a estrutura do jornal da globo

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Centro Universitário de Belo Horizonte UNI-BH Telejornalismo – JRN5 Rafael Luiz Mariani Nogueira Análise sobre a estrutura do Jornal da Globo Belo Horizonte 26 de Novembro de 2007

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Artigo dos alunos da disciplina de Telejornalismo do curso de jornalismo do UNIBH.

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Page 1: A Estrutura do Jornal da Globo

Centro Universitário de Belo Horizonte UNI-BH Telejornalismo – JRN5

Rafael Luiz Mariani Nogueira

Análise sobre a estrutura do Jornal da Globo

Belo Horizonte 26 de Novembro de 2007

Page 2: A Estrutura do Jornal da Globo

Esta é uma análise sobre o telejornal Jornal da Globo, com o título “Análise sobre a

Estrutura do Jornal da Globo”. O exercício compõe a disciplina de Telejornalismo

orientado pela professora Izamara Barbosa Arcanjo F. Silva.

Rafael Luiz Mariâni Nogueira Belo Horizonte

Page 3: A Estrutura do Jornal da Globo

Introdução

O jornalismo no Brasil desenvolveu-se no final do século XIX com o jornal impresso

Correio Brasiliense de Hipólito José da Costa, a partir daí foram criados os grandes

jornais, a grande literatura brasileira inspirada no jornalismo. Nessa época não existia

escola de jornalismo, e os jornalistas faziam parte da elite que governava o país. Anos

se passaram, e a primeira escola de jornalismo criada no Brasil foi a Faculdade de

Comunicação Social Cásper Líbero, fundada em 1947 em São Paulo.

O telejornalismo surgir a partir dos anos 50 com a TV Tupi de Assis Chateaubriand,

tendo como principal atração jornalística o Imagens do Dia, seguido do Repórter Esso.

Houve uma modernização na imprensa entre os anos de 1950 e 1960, modificando as

estruturas através da industrialização e o aumento do processo migratório que

influenciou na expansão do jornalismo. Nessa época as estruturas dos telejornais eram

diferentes, não existia redação, editor de imagem ou diretor de imagens.

Em julho de 1957 o então presidente da república, Juscelino Kubitschek aprovou a

concessão de TV para a Rádio Globo, fundada e dirigida pelo empresário Roberto

Marinho até a sua morte. Depois se transformou na TV Globo e atualmente em Rede

Globo de Televisão. Os principais programas transmitidos pela emissora são

jornalísticos, são seis telejornais transmitidos nacionalmente e setenta e um telejornais

locais. Dentre eles, o Jornal da Globo, que estreou em 1979 com apresentação de

noticiários de fim de noite, com análises, reportagens, séries e entrevistas de estúdio.

Portanto, o presente artigo pretende analisar a estrutura e a organização do Jornal da

Globo, da emissora Rede Globo de Televisão. Apresentar os métodos e técnicas da

produção jornalística deste telejornal. O artigo procura entender as noções de tecnologia

da informação visual aliada a mensagem sonora, o imediatismo, o alcance, a

instantaneidade, o envolvimento, a superficialidade, índices de audiência do jornal na

busca pela notícia. Pretendendo definir o formato e principais características deste

telejornalismo.

A televisão brasileira chega a todos os municípios do país, e está em 90% das

residências, segundo dados do IBGE. Grande parte dos telejornais no Brasil são feitos

Page 4: A Estrutura do Jornal da Globo

através do modelo de telejornalismo norte-americano. O Jornal da Globo tem uma

equipe com aproximadamente 60 pessoas envolvidas na composição da estrutura do

telejornal. Esta estrutura é dividida por diversos cargos que são: apresentação, direção,

chefe de redação, edição, coordenação, produção, reportagem, gerência de operação,

supervisão de operação, edição e supervisão de imagem, operação de áudio, arte e

equipe técnica.

O objetivo principal é entender quais são as principais funções destes cargos, descobrir

quem são as pessoas participantes e o trabalho desenvolvido por cada um destes

funcionários do Jornal da Globo. O objetivo secundário é identificar na transmissão do

telejornal, a função de cada funcionários sendo realizado na composição da notícia.

Observar no formato da notícia, a escalação das pessoas que integram a estrutura.

Será que a divisão da estrutura do telejornalismo ficará heterogênea, onde os

profissionais do futuro desempenharam mais de uma dessas funções, assim diminuindo

a escala de funcionários? Uma estrutura em que o diretor também será o apresentador, o

repórter também será o produtor, o editor de imagem também será o operador de áudio.

