele acrescenta, “no dia mau”. Por esta expressão

ele os desperta para a segurança, os convida a se

125

prepararem para os conflitos difíceis, dolorosos

e perigosos, e, ao mesmo tempo, os anima com

a esperança de vitória; porque no meio dos

maiores perigos eles estarão seguros. “E, havendo feito tudo”. Eles são, portanto,

dirigidos a acalentar confiança através de todo o

curso da vida. Não haverá perigo que não possa ser enfrentado com sucesso pelo poder de Deus;

nem haverá qualquer pessoa que, com esta

ajuda, lute contra Satanás, e falhe no dia da

batalha.

Por João Calvino - traduzido pelo Pr Silvio Dutra.

126

Cura de Deus para a Fraqueza do Homem

(Nota do tradutor: Ainda não li e traduzi o

sermão, enquanto escrevo esta nota, porque procurei um título, que se adequasse ao meu

intento de discorrer sobre o poder e a força da

graça de Jesus para vencer toda sorte de

tentação para o pecado, e para suplantar qualquer tipo de fraqueza latente de nossa

natureza terrena. O ponto que pretendo enfocar

é o de que somente por um andar no Espírito, que conduz, pela graça, nossa alma ao bom

almejado estado de santificação, que podemos

viver em paz com nossas consciências e livrados

dos terrores produzidos pelo viver segundo a carne e não segundo o Espírito. Há paz para o

coração santificado, e o livramento da condição

de miséria espiritual de sujeição ao poder do

pecado para todo aquele que é guiado diariamente pela Lei do Espírito de vida em

Cristo Jesus, mediante a fé.)

"Da fraqueza tiraram forças." (Hebreus 11.34)

Há alguns tipos de fraqueza que não são pecaminosos. Em referência a esses pontos

fracos pode ser, depois de suplicar ao Senhor até

três vezes para removê-los - que para o nosso

bem, eles devem permanecer por algum tempo. Em seguida, será nosso Deus gracioso em nos

dar, em vez de remover a fraqueza, esta

resposta: "Minha graça é suficiente para você."

127

Este é um caso de, em se tirar força da fraqueza, e há muitos dos santos de Deus que a

experimentam diariamente por um abençoado

privilégio. Eles são fracos, e continuam fracos. Eles têm enfermidades que uma vez quiseram

ver removidas, mas que agora eles se contentam

em ter, porque são da mesma mente do Apóstolo - eles se gloriam em suas fraquezas,

porque quando são fracos então é que são fortes.

Mas, queridos amigos, há um outro tipo de fraqueza que é pecaminoso – uma fraqueza que não brota da natureza, mas da natureza decaída

- não pelo desígnio de Deus, mas de nossa

pecaminosidade. E disso deveríamos ter o

desejo de nos livrar. Não podemos orar pedindo força na fraqueza pecaminosa, mas devemos

sinceramente suplicar por forças para sair dela

e de sermos feitos fortes pela graça para poder

vencê-la. Isto parece-me ser a bênção especial relativa à fé é citada no texto, "da fraqueza

tiraram forças."

É o privilégio inestimável de muitos cristãos serem fortes na fraqueza, quando o ponto fraco

é apenas uma enfermidade, mas é um dom

precioso igualmente serem feitos fortes na

fraqueza quando esta fraqueza é de um tipo pecaminoso, que nos torna suscetíveis à

inclinação para determinados tipos de pecados,

quer pelo desejo, quer pela sua prática.

128

Olhando em volta da Igreja em geral, com um olho tão imparcial quanto pudermos, tememos

que a maior parte é hoje comparável a uma

enorme enfermaria, em vez de um campo preenchido com bravos soldados. Tanto

pastores e membros privados da Igreja são

muito geralmente fracos em uma maneira ou outra. Eles estão vivendo, mas são doentes. Eles

estão trabalhando para Deus, mas eles estão

trabalhando de forma fraca, ineficiente, na

energia da carne.

