a física dos movimentos através de vídeos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE FSICA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENSINO DE FSICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE FSICA
A FSICA DOS MOVIMENTOS ANALISADA A PARTIR DE VDEOS DOCOTIDIANO DO ALUNO: UMA PROPOSTA PARA A OITAVA SRIE
GILBERTO JOS CALLONI
Porto Alegre2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE FSICA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENSINO DE FSICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE FSICA
A FSICA DOS MOVIMENTOS ANALISADA A PARTIR DE VDEOS DO
COTIDIANO DO ALUNO: UMA PROPOSTA PARA A OITAVA SRIE
GILBERTO JOS CALLONI
Dissertao realizada sob a orientao daProfa. Dra. Rejane Maria Ribeiro Teixeira eco-orientao do Prof. Dr. Fernando Lang daSilveira e apresentada ao Instituto de Fsica daUFRGS em preenchimento parcial aosrequisitos para a obteno do grau de Mestreem Ensino de Fsica.
Porto Alegre2010
Trabalho parcialmente financiado pela Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES).
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AGRADECIMENTOS
Profa. Dra. Rejane Maria Ribeiro Teixeira, que me orientou na produo desta
dissertao, pela sua dedicao, competncia e pacincia.
Ao Prof. Dr. Fernando Lang da Silveira, co-orientador desta dissertao, por sua ajuda e
participao.
A minha esposa Claudia Detanico Calloni, pela sua compreenso e tolerncia nos
momentos mais difceis.
A Irm Renata Anelda Segat, diretora da Escola onde trabalho que permitiu e incentivou
minha participao no Mestrado.
A Ema Elisa Tessari Seidl, professora regente da disciplina de Cincias na oitava srie
que gentilmente aceitou e apoiou a idia de aplicar essa proposta pedaggica com suas
turmas.
A todos meus colegas de Mestrado e, em especial, ao amigo Felipe Damsio,
companheiro de todos os momentos.
Agradecimento especial ao meu pai Eligio Jlio Calloni, que sempre me apoiou e
ajudou nos meus estudos, falecido durante o Curso de Mestrado.
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RESUMO
Este trabalho prope introduzir contedos de Fsica, de modo a torn-los atrativos para alunosde 8 srie, atravs do estudo de situaes divertidas, como os movimentos presentes em
atividades esportivas e de lazer do seu cotidiano. Os movimentos foram filmados pelos alunosutilizando uma cmera fotogrfica digital e, aps, foi usado um programa de anlise deimagens (Tracker). A escolha dos temas a serem filmados e analisados partiu de sugestesdos prprios alunos em sala de aula, orientados pela professora de Cincias e pelo autor dessa
proposta de trabalho. As filmagens foram realizadas pelos alunos no ptio e no salo esportivoda escola; a anlise dos movimentos filmados e sua descrio foram realizadas no laboratriode informtica. A proposta foi aplicada no Colgio So Jos, de Caxias do Sul, RS, com cincoturmas de oitava srie na disciplina de Cincias, durante os meses de setembro a novembro de2008, inserindo as atividades paralelamente apresentao dos contedos. Todo materialdesenvolvido e utilizado nesta proposta foi disponibilizado, gradualmente, no decorrer de suaaplicao na pgina Web do Colgio. O planejamento e a execuo desta proposta foramembasados na teoria interacionista de Lev Vygotsky. Essa escolha se deu, principalmente,
pelos objetivos pretendidos neste trabalho que previam que os alunos trabalhassem em grupocom a mediao dos professores, proporcionando e estimulando o gosto por aprender. Aavaliao da proposta foi feita pelos alunos no final de sua aplicao atravs de umquestionrio de opinio. Segundo as respostas dos alunos, na medida em que atividades etecnologias do seu cotidiano so utilizadas nas aulas de Fsica, faz com que essas se tornemmais motivadoras e interessantes. O material instrucional produzido, acompanhado de umguia de informaes e orientaes ser publicado na srie Hipermdias de Apoio ao Professorde Fsica, onde sero descritos os objetivos, a justificativa e a metodologia utilizados, com ointuito de que possam ser aplicados por outros professores associados disciplina de Cinciasda 8 srie.
Palavras-chave: Ensino de Cincias na 8 srie; Fsica do cotidiano; Anlise grfica deimagens de movimentos; Teoria da interao social de L. Vygotsky; Programa Tracker.
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ABSTRACT
This work proposes an alternative introduction of 8 thgrade Physics school contents throughthe study of Kinematics concepts present, e.g., in the students' daily sporting and leisure
activities, in order to make these concepts more attractive and motivating to them. Thesituations have been registered in the schoolyard and gymnasium by the students themselvesusing a digital camera. The videoclips were then analyzed using an image analysis software(Tracker) in the school's computer laboratory. The subjects on the videoclips were selectedamong students' suggestions and assisted by the Science class teacher together with theauthor. The proposal has been carried out in Colgio So Jos, of Caxias do Sul, RS, with fivedifferent groups of 8thgraders during Science classes, from September to November of 2008,these activities being alternated with regular classes. All material developed and used in the
proposal was made available, during its application, on the School's Webpage. The planningand execution of this proposal are oriented along the social interaction theory of LevVygotsky. This choice is mainly motivated by the goal of promoting collaborative studentswork, intermediated by the teachers, providing and stimulating the taste for learning. Thestudents evaluated the work by its conclusion through an opinion questionnaire. According tothe students' answers to the questionnaire, when their daily activities were introduced in thePhysics classes making use of available technology through electronic and computer devices,the Physics learning was rendered more interesting and motivating. The instructional material
produced during the project application together with an information guide orienting other 8thgrade Science teachers on its application will be published in the series Hipermdias deApoio ao Professor de Fsica, where aims and methodology will also be described.
Keywords: 8thgrade science teaching; Everyday life's physics; Analysis of motions videos;L. Vygotsky social interaction theory; Tracker graphical analysis program.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 4.1: Foto da entrada principal do Colgio So Jos................................................... 24
Figura 4.2: O auditrio mostrado em (a) e em (b), a sala multimdia da escola................. 25
Figura 4.3: Em (a) mostrado o ginsio poliesportivo e em (b), um dos laboratrios deinformtica da Escola......................................................................................... 25
Figura 4.4: A pgina inicial da proposta apresentada com informaes como o objetivopretendido, o contexto de sua aplicao e tambm a agenda das atividadesrealizadas durante a implementao................................................................... 28
Figura 4.5: apresentada a pgina do menu Tutoriais, onde esto disponveis as aulasdesenvolvidas para ensinar a utilizao dosoftwareTracker........................... 29
Figura 4.6: apresentada a pgina do menu Downloads, onde esto disponveis entreoutros links para as pginas dos programas utilizados e para algumas revistascientficas brasileiras...........................................................................................30
Figura 4.7: apresentada a pgina do menu Fotos, onde foram postadas imagens dosalunos obtidas no laboratrio de informtica da Escola durante a implementaoda proposta..............................................................................................................31
Figura 4.8: apresentada a pgina do menu Vdeos, onde esto disponveis os vdeos dosmovimentos e as respectivas anlises realizadas pelos alunos com o programaTracker................................................................................................................ 32
Figura 5.1: Vdeo do movimento de uma bola de bilhar usado para exemplificar o uso doprograma Tracker. .............................................................................................. 34
Figura 5.2: Anlise do movimento de uma bola de basquete na direo vertical (y)............ 36
Figura 5.3: Anlise do movimento de uma bola de basquete na direo horizontal (x)........ 37
Figura 5.4: Captura de tela apresentando a imagem trabalhada com o programa Trackercom a respectiva anlise feita por uma dupla de alunos..................................... 38
Figura 5.5: Imagem que mostra as posies reais, em iguais intervalos de tempo, domovimento de uma pessoa andando de bicicleta. Tambm so apresentadas,
para os mesmos instantes de tempo, as posies geradas com a modelagem doprograma Tracker..................................................................................................41
Figura 5.6: Imagem que mostra as posies reais, em iguais intervalos de tempo, domovimento de uma bicicleta. Tambm so apresentadas para os mesmosinstantes de tempo, as posies geradas com a modelagem do programaTracker............................................................................................................... 42
Figura 5.7: Captura de tela que mostra a trajetria e as posies reais, em iguais intervalosde tempo, do movimento de uma bola de basquete na direo horizontal.Tambm apresentada, na parte inferior da figura, o resultado da modelagemcom o programa Tracker.................................................................................... 42
Figura 5.8: Captura de tela que mostra a trajetria e as posies reais, em iguais intervalosde tempo, do movimento de uma bola de basquete na direo vertical, sem aimagem de fundo................................................................................................ 43
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Figura 5.9: Captura de tela que mostra os parmetros da curva parablica que melhor seajusta aos pontos marcados durante a anlise do movimento da bola de basquetena direo vertical (y)......................................................................................... 43
Figura 5.10: Captura de tela que mostra o recurso Construo de modelos do programaTracker e as equaes temporais do movimento nas direes horizontal (x) evertical (y).......................................................................................................... 44
Figura 5.11: Captura de tela que mostra o recurso Construo de modelos do programaTracker e as equaes temporais do movimento nas direes horizontal (x) evertical (y) sem a imagem de fundo................................................................... 45
Figura 6.1: Resultados apresentados para a questo 1 pelos alunos das turmas 81 a 85, (a) a(e), respectivamente. Na figura (f) o resultado global de todos os 135 alunos... 46