O jornalismo já começou a apresentar esta fusão através da convergência das mídias, e

da TV digital. Nasce um formato de produção jornalística, mais dinâmico no processo

de criação, como por exemplo, o jornal Lance que apresenta notícias nas mídias de

jornalismo impresso, on-line e televisivo. Como a rádio CBN também, que divulga no

site da emissora a transmissão dos jornais diretamente dos estúdios. E o próprio Jornal

da Globo, que adaptou no site transmissões dos últimos programas, onde as pessoas

podem assistir as partes que preferirem do telejornal.

Page 5: A Estrutura do Jornal da Globo

Elementos Textuais

O Jornal da Globo é um telejornal exibido no final da noite, e transmitido para um

público diferente dos demais horários considerados “nobre”, que é entre 19 e 22 horas.

O telejornal tem o desafio de dar notícias que, normalmente, começaram a se desenrolar

bem mais cedo e já foram ao ar mais de uma vez, ao longo do dia. É necessário um

tratamento diferencial em relação aos telejornais já exibidos. Para as autoras Luciana

Bistane e Luciane Bacellar do livro Jornalismo de TV, esses tipos de telejornalismos

transmitidos nos finais de noite, precisam ter um diferencial sobre os outros. Como elas

explicam:

Quando é possível avançar e mostrar o desfecho, ótimo. O

imediatismo em televisão conta pontos. Notícia fresca “esquenta” o

jornal. Mas, às vezes, até o final da história já foi revelado. Se no

noticiário da noite o fato merece apenas um registro, dá-se uma nota

coberta. Para isso, trinta segundos de texto resolvem a questão. Se o

tema for relevante, como, por exemplo, uma votação importantíssima

do Congresso, é preciso destacar o assunto. Nesse caso o ideal é ir

além, analisa-lo e explicar as conseqüências da decisão, as

repercussões em setores da sociedade etc. (LUCIANA BISTANE e

LUCIANE BACELLAR, 2006, Pág. 44)

A construção da matéria na televisão é como montar um quebra-cabeça. Para Bacellar e

Bistane, o formato de telejornalismo neste quebra-cabeça encaixa melhor de acordo com

o momento, por exemplo, algumas peças se encaixam melhor na passagem do repórter,

outras, nos trechos selecionados das entrevistas, e as restantes compõem o OFF, que

será coberto por imagem. Para as autoras, o segredo é saber o que merece ir para a

passagem, o que vai ficar mais forte na fala do entrevistado e como encadear tudo isso

no texto. As autoras explicam que há exceções, mas nos telejornais diários,

normalmente, as entrevistas são introduzidas uma “deixa”, que encaminha antes da

matéria para a declaração e tem a função de facilitar a compreensão ou permitir sonoras

mais curtas.

Para as autoras, durante uma entrevista, quem desconhece o assunto tratado dificilmente

saberá fazer boas perguntas, encaminhar a conversa, selecionar o mais importante. Para

Page 6: A Estrutura do Jornal da Globo

essas ocasiões, o ideal é estar preparado, o que não significa ler tudo a respeito do

assunto e elaborar uma lista de perguntas, como costumam fazer os repórteres em inicio

da carreira, que decoram o que vão indagar. Por estarem presos ao que prepararam,

muitos repórteres não escutam coisas mais importantes que o entrevistado pode falar.

Sobre “entrevistas”, Bistane e Bacellar explicam que na maioria das vezes, o bom

repórter consegue tirar do entrevistado o que quiser, e sem ser indelicado ou agressivo.

De acordo com elas, cada profissional desenvolve o próprio método de trabalho. Há

uma grande diferença entre entrevistar um especialista sobre um assunto especifico, e

um político acusado de corrupção, não existe uma regra, cada caso é um caso.