Eu desejo neste dia falar com aqueles que são fracos – fracos onde eles não deveriam ser - e

que sentem uma tendência crescente para se

contentar com essa fraqueza. Gostaria de incitar aqueles que estão começando a imaginar que

fraqueza é o estado normal e adequada de um

cristão - que, ser incrédulo, desalentado,

nervoso, tímido, covarde, inativo, sem coração, na pior das hipóteses é uma coisa muito

desculpável. Eu quero, se Deus quiser, mostrar

aos pecaminosamente fracos que sua condição

não é boa em todos os aspectos.

Eu quero mostrar que é necessária uma operação da fé para nos tirar disso – de modo a

nos livrarmos da nossa fraqueza e sermos tornados fortes pela graça, invertendo nossa

condição atual, de modo a permitir-nos que

sejamos poderosos na obra de Deus.

129

Uma vez que o texto ensina que a fé é a grande cura para a fraqueza espiritual, eu devo, em

primeiro lugar, citar alguns casos de cura.

Depois analisar o remédio. E em terceiro lugar me esforçarei para administrá-lo, e em quarto

lugar, direi uma palavra de louvor ao Médico

que o prescreveu.

Nos tempos apostólicos foi pela fé que muitas doenças foram curadas pelo toque de cura dos Apóstolos. Esse poder de cura, provavelmente,

tornou-se extinto, ou jaz adormecido na Igreja -

mas ainda existem indicações de que a fé tem

poder nessa direção. Não posso deixar de pensar que, quando John Wickliffe, erguendo-se no seu

leito de enfermidade, disse aos monges que o

cercaram, esperando que ele morresse e

tentando-o a se retratar, "eu não morrerei, mas viverei para declarar os atos perversos dos

monges" - não podemos deixar de pensar que

sua fé teve muito a ver com sua cura.

Esses casos maravilhosos gravados na vida de Dorothea Trudel de Zurique indicam o poder

singular da fé para ajudar na cura do corpo por sua influência calmante sobre a mente.

Que mulher admirável, que se tornou a fundadora de um hospital em que curas foram

operadas principalmente pelos meios da oração

e da fé.

130

Que a fé fortalece os homens cristãos foi provado muitas vezes na história da Igreja de

Deus. A fraqueza da Igreja brota

principalmente a partir de uma falta de fé no seu Deus e na revelação que Deus lhe confiou.

Quando os homens acreditam intensamente e agem vigorosamente. E quando os seus

princípios penetram suas próprias almas e tornam-se preciosos para eles como a própria

vida, então nenhum sofrimento é muito grave,

nenhuma tarefa é muito trabalhosa, e nenhum

conflito muito heroico. Eles vão enfrentar impossibilidades – rir-se-ão delas e as superarão

- uma vez que sabem com certeza que os

princípios nos quais eles se fundamentam são

certamente de Deus.

Esta parece-me ser a grande obra que Lutero fez em seus dias sob o poder do Espírito Santo de

Deus. Ele trouxe de volta a Igreja à sua força

espiritual.

Veja um homem como ele entrando em Worms, desafiando uma série de demônios,

embora eles fossem tantos quanto as telhas nos

telhados das casas! Veja-o levantando-se na Dieta de Worms e alegando que ele não podia se

retratar em relação à verdade evangélica que

havia pregado e ensinado!

131

Veja como Deus usou Whitfield e Wesley para restauração da fé em seus dias. Eles estavam tão

cheios do Espírito de Deus, e poderiam vê-Lo tão

claramente em todos os lugares no trabalho, que eles não sentiam necessidade de provar o

que outros homens estavam discutindo sobre

se as Escrituras eram divinamente inspiradas ou não.

Os seguidores de Whitfield e Wesley, em vez de provarem com desconfiança e pedindo

desculpas pelo Evangelho com tibieza, vinham

adiante afirmando, "assim e assim disse o

Senhor."

Irmãos, nossas Igrejas devem voltar para a antiga fé e se vocês não acreditam nos artigos de

sua fé, rejeitem-nos e não sejam crentes falsos.

