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Ano 3 | Número 10 | Novembro de 2017 CONCURSO Após muitas inscrições, conheça o texto vencedor da competição Insper Post de artigos. Francisco Loenert (aluno da pós graduação) perfaz a evolução da política brasileira, trazendo um comparativo de gerações. PROGRAMA DE BOLSAS Possibilitando a entrada de jovens de baixa renda no Insper o Programa de Bolsas cresce e inspira. Veja os resultados nesta edição e acompanhe também a Toca da Raposa (moradia estudantil para alunos bolsistas). A ERA DO ÓDIO Com entrevista dos professores Carlos Melo e Fernando Schuler, entenda como movimentos de extrema direita têm ganhado frente nas discussões mundiais, com análise comparativa às figuras caricatas da política A ERA DO ÓDIO

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Ano 3 | Número 10 | Novembro de 2017

CONCURSO Após muitas inscrições, conheça o texto vencedor dacompetição Insper Post deartigos. Francisco Loenert (aluno da pós graduação) perfaz a evolução da política brasileira, trazendo um comparativo de gerações.

PROGRAMA DE BOLSAS Possibilitando a entrada de jovens de baixa renda no Insper o Programa de Bolsas cresce e inspira. Veja os resultados nesta edição e acompanhe também a Toca da Raposa (moradia estudantil para alunos bolsistas).

A ERA DO ÓDIO Com entrevista dos professores Carlos Melo e Fernando Schuler, entenda como movimentos de extrema direita têm ganhado frente nas discussões mundiais, com análise comparativa àsfi guras caricatas da política

A ERA DO ÓDIO

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2 | Novembro 2017

ÍND

ICE

EQUIPEJoão Vitor SantosPresidente

Camila de Camargo BarsceviciusDiretora de Marketing

Deborah KangDiretora de Redação

Gabriela MarcottiDiretora Financeira

Fernanda CarvalhoDiretora de Inovação

Sarah VendrameDiretora de Revisão

Alessandro PereiraColaborador

Ana HenriquesColaboradora

Bruna KimuraColaboradora

Carolina BortolussiColaboradora

Eduarda BuenoColaboradora

Hugo DaerColaborador

Iasmin BrazColaboradora

Ingrid RibeiroColaboradora

João GuilhermeColaborador

Lara CaputoColaboradora

Letícia RochaColaboradora

Luiza MorelliColaboradora

Maria Clara LuquesColaboradora

Marcela De GobbiColaboradora

Vitória KakiharaColaboradora

PDesign Comunicação

Direção de Arte e

Editoração Eletrônica

A revista Insper Post é uma publicação dos alunos do Insper.

Ano 3 | Número 10 | Novembro de 2017

4 EntidadesHenrique Basile, do InFinance, explora os problemas impedimentos da reforma monetária no Brasil

9 EntidadesBike, Magrela, Camelo. A bicicleta tem ganhado espaço como meio de transporte na mobilidade urbana. Confi ra!

16CapaConfi ra um panorama dos avanços da extrema direita no mundo e divagações sobre o Brasil recente.

6 EntidadesBaseado em um projeto da universidade de Havard, o GAS Challenge promove desafi os de empreendedorismo social na comunidade Insper.

10 OpiniãoMuito além dos cliques, o impacto dos holofotes da vida das celebridades pode ser perigoso.

7 EntidadesEngenheiro também tem espaço em consultoria? Ianê Schiphorst, do Insper Jr, nos introduz o papel de engenheiros no ramo.

8EntidadesA emoção e nostalgia de um economíadas com muita integração que irá fi car na memória de São Carlos.

ArtigoFabia Milano faz uma análise sobre a criptomoeda mais comentada atualmente.12Insper AcontecePerdeu o debate do professor Haddad e presidente Maia? Confi ra a cobertura da equipe Post nesta edição.

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International Como é vir de Singapura até Brasil? Confi ra o que o intercambista Edson responde26Concurso Conheça o texto vencedor da competição Insper Post de artigos. Francisco Loenert perfaz a evolução da política brasileira.27Crônica A vida de Insper pode ser cômica até com as piores situações acadêmicas28Quem faz Quem são as pessoas que cuidam do seu almoço todos os dias? Conheça um dos funcionários da A� ari.30

De Aluno para AlunoSaiba mais sobre o empreendedorismo social no Brasil e o projeto desenvolvido por Mihael Blanche, aluno do Insper.22

20 Insper AconteceConfi ra como vai a Toca da Raposa, moradia estudantil dos alunos bolsistas do Insper, depois de ser inaugurada.

