a estrutura do jornal da globo
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Artigo dos alunos da disciplina de Telejornalismo do curso de jornalismo do UNIBH.TRANSCRIPT
Centro Universitário de Belo Horizonte UNI-BH Telejornalismo – JRN5
Rafael Luiz Mariani Nogueira
Análise sobre a estrutura do Jornal da Globo
Belo Horizonte 26 de Novembro de 2007
Esta é uma análise sobre o telejornal Jornal da Globo, com o título “Análise sobre a
Estrutura do Jornal da Globo”. O exercício compõe a disciplina de Telejornalismo
orientado pela professora Izamara Barbosa Arcanjo F. Silva.
Rafael Luiz Mariâni Nogueira Belo Horizonte
Introdução
O jornalismo no Brasil desenvolveu-se no final do século XIX com o jornal impresso
Correio Brasiliense de Hipólito José da Costa, a partir daí foram criados os grandes
jornais, a grande literatura brasileira inspirada no jornalismo. Nessa época não existia
escola de jornalismo, e os jornalistas faziam parte da elite que governava o país. Anos
se passaram, e a primeira escola de jornalismo criada no Brasil foi a Faculdade de
Comunicação Social Cásper Líbero, fundada em 1947 em São Paulo.
O telejornalismo surgir a partir dos anos 50 com a TV Tupi de Assis Chateaubriand,
tendo como principal atração jornalística o Imagens do Dia, seguido do Repórter Esso.
Houve uma modernização na imprensa entre os anos de 1950 e 1960, modificando as
estruturas através da industrialização e o aumento do processo migratório que
influenciou na expansão do jornalismo. Nessa época as estruturas dos telejornais eram
diferentes, não existia redação, editor de imagem ou diretor de imagens.
Em julho de 1957 o então presidente da república, Juscelino Kubitschek aprovou a
concessão de TV para a Rádio Globo, fundada e dirigida pelo empresário Roberto
Marinho até a sua morte. Depois se transformou na TV Globo e atualmente em Rede
Globo de Televisão. Os principais programas transmitidos pela emissora são
jornalísticos, são seis telejornais transmitidos nacionalmente e setenta e um telejornais
locais. Dentre eles, o Jornal da Globo, que estreou em 1979 com apresentação de
noticiários de fim de noite, com análises, reportagens, séries e entrevistas de estúdio.
Portanto, o presente artigo pretende analisar a estrutura e a organização do Jornal da
Globo, da emissora Rede Globo de Televisão. Apresentar os métodos e técnicas da
produção jornalística deste telejornal. O artigo procura entender as noções de tecnologia
da informação visual aliada a mensagem sonora, o imediatismo, o alcance, a
instantaneidade, o envolvimento, a superficialidade, índices de audiência do jornal na
busca pela notícia. Pretendendo definir o formato e principais características deste
telejornalismo.
A televisão brasileira chega a todos os municípios do país, e está em 90% das
residências, segundo dados do IBGE. Grande parte dos telejornais no Brasil são feitos
através do modelo de telejornalismo norte-americano. O Jornal da Globo tem uma
equipe com aproximadamente 60 pessoas envolvidas na composição da estrutura do
telejornal. Esta estrutura é dividida por diversos cargos que são: apresentação, direção,
chefe de redação, edição, coordenação, produção, reportagem, gerência de operação,
supervisão de operação, edição e supervisão de imagem, operação de áudio, arte e
equipe técnica.
O objetivo principal é entender quais são as principais funções destes cargos, descobrir
quem são as pessoas participantes e o trabalho desenvolvido por cada um destes
funcionários do Jornal da Globo. O objetivo secundário é identificar na transmissão do
telejornal, a função de cada funcionários sendo realizado na composição da notícia.
Observar no formato da notícia, a escalação das pessoas que integram a estrutura.
Será que a divisão da estrutura do telejornalismo ficará heterogênea, onde os
profissionais do futuro desempenharam mais de uma dessas funções, assim diminuindo
a escala de funcionários? Uma estrutura em que o diretor também será o apresentador, o
repórter também será o produtor, o editor de imagem também será o operador de áudio.
