a erosÃo do serviÇo social tradicional no brasil

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  • 7/29/2019 A EROSO DO SERVIO SOCIAL TRADICIONAL NO BRASIL

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    A EROSO DO SERVIO SOCIAL TRADICIONAL NO BRASIL

    OServio Social tradicional latino-americano entrou em crise quando iniciou o seu processo deeroso, na dcada de 1960. Convm destacar que a crise do Servio Social tradicional latino-americanono era uma exclusividade desse Continente.Essa crise era tributria dos movimentoslibertrios da dcada de 1960, podemos citar entre eles, o movimento do negro, o movimento damulher, o movimento ambientalista, os quaiscolocavam em xeque a ordem burguesa chamadatambm desociedade capitalista e, como tal, o Estado e as instituies pblicas.

    Se os movimentos libertrios questionavam a sociedade capitalista e o papel das instituiessociais e do Estado, de se esperar que a forma de atuao do Servio Social fossequestionada.Porm, o desgaste do Servio Social tradicional no foi por questes tericas emetodolgicas, mas por questes externas, uma vez que os seus crticos estavam fora daprofisso.

    Em resposta aos questionamentos feitos ao Servio Social tradicional, um grupo de assistentessociais organizou o movimento para dar um novo conceito ao Servio Social latino-americano,com o objetivo de construir um Servio Social que atendesse s necessidades da Amrica Latina.

    Podemos vinculara ruptura com o Servio Social tradicional com as lutas para libertar a AmricaLatina do domnio imperialista e para transformar a estrutura capitalista.O Servio Socialtradicional nasceu para atender interesses da classe dominante, portanto, no d para suporqueo Servio Social sozinho deixasse de atender aos interesses norte-americanos. Sendo oServio Social norteado pela ordem burguesa ou capitalista,a resposta crise do seu fazer

    profissional no poderia centrar-se nos questionamentos de sua prtica porque fazia-senecessrio analisar osvnculos da profisso com a dominao imperialista.

    Ao questionar a dominao imperialista e o papel que os assistentes sociais desempenhavamface aos novos desafios, a vanguarda do Servio Social latino-americano indicava que eranecessrio repensar o trabalho do assistente social. E a partir desta reflexo surgiu o Movimentode Reconceituao do Servio Social na Amrica Latina, foi tambm conhecido como movimentoda "reconceptualizao" teve incio em 1965 e durou uma dcada.

    O Movimento de Reconceituao trouxe para os assistentes sociais a identificao poltico-ideolgica da existncia de lados antagnicos duas classes sociais antagnicas dominantes edominados, negando, portanto a neutralidade profissional, que historicamente tinha orientado aprofisso. Esta revelao abriu na categoria a possibilidade de articulao profissional com oprojeto de uma das classes, dando inicio ao debate coletivo sobre a dimenso poltica daprofisso.

    Neste contexto podemos afirmar que o Movimento de reconceituao do Servio Social naAmrica Latina constituiu-se numa expresso de ruptura com o Servio Social tradicional e

    conservador; e na possibilidade de uma nova identidade profissional com aes voltadas sdemandas da classe trabalhadora cujo eixo de sua preocupao da situao particular para arelao geral particular, e passa a ter uma viso poltica da interao e da interveno

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    O Movimento de Reconceituao se cria e se desenvolve a partir da identificao poltico-ideolgica da profisso pelo capital e da negao de uma prtica conservadora do Servio Social,afirmando um compromisso poltico com a classe subalterna. Esse movimento se fez presente emmbito mundial, pois era parte integrante do processo internacional de eroso do Servio Socialtradicional e, portanto, nesta medida, partilha de suas causalidades e caractersticas.

    A unio pretendida pelo movimento de reconceituao do Servio Social latino-americanos foidesfeita pela implantao da ditadura no continente e pelas posies distintas que os assistentessociais adotaram em relao ao Servio Social tradicional. Quanto ditadura, pode-se afirmarqueas ditaduras burguesas no deixaram vingar as propostas que situavam a ultrapassagem dosubdesenvolvimento como funo da transformao substantiva dos quadros societrios latino-americanos.

