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Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita. UNIÃO GERAL DE TRABALHADORES A ESTRATÉGIA DE LISBOA U MA E UROPA MAIS COMPETITIVA , COM MAIS E MELHORES EMPREGOS

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Page 1: A Estratégia de Lisboa-RELATÓRIO FINAL · 2009. 12. 21. · papel das escolas em matéria de educação e formação ao longo da vida, para todos; • Políticas activas de emprego

Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.

UNIÃO GERAL DE TRABALHADORES

A ESTRATÉGIA DE LISBOA

UMA EUROPA MAIS COMPETITIVA, COM MAIS E

MELHORES EMPREGOS

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ÍNDICE

Pág.

1. A ESTRATÉGIA DE LISBOA ……………………………………………………………………

1.1 Introdução ……………………………………………………………………………………….

1.2. A adopção da Estratégia de Lisboa ………………………………..................

1.2.1. Pontos-chave da Estratégia de Lisboa …………………………………………….

2. O RELANÇAMENTO DA ESTRATÉGIA DE LISBOA ………………………………..

2.1. Avaliação Intercalar da Estratégia de Lisboa …………………………….

2.1.1. A avaliação no plano comunitário ……………………………………………….

2.1.2. A avaliação e impactos em Portugal ……………………………………………

2.2. A Estratégia de Lisboa Revista …………………………..………………………

2.2.1. Os Eixos fundamentais ….……………………………...……………………………

2.2.2. A nova metodologia ……………………………………………………………………

2.2.3. Principais preocupações da Confederação Europeia de Sindicatos ….

3. O PNACE- PROGRAMA NACIONAL DE ACÇÃO PARA O CRESCIMENTO E

O EMPREGO 2005/2008 ……………………………………………………………………………

3.1. Principais Pontos do PNACE …………………………………………………………………

3.2. Posição da UGT sobre o PNACE …………………………………………………………..

Anexos

Anexo 1- Estratégia de Lisboa - Portugal de novo: Contributo da UGT ao

Programa Nacional de Acção para o Crescimento e o Emprego 2005-2008

(PNACE) ……………………………………………………………………………………....................

Anexo 2 – Linhas Directrizes Integradas para o Crescimento e o Emprego

2

2

3

5

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19

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1. A ESTRATÉGIA DE LISBOA

1.1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a União Europeia e os seus Estados-membros têm vindo a ser

confrontados com novos desafios num quadro mundial cada vez mais dinâmico,

competitivo e globalizado, muito marcado por um paradigma neo-liberal que pode

condicionar o aprofundamento do Modelo Social Europeu e pôr em causa a Europa Social.

Fenómenos como a globalização, o recente alargamento da União Europeia e a futura

adesão de novos Estados bem como a tendência de envelhecimento são desafios

importantes que importa equacionar.

A crescente globalização e a procura de competitividade à custa da desregulamentação

social - aumento do desemprego, precariedade do emprego, baixos salários, desrespeito

pelos direitos dos trabalhadores e desrespeito pela negociação colectiva, aumento da

pobreza e da exclusão social - são totalmente inaceitáveis e põem em causa a Europa

Social.

O movimento sindical sempre reconheceu que estes desafios colocam novas exigências à

União Europeia, exigindo medidas que promovam o crescimento e o desenvolvimento

sustentado e que assegurem a melhoria e modernização do modelo social europeu. O

movimento sindical europeu tem vindo a dar provas da sua disponibilidade para discutir

essa modernização.

Mas, é fundamental ter presente que precisamos de uma Europa com maior coesão

económica e social, o que exige uma nova abordagem das políticas económicas, das

políticas sociais, novas perspectivas financeiras e a revisão dos Tratados.

Defrontando aqueles grandes desafios, que afectavam já todos os aspectos do quotidiano

dos cidadãos europeus, nomeadamente a sua confiança perante o Projecto Europeu, a

União Europeia confrontou-se com a necessidade de se adaptar, de assumir novas

estratégias e prioridades de forma a poder fazer face a estas alterações.

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A rápida mudança que se verificava tornava urgente um programa célere e eficaz com um

objectivo estratégico claro que permitisse a rentabilização das oportunidades que se

apresentavam. Aquele programa deveria, portanto, focar matérias estruturantes como, a

promoção do conhecimento, da inovação e da reforma económica e a modernização da

protecção social e dos sistemas de educação.

Esta estratégia deveria dar resposta aos desafios mundiais, alcançando níveis de

crescimento económico, de produtividade e de competitividade e permitir colmatar alguns

diferenciais da União Europeia face aos Estados Unidos e assegurando um reforço e

melhoria da dimensão social e do modelo social europeu. De facto, nos últimos anos da

década de 90, a Europa crescia a ritmos mais lentos que os Estados Unidos e enfrentava

problemas adicionais em termos de competitividade mundial.

Evolução do PIB na EU, EUA e Portugal

1.2. A ADOPÇÃO DA ESTRATÉGIA DE LISBOA EM 2000

Na Cimeira de Lisboa, em Março de 2000, no âmbito da Presidência Portuguesa da União

Europeia, os Chefes de Estado e de Governo da UE chegaram a acordo relativamente a um

novo objectivo estratégico para a União Europeia: torná-la a economia mais competitiva do

mundo até 2010.

O objectivo declarado pelos Chefes de Estado e de Governo na Cimeira de Lisboa era o de

tornar a UE "na economia baseada no conhecimento mais dinâmica e competitiva do

Taxas de Crescimento do PIB

-3,0-2,0-1,00,01,02,03,04,05,06,07,0

1961- 70 1971- 80 1981- 90 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Fonte:CE

unid

ade:

%

UE -15 EUA Portugal

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mundo, capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores

empregos, e com maior coesão social". O que veio a ser conhecido como Estratégia de

Lisboa (ou ainda Agenda de Lisboa) exigia, para tal, acções globais direccionadas para:

• “Preparar a transição para uma sociedade e uma economia baseadas no

conhecimento, através da implementação de políticas dirigidas à sociedade do

conhecimento e ao I&D, bem como através da fomentação do processo de reforma

estrutural para impulsionar a competitividade e inovação e da construção do

mercado interno.

• Modernizar o Modelo Social Europeu, investindo nos indivíduos e combatendo a

exclusão social;

• Promover a sustentabilidade da economia e um crescimento favorável, através da

aplicação de um conjunto de políticas macroeconómicas.”

O objectivo da Estratégia era o de recuperar as condições de pleno emprego e reforçar a

coesão regional na União Europeia. Tornava-se necessário que o Conselho Europeu

estabelecesse uma meta para o pleno emprego na Europa, numa nova sociedade

emergente, mais adaptada às escolhas pessoais de homens e mulheres. Previa-se então

uma taxa média de crescimento económico de cerca de 3% para os anos seguintes e

fixaram-se objectivos quantitativos e qualitativos para 2010, em diferentes domínios,

nomeadamente em matéria de emprego.

Esta Estratégia consistia num conjunto de linhas e medidas em áreas distintas, dirigidas à

modernização e crescimento sustentável da economia europeia, apostando na

produtividade, na Valorização dos Recursos Humanos e no Modelo Social Europeu.

Esperava-se que a implementação da Estratégia fosse conseguida através de uma melhoria

substancial de processos existentes, mas também introduzindo um novo método aberto

de coordenação a todos os níveis, por um papel mais forte de orientação e coordenação

por parte do Conselho Europeu, de forma a assegurar uma orientação estratégica mais

coerente e um processo de monitorização mais eficaz dos progressos atingidos. Foi

estabelecido, assim, que deveria ter lugar todos os anos, na Primavera, uma reunião do

Conselho Europeu com o intuito de definir os mandatos relevantes e assegurar o seu

acompanhamento.

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Esta Cimeira definiu os objectivos da UE até ao ano de 2010, interligados com as

orientações gerais de política económica e com outros processos já a decorrer

relativamente à coordenação da política de emprego (Processo de Luxemburgo), às

reformas estruturais (Processo de Cardiff) e ao diálogo macroeconómico, respeitando a

independência dos intervenientes (Processo de Colónia).

Um ano após o Conselho de Lisboa, e na Cimeira da Primavera de 2001 em Estocolmo, os

Chefes de Estados decidiram que a Estratégia de Desenvolvimento Sustentável deveria

complementar e reforçar a Estratégia de Lisboa definida em 2000, com a inclusão da

dimensão ambiental. Reconhecia-se assim a pertinência de assegurar condições para um

crescimento elevado a longo prazo, respeitando-se o Ambiente.

Assim, a Estratégia de Lisboa assenta actualmente em 3 pilares fundamentais:

• Económico;

• Social, no qual temos o emprego e a coesão social;

• Ambiental;

que devem estar profundamente interligados, não existindo nenhum pilar prioritário nem

sendo nenhum subproduto de outro, devendo existir uma forte coordenação das politicas

comunitárias e nacionais.