O jornalismo já começou a apresentar esta fusão através da convergência das mídias, e
da TV digital. Nasce um formato de produção jornalística, mais dinâmico no processo
de criação, como por exemplo, o jornal Lance que apresenta notícias nas mídias de
jornalismo impresso, on-line e televisivo. Como a rádio CBN também, que divulga no
site da emissora a transmissão dos jornais diretamente dos estúdios. E o próprio Jornal
da Globo, que adaptou no site transmissões dos últimos programas, onde as pessoas
podem assistir as partes que preferirem do telejornal.
Elementos Textuais
O Jornal da Globo é um telejornal exibido no final da noite, e transmitido para um
público diferente dos demais horários considerados “nobre”, que é entre 19 e 22 horas.
O telejornal tem o desafio de dar notícias que, normalmente, começaram a se desenrolar
bem mais cedo e já foram ao ar mais de uma vez, ao longo do dia. É necessário um
tratamento diferencial em relação aos telejornais já exibidos. Para as autoras Luciana
Bistane e Luciane Bacellar do livro Jornalismo de TV, esses tipos de telejornalismos
transmitidos nos finais de noite, precisam ter um diferencial sobre os outros. Como elas
explicam:
Quando é possível avançar e mostrar o desfecho, ótimo. O
imediatismo em televisão conta pontos. Notícia fresca “esquenta” o
jornal. Mas, às vezes, até o final da história já foi revelado. Se no
noticiário da noite o fato merece apenas um registro, dá-se uma nota
coberta. Para isso, trinta segundos de texto resolvem a questão. Se o
tema for relevante, como, por exemplo, uma votação importantíssima
do Congresso, é preciso destacar o assunto. Nesse caso o ideal é ir
além, analisa-lo e explicar as conseqüências da decisão, as
repercussões em setores da sociedade etc. (LUCIANA BISTANE e
LUCIANE BACELLAR, 2006, Pág. 44)
A construção da matéria na televisão é como montar um quebra-cabeça. Para Bacellar e
Bistane, o formato de telejornalismo neste quebra-cabeça encaixa melhor de acordo com
o momento, por exemplo, algumas peças se encaixam melhor na passagem do repórter,
outras, nos trechos selecionados das entrevistas, e as restantes compõem o OFF, que
será coberto por imagem. Para as autoras, o segredo é saber o que merece ir para a
passagem, o que vai ficar mais forte na fala do entrevistado e como encadear tudo isso
no texto. As autoras explicam que há exceções, mas nos telejornais diários,
normalmente, as entrevistas são introduzidas uma “deixa”, que encaminha antes da
matéria para a declaração e tem a função de facilitar a compreensão ou permitir sonoras
mais curtas.
Para as autoras, durante uma entrevista, quem desconhece o assunto tratado dificilmente
saberá fazer boas perguntas, encaminhar a conversa, selecionar o mais importante. Para
essas ocasiões, o ideal é estar preparado, o que não significa ler tudo a respeito do
assunto e elaborar uma lista de perguntas, como costumam fazer os repórteres em inicio
da carreira, que decoram o que vão indagar. Por estarem presos ao que prepararam,
muitos repórteres não escutam coisas mais importantes que o entrevistado pode falar.
Sobre “entrevistas”, Bistane e Bacellar explicam que na maioria das vezes, o bom
repórter consegue tirar do entrevistado o que quiser, e sem ser indelicado ou agressivo.
De acordo com elas, cada profissional desenvolve o próprio método de trabalho. Há
uma grande diferença entre entrevistar um especialista sobre um assunto especifico, e
um político acusado de corrupção, não existe uma regra, cada caso é um caso.
