a experincia da alma transformada

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NOTAS A experiência da transformação da alma A EXPERIÊNCIA DA TRANSFORMAÇÃO DA ALMA 173

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Alma

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NOTASA experiência da transformação da alma

A EXPERIÊNCIA DA TRANSFORMAÇÃO DA ALMA

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NOTASA experiência da transformação da alma

A EXPERIÊNCIA DA TRANSFORMAÇÃO DA ALMAEsboço do Planejamento do Curso

Meta

Que você experimente a transformação e restauração da mente, vontade e emoção, segundo a vontade de Deus.

Outros Objetivos

Que você aprenda as estratégias do inimigo contra a sua alma;

Que você obtenha livramento da passividade da mente e da vontade;

Que você aprenda a cooperar com o Espírito Santo para a restauração completa de sua alma.

Sugestões Bibliográficas

1.PERSONALIDADES RESTAURADAS – Valnice Milhomens 2 .O HOMEM ESPIRITUAL VOL.III - T. S. Watchman Nee

Recomendações Muito Importantes

Tenha uma disposição em seu coração de, diligentemente, cooperar com o Espírito Santo para restauração completa de suas emoções, mente e vontade. A fim de experimentar a perfeita, boa e agradável vontade de Deus para sua vida.

Após o ensino das verdades contidas nesta disciplina, ore ao Pai e peça que o Espírito Santo derrame luz sobre sua vida, mostrando-lhe.

A EXPERIÊNCIA DA TRANSFORMAÇÃO DA ALMA

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A MENTE: UM CAMPO DE BATALHA

De acordo com a Bíblia, a mente do homem é incomum por se constituir um campo de batalha onde satanás e seus maus espíritos contendem contra a verdade e daí contra o crente. A mente e o espírito do homem são como uma cidadela que os maus espíritos anseiam por capturar. O campo aberto onde a batalha se trava para a conquista da cidadela é a mente do homem.

Em 2 Cor.10:3-5, o Apóstolo Paulo compara os argumentos e raciocínios do homem a uma fortaleza do inimigo. Ele descreve a mente como que possuída pelo inimigo; deve ser quebrada então pela batalha travada. Muitos pensamentos rebeldes estão armazenados nestas fortalezas e precisam ser levados cativos à obediência de Cristo. Tudo isso mostra claramente que a mente do homem é o cenário da batalha onde os maus espíritos entram em conflito com Deus. Podemos ver claramente como os poderes das trevas se relacionam principalmente com a mente do homem e como ela é peculiarmente susceptível aos ataques de Satanás. Com respeito às outras funções da alma, vontade e emoção, Satanás não tem como fazer nada diretamente a menos que tenha ganhado algum terreno neles. Mas com respeito à mente, ele pode operar; livremente sem primeiro persuadir o homem ou garantir o seu convite.

Antes da regeneração o intelecto do homem o impede de compreender a Deus. É necessário que Seu grandíssimo poder destrua os argumentos do homem. Esta é uma obra que deve ocorrer na hora do novo nascimento, e acontece na forma de arrependimento. Mas mesmo depois do arrependimento a mente do crente não é totalmente liberada do toque de Satanás; ele vai continuar agindo. Em 2 Cor. 11:3 Paulo reconhece que deus desse mundo segue a mente dos não crentes e engana a mente dos que crêem. Hoje, muitas vezes Satanás se disfarça como um anjo de luz a fim de conduzir os santos, propagando um evangelho diferente do evangelho da graça de Deus. Na verdade são poucos os que poderiam imaginar que o diabo poderia dar bons pensamentos aos homens!

É possível que um filho de Deus tenha uma nova vida e um novo coração e ainda não ter uma nova cabeça. Quão freqüentemente as intenções do coração são inteiramente puras, mas os pensamentos na cabeça são confusos. Se a mente do cristão não é renovada, sua vida está destinada a ser desequilibrada e estreita. O povo de Deus precisa saber que, se desejam viver uma vida plena, sua mente deve ser renovada. A Bíblia declara enfaticamente que devemos "ser transformados pela renovação da nossa mente" (Rm12: 2).

A Mente Sob o Ataque dos Espíritos Maus

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O cristão pode descobrir que é incapaz de regular sua vida mental e fazer que ela obedeça ao propósito da sua vontade. Pergunte a se mesmo: Que controla a minha mente? Eu mesmo? Se assim for, por quê não posso controlá-la agora? É Deus que dirige minha mente? Se não sou eu nem Deus que regula a vida mental, que então está no controle? Obviamente são os poderes das trevas. Por isso, sempre que o filho de Deus observa que não tem mais capacidade para governar a mente, ele deve perceber logo que é o inimigo quem a está dirigindo.

Um fato que devemos sempre manter em mente é este: o homem possui vontade livre. A intenção de Deus é que o homem tenha controle de si mesmo. Ele tem autoridade para regular cada uma de suas capacidades naturais; por isso todos os seus procedimentos mentais devem estar sujeitos ao poder da sua vontade. O cristão deve perguntar a si mesmo: Esses são meus pensamentos? Sou eu quem está pensando? Se não sou eu, então deve ser o espírito maligno que é capaz de operar na mente do homem. Essa pessoa deve saber que neste caso ela não teve a intenção de pensar e ainda assim pensamentos brotaram em sua cabeça. Sua conclusão deve ser que estes pensamentos não são seus e sim do espírito maligno. Mas como saber se um pensamento é seu ou de um espírito maligno? O cristão deve observar como ele surgiu. Se sua faculdade mental está tranqüila e serena, funcionando normal e naturalmente e, de repente, um pensamento desordenado e sem qualquer ligação com suas atuais circunstâncias brota, mui provavelmente é uma ação dos maus espíritos. Eles estão tentando injetar seus pensamentos na cabeça do crente para assim levá-lo a aceita-los como seu. Se o filho de Deus não deu origem à idéia, mas pelo contrário, se opõe a ela, e mesmo assim ela continua em sua cabeça, pode concluir que tal pensamento vem do inimigo. Cada pensamento que o homem escolhe não pensar, e cada um que se opõe à vontade do homem, não vem dele e sim do exterior. É muito importante saber que os poderes das trevas operam não apenas do lado de fora, mas do lado de dentro do homem também. Isto quer dizer que eles podem se comprimir na vida de pensamento do homem e operar dali. Os espíritos malignos possuem uma capacidade de comunicação que o homem não possui. Eles podem trabalhar inicialmente na mente do homem e depois alcançar sua emoção e vontade. A Bíblia mostra claramente que os poderes das trevas tanto podem comunicar idéias ao homem como tirá-las dele: O diabo já havia colocado no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse (Jo. 13:2) e "Logo vem o diabo e tira-lhes do coração a palavra" (Lc. 8:12). As Causas do Ataque dos Maus Espíritos

Sempre que alguém oferece oportunidade aos maus espíritos, ele não pode mais seguir sua própria vontade, mas deve ser obediente à vontade do outro. Ao ceder terreno a eles em sua

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mente, imediatamente sua soberania sobre ela é perdida. Devido a essa afinidade entre a mente e os maus espíritos, o cristão freqüentemente abre caminho para eles. O terreno ganho concede autoridade a essas potestades para operarem sem impedimento na mente do crente. Mas a mente do homem pertence ao homem; sem sua permissão, o inimigo não tem poder para usá-la.

É no órgão do seu pensamento que o cristão fornece território aos maus espíritos e dali é que eles operam. Falando de modo geral, são seis os tipos de terrenos que podem ser cedidos ao inimigo. Vamos examinar cada um deles.

a) Uma Mente Não Renovada

Se a mente do cristão não é renovada depois do seu espírito ser regenerado, ele expõe grande território às maquinações do espírito maligno. Sabedores de que essa mente não renovada constitui sua melhor oficina de trabalho, as forças do inimigo empregam todo artifício para manter o crente na ignorância ou então o impedindo de buscar a renovação da sua mente.

b) Uma Mente Incorreta

Todos os pecados fornecem território ao adversário. Se um filho de Deus alimenta o pecado em seu coração, ele está emprestando sua mente aos espíritos satânicos para uso deles. Todos os pensamentos impuros, orgulhosos, sem bondade e injustos fornecem bases de atividades a esses espíritos.

c) Interpretar Mal a Verdade de Deus

Se os seguidores de Deus compreendem ou interpretam erradamente como sendo natural ou causado por eles mesmos, aquilo que os maus espíritos causaram em seus corpos, circunstâncias ou trabalhos, eles estão cedendo terreno precioso a eles para suas abomináveis realizações. Uma mentira abraçada fora o terreno para mais atividades pelos elementos satânicos. Por outro lado, muitos cristãos interpretam mal as verdades de Deus. Os maus espíritos planejam de acordo com o entendimento errado do crente e este julga que essas coisas são de Deus, ignorando que elas são apenas uma imitação dos maus espíritos e fundamentadas no seu mal entendimento.

d) Aceitação de Sugestões.

Os espíritos malignos colocam seu pensamento na forma de profecia, depois a plantam na mente do crente para ver se ele vai aceitá-la ou rejeitá-la. Se a mente dele não oferecer objeção, e, pelo contrário, até mesmo aprovar esta profecia, os espíritos da impiedade conquistaram um lugar para realizar o que propuseram. O cumprimento das palavras dos adivinhos é baseado inteiramente nesse princípio. Os demônios injetam palavras com respeito ao

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corpo do cristão, tais como predizer sua fraqueza ou doença. Se o crente absorve este pensamento, ficará, de fato, doente e fraco.

e) Uma Mente Vazia

Deus criou o homem com uma mente para ser usada. Uma mente vívida é um obstáculo à obra dos demônios. Um dos seus maiores alvos, é conduzir a mente da pessoa a um estado de vazio, pois enquanto a cabeça estiver vazia, ele não pode pensar. O cristão deve exercitar sua mente, pois assim barra a ação maligna.

f) Uma Mente Passiva

A diferença entre uma mente passiva e uma vazia é que a mente vazia não é usada e a passiva fica à espera de alguma força exterior para ativá-la. Passividade é se abster de mover por si mesmo e deixar que elementos exteriores façam isso. A passividade reduz o homem a uma máquina. A passividade oferece aos espíritos malignos oportunidade de ocupar também a vontade e o corpo do crente. Se alguém permitir que sua cabeça cesse de pensar, pesquisar, decidir e de examinar sua experiência e ação à luz da Bíblia, ele está praticamente convidando Satanás a invadir sua mente e enganá-lo. Em seu desejo de seguir a direção do Espírito Santo, muitos dos filhos de Deus sentem que não precisam medir, investigar e julga à luz da Bíblia todos os pensamentos que aparentemente vêm de Deus.