Se as doutrinas que vocês professam são, de

fato, verdadeiras, peguem-nas gravem-nas em suas almas e consciências. Tenham fé em Deus

e na Verdade - que a verdade de Deus não pode

ser destruída, nem Deus derrotado.

O que foi provado ser verdadeiro em maior escala tem sido verdade em todas as demais instâncias. Por exemplo, a fraqueza da natureza

humana depravada sempre ocupa lugar antes

que a energia da fé do Espírito opere em nós.

O pecador, despertado em sua fraqueza, suspira dolentemente:

132

"Eu gostaria, mas não posso louvar,

Eu gostaria, mas não posso orar.

Eu gostaria, mas não posso romper os laços do pecado.

Eu gostaria, mas não posso quebrantar o meu coração

e suavizá-lo em penitência.”

Quando o pecador é dirigido para a Cruz e trata de confiar a si mesmo a Jesus - vendo o sangue

aspergido e a justiça operando - então o homem pode orar, pode cantar, pode se quebrantar em

penitência ou pode se elevar em chamas de

amor!

A incapacidade da natureza humana é instrumentalmente removida pela energia da

fé. Foi por crer que você se tornou forte. Se você tivesse continuado confiando em sua própria

capacidade de vencer a tentação, ou confiando

em suas obras, permaneceria se sentindo fraco

para sempre - mas quando você olhou para fora de si mesmo para Cristo e confiou nele então a

Sua força veio para você! O mesmo é verdade em

relação à fraqueza espiritual posterior que

ocorre após a conversão. Cristãos que estão vivos para Deus, e são dotados com um pouco de

força Divina, são atacados às vezes com um

declínio espiritual universal. Assim como às

133

vezes vemos uma pessoa forte e saudável

empalidecendo e desmaiando, perder o apetite

e cair na doença.

Eles não perdem a vida, mas eles perdem toda a sua energia e tornam-se apáticos, sem vida e

cheios de inquietações e temores. Em seguida,

eles mal podem andar, e muito menos agir. Tais pessoas vão testemunhar que a única maneira

de recuperar sua força é pela fé. Eles devem vir

novamente para os primeiros princípios e

confiar suas almas de novo a Jesus - acreditando mais uma vez com uma novidade de energia nas

antigas doutrinas do Evangelho! Eles devem ir a

Deus como a um verdadeiro Deus na oração de

fé e, em seguida, eles não vão ficar por muito tempo fracos.

Outra fraqueza comum entre os cristãos é a timidez. A modéstia é bonita, mas pode se

degenerar em covardia. É bom ser humilde – mas nunca é bom ser fraco e temeroso. Alguns

estão sempre com medo. Não se atrevem a

tentar isso e não se atrevem a tentar aquilo. E se

acontecer de serem colocados num ofício no qual eles possam influenciar os outros por seus

conselhos, eles são oficiais chocantemente

ruins, porque eles estão sempre mantendo a

Igreja debaixo de um espírito de medo da derrota. O que é uma cura certa para a timidez?

Fé - a crença na Verdade de Deus, no Seu poder

invisível.

134

A impaciência, também – a murmuração impaciente - é outra forma de fraqueza cristã

pela qual não devemos esperar que sejamos

feitos fortes na graça divina, mas devemos implorar por graça para sair dela.

Irmãos e irmãs, se tivéssemos mais fé em Deus que Ele faz tudo cooperar para o bem daqueles

que O amam, não ficaríamos tão impacientes!

Consideremos agora o remédio da fé. Um dos primeiros ingredientes do remédio da fé é um sentimento de direito. Todo mundo admite que,

quando um homem é certo que o direito está do

seu lado, ele encontra força nessa crença. Há

verdade no velho ditado que "uma boa consciência é a melhor armadura."