1.2.1. Pontos-chave da Estratégia de Lisboa:

• Políticas macro-económicas que tenham por objectivo o estímulo mais forte ao

crescimento económico, ao emprego e que fomentem as reformas estruturais

necessárias nos diferentes Estados-membros;

• Uma política para a sociedade da informação, centrada na melhoria da

qualidade de vida dos cidadãos em matérias diversas como educação e serviços

públicos, democratizando nomeadamente o acesso à Internet:

• Reformas económicas – reforçando o Mercado Interno europeu, contribuindo

para a criação de potencial de crescimento e de inovação, destacando-se, por

exemplo, a aceleração de proposta de liberalização em áreas como o gás e a

electricidade. E, também, a passagem de apoio estatal a empresas ou sectores

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isolados para a defesa de objectivos horizontais de interesse comunitário como a

formação ou a investigação;

• Políticas de I&D- com a criação de uma rede transeuropeia de alta velocidade

para as comunicações científicas por via electrónica, interligando institutos de

investigação, universidades, bibliotecas científicas e gradualmente escolas em

geral;

• Um modelo social europeu renovado e a valorização do diálogo social,

que incentive um forte investimento nas pessoas, que aposte na activação das

políticas sociais e na inclusão social. Mas também um modelo que reforço as

parcerias com a sociedade civil;

• Políticas educativas com novas prioridades, nomeadamente reforçando o

papel das escolas em matéria de educação e formação ao longo da vida, para

todos;

• Políticas activas de emprego mais eficazes e generalização da formação

ao longo da vida, incluindo uma especial atenção aos desempregados, melhoria

dos serviços de apoio às famílias, redução para 50% do número de jovens que não

prosseguem estudos e/ou formação, mas igualmente a fixação de objectivos de

elevação dos níveis de participação no mercado de emprego;

• Modernização dos sistemas de protecção social, assegurando-se serviços de

saúde de qualidade e uma sustentabilidade financeira dos sistemas de segurança

social a médio e longo prazo.

Muitas das medidas acordadas em Lisboa não eram de carácter legislativo, mas sim

intergovernamental, assentando estreitamente no reforço da coordenação e nos exercícios

de aferição ("benchmarking") entre os Estados-Membros. Todavia, outras exigiam

efectivamente legislação comunitária - alguma foi adoptada, outra não.

Considera-se pertinente aprofundar a análise de algumas destas áreas e pontos-chave,

nomeadamente:

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Criação de emprego

A criação de emprego é um objectivo central da Agenda de Lisboa, esperando-se que fosse

alcançado, quer por via de um forte crescimento económico, num quadro de maior

competitividade e de reformas estruturais, quer pela forte aposta no aprofundamento e

aperfeiçoamento da Estratégia Europeia para o Emprego.

Neste domínio, uma das preocupações centrais no desenvolvimento da União Europeia

incidia sobre o aumento do número de pessoas a participarem no mercado de emprego,

desafio particularmente relevante não só pelos baixos níveis registados nalguns países e

para alguns grupos específicos, como os trabalhadores mais idosos, mas também condição

essencial para enfrentar os desafios de um envelhecimento activo e de uma forte pressão

sobre os sistemas de protecção social europeus, e portanto, sobre o próprio modelo social

europeu.

Foram fixados objectivos quantitativos, o que se considera pois facilitaria o

cumprimento de um objectivo global e uma monitorização da sua execução.

1) Aumentar a taxa de emprego para 70% da população até 2010, com um objectivo

intermédio de 67% até 2005 (partindo-se de uma taxa de 61% em 1999);

2) Aumentar a taxa de emprego das mulheres, de 53% em 1999, para 60% em 2010.

Nesta área existia uma disparidade muito grande entre a participação das mulheres e dos

homens, sendo a taxa de emprego destes últimos de 72,1% em 1999, o que revelava

nomeadamente os esforços a desenvolver em domínios como a promoção da Igualdade de

Oportunidades entre Homens e Mulheres e políticas de conciliação entre vida profissional e

vida familiar.

3) Elevar a taxa de emprego dos trabalhadores mais idosos (com idades compreendidas

entre os 55 e os 64 anos) para 50% que, na altura se mantinha a níveis muito fracos na

União Europeia - abaixo dos 38% - e com tendência de agravamento, designadamente

face ao aumento das deslocalizações e reestruturações que estavam a ocorrer na

generalidade dos Estados-membros.

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Mercado Interno

Um Mercado Único europeu completo e plenamente operacional era um elemento essencial

da Estratégia de Lisboa. Eliminar as barreiras à concorrência e permitir que as empresas de

outros Estados-Membros tenham acesso aos mercados nacionais em pé de igualdade

foram considerados elementos fundamentais para o crescimento económico.

Ao longo dos últimos cinco anos, o Parlamento aprovou legislação que procede a uma

maior abertura de diversos mercados: a distribuição de electricidade e de gás será

plenamente liberalizada até 2007, os serviços postais enfrentarão gradualmente maior

concorrência, e o transporte ferroviário de mercadorias será liberalizado a partir de 2006.

Também as regras relativas aos contratos públicos foram actualizadas, a fim de aumentar

a concorrência, esperando-se que os custos das obras públicas e dos contratos de

fornecimento venham a diminuir. Foram realizados progressos no sentido da gestão

unificada do espaço aéreo da Europa, o que deverá reduzir os atrasos nas viagens.

Em termos sindicais, uma das preocupações associadas à construção do Mercado Interno e

a uma liberalização do Mercado prende-se com os Serviços de Interesse Geral, assentes

num conjunto de valores e de princípios que têm necessariamente que ser salvaguardados,

o que nem sempre tem sido conseguido, nomeadamente por não terem sido desenvolvidos

os adequados dispositivos a nível comunitário.

Serviços financeiros

Mercados financeiros eficientes e transparentes promovem o crescimento através de uma

melhor distribuição do capital. Em Lisboa, houve um apelo a uma maior integração dos

mercados financeiros nacionais da UE e, desde então, o Parlamento aprovou diversa

legislação relativa a questões como o passaporte único para os emitentes de obrigações e

acções, o aumento da concorrência entre bancos e bolsas de valores no negócio das

transacções accionistas, as regras comuns contra as operações de iniciados e a

manipulação do mercado, a eliminação das barreiras ao investimento em fundos de

pensões, a abertura do mercado da mediação de seguros, a protecção dos accionistas

minoritários durante propostas de aquisição e os requisitos de transparência para as

sociedades cujos títulos são negociados publicamente.

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Um ambiente favorável às empresas

Um ambiente mais favorável às empresas, especialmente às pequenas e médias empresas

(PME), era outro elemento da Estratégia de Lisboa. Os Estados-Membros deveriam

partilhar as melhores práticas e tentar eliminar a burocracia e os custos inerentes à criação

de uma empresa. Foi alcançado um acordo relativamente a uma legislação comunitária

com vista a facilitar a aplicação dos direitos de propriedade intelectual.

Educação e Investigação

A educação e a investigação têm um grande impacto no crescimento e no emprego. Como

afirmaram os líderes da UE em Lisboa, "o investimento nas pessoas e o desenvolvimento

de um Estado-providência activo e dinâmico" são fundamentais para a economia do

conhecimento. Significa isto que os Estados-Membros devem visar aumentar o

investimento per capita em recursos humanos, dando prioridade à aprendizagem ao longo

da vida, na medida em que melhores competências aumentam a empregabilidade e

melhoram a qualidade da mesma. Todavia, no seu conjunto, este domínio não foi objecto

de legislação comunitária.

Foi acordado pelos Estados-Membros um objectivo de dedicar 3% do PIB à investigação e

ao desenvolvimento. A UE dispõe de um programa comum de investigação, que representa

pouco menos de 4% do orçamento comunitário. Foram feitos esforços no sentido de

promover a circulação de investigadores e estudantes, por intermédio do programa

Erasmus Mundus, e foi levado a cabo um aperfeiçoamento da legislação em matéria de

reconhecimento, a nível da UE, das qualificações profissionais, com vista a facilitar o

acesso dos profissionais ao mercado de trabalho de outro Estado-Membro.

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2. O RELANÇAMENTO DA ESTRATÉGIA DE LISBOA

2.1. AVALIAÇÃO INTERCALAR DA ESTRATÉGIA DE LISBOA

2.1.1 Avaliação no espaço comunitário

O primeiro balanço global da Estratégia teve lugar em 2002, num período em que a Europa

enfrentava diversos desafios: uma grave crise económica e uma grande incerteza quanto à

retoma; uma dinamização e disseminação da sociedade do conhecimento altamente

insuficiente; o alargamento da União Europeia a mais 10 países colocando grandes desafio

ao aprofundamento da construção europeia; o envelhecimento demográfico; um aumento

de fenómenos migratórios; sérios obstáculos à concretização das metas definidas no

Conselho Europeu de Lisboa, em Março de 2000. E, desde logo, este balanço apontava

para sérias dificuldades na realização da Estratégia de Lisboa e na concretização das suas

principais metas quantificadas, em especial no que se refere ao emprego.