    Quanto diversidade de posies, detectou-se que os assistentes sociais, aocolocarem emxeque o Servio Social tradicional, se manifestaram em duas posies:

    Um plo investia num aggiornamento do Servio Sociale visava fazer uma reatualizao doServio Social tradicional;

    Outro plo tencionava uma ruptura com o passado profissional etinha a inteno de romper como passado profissional e elaborar o Servio Social voltado para a Amrica Latina

    Apesar de todas as dificuldades, o movimento de reconceituao conseguiu colocar na pauta dosencontros profissionais assuntos de interesses latino-americanos em lugar dos debates pan-americanistas, patrocinados pelos Estados Unidos.

    Alguns pontos do governo de Juscelino Kubitschek ajudam a compreender o mercado de trabalhodo assistente social na dcada de 1960. Por exemplo, o impulso que esse governo deuindustrializao, instalando fbricas de automveis e fbricas subsidirias. Nesse perodo, oBrasil se abria ao capital internacional e buscava o desenvolvimentismo para superar osubdesenvolvimento.

    Na verdade, tanto as empresas privadas: como as instituies pblicas foram movidas abuscarem o trabalho do assistente social para estabelecer o controle dos trabalhadores. Vale

    lembrar que entre 1961 e 1964, as manifestaes da sociedade brasileira pela democracia e asmanifestaes das classes subalternas e exploradas que ocorreram entre 1960-1961-1964criaram srios obstculos ao projeto econmico da classe dominante at que, em garantia dosinteresses do capital internacional, aplicou-se o golpe militar de 1964.

    As adequaes das instituies sociais ao projeto da ditadura e a implantao das empresasmdias, estatais e monopolistas no final de 1960, ampliaram o mercado de trabalho dosassistentes sociais.

    Alm desses espaos de trabalho, o assistente social atuava nas "organizaes de filantropia

    privada" , as quais no tinham vnculos com o Estado ou com as empresas. E essasorganizaes buscavam o trabalho do assistente socialem funo da misria, do inchamento dasreas urbanas e outras seqelas sociais aprofundadas pelo regime militar.

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    O Servio Social de Caso visava adaptar o indivduo ao seu meio, para aqueles que estivessemfora dos padres sociais. Orientava-se por uma concepo que considerava a sociedade comoestruturada, definitivamente, s havendo condies para ajustes e reformas. O Servio Social deGrupo visava ajudar as pessoas por meio de experincias de grupo.

    Deu-se importncia tcnica de Desenvolvimento de Comunidade (DC) e tcnica de

    Desenvolvimento e Organizao de Comunidade (DC) discutidas no II Congresso Brasileiro deServio Social (1961). Semdvida o DC era uma tcnica mais articulada, porm ela no discutia asociedade.

    importante destacar que a reformulao na metodologia do Servio Social tradicional no foiuma opo pura dos assistentes sociais, visto que ela veio no bojo das mudanas do projetodesenvolvimentista mesmo antes do regime militar.

    Para comprendermos a eroso ou desgaste sofridopelo Servio Social tradicional citamos trselementos que so absolutamente relevantes:

    1.O reconhecimento de que a profisso ou se sintoniza com "as solicitaes de uma socieade emmudana e em crescimento" ou se arrisca a ver seu exerccio "relegado a um segundo plano";

    2. Anecessidade de aperfeioar o aparelhamento conceitual do Servio Social e de elevar opadro tcnico, cientfico e cultural dos profissionais desse campo de atividade;

    3. A reivindicao de funes no apenas executivas na programao e implementao deprojetos de desenvolvimento. Mesmo sem explicitar as questes candentes que iam

    ancronizando o Servio Social "tradicional" (por no tom-las como tais ou por expedientediplomtico).

    Sendo assim os estes trs elementos que foram abordados no II Congresso Brasileiro de ServioSocial, realizado no Rio de Janeiro, em 1961 delimitam nitidamente a falta de harmonia com assolicitaes contemporneas, a insuficincia da formao profissional e a subalternidadeexecutiva. E apartir deste Congresso efetivamente entronizou-se a interveno profissionalinscrita no Desenvolvimento de Comunidade como uma rea do Servio Social a receberdinamizao preferencial, situada como a ponta da profisso e a mais compatvel com o conjunto

    de demandas da sociedade brasileira.

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