a extradiÇÃo e o princÍpio da nÃo devoluÇÃo no direito … · 2019-09-28 · 1 a extradiÇÃo...

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1 A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS 1 Piettra da Fonseca e Ferrapontof 2 RESUMO: O presente trabalho tem como escopo analisar o princípio do non-refoulement (não devolução) frente um pedido de extradição de um indivíduo reconhecido como refugiado, visando, ao seu tempo, discutir justamente a eficácia e a funcionalidade de proteções estabelecidas em convenções internacionais relacionadas a refugiados e aos direitos humanos, inclusive quando ocorridos grandes fluxos em massa. O princípio da não devolução é considerado um elemento essencial para a aplicabilidade dos direitos concernentes à Convenção de 1951 Relativo ao Estatuto dos Refugiados e ao Protocolo de 1967 Relativo ao Estatuto dos Refugiados. Devido a sua importância, no momento em que um Estado pede a extradição de um refugiado, o Estado requerido deverá analisá-lo com extrema cautela frente ao princípio da não devolução. Qualquer ato contrário poderá pôr a vida e liberdade do indivíduo em grande risco, sendo inadmissível perante o direito internacional do refugiado, os direitos humanos e o direito consuetudinário internacional. Palavras-chave: refugiados, princípio da não devolução, direitos humanos, ACNUR, extradição. 1. INTRODUÇÃO O fluxo de refugiados deslocados internacionalmente é proporcionado por conflitos, calamidades e temores de perseguição, tendo o poder de abalar a estrutura interna de países e, inclusive, da comunidade internacional. Atualmente existe uma intensificação de conflitos internacionais, como os movimentos separatistas na Ucrânia, o combate ao Estado Islâmico e a Guerra Civil Síria, sendo dever dos órgãos internacionais e do ACNUR, órgão das Nações Unidas responsável pela fiscalização da aplicação da Convenção de 1951 Relativo ao Estatuto 1 Artigo extraído de trabalho de conclusão de curso, apresentado como requisito para obtenção do grau de bacharel em ciências jurídicas e sociais da faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, aprovado com grau máximo pela banca examinadora composta pelo orientador Prof. Elias Grossmann, Prof. Augusto Jobim e Prof. Gustavo Pereira, em 14 de novembro de 2014. 2 Bacharelanda em Direito. Contato: [email protected]

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Page 1: A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO … · 2019-09-28 · 1 A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS1 Piettra

1

A EXTRADICcedilAtildeO E O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO NO DIREITO

INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS1

Piettra da Fonseca e Ferrapontof2

RESUMO O presente trabalho tem como escopo analisar o princiacutepio do non-refoulement

(natildeo devoluccedilatildeo) frente um pedido de extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo reconhecido como

refugiado visando ao seu tempo discutir justamente a eficaacutecia e a funcionalidade de

proteccedilotildees estabelecidas em convenccedilotildees internacionais relacionadas a refugiados e aos direitos

humanos inclusive quando ocorridos grandes fluxos em massa O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

eacute considerado um elemento essencial para a aplicabilidade dos direitos concernentes agrave

Convenccedilatildeo de 1951 Relativo ao Estatuto dos Refugiados e ao Protocolo de 1967 Relativo ao

Estatuto dos Refugiados

Devido a sua importacircncia no momento em que um Estado pede a extradiccedilatildeo de um

refugiado o Estado requerido deveraacute analisaacute-lo com extrema cautela frente ao princiacutepio da

natildeo devoluccedilatildeo Qualquer ato contraacuterio poderaacute pocircr a vida e liberdade do indiviacuteduo em grande

risco sendo inadmissiacutevel perante o direito internacional do refugiado os direitos humanos e o

direito consuetudinaacuterio internacional

Palavras-chave refugiados princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo direitos humanos ACNUR

extradiccedilatildeo

1 INTRODUCcedilAtildeO

O fluxo de refugiados deslocados internacionalmente eacute proporcionado por conflitos

calamidades e temores de perseguiccedilatildeo tendo o poder de abalar a estrutura interna de paiacuteses e

inclusive da comunidade internacional Atualmente existe uma intensificaccedilatildeo de conflitos

internacionais como os movimentos separatistas na Ucracircnia o combate ao Estado Islacircmico e

a Guerra Civil Siacuteria sendo dever dos oacutergatildeos internacionais e do ACNUR oacutergatildeo das Naccedilotildees

Unidas responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo da Convenccedilatildeo de 1951 Relativo ao Estatuto

1 Artigo extraiacutedo de trabalho de conclusatildeo de curso apresentado como requisito para obtenccedilatildeo do grau de

bacharel em ciecircncias juriacutedicas e sociais da faculdade de Direito da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio

Grande do Sul aprovado com grau maacuteximo pela banca examinadora composta pelo orientador Prof Elias

Grossmann Prof Augusto Jobim e Prof Gustavo Pereira em 14 de novembro de 2014 2 Bacharelanda em Direito Contato piettraffyahoocombr

2

dos Refugiados e da proteccedilatildeo dos refugiados ficarem atentos para que refugiados obtenham

os seus devidos direitos Tal proteccedilatildeo se mostra um tema atual e relevante merecendo um

profundo exame quanto aos seus direitos no momento em que houver um pedido de

extradiccedilatildeo de algueacutem protegido pela Convenccedilatildeo de 1951

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute uma proteccedilatildeo estabelecida na Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados inerente agravequeles classificados como refugiados perante

ela consistindo na proibiccedilatildeo de um Estado enviar o indiviacuteduo a um paiacutes onde sua vida ou sua

liberdade possam ser ameaccediladas em virtude de sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo social

ou opiniotildees poliacuteticas

Este artigo tem como propoacutesito analisar o princiacutepio de proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo

frente a um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido um crime em paiacutes

diverso Poreacutem natildeo haacute como objeto o esgotamento do tema mas sim apresentar alguns

aspectos agrave problemaacutetica Apesar da importacircncia desse assunto doutrinas satildeo escassas

havendo um melhor suporte atraveacutes de documentos publicados pelo ACNUR

Para uma melhor apreciaccedilatildeo seraacute necessaacuterio dividir o trabalho em trecircs capiacutetulos

refugiados princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo e extradiccedilatildeo

2 REFUGIADOS

O primeiro esforccedilo internacional institucionalizado para ajuda a refugiados se deu com

a criaccedilatildeo do Alto Comissariado para Refugiados da Liga das Naccedilotildees em 1921 Poacutes-Primeira

Guerra Mundial As caracteriacutesticas que hoje definem o refugiado natildeo eram os principais focos

do Alto Comissariado Ao inveacutes disso o cerne era o enorme nuacutemero de pessoas que estavam

deixando a Ruacutessia devido agrave Revoluccedilatildeo de 1917 e os esforccedilos das comunidades internacionais

para ajudaacute-las3

Com o tempo outras instituiccedilotildees foram criadas com o propoacutesito de auxiacutelio e proteccedilatildeo

de refugiados - especialmente com o surgimento da Segunda Guerra Mundial - como a

Administraccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para o Auxiacutelio e a Reabilitaccedilatildeo (UNRRA) e a Organizaccedilatildeo

Internacional para Refugiados (IRO) a qual obteve sua proacutepria constituiccedilatildeo4 Contudo foi em

1949 que surgiu o oacutergatildeo das Naccedilotildees Unidas para Refugiados ativo ateacute hoje

3 GUNNING Isabelle R Expanding the International Definition of Refugee A Multicultural View Vol 13

Fordham International Law Journal The Berkeley Electronic Press 1989 Pg 41 Disponiacutevel em

lthttpirlawnetfordhameducgiviewcontentcgiarticle=1231ampcontext=iljgt Acesso em 02092014 4 Constitution of the International Refugee Organization Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3ae6b37810htmlgt Acesso em 02092014

3

Atraveacutes da Resoluccedilatildeo 319 (IV) foi criado o Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas

para os Refugiados (ACNUR) uma instituiccedilatildeo apoliacutetica humanitaacuteria e social que conforme

estabelecido no anexo 1 paraacutegrafo terceiro da Resoluccedilatildeo tinha como sua competecircncia

refugiados e pessoas deslocadas conforme a definiccedilatildeo trazida pela Constituiccedilatildeo da

Organizaccedilatildeo Internacional para Refugiados5 As funccedilotildees do Alto Comissariado foram

definidas atraveacutes do Estatuto do Escritoacuterio do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para os

Refugiados6 o qual foi anexado agrave Resoluccedilatildeo 428 (V) visando basicamente em aplicar e

fiscalizar os direitos e proteccedilotildees aos refugiados

A necessidade de uma convenccedilatildeo internacional relacionada ao status de refugiado

visando sua assistecircncia e proteccedilatildeo jaacute era discutida contudo somente em 28 de julho de 1951

na Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas de Plenipotenciaacuterios ocorreu o surgimento da Convenccedilatildeo

Relativa ao Estatuto dos Refugiados7 se tornando este o instrumento legal internacional a

definir no seu artigo 1ordm anexo A (2) como sendo refugiado todo aquele

Art 1ordm - Definiccedilatildeo do termo refugiado

2) Que em consequumlecircncia dos acontecimentos ocorridos antes de 1ordm de janeiro de

1951 e temendo ser perseguida por motivos de raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniotildees poliacuteticas se encontra fora do paiacutes de sua nacionalidade e que natildeo

pode ou em virtude desse temor natildeo quer valer-se da proteccedilatildeo desse paiacutes ou que

se natildeo tem nacionalidade e se encontra fora do paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual em consequumlecircncia de tais acontecimentos natildeo pode ou devido ao referido

temor natildeo quer voltar a ele8

Entretanto o artigo 1ordm anexo B (1) estipulava uma limitaccedilatildeo temporal e territorial para

a definiccedilatildeo trazida na Convenccedilatildeo crendo que a problemaacutetica surgida durante este periacuteodo de

guerras fosse algo passageiro9

5 Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 319 (IV) Refugees and stateless persons 3 dez 1949

Disponiacutevel em lthttpresearchunorgendocsgaquickregular4gt Acesso em 02092014 6 Capiacutetulo II do Estatuto do ACNUR Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgt3portuguesrecursosdocumentostx_danpdocumentdirs_pi25Bdownload5D=yesampt

x_danpdocumentdirs_pi25Bmode5D=1amptx_danpdocumentdirs_pi25Bsort5D=doctitlesortinguidamptx_d

anpdocumentdirs_pi25Bdownloadtyp5D=streamamptx_danpdocumentdirs_pi25Buid5D=594amptx_danpdoc

umentdirs_pi25Bpointer5D=0gt Acesso em 20102014 7 LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 49 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 15092014 8 Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

02092014 9 Art 1ordm da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 ldquoB 1) Para os fins da presente

Convenccedilatildeo as palavras acontecimentos ocorridos antes de 1ordm de janeiro de 1951 do art 1ordm seccedilatildeo A poderatildeo

ser compreendidas no sentido de ou

a) acontecimentos ocorridos antes de 1ordm de janeiro de 1951 na Europa ou

b) acontecimentos ocorridos antes de 1ordm de janeiro de 1951 na Europa ou alhures

4

Ao contraacuterio do que se pensava a questatildeo dos refugiados comeccedilou a dar sinais de ser

um assunto que merecia a devida atenccedilatildeo A definiccedilatildeo estabelecida na Convenccedilatildeo de 1951 era

limitada e devido a mudanccedilas relativas agrave migraccedilatildeo forccedilada internacional ocorrendo diversos

tratados e acordos internacionais foram ratificados com o propoacutesito de englobar aqueles que

natildeo se encontravam definidos como refugiados10

Com o nuacutemero de refuacutegios crescendo cada vez mais as Naccedilotildees Unidas reconheceram

que a Convenccedilatildeo de 1951 estava ultrapassada e natildeo poderia mais ser atrelada a fatos ligados agrave

Segunda Guerra Mundial11

Com isso em abril de 1965 foi realizado um Coloacutequio Sobre os

Aspectos Juriacutedicos dos Problemas dos Refugiados aonde chegaram agrave conclusatildeo que o melhor

meio de adequar a Convenccedilatildeo para a nova situaccedilatildeo dos refugiados seria elaborando um

protocolo sucedendo-se assim a criaccedilatildeo do Protocolo de 1967 o qual manteve a mesma

definiccedilatildeo estabelecida em 1951 poreacutem omitindo o limite de tempo e espaccedilo12

Enquanto se esperava um decreacutescimo no nuacutemero de refugiados do continente europeu

outros continentes lidavam com a problemaacutetica do deslocamento de pessoas Todavia estas

natildeo eram abrangidas pela definiccedilatildeo estipulada na Convenccedilatildeo de 1951 e no Protocolo de 1967

Nesse sentido com o escopo de protegecirc-los diversos acordos regionais convenccedilotildees e outros

instrumentos legais foram criados inclusive alguns contendo sua proacutepria definiccedilatildeo de

ldquorefugiadordquo

Na Aacutefrica o movimento de descolonizaccedilatildeo trouxe preocupaccedilatildeo aos estados africanos

que acreditavam em uma possiacutevel crise de refugiados nos anos 70 A definiccedilatildeo alterada e

estipulada no Protocolo de 1967 natildeo era abrangente o suficiente sendo criada entatildeo a

Convenccedilatildeo da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana (OUA) que Rege os Aspectos Especiacuteficos

dos Problemas dos Refugiados na Aacutefrica em 10 de setembro de 196913

Tal Convenccedilatildeo

e cada Estado Contratante faraacute no momento da assinatura da ratificaccedilatildeo ou da adesatildeo uma declaraccedilatildeo

precisando o alcance que pretende dar a essa expressatildeo do ponto de vista das obrigaccedilotildees assumidas por ele em

virtude da presente Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

02092014 10

GUNNING Isabelle R Expanding the International Definition of Refugee A Multicultural View Vol 13

Fordham International Law Journal The Berkeley Electronic Press 1989 Pg 44 Disponiacutevel em

lthttpirlawnetfordhameducgiviewcontentcgiarticle=1231ampcontext=iljgt Acesso em 02092014 11

Ibid pg 45 12

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 101 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 15092014 13

GUNNING Isabelle R Expanding the International Definition of Refugee A Multicultural View Vol 13

Fordham International Law Journal The Berkeley Electronic Press 1989 Pg 46 Disponiacutevel em

lthttpirlawnetfordhameducgiviewcontentcgiarticle=1231ampcontext=iljgt

Acesso em 02092014

5

englobava o conceito de refugiados em duas partes sendo a primeira fiel agrave definiccedilatildeo do

Protocolo e a segunda aplicada conforme as exigecircncias das adversidades ocorridas na Aacutefrica14

Apesar de este novo conceito ter sido criado voltado para uma aplicaccedilatildeo regional ele eacute

utilizado atualmente pelo ACNUR podendo-se dizer que fora uma presunccedilatildeo do que o fluxo

de refugiados viria a se constituir

Conforme os dois principais instrumentos legais internacionais referentes a refugiados

o estabelecimento das razotildees para uma pessoa ser incapaz ou estar relutante para voltar ao seu

paiacutes de nacionalidade segundo ldquotemendo ser perseguida por motivos de raccedila religiatildeo

nacionalidade grupo social ou opiniotildees poliacuteticasrdquo15

tem sido criticada pela comunidade

internacional como sendo muito restrito O fluxo de pessoas deslocadas inclui diversos

motivos assim como mudanccedilas climaacuteticas superpopulaccedilatildeo escassez de alimentos

terrorismo homossexualismo e outros que se encaixam a cada transtorno estatal

21 A DEFINICcedilAtildeO DE lsquoREFUGIADOrsquo PERANTE A CONVENCcedilAtildeO DE 1951

O artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 especifica quem satildeo os refugiados nesse

sentido ele determina a quem seratildeo dirigidas as regras ali presentes Apesar disso

ambiguidades a falta de especificidade e o surgimento de novos casos que caracterizariam o

refugiado trazem discussotildees na comunidade internacional pondo em duacutevida a quem caberia

ou natildeo tal proteccedilatildeo

Primeiramente cabe mencionar o artigo 31 da Convenccedilatildeo de Viena Sobre o Direito

dos Tratados de 1969 o qual determina que ldquoum tratado deve ser interpretado de boa feacute

14

Artigo 1 da Convenccedilatildeo da Organizaccedilatildeo de Unidade Africana (OUA) que rege os aspectos especiacuteficos dos

problemas dos refugiados na Aacutefrica ldquoArtigo 1 - Definiccedilatildeo do termo Refugiado

1 - Para fins da presente Convenccedilatildeo o termo refugiado aplica-se a qualquer pessoa que receando com razatildeo ser

perseguida em virtude da sua raccedila religiatildeo nacionalidade filiaccedilatildeo em certo grupo social ou das suas opiniotildees

poliacuteticas se encontra fora do paiacutes da sua nacionalidade e natildeo possa ou em virtude daquele receio natildeo queira

requerer a protecccedilatildeo daquele paiacutes ou que se natildeo tiver nacionalidade e estiver fora do paiacutes da sua anterior

residecircncia habitual apoacutes aqueles acontecimentos natildeo possa ou em virtude desse receio natildeo queira laacute voltar

2 - O termo refugiado aplica-se tambeacutem a qualquer pessoa que devido a uma agressatildeo ocupaccedilatildeo externa

dominaccedilatildeo estrangeira ou a acontecimentos que perturbem gravemente a ordem puacuteblica numa parte ou na

totalidade do seu paiacutes de origem ou do paiacutes de que tem nacionalidade seja obrigada a deixar o lugar da

residecircncia habitual para procurar refuacutegio noutro lugar fora do seu paiacutes de origem ou de nacionalidaderdquo

Disponiacutevel em lt

httpwwwacnurorgt3portuguesrecursosdocumentostx_danpdocumentdirs_pi25Bpointer5D=0amptx_dan

pdocumentdirs_pi25Bmode5D=1amptx_danpdocumentdirs_pi25Bsort5D=doctitlesortinguidamptx_danpdo

cumentdirs_pi25Bdownload5D=yesamptx_danpdocumentdirs_pi25Bdownloadtyp5D=streamamptx_danpdoc

umentdirs_pi25Buid5D=586gt Acesso em 03092014 15

Artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

03092014

6

segundo o sentido comum atribuiacutevel aos termos do tratado em seu contexto e agrave luz de seu

objetivo e finalidaderdquo 16

Aleacutem disso ele especifica que deve ser levado em consideraccedilatildeo natildeo

soacute o texto em si ao analisar um Tratado mas tambeacutem seu preacircmbulo e seus anexos a fim de

obter um maior esclarecimento sobre o que se estaacute lidando

No caso da Convenccedilatildeo de 1951 nota-se que o preacircmbulo reforccedila e engloba a

aplicaccedilatildeo dos direitos humanos aos refugiados expondo assim a preocupaccedilatildeo a importacircncia

e a imposiccedilatildeo de que tais indiviacuteduos estejam sobre a proteccedilatildeo humanitaacuteria influenciada pela

Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e a Carta das Naccedilotildees Unidas e que assim seus

direitos natildeo sejam violados conforme cita Alice Edwards

The Preamble to the 1951 Convention call on States lsquoto assure refugees the widest

possible exercise of [their] fundamental rights and freedomsrsquo necessitating an

analysis of refugee law within the wider humanitarian and human rights context

International human rights law and international humanitarian law instruments

complement the safeguards for refugees enumerated in the 1951 Convention17

Para ser caracterizado como um refugiado o indiviacuteduo deveraacute ter um fundado receio

de perseguiccedilatildeo Entretanto a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo estabelece nem delimita o que poderia

ser considerado como um ldquofundado receiordquo Sendo assim conforme o Manual de

Procedimentos e Criteacuterios para Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a

Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos ao Estatuto dos Refugiados do ACNUR

para ser considerado relevante o receio de ser perseguido o solicitante deveraacute demonstrar que

a sua permanecircncia no paiacutes de origem se tornou intoleraacutevel por motivos constantes na

definiccedilatildeo ou que por esses mesmos motivos seria intoleraacutevel se laacute voltasse18

ficando a

caraacuteter dos avaliadores julgarem ser esse receio razoaacutevel ou natildeo

No caso da palavra ldquoperseguiccedilatildeordquo devido agrave igual ausecircncia de definiccedilatildeo estabelecida

na esfera do direito internacional mais uma vez o Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado do ACNUR se aplica a esclarecer a ideologia por traacutes

dessa palavra em contexto com a Convenccedilatildeo Ela estabelece que aleacutem das circunstacircncias jaacute

presentes no artigo 1ordm qualquer ato que viole gravemente os direitos humanos tambeacutem pode

16

Artigo 31 da Convenccedilatildeo de Viena sobre o Direito dos Tratados Disponiacutevel em lthttpdai-

mreserprogovbrlegislacaoconvencao-de-viena-sobre-o-direito-dos-tratados-1gt Acesso em 04092014 17

EDWARDS Alice Age and gender dimensions in international refugee law Cambridge Cambridge

University Press 2003 Pgs 46 e 47 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg419c74784pdfgt Acesso em

04092014 18

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 42 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

7

ser considerado perseguiccedilatildeo Aleacutem disso as circunstacircncias de cada caso deveratildeo ser avaliadas

a fim de verificar em que condiccedilotildees se encontram o requerente19

Haacute tambeacutem a assertiva que o ato de perseguiccedilatildeo pode ser cometido tanto por agentes

estatais quanto por natildeo estatais20

- natildeo sendo mencionada nem na Convenccedilatildeo de 1951 nem

no Protocolo de 1967 qualquer disposiccedilatildeo em contraacuterio A accedilatildeo por intervenientes natildeo estatais

estaacute sendo aceita pela jurisprudecircncia internacional nos cenaacuterios em que o Estado de domiciacutelio

do requerente natildeo tem capacidade ou estaacute relutante em oferecer proteccedilatildeo21

No caso de indiviacuteduos apaacutetridas com receio de perseguiccedilatildeo estes ao se encontrarem

frente a um motivo que assinalaria uma questatildeo de refuacutegio tecircm direitos sim frente agrave

Convenccedilatildeo de 1951 Assim sendo deve ser levado em consideraccedilatildeo o paiacutes da sua anterior

residecircncia habitual e natildeo seu paiacutes de nacionalidade e analisar as razotildees pelas quais haacute o

receio22

Outro fator que acabou chamando atenccedilatildeo da comunidade internacional foi o nuacutemero

de pedidos de refuacutegios com base no temor de ser perseguido pelo motivo de ser membro de

determinado grupo social e a abrangecircncia que estaacute ocorrendo frente a esse fundamento natildeo

havendo uma especiacutefica interpretaccedilatildeo internacional sobre o assunto Definir a quem se

aplicaria a categoria de ldquogrupo socialrdquo eacute uma das maiores dificuldades enfrentadas frente ao

artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 195123

Com o objetivo de prover uma orientaccedilatildeo interpretativa legal foi criada a UNHCR

Guidelines on International Protection ldquoMembership of a particular social grouprdquo within

19

Ibid paraacutegrafos 51 e 52 20

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 62 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 21

AUSTRAacuteLIA Suprema Corte da Austraacutelia Minister For Immigration And Multicultural Affairs v Naima

Khawar High Court Of Australia Parkes 11 abril 2002 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3deb326b8htmlgt Acesso em 08092014 22

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafos 89 e 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 23

ldquoFurthermore since the usual materials consulted in the interpretation of international agreements provide

little assistance on the question of membership of a particular social group adjudicators have adopted a range of

(often conflicting) constructions of the Convention language Courts and administrative agencies have at times

announced a standard that adequately resolves the case before them only later to conclude that the rule must be

modified because of subsequent claimsrdquo (ALEINIKOFF T Alexander Refugee Protection in International

Law UNHCRs Global Consultations on International Protection Cambridge Cambridge University Press

2003 Pg 264 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=4bed15822ampskip=0ampquery=Refugee20protection20in20interna

tional20law20an20overall20perspectivegt Acesso em 09092014)

8

the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention andor its 1967 Protocol relating to the

Status of Refugees elucidando entre outros pontos a questatildeo de perseguiccedilatildeo

As noted above a particular social group cannot be defined exclusively by the

persecution that members of the group suffer or by a common fear of being

persecuted Nonetheless persecutory action toward a group may be a relevant factor

in determining the visibility of a group in a particular society To use an example

from a widely cited decision lsquo[W]hile persecutory conduct cannot define the social

group the actions of the persecutors may serve to identify or even cause the creation

of a particular social group in societyrsquo24

Decisotildees e argumentos referentes a cada paiacutes divergem constantemente A procura

pela delimitaccedilatildeo sobre quem se enquadraria no termo ldquogrupo socialrdquo deve ter o cuidado de

natildeo ser abrangente de modo a ferir o propoacutesito da Convenccedilatildeo a qual natildeo tem como princiacutepio

proteger todas as viacutetimas de perseguiccedilatildeo

22 A DETERMINACcedilAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO SUAS PROTECcedilOtildeES E SEUS

DIREITOS

A fim de se beneficiar da Convenccedilatildeo de 1951 eacute necessaacuterio identificar quem eacute digno

de obter o tiacutetulo de refugiado Tanto a Convenccedilatildeo de 1951 quanto o Protocolo de 1967

estabelecem quem eacute o refugiado e os direitos e proteccedilotildees a ele aplicados contudo natildeo eacute

mencionada a regulamentaccedilatildeo e forma de procedimento a ser tomado para determinar tal

status Sendo assim cada Estado Signataacuterio deve estabelecer os meacutetodos a serem aplicados de

acordo com a sua estrutura interna poreacutem com a cautela de natildeo infringir os dispositivos da

Convenccedilatildeo e demais documentos internacionais Somente os Estados e em casos

excepcionais25

o ACNUR satildeo os responsaacuteveis para determinar o status de refugiado26

24

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Guidelines on International Protection

ldquoMembership of a particular social grouprdquo within the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention

andor its 1967 Protocol relating to the Status of Refugees 7 maio 2002 Paraacutegrafo 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3d36f23f4ampskip=0ampquery=unhcr20guidelines20on20internatio

nal20protection20on20membership20of20a20particular20social20group gt Acesso em

09092014 25

ldquoWhile States particularly those which are Party to the 1951 Convention andor 1967 Protocol should

normally conduct refugee status determination themselves in certain situations UNHCR may need to conduct its

own refugee status determination and establish for itself whether or not particular individuals or members of a

certain group are refugees within the Officersquos international protection mandate In the majority of cases the

Office does so on the basis of the 1950 Statute In practice this may occur in a variety of contexts including in

countries which are not Party to the 1951 Convention1967 Protocol or in countries which are Party to the 1951

Convention1967 Protocol but where asylum determination procedures have not yet been established or the

national asylum determination process is manifestly inadequate or where determinations are based on an

erroneous interpretation of the 1951 Convention or as a precondition for the implementation of durable solutions

9

O indiviacuteduo ou um grupo de pessoas no momento em que ingressam em outro Estado

com receio de voltar ao seu paiacutes de nacionalidade ou domiciacutelio devido a perseguiccedilotildees tecircm o

direito de ingressar com um pedido de refuacutegio conforme os procedimentos legais nacionais

Nesses casos ao chegarem agrave fronteira de um paiacutes com o objetivo de obter proteccedilatildeo esses natildeo

devem ser rejeitados em consonacircncia com o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo No caso de rejeiccedilatildeo

na fronteira o procedimento mais correto de um paiacutes a se tomar eacute natildeo incorrer com a

devoluccedilatildeo mas sim conforme Elihu Lauterpacht e Daniel Bethlehem declaram

This does not mean however that States are free to reject at the frontier without

constraint those who have a well-founded fear of persecution What it does mean is

that where States are not prepared to grant asylum to persons who have a well-

founded fear of persecution they must adopt a course that does not amount to

refoulement This may involve removal to a safe third country or some other

solution such as temporary protection or refuge27

No momento em que uma pessoa solicita o status de refugiado a um Estado sendo este

membro da Convenccedilatildeo de 1951 eou do Protocolo de 1967 ela jaacute poderaacute gozar das proteccedilotildees

estabelecidas nos referidos documentos Independente de ser concedido ou natildeo tal status se a

pessoa satisfaz os criteacuterios estabelecidos no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 ela jaacute eacute um

refugiado A concessatildeo do status eacute somente uma mera declaraccedilatildeo28

Nesse sentido a

obrigaccedilatildeo mais importante vinculada a ela eacute a proibiccedilatildeo de ser enviada a um terceiro Estado o

qual possa sofrer perseguiccedilatildeo Tambeacutem haveraacute o benefiacutecio de usufruir das proteccedilotildees

estipuladas na Convenccedilatildeo de 1951 devendo ser equiparado aos habitantes locais sem

distinccedilotildees ateacute o momento da decisatildeo judicial da autoridade competente - incluindo fases

recursais

Ao solicitar a determinaccedilatildeo do status de refugiado o requerente deve fornecer toda e

qualquer prova de sua situaccedilatildeo Contudo deve-se levar em consideraccedilatildeo a sua situaccedilatildeo

such as resettlementrdquo (Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying

Who is a Refugee UNHCR 1 set 2005 Pg 11 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014) 26

Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying Who is a Refugee

UNHCR 1 set 2005 Pg 10 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014 27

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 113 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 15092014 28

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 28 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

10

vulneraacutevel29

Na maioria dos casos tais indiviacuteduos se encontram sem documentaccedilatildeo em um

paiacutes desconhecido provavelmente em um idioma que natildeo seja o seu e somente com seus bens

pessoais baacutesicos Sendo assim deveraacute ser concedido ao requerente o benefiacutecio da duacutevida ou

seja ele natildeo poderaacute ser prejudicado por afirmativas duacutebias caso o examinador entender que

todo o contexto da histoacuteria tenha coerecircncia Muitas vezes o requerente poderaacute omitir ou

alterar fatos por medo e experiecircncias traumaacuteticas natildeo podendo isto ir contra ele

Visando tornar mais eficiente e justo os procedimentos nacionais de determinaccedilatildeo do

status de refugiado conclusotildees do ACNUR foram criadas estipulando um padratildeo miacutenimo de

requerimentos devendo o procedimento ser justo natildeo discriminatoacuterio e apropriado agrave natureza

do pedido de refuacutegio havendo um inqueacuterito completo para estabelecer os fatos30

Cada Estado deveraacute oferecer direitos baacutesicos ao refugiado ou solicitante de refuacutegio

como moradia adequada cuidados de sauacutede e educaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior ao miacutenimo

estabelecido nem diverso do tratamento disponibilizado aos seus nacionais Pessoas que natildeo

possuem documentaccedilatildeo natildeo poderatildeo ser impossibilitadas de requerer o refuacutegio cabendo ao

Estado assim entregar documento de identidade a qualquer refugiado que se encontrar no seu

territoacuterio vide o artigo 27 da Convenccedilatildeo31

No caso de refugiados em situaccedilatildeo irregular no paiacutes o artigo 31 traz a sua proteccedilatildeo

contra sanccedilotildees penais natildeo podendo igualmente devolvecirc-lo ao seu paiacutes de origem visto o

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo em concordacircncia com a Conclusatildeo n 6 (XXVIII) do Comitecirc

Executivo

221 Exclusatildeo e Cessaccedilatildeo do Status de Refugiado

Existem casos estipulados no artigo 1ordm da Convenccedilatildeo de 1951 que excluem pessoas de

obterem as proteccedilotildees da Convenccedilatildeo mesmo se enquadrando nas caracteriacutesticas do artigo

1A(2)

O artigo 1D32

exclui o direito de usufruto da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto dos

Refugiados agravequeles que jaacute se beneficiam de uma proteccedilatildeo de diverso organismo ou instituiccedilatildeo

29

Ibid paraacutegrafo 190 30

Ibid paraacutegrafo 192 31

CLARK Tom Rights Based Refuge the Potential of the 1951 Convention and the Need for

Authoritative Interpretation Vol 16 Oxford International Journal of Refugee Law Oxford University Press

2004 Pg 589 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent164584fullpdfgt Acesso em 17092014 32

Artigo 1D da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute

aplicaacutevel agraves pessoas que atualmente se beneficiam de uma proteccedilatildeo ou assistecircncia da parte de um organismo ou

de uma instituiccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas que natildeo o Alto Comissaacuterio das Naccedilotildees Unidas para refugiados Quando

esta proteccedilatildeo ou assistecircncia houver cessado por qualquer razatildeo sem que a sorte dessas pessoas tenha sido

11

da ONU Tal artigo foi criado a fim de excluir refugiados palestinos jaacute protegidos pela

Agecircncia das Naccedilotildees Unidas de Assistecircncia aos Refugiados da Palestina no Proacuteximo Oriente

(United Nations Relief and Works Agency for Palestinian Refugees in the Near Eastndash

UNRWA) Natildeo obstante a segunda parte do artigo 1D determina que no momento em que a

proteccedilatildeo ou assistecircncia de outro oacutergatildeo da ONU (UNRWA) cessar seja por qualquer motivo o

refugiado poderaacute automaticamente fazer parte da Convenccedilatildeo de 1951 sem preacutevio julgamento

Da mesma forma o artigo 1E33

veda o direito ao status de refugiado nos casos em que

uma pessoa entra em um paiacutes e solicita tal status mas tambeacutem jaacute se qualifica para diferente

status neste mesmo paiacutes proacuteximo agrave cidadania ou no caso daquele que possui residecircncia

regular ou permanente em um paiacutes e goza de direitos semelhantes aos direitos de cidadatildeos

mas solicita o status de refugiado em outro paiacutes (natildeo sendo aplicado o artigo 1E no caso de o

referido indiviacuteduo ter fundado receio de perseguiccedilatildeo no paiacutes de residecircncia)

Contudo eacute o artigo 1F34

que merece a devida atenccedilatildeo obtendo uma maior dificuldade

de interpretaccedilatildeo Seu propoacutesito eacute de garantir que aquele que tenha cometido seacuterios crimes natildeo

obtenha os benefiacutecios da Convenccedilatildeo de 1951 e saia impune de seus atos ndash mesmo se

adequando agrave definiccedilatildeo do artigo 1A(2) - natildeo estando protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo Contudo caberaacute agrave autoridade nacional competente o ocircnus da prova devendo ter a

certeza da gravidade do crime cometido e aplicando o artigo 1F restritivamente a esses casos e

com grande cautela tendo de ser sempre considerada a inclusatildeo antes da exclusatildeo

O artigo 1F(a) eacute claro na sua aplicaccedilatildeo natildeo havendo obscuridade Todavia o artigo 1F(b)

determina que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo deve ser aplicada agravequeles que cometeram seacuterio crime

em paiacutes diverso do de refuacutegio Nesse sentido o que deixa duacutevidas eacute como devemos interpretar

qual crime cometido em outro paiacutes deva ser considerado de alta gravidade Assim o texto

definitivamente resolvida de acordo com as resoluccedilotildees a ela relativas adotadas pela Assembleacuteia Geral das

Naccedilotildees Unidas essas pessoas se beneficiaratildeo de pleno direito do regime desta Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

18092014 33

Artigo 1E da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute aplicaacutevel

a uma pessoa considerada pelas autoridades competentes do paiacutes no qual esta pessoa instalou sua residecircncia

como tendo os direitos e as obrigaccedilotildees relacionados com a posse da nacionalidade desse paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 34

Artigo 1F da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoAs disposiccedilotildees desta Convenccedilatildeo

natildeo seratildeo aplicaacuteveis agraves pessoas a respeito das quais houver razotildees seacuterias para pensar que a) elas cometeram um

crime contra a paz um crime de guerra ou um crime contra a humanidade no sentido dos instrumentos

internacionais elaborados para prever tais crimes b) elas cometeram um crime grave de direito comum fora do

paiacutes de refuacutegio antes de serem nele admitidas como refugiados c) elas se tornaram culpadas de atos contraacuterios

aos fins e princiacutepios das Naccedilotildees Unidasrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014

12

Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees visa trazer um

esclarecimento

Evidently the term ldquoseriousrdquo envisions a grave punishable act and not a minor

offence even if the latter may be referred to as a ldquocrimerdquo in the penal code or other

legislation of a country Seriousness is not merely a question of how domestic law

views the issue but must take into account comparative and international law as

well Some of the indicators which might point to the seriousness of a common

crime include

bull the form of procedure used to prosecute it ndash whether it is an indictable offence or is

dealt with in a summary manner

bull the prescribed punishment including the length and conditions of any prison term

bull whether there is international consensus that it be considered as among the most

serious of crimes

bull whether it is extraditable or subject to universal criminal jurisdiction

bull the actual harm inflicted as a result of the commission of the crime35

Sendo tambeacutem importante narrar a interpretaccedilatildeo entendida por Volker Tuumlrk e Frances

Nicholson

The definition of a lsquoseriousrsquo offence needs to be judged against international

standards taking into account factors such as the nature of the act the actual harm

inflicted the form of criminal procedures used the nature of the penalty and whether

most jurisdictions would consider the act in question as a serious crime Its

interpretation is also linked to the principle of proportionality the question being

whether the consequences ndash eventual return to persecution ndash are proportionate to the

type of crime that was committed The updated UNHCR Guidelines on International

Protection on the application of the exclusion clauses propose that a serious crime

refer to a capital crime or a very grave punishment act This would include

homicide rape arson and armed robbery

hellip

The motivation context methods and proportionality of a crime to its objectives are

important factors in evaluating its political nature36

Apesar de o inciso tratar de crimes ldquonatildeo poliacuteticosrdquo (ou seja crimes comuns) se

entende que autores de crimes poliacuteticos ou graves atos com fins poliacuteticos natildeo podem ser

omitidos da claacuteusula de exclusatildeo Com isso deve ser analisada a proporccedilatildeo do ato e do fim

poliacutetico a ser atingido

Tambeacutem vale mencionar que sendo o crime cometido dentro do paiacutes de refuacutegio o

indiviacuteduo seraacute submetido agrave jurisdiccedilatildeo criminal do Estado devendo ser punido caso culpado

igualmente a qualquer outro nacional

35

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Pg 22 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 36

TUumlRK Volker NICHOLSON Frances Refugee protection in international law an overall perspective