O dia-dia do editor não é fácil, Bistane e Bacellar explicam que para descrever o
desgaste físico, mental e emocional imposto pela rotina dos telejornais, os jornalistas
costumam dizer que matam um leão por dia. E uma eterna corrida contra o tempo, e a
velocidade podem comprometer a qualidade. Há ainda uma angustia de ter que apurar
notícias importantes que chegam de última hora. E no dia seguinte, tem-se que
recomeçar do zero, encarar outro leão. Sobre a profissão de editor, as autoras explicam:
O editor faz a ponte entre a redação e o repórter e ajuda a organizar
as informações para a construção do texto. Quando várias equipes
trabalham com o mesmo assunto, como na caso de enchentes que
atingem vários pontos da cidade, é o editor quem assiste a todas as
fitas, seleciona o melhor material e, muitas vezes, escreve o texto
para o repórter. É uma relação de parceria, e quanto mais afinada,
mais produtiva. O editor acompanha o desenvolvimento da
matéria, troca idéias, dá sugestões e questiona. (LUCIANA
BISTANE e LUCIANE BACELLAR, 2006, Pág. 22)
O aprendizado de um jornalista depende muito do chefe, as autoras explicam que o
melhor chefe é aquele que sabe muito. Esse é respeitado e admirado, consegue até
revelar o senso crítico exacerbado ou o mau-humor. Com os bons, os profissionais
crescem. Ninguém aprende por “osmose”, mas, com certeza, prendemos com bons
exemplos. Por outro lado, chefe que não sabe direito o que quer, atrapalha mais do que
orienta. É horrível quando combinam a matéria com o repórter, seguindo as orientações
do chefe, e, mesmo assim, ele fica enfurecido ao ver o VT pronto. E, pior, resolve ditar
alterações faltando pouquíssimo para o jornal ser exibido. Se não der pra argumentar,
respire fundo. E se apresse. Explica Bistane e Bacellar.
No departamento de arte, computadores e programas cada vez mais sofisticados ajudam
na criação de recursos visuais para construção das matérias. Soluções como gráficos e
tarjas facilitam a compreensão de relatórios e pesquisas com números e mais números.
Deste modo, Bistane e Bacellar explicam que a computação gráfica permite simulações
virtuais de acidentes e seqüestros que não foram registrados pelas câmeras. Com
desenhos em movimento, o telespectador pode visualizar a ação de um novo
medicamento no organismo. O mesmo recurso pode ainda ilustrar e dar um toque de
humor a temas leves.
A força das imagens dá credibilidade e força á notícia, sobretudo às denúncias. Nas
reportagens externas, as autoras explicam que repórteres e cinegrafistas fazem um
recorte da realidade ao formular uma pergunta, ao escolher um enquadramento. Uma
imagem é capaz de garantir a veiculação de um assunto que talvez nem fosse ao ar se o
cinegrafista não tivesse a sorte de captar o flagrante. Fatos pitorescos, inusitados, além
de aliviar a carga dos noticiários, despertam a curiosidade e atraem audiência.
O ranking provisório das notícias começa na reunião de pauta, no início do expediente.
Bistane e Bacellar explicam que o editor-chefe deixa o encontro com a idéia do que vai
abrir, fechar ou preencher o miolo do jornal. Elaborar um pré-espelho, distribuir os
assuntos por blocos e estabelecer um tempo aproximado para cada matéria. Se essa
previsão vai se confirmar, só o desenrolar dos fatos poderá dizer. Tomadas de decisão
são feitas o tempo todo, mesmo durante a exibição do jornal.
O profissional pauteiro tem a função de marcar entrevistas, pedir autorização para a
gravação de imagens, levantar dados por telefone, organizar essas informações e fazer
um roteiro de trabalho para a equipe de reportagem. Já o produtor é aquele que fareja a
notícia, que corre atrás da informação até juntar as peças do quebra-cabeça que compõe
uma investigação. Ele é capaz de reconhecer temas relevantes, que podem se
transformar em matérias, explica as autoras.
Hoje, um dos vícios do telejornalismo é combinar toda a matéria na
redação. Repórter e cinegrafista saem tendo em mãos um roteiro de
trabalho “amarrado” com o nome dos entrevistados, local e a que horas
estão marcadas as gravações, e o que se espera da matéria. Mas os que
deixam a emissora tendo programadas as respostas que o entrevistado tem
que dar pode perder a chance de ouvir ou ver algo bem mais original e
interessante do que planejado. (LUCIANA BISTANE e LUCIANE
BACELLAR, 2006, Pág. 51)
Para a autora Vera Íris Paternostro, autora do livro o Texto na TV - Manual de
Jornalismo, a televisão combina utilização simultânea de dois sentidos do ser humano, a
visão e a audição. Sem contar que uma notícia de grande impacto afeta as pessoas de
forma emocional. Dependendo da intensidade, da força, uma imagem que aparece no ar
por escassos 15 segundos permanece na mente do telespectador por muito tempo, as
vezes para sempre. A autora analisa a TV como veículo de comunicação de massa
reunindo características da estrutura jornalísticas, suas definições que devemos conhecer
e que compõem um texto televisivo.
