a fobópole segundo marcelo lopes de souza

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A fobópole segundo Marcelo Lopes de Souza Às segundas-feiras, o blog publica entrevistas com escritores, editores, acadêmicos e outros personagens do universo literário. Hoje, o professor da UFRJ Marcelo Lopes de Souza fala sobre seu recém lançado livro "Fobópole - O medo generalizado e a militarização da questão urbana" (Bertrand Brasil), em que discute a transformação das cidades em espaços caracterizados pelo medo generalizado, e as conseqüências disso para as políticas urbanas. Quais são os elementos que contribuem para que a experiência urbana hoje seja caracterizada pelo medo? E quais são as conseqüências disso? Ao combinar dois elementos de composição para formar a palavra “fobópole” a palavra phobos, que quer dizer “medo” em grego, e outra palavra grega,polis, que significa “cidade” −, tentei exprimir, sinteticamente, a imagem de uma cidade na qual o medo e a percepção do crescente risco, no que se refere à segurança pública, assumem uma posição cada vez mais proeminente nas conversas cotidianas, nos noticiários da grande imprensa etc. Além do mais, a “fobopolização”, isto é, a urbanização marcada pelo medo, se relaciona com vários fenômenos, sejam de tipo defensivo, preventivo ou puramente repressor, levados a efeito pelo Estado ou até mesmo pela sociedade civil. A “fobopolização” pode ser particularmente bem observada em grandes cidades e metrópoles da chamada semiperiferia, como na Cidade do México, no Rio de Janeiro, em São Paulo e Joanesburgo; entretanto, ela é, no fundo, um fenômeno que se inscreve em escala planetária. Muito embora cada país e cada cidade tenha suas especificidades por razões econômicas, culturais e de trajetória histórica, não se trata de algo restrito a somente alguns países. Note-se que, em Los Angeles e em outras tantas cidades do EUA, violência e medo há muito tempo fazem parte do cotidiano. E, como vários acontecimentos nos arredores de Paris e em outras cidades européias mostraram nos últimos anos, nem mesmo a relativamente mais tranqüila Europa Ocidental está completamente imune ao problema, ao menos em parte.

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Page 1: A fobópole segundo Marcelo Lopes de Souza

A fobópole segundo Marcelo Lopes de Souza

Às segundas-feiras, o blog publica entrevistas

com escritores, editores, acadêmicos e outros personagens do universo literário.

Hoje, o professor da UFRJ Marcelo Lopes de Souza fala sobre seu recém lançado

livro "Fobópole - O medo generalizado e a militarização da questão urbana"

(Bertrand Brasil), em que discute a transformação das cidades em espaços

caracterizados pelo medo generalizado, e as conseqüências disso para as políticas

urbanas.

Quais são os elementos que contribuem para que a experiência urbana

hoje seja caracterizada pelo medo? E quais são as conseqüências disso?

Ao combinar dois elementos de composição para formar a palavra “fobópole”  −  a

palavra phobos, que quer dizer “medo” em grego, e outra palavra grega,polis, que

significa “cidade”  −, tentei exprimir, sinteticamente, a imagem de uma cidade na

qual o medo e a percepção do crescente risco, no que se refere à segurança

pública, assumem uma posição cada vez mais proeminente nas conversas

cotidianas, nos noticiários da grande imprensa etc. Além do mais, a

“fobopolização”, isto é, a urbanização marcada pelo medo, se relaciona com vários

fenômenos, sejam de tipo defensivo, preventivo ou puramente repressor, levados a

efeito pelo Estado ou até mesmo pela sociedade civil.

A “fobopolização” pode ser particularmente bem observada em grandes cidades e

metrópoles da chamada semiperiferia, como na Cidade do México, no Rio de

Janeiro, em São Paulo e Joanesburgo; entretanto, ela é, no fundo, um fenômeno que

se inscreve em escala planetária. Muito embora cada país e cada cidade tenha suas

especificidades por razões econômicas, culturais e de trajetória histórica, não se

trata de algo restrito a somente alguns países. Note-se que, em Los Angeles e em

outras tantas cidades do EUA, violência e medo há muito tempo fazem parte do

cotidiano. E, como vários acontecimentos nos arredores de Paris e em outras

cidades européias mostraram nos últimos anos, nem mesmo a relativamente mais

tranqüila Europa Ocidental está completamente imune ao problema, ao menos em

parte.