O dia-dia do editor não é fácil, Bistane e Bacellar explicam que para descrever o

desgaste físico, mental e emocional imposto pela rotina dos telejornais, os jornalistas

costumam dizer que matam um leão por dia. E uma eterna corrida contra o tempo, e a

velocidade podem comprometer a qualidade. Há ainda uma angustia de ter que apurar

notícias importantes que chegam de última hora. E no dia seguinte, tem-se que

recomeçar do zero, encarar outro leão. Sobre a profissão de editor, as autoras explicam:

O editor faz a ponte entre a redação e o repórter e ajuda a organizar

as informações para a construção do texto. Quando várias equipes

trabalham com o mesmo assunto, como na caso de enchentes que

atingem vários pontos da cidade, é o editor quem assiste a todas as

fitas, seleciona o melhor material e, muitas vezes, escreve o texto

para o repórter. É uma relação de parceria, e quanto mais afinada,

mais produtiva. O editor acompanha o desenvolvimento da

matéria, troca idéias, dá sugestões e questiona. (LUCIANA

BISTANE e LUCIANE BACELLAR, 2006, Pág. 22)

O aprendizado de um jornalista depende muito do chefe, as autoras explicam que o

melhor chefe é aquele que sabe muito. Esse é respeitado e admirado, consegue até

revelar o senso crítico exacerbado ou o mau-humor. Com os bons, os profissionais

crescem. Ninguém aprende por “osmose”, mas, com certeza, prendemos com bons

exemplos. Por outro lado, chefe que não sabe direito o que quer, atrapalha mais do que

orienta. É horrível quando combinam a matéria com o repórter, seguindo as orientações

do chefe, e, mesmo assim, ele fica enfurecido ao ver o VT pronto. E, pior, resolve ditar

Page 7: A Estrutura do Jornal da Globo

alterações faltando pouquíssimo para o jornal ser exibido. Se não der pra argumentar,

respire fundo. E se apresse. Explica Bistane e Bacellar.

No departamento de arte, computadores e programas cada vez mais sofisticados ajudam

na criação de recursos visuais para construção das matérias. Soluções como gráficos e

tarjas facilitam a compreensão de relatórios e pesquisas com números e mais números.

Deste modo, Bistane e Bacellar explicam que a computação gráfica permite simulações

virtuais de acidentes e seqüestros que não foram registrados pelas câmeras. Com

desenhos em movimento, o telespectador pode visualizar a ação de um novo

medicamento no organismo. O mesmo recurso pode ainda ilustrar e dar um toque de

humor a temas leves.

A força das imagens dá credibilidade e força á notícia, sobretudo às denúncias. Nas

reportagens externas, as autoras explicam que repórteres e cinegrafistas fazem um

recorte da realidade ao formular uma pergunta, ao escolher um enquadramento. Uma

imagem é capaz de garantir a veiculação de um assunto que talvez nem fosse ao ar se o

cinegrafista não tivesse a sorte de captar o flagrante. Fatos pitorescos, inusitados, além

de aliviar a carga dos noticiários, despertam a curiosidade e atraem audiência.

O ranking provisório das notícias começa na reunião de pauta, no início do expediente.

Bistane e Bacellar explicam que o editor-chefe deixa o encontro com a idéia do que vai

abrir, fechar ou preencher o miolo do jornal. Elaborar um pré-espelho, distribuir os

assuntos por blocos e estabelecer um tempo aproximado para cada matéria. Se essa

previsão vai se confirmar, só o desenrolar dos fatos poderá dizer. Tomadas de decisão

são feitas o tempo todo, mesmo durante a exibição do jornal.

O profissional pauteiro tem a função de marcar entrevistas, pedir autorização para a

gravação de imagens, levantar dados por telefone, organizar essas informações e fazer

um roteiro de trabalho para a equipe de reportagem. Já o produtor é aquele que fareja a

notícia, que corre atrás da informação até juntar as peças do quebra-cabeça que compõe

uma investigação. Ele é capaz de reconhecer temas relevantes, que podem se

transformar em matérias, explica as autoras.

Page 8: A Estrutura do Jornal da Globo

Hoje, um dos vícios do telejornalismo é combinar toda a matéria na

redação. Repórter e cinegrafista saem tendo em mãos um roteiro de

trabalho “amarrado” com o nome dos entrevistados, local e a que horas

estão marcadas as gravações, e o que se espera da matéria. Mas os que

deixam a emissora tendo programadas as respostas que o entrevistado tem

que dar pode perder a chance de ouvir ou ver algo bem mais original e

interessante do que planejado. (LUCIANA BISTANE e LUCIANE

BACELLAR, 2006, Pág. 51)

Para a autora Vera Íris Paternostro, autora do livro o Texto na TV - Manual de

Jornalismo, a televisão combina utilização simultânea de dois sentidos do ser humano, a

visão e a audição. Sem contar que uma notícia de grande impacto afeta as pessoas de

forma emocional. Dependendo da intensidade, da força, uma imagem que aparece no ar

por escassos 15 segundos permanece na mente do telespectador por muito tempo, as

vezes para sempre. A autora analisa a TV como veículo de comunicação de massa

reunindo características da estrutura jornalísticas, suas definições que devemos conhecer

e que compõem um texto televisivo.