A primeira característica da TV é a Informação Visual, que significa a transmissão da
mensagem através de uma linguagem que independe do conhecimento de um idioma ou
da escrita por parte do receptor. A segunda é o Imediatismo que transmite informações
contemporâneas quando mostra o fato no momento exato em que ele ocorre através da
imagem, o signo mais acessível à compreensão humana. O Alcance é a terceira, onde a
TV é um veiculo abrangente e de grande alcance. Ela não distingue classe social ou
econômica, atinge a todos. A quarta característica é a Instantaneidade da informação na
TV, que requer “hora certa” para ser vista e ouvida, a mensagem é momentânea,
instantânea. O Envolvimento é a quinta característica da estrutura do texto na TV, que
significa o envolvimento que a TV exerce, o fascínio sobre o telespectador, pois
consegue transporta-lo para “dentro” de suas historias. O sexto é a Superficialidade, o
timing, o ritmo da TV que proporciona uma natureza superficial às suas mensagens. O
último é o Índice de Audiência que é a medição do interesse do telespectador orienta a
programação e cria condições de sustentação comercial.
Voltando as funções de um telejornalismo, os jornalistas Heródoto Barbeiro e Paulo
Rodolfo de Lima explicam no livro Manual de Telejornalismo, sobre a profissão de
diretor de jornalismo que é a pessoa responsável pela linha editorial da emissora.
Geralmente tem o cargo de diretor ou gerente de jornalismo e participa, juntamente com
gerentes e diretores de outras áreas, da direção da empresa. É sobre ele que despencam
os maiores problemas, desde a palavra final sobre a contratação ou demissão de um
jornalista até as investidas da área comercial, que tem preferência por determinadas
reportagens, mas gostaria que outras não fossem produzidas.
A ação do chefe de jornalismo se traduz em uma liderança para
adultos. Ele não pode tratar o seu liderados como crianças, e isso é
mais comum do que se pode imaginar. O líder tem que estar
preparado para dar respostar e fazer perguntas corretas. É preciso
aprender a liderar um grupo que tem autonomia, criatividade,
iniciativa, senso crítico e disposto a fazer jornalismo. Isso é
impensável em uma estrutura do tipo “eu mando e você obedece”
ou “eu penso e você excuta”, ou ainda “não faça perguntas,
escreva”, parafraseando Mussolini. É preciso romper o paradigma
da organização rígida e aceitar o compartilhamento de liderança e
ações. A eficácia é fruto da ação conjunta. (HERODOTO
BARBEIRO e PAULO RODOLFO DE LIMA, 2002, Pág. 53).
Sobre a profissão de editor-chefe, Barbeiro e Lima explicam que é o responsável direto
pelo telejornal. É ele quem escolhe as reportagens que vão ao ar e, em última análise,
responde pelos erros e acertos do programa. O editor-chefe faz avaliações críticas da
qualidade das matérias produzidas e debate o resultado com a pauta e a chefia de
reportagem. Para ser editor-chefe é preciso saber ouvir críticas, mudar sempre que se
constata que o rumo do bom jornalismo está sendo desviado, ter espírito democrático e
ser respeitado por sua experiência e bom senso.
O editor-chefe é o responsável pelo clima de cordialidade entre os
membros da equipe e que se espalha na redação. A camaradagem
deve prevalecer mesmo no ambiente competitivo da redação. As
disputas, rivalidades e divergências de opinião são inerentes a esse
tipo de organização e devem ser acompanhadas de bom senso,
honestidade, respeito mútuo e delicadeza. Há chefes que optam por
desenvolver um “clima de terror”, desestabilizando a todos. Essa
atitude falsamente conduz ao aumento da produtividade e
raramente incentiva a criatividade. É o que não se deseja em uma
redação. As pessoas ou ameaça de demissão. O terror é
responsável pela competição desenfreada e por tornar a vida das
pessoas um inferno no ambiente de trabalho. . (HERODOTO
BARBEIRO e PAULO RODOLFO DE LIMA, 2002, Pág. 55).