Um homem que não pode argumentar, mas que sabe que ele está certo, de alguma forma ou de

outra permanece firme. Ele diz: "meu adversário

tem mais inteligência do que eu. Ele entende de

lógica melhor do que eu, mas eu sei que eu estou certo." E saber que você está certo

necessariamente lhe dá força. A fé é uma crença

na justeza daquilo que Deus revela, uma confiança em Sua verdade. E quem não sabe que

um homem que crê, por isso, torna-se forte?

Um segundo ingrediente é a autoridade celestial. Todo mundo sabe que um homem que

é naturalmente fraco frequentemente atuará

135

muito bravamente quando ele tem autoridade

para apoiá-lo.

Um homem, portanto, consciente de que ele tem uma missão do Céu, não pode ser medroso!

Ele deve ser poderoso! E quando a pessoa sente,

além disso que o decreto de Deus o nomeia para

realizar um determinado fim. Que a promessa declara que ele deve ter êxito. E que a partir da

eterna natureza da verdade não pode sustentar

a derrota - então certamente ele permanece

inabalável no meio das ondas e ele não pode vacilar! Ele lança todos os pensamentos de

medo aos ventos.

Misturado com isso está a consciência da

companhia celestial que faz o crente corajoso. O cristão sente que ele tem a companhia do seu

Deus e Salvador. O nome de Jesus é "Emanuel,

Deus conosco." O melhor de tudo é Deus estar conosco. Se nós sofremos, Jesus sofre em um de

seus membros. Se somos caluniados e

reprovados por causa de Jesus, é a Cruz de

Cristo, que nós estamos carregando, e Jesus a carrega conosco.

Além de tudo isso a fé tem uma expectativa de ajuda sobrenatural. A fé ouve as rodas da

Providência que trabalham em seu nome. O cristão, não na imaginação, mas na verdade

espiritual, pode ouvir as asas dos anjos voando

para o resgate da Verdade Divina. Deus trabalha

136

para o Seu povo. O mal Ele dificulta e restringe.

O bem Ele vivifica e se multiplica.

Eu não devo omitir um ingrediente poderoso no remédio da vida de fé - a perspectiva de

recompensa final. A fé sussurra para si mesma,

"Eu posso cair, mas eu ressuscitarei." Ela sabe que, no final, ela não pode, não deve, cair - que

ela deve vencer! Quando um homem teme a

derrota ele, provavelmente, a traz para si, porque o seu medo a pressagia. Mas quando um

homem não sabe como ser derrotado, os

pequenos desastres mesquinhos contribuem

para a sua vitória final.

A fé vê o invisível e contempla a substância daquilo que ainda está longe. A fé crê em Deus - um Deus presente poderoso pleno de amor e de

sabedoria efetuando Seus decretos - realizando

seus propósitos, cumprindo Suas promessas,

glorificando o Seu Filho. A fé crê no sangue de Jesus, na redenção eficaz na cruz sangrenta. Ela

acredita no poder do Espírito Santo! A fé

apreende a realidade da Bíblia - ela não olha para

ela como um sepulcro com uma pedra colocado sobre a mesma - mas como templo no qual

Cristo reina, como um palácio de marfim do

qual ele vem cavalgando no seu carro, vencendo

e para vencer.

137

A fé não acredita que o Evangelho seja um pergaminho desgastado, para ser enrolado e

guardado. Ela acredita que o Evangelho, em vez

de estar na sua senilidade, está em sua juventude! A fé não faz fugir da luta - ela anseia

por isso, porque ela prevê a vitória.

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio

Dutra.

138

“Mas os que esperam no SENHOR

renovam as suas forças...” (Is 40.31)

“mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias,

correm e não se cansam, caminham e não se

fatigam.” (Isaías 40.31)

“Mas os que esperam por Jeová”. Os escritores hebreus empregam a frase, "trocam a força",

para denotar "reunir novas forças", e, portanto, "que está sendo restaurado". O Profeta, assim,

mostra que as pessoas tementes a Deus, que

esperam em Deus, não serão deficientes em

força; e ele confirma o que disse anteriormente, "na confiança, a vossa força" (Is 30.15).