Cambridge Cambridge University Press 2003 Pgs 29 e 30 Disponiacutevel em lt

httpwwwunhcrorg419c73174htmlgt Acessado em 19092014

13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila Disponiacutevel em

lthttpwwwdireitoshumanosuspbrindexphpCorte-Internacional-de-JustiC3A7aestatuto-da-corte-

internacional-de-justicahtmlgt Acesso em 30102014 45

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados The Principle of Non-Refoulement as

a Norm of Customary International Law Response to the Questions Posed to UNHCR by the Federal

Constitutional Court of the Federal Republic of Germany in Cases 2 BvR 193893 2 BvR 195393 2 BvR

195493 31 jan 1994 Paraacutegrafo 1 Disponiacutevel em lt httpwwwrefworldorgdocid437b6db64htmlgt Acesso

em 24092014 46

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 389 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 47

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

Comitecirc dos Direitos Humanos Human Rights Committee General Comment n 24 (52) 1994 UN Doc

CCPRC21Rev1Add6 1 nov 1994 Disponiacutevel em

lthttpwww1umneduhumanrtsgencommhrcom24htmgt Acesso em 26092014 50

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 51

Artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em

20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

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etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 97

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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2

dos Refugiados e da proteccedilatildeo dos refugiados ficarem atentos para que refugiados obtenham

os seus devidos direitos Tal proteccedilatildeo se mostra um tema atual e relevante merecendo um

profundo exame quanto aos seus direitos no momento em que houver um pedido de

extradiccedilatildeo de algueacutem protegido pela Convenccedilatildeo de 1951

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute uma proteccedilatildeo estabelecida na Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados inerente agravequeles classificados como refugiados perante

ela consistindo na proibiccedilatildeo de um Estado enviar o indiviacuteduo a um paiacutes onde sua vida ou sua

liberdade possam ser ameaccediladas em virtude de sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo social

ou opiniotildees poliacuteticas

Este artigo tem como propoacutesito analisar o princiacutepio de proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo

frente a um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido um crime em paiacutes

diverso Poreacutem natildeo haacute como objeto o esgotamento do tema mas sim apresentar alguns

aspectos agrave problemaacutetica Apesar da importacircncia desse assunto doutrinas satildeo escassas

havendo um melhor suporte atraveacutes de documentos publicados pelo ACNUR

Para uma melhor apreciaccedilatildeo seraacute necessaacuterio dividir o trabalho em trecircs capiacutetulos

refugiados princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo e extradiccedilatildeo

2 REFUGIADOS

O primeiro esforccedilo internacional institucionalizado para ajuda a refugiados se deu com

a criaccedilatildeo do Alto Comissariado para Refugiados da Liga das Naccedilotildees em 1921 Poacutes-Primeira

Guerra Mundial As caracteriacutesticas que hoje definem o refugiado natildeo eram os principais focos

do Alto Comissariado Ao inveacutes disso o cerne era o enorme nuacutemero de pessoas que estavam

deixando a Ruacutessia devido agrave Revoluccedilatildeo de 1917 e os esforccedilos das comunidades internacionais

para ajudaacute-las3

Com o tempo outras instituiccedilotildees foram criadas com o propoacutesito de auxiacutelio e proteccedilatildeo

de refugiados - especialmente com o surgimento da Segunda Guerra Mundial - como a

Administraccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para o Auxiacutelio e a Reabilitaccedilatildeo (UNRRA) e a Organizaccedilatildeo

Internacional para Refugiados (IRO) a qual obteve sua proacutepria constituiccedilatildeo4 Contudo foi em

1949 que surgiu o oacutergatildeo das Naccedilotildees Unidas para Refugiados ativo ateacute hoje

3 GUNNING Isabelle R Expanding the International Definition of Refugee A Multicultural View Vol 13

Fordham International Law Journal The Berkeley Electronic Press 1989 Pg 41 Disponiacutevel em

lthttpirlawnetfordhameducgiviewcontentcgiarticle=1231ampcontext=iljgt Acesso em 02092014 4 Constitution of the International Refugee Organization Disponiacutevel em

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3

Atraveacutes da Resoluccedilatildeo 319 (IV) foi criado o Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas

para os Refugiados (ACNUR) uma instituiccedilatildeo apoliacutetica humanitaacuteria e social que conforme

estabelecido no anexo 1 paraacutegrafo terceiro da Resoluccedilatildeo tinha como sua competecircncia

refugiados e pessoas deslocadas conforme a definiccedilatildeo trazida pela Constituiccedilatildeo da

Organizaccedilatildeo Internacional para Refugiados5 As funccedilotildees do Alto Comissariado foram

definidas atraveacutes do Estatuto do Escritoacuterio do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para os

Refugiados6 o qual foi anexado agrave Resoluccedilatildeo 428 (V) visando basicamente em aplicar e

fiscalizar os direitos e proteccedilotildees aos refugiados

A necessidade de uma convenccedilatildeo internacional relacionada ao status de refugiado

visando sua assistecircncia e proteccedilatildeo jaacute era discutida contudo somente em 28 de julho de 1951

na Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas de Plenipotenciaacuterios ocorreu o surgimento da Convenccedilatildeo

Relativa ao Estatuto dos Refugiados7 se tornando este o instrumento legal internacional a

definir no seu artigo 1ordm anexo A (2) como sendo refugiado todo aquele

Art 1ordm - Definiccedilatildeo do termo refugiado

2) Que em consequumlecircncia dos acontecimentos ocorridos antes de 1ordm de janeiro de

1951 e temendo ser perseguida por motivos de raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniotildees poliacuteticas se encontra fora do paiacutes de sua nacionalidade e que natildeo

pode ou em virtude desse temor natildeo quer valer-se da proteccedilatildeo desse paiacutes ou que

se natildeo tem nacionalidade e se encontra fora do paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual em consequumlecircncia de tais acontecimentos natildeo pode ou devido ao referido

temor natildeo quer voltar a ele8

Entretanto o artigo 1ordm anexo B (1) estipulava uma limitaccedilatildeo temporal e territorial para

a definiccedilatildeo trazida na Convenccedilatildeo crendo que a problemaacutetica surgida durante este periacuteodo de

guerras fosse algo passageiro9

5 Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 319 (IV) Refugees and stateless persons 3 dez 1949

Disponiacutevel em lthttpresearchunorgendocsgaquickregular4gt Acesso em 02092014 6 Capiacutetulo II do Estatuto do ACNUR Disponiacutevel em

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anpdocumentdirs_pi25Bdownloadtyp5D=streamamptx_danpdocumentdirs_pi25Buid5D=594amptx_danpdoc

umentdirs_pi25Bpointer5D=0gt Acesso em 20102014 7 LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 49 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 15092014 8 Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

02092014 9 Art 1ordm da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 ldquoB 1) Para os fins da presente

Convenccedilatildeo as palavras acontecimentos ocorridos antes de 1ordm de janeiro de 1951 do art 1ordm seccedilatildeo A poderatildeo

ser compreendidas no sentido de ou

a) acontecimentos ocorridos antes de 1ordm de janeiro de 1951 na Europa ou

b) acontecimentos ocorridos antes de 1ordm de janeiro de 1951 na Europa ou alhures

4

Ao contraacuterio do que se pensava a questatildeo dos refugiados comeccedilou a dar sinais de ser

um assunto que merecia a devida atenccedilatildeo A definiccedilatildeo estabelecida na Convenccedilatildeo de 1951 era

limitada e devido a mudanccedilas relativas agrave migraccedilatildeo forccedilada internacional ocorrendo diversos

tratados e acordos internacionais foram ratificados com o propoacutesito de englobar aqueles que

natildeo se encontravam definidos como refugiados10

Com o nuacutemero de refuacutegios crescendo cada vez mais as Naccedilotildees Unidas reconheceram

que a Convenccedilatildeo de 1951 estava ultrapassada e natildeo poderia mais ser atrelada a fatos ligados agrave

Segunda Guerra Mundial11

Com isso em abril de 1965 foi realizado um Coloacutequio Sobre os

Aspectos Juriacutedicos dos Problemas dos Refugiados aonde chegaram agrave conclusatildeo que o melhor

meio de adequar a Convenccedilatildeo para a nova situaccedilatildeo dos refugiados seria elaborando um

protocolo sucedendo-se assim a criaccedilatildeo do Protocolo de 1967 o qual manteve a mesma

definiccedilatildeo estabelecida em 1951 poreacutem omitindo o limite de tempo e espaccedilo12

Enquanto se esperava um decreacutescimo no nuacutemero de refugiados do continente europeu

outros continentes lidavam com a problemaacutetica do deslocamento de pessoas Todavia estas

natildeo eram abrangidas pela definiccedilatildeo estipulada na Convenccedilatildeo de 1951 e no Protocolo de 1967

Nesse sentido com o escopo de protegecirc-los diversos acordos regionais convenccedilotildees e outros

instrumentos legais foram criados inclusive alguns contendo sua proacutepria definiccedilatildeo de

ldquorefugiadordquo

Na Aacutefrica o movimento de descolonizaccedilatildeo trouxe preocupaccedilatildeo aos estados africanos

que acreditavam em uma possiacutevel crise de refugiados nos anos 70 A definiccedilatildeo alterada e

estipulada no Protocolo de 1967 natildeo era abrangente o suficiente sendo criada entatildeo a

Convenccedilatildeo da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana (OUA) que Rege os Aspectos Especiacuteficos

dos Problemas dos Refugiados na Aacutefrica em 10 de setembro de 196913

Tal Convenccedilatildeo

e cada Estado Contratante faraacute no momento da assinatura da ratificaccedilatildeo ou da adesatildeo uma declaraccedilatildeo

precisando o alcance que pretende dar a essa expressatildeo do ponto de vista das obrigaccedilotildees assumidas por ele em

virtude da presente Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

02092014 10

GUNNING Isabelle R Expanding the International Definition of Refugee A Multicultural View Vol 13

Fordham International Law Journal The Berkeley Electronic Press 1989 Pg 44 Disponiacutevel em

lthttpirlawnetfordhameducgiviewcontentcgiarticle=1231ampcontext=iljgt Acesso em 02092014 11

Ibid pg 45 12

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 101 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 15092014 13

GUNNING Isabelle R Expanding the International Definition of Refugee A Multicultural View Vol 13

Fordham International Law Journal The Berkeley Electronic Press 1989 Pg 46 Disponiacutevel em

lthttpirlawnetfordhameducgiviewcontentcgiarticle=1231ampcontext=iljgt

Acesso em 02092014

5

englobava o conceito de refugiados em duas partes sendo a primeira fiel agrave definiccedilatildeo do

Protocolo e a segunda aplicada conforme as exigecircncias das adversidades ocorridas na Aacutefrica14

Apesar de este novo conceito ter sido criado voltado para uma aplicaccedilatildeo regional ele eacute

utilizado atualmente pelo ACNUR podendo-se dizer que fora uma presunccedilatildeo do que o fluxo

de refugiados viria a se constituir

Conforme os dois principais instrumentos legais internacionais referentes a refugiados

o estabelecimento das razotildees para uma pessoa ser incapaz ou estar relutante para voltar ao seu

paiacutes de nacionalidade segundo ldquotemendo ser perseguida por motivos de raccedila religiatildeo

nacionalidade grupo social ou opiniotildees poliacuteticasrdquo15

tem sido criticada pela comunidade

internacional como sendo muito restrito O fluxo de pessoas deslocadas inclui diversos

motivos assim como mudanccedilas climaacuteticas superpopulaccedilatildeo escassez de alimentos

terrorismo homossexualismo e outros que se encaixam a cada transtorno estatal

21 A DEFINICcedilAtildeO DE lsquoREFUGIADOrsquo PERANTE A CONVENCcedilAtildeO DE 1951

O artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 especifica quem satildeo os refugiados nesse

sentido ele determina a quem seratildeo dirigidas as regras ali presentes Apesar disso

ambiguidades a falta de especificidade e o surgimento de novos casos que caracterizariam o

refugiado trazem discussotildees na comunidade internacional pondo em duacutevida a quem caberia

ou natildeo tal proteccedilatildeo

Primeiramente cabe mencionar o artigo 31 da Convenccedilatildeo de Viena Sobre o Direito

dos Tratados de 1969 o qual determina que ldquoum tratado deve ser interpretado de boa feacute

14

Artigo 1 da Convenccedilatildeo da Organizaccedilatildeo de Unidade Africana (OUA) que rege os aspectos especiacuteficos dos

problemas dos refugiados na Aacutefrica ldquoArtigo 1 - Definiccedilatildeo do termo Refugiado

1 - Para fins da presente Convenccedilatildeo o termo refugiado aplica-se a qualquer pessoa que receando com razatildeo ser

perseguida em virtude da sua raccedila religiatildeo nacionalidade filiaccedilatildeo em certo grupo social ou das suas opiniotildees

poliacuteticas se encontra fora do paiacutes da sua nacionalidade e natildeo possa ou em virtude daquele receio natildeo queira

requerer a protecccedilatildeo daquele paiacutes ou que se natildeo tiver nacionalidade e estiver fora do paiacutes da sua anterior

residecircncia habitual apoacutes aqueles acontecimentos natildeo possa ou em virtude desse receio natildeo queira laacute voltar

2 - O termo refugiado aplica-se tambeacutem a qualquer pessoa que devido a uma agressatildeo ocupaccedilatildeo externa

dominaccedilatildeo estrangeira ou a acontecimentos que perturbem gravemente a ordem puacuteblica numa parte ou na

totalidade do seu paiacutes de origem ou do paiacutes de que tem nacionalidade seja obrigada a deixar o lugar da

residecircncia habitual para procurar refuacutegio noutro lugar fora do seu paiacutes de origem ou de nacionalidaderdquo

Disponiacutevel em lt

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03092014

6

segundo o sentido comum atribuiacutevel aos termos do tratado em seu contexto e agrave luz de seu

objetivo e finalidaderdquo 16

Aleacutem disso ele especifica que deve ser levado em consideraccedilatildeo natildeo

soacute o texto em si ao analisar um Tratado mas tambeacutem seu preacircmbulo e seus anexos a fim de

obter um maior esclarecimento sobre o que se estaacute lidando

No caso da Convenccedilatildeo de 1951 nota-se que o preacircmbulo reforccedila e engloba a

aplicaccedilatildeo dos direitos humanos aos refugiados expondo assim a preocupaccedilatildeo a importacircncia

e a imposiccedilatildeo de que tais indiviacuteduos estejam sobre a proteccedilatildeo humanitaacuteria influenciada pela

Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e a Carta das Naccedilotildees Unidas e que assim seus

direitos natildeo sejam violados conforme cita Alice Edwards

The Preamble to the 1951 Convention call on States lsquoto assure refugees the widest

possible exercise of [their] fundamental rights and freedomsrsquo necessitating an

analysis of refugee law within the wider humanitarian and human rights context

International human rights law and international humanitarian law instruments

complement the safeguards for refugees enumerated in the 1951 Convention17

Para ser caracterizado como um refugiado o indiviacuteduo deveraacute ter um fundado receio

de perseguiccedilatildeo Entretanto a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo estabelece nem delimita o que poderia

ser considerado como um ldquofundado receiordquo Sendo assim conforme o Manual de

Procedimentos e Criteacuterios para Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a

Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos ao Estatuto dos Refugiados do ACNUR

para ser considerado relevante o receio de ser perseguido o solicitante deveraacute demonstrar que

a sua permanecircncia no paiacutes de origem se tornou intoleraacutevel por motivos constantes na

definiccedilatildeo ou que por esses mesmos motivos seria intoleraacutevel se laacute voltasse18

ficando a

caraacuteter dos avaliadores julgarem ser esse receio razoaacutevel ou natildeo

No caso da palavra ldquoperseguiccedilatildeordquo devido agrave igual ausecircncia de definiccedilatildeo estabelecida

na esfera do direito internacional mais uma vez o Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado do ACNUR se aplica a esclarecer a ideologia por traacutes

dessa palavra em contexto com a Convenccedilatildeo Ela estabelece que aleacutem das circunstacircncias jaacute

presentes no artigo 1ordm qualquer ato que viole gravemente os direitos humanos tambeacutem pode

16

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lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

7

ser considerado perseguiccedilatildeo Aleacutem disso as circunstacircncias de cada caso deveratildeo ser avaliadas

a fim de verificar em que condiccedilotildees se encontram o requerente19

Haacute tambeacutem a assertiva que o ato de perseguiccedilatildeo pode ser cometido tanto por agentes

estatais quanto por natildeo estatais20

- natildeo sendo mencionada nem na Convenccedilatildeo de 1951 nem

no Protocolo de 1967 qualquer disposiccedilatildeo em contraacuterio A accedilatildeo por intervenientes natildeo estatais

estaacute sendo aceita pela jurisprudecircncia internacional nos cenaacuterios em que o Estado de domiciacutelio

do requerente natildeo tem capacidade ou estaacute relutante em oferecer proteccedilatildeo21

No caso de indiviacuteduos apaacutetridas com receio de perseguiccedilatildeo estes ao se encontrarem

frente a um motivo que assinalaria uma questatildeo de refuacutegio tecircm direitos sim frente agrave

Convenccedilatildeo de 1951 Assim sendo deve ser levado em consideraccedilatildeo o paiacutes da sua anterior

residecircncia habitual e natildeo seu paiacutes de nacionalidade e analisar as razotildees pelas quais haacute o

receio22

Outro fator que acabou chamando atenccedilatildeo da comunidade internacional foi o nuacutemero

de pedidos de refuacutegios com base no temor de ser perseguido pelo motivo de ser membro de

determinado grupo social e a abrangecircncia que estaacute ocorrendo frente a esse fundamento natildeo

havendo uma especiacutefica interpretaccedilatildeo internacional sobre o assunto Definir a quem se

aplicaria a categoria de ldquogrupo socialrdquo eacute uma das maiores dificuldades enfrentadas frente ao

artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 195123

Com o objetivo de prover uma orientaccedilatildeo interpretativa legal foi criada a UNHCR

Guidelines on International Protection ldquoMembership of a particular social grouprdquo within

19

Ibid paraacutegrafos 51 e 52 20

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 62 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 21

AUSTRAacuteLIA Suprema Corte da Austraacutelia Minister For Immigration And Multicultural Affairs v Naima

Khawar High Court Of Australia Parkes 11 abril 2002 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3deb326b8htmlgt Acesso em 08092014 22

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafos 89 e 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 23

ldquoFurthermore since the usual materials consulted in the interpretation of international agreements provide

little assistance on the question of membership of a particular social group adjudicators have adopted a range of

(often conflicting) constructions of the Convention language Courts and administrative agencies have at times

announced a standard that adequately resolves the case before them only later to conclude that the rule must be

modified because of subsequent claimsrdquo (ALEINIKOFF T Alexander Refugee Protection in International

Law UNHCRs Global Consultations on International Protection Cambridge Cambridge University Press

2003 Pg 264 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=4bed15822ampskip=0ampquery=Refugee20protection20in20interna

tional20law20an20overall20perspectivegt Acesso em 09092014)

8

the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention andor its 1967 Protocol relating to the

Status of Refugees elucidando entre outros pontos a questatildeo de perseguiccedilatildeo

As noted above a particular social group cannot be defined exclusively by the

persecution that members of the group suffer or by a common fear of being

persecuted Nonetheless persecutory action toward a group may be a relevant factor

in determining the visibility of a group in a particular society To use an example

from a widely cited decision lsquo[W]hile persecutory conduct cannot define the social

group the actions of the persecutors may serve to identify or even cause the creation

of a particular social group in societyrsquo24

Decisotildees e argumentos referentes a cada paiacutes divergem constantemente A procura

pela delimitaccedilatildeo sobre quem se enquadraria no termo ldquogrupo socialrdquo deve ter o cuidado de

natildeo ser abrangente de modo a ferir o propoacutesito da Convenccedilatildeo a qual natildeo tem como princiacutepio

proteger todas as viacutetimas de perseguiccedilatildeo

22 A DETERMINACcedilAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO SUAS PROTECcedilOtildeES E SEUS

DIREITOS

A fim de se beneficiar da Convenccedilatildeo de 1951 eacute necessaacuterio identificar quem eacute digno

de obter o tiacutetulo de refugiado Tanto a Convenccedilatildeo de 1951 quanto o Protocolo de 1967

estabelecem quem eacute o refugiado e os direitos e proteccedilotildees a ele aplicados contudo natildeo eacute

mencionada a regulamentaccedilatildeo e forma de procedimento a ser tomado para determinar tal

status Sendo assim cada Estado Signataacuterio deve estabelecer os meacutetodos a serem aplicados de

acordo com a sua estrutura interna poreacutem com a cautela de natildeo infringir os dispositivos da

Convenccedilatildeo e demais documentos internacionais Somente os Estados e em casos

excepcionais25

o ACNUR satildeo os responsaacuteveis para determinar o status de refugiado26

24

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Guidelines on International Protection

ldquoMembership of a particular social grouprdquo within the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention

andor its 1967 Protocol relating to the Status of Refugees 7 maio 2002 Paraacutegrafo 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3d36f23f4ampskip=0ampquery=unhcr20guidelines20on20internatio

nal20protection20on20membership20of20a20particular20social20group gt Acesso em

09092014 25

ldquoWhile States particularly those which are Party to the 1951 Convention andor 1967 Protocol should

normally conduct refugee status determination themselves in certain situations UNHCR may need to conduct its

own refugee status determination and establish for itself whether or not particular individuals or members of a

certain group are refugees within the Officersquos international protection mandate In the majority of cases the

Office does so on the basis of the 1950 Statute In practice this may occur in a variety of contexts including in

countries which are not Party to the 1951 Convention1967 Protocol or in countries which are Party to the 1951

Convention1967 Protocol but where asylum determination procedures have not yet been established or the

national asylum determination process is manifestly inadequate or where determinations are based on an

erroneous interpretation of the 1951 Convention or as a precondition for the implementation of durable solutions

9

O indiviacuteduo ou um grupo de pessoas no momento em que ingressam em outro Estado

com receio de voltar ao seu paiacutes de nacionalidade ou domiciacutelio devido a perseguiccedilotildees tecircm o

direito de ingressar com um pedido de refuacutegio conforme os procedimentos legais nacionais

Nesses casos ao chegarem agrave fronteira de um paiacutes com o objetivo de obter proteccedilatildeo esses natildeo

devem ser rejeitados em consonacircncia com o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo No caso de rejeiccedilatildeo

na fronteira o procedimento mais correto de um paiacutes a se tomar eacute natildeo incorrer com a

devoluccedilatildeo mas sim conforme Elihu Lauterpacht e Daniel Bethlehem declaram

This does not mean however that States are free to reject at the frontier without

constraint those who have a well-founded fear of persecution What it does mean is

that where States are not prepared to grant asylum to persons who have a well-

founded fear of persecution they must adopt a course that does not amount to

refoulement This may involve removal to a safe third country or some other

solution such as temporary protection or refuge27

No momento em que uma pessoa solicita o status de refugiado a um Estado sendo este

membro da Convenccedilatildeo de 1951 eou do Protocolo de 1967 ela jaacute poderaacute gozar das proteccedilotildees

estabelecidas nos referidos documentos Independente de ser concedido ou natildeo tal status se a

pessoa satisfaz os criteacuterios estabelecidos no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 ela jaacute eacute um

refugiado A concessatildeo do status eacute somente uma mera declaraccedilatildeo28

Nesse sentido a

obrigaccedilatildeo mais importante vinculada a ela eacute a proibiccedilatildeo de ser enviada a um terceiro Estado o

qual possa sofrer perseguiccedilatildeo Tambeacutem haveraacute o benefiacutecio de usufruir das proteccedilotildees

estipuladas na Convenccedilatildeo de 1951 devendo ser equiparado aos habitantes locais sem

distinccedilotildees ateacute o momento da decisatildeo judicial da autoridade competente - incluindo fases

recursais

Ao solicitar a determinaccedilatildeo do status de refugiado o requerente deve fornecer toda e

qualquer prova de sua situaccedilatildeo Contudo deve-se levar em consideraccedilatildeo a sua situaccedilatildeo

such as resettlementrdquo (Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying

Who is a Refugee UNHCR 1 set 2005 Pg 11 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014) 26

Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying Who is a Refugee

UNHCR 1 set 2005 Pg 10 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014 27

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 113 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 15092014 28

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 28 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

10

vulneraacutevel29

Na maioria dos casos tais indiviacuteduos se encontram sem documentaccedilatildeo em um

paiacutes desconhecido provavelmente em um idioma que natildeo seja o seu e somente com seus bens

pessoais baacutesicos Sendo assim deveraacute ser concedido ao requerente o benefiacutecio da duacutevida ou

seja ele natildeo poderaacute ser prejudicado por afirmativas duacutebias caso o examinador entender que

todo o contexto da histoacuteria tenha coerecircncia Muitas vezes o requerente poderaacute omitir ou

alterar fatos por medo e experiecircncias traumaacuteticas natildeo podendo isto ir contra ele

Visando tornar mais eficiente e justo os procedimentos nacionais de determinaccedilatildeo do

status de refugiado conclusotildees do ACNUR foram criadas estipulando um padratildeo miacutenimo de

requerimentos devendo o procedimento ser justo natildeo discriminatoacuterio e apropriado agrave natureza

do pedido de refuacutegio havendo um inqueacuterito completo para estabelecer os fatos30

Cada Estado deveraacute oferecer direitos baacutesicos ao refugiado ou solicitante de refuacutegio

como moradia adequada cuidados de sauacutede e educaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior ao miacutenimo

estabelecido nem diverso do tratamento disponibilizado aos seus nacionais Pessoas que natildeo

possuem documentaccedilatildeo natildeo poderatildeo ser impossibilitadas de requerer o refuacutegio cabendo ao

Estado assim entregar documento de identidade a qualquer refugiado que se encontrar no seu

territoacuterio vide o artigo 27 da Convenccedilatildeo31

No caso de refugiados em situaccedilatildeo irregular no paiacutes o artigo 31 traz a sua proteccedilatildeo

contra sanccedilotildees penais natildeo podendo igualmente devolvecirc-lo ao seu paiacutes de origem visto o

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo em concordacircncia com a Conclusatildeo n 6 (XXVIII) do Comitecirc

Executivo

221 Exclusatildeo e Cessaccedilatildeo do Status de Refugiado

Existem casos estipulados no artigo 1ordm da Convenccedilatildeo de 1951 que excluem pessoas de

obterem as proteccedilotildees da Convenccedilatildeo mesmo se enquadrando nas caracteriacutesticas do artigo

1A(2)

O artigo 1D32

exclui o direito de usufruto da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto dos

Refugiados agravequeles que jaacute se beneficiam de uma proteccedilatildeo de diverso organismo ou instituiccedilatildeo

29

Ibid paraacutegrafo 190 30

Ibid paraacutegrafo 192 31

CLARK Tom Rights Based Refuge the Potential of the 1951 Convention and the Need for

Authoritative Interpretation Vol 16 Oxford International Journal of Refugee Law Oxford University Press

2004 Pg 589 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent164584fullpdfgt Acesso em 17092014 32

Artigo 1D da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute

aplicaacutevel agraves pessoas que atualmente se beneficiam de uma proteccedilatildeo ou assistecircncia da parte de um organismo ou

de uma instituiccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas que natildeo o Alto Comissaacuterio das Naccedilotildees Unidas para refugiados Quando

esta proteccedilatildeo ou assistecircncia houver cessado por qualquer razatildeo sem que a sorte dessas pessoas tenha sido

11

da ONU Tal artigo foi criado a fim de excluir refugiados palestinos jaacute protegidos pela

Agecircncia das Naccedilotildees Unidas de Assistecircncia aos Refugiados da Palestina no Proacuteximo Oriente

(United Nations Relief and Works Agency for Palestinian Refugees in the Near Eastndash

UNRWA) Natildeo obstante a segunda parte do artigo 1D determina que no momento em que a

proteccedilatildeo ou assistecircncia de outro oacutergatildeo da ONU (UNRWA) cessar seja por qualquer motivo o

refugiado poderaacute automaticamente fazer parte da Convenccedilatildeo de 1951 sem preacutevio julgamento

Da mesma forma o artigo 1E33

veda o direito ao status de refugiado nos casos em que

uma pessoa entra em um paiacutes e solicita tal status mas tambeacutem jaacute se qualifica para diferente

status neste mesmo paiacutes proacuteximo agrave cidadania ou no caso daquele que possui residecircncia

regular ou permanente em um paiacutes e goza de direitos semelhantes aos direitos de cidadatildeos

mas solicita o status de refugiado em outro paiacutes (natildeo sendo aplicado o artigo 1E no caso de o

referido indiviacuteduo ter fundado receio de perseguiccedilatildeo no paiacutes de residecircncia)

Contudo eacute o artigo 1F34

que merece a devida atenccedilatildeo obtendo uma maior dificuldade

de interpretaccedilatildeo Seu propoacutesito eacute de garantir que aquele que tenha cometido seacuterios crimes natildeo

obtenha os benefiacutecios da Convenccedilatildeo de 1951 e saia impune de seus atos ndash mesmo se

adequando agrave definiccedilatildeo do artigo 1A(2) - natildeo estando protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo Contudo caberaacute agrave autoridade nacional competente o ocircnus da prova devendo ter a

certeza da gravidade do crime cometido e aplicando o artigo 1F restritivamente a esses casos e

com grande cautela tendo de ser sempre considerada a inclusatildeo antes da exclusatildeo

O artigo 1F(a) eacute claro na sua aplicaccedilatildeo natildeo havendo obscuridade Todavia o artigo 1F(b)

determina que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo deve ser aplicada agravequeles que cometeram seacuterio crime

em paiacutes diverso do de refuacutegio Nesse sentido o que deixa duacutevidas eacute como devemos interpretar

qual crime cometido em outro paiacutes deva ser considerado de alta gravidade Assim o texto

definitivamente resolvida de acordo com as resoluccedilotildees a ela relativas adotadas pela Assembleacuteia Geral das

Naccedilotildees Unidas essas pessoas se beneficiaratildeo de pleno direito do regime desta Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

18092014 33

Artigo 1E da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute aplicaacutevel

a uma pessoa considerada pelas autoridades competentes do paiacutes no qual esta pessoa instalou sua residecircncia

como tendo os direitos e as obrigaccedilotildees relacionados com a posse da nacionalidade desse paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 34

Artigo 1F da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoAs disposiccedilotildees desta Convenccedilatildeo

natildeo seratildeo aplicaacuteveis agraves pessoas a respeito das quais houver razotildees seacuterias para pensar que a) elas cometeram um

crime contra a paz um crime de guerra ou um crime contra a humanidade no sentido dos instrumentos

internacionais elaborados para prever tais crimes b) elas cometeram um crime grave de direito comum fora do

paiacutes de refuacutegio antes de serem nele admitidas como refugiados c) elas se tornaram culpadas de atos contraacuterios

aos fins e princiacutepios das Naccedilotildees Unidasrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014

12

Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees visa trazer um

esclarecimento

Evidently the term ldquoseriousrdquo envisions a grave punishable act and not a minor

offence even if the latter may be referred to as a ldquocrimerdquo in the penal code or other

legislation of a country Seriousness is not merely a question of how domestic law

views the issue but must take into account comparative and international law as

well Some of the indicators which might point to the seriousness of a common

crime include

bull the form of procedure used to prosecute it ndash whether it is an indictable offence or is

dealt with in a summary manner

bull the prescribed punishment including the length and conditions of any prison term

bull whether there is international consensus that it be considered as among the most

serious of crimes

bull whether it is extraditable or subject to universal criminal jurisdiction

bull the actual harm inflicted as a result of the commission of the crime35

Sendo tambeacutem importante narrar a interpretaccedilatildeo entendida por Volker Tuumlrk e Frances

Nicholson

The definition of a lsquoseriousrsquo offence needs to be judged against international

standards taking into account factors such as the nature of the act the actual harm

inflicted the form of criminal procedures used the nature of the penalty and whether

most jurisdictions would consider the act in question as a serious crime Its

interpretation is also linked to the principle of proportionality the question being

whether the consequences ndash eventual return to persecution ndash are proportionate to the

type of crime that was committed The updated UNHCR Guidelines on International

Protection on the application of the exclusion clauses propose that a serious crime

refer to a capital crime or a very grave punishment act This would include

homicide rape arson and armed robbery

hellip

The motivation context methods and proportionality of a crime to its objectives are

important factors in evaluating its political nature36

Apesar de o inciso tratar de crimes ldquonatildeo poliacuteticosrdquo (ou seja crimes comuns) se

entende que autores de crimes poliacuteticos ou graves atos com fins poliacuteticos natildeo podem ser

omitidos da claacuteusula de exclusatildeo Com isso deve ser analisada a proporccedilatildeo do ato e do fim

poliacutetico a ser atingido

Tambeacutem vale mencionar que sendo o crime cometido dentro do paiacutes de refuacutegio o

indiviacuteduo seraacute submetido agrave jurisdiccedilatildeo criminal do Estado devendo ser punido caso culpado

igualmente a qualquer outro nacional

35

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Pg 22 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 36

TUumlRK Volker NICHOLSON Frances Refugee protection in international law an overall perspective

Cambridge Cambridge University Press 2003 Pgs 29 e 30 Disponiacutevel em lt

httpwwwunhcrorg419c73174htmlgt Acessado em 19092014

13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila Disponiacutevel em

lthttpwwwdireitoshumanosuspbrindexphpCorte-Internacional-de-JustiC3A7aestatuto-da-corte-

internacional-de-justicahtmlgt Acesso em 30102014 45

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados The Principle of Non-Refoulement as

a Norm of Customary International Law Response to the Questions Posed to UNHCR by the Federal

Constitutional Court of the Federal Republic of Germany in Cases 2 BvR 193893 2 BvR 195393 2 BvR

195493 31 jan 1994 Paraacutegrafo 1 Disponiacutevel em lt httpwwwrefworldorgdocid437b6db64htmlgt Acesso

em 24092014 46

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 389 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 47

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

Comitecirc dos Direitos Humanos Human Rights Committee General Comment n 24 (52) 1994 UN Doc

CCPRC21Rev1Add6 1 nov 1994 Disponiacutevel em

lthttpwww1umneduhumanrtsgencommhrcom24htmgt Acesso em 26092014 50

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 51

Artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em

20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Addressing Security Concerns without

Undermining Refugee Protection ndash UNHCRrsquos Perspective 29 nov 2001 Paraacutegrafo 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3c0b880e0htmlgt Acesso em 27102014 96

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 373-390 Pg 384 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 97

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

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3

Atraveacutes da Resoluccedilatildeo 319 (IV) foi criado o Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas

para os Refugiados (ACNUR) uma instituiccedilatildeo apoliacutetica humanitaacuteria e social que conforme

estabelecido no anexo 1 paraacutegrafo terceiro da Resoluccedilatildeo tinha como sua competecircncia

refugiados e pessoas deslocadas conforme a definiccedilatildeo trazida pela Constituiccedilatildeo da

Organizaccedilatildeo Internacional para Refugiados5 As funccedilotildees do Alto Comissariado foram

definidas atraveacutes do Estatuto do Escritoacuterio do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para os

Refugiados6 o qual foi anexado agrave Resoluccedilatildeo 428 (V) visando basicamente em aplicar e

fiscalizar os direitos e proteccedilotildees aos refugiados

A necessidade de uma convenccedilatildeo internacional relacionada ao status de refugiado

visando sua assistecircncia e proteccedilatildeo jaacute era discutida contudo somente em 28 de julho de 1951

na Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas de Plenipotenciaacuterios ocorreu o surgimento da Convenccedilatildeo

Relativa ao Estatuto dos Refugiados7 se tornando este o instrumento legal internacional a

definir no seu artigo 1ordm anexo A (2) como sendo refugiado todo aquele

Art 1ordm - Definiccedilatildeo do termo refugiado

2) Que em consequumlecircncia dos acontecimentos ocorridos antes de 1ordm de janeiro de

1951 e temendo ser perseguida por motivos de raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniotildees poliacuteticas se encontra fora do paiacutes de sua nacionalidade e que natildeo

pode ou em virtude desse temor natildeo quer valer-se da proteccedilatildeo desse paiacutes ou que

se natildeo tem nacionalidade e se encontra fora do paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual em consequumlecircncia de tais acontecimentos natildeo pode ou devido ao referido

temor natildeo quer voltar a ele8

Entretanto o artigo 1ordm anexo B (1) estipulava uma limitaccedilatildeo temporal e territorial para

a definiccedilatildeo trazida na Convenccedilatildeo crendo que a problemaacutetica surgida durante este periacuteodo de

guerras fosse algo passageiro9

5 Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 319 (IV) Refugees and stateless persons 3 dez 1949

Disponiacutevel em lthttpresearchunorgendocsgaquickregular4gt Acesso em 02092014 6 Capiacutetulo II do Estatuto do ACNUR Disponiacutevel em

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02092014 9 Art 1ordm da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 ldquoB 1) Para os fins da presente

Convenccedilatildeo as palavras acontecimentos ocorridos antes de 1ordm de janeiro de 1951 do art 1ordm seccedilatildeo A poderatildeo

ser compreendidas no sentido de ou

a) acontecimentos ocorridos antes de 1ordm de janeiro de 1951 na Europa ou

b) acontecimentos ocorridos antes de 1ordm de janeiro de 1951 na Europa ou alhures

4

Ao contraacuterio do que se pensava a questatildeo dos refugiados comeccedilou a dar sinais de ser

um assunto que merecia a devida atenccedilatildeo A definiccedilatildeo estabelecida na Convenccedilatildeo de 1951 era

limitada e devido a mudanccedilas relativas agrave migraccedilatildeo forccedilada internacional ocorrendo diversos

tratados e acordos internacionais foram ratificados com o propoacutesito de englobar aqueles que

natildeo se encontravam definidos como refugiados10

Com o nuacutemero de refuacutegios crescendo cada vez mais as Naccedilotildees Unidas reconheceram

que a Convenccedilatildeo de 1951 estava ultrapassada e natildeo poderia mais ser atrelada a fatos ligados agrave

Segunda Guerra Mundial11

Com isso em abril de 1965 foi realizado um Coloacutequio Sobre os

Aspectos Juriacutedicos dos Problemas dos Refugiados aonde chegaram agrave conclusatildeo que o melhor

meio de adequar a Convenccedilatildeo para a nova situaccedilatildeo dos refugiados seria elaborando um

protocolo sucedendo-se assim a criaccedilatildeo do Protocolo de 1967 o qual manteve a mesma

definiccedilatildeo estabelecida em 1951 poreacutem omitindo o limite de tempo e espaccedilo12