Em 2004, o Conselho Europeu e a Comissão levou a cabo uma revisão a meio percurso do

processo de Lisboa (já prevista desde o início), a ser apresentado na Cimeira de Março de

2005. Foi assim constituído, em 2004, um grupo de alto nível sob a presidência do antigo

Primeiro-Ministro dos Países Baixos, Wim Kok, com a missão de identificar medidas

adequadas para o estabelecimento de uma estratégia coerente que permitisse que as

economias da União Europeia atingissem os objectivos definidos em 2000.

Ainda antes de o Grupo apresentar o Relatório, eram evidentes as dificuldades e os

problemas de implementação da estratégia de Lisboa. A Europa mantinha ritmos de

crescimento económico muito fracos (inferiores aos 3.0% previstos em 2000) e graves

problemas em termos de mercado de trabalho, com a taxa de desemprego a manter-se a

níveis elevados, com a persistência de problemas estruturais como o desemprego juvenil e

o desemprego de longa duração, com desregulamentação e o aumento de precariedade do

emprego, sem todavia ser capaz de gerar novos empregos, ou seja, sem conseguir dar

resposta ao objectivo de mais e melhores empregos.

A evolução dos principais indicadores económicos e estruturais da União não eram

animadores.

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unidade: %

UE - 15 UE - 25 UE - 15 UE - 25 UE - 15 UE - 25 UE - 15 UE - 25 UE - 15 UE - 25

Crescimento do PIB 3,9 3,9 1,9 1,9 1,1 1,2 1,1 1,2 2,3 2,4

Défice (em % PIB) 1,0 0,8 -1,2 -1,3 -2,2 -2,3 -2,9 -3,0 -2,6 -2,6

Dívida Pública(em % PIB) 64,1 62,9 63,1 62,0 62,5 61,4 64,0 63,0 64,3 63,4

Fonte: Eurostat

2004

Indicadores Económicos

2000 2001 2002 2003

Como se pode observar do quadro anterior, o crescimento do PIB apresentou uma

desaceleração logo a partir do ano 2000, tendo atingido apenas 1.1% em 2002 e 2003.

Assistiu-se igualmente a um agravamento do défice orçamental em termos de média

comunitária, sendo este de -2.6% em 2004.

Também a evolução do mercado de trabalho era preocupante. Os objectivos de elevação

da taxa de emprego encontravam-se ameaçados, com os indicadores a registarem

melhorias insignificativas face aos objectivos definidos. Por outro lado, e não obstante de

ter havido criação de empregos, o nível de desemprego continuava muito elevado e

persistiam graves fragilidades, como o desemprego dos jovens ou o de longa duração.

unidade: %

UE - 15 UE - 25 UE - 15 UE - 25 UE - 15 UE - 25 UE - 15 UE - 25 UE - 15 UE - 25

Taxa de Emprego 63,4 62,4 64 62,8 64,2 62,8 64,3 62,9 64,7 63,3

Taxa de Emprego Feminino 54,1 53,6 55,0 54,3 55,6 54,7 56,0 55,0 56,8 55,7

Taxa de Emprego dos 55 aos 64 anos 37,8 36,6 38,8 37,5 40,2 38,7 41,7 40,2 42,5 41,0

Desemprego de Longa Duração 3,4 3,9 3,1 3,8 3,1 3,9 3,3 4,0 3,4 4,1

Fonte: Comissão Europeia, Employment in Europe 2005

2000 2001 2002 2003 2004

Principais Indicadores

Quanto ao desemprego, cuja taxa média ronda 8%, embora nas mulheres atinja os 9% e

nos jovens mais de 16%, há situações particularmente graves na Polónia com quase 18%

de desemprego global, Eslováquia com cerca de 16%, a que se seguem Espanha, França e

Alemanha com cerca de 9%.

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O Relatório do grupo presidido por Wim Kok, intitulado «Enfrentar o desafio da Estratégia

de Lisboa para o crescimento e o emprego», foi apresentado ao Conselho Europeu em

Novembro de 2004. Esse relatório salientava essencialmente duas questões: por um lado,

a urgência de acelerar o ritmo de aplicação da Estratégia de Lisboa e, por outro, o

aumento da intensidade de alguns dos desafios com que se defrontava a Europa em

relação aos do ano 2000, tendo em conta designadamente um crescimento demográfico

reduzido e o consequente envelhecimento da população.

Este Relatório concluiu que os resultados decepcionantes da Estratégia se deveram

principalmente a uma falta de determinação da acção política, a uma fraca coordenação e

a um conflito de prioridades. A mensagem principal era que os três pilares da Estratégia de

Lisboa – económico, social e ambiental – permaneciam válidos, mas que a prioridade no

momento era o crescimento económico e o aumento do emprego.

Para tal, tornava-se urgente adoptar uma liderança política convincente e empenhada,

tanto a nível Europeu como nacional bem como a necessidade de um maior esforço para

envolver os cidadãos Europeus no processo de mudança, nomeadamente através de uma

maior sensibilização para as questões relacionadas com a Estratégia de Lisboa. Importava,

ainda, avançar com um conjunto de reformas estruturais que assegurassem um melhor

funcionamento dos mercados.

Importa, no entanto, referir que os resultados da implementação da Estratégia de Lisboa

foram não só decepcionantes, como desiguais, na medida em que, muitos Estados-

membros não registaram progressos significativos enquanto outros, nomeadamente os

Países nórdicos, tiveram progressos importantes, conseguindo aliar elevado crescimento

económico, forte Protecção Social e elevado nível de emprego. Ou seja, têm dado passos

importantes no sentido da concretização da Agenda de Lisboa e na prossecução e

obtenção dos seus principais objectivos.

Para alguns, nomeadamente o Parlamento Europeu, o fraco crescimento do PIB ficou a

dever-se à ausência de reformas estruturais na maioria dos Estados-Membros e à falta de

reorientação da despesa pública para investimentos produtivos, como tinha sido acordado

em Lisboa.

Contudo para muitos outros, e sobretudo para o movimento sindical, o principal problema

centrava-se na existência de uma política económica comunitária e também no seio dos

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Estados-membros que se orientava sobretudo para a estabilidade monetária – controlo dos

défices e das dívidas públicas/ consolidação das finanças públicas – em detrimento do

crescimento económico e do emprego.

Ou seja, na sua essência a Estratégia de Lisboa assenta numa metodologia de forte

coordenação das políticas em torno de objectivos gerais e comuns, mas a aplicação não

tem ido ao encontro daquela preocupação e metodologia.

Para o movimento sindical e para a UGT, uma das condições fundamentais para o sucesso

de Lisboa passa, desde logo, por uma reorientação efectiva das políticas económicas para

os objectivos do crescimento económico e do emprego. Não é suficiente enunciar essa

reorientação em documentos comunitários e nacionais; é essencial pô-la em prática.

Por outro lado, a prossecução de reformas estruturais é necessária e essencial nalguns

domínios. Contudo, estas só poderão produzir todos os seus potenciais efeitos positivos em

contextos de maior crescimento económico. Por exemplo, de que serve introduzir reformas

no mercado de trabalho, aumentando a sua flexibilidade – e nem sempre acompanhado do

respectivo aumento da segurança – se não houver suficientes postos de trabalho que

permitam manter/ aumentar o emprego?

Importa igualmente avaliar os efeitos das reformas estruturais defendidas à luz dos

objectivos e dos pilares de Lisboa – o que nem sempre tem sucedido.

A Declaração conjunta dos parceiros sociais a nível Europeu – ETUC, UNICE,

UEAPME, CEEP – sobre a revisão a meio percurso da Estratégia de Lisboa

Os parceiros sociais a nível Europeu elaboraram uma declaração conjunta sobre a visão a

meio percurso da Estratégia de Lisboa, em que reiteraram o seu apoio aos objectivos da

mesma. A Estratégia de Lisboa continuava a ser considerada tão válida e necessária quanto

em 2000, já que as fragilidades da Europa continuavam a necessitar de ser solucionados.

Os Parceiros Sociais defendiam que o Conselho Europeu da Primavera se centrasse em

políticas direccionadas para a criação de condições que permitissem um crescimento

sustentável de uma média de 3% por ano, até 2010.

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Assim, assegurando um ambiente macroeconómico seguro, a Europa poderia tornar-se no

seu próprio motor de crescimento. Por outro lado, sublinhavam também que o sucesso da

Europa dependia da competitividade das empresas, bem como da eficiência dos sistemas

económicos e sociais para gerarem crescimento económico sustentável, emprego e coesão

social, pelo que esta revisão não poderia descurar os aspectos macro e micro.

2.1.2. Avaliação e impactos em Portugal

Os resultados alcançados por Portugal desde a adopção da Agenda de Lisboa até 2005 –

ano da sua revisão – foram, em grande parte, desanimadores estando, por conseguinte, na

linha geral da avaliação da avaliação desenvolvida a nível comunitário.

Um dos aspectos que importa realçar prende-se com o baixo crescimento económico do

PIB durante aquele período, tendo Portugal divergido da média comunitária, com reflexos

muito negativos sobre o mercado de emprego. Com efeito, de 2000 para 2005, o nosso

volume de desemprego praticamente duplicou e a taxa de desemprego passou de 4.0%

para 7.6%, respectivamente.

