a estação da cultura e da inclusão social...de restauro, negociando com o minis-tério da cultura...

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5 JORNAL DA UNICAMP Campinas, 18 a 24 de agosto de 2008 LUIZ SUGIMOTO [email protected] o seu discurso de posse em abril de 2005, o reitor José Tadeu Jorge pregou a necessidade de a ri- queza da produção cultural da Unicamp ser colocada com mais ênfase à disposição da po- pulação e elegeu a Estação Gua- nabara como espaço fundamental para uma maior interação com a ci- dade. No próximo dia 22, ele assina resolução regulamentando a criação do Centro Cultural de Inclusão e Integração Social, o CIS-Guanabara, que já vem promovendo atividades culturais e educacionais desde 2006. Na mesma cerimônia, os organi- zadores da Campinas Decor entrega- rão à Universidade o prédio adminis- trativo da estação e a gare metálica restaurados, a um custo de mais de R$ 4 milhões. O restauro foi a contrapartida pela cessão do espaço para a realização de tradicional feita de arquitetura e paisagismo, no perí- odo de 1º de maio a 15 de junho des- te ano. “A Estação Guanabara está no nosso programa de gestão porque sempre achei o projeto importante para uma maior inserção da Unicamp na vida cultural de Campinas. Outra razão é que a Universidade, de certa forma, assumiu um compromisso ao receber a área em comodato do go- verno do Estado, em 1990. Nos anos seguintes, enquanto assessor e depois chefe do Gabinete do Reitor, acom- panhei as gestões para que o projeto elaborado pela Lina Bo Bardi, aprovei- tando as instalações da estação, fosse executado”, recorda Tadeu Jorge. Segundo o reitor, seus antecessores fizeram sucessivas tentativas para sen- sibilizar parceiros que ajudassem a viabilizar o projeto, originalmente pen- sado como um centro cultural que in- cluía um teatro para espetáculos de te- atro, música e dança. “O projeto de Lina passou por alterações que per- mitissem parcerias por meio da Lei Rouanet, criada em 1991 para incen- tivar investimentos culturais pelas empresas. Nunca tivemos sucesso”. Tadeu Jorge observa que o fato da área estar invadida e deteriorada re- presentou uma dificuldade adicional para a captação dos recursos neces- sários, que não eram poucos. “Sentí- amos certa desconfiança por parte das empresas de que não conseguiríamos desocupar o local, onde viviam mui- tas famílias e também grupos que ali se reuniam para tráfico e consumo de drogas e outros fins pouco nobres”. Estava claro para o reitor que par- ceiros não seriam atraídos sem a so- lução daquela situação socialmente degradante. “A primeira etapa da nossa estratégia foi a desocupação, realizada aos poucos e sem traumas, graças ao profissionalismo e habili- dade nas negociações da Zezé [Ma- ria José Eleutério, assistente social entrevistada na próxima página]. O professor Mohamed Habib [pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitári- os] se encarregou de garantir a estru- tura necessária para a saída das famí- lias, deslocadas para habitações dig- nas ou para seus lugares de origem”. A etapa seguinte foi o aproveita- mento imediato do espaço pela Uni- versidade, evitando-se novas inva- sões. “Inicialmente, os eventos foram meio que improvisados, mas logo o projeto começou a ganhar corpo. Ti- vemos a adesão da IBM para cursos de inclusão digital, a agregação de um laboratório de pesca artesanal e o oferecimento de cursos para pes- soas menos favorecidas que necessi- tam de algum aprendizado, como de bordado e de culinária”. O projeto original de Lina Bo Bardi, na opinião de Tadeu Jorge, foi O pró-reitor Mohamed Habib: “Temos engenheiras de alimentos e nutricionistas para qualificar desempregados” A estação da cultura e Fachada do CIS-Guanabara: espaço para uma maior interação com a cidade da inclusão social N idealizado para levar cultura geral e também serviria ao propósito de con- templar a população mais carente. “A palavra inclusão nem estava em voga no início dos anos 90 e as atividades artísticas não precisam ser necessa- riamente excludentes. Entretanto, sentimos que o objetivo cultural era pouco e somamos a questão da in- clusão social, proporcionando um aprendizado para que as pessoas me- lhorem sua condição de vida”. O restauro Foi a Campinas Decor, no entan- to, que veio assegurar a solidez ne- cessária ao projeto, com a restaura- ção da estação e da gare, seguindo os critérios rigorosos de conservação de um patrimônio histórico. “A Uni- versidade dificilmente conseguiria arcar com os custos do restauro. Pa- rece surpreendente que tenham esco- lhido um local deteriorado para reali- zar uma feira de arquitetura e paisa- gismo, mas os organizadores queriam justamente esse tipo de desafio: recu- perar um espaço historicamente im- portante para a cidade. Tanto que a iniciativa de nos procurar foi deles”. O CIS-Guanabara já entrou no se- gundo semestre com um evento cul- tural significativo: a exposição vídeo- fotográfica Gandhi, King, Ikeda – Pelo Ideal do Humanismo, aberta em 13 de agosto e que vai até 6 de se- tembro, com entrada franca. Monta- da há quase 10 anos na Universidade More House, a exposição já percor- reu 21 países e resgata os ideais de humanismo e cidadania de Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Dai- saku Ikeda, em 46 