A primeira característica da TV é a Informação Visual, que significa a transmissão da

mensagem através de uma linguagem que independe do conhecimento de um idioma ou

da escrita por parte do receptor. A segunda é o Imediatismo que transmite informações

contemporâneas quando mostra o fato no momento exato em que ele ocorre através da

imagem, o signo mais acessível à compreensão humana. O Alcance é a terceira, onde a

TV é um veiculo abrangente e de grande alcance. Ela não distingue classe social ou

econômica, atinge a todos. A quarta característica é a Instantaneidade da informação na

TV, que requer “hora certa” para ser vista e ouvida, a mensagem é momentânea,

instantânea. O Envolvimento é a quinta característica da estrutura do texto na TV, que

significa o envolvimento que a TV exerce, o fascínio sobre o telespectador, pois

consegue transporta-lo para “dentro” de suas historias. O sexto é a Superficialidade, o

timing, o ritmo da TV que proporciona uma natureza superficial às suas mensagens. O

último é o Índice de Audiência que é a medição do interesse do telespectador orienta a

programação e cria condições de sustentação comercial.

Page 9: A Estrutura do Jornal da Globo

Voltando as funções de um telejornalismo, os jornalistas Heródoto Barbeiro e Paulo

Rodolfo de Lima explicam no livro Manual de Telejornalismo, sobre a profissão de

diretor de jornalismo que é a pessoa responsável pela linha editorial da emissora.

Geralmente tem o cargo de diretor ou gerente de jornalismo e participa, juntamente com

gerentes e diretores de outras áreas, da direção da empresa. É sobre ele que despencam

os maiores problemas, desde a palavra final sobre a contratação ou demissão de um

jornalista até as investidas da área comercial, que tem preferência por determinadas

reportagens, mas gostaria que outras não fossem produzidas.

A ação do chefe de jornalismo se traduz em uma liderança para

adultos. Ele não pode tratar o seu liderados como crianças, e isso é

mais comum do que se pode imaginar. O líder tem que estar

preparado para dar respostar e fazer perguntas corretas. É preciso

aprender a liderar um grupo que tem autonomia, criatividade,

iniciativa, senso crítico e disposto a fazer jornalismo. Isso é

impensável em uma estrutura do tipo “eu mando e você obedece”

ou “eu penso e você excuta”, ou ainda “não faça perguntas,

escreva”, parafraseando Mussolini. É preciso romper o paradigma

da organização rígida e aceitar o compartilhamento de liderança e

ações. A eficácia é fruto da ação conjunta. (HERODOTO

BARBEIRO e PAULO RODOLFO DE LIMA, 2002, Pág. 53).

Sobre a profissão de editor-chefe, Barbeiro e Lima explicam que é o responsável direto

pelo telejornal. É ele quem escolhe as reportagens que vão ao ar e, em última análise,

responde pelos erros e acertos do programa. O editor-chefe faz avaliações críticas da

qualidade das matérias produzidas e debate o resultado com a pauta e a chefia de

reportagem. Para ser editor-chefe é preciso saber ouvir críticas, mudar sempre que se

constata que o rumo do bom jornalismo está sendo desviado, ter espírito democrático e

ser respeitado por sua experiência e bom senso.

O editor-chefe é o responsável pelo clima de cordialidade entre os

membros da equipe e que se espalha na redação. A camaradagem

deve prevalecer mesmo no ambiente competitivo da redação. As

disputas, rivalidades e divergências de opinião são inerentes a esse

tipo de organização e devem ser acompanhadas de bom senso,

Page 10: A Estrutura do Jornal da Globo

honestidade, respeito mútuo e delicadeza. Há chefes que optam por

desenvolver um “clima de terror”, desestabilizando a todos. Essa

atitude falsamente conduz ao aumento da produtividade e

raramente incentiva a criatividade. É o que não se deseja em uma

redação. As pessoas ou ameaça de demissão. O terror é

responsável pela competição desenfreada e por tornar a vida das

pessoas um inferno no ambiente de trabalho. . (HERODOTO

BARBEIRO e PAULO RODOLFO DE LIMA, 2002, Pág. 55).