Passividade

A causa da passividade é a ignorância do cristão. O caminho normal da condução de Deis é na intuição do espírito e não na mente. O crente deve seguir a revelação da sua intuição, e não o pensamento em sua mente. Sim, é pela intuição que chegamos a conhecer a vontade de Deus, mas adicionalmente precisamos da mente para inspecionar nosso sentimento interior a fim de determinar se ele vem da intuição ou se é uma imitação das nossas emoções. Sabemos pela intuição; tiramos a prova pela mente. A cabeça não deve nunca guiar ou conduzir, mas inquestionavelmente, ela precisa testar a autenticidade da direção. Tal ensinamento concorda com as Escrituras (Ef. 5:17, 10).

Um crente pode escorregar para a passividade, quando espera que Deus coloque Sua vontade em seu pensamento; cegamente segue toda condução sobrenatural sem empregar sua inteligência para examinar se ela vem de Deus. A conseqüência de tal ignorância é a invasão do inimigo. Os adivinhadores, os agoureiros, os médiuns, os necromantes, dizem que a fim de ficarem possessos por aquilo que chamam de "deuses" (que na realidade são demônios), a vontade deles não deve oferecer qualquer resistência, a mente deve ser reduzida a um branco total Os maus espíritos ficam vibrando quando encontram. A distinção

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básica entre as condições de operação do Espírito Santo e dos maus espíritos podem ser resumidas desse modo:

a) Todas as revelações e visões sobrenaturais que exigem a suspensão total da função da mente, ou que só são obtidas pelo cessar do seu funcionamento, não são de Deus.

b) Todas as visões que têm sua origem no Espírito Santo são concedidas quando a mente do crente está plenamente ativa e a ação do demônio segue um caminho oposto.

c) Tudo o que flui de Deus concorda com a natureza de Deus e a Bíblia.

Vamos apresentar agora mais três diferenças entre a ação de Deus e a dos demônios.

a) O pensamento dos demônios sempre invade vindo do lado de fora, entrando principalmente pela mente.

b) O pensamento deles força, empurra e compele o homem a agir imediatamente, nunca concede tempo para pensar, considerar ou examinar.

c) Os demônios confundem e paralisam a mente do homem, para que não mais possam pensar.

OS FENÔMENOS DE UMA MENTE PASSIVA

Vamos apresentar rapidamente os fenômenos de uma mente sob o ataque dos maus espíritos.

Pensamentos Relâmpagos

Depois que a mente de alguém afunda na passividade, ele receberá muitos pensamentos injetados pelo lado de fora, noções impuras, blasfemas e confusas. Tudo isso passa por sua mente em sucessão. Embora ela decida rejeitá-las, não tem poder para fazê-la cessar ou para alterar a inclinação do seu pensamento. Algumas vezes, essas idéias reluzem no cérebro de alguém como um relâmpago.

Imagens

O adversário também pode projetar imagens, boas ou impuras, na mente do crente. Isso acontece porque seu poder de imaginação declinou para a passividade. Ele não pode controlar seus poderes imaginativos, mas permitiu o controle deles pelos maus espíritos.

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Sonhos

Os sonhos podem ser naturais e sobrenaturais. Alguns são inspirados por Deus e ainda outros por Satanás. Os poderes malignos podem criar imagens durante o dia e sonhos durante a noite. À noite o cérebro não é tão ativo como de dia, sendo, desse modo, mais passivo e mais propenso a ser manipulado pelo diabo. Tais sonhos fazem com que se levante pela manhã seguinte com a cabeça pesada e um espírito melancólico. Os sonhos e as visões de Deus capacitam o homem a ser normal, tranqüilo, cheio de raciocínio e consciente. Os sonhos inspirados por Satanás, são grotescos, impetuosos, fantásticos, tolos e tornam a pessoa arrogante, atordoada, confusa e irracional.

Insônia

Este é um mal comum dos santos. Ao deitarem à noite, muitos experimentam pensamentos sem fim brotando em suas mentes. Continuam pensando no seu dia de trabalho ou relembrando experiências passadas, ou mesmo enchendo suas mentes com uma mistura de assuntos. Eles pensam de antemão nas obrigações da manhã seguinte, tais como o que devem fazer e qual seria o melhor plano. Seus cérebros giram incessantemente. Essas pessoas querem realmente dormir, mas não conseguem parar de pensar. No curso normal dos acontecimentos, o sono renova o espírito das pessoas; mas quando se passa noites e noites de insônia, tal crente chegará a ter pavor do sono, da cama e da noite.

Esquecimento

Devido ao ataque do diabo, muitos santos são destituídos do seu poder de memória e sofrem de esquecimento. Eles esquecem até mesmo o que disseram e fizeram. Não podem localizar objetos que guardaram naquele mesmo dia. Outro fenômeno pode ser observado: o crente pode normalmente possuir uma boa memória, mas em vários momentos críticos ela falha inexplicavelmente. Tudo isso é ação de demônios.

Falta de Concentração

Alguns, por ação de espíritos malignos, parecem não ter qualquer poder de concentração quando tentam pensar; outros são melhores, mas seus pensamentos voam para qualquer lugar depois de uns poucos momentos de concentração num determinado assunto, principalmente, durante a oração e a leitura da Bíblia. Há irmãos que não têm consciência do que estão lendo e não conseguem prestar atenção aos cultos. Espíritos malignos tentam evitar que ouçam o que seria útil, não fazendo cessar a operação de suas mentes, mas forçando-os a pensar em outras coisas. Por essa

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razão, muitos cristãos não conseguem ouvir o que os outros lhes dizem. Antes que o outro termine, ele já está interrompendo impacientemente, pois os maus espíritos o inspiraram com inúmeros pensamentos.

Inatividade

Num último estágio, a mente do crente perde sua capacidade de pensar e cai quase que inteiramente nas mãos dos maus espíritos. A pessoa torna-se incapaz de pensar, pois não consegue iniciar qualquer pensamento, pois milhares de pensamentos passam por sua mente a cada instante e ele não tem como fazê-los cessar. O crente escravizado desenvolverá um ponto de vista desordenado e desequilibrado. Um pequeno monte aos seus olhos parece uma montanha. Essa pessoa foge de situações e pessoas que o forcem a pensar. Todo o seu tempo é dissipado, gasto sem pensamento, imaginação, raciocínio ou consciência.

Vacilação

São cristãos que não têm firmeza de caráter e que trocam de posição interminavelmente. Todavia, na realidade, são os espíritos iníquos que mudam seus pensamentos e alteram suas opiniões. De manhã decidem fazer algo e à tarde já mudaram de idéia.

Tagarelice

Geralmente, crentes assaltados por Satanás são muito tagarelas, visto que suas cabeças estão explodindo com pensamentos, suas bocas não podem estar sem grande abundância de palavras. A mente que não pode ouvir aos outros, mas exige que os outros a ouçam é uma mente doente. Muitos cristãos são como máquinas falantes, operadas por forças externas. Quantos não podem refrear suas línguas da fofoca, dos gracejos e da difamação! Parece que as idéias tão logo surgem em suas mentes e antes que haja oportunidade para considerá-las, já se transformaram em palavras _ a língua fica fora do controle da mente e da vontade. Tudo isso é causa da passividade da mente. O cristão deve compreender que todas as suas declarações devem ser o resultado do seu próprio pensar.

Obstinação

Uma pessoa passiva se recusa categoricamente a ouvir qualquer raciocínio ou evidência, após ter tomado uma decisão. Não está disposto a ouvir os outros, pois julga que nunca podem saber o que ele sabe! Esse tipo de pessoa está aceita todas as vozes sobrenaturais como sendo de Deus e uma vez que ele crê que a direção é de Deus, sua mente é selada contra qualquer mudança.

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O Sintoma dos Olhos

A mente que é passiva e assaltada pelos maus espíritos, pode ser identificada prontamente através dos olhos. Os olhos do homem revelam sua mente mais do que qualquer outra parte do seu corpo. Enquanto um pessoa com a mente passiva conversa com os outros, seus olhos tendem a vaguear ao redor, para cima e para baixo, voando em todas as direções ou então, ela não consegue olhar no rosto do outro. Os olhos podem também se fixar em uma direção sem nem mesmo piscar, como se estivesse paralisado.

Finalmente

Recapitulando: os fenômenos da mente de um cristão sob o ataque dos maus espíritos são múltiplos e variados. Um princípio, entretanto, é a base de todos eles: a pessoa perde seu controle. Inatividade em lugar de atividade, inquietação em lugar de calma, agitação devido à inundação de pensamentos, incapacidade de concentração, ou para distinguir ou lembrar, confusão fora de controle, trabalhos sem fruto, ausência de trabalho durante o dia e sonhos e visões à noite, insônia, dúvidas, falta de vigilância, medo sem razão, perturbação a ponto de agonia, todas estas coisas são inspiradas pelos maus espíritos.

O CAMINHO DO LIVRAMENTO

Se você percebeu que ainda há passividade em sua mente, não se desespere, há um caminho para o livramento, basta buscá-lo com diligência.

Os Ardis dos Maus Espíritos

Os que vão buscar o livramento, devem saber que os maus espíritos não permitirão seus cativos saiam livres sem luta. É importante que você realmente saiba, tenha clareza, que cedeu espaço a demônios e decida firmemente reconquistar o espaço cedido. O diabo vai usar várias táticas para impedi-lo, e, caso não consigam, tentarão uma luta final para ganhá-lo, empregando sua costumeira tática mentirosa, apontando-lhe que não poderá reconquistar sua liberdade por ter se afundado demasiadamente na passividade, ou então que Deus não está disposto a lhe conceder graça novamente, ou mesmo que será melhor que ele não resista, ou que de qualquer forma ele não poderá ver o dia do livramento; por isso, por que se aborrecer com esforço e sofrimento? Nessa luta, o crente deve aprender que a as armas de guerra devem ser espirituais, pois as carnais de nada lhe valem.

O Terreno Perdido a Ser Recuperado

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Sintetizando o que já vimos, os maus espíritos têm podido operar na mente do crente por (1) uma mente não renovada, (2) aceitação das mentiras dos maus espíritos, e (3) passividade. Depois de identificar em qual dessas áreas ele cedeu território aos maus espíritos, ele deve partir imediatamente para a recuperação do terreno perdido. A mente não renovada deve ser renovada; a mentira aceita deve ser localizada e renunciada; e a passividade deve ser transformada em ação livre.

A Mente Renovada

Deus não deseja uma mudança na mente de Seus filhos apenas na ocasião da conversão. A mente deve ser renovada constantemente e completamente, visto que qualquer resíduo da sua carnalidade é hostil a Deus. Rm 8:7, 2 Co.10:5; Rm. 6:11,12 e Efésios 4, são versículos que nos advertem quanto ao domínio de Satanás em algumas áreas de nossa vidas e introduzem a cruz como o instrumento para a renovação da mente. A salvação que Deus comunica através da cruz inclui não apenas uma nova vida, mas a renovação de cada função da nossa alma também. A salvação que está profundamente arraigada em nosso ser deve ser gradualmente "desenvolvida". Precisa ficar claro para nós que a renovação é obra de Deus, mas o despojar o negar, o abandonar o seu velho órgão do pensamento é o que você deve fazer.

