À espera da multiplicação da tv

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À espera da multiplicação da TV A última pesquisa Serpes/O POPULAR, divulgada há uma semana, revelou, além da posição dos candidatos no ranking da corrida sucessória, o que cada um conseguiu fazer para conquistar o eleitor. E não foi muito. O candidato do PSDB, Marconi Perillo, sustentou-se em primeiro lugar e manteve sua curva ascendente nas quatro pesquisas. Seus adversários acham pouco seus 46,7% das intenções de voto, índice estável em relação à última pesquisa, conforme expressou ao POPULAR ontem o governador Alcides Rodrigues: "Hoje vemos que o líder nas pesquisas, há quatro anos em campanha e depois de fazer todas as ações e pressões, não chega aos 50%. O maior risco é dele. De começar a cair". Nada garante que o senador não caia, mas o risco não é só dele. Da mesma forma, seus adversários correm o risco de não subir. E a curva das pesquisas indica que, pelo menos por enquanto, o risco de Marconi cair está menos perceptível do que o de seus adversários não subirem. O candidato do PMDB, Iris Rezende, praticamente não se movimentou. Saiu com 39,9% na primeira pesquisa e está agora com 39%, ao passo que Marconi mexeu-se de 43,7% para 46,7%. Movimentação pequena, verdade, mas não ficou estacionado. Vanderlan Cardoso (PR) já subiu e caiu, em uma lenta movimentação que o deixa longe de se tornar competitivo. A lembrança desses índices da semana passada ajuda a entender o tamanho da dificuldade dos candidatos às vésperas da estreia da propaganda eleitoral. Os aliados de Vanderlan e de Iris acreditam que os programas na TV vão resolver seus problemas. Apostam suas fichas na multiplicação de suas mensagens pelo rádio e TV, a partir de 17 de agosto, e consequentemente do número de seus eleitores. Inquestionável a capacidade de difusão da mídia, mas não se deve superestimar a propaganda eletrônica, pois, sozinha, ela não elege candidato. A vitória em uma eleição é a soma de vários fatores como organização da campanha; um time de apoiadores afinado com o candidato e seus objetivos; estrutura partidária azeitada; e, principalmente, sintonia do candidato com as demandas do eleitor.

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À espera da multiplicação da TV

A última pesquisa Serpes/O POPULAR, divulgada há uma semana, revelou, além da posição

dos candidatos no ranking da corrida sucessória, o que cada um conseguiu fazer para

conquistar o eleitor. E não foi muito. O candidato do PSDB, Marconi Perillo, sustentou-se

em primeiro lugar e manteve sua curva ascendente nas quatro pesquisas.

Seus adversários acham pouco seus 46,7% das intenções de voto, índice estável em relação

à última pesquisa, conforme expressou ao POPULAR ontem o governador Alcides Rodrigues:

"Hoje vemos que o líder nas pesquisas, há quatro anos em campanha e depois de fazer

todas as ações e pressões, não chega aos 50%. O maior risco é dele. De começar a cair".

Nada garante que o senador não caia, mas o risco não é só dele. Da mesma forma, seus

adversários correm o risco de não subir. E a curva das pesquisas indica que, pelo menos por

enquanto, o risco de Marconi cair está menos perceptível do que o de seus adversários não

subirem.

O candidato do PMDB, Iris Rezende, praticamente não se movimentou. Saiu com 39,9% na

primeira pesquisa e está agora com 39%, ao passo que Marconi mexeu-se de 43,7% para

46,7%. Movimentação pequena, verdade, mas não ficou estacionado. Vanderlan Cardoso

(PR) já subiu e caiu, em uma lenta movimentação que o deixa longe de se tornar

competitivo.