De Aluno para AlunoOs desafi os de construir uma empresa explicados pelo aluno Pedro Tormin, um dos fundadores da 4student.23AlumniSobre empregos, propósito de vida e diversão. Confi ra as dicas e história da ex-aluna Mariana Porto.24AlumniFrederico Pascowitch relata sua trajetória acadêmica e profi ssional, partilhando dicas importantes que marcaram sua história.25

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3 | Novembro 2017

Fazer um editorial nunca é tarefa fácil. Pensar em como introduzir os temas presentes na revista, revelar o momento em que a organização estudantil se encontra e ainda não entediar o leitor demanda horas de modelação criativa. Esse editorial, mais que tudo, é difícil: meu último contato direto com você, leitor. Portanto, resolvi sorrir orgulhoso

pelo que construímos em 10 edições da marca e agradecer pelo cuidado em ler o trabalho de membros engajados pela comunicação.

Das conquistas, uma competição com um grande veículo de mídia, matérias mais integradas e um conteúdo mais encorpado. A mudança para apenas uma edição física semestral proporcio-nou fl exibilidade na construção dos textos pela equipe, gerando margem para a possibilidade de vinculação futura em conteúdo digital, mais recorrente, modelado em um site feito com a cara do Post.

Sempre há trabalho quando estamos insatisfeitos! Alguns criam uma plataforma de alocação de moradias para estudantes na região de São Paulo, outros, igualmente motivados pelo em-preendedorismo procuram criar negócios sociais. Essa revista partilha o espirito desses sonha-dores: da tradicional cruzadinha ao complexo debate de problemas segregacionistas, estamos abertos e transparentes, criando, discutindo e consolidando nosso espaço na comunidade.

Então, pegue sua bike, pois a pedalada é longa (pág.9). Vamos juntos andar pelas divagações de um debate político, atravessar as páginas de conselhos alumni e ver um Insper que Aconte-ce, inspira e transforma a comunidade.

Queremos discutir problemas sociais e temas profi ssionais relevantes para o aluno Insper, bem como transmitir leveza aos arrependimentos que a vida comporta, como uma dependência que passou despercebida (pág.28). Dessa forma, levar ao leitor informação, um conteúdo rele-vante, capaz de gerar um pouquinho do que chamamos de legado.

Nesse enredo, apanhar com os erros, mandar e-mails, fazer reuniões, motivar a equipe, con-versar com parceiros, me fez, muito além da vontade de brigar com uma gráfi ca, entender e aprender a ver um João líder e empreendedor. O crescimento fi ca e motiva as novas gerações, contudo, chegou o momento da despedida: apertemos o cinto!

“Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.”

Miguel Unamuno, � lósofo espanhol

EDIT

OR

IAL SER INSPER POST

João Vitor Santos,Presidente do Insper Post.

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4 | Novembro 2017

A onda de otimismo do início do ano, que precifi cava uma aprovação da reforma da previdência com a vigência de aproxima-

damente 70% de seu texto original, levou um duro choque de realidade: a divulgação do áu-dio de Joesley Batista minou a governabilidade de Michel Temer (por conta de uma evasão de seu apoio no congresso) e colocou sua pauta re-formista em xeque.

Apesar de o evento ter tido sua repercussão ame-nizada (o risco-país já retornou a níveis inferiores ao evento de maio), o panorama fi scal brasileiro está agora nas adjacências da insustentabilidade. Para entender melhor essa questão, elenquemos as possíveis alternativas para a recuperação das con-tas públicas.

As duas soluções mais evidentes são cortar os gas-tos ou elevar os tributos. A primeira opção se invia-biliza pela inércia das obrigações governamentais: apenas 10% do gasto federal é passível de corte; e ainda, desses 10%, aproximadamente metade se destina a despesas com pessoal, que não podem ser descomedidamente reduzidas (sob pena de pa-ralisar todo o serviço público), e outra parte expres-siva é composta pelo repasse aos estados (que, caso demasiadamente enxuto, pode ser um gatilho para a quebra de outras unidades federativas). Já a tributação se mostra extremamente inefi ciente, dado que, no presente cenário recessivo, o repasse de elevações nos custos (ao consumidor) é inviável e, portanto, resultaria em uma enorme penalização para a atividade econômica.