Na nossa óptica, um dos principais problemas associado ao nosso processo de crescimento

no quinquénio após aprovação da Estratégia de Lisboa foi precisamente a adopção de

políticas económicas centradas num objectivo prioritário único - a redução do défice

orçamental, com impactos sobre a taxa de crescimento do PIB e sobre o emprego.

Em Maio de 2005, o Conselho Económico e Social português elaborou um Parecer de

Iniciativa sobre a Estratégia de Lisboa, efectuando uma análise dos resultados alcançados

desde a adopção da Agenda de Lisboa. Esta análise teve por base um conjunto de

T a x a d e D e s e m p re g o - P o rtu g a l e U E -1 5

0 ,0

1 ,0

2 ,0

3 ,0

4 ,0

5 ,0

6 ,0

7 ,0

8 ,0

9 ,0

2000 2001 2002 2003 2004 2005

P ortuga l U E 15

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15

indicadores estruturais adoptados no Conselho Europeu de Dezembro de 2003 para avaliar

os progressos registados em cada um dos Estados-membros.

As principais ilações que podem ser retiradas do Parecer do Conselho Económico e Social

no que se refere aos principais resultados em Portugal são as seguintes:

a) Domínio económico

Portugal, que até 2000 mantinha um processo de convergência gradual à União Europeia,

iniciou desde então um ciclo de divergência. Temos tido taxas de crescimento do PIB muito

insuficientes e insatisfatórias que, em média anual, rondam 1.0%, valor claramente

insuficiente para poder gerar mais e melhores empregos e para assegurar uma adequada

evolução dos níveis de vida e de bem-estar dos portugueses. Esta taxa média de

crescimento num quinquénio é das mais baixas taxas conhecidas e traduziu-se por um

processo de divergência significativa em relação à União Europeia.

Crescimento económico em Portugal e na UE15 (2000-2007)

Fonte: Eurostat

O aumento da produtividade, factor crucial para o crescimento sustentado da economia e

do nível de vida, também apresentou naquele quinquénio um nível baixo e uma evolução

lenta e insuficiente.

São também preocupantes os indicadores relativos ao nível de vida e de rendimento dos

portugueses. Portugal continua a ser dos países de uma UE15 com maior grau de

disparidade na distribuição do rendimento e com uma das mais elevadas taxas de

população abaixo do limiar de pobreza, factos a que não serão alheios os baixos níveis

PIB

UE -15

Portugal

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Fonte: CE

Uni

dade

: %

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16

salariais médios, as baixas pensões, mas também o forte agravamento do desemprego em

geral e do desemprego estrutural, potenciando novas situações de pobreza e de exclusão

social.

O nosso PIB per capita (em paridade de poder de compra) tem vindo igualmente a

apresentar um ciclo de divergência com a média comunitária, contrariamente ao que

sucede com os restantes três países da Coesão - Espanha, Grécia e Irlanda – o que

evidencia as nossas fragilidades.

b) Domínio do Emprego

Em Portugal, a situação é particularmente crítica, já que a evolução do emprego no período

de implementação da Estratégia de Lisboa levou a que a taxa de emprego global passasse

de 68,7% em 2002 para cerca de 67% em 2005, valor que coloca Portugal numa situação

delicada, se tivermos em conta a meta fixada pela Cimeira de Lisboa para 2010 (70%).

A descida da taxa de emprego, aliada ao crescimento da população activa conduziu

inevitavelmente a um aumento crescente do desemprego, sobretudo a partir de 2001,

passando, tal como indica a tabela seguinte, de 4% nesse ano, para 7,6% no ano de 2005.

Preocupantes são também as crescentes dificuldades que os mais jovens defrontam na

entrada no mercado de trabalho, de acordo com o aumento da taxa de desemprego neste

segmento, que atingiu os 16% em 2005, agravado pelo facto de o desemprego assumir

hoje uma grande importância entre detentores de qualificações mais elevadas (nível

intermédio e superior).

Por outro lado, também o grupo dos activos mais idosos sofreu um aumento considerável

da taxa de desemprego (no grupo com mais de 45 anos, passou de 51 000 para 103 000

1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Portugal 72,6 76,7 76,4 76,1 74,1 72,5 71,6 70,8Espanha 86,9 93,1 94,0 96,1 98,8 98,1 98,3 98,1Grécia 71,6 71,9 72,9 77,0 80,5 81,6 82,3 82,8Irlanda 98,5 125,5 128,2 131,6 131,4 138,4 140,5 142,3

(UE25 = 100)

Fonte: Eurostat

PIB Per Capita em Paridade Poder Com praProduto Interno Bruto (PIB) expresso em Paridade do Poder de Com pra (PPC) dividido pela população

total.

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17

desempregados entre 2001 e 2004, tendo o segmento com mais de 55 anos aumentado de

cerca de 19 000 para cerca de 34 000 no mesmo período).

Este problema agrava-se se tivermos em conta as dificuldades que estes trabalhadores

enfrentam na reinserção profissional, especialmente se atendermos aos dois factores que

normalmente comportam: a idade e, na maioria dos casos, as baixas qualificações. Assim,

o aumento do desemprego, em especial entre grupos com especiais dificuldades de

inserção, contribui para o aumento do desemprego de longa duração, que evolui de 40%

em 2001 para 50,8% em 2005. As nossas políticas activas de emprego têm-se igualmente

revelado ineficazes para dar resposta aos problemas de desemprego do país.

T H M J T H M J T H M J T H M J T H M J T H M JUE - 25 8,6 7,4 10,2 17,4 8,4 7,3 9,8 17,7 8,8 7,8 10,0 18,3 9,0 8,1 10,2 18,8 9,1 8,1 10,3 18,9 8,7 7,9 9,8 18,5UE - 15 7,7 6,4 9,3 15,3 7,3 6,1 8,7 15,2 7,6 6,6 9,0 15,7 8,0 7,0 9,3 16,5 8,1 7,2 9,3 16,7 7,9 7,0 8,9 16,7Bélgica 6,9 5,6 8,5 16,7 6,6 5,9 7,5 16,8 7,5 6,7 8,6 17,7 8,2 7,6 8,9 21,8 8,4 7,5 9,5 21,2 8,4 7,6 9,6 21,5Alemanha 7,2 6,0 8,7 10,6 7,4 6,3 8,9 12,8 8,2 7,1 9,4 14,2 9,0 8,2 10,1 14,7 9,5 8,7 10,5 15,1 9,5 8,9 10,3 15,0