Depois de reconhecer a velhice da sua mente e desejar despojá-la pela cruz, o cristão deve agora praticar a negação diária de todos os pensamentos carnais. De outro modo, a renovação será impossível. Em 2 Co.10.5, aprendemos que devemos trazer todos os pensamentos cativos à obediência de Cristo; devemos examinar o pensamento para determinar se: (1) ele vem da sua mente velha, ou (2) se ele emana do terreno cedido, e se (3) oferecerá novo terreno aos maus espíritos, ou se (4) ele brota de uma mente normal e renovada.

Mentiras Renunciadas

Quando o salvo se coloca debaixo da luz de Deus, ele descobre que freqüentemente no passado as mentiras dos maus espíritos foram por ele aceitas, levando a uma situação de passividade. Exercitando-se, o filho de Deus descobrirá que muitas aflições, fraquezas, doenças e outros fenômenos em sua vida hoje, aconteceram porque ele aceitou direta ou indiretamente as mentiras nele plantadas no passado pelos demônios. Para se assegurar a liberdade, o cristão deve experimentar a luz de Deus, que é a verdade de Deus. Visto que ele anteriormente perdeu terreno por crer nas mentiras, agora deve recuperar este terreno negando todas as mentiras. Deve orar buscando luz de Deus para conhecer toda a verdade. Pela oração e pela escolha da vontade, ele deve resistir a toda mentira satânica.

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A Normalidade Reconhecida

O crente passivo que deseja se libertar precisa urgentemente determinar o que é normal para ele. Ele precisa ser restaurado ao seu estado original aquele estado que possuía antes de cair através do engano do inimigo. Algumas perguntas são importantes fazer nesse processo de volta à normalidade: qual era a minha condição anterior? A que distância eu estou dela hoje? Como posso ser restaurado a ela? E ainda: Minha mente nasceu tão confusa ou houve uma ocasião quando não era confuso? Minha memória sempre foi tão pobre ou houve um período quando eu podia lembrar bem?

A Passividade Destruída

Precisamos entender uma lei básica no reino espiritual: nada que pertença ao homem pode ser realizado sem o consentimento da sua vontade. É devido à ignorância que o filho de Deus aceita o engano dos maus espíritos e dá permissão a eles para operarem em sua vida. Agora, para retomar o terreno, deve retirar o consentimento dado aos demônios, insistindo no fato de que ele é seu próprio senhor e não vai tolerar que o inimigo manipule qualquer parte do seu ser.

Nesse processo de retomada, o crente deve tomar a iniciativa em cada ação e não depender de ninguém mais. Ele deve tomar sua própria decisão, sem esperar passivamente pelo outros ou por circunstâncias. Orando e vigiando, deve avançar passo a passo. Deve exercitar sua mente e pensar: pensar no que deve fazer, falar ou se tornar. O crente deve entender que este processo pode demorar. Cada sugestão do inimigo dada ao crente deve ser enfrentada resolutamente com a verdade da Bíblia. Responda as dúvidas com os textos da fé; reaja ao desespero com as palavras de esperança; responda ao temor com palavras de paz. A vitória é obtida pelo manejo da Espada do Espírito.

Liberdade e Renovação

À medida que o crente recupera o terreno, o efeito se manifestará. No início, quando começa o processo, pode parecer que as coisas estão piorando, mas não desista. Se você permanecer no fundamento da cruz e exercitar sua mente para resistir a usurpação do inimigo, logo será libertado completamente e se tornará senhor da sua própria vida mental. Deus quer que a mente do cristão seja não apenas livrada dos grilhões do poder das trevas pelo controle de si mesma, mas que seja renovada a fim de poder cooperar completamente com o Espírito Santo.

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AS LEIS DA MENTE

Com sua mente renovada, o filho de Deus tem a capacidade de concentração muito mais aguçada, o entendimento mais perceptivo, a memória mais vigilante, o raciocínio mais claro, a perspectiva menos limitada, e até mesmo mais facilidade para receber conhecimento espiritual.

Todavia, mesmo que a mente tenha sido renovada, não existe garantia de que não possa ser atacada novamente, por isso, o cristão deve manter constante vigilância. A fim de manter sua mente continuamente em estado de renovação, ele precisa se apropriar das suas leis. Assim como o espírito tem suas leis, a mente também as tem. Vamos mencionar algumas delas que, se praticadas assegurarão a vitória ao crente.

A Mente Trabalhando Com o Espírito

(1) O Espírito Santo revela a vontade de Deus no espírito de alguém;

(2) através da sua mente o crente compreende o significado dessa revelação;

(3) e com sua vontade ele emprega sua força espiritual para cumprir a vontade de Deus. Este é o processo de discernimento, entendimento e realização na vida de um cristão. Com esse processo descobrimos que a mente é o melhor ajudador do espírito. Portanto, é necessário entender como estes dois trabalham juntos.

A Bíblia fala claramente sobre a coordenação do espírito e da mente. Em primeiro lugar chegamos a conhecer a vontade de Deus em nossa intuição e depois nosso intelecto a interpreta para nós. O Espírito Santo se move em nosso espírito, produzindo em nós um sentimento espiritual; em seguida, exercitamos nosso cérebro para estudar e entender o significado desse sentimento. Entendemos assim, que a mente manifesta (dá manifestação) o espírito do homem. Se ela for obstruída, o espírito será privado do seu meio de expressão.

A Mente, o Espírito e a Mente Espiritual

Devemos estar cada vez mais conscientes da necessidade de se andar segundo o espírito e do perigo de se andar segundo a carne. Segundo Romanos 8:5,6, andar pelo espírito indica simplesmente que a mente, sob o controle do espírito, se fixa nas coisas do espírito. Depois de renovada, a mente agora está qualificada para detectar todo movimento e silêncio do espírito.

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Nossa faculdade mental (a alma) fica entre o espírito e a carne (o corpo). Seja o que for em que a mente se fixar, nisso é que o homem andará. Se ela se ocupa com a carne, andamos segundo a carne; se fixa no espírito, nós andamos segundo o espírito. Seguimos sempre tudo aquilo para o qual a mente se inclina. Essa é uma lei imutável. Por que as inclinações para as realidades do espírito são tão importantes? É porque isto nos dá sintonia com o falar do espírito. Muitas vezes, o Espírito concede revelação à nossa intuição, mas nosso intelecto está voltado para um milhão de outras coisas estranhas ao movimento no espírito.

Uma Mente Aberta

Na intuição, Deus fala no nosso espírito que transmite a mensagem à mente. Quando ouvimos a pregação da Palavra por outros filhos de Deus, tal verdade é primeiro recebida pelo intelecto antes de alcançar o espírito. Se nosso cérebro está cheio de preconceitos para com a verdade ou para com o pregador, a verdade não entrará nele nem se estenderá à nossa vida. Uma mente aberta permite a luz entrar, mas a iluminação da luz do espírito torna a verdade proveitosa.

Uma Mente Controlada

Cada parte da vida cristã precisa estar sob governo; isso inclui a mente, mesmo depois da renovação. Pedro nos exorta a manter constante vigilância, cingindo a nossas mentes (I Pe 1.3). Devemos controlar nossos pensamentos e nunca deixá-los soltos. O objetivo de Deus é que levemos todo pensamento cativo à obediência de Cristo. Não devemos permitir que nenhum deles escape à nossa observação, controle ou julgamento. Os pensamentos impróprios não devem permanecer na vida do cristão. Cada coisa não apropriada deve ser posta para fora. O cristão também não deve permitir que sua mente fique ociosa.

Quando a mente estiver funcionando, tenha cuidado para que ela não o faça sozinha, ela deve operar sob o governo do espírito. Muitos examinam as Escrituras dependendo apenas de sua própria capacidade intelectual. Todavia, a verdade que declaram conhecer está apenas em suas cabeças. Deveríamos rejeitar sinceramente todas as verdades que são apenas mentais, porque tal conhecimento dá oportunidade a Satanás de operar.

Falamos muito que a mente não pode ser preguiçosa e nem ociosa; entretanto, o cérebro precisa descansar. Se o crente permitir que ele trabalhe incessantemente sem descansar, eventualmente ele se tornará doente, como acontece com o corpo. A derrota que Elias encontrou sob a árvore de Zimbro, foi por causa do trabalho excessivo da sua mente (I Reis 19).

Uma Mente Cheia da Palavra de Deus

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"Porei minhas leis dentro de suas mentes", (Hb. 8:10). Devemos ler e decorar mais a Palavra de Deus. Se lermos a Bíblia diligentemente, Deus encherá cada pensamento nosso com Suas leis. Lembraremos instantaneamente aquilo que a Bíblia diz, quando estivermos necessitados de luz para o nosso caminho. Se estivermos unidos com a Bíblia, poderemos compreender a mente de Deus em todos os sentidos.

O Clamor por Uma Mente Purificada

O cristão deve pedir continuamente a Deus que purifique sua vida mental e a mantenha sempre nova. Ore para que você não apenas pense nEle, mas pense corretamente.

A ANÁLISE DA ALMA - A VONTADE

A Vontade do Crente A vontade do homem é órgão pelo qual ele toma decisões.

Nossa emoção expressa como sentimos, nossa mente diz o que pensamos, mas nossa vontade comunica aquilo que queremos. De modo que, na busca do crescimento espiritual, o crente não deve negligenciar sua vontade. A salvação verdadeira e perfeita salva a vontade do homem. A vontade do homem deve estar unida com a vontade de Deus. Conseqüentemente, depois de receber vida, o crente deve estar atendo não apenas à sua intuição, mas à sua vontade também.

Uma Vontade Livre

O crente deve exercitar uma vontade livre. A vontade livre significa que o homem pode escolher o que quer, ele não é um brinquedo mecânico para ser dirigido pelos outros. Em Gn. 2:16,17, Deus persuadiu, proibiu, mas nunca forçou Adão a cumprir Sua vontade. Para o crente obedecer a Deus, é necessária uma disposição da sua parte, porque Deus nunca o força.

Queda e Salvação

A queda do homem trouxe enorme prejuízo à vontade livre do homem.