Enquanto se esperava um decreacutescimo no nuacutemero de refugiados do continente europeu

outros continentes lidavam com a problemaacutetica do deslocamento de pessoas Todavia estas

natildeo eram abrangidas pela definiccedilatildeo estipulada na Convenccedilatildeo de 1951 e no Protocolo de 1967

Nesse sentido com o escopo de protegecirc-los diversos acordos regionais convenccedilotildees e outros

instrumentos legais foram criados inclusive alguns contendo sua proacutepria definiccedilatildeo de

ldquorefugiadordquo

Na Aacutefrica o movimento de descolonizaccedilatildeo trouxe preocupaccedilatildeo aos estados africanos

que acreditavam em uma possiacutevel crise de refugiados nos anos 70 A definiccedilatildeo alterada e

estipulada no Protocolo de 1967 natildeo era abrangente o suficiente sendo criada entatildeo a

Convenccedilatildeo da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana (OUA) que Rege os Aspectos Especiacuteficos

dos Problemas dos Refugiados na Aacutefrica em 10 de setembro de 196913

Tal Convenccedilatildeo

e cada Estado Contratante faraacute no momento da assinatura da ratificaccedilatildeo ou da adesatildeo uma declaraccedilatildeo

precisando o alcance que pretende dar a essa expressatildeo do ponto de vista das obrigaccedilotildees assumidas por ele em

virtude da presente Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

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5

englobava o conceito de refugiados em duas partes sendo a primeira fiel agrave definiccedilatildeo do

Protocolo e a segunda aplicada conforme as exigecircncias das adversidades ocorridas na Aacutefrica14

Apesar de este novo conceito ter sido criado voltado para uma aplicaccedilatildeo regional ele eacute

utilizado atualmente pelo ACNUR podendo-se dizer que fora uma presunccedilatildeo do que o fluxo

de refugiados viria a se constituir

Conforme os dois principais instrumentos legais internacionais referentes a refugiados

o estabelecimento das razotildees para uma pessoa ser incapaz ou estar relutante para voltar ao seu

paiacutes de nacionalidade segundo ldquotemendo ser perseguida por motivos de raccedila religiatildeo

nacionalidade grupo social ou opiniotildees poliacuteticasrdquo15

tem sido criticada pela comunidade

internacional como sendo muito restrito O fluxo de pessoas deslocadas inclui diversos

motivos assim como mudanccedilas climaacuteticas superpopulaccedilatildeo escassez de alimentos

terrorismo homossexualismo e outros que se encaixam a cada transtorno estatal

21 A DEFINICcedilAtildeO DE lsquoREFUGIADOrsquo PERANTE A CONVENCcedilAtildeO DE 1951

O artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 especifica quem satildeo os refugiados nesse

sentido ele determina a quem seratildeo dirigidas as regras ali presentes Apesar disso

ambiguidades a falta de especificidade e o surgimento de novos casos que caracterizariam o

refugiado trazem discussotildees na comunidade internacional pondo em duacutevida a quem caberia

ou natildeo tal proteccedilatildeo

Primeiramente cabe mencionar o artigo 31 da Convenccedilatildeo de Viena Sobre o Direito

dos Tratados de 1969 o qual determina que ldquoum tratado deve ser interpretado de boa feacute

14

Artigo 1 da Convenccedilatildeo da Organizaccedilatildeo de Unidade Africana (OUA) que rege os aspectos especiacuteficos dos

problemas dos refugiados na Aacutefrica ldquoArtigo 1 - Definiccedilatildeo do termo Refugiado

1 - Para fins da presente Convenccedilatildeo o termo refugiado aplica-se a qualquer pessoa que receando com razatildeo ser

perseguida em virtude da sua raccedila religiatildeo nacionalidade filiaccedilatildeo em certo grupo social ou das suas opiniotildees

poliacuteticas se encontra fora do paiacutes da sua nacionalidade e natildeo possa ou em virtude daquele receio natildeo queira

requerer a protecccedilatildeo daquele paiacutes ou que se natildeo tiver nacionalidade e estiver fora do paiacutes da sua anterior

residecircncia habitual apoacutes aqueles acontecimentos natildeo possa ou em virtude desse receio natildeo queira laacute voltar

2 - O termo refugiado aplica-se tambeacutem a qualquer pessoa que devido a uma agressatildeo ocupaccedilatildeo externa

dominaccedilatildeo estrangeira ou a acontecimentos que perturbem gravemente a ordem puacuteblica numa parte ou na

totalidade do seu paiacutes de origem ou do paiacutes de que tem nacionalidade seja obrigada a deixar o lugar da

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Artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

03092014

6

segundo o sentido comum atribuiacutevel aos termos do tratado em seu contexto e agrave luz de seu

objetivo e finalidaderdquo 16

Aleacutem disso ele especifica que deve ser levado em consideraccedilatildeo natildeo

soacute o texto em si ao analisar um Tratado mas tambeacutem seu preacircmbulo e seus anexos a fim de

obter um maior esclarecimento sobre o que se estaacute lidando

No caso da Convenccedilatildeo de 1951 nota-se que o preacircmbulo reforccedila e engloba a

aplicaccedilatildeo dos direitos humanos aos refugiados expondo assim a preocupaccedilatildeo a importacircncia

e a imposiccedilatildeo de que tais indiviacuteduos estejam sobre a proteccedilatildeo humanitaacuteria influenciada pela

Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e a Carta das Naccedilotildees Unidas e que assim seus

direitos natildeo sejam violados conforme cita Alice Edwards

The Preamble to the 1951 Convention call on States lsquoto assure refugees the widest

possible exercise of [their] fundamental rights and freedomsrsquo necessitating an

analysis of refugee law within the wider humanitarian and human rights context

International human rights law and international humanitarian law instruments

complement the safeguards for refugees enumerated in the 1951 Convention17

Para ser caracterizado como um refugiado o indiviacuteduo deveraacute ter um fundado receio

de perseguiccedilatildeo Entretanto a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo estabelece nem delimita o que poderia

ser considerado como um ldquofundado receiordquo Sendo assim conforme o Manual de

Procedimentos e Criteacuterios para Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a

Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos ao Estatuto dos Refugiados do ACNUR

para ser considerado relevante o receio de ser perseguido o solicitante deveraacute demonstrar que

a sua permanecircncia no paiacutes de origem se tornou intoleraacutevel por motivos constantes na

definiccedilatildeo ou que por esses mesmos motivos seria intoleraacutevel se laacute voltasse18

ficando a

caraacuteter dos avaliadores julgarem ser esse receio razoaacutevel ou natildeo

No caso da palavra ldquoperseguiccedilatildeordquo devido agrave igual ausecircncia de definiccedilatildeo estabelecida

na esfera do direito internacional mais uma vez o Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado do ACNUR se aplica a esclarecer a ideologia por traacutes

dessa palavra em contexto com a Convenccedilatildeo Ela estabelece que aleacutem das circunstacircncias jaacute

presentes no artigo 1ordm qualquer ato que viole gravemente os direitos humanos tambeacutem pode

16

Artigo 31 da Convenccedilatildeo de Viena sobre o Direito dos Tratados Disponiacutevel em lthttpdai-

mreserprogovbrlegislacaoconvencao-de-viena-sobre-o-direito-dos-tratados-1gt Acesso em 04092014 17

EDWARDS Alice Age and gender dimensions in international refugee law Cambridge Cambridge

University Press 2003 Pgs 46 e 47 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg419c74784pdfgt Acesso em

04092014 18

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 42 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

7

ser considerado perseguiccedilatildeo Aleacutem disso as circunstacircncias de cada caso deveratildeo ser avaliadas

a fim de verificar em que condiccedilotildees se encontram o requerente19

Haacute tambeacutem a assertiva que o ato de perseguiccedilatildeo pode ser cometido tanto por agentes

estatais quanto por natildeo estatais20

- natildeo sendo mencionada nem na Convenccedilatildeo de 1951 nem

no Protocolo de 1967 qualquer disposiccedilatildeo em contraacuterio A accedilatildeo por intervenientes natildeo estatais

estaacute sendo aceita pela jurisprudecircncia internacional nos cenaacuterios em que o Estado de domiciacutelio

do requerente natildeo tem capacidade ou estaacute relutante em oferecer proteccedilatildeo21

No caso de indiviacuteduos apaacutetridas com receio de perseguiccedilatildeo estes ao se encontrarem

frente a um motivo que assinalaria uma questatildeo de refuacutegio tecircm direitos sim frente agrave

Convenccedilatildeo de 1951 Assim sendo deve ser levado em consideraccedilatildeo o paiacutes da sua anterior

residecircncia habitual e natildeo seu paiacutes de nacionalidade e analisar as razotildees pelas quais haacute o

receio22

Outro fator que acabou chamando atenccedilatildeo da comunidade internacional foi o nuacutemero

de pedidos de refuacutegios com base no temor de ser perseguido pelo motivo de ser membro de

determinado grupo social e a abrangecircncia que estaacute ocorrendo frente a esse fundamento natildeo

havendo uma especiacutefica interpretaccedilatildeo internacional sobre o assunto Definir a quem se

aplicaria a categoria de ldquogrupo socialrdquo eacute uma das maiores dificuldades enfrentadas frente ao

artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 195123

Com o objetivo de prover uma orientaccedilatildeo interpretativa legal foi criada a UNHCR

Guidelines on International Protection ldquoMembership of a particular social grouprdquo within

19

Ibid paraacutegrafos 51 e 52 20

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 62 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 21

AUSTRAacuteLIA Suprema Corte da Austraacutelia Minister For Immigration And Multicultural Affairs v Naima

Khawar High Court Of Australia Parkes 11 abril 2002 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3deb326b8htmlgt Acesso em 08092014 22

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafos 89 e 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 23

ldquoFurthermore since the usual materials consulted in the interpretation of international agreements provide

little assistance on the question of membership of a particular social group adjudicators have adopted a range of

(often conflicting) constructions of the Convention language Courts and administrative agencies have at times

announced a standard that adequately resolves the case before them only later to conclude that the rule must be

modified because of subsequent claimsrdquo (ALEINIKOFF T Alexander Refugee Protection in International

Law UNHCRs Global Consultations on International Protection Cambridge Cambridge University Press

2003 Pg 264 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=4bed15822ampskip=0ampquery=Refugee20protection20in20interna

tional20law20an20overall20perspectivegt Acesso em 09092014)

8

the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention andor its 1967 Protocol relating to the

Status of Refugees elucidando entre outros pontos a questatildeo de perseguiccedilatildeo

As noted above a particular social group cannot be defined exclusively by the

persecution that members of the group suffer or by a common fear of being

persecuted Nonetheless persecutory action toward a group may be a relevant factor

in determining the visibility of a group in a particular society To use an example

from a widely cited decision lsquo[W]hile persecutory conduct cannot define the social

group the actions of the persecutors may serve to identify or even cause the creation

of a particular social group in societyrsquo24

Decisotildees e argumentos referentes a cada paiacutes divergem constantemente A procura

pela delimitaccedilatildeo sobre quem se enquadraria no termo ldquogrupo socialrdquo deve ter o cuidado de

natildeo ser abrangente de modo a ferir o propoacutesito da Convenccedilatildeo a qual natildeo tem como princiacutepio

proteger todas as viacutetimas de perseguiccedilatildeo

22 A DETERMINACcedilAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO SUAS PROTECcedilOtildeES E SEUS

DIREITOS

A fim de se beneficiar da Convenccedilatildeo de 1951 eacute necessaacuterio identificar quem eacute digno

de obter o tiacutetulo de refugiado Tanto a Convenccedilatildeo de 1951 quanto o Protocolo de 1967

estabelecem quem eacute o refugiado e os direitos e proteccedilotildees a ele aplicados contudo natildeo eacute

mencionada a regulamentaccedilatildeo e forma de procedimento a ser tomado para determinar tal

status Sendo assim cada Estado Signataacuterio deve estabelecer os meacutetodos a serem aplicados de

acordo com a sua estrutura interna poreacutem com a cautela de natildeo infringir os dispositivos da

Convenccedilatildeo e demais documentos internacionais Somente os Estados e em casos

excepcionais25

o ACNUR satildeo os responsaacuteveis para determinar o status de refugiado26

24

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Guidelines on International Protection

ldquoMembership of a particular social grouprdquo within the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention

andor its 1967 Protocol relating to the Status of Refugees 7 maio 2002 Paraacutegrafo 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3d36f23f4ampskip=0ampquery=unhcr20guidelines20on20internatio

nal20protection20on20membership20of20a20particular20social20group gt Acesso em

09092014 25

ldquoWhile States particularly those which are Party to the 1951 Convention andor 1967 Protocol should

normally conduct refugee status determination themselves in certain situations UNHCR may need to conduct its

own refugee status determination and establish for itself whether or not particular individuals or members of a

certain group are refugees within the Officersquos international protection mandate In the majority of cases the

Office does so on the basis of the 1950 Statute In practice this may occur in a variety of contexts including in

countries which are not Party to the 1951 Convention1967 Protocol or in countries which are Party to the 1951

Convention1967 Protocol but where asylum determination procedures have not yet been established or the

national asylum determination process is manifestly inadequate or where determinations are based on an

erroneous interpretation of the 1951 Convention or as a precondition for the implementation of durable solutions

9

O indiviacuteduo ou um grupo de pessoas no momento em que ingressam em outro Estado

com receio de voltar ao seu paiacutes de nacionalidade ou domiciacutelio devido a perseguiccedilotildees tecircm o

direito de ingressar com um pedido de refuacutegio conforme os procedimentos legais nacionais

Nesses casos ao chegarem agrave fronteira de um paiacutes com o objetivo de obter proteccedilatildeo esses natildeo

devem ser rejeitados em consonacircncia com o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo No caso de rejeiccedilatildeo

na fronteira o procedimento mais correto de um paiacutes a se tomar eacute natildeo incorrer com a

devoluccedilatildeo mas sim conforme Elihu Lauterpacht e Daniel Bethlehem declaram

This does not mean however that States are free to reject at the frontier without

constraint those who have a well-founded fear of persecution What it does mean is

that where States are not prepared to grant asylum to persons who have a well-

founded fear of persecution they must adopt a course that does not amount to

refoulement This may involve removal to a safe third country or some other

solution such as temporary protection or refuge27

No momento em que uma pessoa solicita o status de refugiado a um Estado sendo este

membro da Convenccedilatildeo de 1951 eou do Protocolo de 1967 ela jaacute poderaacute gozar das proteccedilotildees

estabelecidas nos referidos documentos Independente de ser concedido ou natildeo tal status se a

pessoa satisfaz os criteacuterios estabelecidos no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 ela jaacute eacute um

refugiado A concessatildeo do status eacute somente uma mera declaraccedilatildeo28

Nesse sentido a

obrigaccedilatildeo mais importante vinculada a ela eacute a proibiccedilatildeo de ser enviada a um terceiro Estado o

qual possa sofrer perseguiccedilatildeo Tambeacutem haveraacute o benefiacutecio de usufruir das proteccedilotildees

estipuladas na Convenccedilatildeo de 1951 devendo ser equiparado aos habitantes locais sem

distinccedilotildees ateacute o momento da decisatildeo judicial da autoridade competente - incluindo fases

recursais

Ao solicitar a determinaccedilatildeo do status de refugiado o requerente deve fornecer toda e

qualquer prova de sua situaccedilatildeo Contudo deve-se levar em consideraccedilatildeo a sua situaccedilatildeo

such as resettlementrdquo (Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying

Who is a Refugee UNHCR 1 set 2005 Pg 11 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014) 26

Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying Who is a Refugee

UNHCR 1 set 2005 Pg 10 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014 27

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 113 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 15092014 28

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 28 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

10

vulneraacutevel29

Na maioria dos casos tais indiviacuteduos se encontram sem documentaccedilatildeo em um

paiacutes desconhecido provavelmente em um idioma que natildeo seja o seu e somente com seus bens

pessoais baacutesicos Sendo assim deveraacute ser concedido ao requerente o benefiacutecio da duacutevida ou

seja ele natildeo poderaacute ser prejudicado por afirmativas duacutebias caso o examinador entender que

todo o contexto da histoacuteria tenha coerecircncia Muitas vezes o requerente poderaacute omitir ou

alterar fatos por medo e experiecircncias traumaacuteticas natildeo podendo isto ir contra ele

Visando tornar mais eficiente e justo os procedimentos nacionais de determinaccedilatildeo do

status de refugiado conclusotildees do ACNUR foram criadas estipulando um padratildeo miacutenimo de

requerimentos devendo o procedimento ser justo natildeo discriminatoacuterio e apropriado agrave natureza

do pedido de refuacutegio havendo um inqueacuterito completo para estabelecer os fatos30

Cada Estado deveraacute oferecer direitos baacutesicos ao refugiado ou solicitante de refuacutegio

como moradia adequada cuidados de sauacutede e educaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior ao miacutenimo

estabelecido nem diverso do tratamento disponibilizado aos seus nacionais Pessoas que natildeo

possuem documentaccedilatildeo natildeo poderatildeo ser impossibilitadas de requerer o refuacutegio cabendo ao

Estado assim entregar documento de identidade a qualquer refugiado que se encontrar no seu

territoacuterio vide o artigo 27 da Convenccedilatildeo31

No caso de refugiados em situaccedilatildeo irregular no paiacutes o artigo 31 traz a sua proteccedilatildeo

contra sanccedilotildees penais natildeo podendo igualmente devolvecirc-lo ao seu paiacutes de origem visto o

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo em concordacircncia com a Conclusatildeo n 6 (XXVIII) do Comitecirc

Executivo

221 Exclusatildeo e Cessaccedilatildeo do Status de Refugiado

Existem casos estipulados no artigo 1ordm da Convenccedilatildeo de 1951 que excluem pessoas de

obterem as proteccedilotildees da Convenccedilatildeo mesmo se enquadrando nas caracteriacutesticas do artigo

1A(2)

O artigo 1D32

exclui o direito de usufruto da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto dos

Refugiados agravequeles que jaacute se beneficiam de uma proteccedilatildeo de diverso organismo ou instituiccedilatildeo

29

Ibid paraacutegrafo 190 30

Ibid paraacutegrafo 192 31

CLARK Tom Rights Based Refuge the Potential of the 1951 Convention and the Need for

Authoritative Interpretation Vol 16 Oxford International Journal of Refugee Law Oxford University Press

2004 Pg 589 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent164584fullpdfgt Acesso em 17092014 32

Artigo 1D da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute

aplicaacutevel agraves pessoas que atualmente se beneficiam de uma proteccedilatildeo ou assistecircncia da parte de um organismo ou

de uma instituiccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas que natildeo o Alto Comissaacuterio das Naccedilotildees Unidas para refugiados Quando

esta proteccedilatildeo ou assistecircncia houver cessado por qualquer razatildeo sem que a sorte dessas pessoas tenha sido

11

da ONU Tal artigo foi criado a fim de excluir refugiados palestinos jaacute protegidos pela

Agecircncia das Naccedilotildees Unidas de Assistecircncia aos Refugiados da Palestina no Proacuteximo Oriente

(United Nations Relief and Works Agency for Palestinian Refugees in the Near Eastndash

UNRWA) Natildeo obstante a segunda parte do artigo 1D determina que no momento em que a

proteccedilatildeo ou assistecircncia de outro oacutergatildeo da ONU (UNRWA) cessar seja por qualquer motivo o

refugiado poderaacute automaticamente fazer parte da Convenccedilatildeo de 1951 sem preacutevio julgamento

Da mesma forma o artigo 1E33

veda o direito ao status de refugiado nos casos em que

uma pessoa entra em um paiacutes e solicita tal status mas tambeacutem jaacute se qualifica para diferente

status neste mesmo paiacutes proacuteximo agrave cidadania ou no caso daquele que possui residecircncia

regular ou permanente em um paiacutes e goza de direitos semelhantes aos direitos de cidadatildeos

mas solicita o status de refugiado em outro paiacutes (natildeo sendo aplicado o artigo 1E no caso de o

referido indiviacuteduo ter fundado receio de perseguiccedilatildeo no paiacutes de residecircncia)

Contudo eacute o artigo 1F34

que merece a devida atenccedilatildeo obtendo uma maior dificuldade

de interpretaccedilatildeo Seu propoacutesito eacute de garantir que aquele que tenha cometido seacuterios crimes natildeo

obtenha os benefiacutecios da Convenccedilatildeo de 1951 e saia impune de seus atos ndash mesmo se

adequando agrave definiccedilatildeo do artigo 1A(2) - natildeo estando protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo Contudo caberaacute agrave autoridade nacional competente o ocircnus da prova devendo ter a

certeza da gravidade do crime cometido e aplicando o artigo 1F restritivamente a esses casos e

com grande cautela tendo de ser sempre considerada a inclusatildeo antes da exclusatildeo

O artigo 1F(a) eacute claro na sua aplicaccedilatildeo natildeo havendo obscuridade Todavia o artigo 1F(b)

determina que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo deve ser aplicada agravequeles que cometeram seacuterio crime

em paiacutes diverso do de refuacutegio Nesse sentido o que deixa duacutevidas eacute como devemos interpretar

qual crime cometido em outro paiacutes deva ser considerado de alta gravidade Assim o texto

definitivamente resolvida de acordo com as resoluccedilotildees a ela relativas adotadas pela Assembleacuteia Geral das

Naccedilotildees Unidas essas pessoas se beneficiaratildeo de pleno direito do regime desta Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

18092014 33

Artigo 1E da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute aplicaacutevel

a uma pessoa considerada pelas autoridades competentes do paiacutes no qual esta pessoa instalou sua residecircncia

como tendo os direitos e as obrigaccedilotildees relacionados com a posse da nacionalidade desse paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 34

Artigo 1F da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoAs disposiccedilotildees desta Convenccedilatildeo

natildeo seratildeo aplicaacuteveis agraves pessoas a respeito das quais houver razotildees seacuterias para pensar que a) elas cometeram um

crime contra a paz um crime de guerra ou um crime contra a humanidade no sentido dos instrumentos

internacionais elaborados para prever tais crimes b) elas cometeram um crime grave de direito comum fora do

paiacutes de refuacutegio antes de serem nele admitidas como refugiados c) elas se tornaram culpadas de atos contraacuterios

aos fins e princiacutepios das Naccedilotildees Unidasrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014

12

Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees visa trazer um

esclarecimento

Evidently the term ldquoseriousrdquo envisions a grave punishable act and not a minor

offence even if the latter may be referred to as a ldquocrimerdquo in the penal code or other

legislation of a country Seriousness is not merely a question of how domestic law

views the issue but must take into account comparative and international law as

well Some of the indicators which might point to the seriousness of a common

crime include

bull the form of procedure used to prosecute it ndash whether it is an indictable offence or is

dealt with in a summary manner

bull the prescribed punishment including the length and conditions of any prison term

bull whether there is international consensus that it be considered as among the most

serious of crimes

bull whether it is extraditable or subject to universal criminal jurisdiction

bull the actual harm inflicted as a result of the commission of the crime35

Sendo tambeacutem importante narrar a interpretaccedilatildeo entendida por Volker Tuumlrk e Frances

Nicholson

The definition of a lsquoseriousrsquo offence needs to be judged against international

standards taking into account factors such as the nature of the act the actual harm

inflicted the form of criminal procedures used the nature of the penalty and whether

most jurisdictions would consider the act in question as a serious crime Its

interpretation is also linked to the principle of proportionality the question being

whether the consequences ndash eventual return to persecution ndash are proportionate to the

type of crime that was committed The updated UNHCR Guidelines on International

Protection on the application of the exclusion clauses propose that a serious crime

refer to a capital crime or a very grave punishment act This would include

homicide rape arson and armed robbery

hellip

The motivation context methods and proportionality of a crime to its objectives are

important factors in evaluating its political nature36

Apesar de o inciso tratar de crimes ldquonatildeo poliacuteticosrdquo (ou seja crimes comuns) se

entende que autores de crimes poliacuteticos ou graves atos com fins poliacuteticos natildeo podem ser

omitidos da claacuteusula de exclusatildeo Com isso deve ser analisada a proporccedilatildeo do ato e do fim

poliacutetico a ser atingido

Tambeacutem vale mencionar que sendo o crime cometido dentro do paiacutes de refuacutegio o

indiviacuteduo seraacute submetido agrave jurisdiccedilatildeo criminal do Estado devendo ser punido caso culpado

igualmente a qualquer outro nacional

35

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Pg 22 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 36

TUumlRK Volker NICHOLSON Frances Refugee protection in international law an overall perspective

Cambridge Cambridge University Press 2003 Pgs 29 e 30 Disponiacutevel em lt

httpwwwunhcrorg419c73174htmlgt Acessado em 19092014

13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila Disponiacutevel em

lthttpwwwdireitoshumanosuspbrindexphpCorte-Internacional-de-JustiC3A7aestatuto-da-corte-

internacional-de-justicahtmlgt Acesso em 30102014 45

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados The Principle of Non-Refoulement as

a Norm of Customary International Law Response to the Questions Posed to UNHCR by the Federal

Constitutional Court of the Federal Republic of Germany in Cases 2 BvR 193893 2 BvR 195393 2 BvR

195493 31 jan 1994 Paraacutegrafo 1 Disponiacutevel em lt httpwwwrefworldorgdocid437b6db64htmlgt Acesso

em 24092014 46

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 389 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 47

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

Comitecirc dos Direitos Humanos Human Rights Committee General Comment n 24 (52) 1994 UN Doc

CCPRC21Rev1Add6 1 nov 1994 Disponiacutevel em

lthttpwww1umneduhumanrtsgencommhrcom24htmgt Acesso em 26092014 50

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 51

Artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em

20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

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33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

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4

Ao contraacuterio do que se pensava a questatildeo dos refugiados comeccedilou a dar sinais de ser

um assunto que merecia a devida atenccedilatildeo A definiccedilatildeo estabelecida na Convenccedilatildeo de 1951 era

limitada e devido a mudanccedilas relativas agrave migraccedilatildeo forccedilada internacional ocorrendo diversos

tratados e acordos internacionais foram ratificados com o propoacutesito de englobar aqueles que

natildeo se encontravam definidos como refugiados10

Com o nuacutemero de refuacutegios crescendo cada vez mais as Naccedilotildees Unidas reconheceram

que a Convenccedilatildeo de 1951 estava ultrapassada e natildeo poderia mais ser atrelada a fatos ligados agrave

Segunda Guerra Mundial11

Com isso em abril de 1965 foi realizado um Coloacutequio Sobre os

Aspectos Juriacutedicos dos Problemas dos Refugiados aonde chegaram agrave conclusatildeo que o melhor

meio de adequar a Convenccedilatildeo para a nova situaccedilatildeo dos refugiados seria elaborando um

protocolo sucedendo-se assim a criaccedilatildeo do Protocolo de 1967 o qual manteve a mesma

definiccedilatildeo estabelecida em 1951 poreacutem omitindo o limite de tempo e espaccedilo12

Enquanto se esperava um decreacutescimo no nuacutemero de refugiados do continente europeu

outros continentes lidavam com a problemaacutetica do deslocamento de pessoas Todavia estas

natildeo eram abrangidas pela definiccedilatildeo estipulada na Convenccedilatildeo de 1951 e no Protocolo de 1967

Nesse sentido com o escopo de protegecirc-los diversos acordos regionais convenccedilotildees e outros

instrumentos legais foram criados inclusive alguns contendo sua proacutepria definiccedilatildeo de

ldquorefugiadordquo

Na Aacutefrica o movimento de descolonizaccedilatildeo trouxe preocupaccedilatildeo aos estados africanos

que acreditavam em uma possiacutevel crise de refugiados nos anos 70 A definiccedilatildeo alterada e

estipulada no Protocolo de 1967 natildeo era abrangente o suficiente sendo criada entatildeo a

Convenccedilatildeo da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana (OUA) que Rege os Aspectos Especiacuteficos

dos Problemas dos Refugiados na Aacutefrica em 10 de setembro de 196913

Tal Convenccedilatildeo

e cada Estado Contratante faraacute no momento da assinatura da ratificaccedilatildeo ou da adesatildeo uma declaraccedilatildeo

precisando o alcance que pretende dar a essa expressatildeo do ponto de vista das obrigaccedilotildees assumidas por ele em

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5

englobava o conceito de refugiados em duas partes sendo a primeira fiel agrave definiccedilatildeo do

Protocolo e a segunda aplicada conforme as exigecircncias das adversidades ocorridas na Aacutefrica14

Apesar de este novo conceito ter sido criado voltado para uma aplicaccedilatildeo regional ele eacute

utilizado atualmente pelo ACNUR podendo-se dizer que fora uma presunccedilatildeo do que o fluxo

de refugiados viria a se constituir

Conforme os dois principais instrumentos legais internacionais referentes a refugiados

o estabelecimento das razotildees para uma pessoa ser incapaz ou estar relutante para voltar ao seu

paiacutes de nacionalidade segundo ldquotemendo ser perseguida por motivos de raccedila religiatildeo

nacionalidade grupo social ou opiniotildees poliacuteticasrdquo15

tem sido criticada pela comunidade

internacional como sendo muito restrito O fluxo de pessoas deslocadas inclui diversos

motivos assim como mudanccedilas climaacuteticas superpopulaccedilatildeo escassez de alimentos

terrorismo homossexualismo e outros que se encaixam a cada transtorno estatal

21 A DEFINICcedilAtildeO DE lsquoREFUGIADOrsquo PERANTE A CONVENCcedilAtildeO DE 1951

O artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 especifica quem satildeo os refugiados nesse

sentido ele determina a quem seratildeo dirigidas as regras ali presentes Apesar disso

ambiguidades a falta de especificidade e o surgimento de novos casos que caracterizariam o

refugiado trazem discussotildees na comunidade internacional pondo em duacutevida a quem caberia

ou natildeo tal proteccedilatildeo

Primeiramente cabe mencionar o artigo 31 da Convenccedilatildeo de Viena Sobre o Direito

dos Tratados de 1969 o qual determina que ldquoum tratado deve ser interpretado de boa feacute

14

Artigo 1 da Convenccedilatildeo da Organizaccedilatildeo de Unidade Africana (OUA) que rege os aspectos especiacuteficos dos

problemas dos refugiados na Aacutefrica ldquoArtigo 1 - Definiccedilatildeo do termo Refugiado

1 - Para fins da presente Convenccedilatildeo o termo refugiado aplica-se a qualquer pessoa que receando com razatildeo ser

perseguida em virtude da sua raccedila religiatildeo nacionalidade filiaccedilatildeo em certo grupo social ou das suas opiniotildees

poliacuteticas se encontra fora do paiacutes da sua nacionalidade e natildeo possa ou em virtude daquele receio natildeo queira

requerer a protecccedilatildeo daquele paiacutes ou que se natildeo tiver nacionalidade e estiver fora do paiacutes da sua anterior

residecircncia habitual apoacutes aqueles acontecimentos natildeo possa ou em virtude desse receio natildeo queira laacute voltar

2 - O termo refugiado aplica-se tambeacutem a qualquer pessoa que devido a uma agressatildeo ocupaccedilatildeo externa

dominaccedilatildeo estrangeira ou a acontecimentos que perturbem gravemente a ordem puacuteblica numa parte ou na

totalidade do seu paiacutes de origem ou do paiacutes de que tem nacionalidade seja obrigada a deixar o lugar da

residecircncia habitual para procurar refuacutegio noutro lugar fora do seu paiacutes de origem ou de nacionalidaderdquo

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pdocumentdirs_pi25Bmode5D=1amptx_danpdocumentdirs_pi25Bsort5D=doctitlesortinguidamptx_danpdo

cumentdirs_pi25Bdownload5D=yesamptx_danpdocumentdirs_pi25Bdownloadtyp5D=streamamptx_danpdoc

umentdirs_pi25Buid5D=586gt Acesso em 03092014 15

Artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

03092014

6

segundo o sentido comum atribuiacutevel aos termos do tratado em seu contexto e agrave luz de seu

objetivo e finalidaderdquo 16

Aleacutem disso ele especifica que deve ser levado em consideraccedilatildeo natildeo

soacute o texto em si ao analisar um Tratado mas tambeacutem seu preacircmbulo e seus anexos a fim de

obter um maior esclarecimento sobre o que se estaacute lidando

No caso da Convenccedilatildeo de 1951 nota-se que o preacircmbulo reforccedila e engloba a

aplicaccedilatildeo dos direitos humanos aos refugiados expondo assim a preocupaccedilatildeo a importacircncia

e a imposiccedilatildeo de que tais indiviacuteduos estejam sobre a proteccedilatildeo humanitaacuteria influenciada pela

Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e a Carta das Naccedilotildees Unidas e que assim seus

direitos natildeo sejam violados conforme cita Alice Edwards

The Preamble to the 1951 Convention call on States lsquoto assure refugees the widest

possible exercise of [their] fundamental rights and freedomsrsquo necessitating an

analysis of refugee law within the wider humanitarian and human rights context

International human rights law and international humanitarian law instruments

complement the safeguards for refugees enumerated in the 1951 Convention17

Para ser caracterizado como um refugiado o indiviacuteduo deveraacute ter um fundado receio

de perseguiccedilatildeo Entretanto a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo estabelece nem delimita o que poderia

ser considerado como um ldquofundado receiordquo Sendo assim conforme o Manual de

Procedimentos e Criteacuterios para Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a

Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos ao Estatuto dos Refugiados do ACNUR

para ser considerado relevante o receio de ser perseguido o solicitante deveraacute demonstrar que

a sua permanecircncia no paiacutes de origem se tornou intoleraacutevel por motivos constantes na

definiccedilatildeo ou que por esses mesmos motivos seria intoleraacutevel se laacute voltasse18

ficando a

caraacuteter dos avaliadores julgarem ser esse receio razoaacutevel ou natildeo

No caso da palavra ldquoperseguiccedilatildeordquo devido agrave igual ausecircncia de definiccedilatildeo estabelecida

na esfera do direito internacional mais uma vez o Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado do ACNUR se aplica a esclarecer a ideologia por traacutes

dessa palavra em contexto com a Convenccedilatildeo Ela estabelece que aleacutem das circunstacircncias jaacute

presentes no artigo 1ordm qualquer ato que viole gravemente os direitos humanos tambeacutem pode

16

Artigo 31 da Convenccedilatildeo de Viena sobre o Direito dos Tratados Disponiacutevel em lthttpdai-

mreserprogovbrlegislacaoconvencao-de-viena-sobre-o-direito-dos-tratados-1gt Acesso em 04092014 17

EDWARDS Alice Age and gender dimensions in international refugee law Cambridge Cambridge

University Press 2003 Pgs 46 e 47 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg419c74784pdfgt Acesso em

04092014 18

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 42 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

7

ser considerado perseguiccedilatildeo Aleacutem disso as circunstacircncias de cada caso deveratildeo ser avaliadas

a fim de verificar em que condiccedilotildees se encontram o requerente19

Haacute tambeacutem a assertiva que o ato de perseguiccedilatildeo pode ser cometido tanto por agentes

estatais quanto por natildeo estatais20

- natildeo sendo mencionada nem na Convenccedilatildeo de 1951 nem

no Protocolo de 1967 qualquer disposiccedilatildeo em contraacuterio A accedilatildeo por intervenientes natildeo estatais

estaacute sendo aceita pela jurisprudecircncia internacional nos cenaacuterios em que o Estado de domiciacutelio

do requerente natildeo tem capacidade ou estaacute relutante em oferecer proteccedilatildeo21

No caso de indiviacuteduos apaacutetridas com receio de perseguiccedilatildeo estes ao se encontrarem

frente a um motivo que assinalaria uma questatildeo de refuacutegio tecircm direitos sim frente agrave

Convenccedilatildeo de 1951 Assim sendo deve ser levado em consideraccedilatildeo o paiacutes da sua anterior

residecircncia habitual e natildeo seu paiacutes de nacionalidade e analisar as razotildees pelas quais haacute o

receio22

Outro fator que acabou chamando atenccedilatildeo da comunidade internacional foi o nuacutemero

de pedidos de refuacutegios com base no temor de ser perseguido pelo motivo de ser membro de

determinado grupo social e a abrangecircncia que estaacute ocorrendo frente a esse fundamento natildeo

havendo uma especiacutefica interpretaccedilatildeo internacional sobre o assunto Definir a quem se

aplicaria a categoria de ldquogrupo socialrdquo eacute uma das maiores dificuldades enfrentadas frente ao

artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 195123

Com o objetivo de prover uma orientaccedilatildeo interpretativa legal foi criada a UNHCR

Guidelines on International Protection ldquoMembership of a particular social grouprdquo within

19

Ibid paraacutegrafos 51 e 52 20

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 62 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 21

AUSTRAacuteLIA Suprema Corte da Austraacutelia Minister For Immigration And Multicultural Affairs v Naima

Khawar High Court Of Australia Parkes 11 abril 2002 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3deb326b8htmlgt Acesso em 08092014 22

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafos 89 e 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 23

ldquoFurthermore since the usual materials consulted in the interpretation of international agreements provide

little assistance on the question of membership of a particular social group adjudicators have adopted a range of

(often conflicting) constructions of the Convention language Courts and administrative agencies have at times

announced a standard that adequately resolves the case before them only later to conclude that the rule must be

modified because of subsequent claimsrdquo (ALEINIKOFF T Alexander Refugee Protection in International

Law UNHCRs Global Consultations on International Protection Cambridge Cambridge University Press

2003 Pg 264 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=4bed15822ampskip=0ampquery=Refugee20protection20in20interna

tional20law20an20overall20perspectivegt Acesso em 09092014)

8

the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention andor its 1967 Protocol relating to the

Status of Refugees elucidando entre outros pontos a questatildeo de perseguiccedilatildeo