painéis e vídeos. Tadeu Jorge observa que, além de funcionar como um espaço cultural efetivo, o CIS terá uma contribuição importante de professores, alunos e funcionários da Unicamp para agre- gar a linha de inclusão social. “A idéia é promovermos cursos que se- jam profissionalmente úteis, sobre- tudo aos mais carentes, sendo que a Universidade pode transmitir o co- nhecimento para qualificar as pesso- as em vários segmentos. A questão da desconfiança em torno da Estação Guanabara está resolvida. Agora, todo mundo acredita”. O Centro Cultural de Integração e Inclusão Social (CIS) da Unicamp foi inaugurado em abril de 2006, com dois dias de música na Estação Guanabara, ao mesmo tempo em que grafiteiros pintavam sua arte nos tapumes insta- lados para proteger o prédio contra novas invasões. Foi uma forma lúdica de marcar o território, agora destina- do a ações socioculturais para a po- pulação em geral, depois da cautelosa e pacífica retirada das pessoas que ali viviam em condições subumanas (veja matéria na próxima página). “Somos conscientes da degradação socioeconômica, urbana e cultural que se desencadeou nas últimas décadas, em nível global. A falta de recursos da Universidade ou advindos de ter- ceiros inviabilizou o projeto original de Lina Bo Bardi, que previa teatro e sala de exposições. Isto somado à de- predação e ocupação da estação por excluídos da sociedade e por margi- nais”, recorda o professor Mohamed Habib, pró-reitor de Extensão e Assun- tos Comunitários. Depois de assumir o espaço, a Pró- Reitoria logo se preocupou em elabo- rar detalhado projeto arquitetônico e de restauro, negociando com o Minis- tério da Cultura a utilização deste ins- trumento para captação de recursos pela Lei Rouanet. “Paralelamente, ini- ciamos as atividades do Centro com oficinas profissionalizantes, cursos de curta duração, palestras e atividades culturais e artísticas, contando com muitos voluntários”. Em 2007, vieram dois projetos de dimensões maiores. O primeiro via- bilizado por uma parceria com a IBM, visando à capacitação de deficientes visuais para o mercado de trabalho, através de equipamentos especiais de informática. O segundo é um progra- ma de capacitação de pescadores artesanais, reconhecido nacional e in- ternacionalmente, coordenado pela professora Alpina Begossi, do Insti- tuto de Biologia (IB) da Unicamp. Segundo Mohamed Habib, ainda era preciso, no entanto, obter os re- cursos para o restauro e a reforma, a fim de assegurar a qualidade das ati- vidades a partir de uma boa infra-es- trutura predial. “Foi no final de 2007 que os ventos começaram a soprar em nosso favor, quando a Campinas Decor nos procurou para uma parce- ria e se dispôs a restaurar o prédio da administração e a gare. As obras fo- ram concluídas em menos de três me- ses”. O pró-reitor festeja a consolidação de um belo espaço para as atividades do CIS-Guanabara, mas observa que ainda são necessários outros equipa- mentos e serviços de restauro. “A fei- ra reuniu 54 escritórios de arquitetu- ra, que nos deixaram a estrutura bási- ca e alguns materiais – outros, como pias e armários fixos, nós compramos. A expectativa é de que os novos par- ceiros supram outras carências”. Leito do trem A gare metálica, por exemplo, ga- nhou uma cobertura de 1.500 metros quadrados. Ocorre que, embaixo, duas plataformas ficaram separadas pelo leito do trem. “O leito já está sendo aterrado e coberto com madeira. Va- mos unir as plataformas para ter 1.500 metros quadrados também no piso da gare, com a ajuda financeira dos organizadores de uma feira de móveis e madeira produzidos de forma eco- logicamente correta”. Pare a gare estão previstas outras feiras, como de frutas e de flores e plantas ornamentais, que são eventos maiores e esporádicos. A utilização mais freqüente será para cursos pro- fissionalizantes, oficinas e apresenta- ções culturais. Várias atividades acon- tecerão simultaneamente no mesmo espaço livre. “Na biblioteca teremos cadeiras e bancos para a pessoa ler seu livro; à noite, no espaço pode haver um sarau. Se fizer frio no inverno, te- mos salas para pequenos eventos no Armazém do Café”. Mohamed Habib adianta que, no estacionamento da Estação Guanabara, pretende-se montar uma grande tenda para a capacitação de jovens talentos na arte circense. É uma idéia cuja viabili- zação também depende de parceria, de- vido ao custo da lona, dos equipamen- tos e do material pessoal dos alunos. “Os jovens artistas farão ensaios abertos ao público, cujos ingressos seriam adqui- ridos por uma empresa para distribui- ção em escolas e bairros”, sugere. O mesmo espírito guiaria o curso profissionalizante de cozinha industri- al, que já conta com parte dos equipa- mentos. “Temos engenheiras de ali- mentos e nutricionistas para qualificar mulheres e homens desempregados na produção de uma comida genuinamen- te brasileira, como sucos, salgados e ou- tros pratos. Este pessoal poderia formar uma cooperativa ou pequena indústria, que também cuidaríamos de encubar”. Pró-reitor destaca projetos O reitor José Tadeu Jorge: “A idéia é promovermos cursos que sejam profissionalmente úteis” Fotos: Antoninho Perri Reitor assina dia 22 resolução que regulamenta a criação de centro cultural que vai funcionar na Estação Guanabara da inclusão social