O coordenador de rede, Barbeiro e Lima explicam que é o profissional responsável pela

organização do fluxo das matérias geradas pelas sucursais ou afiliadas. Também faz a

distribuição das pautas e acompanhamento da realização das reportagens. Durante o dia,

o coordenador informa a redação, via rede interna de computação, a previsão de

matérias e o provável horário de recepção. É o coordenador que liga para todos os

responsáveis pelo jornalismo das praças e, além de passar a pauta do dia, recebe

sugestões de pauta e um balanço do que está sendo produzido. Ouve também as críticas

e explica o porque de uma ou outra reportagem não ter sido aproveitada nos telejornais.

O profissional da produção, os autores explicam que é o responsável por boa parte das

condições materiais e do conteúdo do telejornal. Funciona como o elo entre jornalistas e

técnicos e acompanha a edição do programa desde o início. Participa dos switcher, se

responsabiliza pela organização do script e dos VT’s. O produtor coordena a preparação

do telejornal dentro e fora do estúdio, atento às condições necessárias para que o

programa vá ao ar. É ele quem está mais envolvido na organização e apresentação do

telejornal.

A agenda é fundamental para o produtor e a programação. Os

telefones dos entrevistados devem estar sempre atualizados na

agenda do computador pelo produtor ou assistente. O produtor

deve estar sempre em contato com as fontes. Notícias interessantes

podem surgir de uma conversa informal, mesmo nos bastidores da

TV. Se o entrevistado adiantar uma notícia o produtor deve

informar imediatamente o entrevistado. Verificar a produção dos

programas anteriores é obrigação diária. Vários temas podem ser

aprofundados no telejornal seguinte. Não há limites de

Page 11: A Estrutura do Jornal da Globo

esgotamento a não ser aquele imposto pelo próprio assunto. O

produtor também deve se precaver para a falta de notícias nos fins

de semana e feridos. Entrevistas podem ser agendadas com

antecedência ou gravadas. Merecem atenção especial a prestação

de serviços. (HERODOTO BARBEIRO e PAULO RODOLFO DE

LIMA, 2002, Pág. 89 a 91).

A redação de uma TV deve levar em consideração a funcionalidade e a proximidade dos

equipamentos e das pessoas. Se não houve organização, fatalmente a qualidade do

trabalho será comprometida, explicam Barbeiro e Lima. A ilha de edição deve ser um

espaço fechado da redação para que o som não atrapalhe os demais. O uso de softwares

especiais para redações facilita a organização do trabalho. Esses softwares permitem a

criação de páginas especiais para scripts, agendas, relatórios, etc.

O jornalista de televisão é obrigado a ter um tratamento igual das fontes de informações,

isto significa que não pode privilegiar nenhuma fonte e deve-se entregar a uma análise

séria e contraditória de todas as fontes de que dispõe. Para Jean Jacques Jespers, autor

do livro Jornalismo Televisivo, os jornalistas devem proteger as fontes. Ele explica que

a fonte será, igualmente, citada quando a notícia é susceptível, pelas suas repercussões,

de comprometer a responsabilidade moral ou jurídica do canal.

Jean Jacques explica que durante trinta anos, a televisão gozou de um grande capital da

confiança, mas, ela é hoje, vítima de um preconceito negativo quanto à sua

credibilidade. Recentemente, a informação com imagens era considerada mais fiável

que a imprensa escrita e o rádio, para relatar um mesmo acontecimento, devido ao

potencial, por assim dizer probatório da imagem.

O texto televisivo é tão paradoxal quanto possa parecer, o elemento essencial da

mensagem real da informação televisiva é o texto. Embora a elaboração e a estrutura do

texto sirvam de base muitas vezes à construção da mensagem real no seu conjunto,

vários estudos demonstram que para compreender a informação, a parte oral da

mensagem real televisiva é mais importantes que a parte visual. O autor explica que

muitas mensagens reais baseiam-se mais na palavra do que na imagem: Apresentação

do jornal, nota, animação de debates “vivo” etc.

Page 12: A Estrutura do Jornal da Globo

Sobre a estrutura narrativa da comunicação televisiva, Jean Jacques explica que se faz

de um indivíduo para outro indivíduo. A transmissão da mensagem real implica uma

adesão do telespectador: o jornalista não deve sentir-se distanciado ou excluído, deve ter

a sensação de que é uma pessoa importante para a pessoa que fala. Ele explica que a fim

de facilitar ao máximo a adesão e a atenção do ouvinte ao texto da mensagem real, mas

também, viu-se antes, para favorecer a memorização da mensagem virtual, o texto do

jornalista, tanto quanto possível, ter a forma de uma narração, de um relato. É, além

disso, a forma mais natural do discurso.

