a evolução dos métodos de gestão, com o uso da tecnologia da
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Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo
CNDIDO ANDR RODRIGUES
A EVOLUO DOS MTODOS DE GESTO, COM O USO DA TECNOLOGIA DA
INFORMAO E OS REFLEXOS NO CONHECIMENTO
ORGANIZACIONAL NA UNIMED BH.
Dissertao de Mestrado
FLORIANPOLIS
2003
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CNDIDO ANDR RODRIGUES
A EVOLUO DOS MTODOS DE GESTO, COM O USO DA TECNOLOGIA DA
INFORMAO E OS REFLEXOS NO CONHECIMENTO
ORGANIZACIONAL NA UNIMED BH.
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia de Produo.
rea : Gesto de Negcios Orientador: Prof. Pedro Felipe de Abreu, PhD.
FLORIANOPOLIS
2003
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CNDIDO ANDR RODRIGUES
A EVOLUO DOS MTODOS DE GESTO, COM O USO DA TECNOLOGIA DA
INFORMAO E OS REFLEXOS NO CONHECIMENTO
ORGANIZACIONAL NA UNIMED BH.
Esta dissertao foi julgada e aprovada para a obteno do Ttulo de Mestre em
Engenharia de Produo no Programa de Ps-Graduao em Engenharia de
Produo da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianpolis, 21 de Novembro de 2003.
Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr. Coord. do Curso de PPGEP
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________ Prof. Pedro Felipe de Abreu, PhD. Orientador
_________________________________________ Prof. Gregrio Jean Varvakis Rados, PhD.
_____________________________________ Prof. Neri dos Santos, Dr.
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Em toda informao falta conhecimento e em todo conhecimento falta sabedoria
Eli Bonini Garcia.
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AGRADECIMENTOS
A Deus inteligncia suprema do universo e causa primria de todas as coisas.
minha esposa, Gisele que procurou me incentivar a todo o momento nesta longa
caminhada e as minhas filhas: Ariana, Camila e Isabela que esperavam o papai
acabar a dissertao para depois contar histrias para elas dormirem.
Ao Prof. PhD. Pedro Felipe de Abreu, pela orientao, pacincia, compreenso,
amizade e incentivo no desenvolvimento deste trabalho.
Agradeo Unimed BH pela abertura para realizao deste trabalho, e em especial
ao Dr. Emerson Fidelis Campos e Marta Gontijo, pela facilitao e apoio sua
realizao. Ao Dr. Mozart de Oliveira Jnior e ao Dr. Geraldo Ribeiro pelas
provocaes ao intelecto. Aos demais colegas e colaboradores em meu esforo de
pesquisa.
Aos meus pais, Sr. Rodrigues e D Madalena, que me estimularam o hbito da
leitura e do saber, que decidiram firmemente me educar e agora tenho a
oportunidade de retribu-los com esse humilde trabalho.
Ao Dr. Eli Bonini Garcia pelas iluminaes interiores, que, s vezes, foram difceis de
entender e menos ainda de aceitar.
A todos os meus colegas do Mestrado da Universidade Federal de Santa Catarina ,
que muito me honraram com sua amizade e contriburam direta ou indiretamente
para a concluso deste projeto.
E a todos, que de uma maneira ou de outra, contriburam para a realizao deste
trabalho.
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RESUMO
RODRIGUES, Cndido Andr. A evoluo dos mtodos de gesto com o uso da tecnologia da informao, e os reflexos no conhecimento organizacional na Unimed BH. Florianpolis, 2003, 188 pp. Dissertao (Mestrado em Engenharia de Produo) - Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, UFSC.
Esta pesquisa objetivou analisar a contribuio dada pelas ferramentas de TI para a modernizao da gesto do negcio, do conhecimento e da aprendizagem organizacional no contexto das cooperativas de trabalho mdico UNIMEDS. Tal objetivo evidencia o tipo de pesquisa realizada, que se caracteriza como sendo descritiva, cujo meio de investigao empregado foi o estudo de caso. Inicia-se com a fundamentao terica, onde abordada a tecnologia da informao, caracterizando-se a informao como recurso gerencial, nesta perspectiva. Tambm contemplada a gesto do conhecimento, bem como a aprendizagem organizacional. A anlise da contribuio dada pelas ferramentas de TI para a gesto do negcio, do conhecimento e da aprendizagem organizacional, foi realizada pelo estudo de caso, na Unimed de Belo Horizonte. A anlise se deu a partir de um conjunto de variveis, que caracterizam um ambiente de gesto do conhecimento, de acordo com a literatura analisada. Estas variveis abrangeram, na Unimed de Belo Horizonte, o ambiente da informao, a estrutura organizacional, o capital intelectual, como ativo intangvel e a prtica do compartilhamento do conhecimento. O levantamento de dados, para a realizao da pesquisa, foi realizado com base em uma pesquisa documental, sobre os registros internos da Unimed de Belo Horizonte, e de entrevistas com uma amostra de colaboradores, que se inseriam no perodo de tempo, adotado como critrio. Tanto a amostra documental, quanto as entrevistas, foram agrupadas em torno das variveis, criando extratos para a anlise dos resultados. Baseados nestes extratos, os resultados da pesquisa mostraram, que as ferramentas de TI foram importantes para a evoluo dos mtodos de gesto do negcio da empresa. Constatou-se, tambm, que as ferramentas de TI constituem-se em importante instrumento a ser considerado na gesto do conhecimento e da aprendizagem organizacional no contexto da Unimed de Belo Horizonte.
Palavras-chave: Tecnologia da Informao; Gesto do Conhecimento; Aprendizagem Organizacional.
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ABSTRACT
RODRIGUES, Cndido Andr. The evolution of the management models with the use of information technology, and the reflexes on the organizational knowledge in Unimed BH. Florianpolis, 2003, 188 pages. Dissertation (Master Degree in Production Engineering) - Program of Post-Graduation in Production Engineering, UFSC.
This research aimed to analyze the contribution made by the IT tools for the modernization of business management, organizational knowledge and learning, in the context of medical work cooperatives UNIMEDS. Such an objective evidences the kind of research that was conducted, which is characterized as a descriptive one, the investigation done was a case study. It starts with a theoretical background, in which the information technology is covered, featuring information as a managerial resource, in this perspective. The study also covers the knowledge management, as well as organizational learning. The analysis of the contributions made by the IT tools for business management, and also for organizational knowledge and learning, was made by the case study carried out within Unimed BH. The analysis was done from a particular amount of variables, that characterizes a knowledge management environment, according to the analized literature. These variables cover, in Unimed de Belo Horizonte, the information environment, the organizational structure, the human capital as an intangible asset, and the knowledgements sharing practice. The data search, to the research realization, was done based on a documental research, over the internal registrations from Unimed de Belo Horizonte, and by interviews within some amount of workers, who were inserted in a particular period of time, adopted as a criteria. As the documental research as the interviews, were grouped around the variables, making sets to analyse the results. Based on these sets, the research results showed that the IT tools were important for the management methods evolution in the company s business. It was additionally found that the IT tools are an important instrument to be considered in organizational knowledge and learning management within the context of Unimed de Belo Horizonte..