Figura 6.2: O grfico apresenta as opinies dos alunos sobre o grau de dificuldade parautilizar o programa Tracker................................................................................ 51
Figura 6.3: O grfico apresenta as opinies dos alunos sobre a contribuio do programa deanlise de imagens, Tracker, para o entendimento dos movimentos. ................ 52
Figura 6.4: O grfico apresenta as opinies dos alunos sobre a contribuio do programa deanlise de imagens, Tracker,para identificar os diferentes tipos de movimento...............................................................................................................................53
Figura 6.5: O grfico apresenta as opinies dos alunos sobre a compreenso e aidentificao de conceitos como referencial, posio, velocidade e acelerao a
partir da anlise dos vdeos................................................................................. 54
Figura C.1: Exemplo que mostra a foto de uma bola de basquete sendo arremessada e aanlise do movimento da bola............................................................................. 66
Figura C.2: mostrado o menu de controle de vdeo............................................................ 67
Figura C.3: So mostradas as opes do menu de visualizao............................................. 67Figura C.4: mostrado o menu de controle de vdeo............................................................ 68
Figura C.5: mostrado o sistema de coordenadas fixo em um dos cones de demarcao... 68
Figura C.6: mostrada a fita mtrica com a informao de uma medida do mundo real..... 69
Figura C.7: Viso das marcas assinaladas em cada quadro do vdeo durante a sua anlise... 70
Figura C.8: mostrado o menu de opes com as grandezas que podem ser escolhidas paraserem visualizadas na tabela de dados................................................................ 71
Figura C.9: mostrado o construtor de expresses que permite definir grandezas fsicas queno esto presentes na lista de grandezas relacionadas pelo programa............... 71
Figura C.10: Visualizao das opes de grandezas que podem ser escolhidas para seremvisualizadas nos eixos dos grficos................................................................... 72
Figura C.11: mostrado o construtor de modelos com as expresses para os movimentos nasdirees horizontal (x) e vertical (y)................................................................... 73
Figura C.12: Imagem da cmera fotogrfica digital utilizada na filmagem dos vdeos.......... 74
Figura C.13: mostrado o trip utilizado nas filmagens dos vdeos.......................................74
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Figura C.14: mostrado o trilho para filmagem do movimento de uma bola de bilhar que sedesloca sobre um trecho inclinado com acelerao no nula e na parte horizontalcom velocidade constante.................................................................................. 75
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SUMRIO
CAPTULO 1 - INTRODUO.............................................................................................10
CAPTULO 2 - ESTUDOS RELACIONADOS.................................................................... 15
CAPTULO 3 - FUNDAMENTAO TERICA.............................................................. 20
CAPTULO 4 - METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DO MATERIAL
INSTRUCIONAL E CONTEXTO DE SUA APLICAO....................24
4.1 Contexto da aplicao da proposta........................................................................... 24
4.2 Contedos abordados................................................................................................. 26
4.3 Material instrucional.................................................................................................. 27CAPTULO 5 IMPLEMENTAO DA PROPOSTA..................................................... 33
5.1 Relato das atividades desenvolvidas.......................................................................... 33
CAPTULO 6 RESULTADO DA AVALIAO DA PROPOSTA................................ 46
CAPTULO 7 - CONSIDERAES FINAIS...................................................................... 57
REFERNCIAS...................................................................................................................... 59
APNDICE A LISTA DE QUESTES SOBRE OS TEMAS ESTUDADOS EM SALADE AULA A SEREM RESPONDIDAS DURANTE A ANLISE DOSVDEOS.......................................................................................................61
APNDICE B - QUESTIONRIO DE AVALIAO DA PROPOSTA DIDTICA..... 63
APNDICE C - INFORMAOES SOBRE O MATERIAL UTILIZADO NA
OBTENO E NA ANLISE DOS VDEOS......................................... 65
APNDICE D - CD-ROM COM O MATERIAL INSTRUCIONAL................................ 76
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CAPTULO 1
INTRODUO
O advento da informatizao das escolas, a popularizao da internet e o barateamentode equipamentos eletrnicos, tais como computadores, cmeras digitais, e outros acessrios,
esto viabilizando condies para que o ensino se utilize destas tecnologias, tornando-o mais
atraente, dinmico e investigativo, na medida em que o aluno tenha uma postura mais ativa na
construo do seu conhecimento.
Na maioria das escolas ainda se pretende ensinar Fsica apresentando ao aluno a teoria
e o seu formalismo matemtico e, aps, o submetendo a uma bateria de exerccios, que muitas
vezes so repetitivos e exigem apenas a aplicao de expresses matemticas, que so
decoradas e no entendidas (professores ensinam at versinhos para decor-las). Perguntas do
tipo Qual frmula eu devo usar? revelam a maneira puramente tcnica e memorstica de
como se d, freqentemente, o ensino e o aprendizado da Fsica.
Essa maneira de ensinar, em que o aluno assume um papel de mero espectador e o
professor o detentor da informao, acaba por fortalecer, at mesmo sem inteno, uma
viso quase dogmtica do que seja cincia, ou como o conhecimento cientfico produzido.
Para o aluno pode ficar a impresso de que a natureza explicada atravs de algumas
equaes matemticas simples que descrevem exatamente os fenmenos, sem aproximaes,excees ou idealizaes.
Para minimizar essa viso se faz importante, por exemplo, a utilizao de recursos
didticos em laboratrios onde possam ser trabalhados experimentos de Fsica, quando ento
o aluno tem oportunidade de participar ativamente, seja observando, medindo, calculando e
avaliando os resultados obtidos e formulando hipteses. O aluno, ento, ir se deparar com
situaes reais cujos resultados j contm intrinsecamente certa margem de erro, e com
equaes usadas para descrever os eventos fsicos de interesse de forma aproximada e
idealizada.
A utilizao do laboratrio de informtica um recurso complementar realizao de
experimentos no laboratrio de Fsica, seja atravs do uso de programas de computadores na
simulao de experimentos fsicos, ou de cmeras digitais registrando, p. ex., o movimento de
um objeto para que depois possa ser analisado. O laboratrio de informtica pode ser uma boa
alternativa para aquelas escolas que no tm laboratrio experimental, ou que quando o
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possuem, pouco utilizado, entre outros motivos pela falta de profissional responsvel,
gerando na maioria das vezes abandono do equipamento.
Devido ao seu potencial pedaggico e necessidade de reduzir o insucesso na
aprendizagem da Fsica, o uso de recursos de informtica se faz necessrio. Eles tornampossvel por parte do professor a adoo de diversas estratgias para uso do computador, seja
na aquisio de dados, modelizao, simulao, realidade virtual e internet. O professor tem
ao seu dispor novas possibilidades para ensinar e motivar; o aluno por sua vez conta com uma
maior variedade de meios para aprender (Fiolhais; Trindade, 2003). O que deve ser evitado
utilizar novos recursos tecnolgicos com velhas prticas pedaggicas, desatualizadas e
desconectadas da realidade.
Convm ressaltar que o laboratrio experimental de suma importncia no ensino da
Fsica, pois as simulaes e as animaes em computadores, na sua grande maioria no
conseguem trazer a riqueza de detalhes e as dificuldades tcnicas que somente o laboratrio
experimental oferece.
Simulaes e animaes contm idealizaes e modelos da realidade, podendo enfocar
apenas certos detalhes do experimento, muitas vezes condicionando o aluno a chegar ao
resultado desejado. Certos cuidados na generalizao de sua aplicao so necessrios para
que o aluno no encare esses recursos como se fossem apenas jogos de computador,
reduzindo a um processo de tentativa e erro. sempre importante lembrar ao aluno de queas simulaes e animaes so tentativas de recriar uma situao real no computador, e
devido dificuldade de serem consideradas todas as variveis envolvidas, tm de ser feitas
certas idealizaes e aproximaes para tornar o modelo vivel.
Nesta proposta utiliza-se o recurso de filmagem de cmeras digitais para registrar
objetos em movimento no estudo de situaes ldicas, como por exemplo, os movimentos
presentes em atividades esportivas e de lazer do cotidiano do aluno. Posteriormente, o arquivo
de vdeo transferido para o computador, onde se utiliza um softwarede anlise de imagens.
So propostas atividades para que os alunos investiguem as grandezas fsicas associadas aos
movimentos. A trajetria do objeto em movimento filmada e transformada em um conjunto
de dados contendo suas coordenadas cartesianas e o tempo, apresentadas em forma de tabelas.
Esses dados serviro, tambm, de base para a construo de grficos (posio versus tempo,
velocidade versus tempo). Alguns softwares de anlise de imagens tm recursos para
ajustamento de funes aos dados experimentais, fornecendo informaes sobre as grandezas
fsicas de interesse.
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A observao de imagens, tabelas e grficos obtidos fornece ao aluno elementos para a
anlise e a classificao do tipo de movimento observado. Para que isso acontea,
necessrio fazer a devida relao com os conceitos estudados em sala de aula. Essa relao
pode se dar atravs de uma anlise qualitativa ou quantitativa dos vdeos a serem explorados.
Existem vriossoftwarespara anlise de vdeos que podem ser obtidos na Web, entre
eles podemos citar Tracker1, Physics ToolKit2 e Sam3, todos gratuitos, outros como o
VdeoPoint4no so livres. OPhysics ToolKitpossui banco de imagens com diversos vdeos
prontos que podem ser utilizados pelo professor em aulas expositivas de Fsica, bem como
serem analisados no laboratrio de informtica.
A aplicao da proposta aconteceu simultaneamente em cinco turmas de oitava srie
do Ensino Fundamental do Colgio So Jos, de Caxias do Sul, RS, e contou com a
participao de 135 alunos, na faixa etria de 13 a 15 anos. A proposta foi aplicada no perodo
de setembro a novembro de 2008, com aproximadamente 10 horas-aula de atividades para
cada turma, alm do perodo destinado ao trabalho extra classe.