Outra alternativa seria a rolagem da dívida pelo au-mento da emissão de títulos públicos. Essa opção, no entanto, é impraticável. Isso porque o atual pa-norama de incerteza (fruto da insegurança quanto

aos impactos da operação Lava-Jato) resultou em um maior prêmio de juros dos títulos, o que, por sua vez, tornou a emissão de novas dívidas extre-mamente onerosa.

Há, por fi m, a possibilidade de se emitir moeda ou de se aumentar seu estoque. A primeira medida tem um viés infl acionário, que vai contra as diretri-zes da atual equipe monetária. Já o estoque poderia ser feito por meio de um aumento no compulsório dos bancos. Como o consumo das famílias encon-tra-se em um patamar historicamente baixo, a pe-nalização de seus credores teria uma repercussão demasiadamente negativa para ambos agentes.

O maior desafi o agora é, por conta da falta de al-ternativas, assegurar que haja condições para o cumprimento do teto dos gastos. Vale ressaltar que há sim medidas que permitiram um alívio de curto prazo ao quadro fi scal, como a aprovação da TLP, a inclusão de 57 projetos ao PPI e as arrecadações por meio de receitas extraordinárias (por exemplo, o programa de repatriação de recursos, que regu-larizou mais de R$170 bilhões em bens mantidos no exterior).

O problema é que, na ausência de novas reformas estruturais, estima-se que o teto seja desrespeitado já em 2019 ou 2020, mesmo com a vigência das medidas citadas acima. A principal causa é a traje-tória prevista para os gastos previdenciários. Essas despesas representam hoje 55% dos gastos fede-rais e, sob as regras atuais, chegariam a aproxima-damente 80% do orçamento em 2027.

Não obstante o fato de estarmos na recessão mais duradoura de toda nossa história, enquanto não andarmos com a agenda de reformas microeconô-micas – principalmente a da previdência – não have-rá saída para essa crise.

Entidades

Por Henrique Podboi Basile, membro da Equipe de Renda Fixa do InFinance

“TEMER”PARA O BRASIL

O QUE

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5 | Novembro 2017

O GAS Challenge é o mais novo projeto do GAS que veio para se tornar o pri-meiro desafi o de empreendedorismo

universitário de cunho social brasileiro e ser-vir como referência para desafi os futuros que possam surgir. O desafi o visa identifi car e im-pulsionar projetos sociais, além de promover a conscientização e espírito empreendedor en-tre os universitários, ambiente pouco explora-do atualmente.

O desafi o é baseado no projeto “A Village to Raise a Child”, da Harvard Social Innovation Collaborative, que re-úne estudantes do en-sino médio com ideias sociais inovadoras, buscando identifi car e impulsionar as pro-postas com maior po-tencial de impacto e sucesso.

A missão do GAS Chal-lenge é promover a interação entre univer-sitários na busca de so-luções de problemas sociais ou na criação de projetos que visem a melhoria para a socieda-de. O projeto utilizará de habilidades desenvol-vidas ao longo da educação universitária, per-mitindo então a aplicação prática de conceitos ensinados. E, por fi m, o desafi o possibilitará a execução de novos projetos com potencial de geração de grande impacto social.

O desafi o ocorre em três fases, sendo a primei-ra via internet e o segundo presencial. Entre es-sas duas fases, os alunos aprovados na primei-ra fase, recebem uma semana de Workshop, Semana GAS Challenge, que ocorre diversas ofi cinas que abrangem todas as áreas e com-petências necessárias para a execução do pro-jeto. Nessa mesma época, o projeto realizou uma palestra aberta para a comunidade Ins-per incentivando o terceiro setor e agregando conhecimento aos alunos com o Fundador do Insper, Claudio Haddad. A terceira e última fase

é a fi nal, que ocorre no Auditório com apre-sentações de pitchs para a Banca Avaliado-ra, composta por par-ceiros do GAS Chal-lenge como Fleury, Zurich Santander, além de colaboradores dos workshops.

O projeto é aberto a qualquer aluno ma-triculado na univer-

sidade, seja na rede pública ou privada, de qualquer curso e qualquer estado brasileiro. O objetivo do desafi o é incentivar universi-tários a expor projetos e auxiliar a execução dos mesmos, visto que acreditamos que to-dos podem ter ideias de grande potencial, que podem salvar e melhorar as vidas de muitas pessoas.