Key words: Information technology; Knowledge management; Organizational learning.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Modelo do ciclo de aprendizagem proposto por Lewin ....................... 53 Figura 2 - Fluxos de gerenciamentos.................................................................... 82 Figura 3 - Organograma da cooperativa em 1998 ................................................ 83 Figura 4 - Organograma da cooperativa proposto pela MTD Consultoria............ 83 Figura 5 - Indicadores de escolaridade da Unimed BH ........................................ 87 Figura 6 - Novo organograma da cooperativa proposto pela Fundao de Desenvolvimento Gerencial................................................................................... 88 Figura 7 - Quadros de funes de responsabilidades .......................................... 89 Figura 8 - Sistema de gesto de pessoas............................................................. 90 Figura 9 - Estudo do perfil de colaboradores ....................................................... 91 Figura 10 - Modelo conceitual do Gerenciamento Pelas Diretrizes...................... 93 Figura 11 - Metodologia do Gerenciamento Pelas Diretrizes ............................... 93 Figura 12 Viso e objetivos estratgicos de 2002 ............................................. 94 Figura 13 - Liderana compartilhada..................................................................... 95 Figura 14 - Foto do Centro de Processamento de Dados .................................... 100 Figura 15 - Foto central da rede no Centro de Processamento de Dados ........... 101 Figura 16 - Logomarca do projeto Aquarela ......................................................... 103 Figura 17 - Centro de Processamento de Dados em junho de 2000 ................... 106 Figura 18 - Foto dos servidores da rede local em junho de 2000......................... 107 Figura 19 - Utilizao do correio eletrnico a partir de 2000 na Unimed BH........ 113 Figura 20 - Intranet da Unimed BH ....................................................................... 114 Figura 21 - Gastos e Investimentos em Informtica mdia nacional .................... 124 Figura 22 - Gastos e Investimentos em Informtica mdia setorial...................... 125 Figura 23 - Sala dos servidores em dezembro de 2002 ....................................... 128 Figura 24 - Call center com 40 posies de atendimento em junho de 2000....... 128 Figura 25 - Detalhe da pgina principal da Unimed BH........................................ 129 Figura 26 - Fases do gerenciamento de projetos ................................................. 133 Figura 27 - Estrutura de controle de um projeto padro da Unimed BH .............. 134 Figura 28 - Estrutura de diretrios do projeto back office da Unimed BH ............ 134 Figura 29 - Tamanho da pasta do projeto back office da Unimed BH.................. 135 Figura 30 - Portal Corporativo Unimed BH: sistema de Informaes do
Gerenciamento Pelas Diretrizes ....................................................... 158 Figura 31 - Portal Corporativo Unimed BH: meta de exemplo 1 do Gerenciamento
Pelas Diretrizes ................................................................................. 158 Figura 32 - Portal Corporativo Unimed BH: meta de exemplo 2 do Gerenciamento
Pelas Diretrizes ................................................................................. 159 Figura 33 - Portal corporativo Unimed BH: ambiente do sistema de informaes
gerencias ............................................................................................ 160
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Diferenciando e relacionando dados, informao e conhecimento.... 26
Quadro 2 - Relao das variveis selecionadas para a pesquisa........................ 67
Quadro 3 - Relacionamento dos documentos analisados com as variveis ........ 70
Quadro 4 - Mtodos para identificao de problemas .......................................... 80
Quadro 5 - Relao dos projetos planejados em 2001......................................... 130
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Presena de cooperados em momentos de deciso na cooperativa. 78
Tabela 2 - Nmero de computadores por funcionrios......................................... 114
Tabela 3 - Crescimento do faturamento................................................................ 123
Tabela 4 - Faturamento per capita/dados: perodo de 1998 a 2002 .................... 123
Tabela 5 - Investimentos em Tecnologia da Informao: perodo de 1999 a 2002
............................................................................................................................... 124
Tabela 6 - Gastos e investimentos em informtica mdia nacional e setorial
comparadas com a Unimed BH........................................................... 125
Tabela 7 - Anlise de produtividade operacional com base em clientes.............. 127
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LISTA DE REDUES
ACI Aliana Cooperativa Internacional ANS Agncia Nacional de Sade Suplementar CIA Centro de Informtica Aplicada CPD Centro de Processamento de Dados CTO Cmara Tcnica Operacional DM Data Mining (Minerao de Dados) DW Data Warehouse (Armazm de Dados). Termo usado para expressar
um ambiente de armazenamento de grande volume de dados destinados a consultas de aspecto gerencial
EGP Escritrio de Gesto de Projetos EIP Enterprise Information Portal (portal de informaes corporativas) ERP Enterprise Resource Planning (Software de Planejamento de Recursos
Empresariais) FDG Fundao de Desenvolvimento Gerencial FGV Fundao Getlio Vargas GPD Gesto pelas Diretrizes IDC International Data Corporation KDD Knowledge Discovery in Databases (o mesmo ECBD, ou extrao de
conhecimento de bases de dados) MCT Ministrio de Cincia e Tecnologia MOLAP Multidimensional On Line Analitical Process (processo de anlise de
informaes de forma analtica e em tempo de acesso com multidimenso de dados)
NIC Ncleo de Inteligncia Corporativa PDS Plano Diretor de Segurana PMI Project Management Institute (Instituto de Gesto de Projetos) PMBOK Project Management Body of Knowledgment (Corpo de Conhecimento
de Gesto de Projetos) PPR Plano de Participao nos Resultados (Participao nos lucros,
conforme preceitua a lei, com sistemtica prpria da Unimed BH) P&D Pesquisa e Desenvolvimento ROLAP Relational On Line Analitical Process (processo de anlise de
informaes de forma analtica e em tempo de acesso em uma ambiente de dados relacional)
SADT Servios de Apoio ao Diagnstico e Terapia SGP Sistema de Gesto de Pessoas. SGPS Sistema de Gesto de Plano de Sade SIBC Sistemas de Informao Baseados em Computadores. SIE Sistema de Informaes Estratgicas SIG Sistema de Informaes Gerenciais SUS Sistema nico de Sade TCI Tecnologias de Informao e Comunicao TI Tecnologia da Informao URL Uniform Resource Locator Endereo de um Site na WEB WBS Work Breakdown Structure
(Estrutura de Representao de Unidades de Trabalho)
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SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................... 13 1.1 O problema da pesquisa............................................................................... 15 1.2 Objetivos ........................................................................................................ 16 1.3 Justificativa do estudo.................................................................................. 17 1.4 Limitaes da pesquisa ................................................................................ 23 1.5 Estruturao do trabalho.............................................................................. 23
2 BASE CONCEITUAL PARA A ANLISE DO CASO ....................................... 21 2.1 Tecnologia da informao ............................................................................ 21 2.1.1 A sociedade da informao.......................................................................... 21 2.1.2 Aplicao da informao no conhecimento e o trabalho em rede............... 24 2.1.3 A informao como recurso gerencial das empresas.................................. 38 2.1.4 A tecnologia da informao na empresa e o ambiente informacional.......... 30 2.2 Gesto do conhecimento.............................................................................. 35 2.2.1 Sociedade do conhecimento ....................................................................... 36 2.2.2 A importncia do capital intelectual.............................................................. 41 2.2.3 Teorias sobre a gesto do conhecimento ................................................... 44 2.2.3.1 Criao do conhecimento.......................................................................... 45 2.2.3.2 Compartilhamento do conhecimento ........................................................ 48 2.2.3.3 Registro do conhecimento......................................................................... 49 2.3 Dinmica da aprendizagem organizacional................................................ 51 2.3.1 Caractersticas da aprendizagem organizacional ........................................ 53 2.3.2 Mecanismos de aprendizagem .................................................................... 56 2.4 A Estrutura organizacional e o compartilhamento do conhecimento na empresa ................................................................................................................ 58 2.5 Consideraes Finais ................................................................................... 62
3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS .......................................................... 63 3.1 Metodologia da pesquisa.............................................................................. 63 3.1.1Tipo de pesquisa ........................................................................................... 63 3.1.2 Universo e Amostra ...................................................................................... 64 3.1.3 Coleta dos dados.......................................................................................... 64 3.1.4 Anlise dos dados ........................................................................................ 65 3.2 Estrutura Geral .............................................................................................. 66 3.3 Anlise documental....................................................................................... 69 3.4 Questes da pesquisa .................................................................................. 71 3.5 Razes para a escolha das variveis .......................................................... 71
4 ANLISE DA ESTRUTURA DE GESTO DA UNIMED BH ............................ 74 4.1 Estrutura Organizacional.............................................................................. 74 4.1.1 Apresentao da Unimed............................................................................. 74 4.1.2 Evoluo das tcnicas de gesto na Unimed BH ........................................ 77 4.1.2.1 A gesto no perodo anterior a 1998......................................................... 77 4.1.2.2 Perodo posterior a 1998 : Reestruturao organizacional....................... 79 4.1.3 O planejamento estratgico da Unimed BH................................................. 86 4.1.4 Funes gerenciais, gesto compartilhada e delegao............................. 89 4.2 Ambiente Informacional e o uso de computadores .................................. 100 4.2.1 Estrutura de hardware e software na organizao at 1998 ....................... 100
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4.2.2 O uso de ferramentas de tecnologia de informao na organizao a partir de 1998................................................................................. ...................... 103 4.2.3 Melhorias em tecnologia da informao a partir do projeto aquarela.......... 106 4.3 Consideraes acerca da Estrutura Organizacional e do Ambiente Informacional
..................................................................................................................... 109
5 APLICAO DA TI NA GESTO DA UNIMED BH ......................................... 111 5.1 Capital Estrutural e Trabalho em Rede ....................................................... 111 5.1.1 Investimentos na comunicao corporativa e softwares de colaborao.... 111 5.1.2 Os SIBC implantados ao longo do tempo .................................................... 116 5.1.3 Opo por sistemas prontos ........................................................................ 118 5.1.4 Utilizao de dados e confiabilidade nos nmeros...................................... 121 5.1.5 Disseminao do uso de tecnologia de informao .................................... 122 5.1.6 Inovao, projetos e conhecimento.............................................................. 132
6 TECNOLOGIA DA INFORMAO E CONHECIMENTO NA GESTO DA UNIMED BH .......................................................................................................... 144 6.1 Compartilhamento do Conhecimento ......................................................... 144 6.1.1 A experincia da criao do sistema de informaes estratgicas ............. 149 6.1.2 A criao do Ncleo de Inteligncia Corporativa a partir dos Indicadores de Competitividade..................................................................................................... 152 6.1.3 A criao do projeto do Portal Corporativo da Unimed BH.......................... 156
7 CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS.................. 161 7.1 Anlise do ambiente do conhecimento organizacional ............................ 161 7.2 Concluses .................................................................................................... 167 7.3 Sugestes....................................................................................................... 173 7.4 Sugestes para trabalhos futuros ............................................................... 175
REFERNCIAS .................................................................................................... 177
ANEXO A ENTREVISTA ................................................................................... 184 ANEXO B TERMO DE REFERNCIA............................................................... 185
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1 INTRODUO
O progresso das tecnologias de informao e de comunicao tem gerado
grandes melhorias desde o fim do sculo XIX. Os limites da cincia ampliaram-se
surgindo novas reas do conhecimento, que esto afetando o dia a dia das pessoas.
Segundo Garvin (2000) essas transformaes tm sido sentidas nas diversas
profisses, que alm do domnio especfico, defrontam novos desafios no exerccio
das atividades profissionais.
Com o mercado globalizado e o advento da Internet a concorrncia entre as
empresas acirra-se. Onde a qualidade entendida no apenas como uma
oportunidade de melhorias na produo, mas torna-se uma revoluo no
pensamento administrativo (KIM, 1996). Teorias e modelos de aprendizagem so
disseminados por toda a organizao e os recursos humanos so envolvidos nos
processos de tomada de decises, recebendo a responsabilidade pelo seu prprio
trabalho (STARKEY, 1997). As organizaes so obrigadas a aprender a
aprender , priorizando-se o todo e a aprendizagem em grupo, integrando a soma
dos aprendizados individuais, dentro da organizao, criando um todo maior ,
(STARKEY, 1997), na busca de solues para os problemas.
Garvin (2000, p.4) menciona que "uma organizao de aprendizagem
aquela que tem a habilidade de criar, adquirir e transferir conhecimento e de
modificar seu ambiente e comportamento para refletir sobre novos conhecimentos e
insights.
Normalmente, toda empresa est inserida em um ambiente do qual no pode
ser dissociada. Este ambiente vem ganhando complexidade nos ltimos anos
principalmente devido a questes de dimenso organizacional, ou tecnolgica, ou
demogrfica ou de competitividade (CHILD e SMITH, 1987 e ANSOFF, 1990).