A queda original do homem foi devido à rebelião da sua vontade contra a vontade de Deus; e, por isso, sua salvação atual é realizada pela volta de sua vontade à obediência de Deus. No momento do novo nascimento, a vontade do homem ainda não está unida com Deus, mas sua vontade caía é levantada por sua aceitação do Senhor Jesus e sua rejeição de Satanás, do ego e do mundo. Ter a vontade renovada é muito mais vital do que as outras partes da alma. A mente pode ser desorientada e a emoção pode ser desordenada, mas a vontade não pode estar errada. Se estiver,

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ela introduz sérias conseqüências, visto ser o próprio ego do homem e por controlar todos os outros órgãos. Se ela estiver errada, a vontade de Deus não pode ser realizada.

Uma Vontade Submissa

Se em nossas vidas a natureza, a vida e as atividades não forem renunciadas, a vida de Deus não tem como se expressar. Nosso "ego" é freqüentemente o inimigo da vida de Deus. Nosso crescimento espiritual será severamente atrofiado se não tivermos intenção nem experiência de nos perdermos. E uma vez que essa vontade governante do homem estiver completamente unida a Deus, o homem se submete espontânea e completamente a Ele.

Nossa vida de união com o Senhor tem dois passos: a união de vida e a união de vontade. Somos unidos com Ele em vida no momento em que somos regenerados e recebemos Sua vida. Essa união é interna. É necessário, também, que haja uma união externa _ a da vontade. Esta união indica que temos uma vontade com Deus. Estas duas uniões estão relacionadas; nenhuma é independente da outra.

Se não houver uma submissão incondicional e uma disposição do crente para aceitar Sua vontade inteiramente, tudo o que se denomina como espiritualidade, sejam sentimentos santos e de alegria ou pensamentos dignos de louvor, não é nada mais que uma exibição exterior. Até mesmo visões, sonhos, vozes, suspiros, zelo, obra, atividade e trabalho são exteriores. A menos que o crente esteja determinado em sua vontade a completar a carreira que Deus colocou diante dele, nada tem qualquer valor. Se estivermos realmente unidos com Deus na vontade, cessaremos de uma vez com toda atividade que brota de nós mesmos. Assim, tudo vem de Deus. Ele não pergunta qual é a natureza de qualquer coisa que iniciamos; Ele quer saber simplesmente com que força a estamos fazendo.

A Mão de Deus

Muitos crentes embora salvos, não são totalmente submissos à vontade de Deus. Ele, então, vai usar vários caminhos para conduzi-los à obediência. Um deles são as circunstâncias. Deus coloca Sua mão pesadamente sobre Seu povo a fim de que a vontade dele não mais se endureça contra Ele. Para alcançar este fim, Deus permite que muitas coisas venham sobre nós. Se for preciso, Ele nos deixa entristecer, gemer e sofrer. Nossa vontade é excessivamente obstinada; ela se recusa a obedecer a Deus até ser severamente disciplinada. Devemos nos submeter a Deus, aceitando submeter-nos a Ele. Não fomos salvos para o nosso próprio prazer, mas para a vontade dEle.

Duas Medidas

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Duas medidas são necessárias para se estar unido com Deus na vontade. A primeira tem a ver com a sujeição da nossa vontade por Deus; a segunda com a conquista da vida da nossa vontade. Estritamente falando, uma vontade obediente e uma vontade harmoniosa são bastante diferentes. A vontade obediente de um servo é vista na execução de qualquer ordem do seu senhor; mas o filho que conhece o coração do pai, cumpre sua obrigação mas a realiza com prazer. Podemos ilustrar estas duas condições da vontade citando a mulher de Ló, os israelitas e o profeta Balaão. A saída da esposa de Ló de Sodoma, o êxodo dos israelitas do Egito e a benção de Israel por Balaão podem ser consideradas como obediência à vontade de Deus. Todos eram homens e mulheres subjugados pelo Senhor e não seguiam suas próprias opiniões. Mesmo assim, suas tendências internas não eram harmoniosas com Ele; por isso, cada um deles terminou em fracasso. Quão freqüentemente a direção dos nossos passos é correta, mas o coração oculto está em desarmonia com Deus. Desse modo, o fracasso nos alcançará.

O Caminho para a Vitória

Já entendemos que Deus não fica satisfeito com nada menos do que a nossa obediência a Ele. Vejamos agora como a vontade do homem pode ser sintonizada com a de Deus. O caminho para atingir o ápice da espiritualidade é a entrega da vida da alma à morte. Como essa é realmente a "porta estreita" e o caminho difícil! Ela é difícil porque a vontade de Deus deve ser o padrão para cada passo. Existe apenas uma regra: não faça provisão para o ego. À medida que a vida da alma é perdida por serem quebrados seus hábitos, gostos, desejos e anseios, não sobrará mais resistência para o Senhor. Quão lamentável que tantos cristãos passaram através desta porta e trilharam este caminho; enquanto que outros podem ter entrado mas não prosseguiram andando pacientemente.

A PASSIVIDADE E SEUS PERIGOS

"O meu povo está sendo destruído por falta de conhecimento". ( Os. 4:6). Os cristãos de hoje geralmente carecem de dois tipos de conhecimento: (1) conhecimento das condições através das quais os maus espíritos operam; (2) conhecimento do princípio da vida espiritual.

A Lei da Causa e Efeito

Para cada uma das coisas que Deus criou existe uma lei. Os maus espíritos também operam segundo leis definidas. Ora, se alguém oferecer as condições para a operação dos maus espíritos, então, certamente o terreno foi cedido para que eles operem nele. Esta é a lei da causa e efeito _ aquele que preenche os requisitos para a operação dos maus espíritos será prejudicado por eles. O

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fogo queima tudo o que for colocado nele; a água afoga todos os querem imersos nela; e os maus espíritos atacam todos (até mesmo os filhos de Deus) os que concedem terreno a eles. Os demônios começam a penetrar em qualquer homem, tão logo obtenham uma base de apoio nele.

Falando de modo simples, o terreno que o crente fornece aos demônios é o pecado. Todo pecado fornece território a eles. Existem dois tipos de pecado: o positivo e o negativo. O positivo é aqueles que a pessoa comete: suas mãos realizam más ações, seus olhos contemplam cenas malignas, seus ouvidos ouvem notícias ímpias e sua boca pronuncia palavras impuras. Mas a Palavra de Deus diz que também a omissão (leia-se pecado negativo) também é pecado (Tg. 4:17).

O pecado de omissão que concede terreno aos demônios é a passividade do crente. A não utilização e a má utilização de qualquer parte do nosso ser é um pecado aos olhos de Deus. Todas as nossas habilidades e dons devem ser devidamente utilizados. Quando isto não acontece, está sendo oferecida ao diabo ocasião para que elas sejam exercitadas por ele. Passividade

O pecado e a passividade são o que precipita a invasão do inimigo entre os pagãos e até mesmo entre os cristãos. A passividade de um cristão brota da não utilização dos seus vários talentos. Ele tem boca, mas recusa a falar porque espera que o Espírito Santo falará através dele. Ele tem mãos, mas não as usará, pois espera que Deus há de fazer isso. Ele não usa nenhuma parte da sua pessoa, mas espera que Deus o mova. Ele não se considera plenamente entregue a Deus e por isso não mais usará qualquer elemento do seu ser. Assim ele cai numa inércia que abre o caminho para o engano e a invasão. Os cristãos pensam que a união com a vontade de Deus anula a vontade própria e os transforma em marionetes. Isto se torna uma condição perfeita (e um convite também) para o inimigo entrar.

A Tolice do Crente

Devemos exercitar ativamente nossa vontade. Isso é o que indica a Escritura: "se a vontade de alguém é fazer a vontade dEle, conhecerá..." (Jo 7:17), e, "pedi o que quiserdes, e assim vos será feito"( Jo. 15:7). Nós desfrutamos de uma vontade livre. Deus nunca a usurpa. Ele espera que o Obedeçamos, mas ao mesmo tempo respeita nossa personalidade. Satanás, do mesmo modo, não tem como usurpar qualquer parte do homem sem o consentimento dele, conscientemente ou não. Satanás precisa ganhar a permissão do crente, mas este nunca a entregará a ele. Por isso, o diabo é forçado a usar o engano a fim de extrair o consentimento dele.

A operação de Deus e a de Satanás são diferentes. Deus convida o homem a escolher ativa, consciente e voluntariamente fazer Sua vontade, a fim de que seu espírito, alma e corpo sejam

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livres. Satanás o força a ser seu escravo passivo e cativo. Deus se agrada quando alguém quer o que Ele quer.

Os Perigos

Eis a ordem do processo que muitos crentes cumprem até caírem nas mãos dos demônios: (1) ignorância, (2) engano, (3) passividade, (4) entrincheiramento. Depois de seguir todos estes passos, o engano aprofunda mais, resultando finalmente num cerco de proporções alarmantes. A pessoa nesse estado prefere ser guiado pela circunstância a ser livre para escolher sua circunstância, porque fazer uma escolha é muito cansativo para ele. Em tal condição de inércia, decidir uma questão pequena se torna uma tarefa tremenda. A vítima busca ajuda em toda parte. Sente-se bastante atrapalhado por não saber como lidar com seus negócios diários. Parece ter grande dificuldade em compreender o que as pessoas lhe dizem. Lembrar de algo lhe é extremamente doloroso. Este crente fica à espera de uma ajuda, um impulsionar exterior. Estamos sugerindo que tal crente passivo não gosta de trabalhar? De modo nenhum! Porque quando é impulsionado por uma força externa, ele é capaz de trabalhar; mas tão logo termina a compulsão, ele pára bem no meio de seu trabalho, sentindo-se sem forças para prosseguir. Este crente não conclui suas tarefas.

Porque sua vontade já é passiva e sem capacidade de operar, os maus espíritos geralmente o conduzirão a uma situação onde o exercício da vontade é necessário, a fim de embaraçá-lo e sujeitá-lo ao escárnio. Eles instigam muitas dificuldades para que o santo fique esgotado. Quão lamentável que ele não tenha força para protestar e resistir. As potestades levaram vantagem porque sua vítima caiu da ignorância para o engano, do engano paro a passividade e da passividade para os sofrimentos de um profundo cerco. Mesmo assim, ele ainda não discerniu que tal situação não foi dada por Deus e por isso continua em sua aceitação passiva. "Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis..." (Rm. 6:6) Se nos oferecemos a Deus apenas de boca, e na prática real estamos nos sujeitando aos maus espíritos, não podemos escapar de sermos seus escravos.

O ENGANO DO CRENTE

Os crentes que caem nas garras dos maus espíritos não são apenas os mais profanos, degenerados e pecaminosos. Pelo contrário, muitas vezes são cristãos totalmente entregues a espiritualmente mais avançados do que os crentes comuns. Eles caem na passividade por não conhecerem como cooperar com Deus. Estão cheios de boas intenções, mas honestidade não é a condição para não ser enganado; mas o conhecimento sim. Como ele pode esperar que Deus o proteja, por causa de suas boas

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intenções, quando está cumprindo os pré-requisitos para a operação dos maus espíritos?