As noted above a particular social group cannot be defined exclusively by the

persecution that members of the group suffer or by a common fear of being

persecuted Nonetheless persecutory action toward a group may be a relevant factor

in determining the visibility of a group in a particular society To use an example

from a widely cited decision lsquo[W]hile persecutory conduct cannot define the social

group the actions of the persecutors may serve to identify or even cause the creation

of a particular social group in societyrsquo24

Decisotildees e argumentos referentes a cada paiacutes divergem constantemente A procura

pela delimitaccedilatildeo sobre quem se enquadraria no termo ldquogrupo socialrdquo deve ter o cuidado de

natildeo ser abrangente de modo a ferir o propoacutesito da Convenccedilatildeo a qual natildeo tem como princiacutepio

proteger todas as viacutetimas de perseguiccedilatildeo

22 A DETERMINACcedilAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO SUAS PROTECcedilOtildeES E SEUS

DIREITOS

A fim de se beneficiar da Convenccedilatildeo de 1951 eacute necessaacuterio identificar quem eacute digno

de obter o tiacutetulo de refugiado Tanto a Convenccedilatildeo de 1951 quanto o Protocolo de 1967

estabelecem quem eacute o refugiado e os direitos e proteccedilotildees a ele aplicados contudo natildeo eacute

mencionada a regulamentaccedilatildeo e forma de procedimento a ser tomado para determinar tal

status Sendo assim cada Estado Signataacuterio deve estabelecer os meacutetodos a serem aplicados de

acordo com a sua estrutura interna poreacutem com a cautela de natildeo infringir os dispositivos da

Convenccedilatildeo e demais documentos internacionais Somente os Estados e em casos

excepcionais25

o ACNUR satildeo os responsaacuteveis para determinar o status de refugiado26

24

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Guidelines on International Protection

ldquoMembership of a particular social grouprdquo within the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention

andor its 1967 Protocol relating to the Status of Refugees 7 maio 2002 Paraacutegrafo 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3d36f23f4ampskip=0ampquery=unhcr20guidelines20on20internatio

nal20protection20on20membership20of20a20particular20social20group gt Acesso em

09092014 25

ldquoWhile States particularly those which are Party to the 1951 Convention andor 1967 Protocol should

normally conduct refugee status determination themselves in certain situations UNHCR may need to conduct its

own refugee status determination and establish for itself whether or not particular individuals or members of a

certain group are refugees within the Officersquos international protection mandate In the majority of cases the

Office does so on the basis of the 1950 Statute In practice this may occur in a variety of contexts including in

countries which are not Party to the 1951 Convention1967 Protocol or in countries which are Party to the 1951

Convention1967 Protocol but where asylum determination procedures have not yet been established or the

national asylum determination process is manifestly inadequate or where determinations are based on an

erroneous interpretation of the 1951 Convention or as a precondition for the implementation of durable solutions

9

O indiviacuteduo ou um grupo de pessoas no momento em que ingressam em outro Estado

com receio de voltar ao seu paiacutes de nacionalidade ou domiciacutelio devido a perseguiccedilotildees tecircm o

direito de ingressar com um pedido de refuacutegio conforme os procedimentos legais nacionais

Nesses casos ao chegarem agrave fronteira de um paiacutes com o objetivo de obter proteccedilatildeo esses natildeo

devem ser rejeitados em consonacircncia com o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo No caso de rejeiccedilatildeo

na fronteira o procedimento mais correto de um paiacutes a se tomar eacute natildeo incorrer com a

devoluccedilatildeo mas sim conforme Elihu Lauterpacht e Daniel Bethlehem declaram

This does not mean however that States are free to reject at the frontier without

constraint those who have a well-founded fear of persecution What it does mean is

that where States are not prepared to grant asylum to persons who have a well-

founded fear of persecution they must adopt a course that does not amount to

refoulement This may involve removal to a safe third country or some other

solution such as temporary protection or refuge27

No momento em que uma pessoa solicita o status de refugiado a um Estado sendo este

membro da Convenccedilatildeo de 1951 eou do Protocolo de 1967 ela jaacute poderaacute gozar das proteccedilotildees

estabelecidas nos referidos documentos Independente de ser concedido ou natildeo tal status se a

pessoa satisfaz os criteacuterios estabelecidos no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 ela jaacute eacute um

refugiado A concessatildeo do status eacute somente uma mera declaraccedilatildeo28

Nesse sentido a

obrigaccedilatildeo mais importante vinculada a ela eacute a proibiccedilatildeo de ser enviada a um terceiro Estado o

qual possa sofrer perseguiccedilatildeo Tambeacutem haveraacute o benefiacutecio de usufruir das proteccedilotildees

estipuladas na Convenccedilatildeo de 1951 devendo ser equiparado aos habitantes locais sem

distinccedilotildees ateacute o momento da decisatildeo judicial da autoridade competente - incluindo fases

recursais

Ao solicitar a determinaccedilatildeo do status de refugiado o requerente deve fornecer toda e

qualquer prova de sua situaccedilatildeo Contudo deve-se levar em consideraccedilatildeo a sua situaccedilatildeo

such as resettlementrdquo (Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying

Who is a Refugee UNHCR 1 set 2005 Pg 11 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014) 26

Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying Who is a Refugee

UNHCR 1 set 2005 Pg 10 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014 27

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 113 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 15092014 28

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 28 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

10

vulneraacutevel29

Na maioria dos casos tais indiviacuteduos se encontram sem documentaccedilatildeo em um

paiacutes desconhecido provavelmente em um idioma que natildeo seja o seu e somente com seus bens

pessoais baacutesicos Sendo assim deveraacute ser concedido ao requerente o benefiacutecio da duacutevida ou

seja ele natildeo poderaacute ser prejudicado por afirmativas duacutebias caso o examinador entender que

todo o contexto da histoacuteria tenha coerecircncia Muitas vezes o requerente poderaacute omitir ou

alterar fatos por medo e experiecircncias traumaacuteticas natildeo podendo isto ir contra ele

Visando tornar mais eficiente e justo os procedimentos nacionais de determinaccedilatildeo do

status de refugiado conclusotildees do ACNUR foram criadas estipulando um padratildeo miacutenimo de

requerimentos devendo o procedimento ser justo natildeo discriminatoacuterio e apropriado agrave natureza

do pedido de refuacutegio havendo um inqueacuterito completo para estabelecer os fatos30

Cada Estado deveraacute oferecer direitos baacutesicos ao refugiado ou solicitante de refuacutegio

como moradia adequada cuidados de sauacutede e educaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior ao miacutenimo

estabelecido nem diverso do tratamento disponibilizado aos seus nacionais Pessoas que natildeo

possuem documentaccedilatildeo natildeo poderatildeo ser impossibilitadas de requerer o refuacutegio cabendo ao

Estado assim entregar documento de identidade a qualquer refugiado que se encontrar no seu

territoacuterio vide o artigo 27 da Convenccedilatildeo31

No caso de refugiados em situaccedilatildeo irregular no paiacutes o artigo 31 traz a sua proteccedilatildeo

contra sanccedilotildees penais natildeo podendo igualmente devolvecirc-lo ao seu paiacutes de origem visto o

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo em concordacircncia com a Conclusatildeo n 6 (XXVIII) do Comitecirc

Executivo

221 Exclusatildeo e Cessaccedilatildeo do Status de Refugiado

Existem casos estipulados no artigo 1ordm da Convenccedilatildeo de 1951 que excluem pessoas de

obterem as proteccedilotildees da Convenccedilatildeo mesmo se enquadrando nas caracteriacutesticas do artigo

1A(2)

O artigo 1D32

exclui o direito de usufruto da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto dos

Refugiados agravequeles que jaacute se beneficiam de uma proteccedilatildeo de diverso organismo ou instituiccedilatildeo

29

Ibid paraacutegrafo 190 30

Ibid paraacutegrafo 192 31

CLARK Tom Rights Based Refuge the Potential of the 1951 Convention and the Need for

Authoritative Interpretation Vol 16 Oxford International Journal of Refugee Law Oxford University Press

2004 Pg 589 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent164584fullpdfgt Acesso em 17092014 32

Artigo 1D da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute

aplicaacutevel agraves pessoas que atualmente se beneficiam de uma proteccedilatildeo ou assistecircncia da parte de um organismo ou

de uma instituiccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas que natildeo o Alto Comissaacuterio das Naccedilotildees Unidas para refugiados Quando

esta proteccedilatildeo ou assistecircncia houver cessado por qualquer razatildeo sem que a sorte dessas pessoas tenha sido

11

da ONU Tal artigo foi criado a fim de excluir refugiados palestinos jaacute protegidos pela

Agecircncia das Naccedilotildees Unidas de Assistecircncia aos Refugiados da Palestina no Proacuteximo Oriente

(United Nations Relief and Works Agency for Palestinian Refugees in the Near Eastndash

UNRWA) Natildeo obstante a segunda parte do artigo 1D determina que no momento em que a

proteccedilatildeo ou assistecircncia de outro oacutergatildeo da ONU (UNRWA) cessar seja por qualquer motivo o

refugiado poderaacute automaticamente fazer parte da Convenccedilatildeo de 1951 sem preacutevio julgamento

Da mesma forma o artigo 1E33

veda o direito ao status de refugiado nos casos em que

uma pessoa entra em um paiacutes e solicita tal status mas tambeacutem jaacute se qualifica para diferente

status neste mesmo paiacutes proacuteximo agrave cidadania ou no caso daquele que possui residecircncia

regular ou permanente em um paiacutes e goza de direitos semelhantes aos direitos de cidadatildeos

mas solicita o status de refugiado em outro paiacutes (natildeo sendo aplicado o artigo 1E no caso de o

referido indiviacuteduo ter fundado receio de perseguiccedilatildeo no paiacutes de residecircncia)

Contudo eacute o artigo 1F34

que merece a devida atenccedilatildeo obtendo uma maior dificuldade

de interpretaccedilatildeo Seu propoacutesito eacute de garantir que aquele que tenha cometido seacuterios crimes natildeo

obtenha os benefiacutecios da Convenccedilatildeo de 1951 e saia impune de seus atos ndash mesmo se

adequando agrave definiccedilatildeo do artigo 1A(2) - natildeo estando protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo Contudo caberaacute agrave autoridade nacional competente o ocircnus da prova devendo ter a

certeza da gravidade do crime cometido e aplicando o artigo 1F restritivamente a esses casos e

com grande cautela tendo de ser sempre considerada a inclusatildeo antes da exclusatildeo

O artigo 1F(a) eacute claro na sua aplicaccedilatildeo natildeo havendo obscuridade Todavia o artigo 1F(b)

determina que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo deve ser aplicada agravequeles que cometeram seacuterio crime

em paiacutes diverso do de refuacutegio Nesse sentido o que deixa duacutevidas eacute como devemos interpretar

qual crime cometido em outro paiacutes deva ser considerado de alta gravidade Assim o texto

definitivamente resolvida de acordo com as resoluccedilotildees a ela relativas adotadas pela Assembleacuteia Geral das

Naccedilotildees Unidas essas pessoas se beneficiaratildeo de pleno direito do regime desta Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

18092014 33

Artigo 1E da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute aplicaacutevel

a uma pessoa considerada pelas autoridades competentes do paiacutes no qual esta pessoa instalou sua residecircncia

como tendo os direitos e as obrigaccedilotildees relacionados com a posse da nacionalidade desse paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 34

Artigo 1F da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoAs disposiccedilotildees desta Convenccedilatildeo

natildeo seratildeo aplicaacuteveis agraves pessoas a respeito das quais houver razotildees seacuterias para pensar que a) elas cometeram um

crime contra a paz um crime de guerra ou um crime contra a humanidade no sentido dos instrumentos

internacionais elaborados para prever tais crimes b) elas cometeram um crime grave de direito comum fora do

paiacutes de refuacutegio antes de serem nele admitidas como refugiados c) elas se tornaram culpadas de atos contraacuterios

aos fins e princiacutepios das Naccedilotildees Unidasrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014

12

Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees visa trazer um

esclarecimento

Evidently the term ldquoseriousrdquo envisions a grave punishable act and not a minor

offence even if the latter may be referred to as a ldquocrimerdquo in the penal code or other

legislation of a country Seriousness is not merely a question of how domestic law

views the issue but must take into account comparative and international law as

well Some of the indicators which might point to the seriousness of a common

crime include

bull the form of procedure used to prosecute it ndash whether it is an indictable offence or is

dealt with in a summary manner

bull the prescribed punishment including the length and conditions of any prison term

bull whether there is international consensus that it be considered as among the most

serious of crimes

bull whether it is extraditable or subject to universal criminal jurisdiction

bull the actual harm inflicted as a result of the commission of the crime35

Sendo tambeacutem importante narrar a interpretaccedilatildeo entendida por Volker Tuumlrk e Frances

Nicholson

The definition of a lsquoseriousrsquo offence needs to be judged against international

standards taking into account factors such as the nature of the act the actual harm

inflicted the form of criminal procedures used the nature of the penalty and whether

most jurisdictions would consider the act in question as a serious crime Its

interpretation is also linked to the principle of proportionality the question being

whether the consequences ndash eventual return to persecution ndash are proportionate to the

type of crime that was committed The updated UNHCR Guidelines on International

Protection on the application of the exclusion clauses propose that a serious crime

refer to a capital crime or a very grave punishment act This would include

homicide rape arson and armed robbery

hellip

The motivation context methods and proportionality of a crime to its objectives are

important factors in evaluating its political nature36

Apesar de o inciso tratar de crimes ldquonatildeo poliacuteticosrdquo (ou seja crimes comuns) se

entende que autores de crimes poliacuteticos ou graves atos com fins poliacuteticos natildeo podem ser

omitidos da claacuteusula de exclusatildeo Com isso deve ser analisada a proporccedilatildeo do ato e do fim

poliacutetico a ser atingido

Tambeacutem vale mencionar que sendo o crime cometido dentro do paiacutes de refuacutegio o

indiviacuteduo seraacute submetido agrave jurisdiccedilatildeo criminal do Estado devendo ser punido caso culpado

igualmente a qualquer outro nacional

35

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Pg 22 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 36

TUumlRK Volker NICHOLSON Frances Refugee protection in international law an overall perspective

Cambridge Cambridge University Press 2003 Pgs 29 e 30 Disponiacutevel em lt

httpwwwunhcrorg419c73174htmlgt Acessado em 19092014

13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila Disponiacutevel em

lthttpwwwdireitoshumanosuspbrindexphpCorte-Internacional-de-JustiC3A7aestatuto-da-corte-

internacional-de-justicahtmlgt Acesso em 30102014 45

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados The Principle of Non-Refoulement as

a Norm of Customary International Law Response to the Questions Posed to UNHCR by the Federal

Constitutional Court of the Federal Republic of Germany in Cases 2 BvR 193893 2 BvR 195393 2 BvR

195493 31 jan 1994 Paraacutegrafo 1 Disponiacutevel em lt httpwwwrefworldorgdocid437b6db64htmlgt Acesso

em 24092014 46

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 389 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 47

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

Comitecirc dos Direitos Humanos Human Rights Committee General Comment n 24 (52) 1994 UN Doc

CCPRC21Rev1Add6 1 nov 1994 Disponiacutevel em

lthttpwww1umneduhumanrtsgencommhrcom24htmgt Acesso em 26092014 50

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 51

Artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em

20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

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33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

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5

englobava o conceito de refugiados em duas partes sendo a primeira fiel agrave definiccedilatildeo do

Protocolo e a segunda aplicada conforme as exigecircncias das adversidades ocorridas na Aacutefrica14

Apesar de este novo conceito ter sido criado voltado para uma aplicaccedilatildeo regional ele eacute

utilizado atualmente pelo ACNUR podendo-se dizer que fora uma presunccedilatildeo do que o fluxo

de refugiados viria a se constituir

Conforme os dois principais instrumentos legais internacionais referentes a refugiados

o estabelecimento das razotildees para uma pessoa ser incapaz ou estar relutante para voltar ao seu

paiacutes de nacionalidade segundo ldquotemendo ser perseguida por motivos de raccedila religiatildeo

nacionalidade grupo social ou opiniotildees poliacuteticasrdquo15

tem sido criticada pela comunidade

internacional como sendo muito restrito O fluxo de pessoas deslocadas inclui diversos

motivos assim como mudanccedilas climaacuteticas superpopulaccedilatildeo escassez de alimentos

terrorismo homossexualismo e outros que se encaixam a cada transtorno estatal

21 A DEFINICcedilAtildeO DE lsquoREFUGIADOrsquo PERANTE A CONVENCcedilAtildeO DE 1951

O artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 especifica quem satildeo os refugiados nesse

sentido ele determina a quem seratildeo dirigidas as regras ali presentes Apesar disso

ambiguidades a falta de especificidade e o surgimento de novos casos que caracterizariam o

refugiado trazem discussotildees na comunidade internacional pondo em duacutevida a quem caberia

ou natildeo tal proteccedilatildeo

Primeiramente cabe mencionar o artigo 31 da Convenccedilatildeo de Viena Sobre o Direito

dos Tratados de 1969 o qual determina que ldquoum tratado deve ser interpretado de boa feacute

14

Artigo 1 da Convenccedilatildeo da Organizaccedilatildeo de Unidade Africana (OUA) que rege os aspectos especiacuteficos dos

problemas dos refugiados na Aacutefrica ldquoArtigo 1 - Definiccedilatildeo do termo Refugiado

1 - Para fins da presente Convenccedilatildeo o termo refugiado aplica-se a qualquer pessoa que receando com razatildeo ser

perseguida em virtude da sua raccedila religiatildeo nacionalidade filiaccedilatildeo em certo grupo social ou das suas opiniotildees

poliacuteticas se encontra fora do paiacutes da sua nacionalidade e natildeo possa ou em virtude daquele receio natildeo queira

requerer a protecccedilatildeo daquele paiacutes ou que se natildeo tiver nacionalidade e estiver fora do paiacutes da sua anterior

residecircncia habitual apoacutes aqueles acontecimentos natildeo possa ou em virtude desse receio natildeo queira laacute voltar

2 - O termo refugiado aplica-se tambeacutem a qualquer pessoa que devido a uma agressatildeo ocupaccedilatildeo externa

dominaccedilatildeo estrangeira ou a acontecimentos que perturbem gravemente a ordem puacuteblica numa parte ou na

totalidade do seu paiacutes de origem ou do paiacutes de que tem nacionalidade seja obrigada a deixar o lugar da

residecircncia habitual para procurar refuacutegio noutro lugar fora do seu paiacutes de origem ou de nacionalidaderdquo

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6

segundo o sentido comum atribuiacutevel aos termos do tratado em seu contexto e agrave luz de seu

objetivo e finalidaderdquo 16

Aleacutem disso ele especifica que deve ser levado em consideraccedilatildeo natildeo

soacute o texto em si ao analisar um Tratado mas tambeacutem seu preacircmbulo e seus anexos a fim de

obter um maior esclarecimento sobre o que se estaacute lidando

No caso da Convenccedilatildeo de 1951 nota-se que o preacircmbulo reforccedila e engloba a

aplicaccedilatildeo dos direitos humanos aos refugiados expondo assim a preocupaccedilatildeo a importacircncia

e a imposiccedilatildeo de que tais indiviacuteduos estejam sobre a proteccedilatildeo humanitaacuteria influenciada pela

Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e a Carta das Naccedilotildees Unidas e que assim seus

direitos natildeo sejam violados conforme cita Alice Edwards

The Preamble to the 1951 Convention call on States lsquoto assure refugees the widest

possible exercise of [their] fundamental rights and freedomsrsquo necessitating an

analysis of refugee law within the wider humanitarian and human rights context

International human rights law and international humanitarian law instruments

complement the safeguards for refugees enumerated in the 1951 Convention17

Para ser caracterizado como um refugiado o indiviacuteduo deveraacute ter um fundado receio

de perseguiccedilatildeo Entretanto a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo estabelece nem delimita o que poderia

ser considerado como um ldquofundado receiordquo Sendo assim conforme o Manual de

Procedimentos e Criteacuterios para Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a

Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos ao Estatuto dos Refugiados do ACNUR

para ser considerado relevante o receio de ser perseguido o solicitante deveraacute demonstrar que

a sua permanecircncia no paiacutes de origem se tornou intoleraacutevel por motivos constantes na

definiccedilatildeo ou que por esses mesmos motivos seria intoleraacutevel se laacute voltasse18

ficando a

caraacuteter dos avaliadores julgarem ser esse receio razoaacutevel ou natildeo

No caso da palavra ldquoperseguiccedilatildeordquo devido agrave igual ausecircncia de definiccedilatildeo estabelecida

na esfera do direito internacional mais uma vez o Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado do ACNUR se aplica a esclarecer a ideologia por traacutes

dessa palavra em contexto com a Convenccedilatildeo Ela estabelece que aleacutem das circunstacircncias jaacute

presentes no artigo 1ordm qualquer ato que viole gravemente os direitos humanos tambeacutem pode

16

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University Press 2003 Pgs 46 e 47 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg419c74784pdfgt Acesso em

04092014 18

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 42 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

7

ser considerado perseguiccedilatildeo Aleacutem disso as circunstacircncias de cada caso deveratildeo ser avaliadas

a fim de verificar em que condiccedilotildees se encontram o requerente19

Haacute tambeacutem a assertiva que o ato de perseguiccedilatildeo pode ser cometido tanto por agentes

estatais quanto por natildeo estatais20

- natildeo sendo mencionada nem na Convenccedilatildeo de 1951 nem

no Protocolo de 1967 qualquer disposiccedilatildeo em contraacuterio A accedilatildeo por intervenientes natildeo estatais

estaacute sendo aceita pela jurisprudecircncia internacional nos cenaacuterios em que o Estado de domiciacutelio

do requerente natildeo tem capacidade ou estaacute relutante em oferecer proteccedilatildeo21

No caso de indiviacuteduos apaacutetridas com receio de perseguiccedilatildeo estes ao se encontrarem

frente a um motivo que assinalaria uma questatildeo de refuacutegio tecircm direitos sim frente agrave

Convenccedilatildeo de 1951 Assim sendo deve ser levado em consideraccedilatildeo o paiacutes da sua anterior

residecircncia habitual e natildeo seu paiacutes de nacionalidade e analisar as razotildees pelas quais haacute o

receio22

Outro fator que acabou chamando atenccedilatildeo da comunidade internacional foi o nuacutemero

de pedidos de refuacutegios com base no temor de ser perseguido pelo motivo de ser membro de

determinado grupo social e a abrangecircncia que estaacute ocorrendo frente a esse fundamento natildeo

havendo uma especiacutefica interpretaccedilatildeo internacional sobre o assunto Definir a quem se

aplicaria a categoria de ldquogrupo socialrdquo eacute uma das maiores dificuldades enfrentadas frente ao

artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 195123

Com o objetivo de prover uma orientaccedilatildeo interpretativa legal foi criada a UNHCR

Guidelines on International Protection ldquoMembership of a particular social grouprdquo within

19

Ibid paraacutegrafos 51 e 52 20

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 62 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 21

AUSTRAacuteLIA Suprema Corte da Austraacutelia Minister For Immigration And Multicultural Affairs v Naima

Khawar High Court Of Australia Parkes 11 abril 2002 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3deb326b8htmlgt Acesso em 08092014 22

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafos 89 e 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 23

ldquoFurthermore since the usual materials consulted in the interpretation of international agreements provide

little assistance on the question of membership of a particular social group adjudicators have adopted a range of

(often conflicting) constructions of the Convention language Courts and administrative agencies have at times

announced a standard that adequately resolves the case before them only later to conclude that the rule must be

modified because of subsequent claimsrdquo (ALEINIKOFF T Alexander Refugee Protection in International

Law UNHCRs Global Consultations on International Protection Cambridge Cambridge University Press

2003 Pg 264 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=4bed15822ampskip=0ampquery=Refugee20protection20in20interna

tional20law20an20overall20perspectivegt Acesso em 09092014)

8

the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention andor its 1967 Protocol relating to the

Status of Refugees elucidando entre outros pontos a questatildeo de perseguiccedilatildeo

As noted above a particular social group cannot be defined exclusively by the

persecution that members of the group suffer or by a common fear of being

persecuted Nonetheless persecutory action toward a group may be a relevant factor

in determining the visibility of a group in a particular society To use an example

from a widely cited decision lsquo[W]hile persecutory conduct cannot define the social

group the actions of the persecutors may serve to identify or even cause the creation

of a particular social group in societyrsquo24

Decisotildees e argumentos referentes a cada paiacutes divergem constantemente A procura

pela delimitaccedilatildeo sobre quem se enquadraria no termo ldquogrupo socialrdquo deve ter o cuidado de

natildeo ser abrangente de modo a ferir o propoacutesito da Convenccedilatildeo a qual natildeo tem como princiacutepio

proteger todas as viacutetimas de perseguiccedilatildeo

22 A DETERMINACcedilAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO SUAS PROTECcedilOtildeES E SEUS

DIREITOS

A fim de se beneficiar da Convenccedilatildeo de 1951 eacute necessaacuterio identificar quem eacute digno

de obter o tiacutetulo de refugiado Tanto a Convenccedilatildeo de 1951 quanto o Protocolo de 1967

estabelecem quem eacute o refugiado e os direitos e proteccedilotildees a ele aplicados contudo natildeo eacute

mencionada a regulamentaccedilatildeo e forma de procedimento a ser tomado para determinar tal

status Sendo assim cada Estado Signataacuterio deve estabelecer os meacutetodos a serem aplicados de

acordo com a sua estrutura interna poreacutem com a cautela de natildeo infringir os dispositivos da

Convenccedilatildeo e demais documentos internacionais Somente os Estados e em casos

excepcionais25

o ACNUR satildeo os responsaacuteveis para determinar o status de refugiado26

24

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Guidelines on International Protection

ldquoMembership of a particular social grouprdquo within the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention

andor its 1967 Protocol relating to the Status of Refugees 7 maio 2002 Paraacutegrafo 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3d36f23f4ampskip=0ampquery=unhcr20guidelines20on20internatio

nal20protection20on20membership20of20a20particular20social20group gt Acesso em

09092014 25

ldquoWhile States particularly those which are Party to the 1951 Convention andor 1967 Protocol should

normally conduct refugee status determination themselves in certain situations UNHCR may need to conduct its

own refugee status determination and establish for itself whether or not particular individuals or members of a

certain group are refugees within the Officersquos international protection mandate In the majority of cases the

Office does so on the basis of the 1950 Statute In practice this may occur in a variety of contexts including in

countries which are not Party to the 1951 Convention1967 Protocol or in countries which are Party to the 1951

Convention1967 Protocol but where asylum determination procedures have not yet been established or the

national asylum determination process is manifestly inadequate or where determinations are based on an

erroneous interpretation of the 1951 Convention or as a precondition for the implementation of durable solutions

9

O indiviacuteduo ou um grupo de pessoas no momento em que ingressam em outro Estado

com receio de voltar ao seu paiacutes de nacionalidade ou domiciacutelio devido a perseguiccedilotildees tecircm o

direito de ingressar com um pedido de refuacutegio conforme os procedimentos legais nacionais

Nesses casos ao chegarem agrave fronteira de um paiacutes com o objetivo de obter proteccedilatildeo esses natildeo

devem ser rejeitados em consonacircncia com o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo No caso de rejeiccedilatildeo

na fronteira o procedimento mais correto de um paiacutes a se tomar eacute natildeo incorrer com a

devoluccedilatildeo mas sim conforme Elihu Lauterpacht e Daniel Bethlehem declaram

This does not mean however that States are free to reject at the frontier without

constraint those who have a well-founded fear of persecution What it does mean is

that where States are not prepared to grant asylum to persons who have a well-

founded fear of persecution they must adopt a course that does not amount to

refoulement This may involve removal to a safe third country or some other

solution such as temporary protection or refuge27

No momento em que uma pessoa solicita o status de refugiado a um Estado sendo este

membro da Convenccedilatildeo de 1951 eou do Protocolo de 1967 ela jaacute poderaacute gozar das proteccedilotildees

estabelecidas nos referidos documentos Independente de ser concedido ou natildeo tal status se a

pessoa satisfaz os criteacuterios estabelecidos no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 ela jaacute eacute um

refugiado A concessatildeo do status eacute somente uma mera declaraccedilatildeo28

Nesse sentido a

obrigaccedilatildeo mais importante vinculada a ela eacute a proibiccedilatildeo de ser enviada a um terceiro Estado o

qual possa sofrer perseguiccedilatildeo Tambeacutem haveraacute o benefiacutecio de usufruir das proteccedilotildees

estipuladas na Convenccedilatildeo de 1951 devendo ser equiparado aos habitantes locais sem

distinccedilotildees ateacute o momento da decisatildeo judicial da autoridade competente - incluindo fases

recursais

Ao solicitar a determinaccedilatildeo do status de refugiado o requerente deve fornecer toda e

qualquer prova de sua situaccedilatildeo Contudo deve-se levar em consideraccedilatildeo a sua situaccedilatildeo

such as resettlementrdquo (Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying

Who is a Refugee UNHCR 1 set 2005 Pg 11 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014) 26

Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying Who is a Refugee

UNHCR 1 set 2005 Pg 10 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014 27

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 113 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 15092014 28

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 28 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

10

vulneraacutevel29

Na maioria dos casos tais indiviacuteduos se encontram sem documentaccedilatildeo em um

paiacutes desconhecido provavelmente em um idioma que natildeo seja o seu e somente com seus bens

pessoais baacutesicos Sendo assim deveraacute ser concedido ao requerente o benefiacutecio da duacutevida ou

seja ele natildeo poderaacute ser prejudicado por afirmativas duacutebias caso o examinador entender que

todo o contexto da histoacuteria tenha coerecircncia Muitas vezes o requerente poderaacute omitir ou

alterar fatos por medo e experiecircncias traumaacuteticas natildeo podendo isto ir contra ele

Visando tornar mais eficiente e justo os procedimentos nacionais de determinaccedilatildeo do

status de refugiado conclusotildees do ACNUR foram criadas estipulando um padratildeo miacutenimo de

requerimentos devendo o procedimento ser justo natildeo discriminatoacuterio e apropriado agrave natureza

do pedido de refuacutegio havendo um inqueacuterito completo para estabelecer os fatos30

Cada Estado deveraacute oferecer direitos baacutesicos ao refugiado ou solicitante de refuacutegio

como moradia adequada cuidados de sauacutede e educaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior ao miacutenimo

estabelecido nem diverso do tratamento disponibilizado aos seus nacionais Pessoas que natildeo

possuem documentaccedilatildeo natildeo poderatildeo ser impossibilitadas de requerer o refuacutegio cabendo ao

Estado assim entregar documento de identidade a qualquer refugiado que se encontrar no seu

territoacuterio vide o artigo 27 da Convenccedilatildeo31

No caso de refugiados em situaccedilatildeo irregular no paiacutes o artigo 31 traz a sua proteccedilatildeo

contra sanccedilotildees penais natildeo podendo igualmente devolvecirc-lo ao seu paiacutes de origem visto o

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo em concordacircncia com a Conclusatildeo n 6 (XXVIII) do Comitecirc

Executivo

221 Exclusatildeo e Cessaccedilatildeo do Status de Refugiado

Existem casos estipulados no artigo 1ordm da Convenccedilatildeo de 1951 que excluem pessoas de

obterem as proteccedilotildees da Convenccedilatildeo mesmo se enquadrando nas caracteriacutesticas do artigo

1A(2)

O artigo 1D32

exclui o direito de usufruto da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto dos

Refugiados agravequeles que jaacute se beneficiam de uma proteccedilatildeo de diverso organismo ou instituiccedilatildeo

29

Ibid paraacutegrafo 190 30

Ibid paraacutegrafo 192 31

CLARK Tom Rights Based Refuge the Potential of the 1951 Convention and the Need for

Authoritative Interpretation Vol 16 Oxford International Journal of Refugee Law Oxford University Press

2004 Pg 589 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent164584fullpdfgt Acesso em 17092014 32

Artigo 1D da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute

aplicaacutevel agraves pessoas que atualmente se beneficiam de uma proteccedilatildeo ou assistecircncia da parte de um organismo ou

de uma instituiccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas que natildeo o Alto Comissaacuterio das Naccedilotildees Unidas para refugiados Quando

esta proteccedilatildeo ou assistecircncia houver cessado por qualquer razatildeo sem que a sorte dessas pessoas tenha sido

11

da ONU Tal artigo foi criado a fim de excluir refugiados palestinos jaacute protegidos pela

Agecircncia das Naccedilotildees Unidas de Assistecircncia aos Refugiados da Palestina no Proacuteximo Oriente

(United Nations Relief and Works Agency for Palestinian Refugees in the Near Eastndash

UNRWA) Natildeo obstante a segunda parte do artigo 1D determina que no momento em que a

proteccedilatildeo ou assistecircncia de outro oacutergatildeo da ONU (UNRWA) cessar seja por qualquer motivo o

refugiado poderaacute automaticamente fazer parte da Convenccedilatildeo de 1951 sem preacutevio julgamento

Da mesma forma o artigo 1E33

veda o direito ao status de refugiado nos casos em que

uma pessoa entra em um paiacutes e solicita tal status mas tambeacutem jaacute se qualifica para diferente

status neste mesmo paiacutes proacuteximo agrave cidadania ou no caso daquele que possui residecircncia

regular ou permanente em um paiacutes e goza de direitos semelhantes aos direitos de cidadatildeos

mas solicita o status de refugiado em outro paiacutes (natildeo sendo aplicado o artigo 1E no caso de o

referido indiviacuteduo ter fundado receio de perseguiccedilatildeo no paiacutes de residecircncia)

Contudo eacute o artigo 1F34

que merece a devida atenccedilatildeo obtendo uma maior dificuldade

de interpretaccedilatildeo Seu propoacutesito eacute de garantir que aquele que tenha cometido seacuterios crimes natildeo

obtenha os benefiacutecios da Convenccedilatildeo de 1951 e saia impune de seus atos ndash mesmo se

adequando agrave definiccedilatildeo do artigo 1A(2) - natildeo estando protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo Contudo caberaacute agrave autoridade nacional competente o ocircnus da prova devendo ter a

certeza da gravidade do crime cometido e aplicando o artigo 1F restritivamente a esses casos e

com grande cautela tendo de ser sempre considerada a inclusatildeo antes da exclusatildeo

O artigo 1F(a) eacute claro na sua aplicaccedilatildeo natildeo havendo obscuridade Todavia o artigo 1F(b)

determina que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo deve ser aplicada agravequeles que cometeram seacuterio crime

em paiacutes diverso do de refuacutegio Nesse sentido o que deixa duacutevidas eacute como devemos interpretar

qual crime cometido em outro paiacutes deva ser considerado de alta gravidade Assim o texto

definitivamente resolvida de acordo com as resoluccedilotildees a ela relativas adotadas pela Assembleacuteia Geral das

Naccedilotildees Unidas essas pessoas se beneficiaratildeo de pleno direito do regime desta Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

18092014 33

Artigo 1E da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute aplicaacutevel

a uma pessoa considerada pelas autoridades competentes do paiacutes no qual esta pessoa instalou sua residecircncia

como tendo os direitos e as obrigaccedilotildees relacionados com a posse da nacionalidade desse paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 34

Artigo 1F da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoAs disposiccedilotildees desta Convenccedilatildeo

natildeo seratildeo aplicaacuteveis agraves pessoas a respeito das quais houver razotildees seacuterias para pensar que a) elas cometeram um

crime contra a paz um crime de guerra ou um crime contra a humanidade no sentido dos instrumentos

internacionais elaborados para prever tais crimes b) elas cometeram um crime grave de direito comum fora do

paiacutes de refuacutegio antes de serem nele admitidas como refugiados c) elas se tornaram culpadas de atos contraacuterios

aos fins e princiacutepios das Naccedilotildees Unidasrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014

12

Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees visa trazer um

esclarecimento

Evidently the term ldquoseriousrdquo envisions a grave punishable act and not a minor

offence even if the latter may be referred to as a ldquocrimerdquo in the penal code or other

legislation of a country Seriousness is not merely a question of how domestic law

views the issue but must take into account comparative and international law as

well Some of the indicators which might point to the seriousness of a common

crime include

bull the form of procedure used to prosecute it ndash whether it is an indictable offence or is

dealt with in a summary manner

bull the prescribed punishment including the length and conditions of any prison term

bull whether there is international consensus that it be considered as among the most

serious of crimes

bull whether it is extraditable or subject to universal criminal jurisdiction

bull the actual harm inflicted as a result of the commission of the crime35

Sendo tambeacutem importante narrar a interpretaccedilatildeo entendida por Volker Tuumlrk e Frances

Nicholson

The definition of a lsquoseriousrsquo offence needs to be judged against international

standards taking into account factors such as the nature of the act the actual harm

inflicted the form of criminal procedures used the nature of the penalty and whether

most jurisdictions would consider the act in question as a serious crime Its

interpretation is also linked to the principle of proportionality the question being

whether the consequences ndash eventual return to persecution ndash are proportionate to the

type of crime that was committed The updated UNHCR Guidelines on International

Protection on the application of the exclusion clauses propose that a serious crime

refer to a capital crime or a very grave punishment act This would include

homicide rape arson and armed robbery

hellip

The motivation context methods and proportionality of a crime to its objectives are

important factors in evaluating its political nature36

Apesar de o inciso tratar de crimes ldquonatildeo poliacuteticosrdquo (ou seja crimes comuns) se

entende que autores de crimes poliacuteticos ou graves atos com fins poliacuteticos natildeo podem ser

omitidos da claacuteusula de exclusatildeo Com isso deve ser analisada a proporccedilatildeo do ato e do fim

poliacutetico a ser atingido

Tambeacutem vale mencionar que sendo o crime cometido dentro do paiacutes de refuacutegio o

indiviacuteduo seraacute submetido agrave jurisdiccedilatildeo criminal do Estado devendo ser punido caso culpado

igualmente a qualquer outro nacional

35

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Pg 22 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 36

TUumlRK Volker NICHOLSON Frances Refugee protection in international law an overall perspective

Cambridge Cambridge University Press 2003 Pgs 29 e 30 Disponiacutevel em lt

httpwwwunhcrorg419c73174htmlgt Acessado em 19092014

13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila Disponiacutevel em

lthttpwwwdireitoshumanosuspbrindexphpCorte-Internacional-de-JustiC3A7aestatuto-da-corte-

internacional-de-justicahtmlgt Acesso em 30102014 45

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados The Principle of Non-Refoulement as

a Norm of Customary International Law Response to the Questions Posed to UNHCR by the Federal