Não devemos nos agitar, ou nos mover

precipitadamente, mas "esperar"

pacientemente. Nesta passagem, portanto,

esperar significa nada mais do que paciência. Os

homens violentos se despedaçam por sua própria vontade, mas o vigor de homens

piedosos, embora tenha menos exposição, e

muitas vezes parece estar enterrado enquanto

eles calmamente "esperam" a ajuda de Deus, é renovado. Devemos, portanto, voltar à palavra

de Paulo, que "O poder de Deus se aperfeiçoa na

fraqueza." (2 Cor 12.9).

139

Devemos, portanto, estar plenamente convencidos da nossa fraqueza, para que

possamos nos render ao poder de Deus. Os

judeus, que foram oprimidos por aquele cativeiro cruel, tinham grande necessidade

desta doutrina; mas nós também, durante esta

condição miseravelmente ruinosa da Igreja, é muito necessário.

“Eles levantarão suas asas como águias”. Acredita-se que o profeta usa esta frase, no

mesmo sentido que o salmista diz: "Tua

juventude será renovada como a da águia."

(Salmo 103.5).

É certo que a "águia" possui uma vida muito longa, em comparação com outras aves.

Aristóteles e Plínio afirmam que nunca morre de velhice, mas de fome; isto é, que quando a

parte superior do bico se torna demasiado

grande, ela não pode levar o alimento para

dentro da boca, e por um longo período de tempo subsiste inteiramente com o que bebe.

O Profeta quer dizer que os que confiam no Senhor serão vigorosos, como águias, até a mais

avançada velhice. Mas vendo que as águias

voam mais alto do que outras aves, pelo que mostram uma rapidez notável, isto também deu

origem ao provérbio: "Uma águia entre as

nuvens", esta passagem pode ser entendida para

140

designar não apenas uma vida longa, mas

também força e agilidade; de modo que Isaías,

depois de ter revelado que a sua força é

recrutada, acrescenta que eles são mais vigorosos, e sobem a uma grande altura. Essa é

também a importância do que se segue:

“Eles correrão e não se cansarão”. É como se ele tivesse dito, que o Senhor vai ajudá-los, para que

possam prosseguir a sua jornada, sem qualquer

molestação. É uma expressão figurativa, em que

ele sugere que os crentes estarão sempre prontos para cumprirem seu dever com alegria.

Mas será dito: "Há tantos problemas que temos

de suportar nesta vida; como, então, ele diz que

estamos isentos de cansaço?", eu respondo, os crentes são de fato angustiados e ficam

cansados, mas eles são livrados de suas

angústias, e sinto que eles têm sido restaurados

pelo poder de Deus; para que lhes suceda conforme a palavra de Paulo: "Em tudo somos

atribulados, porém não angustiados; perplexos,

porém não desanimados; perseguidos, porém

não desamparados; abatidos, porém não destruídos;” (2 Cor 4.8,9).

Vamos, portanto, aprender a fugir para o Senhor, que, depois de termos encontrado

muitas tempestades, seremos amplamente conduzidos ao porto; por Aquele que tem aberto

um caminho, e nos ordenado a avançar nesse

curso em que ele nos colocou, não tem a

141

intenção de ajudar-nos apenas por um único

dia, e nos abandonar no meio da nossa jornada

(Filipenses 1.6), mas nos conduzirá para o alvo

final.

Por João Calvino - traduzido e adaptado por Silvio Dutra.

142

O Senhor Pelejará por nós se Tivermos Fé

“18 Dos filhos de Rúben, dos gaditas e da meia

tribo de Manassés, homens valentes, que

traziam escudo e espada, entesavam o arco e eram destros na guerra, houve quarenta e

quatro mil setecentos e sessenta, capazes de sair

a combate.

19 Fizeram guerra aos hagarenos, como a Jetur, a Nafis e a Nodabe.

20 Foram ajudados contra eles, e os hagarenos e todos quantos estavam com eles foram entregues nas suas mãos; porque, na peleja,

clamaram a Deus, que lhes deu ouvidos,

porquanto confiaram nele.