GAS CHALLENGE – O PROJETO QUE VEIO INOVAR A COMUNIDADE INSPER

Entidades

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6 | Novembro 2017

Para muita gente ainda pode soar estranho uma resposta como “engenharia” quando se pergunta a algum consultor em qual

curso ele se formou, mas o que muitos não sabem é que a maioria dos engenheiros bra-sileiros não exerce fun-ção nas áreas em que se formam. Segundo uma análise feita pela Confe-deração Nacional da In-dústria (CNI) com base em estatísticas do Minis-tério da Educação (MEC) e do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatís-tica (IBGE), de 680.526 graduados apenas 286.302 (42%) trabalham com o que estudaram durante seus cursos de ensino superior.

Na Insper Jr. não é diferente. Apesar de ser uma empresa de consultoria estratégica com foco em atuação nas áreas de economia e adminis-tração de empresas de diversos portes e seto-res, nosso processo seletivo foi aberto para os alunos de engenharia do Insper há dois semes-tres e, desde então, cada vez mais os futuros engenheiros e engenheiras vêm se inscreven-do. Desde que Matheus Ventrilho, Rachel Maria e Arthur Lobão entraram na primeira turma de engenheiros na Insper Jr., nota-se um aumen-to considerável no número de inscritos de tal curso para o processo seletivo, o que mostra um interesse na área de consultoria por parte desses alunos.

A seguir vamos a um bate papo com os atu-ais consultores da Insper Jr. e futuros enge-nheiros:

Insper Junior: O que te levou a prestar Insper Jr.?

Matheus Ventrilho: Sempre quis entrar na Ins-per Jr antes mesmo de entrar no Insper. Tenho

uma prima que estudou aqui e se formou há 1 ano e, sempre que ela chega-va em casa, contava de sua vida acadêmica e das entidades daqui. Ela me contava sobre a Insper Jr. de uma maneira diferen-te, dava para ver que ela realmente queria fazer parte dessa instituição.

Desde então já comecei a me interessar pelas coisas que a Jr fazia e já pensava em como e poderia fazer parte. Como, na época, o presi-dente era meu amigo, Henrique Piotto, ele me colocou em um grupo de whatsapp chamado “Raposas Insper Jr”, algo assim, logo no primei-ro semestre e depois no comitê de engenharia criado pela Insper Jr. Sobre o comitê, apesar de as reuniões terem sido um tanto quanto improdutivas durante vários semestres, havia percebido a quantidade de informações per-didas entre gestões, mas nunca desanimei de dar uma chance e descobrir o que é realmente uma empresa de consultoria.

IJ: Como você acha que essa experiência na área de consultoria pode te agregar futura-mente?

Leonardo Andrade: A experiência nessa área ensina muito sobre a resolução de proble-mas, já que isto compõe boa parte do serviço de consultoria, e sobre intercâmbio de infor-

Entidades

“Engenheiros na área de consultoria”

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Por Ianê Schiphorst, consultora de marketing do Insper JR

Ela me contava sobre a Insper Jr. de uma maneira

diferente, dava para ver que ela realmente queria fazer

parte dessa instituição.

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7 | Novembro 2017

“Engenheiros na área de consultoria”

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mações, já que você trabalha o tempo inteiro com pessoas de outras áreas, com formações diferentes. Esses são dois conhecimentos que poderão me ajudar muito no futuro, tanto em minha vida profi ssional como pessoal.

IJ: Você pretende trabalhar nesse ramo? Se não, pretende trabalhar com o que?

Bruno Iampolsky: Antes de entrar na Jr., não cogitava trabalhar em uma consultoria. Mes-mo com pouco tempo na Jr. já considero forte-mente entrar em uma. Gosto muito da área de vendas, acredito que é uma área que muito me caracteriza.

IJ: Quais foram as maiores difi culdades que você enfrentou ao se deparar com trabalhos voltados a assuntos de administração e economia?

MV: A maior dificuldade de lidar com habi-lidades de administração e economia foi ter que correr atrás para aprendê-las. Engenha-ria está muito entrelaçada com a resolução de problemas mais direcionados para o pro-duto e para o serviço que o cliente oferece, enquanto que administração e economia tem mais foco na maneira como a empresa

está sendo gerida, a forma com que o pro-duto está sendo entregue ao seu cliente, a viabilidade de “o negócio estar de pé”, en-tre outros. Assim, acredito que os cursos se complementam muito. Foi esse pensamen-to, ser um profissional completo, o que me motivou a ir em busca dos conhecimentos que os meus colegas de administração e economia poderiam me proporcionar na Insper Jr. Consulting.