Grécia 11,3 7,5 17,2 29,2 10,8 7,3 16,2 28,2 10,3 6,8 15,6 26,8 9,7 6,2 15,0 26,8 10,5 6,6 16,2 26,9 - - - -Portugal 4,0 3,2 4,9 8,8 4,0 3,2 5,0 9,4 5,0 4,1 6,0 11,6 6,3 5,4 7,2 14,4 6,7 5,9 7,6 15,4 7,6 6,7 8,6 16,1Espanha 11,4 8,0 16,8 22,9 10,8 7,7 15,6 21,7 11,5 8,2 16,4 22,3 11,5 8,4 16,0 22,7 11,0 8,1 15,0 22,1 9,2 7,1 12,2 19,7França 9,1 7,6 10,9 20,1 8,4 7,0 10,0 19,4 8,9 7,9 10,0 20,0 9,5 8,6 10,5 21,1 9,6 8,7 10,5 21,9 9,5 8,7 10,5 22,3Irlanda 4,3 4,3 4,2 6,9 4,0 4,1 3,8 7,2 4,5 4,7 4,1 8,5 4,7 5,0 4,3 9,1 4,5 4,9 4,1 8,9 4,3 4,6 3,9 8,9Itália 10,1 7,8 13,6 27,0 9,1 7,1 12,2 24,1 8,6 6,7 11,5 23,1 8,4 6,5 11,3 23,7 8,0 6,4 10,5 23,6 - 6,1 - -Dinamarca 4,3 3,9 4,8 6,2 4,5 4,1 5,0 8,3 4,6 4,3 5,0 7,4 5,4 4,8 6,1 9,2 5,5 5,1 6,0 8,2 4,9 4,4 5,5 8,1Luxemburgo 2,3 1,8 3,1 7,2 2,1 1,7 2,7 7,3 2,8 2,1 3,8 8,3 3,7 3,0 4,7 11,8 4,8 3,3 6,8 18,1 5,3 3,8 7,5 19,4Holanda 2,8 2,2 3,6 5,7 2,1 1,8 2,8 4,5 2,8 2,5 3,1 5,0 3,7 3,5 3,9 6,3 4,6 4,3 4,8 8,0 4,7 4,5 5,1 8,3Austria 3,6 3,1 4,3 5,3 2,1 3,1 4,2 5,8 4,2 4,0 4,4 6,7 4,3 4,0 4,7 8,1 4,8 4,4 5,3 9,6 5,2 4,8 5,6 10,4Finlândia 9,8 9,1 10,6 21,4 2,1 8,6 9,7 19,8 9,1 9,1 9,1 21,0 9,0 9,2 8,9 21,8 8,8 8,7 8,9 20,7 8,4 8,2 8,6 20,1Suécia 5,6 5,9 5,3 10,5 2,1 5,2 4,5 10,9 4,9 5,3 4,6 11,9 5,6 6,0 5,2 13,4 6,3 6,5 6,1 16,3 - - - -R.Unido 5,4 5,8 4,8 12,2 2,1 5,5 4,4 11,9 5,1 5,6 4,5 12,1 4,9 5,5 4,3 12,3 4,7 5,0 4,2 12,1 - - - -Hungria 6,4 7,0 5,6 12,5 2,1 6,3 5,0 11,3 5,8 6,2 5,4 12,7 5,9 6,1 5,6 13,4 6,1 6,1 6,1 15,5 7,1 6,9 7,4 19,5R.Checa 8,7 7,3 10,3 17,8 2,1 6,7 9,7 17,3 7,3 5,9 9,0 16,9 7,8 6,2 9,9 18,6 8,3 7,1 9,9 21,1 7,9 6,5 9,8 19,3Estónia 12,8 13,8 11,8 23,9 2,1 12,6 12,2 23,2 10,3 10,8 9,7 17,6 10,0 10,2 9,9 20,6 9,7 10,4 8,9 21,7 7,8 8,6 7,0 15,8Chipre 5,2 3,2 7,8 11,5 2,1 2,9 6,4 10,3 3,9 3,0 4,9 9,7 4,5 3,9 5,2 10,7 5,2 4,1 6,5 11,3 6,1 4,8 7,6 13,7Letónia 13,7 14,4 12,9 21,4 2,1 14,2 11,5 23,0 12,2 13,3 11,0 22,0 10,5 10,6 10,4 18,0 10,4 10,6 10,2 18,1 9,0 9,1 9,0 13,7Lituânia 16,4 18,6 14,1 30,6 2,1 18,6 14,3 30,9 13,5 14,2 12,8 22,5 12,4 12,7 12,2 25,1 11,4 11,0 11,8 22,7 8,2 7,9 8,5 15,3Malta 6,7 6,4 7,4 13,7 2,1 6,9 9,3 18,8 7,7 6,7 9,9 18,3 8,0 6,8 10,7 19,5 7,7 7,1 9,0 19,0 8,0 7,1 9,8 18,3Polónia 16,1 14,4 18,1 35,1 2,1 16,9 19,8 39,5 19,9 19,1 20,9 42,5 19,6 19,0 20,4 41,9 19,0 18,2 19,9 39,6 17,7 16,5 19,2 36,7Eslovénia 6,7 6,5 7,1 16,3 2,1 5,6 6,8 17,8 6,3 5,9 6,8 16,5 6,7 6,3 7,1 17,3 6,3 5,8 6,8 16,1 6,3 5,9 6,8 15,6Eslováquia 18,8 18,9 18,6 36,9 2,1 19,8 18,7 39,2 18,7 18,6 18,7 37,7 17,6 17,4 17,7 33,4 18,2 17,4 19,2 33,1 16,4 15,7 17,3 30,5

2004 2005

Taxa de Desemprego na Europa

Fonte: Eurostat (T=Total; H=Homens; M=Mulheres; J=Jovens)

2000 2001 2002 2003

O emprego existente, em especial o novo emprego criado, é cada vez mais precário, e as

mulheres e os jovens são as principais vítimas da precariedade. Em média, na União

Europeia, em cada três empregos permanentes e a tempo inteiro, apenas um é ocupado

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18

por mulheres, as quais também continuam a ser vítimas de discriminação salarial directa e

indirecta, com diferenças salariais que, em média, variam entre 16 e 33 por cento.

c) Domínio da Investigação e Educação

Se na União Europeia o investimento em I&D em percentagem do PIB (1.9%) é mais baixo

que nos Estados Unidos (2.7%) e no Japão (3.0%) em 2001, o diferencial para Portugal é

ainda mais significativo e preocupante, o nosso investimento foi ainda mais fraco e de

apenas 0.85%. Tem-se, no entanto, vindo a registar uma ligeira melhoria neste indicador

ao longo dos últimos anos que ficou a dever-se sobretudo a um forte esforço do

investimento público que, agora mais recentemente abrandou face aos fortes

constrangimentos orçamentais existentes.

d) Domínio da Coesão Social

Como já foi referido, Portugal é o país da UE15 com maior assimetria na distribuição de

rendimentos e com uma elevada taxa de risco de pobreza antes e pós transferências

sociais, não se tendo registado melhorias nos últimos anos. Esta situação não nos

surpreende na medida em que uma das formas privilegiadas de combate à pobreza e à

exclusão social assenta na criação de mais e melhores empregos e na integração no

mercado de trabalho e este período coincide com uma forte deterioração das condições

nesse mercado.

Porém também não parece ter existido uma resposta adequada, quer do lado das políticas

activas de emprego e formação dirigidas a determinados grupos da população, quer do

lado das políticas e medidas de apoio social, no sentido de corrigir e inverter tal situação.

e) Domínio da Educação

Uma das nossas grandes fragilidades perante a UE e os Estados Unidos prende-se com a

baixa taxa de conclusão do ensino secundário que, em Portugal era de apenas 20.6% em

2002 (Eurostat) contra os 64.6% na UE15.

Importa ainda referir as baixas taxas de participação em acções de formação profissional

por parte dos trabalhadores portugueses.

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19

f) Domínio ambiental

A situação portuguesa não é muito diferente da avaliação feita para o conjunto dos

Estados-membros e que se resume a uma execução insuficiente. Em traços globais, há

fortes preocupações no que respeita a emissão de gases com efeito de estufa e os resíduos

industriais.

A nossa intensidade energética é superior à média da UE15 o que poderá gerar uma

restrição ao desenvolvimento competitivo, para além dos problemas de natureza ambiental

associados.

2.2. A ESTRATÉGIA DE LISBOA REVISTA

No âmbito do reexame intercalar da Estratégia de Lisboa, o Conselho Europeu da

Primavera, na sua reunião de 22 e 23 de Março de 2005, realizada em Bruxelas, deu o

impulso político fundamental ao relançamento da Estratégia nas suas três dimensões

(económica, social e ambiental), para explorar melhor as sinergias num contexto de

desenvolvimento sustentável.

Face ao balanço contrastado, que regista progressos inegáveis, em certos domínios e em

certos países, mas sobretudo lacunas e atrasos evidentes e problemas de fundo na maioria

dos Estados-membros, a Estratégia de Lisboa foi re-centrada em torno de duas

prioridades:

• conseguir um crescimento mais forte e mais sustentável;

• e criar mais e melhores empregos.

Estas prioridades haviam já sido, de resto, salientadas pelo já referido Relatório Kok.

O Conselho Europeu considerou urgente a “renovar as bases da sua competitividade,

aumentar o seu potencial de crescimento, bem como a sua produtividade, e reforçar a

coesão social, apostando sobretudo no conhecimento, na inovação e na valorização do

capital humano.”

Enquanto movimento sindical, preocupa-nos que tenha ficado relegado para segundo lugar

a questão da coesão social. A Confederação Europeia de Sindicatos critica o facto de a

ênfase ter sido colocada em dois aspectos da Estratégia: o emprego e o crescimento

económico. Deveria ser dado igual relevo à coesão social e ao desenvolvimento

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20

sustentável. John Monks, Secretário-geral da CES, afirmava que “Lisboa tem a ver com o

reforço da coesão social e da sustentabilidade (…). Lisboa não passa de forma alguma por

amedrontar os trabalhadores e os cidadãos com uma agenda estreita de pura desregulação

e cortes nos padrões sociais e nos níveis de vida”.

2.2.1. Os três eixos fundamentais da Estratégia revista

Para atingir aqueles objectivos prioritários, o relançamento da Estratégia exigiu uma

evolução assente em três eixos fundamentais:

1. Fazer do conhecimento e da inovação os motores do crescimento sustentável

europeu.

Neste domínio, mantém-se o objectivo geral de um nível de investimento de 3.0% do PIB,

repartidos entre investimentos públicos e privados, devendo os Estados-membros

desenvolver a sua política de inovação, melhorar os mecanismos de apoio às PME

inovadoras, promover a investigação conjunta entre empresas e universidades, entre

outros.

Caberá, à União, no âmbito do novo programa comunitário para a competitividade e a

inovação dar um impulso à inovação, nomeadamente por via de um novo dispositivo de

financiamento para as PME com elevado potencial de crescimento.

Foi igualmente reconhecido o papel do Banco Europeu de Investimento (BEI) no apoio ao

desenvolvimento de projectos de I&D.

2. Tornar a Europa mais atraente para investir e para trabalhar.

O Conselho atribuiu particular importância à conclusão do Mercado Interno, criando-se um

espaço e quadro regulamentar mais favorável às empresas, preservando-se ao mesmo

tempo o modelo social europeu.