A nota ou o comentário será apenas confiado a jornalistas que aparecem,

aos olhos do espectador, como especializados e particularmente

competentes no campo abordado. Nada é mais lamentável para a

mediatização da informação que um jornalista que se “especializa” a tal

ponto que, esquecendo qualquer distância crítica, adapta a gíria e o

sistema de valores do grupo sócio-profissional no qual recebe a sua

informação. (JEAN JACQUES JESPERS, 1998, Pág. 129)

A estrutura de telejornal é apresentada pelo autor através da estrutura narrativa,

apoiando em forma específica, que são: O genérico, o sumário, as “palavras-chave” e as

pontuações, o olhar do apresentador, a apresentação “dialogada”. Para Jean Jacques, o

genérico do telejornal significa estabelecer o contato com o espectador e se trata de um

programa cuja matéria principal será o relato do real recente, exposto de forma

jornalística.

O sumário, ele explica que é o primeiro elemento essencial do fio condutor do

telejornalismo. Trata-se de indicar o que vai ser tratado e de dar as informações

principais, sob uma primeira forma. Sobre as “palavras-chave” que figuram na

“bolacha”, ao lado do apresentador, Jean Jacques explica que é o momento de uma

mudança de capítulo ou da apresentação de uma seqüência, é um elemento importante

de estruturação do enunciado das notícias. O olhar do PIVOT é um sinal essencial do

tipo de discurso que está diante dos olhos do espectador. Se o apresentador olha o

espectador nos olhos, é porque está para lhe contar uma história verídica, para lhe dar

uma informação referente a uma realidade. Pelo contrário, se o apresentador desvia os

Page 13: A Estrutura do Jornal da Globo

olhos, coloca-se na pele do espectador, fala ou olha em vez dele. O autor explica que o

par de PIVOTS pode favorecer a estruturação de um conjunto de informações em que

devem ser evocados vários aspectos.

A equipe do Jornal da Globo é formado pelos apresentadores William Waack e

Christiane Pelajo, os colunistas Arnaldo Jabor, Alexandre Garcia e Carlos Alberto

Sardenberg. O diretor da Central Globo de Jornalismo é Carlos Henrique Schroder. O

diretor executivo de jornalismo é Ali Kamel. Diretor de jornalismo/ SP é Luiz Cláudio

Latgé. A diretora adjunta é Cristina Piasentini. A chefia de redação é formada por

Mariano Boni e Denise Cunha Sobrinho. O editor chefe é Erick Brêtas e o editor

executivo é Ricardo Villela. Os editores são Rogério Imbuzeiro (Rio de Janeiro), Betina

Anton (Internacional), Cátia Luz (economia), Evane Bertoldi (política), Fernando

Buarque (Recife), Josá Alan Dias (Internacional), Luciana Bistane (Geral), Mauricio

Setubal (São Paulo), Miguel Fortunato (Esporte), Patrícia Carvalho (Geral), Pedro

Tadeo Zorzetto (Esporte), Tonico Duarte (Geral). O coordenador de rede é Giglione

Tinti. Os produtores são Antonio Stots e Happy Carvalho (Rio de Janeiro). A

coordenação de Internet é Evani Viale. A produção de internet é de Domênica Faccioli.

O gerente de produção é Fernando Gueiros. O supervisor de operações é Milton

Encarnação. O coordenador de operações é Júlio César Tunussi. Os editores de

imagem são Beto Brinco, Dario de Oliveira, Guilherme Amatucci, Luiz Fernando

Guzzardi e André Fernandes. O supervisor de imagem é José Nossaes Lima. O

coordenador de telejornais é Rodrigo de Carvalho Silva. Os assistentes de produção são

José Arnaud e Rodrigo Amaro de Souza. A estagiária é Beatriz Campos e o diretor de

imagem é Amadeu Francisco Júnior. O operador de áudio é Julio Augusto. A arte é de

Adriano Sorrentino, além da equipe técnica.