Para conferir a entrevista na íntegra, acesse http://www.insperjr.com.br/blog/

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8 | Novembro 2017

Entidades

Não foiapenas um jogoFinalmente aconteceu durante o feriado e

o fim de semana de Cinzas o tão esperado Economíadas. A edição desse ano contou com a união das tendas de quatro facul-

dades – FEA PUC, PUC de Campinas, FECAP e o próprio Insper. Causou polêmica no começo, mas ao final da tarde de sábado, quando a tenda do Mackenzie também foi integrada, cantavam todas as faculdades juntas “integração: tirando a ESPM tudo mundo é irmão”.

Outras faculdades nos ganharam: os secretários em primeiro, kangurus em segundo e os frangui-nhos vermelhos com o bronze. Como sempre, a Bateria Imperial estava lá para animar a torcida não só para os atletas, mas também para mostrar às ou-tras faculdades que é raposa de coração.

Desde cedo atletas levantavam aos gritos de “na-taçãaao, quadribol” para se empenhar tão bem quanto se esforçaram durante os treinos ao longo do semestre. Os jogadores davam o seu máximo -

seu suor escorria pelo chão; seus gritos se perdiam pelo ar fumacento do estádio.

Apesar da chuva, as festas aconteceram intensa-mente durante os quatro dias. Entre o alojamento e as festas, a gravidade desaparecia, William Bonner dava boa noite e a torcida fi cava muda no ônibus. Já no Banana Brasil, ao som dos cantores e DJs que lá se apresentaram, ninguém resistia fi car parado ao bom setanejo e funk.

Se perder entre tantas coisas para fazer – tomar banho no alojamento antes de tudo mundo chegar, assistir os jogos ou fi car na tenda – e se perder entre a bagun-ça nas tendas enquanto MC 2K tocava eram aspectos desses curtos quatro dias de muita diversão.

Entre tantas emoções, o Economíadas não foi ape-nas um jogo – foi uma lembrança que fi cará no co-ração de cada um, apesar de talvez não conseguir se lembrar muito bem por causa da temporária dip-somania. Assim, o nosso grande torneio do ano se passou. Ah, e só para não esquecer, ______ a GV!

Por Deborah Kang

Economíadas - São Carlos 2017

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9 | Novembro 2017

Geraçãoduas rodas

Todos já passaram por um momento frus-trante como ter uma prova, entrevista ou reunião e estar preso no congestionamen-to. Mas como podemos prever situações

como estas? Mesmo com as ferramentas que nos auxiliam - como o Waze -, as frustrações aparecem e acabamos fi cando nervosos no momento da pro-va, da entrevista e da reunião.

Agora imagine que seja um dos compromissos mais importantes da sua vida e que você tenha se preparado por um bom tempo e planejado tudo; no dia anterior viu o tempo do trajeto e programou para sair em um determinado horário. Porém algo deu errado, era esti-mado que demoras-se 20 minutos para chegar de carro ao local, mas verifi cou antes de sair e agora serão 40 minutos, e com qualquer outro imprevisto no cami-nho, não consegui-rá chegar no local a tempo. Mas, como foi tudo planejado, verifi cou que o trajeto feito por bicicleta seria de 25 minutos, e que o tempo de via-gem indo de bicicleta não sofre grandes alterações, já que difi cilmente há grandes imprevistos no traje-to, fazendo com que chegue no horário certo.

Por esses e outros motivos, podemos observar uma mudança no hábito de transporte. O aumento do uso de bicicleta, principalmente, por executivos que estão sempre se locomovendo pelas movi-

mentadas ruas de São Paulo, vem dos benefícios como redução de gastos, precisão do tempo, me-nor tempo em trânsito e melhora das condições fí-sicas. Além de ter menos preocupações e ter um dia mais produtivo.

Alguns alunos do Insper e algumas empresas viram vantagens na substituição do carro pela bicicleta, como a melhora na saúde dos ciclistas e redução dos gases emitidos pelos carros. Com isso em men-te, criaram o Pedala Insper, uma competição que oferece descontos especiais para os participantes

e prêmios para os que apresentam maior engajamento. Dessa forma, tem o objetivo de incen-tivar cada vez mais pessoas a trocar o carro, moto – e até mesmo o ônibus – pela bicicleta.