O coordenador de rede, Barbeiro e Lima explicam que é o profissional responsável pela
organização do fluxo das matérias geradas pelas sucursais ou afiliadas. Também faz a
distribuição das pautas e acompanhamento da realização das reportagens. Durante o dia,
o coordenador informa a redação, via rede interna de computação, a previsão de
matérias e o provável horário de recepção. É o coordenador que liga para todos os
responsáveis pelo jornalismo das praças e, além de passar a pauta do dia, recebe
sugestões de pauta e um balanço do que está sendo produzido. Ouve também as críticas
e explica o porque de uma ou outra reportagem não ter sido aproveitada nos telejornais.
O profissional da produção, os autores explicam que é o responsável por boa parte das
condições materiais e do conteúdo do telejornal. Funciona como o elo entre jornalistas e
técnicos e acompanha a edição do programa desde o início. Participa dos switcher, se
responsabiliza pela organização do script e dos VT’s. O produtor coordena a preparação
do telejornal dentro e fora do estúdio, atento às condições necessárias para que o
programa vá ao ar. É ele quem está mais envolvido na organização e apresentação do
telejornal.
A agenda é fundamental para o produtor e a programação. Os
telefones dos entrevistados devem estar sempre atualizados na
agenda do computador pelo produtor ou assistente. O produtor
deve estar sempre em contato com as fontes. Notícias interessantes
podem surgir de uma conversa informal, mesmo nos bastidores da
TV. Se o entrevistado adiantar uma notícia o produtor deve
informar imediatamente o entrevistado. Verificar a produção dos
programas anteriores é obrigação diária. Vários temas podem ser
aprofundados no telejornal seguinte. Não há limites de
esgotamento a não ser aquele imposto pelo próprio assunto. O
produtor também deve se precaver para a falta de notícias nos fins
de semana e feridos. Entrevistas podem ser agendadas com
antecedência ou gravadas. Merecem atenção especial a prestação
de serviços. (HERODOTO BARBEIRO e PAULO RODOLFO DE
LIMA, 2002, Pág. 89 a 91).
A redação de uma TV deve levar em consideração a funcionalidade e a proximidade dos
equipamentos e das pessoas. Se não houve organização, fatalmente a qualidade do
trabalho será comprometida, explicam Barbeiro e Lima. A ilha de edição deve ser um
espaço fechado da redação para que o som não atrapalhe os demais. O uso de softwares
especiais para redações facilita a organização do trabalho. Esses softwares permitem a
criação de páginas especiais para scripts, agendas, relatórios, etc.
O jornalista de televisão é obrigado a ter um tratamento igual das fontes de informações,
isto significa que não pode privilegiar nenhuma fonte e deve-se entregar a uma análise
séria e contraditória de todas as fontes de que dispõe. Para Jean Jacques Jespers, autor
do livro Jornalismo Televisivo, os jornalistas devem proteger as fontes. Ele explica que
a fonte será, igualmente, citada quando a notícia é susceptível, pelas suas repercussões,
de comprometer a responsabilidade moral ou jurídica do canal.
Jean Jacques explica que durante trinta anos, a televisão gozou de um grande capital da
confiança, mas, ela é hoje, vítima de um preconceito negativo quanto à sua
credibilidade. Recentemente, a informação com imagens era considerada mais fiável
que a imprensa escrita e o rádio, para relatar um mesmo acontecimento, devido ao
potencial, por assim dizer probatório da imagem.
O texto televisivo é tão paradoxal quanto possa parecer, o elemento essencial da
mensagem real da informação televisiva é o texto. Embora a elaboração e a estrutura do
texto sirvam de base muitas vezes à construção da mensagem real no seu conjunto,
vários estudos demonstram que para compreender a informação, a parte oral da
mensagem real televisiva é mais importantes que a parte visual. O autor explica que
muitas mensagens reais baseiam-se mais na palavra do que na imagem: Apresentação
do jornal, nota, animação de debates “vivo” etc.
Sobre a estrutura narrativa da comunicação televisiva, Jean Jacques explica que se faz
de um indivíduo para outro indivíduo. A transmissão da mensagem real implica uma
adesão do telespectador: o jornalista não deve sentir-se distanciado ou excluído, deve ter
a sensação de que é uma pessoa importante para a pessoa que fala. Ele explica que a fim
de facilitar ao máximo a adesão e a atenção do ouvinte ao texto da mensagem real, mas
também, viu-se antes, para favorecer a memorização da mensagem virtual, o texto do
jornalista, tanto quanto possível, ter a forma de uma narração, de um relato. É, além
disso, a forma mais natural do discurso.