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Foto de André Teixeira

Busco, em meu livro, chamar a atenção

para o fato de que o modelo social capitalista produz maciça e crescentemente

“fatores de estímulo” a diversos tipos de violência (note-se que não me refiro

somente a desigualdades materiais, que se associam muitas vezes a sentimentos

de revolta e frustração por parte daqueles que não podem consumir, mas também

à desregulamentação do sistema financeiro e às facilidades para a “lavagem” de

“dinheiro sujo”, ao estresse e a psicopatologias diversas associadas aos ritmos e

modos de vida, entre outros fatores). Por outro lado, esse modelo social, ao mesmo

tempo que cria essas condições, se mostra extremamente incapaz de enfrentá-las

com eficácia, de uma maneira que, no longo prazo, consiga conciliar segurança

com justiça social e liberdade.

É possível constatar que a ciranda da violência tende, no geral e no longo prazo, a

se agravar, a despeito de avanços conjunturais aqui e ali  –  e a principal resposta

do Estado, das elites e da classe média, diante disso, tem sido uma mistura de

“contenção social” (por meio da repressão ou de medidas de “inclusão” puramente

paliativas) e escapismo (“condomínios exclusivos”, cercas eletrificadas, segurança

particular etc.).

 

Como isso tem alterado as políticas urbanas em diferentes regiões do

planeta?

É preciso que se diga, antes de responder diretamente a esta pergunta, que, diante

do quadro complexo que temos diante de nós, o mundo acadêmico tem,

infelizmente, oferecido uma contribuição qualitativamente insatisfatória. Ele precisa

superar alguns gargalos, caso queira oferecer uma contribuição que vá além de

diagnósticos muito parciais e de sugestões de “terapia” extremamente

incompletas.

Em meu livro, procuro articular preocupações e campos temáticos que, via de

regra, se acham desarticulados, ignorando-se mutuamente. Vou citar dois exemplos

de parcialismos condicionados pela divisão do trabalho acadêmico e por tradições

específicas dentro de cada disciplina, e às vezes também por preconceitos de

natureza ideológica:

1) Quem estuda segurança pública não se ocupa de planejamento urbano, de

economia urbana etc.; são, geralmente, sociólogos e juristas, que preferem

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concentrar-se, no plano do diagnóstico e da terapia, em temas relativos às

instituições policiais e prisionais, à legislação penal etc.

2) Quem estuda segurança pública o faz quase sempre a partir da ótica do Estado,

negligenciando os problemas e o papel dos movimentos sociais.

Foto de Gabriel de Paiva

Ora, encarar o desafio da violência exclusivamente como uma tarefa para o

aparelho de Estado, e ainda por cima privilegiando um receituário de tipo

institucional, que vai do aprimoramento da polícia à reforma do sistema penal e

prisional, implica amesquinhar demasiadamente os termos do debate  −  e é claro

que isso também influencia as políticas públicas. Venho tentando mostrar que tanto

o diagnóstico quanto as propostas de solução precisam estar mais atentos para a

realidade, que é muito mais complexa do que a maior parte das contribuições

acadêmicas costuma sugerir.

As respostas do Estado são insuficientes e parciais. E pior ainda: não raro,

contribuem antes para agravar os problemas do que para superá-los. Estratégias

como a “tolerância zero” (zero tolerance), que se difundiu a partir da experiência de

Nova Iorque, podem até ser parcialmente eficazes durante um certo tempo, no que

se refere a baixar alguns índices de crimes violentos. Mas o fôlego desse tipo de

estratégia é curto. Pode-se até garantir, pela via da intimidação, da disciplina e do

controle, uma diminuição dos níveis de violência manifesta, mas sem eliminar os

fatores que fazem com que a violência latente permaneça e se amplie. Isso é, no

mínimo, perverso, porque, na realidade, caso a combinação de repressão e

“prevenção” tenha certa eficácia, pode-se até conseguir um certo “apaziguamento”

aparente, mas ao preço de reprimir demandas legítimas, de alienar ainda mais as

pessoas e de adiar a explosão da “bomba-relógio” com a qual temos de conviver.

É claro que as ações do Estado não se restringem apenas a medidas repressivas;

tem havido, mesmo no Brasil, aqui e ali, nos últimos anos, alguns pequenos

avanços, no sentido de dar prioridade a medidas de tipo “preventivo”, como o

chamado “policiamento comunitário”, que vem sendo implementado com um certo

sucesso em diversos países. Há, também, inclusive no Brasil, alguns programas que

integram medidas típicas de segurança pública (em sentido restrito) com outros

tipos de ações, como o programa “Fica Vivo”, de Belo Horizonte. No entanto, além

da falta de consistência com que coisas tais como “policiamento comunitário” são

muitas vezes implementadas no Brasil e em outros países da (semi)periferia, há o

fato de que, de qualquer maneira, a “prevenção” é, quase sempre, pensada antes

de mais nada em termos institucionais, sejam policiais ou penais (por exemplo,

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melhorar o desempenho da polícia e do Judiciário). Ora, isso é o que eu denominei

“estratégia de contenção social”, a qual até pode colaborar para uma certa

“estabilidade sociopolítica”, para o bem de moradores aquinhoados e investidores,

mas não muito mais do que isso. Nesse sentido, o “policiamento comunitário”, tal

como é usualmente pensado, de fato representa uma estratégia menos

conservadora que programas no estilo “tolerância zero”, mas não chega a

representar alguma coisasubstancialmente diferente.