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  • 5JORNAL DA UNICAMPCampinas, 18 a 24 de agosto de 2008

    LUIZ SUGIMOTO

    [email protected]

    o seu discurso deposse em abril de2005, o reitor JoséTadeu Jorge pregou anecessidade de a ri-queza da produção

    cultural da Unicamp ser colocadacom mais ênfase à disposição da po-pulação e elegeu a Estação Gua-nabara como espaço fundamentalpara uma maior interação com a ci-dade. No próximo dia 22, ele assinaresolução regulamentando a criaçãodo Centro Cultural de Inclusão eIntegração Social, o CIS-Guanabara,que já vem promovendo atividadesculturais e educacionais desde 2006.

    Na mesma cerimônia, os organi-zadores da Campinas Decor entrega-rão à Universidade o prédio adminis-trativo da estação e a gare metálicarestaurados, a um custo de mais deR$ 4 milhões. O restauro foi acontrapartida pela cessão do espaçopara a realização de tradicional feitade arquitetura e paisagismo, no perí-odo de 1º de maio a 15 de junho des-te ano.

    “A Estação Guanabara está nonosso programa de gestão porquesempre achei o projeto importantepara uma maior inserção da Unicampna vida cultural de Campinas. Outrarazão é que a Universidade, de certaforma, assumiu um compromisso aoreceber a área em comodato do go-verno do Estado, em 1990. Nos anosseguintes, enquanto assessor e depoischefe do Gabinete do Reitor, acom-

    panhei as gestões para que o projetoelaborado pela Lina Bo Bardi, aprovei-tando as instalações da estação, fosseexecutado”, recorda Tadeu Jorge.

    Segundo o reitor, seus antecessoresfizeram sucessivas tentativas para sen-sibilizar parceiros que ajudassem aviabilizar o projeto, originalmente pen-sado como um centro cultural que in-cluía um teatro para espetáculos de te-atro, música e dança. “O projeto deLina passou por alterações que per-mitissem parcerias por meio da LeiRouanet, criada em 1991 para incen-tivar investimentos culturais pelasempresas. Nunca tivemos sucesso”.

    Tadeu Jorge observa que o fato daárea estar invadida e deteriorada re-presentou uma dificuldade adicionalpara a captação dos recursos neces-sários, que não eram poucos. “Sentí-amos certa desconfiança por parte dasempresas de que não conseguiríamosdesocupar o local, onde viviam mui-tas famílias e também grupos que alise reuniam para tráfico e consumo dedrogas e outros fins pouco nobres”.