A nota ou o comentário será apenas confiado a jornalistas que aparecem,
aos olhos do espectador, como especializados e particularmente
competentes no campo abordado. Nada é mais lamentável para a
mediatização da informação que um jornalista que se “especializa” a tal
ponto que, esquecendo qualquer distância crítica, adapta a gíria e o
sistema de valores do grupo sócio-profissional no qual recebe a sua
informação. (JEAN JACQUES JESPERS, 1998, Pág. 129)
A estrutura de telejornal é apresentada pelo autor através da estrutura narrativa,
apoiando em forma específica, que são: O genérico, o sumário, as “palavras-chave” e as
pontuações, o olhar do apresentador, a apresentação “dialogada”. Para Jean Jacques, o
genérico do telejornal significa estabelecer o contato com o espectador e se trata de um
programa cuja matéria principal será o relato do real recente, exposto de forma
jornalística.
O sumário, ele explica que é o primeiro elemento essencial do fio condutor do
telejornalismo. Trata-se de indicar o que vai ser tratado e de dar as informações
principais, sob uma primeira forma. Sobre as “palavras-chave” que figuram na
“bolacha”, ao lado do apresentador, Jean Jacques explica que é o momento de uma
mudança de capítulo ou da apresentação de uma seqüência, é um elemento importante
de estruturação do enunciado das notícias. O olhar do PIVOT é um sinal essencial do
tipo de discurso que está diante dos olhos do espectador. Se o apresentador olha o
espectador nos olhos, é porque está para lhe contar uma história verídica, para lhe dar
uma informação referente a uma realidade. Pelo contrário, se o apresentador desvia os
olhos, coloca-se na pele do espectador, fala ou olha em vez dele. O autor explica que o
par de PIVOTS pode favorecer a estruturação de um conjunto de informações em que
devem ser evocados vários aspectos.
A equipe do Jornal da Globo é formado pelos apresentadores William Waack e
Christiane Pelajo, os colunistas Arnaldo Jabor, Alexandre Garcia e Carlos Alberto
Sardenberg. O diretor da Central Globo de Jornalismo é Carlos Henrique Schroder. O
diretor executivo de jornalismo é Ali Kamel. Diretor de jornalismo/ SP é Luiz Cláudio
Latgé. A diretora adjunta é Cristina Piasentini. A chefia de redação é formada por
Mariano Boni e Denise Cunha Sobrinho. O editor chefe é Erick Brêtas e o editor
executivo é Ricardo Villela. Os editores são Rogério Imbuzeiro (Rio de Janeiro), Betina
Anton (Internacional), Cátia Luz (economia), Evane Bertoldi (política), Fernando
Buarque (Recife), Josá Alan Dias (Internacional), Luciana Bistane (Geral), Mauricio
Setubal (São Paulo), Miguel Fortunato (Esporte), Patrícia Carvalho (Geral), Pedro
Tadeo Zorzetto (Esporte), Tonico Duarte (Geral). O coordenador de rede é Giglione
Tinti. Os produtores são Antonio Stots e Happy Carvalho (Rio de Janeiro). A
coordenação de Internet é Evani Viale. A produção de internet é de Domênica Faccioli.
O gerente de produção é Fernando Gueiros. O supervisor de operações é Milton
Encarnação. O coordenador de operações é Júlio César Tunussi. Os editores de
imagem são Beto Brinco, Dario de Oliveira, Guilherme Amatucci, Luiz Fernando
Guzzardi e André Fernandes. O supervisor de imagem é José Nossaes Lima. O
coordenador de telejornais é Rodrigo de Carvalho Silva. Os assistentes de produção são
José Arnaud e Rodrigo Amaro de Souza. A estagiária é Beatriz Campos e o diretor de
imagem é Amadeu Francisco Júnior. O operador de áudio é Julio Augusto. A arte é de
Adriano Sorrentino, além da equipe técnica.