Nestes novos ambientes os sistemas de informao e as tecnologias de
comunicao, Internet, Intranet, tm se apresentado necessrias, mas no
suficientes, para interligar comunidades de prticas afins, permitindo a interligao
de pessoas a pessoas, pessoas a mquinas e mquinas a mquinas, (TERRA,
2001). Nonaka e Takeuschi (1997) mencionam que novas formas de registro e
transmisso de conhecimento tm surgido e sido aplicado s empresas.
O atrativo para as empresas no conhecimento se deve, entre outros quesitos,
pelo conhecimento estar muito associado ao (TEIXEIRA FILHO, 2000). O
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conhecimento valorizado pelas decises e aes que desencadeia. Um melhor
conhecimento pode levar a melhores decises em marketing, vendas, produo,
distribuio, e assim por diante. Assim as empresas passaram a se preocupar com o
seu capital intelectual, com sua inteligncia competitiva, com a Tecnologia da
Informao (TI), enfim, com a gesto do seu conhecimento. Gesto do
conhecimento, capital intelectual, inteligncia competitiva, learning organization
(organizao que aprende) e vrios outros novos termos tm surgido para tentar
caracterizar uma nova rea de interesse na administrao das organizaes.
Para Teixeira Filho (2000) as pessoas tm usado conhecimento nas
organizaes h muito tempo, pelo menos implicitamente. O conhecimento da
empresa, da competio, dos processos, do ramo de negcio, enfim, tem estado por
trs de diversas decises estratgicas e operacionais, ao longo dos anos. No
entanto, o reconhecimento de que o conhecimento um recurso que precisa ser
gerenciado relativamente recente.
A gesto do conhecimento vista por Terra (2001), como um modelo
baseado em dimenses que governam a aquisio, gerao, armazenamento e
difuso do conhecimento individual e organizacional, atingindo os objetivos da
gesto empresarial. Esta uma rea nova na confluncia entre a TI, aprendizagem
e administrao, um novo campo entre a estratgia, a cultura e os sistemas de
informao de uma organizao. Com o enfoque da gesto do conhecimento
comea-se a rever a empresa, suas estratgias, sua estrutura e sua cultura.
Davenport e Prusak (2000, p.19) afirmam que, " o conhecimento pode ser
incorporado em mquinas, mas de difcil categorizao e localizao. Quem quer
que j tenha tentado transferir conhecimento entre pessoas ou grupos sabe como
rdua a tarefa. Os receptores devem no apenas usar a informao, mas tambm
reconhecer que de fato constitui conhecimento.
De acordo com Terra (2001), os sistemas de informao se apoiam na
codificao, no armazenamento e na distribuio de informao, mas as condies
para a gerao de um efetivo aprendizado organizacional se d pelas pessoas. As
atividades de criao de conhecimento tm lugar com e entre os seres humanos. O
conhecimento transmitido por pessoas e para pessoas, atravs de meios
estruturados como vdeos, livros, documentos, pginas Web, dentre outros. Alm
disso, as pessoas obtm conhecimento daqueles que j o tm, atravs de
aprendizado interpessoal e compartilhamento de experincias e idias. Assim, as
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empresas tendem a se diferenciar pelo que elas sabem e pela forma como
conseguem usar esse conhecimento.
Ainda segundo Terra (2001), o processo de transformao de informao em
conhecimento totalmente dependente da mente humana e da sua capacidade de
interpretao. Porm, estas so baseadas em experincias individuais e
conhecimento prvio acumulado. Portanto, acumular informaes e automatizar
processos so mais fceis do que replicar a capacidade de criatividade e de
aprendizado.
A preocupao que se dever ter, ento, leva em considerao as prticas
organizacionais relacionadas aquisio, gerao e difuso de conhecimento no
dia-a-dia das organizaes (TEIXEIRA FILHO, 2000).
1.1 O problema da pesquisa
A essncia da estratgia organizacional est no desenvolvimento da
capacidade de adquirir, criar, acumular e explorar o domnio do conhecimento. Mas
atualmente, a maior parte das empresas s tm em mente produtos e servios
quando formulam suas estratgias. Essa abordagem pode ser limitadora, pois
produtos e servios tm fronteiras limitadas. (NONAKA E TAKEUCHI, 1997).
Segundo Terra (2001), os aspectos gerenciais e os elementos humanos so
os pilares da Era do Conhecimento e no as tecnologias em si, que mais estariam
aumentando a capacidade de comunicao, como por exemplo o enorme impacto
causado pela Internet. Observa, entretanto, que saltos importantes na velocidade de
desenvolvimento humano, podem estar relacionados com avanos na capacidade
de se comunicar, como a inveno da escrita, da impresso de Gutenberg, da
capacidade de navegao ao redor do planeta, do telgrafo, do telefone e do
satlite, entre outros. (TERRA, 2001).
De acordo com Galbraith e Lawler (1995), a Tecnologia da Informao
permitir o surgimento de novas formas de organizao, que podero gerar um novo
modelo de estrutura organizacional, menos hierarquizada, colocando milhares de
pessoas para se comunicar rapidamente por computador. Como conseqncia, o
ajuntamento de pessoas e organizaes poder ajudar na formao de um
consenso que leve ao.
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Cohen (1995), diz que a tecnologia da informtica estende a capacidade da
empresa em agregar valor aos produtos e servios, dando oportunidade para
decises sinrgicas que levaro especialistas a colaborar na criao destes de
forma cada vez mais especialmente encomendados. Podero assim, trabalhar na
formao de equipes autogerenciadas e orientadas para tarefas especficas e que
se dispersam assim que o trabalho estiver pronto. Desta forma, o trabalho se realiza
livre de locais determinados, possibilitando a organizao do trabalho em rede, que
integra colaboradores em potencial. Para tanto, preciso que haja o
compartilhamento do conhecimento individual e organizacional, no mbito destes
grupos.
Percebe-se o quo amplo o conceito de conhecimento, quer tcito ou
explicito, conforme preconiza Nonaka e Takeuchi (1997), onde o conhecimento tcito
aquele exprimvel, no palpvel, algo difcil de ser visualizado, e o explicito, aquele
que formalizado e sistematizado. Sabe-se que tais conhecimentos nem sempre
so gerenciados e sequer compartilhados, uma vez que se perdem internamente
nas organizaes e no so mensuradas as suas implicaes. O conhecimento
algo intangvel e nem sempre monitorado pelas organizaes, deixando em muitos
dos casos de agregar valor interno, quer no campo do resultado do individuo, quer
no campo do resultado das instituies, por estar disperso, sem nenhuma
sistematizao.
Assim, a questo problema que se coloca : A evoluo dos mtodos de
gesto e os investimentos em tecnologia da informao, ajudaram a criar um
ambiente propcio produo, reteno e difuso do conhecimento organizacional,
em cooperativas de trabalho mdico UNIMED?
1.2 Objetivos
O objetivo geral deste estudo analisar a contribuio dada pelas
ferramentas de TI, como elemento de apoio aos mtodos de gesto empresarial,
para o processo de criao, difuso e compartilhamento do conhecimento
organizacional em cooperativas de trabalho mdico UNIMED.
A partir do objetivo geral elaboraram-se os seguintes objetivos especficos.
Entender se:
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as alteraes na estrutura organizacional, do liberdade s pessoas que
as levem produo do conhecimento para a organizao;
se o capital estrutural, que d a capacidade de reter o conhecimento
gerado, est bem montado, principalmente com os investimentos em
tecnologia da informao;
se o ambiente informacional est sendo capaz de dotar as pessoas de
informao que as permitam conhecer o negcio e compartilhar este
conhecimento;
se o trabalho em rede, ou colaborativo, ajuda a sustentar o ambiente
informacional e a alcanar o compartilhamento do conhecimento.
1.3 Justificativa do estudo
Vivemos em uma sociedade onde informao barata, conhecimento caro e
sabedoria rara Dennis Tsichiritziz.
Muitas empresas tratam o conhecimento como uma commodity e no como
um processo de melhoria da inteligncia empresarial, que se traduz em habilidades
superiores de interpretaes dos fatos e de tomada de deciso. Isso no quer dizer
que as empresas no devam ter uma gesto pr ativa do conhecimento.
Contrariamente, essa gesto, alm dos cuidados no desenho e na nfase conferida
aos sistemas de informao, deve envolver mudanas no tipo de indicadores
utilizados para medir o desempenho e, principalmente, mudanas profundas na
cultura organizacional e nas prticas gerenciais. (TERRA, 2001).
Ainda segundo Terra (2001), em organizaes que aprendem , as
informaes e os sistemas de informao tm de ser precisos, personalizados,
imediatamente disponveis em um formato que facilite o espao, e tm de estar
disponveis em um formato que facilite o uso. Em seu entendimento, as empresas
deveriam sempre fazer duas questes que as orientariam no desenvolvimento de
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seus sistemas de informao: Como essa informao agrega valor ao processo de
deciso? Como ela pode chegar s pessoas que precisam dela?
A sociedade do conhecimento assiste ascenso de um novo perfil de
trabalhador, com grande contedo de informao e conhecimentos em suas
atividades. o que Drucker (1997), denomina trabalhadores do conhecimento.
Apesar de no ser a maioria na fora de trabalho, seu grupo j imprime uma
liderana na sociedade do conhecimento.
Num contexto onde sistemas de informao devem gerar valor para o
processo decisrio, Terra (2001), e onde trabalhadores lidam com contedos
macios de conhecimento em suas atividades, Drucker (1997), justifica-se
desenvolver esta pesquisa, com o objetivo de buscar estabelecer relaes entre o
uso de ferramentas de TI e uma maior intimidade com o conhecimento pertinente ao
negcio em uma organizao, que tenha se informatizado, levando-se em
considerao a transformao realizada na comunicao e colaborao e suas
conseqncias, com o uso das Tecnologias de Informao.
