a ética da pesquisa com seres humanos na era da inovação ... · intervenções em distúrbios...

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20/10/2011 1 1 Bioética CICLO DE ATUALIZAÇÃO SEED/2011

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20/10/2011 1 1

Bioética

CICLO DE ATUALIZAÇÃO

SEED/2011

20/10/2011 2 2

Profa. Dra. Ida

Cristina Gubert

Depto de Patologia Básica/BL

[email protected]

3 20/10/2011 3

A inovação tecnológica

Na agricultura

Na pecuária

Na saúde

Pesquisa clínica

Pesquisas genéticas

Estudos epidemiológicos

Métodos de diagnóstico

4 20/10/2011 4

Por que a Ética na Pesquisa?

PRODUZIR CONHECIMENTOS

A escolha do método é ESSENCIAL

Um protocolo bem elaborado NÃO É

necessariamente ÉTICO mas um protocolo

mal elaborado É ANTIÉTICO

Aplicabilidade destes conhecimentos

5 20/10/2011 5

Ao longo do tempo...

1798 - Edward Jenner – vacina anti-variólica

1890 - Louis Pasteur - vacina anti-rábica

1961 – Scribner – tomada de decisão; oferta e demanda

1976 – caso Mary Ann Quinlan

1986/87- criminalística e técnicas moleculares

2000 – células tronco, genoma, transgenia, clonagem, patenteamento,fertilização assistida, indústria farmacêutica, terminalidade, marcadores moleculares, intervenções em distúrbios genéticos, etc.,etc., etc.

6 20/10/2011 6

Cultivo de plantas

a partir de células

simples

Testes de

citotoxicidade,

fisiologia celular,

fluxo intracelular,

virologia, etc.

Transferência

de genes

Cultivo

celular

Biologia

Molecular

mAbs

Diagnóstico Terapia

Clonagem,

genoterapia

Sondas de DNA

Screening genético

PGH, Criminologia,

Mapeamento de

genes, Bancos de

DNA, RNA

Novas

Drogas,Vacinas

Diagnóstico

Fertilização in vitro,

assistida, DPI

Terapia com células

tronco

BIOTECNOLOGIA

7 20/10/2011

POR QUE A BIOÉTICA?

Crise de valores morais

Abusos cometidos em nome da ciência

Abusos cometidos em diferentes

sociedades ainda hoje

8 20/10/2011 8

Pesquisa Pré-clínica (fase 0)

Resol. 251/97

Modelos animais - 3 Rs (Russel & Burch

(1959) em The Principles of Humane

Experimental Technique

9 20/10/2011 9

Finalidade da pesquisa pré-clinica

Avaliar a toxicidade da droga nova:

Fertilidade

Embriotoxicidade

Mutagênese

Oncogênese

Transposição dos dados

10 20/10/2011

A pesquisa com animais

Deve gerar informações:

Toxicidade aguda

Doses repetidas

Sub-crônica

Crônica

11 20/10/2011

Categorias de Pesquisa

Investigação básica

Investigação clínica

Investigação epidemiológica

Estudo clínico: Observacional; acompanhar se um sujeito fumante desenvolve

IAM cohorte ou coorte. Fatores de risco

Ensaio clínico: Intervencionista; ensaio da droga desenvolvida em uma pessoa

ou grupo de pessoas; informações sobre a droga

12 20/10/2011

Tipos de Pesquisa

Pesquisa com seres humanos:

Pesquisa qualitativa Invasiva? Não invasiva?

Entrevista Aberta, estruturada, semi-

estruturada

Observacional – participante, comportamento

Conversação espontânea

Grupos operativos

Fichas de notificação

Prontuários

Pesquisa em seres humanos:

