A Ergonomia e a Produção Seriada de MóveisKassio Alexandre Costa – Supervisor Geral de Produção – kassio@moveispolska.com.br

Na indústria de móveis seriados têm-se inúmeras atividades manuais e um enorme campo para pesquisas de comportamentos ergonômicos. Ao analisar a atividade de lixamento manual, por exemplo, pode-se descrevê-la da seguinte forma: primeiramente a peça é colocada sobre uma base fixa pela pessoa responsável, em seguida escolhe-se a grana de lixa a ser usada para o acabamento e com o auxílio de um taco de madeira é iniciado o movimento repetitivo para frente e para trás, esfregando a lixa contra a peça, até obter o acabamento desejado, encerrando o processo e pegando outra peça, e depois outra e assim sucessivamente.

O ambiente possui temperatura amena, exceto no verão quando se tem uma variação maior, o setor possui uma boa iluminação, inclusive com muita iluminação natural. No que tange as características antropométricas das pessoas que realizam esse tipo de atividade, são mulheres de estatura mediana, de porte físico médio. A atividade é composta de momentos dinâmicos e estáticos, predominando o último, o que propicia o aparecimento de doenças laborais. As pessoas desse setor utilizam mesas de aspiração, respiradores apropriados para o trabalho com madeiras e vernizes, possuem vestimenta condizente com a necessidade (jaleco), luvas, protetores auriculares, óculos de proteção, máquinas para auxiliar no lixamento (lixadeira orbital) e tacos de madeira.

Observa-se que as funcionárias da lixação têm muita habilidade para fazer o serviço com extrema qualidade. Possuem uma equipe integrada, onde cada um trabalha em sintonia com seu colega. O local é arejado, claro e agradável. Pôde-se perceber que algumas lixadeiras orbitais possuem desgaste natural pelo tempo de serviço o que demanda um esforço desnecessário ao trabalhar com esta ferramenta. Em alguns casos as peças são pesadas e necessitam ser lixadas sobre os trilhos ou carrinhos, o que torna o serviço mais complexo.

Há necessidades de substituir algumas máquinas por novas, mais modernas e ergonomicamente corretas, bem como verificar a possibilidade de instalação de carrinhos de elevação, facilitando o lixamento sobre as mesas de aspiração.

No principal trabalho da ergonomia enquanto ciência, entra a necessidade de interagir a tecnologia das máquinas modernas, sejam as famosas importadas ou as requisitadas nacionais, com a capacidade humana, onde nas moveleiras pós-crise, torna-se de fundamental importância essa conectividade. Necessitam hoje recuperar o tempo perdido na década de 90, onde obtiveram lucros volumosos e deixaram de lado a capacitação e a valorização dos funcionários, tornando não só as máquinas obsoletas, mas também os próprios colaboradores: desinformados, despreparados e pouco interligados com o ambiente. No que diz respeito a qualidade de vida no trabalho, a realização de pesquisas de clima organizacionais priorizando os anseios e o bem coletivo em prol das melhorias de condições laborais, as análises de impacto ambiental, e a preocupação com as mudanças sistêmicas, faz com que melhore a cada dia o ambiente de trabalho, o relacionamento interpessoal e as atividades diárias de uma empresa.

Acredito que, concentrando os esforços para a ergonomia, o setor de produção de móveis seriados terá resultados extremamente positivos, aumentando a produtividade, a satisfação laboral e melhorando a qualidade e a expectativa de vida dos colaboradoresReferênciasGuimarães, Ícaro – Porque as organizações adoecem? – São Paulo: Saraiva, 2007.IEA – International Ergonomics Association – http://ergonomics-iea.org