Este trabalho versa sobre cooperativas de trabalho mdico e utilizou como
caso para estudo a Unimed BH. A partir da observao pessoal do pesquisador,
vislumbrou-se a possibilidade de disponibilizar o conhecimento das tcnicas de
gesto utilizadas neste caso e seus resultados quanto ao conhecimento
organizacional, para as demais cooperativas de trabalho mdico, sendo uma
contribuio ao conhecimento registrado a este importante setor na rea de sade,
que representa 25% deste mercado e a maior rede de assistncia mdica do Brasil,
reunindo 93 mil mdicos cooperados e 11 milhes de usurios, em 364 cooperativas
mdicas distribudas por todo o territrio nacional (UNIMED, 2003).
O estudo de caso aborda a Unimed BH, que a partir de 1999 alcanou um
patamar organizacional superior aos 27 anos anteriores, adotando meios de
colaborativismo, ou trabalho em grupo, atravs de sua rede local de computadores,
Unimed BH (2003), que deveria levar troca rpida de informaes e conhecimento,
e criar um ambiente que propiciasse a gesto sistematizada do conhecimento.
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1.4 Limitaes da pesquisa
O mtodo escolhido para a pesquisa, o estudo de caso, apresenta limitaes
inerentes, alm de outras que se relacionam com o objeto da pesquisa em si. As
seguintes limitaes foram identificadas:
Na coleta dos dados:
A limitao da abrangncia da pesquisa a aspectos ligados a TI, o que
restringiu a avaliao da cultura organizacional e seus reflexos no
conhecimento organizacional;
a no sistematizao do registro da histria da Unimed BH, faltando, s
vezes, documentos que apoiassem a pesquisa;
e o reduzido nmero de funcionrios, com memria anterior a 1998,
quanto aos aspectos pesquisados.
Na anlise dos dados:
Houve julgamento de valor na anlise, em que pese ter havido a
preocupao de se manter imparcialidade. Admite-se aqui entretanto, a
impossibilidade de haver neutralidade cientfica na observao e
interpretao de um dado fenmeno.
Adotou-se o ano de 1998, como ponto de corte, para efeito de anlise nesta
pesquisa, por se tratar de um ano onde uma nova diretoria foi eleita, na Unimed BH,
e a regulamentao do setor de sade suplementar iniciou-se. Porm, a
transformao nos mtodos de gesto, realizados a partir deste perodo, conforme
dados pesquisados, foi o fator motivador da presente pesquisa.
1.5 Estruturao do trabalho
A dissertao est estruturada na questo da contribuio dada pelas
ferramentas da tecnologia da informao para a gesto do negcio, e do
conhecimento organizacional no contexto da Unimed BH, no perodo de 1998 a 2002
em sete captulos.
-
20
A exposio do tema e do problema, os objetivos da pesquisa, a justificativa e
as limitaes da pesquisa, seguidos da organizao do estudo de forma sucinta so
descritas no captulo um.
No segundo captulo apresenta-se a base conceitual para o estudo de caso.
Inicia-se com a base conceitual para o desenvolvimento dos mtodos de gesto,
abordando a tecnologia da informao, com nfase na informao como recurso
gerencial, tendo em vista o foco do trabalho. Tambm so contempladas a gesto
do conhecimento nesta perspectiva, bem como a aprendizagem organizacional que
aponta nesta direo. Finalmente, discute o compartilhamento do conhecimento na
empresa.
No captulo terceiro abordam-se os procedimentos metodolgicos adotados
no mbito desta pesquisa, bem como as variveis escolhidas para a anlise do caso,
sua relao com os dados coletados via entrevista e documentao e os critrios de
anlise.
No captulo quarto realiza-se a anlise da estrutura de gesto da Unimed BH.
Inicia-se com a estrutura organizacional e finaliza-se com o ambiente informacional,
fazendo-se consideraes sobre o histrico da gesto na Unimed BH, e sua
evoluo ao longo do tempo.
No captulo quinto aborda-se as principais transformaes ocorridas com as
tcnicas baseadas em ferramentas e neste contexto as de TI.
No captulo sexto contemplam-se os mtodos de gesto de informao e do
conhecimento, com enfoque nas transformaes introduzidas com o uso das
ferramentas de TI, voltadas para o compartilhamento do conhecimento
organizacional.
Finalmente, no stimo captulo, a concluso com os principais resultados da
dissertao e sugestes para trabalhos futuros sobre o tema investigado.
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21
2 BASE CONCEITUAL PARA A ANLISE DO CASO.
Neste captulo esto relacionadas os conceitos que deram sustentao a
pesquisa. Inicia-se com a importncia da tecnologia da informao e em seguida
consubstancia-se a gesto do conhecimento, foco deste estudo. Na seqncia
evidencia-se a aprendizagem organizacional, com nfase no mecanismo de
aprendizagem. Por ltimo, contempla-se o compartilhamento do conhecimento na
empresa.
2.1 Tecnologia da informao (TI)
2.1.1 Sociedade da informao
O ambiente da era da informao, tanto para as organizaes do setor de
produo quanto para as do setor de servios, exige novas capacidades para
assegurar o sucesso competitivo. A capacidade de mobilizao e explorao dos
ativos intangveis ou invisveis tornou-se muito mais decisiva do que investir e
gerenciar ativos fsicos tangveis.
Kaplan e Norton (1997) ressaltam que as empresas da era da informao
esto baseadas em um novo conjunto de premissas operacionais como os:
a) processos interfuncionais - as empresas buscam vantagens competitivas
atravs da especializao de habilidades funcionais: nas reas do
conhecimento, administrao, marketing e tecnologia;
b) ligao com clientes e fornecedores - manter clientes e fornecedores a
uma distncia segura; a TI permite que as empresas de hoje integrem os
processos de suprimentos, produo e entrega;
c) segmentao de clientes - as empresas da era da informao devem
aprender a oferecer produtos e servios customizados aos seus diversos
segmentos de clientes, sem serem penalizadas nos custos por operaes
de alta variedade e baixo volume;
d) escalas globais extrapolando as fronteiras nacionais - as empresas da era
da informao concorrem com as melhores empresas do mundo e devem
combinar as eficincias e a agressividade competitiva do mercado global
com a sensibilidade s expectativas dos clientes locais;
-
22
e) inovao - os ciclos de vida dos produtos continuam diminuindo; a
vantagem competitiva numa gerao da vida de um produto no garante a
liderana na prxima plataforma tecnolgica;
f) trabalhadores de conhecimento (knowledge workers) - as empresas criam
fortes distines entre dois grupos de funcionrios: a elite intelectual
gerentes e engenheiros que utilizavam suas habilidades analticas para
projetar produtos e processos; e a fora do trabalho direto que era o
principal fator de produo nas empresas da era industrial.
Ainda segundo Kaplan e Norton (1997), no final do sculo XX, as pessoas so
vistas como solucionadoras de problemas, no como custos variveis. Devem
agregar valor pelo que sabem e pelas informaes que podem fornecer. Investir,
gerenciar e explorar o conhecimento passou a ser fator crtico de sucesso para as
empresas da sociedade da informao.
Agudo Guevara (2000) menciona que a expresso sociedade da informao
passou a ser utilizada, nos ltimos anos do sculo XX, como substituto para o
conceito complexo de sociedade ps-industrial e como forma de transmitir o
contedo especfico do novo paradigma tcnico-econmico. A realidade que os
conceitos das cincias sociais procuram expressar refere-se s transformaes
tcnicas, organizacionais e administrativas que tm como fator-chave no mais os
insumos baratos de energia
como na sociedade industrial
mas os insumos
baratos de informao propiciados pelos avanos tecnolgicos na microeletrnica e
telecomunicaes. Esta sociedade ps-industrial ou informacional, como prefere
Agudo Guevara (2000), est ligada expanso e reestruturao do capitalismo
desde a dcada de 80 do sculo que terminou.
As novas tecnologias e a nfase na flexibilidade, idia central das
transformaes organizacionais, tm permitido realizar com rapidez e eficincia os
processos de desregulamentao, privatizao e ruptura do modelo de contrato
social entre capital e trabalho caractersticos do capitalismo industrial.
Castells (2000) afirma que as transformaes em direo sociedade da
informao, em estgio avanado nos pases industrializados, constituem uma
tendncia dominante mesmo para economias menos industrializadas e definem um
novo paradigma, o da Tecnologia da Informao, que expressa a essncia da
presente transformao tecnolgica em suas relaes com a economia e a
sociedade.
-
23
O foco sobre a tecnologia pode ter uma viso simples de determinismo
tecnolgico seguindo em direo sociedade da informao. Resulta da tecnologia,
com uma lgica tcnica e, portanto, neutra, estando fora da interferncia de fatores
sociais e polticos. Os processos sociais e de transformao tecnolgica resultam de
uma interao complexa em que fatores sociais pr-existentes, a criatividade, o
esprito empreendedor, as condies da pesquisa cientfica afetam o avano
tecnolgico e suas aplicaes sociais (CASTELLS, 2000).
Alm do indevido determinismo, incorre-se muitas vezes tambm em
despropositado evolucionismo na discusso do novo paradigma tecnolgico quando
a sociedade da informao vista como etapa de desenvolvimento. Para Agudo
Guevara (2000) melhor seria referir-se a sociedades da informao, no plural, para
identificar, numa dimenso local, aquelas nas quais as novas tecnologias e outros
processos sociais provocaram mudanas paradigmticas.
A expresso sociedade da informao, no singular, seria melhor utilizada,
numa dimenso global (ou mundial), para identificar os setores sociais,
independente de sua caracterizao local, que participam "como atores de
processos produtivos, de comunicao, polticas e culturais que tm como
instrumento fundamental as Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC) e se
produzem
ou tendem a produzir-se
em mbito mundial" (AGUDO GUEVARA,
2000, p. 4)
O determinismo e o evolucionismo distorcem a anlise do processo complexo
de mudana social e alimentam uma atitude passiva, contemplativa, em relao a
esse processo. Tais posturas impedem ou ignoram que a sociedade, especialmente
por intermdio do Estado, tem desempenhado um papel muito ativo tanto para
promover quanto para diminuir o desenvolvimento tecnolgico e suas aplicaes
sociais. Para Agudo Guevara (2000, p.7) isso particularmente claro no que se
refere s novas tecnologias:
O avano tecnolgico no novo paradigma foi resultado da ao do Estado. o Estado que est frente de iniciativas que visam ao desenvolvimento da sociedade da informao nas naes industrializadas e em muitas daquelas que ainda esto longe de ter esgotado as potencialidades do paradigma industrial.