É reconhecido o papel da PME no crescimento e no emprego e a sua relevância no

desenvolvimento do tecido industrial. Nesse sentido, o Conselho convida os Estados-

membros a prosseguir políticas que visem a simplificação e desburocratização de

processos.

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21

3. O crescimento e o emprego ao serviço da coesão social.

Neste domínio, a Agenda Social é vista como um importante contributo para a

concretização da Estratégia e dos objectivos de Lisboa, reforçando o modelo social europeu

e promovendo melhores empregos e maior coesão social.

Salienta-se ainda o papel das políticas activas de emprego, com referência a áreas como a

Igualdade de Oportunidades, a conciliação entre a vida familiar-pessoal e profissional, a

estratégia de envelhecimento activo, a promoção da inclusão social.

Defende-se também a necessidade de uma melhor antecipação e gestão da mudança.

Aposta-se novamente na Educação e formação ao longo da vida não só como instrumento

de gestão da mudança, mas também como instrumento que facilita a mobilidade

geográfica e profissional.

2.2.2. A nova metodologia

Desenvolveu-se uma nova abordagem que assenta num ciclo de três anos, iniciado em

2005 e que se concluirá em 2008, com as seguintes fases:

• Adopção das Linhas Directrizes Integradas (Conselho Europeu de 16/17 Junho),

constituídas por dois elementos: as Orientações Gerais das Políticas Económicas

(OGPE) e Orientações para o Emprego, documento estruturado em três dimensões

principais - macroeconómica, microeconómica e política de emprego (ver em anexo

estas Linhas Directrizes Integradas). Procurava-se assim atingir uma coerência

económica geral das três dimensões da Estratégia. Definiu-se que seguidamente:

o Os Estados-membros elaborariam, sob sua responsabilidade, “programas

nacionais de reforma” que respondam às suas necessidades e à situação

específica. Estes programas deveriam ser, segundo o Conselho Europeu,

objecto de consulta com todas as partes interessadas a nível local e

regional, de acordo com as práticas nacionais. O Conselho entendeu dever

ser nomeado um “Coordenador nacional de Lisboa” (Os Programas

nacionais foram apresentados em Outubro de 2005)

o A Comissão Europeia, enquanto contraparte aos programas nacionais,

apresentará um “programa comunitário” que engloba todas as acções a

desenvolver no plano comunitário.

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22

• Serão efectuados Relatórios anuais de acompanhamento da Estratégia de Lisboa

pelos Estados-membros e que serão enviados à Comissão (o primeiro documento

será apresentado em Outubro de 2006) a partir dos quais a Comissão fará um

relatório comunitário sobre a implementação da Estratégia e pronunciar-se-á sobre

as alterações e ajustamentos entendidos como relevantes,

Se no que se refere ao acompanhamento das OGPE, o Conselho foi claro ao decidir

que se mantém os existentes mecanismos de supervisão multilateral, o mesmo não

sucede com as linhas de emprego e portanto com os mecanismos de

acompanhamento da Estratégia Europeia de Emprego, situação que nos merece

alguma preocupação já que parece indicar que as instâncias europeias e nacionais

continuam mais preocupadas com os aspectos económicos e quanto às finanças

públicas do que com o Emprego. Entendemos que é fundamental que estas continuem

a ser igualmente objecto de um acompanhamento e monitorização permanente pelas

instâncias comunitárias, como tem ocorrido ao longo da implementação da Estratégia

Europeia de Emprego.

Entendemos ainda que a avaliação da execução da Estratégia de Lisboa deve ser feita

incidindo sobre os três pilares que a sustentam, de forma articulada.

2.2.3. Principais preocupações e recomendações da Confederação Europeia de

Sindicatos à revisão da Estratégia de Lisboa

Estamos longe do crescimento económico e do emprego do final dos anos noventa,

situação que, para a UGT e o movimento sindical em geral, é sobretudo consequência das

políticas económicas e financeiras restritivas, nomeadamente do Pacto de Estabilidade e

Crescimento, da actuação do Banco Central Europeu – que se centra exclusivamente na

estabilidade monetária, mesmo que tal comprometa o crescimento económico (como

recentemente comprovado pelas subidas consecutivas na taxa de juro no 1º trimestre de

2006), das liberalizações aceleradas e da excessiva flexibilidade laboral, de um

alargamento mal preparado e financiado de uma forma insuficiente.

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23

A situação na União Europeia não é animadora, como já foi brevemente apresentado, pelo

que é fundamental que não voltemos a desperdiçar os próximos anos, adiando decisões e

alterações ás políticas económicas.

Em resposta às decisões do Conselho e Comissão quanto ao relançamento da Estratégia e

à aprovação das Linhas Integradas, a CES – Confederação Europeia de Sindicatos define

um conjunto de áreas e objectivos prioritários que deveriam ter sido tomados em

consideração nos planos nacionais e que seguidamente se procura resumir.

1. Criação de um “Plano para a recuperação nacional”. A insuficiente recuperação do

crescimento explica-se pelas políticas económicas restritivas e por uma forte perda

confiança dos cidadãos e empresas na capacidade de um mais forte crescimento. É

essencial mudar a política económica, orientando-a para o crescimento económico e para o

emprego, o que passa por medidas como:

• Investimentos adicionais por parte dos diferentes Estados-membros e da própria

UE, centrados nas prioridades de Lisboa: mais investigação, aumento da

distribuição da inovação em toda a economia, mais formação e aprendizagem ao

longo da vida para todos os trabalhadores, aumento da ajuda de procura de

emprego para os trabalhadores afectados por reestruturações, maior investimento

em energias renováveis e tecnologias não poluentes;

• Articular os objectivos de investimento e de sustentabilidade das finanças públicas

estabelecidos em Lisboa.

2. Tornar o sistema fiscal mais favorável o emprego e ao meio ambiente. Poderia ser

promovido o emprego e um melhor meio ambiente reduzindo a carga da mobilização de

fundos para serviços públicos e segurança social procedentes do trabalho e destinados ao

capital, ao meio-ambiente e aos recursos naturais.

Esta é, no entanto, uma matéria em que a coordenação e harmonização fiscal comunitária

é particularmente importante, num contexto em que não se pretende concorrência fiscal

entre os Estados-membros.

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3. Reforçar as políticas empresariais e gerir as reestruturações. A CES considera

importante que os governos e outros agentes sociais nacionais sejam sensibilizados para a

necessidade de criação de políticas específicas para as empresas que desenvolvam novas

tecnologias, produtos e sectores de actividade inovadores e de protecção do meio

ambiente, posicionando-se desta forma nos mercados do futuro.

No âmbito das reestruturações, para além da importância do reforço da vertente de

antecipação, matérias como a reinserção em novo posto de trabalho, a formação e

orientação profissional, a assistência na procura de emprego e os benefícios adequados ao

desemprego têm de ser devidamente salvaguardadas. Deve ser dada especial atenção aos

trabalhadores das pequenas e médias empresas.

4. Combater a exclusão social no mercado de trabalho e promover a qualidade do trabalho.

O popular slogan de que o emprego é a melhor forma de se atingir coesão social nem

sempre direcciona as políticas sócio-económicas para o caminho certo, já que a melhor

forma de se conseguir coesão social é na realidade através de mais empregos, mas de

empregos com qualidade - com condições laborais justas e decentes, incluindo benefícios

sociais universais.

Na verdade, as estatísticas do Eurostat mostram que uma parte importante dos indivíduos

que vivem abaixo do limiar da pobreza (aproximadamente 25%) realmente tem trabalho,

embora a remuneração gerada pelo mesmo não seja suficiente para evitar aquela

condição. Um quarto da população da Europa dos 15 tem empregos de baixa qualidade e

20% de todos os trabalhadores afirmam não se encontrar satisfeitos com o seu trabalho.

Um dado importante é o facto de um em cada três trabalhadores não ter acesso a

formação contínua e ainda de que os trabalhadores com maiores necessidades de

formação ter menor acesso a ela.

Assim, deve atribuir-se especial atenção à redução da precariedade do emprego, com

políticas como o acesso à formação, gestão das carreiras, luta contra todo o tipo de

discriminações.

Os pontos identificados destinam-se a aumentar a eficácia da intervenção dos sindicatos no

processo de implementação da Estratégia de Lisboa.

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3. O PLANO NACIONAL DE ACÇÃO PARA O CRESCIMENTO E O

EMPREGO 2005/2008

De acordo com a metodologia aprovada pelo Conselho Europeu, Portugal designou um

“Coordenador Nacional Lisboa” e elaborou o seu “Programa Nacional de Reforma” que

designou por ”Estratégia de Lisboa – Portugal de Novo: Programa Nacional de Acção para

o Crescimento e o Emprego (PNACE 2005/2008)”.

De acordo com os objectivos enunciados pelo Governo, o PNACE é uma resposta de

Portugal às novas linhas de orientação da Estratégia de Lisboa e constitui uma referência

de enquadramento das diversas políticas governamentais de âmbito macroeconómico,

microeconómico e de qualificação e emprego.