Consideraremos agora, com alguns detalhes, alguns conceitos errôneos que os cristãos geralmente aceitam.

Uma noção errada com respeito à morte juntamente com Cristo, Gl. 2:20 fala da nossa morte com Cristo. Alguns interpretam tais palavras como que indicando auto-anulação. O que eles consideram ser o ápice da vida espiritual é uma perda de personalidade, ausência de vontade e de autocontrole. O argumento deles é: "Visto que fui crucificado com Cristo, então o eu não mais existe. Já que o Eu morreu, então eu devo praticar a morte, isto é, não devo abrigar qualquer pensamento, desejo ou sentimento. Porque Cristo está vivo dentro de mim, Ele pensará ou sentirá em meu lugar". Infelizmente estas pessoas ignoram o restante do versículo: "...a vida que agora Eu vivo na carne".

Paulo, depois de ter passado pela cruz, ainda declara de si mesmo: "...agora (Eu) vivo"!

A cruz não aniquila o nosso "Eu". O verdadeiro sentido da nossa aceitação da morte juntamente com Cristo é que estamos mortos para o pecado e que entregamos nossa vida da alma à morte. Deus nos convida a negar o desejo de viver pelo nosso poder natural e a vivermos por Ele, dependendo de Sua vitalidade momento a momento. Tal andar com Deus requer o exercício diário da nossa vontade, de uma maneira ativa, consciente e em fé, para a negação da nossa própria energia natural e a apropriação da energia divina. As conseqüências do mau entendimento dessa verdade são: (1) o crente pára de ser ativo, (2) Deus não pode usá-lo porque violou Seu princípio de operação e (3) os maus espíritos agarram a oportunidade para invadi-lo, visto que, involuntariamente, preencheu os requisitos para sua operação. Quando dizemos que alguém deve estar "sem ego", queremos dizer sem qualquer atividade do ego, e não sem a existência do ego.

A Operação de Deus

Outro texto mal interpretado é Filipenses 2:13. "É Deus quem opera em vós tanto o querer como o efetuar, para o seu bom prazer". Alguns pensam que já que Deus deseja e opera em lugar deles, então eles mesmos não precisam fazer isso. Esses santos não vêem que a essência correta desse versículo é que Deus opera em nós até o ponto da nossa prontidão para querer e realizar. Ele só opera até aquele ponto e nada mais. Ele nunca realiza o querer e o efetuar em nosso lugar. Ele apenas se empenha para trazer o homem à posição de estar disposto a querer e fazer Sua vontade excelente. Ele nos faz voltar para o Seu desejo, e depois nos deixa tomar nossa decisão. Não é o propósito de Deus aniquilar nossa vontade. Se assim não for, não teremos nos oferecido a Deus, mas teremos feito uma aliança com um espírito maligno. A atitude correta é essa: eu tenho minha própria vontade, entretanto, quero a vontade de Deus.

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A Obra do Espírito Santo

O que se segue são alguns dos equívocos mais comuns.

1. Obedeça ao Espírito Santo - "O Espírito Santo que Deus tem dado àqueles que lhe obedecem." Atos 5:32. Muitos crentes aceitam como sendo o Espírito Santo todo espírito que vem a eles. O que eles não sabem é que a Escritura aqui não nos ensina a obedecer ao Espírito Santo e sim a Deus o Pai, através do Espírito. Em Atos 5:29, os apóstolos disseram que deviam obedecer a Deus. Se alguém fizer de Deus o Espírito seu objeto de obediência e esquecer Deus Pai, sua tendência é obedecer ao espírito nele ou ao seu redor, ao invés de obedecer ao Pai que está no céu através do Espírito Santo. Ultrapassar os limites da Palavra de Deus resulta em perigos incontáveis!

2. A norma do Espírito Santo - Não devemos esperar que o Espírito de Deus pense através da nossa mente, sinta através da nossa emoção ou decida através de nossa vontade. Ele torna conhecida Sua vontade à intuição do nosso espírito, a fim de que nós mesmos possamos pensar, sentir e agir segundo Sua vontade. É um erro grave pensar que devemos oferecer nossa mente ao Espírito Santo, permitindo que ele pense através dela. Ele só age em nosso espírito. Da mesma forma, o Espírito não controla diretamente o corpo do homem. Ele nunca usa nenhuma parte do corpo do homem, sem o consentimento da sua própria vontade. O Espírito Santo também não exercita qualquer das partes físicas do homem para ele.

Vida espiritual

Existem vários conceitos errados relacionados com a vida espiritual. Eis alguns.

1 - Falar - Mt.10:20 "Porque não sois vós quem haveis de falar, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala através de vós". Alguns imaginam que enquanto estiverem entregando uma mensagem numa reunião, não devem empregar sua mente e vontade, mas devem apenas oferecer suas bocas passivamente a Deus, deixando que Ele fale através deles. Este texto não quer dizer isto.

2 - Direção - "E vossos ouvidos ouvirão uma voz atrás de vós, dizendo: Este é o caminho; andai nele". (Is. 30:21). Os santos não percebem que este versículo se refere especificamente à experiência do povo terreno de Deus, os judeus, durante o reino milenar, quando não haverá imitação satânica. Desconhecendo isso, eles entendem que a direção sobrenatural numa voz é a mais elevada forma de direção. Não escutam sua consciência nem seguem sua intuição; esperam simplesmente de uma forma passiva

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pela voz sobrenatural. Neste momento os demônios acham um terreno fértil para agir.

3 - Memória - "Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" (Jo.14:26). Os cristãos não entendem que este versículo significa que o Consolador iluminará suas mentes a fim de que possam lembrar aquilo que o senhor falou. Eles, pelo contrário, pensam que a instrução é para que não usem sua memória, porque Deus trará todas as coisas à sua mente.

4 - Amor - "O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado". (Rm. 5:5). Os crentes entendem que eles mesmos não devem amar, mas sim deixar que o Espírito Santo dispense o amor de Deus a eles. Oram pedindo a Deus que ame através deles. Por isso, param de exercitar sua faculdade da afeição, permitindo que sua função afunde numa paralisia total. Os maus espíritos, então, substituem o homem. E, uma vez que abandonou o uso da sua vontade para controlar sua afeição, eles colocam no homem o amor falsificado deles. Daí em diante, este homem se comporta como madeira ou pedra, frio e morto para todas as afeições. Isso explica porque muitos cristãos são dificilmente acessíveis. Mc. 12:30 diz que devemos amar com todo o nosso ser. Nós (o Eu) devemos amar.

5 - Humildade - "Porque não ousamos classificar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se louvam a si mesmos". (2 Co. 10:12). Os crentes entendem mal este texto e pensam que é um convite para se ocultarem até serem deixados sem auto-estima, coisa que Deus inquestionavelmente nos permite ter. Muitos exemplos de auto-humilhação são essencialmente um disfarce para a passividade. Conseqüentemente, (a) o crente apaga a si mesmo; (b) Deus não o enche; e (c) os maus espíritos utilizam sua passividade para torná-lo inútil.

A Norma de Deus

Tg. 4:7 e I Pd. 5:66,9, nos diz para nos submetermos a Deus em todas as questões, reconhecendo que o que Ele determina é o melhor. Isto entretanto não é tudo. Devemos também resistir ao diabo, enquanto nos submetemos a Deus. Isto porque o diabo imita a vontade de Deus. Se ignorarmos a presença de uma vontade além da de Deus, poderemos facilmente aceitar o que é de Satanás como sendo de Deus e assim cair na armadilha. Isto implica que nunca devamos nos submeter às nossas circunstâncias sem um exame e teste diário. Nossa atitude permanece a mesmo todo o tempo mas nossa prática só entra depois de termos certeza da vontade de Deus, pois não podemos nos submeter à vontade de Satanás. É importante obedecer a Deus, mas não cegamente. Por

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isso o crente deve examinar ativa e conscientemente a fonte de cada questão em sua vida.

Sofrimentos e Fraquezas

O cristão entende que deve andar no caminho da cruz e sofrer por causa de Cristo. Ele também está disposto a ser fraco e ser fortalecido pelo poder de Deus. Estas são atitudes louváveis mas que podem ser utilizadas pelo inimigo, se não forem bem compreendidas. Sofrer na mão do inimigo e ao mesmo tempo crer que seu sofrimento procede de Deus, apenas concede ao inimigo o direito de prolongar o ataque. Ele pensa ser um mártir por sofrer pela Igreja, mas na verdade é uma vítima. Devemos checar a fonte do sofrimento. Não devemos aceitar automaticamente todos os sofrimentos como sendo de Deus.

Quanto à fraqueza, Paulo estava apenas relatando para nós a sua experiência de como a graça de Deus o fortaleceu em sua fragilidade, visando a realização do propósito de Deus. Não devemos entender que Paulo estivesse persuadindo um crente forte a escolher propositadamente a fraqueza, a fim de que Deus possa fortalecê-lo depois. Ele está simplesmente mostrando ao crente fraco o caminho para a força. Escolher a fraqueza e o sofrimento, sem os critérios necessários, é preencher as condições para a operação dos maus espíritos.

O Ponto Vital

O princípio envolvido em todos os casos que citamos ou não, é que o diabo não falha em agir sempre que houver passividade da vontade ou o preenchimento das suas condições de operação. Para se livrar dessa situação, todos os que tenha sido vítimas dos maus espíritos devem se perguntar: "preenchi as condições para a operação dos maus espíritos?". Isso o livrará de muitos acontecimentos falsos e sofrimentos desnecessários. Outra coisa que precisamos entender é que os maus espíritos se utilizam a verdade, por isso, devemos entender o princípio básico de qualquer ensinamento bíblico, para que o diabo não se utilize da própria Palavra, distorcendo-a, para nos confundir e aprisionar.

A VEREDA PARA A LIBERDADE

É possível que um crente consagrado seja enganado com respeito à passividade por alguns anos, sem jamais ser despertado para sua perigosa condição. A apresentação do verdadeiro significado da consagração a estes se torna de importância vital. O conhecimento da verdade é vital para a libertação da passividade.

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O Conhecimento da Verdade

O primeiro passo para a liberdade é conhecer a verdade de todas as coisas: a verdade com respeito à cooperação com Deus, a operação dos maus espíritos, consagração e manifestações sobrenaturais. O filho de Deus deve conhecer a verdade quanto à fonte e natureza das experiências que possa ter estado provando.

Advertimos nossos leitores sobre o perigo da experiência sobrenatural. Não estamos dizendo que todas estas experiências são ruins e devem ser abandonadas _ nada disso, pois a Bíblia está cheia de experiências sobrenaturais. Nosso propósito é lembrar que pode haver mais de uma fonte por detrás dos fenômenos sobrenaturais. Será facilmente enganado especialmente aquele crente que não morreu para sua vida emocional, mas busca ansiosamente acontecimentos sensacionais.