A lembrança desses índices da semana passada ajuda a entender o tamanho da dificuldade

dos candidatos às vésperas da estreia da propaganda eleitoral. Os aliados de Vanderlan e de

Iris acreditam que os programas na TV vão resolver seus problemas. Apostam suas fichas na

multiplicação de suas mensagens pelo rádio e TV, a partir de 17 de agosto, e

consequentemente do número de seus eleitores.

Inquestionável a capacidade de difusão da mídia, mas não se deve superestimar a

propaganda eletrônica, pois, sozinha, ela não elege candidato. A vitória em uma eleição é a

soma de vários fatores como organização da campanha; um time de apoiadores afinado com

o candidato e seus objetivos; estrutura partidária azeitada; e, principalmente, sintonia do

candidato com as demandas do eleitor.

Sem esses ingredientes, não há propaganda eletrônica capaz de salvar uma candidatura.

Para acertar no rádio e na TV, os candidatos terão de ter acertado antes, na composição

dessa máquina de campanha. E a julgar pelos resultados da última pesquisa Serpes, Marconi

parece estar mais próximo desse acerto do que Iris e Vanderlan.

A estrutura de campanha do tucano é visivelmente superior. O candidato do PSDB parece

também não ter os problemas que teve em eleições passadas com desavenças internas. Sua

equipe demonstra afinação. Aliás, a impressão que se tem é que Marconi não tem aliados,

mas seguidores tamanha a fidelidade, que, às vezes, beira à veneração. Na sexta-feira, por

exemplo, os tucanos que chegaram com Marconi na sabatina da Federação da Agricultura

do Estado de Goiás (Faeg) com os três governadoriáveis puxaram uma salva de palmas assim

que ele colocou o pé no auditório, como se um popstar, e não um candidato, chegasse ao

evento. Exageros à parte, isso revela coesão da equipe. Por fim, facilita para Marconi o

fato de seus governos serem recentes e estarem na lembrança do eleitorado.

Os adversários do PSDB enfrentam dificuldades internas, próprias de quem não está na

liderança da pesquisa ou tem dificuldade para crescer. Quase todos os dias Vanderlan tem

de explicar a adesão de um aliado à campanha adversária. Iris também não conseguiu

harmonia interna. Os peemedebistas, com destaque para os candidatos a cargos

proporcionais, brigam mais entre si do que com o adversário. O partido está mais preso às

picuinhas do que ao objetivo principal da campanha.

Adiciona-se a isso, no caso de Iris, a pouca memória dos eleitores sobre seus governos.

Segundo dados do TRE, 43% dos eleitores goianos (que somam 4.061.391) têm entre 16 e 34

anos. Os mais velhos desse grupo tinham apenas 18 anos quando Iris deixou o governo em

1994. Não é por acaso que seus melhores índices nas pesquisas eleitorais são justamente

em Goiânia e no Centro do Estado, regiões onde há informação sobre suas administrações

na Prefeitura de Goiânia.

Também não por outro motivo, Iris tem baixa votação no Entorno do Distrito Federal. O

eleitorado da região não tem raízes fincadas em Goiás, em função do forte fluxo

migratório. E nos últimos anos acostumou-se com Marconi por perto, seja como governador

e, depois, na companhia do ex-governador José Roberto Arruda, com quem o tucano

circulou pela região até o escândalo do mensalão do DEM. O caso de Vanderlan é ainda mais

delicado: ele é desconhecido em praticamente todo o Estado.

Sejam quais forem os motivos, e considerados os resultados das pesquisas Serpes, os

candidatos do PR e do PMDB passam a impressão de que não encontraram o tom da

campanha nem que entraram em sintonia com o eleitor. Iris e Vanderlan precisarão

resolver esses gargalos para usufruírem dos benefícios da propaganda eleitoral gratuita

que, é bom destacar, também poderão ser igualmente desfrutados pelo adversário tucano.

Azeitar a máquina de campanha é o primeiro passo. Mais do que esperar o adversário errar

e cair por seus próprios erros, os dois precisam começar a acertar.

Coluna publicada em 09/08/2010