Na escola onde foi aplicada a proposta o ensino da Fsica se d no segundo semestre
da oitava srie na disciplina de Cincias. No primeiro semestre letivo, o tema estudado a
Qumica. Como acontece na grande maioria das escolas, o assunto escolhido para introduzir o
ensino da Fsica a Cinemtica. A justificativa para a escolha desse assunto de que o aluno
tenha os pr-requisitos necessrios quando ingressar no primeiro ano do Ensino Mdio,quando ser estudada a Mecnica Newtoniana com maior detalhamento e profundidade. As
grades curriculares quase sempre seguem a seqncia dos contedos apresentada pelos livros
didticos mais tradicionais, neles o ensino da Fsica comea pela Mecnica e termina no final
do terceiro ano do Ensino Mdio, geralmente, com o estudo da Eletricidade e do
Eletromagnetismo.
comum que o ensino de contedos de Fsica na oitava srie se d com um enfoque
excessivamente matemtico e percebe-se que muitos alunos no conseguem fazer a distino
1Tracker, desenvolvido por Doug Brown, trata-se de um pacote de anlise de vdeos construdo com Java com acaracterstica de ser de cdigo aberto (OPS - Open Source Physics). Disponvel em:. Acesso em: 4 maio 2010.2Physics ToolKit, pacote que inclui alm do programa de anlise de imagens um banco de filmes sobremecnica. (tamanho do arquivo para download 470 Mb. Gratuito, mas no pode ser distribudo comercialmente.)Disponvel em: . Acesso em: 4 maio 2010.3 Sam, desenvolvido pelo bolsista do CNPq Edson Minatel, em 1998, no projeto EDUCADI (tamanho doarquivo 3,2 Mb. Filmes no includos. Gratuito). Disponvel em: . Acesso em: 4maio 2010.4VdeoPoint, Programa bem completo, mas de custo elevado, acompanha um banco de filmes. Disponvel em:. Acesso em: 4 maio 2010.
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entre essas duas reas do conhecimento. Para eles, a Fsica vista simplesmente como uma
traduo matemtica da natureza, sem, no entanto, levar em conta aproximaes, erros e
limitaes dos modelos fsicos. Alm disso, desconhecem todo o processo histrico e
filosfico na evoluo do conhecimento cientfico. Esses fatos puderam ser verificados nas
respostas apresentadas pelos alunos no questionrio de avaliao final da proposta. Alguns
alunos responderam que no gostavam de estudar Fsica, porque no gostavam de
Matemtica.
Como ser mostrado nesse trabalho, a utilizao de programas de anlise de imagens
de movimentos, para introduzir ou aprimorar os conceitos de Fsica vistos em sala de aula,
pode ser uma boa estratgia para torn-los mais interessantes e motivadores. O emprego do
recurso de anlise de imagens pode mostrar com riqueza de detalhes o que seria muito difcil
de ser apresentado em uma aula expositiva contando apenas com giz e quadro-negro. Ametodologia utilizada para explicar esses assuntos resultou em um trabalho mais participativo,
colaborativo.
Os prximos captulos so organizados da seguinte forma: no Captulo 2 (Estudos
relacionados) apresentada uma breve reviso da literatura a respeito do uso de tecnologias
de informao e comunicao no ensino de Fsica, bem como abordagens de insero de
contedos de Fsica na 8 srie do Ensino Fundamental. No Captulo 3, apresentado o
referencial terico que norteou este trabalho.
O Captulo 4 se refere ao contexto da aplicao dessa proposta. O Captulo 5 contm a
descrio do material instrucional e apresenta a metodologia utilizada na implementao da
proposta. O captulo 6 dedicado s anlises das manifestaes dos alunos aos
questionamentos referentes implementao da proposta. As consideraes finais so
apresentadas no Captulo 7.
O Apndice A apresenta as questes, sobre os temas estudados em aula, que devero
servir de orientao para os alunos na realizao da anlise dos vrios movimentos. O
questionrio de avaliao desta proposta didtica, respondido pelos alunos ao trmino de sua
aplicao, apresentado no Apndice B. No Apndice C so disponibilizadas informaes
sobre o material utilizado na obteno e na anlise dos vdeos. Para finalizar, o produto
educacional deste trabalho de dissertao, desenvolvido na forma de uma pgina da Web,est
disponibilizado em um CD-ROM e integra o Apndice D. Esse material instrucional,
acompanhado de um guia de informaes e orientaes ser divulgado na srie Hipermdias
de Apoio ao Professor de Fsica. Nessa publicao com o intuito de facultar a aplicao do
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material por outros professores, associado disciplina de Cincias da 8 srie (ou 9 ano) do
Ensino Fundamental, ser incorporada uma descrio dos objetivos, da justificativa e da
metodologia utilizados no presente trabalho.
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CAPTULO 2
ESTUDOS RELACIONADOS
A necessidade de insero das tecnologias de informao e comunicao (TICs) no
ensino e o uso de suas linguagens podem ser descritos, segundo os Parmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental, PCNEF (Brasil, 1998a), de forma a desenvolver as
competncias e habilidades dos alunos:
A tecnologia eletrnica televiso, videocassete, mquina de calcular, gravador ecomputador pode ser utilizada para gerar situaes de aprendizagem com maiorqualidade, ou seja, para criar ambientes de aprendizagem em que a problematizao,a atividade reflexiva, atitude crtica, capacidade decisria e a autonomia sejamprivilegiados. (Brasil, 1998a, p. 141)
Tambm recomendam:
Os meios eletrnicos de comunicao oferecem amplas possibilidades para ficaremrestritos apenas transmisso e memorizao de informaes. Permitem a interaocom diferentes formas de representao simblica grficos, textos, notasmusicais, movimentos, cones, imagens , e podem ser importantes fontes deinformao, da mesma forma que textos, livros, revistas, jornais da mdia impressa.O computador, em particular, permite novas formas de trabalho, possibilitando acriao de ambientes de aprendizagem em que os alunos possam pesquisar, fazerantecipaes e simulaes, confirmar idias prvias, experimentar, criar solues econstruir novas formas de representao mental.(Brasil, 1998a, p. 141)
Entretanto, faz-se necessria uma cuidadosa reflexo por parte da comunidade escolar,
para que as TICs possam de fato contribuir para a formao de indivduos competentes,
crticos, conscientes e preparados para a realidade em que vivem.
essencial, tambm, um ensino que valorize o trabalho colaborativo em grupo,
tornando os alunos capazes de aes crticas e cooperativas para a construo coletiva do
conhecimento.
A importncia das aulas experimentais para o aprendizado de Fsica tem sido objeto de
estudo e reportada por muitos pesquisadores da rea, que em sua grande maioria est de
acordo que essas atividades, se bem elaboradas, auxiliam no reforo dos conceitos vistos nas
aulas tericas e tambm servem para motivar os alunos na aprendizagem da Fsica. Segundo
Moreira e Axt (1991, p. 79-80):A experimentao pode contribuir para aproximar o ensino
de Cincias das caractersticas do trabalho cientfico, alm de contribuir tambm para a
aquisio de conhecimento e para o desenvolvimento mental dos alunos.
Existe uma ampla possibilidade de aplicao de atividades experimentais, que vo
desde a verificao de modelos tericos, em uma abordagem mais tradicional, at modelos de
atividades experimentais em uma viso construtivista de ensino. Mas independente da forma
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metodolgica a ser adotada imperativa para que o professor tenha sucesso, a escolha dos
objetivos que ele deseja alcanar. (Arajo; Abib, 2003).
A utilizao de computadores como meio de experimentao tem sido cada vez mais
freqente nas escolas. Os avanos das tecnologias e a conseqente diminuio dos preos tmpossibilitado que escolas invistam cada vez mais em equipamentos de informtica. Isto muitas
vezes provoca uma falta de empenho no desenvolvimento de bons laboratrios experimentais
nas escolas, pois equipar um laboratrio torna-se mais dispendioso tanto do ponto de vista
econmico quanto de trabalho dos profissionais que sero responsveis por ele. Os
computadores tornaram-se, portanto, ferramentas de grande potencialidade no ensino da
Fsica.
A utilizao de programas de simulao possibilita ainda uma melhor compreensode certos fenmenos fsicos na medida em que torna possvel a incluso de
elementos grficos e de animao em um mesmo ambiente. Isto aliado ao interessedos estudantes pelo microcomputador, pode a princpio tornar mais eficiente eagradvel o processo de aprendizagem.(Yamamoto; Barbeta, 2001, p. 215).
Vdeos de objetos em movimento produzidos por cmeras que digitalizam a imagem,
salvando-a em arquivos compactados e de boa qualidade, esto possibilitando que essas
imagens sejam tratadas e analisadas quadro a quadro por programas de anlise de imagens.
Como exemplo de utilizao de recursos de filmagem e de anlise de imagens, pode-se citar o
projeto que foi aplicado em quatro escolas pblicas da regio de So Carlos-SP, sob a
orientao da equipe do CDCC/USP5(Magalhes et alii, 2002, p. 97). A anlise quantitativa
de movimentos reais e outros produzidos em laboratrio foi feita com o programa chamado
SAM (Sistema de Anlise Digital de Movimentos)6. Os filmes produzidos formaram um
banco de imagens, que foi disponibilizado na internet. As simulaes dos movimentos aps a
anlise quantitativa eram feitas com o programa LOGO. Segundo os autores a avaliao do
projeto mostrou que os alunos ficam mais motivados quando analisam e interpretam
movimentos que fazem parte do seu cotidiano facilitando assim a aprendizagem das
concepes cientficas. A proposta descrita neste trabalho de dissertao difere do projeto de
aplicao dosoftwareSAM tanto no pblico alvo participante quanto nos seus objetivos.
5No perodo de agosto de 2000 a novembro de 2002, pela equipe do CDCC/USP (Centro de DivulgaoCientfica e Cultural). Disponvel em: . Acesso em: 4 maio 2010.6O arquivo do softwareSAM est disponvel gratuitamente para fins educacionais, no sendo permitido o usodosoftwarepara fins comerciais. Disponvel em: . Acesso em: 4 maio 2010.
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Segundo Yamamoto e Barbeta (2001) o tratamento de imagens de vdeos possibilita ao
estudante coletar e analisar dados de forma rpida e eficiente, alm disso, pode capacitar os
estudantes a investigar as relaes entre os conceitos fsicos vistos em sala de aula com vdeos
de movimentos obtidos fora da sala de aula.
Outra qualidade apontada no uso de programas de anlise de imagens diz respeito
interpretao de grficos. Estudos tm demonstrado que considervel percentual de alunos
interpreta de forma equivocada os grficos utilizados no estudo, por exemplo, da cinemtica.
Em grficos do tipo posio versus tempo, e.g., alunos so levados a pensar que o grfico
mostra a trajetria do objeto com o passar do tempo (Beichner, 1994). Segundo este mesmo
autor (1996), programas de anlise de vdeos ajudam a diminuir as dificuldades no
entendimento e na construo de grficos.