3.1 PRINCIPAIS PRIORIDADES DO PNACE

O PNACE foi construído para dar resposta a 4 grandes prioridades estratégicas:

1) Consolidar as finanças públicas como factor de credibilidade, de indução de eficiência e

equidade às políticas públicas e de sustentabilidade dos sistemas de protecção social.

2) Modernizar a Administração Pública como factor de confiança, melhoria do serviço

público e do ambiente de negócios e redução da despesa pública supérflua.

3) Reforçar o desenvolvimento científico e tecnológico, da inovação, da ligação entre a

investigação e as empresas e do empreendedorismo e da eficiência dos mercados para

aumentar o potencial competitivo do País, mobilizando a sociedade da informação e

reforçando as capacidades da economia e da sociedade portuguesas.

4) Reformar o modelo de formação inicial e de requalificação de activos, para aumentar os

níveis de sucesso escolar, reforçar a empregabilidade e aumentar a base de competências

disponíveis para a modernização do tecido produtivo e do serviço público.

O PNACE engloba diferentes programas e planos de acção – alguns dos quais já

previamente elaborados - e que são incluídos como anexos. Enquadra o Programa de

Estabilidade e Crescimento (já em execução anteriormente), o Plano Tecnológico e o Plano

Nacional de Emprego. Teve ainda em consideração as linhas gerais de orientação do

Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN 2007/2013).

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Segue, em grandes linhas, as Directrizes Integradas aprovadas pelo Conselho Europeu.

3.2. POSIÇÃO DA UGT SOBRE O PNACE E PRINCIPAIS DESAFIOS

Os objectivos da Estratégia de Lisboa encontram-se ameaçados por um aumento gradual

dos níveis de desemprego e por alguma inoperação por parte das autoridades Europeias e

nacionais na construção das políticas macroeconómicas, fiscais, orçamentais e de emprego,

de formação e de investimento, que não têm reflectido a necessária coordenação entre si.

Também a UGT se tem batido pela necessidade de uma política macroeconómica mais

virada para o crescimento económico e por esta efectiva coordenação entre as políticas

económicas e de emprego e de valorização dos recursos humanos, tanto a nível Europeu

como nacional, que fosse de encontro ao objectivo do pleno emprego.

Na verdade, consideramos inaceitável que as políticas económicas nacionais tenham vindo

ao longo destes últimos anos a ser direccionadas para o controlo do défice público, tendo-

se sacrificado aspectos centrais como o crescimento económico, o emprego e tenham,

conduzido a fortes penalizações sobre os trabalhadores. A aposta deverá centrar-se

portanto numa política que vise uma efectiva recuperação económica, propícia à criação de

mais empregos de qualidade.

Acolhemos, pois, favoravelmente, uma metodologia que pretende reforçar articulação e

coerência entre os diferentes domínios.

Contudo, face à prioridade que, neste Plano, parece continuar a ser atribuída à

consolidação das finanças públicas e à consolidação do défice, continuamos preocupados

quanto à efectiva operacionalização de colocar todas as políticas ao serviço do crescimento

e emprego.

De destacar que a elaboração do PNACE, e contrariamente às decisões e recomendações

do Conselho Europeu, não envolveu os parceiros sociais na fase da sua preparação e

elaboração. Com efeito, os parceiros apenas tiveram conhecimento das linhas gerais do

PNACE a 30 de Setembro, ou seja, num momento em que já seria impossível que os

contributos dos parceiros, nomeadamente os da UGT, fossem devidamente enquadrados e

incorporados no documento. Não obstante, não deixámos de reagir à apresentação das

linhas gerais e elaborámos um documento com as nossas principais preocupações e

contributos (ver em anexo).

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Refere-se, no entanto, que no que concerne as directrizes do Emprego, os parceiros sociais

foram sendo consultados e ouvidos ao longo da preparação do Plano Nacional de Emprego,

tendo, a UGT, visto algumas das suas propostas incluídas e outras não. Este processo de

consulta decorreu nos moldes habituais que se foram desenvolvendo e consolidando desde

1997, ano em que foi adoptada a Estratégia Europeia de Emprego.

Há, por conseguinte que distinguir a participação dos parceiros naquelas duas áreas: a

económica, em que a nossa participação foi inexistente e o Emprego onde houve de facto

um processo de consulta. Mas, isto significa que, uma vez mais, não foi possível discutir

política de emprego em articulação com a política económica e o papel desta nos

objectivos e compromissos assumidos em termos de emprego.

A UGT defendeu, desde o início de todo o processo, que este novo procedimento deveria

implicar também os parceiros sociais e que estes deveriam ser envolvidos de uma forma

mais activa na implementação destas diferentes políticas e não apenas das políticas de

emprego, o que infelizmente não sucedeu.

Esperamos que agora seja assegurada uma adequada participação dos parceiros sociais,

quer no que se refere ao acompanhamento da implementação do PNACE, quer no que se

refere à monitorização e avaliação que, em nosso entender, deve ser de natureza

transversal e cobrindo os principais domínios e pilares da Estratégia de Lisboa.

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ANEXOS

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CONTRIBUTO DA UGT AO PROGRAMA NACIONAL DE ACÇÃO PARA O

CRESCIMENTO E O EMPREGO 2005-2008 (PNACE)

ESTRATÉGIA DE LISBOA- PORTUGAL DE NOVO

I. Introdução

O Conselho Europeu de Bruxelas de 22-23 de Março de 2005 adoptou um conjunto de

medidas relativas ao relançamento da Estratégia de Lisboa, nomeadamente as Linhas

Directrizes Integradas para o Crescimento e Emprego - constituídas por dois elementos –

as GOPE - Grandes Orientações das Políticas Económicas (vertentes macro e

microeconómica) e as Linhas Directrizes para o Emprego no sentido de ser assegurada

uma maior articulação entre aquelas duas. As grandes orientações económicas devem,

portanto, assegurar uma coerência económica geral das três dimensões da Estratégia de

Lisboa.

O Conselho Europeu estabeleceu ainda que, tendo como base aquelas Linhas Directrizes

Integradas, caberia a cada Estado-membro definir, num processo participado, um

Programa Nacional de Reforma que melhor identifique e responda às necessidades,

problemas e situações específicas de cada País naqueles dois domínios - políticas

económicas e política de emprego e em que estejam claramente assegurada a

coordenação entre as diferentes políticas. O documento, a enviar a Bruxelas até ao dia 15

de Outubro, deverá ser um documento sucinto, de natureza política, onde estejam

devidamente identificadas as opções de política macro e micro-económicas e de emprego e

assegurada a articulação e coordenação face aos objectivos delineados na Estratégia de

Lisboa.

Ainda nesse sentido, o Conselho entendeu que cada Estado-membro deveria indicar uma

pessoa “Coordenador Nacional Lisboa” que seria responsável por aquela função de

coordenação.

No dia 30 de Setembro, numa reunião da Comissão Permanente de Concertação Social, o

Governo apresentou as linhas gerais do Programa Nacional de Reformas a que deu o nome

de Programa Nacional de Acção para o Crescimento e o Emprego 2205/2008 (PNACE)

referindo que o documento ainda não se encontrava numa versão final.

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Contudo, face aos calendários definidos, nomeadamente o facto de o Programa dever ser

enviado a Bruxelas até 15 de Outubro, não existem em nosso entender condições

objectivas para que o PNACE incorpore efectivamente possíveis contributos dos Parceiros

Sociais.

Apesar dessa situação, a UGT elabora o seu contributo que será igualmente condicionado

pela insuficiente informação de que dispomos, sendo sobretudo uma reacção à

apresentação de dia 30 de Setembro.

Complementamos o presente parecer com anteriores posições assumidas pela UGT sobre

estas matérias, especialmente no âmbito da preparação do Plano Nacional de Emprego,

parte integrante deste Programa Nacional de Reformas.

II. Estratégia de Lisboa e Programa nacional

1. Enquadramento comunitário e Linhas Directrizes Integradas para o

Crescimento e o Emprego

Nas Linhas Directrizes aprovadas pelo Conselho Europeu, existe um conjunto de matérias,

importantes para Portugal, que em nosso entender se encontram insuficientemente

tratadas e que portanto devem ser devidamente equacionadas no plano nacional. Desde

logo, a UGT salientou os seguintes aspectos:

1. A ausência generalizada de metas/ objectivos quantificados é preocupante. É evidente

a quase inexistência de metas, à excepção da taxa de emprego, desaparecendo metas

em matérias como a igualdade de oportunidades, a pobreza, o abandono escolar ou o

crescimento económico. A UGT continua a entender que a fixação de metas comuns

aos Estados-membros permite não apenas agir em torno de objectivos comuns, como

também responsabilizar mais fortemente os Estados-membros para a prossecução dos

objectivos para a avaliação do desempenho.

Defendemos, portanto, o estabelecimento de metas a nível nacional, quer no que se

refere ao emprego, quer na área das políticas económicas, como 3% de crescimento

do PIB ou de uma percentagem do PIB para investimento em I&D.