Constitutional Court of the Federal Republic of Germany in Cases 2 BvR 193893 2 BvR 195393 2 BvR

195493 31 jan 1994 Paraacutegrafo 1 Disponiacutevel em lt httpwwwrefworldorgdocid437b6db64htmlgt Acesso

em 24092014 46

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 389 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 47

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

Comitecirc dos Direitos Humanos Human Rights Committee General Comment n 24 (52) 1994 UN Doc

CCPRC21Rev1Add6 1 nov 1994 Disponiacutevel em

lthttpwww1umneduhumanrtsgencommhrcom24htmgt Acesso em 26092014 50

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 51

Artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em

20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Addressing Security Concerns without

Undermining Refugee Protection ndash UNHCRrsquos Perspective 29 nov 2001 Paraacutegrafo 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3c0b880e0htmlgt Acesso em 27102014 96

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 373-390 Pg 384 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 97

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

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33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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6

segundo o sentido comum atribuiacutevel aos termos do tratado em seu contexto e agrave luz de seu

objetivo e finalidaderdquo 16

Aleacutem disso ele especifica que deve ser levado em consideraccedilatildeo natildeo

soacute o texto em si ao analisar um Tratado mas tambeacutem seu preacircmbulo e seus anexos a fim de

obter um maior esclarecimento sobre o que se estaacute lidando

No caso da Convenccedilatildeo de 1951 nota-se que o preacircmbulo reforccedila e engloba a

aplicaccedilatildeo dos direitos humanos aos refugiados expondo assim a preocupaccedilatildeo a importacircncia

e a imposiccedilatildeo de que tais indiviacuteduos estejam sobre a proteccedilatildeo humanitaacuteria influenciada pela

Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos Humanos e a Carta das Naccedilotildees Unidas e que assim seus

direitos natildeo sejam violados conforme cita Alice Edwards

The Preamble to the 1951 Convention call on States lsquoto assure refugees the widest

possible exercise of [their] fundamental rights and freedomsrsquo necessitating an

analysis of refugee law within the wider humanitarian and human rights context

International human rights law and international humanitarian law instruments

complement the safeguards for refugees enumerated in the 1951 Convention17

Para ser caracterizado como um refugiado o indiviacuteduo deveraacute ter um fundado receio

de perseguiccedilatildeo Entretanto a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo estabelece nem delimita o que poderia

ser considerado como um ldquofundado receiordquo Sendo assim conforme o Manual de

Procedimentos e Criteacuterios para Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a

Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos ao Estatuto dos Refugiados do ACNUR

para ser considerado relevante o receio de ser perseguido o solicitante deveraacute demonstrar que

a sua permanecircncia no paiacutes de origem se tornou intoleraacutevel por motivos constantes na

definiccedilatildeo ou que por esses mesmos motivos seria intoleraacutevel se laacute voltasse18

ficando a

caraacuteter dos avaliadores julgarem ser esse receio razoaacutevel ou natildeo

No caso da palavra ldquoperseguiccedilatildeordquo devido agrave igual ausecircncia de definiccedilatildeo estabelecida

na esfera do direito internacional mais uma vez o Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado do ACNUR se aplica a esclarecer a ideologia por traacutes

dessa palavra em contexto com a Convenccedilatildeo Ela estabelece que aleacutem das circunstacircncias jaacute

presentes no artigo 1ordm qualquer ato que viole gravemente os direitos humanos tambeacutem pode

16

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Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 42 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

7

ser considerado perseguiccedilatildeo Aleacutem disso as circunstacircncias de cada caso deveratildeo ser avaliadas

a fim de verificar em que condiccedilotildees se encontram o requerente19

Haacute tambeacutem a assertiva que o ato de perseguiccedilatildeo pode ser cometido tanto por agentes

estatais quanto por natildeo estatais20

- natildeo sendo mencionada nem na Convenccedilatildeo de 1951 nem

no Protocolo de 1967 qualquer disposiccedilatildeo em contraacuterio A accedilatildeo por intervenientes natildeo estatais

estaacute sendo aceita pela jurisprudecircncia internacional nos cenaacuterios em que o Estado de domiciacutelio

do requerente natildeo tem capacidade ou estaacute relutante em oferecer proteccedilatildeo21

No caso de indiviacuteduos apaacutetridas com receio de perseguiccedilatildeo estes ao se encontrarem

frente a um motivo que assinalaria uma questatildeo de refuacutegio tecircm direitos sim frente agrave

Convenccedilatildeo de 1951 Assim sendo deve ser levado em consideraccedilatildeo o paiacutes da sua anterior

residecircncia habitual e natildeo seu paiacutes de nacionalidade e analisar as razotildees pelas quais haacute o

receio22

Outro fator que acabou chamando atenccedilatildeo da comunidade internacional foi o nuacutemero

de pedidos de refuacutegios com base no temor de ser perseguido pelo motivo de ser membro de

determinado grupo social e a abrangecircncia que estaacute ocorrendo frente a esse fundamento natildeo

havendo uma especiacutefica interpretaccedilatildeo internacional sobre o assunto Definir a quem se

aplicaria a categoria de ldquogrupo socialrdquo eacute uma das maiores dificuldades enfrentadas frente ao

artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 195123

Com o objetivo de prover uma orientaccedilatildeo interpretativa legal foi criada a UNHCR

Guidelines on International Protection ldquoMembership of a particular social grouprdquo within

19

Ibid paraacutegrafos 51 e 52 20

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 62 Disponiacutevel em

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Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafos 89 e 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 23

ldquoFurthermore since the usual materials consulted in the interpretation of international agreements provide

little assistance on the question of membership of a particular social group adjudicators have adopted a range of

(often conflicting) constructions of the Convention language Courts and administrative agencies have at times

announced a standard that adequately resolves the case before them only later to conclude that the rule must be

modified because of subsequent claimsrdquo (ALEINIKOFF T Alexander Refugee Protection in International

Law UNHCRs Global Consultations on International Protection Cambridge Cambridge University Press

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tional20law20an20overall20perspectivegt Acesso em 09092014)

8

the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention andor its 1967 Protocol relating to the

Status of Refugees elucidando entre outros pontos a questatildeo de perseguiccedilatildeo

As noted above a particular social group cannot be defined exclusively by the

persecution that members of the group suffer or by a common fear of being

persecuted Nonetheless persecutory action toward a group may be a relevant factor

in determining the visibility of a group in a particular society To use an example

from a widely cited decision lsquo[W]hile persecutory conduct cannot define the social

group the actions of the persecutors may serve to identify or even cause the creation

of a particular social group in societyrsquo24

Decisotildees e argumentos referentes a cada paiacutes divergem constantemente A procura

pela delimitaccedilatildeo sobre quem se enquadraria no termo ldquogrupo socialrdquo deve ter o cuidado de

natildeo ser abrangente de modo a ferir o propoacutesito da Convenccedilatildeo a qual natildeo tem como princiacutepio

proteger todas as viacutetimas de perseguiccedilatildeo

22 A DETERMINACcedilAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO SUAS PROTECcedilOtildeES E SEUS

DIREITOS

A fim de se beneficiar da Convenccedilatildeo de 1951 eacute necessaacuterio identificar quem eacute digno

de obter o tiacutetulo de refugiado Tanto a Convenccedilatildeo de 1951 quanto o Protocolo de 1967

estabelecem quem eacute o refugiado e os direitos e proteccedilotildees a ele aplicados contudo natildeo eacute

mencionada a regulamentaccedilatildeo e forma de procedimento a ser tomado para determinar tal

status Sendo assim cada Estado Signataacuterio deve estabelecer os meacutetodos a serem aplicados de

acordo com a sua estrutura interna poreacutem com a cautela de natildeo infringir os dispositivos da

Convenccedilatildeo e demais documentos internacionais Somente os Estados e em casos

excepcionais25

o ACNUR satildeo os responsaacuteveis para determinar o status de refugiado26

24

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Guidelines on International Protection

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ldquoWhile States particularly those which are Party to the 1951 Convention andor 1967 Protocol should

normally conduct refugee status determination themselves in certain situations UNHCR may need to conduct its

own refugee status determination and establish for itself whether or not particular individuals or members of a

certain group are refugees within the Officersquos international protection mandate In the majority of cases the

Office does so on the basis of the 1950 Statute In practice this may occur in a variety of contexts including in

countries which are not Party to the 1951 Convention1967 Protocol or in countries which are Party to the 1951

Convention1967 Protocol but where asylum determination procedures have not yet been established or the

national asylum determination process is manifestly inadequate or where determinations are based on an

erroneous interpretation of the 1951 Convention or as a precondition for the implementation of durable solutions

9

O indiviacuteduo ou um grupo de pessoas no momento em que ingressam em outro Estado

com receio de voltar ao seu paiacutes de nacionalidade ou domiciacutelio devido a perseguiccedilotildees tecircm o

direito de ingressar com um pedido de refuacutegio conforme os procedimentos legais nacionais

Nesses casos ao chegarem agrave fronteira de um paiacutes com o objetivo de obter proteccedilatildeo esses natildeo

devem ser rejeitados em consonacircncia com o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo No caso de rejeiccedilatildeo

na fronteira o procedimento mais correto de um paiacutes a se tomar eacute natildeo incorrer com a

devoluccedilatildeo mas sim conforme Elihu Lauterpacht e Daniel Bethlehem declaram

This does not mean however that States are free to reject at the frontier without

constraint those who have a well-founded fear of persecution What it does mean is

that where States are not prepared to grant asylum to persons who have a well-

founded fear of persecution they must adopt a course that does not amount to

refoulement This may involve removal to a safe third country or some other

solution such as temporary protection or refuge27

No momento em que uma pessoa solicita o status de refugiado a um Estado sendo este

membro da Convenccedilatildeo de 1951 eou do Protocolo de 1967 ela jaacute poderaacute gozar das proteccedilotildees

estabelecidas nos referidos documentos Independente de ser concedido ou natildeo tal status se a

pessoa satisfaz os criteacuterios estabelecidos no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 ela jaacute eacute um

refugiado A concessatildeo do status eacute somente uma mera declaraccedilatildeo28

Nesse sentido a

obrigaccedilatildeo mais importante vinculada a ela eacute a proibiccedilatildeo de ser enviada a um terceiro Estado o

qual possa sofrer perseguiccedilatildeo Tambeacutem haveraacute o benefiacutecio de usufruir das proteccedilotildees

estipuladas na Convenccedilatildeo de 1951 devendo ser equiparado aos habitantes locais sem

distinccedilotildees ateacute o momento da decisatildeo judicial da autoridade competente - incluindo fases

recursais

Ao solicitar a determinaccedilatildeo do status de refugiado o requerente deve fornecer toda e

qualquer prova de sua situaccedilatildeo Contudo deve-se levar em consideraccedilatildeo a sua situaccedilatildeo

such as resettlementrdquo (Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying

Who is a Refugee UNHCR 1 set 2005 Pg 11 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014) 26

Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying Who is a Refugee

UNHCR 1 set 2005 Pg 10 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014 27

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 113 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 15092014 28

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 28 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

10

vulneraacutevel29

Na maioria dos casos tais indiviacuteduos se encontram sem documentaccedilatildeo em um

paiacutes desconhecido provavelmente em um idioma que natildeo seja o seu e somente com seus bens

pessoais baacutesicos Sendo assim deveraacute ser concedido ao requerente o benefiacutecio da duacutevida ou

seja ele natildeo poderaacute ser prejudicado por afirmativas duacutebias caso o examinador entender que

todo o contexto da histoacuteria tenha coerecircncia Muitas vezes o requerente poderaacute omitir ou

alterar fatos por medo e experiecircncias traumaacuteticas natildeo podendo isto ir contra ele

Visando tornar mais eficiente e justo os procedimentos nacionais de determinaccedilatildeo do

status de refugiado conclusotildees do ACNUR foram criadas estipulando um padratildeo miacutenimo de

requerimentos devendo o procedimento ser justo natildeo discriminatoacuterio e apropriado agrave natureza

do pedido de refuacutegio havendo um inqueacuterito completo para estabelecer os fatos30

Cada Estado deveraacute oferecer direitos baacutesicos ao refugiado ou solicitante de refuacutegio

como moradia adequada cuidados de sauacutede e educaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior ao miacutenimo

estabelecido nem diverso do tratamento disponibilizado aos seus nacionais Pessoas que natildeo

possuem documentaccedilatildeo natildeo poderatildeo ser impossibilitadas de requerer o refuacutegio cabendo ao

Estado assim entregar documento de identidade a qualquer refugiado que se encontrar no seu

territoacuterio vide o artigo 27 da Convenccedilatildeo31

No caso de refugiados em situaccedilatildeo irregular no paiacutes o artigo 31 traz a sua proteccedilatildeo

contra sanccedilotildees penais natildeo podendo igualmente devolvecirc-lo ao seu paiacutes de origem visto o

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo em concordacircncia com a Conclusatildeo n 6 (XXVIII) do Comitecirc

Executivo

221 Exclusatildeo e Cessaccedilatildeo do Status de Refugiado

Existem casos estipulados no artigo 1ordm da Convenccedilatildeo de 1951 que excluem pessoas de

obterem as proteccedilotildees da Convenccedilatildeo mesmo se enquadrando nas caracteriacutesticas do artigo

1A(2)

O artigo 1D32

exclui o direito de usufruto da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto dos

Refugiados agravequeles que jaacute se beneficiam de uma proteccedilatildeo de diverso organismo ou instituiccedilatildeo

29

Ibid paraacutegrafo 190 30

Ibid paraacutegrafo 192 31

CLARK Tom Rights Based Refuge the Potential of the 1951 Convention and the Need for

Authoritative Interpretation Vol 16 Oxford International Journal of Refugee Law Oxford University Press

2004 Pg 589 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent164584fullpdfgt Acesso em 17092014 32

Artigo 1D da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute

aplicaacutevel agraves pessoas que atualmente se beneficiam de uma proteccedilatildeo ou assistecircncia da parte de um organismo ou

de uma instituiccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas que natildeo o Alto Comissaacuterio das Naccedilotildees Unidas para refugiados Quando

esta proteccedilatildeo ou assistecircncia houver cessado por qualquer razatildeo sem que a sorte dessas pessoas tenha sido

11

da ONU Tal artigo foi criado a fim de excluir refugiados palestinos jaacute protegidos pela

Agecircncia das Naccedilotildees Unidas de Assistecircncia aos Refugiados da Palestina no Proacuteximo Oriente

(United Nations Relief and Works Agency for Palestinian Refugees in the Near Eastndash

UNRWA) Natildeo obstante a segunda parte do artigo 1D determina que no momento em que a

proteccedilatildeo ou assistecircncia de outro oacutergatildeo da ONU (UNRWA) cessar seja por qualquer motivo o

refugiado poderaacute automaticamente fazer parte da Convenccedilatildeo de 1951 sem preacutevio julgamento

Da mesma forma o artigo 1E33

veda o direito ao status de refugiado nos casos em que

uma pessoa entra em um paiacutes e solicita tal status mas tambeacutem jaacute se qualifica para diferente

status neste mesmo paiacutes proacuteximo agrave cidadania ou no caso daquele que possui residecircncia

regular ou permanente em um paiacutes e goza de direitos semelhantes aos direitos de cidadatildeos

mas solicita o status de refugiado em outro paiacutes (natildeo sendo aplicado o artigo 1E no caso de o

referido indiviacuteduo ter fundado receio de perseguiccedilatildeo no paiacutes de residecircncia)

Contudo eacute o artigo 1F34

que merece a devida atenccedilatildeo obtendo uma maior dificuldade

de interpretaccedilatildeo Seu propoacutesito eacute de garantir que aquele que tenha cometido seacuterios crimes natildeo

obtenha os benefiacutecios da Convenccedilatildeo de 1951 e saia impune de seus atos ndash mesmo se

adequando agrave definiccedilatildeo do artigo 1A(2) - natildeo estando protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo Contudo caberaacute agrave autoridade nacional competente o ocircnus da prova devendo ter a

certeza da gravidade do crime cometido e aplicando o artigo 1F restritivamente a esses casos e

com grande cautela tendo de ser sempre considerada a inclusatildeo antes da exclusatildeo

O artigo 1F(a) eacute claro na sua aplicaccedilatildeo natildeo havendo obscuridade Todavia o artigo 1F(b)

determina que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo deve ser aplicada agravequeles que cometeram seacuterio crime

em paiacutes diverso do de refuacutegio Nesse sentido o que deixa duacutevidas eacute como devemos interpretar

qual crime cometido em outro paiacutes deva ser considerado de alta gravidade Assim o texto

definitivamente resolvida de acordo com as resoluccedilotildees a ela relativas adotadas pela Assembleacuteia Geral das

Naccedilotildees Unidas essas pessoas se beneficiaratildeo de pleno direito do regime desta Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

18092014 33

Artigo 1E da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute aplicaacutevel

a uma pessoa considerada pelas autoridades competentes do paiacutes no qual esta pessoa instalou sua residecircncia

como tendo os direitos e as obrigaccedilotildees relacionados com a posse da nacionalidade desse paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 34

Artigo 1F da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoAs disposiccedilotildees desta Convenccedilatildeo

natildeo seratildeo aplicaacuteveis agraves pessoas a respeito das quais houver razotildees seacuterias para pensar que a) elas cometeram um

crime contra a paz um crime de guerra ou um crime contra a humanidade no sentido dos instrumentos

internacionais elaborados para prever tais crimes b) elas cometeram um crime grave de direito comum fora do

paiacutes de refuacutegio antes de serem nele admitidas como refugiados c) elas se tornaram culpadas de atos contraacuterios

aos fins e princiacutepios das Naccedilotildees Unidasrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014

12

Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees visa trazer um

esclarecimento

Evidently the term ldquoseriousrdquo envisions a grave punishable act and not a minor

offence even if the latter may be referred to as a ldquocrimerdquo in the penal code or other

legislation of a country Seriousness is not merely a question of how domestic law

views the issue but must take into account comparative and international law as

well Some of the indicators which might point to the seriousness of a common

crime include

bull the form of procedure used to prosecute it ndash whether it is an indictable offence or is

dealt with in a summary manner

bull the prescribed punishment including the length and conditions of any prison term

bull whether there is international consensus that it be considered as among the most

serious of crimes

bull whether it is extraditable or subject to universal criminal jurisdiction

bull the actual harm inflicted as a result of the commission of the crime35

Sendo tambeacutem importante narrar a interpretaccedilatildeo entendida por Volker Tuumlrk e Frances

Nicholson

The definition of a lsquoseriousrsquo offence needs to be judged against international

standards taking into account factors such as the nature of the act the actual harm

inflicted the form of criminal procedures used the nature of the penalty and whether

most jurisdictions would consider the act in question as a serious crime Its

interpretation is also linked to the principle of proportionality the question being

whether the consequences ndash eventual return to persecution ndash are proportionate to the

type of crime that was committed The updated UNHCR Guidelines on International

Protection on the application of the exclusion clauses propose that a serious crime

refer to a capital crime or a very grave punishment act This would include

homicide rape arson and armed robbery

hellip

The motivation context methods and proportionality of a crime to its objectives are

important factors in evaluating its political nature36

Apesar de o inciso tratar de crimes ldquonatildeo poliacuteticosrdquo (ou seja crimes comuns) se

entende que autores de crimes poliacuteticos ou graves atos com fins poliacuteticos natildeo podem ser

omitidos da claacuteusula de exclusatildeo Com isso deve ser analisada a proporccedilatildeo do ato e do fim

poliacutetico a ser atingido

Tambeacutem vale mencionar que sendo o crime cometido dentro do paiacutes de refuacutegio o

indiviacuteduo seraacute submetido agrave jurisdiccedilatildeo criminal do Estado devendo ser punido caso culpado

igualmente a qualquer outro nacional

35

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Pg 22 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 36

TUumlRK Volker NICHOLSON Frances Refugee protection in international law an overall perspective

Cambridge Cambridge University Press 2003 Pgs 29 e 30 Disponiacutevel em lt

httpwwwunhcrorg419c73174htmlgt Acessado em 19092014

13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila Disponiacutevel em

lthttpwwwdireitoshumanosuspbrindexphpCorte-Internacional-de-JustiC3A7aestatuto-da-corte-

internacional-de-justicahtmlgt Acesso em 30102014 45

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados The Principle of Non-Refoulement as

a Norm of Customary International Law Response to the Questions Posed to UNHCR by the Federal

Constitutional Court of the Federal Republic of Germany in Cases 2 BvR 193893 2 BvR 195393 2 BvR

195493 31 jan 1994 Paraacutegrafo 1 Disponiacutevel em lt httpwwwrefworldorgdocid437b6db64htmlgt Acesso

em 24092014 46

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 389 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 47

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

Comitecirc dos Direitos Humanos Human Rights Committee General Comment n 24 (52) 1994 UN Doc

CCPRC21Rev1Add6 1 nov 1994 Disponiacutevel em

lthttpwww1umneduhumanrtsgencommhrcom24htmgt Acesso em 26092014 50

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 51

Artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em

20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

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PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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7

ser considerado perseguiccedilatildeo Aleacutem disso as circunstacircncias de cada caso deveratildeo ser avaliadas

a fim de verificar em que condiccedilotildees se encontram o requerente19

Haacute tambeacutem a assertiva que o ato de perseguiccedilatildeo pode ser cometido tanto por agentes

estatais quanto por natildeo estatais20

- natildeo sendo mencionada nem na Convenccedilatildeo de 1951 nem

no Protocolo de 1967 qualquer disposiccedilatildeo em contraacuterio A accedilatildeo por intervenientes natildeo estatais

estaacute sendo aceita pela jurisprudecircncia internacional nos cenaacuterios em que o Estado de domiciacutelio

do requerente natildeo tem capacidade ou estaacute relutante em oferecer proteccedilatildeo21

No caso de indiviacuteduos apaacutetridas com receio de perseguiccedilatildeo estes ao se encontrarem

frente a um motivo que assinalaria uma questatildeo de refuacutegio tecircm direitos sim frente agrave

Convenccedilatildeo de 1951 Assim sendo deve ser levado em consideraccedilatildeo o paiacutes da sua anterior

residecircncia habitual e natildeo seu paiacutes de nacionalidade e analisar as razotildees pelas quais haacute o

receio22

Outro fator que acabou chamando atenccedilatildeo da comunidade internacional foi o nuacutemero

de pedidos de refuacutegios com base no temor de ser perseguido pelo motivo de ser membro de

determinado grupo social e a abrangecircncia que estaacute ocorrendo frente a esse fundamento natildeo

havendo uma especiacutefica interpretaccedilatildeo internacional sobre o assunto Definir a quem se

aplicaria a categoria de ldquogrupo socialrdquo eacute uma das maiores dificuldades enfrentadas frente ao

artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 195123

Com o objetivo de prover uma orientaccedilatildeo interpretativa legal foi criada a UNHCR

Guidelines on International Protection ldquoMembership of a particular social grouprdquo within

19

Ibid paraacutegrafos 51 e 52 20

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 62 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 21

AUSTRAacuteLIA Suprema Corte da Austraacutelia Minister For Immigration And Multicultural Affairs v Naima

Khawar High Court Of Australia Parkes 11 abril 2002 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3deb326b8htmlgt Acesso em 08092014 22

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafos 89 e 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014 23

ldquoFurthermore since the usual materials consulted in the interpretation of international agreements provide

little assistance on the question of membership of a particular social group adjudicators have adopted a range of

(often conflicting) constructions of the Convention language Courts and administrative agencies have at times

announced a standard that adequately resolves the case before them only later to conclude that the rule must be

modified because of subsequent claimsrdquo (ALEINIKOFF T Alexander Refugee Protection in International

Law UNHCRs Global Consultations on International Protection Cambridge Cambridge University Press

2003 Pg 264 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=4bed15822ampskip=0ampquery=Refugee20protection20in20interna

tional20law20an20overall20perspectivegt Acesso em 09092014)

8

the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention andor its 1967 Protocol relating to the

Status of Refugees elucidando entre outros pontos a questatildeo de perseguiccedilatildeo

As noted above a particular social group cannot be defined exclusively by the

persecution that members of the group suffer or by a common fear of being

persecuted Nonetheless persecutory action toward a group may be a relevant factor

in determining the visibility of a group in a particular society To use an example

from a widely cited decision lsquo[W]hile persecutory conduct cannot define the social

group the actions of the persecutors may serve to identify or even cause the creation

of a particular social group in societyrsquo24

Decisotildees e argumentos referentes a cada paiacutes divergem constantemente A procura

pela delimitaccedilatildeo sobre quem se enquadraria no termo ldquogrupo socialrdquo deve ter o cuidado de

natildeo ser abrangente de modo a ferir o propoacutesito da Convenccedilatildeo a qual natildeo tem como princiacutepio

proteger todas as viacutetimas de perseguiccedilatildeo

22 A DETERMINACcedilAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO SUAS PROTECcedilOtildeES E SEUS

DIREITOS

A fim de se beneficiar da Convenccedilatildeo de 1951 eacute necessaacuterio identificar quem eacute digno

de obter o tiacutetulo de refugiado Tanto a Convenccedilatildeo de 1951 quanto o Protocolo de 1967

estabelecem quem eacute o refugiado e os direitos e proteccedilotildees a ele aplicados contudo natildeo eacute

mencionada a regulamentaccedilatildeo e forma de procedimento a ser tomado para determinar tal

status Sendo assim cada Estado Signataacuterio deve estabelecer os meacutetodos a serem aplicados de

acordo com a sua estrutura interna poreacutem com a cautela de natildeo infringir os dispositivos da

Convenccedilatildeo e demais documentos internacionais Somente os Estados e em casos

excepcionais25

o ACNUR satildeo os responsaacuteveis para determinar o status de refugiado26

24

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Guidelines on International Protection

ldquoMembership of a particular social grouprdquo within the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention

andor its 1967 Protocol relating to the Status of Refugees 7 maio 2002 Paraacutegrafo 14 Disponiacutevel em

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3d36f23f4ampskip=0ampquery=unhcr20guidelines20on20internatio

nal20protection20on20membership20of20a20particular20social20group gt Acesso em

09092014 25

ldquoWhile States particularly those which are Party to the 1951 Convention andor 1967 Protocol should

normally conduct refugee status determination themselves in certain situations UNHCR may need to conduct its

own refugee status determination and establish for itself whether or not particular individuals or members of a

certain group are refugees within the Officersquos international protection mandate In the majority of cases the

Office does so on the basis of the 1950 Statute In practice this may occur in a variety of contexts including in

countries which are not Party to the 1951 Convention1967 Protocol or in countries which are Party to the 1951

Convention1967 Protocol but where asylum determination procedures have not yet been established or the

national asylum determination process is manifestly inadequate or where determinations are based on an

erroneous interpretation of the 1951 Convention or as a precondition for the implementation of durable solutions

9

O indiviacuteduo ou um grupo de pessoas no momento em que ingressam em outro Estado

com receio de voltar ao seu paiacutes de nacionalidade ou domiciacutelio devido a perseguiccedilotildees tecircm o

direito de ingressar com um pedido de refuacutegio conforme os procedimentos legais nacionais

Nesses casos ao chegarem agrave fronteira de um paiacutes com o objetivo de obter proteccedilatildeo esses natildeo

devem ser rejeitados em consonacircncia com o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo No caso de rejeiccedilatildeo

na fronteira o procedimento mais correto de um paiacutes a se tomar eacute natildeo incorrer com a

devoluccedilatildeo mas sim conforme Elihu Lauterpacht e Daniel Bethlehem declaram

This does not mean however that States are free to reject at the frontier without

constraint those who have a well-founded fear of persecution What it does mean is

that where States are not prepared to grant asylum to persons who have a well-

founded fear of persecution they must adopt a course that does not amount to

refoulement This may involve removal to a safe third country or some other

solution such as temporary protection or refuge27

No momento em que uma pessoa solicita o status de refugiado a um Estado sendo este

membro da Convenccedilatildeo de 1951 eou do Protocolo de 1967 ela jaacute poderaacute gozar das proteccedilotildees

estabelecidas nos referidos documentos Independente de ser concedido ou natildeo tal status se a

pessoa satisfaz os criteacuterios estabelecidos no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 ela jaacute eacute um

refugiado A concessatildeo do status eacute somente uma mera declaraccedilatildeo28

Nesse sentido a

obrigaccedilatildeo mais importante vinculada a ela eacute a proibiccedilatildeo de ser enviada a um terceiro Estado o

qual possa sofrer perseguiccedilatildeo Tambeacutem haveraacute o benefiacutecio de usufruir das proteccedilotildees

estipuladas na Convenccedilatildeo de 1951 devendo ser equiparado aos habitantes locais sem

distinccedilotildees ateacute o momento da decisatildeo judicial da autoridade competente - incluindo fases

recursais

Ao solicitar a determinaccedilatildeo do status de refugiado o requerente deve fornecer toda e

qualquer prova de sua situaccedilatildeo Contudo deve-se levar em consideraccedilatildeo a sua situaccedilatildeo

such as resettlementrdquo (Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying

Who is a Refugee UNHCR 1 set 2005 Pg 11 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

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UNHCR 1 set 2005 Pg 10 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

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Acesso em 15092014 27

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lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 15092014 28

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 28 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

10

vulneraacutevel29

Na maioria dos casos tais indiviacuteduos se encontram sem documentaccedilatildeo em um

paiacutes desconhecido provavelmente em um idioma que natildeo seja o seu e somente com seus bens

pessoais baacutesicos Sendo assim deveraacute ser concedido ao requerente o benefiacutecio da duacutevida ou

seja ele natildeo poderaacute ser prejudicado por afirmativas duacutebias caso o examinador entender que

todo o contexto da histoacuteria tenha coerecircncia Muitas vezes o requerente poderaacute omitir ou

alterar fatos por medo e experiecircncias traumaacuteticas natildeo podendo isto ir contra ele

Visando tornar mais eficiente e justo os procedimentos nacionais de determinaccedilatildeo do

status de refugiado conclusotildees do ACNUR foram criadas estipulando um padratildeo miacutenimo de

requerimentos devendo o procedimento ser justo natildeo discriminatoacuterio e apropriado agrave natureza

do pedido de refuacutegio havendo um inqueacuterito completo para estabelecer os fatos30

Cada Estado deveraacute oferecer direitos baacutesicos ao refugiado ou solicitante de refuacutegio

como moradia adequada cuidados de sauacutede e educaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior ao miacutenimo

estabelecido nem diverso do tratamento disponibilizado aos seus nacionais Pessoas que natildeo

possuem documentaccedilatildeo natildeo poderatildeo ser impossibilitadas de requerer o refuacutegio cabendo ao

Estado assim entregar documento de identidade a qualquer refugiado que se encontrar no seu

territoacuterio vide o artigo 27 da Convenccedilatildeo31

No caso de refugiados em situaccedilatildeo irregular no paiacutes o artigo 31 traz a sua proteccedilatildeo

contra sanccedilotildees penais natildeo podendo igualmente devolvecirc-lo ao seu paiacutes de origem visto o

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo em concordacircncia com a Conclusatildeo n 6 (XXVIII) do Comitecirc

Executivo

221 Exclusatildeo e Cessaccedilatildeo do Status de Refugiado

Existem casos estipulados no artigo 1ordm da Convenccedilatildeo de 1951 que excluem pessoas de

obterem as proteccedilotildees da Convenccedilatildeo mesmo se enquadrando nas caracteriacutesticas do artigo

1A(2)

O artigo 1D32

exclui o direito de usufruto da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto dos

Refugiados agravequeles que jaacute se beneficiam de uma proteccedilatildeo de diverso organismo ou instituiccedilatildeo

29

Ibid paraacutegrafo 190 30

Ibid paraacutegrafo 192 31

CLARK Tom Rights Based Refuge the Potential of the 1951 Convention and the Need for

Authoritative Interpretation Vol 16 Oxford International Journal of Refugee Law Oxford University Press

2004 Pg 589 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent164584fullpdfgt Acesso em 17092014 32

Artigo 1D da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute

aplicaacutevel agraves pessoas que atualmente se beneficiam de uma proteccedilatildeo ou assistecircncia da parte de um organismo ou

de uma instituiccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas que natildeo o Alto Comissaacuterio das Naccedilotildees Unidas para refugiados Quando

esta proteccedilatildeo ou assistecircncia houver cessado por qualquer razatildeo sem que a sorte dessas pessoas tenha sido

11

da ONU Tal artigo foi criado a fim de excluir refugiados palestinos jaacute protegidos pela

Agecircncia das Naccedilotildees Unidas de Assistecircncia aos Refugiados da Palestina no Proacuteximo Oriente

(United Nations Relief and Works Agency for Palestinian Refugees in the Near Eastndash

UNRWA) Natildeo obstante a segunda parte do artigo 1D determina que no momento em que a

proteccedilatildeo ou assistecircncia de outro oacutergatildeo da ONU (UNRWA) cessar seja por qualquer motivo o

refugiado poderaacute automaticamente fazer parte da Convenccedilatildeo de 1951 sem preacutevio julgamento

Da mesma forma o artigo 1E33

veda o direito ao status de refugiado nos casos em que

uma pessoa entra em um paiacutes e solicita tal status mas tambeacutem jaacute se qualifica para diferente

status neste mesmo paiacutes proacuteximo agrave cidadania ou no caso daquele que possui residecircncia

regular ou permanente em um paiacutes e goza de direitos semelhantes aos direitos de cidadatildeos

mas solicita o status de refugiado em outro paiacutes (natildeo sendo aplicado o artigo 1E no caso de o

referido indiviacuteduo ter fundado receio de perseguiccedilatildeo no paiacutes de residecircncia)

Contudo eacute o artigo 1F34

que merece a devida atenccedilatildeo obtendo uma maior dificuldade

de interpretaccedilatildeo Seu propoacutesito eacute de garantir que aquele que tenha cometido seacuterios crimes natildeo

obtenha os benefiacutecios da Convenccedilatildeo de 1951 e saia impune de seus atos ndash mesmo se

adequando agrave definiccedilatildeo do artigo 1A(2) - natildeo estando protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo Contudo caberaacute agrave autoridade nacional competente o ocircnus da prova devendo ter a

certeza da gravidade do crime cometido e aplicando o artigo 1F restritivamente a esses casos e

com grande cautela tendo de ser sempre considerada a inclusatildeo antes da exclusatildeo

O artigo 1F(a) eacute claro na sua aplicaccedilatildeo natildeo havendo obscuridade Todavia o artigo 1F(b)

determina que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo deve ser aplicada agravequeles que cometeram seacuterio crime

em paiacutes diverso do de refuacutegio Nesse sentido o que deixa duacutevidas eacute como devemos interpretar

qual crime cometido em outro paiacutes deva ser considerado de alta gravidade Assim o texto

definitivamente resolvida de acordo com as resoluccedilotildees a ela relativas adotadas pela Assembleacuteia Geral das

Naccedilotildees Unidas essas pessoas se beneficiaratildeo de pleno direito do regime desta Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

18092014 33

Artigo 1E da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute aplicaacutevel

a uma pessoa considerada pelas autoridades competentes do paiacutes no qual esta pessoa instalou sua residecircncia

como tendo os direitos e as obrigaccedilotildees relacionados com a posse da nacionalidade desse paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 34

Artigo 1F da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoAs disposiccedilotildees desta Convenccedilatildeo

natildeo seratildeo aplicaacuteveis agraves pessoas a respeito das quais houver razotildees seacuterias para pensar que a) elas cometeram um

crime contra a paz um crime de guerra ou um crime contra a humanidade no sentido dos instrumentos

internacionais elaborados para prever tais crimes b) elas cometeram um crime grave de direito comum fora do

paiacutes de refuacutegio antes de serem nele admitidas como refugiados c) elas se tornaram culpadas de atos contraacuterios

aos fins e princiacutepios das Naccedilotildees Unidasrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014

12

Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees visa trazer um

esclarecimento

Evidently the term ldquoseriousrdquo envisions a grave punishable act and not a minor

offence even if the latter may be referred to as a ldquocrimerdquo in the penal code or other

legislation of a country Seriousness is not merely a question of how domestic law

views the issue but must take into account comparative and international law as

well Some of the indicators which might point to the seriousness of a common

crime include

bull the form of procedure used to prosecute it ndash whether it is an indictable offence or is

dealt with in a summary manner

bull the prescribed punishment including the length and conditions of any prison term

bull whether there is international consensus that it be considered as among the most

serious of crimes

bull whether it is extraditable or subject to universal criminal jurisdiction

bull the actual harm inflicted as a result of the commission of the crime35

Sendo tambeacutem importante narrar a interpretaccedilatildeo entendida por Volker Tuumlrk e Frances

Nicholson

The definition of a lsquoseriousrsquo offence needs to be judged against international

standards taking into account factors such as the nature of the act the actual harm

inflicted the form of criminal procedures used the nature of the penalty and whether

most jurisdictions would consider the act in question as a serious crime Its

interpretation is also linked to the principle of proportionality the question being

whether the consequences ndash eventual return to persecution ndash are proportionate to the

type of crime that was committed The updated UNHCR Guidelines on International

Protection on the application of the exclusion clauses propose that a serious crime

refer to a capital crime or a very grave punishment act This would include

homicide rape arson and armed robbery

hellip

The motivation context methods and proportionality of a crime to its objectives are

important factors in evaluating its political nature36

Apesar de o inciso tratar de crimes ldquonatildeo poliacuteticosrdquo (ou seja crimes comuns) se

entende que autores de crimes poliacuteticos ou graves atos com fins poliacuteticos natildeo podem ser

omitidos da claacuteusula de exclusatildeo Com isso deve ser analisada a proporccedilatildeo do ato e do fim

poliacutetico a ser atingido

Tambeacutem vale mencionar que sendo o crime cometido dentro do paiacutes de refuacutegio o

indiviacuteduo seraacute submetido agrave jurisdiccedilatildeo criminal do Estado devendo ser punido caso culpado

igualmente a qualquer outro nacional

35

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Pg 22 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 36

TUumlRK Volker NICHOLSON Frances Refugee protection in international law an overall perspective