Ainda segundo Agudo Guevara (2000) a experincia concreta da sociedade
de informao permite revelar como a reestruturao do capitalismo e a difuso das
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24
novas TIs lideradas e/ou intermediadas pelo Estado, interagem com as foras
sociais locais, gerando um processo de transformao social.
Em termos gerais, consenso entre analistas que a realizao do novo
paradigma se d em ritmo acelerado e atinge nveis dspares nas vrias
sociedades. Junto com a sociedade da informao j lugar comum a distino
entre pases e grupos sociais ricos e pobres em conhecimento e informao.
2.1.2 Aplicao da informao no conhecimento e o trabalho em rede
Grande parte das anlises objetivando entender e caracterizar a nova ordem
mundial ressalta, por um lado, o esgotamento do padro de acumulao anterior e,
por outro lado, o advento (e rpida difuso) de um novo padro criando novas
possibilidades de crescimento. Harvey (1996), ao discutir as origens de tais
transformaes, aponta para a necessidade de entender tal processo dentro de um
quadro onde se articulam mudanas: tcnicas, organizacionais e institucionais aos
nveis micro, meso e macroeconmico, salientando os aspectos sociais, econmicos
e polticos envolvidos.
So diversas as contribuies que apontam para esta transio de regime
(padro ou paradigma) de acumulao, a qual se apia em uma revoluo
informacional. Tal revoluo vista como engendrando transformaes comparveis
quelas ocorridas em fases anteriores de mudanas radicais no padro de
acumulao capitalista e, em particular, denominada Revoluo Industrial do final
do sculo XVIII. No entanto, nota-se, com freqncia, que os impactos econmicos e
sociais esperados da atual ordem mundial em conformao so considerados como
at mais importantes que aqueles gerados pela Revoluo Industrial.
Portanto, trata-se, e como resumido por Gmez (1997), de uma revoluo que
agrega novas capacidades inteligncia humana e muda o modo de se trabalhar e
viver junto. Informao e conhecimento passam a assumir papel ainda mais visvel e
estratgico na nova ordem estabelecida, baseando e alavancando as novas
possibilidades de crescimento.
Segundo Davis e Botkin (1995, p. 2) as tecnologias emergentes esto
impulsionando a prxima onda de crescimento econmico. As organizaes que
querem tomar parte nesse crescimento tero que utilizar no s as novas
tecnologias, mas tambm o novo modo de pensar. Acima de tudo estar sua
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25
capacidade de compreender o que representa para a economia a passagem de
dados para informaes e de informaes para conhecimentos.
Como uma conseqncia das transformaes, refora-se o papel da gesto
estratgica da informao econmica e do conhecimento como ferramenta
fundamental para o crescimento econmico. Conforme, por exemplo, apontado por
Passos (1997), o desenho de sistemas de inteligncia econmica (ou inteligncia
competitiva)
tanto ao nvel privado quanto pblico, global ou localizado
ganharam destaque ainda maior nas estratgias de diferentes instituies.
Tais sistemas procuram equacionar a necessidade de se promover tambm a
gerao de conhecimentos que permitam utilizar as informaes disponibilizadas,
por meio de estratgias que se auto-alimentam. Novos modelos de gesto so
desenvolvidos tanto aos nveis das esferas da pesquisa e desenvolvimento,
produo e comercializao de bens e servios, quanto das esferas de
planejamento estratgico. Tais processos privilegiam a agilidade na tomada de
decises e na incorporao de mudanas e visam a adaptar as organizaes nova
realidade (ARRUDA, 1997; PASSOS 1997 e LEMOS, 1997).
Como outra marcante caracterstica associada a esta transio, as empresas
e demais instituies vm reestruturando suas funes e atividades. Alm disso,
vm definindo e implementando novas estratgias de administrao, desenvolvendo
e adotando novos desenhos organizacionais, instrumentos e metodologias
operacionais. Esses novos formatos organizacionais enfatizam a descentralizao, a
terceirizao e a interao interna e com parceiros de todos os tipos. Tais formatos,
apoiando-se e beneficiando-se dos meios tcnicos atualmente disponveis para
veicul-los, igualmente baseiam-se crescentemente em informao e conhecimento.
O Quadro 1 demonstra como Johannessen, Olsen e Olaisen (1999) diferenciam e
relacionam estas bases.
Utilizar do potencial das informaes para transform-las em conhecimento,
com o fim de garantir competitividade com o uso das tecnologias. Este o benefcio
que os dados podem gerar. E neste aspecto, ligar pessoas a pessoas e pessoas a
dados, uma das grandes contribuies das TIs nas organizaes. Criar uma
organizao capaz de compartilhar o conhecimento, por meio de redes, fazendo com
que a informao flua atravs das hierarquias, diretamente entre os indivduos,
disseminando o poder em uma estrutura menos hierarquizada. (STEWART, 1998)
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26
FORMATO CARACTERSTICAS DADOS So abstraes formais quantificadas. Podem ser armazenados em
computador, e, so puramente sintticos, podem ser tambm processados.
INFORMAES So abstraes informais que representam, por meio de palavras, som ou imagem, algum significado para algum. Contm semnticas e no podem ser formalizadas segundo uma teoria matemtica ou lgica. Informaes podem ser armazenadas em computador, mas no podem ser processadas (para isso, seria preciso quantifica-las, reduzindo-as a dados)
CONHECIMENTO uma abstrao interna e pessoal gerada a partir da experincia. No pode ser completamente descrito, representado, caso contrrio seria apenas informao. O conhecimento no pode ser armazenado e nem processado. Neste sentido, o conhecimento dito explcito , na verdade, informao, mas que, ao ser manuseada por uma pessoa, naturalmente se relaciona com o conhecimento tcito.
Quadro 1 Diferenciando e relacionando dados, informao e conhecimento. Fonte: Johannessen, Olsen e Olaisen, 1999.
Portanto, so grandes o exponencial desenvolvimento e difuso de redes de
diferentes tipos e formas reunindo atores espalhados pelo mundo inteiro. Neste
caso, salienta-se especialmente que:
a) a constituio de redes considerada como a mais importante inovao
organizacional associada difuso do novo paradigma tecnoeconmico
das tecnologias da informao; e
b) a competitividade das organizaes passa a estar relacionada
abrangncia das redes em que esto inseridas, assim como a intensidade
do uso que fazem das mesmas, Lemos (1997), notadamente a internet e
seu poder de conectividade possibilitando uma nova escala de difuso da
informao criando novos mercados.
Desta forma denomina-se a nova ordem como sociedade em rede (network
society): resultante da revoluo das tecnologias da informao e da reestruturao
do capitalismo. A nova ordem ento caracterizada pelo formato organizacional
interativo pela transformao das bases materiais da vida, do espao e tempo, bem
como pela cultura da realidade virtual construda por um sistema de mdia
multidirecional, interconectado e diversificado. (CASTELLS, 2000).
Os recursos de TIs facilitam o trabalho em rede, podendo manter os
conhecimentos descentralizados junto aos locais que so mais gerados e/ou
utilizados (DAVENPORT e PRUSAK apud SILVA, 2002, p.54), e melhorando o grau
de interatividade do usurio com os registros de conhecimento. Davenport e Prusak
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27
(2000) afirmam que a TI efetivamente til para a gesto do conhecimento se for
empregada utilizando-se uma interferncia (interatividade) humana sistemtica.
Sintetizando estas transformaes pela interpretao de vrios autores,
Rogers (apud SILVA, 2002, p.58), pode-se entender que a TI tm ampliado o seu
papel na gesto do conhecimento, essencialmente no trabalho com o conhecimento
explcito, pois, o conhecimento tcito, devido ao seu prprio conceito, implica em
restries a seu manuseio pela TI equilibrando-se em duas linhas de atuao.
A primeira linha compreende nas tecnologias centradas no indivduo que so
mais teis para auxiliar na internalizao do conhecimento explcito, mas com menos
sucesso nas tentativas de transmisso dos conhecimentos tcitos (socializao).
Sistemas interativos, hipertexto e multimdia para aprendizagem podem ser
mencionadas como exemplos destas tecnologias. O foco principal est em facilitar o
compartilhamento de interesses e experincias pessoais, devido a um acesso mais
dinmico ao conhecimento explcito.
A segunda linha de atuao aborda as tecnologias centradas na mquina,
mais teis nas tentativas de externalizao do conhecimento tcito e no
agrupamento dos conhecimentos explcitos (combinao). Envolve sistemas que
buscam dinamizar o registro (explcito) de parte do conhecimento (tcito) das
pessoas, portanto, facilitando a externalizao. Depois agrupam este registro junto a
inmeros outros conhecimentos explcitos (realizando ento a combinao). Bases
de dados, sistemas especialistas, ferramentas de suporte deciso, agentes de
busca na Internet, entre outros, so exemplos de tecnologia que podem ser
empregados com este propsito.
H uma crescente interdependncia entre as tecnologias destas duas linhas
de atuao que caminham em direo a seu emprego de forma integrada nos
problemas de gesto do conhecimento de uma empresa.
As ferramentas utilizadas, conforme Vema Alle (apud LARA, 2001, p.11-12)
para a prtica da gesto do conhecimento so:
a dinmica organizacional, a engenharia de processo, e a TI. Esses trs fatores trabalham em conjunto para facilitar e aperfeioar a captura e o envio de dados, informaes e conhecimento de uma organizao, e coloc-los disposio de pessoas, ou profissionais do conhecimento, sendo inequivocadamente, o recurso mais vital da empresa do sculo XXI.