Pesquisa quantitativa Novas drogas

Novos métodos de diagnóstico

Pesquisas epidemiológicas

Pesquisas genéticas

13 20/10/2011 13

Delineamento dos protocolos

Qualitativa Delineamento

estatístico

Riscos e benefícios

Impacto das informações

Confidencialidade e privacidade

Dilemas

TCLE

Quantitativa Delineamento

estatístico

Riscos e Benefícios

Impacto das informações

Confidencialidade e privacidade

Dilemas

TCLE

14 20/10/2011 14

Pesquisa Clínica- Fase I

Objetivos: segurança e tolerabilidade da

droga; farmacocinética e farmacodinâmica

Sujeitos: 10 a 80 sujeitos SADIOS

Dose: 1/10 da dose considerada segura

nos ensaios pré-clínicos

A partir destes resultados é possível

prosseguir para ensaios de fase II e III

15 20/10/2011 15

Pesquisa Clínica - Fase II

Objetivos: eficácia e segurança

Critérios de inclusão bem rígidos e

restritos

Sujeitos: 100 até 1000 pacientes

voluntários

Eventos adversos, dano/benefício

Cuidados e condições adequadas para

sua realização

16 20/10/2011 16

Pesquisa Clínica - Fase III

Objetivos: significado estatístico e relevância clínica Efeitos colaterais ou adversos Riscos associados

Sujeitos: mais de 3000 participantes; em geral são multicêntricos

Exceção : Droga órfã

Propostos por indústrias farmacêuticas Metodologia:

Nova droga deve ser comparada com o tratamento reconhecido como padrão ( DoH- item 32)

Simples cego, duplo cego, randomizado comparado com placebo Termo de consentimento

17 20/10/2011 17

20/10/2011

O PLACEBO

Gastrenterite em crianças por E. coli produtora de Shiga Tx – SHU

AZT- África 1990 – prevenção da transmissão materno-infantil – dose de curta duração

Ensaio com a vacina MALARONE – Kenya, Indonesia, Gabão – beneficiados

Surfaxina

Vacina para hepatite na Tailândia

Vacina HIV

18 20/10/2011 18

Pesquisa Clínica – Fase IV

Objetivos:

Confirmar o valor terapêutico

Estabelecer incidência de reações adversas

Documentar novas reações

Estratégias de tratamento – interações

medicamentosas e segurança de uso

Custo efetividade

19 20/10/2011

O PGH

Identificação de genes predisponentes a

doenças

O perfil do DNA será parte integrante do

nosso RG?

A análise do DNA precisa ser

absolutamente criteriosa pois estão em

jogo a vida e a liberdade de uma pessoa

20 20/10/2011

Impacto do emprego do DNA

1985 – contexto forense

Aplicação sobre toda e qualquer fonte de

material biológico

Potencial discriminatório do perfil do DNA

Sensibilidade do exame do DNA – RFLP e PCR

Resistência aos fatores ambientais

DNA espermático e DNA não espermático

21 20/10/2011

Impactos da aplicação do DNA

Erro de identificação- suposto crime

Doação voluntária de uma amostra de DNA – transmissão do HIV

Screening genético para BRCA -banco de dados e seguradora

Bituca do cigarro

Morgues

22 20/10/2011

Impactos da aplicação do DNA

Diagnóstico firmado por DNA – e????

Aconselhamento genético?

Cariotipagem e anomalias cromossômicas – e agora?

A presença do gene está associada com risco aumentado, mas a ocorrência da condição é incerta

Neurofibromatose: homem elefante versus manchas pigmentadas...

23 20/10/2011

Implicações da inovação

A micromanipulação de embriões permite

a EUGENIA DOCE...

Padrões de normalidade

Descarte de embriões com defeitos

congênitos – anencefalia, trissomias, etc.

24 20/10/2011

Diagnóstico Genético

20/10/2011

Sexo

Anomalias cromossômicas numéricas

Anemia falciforme, fibrose cística-precoces

Huntington, rim policístico -tardias

Suscetibilidade - hipercolestorelemia,

alcoolismo

Portadores de genes recessivos (AF, FC)

25 20/10/2011

Marcadores para condições hereditárias

20/10/2011

Rim policístico

Alzheimer

Síndrome X frágil

Distrofia miotônica

SCID

Retinite pigmentosa

26 20/10/2011

Locos gênicos identificados

20/10/2011

Deficiência de adenosina desaminase

Adrenoleucodistrofia

Talassemias

Tay Sachs

Hemofilias A e B

27 20/10/2011

Biomarcadores

20/10/2011

Biomarcadores de exposição: expressão de um agente ambiental ou de seus metabólitos no meio interno do indivíduo

Biomarcadores de suscetibilidade: indicam os indivíduos mais propensos a desenvolver determinada doença (Ca), quando expostos ao agente

Biomarcadores de efeito: alterações presentes nos tumores – tardios, permitem avaliar o prognóstico da doença

28 20/10/2011

Implicações

20/10/2011

Seleção de indivíduos no mercado de

trabalho

Mais aptos e menos propensos a

desenvolver a doença

Marginalizados pela “incompetência

genética” herdada....