Cambridge Cambridge University Press 2003 Pgs 29 e 30 Disponiacutevel em lt

httpwwwunhcrorg419c73174htmlgt Acessado em 19092014

13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila Disponiacutevel em

lthttpwwwdireitoshumanosuspbrindexphpCorte-Internacional-de-JustiC3A7aestatuto-da-corte-

internacional-de-justicahtmlgt Acesso em 30102014 45

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados The Principle of Non-Refoulement as

a Norm of Customary International Law Response to the Questions Posed to UNHCR by the Federal

Constitutional Court of the Federal Republic of Germany in Cases 2 BvR 193893 2 BvR 195393 2 BvR

195493 31 jan 1994 Paraacutegrafo 1 Disponiacutevel em lt httpwwwrefworldorgdocid437b6db64htmlgt Acesso

em 24092014 46

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 389 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 47

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

Comitecirc dos Direitos Humanos Human Rights Committee General Comment n 24 (52) 1994 UN Doc

CCPRC21Rev1Add6 1 nov 1994 Disponiacutevel em

lthttpwww1umneduhumanrtsgencommhrcom24htmgt Acesso em 26092014 50

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 51

Artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em

20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

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30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

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Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

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Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

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SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and

European Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em

27102014

39

TUumlRK Volker NICHOLSON Frances Refugee protection in international law an overall

perspective Cambridge Cambridge University Press 2003 p 3-32 Disponiacutevel em lt

httpwwwunhcrorg419c73174htmlgt Acessado em 09092014

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced

Migration Review 2002 Disponiacutevel em

lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em 28102014

Page 8: A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO … · 2019-09-28 · 1 A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS1 Piettra

8

the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention andor its 1967 Protocol relating to the

Status of Refugees elucidando entre outros pontos a questatildeo de perseguiccedilatildeo

As noted above a particular social group cannot be defined exclusively by the

persecution that members of the group suffer or by a common fear of being

persecuted Nonetheless persecutory action toward a group may be a relevant factor

in determining the visibility of a group in a particular society To use an example

from a widely cited decision lsquo[W]hile persecutory conduct cannot define the social

group the actions of the persecutors may serve to identify or even cause the creation

of a particular social group in societyrsquo24

Decisotildees e argumentos referentes a cada paiacutes divergem constantemente A procura

pela delimitaccedilatildeo sobre quem se enquadraria no termo ldquogrupo socialrdquo deve ter o cuidado de

natildeo ser abrangente de modo a ferir o propoacutesito da Convenccedilatildeo a qual natildeo tem como princiacutepio

proteger todas as viacutetimas de perseguiccedilatildeo

22 A DETERMINACcedilAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO SUAS PROTECcedilOtildeES E SEUS

DIREITOS

A fim de se beneficiar da Convenccedilatildeo de 1951 eacute necessaacuterio identificar quem eacute digno

de obter o tiacutetulo de refugiado Tanto a Convenccedilatildeo de 1951 quanto o Protocolo de 1967

estabelecem quem eacute o refugiado e os direitos e proteccedilotildees a ele aplicados contudo natildeo eacute

mencionada a regulamentaccedilatildeo e forma de procedimento a ser tomado para determinar tal

status Sendo assim cada Estado Signataacuterio deve estabelecer os meacutetodos a serem aplicados de

acordo com a sua estrutura interna poreacutem com a cautela de natildeo infringir os dispositivos da

Convenccedilatildeo e demais documentos internacionais Somente os Estados e em casos

excepcionais25

o ACNUR satildeo os responsaacuteveis para determinar o status de refugiado26

24

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Guidelines on International Protection

ldquoMembership of a particular social grouprdquo within the context of Article 1A(2) of the 1951 Convention

andor its 1967 Protocol relating to the Status of Refugees 7 maio 2002 Paraacutegrafo 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3d36f23f4ampskip=0ampquery=unhcr20guidelines20on20internatio

nal20protection20on20membership20of20a20particular20social20group gt Acesso em

09092014 25

ldquoWhile States particularly those which are Party to the 1951 Convention andor 1967 Protocol should

normally conduct refugee status determination themselves in certain situations UNHCR may need to conduct its

own refugee status determination and establish for itself whether or not particular individuals or members of a

certain group are refugees within the Officersquos international protection mandate In the majority of cases the

Office does so on the basis of the 1950 Statute In practice this may occur in a variety of contexts including in

countries which are not Party to the 1951 Convention1967 Protocol or in countries which are Party to the 1951

Convention1967 Protocol but where asylum determination procedures have not yet been established or the

national asylum determination process is manifestly inadequate or where determinations are based on an

erroneous interpretation of the 1951 Convention or as a precondition for the implementation of durable solutions

9

O indiviacuteduo ou um grupo de pessoas no momento em que ingressam em outro Estado

com receio de voltar ao seu paiacutes de nacionalidade ou domiciacutelio devido a perseguiccedilotildees tecircm o

direito de ingressar com um pedido de refuacutegio conforme os procedimentos legais nacionais

Nesses casos ao chegarem agrave fronteira de um paiacutes com o objetivo de obter proteccedilatildeo esses natildeo

devem ser rejeitados em consonacircncia com o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo No caso de rejeiccedilatildeo

na fronteira o procedimento mais correto de um paiacutes a se tomar eacute natildeo incorrer com a

devoluccedilatildeo mas sim conforme Elihu Lauterpacht e Daniel Bethlehem declaram

This does not mean however that States are free to reject at the frontier without

constraint those who have a well-founded fear of persecution What it does mean is

that where States are not prepared to grant asylum to persons who have a well-

founded fear of persecution they must adopt a course that does not amount to

refoulement This may involve removal to a safe third country or some other

solution such as temporary protection or refuge27

No momento em que uma pessoa solicita o status de refugiado a um Estado sendo este

membro da Convenccedilatildeo de 1951 eou do Protocolo de 1967 ela jaacute poderaacute gozar das proteccedilotildees

estabelecidas nos referidos documentos Independente de ser concedido ou natildeo tal status se a

pessoa satisfaz os criteacuterios estabelecidos no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 ela jaacute eacute um

refugiado A concessatildeo do status eacute somente uma mera declaraccedilatildeo28

Nesse sentido a

obrigaccedilatildeo mais importante vinculada a ela eacute a proibiccedilatildeo de ser enviada a um terceiro Estado o

qual possa sofrer perseguiccedilatildeo Tambeacutem haveraacute o benefiacutecio de usufruir das proteccedilotildees

estipuladas na Convenccedilatildeo de 1951 devendo ser equiparado aos habitantes locais sem

distinccedilotildees ateacute o momento da decisatildeo judicial da autoridade competente - incluindo fases

recursais

Ao solicitar a determinaccedilatildeo do status de refugiado o requerente deve fornecer toda e

qualquer prova de sua situaccedilatildeo Contudo deve-se levar em consideraccedilatildeo a sua situaccedilatildeo

such as resettlementrdquo (Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying

Who is a Refugee UNHCR 1 set 2005 Pg 11 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014) 26

Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying Who is a Refugee

UNHCR 1 set 2005 Pg 10 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=43141f5d4ampskip=0ampquery=procedures20refugee20statusgt

Acesso em 15092014 27

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 113 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 15092014 28

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Manual de Procedimentos e Criteacuterios para

Determinar a Condiccedilatildeo de Refugiado de acordo com a Convenccedilatildeo de 1951 e o Protocolo de 1967 Relativos

ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR Janeiro 1992 Paraacutegrafo 28 Disponiacutevel em

lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

10

vulneraacutevel29

Na maioria dos casos tais indiviacuteduos se encontram sem documentaccedilatildeo em um

paiacutes desconhecido provavelmente em um idioma que natildeo seja o seu e somente com seus bens

pessoais baacutesicos Sendo assim deveraacute ser concedido ao requerente o benefiacutecio da duacutevida ou

seja ele natildeo poderaacute ser prejudicado por afirmativas duacutebias caso o examinador entender que

todo o contexto da histoacuteria tenha coerecircncia Muitas vezes o requerente poderaacute omitir ou

alterar fatos por medo e experiecircncias traumaacuteticas natildeo podendo isto ir contra ele

Visando tornar mais eficiente e justo os procedimentos nacionais de determinaccedilatildeo do

status de refugiado conclusotildees do ACNUR foram criadas estipulando um padratildeo miacutenimo de

requerimentos devendo o procedimento ser justo natildeo discriminatoacuterio e apropriado agrave natureza

do pedido de refuacutegio havendo um inqueacuterito completo para estabelecer os fatos30

Cada Estado deveraacute oferecer direitos baacutesicos ao refugiado ou solicitante de refuacutegio

como moradia adequada cuidados de sauacutede e educaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior ao miacutenimo

estabelecido nem diverso do tratamento disponibilizado aos seus nacionais Pessoas que natildeo

possuem documentaccedilatildeo natildeo poderatildeo ser impossibilitadas de requerer o refuacutegio cabendo ao

Estado assim entregar documento de identidade a qualquer refugiado que se encontrar no seu

territoacuterio vide o artigo 27 da Convenccedilatildeo31

No caso de refugiados em situaccedilatildeo irregular no paiacutes o artigo 31 traz a sua proteccedilatildeo

contra sanccedilotildees penais natildeo podendo igualmente devolvecirc-lo ao seu paiacutes de origem visto o

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo em concordacircncia com a Conclusatildeo n 6 (XXVIII) do Comitecirc

Executivo

221 Exclusatildeo e Cessaccedilatildeo do Status de Refugiado

Existem casos estipulados no artigo 1ordm da Convenccedilatildeo de 1951 que excluem pessoas de

obterem as proteccedilotildees da Convenccedilatildeo mesmo se enquadrando nas caracteriacutesticas do artigo

1A(2)

O artigo 1D32

exclui o direito de usufruto da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto dos

Refugiados agravequeles que jaacute se beneficiam de uma proteccedilatildeo de diverso organismo ou instituiccedilatildeo

29

Ibid paraacutegrafo 190 30

Ibid paraacutegrafo 192 31

CLARK Tom Rights Based Refuge the Potential of the 1951 Convention and the Need for

Authoritative Interpretation Vol 16 Oxford International Journal of Refugee Law Oxford University Press

2004 Pg 589 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent164584fullpdfgt Acesso em 17092014 32

Artigo 1D da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute

aplicaacutevel agraves pessoas que atualmente se beneficiam de uma proteccedilatildeo ou assistecircncia da parte de um organismo ou

de uma instituiccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas que natildeo o Alto Comissaacuterio das Naccedilotildees Unidas para refugiados Quando

esta proteccedilatildeo ou assistecircncia houver cessado por qualquer razatildeo sem que a sorte dessas pessoas tenha sido

11

da ONU Tal artigo foi criado a fim de excluir refugiados palestinos jaacute protegidos pela

Agecircncia das Naccedilotildees Unidas de Assistecircncia aos Refugiados da Palestina no Proacuteximo Oriente

(United Nations Relief and Works Agency for Palestinian Refugees in the Near Eastndash

UNRWA) Natildeo obstante a segunda parte do artigo 1D determina que no momento em que a

proteccedilatildeo ou assistecircncia de outro oacutergatildeo da ONU (UNRWA) cessar seja por qualquer motivo o

refugiado poderaacute automaticamente fazer parte da Convenccedilatildeo de 1951 sem preacutevio julgamento

Da mesma forma o artigo 1E33

veda o direito ao status de refugiado nos casos em que

uma pessoa entra em um paiacutes e solicita tal status mas tambeacutem jaacute se qualifica para diferente

status neste mesmo paiacutes proacuteximo agrave cidadania ou no caso daquele que possui residecircncia

regular ou permanente em um paiacutes e goza de direitos semelhantes aos direitos de cidadatildeos

mas solicita o status de refugiado em outro paiacutes (natildeo sendo aplicado o artigo 1E no caso de o

referido indiviacuteduo ter fundado receio de perseguiccedilatildeo no paiacutes de residecircncia)

Contudo eacute o artigo 1F34

que merece a devida atenccedilatildeo obtendo uma maior dificuldade

de interpretaccedilatildeo Seu propoacutesito eacute de garantir que aquele que tenha cometido seacuterios crimes natildeo

obtenha os benefiacutecios da Convenccedilatildeo de 1951 e saia impune de seus atos ndash mesmo se

adequando agrave definiccedilatildeo do artigo 1A(2) - natildeo estando protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo Contudo caberaacute agrave autoridade nacional competente o ocircnus da prova devendo ter a

certeza da gravidade do crime cometido e aplicando o artigo 1F restritivamente a esses casos e

com grande cautela tendo de ser sempre considerada a inclusatildeo antes da exclusatildeo

O artigo 1F(a) eacute claro na sua aplicaccedilatildeo natildeo havendo obscuridade Todavia o artigo 1F(b)

determina que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo deve ser aplicada agravequeles que cometeram seacuterio crime

em paiacutes diverso do de refuacutegio Nesse sentido o que deixa duacutevidas eacute como devemos interpretar

qual crime cometido em outro paiacutes deva ser considerado de alta gravidade Assim o texto

definitivamente resolvida de acordo com as resoluccedilotildees a ela relativas adotadas pela Assembleacuteia Geral das

Naccedilotildees Unidas essas pessoas se beneficiaratildeo de pleno direito do regime desta Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

18092014 33

Artigo 1E da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute aplicaacutevel

a uma pessoa considerada pelas autoridades competentes do paiacutes no qual esta pessoa instalou sua residecircncia

como tendo os direitos e as obrigaccedilotildees relacionados com a posse da nacionalidade desse paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 34

Artigo 1F da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoAs disposiccedilotildees desta Convenccedilatildeo

natildeo seratildeo aplicaacuteveis agraves pessoas a respeito das quais houver razotildees seacuterias para pensar que a) elas cometeram um

crime contra a paz um crime de guerra ou um crime contra a humanidade no sentido dos instrumentos

internacionais elaborados para prever tais crimes b) elas cometeram um crime grave de direito comum fora do

paiacutes de refuacutegio antes de serem nele admitidas como refugiados c) elas se tornaram culpadas de atos contraacuterios

aos fins e princiacutepios das Naccedilotildees Unidasrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014

12

Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees visa trazer um

esclarecimento

Evidently the term ldquoseriousrdquo envisions a grave punishable act and not a minor

offence even if the latter may be referred to as a ldquocrimerdquo in the penal code or other

legislation of a country Seriousness is not merely a question of how domestic law

views the issue but must take into account comparative and international law as

well Some of the indicators which might point to the seriousness of a common

crime include

bull the form of procedure used to prosecute it ndash whether it is an indictable offence or is

dealt with in a summary manner

bull the prescribed punishment including the length and conditions of any prison term

bull whether there is international consensus that it be considered as among the most

serious of crimes

bull whether it is extraditable or subject to universal criminal jurisdiction

bull the actual harm inflicted as a result of the commission of the crime35

Sendo tambeacutem importante narrar a interpretaccedilatildeo entendida por Volker Tuumlrk e Frances

Nicholson

The definition of a lsquoseriousrsquo offence needs to be judged against international

standards taking into account factors such as the nature of the act the actual harm

inflicted the form of criminal procedures used the nature of the penalty and whether

most jurisdictions would consider the act in question as a serious crime Its

interpretation is also linked to the principle of proportionality the question being

whether the consequences ndash eventual return to persecution ndash are proportionate to the

type of crime that was committed The updated UNHCR Guidelines on International

Protection on the application of the exclusion clauses propose that a serious crime

refer to a capital crime or a very grave punishment act This would include

homicide rape arson and armed robbery

hellip

The motivation context methods and proportionality of a crime to its objectives are

important factors in evaluating its political nature36

Apesar de o inciso tratar de crimes ldquonatildeo poliacuteticosrdquo (ou seja crimes comuns) se

entende que autores de crimes poliacuteticos ou graves atos com fins poliacuteticos natildeo podem ser

omitidos da claacuteusula de exclusatildeo Com isso deve ser analisada a proporccedilatildeo do ato e do fim

poliacutetico a ser atingido

Tambeacutem vale mencionar que sendo o crime cometido dentro do paiacutes de refuacutegio o

indiviacuteduo seraacute submetido agrave jurisdiccedilatildeo criminal do Estado devendo ser punido caso culpado

igualmente a qualquer outro nacional

35

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Pg 22 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 36

TUumlRK Volker NICHOLSON Frances Refugee protection in international law an overall perspective

Cambridge Cambridge University Press 2003 Pgs 29 e 30 Disponiacutevel em lt

httpwwwunhcrorg419c73174htmlgt Acessado em 19092014

13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila Disponiacutevel em

lthttpwwwdireitoshumanosuspbrindexphpCorte-Internacional-de-JustiC3A7aestatuto-da-corte-

internacional-de-justicahtmlgt Acesso em 30102014 45

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados The Principle of Non-Refoulement as

a Norm of Customary International Law Response to the Questions Posed to UNHCR by the Federal

Constitutional Court of the Federal Republic of Germany in Cases 2 BvR 193893 2 BvR 195393 2 BvR

195493 31 jan 1994 Paraacutegrafo 1 Disponiacutevel em lt httpwwwrefworldorgdocid437b6db64htmlgt Acesso

em 24092014 46

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 389 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 47

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

Comitecirc dos Direitos Humanos Human Rights Committee General Comment n 24 (52) 1994 UN Doc

CCPRC21Rev1Add6 1 nov 1994 Disponiacutevel em

lthttpwww1umneduhumanrtsgencommhrcom24htmgt Acesso em 26092014 50

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 51

Artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em

20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Addressing Security Concerns without

Undermining Refugee Protection ndash UNHCRrsquos Perspective 29 nov 2001 Paraacutegrafo 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3c0b880e0htmlgt Acesso em 27102014 96

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 373-390 Pg 384 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 97

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

REFEREcircNCIAS

ALEINIKOFF T Alexander Refugee Protection in International Law UNHCRs Global

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9

O indiviacuteduo ou um grupo de pessoas no momento em que ingressam em outro Estado

com receio de voltar ao seu paiacutes de nacionalidade ou domiciacutelio devido a perseguiccedilotildees tecircm o

direito de ingressar com um pedido de refuacutegio conforme os procedimentos legais nacionais

Nesses casos ao chegarem agrave fronteira de um paiacutes com o objetivo de obter proteccedilatildeo esses natildeo

devem ser rejeitados em consonacircncia com o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo No caso de rejeiccedilatildeo

na fronteira o procedimento mais correto de um paiacutes a se tomar eacute natildeo incorrer com a

devoluccedilatildeo mas sim conforme Elihu Lauterpacht e Daniel Bethlehem declaram

This does not mean however that States are free to reject at the frontier without

constraint those who have a well-founded fear of persecution What it does mean is

that where States are not prepared to grant asylum to persons who have a well-

founded fear of persecution they must adopt a course that does not amount to

refoulement This may involve removal to a safe third country or some other

solution such as temporary protection or refuge27

No momento em que uma pessoa solicita o status de refugiado a um Estado sendo este

membro da Convenccedilatildeo de 1951 eou do Protocolo de 1967 ela jaacute poderaacute gozar das proteccedilotildees

estabelecidas nos referidos documentos Independente de ser concedido ou natildeo tal status se a

pessoa satisfaz os criteacuterios estabelecidos no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 ela jaacute eacute um

refugiado A concessatildeo do status eacute somente uma mera declaraccedilatildeo28

Nesse sentido a

obrigaccedilatildeo mais importante vinculada a ela eacute a proibiccedilatildeo de ser enviada a um terceiro Estado o

qual possa sofrer perseguiccedilatildeo Tambeacutem haveraacute o benefiacutecio de usufruir das proteccedilotildees

estipuladas na Convenccedilatildeo de 1951 devendo ser equiparado aos habitantes locais sem

distinccedilotildees ateacute o momento da decisatildeo judicial da autoridade competente - incluindo fases

recursais

Ao solicitar a determinaccedilatildeo do status de refugiado o requerente deve fornecer toda e

qualquer prova de sua situaccedilatildeo Contudo deve-se levar em consideraccedilatildeo a sua situaccedilatildeo

such as resettlementrdquo (Department of International Protection Refugee Status Determination Identifying

Who is a Refugee UNHCR 1 set 2005 Pg 11 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

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lthttpwwwacnurorgbibliotecapdf3391pdfview=1gt Acesso em 08092014

10

vulneraacutevel29

Na maioria dos casos tais indiviacuteduos se encontram sem documentaccedilatildeo em um

paiacutes desconhecido provavelmente em um idioma que natildeo seja o seu e somente com seus bens

pessoais baacutesicos Sendo assim deveraacute ser concedido ao requerente o benefiacutecio da duacutevida ou

seja ele natildeo poderaacute ser prejudicado por afirmativas duacutebias caso o examinador entender que

todo o contexto da histoacuteria tenha coerecircncia Muitas vezes o requerente poderaacute omitir ou

alterar fatos por medo e experiecircncias traumaacuteticas natildeo podendo isto ir contra ele

Visando tornar mais eficiente e justo os procedimentos nacionais de determinaccedilatildeo do

status de refugiado conclusotildees do ACNUR foram criadas estipulando um padratildeo miacutenimo de

requerimentos devendo o procedimento ser justo natildeo discriminatoacuterio e apropriado agrave natureza

do pedido de refuacutegio havendo um inqueacuterito completo para estabelecer os fatos30

Cada Estado deveraacute oferecer direitos baacutesicos ao refugiado ou solicitante de refuacutegio

como moradia adequada cuidados de sauacutede e educaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior ao miacutenimo

estabelecido nem diverso do tratamento disponibilizado aos seus nacionais Pessoas que natildeo

possuem documentaccedilatildeo natildeo poderatildeo ser impossibilitadas de requerer o refuacutegio cabendo ao

Estado assim entregar documento de identidade a qualquer refugiado que se encontrar no seu

territoacuterio vide o artigo 27 da Convenccedilatildeo31

No caso de refugiados em situaccedilatildeo irregular no paiacutes o artigo 31 traz a sua proteccedilatildeo

contra sanccedilotildees penais natildeo podendo igualmente devolvecirc-lo ao seu paiacutes de origem visto o

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo em concordacircncia com a Conclusatildeo n 6 (XXVIII) do Comitecirc

Executivo

221 Exclusatildeo e Cessaccedilatildeo do Status de Refugiado

Existem casos estipulados no artigo 1ordm da Convenccedilatildeo de 1951 que excluem pessoas de

obterem as proteccedilotildees da Convenccedilatildeo mesmo se enquadrando nas caracteriacutesticas do artigo

1A(2)

O artigo 1D32

exclui o direito de usufruto da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto dos

Refugiados agravequeles que jaacute se beneficiam de uma proteccedilatildeo de diverso organismo ou instituiccedilatildeo

29

Ibid paraacutegrafo 190 30

Ibid paraacutegrafo 192 31

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Artigo 1D da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute

aplicaacutevel agraves pessoas que atualmente se beneficiam de uma proteccedilatildeo ou assistecircncia da parte de um organismo ou

de uma instituiccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas que natildeo o Alto Comissaacuterio das Naccedilotildees Unidas para refugiados Quando

esta proteccedilatildeo ou assistecircncia houver cessado por qualquer razatildeo sem que a sorte dessas pessoas tenha sido

11

da ONU Tal artigo foi criado a fim de excluir refugiados palestinos jaacute protegidos pela

Agecircncia das Naccedilotildees Unidas de Assistecircncia aos Refugiados da Palestina no Proacuteximo Oriente

(United Nations Relief and Works Agency for Palestinian Refugees in the Near Eastndash

UNRWA) Natildeo obstante a segunda parte do artigo 1D determina que no momento em que a

proteccedilatildeo ou assistecircncia de outro oacutergatildeo da ONU (UNRWA) cessar seja por qualquer motivo o

refugiado poderaacute automaticamente fazer parte da Convenccedilatildeo de 1951 sem preacutevio julgamento

Da mesma forma o artigo 1E33

veda o direito ao status de refugiado nos casos em que

uma pessoa entra em um paiacutes e solicita tal status mas tambeacutem jaacute se qualifica para diferente

status neste mesmo paiacutes proacuteximo agrave cidadania ou no caso daquele que possui residecircncia

regular ou permanente em um paiacutes e goza de direitos semelhantes aos direitos de cidadatildeos

mas solicita o status de refugiado em outro paiacutes (natildeo sendo aplicado o artigo 1E no caso de o

referido indiviacuteduo ter fundado receio de perseguiccedilatildeo no paiacutes de residecircncia)

Contudo eacute o artigo 1F34

que merece a devida atenccedilatildeo obtendo uma maior dificuldade

de interpretaccedilatildeo Seu propoacutesito eacute de garantir que aquele que tenha cometido seacuterios crimes natildeo

obtenha os benefiacutecios da Convenccedilatildeo de 1951 e saia impune de seus atos ndash mesmo se

adequando agrave definiccedilatildeo do artigo 1A(2) - natildeo estando protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo Contudo caberaacute agrave autoridade nacional competente o ocircnus da prova devendo ter a

certeza da gravidade do crime cometido e aplicando o artigo 1F restritivamente a esses casos e

com grande cautela tendo de ser sempre considerada a inclusatildeo antes da exclusatildeo

O artigo 1F(a) eacute claro na sua aplicaccedilatildeo natildeo havendo obscuridade Todavia o artigo 1F(b)

determina que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo deve ser aplicada agravequeles que cometeram seacuterio crime

em paiacutes diverso do de refuacutegio Nesse sentido o que deixa duacutevidas eacute como devemos interpretar

qual crime cometido em outro paiacutes deva ser considerado de alta gravidade Assim o texto

definitivamente resolvida de acordo com as resoluccedilotildees a ela relativas adotadas pela Assembleacuteia Geral das

Naccedilotildees Unidas essas pessoas se beneficiaratildeo de pleno direito do regime desta Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

18092014 33

Artigo 1E da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute aplicaacutevel

a uma pessoa considerada pelas autoridades competentes do paiacutes no qual esta pessoa instalou sua residecircncia

como tendo os direitos e as obrigaccedilotildees relacionados com a posse da nacionalidade desse paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 34

Artigo 1F da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoAs disposiccedilotildees desta Convenccedilatildeo

natildeo seratildeo aplicaacuteveis agraves pessoas a respeito das quais houver razotildees seacuterias para pensar que a) elas cometeram um

crime contra a paz um crime de guerra ou um crime contra a humanidade no sentido dos instrumentos

internacionais elaborados para prever tais crimes b) elas cometeram um crime grave de direito comum fora do

paiacutes de refuacutegio antes de serem nele admitidas como refugiados c) elas se tornaram culpadas de atos contraacuterios

aos fins e princiacutepios das Naccedilotildees Unidasrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014

12

Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees visa trazer um

esclarecimento

Evidently the term ldquoseriousrdquo envisions a grave punishable act and not a minor

offence even if the latter may be referred to as a ldquocrimerdquo in the penal code or other

legislation of a country Seriousness is not merely a question of how domestic law

views the issue but must take into account comparative and international law as

well Some of the indicators which might point to the seriousness of a common

crime include

bull the form of procedure used to prosecute it ndash whether it is an indictable offence or is

dealt with in a summary manner

bull the prescribed punishment including the length and conditions of any prison term

bull whether there is international consensus that it be considered as among the most

serious of crimes

bull whether it is extraditable or subject to universal criminal jurisdiction

bull the actual harm inflicted as a result of the commission of the crime35

Sendo tambeacutem importante narrar a interpretaccedilatildeo entendida por Volker Tuumlrk e Frances

Nicholson

The definition of a lsquoseriousrsquo offence needs to be judged against international

standards taking into account factors such as the nature of the act the actual harm

inflicted the form of criminal procedures used the nature of the penalty and whether

most jurisdictions would consider the act in question as a serious crime Its

interpretation is also linked to the principle of proportionality the question being

whether the consequences ndash eventual return to persecution ndash are proportionate to the

type of crime that was committed The updated UNHCR Guidelines on International

Protection on the application of the exclusion clauses propose that a serious crime

refer to a capital crime or a very grave punishment act This would include

homicide rape arson and armed robbery

hellip

The motivation context methods and proportionality of a crime to its objectives are

important factors in evaluating its political nature36

Apesar de o inciso tratar de crimes ldquonatildeo poliacuteticosrdquo (ou seja crimes comuns) se

entende que autores de crimes poliacuteticos ou graves atos com fins poliacuteticos natildeo podem ser

omitidos da claacuteusula de exclusatildeo Com isso deve ser analisada a proporccedilatildeo do ato e do fim

poliacutetico a ser atingido

Tambeacutem vale mencionar que sendo o crime cometido dentro do paiacutes de refuacutegio o

indiviacuteduo seraacute submetido agrave jurisdiccedilatildeo criminal do Estado devendo ser punido caso culpado

igualmente a qualquer outro nacional

35

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13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila Disponiacutevel em

lthttpwwwdireitoshumanosuspbrindexphpCorte-Internacional-de-JustiC3A7aestatuto-da-corte-

internacional-de-justicahtmlgt Acesso em 30102014 45

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados The Principle of Non-Refoulement as

a Norm of Customary International Law Response to the Questions Posed to UNHCR by the Federal

Constitutional Court of the Federal Republic of Germany in Cases 2 BvR 193893 2 BvR 195393 2 BvR

195493 31 jan 1994 Paraacutegrafo 1 Disponiacutevel em lt httpwwwrefworldorgdocid437b6db64htmlgt Acesso

em 24092014 46

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 389 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 47

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

Comitecirc dos Direitos Humanos Human Rights Committee General Comment n 24 (52) 1994 UN Doc

CCPRC21Rev1Add6 1 nov 1994 Disponiacutevel em

lthttpwww1umneduhumanrtsgencommhrcom24htmgt Acesso em 26092014 50

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 51

Artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em

20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

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Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

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Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

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lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

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Page 10: A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO … · 2019-09-28 · 1 A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS1 Piettra

10

vulneraacutevel29

Na maioria dos casos tais indiviacuteduos se encontram sem documentaccedilatildeo em um

paiacutes desconhecido provavelmente em um idioma que natildeo seja o seu e somente com seus bens

pessoais baacutesicos Sendo assim deveraacute ser concedido ao requerente o benefiacutecio da duacutevida ou

seja ele natildeo poderaacute ser prejudicado por afirmativas duacutebias caso o examinador entender que

todo o contexto da histoacuteria tenha coerecircncia Muitas vezes o requerente poderaacute omitir ou

alterar fatos por medo e experiecircncias traumaacuteticas natildeo podendo isto ir contra ele

Visando tornar mais eficiente e justo os procedimentos nacionais de determinaccedilatildeo do

status de refugiado conclusotildees do ACNUR foram criadas estipulando um padratildeo miacutenimo de

requerimentos devendo o procedimento ser justo natildeo discriminatoacuterio e apropriado agrave natureza

do pedido de refuacutegio havendo um inqueacuterito completo para estabelecer os fatos30

Cada Estado deveraacute oferecer direitos baacutesicos ao refugiado ou solicitante de refuacutegio

como moradia adequada cuidados de sauacutede e educaccedilatildeo natildeo podendo ser inferior ao miacutenimo

estabelecido nem diverso do tratamento disponibilizado aos seus nacionais Pessoas que natildeo

possuem documentaccedilatildeo natildeo poderatildeo ser impossibilitadas de requerer o refuacutegio cabendo ao

Estado assim entregar documento de identidade a qualquer refugiado que se encontrar no seu

territoacuterio vide o artigo 27 da Convenccedilatildeo31

No caso de refugiados em situaccedilatildeo irregular no paiacutes o artigo 31 traz a sua proteccedilatildeo

contra sanccedilotildees penais natildeo podendo igualmente devolvecirc-lo ao seu paiacutes de origem visto o

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo em concordacircncia com a Conclusatildeo n 6 (XXVIII) do Comitecirc

Executivo

221 Exclusatildeo e Cessaccedilatildeo do Status de Refugiado

Existem casos estipulados no artigo 1ordm da Convenccedilatildeo de 1951 que excluem pessoas de

obterem as proteccedilotildees da Convenccedilatildeo mesmo se enquadrando nas caracteriacutesticas do artigo

1A(2)

O artigo 1D32

exclui o direito de usufruto da Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto dos

Refugiados agravequeles que jaacute se beneficiam de uma proteccedilatildeo de diverso organismo ou instituiccedilatildeo

29

Ibid paraacutegrafo 190 30

Ibid paraacutegrafo 192 31

CLARK Tom Rights Based Refuge the Potential of the 1951 Convention and the Need for

Authoritative Interpretation Vol 16 Oxford International Journal of Refugee Law Oxford University Press

2004 Pg 589 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent164584fullpdfgt Acesso em 17092014 32

Artigo 1D da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute

aplicaacutevel agraves pessoas que atualmente se beneficiam de uma proteccedilatildeo ou assistecircncia da parte de um organismo ou

de uma instituiccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas que natildeo o Alto Comissaacuterio das Naccedilotildees Unidas para refugiados Quando

esta proteccedilatildeo ou assistecircncia houver cessado por qualquer razatildeo sem que a sorte dessas pessoas tenha sido

11

da ONU Tal artigo foi criado a fim de excluir refugiados palestinos jaacute protegidos pela

Agecircncia das Naccedilotildees Unidas de Assistecircncia aos Refugiados da Palestina no Proacuteximo Oriente

(United Nations Relief and Works Agency for Palestinian Refugees in the Near Eastndash

UNRWA) Natildeo obstante a segunda parte do artigo 1D determina que no momento em que a

proteccedilatildeo ou assistecircncia de outro oacutergatildeo da ONU (UNRWA) cessar seja por qualquer motivo o

refugiado poderaacute automaticamente fazer parte da Convenccedilatildeo de 1951 sem preacutevio julgamento

Da mesma forma o artigo 1E33

veda o direito ao status de refugiado nos casos em que

uma pessoa entra em um paiacutes e solicita tal status mas tambeacutem jaacute se qualifica para diferente

status neste mesmo paiacutes proacuteximo agrave cidadania ou no caso daquele que possui residecircncia

regular ou permanente em um paiacutes e goza de direitos semelhantes aos direitos de cidadatildeos

mas solicita o status de refugiado em outro paiacutes (natildeo sendo aplicado o artigo 1E no caso de o

referido indiviacuteduo ter fundado receio de perseguiccedilatildeo no paiacutes de residecircncia)

Contudo eacute o artigo 1F34

que merece a devida atenccedilatildeo obtendo uma maior dificuldade

de interpretaccedilatildeo Seu propoacutesito eacute de garantir que aquele que tenha cometido seacuterios crimes natildeo

obtenha os benefiacutecios da Convenccedilatildeo de 1951 e saia impune de seus atos ndash mesmo se

adequando agrave definiccedilatildeo do artigo 1A(2) - natildeo estando protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo Contudo caberaacute agrave autoridade nacional competente o ocircnus da prova devendo ter a

certeza da gravidade do crime cometido e aplicando o artigo 1F restritivamente a esses casos e

com grande cautela tendo de ser sempre considerada a inclusatildeo antes da exclusatildeo

O artigo 1F(a) eacute claro na sua aplicaccedilatildeo natildeo havendo obscuridade Todavia o artigo 1F(b)

determina que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo deve ser aplicada agravequeles que cometeram seacuterio crime

em paiacutes diverso do de refuacutegio Nesse sentido o que deixa duacutevidas eacute como devemos interpretar

qual crime cometido em outro paiacutes deva ser considerado de alta gravidade Assim o texto

definitivamente resolvida de acordo com as resoluccedilotildees a ela relativas adotadas pela Assembleacuteia Geral das

Naccedilotildees Unidas essas pessoas se beneficiaratildeo de pleno direito do regime desta Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

18092014 33

Artigo 1E da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute aplicaacutevel

a uma pessoa considerada pelas autoridades competentes do paiacutes no qual esta pessoa instalou sua residecircncia

como tendo os direitos e as obrigaccedilotildees relacionados com a posse da nacionalidade desse paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 34

Artigo 1F da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoAs disposiccedilotildees desta Convenccedilatildeo

natildeo seratildeo aplicaacuteveis agraves pessoas a respeito das quais houver razotildees seacuterias para pensar que a) elas cometeram um

crime contra a paz um crime de guerra ou um crime contra a humanidade no sentido dos instrumentos

internacionais elaborados para prever tais crimes b) elas cometeram um crime grave de direito comum fora do

paiacutes de refuacutegio antes de serem nele admitidas como refugiados c) elas se tornaram culpadas de atos contraacuterios

aos fins e princiacutepios das Naccedilotildees Unidasrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014

12

Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees visa trazer um

esclarecimento

Evidently the term ldquoseriousrdquo envisions a grave punishable act and not a minor

offence even if the latter may be referred to as a ldquocrimerdquo in the penal code or other

legislation of a country Seriousness is not merely a question of how domestic law

views the issue but must take into account comparative and international law as

well Some of the indicators which might point to the seriousness of a common

crime include

bull the form of procedure used to prosecute it ndash whether it is an indictable offence or is

dealt with in a summary manner

bull the prescribed punishment including the length and conditions of any prison term

bull whether there is international consensus that it be considered as among the most

serious of crimes

bull whether it is extraditable or subject to universal criminal jurisdiction

bull the actual harm inflicted as a result of the commission of the crime35

Sendo tambeacutem importante narrar a interpretaccedilatildeo entendida por Volker Tuumlrk e Frances

Nicholson

The definition of a lsquoseriousrsquo offence needs to be judged against international

standards taking into account factors such as the nature of the act the actual harm

inflicted the form of criminal procedures used the nature of the penalty and whether

most jurisdictions would consider the act in question as a serious crime Its

interpretation is also linked to the principle of proportionality the question being

whether the consequences ndash eventual return to persecution ndash are proportionate to the

type of crime that was committed The updated UNHCR Guidelines on International

Protection on the application of the exclusion clauses propose that a serious crime

refer to a capital crime or a very grave punishment act This would include

homicide rape arson and armed robbery

hellip

The motivation context methods and proportionality of a crime to its objectives are

important factors in evaluating its political nature36

Apesar de o inciso tratar de crimes ldquonatildeo poliacuteticosrdquo (ou seja crimes comuns) se

entende que autores de crimes poliacuteticos ou graves atos com fins poliacuteticos natildeo podem ser

omitidos da claacuteusula de exclusatildeo Com isso deve ser analisada a proporccedilatildeo do ato e do fim

poliacutetico a ser atingido

Tambeacutem vale mencionar que sendo o crime cometido dentro do paiacutes de refuacutegio o

indiviacuteduo seraacute submetido agrave jurisdiccedilatildeo criminal do Estado devendo ser punido caso culpado

igualmente a qualquer outro nacional

35

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Pg 22 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 36