Preste atenção! Quando a experiência sobrenatural tem como autor o Espírito Santo, suas mentes ainda estão em condições de tomarem parte; não é exigido que sejam total ou parcialmente passivos antes de obterem tal experiência. Mas, se a experiência tem como autor demônios, então as vítimas devem ser levadas à passividade, suas mentes esvaziadas e suas ações realizadas sob compulsão externa. Devemos sempre lembrar que os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. (I Co. 14:32). Qualquer espírito que exige que o profeta se submeta a ele não é de Deus.

A aceitação da verdade é o primeiro passo para a liberdade. Pode ser vergonhoso para o crente reconhecer que foi usado e enganado pelos maus espíritos, mas é necessário reconhecer a verdade. A dúvida é o prelúdio para a verdade. Isso não quer dizer duvidar do Espírito Santo, de Deus ou da Sua Palavra, mas sim da experiência passada de alguém. Tal dúvida é tanto necessária quanto bíblica, pois Deus nos mandar "provar os espíritos" (I jo. 4:1).

A Descoberta do Terreno

O crente deve reconhecer que além do pecado existem outros elementos que podem fornecer terreno aos maus espíritos: a aceitação de uma imitação, passividade da vontade e a aceitação dos pensamentos tipo flash do inimigo. Tudo isso são terreno que cedemos a demônios. O principal dos terrenos, é a passividade.

Visto que a passividade entrou pouco a pouco, ela será eliminada pouco a pouco também. A medida da identificação da inércia de alguém é a medida da sua emancipação. Descer de uma montanha é sempre mais fácil do que galgá-la; do mesmo modo, tornar-se passivo é fácil, mas retomar a liberdade é meticuloso. Exige-se a cooperação do homem total para se reconquistar todo o

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terreno cedido. O filho de Deus deve clamar a Deus definidamente para lhe mostrar onde ele foi enganado.

A Recuperação do Terreno

A passividade deu acesso aos maus espíritos, o caminho de volta é a ativação da vontade. O cristão daí em diante deve aprender"(a) a obedecer a vontade de Deus, (b) a resistir a vontade do diabo, e (c) exercitar sua própria vontade em colaboração com a vontade dos outros santos. O cristão deve declarar constantemente: "Eu escolho a liberdade; eu a liberdade; eu recuso ser passivo; eu vou usar meus próprios talentos; eu insisto em conhecer os ardis dos maus espíritos; eu desejo a derrota deles; eu vou cortar todo o relacionamento com os poderes das trevas; eu me oponho a todas as suas mentiras e desculpas". Assim como no início o crente permitiu a entrada dos maus espíritos, agora ele escolhe o oposto: o corte pela raiz de qualquer base do inimigo.

Durante este período de conflito, a vontade do cristão deve ser envolvida ativamente com várias operações. Além de resolver e escolher, ele deve também resistir e recusar. Resistindo ele proíbe outras operações dos maus espíritos; recusando ele cancela a antiga permissão que havia concedido a eles. Os espíritos do inimigo, mesmo percebendo a atitude hostil do crente contra eles, não sairão um centímetro sequer do terreno que ocupam. Eles devem ser expulsos com força total. O filho de Deus deve utilizar poder espiritual para imobilizar e remover o inimigo.

A tentativa de reclamar áreas perdidas e recuperar o uso dos seus órgãos pode ser extremamente difícil para o crente. Isso se deve aos seguintes fatos: (a) sua própria vontade é essencialmente fraca e portanto sem poder para dirigir cada parte do seu ser; (b) os maus espíritos contendem contra ele com toda a força que possuem. Se, por exemplo, ele tem sido passivo na questão de decidir, agora ele vai cancelar o terreno dado e proibir os maus espíritos de continuarem a operar. Ele está determinado a decidir por si mesmo sem qualquer interferência deles. Mas descobre que (a) não pode decidir e (b) que os maus espíritos não deixam que ele decida e atue. Quando o crente recusa dar permissão a eles para controlá-lo, eles não permitirão que o cativo deles atue sem sua permissão. Mas, os maus espíritos se retirarão se a vontade do crente resisti-los e proibir que ocupem seus órgãos.

Na luta pela retomada da normalidade, o crente pode achar que, no estágio inicial do combate, seus sintomas se tornam piores que antes, como se sua vontade tivesse menos força e a mente estivesse mais confusa à medida que batalha. Não se preocupe, este é um sinal de que a vitória se aproxima! Isto revela que a resistência tem dado resultado: o inimigo sentiu a pressão e está conseqüentemente fazendo sua última oposição. Se o crente prossegue oferecendo pressão, os maus espíritos sairão. Durante a batalha, o crente deve se apropriar permanentemente da verdade contida em Rm. 6:11, de que a morte do Senhor é a sua morte. Tal fé o liberta da autoridade dos maus espíritos, visto que eles não têm

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poder sobre quem está morto. O crente deve fazer uso da Palavra de Deus para combater os espíritos maus. O crente, no entanto, não deve se contentar com um pequeno ganho; não deve parar até que sua normalidade seja totalmente recuperada.

A Verdadeira Direção

Na verdadeira direção, o cristão não é obrigado a obedecer a Deus mecanicamente. O que ele deve fazer é executar a vontade de Deus ativamente. Na prática da obediência, o crente passa pelos seguintes passos: (a) disposição para fazer a vontade de Deus (Jo.7:17); (b) revelação dessa vontade à sua intuição, pelo Espírito Santo (Ef. 5:17); (c) fortalecimento de Deus para querer e fazer Sua vontade (Fl. 2:13). Domínio Próprio

O ápice do caminhar espiritual de um cristão é o autocontrole (Gl. 5:22,23). A obra do Espírito Santo é levar o homem exterior do crente à perfeita obediência ao seu domínio próprio. O Espírito Santo dirige o crente através da sua vontade renovada. Portanto, as coisas que o cristão deve controlar por sua vontade são:

(a) Seu próprio espírito, conservando-o em seu estado adequado, isto é, nem quente nem frio demais. O espírito precisa do controle da vontade. Todos os que são experimentados concordam que devem usar sua vontade para limitar o espírito quando ele se torna precipitado, ou para levantá-lo quando afunda demais.

(b) Sua própria mente e todo o resto da capacidade de sua alma.

(c) Seu próprio corpo. Ele deve ser um instrumento para o homem e não seu senhor, em virtude de hábitos e cobiças desenfreadas. Devemos subjugar nosso corpo (I Co. 9:27).

O CRENTE E SEU CORPO

É importante sabermos que lugar nosso corpo físico ocupa no propósito e plano de Deus. Nosso corpo deve ser são e restaurado, como nosso espírito e alma. O corpo é necessário e importante; senão Deus não teria criado o homem como um. Examinando as Escrituras, podemos descobrir quanta atenção Deus presta ao corpo do homem. A Bíblia tem muito que dizer sobre ele. O mais singular e espantoso é que o Verbo se fez carne: o Filho de Deus tomou sobre Si um corpo de carne e sangue e, embora tenha morrido, Ele usa essa vestimenta para sempre.

O Espírito Santo e o Corpo

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Rm. 8:13-13 revela a condição do nosso corpo, como o Espírito Santo o ajuda e qual deve ser nossa atitude correta para com ele. Inicialmente, nosso corpo e espírito estavam mortos; mas depois de crer no Senhor Jesus, nós O recebemos para ser a nossa vida. Quando recebemos o Espírito, nosso espírito humano é vivificado; somente o corpo continua morto. A nossa carne ainda é o "corpo do pecado". A redenção do nosso corpo nos espera no futuro (Rm.8:23). O pecado não foi eliminado do corpo, por isso ele continua morto.

"E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita"(Rm. 8:11). Vemos que, depois que o espírito é vivificado, o corpo também pode viver. O Espírito Santo dá vida aos nossos corpos. O corpo está caminhando para a sepultura; espiritualmente falando, ele é considerado morto. Ora, se nosso corpo está morto, como podemos empregá-lo para responder às exigências da vida espiritual? O Espírito Santo deve dar vida aos nossos corpos de morte. Nós temos o Espírito Santo habitando em nós; portanto, nossos corpos mortais devem experimentar Sua vida. Através desse poder de habitação, o Espírito Santo da vida aos nossos corpos. O fato de o Espírito Santo dar vida a nossos corpos não quer dizer que o "corpo do pecado" se tornou um corpo santo ou que nosso "corpo de humilhação" foi transformado num corpo glorioso, ou que este corpo mortal se revestiu de imortalidade. Isto só vai, de fato, acontecer na vinda do Senhor. O sentido correto do Espírito Santo dar vida aos nossos corpos é: (l) Ele nos restaurará quando estivermos doentes, (2) nos preservará se não estivermos doentes. Ele vai nos fortalecer para que possamos correr a carreira que nos está proposta. Entretanto, muitos desconhecem esse benefício e seus corpos se tornam um empecilho para a obra.

"Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis" (Rm. 8:13). Se os cristãos rejeitarem a provisão de Deus e viverem pela carne, certamente serão punidos. Por meio da vida dada ao nosso corpo pelo Espírito Santo, devemos resistir à morte que está nele; caso contrário, a morte completará rapidamente sua obra ali. Como podemos esperar que Ele dê vida ao nosso corpo carnal se negligenciarmos a obra de mortificar seus feitos? Pois somente mortificando seus feitos pelo Espírito Santo é que podemos viver. Muitos crentes erram aqui. Eles acham que o Espírito Santo daria vida e força aos homens para capacitá-los a viver para si mesmos. Que grande tolice! A vida que Deus dá ao nosso corpo tem como propósito vivermos para Ele.

Nós mesmos não podemos controlar nosso corpo, mas através do Espírito Santo podemos. Ele nos capacitará a mortificar seus feitos. Somente o Espírito Santo pode tomar o que a cruz realizou e fazer com que os crentes a experimentem. Se ouvirmos a verdade da cruz, mas não permitimos que Ele opere essa verdade em nossas vidas, então tudo o que sabemos é uma teoria, um ideal.

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O reconhecimento de que o "nosso velho homem foi crucificado com ele para que o corpo pecaminoso seja anulado", é realmente bom; mas permaneceremos algemados pelos feitos carnais, se "pelo Espírito" não "mortificarmos os feitos do corpo".

Glorifique a Deus

I Co. 6:12-20 acrescenta uma luz nova sobre o assunto do corpo do crente. Aqui, Paulo julga que todas as exigências do corpo, tais como comer, beber ou sexo, são naturais, justas e lícitas. Entretanto, ele entende que nem todas elas são necessariamente úteis, nem devem escravizar o homem. Muitos cristãos não sabem como lidar com a questão de comer e beber. Comem para se satisfazer e, muitas vezes, exageram. O comer não deve impedir nossa comunhão com Deus, visto que sua finalidade é apenas preservar o corpo com saúde. Paulo também trata da questão da imoralidade. Esse é um pecado que contamina o corpo: ele transgride diretamente o princípio de que o "o corpo é para o Senhor" (verso 13 do texto acima).