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28
Com a emergncia de uma economia em que conhecimento e informaes
so os recursos bsicos, preciso, segundo Edwin, Dibella, Gould (1995b, p. 2),
que se adotem novos referenciais e metforas para descrever as organizaes e os
fatores que as levam ao sucesso sustentado.
2.1.3 A informao como recurso gerencial das empresas
Na busca de novos caminhos para conseguir vantagens em um ambiente
cada vez mais competitivo, um problema persistente a desafiar os administradores
a dificuldade em fazer com que as informaes disponveis sejam coletadas,
formatadas e usadas sistematicamente na tomada de decises.
Segundo Flippo (1970) difcil avaliar que informao necessria ao
decisor, bem como atribuir o seu valor em termos de contribuio para decises
mais acertadas. A maneira como a informao disponibilizada ao decisor pode
indicar o que til ou no. Para ser til, a informao deve ser compreendida e
absorvida pelo decisor.
Beuren (2000, p.43), menciona que a informao fundamental no apoio s
estratgias e processos de tomada de deciso. Sua utilizao representa uma
interveno no processo de gesto, podendo, inclusive, provocar mudanas
organizacionais, medida que afeta os diversos elementos que compem o sistema
de gesto.
Reinventar a empresa, segundo Drucker (1995, p.1) requer um novo conjunto
de ferramentas e conceitos de gerenciamento. Isso inclui a recriao dos sistemas
utilizados para suprir os gerentes com as informaes de que precisam para fazer
julgamento e tomar decises.
Como processadores de informao, Flippo (1970), diz que os tomadores de
deciso atuam limitados pelo volume, pela qualidade de dados disponveis, por sua
habilidade para acess-los e por sua capacidade de analis-los. O sucesso de um
gerente pode ser medido pela qualidade e quantidade de suas decises, que vo
depender de sua eficincia na utilizao de informaes. A chave para o sucesso
obter informaes teis e exatas disponveis no momento certo.
Sapiro (1993), afirma que para se fazer um uso efetivo da inteligncia
empresarial importante se delinearem aplicaes realmente eficazes dos sistemas
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29
e servios de informao. S assim ser possvel utilizar a informao como
ferramenta consistente para se integrar ao processo decisrio nas empresas.
Beuren (2000, p.13), coloca que as teorias da deciso, mensurao e
informao constituem o tripl que sustenta a configurao do sistema provedor da
gerao de informaes.
Para que as decises sejam tomadas de forma eficaz, necessrio que se
tenha conhecimento de onde buscar a informao relevante para a empresa. Degent
(1986), apresenta algumas fontes informacionais, tais como as equipes de vendas e
de engenharia, os canais de distribuio, os fornecedores, as agncias de
publicidade, os ex-funcionrios de concorrentes, encontros profissionais, as
associaes comerciais, as empresas de pesquisa mercadolgica e a engenharia
reversa.
Para Flippo (1970, p.123), o primeiro passo inclui no somente definir a
informao necessria, mas tambm especificar quando e em que formato a
informao dever ser disponibilizada. Os tomadores de deciso devem participar
do processo de definio de necessidades e avaliar o valor que a informao ter
como ferramenta para a tomada de deciso.
Beuren (2000, p.21) coloca que os tomadores de deciso precisam de
mensuraes adequadas para dar suporte a seus modelos decisrios [...] diferentes
modelos de deciso podero ser adotados, de acordo com a natureza da situao
decisria .
Oliveira (1996), entretanto, afirma que, os SIBC somente sero eficazes
quando se identificarem clara e cuidadosamente os requisitos informacionais dos
respectivos usurios.
Acrescente-se a isso, a importncia de se conhecer em profundidade o
processo decisrio de cada organizao, ou seja, como os gerentes utilizam a
informao no momento de decidir.
Assim, a idia de que os gerentes necessitam de informao para decidir o
destino de uma empresa, leva as pessoas a considerarem importante o papel dos
Sistemas de Informao Baseados em Computadores (SIBC).
-
30
2.1.4 A tecnologia da informao na empresa e o ambiente informacional
As novas tecnologias, segundo Mello (2003, p. 10), freqentemente criam
importantes fontes adicionais de vantagem competitiva que permitem organizao
descolar os atuais detentores ou at redesenhar as fronteiras dos mercados
existentes.
Em um mundo competitivo, a informtica torna-se cada vez mais decisiva
para o desenvolvimento de processos operacionais e gerenciais. Hoje, de forma
incomensuravelmente mais ampla e profunda, a informtica desempenha papel
principal no desenvolvimento de novos produtos, na sustentao das vendas e
servios, na construo de uma inteligncia de mercado (SIQUEIRA, 1996).
A habilidade para tratar informaes oriundas de mltiplos sistemas e torn-
las amplamente acessveis aos gerentes, supervisores e empregados cada vez se
torna mais relevante sobrevivncia no mercado.
As TI s disponveis podem produzir sucesso se comparadas aos padres de
desempenho das geraes anteriores. Mas, utilizadas de forma isolada, no so
suficientes. Inovaes no uso de computadores e da comunicao em rede devem
ser combinadas com inovaes em como a informao estruturada e utilizada e
como os processos organizacionais se transformam com sua incorporao.
Por muito tempo, a TI foi considerada um mero item de suporte
organizao, um centro de custo que a princpio no gerava qualquer retorno para o
negcio. Mas as aplicaes da TI foram crescendo dentro das organizaes - se
antes a tecnologia era usada apenas para automatizar tarefas e eliminar a rotina no
trabalho humano, aos poucos ela comeou a enriquecer todo o processo
organizacional, auxiliando na otimizao e administrao da empresa, eliminando
barreiras de comunicao e assim por diante. E, nesse novo cenrio, a TI comeou
a assumir um papel muito mais importante nas organizaes: o de fator de
crescimento de lucros, de reduo de custos operacionais e de
aprendizagem (STONER e FREEMAN, 1999).
Segundo os referidos autores, a TI pode ser decisiva para o sucesso de uma
organizao, contribuindo para que ela seja gil, flexvel e robusta. A fim de garantir
esse resultado, necessrio traduzir a viso da empresa e sua estratgia em
objetivos menores, para ento se identificar s iniciativas de TI que melhor podem
contribuir para alcan-los.
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31
Hagel III (2003, p. 6) diz que mais do que mais um investimento em TI, essa
nova gerao de TI pode ser o catalisador de uma reformulao do pensamento
gerencial.
Davenport (2000) ressalta que o modo como os aspectos especficos da
situao dos negcios afetam as iniciativas informacionais, varia para cada empresa
ou setor. Mas, sejam quais forem essas especificidades os gerentes precisam
prestar ateno estratgia de negcios, aos processos de negcios,
estrutura/cultura organizacional e orientao dos recursos humanos.
Um investimento global em tecnologia, continua Davenport (2000), afetar
tambm o ambiente organizacional, mas o fator crtico o simples acesso
informao. A crescente predominncia, a facilidade do uso e do poder das redes de
trabalho e das redes locais tm oferecido uma boa infra-estrutura a virtualmente
todas as empresas, algumas tecnologias novas so mais dirigidas informao que
as do passado.
Acrescentamos a nosso ver, que algumas so mais dirigidas ao homem, do
que outras. O Ambiente Informacional, deve se concentrar especialmente no
conjunto composto pelas tecnologias, processos e pessoas. Sendo que a
abordagem dita ecologia da informao, idealizada por Davenport (2000), aborda os
itens principais destes trs eixos. So eles a Estratgia da Informao, a Poltica da
Informao, a Cultura e Comportamento em Relao Informao, a Equipe da
Informao, os Processos de Administrao Informacional e a Arquitetura da
Informao.
Como ambiente informacional enxerga-se a unio destes itens, visando dar
importncia a uma viso sistmica ou holstica da informao, sem desprezar
nenhum de seus fatores. A ecologia informacional est ainda contextualizada em
dois outros ambientes, sendo eles o organizacional e o externo.
No contexto do ambiente externo, as empresas precisam de informaes
sobre o mundo exterior. Segundo Davenport e Prusak (2000) o ambiente exterior
consiste em informaes sobre trs tpicos:
a) mercados de negcios - criam condies gerais de negcios, o que afeta a
capacidade das empresas adquirirem e gerenciarem seus negcios
atravs da informao, bem como optar pelo tipo de informao de que
precisam;
-
32
b) mercados tecnolgicos - so compradas e vendidas as tecnologias
disponveis que podem afetar o mundo informacional; e
c) mercados da informao - todas as coisas, de tendncias industriais a
malas-diretas, so negociadas. As empresas enfocam o tipo de
informao que deve ser comprada desse mercado e avaliam as maneiras
de vender as informaes.
No contexto do ambiente organizacional, d-se a origem do ambiente
informacional e este aborda a situao dos negcios, onde a organizao se situa e
define a estratgia da informao, tambm os investimentos em tecnologia, e a
distribuio fsica que situa o homem no espao geogrfico e o acesso s
informaes e sua troca.
Como conseqncia de uma abordagem mais sistmica da informao nas
organizaes, o mbito das funes dos gestores no mundo dos negcios tm
variado para se adaptar a esta abordagem. Stoner e Freeman (1999) destacam
que no existe um consenso sobre as funes a serem exercidas pelos gerentes de
TI, no havendo dvida de que essas funes esto evoluindo para um novo
modelo, em conseqncia das mudanas ocorridas no ambiente corporativo nos
ltimos anos.
Independentemente da rea de atuao da empresa, entretanto, o aumento
da complexidade do ambiente de TI um outro fator que tem influenciado
significativamente o perfil esperado desse gerente. A necessidade de incorporar
rapidamente novas tecnologias, e os altos custos de se manter internamente
pessoal qualificado, entre outros obstculos, tem levado a maioria das empresas a
procurar parcerias e a terceirizar servios considerados no-essenciais para o
negcio.