TUumlRK Volker NICHOLSON Frances Refugee protection in international law an overall perspective

Cambridge Cambridge University Press 2003 Pgs 29 e 30 Disponiacutevel em lt

httpwwwunhcrorg419c73174htmlgt Acessado em 19092014

13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila Disponiacutevel em

lthttpwwwdireitoshumanosuspbrindexphpCorte-Internacional-de-JustiC3A7aestatuto-da-corte-

internacional-de-justicahtmlgt Acesso em 30102014 45

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados The Principle of Non-Refoulement as

a Norm of Customary International Law Response to the Questions Posed to UNHCR by the Federal

Constitutional Court of the Federal Republic of Germany in Cases 2 BvR 193893 2 BvR 195393 2 BvR

195493 31 jan 1994 Paraacutegrafo 1 Disponiacutevel em lt httpwwwrefworldorgdocid437b6db64htmlgt Acesso

em 24092014 46

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 389 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 47

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

Comitecirc dos Direitos Humanos Human Rights Committee General Comment n 24 (52) 1994 UN Doc

CCPRC21Rev1Add6 1 nov 1994 Disponiacutevel em

lthttpwww1umneduhumanrtsgencommhrcom24htmgt Acesso em 26092014 50

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 51

Artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em

20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

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lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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11

da ONU Tal artigo foi criado a fim de excluir refugiados palestinos jaacute protegidos pela

Agecircncia das Naccedilotildees Unidas de Assistecircncia aos Refugiados da Palestina no Proacuteximo Oriente

(United Nations Relief and Works Agency for Palestinian Refugees in the Near Eastndash

UNRWA) Natildeo obstante a segunda parte do artigo 1D determina que no momento em que a

proteccedilatildeo ou assistecircncia de outro oacutergatildeo da ONU (UNRWA) cessar seja por qualquer motivo o

refugiado poderaacute automaticamente fazer parte da Convenccedilatildeo de 1951 sem preacutevio julgamento

Da mesma forma o artigo 1E33

veda o direito ao status de refugiado nos casos em que

uma pessoa entra em um paiacutes e solicita tal status mas tambeacutem jaacute se qualifica para diferente

status neste mesmo paiacutes proacuteximo agrave cidadania ou no caso daquele que possui residecircncia

regular ou permanente em um paiacutes e goza de direitos semelhantes aos direitos de cidadatildeos

mas solicita o status de refugiado em outro paiacutes (natildeo sendo aplicado o artigo 1E no caso de o

referido indiviacuteduo ter fundado receio de perseguiccedilatildeo no paiacutes de residecircncia)

Contudo eacute o artigo 1F34

que merece a devida atenccedilatildeo obtendo uma maior dificuldade

de interpretaccedilatildeo Seu propoacutesito eacute de garantir que aquele que tenha cometido seacuterios crimes natildeo

obtenha os benefiacutecios da Convenccedilatildeo de 1951 e saia impune de seus atos ndash mesmo se

adequando agrave definiccedilatildeo do artigo 1A(2) - natildeo estando protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo Contudo caberaacute agrave autoridade nacional competente o ocircnus da prova devendo ter a

certeza da gravidade do crime cometido e aplicando o artigo 1F restritivamente a esses casos e

com grande cautela tendo de ser sempre considerada a inclusatildeo antes da exclusatildeo

O artigo 1F(a) eacute claro na sua aplicaccedilatildeo natildeo havendo obscuridade Todavia o artigo 1F(b)

determina que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo deve ser aplicada agravequeles que cometeram seacuterio crime

em paiacutes diverso do de refuacutegio Nesse sentido o que deixa duacutevidas eacute como devemos interpretar

qual crime cometido em outro paiacutes deva ser considerado de alta gravidade Assim o texto

definitivamente resolvida de acordo com as resoluccedilotildees a ela relativas adotadas pela Assembleacuteia Geral das

Naccedilotildees Unidas essas pessoas se beneficiaratildeo de pleno direito do regime desta Convenccedilatildeordquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

18092014 33

Artigo 1E da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoEsta Convenccedilatildeo natildeo seraacute aplicaacutevel

a uma pessoa considerada pelas autoridades competentes do paiacutes no qual esta pessoa instalou sua residecircncia

como tendo os direitos e as obrigaccedilotildees relacionados com a posse da nacionalidade desse paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 34

Artigo 1F da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoAs disposiccedilotildees desta Convenccedilatildeo

natildeo seratildeo aplicaacuteveis agraves pessoas a respeito das quais houver razotildees seacuterias para pensar que a) elas cometeram um

crime contra a paz um crime de guerra ou um crime contra a humanidade no sentido dos instrumentos

internacionais elaborados para prever tais crimes b) elas cometeram um crime grave de direito comum fora do

paiacutes de refuacutegio antes de serem nele admitidas como refugiados c) elas se tornaram culpadas de atos contraacuterios

aos fins e princiacutepios das Naccedilotildees Unidasrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014

12

Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees visa trazer um

esclarecimento

Evidently the term ldquoseriousrdquo envisions a grave punishable act and not a minor

offence even if the latter may be referred to as a ldquocrimerdquo in the penal code or other

legislation of a country Seriousness is not merely a question of how domestic law

views the issue but must take into account comparative and international law as

well Some of the indicators which might point to the seriousness of a common

crime include

bull the form of procedure used to prosecute it ndash whether it is an indictable offence or is

dealt with in a summary manner

bull the prescribed punishment including the length and conditions of any prison term

bull whether there is international consensus that it be considered as among the most

serious of crimes

bull whether it is extraditable or subject to universal criminal jurisdiction

bull the actual harm inflicted as a result of the commission of the crime35

Sendo tambeacutem importante narrar a interpretaccedilatildeo entendida por Volker Tuumlrk e Frances

Nicholson

The definition of a lsquoseriousrsquo offence needs to be judged against international

standards taking into account factors such as the nature of the act the actual harm

inflicted the form of criminal procedures used the nature of the penalty and whether

most jurisdictions would consider the act in question as a serious crime Its

interpretation is also linked to the principle of proportionality the question being

whether the consequences ndash eventual return to persecution ndash are proportionate to the

type of crime that was committed The updated UNHCR Guidelines on International

Protection on the application of the exclusion clauses propose that a serious crime

refer to a capital crime or a very grave punishment act This would include

homicide rape arson and armed robbery

hellip

The motivation context methods and proportionality of a crime to its objectives are

important factors in evaluating its political nature36

Apesar de o inciso tratar de crimes ldquonatildeo poliacuteticosrdquo (ou seja crimes comuns) se

entende que autores de crimes poliacuteticos ou graves atos com fins poliacuteticos natildeo podem ser

omitidos da claacuteusula de exclusatildeo Com isso deve ser analisada a proporccedilatildeo do ato e do fim

poliacutetico a ser atingido

Tambeacutem vale mencionar que sendo o crime cometido dentro do paiacutes de refuacutegio o

indiviacuteduo seraacute submetido agrave jurisdiccedilatildeo criminal do Estado devendo ser punido caso culpado

igualmente a qualquer outro nacional

35

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Pg 22 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 36

TUumlRK Volker NICHOLSON Frances Refugee protection in international law an overall perspective

Cambridge Cambridge University Press 2003 Pgs 29 e 30 Disponiacutevel em lt

httpwwwunhcrorg419c73174htmlgt Acessado em 19092014

13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

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55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

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Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Addressing Security Concerns without

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lthttpwwwrefworldorgdocid3c0b880e0htmlgt Acesso em 27102014 96

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lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 97

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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Page 12: A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO … · 2019-09-28 · 1 A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS1 Piettra

12

Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees visa trazer um

esclarecimento

Evidently the term ldquoseriousrdquo envisions a grave punishable act and not a minor

offence even if the latter may be referred to as a ldquocrimerdquo in the penal code or other

legislation of a country Seriousness is not merely a question of how domestic law

views the issue but must take into account comparative and international law as

well Some of the indicators which might point to the seriousness of a common

crime include

bull the form of procedure used to prosecute it ndash whether it is an indictable offence or is

dealt with in a summary manner

bull the prescribed punishment including the length and conditions of any prison term

bull whether there is international consensus that it be considered as among the most

serious of crimes

bull whether it is extraditable or subject to universal criminal jurisdiction

bull the actual harm inflicted as a result of the commission of the crime35

Sendo tambeacutem importante narrar a interpretaccedilatildeo entendida por Volker Tuumlrk e Frances

Nicholson

The definition of a lsquoseriousrsquo offence needs to be judged against international

standards taking into account factors such as the nature of the act the actual harm

inflicted the form of criminal procedures used the nature of the penalty and whether

most jurisdictions would consider the act in question as a serious crime Its

interpretation is also linked to the principle of proportionality the question being

whether the consequences ndash eventual return to persecution ndash are proportionate to the

type of crime that was committed The updated UNHCR Guidelines on International

Protection on the application of the exclusion clauses propose that a serious crime

refer to a capital crime or a very grave punishment act This would include

homicide rape arson and armed robbery

hellip

The motivation context methods and proportionality of a crime to its objectives are

important factors in evaluating its political nature36

Apesar de o inciso tratar de crimes ldquonatildeo poliacuteticosrdquo (ou seja crimes comuns) se

entende que autores de crimes poliacuteticos ou graves atos com fins poliacuteticos natildeo podem ser

omitidos da claacuteusula de exclusatildeo Com isso deve ser analisada a proporccedilatildeo do ato e do fim

poliacutetico a ser atingido

Tambeacutem vale mencionar que sendo o crime cometido dentro do paiacutes de refuacutegio o

indiviacuteduo seraacute submetido agrave jurisdiccedilatildeo criminal do Estado devendo ser punido caso culpado

igualmente a qualquer outro nacional

35

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Pg 22 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 36

TUumlRK Volker NICHOLSON Frances Refugee protection in international law an overall perspective

Cambridge Cambridge University Press 2003 Pgs 29 e 30 Disponiacutevel em lt

httpwwwunhcrorg419c73174htmlgt Acessado em 19092014

13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

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55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

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Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 97

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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ALEINIKOFF T Alexander Refugee Protection in International Law UNHCRs Global

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Page 13: A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO … · 2019-09-28 · 1 A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS1 Piettra

13

Jaacute o artigo 1F(c) que envolve crimes cometidos contra os princiacutepios e propoacutesitos da

ONU presentes nos artigos 1 e 2 da Carta das Naccedilotildees Unidas indica ser aplicado a

indiviacuteduos com posiccedilatildeo de poder ou influecircncia em um Estado visto que tais atos infringentes

seratildeo capazes de afetar a paz internacional a seguranccedila e as relaccedilotildees paciacuteficas entre Estados

Poderaacute haver uma sobreposiccedilatildeo com o artigo 1F(a) em razatildeo de crimes contra a paz e crimes

contra a humanidade

A cerca da cessaccedilatildeo da proteccedilatildeo internacional concedida ao refugiado o artigo 1C37

da

Convenccedilatildeo de 1951 aponta situaccedilotildees que resultam na perda do status sendo aplicaacutevel

somente agravequele jaacute reconhecido como tal

Os incisos 5 e 6 contam com uma particular atenccedilatildeo dos Estados os quais propotildeem

que o status de refugiado deveraacute ser cessado no momento em que o motivo de perseguiccedilatildeo

arguido na solicitaccedilatildeo de refuacutegio natildeo mais existir no paiacutes de origem ou domiciacutelio Nessa

senda conforme designado pelo Comitecirc Executivo a ausecircncia dos motivos que ensejaram o

receio de perseguiccedilatildeo deveraacute ser fundamental estaacutevel e com caraacuteter duraacutevel38

e o refugiado

deveraacute ter o seu caso reavaliado adequadamente

Dentro desse pensamento haacute exceccedilotildees a serem aplicadas Os incisos 5 e 6 estabelecem

que o refugiado poderaacute lsquoinvocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua residecircncia

habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrsquo ou seja ele deveraacute

comprovar que apesar de a situaccedilatildeo geral ter mudado ele ainda precisaraacute de proteccedilatildeo

internacional justificando-a Ademais eacute aplicado para todos os casos determinados no artigo

37

Artigo 1C da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados ldquoC Esta Convenccedilatildeo cessaraacute nos

casos abaixo de ser aplicaacutevel a qualquer pessoa compreendida nos termos da seccedilatildeo A acima

1) se ela voltou a valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional ou

2) se havendo perdido a nacionalidade ela a recuperou voluntariamente ou

3) se adquiriu nova nacionalidade e goza da proteccedilatildeo do paiacutes cuja nacionalidade adquiriu ou

4) se se estabeleceu de novo voluntariamente no paiacutes que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de

ser perseguido ou

5) se por terem deixado de existir as circunstacircncias em consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada

ela natildeo pode mais continuar a recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que eacute nacional

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar valer-se da proteccedilatildeo do paiacutes de que

eacute nacional razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anteriores

6) tratando-se de pessoa que natildeo tem nacionalidade se por terem deixado de existir as circunstacircncias em

consequumlecircncia das quais foi reconhecida como refugiada ela estaacute em condiccedilotildees de voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual

Contanto poreacutem que as disposiccedilotildees do presente paraacutegrafo natildeo se apliquem a um refugiado incluiacutedo nos termos

do paraacutegrafo 1 da seccedilatildeo A do presente artigo que pode invocar para recusar voltar ao paiacutes no qual tinha sua

residecircncia habitual razotildees imperiosas resultantes de perseguiccedilotildees anterioresrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

19092014 38

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 69 (XLIII)

Cessation of Status 9 out 1992 Paraacutegrafo b Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c431chtmlgt Acesso

em 19092014

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

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Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

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Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

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PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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Page 14: A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO … · 2019-09-28 · 1 A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS1 Piettra

14

1C a proibiccedilatildeo do retorno ao seu paiacutes de origem quando com o regresso houver um seacuterio

dano econocircmico constituindo famiacutelia e laccedilos econocircmicos e sociais se considerada a longa

estadia no paiacutes de refuacutegio39

3 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Dentre os direitos garantidos agrave pessoa do refugiado faz-se necessaacuterio destacar o direito

fundamental de natildeo ser devolvido ao paiacutes em que sua vida ou liberdade esteja sendo

ameaccedilada Tal direito constitui um princiacutepio geral do direito de proteccedilatildeo dos refugiados dos

direitos humanos e do direito humanitaacuterio internacional sendo reconhecido como o princiacutepio

do non-refoulement (natildeo devoluccedilatildeo) - ponto central deste artigo Admitido como um direito

consuetudinaacuterio internacional e defendido como um princiacutepio jus cogens sua existecircncia eacute o

que fornece efetividade aos direitos da Convenccedilatildeo de 1951 e os direitos humanos do

refugiado os quais se tornariam ineficazes caso natildeo condicionado

A proteccedilatildeo do refugiado a natildeo devoluccedilatildeo fora estipulada pela Convenccedilatildeo de 1951

Relativa ao Estatuto dos Refugiados e apoacutes fora reforccedilada pelo Protocolo de 1967 Relativo

ao Estatuto dos Refugiados encontrando sua definiccedilatildeo no artigo 33 da Convenccedilatildeo40

Todavia

tamanha eacute a sua relevacircncia que o referido princiacutepio fora adotado em diversos tratados e

convenccedilotildees tanto em niacuteveis regionais quanto internacionais

Cada Estado tem o direito de controlar a sua imigraccedilatildeo negando ou permitindo o

acesso em seu territoacuterio dentro do domiacutenio de sua soberania Entretanto princiacutepios e normas

dos direitos humanos internacionais devem ser observados e obedecidos estando a soberania

estatal de imigraccedilatildeo sujeita a tais direito entrando muitas vezes em conflitos Em vista disso

muitos paiacuteses relutam em oferecer proteccedilatildeo prevenindo a entrada de refugiados Ainda assim

39

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Interpreting Article 1 of the 1951 Convention

Relating to the Status of Refugees Abril de 2001 Paraacutegrafo 57 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b20a3914htmlgt Acesso em 19092014 40

Artigo 33 da Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto do Refugiado ldquo1 Nenhum dos Estados Contratantes

expulsaraacute ou rechaccedilaraacute de maneira alguma um refugiado para as fronteiras dos territoacuterios em que a sua vida ou

a sua liberdade seja ameaccedilada em virtude da sua raccedila da sua religiatildeo da sua nacionalidade do grupo social a

que pertence ou das suas opiniotildees poliacuteticas

2 O benefiacutecio da presente disposiccedilatildeo natildeo poderaacute todavia ser invocado por um refugiado que por motivos seacuterios

seja considerado um perigo para a seguranccedila do paiacutes no qual ele se encontre ou que tendo sido condenado

definitivamente por crime ou delito particularmente grave constitui ameaccedila para a comunidade do referido

paiacutesrdquo Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

20092014

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila Disponiacutevel em

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internacional-de-justicahtmlgt Acesso em 30102014 45

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Constitutional Court of the Federal Republic of Germany in Cases 2 BvR 193893 2 BvR 195393 2 BvR

195493 31 jan 1994 Paraacutegrafo 1 Disponiacutevel em lt httpwwwrefworldorgdocid437b6db64htmlgt Acesso

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Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

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CCPRC21Rev1Add6 1 nov 1994 Disponiacutevel em

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Artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em

20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

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01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

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30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

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Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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39

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Page 15: A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO … · 2019-09-28 · 1 A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS1 Piettra

15

qualquer movimento de remoccedilatildeo (expulsatildeo deportaccedilatildeo retorno e extradiccedilatildeo) se torna

proibido

De acordo com o jaacute brevemente mencionado a proibiccedilatildeo de envio de um indiviacuteduo a

um Estado ao qual sua vida e liberdade possam estar sendo ameaccediladas natildeo se limita agravequeles

formalmente reconhecidos como refugiados Eacute caracterizado como refugiado todo aquele que

se enquadra no artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo de 1951 sendo a concessatildeo de status por um

Estado somente uma mera declaraccedilatildeo

Consoante o estipulado no artigo 33 a definiccedilatildeo de ldquoEstados Contratantesrdquo engloba

todo aquele Estado que tenha ratificado a Convenccedilatildeo de 1951 abrangendo por consequecircncia

pessoas em exerciacutecio de atividade governamental Agentes em fronteiras em embarcaccedilotildees e

em zonas internacionais deveratildeo respeitar o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo caso o seu paiacutes seja

signataacuterio de algum Tratado ou Convenccedilatildeo que compreenda tal princiacutepio As accedilotildees dos

Estados natildeo satildeo limitadas ao seu territoacuterio ou seja elas envolveratildeo accedilotildees de agentes estatais

ou aqueles agindo a favor do Estado independente de onde isso ocorra sendo alto mar ou

aleacutem de suas fronteiras

A proibiccedilatildeo de expulsatildeo para as fronteiras dos territoacuterios em que sua vida ou liberdade

esteja sendo ameaccedilada natildeo se refere unicamente ao paiacutes de origem do refugiado - sendo o de

sua nacionalidade ou residecircncia habitual - mas sim de todo e qualquer territoacuterio em que haja

receio Por sua vez em certos casos natildeo haacute impedimento de que o refugiado seja enviado para

um terceiro Estado desde que seja zelada a sua seguranccedila frente ao princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo devendo haver a garantia de no momento de ser enviado a este paiacutes intermediaacuterio

natildeo haver a possibilidade de o enviarem a outro Estado ao qual possa correr risco de vida41

Contudo eacute difiacutecil obter a garantia que o refugiado de fato natildeo seraacute enviado a outro

Estado em que possa correr riscos Cada paiacutes adota procedimentos diferentes para qualificar

um Estado como seguro poreacutem podem nem sempre estar corretos mesmo sendo esses

terceiros Estados parte da Convenccedilatildeo e do Protocolo de proteccedilatildeo aos refugiados

31 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO COMO UM DIREITO CONSUETUDINAacuteRIO

INTERNACIONAL

41

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 122 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 22092014

16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

Ibid pg 102 44

Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila Disponiacutevel em

lthttpwwwdireitoshumanosuspbrindexphpCorte-Internacional-de-JustiC3A7aestatuto-da-corte-

internacional-de-justicahtmlgt Acesso em 30102014 45

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados The Principle of Non-Refoulement as

a Norm of Customary International Law Response to the Questions Posed to UNHCR by the Federal

Constitutional Court of the Federal Republic of Germany in Cases 2 BvR 193893 2 BvR 195393 2 BvR

195493 31 jan 1994 Paraacutegrafo 1 Disponiacutevel em lt httpwwwrefworldorgdocid437b6db64htmlgt Acesso

em 24092014 46

DUFFY Aoife Expulsion to Face Torture Non-Refoulement in International Law Oxford Oxford

University Press 2008 p 389 Disponiacutevel em

lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 47

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 25 Conclusion n

55 Conclusion n 79 48

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 132

17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

Comitecirc dos Direitos Humanos Human Rights Committee General Comment n 24 (52) 1994 UN Doc

CCPRC21Rev1Add6 1 nov 1994 Disponiacutevel em

lthttpwww1umneduhumanrtsgencommhrcom24htmgt Acesso em 26092014 50

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 51

Artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em

20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Addressing Security Concerns without

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PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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16

O direito consuetudinaacuterio internacional eacute a fonte mais antiga do direito internacional

puacuteblico sendo considerada uma praacutetica posta em movimento Devido o seu caraacuteter originaacuterio

da praacutetica de costume da comunidade internacional42

esse direito engloba a obediecircncia de

todos os Estados natildeo sendo necessaacuteria uma formalizaccedilatildeo em tratados ou convenccedilotildees43

Sua

aplicaccedilatildeo eacute aceita atraveacutes do artigo 38(b) do Estatuto da Corte Internacional de Justiccedila44

o

qual estipula que os costumes se constituem de uma ldquopraacutetica geral como sendo o direitordquo

sendo de opiniatildeo do ACNUR que o referido princiacutepio satisfaz os requisitos para constituir um

direito costumeiro45

Nesse sentido Duffy dispotildee

The principle of non-refoulement is also widely considered to be international

customary law which means that all states whether or not they are a party to the

human rights andor refugee conventions incorporating the prohibition against

refoulement are obliged not to return or extradite any person to a country where the

life or safety of that person would be seriously endangered46

Existem opiniotildees de que este princiacutepio tambeacutem pode ser considerado um princiacutepio

peremptoacuterio do direito internacional47

ou seja um direito jus cogens assim se condicionando

agrave sobreposiccedilatildeo da autonomia de vontade dos Estados natildeo podendo ser derrogado nem por

tratados nem por costumes ou princiacutepios gerais de direito internacional48

Contudo tal debate

ainda gera controveacutersias as quais natildeo caberatildeo ser mencionadas neste artigo

O princiacutepio discutido se opotildee a qualquer ato de devoluccedilatildeo de qualquer forma -

incluindo a natildeo admissatildeo na fronteira - o qual teria como efeito expor o refugiado ou

requerente de refuacutegio a uma ameaccedila agrave perseguiccedilatildeo a um real risco agrave tortura ou tratamento

42

ldquoO costume internacional tem tido um papel importantiacutessimo na formaccedilatildeo e desenvolvimento do Direito

Internacional Puacuteblico primeiro por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicaacuteveis em vaacuterios

domiacutenios do direito das gentes e segundo por permitir a criaccedilatildeo de regras gerais que satildeo as regras-fundamento

de constituiccedilatildeo da sociedade internacional Daiacute continuar sendo o costume ndash mesmo com a ascensatildeo numeacuterica

dos tratados internacionais ndash um valioso elemento de determinaccedilatildeo das regras do Direito Internacional Puacuteblicordquo

MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira Curso de Direito Internacional Puacuteblico 3 ed Satildeo Paulo Editora Revista

dos Tribunais 2008 Pg 101 43

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17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

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Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

PIRJOLA Jari Shadows in Paradise ndash Exploring Non-Refoulement as an Open Concept Oxford Oxford

University Press 2008 Pgs 654 e 655 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent194639abstractgt

Acesso em 27092014 57

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Addressing Security Concerns without

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lthttpwwwrefworldorgdocid3c0b880e0htmlgt Acesso em 27102014 96

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lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 97

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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17

cruel desumano ou degradante ou uma ameaccedila agrave sua vida sua integridade fiacutesica ou sua

liberdade Contudo existe uma discussatildeo referente agrave classificaccedilatildeo de tortura e tratamento

cruel desumano ou degradante o que se veraacute abaixo a fim de melhor elucidar a sua

compreensatildeo

311 O conceito de tortura e tratamento cruel desumano e degradante

O grau de intensidade os elementos e a causa satildeo algumas das caracteriacutesticas capazes

de diferenciar tortura de tratamento cruel desumano e degradante A anaacutelise dessas

nomenclaturas atualmente encontra divergecircncias entre decisotildees internacionais cada qual

interpretando conforme o seu entender dificultando assim uma padronizaccedilatildeo desses

elementos fundamentais para determinar se o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deveraacute ser aplicado

A proibiccedilatildeo agrave tortura e tratamento cruel desumano ou degradante tambeacutem eacute

considerada um direito consuetudinaacuterio internacional49

e um direito jus cogens50

Diante

disso com o escopo de proteger o indiviacuteduo de tais atos os Estados tecircm o dever de natildeo enviar

um indiviacuteduo a outro Estado o qual poderaacute ser viacutetima de tortura ou tratamento cruel

desumano ou degradante vide artigo 3ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos

ou Penas Crueacuteis Desumanos ou Degradantes51

A referida Convenccedilatildeo estabelece em seu artigo 1ordm o significado de tortura52

Todavia

tal esclarecimento eacute considerado restrito natildeo elucidando qual seria a intensidade de dor ou

sofrimento para que seja contemplada como tortura tendo em vista que o termo ldquoagudordquo

deixa aberto a interpretaccedilotildees

49

Comitecirc dos Direitos Humanos Human Rights Committee General Comment n 24 (52) 1994 UN Doc

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20092014 52

Artigo 1ordm da Convenccedilatildeo Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crueacuteis Desumanos ou

Degradantes ldquoPara fins da presente Convenccedilatildeo o termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou

sofrimentos agudos fiacutesicos ou mentais satildeo infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de

terceira pessoa informaccedilotildees ou confissotildees de castigaacute-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou

seja suspeita de ter cometido de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas ou por qualquer motivo

baseado em discriminaccedilatildeo de qualquer natureza quando tais dores ou sofrimentos satildeo infligidos por um

funcionaacuterio puacuteblico ou outra pessoa no exerciacutecio de funccedilotildees puacuteblicas ou por sua instigaccedilatildeo ou com o seu

consentimento ou aquiescecircncia Natildeo se consideraraacute como tortura as dores ou sofrimentos que sejam

consequecircncia unicamente de sanccedilotildees legiacutetimas ou que sejam inerentes a tais sanccedilotildees ou delas decorramrdquo

Disponiacutevel em lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesconv_contra_torturapdfgt Acesso em 20092014

18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

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01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

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lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

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01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

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Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

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31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

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lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

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18

Conforme Nigel Rodley haacute trecircs pilares que sustentam a noccedilatildeo de tortura

1 The relative intensity of pain or suffering inflicted it must not only be severe it

must also be an aggravated form of already prohibited (albeit undefined) cruel

inhuman or degrading treatment or punishment

2 The purposive element obtaining information confession etc

3 The status of the perpetrator a public official must inflict or instigate the

infliction of the pain or suffering53

Em relaccedilatildeo a tratamento cruel desumano ou degradante natildeo existe nenhuma

definiccedilatildeo no direito internacional Todavia esses satildeo diferidos de tortura em razatildeo do grau de

sofrimento no qual cada um eacute aplicado (vale ressaltar que o grau de intensidade tambeacutem se

difere quanto agrave duraccedilatildeo do tratamento seus impactos fiacutesicos e psicoloacutegicos e o gecircnero idade

e sauacutede da viacutetima) sendo crente que na tortura o sofrimento eacute maior No entanto estipular ateacute

que grau de sofrimento seria considerado tortura ou natildeo eacute o que entra em conflito

O caso ldquoGreek Caserdquo de 1969 trouxe pela primeira vez a referente discussatildeo o qual

obteve tais definiccedilotildees

It began with lsquoinhuman treatmentrsquo which it described as covering lsquoat least such

treatment as deliberately causes severe suffering mental or physical which in the

particular situation is unjustifiablersquo Torture it continued is lsquoinhuman treatment

which has a purpose such as the obtaining of information which has a purpose

such as the obtaining of information or confessions or the infliction of punishment

and it is generally an aggravated form of inhuman treatmentrsquo For the sake of

completeness it should also be noted that lsquodegrading treatmentrsquo of a person which

the Commission also considered to be a component of torture was in its view

treatment as lsquogrossly humiliates him before others or drives him to act against his

will or consciencersquo54

Conforme casos foram aparecendo meacutetodos foram apresentados e classificados como

tratamento desumano e degradante poreacutem foi o caso Selmouni v France que marcou uma

importante mudanccedila Foi assim demonstrado que o que antes era considerado como

tratamento desumano poderia tambeacutem ser considerado tortura segundo a Corte Europeacuteia de

Direitos Humanos

In other words it remains to be established in the instant case whether the ldquopain or

sufferingrdquo inflicted on Mr Selmouni can be defined as ldquosevererdquo within the meaning

of Article 1 of the United Nations Convention The Court considers that this

ldquoseverityrdquo is like the ldquominimum severityrdquo required for the application of Article 3

in the nature of things relative it depends on all the circumstances of the case such

53

RODLEY Nigel S The Definition(s) of Torture in International Law Oxford Oxford University Press

2002 p 468 Disponiacutevel em lthttpclpoxfordjournalsorgcontent551467fullpdfgt Acesso em 26092014 54

Ibid pg 471

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

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20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados UNHCR Note on The Principle of Non-

Refoulement Nov 1997 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid438c6d972html gt Acesso em

31092014 69

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014 70

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx 21 abril 1981 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 72

FRANCcedilA Corte Europeia de Direitos Humanos Cox v Canada Estrasburgo 9 dez 1994 Paraacutegrafo 103

Disponiacutevel em lthttpwww1umneduhumanrtsundocshtmlvws539htmgt Acesso em 08102014 73

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

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30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

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Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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Page 19: A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO … · 2019-09-28 · 1 A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS1 Piettra

19

as the duration of the treatment its physical or mental effects and in some cases the

sex age and state of health of the victim etc

hellip

However having regard to the fact that the Convention is a ldquoliving instrument which

must be interpreted in the light of present-day conditionsrdquo (see among other

authorities the following judgments Tyrer v the United Kingdom 25 April 1978

Series A no 26 pp 15-16 sect 31 Soering cited above p 40 sect 102 and Loizidou v

Turkey 23 March 1995 Series A no 310 pp 26-27 sect 71) the Court considers that

certain acts which were classified in the past as ldquoinhuman and degrading treatmentrdquo

as opposed to ldquotorturerdquo could be classified differently in future55

No entanto enviar uma pessoa a um paiacutes o qual estaacute aguardando pena de morte se

torna mais complicado O envio natildeo eacute proibido contudo deve ser observado o meacutetodo de

execuccedilatildeo a demora da detenccedilatildeo antes da execuccedilatildeo as condiccedilotildees do corredor da morte e a

idade e estado mental do indiviacuteduo podendo ser classificado como tortura ou tratamento cruel

e desumano Aleacutem disso o meacutetodo aplicado deve causar o miacutenimo de sofrimento mental e

fiacutesico caso contraacuterio o Estado requerido poderaacute negar o envio56

32 OS CASOS DE FLUXO EM MASSA

Um paiacutes que recebe um fluxo de pessoas tende a enfrentar grandes desafios sofrendo

abalos em sua estrutura interna e em alguns casos na estrutura internacional Nesse sentido o

ACNUR empenha esforccedilos visando aplicar uma proteccedilatildeo a essas pessoas aleacutem de reiterar

pedidos de solidariedade internacional atraveacutes de Conclusotildees da ONU Apesar de receber

recursos e doaccedilotildees os Estados geralmente gastam com cuidados e manutenccedilotildees ao inveacutes de

soluccedilotildees Assim o ACNUR cujo objetivo eacute respeitar a Convenccedilatildeo de 1951 geralmente

enfrenta grande dificuldade em fornecer proteccedilatildeo internacional a esses ambientes instaacuteveis57

A fim de burlar as regras com o propoacutesito de natildeo receber grandes grupos Estados

tendem a categoriza-los de forma diferente evitando a terminologia de lsquorefugiadosrsquo e assim

natildeo os adequando agrave Convenccedilatildeo de 1951 e natildeo garantindo a sua respectiva proteccedilatildeo Uma das

soluccedilotildees encontradas pelos Estados foi a adoccedilatildeo da lsquoproteccedilatildeo temporaacuteriarsquo que lhes permite

aplicar meios de proteccedilatildeo e assistecircncia urgente sem passar inicialmente pela determinaccedilatildeo

55

Corte Europeia de Direitos Humanos Selmouni v France European Court of Human Rights Estrasburgo 28

julho 1999 Paraacutegrafos 100 e 101 Disponiacutevel em lthttphudocechrcoeintsitesengpagessearchaspxi=001-

58287itemid[001-58287]gt Acesso em 27092014 56

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Clause To The Refugee Convention In Mass Influx Emergencies International Journal of Refugee Law Oxford

University Press 2004 p 23 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014

20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

EXCOM Conclusion n 22 (XXXII) 1981- Protection of Asylum-Seekers in Situations of Large-Scale

Influx Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em 02102014 62

DURIEUX Jean-Franccedilois MCADAM Jane Non Refoulement Through Time The Case For A Derogation

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University Press 2004 pg 9 Disponiacutevel em lthttpijrloxfordjournalsorgcontent1614abstractgt Acesso em

01102014 63

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

lthttpwwwpgespgovbrcentrodeestudosbibliotecavirtualinstrumentosrefugiadoshtmgt Acesso em

28092014 65

LAUTERPACHT Sir Elihu BETHLEHEM Daniel The scope and content of the principle of non-

refoulement Opinion UNHCR 2001 Pg 137 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

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lthttpwwwrefworldorgpdfid4b28bf1f2pdfgt Acesso em 31092014

23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

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Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Addressing Security Concerns without

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lthttpwwwrefworldorgdocid3c0b880e0htmlgt Acesso em 27102014 96

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lthttpwwweuieuDocumentsDepartmentsCentresAcademyofEuropeanLawCourseMaterialsHRHR2010Ch

etailChetailReading1pdfgt Acesso em 24092014 97

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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20

individual de status sendo realizada uma admissatildeo prima facie atraveacutes do estudo da situaccedilatildeo

do paiacutes de origem que resultou o ecircxodo frente o artigo 1A(2)58

analisando como um todo

Natildeo haacute um periacuteodo determinado para a sua duraccedilatildeo59

Apesar disso a aplicaccedilatildeo das proteccedilotildees da Convenccedilatildeo de 1951 eacute considerada como

um desafio aos Estados nesses casos as quais podem gerar consequecircncias draacutesticas mesmo

com a boa-feacute do Estado receptor Esse fator eacute considerado tendo em vista que aqueles que

obtecircm proteccedilatildeo temporaacuteria tecircm o direito de obter os mesmos direitos que um refugiado

devidamente reconhecido60

Nesse sentido a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 1981 definiu que

em tais situaccedilotildees deveratildeo ser aplicadas normas miacutenimas61

Alguns afirmam que a Convenccedilatildeo de 1951 natildeo poderia ser aplicada em situaccedilotildees de

fluxo em massa visto o artigo 1A(2) da Convenccedilatildeo ser individualista e natildeo havendo qualquer

menccedilatildeo em toda Convenccedilatildeo referente ao caso de um grande fluxo de pessoas Todavia Jean-

Franccedilois Durieux e Jane McAdam expotildeem o contraacuterio

While the definition of a refugee in article 1A(2) may be individualistic with regard

to the lsquowell-founded fear of being persecutedrsquo standart the categories on which a

claim of persecution may be founded are clearly group ones To assert that the

Convention does not apply in cases of mass influx is tantamount to saying that the

individual does not exist in a group Similarly the travaux preparatoires do not

reveal any intention to exclude collective persecution from the ambit of the

Convention62

No momento em que um grupo de refugiados procura proteccedilatildeo na fronteira de um

paiacutes este deveraacute recebecirc-lo mesmo natildeo tendo condiccedilotildees de acolhecirc-los por um longo periacuteodo

natildeo devendo haver rejeiccedilatildeo na fronteira e respeitando o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo63

O

58

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafo 6 Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt

Acesso em 01102014 59

Global Consultation on International Protection Protection of Refugees in Mass Influx Situations Overall

Protection Framework 19 fev 2001 Paraacutegrafos 4 e 16 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68f3c24htmlgt Acesso em 01102014 60

Ibid paraacutegrafo 10 61

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Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 22 (XXXII)

Protection of asylum-seekers in situations of a large-scale influx ldquoII Measures of protection A Admission and

non-refoulement 1 In situations of large-scale influx asylum seekers should be admitted to the State in which

they first seek refuge and if that State is unable to admit them on a durable basis it should always admit them at

least on a temporary basis and provide them with protection according to the principles set out below They

should be admitted without any discrimination as to race religion political opinion nationality country of

21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

02102014 64

Convenccedilatildeo Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 Disponiacutevel em

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lthttpwwwrefworldorgdocid3b3702b15htmlgt Acesso em 27092014 66

Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

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23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

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24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

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poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

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25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

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wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

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20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

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PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