Medeiros e Medeiros (2002) fazem uma anlise crtica sobre o uso de simulaes e
modelagem no ensino da Fsica, ressaltam os aspectos positivos, mas advertem que a simples
utilizao da informtica no garante uma boa aprendizagem. necessrio que haja uma
viso mais crtica e equilibrada por parte dos educadores no uso e na sua elaborao.
Segundo esses autores, simulaes so adaptaes da realidade e pressupem a
necessidade de um modelo que lhe d suporte e significado, por isso, h necessidade de tornar
claros os limites da validade do modelo que se utiliza, das simplificaes e idealizaes. Eles
concluem seu trabalho afirmando:Apesar de todas as crticas, entretanto, h de admitir-se que boas simulaes,criteriosamente produzidas, existem e que os professores guardam uma expectativamuito grande do potencial de suas utilizaes. preciso que fique bem claro que aargumentao levantada neste artigo no deve levar concluso de que os seusautores advogam o abandono da Informtica Educacional, mas apenas que apontampara a necessidade de uma utilizao da mesma mais refletida, equilibrada e nuncaexclusiva. (Medeiros; Medeiros, 2000, p. 84)
Como introduzir o ensino de Fsica no Ensino Fundamental? Qual o melhor assunto
para isso? Que metodologia dever ser empregada? Essas so algumas das perguntas que
certamente afligem muitos professores no mundo todo e que para serem respondidas devero
levar em conta uma srie de fatores muitas vezes no muito claros exigindo uma profunda
anlise de cada situao que se apresenta.
O uso de recursos de informtica, tais como animaes, applets, pginas de internete
programas educativos, propicia um ensino da Fsica mais dinmico ao fazer relaes dos
conceitos vistos em sala de aula com fenmenos estudados atravs de anlises grficas,
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exerccios e experincias virtuais. Cita-se, como exemplo, uma proposta aplicada no Ensino
Mdio:
A introduo da informtica no ensino de Fsica deve servir como uma ferramentaauxiliar na prtica pedaggica, permitindo situaes mais criativas em sala de aula,
que favorecem a aprendizagem significativa. A tecnologia da informtica ofereceuma srie de possibilidades, como a internet, o correio eletrnico, hipertextos,animaes, simulaes e ambientes de ensino, que podem viabilizar um espao deensino-aprendizagem mais eficiente, motivador e envolvente. (Miranda Jr.,2005, p. 15).
Por outro lado, iniciar o ensino da Fsica na oitava srie do Ensino Fundamental
valendo-se de contedos de Astronomia pode ser uma boa estratgia para cativar os alunos e
introduzir novos conceitos relacionados ao tema, trabalhando-os de forma mais conceitual e
experimental, evitando o formalismo matemtico exagerado, levando a um ensino de Fsica
mais instigante e despertando no aluno a paixo pela descoberta. Nas palavras do autor (Mees,2004, p.83):
Estas atividades, centradas no tema Astronomia, possuem grande potencial decativao para se introduzir o ensino de Fsica nesta srie. Acreditamos que aAstronomia um tema apropriado para ser trabalhado nesta srie, pois abrecaminhos para a interdisciplinaridade, a evoluo histrica da cincia e, oferece baseterica para seguir em outros tpicos da Fsica, como o estudo do calor, partindo daenergia fornecida pelo Sol, ou o estudo dos fenmenos relacionados com a luz. Esteltimo foi o caminho tomado por ns, pois o ano de 2003 nos presenteou com doiseclipses lunares totais, desencadeando maior interesse no estudo dos fenmenos dareflexo, refrao, formao de imagens e cores. Poder-se-ia seguir o estudo daFsica a partir dos movimentos de rotao e translao dos planetas, introduzindo acinemtica e demais conceitos relacionados mecnica.
Tambm segue nessa mesma linha de pensamento outro trabalho de concluso de
Mestrado Profissional em Ensino de Fsica (Andrade, 2005). O tema escolhido para a
introduo do ensino da Fsica na oitava srie foi o estudo da luz e das cores, com uma
abordagem essencialmente conceitual, que visa respeitar o nvel de desenvolvimento
cognitivo do aluno. O tema abordado de forma interdisciplinar e contextualizado, para isso,
utiliza experimentos com materiais de baixo custo e trabalha com assuntos que permitem a
relao entre vrias disciplinas tais como: fotografia e arte. Na concluso desta proposta a
autora afirma:Analisando as situaes que tivemos oportunidade de vivenciar durante a construoe a aplicao dessa proposta de trabalho, refora-nos a crena de que possvel sefazer muita coisa pela educao e, em especial, pelo ensino de Cincias nas nossasescolas (exploramos apenas um tema que, certamente, j faz parte da listagem decontedos de oitava srie de muitas escolas). No entanto, acreditamos que odiferencial desse estudo est em procurarmos tratar o tema com abordagensalternativas, fugindo de um formalismo matemtico que no condiz com a faixaetria do aluno ao concluir o Ensino Fundamental, podendo, no lugar de despertar oprazer pelo estudo da Fsica, lev-lo a odiar tudo o que se refere a esse campo doconhecimento.(Andrade, 2005, p.74)
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Inmeras so as possibilidades de se introduzir o ensino da Fsica no Ensino
Fundamental, vrias so as justificativas, mas h quase que um consenso de que iniciar com
conceitos muito abstratos, que no condizem com a faixa etria dos alunos, e com um
formalismo matemtico exagerado, que ainda no est bem claro e sedimentado, pode levar o
aprendiz a julgar a Fsica como uma disciplina muito chata e difcil.
No captulo a seguir ser apresentada a teoria da interao social de L. Vygotsky que
embasou o desenvolvimento e a efetivao desse trabalho.
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CAPTULO 3
FUNDAMENTAO TERICA
O processo de aprendizagem no contexto atual acontece em meio a uma revoluotecnolgica na difuso da informao; a rede mundial de computadores permite ao usurio
obter de maneira rpida contedos das mais diferentes reas do conhecimento. Estima-se que
hoje no haveria papel suficiente no mundo inteiro para imprimir toda a informao contida
na Web, esse farto material de pesquisa pode ser acessado por qualquer pessoa que tenha uma
conexo com a internet.
Toda essa mudana na obteno da informao est exigindo da escola uma
transformao nas suas prticas pedaggicas, reforando ainda mais o papel do professor de
no ser um mero repassador da informao.
Ao professor cabe o papel de ser o mediador no processo ensino-aprendizagem; ele
tem a funo de preparar um ambiente de aprendizagem que oportunize ao aluno interagir
com seus colegas e com o professor, em um processo onde o novo conhecimento ser
internalizado e apropriado atravs do uso de instrumentos tecnolgicos que dinamizem essa
tarefa.
Pensando em uma prtica pedaggica atual e contextualizada em um mundo de
constante mudana, onde as TICs criaram formas alternativas de interao entre pessoas das
mais diferentes idades e partes do mundo, optou-se em utilizar para o desenvolvimento desta
proposta a teoria scio-construtivista de Lev Vygostky.
Segundo a teoria da interao social de Lev Vygotsky os fatores que influenciam o
desenvolvimento do ser humano esto relacionados com as interaes que ocorrem entre o
sujeito e o meio (sociedade, cultura, histria de vida, oportunidades), e esse desenvolvimento
acontece durante toda sua vida atravs do uso de instrumentos, signos e sistemas simblicos.
Atravs da mediao que acontece o desenvolvimento das funes mentais
superiores: controle consciente do comportamento, ateno e lembrana voluntria,
memorizao ativa, pensamento abstrato, raciocnio, planejamento, entre outros. (Moreira,
1999).
As relaes sociais esto por trs da origem do desenvolvimento dos processos
mentais superiores, ou seja, existe uma converso destas em funes mentais, atravs do uso
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de instrumentos e signos que so compartilhados por uma comunidade num contexto histrico
e cultural.
O domnio de linguagens abstratas formadas por um sistema de signos
convencionados permite uma flexibilizao do pensamento:A linguagem , para Vygotsky, o mais importante sistema de signos para odesenvolvimento cognitivo do ser humano, porque o libera dos vnculos contextuaisimediatos. O desenvolvimento dos processos mentais superiores depende dedescontextualizaro e a linguagem serve muito bem para isso na medida em que ouso de signos lingsticos (palavras, no caso) permite que o indivduo se afaste cadavez mais de um contexto concreto. O domnio da linguagem abstrata,descontextualizada. (Moreira, 2008, p. 6).
A escola, segundo Vygostky, tem a funo de lanar as bases dos estudos cientficos
que so linguagens sistematizadas com signos prprios e com conceitos abstratos que mantm
uma ordem hierarquizada. Para entender os novos conceitos necessrio que no processo de
aprendizagem haja uma relao entre aquilo que o aluno traz como experincia pessoal e
aquilo que se quer ensinar. Ele transforma a nova informao a partir de suas prprias
generalizaes e significados de acordo com seus esquemas lgicos e conceituais, para isso
necessita do auxilio de um adulto ou de colegas com mais experincia. (Cria-Sabini, 2001).
De acordo com Vygostky a aprendizagem trabalha com dois tipos de conceitos: os
espontneos relacionados a contextos particulares, formados no cotidiano, nas relaes sociais
do seu meio e de sua cultura; e os conceitos cientficos adquiridos na escola e construdos a
partir de relaes com outros conceitos prvios j existentes na estrutura cognitiva do aluno,atravs deste ltimo ele consegue atingir uma conscincia reflexiva.
A teoria scio-construtivista de Vygotsky (Moreira, 1999; Aranha, 1996) parte da
idia de que a aprendizagem ocorre pela interao social, promovendo o desenvolvimento
intelectual. Um dos conceitos chave de Vygotsky no scio-construtivismo o de Zona de
Desenvolvimento Proximal que definida como:
A distncia entre o nvel de desenvolvimento cognitivo do indivduo, tal comomedido por sua capacidade de resolver problemas independentemente, e o seu nvel
de desenvolvimento potencial, tal como medido atravs da soluo de problemassob orientao ou em colaborao com companheiros mais capazes. (VygotskyapudMoreira, 1999, p. 116)
Segundo essa teoria a aprendizagem pode se dar de forma independente, mas tambm
pode ocorrer com a interveno de colegas mais experientes ou do professor. Em uma
perspectiva interacionista, os alunos tm uma participao mais intensa nas decises a serem
tomadas, seja na possibilidade de se expressar, levantar hipteses e chegar s concluses.