Analisei os programas dos dias 22 e 23 de novembro de 2007. Como as autoras Luciana
Bistane e Luciane Bacellar afirmam no livro Jornalismo de TV, sobre o público que
assiste jornais no final da noite, muitas pessoas já estão dormindo neste horário, e a
maior parte da audiência é assistida pelas pessoas que trabalham e estudam a noite. É
um jornal que utiliza uma estrutura narrativa mais coloquial, e com mais assuntos
relacionados à política e economia. O Jornal da Globo tem um tratamento diferencial
dos jornais que são transmitidos no mesmo horário por outras emissoras. Uma diferença
clara é a quantidade de produções de artes que o programa utiliza.
O apresentador William Waack trabalhou a maior parte de sua carreira no jornal
impresso, passou pelas principais redações do País, com destaque para O Globo, Jornal
do Brasil, O Estado de S. Paulo e Veja. Desempenhou as funções de editor de
economia, internacional e política. Atuou como correspondente internacional durante 21
anos, principalmente na Alemanha, Grã Bretanha, Rússia, Oriente Médio e Estados
Unidos. Participou da cobertura de nove guerras, sendo seis no Oriente Médio. Está na
Rede Globo desde 1996 e, no Brasil, desde 2000. Certa vez em uma entrevista, Waack
disse que o principal motivo para escolher trabalhar na TV, depois de tantos anos de
jornal impresso, foi o desafio de uma nova mídia. Waack disse quer experimentar uma
mídia que atinge um público a longas distâncias, e tem um poder aproximação com o
público.
Na quinta-feira, dia 22 de novembro, o Jornal da Globo teve como manchete a renúncia
do ministro das Relações Institucionais Walfrido dos Mares Guia, a matéria mostra que
Walfrido foi denunciado pelo procurador geral da República como participante do
valerioduto do PSDB mineiro, em um esquema que teria desviado dinheiro do governo
de Minas Gerais para a campanha eleitoral de 1998. A matéria ganhou destaque,
seguido dos comentários do jornalista Heraldo Pereira sobre o caso, e uma entrevista do
próprio Heraldo com o novo ministro José Múcio Monteiro.
O jornal dessa edição ainda destacou o escândalo envolvendo o caso de mulheres presas
em calas masculinas no Pará. A matéria destaca novos casos que foram descobertos em
outros estados. Outra matéria destacada foi uma mega-operação que colocou cinco mil
policiais e fiscais da Secretaria da Fazenda nas ruas de São Paulo em busca de veículos
de outros estados, com registros de endereços falsos.
Outras matérias que ganharam destaque foram os desempregos que continua caindo, de
acordo com números do IBGE, agora são pouco mais de dois milhões os brasileiros
desocupados. A matéria foi seguida do comentário de Carlos Alberto Sardenberg sobre
a criação de empregos nos meses entre setembro e outubro, no período do auge de
atividades econômicas. Outra matéria também de destaque foi a morte do artista francês
Maurice Bejart, que trabalhou durante toda a vida, para tentar aproximar o balé do
grande público. A matéria destaca que Bejart morreu aos 80 anos, e suas coreografias,
universais e rebeldes, atraíram multidões por mais de meio século. O telejornal também
passou uma matéria sobre a condenação da TAM, feito pela Justiça a pagar indenização
de R$10 mil a uma passageira que esperou seis horas para embarcar.
O Jornal da Globo ainda apresentou outras notícias com menos destaque que foram a
que fala sobre a “Operação Fênix”, que mostra que o traficante Fernandinho Beira-Mar
continua mandando na quadrilha mesmo dentro de um presídio de segurança máxima de
Campo Grande-MT, de acordo com a Polícia Federal. Além da divulgação da matéria
sobre a polícia do Rio que divulgou a foto do homem suspeito de ter provocado a morte
de um turista italiano na segunda-feira. O nome do acusado é Rodrigo Carvalho Cruz,
de 20 anos, que foi indiciado por latrocínio.
Na sexta-feira, dia 23 de novembro, o Jornal da Globo apresentou como manchete
sobre mulheres presas com homens, onde surgiu o quarto caso em penitenciárias do
estado do Pará. A matéria mostra que a ministra Ellen Gracie, presidente do Supremo
Tribunal Federal, que pediu informações à justiça do Pará. A situação da prisão de
mulheres no estado ganhou grande destaque no mundo e foi denunciado pela Anistia
Internacional.