Há, também, “estratégias de contenção” de tipo ainda mais light que o próprio

“policiamento comunitário”... Penso em certas iniciativas como medidas

compensatórias chamadas de “inclusivas”, vale dizer, voltadas para a “inclusão”

por meio do esporte ou da música. Quero deixar claro que, em princípio, não tenho

nada contra políticas públicas que busquem oferecer oportunidades culturais e de

lazer aos pobres, especialmente as jovens pobres das favelas e periferias. No

entanto, restringir-se a ações no campo do esporte e da arte, sem que isso esteja

vinculado a debates e ações profundos e consistentes no que se refere à ampliação

da consciência de direitos e à geração de oportunidades de geração e melhoria

substanciais da renda, significa, a meu ver, cometer uma espécie de contrafação.

Não adianta propor “vamos tirar os meninos do tráfico” sem que sejam

inteligentemente discutidas as alternativas materiais que podem ser oferecidas.

Corremos o risco de produzir propostas simpáticas, porém inócuas; propostas

extremamente limitadas em seu alcance e que são, no frigir dos ovos, pouco mais

que “manobras diversionistas”.

 

Dentro desse contexto, existe alguma

particularidade na situação das regiões brasileiras?

O capitalismo contemporâneo, cada vez mais, gera em todas as pessoas

expectativas de consumo, sendo que, por outro lado, apenas uma pequena parcela,

em um país como o nosso, poderá satisfazer essas expectativas de consumo por

meios legais, no mercado. Se você tem um sistema que retroalimenta

incessantemente um imaginário segundo o qual “ser” é “ter”, e que para você “ser”

é necessário, acima de tudo, que você “tenha”, bombardeando os indivíduos com

necessidades reais ou pseudo-necessidades de ter tais e tais produtos, é inevitável

que muitos façam o que estiver ao seu alcance para satisfazer essas necessidades,

sejam elas menos ou mais “básicas”.

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É claro que não há uma relação linear e simplista entre pobreza (ou privação, ou

assimetrias estruturais de renda e poder), de um lado, e criminalidade violenta, de

outro. O que não quer dizer, no entanto, que não exista nenhuma relação, como

muita gente hoje em dia apregoa sem a menor inibição... Isso nos remete à questão

de que as responsabilidades do capitalismo contemporâneo não se vinculam a ele,

estreitamente, na qualidade apenas de um “modo de produção”, mas sim na

qualidade de ummodelo social e de um imaginário, que produz e reproduz valores e

comportamentos.

No Brasil, estamos diante de um país que acumula historicamente desigualdades

profundas (diferentemente, por exemplo, da Europa Ocidental e do Japão, para citar

os casos mais óbvios) e, ao mesmo tempo, se apresenta como profundamente

atravessado e modelado pelo imaginário capitalista, em larga medida como uma

espécie de versão semiperiférica da matriz ocidental-moderna, em que certos

valores culturais ou religiosos tradicionais se apresentam enfraquecidos ou não

conseguem (mais) desempenhar um papel de “freios”. Vale a pena comparar, a

esse respeito, o Brasil com a Índia, por exemplo: a pobreza, em uma cidade como

Calcutá, é incomparavelmente maior que em uma cidade como Rio de Janeiro,

Vitória ou São Paulo, mas isso não significa que a violência vinculada de algum

modo a motivações socioeconômicas (sobretudo crimes como roubo, latrocínio etc.)

seja maior lá  −  muito pelo contrário. Esse exemplo é um dos muitos que nos

ajudam a perceber que o contexto econômico-social é muito importante, sim, ao

menos no que se refere a certos tipos de delito (não a todos, evidentemente), mas

que o “papel mediador e de filtro” exercido pela cultura não pode jamais ser

esquecido ou colocado em segundo plano. E também a esse respeito, como todos

sabemos, existem grandes diferenças entre os países, não apenas no que se refere

ao nível de bem-estar material das pessoas.