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2. A dimensão regional deveria merecer um maior enfoque. Se as diferentes regiões que

compõem cada Estado-membro têm características específicas relativamente a

aspectos como a densidade populacional, a caracterização da população ou o nível de

desenvolvimento, também as políticas deverão necessariamente ser diferenciadas, de

acordo com estas mesmas características

3. Relativamente à dimensão ambiental, a UGT concorda com a noção de que um sucesso

duradouro da Europa depende em muito da forma como vier a enfrentar os desafios

ecológicos. As orientações definidas por parte da Comissão no sentido de ser dada

prioridade à internalização dos custos ambientais externos, do aumento da eficiência

energética e do desenvolvimento e aplicação de tecnologias que respeitem o ambiente

devem de facto, do nosso ponto de vista, ser articuladas tanto com os compromissos já

encetados no seio da União Europeia como com as acções e instrumentos propostos no

Plano de Acção de Tecnologias Ambientais.

Lamenta-se que não tenha sido retomada uma das linhas das Conclusões do Conselho

de Março de 2005, no sentido de desenvolver novos empregos em domínios como a

economia social, serviços às pessoas e o ordenamento do território e a protecção

ambiental.

4. A temática das reestruturações empresariais e gestão preventiva das crises deveria

merecer maior atenção. Seria importante assegurar condições para que os

trabalhadores afectados por estes processos pudessem ser reintegrados no mercado de

emprego – o que exige formação profissional, melhores serviços de orientação e apoio,

apoios à inserção ou empreendedorismo. A gestão preventiva implica igualmente uma

informação e consulta mais atempada dos trabalhadores e seus representantes para

viabilizar uma solução mais justa e equilibrada do ponto de vista social.

Do Conselho Europeu de Março de 2005, destacam-se ainda duas notas que nos parecem

importantes reter:

• Em primeiro, que os Programas nacionais devem responder às necessidades e situação

específica de cada País.

• E que os Programas devem ser objecto de consulta com todas as partes interessadas a

nível nacional e regional, pressupondo-se portanto um processo participado.

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2. O Plano Nacional de Acção para o Crescimento e o Emprego 2005/2008

O documento apresentado à CPCS é um documento muito genérico onde são apresentadas

as grandes linhas do PNACE 2005/2008 e a título exemplificativo alguns programas e

políticas nele inseridos, não merecendo em traços gerais discordância da nossa parte.

No que se refere à metodologia adoptada, temos algumas reservas e discordâncias.

Em primeiro lugar, é um Plano que não teve qualquer envolvimento dos Parceiros Sociais

na sua elaboração, não existindo condições objectivas para a incorporação dos nossos

contributos no documento que será remetido a Bruxelas. Contestamos fortemente a falta

de participação dos parceiros na fase de elaboração do Plano e esperamos que o mesmo

não se repita nas fases de acompanhamento e avaliação.

Em segundo lugar, os parceiros sociais foram consultados sobre as principais linhas de

acção da política de emprego, em especial no âmbito do PNE, sem terem conhecimento

das opções de política económica (macro e micro), não se tendo assegurado a necessária

coordenação definida pelo Conselho Europeu.

No que respeita o Programa em si, existem igualmente algumas questões que

gostaríamos de realçar:

NA GENERALIDADE

• A visão dos factores positivos e negativos apresentada no PNACE não é tranquilizadora

na medida em que os pontos negativos são de facto muito relevantes (qualificação da

população, modelo económico, etc.) enquanto que os pontos fortes – que à partida

sustentam a estratégia de desenvolvimento - são sobretudo de natureza histórica e

geográfica, ignorando nomeadamente importantes factores como a capacidade de

adaptação demonstrada pelos trabalhadores portugueses ou ainda o Know-how de

muitos sectores tradicionais que, para a UGT, são claramente factores de dinamização

e que têm sustentado o nosso crescimento e desenvolvimento;

• Não são conhecidas metas ou objectivos quantificados e calendarizados, tanto mais

que estamos a falar num programa a três anos. Questões como fixar metas para o

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crescimento económico, para o Investimento em geral, e em especial, em I&D

parecem-nos bastante pertinentes.

POLÍTICAS MACROECONÓMICAS

Do que nos é dado a conhecer, este Plano continua fortemente ancorado na consolidação

orçamental em termos de política económica, não sendo visível a necessária reorientação e

articulação com os objectivos de maior crescimento económico e de emprego.

Para a UGT, as prioridades da política económica neste domínio são:

o Reorientação das políticas macroeconómicas visando um maior crescimento

económico com mais e melhores empregos, devendo o Governo criar condições

para tal, nomeadamente por via do investimento público;

o Combater a economia clandestina e a informalidade, reconhecidos como factores

fortemente limitativos da melhoria da produtividade e competitividade nacionais,

mas ausentes deste Programa enquanto principais prioridades;

o Fomentar um novo modelo de desenvolvimento económico com elevados níveis de

produtividade e de competitividade assente em factores como uma maior qualidade

do emprego, melhores qualificações dos trabalhadores, em mais inovação, entre

outros, assegurando o desenvolvimento e a consolidação de actividades com mais

valor acrescentado não apenas nos novos sectores mas também nos sectores

tradicionais. Existe aqui igualmente a necessidade de uma articulação próxima com

políticas microeconómicas.

POLÍTICAS MICROECONÓMICAS

Para a UGT, existem algumas matérias a equacionar no Programa:

• A dimensão sectorial das políticas encontra-se omissa do documento, sendo uma

matéria em que a coordenação das políticas económicas e de emprego se afigura

particularmente relevante. Com efeito, esta é uma matéria pela qual nos temos batido

por entendermos que as políticas transversais não conseguem responder às

necessidades e especificidades dos diferentes sectores. Fomentar o investimento

público e apoiar o investimento privado nos novos sectores, mas também na

modernização dos sectores tradicionais é crucial

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• Reforçar também a articulação da política de I&D a nível micro-económico com os

objectivos globais nacionais;

• A reestruturação e modernização empresariais é igualmente uma matéria central que

exige uma intervenção no plano microeconómico mas, como já referimos, em forte

articulação com a política de emprego;

• A temática da Energia assume nos próximos anos uma relevância estratégica,

especialmente tendo em conta os cenários para a evolução dos preços do petróleo nos

mercados mundiais. Haverá assim, em nosso entender, que delinear uma política

energética que responda às necessidades do Pais, nomeadamente assegurando a

competitividade das empresas e o bem-estar das pessoas.

06.10.2005

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LINHAS DIRECTRIZES INTEGRADAS PARA O CRESCIMENTO E EMPREGO

(JUNHO 2005)

A. Políticas Macroeconómicas para o Crescimento e o Emprego

1. Políticas macroeconómicas para a criação de condições para mais crescimento e

empregos

- Salvaguardar a estabilidade económica;

- Salvaguardar a sustentabilidade económica;

- Promover uma eficiente distribuição de recursos;

- Promover maior coerência entre as políticas macroeconómicas e as políticas

estruturais;

- Assegurar os desenvolvimentos salariais contribuam para a estabilidade

macroeconómica e para o crescimento;

2. Assegurar uma União Monetária Económica dinâmica e eficaz.

- Contribuir para uma União Monetária Económica dinâmica e eficaz.

B. Reformas microeconómicas para aumentar o potencial de crescimento da

Europa

1. Tornar a Europa num local mais atractivo para investir e para trabalhar

- Alargar e aprofundar o Mercado Interno;

- Assegurar mercados abertos e competitivos;

- Criar um ambiente empresarial mais atractivo;

- Promover uma cultura empresarial e um ambiente propício para as PMEs

- Expandir e melhorar as infra-estruturas Europeias e completar os projectos

transfronteiriços prioritários;

2. Conhecimento e inovação para o crescimento

- Aumentar e melhorar o investimento em I&D;

- Facilitar a inovação e a utilização das TIC;

- Promover o uso sustentável de recursos e reforças as sinergias entre a protecção

ambiental e o crescimento;

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- Contribuir para uma base empresarial Europeia forte;

II. Directrizes para o Emprego

1. Atrair e reter mais pessoas no emprego e modernizar os sistemas de protecção social

- Implementar políticas de emprego com o objectivo de atingir o pleno emprego,

melhorando a qualidade e a produtividade do trabalho e reforçar a coesão social e

territorial;

- Promover uma abordagem de ciclo de vida ao trabalho;

- Assegurar mercados de trabalho inclusivos para os trabalhadores à procura de

emprego e para mais desfavorecidos;

- Melhorar a articulação com as necessidades do mercado de trabalho;

2. Melhorar a adaptabilidade dos trabalhadores e das empresas e a flexibilidade do

mercado de trabalho

- Promover a flexibilidade em articulação com a segurança no emprego e a redução

da segmentação do mercado de trabalho;

- Assegurar salários que incentivem o emprego e outros desenvolvimentos de custos

laborais;

3. Aumentar o investimento em capital humano através de melhor educação e

qualificações

- Aumentar e melhorar o investimento em capital humano;

- Adaptar os sistemas de educação e de formação às novas necessidades de

competências