Analisei os programas dos dias 22 e 23 de novembro de 2007. Como as autoras Luciana

Bistane e Luciane Bacellar afirmam no livro Jornalismo de TV, sobre o público que

assiste jornais no final da noite, muitas pessoas já estão dormindo neste horário, e a

maior parte da audiência é assistida pelas pessoas que trabalham e estudam a noite. É

um jornal que utiliza uma estrutura narrativa mais coloquial, e com mais assuntos

relacionados à política e economia. O Jornal da Globo tem um tratamento diferencial

dos jornais que são transmitidos no mesmo horário por outras emissoras. Uma diferença

clara é a quantidade de produções de artes que o programa utiliza.

Page 14: A Estrutura do Jornal da Globo

O apresentador William Waack trabalhou a maior parte de sua carreira no jornal

impresso, passou pelas principais redações do País, com destaque para O Globo, Jornal

do Brasil, O Estado de S. Paulo e Veja. Desempenhou as funções de editor de

economia, internacional e política. Atuou como correspondente internacional durante 21

anos, principalmente na Alemanha, Grã Bretanha, Rússia, Oriente Médio e Estados

Unidos. Participou da cobertura de nove guerras, sendo seis no Oriente Médio. Está na

Rede Globo desde 1996 e, no Brasil, desde 2000. Certa vez em uma entrevista, Waack

disse que o principal motivo para escolher trabalhar na TV, depois de tantos anos de

jornal impresso, foi o desafio de uma nova mídia. Waack disse quer experimentar uma

mídia que atinge um público a longas distâncias, e tem um poder aproximação com o

público.

Na quinta-feira, dia 22 de novembro, o Jornal da Globo teve como manchete a renúncia

do ministro das Relações Institucionais Walfrido dos Mares Guia, a matéria mostra que

Walfrido foi denunciado pelo procurador geral da República como participante do

valerioduto do PSDB mineiro, em um esquema que teria desviado dinheiro do governo

de Minas Gerais para a campanha eleitoral de 1998. A matéria ganhou destaque,

seguido dos comentários do jornalista Heraldo Pereira sobre o caso, e uma entrevista do

próprio Heraldo com o novo ministro José Múcio Monteiro.

O jornal dessa edição ainda destacou o escândalo envolvendo o caso de mulheres presas

em calas masculinas no Pará. A matéria destaca novos casos que foram descobertos em

outros estados. Outra matéria destacada foi uma mega-operação que colocou cinco mil

policiais e fiscais da Secretaria da Fazenda nas ruas de São Paulo em busca de veículos

de outros estados, com registros de endereços falsos.

Outras matérias que ganharam destaque foram os desempregos que continua caindo, de

acordo com números do IBGE, agora são pouco mais de dois milhões os brasileiros

desocupados. A matéria foi seguida do comentário de Carlos Alberto Sardenberg sobre

a criação de empregos nos meses entre setembro e outubro, no período do auge de

atividades econômicas. Outra matéria também de destaque foi a morte do artista francês

Maurice Bejart, que trabalhou durante toda a vida, para tentar aproximar o balé do

grande público. A matéria destaca que Bejart morreu aos 80 anos, e suas coreografias,

Page 15: A Estrutura do Jornal da Globo

universais e rebeldes, atraíram multidões por mais de meio século. O telejornal também

passou uma matéria sobre a condenação da TAM, feito pela Justiça a pagar indenização

de R$10 mil a uma passageira que esperou seis horas para embarcar.

O Jornal da Globo ainda apresentou outras notícias com menos destaque que foram a

que fala sobre a “Operação Fênix”, que mostra que o traficante Fernandinho Beira-Mar

continua mandando na quadrilha mesmo dentro de um presídio de segurança máxima de

Campo Grande-MT, de acordo com a Polícia Federal. Além da divulgação da matéria

sobre a polícia do Rio que divulgou a foto do homem suspeito de ter provocado a morte

de um turista italiano na segunda-feira. O nome do acusado é Rodrigo Carvalho Cruz,

de 20 anos, que foi indiciado por latrocínio.

Na sexta-feira, dia 23 de novembro, o Jornal da Globo apresentou como manchete

sobre mulheres presas com homens, onde surgiu o quarto caso em penitenciárias do

estado do Pará. A matéria mostra que a ministra Ellen Gracie, presidente do Supremo

Tribunal Federal, que pediu informações à justiça do Pará. A situação da prisão de

mulheres no estado ganhou grande destaque no mundo e foi denunciado pela Anistia

Internacional.