21 Levaram o gado deles: cinquenta mil camelos, duzentas e cinquenta mil ovelhas, dois mil jumentos; e cem mil pessoas.

22 Porque muitos caíram feridos à espada, pois de Deus era a peleja; e habitaram no lugar deles

até ao exílio.” (I Crôn 5.18-22)

Este texto de I Crôn 5.18-22 foi escrito depois que os judeus retornaram do cativeiro em Babilônia

em 537 a. C, e a narrativa que ele contém se refere a uma vitória obtida pelas tribos de

Rúben, Gade e Manassés, que habitavam a

Transjordânia, contra os descendentes de

143

Hagar, ou seja, os hagarenos, especialmente

contra os descendentes de seu filho Ismael, o

qual ela tivera de Abraão, cujos nomes eram

Jetur e Nafis, e que haviam dado origem a estas poderosas nações que levavam os seus nomes.

O que dele aprendemos é principalmente que a batalha que temos que lutar contra os

principados e potestades para a conquista da

Canaã celestial, pertence ao Senhor e não a nós, porque o poder é do Senhor. Nossa capacidade e

força vêm da nossa confiança nEle, e serão tanto

maiores quanto maior for a confiança que

depositarmos em Deus.

É dito expressamente no verso 22 do nosso texto que era do Senhor a peleja que os rubenitas,

gaditas e manassitas empreenderam em seus

dias.

E no verso 21 está registrado que eles despojaram o inimigo dos bens que ele vinha

mantendo em sua posse. E tal como eles, também o despojaremos se lutarmos contra ele,

e se formos ajudados por Deus quando

clamarmos a Ele por socorro, confiando somente nEle, como se afirma no verso 20.

E dos versos 18 e 19 podemos aprender que esta guerra contra as forças do Inimigo deve ser feita

quando formos capazes de sair em combate, por

sabermos manejar bem a espada e o arco, tal

144

como os israelitas citados no texto de I Crônicas

3, os quais representavam a arma ofensiva de

guerra que é dada por Deus aos cristãos, a saber,

a espada do Espírito Santo, que é a Sua Palavra.

Todos os cristãos estão portanto envolvidos numa grande guerra de fé, à qual Paulo se refere como sendo o bom combate da fé contra os

principados e potestades do mal.

A Bíblia está repleta de narrativas relativas às vitórias que o Senhor deu a Israel quando eles

confiavam nEle e Lhe clamavam por socorro nas

batalhas contra os seus inimigos. E vemos isto claramente, como por exemplo, no Salmo 124

que citaremos a seguir:

“1 Não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado, Israel que o diga;

2 não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós,

3 e nos teriam engolido vivos, quando a sua ira se acendeu contra nós;

4 as águas nos teriam submergido, e sobre a nossa alma teria passado a torrente;

5 águas impetuosas teriam passado sobre a nossa alma.

145

6 Bendito o SENHOR, que não nos deu por presa aos dentes deles.

7 Salvou-se a nossa alma, como um pássaro do laço dos passarinheiros; quebrou-se o laço, e

nós nos vimos livres.

8 O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra.” (Salmo 124)

146

Fortifica-me Oh Senhor!

Livra-me do meu abatimento Senhor,

Quero orar, pregar, ensinar, escrever,

Para o meu próximo ser abençoado por Ti,

Por meio do que me inspirares a dizer.

Fortifica-me com a Tua graça Jesus

Porque sem ela nada posso fazer,

Se me faltarem o ânimo, e a unção

Que vêm do Teu óleo de alegria.

Sem a força da Tua graça

Sou como um morto, um desvalido,

Incapaz de pronunciar uma só palavra.

Não tenho o direito de gastar a vida em nada

Por me sentir detido por minhas aflições

E por todo o abatimento de minha alma.

Não importam os motivos que me atribulem

147

Porque tudo quando importa é a Tua graça...

Gerando vida onde existe a morte.

Pois serão, todas as nossas dores presentes,

Plenamente compensadas na eternidade.