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O desenvolvimento, segundo Vygotsky, se d atravs da intermediao entre o sujeito
e o meio, no sentido do mundo externo para o interno. A relao do homem com o mundo
feita atravs da intermediao, seja por instrumentos fsicos ou signos, sendo que os signos
so de natureza semitica, no concretos, mas sim internalizados e que permitem aos seres
humanos a capacidade de abstrair, imaginar e transitar no tempo.
Outros conceitos chaves de sua teoria so: mediao simblica, signos, sistemas de
smbolos, desenvolvimento e aprendizagem, zona de desenvolvimento real, alm da zona de
desenvolvimento proximal j citada anteriormente.
A mediao o processo no qual a ao do sujeito sobre um objeto feita atravs de
um instrumento que possibilita a transformao do mesmo com um determinado objetivo.
Podemos citar como exemplo a utilizao de um formo para esculpir uma pea de madeira;
nesse caso, o formo o mediador que age entre o sujeito e o objeto.
Tambm convm ressaltar que as teorias construtivistas e, em especial a de Vygotsky,
respeitam as diferenas. Alunos no so todos iguais, realidades diferentes geram crianas
diferentes, que por sua vez determinam seu prprio ritmo de aprendizagem. Por isso, a
importncia de desenvolver atividades de experimentao em laboratrios que possibilitem
um maior contato e acompanhamento do professor identificando possveis falhas e
dificuldades que possam surgir no processo ensino-aprendizagem, propiciando tambm a
colaborao e a aprendizagem com outros alunos.O desenvolvimento da cognio atravs do uso das novas tecnologias j faz parte da
realidade de muitas escolas. O computador a ferramenta social do momento e facilita a
mediao entre o ambiente de estudo e a estrutura cognitiva; atravs da aquisio de signos e
sistemas de smbolos utilizados pelos programas de computadores, o aluno tem a
possibilidade de interagir e refletir sobre sua ao na aprendizagem de novos conceitos. As
tecnologias de comunicao tambm permitem potencializar a interao e a cooperao entre
alunos de uma mesma escola ou at mesmo fora dela, muitas so as possibilidades. possvel
obter ajuda mediada de outras pessoas pela internet, via salas de bate papo, frum ou
mesmo pela participao em algum grupo de discusso.
Um ambiente de aprendizagem, segundo essa teoria, deve levar em conta a bagagem
de conhecimentos adquiridos pelo aluno na sua experincia de vida para que o novo
aprendizado torne-se significativo. O aluno deve ser instigado a resolver uma nova situao
problema atravs de conversas e debate com seus colegas, alm da orientao do professor, e
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deve buscar a elucidao do mesmo e tambm refletir sobre sua ao. O aprendiz deve agir de
forma consciente e planejada.
Atividades experimentais de Fsica em uma perspectiva Vygotskyana no devem ficar
restritas apenas verificao ou redescoberta do que j foi inventado, podendo tambmservir para explicar ou ilustrar princpios fsicos. Para isso fundamental que essas atividades
tenham como objetivo principal as interaes sociais que elas desencadeiam; a conversa, a
discusso verbal e a semitica com o parceiro mais capaz possibilitam a interiorizao e a
compreenso do assunto. (Gaspar, 2003)
O desenvolvimento e a implementao dessa proposta didtica foi embasada nos
pressupostos da teoria da interao social de Vygotsky. Isto se tornar evidente na descrio
da implementao dessa proposta didtica.
No captulo 4 sero apresentados a metodologia de desenvolvimento do material
instrucional e contexto de sua aplicao.
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CAPTULO 4
METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DO MATERIAL INSTRUCIONAL E
CONTEXTO DE SUA APLICAO
Neste captulo ser feita a descrio da metodologia utilizada no desenvolvimento do
material instrucional. Inicia-se pela apresentao do contexto escolar no qual esta proposta foi
planejada e aplicada; aps so discutidos os contedos de Fsica abordados na discusso de
corpos em movimento, contextualizando-os a atividades esportivas da populao alvo (alunos
de oitava srie do Ensino Fundamental). A seguir, feito um relato sobre a elaborao das
atividades propostas.
4.1 Contexto da aplicao da propostaA aplicao da proposta ocorreu no Colgio So Jos7, uma escola da rede privada de
ensino da cidade de Caxias do Sul, RS.
O Colgio So Jos atende alunos da Educao Infantil ao Ensino Mdio e conta com
um ambiente fsico que possui: bibliotecas, ginsio poliesportivo, auditrio, salas multimdia,
laboratrios de Fsica, Qumica e Biologia e laboratrios de informtica. Nas Figuras 4.1 a 4.3
so apresentadas fotos de alguns destes ambientes.
Figura 4.1: Foto da entrada principal do Colgio So Jos.
7A escola, fundada em 1901 pela Congregao das Irms de So Jos de Chambry, oriundas da cidade de LePuy-en-Velay, Frana, prioriza a educao catlica e tem como viso: Ser o Colgio que, alicerando a sua aoeducativa na unidade e comunho, atue na formao de cidados comprometidos com a vida e com a sociedade.
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(a) (b)
Figura 4.2: O auditrio mostrado em (a) e em (b), a sala multimdia da escola.
Figura 4.3: Em (a) mostrado o ginsio poliesportivo e em (b), um dos laboratrios de informticada Escola.
O Colgio dispe de trs laboratrios de informtica, sendo que um deles voltado ao
atendimento dos alunos da educao infantil, enquanto os outros dois so utilizados para
aplicao de projetos para o Ensino Fundamental e Mdio.
Os laboratrios de informtica possuem computadores conectados em rede com
servidores, que tm a funo de armazenar os trabalhos dos alunos e tambm controlar o
contedo das informaes que esses podem acessar na internet. Esses laboratrios contam
tambm com acesso internet, projetor multimdia,scannerse impressoras.
A realizao da presente proposta ocorreu durante os meses de setembro a novembro
de 2008, nas dependncias do Colgio, particularmente no laboratrio de informtica, e
contou com 135 alunos de cinco turmas de oitava srie (turmas 81, 82, 83, 84, 85). Foiaplicada na disciplina de Cincias, em um total de 10 horas-aula por turma. A professora
regente dessa disciplina esteve sempre presente nas atividades desenvolvidas, possibilitando,
dessa forma, um melhor atendimento aos alunos.
Cabe salientar que o autor desta proposta no era o professor titular das turmas de
oitava srie onde ela foi implementada. A escolha das turmas desse nvel de ensino para a
aplicao da proposta pedaggica se deu, pois se desejava que o estudo dos movimentos fosse
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introduzido aos alunos de forma ldica, de modo a motiv-los, j na disciplina de Cincias,
para uma anlise dos aspectos fsicos correspondentes. Alm disso, concomitante com a
aplicao da proposta no laboratrio de informtica, a professora titular da disciplina seguia,
em sala de aula, a seqncia normal de assuntos listada na grade curricular da Escola; que
incluam conceitos e clculos de expresses matemticas que representavam os movimentos.
O Autor da proposta apenas planejou as atividades a serem desenvolvidas no laboratrio de
informtica, tentando no interferir no andamento dos contedos em sala de aula. Para que
fosse feita uma anlise dos movimentos estudados, a professora regente das turmas de
Cincias elaborou um conjunto de questes de acordo com os assuntos que haviam sido
estudados em sala de aula.
A carga horria da disciplina de Cincias na oitava srie da Escola de quatro
perodos semanais. Os alunos estudam noes bsicas de Qumica no primeiro semestre letivoe de Fsica, no segundo semestre.
O ensino de Cincias na oitava srie do Colgio So Jos se prope a dar uma viso
geral do objeto de estudo dessas duas disciplinas, alm de introduzir os conceitos bsicos
necessrios como pr-requisitos ao estudo de Qumica e de Fsica no Ensino Mdio.
4.2 Contedos abordados
A proposta foi aplicada no segundo semestre da oitava srie na disciplina de Cincias,
aps a professora das turmas ter introduzido alguns contedos de Fsica, como referenciais,movimentos e trajetrias de objetos. Como a proposta do trabalho era introduzir contedos de
Fsica em uma abordagem atrativa e motivadora para alunos desta faixa etria, procurou-se
contextualizar o estudo de movimentos de objetos atravs da anlise de situaes da
predileo dos alunos, como os movimentos presentes em atividades esportivas e de lazer do
seu dia-a-dia.
A escolha recaiu, ento, sobre contedos de Fsica relativos a movimentos, com nfase
nas anlises grfica e numrica de grandezas fsicas como distncia percorrida em um
intervalo de tempo, velocidade e acelerao, bem como a discusso da trajetria percorrida e
do referencial escolhido na descrio dos movimentos. No final das atividades e a partir
dessas anlises, o aluno era capaz de reconhecer e classificar, por exemplo, atravs de
grficos, diversos tipos de movimento.
Foram filmados e depois analisados os seguintes movimentos: (i) movimento de uma
pessoa caminhando devagar e rapidamente; (ii) movimento de uma pessoa andando de
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bicicleta; (iii) movimento de uma bola de basquete sendo arremessada; (iv) movimento de
uma pessoa correndo; (v) movimento de uma bola de vlei sendo lanada; (vi) movimento de
uma pessoa em umskate, com duas velocidades; (vii) movimento de uma pessoa andando de
patinete; e (viii) movimento de uma bola de futebol de salo em chutes forte e fraco.
4.3 Material instrucional
O material instrucional desenvolvido nessa proposta consiste de uma pgina da Web,
que foi hospedada no stio8 do Colgio. Na pgina foram disponibilizadas informaes
relativas proposta, tais como tutoriais que ensinam como utilizar o programa Tracker, os
vdeos dos movimentos produzidos pelos alunos e o conjunto de suas anlises, uma galeria de
fotos dos alunos no laboratrio de informtica, endereos onde podem ser obtidos os
programas utilizados. Na figura abaixo, pode ser vista a imagem da pgina inicial contendo o
objetivo da proposta, o contexto da aplicao e tambm a agenda das atividades realizadas
durante a sua implementao.