    Estava claro para o reitor que par-ceiros não seriam atraídos sem a so-

    lução daquela situação socialmentedegradante. “A primeira etapa danossa estratégia foi a desocupação,realizada aos poucos e sem traumas,graças ao profissionalismo e habili-dade nas negociações da Zezé [Ma-ria José Eleutério, assistente socialentrevistada na próxima página]. Oprofessor Mohamed Habib [pró-reitorde Extensão e Assuntos Comunitári-os] se encarregou de garantir a estru-tura necessária para a saída das famí-lias, deslocadas para habitações dig-nas ou para seus lugares de origem”.

    A etapa seguinte foi o aproveita-mento imediato do espaço pela Uni-versidade, evitando-se novas inva-sões. “Inicialmente, os eventos forammeio que improvisados, mas logo oprojeto começou a ganhar corpo. Ti-vemos a adesão da IBM para cursosde inclusão digital, a agregação deum laboratório de pesca artesanal eo oferecimento de cursos para pes-soas menos favorecidas que necessi-tam de algum aprendizado, como debordado e de culinária”.

    O projeto original de Lina BoBardi, na opinião de Tadeu Jorge, foi

    O pró-reitor Mohamed Habib: “Temos engenheiras dealimentos e nutricionistas para qualificar desempregados”

    A estação da cultura e

    Fachada doCIS-Guanabara: espaço

    para uma maior interaçãocom a cidade

    da inclusão socialNidealizado para levar cultura geral etambém serviria ao propósito de con-templar a população mais carente. “Apalavra inclusão nem estava em vogano início dos anos 90 e as atividadesartísticas não precisam ser necessa-riamente excludentes. Entretanto,sentimos que o objetivo cultural erapouco e somamos a questão da in-clusão social, proporcionando umaprendizado para que as pessoas me-lhorem sua condição de vida”.

    O restauroFoi a Campinas Decor, no entan-

    to, que veio assegurar a solidez ne-cessária ao projeto, com a restaura-ção da estação e da gare, seguindoos critérios rigorosos de conservaçãode um patrimônio histórico. “A Uni-versidade dificilmente conseguiriaarcar com os custos do restauro. Pa-rece surpreendente que tenham esco-lhido um local deteriorado para reali-zar uma feira de arquitetura e paisa-gismo, mas os organizadores queriamjustamente esse tipo de desafio: recu-perar um espaço historicamente im-portante para a cidade. Tanto que a

    iniciativa de nos procurar foi deles”.O CIS-Guanabara já entrou no se-

    gundo semestre com um evento cul-tural significativo: a exposição vídeo-fotográfica Gandhi, King, Ikeda –Pelo Ideal do Humanismo, aberta em13 de agosto e que vai até 6 de se-tembro, com entrada franca. Monta-da há quase 10 anos na UniversidadeMore House, a exposição já percor-reu 21 países e resgata os ideais dehumanismo e cidadania de MahatmaGandhi, Martin Luther King e Dai-saku Ikeda, em 46 painéis e vídeos.

    Tadeu Jorge observa que, além defuncionar como um espaço culturalefetivo, o CIS terá uma contribuiçãoimportante de professores, alunos efuncionários da Unicamp para agre-gar a linha de inclusão social. “Aidéia é promovermos cursos que se-jam profissionalmente úteis, sobre-tudo aos mais carentes, sendo que aUniversidade pode transmitir o co-nhecimento para qualificar as pesso-as em vários segmentos. A questãoda desconfiança em torno da EstaçãoGuanabara está resolvida. Agora,todo mundo acredita”.

    O Centro Cultural de Integração eInclusão Social (CIS) da Unicamp foiinaugurado em abril de 2006, com doisdias de música na Estação Guanabara,ao mesmo tempo em que grafiteirospintavam sua arte nos tapumes insta-lados para proteger o prédio contranovas invasões. Foi uma forma lúdicade marcar o território, agora destina-do a ações socioculturais para a po-pulação em geral, depois da cautelosae pacífica retirada das pessoas que aliviviam em condições subumanas (vejamatéria na próxima página).