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Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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21

princiacutepio deve ser respeitado nos casos de fluxo em massa mesmo em situaccedilotildees de proteccedilatildeo

temporaacuteria sendo claramente aceito

33 AS EXCECcedilOtildeES DO PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO

Apesar de o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo ter como escopo a proteccedilatildeo daquele com

receio de perseguiccedilatildeo em paiacutes diverso fortalecendo os direitos dos refugiados

internacionalmente exceccedilotildees a ele satildeo legalmente permitidas e estatildeo presentes no artigo 33(2)

da Convenccedilatildeo de 195164

A exceccedilatildeo deve ser aplicada atraveacutes do devido processo legal com fortes indiacutecios e

provas e caso for decidido pela sua expulsatildeo o Estado deveraacute considerar a possibilidade de

enviaacute-lo a um terceiro Estado ao inveacutes do Estado em que o refugiado estaria em risco

garantindo assim a sua seguranccedila Tambeacutem deveraacute ser observado o artigo 32(3) que garante

a concessatildeo de um prazo razoaacutevel pelo Estado de refuacutegio para que o refugiado procure obter

uma admissatildeo legal em outro paiacutes

No entanto antes de recorrer agrave expulsatildeo o Estado deveraacute realizar todos os passos que

forem necessaacuterios para ser convencido de que de fato haacute um grande risco envolvendo a

presenccedila do refugiado no paiacutes - conforme dispotildee o artigo 33(2) - utilizando a expulsatildeo como

uacuteltima instacircncia Deveraacute haver uma conexatildeo entre o indiviacuteduo em questatildeo o potencial perigo

agrave seguranccedila do paiacutes de refuacutegio e o significante aliacutevio resultante do envio desse indiviacuteduo65

Ademais seraacute necessaacuterio haver uma proporcionalidade entre os fatores

Em relaccedilatildeo a ser considerado um perigo para o paiacutes deve se atentar que o indiviacuteduo

seja um perigo para o presente ou o futuro e natildeo para o passado Ou seja condutas realizadas

no passado pelo refugiado devem ter interferecircncia em accedilotildees futuras as quais ele ainda poderia

representar um risco sendo entatildeo permissiacutevel a aplicaccedilatildeo do artigo da exceccedilatildeo Considerar

que um crime cometido pelo refugiado em um passado distante sem qualquer evidecircncia e

reincidecircncia possa caracterizar o recurso de exceccedilatildeo seria um engano66

origin or physical incapacityrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwunhcrorg3ae68c6e10htmlgt Acesso em

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Ibid pg 140

22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

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23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

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24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

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poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

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25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

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PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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22

Tambeacutem ao estipular que o refugiado deve ser considerado um perigo para a

seguranccedila do paiacutes os redatores da Convenccedilatildeo de 1951 visavam proteger o paiacutes de

acolhimento do refugiado natildeo endereccedilando os atos cometidos pela pessoa como um perigo

para um terceiro Estado ou para a comunidade internacional Contudo o perigo representado

pelo refugiado deve ser de grande intensidade67

Natildeo obstante o outro elemento que se aplica agrave exceccedilatildeo se alicerccedila em crime ou delito

cometido no passado representando uma ameaccedila agrave comunidade do paiacutes de refuacutegio Sendo

assim para serem aplicados ao artigo 33(2) o crime ou delito deve jaacute ter sido julgado sem

qualquer possibilidade de apelaccedilatildeo pois assim a exceccedilatildeo natildeo seraacute apoiada em uma mera

suspeita

A decisatildeo de expulsatildeo deve envolver um exame cuidadoso em relaccedilatildeo agrave

proporcionalidade do perigo agrave seguranccedila da comunidade ou a gravidade do crime e a temida

perseguiccedilatildeo O ACNUR recomenda que tais medidas soacute devem ser consideradas quando uma

ou vaacuterias convicccedilotildees satildeo de natureza basicamente criminal incorrigiacutevel da pessoa e quando

outras medidas tais como detenccedilatildeo ou reassentamento em outro paiacutes natildeo satildeo praacuteticos para

impedi-lo de colocar em risco a comunidade68

A existecircncia de exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo eacute algo natildeo aceito pela

totalidade da comunidade internacional Tanto a Convenccedilatildeo da OUA a Declaraccedilatildeo de

Cartagena e a Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos reconhecem o princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo contudo natildeo haacute qualquer referecircncia a exceccedilotildees a esse princiacutepio Aleacutem disso

abordagens do Comitecirc Executivo tambeacutem excluem exceccedilotildees referentes a natildeo devoluccedilatildeo

como a Conclusatildeo n 17 (XXXI) de 198069

e a Conclusatildeo n 22 (XXXII) de 198170

Contudo

natildeo haacute um claro consenso em relaccedilatildeo agrave oposiccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de exceccedilotildees devendo assim

serem obedecidas e aplicadas quando extremamente necessaacuterio

67

Conforme ressalta Atle Grahl-Madsen ldquohellipthe security of the country is invoked against acts of a rather

serious nature endangering directly or indirectly the constitution government the territorial integrity the

independence or the external peace of the country concernedrdquo (GRAHL-MADSEN Atle Commentary on the

Refugee Convention 1951 Articles 2-11 13-37 UNHCR 1997 Pg 140 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid4785ee9d2htmlgt Acesso em 28092014) 68

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23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

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24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

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Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

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Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

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27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3f5857d24ampskip=0ampquery=guidelines20on20exclusion20and

20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

27102014 95

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PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Vol 80 Nova Iorque Fordham Law Review 2001 Pgs 93 e 94

Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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23

4 EXTRADICcedilAtildeO

Extradiccedilatildeo eacute um processo formal entre Estados onde o Estado requerido entrega uma

pessoa agraves autoridades de um Estado requerente para que ela se submeta a um processo penal

ou a uma execuccedilatildeo de sentenccedila judicial permitindo que pessoas responsaacuteveis por cometer

crimes graves prestem contas Eacute uma assistecircncia juriacutedica muacutetua em mateacuteria criminal com

tratados bilaterais ou multilaterais assim como legislaccedilatildeo nacional

Anteriormente a praacutetica da extradiccedilatildeo se limitava somente aos Estados e ao seu caraacuteter

soberano poreacutem com o tempo houve um desenvolvimento legal e praacutetico significativo O

avanccedilo no direito internacional a partir de 1945 teve um grande impacto no direito de

extradiccedilatildeo71

especialmente na aacuterea de direito internacional dos refugiados e dos direitos

humanos mudando de maneira fundamental a posiccedilatildeo do indiviacuteduo no processo de

extradiccedilatildeo

Os direitos humanos no entanto natildeo se potildeem no caminho da extradiccedilatildeo impedindo a

sua realizaccedilatildeo ao contraacuterio ele reconhece ser um importante efeito de cooperaccedilatildeo a fim de

que o indiviacuteduo seja submetido a um julgamento justo sobre os seus crimes cometidos ou

caso jaacute julgado que cumpra a sua pena72

Nessa senda os direitos humanos direitos do

refugiado e os direitos consuetudinaacuterios internacionais visam assim a aplicaccedilatildeo dos direitos e

proteccedilotildees inerentes ao indiviacuteduo no processo de extradiccedilatildeo aplicaacuteveis tambeacutem nos casos de

terrorismo

O princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo conforme jaacute analisado no capiacutetulo anterior eacute aplicado

em relaccedilatildeo agrave extradiccedilatildeo73

natildeo obtendo duacutevidas quanto a isso Sendo assim no momento em

que um Estado requisita a outro o envio de uma pessoa o Estado requerido deveraacute analisar o

pedido em face de haver a certeza de que a pessoa natildeo seraacute submetida agrave tortura tratamentos

desumanos ou degradantes ou outras violaccedilotildees graves de direitos humanos

A obrigaccedilatildeo de extraditar pode ser originaacuteria de tratados bilaterais ou multilaterais ou

de instrumentos internacionais ou regionais que a estabeleccedilam De outro lado tambeacutem haacute o

71

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg V Disponiacutevel em

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lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

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Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

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30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

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Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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Page 24: A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO … · 2019-09-28 · 1 A EXTRADIÇÃO E O PRINCÍPIO DA NÃO DEVOLUÇÃO NO DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS1 Piettra

24

dever de natildeo devolver o indiviacuteduo estabelecido pelo direito internacional dos refugiados e

direitos humanos Nesses casos o Estado requerido se encontra em um conflito de deveres

considerando ter a extradiccedilatildeo um importante papel na relaccedilatildeo entre Estados

Nos casos de conflito de deveres deveraacute ser obedecida a hierarquia das obrigaccedilotildees ou

seja conforme o artigo 103 da Carta das Naccedilotildees Unidas74

juntamente com a leitura dos

artigos 55(c) e 56 o direito internacional dos refugiados e dos direitos humanos deveratildeo

sempre prevalecer75

Tais direitos tambeacutem tem hierarquia frente aos esforccedilos contra

terrorismo devendo ser observados os direitos humanos no referido caso76

o que seraacute

argumentado mais adiante

O procedimento de anaacutelise de um pedido de extradiccedilatildeo eacute determinado pela legislaccedilatildeo

nacional de cada paiacutes as leis de extradiccedilatildeo natildeo especificam nenhuma regra a ser aplicada

Assim a legislaccedilatildeo do Estado requerido eacute a que deveraacute ser seguida determinando o

procedimento e as autoridades responsaacuteveis para avaliar o pedido Como natildeo haacute nenhum

regramento padratildeo voltado agrave extradiccedilatildeo as legislaccedilotildees podem variar muito de um paiacutes para o

outro

O extraditando tem seus direitos e salvaguardas frente ao procedimento de extradiccedilatildeo

Nessas situaccedilotildees tambeacutem ficaraacute a par dos Estados regularem o envolvimento do extraditando

durante o procedimento

No caso de a extradiccedilatildeo ser negada normalmente natildeo haacute impedimento de o Estado

requerente ajuizar novo pedido de extradiccedilatildeo da mesma pessoa pelo mesmo motivo A

exceccedilatildeo se aplica na Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo a qual estipula que uma vez

negado o pedido de extradiccedilatildeo outro natildeo pode ser feito alegando a mesma ofensa77

A disponibilidade para apelar uma decisatildeo de extradiccedilatildeo eacute limitada e depende de

legislaccedilatildeo nacional de cada paiacutes Em vaacuterios Estados a decisatildeo final do membro executivo natildeo

eacute sujeita a apelaccedilatildeo ou revisatildeo da decisatildeo Durante essa fase o indiviacuteduo deveraacute permanecer

no Estado requerido

74

Carta das Naccedilotildees Unidas Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1930-

1949d19841htmgt Acesso em 15102014 75

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 14 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 76

Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas Resolution n 1624 14 set 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwunorgdocsscunsc_resolutions05htmgt Acesso em 06102014 77

Artigo 18 da Convenccedilatildeo Interamericana de Extradiccedilatildeo ldquoNegada a extradiccedilatildeo de uma pessoa natildeo se

poderaacute pedi-la de novo pelo mesmo delitordquo Disponiacutevel em lthttpwwwoasorgjuridicoportuguesetreatiesB-

47htmgt Acesso em 15102014

25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

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wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

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20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 103 Disponiacutevel em

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

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25

41 O PRINCIacutePIO DA NAtildeO DEVOLUCcedilAtildeO FRENTE A UM PEDIDO DE EXTRADICcedilAtildeO

Nos capiacutetulos anteriores foi analisado quem eacute a pessoa refugiada quais os direitos

atinentes a ela e o poder e responsabilidade do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo a fim de assegurar

proteccedilatildeo agrave vida de quem teme ser perseguido devido agrave sua raccedila religiatildeo nacionalidade grupo

social ou opiniatildeo poliacutetica Este capiacutetulo iraacute abranger tudo jaacute esclarecido frente ao ato de

extradiccedilatildeo de um refugiado

Conforme jaacute explicitado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo deve ser respeitado ao ser

pedido a extradiccedilatildeo de um indiviacuteduo discorrido na Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 17

(XXXI) 198078 contudo ele limita a funccedilatildeo da extradiccedilatildeo

No momento em haacute um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de

refuacutegio estando este protegido pelo artigo 33(1) o Estado requerido estaraacute expressamente

proibido de extraditaacute-lo ao Estado requerente Os solicitantes de refuacutegio tambeacutem natildeo poderatildeo

ser extraditados enquanto estiver pendente a determinaccedilatildeo final de sua condiccedilatildeo

Caso o refugiado se enquadre dentro dos requisitos do artigo 33(2) ndash exceccedilatildeo ndash haveraacute

a possibilidade de extradiccedilatildeo para o paiacutes requerente mesmo havendo um fundado receio de

perseguiccedilatildeo Contudo tal concessatildeo soacute seraacute admitida quando o refugiado representar uma

ameaccedila agrave ordem puacuteblica do paiacutes requerido ou um futuro risco para a sua comunidade Ao ser

compreendido no artigo 33(2) e assim extraditado o indiviacuteduo natildeo perde seu status de

refugiado

A decisatildeo de extraditar deve ter como base suficientes evidecircncias para apoiar tais

condiccedilotildees devendo garantir que sejam observados em sua totalidade os requisitos

substantivos e procedimentais Aleacutem disso deveraacute ser respeitado o requerimento de

proporcionalidade (quando o risco que ele pode vir a proporcionar para o Estado for maior

que o perigo que ele possa enfrentar nesse outro Estado) e o princiacutepio da necessidade (quando

a extradiccedilatildeo eacute vaacutelida somente se for o uacutenico meio efetivo para garantir a seguranccedila do Estado

requerido) Sendo assim seraacute necessaacuterio haver um nexo entre a extradiccedilatildeo do refugiado e a

eliminaccedilatildeo do perigo que ele representa para a seguranccedila ou para a comunidade do paiacutes

Apesar disso as exceccedilotildees ao princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo natildeo deveratildeo ser aplicadas

quando o perigo a ser enfrentado pelo refugiado no Estado requerente for configurado como

78

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion n 17 (XXXI)

Problems of extradition affecting refugees 16 out 1980 Disponiacutevel em

lthttpwwwunhcrorg3ae68c4423htmlgt Acesso em 06102014

26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

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Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

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27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

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wgt Acesso em 06102014 88

Department of International Protection Protection Policy and Legal Advice Section Background Note on

the Application of the Exclusion Clauses Article 1F of the 1951 Convention relating to the Status of

Refugees UNHCR 4 set 2003 Paraacutegrafos 11 12 e 17 Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgcgi-

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20acts20of20terrorismgt Acesso em 26102014 89

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

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Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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26

tortura ou tratamento desumano ou degradante Nessas situaccedilotildees a extradiccedilatildeo seraacute

expressamente proibida visto seu caraacuteter jus cogens79

411 O pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado

Quando o pedido de extradiccedilatildeo eacute realizado pelo paiacutes de origem ou qualquer outro paiacutes

que teria emanado o fundado receio que o dera status de refugiado estando protegido pelo

princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo o refugiado natildeo deveraacute ser extraditado ao paiacutes requerente salvo

quando devidamente enquadrado pelas autoridades do Estado requerido nas exceccedilotildees do

artigo 33(2) No caso em que a extradiccedilatildeo for negada mesmo sendo cabiacutevel a exceccedilatildeo o

Estado requerido deveraacute apresentar as razotildees ao Estado requerente que o levaram a tomar

certa decisatildeo

Todavia sendo o paiacutes requerente distinto do paiacutes de origem o qual tinha fundado

temor o Estado requerido ainda assim deve analisar se a extradiccedilatildeo do refugiado natildeo iria o

submeter a um risco de perseguiccedilatildeo de sua vida ou liberdade nem seria viacutetima de re-

extradiccedilatildeo devendo ser aplicado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo se cabiacutevel

Caso o pedido de extradiccedilatildeo seja direcionado a um Estado diverso do que teria

concedido o status de refugiado o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo tambeacutem deveraacute ser obedecido

O efeito do status eacute extraterritorial ou seja em qualquer Estado ele seraacute considerado um

refugiado acatando assim todos os direitos e proteccedilotildees inerentes a ele pela Convenccedilatildeo de

1951 No entanto um Estado poderaacute pocircr em questatildeo em casos excepcionais a sua incerteza

frente ao status de refugiado crendo que o indiviacuteduo poderaacute natildeo preencher os requisitos da

Convenccedilatildeo conforme a Conclusatildeo do Comitecirc Executivo n 12 (XXIX)80

Nessa situaccedilatildeo o

paiacutes requerido deveraacute contatar as autoridades do paiacutes que teria concedido o status a fim de

obter informaccedilotildees e os fatos completos e permitir que o segundo Estado exerccedila proteccedilatildeo

diplomaacutetica caso desejar81

79

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 11 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 80

Comitecirc Executivo do Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Conclusion No 12 (XXIX)

Extraterritorial Effect of the Determination of Refugee Status ldquo(g) Recognized therefore that refugee status as

determined in one Contracting State should only be called into question by another Contracting State in

exceptional cases when it appears that the person manifestly does not fulfil the requirements of the Convention

eg if facts become known indicating that the statements initially made were fraudulent or showing that the

person concerned falls within the terms of a cessation or exclusion provision of the 1951 Conventionrdquo

Disponiacutevel em lthttpwwwrefworldorgdocid3ae68c4447htmlgt Acesso em 12102014 81

KAPFERER Sibylle LEGAL AND PROTECTION POLICY RESEARCH SERIES - The Interface

between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 89 Disponiacutevel em

27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

lthttpwwwrefworldorgcgi-

bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

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between Extradition and Asylum Geneva UNHCR 2003 Pg 109 e 110 Disponiacutevel em

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wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

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Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

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33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

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27

Informaccedilotildees que aparecerem no curso do processo de extradiccedilatildeo poderatildeo autorizar

uma revisatildeo do seu status Assim dependendo das circunstacircncias do caso tal informaccedilatildeo

poderaacute determinar se o status de refugiado deveraacute ser cancelado ou revogado

412 O pedido de extradiccedilatildeo de um solicitante de refuacutegio

Os solicitantes de refuacutegio conforme jaacute disposto nos capiacutetulos anteriores tambeacutem estatildeo

protegidos da devoluccedilatildeo frente ao artigo 33(1) da Convenccedilatildeo de 1951 durante todo o periacuteodo

de reconhecimento inclusive na fase de apelaccedilatildeo tambeacutem sendo aplicada essa proteccedilatildeo

quando o Estado requerente tenha dado garantias diplomaacuteticas ao mesmo

Eacute de opiniatildeo do ACNUR que o correto procedimento de anaacutelise de um pedido de

extradiccedilatildeo juntamente com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sejam examinadas em separado e a

decisatildeo do status de refugiado deva ser proferida antes da extradiccedilatildeo contudo isso natildeo

significa que ambos devam ser realizados de forma isolada Caso haja um pedido de

extradiccedilatildeo esse natildeo deveraacute ser o motivo de negaccedilatildeo de uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio sendo

manifestamente infundado O paiacutes requerido deveraacute sempre analisar a situaccedilatildeo frente ao

direito internacional do refugiado os direitos humanos e o direito consuetudinaacuterio

internacional82

Quando o pedido de extradiccedilatildeo for realizado pelo paiacutes de origem do solicitante de

refuacutegio eacute aconselhaacutevel ser resolvido primeiramente a condiccedilatildeo de refugiado com o propoacutesito

de posteriormente decidir se poderaacute ser extraditado ou natildeo Todavia ambos os

procedimentos poderatildeo ser realizados de forma paralela pois informaccedilotildees que tenham relaccedilatildeo

com a conduta do indiviacuteduo poderatildeo influenciar na concessatildeo de status

Natildeo estaraacute impedido o indiviacuteduo de entrar com uma solicitaccedilatildeo de refuacutegio enquanto

pendente um pedido de extradiccedilatildeo Nesse caso a solicitaccedilatildeo de refuacutegio feita pelo indiviacuteduo

apoacutes saber do seu pedido de extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser utilizada contra ele Um pedido de

extradiccedilatildeo anterior natildeo poderaacute ser motivo de negaccedilatildeo ao status sem maiores afirmaccedilotildees

Mesmo sendo o Estado requerente um terceiro paiacutes considerado seguro ou o paiacutes de origem

que natildeo apresente condiccedilotildees de perseguiccedilatildeo a extradiccedilatildeo natildeo poderaacute ser concedida devendo

primeiramente ser deferido ou natildeo o seu status Sendo assim o solicitante deveraacute ser ouvido e

se manifestar a cerca das afirmaccedilotildees proferidas

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014 82

Ibid pg 96

28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

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30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

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lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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Disponiacutevel em lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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28

Quando analisado que o requerente se encontra dentro das exceccedilotildees dispostas no

artigo 33(2) esse sofreraacute as mesmas consequecircncias e seraacute regido pelas mesmas regras

daqueles jaacute formalmente reconhecidos

Durante o procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado caso haja um pedido

de extradiccedilatildeo afirmando que o indiviacuteduo teria cometido crimes os quais o enquadrem nas

clausulas de exceccedilatildeo do artigo 33(2) da Convenccedilatildeo de 1951 o solicitante de refuacutegio deveraacute

ser informado das evidecircncias que sustentariam a aplicaccedilatildeo da exceccedilatildeo assim como teria a

oportunidade de se pronunciar e apresentar provas com o propoacutesito de rebater as afirmaccedilotildees

arroladas83

A pessoa requerida poderaacute ser extraditada antes que seja tomada uma decisatildeo acerca

do seu pedido de refuacutegio Esse procedimento soacute poderaacute ocorrer quando a sua entrega natildeo for

ferir o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo devendo o Estado requerido obter a garantia de que o

indiviacuteduo teraacute acesso a um procedimento de refuacutegio justo e eficiente natildeo sendo exposto pelo

Estado requerente a um risco de perseguiccedilatildeo tortura ou outro dano irreparaacutevel84

42 A EXTRADICcedilAtildeO E A CLAacuteUSULA DE EXCLUSAtildeO DO STATUS DE REFUGIADO

Quando incorrido em exclusatildeo presente no artigo 1F da Convenccedilatildeo dos Refugiados a

pessoa perde a proteccedilatildeo inerente ao refugiado Conquanto ela ainda poderaacute se beneficiar da

proteccedilatildeo estabelecida pelos direitos humanos ou um tratado de extradiccedilatildeo aplicaacutevel podendo

estar incluiacuteda a proibiccedilatildeo da devoluccedilatildeo Tambeacutem haveraacute a possibilidade do Estado de refuacutegio

ter jurisdiccedilatildeo sobre os crimes que resultaram na exclusatildeo podendo laacute mesmo ser iniciado um

processo penal

No caso de perda da condiccedilatildeo de refugiado o indiviacuteduo teraacute a faculdade de apelar da

decisatildeo ou solicitar a sua revisatildeo Nesse periacuteodo o princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo frente ao

direito internacional dos refugiados ainda seraacute aplicaacutevel ateacute que uma decisatildeo final seja

proferida85

Aleacutem das condiccedilotildees estabelecidas no artigo 1F a extradiccedilatildeo poderaacute ser concedida

atraveacutes de crimes estipulados em tratados de extradiccedilatildeo ou outras legislaccedilotildees aplicaacuteveis86

Todavia os crimes aplicaacuteveis agrave exclusatildeo devem ter um caraacuteter ldquonatildeo poliacuteticordquo Para determinar

83

Ibid pg 100 84

Alto Comissariado das Naccedilotildees Unidas para Refugiados Nota de Orientaccedilatildeo Sobre Extradiccedilatildeo e Proteccedilatildeo

Internacional de Refugiados Abril 2008 Pg 34 Disponiacutevel em

lthttpwwwrefworldorgdocid49f96a4f2htmlgt Acesso em 25102014 85

Ibid pg 45 86

Ibid pg 39

29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

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bintexisvtxrwmainpage=searchampdocid=3fe846da4ampskip=0ampquery=extradition20in20international20la

wgt Acesso em 06102014

30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

SAUL Ben Exclusion of Suspected Terrorists from Asylum Trends in International and European

Refugee Law Sidney Institute for International Integration Studies 2004 Pg 5 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

PADMANABHAN Vijay To Transfer or Not to Transfer Identifying and Protecting Relevant Human

Rights Interests in Non-Refoulement Fordham Law Review 2001 Vol 80 Pg 89 Disponiacutevel em

lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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29

se o crime seria poliacutetico ou natildeo deve ser utilizada a jurisprudecircncia do direito de extradiccedilatildeo

assim como analisada a motivaccedilatildeo o contexto os meacutetodos e a proporcionalidade do crime em

relaccedilatildeo aos seus objetivos O caraacuteter de um ato de terrorismo natildeo pode ser classificado como

um crime poliacutetico poreacutem eacute considerado uma ofensa digna de extradiccedilatildeo e poderaacute ser aplicaacutevel

agraves claacuteusulas do artigo 1F dando razatildeo para natildeo obter proteccedilotildees direcionadas a refugiados87

Quando informaccedilotildees adicionais forem fornecidas a respeito de um refugiado jaacute

devidamente reconhecido suscitando duacutevidas sobre ser merecedor das proteccedilotildees inerentes aos

refugiados o indiviacuteduo poderaacute incorrer em exclusatildeo ou revogaccedilatildeo do seu status A exclusatildeo

se remete a uma invalidaccedilatildeo do status de refugiado onde ele natildeo deveria tecirc-lo obtido desde o

iniacutecio Jaacute a revogaccedilatildeo eacute a retirada do status de refugiado com efeito futuro pelo fato de a

pessoa ter se engajado em uma conduta aplicaacutevel ao artigo 1F(a) ou 1F(c)88

A aplicaccedilatildeo de

tais procedimentos soacute seraacute vaacutelida se adotada conforme o devido processo legal

Somente o Estado que reconheceu o caraacuteter de refugiado poderaacute revogaacute-lo Quando o

Estado requerido natildeo eacute o Estado de refuacutegio a extradiccedilatildeo de um refugiado que teria cometido

um seacuterio crime ldquonatildeo poliacuteticordquo aplicaacutevel ao artigo 1F seraacute admitida somente quando for

caracterizado como um crime estipulado na exceccedilatildeo do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo do artigo

33(2)89

43 OS TERRORISTAS E A EXTRADICcedilAtildeO

A Convenccedilatildeo de 1951 natildeo traz nenhuma menccedilatildeo expliacutecita sobre o ato de terrorismo

Quando realizado o projeto da Convenccedilatildeo a aplicaccedilatildeo das exclusotildees mencionadas no artigo

1F tinha como escopo a natildeo proteccedilatildeo daqueles que teriam cometido um crime contra a

humanidade trazendo lembranccedilas da II Guerra Mundial e do sistema nazista

87

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30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

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Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

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lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

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30

O objetivo de criar exceccedilotildees agrave Convenccedilatildeo de 1951 era para que aqueles que tivessem

cometido um seacuterio crime natildeo pudessem obter os mesmos benefiacutecios de proteccedilatildeo direcionados

agravequeles que sofriam com perseguiccedilotildees Assim sendo tanto governos quanto o ACNUR se

mostram preocupados em assegurar que o sistema de proteccedilatildeo internacional para refugiados

natildeo seja aplicado a terroristas90

explicitando na Resoluccedilatildeo do Comitecirc de Seguranccedila da ONU

no 1373 de 28 de setembro de 200191

Natildeo haacute uma definiccedilatildeo legal internacional sobre terrorismo a qual poderia ser utilizada

como base para a exclusatildeo do artigo 1F e definiccedilotildees nacionais existentes satildeo amplamente

divergentes Apesar de um terrorista puder ser classificado como refugiado frente ao artigo

1A(2) devido agrave magnitude de seus atos criminosos que vatildeo contra a sociedade ele natildeo poderaacute

usufruir desse direito Assim os Estados visam utilizar todas as ferramentas possiacuteveis para

combater essa ameaccedila

Para ser utilizado o artigo 1F(a) deve ser levado seriamente em consideraccedilatildeo se o ato

cometido pela pessoa seria classificado como um crime contra a paz um crime de guerra ou

um crime contra a humanidade Um crime contra a paz eacute tipicamente cometido por oacutergatildeos

estatais ou seus agentes ou oficiais dificilmente enquadrado como terrorismo92

Atos

terroristas podem ser ocasionalmente considerados como crimes de guerra quando ocorridos

durante conflitos armados

O artigo 1F(b) deve ser aplicado quando o ato terrorista for classificado como lsquocrimersquo

lsquograversquo e lsquodireito comumrsquo Contudo existem diferentes posicionamentos sobre a

aplicabilidade dessa claacuteusula e o enquadramento de terrorismo nela Eacute evidente a classificaccedilatildeo

de o ato terrorista ser um crime grave todavia existem discussotildees a cerca de ser um crime

poliacutetico ou natildeo Diferentes Cortes utilizam testes para essa categorizaccedilatildeo analisando ser o

crime proporcional ser uma violecircncia indiscriminada atroz e assim em diante93

90

ZARD Monette Exclusion terrorism and the Refugee Convention Oxford Forced Migration Review

2002 Pg 33 Disponiacutevel em lthttpwwwfmrevieworgFMRpdfsFMR13fmr1311pdfgt Acesso em

28102014 91

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 28 set 2001 ldquo3 Exorta todos os Estados a

f) Tomar as medidas apropriadas em conformidade com as disposiccedilotildees das legislaccedilotildees nacionais e do direito

internacional inclusive de acordo com padrotildees internacionais de direitos humanos antes de conceder o status de

refugiado de modo a assegurar que o mesmo natildeo seja concedido a solicitante que tenha planejado facilitado ou

participado da execuccedilatildeo de atos terroristas

g) Assegurar em conformidade com o direito internacional que o instituto do refuacutegio natildeo seja indevidamente

utilizado por perpetradores organizadores ou cuacutemplices de atos terroristas e que a alegaccedilatildeo de motivaccedilatildeo

poliacutetica do crime natildeo seja reconhecida como fundamento para denegar a extradiccedilatildeo de acusados de terrorismordquo

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em 26102014 92

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lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=735265gt Acesso em 27102014 93

Ibid pg 6

31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

Unidasrdquo Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto2001D3976htmgt Acesso em

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

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lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

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31

Jaacute o artigo 1F(c) tem sido defendido como o mais aplicaacutevel frente agrave exclusatildeo do status

de refugiado de possiacuteveis terroristas Sua leitura juntamente com a Resoluccedilatildeo 1373 (2001) do

Conselho de Seguranccedila94

daacute a entender que de fato tal classificaccedilatildeo possa ocorrer

Entretanto considerando a ausecircncia de uma definiccedilatildeo amplamente aceita sobre o que seria um

ato terrorista essa aplicaccedilatildeo pode ser considerada vaga e de difiacutecil interpretaccedilatildeo Ainda o

ACNUR entende que o estipulado no artigo 1F(c) deva ser aplicado somente a pessoas agindo

em favor de um Estado devido agrave crenccedila de que os propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas

tenham a intenccedilatildeo de ser um guia para os Estados e suas relaccedilotildees95

Ainda assim essa

condiccedilatildeo conta com um nuacutemero crescente de casos que excluiacuteram pessoas da proteccedilatildeo da

Convenccedilatildeo de 1951 por apresentarem um caraacuteter terrorista

Apesar de a proteccedilatildeo inerente ao refugiado natildeo ser aplicada ao terrorista ele ainda

conta com a proteccedilatildeo dos direitos humanos e assim seraacute protegido pelo princiacutepio da natildeo

devoluccedilatildeo O terrorista tambeacutem obteraacute a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo quando houver indiacutecios

de que este possa ser torturado ou possa obter um tratamento desumano em paiacutes diverso

Devido ao caraacuteter jus cogens da proibiccedilatildeo agrave tortura ele natildeo poderaacute ser enviado96

Quando o terrorista natildeo puder ser enviado ao seu paiacutes de origem o Estado que o

acolhe pode usufruir de dois meacutetodos o enviando a um terceiro Estado que seja considerado

seguro obtendo as devidas garantias que este natildeo o enviaraacute ao seu paiacutes de origem nem o

submeteraacute sua vida e sua liberdade em risco ou mantecirc-lo dentro do seu territoacuterio

Devido o caraacuteter de seus atos eacute difiacutecil um terceiro Estado aceitar acolher natildeo

nacionais suspeitos de praacutetica de terrorismo pois representaria um risco agrave sua sociedade

Ainda aqueles que o acolhem em caraacuteter humanitaacuterio podem ser persuadidos atraveacutes de

pressatildeo diplomaacutetica do Estado de origem Considerando que a sua aceitaccedilatildeo normalmente se

daacute atraveacutes de uma accedilatildeo relutante ceder agrave pressatildeo natildeo eacute uma reaccedilatildeo difiacutecil de acontecer97

94

Conselho de Seguranccedila das Naccedilotildees Unidas Resoluccedilatildeo 1373 ldquo5 Declara que atos meacutetodos e praacuteticas de

terrorismo satildeo contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees Unidas e que o financiamento planejamento e

incitamento deliberado de atos terroristas satildeo igualmente contraacuterios aos propoacutesitos e princiacutepios das Naccedilotildees

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

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33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

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32

Quando natildeo for possiacutevel enviar o terrorista ou suspeito de terrorismo nem ao seu paiacutes

de origem nem a um terceiro Estado o paiacutes de acolhimento deveraacute mantecirc-lo Nesses casos o

Estado normalmente adota restriccedilotildees ao indiviacuteduo com o objetivo de proteger a populaccedilatildeo

como o ldquoPrevention of Terrorism Actrdquo 98

no Reino Unido

A comunidade internacional trabalha em favor do combate ao terrorismo havendo

uma pressatildeo da Assembleacuteia Geral da ONU do Conselho de Seguranccedila do ACNUR de

organismos internacionais e inclusive de Estados para afastaacute-los da proteccedilatildeo concedida pela

Convenccedilatildeo de 1951 a fim de que natildeo haja uma impunidade de seus atos criminosos obtendo

um benefiacutecio direcionado a pessoas que fogem de um risco agrave sua vida ou liberdade

Havendo um terrorista em seu territoacuterio os Estados devem obedecer aos direitos

humanos o expulsando para outro paiacutes da forma mais legal possiacutevel Contudo haacute a faculdade

de o indiviacuteduo apresentar razotildees contra a expulsatildeo a uma autoridade competente apelar da

decisatildeo proferida e ainda obter representaccedilatildeo durante os procedimentos de extradiccedilatildeo99

5 CONCLUSAtildeO

O dever interente aos Estados de acatar a proteccedilatildeo do princiacutepio do non-refoulement

traz um aliacutevio agravequeles que o satildeo direcionados A proibiccedilatildeo de submeter um indiviacuteduo a um

Estado onde sua vida ou liberdade possam ser ameaccediladas eacute uma pedra angular na efetivaccedilatildeo

dos direitos humanos estendida a todos os Estados sem exceccedilatildeo devido ao seu caraacuteter

costumeiro no direito internacional

Presente na Convenccedilatildeo de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados o princiacutepio se

aplica aqueles caracterizados como refugiados conforme estipulado na Convenccedilatildeo obtendo

assim uma proteccedilatildeo internacional Todavia deve ser feita uma rigorosa avaliaccedilatildeo de quem eacute

digno desses direitos respeitando os requisitos procedimentais estipulados por cada Naccedilatildeo e o

devido processo legal a fim de aqueles que pretendem utilizar o refuacutegio como uma praacutetica

para evitar a sua condenaccedilatildeo pelo cometimento de um crime grave natildeo seja abstido

98

Nele eacute aplicado um controle do Estado em relaccedilatildeo ao suspeito de terrorismo como restriccedilotildees em

comunicaccedilatildeo e viagem toque de recolher e o direito de um policial aparecer em sua residecircncia quando lhe

convier No entanto esse controle se mostrou ineficaz devido agraves inuacutemeras restriccedilotildees impostas resultando em

uma privaccedilatildeo de sua liberdade (REINO UNIDO Prevention of Terrorism Act 2005 Parlamento do Reino

Unido Londres 16 dez 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwlegislationgovukukpga20052contentsgt Acesso

em 26102014) 99

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lthttppapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=1734923gt Acesso em 26102014

33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

eacute necessaacuterio a fim de obter maiores elucidaccedilotildees

34

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33

Durante o artigo pocircde ser constatada a importacircncia do princiacutepio da natildeo devoluccedilatildeo

frente ao direito da pessoa humana de modo a ser uma grande preocupaccedilatildeo dos Estados da

comunidade internacional e do ACNUR

Quando realizado um pedido de extradiccedilatildeo de um refugiado ou solicitante de refuacutegio

os Estados requeridos devem garantir o cumprimento da aplicaccedilatildeo do princiacutepio o qual natildeo

visa inocentar a pessoa objeto de extradiccedilatildeo pelos seus crimes cometidos pelo contraacuterio ele

reconhece ser a extradiccedilatildeo uma importante ferramenta contra a impunidade inclusive para a

relaccedilatildeo entre os Estados

Contudo muitas vezes um pedido de extradiccedilatildeo tem um propoacutesito persecutoacuterio

podendo haver um retorno direto ou indireto o qual pode colocar o indiviacuteduo em grande risco

Nesse sentido os Estados devem cumprir com as suas obrigaccedilotildees de proteccedilotildees presentes no

direito internacional dos refugiados e nos direitos humanos devendo assegurar que o

refugiado seja entregue ao Estado requerente de forma legal

Com o grande nuacutemero de movimentos de refugiados e solicitaccedilotildees de refuacutegio

ocorridos devido a conflitos internos ou calamidades os Estados tecircm que estar preparados

para recebecirc-los e protegecirc-los garantindo uma vida justa em seu territoacuterio Ainda assim

mesmo com boa feacute o deslocamento de grandes nuacutemeros de refugiados a demora e o alto

custo de um procedimento de determinaccedilatildeo do status de refugiado e o balanccedilo provocado na

economia interna ndash o qual acaba respingando na comunidade internacional ndash dificulta o

trabalho do Estado de refuacutegio que acaba por muitas vezes fechando as suas portas para

aqueles caracterizados como refugiados ato tal podendo ser presenciado atualmente na

Turquia em relaccedilatildeo a refugiados siacuterios

Visando obter sucesso na proteccedilatildeo internacional dos refugiados eacute imprescindiacutevel

haver uma cooperaccedilatildeo entre oacutergatildeos internacionais e Estados natildeo somente para aplicar e

fiscalizar a proibiccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo e as devidas proteccedilotildees mas tambeacutem para ajudar paiacuteses

que recebem um grande nuacutemero de refugiados

Aleacutem disso a proibiccedilatildeo de expulsar ou o rechaccedilar um refugiado para a fronteira de

territoacuterios em que a sua vida ou sua liberdade possam ser ameaccediladas deve ser rigorosamente

aplicada principalmente para garantir que o processo de extradiccedilatildeo continue sendo uma

ferramenta efetiva para prevenir a impunidade e combater crimes transnacionais

O presente trabalho teve como base uma anaacutelise sobre a proteccedilatildeo da natildeo devoluccedilatildeo do

refugiado frente um pedido de extradiccedilatildeo Contudo um estudo mais aprofundado sobre o caso

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