8Pgina da Webcontendo o material instrucional da proposta didtica. Disponvel em:. Acesso em: 4 maio 2010.
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Figura 4.4: A pgina inicial do material instrucional apresentada com informaes sobre a propostadidtica como o objetivo pretendido,o contexto de sua aplicao e tambm a agenda dasatividades realizadas durante a implementao.
No menu Tutoriais encontram-se orientaes de como utilizar o programa Tracker,
desde os passos iniciais at a modelagem do movimento de um objeto. Os tutoriais foram
elaborados utilizando-se o programa (livre) Wink9
, disponvel na Web. Este programa permitecapturar telas do aplicativo que se quer ensinar durante sua execuo; depois de capturadas, as
telas so editadas permitindo a insero de comentrios, figuras, sons e outros recursos. Para
finalizar, o arquivo exportado no formato .swf" (do ingls Shockwave Flash File),o que
facilita a sua disponibilizao em pginas da Web.
9DebugMode Wink. Disponvel em: . Acesso em: 4 maio2010. Um tutorial sobre o uso destesoftwareest disponvel em: .Acesso em: 4 maio 2010.
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Figura 4.5: apresentada a pgina do menu Tutoriais, onde esto disponveis as aulas desenvolvidaspara ensinar a utilizao dosoftware Tracker.
No menu Downloads foram disponibilizadas informaes sobre os programas
utilizados e os links que remetem aos locais onde eles podem ser acessados. Na coluna da
direita da Figura 4.6, encontram-se endereos de stios de revistas cientficas, editadas em
portugus, e outros com assuntos relacionados Fsica e proposta. Todos os programas
utilizados na execuo dessa proposta so gratuitos.
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Figura 4.6: apresentada a pgina do menu Downloads , onde esto disponveis, entre outros, linkspara as pginas dos programas utilizados e para algumas revistas cientficas brasileiras.
Um lbum com imagens dos alunos obtidas no laboratrio de informtica da Escola,
durante a implementao da proposta, tambm est disponvel nessa pgina no menu Fotos.
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Figura 4.7: apresentada a pgina do menu Fotos , onde foram postadas imagens dos alunos obtidasno laboratrio de informtica da Escola durante a implementao da proposta.
Os vdeos produzidos pelos alunos esto disponveis na pgina da proposta no menu
Vdeos . Esses podem ser acessados, ou ser feito o seu download,bastando para isso clicar
sobre as imagens. No mesmo menu, no p da pgina, encontram-se as anlises dos
movimentos reais realizadas pelos alunos. Para visualizar as anlises dos vdeos basta clicar
sobre os linksque se encontram no final da pgina. Depois das anlises terem sido carregadas
s clicar na seta de avano ou retrocesso para visualizar o passo a passo da anlise.
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Figura 4.8: apresentada a pgina do menu Vdeos , onde esto disponveis os vdeos dosmovimentos e as respectivas anlises realizadas pelos alunos com o programa Tracker.
No prximo captulo sero relatados aspectos relacionados com a efetivao dessaproposta didtica.
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CAPTULO 5
IMPLEMENTAO DA PROPOSTA
Este captulo relata as atividades desenvolvidas durante a efetivao da proposta
metodolgica.
5.2 Relato das atividades desenvolvidas
5.1.1 Aula inicial: apresentao da proposta
No centro de convivncia da Escola foi apresentada a proposta pedaggica para os
alunos de oitava srie e para os professores das disciplinas, que haviam cedido seus horrios
de aula para que fosse possvel fazer essa apresentao em apenas dois encontros. No
primeiro encontro estavam presentes as turmas 81 e 83 junto com as professoras de Ingls eMatemtica. No segundo encontro estavam presentes as turmas 82, 84 e 85 acompanhadas
pelas professoras de Cincias, Histria e Educao Fsica.
A apresentao da proposta, foi feita atravs da projeo de slidescom a utilizao de
um projetor multimdia e de um computador mvel, abordou os seguintes tpicos:
Objetivo da proposta: estudar as caractersticas de vrios movimentos atravs da
anlise das imagens de vdeo com o auxlio do programa Tracker;
Foi discutida com os alunos a importncia da anlise de vdeos nas atividades
esportivas e tecnolgicas. Na rea esportiva, por exemplo, na ginstica olmpica,
onde em caso de dvida no momento da pontuao os juzes podem assistir e
analisar as imagens obtidas durante a apresentao do ginasta. Na rea tecnolgica,
a anlise das imagens de carros com bonecos no seu interior colidindo contra
paredes de concreto fornece detalhes importantes que auxiliam no
desenvolvimento de equipamentos de segurana no trnsito;
Para exemplificar o uso do programa Trackerfoi feita a anlise do vdeo em que
uma esfera abandonada na parte inclinada de um trilho (Figura 5.1) e aps
percorrer a parte inclinada se desloca sobre o trecho horizontal. A anlise permitiu
tambm mostrar aos alunos as diferenas entre as caractersticas existentes no
movimento acelerado, na parte inclinada, e no movimento com velocidade
uniforme, na parte horizontal do trilho;
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Figura 5.1: Vdeo do movimento de uma bola de bilhar usado para exemplificar o uso do programaTracker.
Durante a apresentao os alunos foram questionados sobre a ordem de grandeza
da velocidade de uma pessoa caminhando ou de uma pessoa correndo. Foi
sugerido que eles utilizassem o recurso de anlise de imagens para terem uma
estimativa desses valores. Foi assinalado que durante a aplicao da proposta essas
questes seriam analisadas;
No final da apresentao foi filmada, com a participao dos alunos, a queda de
uma bola de borracha ao solo. Em seguida, o arquivo do vdeo foi transferido para
o computador, onde foi aberto com o programa Tracker. Os alunos puderam
perceber que as imagens da bola em movimento no ficaram muito ntidas, fato
esse que propiciou a discusso da questo da luminosidade do ambiente. Para fazer
filmagens sempre interessante utilizar iluminao natural ou luz proveniente de
lmpadas de filamento. Pois a iluminao feita com lmpadas fluorescentesprovoca o aparecimento de borres devido ao fenmeno de batimento entre a
freqncia das lmpadas (60 Hz) e a taxa de captura de imagens da cmera digital
(30 quadros por segundo)(Yamamoto; Barbeta, 2001).
5.1.2 Escolha dos movimentos e sua filmagem
Aps a apresentao da proposta, coube professora regente da disciplina de Cincias
junto com seus alunos, em sala de aula, a definio dos temas que seriam filmados.
Escolhidos os movimentos, ficou estabelecido que a filmagem seria feita na prxima aula emque os alunos das oitavas sries teriam aula no centro poliesportivo, localizado em uma outra
sede do Colgio.
A professora regente da disciplina de Cincias solicitou que determinados alunos
levassem para a Escola no dia da filmagem, bicicleta, patinete e skate; os demais materiais
necessrios como bolas e cones foram cedidos pela escola.
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Os movimentos escolhidos e filmados foram:
Movimento de uma pessoa caminhando devagar e rpido: filmagem realizada no
ptio do ginsio poliesportivo onde foram utilizados dois cones distantes 3m um do outro para
fornecer uma medida conhecida na calibragem do programa durante a anlise do vdeo; Movimento de uma pessoa andando de bicicleta: filmada no ptio do ginsio
poliesportivo e utilizando como medida real dois cones com separao de 3 metros. Para
produzir um movimento sem acelerao e com velocidade praticamente constante foi
solicitado ao ciclista que apenas utilizasse os pedais para aumentar sua velocidade antes de
ingressar na regio onde seria filmado;
Movimento de uma bola de basquete sendo arremessada: filmagem realizada na
quadra do ginsio poliesportivo, onde foi utilizada como medida real na calibragem das
imagens a altura da cesta de basquete que de 3,05 metros;
Movimento de uma pessoa correndo: filmagem feita no ptio do ginsio
poliesportivo utilizando-se como medida real dois cones com separao de 3 metros;
Movimento de uma bola de vlei: filmado na quadra externa do ginsio
poliesportivo, onde foi utilizada como medida real a distncia entre as duas listras centrais da
quadra que de 3 metros;
Movimento de uma pessoa andando devagar e rpido com um skate: filmado na
parte exterior do ginsio poliesportivo e utilizando como medida real a distncia de 3 metros
entre os cones;
Movimento de uma pessoa andando de patinete: filmado na parte externa do ginsio
poliesportivo, e a medida real foi fornecida pela distncia de 3 metros entre os cones;
Movimento de uma bola de futebol de salo em chutes forte e fraco: filmagem
realizada na quadra do ginsio poliesportivo, onde foi utilizada como medida real a distncia
de 6 metros entre a linha prxima de onde parte o chute e a linha do gol.
5.1.3 Aula inicial no laboratrio de informtica
Durante a aplicao da proposta os alunos de cada uma das turmas foram reunidos no
laboratrio de informtica, onde trabalharam em duplas e cada grupo ocupou sempre o
mesmo computador, de forma que os arquivos foram salvos na pasta da turma que se
encontrava na unidade local da estao de trabalho.
No incio da aula foi apresentada a pgina da proposta pedaggica, hospedada no stio
do Colgio (www.saojosecaxias.com.br/pronovo), e foi apresentado como usar os tutoriais e
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tambm onde acessar os programas utilizados. Em seguida, foram discutidos temas
relacionados anlise de vdeos com o programaTracker,tais como: os formatos de vdeos
aceitos para anlise (.aviou .mov); a escolha da posio da origem do sistema de coordenadas;
o uso do recurso fita mtrica na calibragem da relao entre a medida real e a quantidade de
pontos (pixel) na tela; a taxa de quadros utilizada na gerao dos filmes produzidos por
cmeras digitais; as medidas de tempo obtidas utilizando-se a contagem de quadros; a escolha
da quantidade de quadros a serem suprimidos para evitar que as marcas sobre o objeto em
movimento se sobreponham.