A mudança de hábi-to não é uma tarefa fácil, mas existem métodos que moti-vam a troca; a Plann to Go, empresa par-

ceira do Pedala que vende planejadores dinâmicos, auxilia a traçar o futuro e adquirir um hábito antes inexistente. Infelizmente, pedalar tem suas desvan-tagens também, afi nal, ninguém quer chegar em um compromisso cansado e suado. A E-moving, também parceira do movimento, soluciona este problema, oferecendo aluguel de bikes elétricas, uma boa solução para aqueles que moram em lo-cais mais distantes e com morros.

Entidades

Por Eduardo Tirta

Ciclovia Faria Lima - São Paulo

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10 | Novembro 2017

Opinião

Independentemente de suas preferências mu-sicais, é fato que Taylor Swift domina a arte de escrever músicas, e o que chama a atenção é que ela costuma usar experiências pessoais

para isso. Por ser uma fi gura pública, sempre se especula sobre para quem ou por quem suas mú-sicas foram escritas, já que seus relacionamentos – e brigas – acabam se tornando manchetes nos tabloides.

Assim que a cantora começou sua forte cam-panha de marketing para o lançamento de seu novo álbum, Reputation, os rumores a respeito dos shades começaram – principalmente porque, além de ser conhecida por deixar mensagens su-bliminares em seus clipes e letras, seriam as pri-meiras músicas a serem lançadas após as últimas desavenças com a família Kardashian-West.

Além das brigas a respeito de Famous – música de Kanye West mencionando Taylor -, é de co-nhecimento geral que a cantora e Katy Perry rom-peram relações após supostos confl itos envol-vendo dançarinos.

Tais brigas não fi caram apenas no campo da mú-sica ou dos famosos. A mídia infl ou tanto a briga que os fãs – entre eles, muitos adolescentes - co-meçaram a brigar uns com os outros.

Além de serem os principais consumidores da mídia, os adolescentes são grandes responsáveis pela divulgação dos artistas nas redes sociais e motivo de repercussão em seguimentos mais tradicionais de comunicação como televisão e jornais. Dessa forma, não é raro encontrar jovens discutindo por horas nas redes sociais para de-

fender seu ídolo – e quanto mais corda os artistas dão, mais horas gastas.

Em um momento de formação de caráter e per-sonalidade, jovens têm se inspirado em artistas que cultuam os chamados shades – uma forma de dar indiretas e “queimar” outra pessoa. Em tempos de manifestações contra a conquista de direitos de negros, mulheres, homossexuais, en-tre outros, nossa cultura tem ensinado que a vio-lência, principalmente verbal, prevalece – se não o interesse fi nanceiro.

Recentemente, presenciamos um crescimento in-tenso do feminismo no Brasil e no mundo, de ma-

Por Iasmin Braz e Sarah Vendrame

Holofotes

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11 | Novembro 2017

neira que as mensagens principais eram de não competição entre as mulheres e de auto aceita-ção, principalmente do próprio corpo – e até de sua orientação sexual.

Voltando ao exemplo de Taylor Swift, a cantora foi extremamente criticada pela mídia desde o início de sua carreira pelo nú-mero de namorados que já teve e por fazer músi-cas sobre seus relaciona-mentos passados. Isso a fez levantar – mesmo que modestamente – a ban-deira do feminismo, prin-cipalmente de liberdade da mulher, e união entre elas, com seu squad.

A mensagem passada por ela – e por outras artistas - é, no mínimo, ambígua, já que fi ca claro para os fãs que as palavras não condizem com as ações. Ao utilizar movimentos como o feminismo para a au-topromoção, há a possibilidade tanto de enfraque-cer ou invalidar o movimento quanto de transmitir mensagem divergente da do movimento.

Isso ocorre nos mais diversos meios e é uma for-ma válida de marketing. Mas diferentemente de marcas como O Boticário – que levantou a ban-deira da igualdade entre todas as orientações sexuais – os artistas, principalmente músicos, se mantém sob holofotes. E ali, não veem uma per-

sonalidade ou um personagem criado, mas uma pessoa. E é aí que reside o perigo de jovens se espelharem neles.

Diversas celebridades têm usado sua posição para conscientizar a respeito de questões impor-tantes, como depressão, pânico, suicídio, cutting,

abuso de álcool e drogas e, até mesmo, igualda-de e representatividade racial e de gênero nos meios artísticos. Mulheres têm, inclusive, levantado--se para denunciar abu-sos abafados pela indús-tria artística.