    “Somos conscientes da degradaçãosocioeconômica, urbana e cultural quese desencadeou nas últimas décadas,em nível global. A falta de recursosda Universidade ou advindos de ter-ceiros inviabilizou o projeto originalde Lina Bo Bardi, que previa teatro esala de exposições. Isto somado à de-predação e ocupação da estação porexcluídos da sociedade e por margi-nais”, recorda o professor Mohamed

    Habib, pró-reitor de Extensão e Assun-tos Comunitários.

    Depois de assumir o espaço, a Pró-Reitoria logo se preocupou em elabo-rar detalhado projeto arquitetônico ede restauro, negociando com o Minis-tério da Cultura a utilização deste ins-trumento para captação de recursospela Lei Rouanet. “Paralelamente, ini-ciamos as atividades do Centro comoficinas profissionalizantes, cursos decurta duração, palestras e atividadesculturais e artísticas, contando commuitos voluntários”.

    Em 2007, vieram dois projetos dedimensões maiores. O primeiro via-bilizado por uma parceria com a IBM,visando à capacitação de deficientesvisuais para o mercado de trabalho,através de equipamentos especiais deinformática. O segundo é um progra-ma de capacitação de pescadoresartesanais, reconhecido nacional e in-ternacionalmente, coordenado pelaprofessora Alpina Begossi, do Insti-

    tuto de Biologia (IB) da Unicamp.Segundo Mohamed Habib, ainda

    era preciso, no entanto, obter os re-cursos para o restauro e a reforma, afim de assegurar a qualidade das ati-vidades a partir de uma boa infra-es-trutura predial. “Foi no final de 2007que os ventos começaram a soprar emnosso favor, quando a CampinasDecor nos procurou para uma parce-ria e se dispôs a restaurar o prédio daadministração e a gare. As obras fo-ram concluídas em menos de três me-ses”.

    O pró-reitor festeja a consolidaçãode um belo espaço para as atividadesdo CIS-Guanabara, mas observa queainda são necessários outros equipa-mentos e serviços de restauro. “A fei-ra reuniu 54 escritórios de arquitetu-ra, que nos deixaram a estrutura bási-ca e alguns materiais – outros, comopias e armários fixos, nós compramos.A expectativa é de que os novos par-ceiros supram outras carências”.

    Leito do tremA gare metálica, por exemplo, ga-

    nhou uma cobertura de 1.500 metrosquadrados. Ocorre que, embaixo, duasplataformas ficaram separadas peloleito do trem. “O leito já está sendoaterrado e coberto com madeira. Va-mos unir as plataformas para ter 1.500metros quadrados também no piso dagare, com a ajuda financeira dosorganizadores de uma feira de móveise madeira produzidos de forma eco-logicamente correta”.

    Pare a gare estão previstas outrasfeiras, como de frutas e de flores eplantas ornamentais, que são eventosmaiores e esporádicos. A utilizaçãomais freqüente será para cursos pro-fissionalizantes, oficinas e apresenta-ções culturais. Várias atividades acon-tecerão simultaneamente no mesmoespaço livre. “Na biblioteca teremoscadeiras e bancos para a pessoa ler seulivro; à noite, no espaço pode haverum sarau. Se fizer frio no inverno, te-

    mos salas para pequenos eventos noArmazém do Café”.

    Mohamed Habib adianta que, noestacionamento da Estação Guanabara,pretende-se montar uma grande tendapara a capacitação de jovens talentos naarte circense. É uma idéia cuja viabili-zação também depende de parceria, de-vido ao custo da lona, dos equipamen-tos e do material pessoal dos alunos. “Osjovens artistas farão ensaios abertos aopúblico, cujos ingressos seriam adqui-ridos por uma empresa para distribui-ção em escolas e bairros”, sugere.

    O mesmo espírito guiaria o cursoprofissionalizante de cozinha industri-al, que já conta com parte dos equipa-mentos. “Temos engenheiras de ali-mentos e nutricionistas para qualificarmulheres e homens desempregados naprodução de uma comida genuinamen-te brasileira, como sucos, salgados e ou-tros pratos. Este pessoal poderia formaruma cooperativa ou pequena indústria,que também cuidaríamos de encubar”.

    Pró-reitor destaca projetos

    O reitor José Tadeu Jorge: “A idéia é promovermoscursos que sejam profissionalmente úteis”

    Fotos: Antoninho Perri

    Reitor assina dia 22 resolução que regulamenta a criação de centro cultural que vai funcionar na Estação Guanabara

    da inclusão social