E, já que enfatizei o papel da cultura, vale a pena reconectá-la fortemente com a

vida material e cotidiana e observar que a agressividade das pessoas  −  a qual,

obviamente, está longe de se limitar aos pobres!  −  é estimulada pelos modos e

ritmos de vida estressantes, pelos entretenimentos estupidificantes, e também

pela sensação de que nem todos são, na prática, iguais perante a lei (refiro-me à

síndrome do “você sabe com quem está falando?” e ao tratamento desigual entre

ricos e pobres no que se refere à polícia e ao sistema penal)…

 

Nos últimos anos, políticos do Rio de Janeiro têm rebatido reclamações

contra a insegurança no estado dizendo que a percepção de insegurança é

exagerada, em parte por causa de distorções da imprensa, e não

corresponde à situação real. O que você acha disso?

Foto de Berg Silva

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É preciso evitar o simplismo de achar que a mídia

simplesmente “fabrica” a violência. Esse tipo de acusação não pode servir de álibi

para administradores públicos incompetentes e desinteressados em resolver

adequadamente os problemas. É bem verdade que a mídia, muitas vezes, amplia,

distorce, filtra, seleciona e deforma, mas ela faz isso a partir de um material

fornecido pela própria realidade “objetiva”. O problema é que, como se discute há

muitos anos, existe uma diferença entre as taxas concretas de crimes violentos, de

um lado, e a percepção de insegurança, de outro. Muitas vezes há um certo

“descompasso”, pois o sentimento de insegurança pode crescer até bem mais

rapidamente que o aumento real de casos de criminalidade violenta, e aí o papel da

mídia, ampliando, simplificando e distorcendo, fica evidente.

Ocorre que o comportamento das pessoas é condicionado pela maneira como a

realidade é percebida por elas, e não por aquilo que a realidade “é”,

independentemente de sua percepção… (Lembremos que, para a sociedade, a

realidade é sempre uma realidade também construída intersubjetivamente, e não

somente “objetiva”.) A decisão de mudar-se para um “condomínio exclusivo” ou de

fugir para o interior é influenciada pelo “clima social”, o qual é modelado pelos

grandes meios de comunicação. O fato de haver uma hiperconcentração de meios

de comunicação no Rio de Janeiro e em São Paulo favorece uma exposição

desproporcional do que ocorre nessas cidades, em especial no Rio de Janeiro.

Quantos brasileiros sabem que as taxas de homicídios foram, em Recife, maiores do

que as taxas do Rio e de São Paulo, nas últimas décadas? Ou quantos sabem que

até mesmo Belo Horizonte e Vitória possuem taxas de homicídios que,

recentemente, já chegaram a ultrapassar aquelas das duas maiores cidades

brasileiras?

É claro que, no que se refere ao Rio de Janeiro, outro fator que colabora para a

hiperexposição da cidade é o próprio padrão de segregação residencial. No Rio, a

classe média que mora na Zona Sul escuta tiroteios e sofre constantemente com

balas perdidas, como recentemente aconteceu durante a “guerra” pelo controle dos

morros da Babilônia e do Chapéu Mangueira, no Leme. Em São Paulo, por exemplo,

há uma outra situação, porque a pobreza lá está muito mais concentrada na

periferia, de maneira que certas coisas só se tornam mais visíveis para a classe

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média através de episódios como as ondas de ataques deflagradas pelo PCC

(Primeiro Comando da Capital), as quais afetaram inclusive o Centro, perto da

classe média.

É preciso compreender que a mídia não “amplia”, “simplifica” e “deforma” somente

por incompetência e ignorância, muito embora isso também seja um fator a ser

considerado. É preciso voltar à questão anterior, a respeito da responsabilidade do

modelo social capitalista, e entender que estamos falando de empresas de

comunicação que alimentam e são alimentadas por um poderoso “mercado da

informação”. Informações sensacionalistas e simplificadas “vendem bem”; análises

mais profundas e críticas, muitas vezes, “não vendem tão bem”, só atingem uma

parcela pequena dos leitores, ouvintes ou espectadores  -  uma parcela mais

exigente e ainda não embrutecida. Um crime que atinge uma pessoa ou família de

classe média tem uma repercussão muito maior que um crime contra uma pessoa

ou uma família pobre -  e é nas áreas residenciais pobres, nas favelas e periferias,

que mais se mata e se morre, nas mãos de criminosos comuns, da polícia ou de

grupos de extermínio.

Temos, ao lado do “mercado da informação” e em estreita conexão com ele, o

“mercado da segurança” (que lucra produzindo armas, blindagem em carros,

“condomínios exclusivos”) e, finalmente, o sistema político-eleitoral, em que

candidatos cada vez mais exploram o medo com o objetivo de arregimentar

eleitores  -  seja o medo do terrorismo, como nos EUA, seja o medo da criminalidade

violenta ordinária, como no Brasil, no México etc. A sinergia produzida pela

interação do “mercado da informação” com o “mercado da segurança” e o sistema

político-eleitoral tem, cada vez mais, estimulado a insegurança e mesmo a violência

concreta, em vez de colaborar para superá-las.