Abreu e Rezende (2001) mencionam que as empresas que conseguirem criar
essa vinculao entre estratgia e TI, focalizando seus investimentos em tecnologia
nas reas mais importantes para o sucesso da estratgia escolhida, certamente
estaro no caminho certo para obter um excelente desempenho, meta principal de
qualquer organizao.
Nas palavras de Siqueira (1996) a TI muda com rapidez e continuadamente
fornece capacitaes que possibilitam tirar vantagens das mudanas em um
negcio. Em geral, uma nova tecnologia sempre est alguns passos frente da
-
33
habilidade em a utilizar, e, portanto, como tal, requer dos gerentes competncia para
administrar situaes que repercutem nos usurios.
Portanto, qualquer proposta de investimento em TI deve ocasionar a reduo
das relaes organizacionais, a melhoria dos processos de trabalho e da
estruturao corporativa, e no adicionar maior complexidade operacional ou
simplesmente fazer melhor o que j feito, ou seja, reduzir-se custos ou despesas
via simplificao dos processos.
Nesse sentido, verifica-se que sero cada vez menores os investimentos em
computao propriamente dita, e maiores em comunicaes ou TI. Torna-se
tambm necessrio perceber as TI pelo que elas so exatamente: um recurso
decisivo que afeta a estrutura e o funcionamento das organizaes, as formas como
atuam e atendem os seus clientes, e como se comunicam interna e externamente.
Ainda segundo Siqueira (1996) a convergncia tecnolgica refora os efeitos
da sinergia decorrente da penetrabilidade das tecnologias na sociedade da
informao. Assim, torna-se fcil compreender a fascinao (e o temor) com uma
utpica sociedade informatizada em que no apenas o desenvolvimento tecnolgico
parece no ter limites nem desacelerar. Dessa forma, alterar continuamente todos os
processos que afetam a vida individual e coletiva. Se a corrida espacial frustrou a
imaginao popular de viagens interplanetrias ao alcance de todos no sculo XXI,
os avanos da telemtica e da microeletrnica prometem colocar ao alcance das
pessoas facilidades nunca antes imaginadas em termos de bem-estar individual,
lazer e acesso rpido, ilimitado e eficiente, ao rico acervo do conhecimento humano.
Masuda (1985) diz que as caractersticas do novo paradigma justificam, para
alguns analistas, a crena de que a sociedade da informao ser completamente
diferente da sociedade industrial e que pode aguardar para breve a computopia,
bastando que compreendamos e direcionemos as foras sociais subjacentes.
Nessa utopia, a tecnologia dos computadores ter como funo fundamental
substituir e amplificar o trabalho mental dos homens; permitir a produo em massa
de contedo cognitivo, informao sistematizada, tecnologia e conhecimento. A
infra-estrutura pblica de computadores articulados em redes e bancos de dados
substituir os centros de produo de bens como smbolo societrio. A elevao da
capacidade educacional e tcnica e de criao de novas oportunidades econmicas
tero o papel desempenhado pela descoberta de novos continentes e aquisio de
colnias na expanso do mercado da sociedade industrial. A liderana da economia
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ser ocupada pela indstria intensiva em conhecimento. A produo de informao
pelo prprio usurio ganhar grande espao e importncia na estrutura econmica.
O mais relevante sujeito de ao social ser a comunidade de voluntrios,
no a empresa ou grupos econmicos, e a sociedade no ser hierrquica, mas
multicentrada, complementar e de participao voluntria.
A meta social ser a concretizao do valor do tempo e no mais a criao de uma sociedade de alto bem-estar. A democracia participativa substituir o sistema parlamentar e a regra da maioria e os movimentos sociais sero a fora por trs de mudanas sociais. Em seu estgio avanado, ser uma sociedade de criao de conhecimento. O globalismo, a harmonia entre homem e natureza, a autodisciplina e a contribuio social sero os princpios orientadores dessa sociedade (MASUDA 1985, p.620).
Nesse sentido, preciso reconhecer que muitas das promessas do novo
paradigma tecnolgico foram e esto sendo realizadas, particularmente no campo
das aplicaes das novas tecnologias educao, principalmente na administrao.
Educao distncia, bibliotecas digitais, videoconferncia, correio eletrnico,
grupos de bate-papo, e tambm voto eletrnico, banco on-line, video-on-demand,
comrcio eletrnico, trabalho distncia, so parte integrante da vida diria na
maioria dos grandes centros urbanos no mundo.
A satisfao com tais avanos, no entanto, no deve impedir de identificar
reas de preocupao com a direo e o ritmo da mudana. A sociedade vem
observando com ateno a evoluo histrica do novo paradigma da informao e
externando, em cada etapa desse desenvolvimento, suas preocupaes reais ou
infundadas com as implicaes sociais das novas tecnologias. Independentemente
de aceitar ou no a concepo da neutralidade ou ambivalncia da tecnologia, no
se pode ignorar as questes ticas relacionadas a ela.
A IBM Business Consulting Services (2003, p. 47) ressalta que apesar de a
TI estar fortemente associada a cada uma dessas ondas de mudanas,
paradoxalmente muito pouco foi feito para modernizar as ferramentas e as tcnicas
de gesto que so aplicadas no setor de TI nas empresas.
Vrios modelos de aferio e controle de TI surgiram nos ltimos anos, buscando condensar e integrar as tcnicas de gesto aplicadas aos demais setores, de modo a rapidamente capacitar os gerentes de TI em instrumentos gerenciais como os que eles prprios garantiram ao restante da empresa. Baseados, na maioria, em conjuntos de itens de controle, melhores prticas, indicadores de desempenho e modelos de processo, esses modelos so segmentados e consolidados para permitir a comunicao das
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dificuldades e das realizaes de TI para a comunidade de usurios cada vez menos tolerante com o excesso de linguagem tcnica e com a falta de alinhamento de linguagem com as verdadeiras questes do negcio (IBM BUSINESS CONSULTING SERVICES 2003, p. 47)
Entretanto, nos ltimos dois anos, observaram-se crescentes esforos de
racionalizao do uso da TI nas empresas e de melhoria dos processos
operacionais, de inovao tecnolgica e de gesto de TI.
Neste sentido importante analisar se a inovao trazida pela TI, est
gerando resultados ou criando condies para a gesto baseada no conhecimento.
Se a aprendizagem organizacional tem sido facilitada por estas e se tornou-se mais
fcil s pessoas dominarem os processos e o conhecimento decorrente destes, com
o uso da tecnologia.
2.2 Gesto do conhecimento
Na dcada de 80, o cenrio mundial sofreu significativas transformaes
tecnolgicas, organizacionais, geopolticas, informacionais, comerciais e financeiras,
institucionais, culturais, sociais inter-relacionadas. Objetivando entender as
particularidades da nova ordem mundial em conformao, autores de diferentes
reas vm cunhando designaes e desenvolvendo formas de categoriz-la
(AGUDO GUEVARA, 2000). Tais esforos tendem sempre a refletir as prprias
preocupaes e enfoques particulares das reas a que tais autores pertencem.
A diversidade da caracterizao e interpretao desta nova ordem
proporcional variedade de abordagens de autores de diferentes reas. Assim,
economistas vm dando maior destaque dimenso econmica, socilogos social,
administradores administrao moderna e assim por diante. Como decorrncia,
tambm diversas designaes e descries tm sido utilizadas para caracterizar a
atual nova ordem mundial, as quais tm sido impregnadas por tais influncias.
Dentre outras, destacam-se as seguintes: Era, Economia ou Sociedade da
Informao ou do Conhecimento.
Stewart (1998) diz que expresses como gesto do conhecimento, capital
intelectual, inteligncia competitiva esto constantemente presentes na literatura
tcnica do final do sculo XX e incio do XXI e caracterizam os novos rumos da
administrao das organizaes. Nesse perodo, o grande fascnio est em
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compreender o fator humano e gerenciar o seu potencial, unindo a agilidade aos
valores em voga na busca pelo resultado.
2.2.1 Sociedade do conhecimento
Ocorreram muitas transformaes na industria durante a histria da civilizao
ocidental. No entanto, somente a revoluo no setor produtivo, que desenrolou entre
1780 e 1880, denominada Revoluo Industrial. Um dos fatores que a
possibilitaram foi a Revoluo Comercial levada a cabo pelos europeus, que abriram
mercados internos e externos carentes de consumo, os quais a Revoluo Industrial
tratou de suprir. O mercado interno agigantou-se com o crescimento populacional da
Europa, nesse tempo.
A Revoluo Industrial transformou a sociedade agrria em industrial,
baseada em tecnologia, indstria e ambiente urbano. Para Saroni (1995), a inveno
de mquinas, que auxiliaram o homem a reduzir o trabalho manual, causou grande
impacto, quer na forma de executar o trabalho, quer na prpria natureza da
sociedade.
Em 1850, por exemplo, o arado de ferro puxado pelo cavalo minimizou a
necessidade de mo-de-obra na agricultura. Colheitadeiras mecnicas, mquinas de
debulhar gros, descaroar algodo e outros implementos tambm contriburam
para aumentar a produtividade agrcola, provocando a falta de trabalho no campo.
Ainda segundo Saroni (1995), as mquinas de fiao e o tear mecnico,
movidos inicialmente pelo homem e depois pela fora hidrulica, provocaram a
substituio do sistema de produo domstico, chefiado pelo mestre-arteso, pelo
sistema industrial, controlado pelo capitalista. Esta modificao causou uma
alterao importante no relacionamento entre as pessoas. Em lugar de a tradio ser
a principal forma pelo qual algumas pessoas executavam ou obedeciam s outras,
alguns indivduos passaram a ter este poder, em funo da posio que ocupavam
dentro da estrutura organizacional.