"E o Senhor para o corpo"(verso 13). Sempre pensamos que o Senhor salva apenas nosso espírito e alma; achamos que o corpo é inútil e sem valor na vida espiritual. Mas aqui é declarado que o Senhor é igualmente para o vaso de barro. A redenção de Cristo é também para o corpo. Ele quer nos sarar não apenas de problemas na alma ou no espírito, mas quer sarar também nosso corpo. O Senhor para o corpo envolve vários significados: (1) exprime a idéia de que o Senhor livrará o corpo do pecado. A despeito de como somos feitos fisiologicamente, mesmo possuindo fraquezas especiais, podemos vencer nossos pecados através do Senhor; (2) O Senhor é adicionalmente para nossas doenças físicas. O Senhor Jesus é capaz de nos livrar das doenças assim como dos pecados; (3) O Senhor é também para o nosso viver no corpo. Ele quer que experimentemos em nosso caminhar diário o poder da Sua ressurreição, para que nosso corpo também viva por Ele; (4) O Senhor é também para a glorificação do corpo. Isso acontecerá no futuro _ na volta do Senhor.

É impossível experimentar o Senhor para o corpo, se usamos nossos corpos segundo nossos desejos e para o nosso prazer, ao invés de oferecê-los para viver inteiramente para o Senhor. E o verso 14 diz que assim como Deus já ressuscitou o corpo do Senhor Jesus, Ele também vai ressuscitar o nosso dentre os mortos. Todavia, isso é para o futuro, mas hoje podemos ter o antegozo do poder da Sua Ressurreição. Queremos ainda enfatizar a questão de que o corpo de Cristo é para os nossos corpos. Nossos corpos estão unidos ao dEle (I Co.12:27); conseqüentemente, podemos extrair vida e força do Seu corpo para suprir nossas necessidades físicas. Todos aqueles que possuem defeitos físicos devem permanecer nessa união com Cristo pela fé e extrair dos Seus recursos para suas necessidades carnais.

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"Fugi da imoralidade. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o homem imoral peca contra seu próprio corpo” (Verso 18 de I Co. 6). A Bíblia considera a imoralidade ou fornicação mais séria do que outros pecados, porque ela tem uma relação especial com nossos corpos, que são membros de Cristo. Quando nos unimos a uma prostituta, nos tornamos um só corpo com ele. Estamos unindo Cristo com uma prostituta.

DOENÇA

Para sabermos como manter nosso corpo numa condição que glorifica a Deus devemos primeiro saber que atitude tomar com respeito à doença, como fazer uso dela e também como ser curados.

Doença e Pecado

A Bíblia mostra um relacionamento íntimo entre a doença e o pecado. A conseqüência final do pecado é a morte. A doença jaz entre o pecado e a morte. Se não houvesse pecado no mundo, não haveria doença nem morte. Mas, quando o Senhor Jesus veio para salvar, Ele não apenas perdoou o pecado do homem mas também curou o corpo do homem. Desse modo, a primeira atitude que devemos tomar quando doentes, é nos examinar para determinar se pecamos ou não contra Deus.

Isaías 53 diz que tanto a cura do corpo e a paz da alma nos foram concedidas. Porque Jesus carregou nossas doenças, não precisamos mais carregá-las. Notemos que a salvação de Deus não seria completa se o Senhor Jesus simplesmente perdoasse nossos pecados, mas não curas se nossas doenças também. Hoje muitos santos crêem no Seu poder para perdoar, mas duvidam da Sua graça para curar.

A Disciplina de Deus

Em I Co. 11:30-32, Paulo explica que a doença é um tipo da disciplina do Senhor. Por terem errado diante do Senhor, os crentes são disciplinados com doenças para movê-los a julgarem a si mesmos e eliminarem seus erros. Ao castigar Seus filhos, Deus trata graciosamente com eles, para que não sejam condenados com o mundo. Se os cristãos se arrependem de suas faltas, Deus retira Sua disciplina. Não podemos então evitar a doença através do auto-julgamento? A doença é, em muitos casos, o julgamento aberto de Deus sobre o pecado. Todavia, não devemos inferir disso que aqueles que estão doentes são necessariamente mais pecaminosos que os outros (Veja Lucas 13:2); bem ao contrário, os que são mais castigados pelo Senhor geralmente são os mais santos. Jó é um ótimo exemplo.

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A primeira atitude que alguém deve tomar quando estiver doente, não é correr de um lado para o outro em busca de cura e dos meios de cura. O que ele deve fazer é colocar-se totalmente na luz de Deus para exame, tendo um desejo honesto de aprender se está sendo castigado devido a alguma falta. Assim, o Espírito Santo lhe mostrará onde ele tem falhado; e qualquer coisa que lhe for mostrada, deve ser imediatamente confessada e abandonada. Se aquele pecado tem prejudicado outras pessoas, então ele deve fazer o melhor que puder para repará-lo, crendo ao mesmo tempo em que Deus o aceitou. Deus fica feliz em retirar sua disciplina quando não é mais necessária.

A Doença e o Ego

Todo o mal e situação adversa têm a finalidade de expor nossa verdadeira condição. A doença é uma dessas situações através da qual podemos ler nossa verdadeira condição. Nunca sabemos o quanto estamos vivendo para Deus e o quanto vivemos para o ego até ficarmos doentes, principalmente se a doença for prolongada. Nos dias bons podemos declarar que somos totalmente do Senhor, mas na doença nosso egocentrismo é revelado. Quão lamentável é o cristão que por causa do seu próprio desejo murmura contra Deus, quando está sob provação. Ele não aceita o que Deus dá como sendo o melhor para ele; pelo contrário, seu coração é inundado com o desejo de cura rápida. Por causa disso, Deus precisa prolongar a doença, até atingir Seu propósito.

Com a doença Deus mostra se O buscamos apenas nos dias suaves e tranqüilos ou se O buscaremos mesmo que tudo esteja ruim. Ele também permite a doença para que abramos mão do amor próprio _ aquela preocupação exagerada conosco mesmos.

Remédio

Não pretendemos gastar muito tempo questionando se um crente pode ou não usar remédio. Entretanto, se o Senhor fez provisão para a cura do nosso corpo em Sua salvação, parece ignorância, se não for incredulidade, nos voltarmos para o auxílio da invenção do homem. O mundo inventou múltiplos tipos de remédios para aliviar o povo das doenças; todavia, o Senhor realizou na cruz aquela obra de salvação que diz respeito ao corpo. Buscaremos, na ânsia de ficarmos sarados, cura segundo os métodos humanos ou dependeremos do Senhor Jesus para a cura? Existe uma grande diferença entre ser curado através do remédio e a cura por Deus. O poder do medicamento é natural, enquanto que o de Deus é sobrenatural. Quando somos curados por remédios, colocamos nossa confiança na inteligência do homem; mas quando somos curados por Deus, dependemos da obra perfeita de Jesus na cruz. Isto não quer dizer que o Senhor não abençoa os remédios e nos cura através deles. Mas o Seu alvo é que creiamos na Sua obra e sejamos curados por uma ação Sua. Se formos curados pela dependência de Deus, tiraremos tal proveito espiritual que a cura

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pelos medicamentos nunca poderá nos conceder. A lição que Deus pretende nos ensinar na doença é cessar toda a nossa atividade própria e confiar nEle totalmente.

É Melhor ser Curado

Alguns santos foram para extremos. Eram antes duros e obstinados, mas foram quebrados por Deus através da doença enviada a eles. Responderam bem a Deus e, por isso, tornaram-se meigos, amáveis e mansos. Visto que a doença foi tão eficaz, começam a apreciar mais a doença que a saúde. Devemos entender, entretanto, que a vida com o Senhor não precisa ser de modo nenhum restrita à enfermidade. Ser capaz de suportar o sofrimento é bom, mas não é muito melhor se alguém pode obedecer a Deus quando está cheio de força?

A doença pode glorificar a Deus, pois ela oferece a Ele uma oportunidade de manifestar Seu poder curador (Jo. 9:3). Mas como pode Ele ser glorificado se alguém permanece doente prolongadamente, porque está apreciando a doença? Deus deseja curar-nos. Todo o ministério de Jesus na Terra foi marcado por inúmeras curas. Ele não mudou; continua desejando a cura.

Não podemos deixar de dizer que a doença se origina com o diabo. Deus permite que Satanás ataque Seus filhos porque existem alguns defeitos na vida deles. Mas cuidado, há doenças que vêm do diabo e que não precisamos sofrê-las; há também doenças que já deviam ter sido retiradas pois já cumpriram o propósito para a qual vieram. Nesses dois casos estamos sofrendo sem necessidades. Muitos estão enfermos sem qualquer necessidade, simplesmente por falta de força para lançar mão da promessa de cura de Deus, por fé. Devemos entender que a benção espiritual que recebemos na doença é bastante inferior à que recebemos na restauração. Para ser curado, chame os presbíteros para que orem com você (Tg. 5:14,15), ou então, exercite fé tranqüilamente para tomar posse da promessa de Deus (Ex. 15:26). Deus há de nos curar. Na redenção, Deus trata a doença de modo diferente do pecado. A destruição do pecado é totalmente ilimitada; mas não é assim com a doença. Timóteo, por exemplo, continuou tendo um estômago fraco. Nós, porém, afirmamos que não deveria haver tanta enfermidade como há entre os filhos de Deus. Inúmeros santos permanecem doentes porque perderam a oportunidade de serem curados. A menos que tenhamos a segurança que Paulo teve após orar três vezes, de que sua fraqueza permaneceria porque seria útil para ele, nós devemos pedir a cura. Até que tenhamos certeza de que Deus quer que levemos nossa fraqueza, nós devemos pedir ousadamente que o Senhor mesmo a leve e tire nossa doença.

Queremos ressaltar a atitude do crente para com a doença. Toda vez que o cristão ficar doente, a primeira coisa a fazer é investigar a causa do mal diante do Senhor; não devendo ficar ansioso demais pela cura. Devemos examinar se temos desobedecido a Deus, se pecamos em algum lugar, se devemos algo a alguém, se violamos alguma lei natural, ou negligenciamos

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alguma orientação especial. Depois de identificar os motivos, devemos tomar as atitudes corretas. Resumindo, dizemos que nenhuma doença acontece sem uma causa. Se um cristão contrair uma doença, ele deve tentar localizar sua causa ou causas. Depois de confessá-las uma a uma diante de Deus, ele deve chamar os anciãos da igreja para que possam confessar uns aos outros e orar uns pelos outros. Os anciãos ungirão o doente com óleo para que a vida do corpo de Cristo possa lhe ser restaurada. O influxo da vida fará desaparecer a doença.