29 20/10/2011

Implicações

Anomalias cranio-faciais

Acondroplasia

Distúrbios do desenvolvimento sexual

30 20/10/2011

Células tronco - situação atual

20/10/2011

França- obtenção ao nascimento - futuro

UK – um dos epicentros

USA- rígidas restrições para financiamento

oficial, mas setor privado é livre

Alemanha- impôs algumas restrições

China,Coréia do Sul e Cingapura Biópolis –

epicentros de pesquisa- de ponta

31 20/10/2011 31

Impactos da Inovação Tecnológica

O caso Nathalie Evans e Howard Johnson

– 2001 - Inglaterra

Embriões criopreservados -

O casal que encontrou a solução

Bancos de sangue de cordão umbilical –

públicos ou privados?

32 20/10/2011

Reflexão

20/10/2011

Uma tecnologia deve ser utilizada apenas porque está disponível?

como vamos utilizá-la e que limites sociais vamos impor

aparente conflito entre a realidade da variabilidade genética

e o conceito de que todos somos iguais

como nos posicionamos frente a estes avanços???

33 20/10/2011

Reflexão

20/10/2011

A essência da genética é, naturalmente, a informação. E

na medida em que a genética “sonda ” cada vez mais

profundamente na essência do genoma humano, ela

adquire uma base de informações com poder e

oportunidades jamais sonhados...

70% dos diagnósticos podem ser firmados com base na

história clínica, com o diagnóstico laboratorial

contribuindo para apenas 10% da informação adicional

34 20/10/2011

PGH versus países periféricos

África:

Redução da expectativa de vida para menos

de 40 anos

1 em 5 crianças morrendo de doenças

infecciosas

2 em 5 morrendo de AIDS

Vacinas para HIV -

35 20/10/2011 35

Bioética e Pesquisa

Sujeitos/Pacientes

Riscos/Benefícios

Autonomia

Beneficência/não maleficência

Vulnerabilidade

Camadas de vulnerabilidade

36 20/10/2011 36

Documentos que norteiam a pesquisa

envolvendo seres humanos

Resol. 196/96

Resol. 251/97

Resol. 347/05

Código de Nuremberg

Declaração de Helsinki Não tem força de tratado ou legislação

GCP – BPC – Boas Práticas Clínicas

ICH – International Conference on Harmonization

CIOMS – Conselho das Organizações Internacionais de Ciências Médicas

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Referências Bibliográficas

Narod, SA & Foulkes, WD. BRCA1 and BRCA2= 1994 and Beyond. Nature Reviews, Cancer, v.4, 2004,p. 665-676;

Clayton, EW. Genomic Medicine: Ethical, Legal and Social Implications. NEJM 349(6), 2003, pp.562-569

Bloom, BR & Trach, DD. Genetics and Developing Countries. BMJ 2001; 322; 1006-1007

Devore, D. Genetic screening and ethics: an overview. In : www.woodrow.org.teachers

Rosen, C. Liberty, Privacy and DNA databases. The New Atlantis. P. 37-52, 2003

Borojevic, R. A pesquisa de CT no Brasil. Biotecnologia, 21, Jul/Agosto/2001

Weiss,R. Células Tronco. National Geographic, Jul 2005

38 20/10/2011

Referências Bibliográficas

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Carvalho, J A B. Clonagem humana, Bioética e Biodireito. Disponível em http://www.afm.org.br/bio%C3%A9tica.pdf - acessado em 20/07/2005

Marques, EK. Bioética. A necessidade da bioética no limiar do novo milênio. Biotecnologia, 2003.

Surgically shaping children. Technology, ethics and the Pursuit of normality. Erik Parens(Ed). Johns Hopkins University Press, 2006

Pereira, L. Células tronco – expectativas e realidade. Scientific American Brasil, ed 35, Abril/2005

Pereira, L. V; Pranke, P. H. L.; Mendez-Otero, R. Presente e Futuro das Células Tronco - Biotecnologia – Bionotícias – 04/03/05