Mas o que chama mais atenção dos fãs e da mí-dia são as rixas entre ar-tistas. Podemos citar, por

exemplo, que isso ocorre por uma necessidade, do público em geral de consumir notícias sobre a vida privada de celebridades, por mais banais que sejam - não é surpresa que sites como o TMZ pa-gam milhões por informações privilegiadas, fotos ou vídeos e possui relevância signifi cativa no meio em que atua, sem comentar o sucesso de reality shows como Keeping Up With The Kardashians.

Essas rixas, acabam se transformando em uma narrativa, explorada de todas as formas pela mí-dia, afi nal rende visibilidade e dinheiro para o in-formante e desperta o interesse e a curiosidade de todos, que acabam sentindo a necessidade de saber o assunto que “quebrou a internet” e de que todos estão falando.

Os jovens, tem em artistas, uma idealização do ídolo a ser seguido, tudo que ele faz, acaba in-fl uenciando em suas relações pessoais, seu con-sumo, seu estilo de vida e até mesmo na política – como nas eleições presidências, quando diver-sos artistas declaram seu voto e são seguidos por uma legião de fãs. O personagem criado pela celebridade, a narrativa e o contexto em que ele é induzido vai muito além de brigas em redes sociais ou shades. Eles - direta ou indiretamente - acabam infl uenciando em uma construção de caráter e ideologia.

Isso não quer dizer que Taylor Swift, ou qual-quer outro artista está fadado a ser um vilão na vida de adolescentes, muito pelo contrário, mas é necessário se conscientizar do papel que acabam fazendo na sociedade e que im-portância isso tem.

Os jovens, tem em artistas, uma idealização do ídolo a ser seguido, tudo que ele

faz, acaba influenciando em suas relações pessoais, seu consumo, seu estilo de vida

e até mesmo na política

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12 | Novembro 2017

Artigo

Se eu tivesse uma máquina do tempo hoje, voltaria para 2010 e venderia uma pizza por 10 mil Bitcoins. Sim, o que vale hoje apro-ximadamente 137 milhões de reais, há sete

anos valia apenas uma pizza.

A primeira criptomoeda foi o Bitcoin, criada duran-te o movimento Cypherpunk, o qual queria permitir transações online através de códigos criptografa-dos e, assim, impedir o controle dos agentes go-vernamentais. Ressalta-se que o meio de transação pelo qual o Bitcoin funciona é chamado de block-chain.

Hoje existem diferentes formas de adquirir Bitcoins: Comprando de uma pessoa física ou de uma corre-tora, aceitando as moedas digitais como forma de pagamento de uma tarefa ou de um serviço e mi-nerando-os. A primeira vez que ouvi o termo “Mine-rar Bitcoins”, pensei em um programador trancado em uma caverna com uma picareta. Incrivelmente, é um pouco mais complicado -- de forma leiga e

rápida, os mineradores verifi cam as transações dos Bitcoins garantindo a segurança da moeda digital e da rede. Realizando a mineração, é possível coletar novos Bitcoins como forma de recompensa.

As moedas digitais estão em pauta nos bancos cen-trais de várias partes do mundo: o Banco Central do Reino Unido, Bank of England, já está tentando criar sua própria criptomoeda. Enquanto isso, a China anunciou na primeira semana de setembro que iria fechar as portas para os ICO, IPO das mo-edas digitais. Já no Brasil, o nosso Banco Central acompanha atentamente tanto o tema das moedas digitais, como o de blockchain.

As instituições fi nanceiras não pretendem fi car para trás e já têm planos de usar a tecnologia por trás dos Bitcoins. A FEBRABAN, Federação Brasileira dos Bancos, criou um grupo de trabalho com os grandes bancos para estudar e desenvolver produ-tos envolvendo o Blockchain. Além disso, em níveis globais a B3 (Joint venture da Bolsa de valores e

da Cetip), o Itaú e o Bradesco já ad-quiriam uma participação na R3, um consórcio que visa colaborar e de-senvolver produtos nível global por meio da mesma tecnologia.

Hoje um dos pontos mais discutidos envolvendo o Bitcoin é se esse se encontra numa bolha ou não, já que a cotação do Bitcoin está seguindo uma curva crescente desde o início do ano. Só é possível dizer que os donos das atuais máquinas do tem-po, além de já saberem a resposta, provavelmente abriram uma pizzaria em 2010 e hoje são milionários.

Por Fabia Milano

Bitcoins e uma máquina do tempo

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13 | Novembro 2017

Ao longo da graduação diferentes te-mas e pesquisas surgem em meio à grade obrigatória ou à curiosidade intelectual. Assim, separei três dicas

de artigos acadêmicos que julgo interessan-tes para aquele momento procrastinador pós provas.

