a fÁbula do arroz cozido

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A FÁBULA DO ARROZ COZIDO Uma lenda chinesa nos narra que certo dia um discípulo perguntou ao seu mestre: ––- Mestre, qual é a diferença entre o céu e o inferno? O mestre, após meditar, respondeu: ––- A diferença é muito pequena e com grandes consequências. Preste atenção: Vi um grande monte de arroz. Cozido e preparado como alimento. Ao redor dele, muitos homens. Famintos, quase a morrer. Não podiam aproximar-se do monte de arroz. Mas possuíam longos palitos de 2 a 3 metros de comprimento – os chineses, naquele tempo, já comiam arroz com palitos. Apanhavam, é verdade, o arroz, mas não conseguiam levá-lo à própria boca, porque os palitos, nas suas mãos, eram muitos longos. E assim, famintos e moribundos, juntos, mas solitários permaneciam, curtindo uma fome eterna, diante de uma fartura inesgotável. E isso era o inferno. Vi outro grande monte de arroz. Cozido e preparado como alimento. Ao redor dele, muitos homens. Famintos, mas cheios de vitalidade. Não podiam aproximar-se do monte do arroz. Mas possuíam longos palitos de 2 a 3 metros de comprimento. Apanhavam o arroz, mas não podiam levá-lo à própria boca, porque os palitos, nas suas mãos, eram muito longos. Mas, com os seus longos palitos, em vez de levá-los à própria boca, serviam uns aos outros o arroz. E, assim, matavam a sua fome insaciável, numa grande comunhão fraterna. Juntos e solidários. Gozando a excelência dos homens e das coisas. E isso era o céu. A diferença entre o céu e o inferno não estava, portanto, nas circunstâncias em que os homens se encontravam, mas no modo de estarem uns com os outros nas mesmas circunstâncias, de como se tratavam uns aos outros. Nos dois casos, a situação era idêntica: o monte de arroz era o mesmo, os homens não podiam se aproximar do alimento e possuíam palitos de 2 a 3 metros de comprimento. A atitude, sim, era primordial para solucionar o problema: se cada um tentasse comer sozinho o arroz, jamais conseguiria, porém se houvesse partilha, solidariedade, ambos saciariam sua fome e ficariam satisfeitos, felizes. Nessa lenda, a grande diferença foi marcada pelo uso de duas palavrinhas: solitário e solidário. Solitário, individualista, egoísta é o que sofre mais e o que faz o outro sofrer mais. Solidário, aquele que compartilha, é o amigo que vê a dor do outro como sua própria dor, ajuda o outro e se coloca na posição de também receber ajuda, numa troca mútua de amizade e de respeito. Na verdade, o que importa é a nossa atitude diante da vida. O nosso jeito de pensar e de ver o outro, de forma respeitosa, amiga, também o modo como lidamos com situações, de forma sensata e equilibrada, influenciam para a mudança do ambiente em que estamos em um local mais tranquilo, mais pacificado, de convivência harmônica. Pensemos nisto: O maior inimigo do amor é o egoísmo. O amor é partilha, é solidariedade; sair do individualismo é sinal de maturidade. (autoria desconhecida)

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  • A FBULA DO ARROZ COZIDO Uma lenda chinesa nos narra que certo dia um discpulo perguntou ao seu

    mestre: - Mestre, qual a diferena entre o cu e o inferno? O mestre, aps meditar, respondeu: - A diferena muito pequena e com grandes consequncias. Preste

    ateno: Vi um grande monte de arroz. Cozido e preparado como alimento. Ao redor

    dele, muitos homens. Famintos, quase a morrer. No podiam aproximar-se do monte de arroz. Mas possuam longos palitos de 2 a 3 metros de comprimento os chineses, naquele tempo, j comiam arroz com palitos. Apanhavam, verdade, o arroz, mas no conseguiam lev-lo prpria boca, porque os palitos, nas suas mos, eram muitos longos. E assim, famintos e moribundos, juntos, mas solitrios permaneciam, curtindo uma fome eterna, diante de uma fartura inesgotvel. E isso era o inferno.

    Vi outro grande monte de arroz. Cozido e preparado como alimento. Ao redor dele, muitos homens. Famintos, mas cheios de vitalidade. No podiam aproximar-se do monte do arroz. Mas possuam longos palitos de 2 a 3 metros de comprimento. Apanhavam o arroz, mas no podiam lev-lo prpria boca, porque os palitos, nas suas mos, eram muito longos. Mas, com os seus longos palitos, em vez de lev-los prpria boca, serviam uns aos outros o arroz. E, assim, matavam a sua fome insacivel, numa grande comunho fraterna. Juntos e solidrios. Gozando a excelncia dos homens e das coisas. E isso era o cu. A diferena entre o cu e o inferno no estava, portanto, nas circunstncias em que os homens se encontravam, mas no modo de estarem uns com os outros nas mesmas circunstncias, de como se tratavam uns aos outros. Nos dois casos, a situao era idntica: o monte de arroz era o mesmo, os homens no podiam se aproximar do alimento e possuam palitos de 2 a 3 metros de comprimento. A atitude, sim, era primordial para solucionar o problema: se cada um tentasse comer sozinho o arroz, jamais conseguiria, porm se houvesse partilha, solidariedade, ambos saciariam sua fome e ficariam satisfeitos, felizes. Nessa lenda, a grande diferena foi marcada pelo uso de duas palavrinhas: solitrio e solidrio. Solitrio, individualista, egosta o que sofre mais e o que faz o outro sofrer mais. Solidrio, aquele que compartilha, o amigo que v a dor do outro como sua prpria dor, ajuda o outro e se coloca na posio de tambm receber ajuda, numa troca mtua de amizade e de respeito. Na verdade, o que importa a nossa atitude diante da vida. O nosso jeito de pensar e de ver o outro, de forma respeitosa, amiga, tambm o modo como lidamos com situaes, de forma sensata e equilibrada, influenciam para a mudana do ambiente em que estamos em um local mais tranquilo, mais pacificado, de convivncia harmnica. Pensemos nisto: O maior inimigo do amor o egosmo. O amor partilha, solidariedade; sair do individualismo sinal de maturidade.

    (autoria desconhecida)