Depois desses esclarecimentos foi feita a demonstrao do uso do programa Tracker, o
vdeo escolhido para anlise foi o movimento de uma bola de basquete sendo arremessada. A
escolha desse vdeo teve como finalidade demonstrar que o movimento da bola em uma
trajetria parablica pode ser descrito simultaneamente por dois movimentos independentes:um movimento com velocidade constante na direo horizontal (x) e um movimento com
velocidade uniformemente varivel, ou seja, com acelerao constante, na direo vertical (y).
A anlise permitiu mostrar aos alunos que o espaamento entre as linhas horizontais,
que marcam a posio da bola, diminui medida que a bola sobe, caracterizando um
movimento com acelerao contrria velocidade (Figura 5.2). Tambm foi possvel verificar
que o espaamento entre as linhas verticais se mantm praticamente uniforme o que
caracteriza um movimento com velocidade constante (Figura 5.3).
Figura 5.2: Anlise do movimento de uma bola de basquete na direo vertical (y), onde as linhashorizontais coincidem com as posies da bola.
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Figura 5.3: Anlise do movimento na direo horizontal (x) de uma bola de basquete, onde as linhasverticais coincidem com as posies da bola.
Outro aspecto importante foi relacionar o tipo de movimento nas duas direes
perpendiculares, x e y, com seu correspondente grfico da posio em funo do tempo. No
caso do movimento uniforme pde-se observar uma reta, enquanto que no movimento
uniformemente variado, o grfico gerado pelo programa foi uma parbola.
Sero descritas, a seguir, as atividades desenvolvidas pelos alunos no laboratrio de
informtica em cada uma das etapas.
5.1.4 Segunda aula no laboratrio de informtica
Ao iniciar a aula foram dadas as seguintes instrues:
Os alunos teriam que analisar no mnimo nove vdeos entre onze disponveis na
pasta da proposta na estao de trabalho; Para cada movimento analisado, deveria ser criada uma apresentao de slides
contendo a figura representativa do movimento, com as marcas das sucessivas posies do
objeto, as tabelas e os grficos gerados pelo Tracker. Os arquivos deveriam ser salvos na
pasta da proposta;
Nos movimentos do arremesso da bola de basquete e do saque da bola de vlei a
anlise deveria mostrar as coordenadas x e y das posies, as componentes da velocidade nas
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duas direes e o tempo. Grficos da posio em funo do tempo nas duas direes tambm
deveriam estar presentes nosslides;
Para os demais movimentos, a anlise seria feita segundo a direo x e deveriam
estar presentes nas tabelas: o tempo, a posio e a velocidade. O grfico da posio em funo
do tempo tambm era exigido.
Na figura abaixo, apresenta-se o exemplo do movimento de um patinete. mostrada a
captura de tela, que mostra a imagem trabalhada com o programa Tracker e a respectiva
anlise feita por uma dupla de alunos.
Figura 5.4: Captura de tela apresentando a imagem trabalhada com o programa Tracker com arespectiva anlise feita por uma dupla de alunos.
Aps as instrues, os alunos comearam a anlise dos vdeos. Durante a execuo do
programa Tracker, alguns problemas a ele associados puderam ser percebidos. Por exemplo,
quando muitos arquivos eram abertos simultaneamente ocorria o travamento do programa. A
soluo encontrada para corrigir esse problema era reinici-lo. Em outras ocasies, o
problema apresentado era a no disponibilizao da opo Copiar as janelas para a rea de
transferncia, para que pudessem ser usadas em uma apresentao deslides, a ser utilizada na
discusso dos resultados obtidos na turma como um todo. A alternativa encontrada foi
capturar a imagem da tela do Trackerutilizando a tecla PrintScreen (do teclado) e editar a
imagem usando, p. ex., o aplicativo Paint, recortando a parte desejada, para depois inserir no
slide.
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Durante a aplicao da proposta, verificou-se que novas verses do programa Tracker
foram sendo disponibilizadas pelos seus desenvolvedores, nas quais havia sido corrigida
grande parte dos problemas apresentados.
Os tutoriais sobre a utilizao do programa Tracker,desenvolvidos e disponibilizadosna pgina da proposta, possibilitaram aos alunos rever detalhes sobre os quais ainda tinham
dvidas. Quando a dvida sobre determinado assunto era comum a mais do que um grupo, o
professor apresentava a explicao para todos, usando para tal o projetor multimdia.
No transcorrer da anlise dos vdeos foi observado que parte dos alunos apresentava
dificuldades na escolha sobre onde assinalar sobre o objeto as marcas de suas posies. No
vdeo do aluno correndo, por exemplo, alguns grupos escolheram o p do corredor como local
para marcar as sucessivas posies. Essa escolha gerou um movimento muito complexo
desviando o foco da proposta inicial, que era determinar o tipo de movimento e a velocidade
do aluno que corria. Esses grupos foram aconselhados a escolher outro ponto do corpo do
corredor para marcar as posies, tal como a sua cintura.
Ao final da aula, sempre era recomendado aos alunos que no se esquecessem de
salvar os arquivos no computador para que pudessem ser recuperados na aula seguinte.
5.1.5 Terceira, quarta e quinta aula no laboratrio de informtica
Os alunos continuaram analisando os vdeos dos movimentos e salvando as
informaes das anlises nas estaes de trabalho. Com o intuito de diminuir a disperso na
anlise a ser feita e chamar a ateno dos alunos para determinados aspectos do contedo
visto em sala de aula, a professora de Cincias elaborou e distribuiu para os alunos uma lista
de perguntas sobre os temas. Na apresentao dos slides, para cada um dos movimentos
analisados, os alunos deveriam comentar as suas reflexes sobre os questionamentos
sugeridos.
A seguir, apresentam-se as questes indicadas para reflexo:
Classifique os movimentos em relao velocidade do objeto nas direespredominantes de cada movimento (uniforme, variado ou uniformemente variado).
Classifique os movimentos em relao a sua trajetria (reta, parbola, curva, etc.)
Classifique o movimento em relao acelerao se esta existir10 (acelerado,
retardado).
10A afirmao "... acelerao se esta existir" quer dizer ... acelerao se esta for no nula.
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Classifique o movimento quanto a sua direo (progressivo, retrgrado)11.
Calcule a velocidade mdia do objeto.
Calcule a acelerao do objeto para um intervalo de tempo qualquer.
Comente o grfico do objeto em movimento.
5.1.6 Sexta e stima aula no laboratrio de informtica
Estas duas aulas foram destinadas para o trmino da atividade de anlise dos vdeos.
Os alunos, ao terminarem a atividade de anlise dos vdeos, deveriam apresent-la ao
professor para que seu trabalho fosse avaliado. Em alguns casos, a anlise teve que ser refeita.
Os erros mais comuns observados foram: a falta de algumas das grandezas na tabela
de dados, principalmente quando a anlise envolvia movimentos em duas dimenses;
ausncia de algum tipo de grfico; a no calibragem do programa atravs da utilizao da
ferramenta fita mtrica, o que resultava em valores discrepantes para as grandezas
apresentadas na tabela.
Com relao s perguntas do questionrio, a maior dificuldade encontrada por eles foi
o clculo da acelerao e como explicar o grfico do movimento quando esse no era uma
reta.
A professora de Cincias pediu que uma cpia da anlise de cada um dos movimentos
fosse impressa para que a mesma fosse anexada ao caderno dos alunos.
5.1.7 Oitava e nona aula no laboratrio de informtica
Devido ao perodo de provas e apresentaes de um projeto interdisciplinar que
envolvia todas as turmas de oitava srie, a aplicao da proposta sofreu uma interrupo e s
teve continuidade duas semanas depois.
No reincio das atividades, em dois perodos de aula com cada uma das turmas, o
professor apresentou e promoveu uma discusso, com o auxlio do projetor multimdia, de
algumas das anlises dos vdeos feitas pelos alunos. Os alunos tiveram uma participao bem
ativa o que demonstrou seu interesse nas atividades propostas e realizadas. No final, foram
discutidas as reflexes apresentadas pelos alunos sobre os questionamentos sugeridos para a
anlise de cada um dos movimentos.
11A afirmao "... quanto a sua direo (progressivo, retrgrado)" quer dizer "... quanto ao seu sentido ser tal quese d no sentido escolhido como positivo ou no sentido (oposto) negativo relacionando com o sentido davelocidade.
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Em um segundo momento, foi mostrada aos alunos a possibilidade de modelar o
movimento de um objeto atravs de uma equao matemtica descrevendo sua posio em
funo do tempo. A partir da anlise do vdeo do movimento de uma pessoa andando de
bicicleta e da velocidade mdia calculada com os dados da tabela foi possvel mostrar, com o
auxilio da ferramenta Construo de modelos (do Tracker), que a equao horria obtida
conseguia reproduzir, com boa preciso, o movimento do ciclista. Na figura abaixo, podemos
ver que as marcas vermelhas geradas pela modelagem e as pretas, marcadas na anlise do
vdeo, encontram-se em posies muito prximas.
Figura 5.5: Imagem que mostra as posies reais, em iguais intervalos de tempo, do movimento de umapessoa andando de bicicleta. Tambm so apresentadas, para os mesmos instantes detempo, as posies geradas com a modelagem do programa Tracker.
A origem do sistema de coordenadas foi posicionada sobre a primeira posio domovimento do ciclista marcada na anlise (Figura 5.5). Com isto a modelagem elaborada com
a equao do programa fica facilitada, pois a posio inicial fica zerada. Tambm foi
mostrado aos alunos que a alterao do sinal da velocidade na equao faz com que as marcas
das posies geradas pelo modelo se desloquem no sentido contrrio ao do movimento da
bicicleta.
Por solicitao da professora de Cincias, foi analisado ainda o movimento do
arremesso de uma bola de basquete com a finalidade de demonstrar que um movimento
bidimensional pode ser estudado como dois movimentos em duas direes ortogonais,
horizontal e vertical (x e y, respectivamente). Deste modo, o movimento pode ser
caracterizado por funes matemticas em cada uma dessas direes. Na exposio do
professor sobre a anlise desse movimento foi enfatizado que era evidente que as posies
ocupadas pela bola na direo x eram compatveis com aquelas de um movimento com
velocidade constante. Em seguida, com o recurso Construo de modelos do Tracker foi
obtida a expresso que descreve matematicamente o movimento na direo horizontal. Para
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isso foi utilizado o valor da velocidade mdia da bola, disponvel na tabela do programa. O
modelo gerou uma seqncia de marcas, em azul, como pode ser visto na Figura 5.6.