DEUS COMO A VIDA DO CORPO

Já vimos que no futuro Deus ressuscitará nosso corpo, mas hoje Ele dá vida ao nosso corpo mortal. Embora nosso corpo seja ainda animado por nossa vida da alma natural, não mais vivemos por ela porque confiamos na vida do Filho de Deus, que infunde energia em nossos membros muito mais abundantemente do que tudo o que a vida da alma poderia comunicar. Deus deseja nos conduzir à posse dessa vida de Cristo como nossa força. A Palavra de Deus é a vida do nosso corpo: "Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus" (Mt. 4:4). Alguns vivem só de pão, outros de pão e pela Palavra de Deus. O pão às vezes falha, mas a Palavra de Deus nunca falha. Deus oculta Sua vida na Sua Palavra. Portanto, a Palavra não pode ser tomada apenas como mandamento, uma regra, ela deve ser tomada como vida. Quando comemos da Palavra, O recebemos como vida não apenas como vida para o nosso espírito, mas como vida para o nosso corpo.

As Experiências dos Santos do Passado

Era um acontecimento comum para os santos do passado conhecerem a Deus como a força do seu corpo, ou experimentarem a vida de Deus permeando o corpo deles. Abraão viu o poder de Deus sendo manifestado em seu corpo quase morto. O ponto crucial da questão aqui não é tanto a condição do nosso corpo, mas sim o poder de Deus naquele corpo.

"Tinha Moisés 120 anos quando morreu; seus olhos não escureceram, nem se abateu sua força natural" (Dt. 34:7). O poder da vida de Deus agiu no corpo de Moisés. Calebe também experimentou o revigorar de Deus (Jos. 14:9-11). Sansão foi poderosamente usado pelo Espírito Santo em proezas físicas. Há muitos outros exemplos de homens de Deus do passado que foram revigorados pela vida de Deus.

Queremos enfatizar que a vida de Deus é adequada não somente para curar enfermidades, mas também para nos preservar fortes e sadios, capacitando-nos a vencer doenças e fraquezas.

A Experiência de Paulo

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Visto que nossos corpos são membros daquele corpo (o corpo de Cristo), a vida naturalmente flui para eles. Nos apropriamos disso por fé. Paulo orou por três vezes para que o espinho em sua carne fosse retirado. Sem sucesso. Ele era muito fraco no corpo, mas permaneceu naquela situação por muito tempo? Não, pois ele nos informa que o poder de Cristo repousou sobre ele e o tornou forte. Nem o espinho, nem a fraqueza produzida por ele, deixaram Paulo; todavia o poder de Cristo inundou seu corpo frágil e lhe deu força para enfrentar cada necessidade. O poder de Cristo estava em contraste com a fraqueza de Paulo. Como podia um homem fraco como Paulo realizar uma obra que exigia tão grande esforço físico? O seu corpo mortal era vivificado pelo Espírito Santo.

Como Deus nos cura e nos fortalece? Pela vida de Jesus. Quando nossa carne mortal é revitalizada a natureza do nosso corpo não é mudada para a imortalidade: ela permanece a mesma. A vida que supre vitalidade a este corpo, entretanto, é mudada. Nos dias passados, vivemos pelo poder da nossa vida natural, mas agora vivemos pela energia daquela vida sobrenatural de Cristo. Seu poder de ressurreição está sustentando nosso corpo, por isso somos capacitados a realizar as tarefas a nós designadas.

O Poder Natural e o Poder de Jesus

Talvez alguns podem pensar que ter o Senhor Jesus como vida para o nosso corpo signifique que Deus nos concede uma grande medida de poder físico, para que nunca venhamos a sofrer mais ou ficar doentes. O corpo de Paulo era freqüentemente fraco, mas a força do Senhor Jesus fluía continuamente para ele. Ele vivia a cada instante pela vida do Senhor. Somente através da obediência, experimentaremos a realidade da Sua vida para nós. Será que Ele nos daria Sua força para nos rebelarmos contra Ele?

A Benção Desta Vida

Se recebêssemos a vida do Senhor Jesus para ser a vida do nosso corpo, nós experimentaríamos hoje o fortalecimento dos nossos corpos pelo Senhor e também a prosperidade dos nossos espíritos por Ele. No tocante ao nosso conhecimento, já sabemos que nosso corpo é para o Senhor; todavia, por causa do nosso egocentrismo, Ele não pode nos encher completamente. Mas agora entregamos nosso tudo a Ele, para que possa tratar conosco da maneira como desejar. Agora pertencemos ao Senhor completamente; nada pode, portanto, nos suceder sem Seu conhecimento e permissão. Entendendo que o Senhor é para o corpo, o cristão é capaz de se apropriar de todas as riquezas de Deus para suas necessidades. Para cada necessidade urgente sempre existe Sua provisão; seu coração conseqüentemente repousa. Ele não pede mais do que o que Deus proveu, mas também não fica satisfeito com nada menos do que o que Ele

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prometeu. Ele recusa usar sua própria força em qualquer questão para ajudar a Deus, tentando resolver as coisas antes do Seu tempo.

VENCENDO A MORTE

A experiência de vencer a morte não é incomum entre os santos da Bíblia. Davi foi salvo das garras do leão e do urso e também da mão de Golias; Sadraque, Mesaque e Abednego não sofreram nenhum dano na fornalha de fogo; Paulo sacudiu uma cobra mortal dentro do fogo e não sofreu dano algum, e muitos outros exemplos. O alvo de Deus é levar Seus filhos a passar pela experiência de conquistar a morte agora. Triunfar sobre o pecado, o "eu", o mundo e Satanás é necessário; mas a vitória não está completa sem um triunfo correspondente sobre a morte. Se desejarmos usufruir uma vitória completa, devemos destruir este último inimigo (I Co. 15:26). Deixaremos um inimigo inconquistado, se falharmos em experimentar o triunfo sobre a morte.

Se desejarmos viver vitoriosamente sobre esta terra, temos de vencer a morte que está no mundo. A morte está em nosso corpo, desde o dia em que nascemos ela começa a operar em nós. A morte física, é apenas a consumação da prolongada operação da morte, que atua dia-a-dia em nós. Ela pode atacar nosso espírito, privando-o de vida e poder; pode atacar nossa alma, mutilando seu sentimento, pensamento e vontade; pode atacar nosso corpo, tornando-o fraco e doente. Segundo Rm. 5:17, a morte não apenas existe, mas ela reina. Enquanto existe o reino da morte, existe também o reino da vida. O apóstolo Paulo diz que aqueles que recebem a abundância da graça, vão reinar em vida. Mas os cristãos hoje estão tão ocupados com o problema do pecado, que falham em vencer o resultado do pecado, a saber, a morte. Cristo morreu para nos salvar não apenas dos nossos pecados, mas também da morte. A salvação de Cristo substitui o pecado pela justiça e a morte pela vida; "A lei do Espírito da vida em Cristo Jesus me livrou da lei do pecado e da morte" (Rm. 8:2).

Como venceremos a morte, de maneira prática? Devemos determinar resistir a morte da mesma maneira que temos resistido ao pecado; nos apropriando da vitória que Cristo já conquistou por nós na cruz. Hb.2:14,15, nos diz que a cruz é a base da vitória sobre o poder da morte. Três caminhos diferentes estão abertos aos cristãos para vencerem a morte: (1) confiando que não morreremos até que nossa obra esteja terminada; (2) não tendo medo da morte mesmo que ela venha, pois sabemos que seu aguilhão foi removido; (3) crendo que seremos completamente libertados da morte, visto que seremos arrebatados na volta do Senhor.

Morte Depois que Nossa Obra Estiver Terminada

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A menos que um cristão tenha pleno conhecimento de que sua obra está terminada e que o Senhor não mais exige que ele fique, ele deve, por todos os meios, resistir à morte. Jesus resistiu por três vezes à morte, saindo do meio dos que o queriam matar, pois Seu tempo ainda não havia chegado. Paulo e Pedro também resistiram à morte antes do tempo. Os patriarcas morreram "cheios de anos".

Sem Temor da Morte

Ao falar sobre vencer a morte, não queremos dizer que nosso corpo nunca morrerá (I Co. 15:51). Vencer a morte não significa necessariamente não passar pela sepultura, pois Deus pode desejar que alguns vençam através da ressurreição, como fez o Senhor Jesus. Ao passar pela morte, os crentes, como seu Senhor, não precisam temê-la, pois apenas estamos passando de um cômodo para o outro. No início éramos "aqueles que com meda da morte, estavam por toda a vida sujeita à escravidão" (Hb. 2:15). O Senhor Jesus, entretanto, nos livrou e por isso não mais a tememos.

Arrebatados Vivos

Sabemos que na volta do Senhor Jesus muitos serão arrebatados vivos. Esta é a última forma de vencer a morte (I Co. 15:51-52 e I Ts. 4:14-17). O tempo do arrebatamento se aproxima. Se alguém deseja ser arrebatado vivo, deve aprender aqui e agora como vencer a morte. Na cruz o Senhor Jesus venceu totalmente este inimigo; hoje Deus quer que Sua igreja experimente esta vitória de Cristo.

Com a vitória de Cristo, devemos ficar firmes contra a morte, proibindo que ela faça qualquer incursão em nosso corpo. Resista a tudo que possua disposição para a morte. Encare a doença, a fraqueza e o sofrimento com esta atitude.

Pecado Mortal

Observemos agora especificamente qual é a essência do pecado mortal, mencionado em I Jo. 5:16. Fazendo assim poderemos saber como nos manter longe dele, a fim de que (1) nossa carne não seja corrompida, (2) não venhamos a perde a bênção de sermos arrebatados antes da morte, ou (3) podermos ainda terminar a obra do Senhor a nós designada, antes que nossos dias sejam cumpridos e morramos, caso Ele demore e tenhamos que passar pela sepultura. Podemos dizer que por causa de negligência nesta questão, muitos filhos de Deus tiveram seus dias encurtados e perderam suas coroas.

A Bíblia não deixa claro qual é este pecado mortal. Pelos registros da Bíblia, entendemos que este pecado varia de acordo com a pessoa. Um pecado para alguns é mortal, todavia para outros pode não ser um pecado para a morte, e vice-versa.

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Para os cristãos, a característica da Era do Reino é que não existe mais fraqueza, doença ou morte, porque nossos corpos terão sido redimidos e Satanás pisado debaixo dos pés. As Escrituras nos ensinam que podemos antegozar os poderes da Era vindoura agora (Hb. 6:5).

Todos os textos são um resumo e adaptação de: O Homem Espiritual v. 3

T. S. Watchman Nee

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