Burns (1999) ressalta que o acesso a essa posio era baseado em regras e
polticas que formavam a base racional e legal para a autoridade competente e eram
amplamente difundidas e aceitas pelos trabalhadores, que passaram a ter com a
empresa vnculos de emprego. A primeira organizao do trabalho, em uma fbrica,
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foi feita quando foram agrupadas mquinas semelhantes, dando origem s fbricas
funcionais (fiao, tecelagem e tinturaria). Nos Estados Unidos, onde as fontes da
energia hidrulica eram abundantes e facilmente disponveis, organizou-se a
primeira fbrica que integrou as diversas reas funcionais, recebendo matria prima
(algodo) e fornecendo o tecido pronto para o uso.
Em 1900, Ely Whitney introduziu o conceito de produzir peas, seguindo as
medidas de um desenho, dentro de limites pr-determinados de tolerncia,
permitindo a intercambiabilidade dos componentes na fabricao de armas. Este
conceito provocou a substituio do armeiro-arteso pelo montador de baixa
qualificao e criou as bases do sistema de produo contnua. Tambm dividiu a
fbrica em sees funcionais, para produzir peas e montagem do produto final. A
idia de peas intercambiveis logo foi utilizada em outras indstrias, aumentando a
produtividade das fbricas e simplificando a manuteno das mquinas (BURNS,
1999).
O desenvolvimento de motores a vapor e a exploso permitiram a utilizao
de energia, com custo relativamente barato (carvo e petrleo), para acionar
conjunto de mquinas e as indstrias no precisaram mais se localizar junto aos
rios, fontes de energia hidrulica. Esses motores, aplicados tambm aos meios de
transporte, barcos e trens, permitiram o escoamento da produo e o transporte de
pessoas. Burns (1999) acrescenta ainda que, posteriormente, foram substitudos por
motores eltricos individuais, permitindo que cada mquina ficasse independente
das demais, aumentando a flexibilidade das fbricas e viabilizando o transporte em
massa das pessoas pelos bondes e metrs, resolvendo um problema que se tornara
crtico nas grandes cidades industriais: o transporte dos trabalhadores.
Segundo Becker (1986), a industrializao comeou na Inglaterra e se
alastrou pelo resto da Europa e pelos Estados Unidos. Durante esse perodo, a
sociedade comeou a se interessar mais explicitamente pela economia e pela
lucratividade. Em 1890, Adam Smith, por exemplo, enfatizou a diviso do trabalho
como um meio de assegurar utilizao mais eficaz de homens e mquinas. A
mecanizao trouxe o desemprego no campo e obrigou o agricultor a buscar
trabalho nas fbricas que se instalaram nas cidades. A mo-de-obra era abundante,
as horas de trabalho semanais eram elevadas, cerca de 60 horas, a remunerao
muito baixa e as condies de trabalho pssimas, sendo comum o trabalho de
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mulheres e crianas. Os bens produzidos nas fbricas tambm tiraram o emprego do
arteso, que foi substitudo pelo trabalhador no qualificado.
Saroni (1995) diz que a sociedade foi influenciada pelas foras sociais,
econmicas e tecnolgicas que precipitaram a transio da sociedade agrria para
industrial. Os trabalhadores eram vistos como pessoas racionais e econmicas, isto
, que agiam de modo a maximizar seus prprios interesses. Os industriais
supunham que eles eram fundamentalmente motivados pelos salrios. O enfoque
gerencial se preocupava como essas novas formas de organizao industrial
poderiam ser estruturadas, como o trabalho poderia ser delegado e coordenado e
como as pessoas dentro dessas estruturas organizacionais poderiam ser motivadas.
Os tericos examinaram algumas formas de organizaes existentes, como a igreja
catlica e a instituio militar e deduziram que havia algumas dimenses bsicas de
estrutura organizacional e caractersticas de administrao que eram comuns a
todas as organizaes.
Neste contexto, a competio da era industrial se transforma na competio
da era da informao. Durante a era industrial, de 1850 at cerca de 1975, o
sucesso das empresas era determinado pela maneira como se aproveitavam dos
benefcios das economias de escala. A tecnologia era importante, porm as
empresas bem sucedidas eram sempre aquelas que incorporavam as novas
tecnologias aos ativos fsicos que permitem a produo em massa eficiente de
produtos padronizados (KAPLAN e NORTON, 1997).
Entretanto, o advento da era da informao nas ltimas dcadas do sculo
XX tornou obsoleta muitas das premissas fundamentais da concorrncia industrial.
As empresas no conseguem mais obter vantagens competitivas sustentveis
apenas com a rpida alocao de novas tecnologias a ativos fsicos.
Com o incio da Era da Informao, segundo Toffler (1998, p.12), uma nova
onda de mudanas passa a sobrepor-se s caractersticas da Era Industrial. As
transformaes passam a ser gradativamente mais rpidas e intensas e, sobretudo
descontnuas, isto , elas no so mais lineares ou seqenciais e nem seguem uma
ntida relao causal (causa-e-efeito).
Toffler (1998) afirma que a histria humana pode ser dividida em ondas. A
primeira foi a agricultura. At o fim do sculo XIX, todas as economias eram
agrrias. Na dcada de 1890, por exemplo, cerca de 90% das pessoas estavam
empregadas em trabalhos relacionados com a agricultura. A segunda onda foi a
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industrializao, que se estendeu do final do sculo XIX at os anos 1960. Ento a
maioria dos pases desenvolvidos passou de sociedades agrrias para sociedades
baseadas em mquinas. E, finalmente, a terceira onda chegou nos anos 1970, e
est baseada em informao. Toffler (1998, p.12), considera estas ondas
essencialmente como revolues, nas quais modos de vida so inteiramente
descartados e substitudos por novos. A segunda onda, por exemplo, mudou
totalmente a vida dos aldees ingleses medida que se adaptaram vida nas
fbricas. E a terceira onda est eliminando cargos industriais de baixa qualificao e,
ao mesmo tempo, criando abundantes oportunidades de trabalho para especialistas
tcnicos cultos e qualificados, profissionais liberais e outros trabalhadores do
conhecimento.
Assim, como j foi dito, a expresso sociedade da informao passou a ser
utilizada no final do sculo XX, como substituto para o conceito complexo de
sociedade ps-industrial e como forma de transmitir o contedo especfico do novo
paradigma tcnico-econmico. Em termos gerais, consenso entre analistas que a
realizao do novo paradigma se d em ritmo acelerado e atinge nveis elevados
nas vrias sociedades. Junto com o jargo da sociedade da informao j lugar
comum a distino entre pases e grupos sociais ricos e pobres em conhecimento e
informao. Para Agudo Guevara (2000), so diversas as contribuies que
apontam para esta transio de regime (padro ou paradigma) de acumulao, a
qual se apia em uma revoluo informacional. Tal revoluo vista como
engendrando transformaes comparveis quelas ocorridas em fases anteriores de
mudanas radicais no padro de acumulao capitalista e, em particular,
denominada Revoluo Industrial do final do sculo XVIII. No entanto, nota-se, com
freqncia, que os impactos econmicos e sociais esperados da atual ordem
mundial em conformao so considerados como at mais importantes que aqueles
gerados pela Revoluo Industrial.
Segundo Drucker (2003, p.60), a prxima sociedade ser:
uma sociedade do conhecimento, e os trabalhadores do conhecimento sero o grupo dominante das fora de trabalho. Ela ter trs caractersticas principais: desaparecimento de fronteiras, porque o conhecimento viaja com mais facilidade que o dinheiro; mobilidade ascendente, por meio das educao formal; e potencial tanto para o fracasso como para o xito.
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A nova economia do conhecimento depender dos trabalhadores do
conhecimento, (DRUCKER, 2003, p.60), entre os quais estaro apenas os que
possuem importante formao terica, como mdicos, advogados, entre outros, mas
tambm os tecnlogos do conhecimento: tcnicos em computao, da produo,
para legais entre outros.
Conhecimento, de acordo com Crawford (1994, p.21), a capacidade de
aplicar a informao a um trabalho ou a um resultado especfico.
Para Mckinsey & Company (1998), existe uma dimenso em que nveis de
entidades criadoras do conhecimento so: individual, grupal, organizacional e
interorganizacional. Estes nveis se interagem mtua e continuamente,
desenvolvendo o processo de cinco fases da criao do conhecimento
organizacional: compartilhamento do conhecimento tcito; criao de conceitos;
justificao de conceitos; construo de um modelo; difuso interativa do
conhecimento.
Segundo Ulrich (1993) as organizaes do conhecimento so aquelas nas
quais a criao do conhecimento a fonte de inovaes contnuas e est
intimamente ligada ao capital intelectual, representando mudanas e transies,
exigindo mudana de mentalidade. Os aspectos relevantes para formao da
organizao do conhecimento so:
a) integrao de saber e fazer, de forma que as idias possam ser testadas e
a capacidade humana ampliada;
b) levar a srio o aperfeioamento contnuo e encorajar ativamente as
pessoas que esto sob a sua influncia; e
c) estabelecer e deixar claro que o conhecimento deve ser adquirido para
alavancar e fortalecer grupos, no sentido de formarem partcipes do
processo e no casulos do conhecimento.
Hamel e Prahalad (1989) elucidam que dentro da organizao, so cinco os
fatores para criao do conhecimento: viso, estratgia, estrutura, sistema e staff.
Podem existir, ainda, os fatores culturais, rotinas e procedimentos organizacionais.
Os autores reconhecem a necessidade de gerir o conhecimento, afirmando que a
essncia do conhecimento inclui ativos tangveis e intangveis, em termos de
valores, cultura, pessoas, tecnologia e capacidade de negcios.
De acordo com Vaitsmna (2000, p.55) conhecimento, capital intelectual,
informao, aprendizagem, tm sido as palavras de ordem deste incio de sculo
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nas organizaes. Embora com significados diferenciados, todos esses conceitos
representam uma nova forma de gerenciamento das organizaes. Esta mudana
em andamento fruto de avanos tecnolgicos, de transformaes na economia
global e de questes de cunho social e ambiental.
Vaitsmna (2000) diz que as organizaes investem em inovaes com o
intuito de alcanar vantagem competitiva, agregando valor ao que produzem ou
fazem, sendo que na base est o conhecimento. Entretanto,