Outras matérias de destaque foram de um naufrágio do navio Explorer que chocou em
um iceberg do Pólo Sul, os 154 tripulantes que estavam a bordo forma salvas. O iceberg
danificou a lateral direita do navio no meio da madrugada, formando um buraco pouco
maior que uma bola de tênis na proa, permitindo que a água invadisse os camarotes e
depois a casa de maquinas. E a outra matéria de destaque foi a apresentação feita por
um travesti dentro da Assembléia Legislativa de São Paulo, que pode custar o mandato
do deputado Carlos Gianiazzi, que quer acabar com a formalidade na sede do legislativo
paulista.
Duas matérias frias sobre duas personalidades também foram divulgadas no Jornal da
Globo, utilizaram notícias de gaveta. A primeira matéria foi sobre o mito da crônica
esportiva e da política brasileira o gaúcho João Saldanha, que acabou de sair a biografia
do homem que transformou Pelé e companhia nas “feras do Saldanha”. E a segunda
matéria é sobre o poeta e compositor Arnaldo Antunes, que mostra que quando canta,
usa a voz para expressar com o máximo de clareza o que a canção diz. A matéria mostra
que na fase atual, a voz grave sobressai em canções mais serenas.
O telejornal também transmitiu uma matéria a convenção nacional do PSDB, que
encerrou com um novo presidente, foi destacado sobre o principal partido da oposição,
velhas brigas e críticas duras ao atual governo, feitas pelo ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso. Transmitido também a situação do Líbano que chegou a uma
perigosa encruzilhada política. O mandato do presidente Emile Lahoud acabou, e o
parlamento não conseguiu eleger um sucessor. Outra notícia divulgada foi de um bebê
de apenas dez dias que foi abandonado em um bueiro, em São Luís. A matéria mostra
que a polícia procura a mãe da recém-nascida, que foi resgatada com vida.
Outra situação transmitido pelo Jornal da Globo, foi dados divulgados pelo Banco
Mundial que afirma que o Brasil é o país entre 178 onde as empresas mais perdem
tempo calculando e pagando impostos. A árvore de Natal da cidade de Fortaleza com
mais de 30 metros, e foi acesa para fazer a decoração e formar as folhas de um pinheiro
gigante. Além do destaque para a Copa do Mundo de Natação, que tem o recordista
mundial Thiago Perreira lutando por medalhas de ouro, na última etapa da Copa do
Mundo de Natação, em Belo Horizonte.
Conclusão
O método utilizado no processo de produção do trabalho foi através da internet, da TV e
de livros. A identificação da estrutura do jornal durante a transmissão das edições dos
dias 22 e 23 de novembro de 2007. Os jornais da Rede Globo de Televisão tem a
características de serem jornais com altos investimentos e grandes produções. Com o
Jornal da Globo não é diferente, a estrutura e a tecnologia é de ponta, os profissionais
também são de primeiro escalão, e jornal é muito bem feito. Este telejornal é
transmitido para um publico de classe A e B da sociedade brasileira, e como qualquer
jornal que procura um público como esse, sabe das dificuldades de produção.
Observei que o maior destaque do Jornal da Globo é com o cenário político nacional e
internacional. A economia também recebe destaque no telejornal. A estrutura estabelece
uma ligação com todos os profissionais, causando um número baixo de erros. Nos dois
dias que analisei, não encontrei nenhuma falha técnica ou de produção. Uma observação
que tenho a fazer é sobre o dia 23 na sexta-feira, onde o telejornal parecia não ter
conteúdo para transmitir o jornal. Alguns dos principais assuntos que o jornal passou
como destaque, foi de assuntos frios e sem compromisso com o tempo. Mas no geral o
jornal é dividido conforme as estruturas de um grande telejornal que é sem deixar de ter
inteligência e transparência como o jornal define-se.
Referências Bibliográficas BISTANE, Luciana; BACELLAR, Luciane. Jornalismo de TV. 2ª ed. – São Paulo. Contexto, 2006. PATERNOSTRO, Vera Íris. O texto na TV: Manual de telejornalismo. Rio de Janeiro. Campus, 1999. BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo Rodolfo. Manual de Telejornalismo: Os segredos da notícia na TV. Rio de Janeiro, Campus, 2002. JESPERS, Jean Jacques. Jornalismo Televisivo: Princípios e Métodos. Coimbra. Minerva, 1998.