Outras matérias de destaque foram de um naufrágio do navio Explorer que chocou em

um iceberg do Pólo Sul, os 154 tripulantes que estavam a bordo forma salvas. O iceberg

danificou a lateral direita do navio no meio da madrugada, formando um buraco pouco

maior que uma bola de tênis na proa, permitindo que a água invadisse os camarotes e

depois a casa de maquinas. E a outra matéria de destaque foi a apresentação feita por

um travesti dentro da Assembléia Legislativa de São Paulo, que pode custar o mandato

do deputado Carlos Gianiazzi, que quer acabar com a formalidade na sede do legislativo

paulista.

Duas matérias frias sobre duas personalidades também foram divulgadas no Jornal da

Globo, utilizaram notícias de gaveta. A primeira matéria foi sobre o mito da crônica

esportiva e da política brasileira o gaúcho João Saldanha, que acabou de sair a biografia

do homem que transformou Pelé e companhia nas “feras do Saldanha”. E a segunda

matéria é sobre o poeta e compositor Arnaldo Antunes, que mostra que quando canta,

Page 16: A Estrutura do Jornal da Globo

usa a voz para expressar com o máximo de clareza o que a canção diz. A matéria mostra

que na fase atual, a voz grave sobressai em canções mais serenas.

O telejornal também transmitiu uma matéria a convenção nacional do PSDB, que

encerrou com um novo presidente, foi destacado sobre o principal partido da oposição,

velhas brigas e críticas duras ao atual governo, feitas pelo ex-presidente Fernando

Henrique Cardoso. Transmitido também a situação do Líbano que chegou a uma

perigosa encruzilhada política. O mandato do presidente Emile Lahoud acabou, e o

parlamento não conseguiu eleger um sucessor. Outra notícia divulgada foi de um bebê

de apenas dez dias que foi abandonado em um bueiro, em São Luís. A matéria mostra

que a polícia procura a mãe da recém-nascida, que foi resgatada com vida.

Outra situação transmitido pelo Jornal da Globo, foi dados divulgados pelo Banco

Mundial que afirma que o Brasil é o país entre 178 onde as empresas mais perdem

tempo calculando e pagando impostos. A árvore de Natal da cidade de Fortaleza com

mais de 30 metros, e foi acesa para fazer a decoração e formar as folhas de um pinheiro

gigante. Além do destaque para a Copa do Mundo de Natação, que tem o recordista

mundial Thiago Perreira lutando por medalhas de ouro, na última etapa da Copa do

Mundo de Natação, em Belo Horizonte.

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Conclusão

O método utilizado no processo de produção do trabalho foi através da internet, da TV e

de livros. A identificação da estrutura do jornal durante a transmissão das edições dos

dias 22 e 23 de novembro de 2007. Os jornais da Rede Globo de Televisão tem a

características de serem jornais com altos investimentos e grandes produções. Com o

Jornal da Globo não é diferente, a estrutura e a tecnologia é de ponta, os profissionais

também são de primeiro escalão, e jornal é muito bem feito. Este telejornal é

transmitido para um publico de classe A e B da sociedade brasileira, e como qualquer

jornal que procura um público como esse, sabe das dificuldades de produção.

Observei que o maior destaque do Jornal da Globo é com o cenário político nacional e

internacional. A economia também recebe destaque no telejornal. A estrutura estabelece

uma ligação com todos os profissionais, causando um número baixo de erros. Nos dois

dias que analisei, não encontrei nenhuma falha técnica ou de produção. Uma observação

que tenho a fazer é sobre o dia 23 na sexta-feira, onde o telejornal parecia não ter

conteúdo para transmitir o jornal. Alguns dos principais assuntos que o jornal passou

como destaque, foi de assuntos frios e sem compromisso com o tempo. Mas no geral o

jornal é dividido conforme as estruturas de um grande telejornal que é sem deixar de ter

inteligência e transparência como o jornal define-se.

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Referências Bibliográficas BISTANE, Luciana; BACELLAR, Luciane. Jornalismo de TV. 2ª ed. – São Paulo. Contexto, 2006. PATERNOSTRO, Vera Íris. O texto na TV: Manual de telejornalismo. Rio de Janeiro. Campus, 1999. BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo Rodolfo. Manual de Telejornalismo: Os segredos da notícia na TV. Rio de Janeiro, Campus, 2002. JESPERS, Jean Jacques. Jornalismo Televisivo: Princípios e Métodos. Coimbra. Minerva, 1998.