Figura 5.6: Captura de tela que mostra a trajetria e as posies reais, em iguais intervalos de tempo,do movimento de uma bola de basquete na direo horizontal. Tambm apresentado, naparte inferior da figura, o resultado da modelagem com o programa Tracker.
Aps a modelagem na direo horizontal, foi feita a anlise do movimento na direo
vertical (y), destacando-se que a velocidade da bola diminui gradualmente at o ponto mais
alto da sua trajetria onde ela se anula e, a partir dessa posio, sua velocidade aumenta
medida que a bola cai. Esse fato fica evidenciado analisando-se o espaamento das linhas
horizontais marcadas sobre as posies da bola, em iguais intervalos de tempo, assinaladas na
anlise do movimento (Figura 5.7).
Figura 5.7: Captura de tela que mostra a trajetria e as posies reais, em iguais intervalos de tempo,do movimento de uma bola de basquete na direo vertical.
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Na Figura 5.8 podem ser vistas as marcas da anlise do vdeo sem a presena da
imagem de fundo, esse recurso do programa facilita a visualizao das mesmas.
Figura 5.8: Captura de tela que mostra a trajetria e as posies reais, em iguais intervalos de tempo,do movimento de uma bola de basquete na direo vertical, sem a imagem de fundo.
Figura 5.9: Captura de tela que mostra os parmetros da curva parablica que melhor se ajusta aospontos marcados durante a anlise do movimento da bola de basquete na direo vertical(y).
Para a modelagem da equao que descreve o movimento da bola na direo vertical
foi utilizada a ferramenta de ajuste de curvas. Para tal, deve-se clicar no grfico, com o boto
direito do mouse, e escolher a opo Analisar. Abre-se uma janela Ferramenta de dados
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(Data tools), marcar Ajuste de curvas (Curve fit) e escolher o tipo de curva para o ajuste. O
programa, ento, d como resposta os valores dos parmetros da equao que melhor se ajusta
aos pontos assinalados na anlise (ver Figura 5.9). Os alunos desconheciam o procedimento
de ajuste de dados atravs de uma equao. Foi comentado com eles que existem muitos
programas que fazem ajuste de curvas ou dados com grande preciso. Embora no se pretenda
que alunos desta faixa etria tenham o grau de abstrao envolvido em uma atividade de
ajuste de curvas, serviu como um primeiro contato com esse procedimento de anlise grfica.
Esse procedimento pode vir a propiciar a aquisio de competncias e habilidades na
interpretao e utilizao de diferentes formas de representao, como tabelas e grficos,
como preconizado nos Parmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
(PCNEF).
Os parmetros encontrados pelo programa Tracker, no ajuste dos dados, foramintroduzidos no recurso Construo de modelos, que gerou uma curva parablica para a
posio vertical (y) como funo do tempo. Isto pode ser visto nas Figuras 5.10 e 5.11.
Figura 5.10: Captura de tela que mostra o recurso Construo de modelos do programa Trackere asequaes temporais do movimento nas direes horizontal (x) e vertical (y).
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Figura 5.11: Captura de tela, sem a imagem de fundo, que mostra o recurso Construo de modelosdo programa Trackere as equaes temporais do movimento nas direes horizontal (x) evertical (y).
Nas Figuras 5.10 e 5.11, pode-se observar que a modelagem produziu marcas brancas
de forma triangular, que se sobrepuseram aos crculos cinza marcados durante a anlise do
movimento. Isto demonstra que o ajuste dos dados apresentou um resultado bastante bom.
Tambm foi comentado com os alunos que o parmetro que aparece multiplicando o
tempo elevado ao quadrado (t2) corresponderia metade do valor da acelerao da gravidade.Esse fato permitiu estimar o valor para a acelerao da gravidade atravs da anlise desse
movimento. O valor obtido, g = 2*4,8 m/ s2 = 9,6 m/s2, razovel comparado com o valor
esperado de 9,8 m/s2.
A avaliao da proposta foi realizada no final dessa aula atravs de um questionrio de
opinio contendo perguntas relativas sua aplicao. O resultado desta avaliao ser
discutido no prximo captulo.
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CAPTULO 6
RESULTADOS DA AVALIAO DA PROPOSTA
Ao final da aplicao da proposta foi entregue aos alunos um questionrio com o
objetivo de avaliar as atividades desenvolvidas e tambm verificar o que eles pensam sobre
temas relacionados aos ensinados em Fsica na disciplina de Cincias. importante ressaltar
que a avaliao da proposta aconteceu no final do terceiro trimestre, dias depois da ltima
avaliao da disciplina de Cincias. Neste cenrio foi possvel perceber que certos alunos se
sentiam desanimados com as notas obtidas e com a possibilidade de ter de fazer a recuperao
final nessa disciplina.
Acredita-se que esse momento vivido por alguns deles se refletiu em suas respostas
apresentadas ao questionrio de avaliao da proposta didtica, que suscitou uma reflexosobre a forma como so inseridos contedos de Fsica na oitava srie das escolas.
O questionrio de avaliao aplicado ao trmino da proposta apresentado no
Apndice A.
A seguir, sero analisados os resultados apresentados a partir das respostas dos 135
alunos das cinco turmas de oitava srie onde se deu a aplicao da proposta didtica.
1. Voc gosta de aprender Fsica?a) Sim.
b) No.Justifique sua resposta.
O resultado apresentado em cada uma das turmas para essa pergunta pode ser visto na
Figura 6.1, nos grficos (a) a (e). O resultado global de todos os 135 alunos apresentado na
Figura 6.1 (f).
Voc gosta de aprender Fsica?
Sim
27%
No
73%
Turma 81
Voc gosta de aprender Fsica?
No
20%
Sim80%
Turma 82
(a) (b)
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Voc gosta de aprender Fsica?
Turma 83
Sim
47%No53%
Voc gosta de aprender Fsica?
No
50%
Sim
50%
Turma 84
(c) (d)
Voc gosta de aprender Fsica?
No
29%
Sim
71%
Turma 85
Voc gosta de aprender Fsica?
No
44%
Sim
56%
Resultado Geral
(e) (f)
Figura 6.1: Resultados apresentados para a questo 1 pelos alunos das turmas 81 a 85, (a) a (e),respectivamente. O resultado global de todos os 135 alunos apresentado no ltimogrfico (em (f)).
A anlise dos resultados mostrou que as turmas 82 e 85 tiveram um percentual maior
de alunos que disseram gostar de aprender Fsica. Segundo relatos da professora regente dadisciplina de Cincias, essas mesmas turmas foram as que apresentaram um melhor
rendimento em termos de nota durante o ano letivo. No se pode negar que o desempenho do
aluno em uma disciplina influencia o gostar ou no da mesma e vice-versa.
Foi solicitado aos alunos que justificassem sua resposta a essa questo. Entre aqueles
que responderam Sim, algumas das justificativas so apresentadas abaixo na sua prpria
grafia.
Turma 81Porque ajuda na compreenso sobre o porqu as coisas acontecem. (Aluno 18)
necessrio.(Aluno 19)
Gosto de saber, mas no decorar. (Aluno 21)
Gosto de estudar Fsica pois ela est em toda parte. (Aluno 22)
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Turma 82
Pois a Fsica cria teorias e as tentam comprovar.(Aluno 2)
Pois importante para o nosso cotidiano prtico.(Aluno 3)
A Fsica Explica muitas coisas, alm ter experincias legais. (Aluno 5)
Pois muito importante para nos ajudar a entender o que acontece.(Aluno 9)
Eu gosto de estudar mas difcil. (Aluno 19)
Sim desde que seja de forma diferenciada e no apenas em sala de aula. (Aluno 22)
Turma 83
Pois gosto de matemtica e a Fsica quase igual. Tambm para aprender sobre
movimentos e suas respectivas velocidades.(Aluno 2)
Sim pois tudo Fsica e eu gosto de ver como a Fsica est presente no nosso dia-a-
dia.(Aluno 3)
Eu diria que sim, por ser interessante, mas uma matria muito complexa e difcil,
isso acaba a tornado uma matria chata. (Aluno 4)
Turma 84
Gosto mais de aprender fsica do que qumica pois a fsica mais lgica e
provavelmente irei usa-la mais em meu trabalho.(Aluno 3)
Gosto porque envolve matemtica e na maioria das vezes entendo a matria.(Aluno
4)
Sim porque a fsica para mim vai influenciar para o meu futuro e pode garantir minha
carreira profissional. (Aluno 6)
Eu gosto! Acho muito interessante estudar os movimentos, ainda mais quando
estudamos no somente na teoria mas na prtica tambm acho que deveria ser
sempre assim.(Aluno 8)
importante para o meu futuro.(Aluno 10)
Turma 85
Porque acho uma matria interessante, embora um pouco complexa.(Aluno 8)
Gosto de matemtica ento gosto de fsica tambm.(Aluno 10)
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Gosto, pois a fsica capaz de descrever a natureza com preciso atravs de clculos
matemticos.(Aluno 16)
Pois eu posso aprender coisas novas e para ter algum futuro sempre bom aprender
mais.(Aluno 23)
Sim pois mostra mais o mundo que nos cerca.(aluno 26)
Abaixo, algumas das justificativas dos alunos que responderam No gostar de
aprender Fsica, apresentadas na sua prpria grafia:
Turma 81
Pois eu acho uma matria muito complicada.(Aluno 1)
Porque difcil e chata.(Aluno 5)
Para mim uma matria muito complicada, complexa, que tenho dificuldade em
aprender.(Aluno 7)
Porque tem muita matemtica envolvida.(Aluno 12)
No um contedo que me agrade porem acredito que seja um estudo importante e
til.(Aluno 13)
Acho muito difcil.(Aluno 25)
Turma 82
Porque a fsica a matemtica em movimento eu no gosto d