MADALOZZO, R. - Occupational Segregation and the Gender Wage Gap in Brazil: An Empi-rical Analysis.

Nesse paper é estudada a existência de uma diferença salarial entre gêneros. Nos últimos 40 anos, houve um aumento da participa-ção feminina no mercado de trabalho e nos empregos ditos “masculinos”. Contudo, esse aumento não levou a uma igualdade salarial entre os gêneros. O paper analisa a diferença em diferentes setores de trabalho e se há uma disparidade explicada por outras variáveis além das controladas. Analisando os anos 1978, 1988, 1998 e 2007, a autora faz regres-sões diferenciando entre homens e mulheres trabalhadores usando o salário como variável resposta. E utiliza o método Oxaca para de-monstrar que a desigualdade entre salários de homens e mulheres nos anos estudados e que está diminuindo.

D’Astous & Chartier - A Study of Factors Af-fecting Consumer Evaluations and Memory of Product Placements in Movies

O estudo de efeitos de propagandas em fi l-mes ainda é pequeno. D’Astous & Chartier

analisam a consequência um produto coloca-do em um fi lme tem em consumidores. No estudo, 103 frequentadores de cinema fo-ram questionados em relação a 18 produtos que foram colocados em 11 fi lmes. Depois de uma semana, o grupo foi questionado so-bre quais produtos conseguiam lembrar. O resultado dessa pesquisa mostrou que se os produtos não estiverem relacionados com a história do fi lme ou com os atores principais tem pouco efeito nos potenciais consumido-res. Assim, concluem que propagandas em fi lmes terão um pequeno impacto no consu-mo de frequentadores de cinema.

M. F. R. Miles - Art in hospitals: does it work? A survey of evaluation of arts pro-jects in the NHS

Esse estudo examina o efeito que a arte possui em hospitais. Mencionando um es-tudo por Roger Ulrich que analisa a recu-peração dos pacientes cirúrgicos com pai-sagens em seus quartos comparando a de pacientes sem. Observando um hospital para deficientes mentais na Escócia, o au-tor usa um grupo de controle e outro de tratamento para compreender os efeitos da exposição de artes nos pacientes e na ex-periência de enfermeiros com seus pacien-tes. Constatando que a arte tem um efeito positivo na melhora de seus pacientes e na qualidade de trabalho dos enfermeiros na instituição mental.

Procurando alguma leitura para as férias? Por Luiza Morelli

Artigo

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14 | Novembro 2017

Insper Acontece

No debate sobre renovação política que aconteceu no dia 28 de agosto, estavam presentes Fernando Had-dad, professor do Insper e ex-pre-

feito de São Paulo, Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados e, mediando o debate, Guilherme Evelin da revista Época. Muitos assuntos fo-ram discutidos, que giraram em torno da renovação política no Brasil – desde a PEC do distritão até o ca-ciquismo nos partidos políticos.

A questão no momen-to, segundo Maia, não é se renovar, e sim como renovar. A PEC 77/03 é uma das propostas para fazer essa renovação. Apresentou e defendeu os dois maiores pontos: o fi nanciamento privado de campanha e o sistema eleitoral, que muda-ria de proporcional para distritão e distrital misto. Segundo ele, o sistema atual é menos conservador na renovação – facilita quem já sabe de política, mas difi culta os de fora. Disse também que apoia o fi nanciamento de campanhas eleitorais por agentes privados, com certas limitações.

Já Haddad partiu com a premissa de que um congresso deve representar a diversidade. O risco do voto majoritário (distritão) proposto pela PEC é não representá-la e deixar de dis-cutir pautas chaves para minorias; desde que o sistema distrital misto também cumpra o seu dever, não vê problemas. Além disso, o voto

majoritário é utilizado para escolher o pre-sidente e deputados. Contudo, é contra o apoio fi nanceiro priva-do, por existirem outros meios de gastar menos recursos do governo. Ainda, condenou ou-tros fatores que podem ter impacto na repre-sentatividade, como a cláusula de desempe-

nho, que restringe partidos com votos abaixo de certa porcentagem, e a proibição de coliga-ções proporcionais, que também aumentam as chances de partidos menores afi m de se elege-rem ao Legislativo.

Houve um consenso entre os dois debatentes, apesar das suas diferenças, sobre a instituição do parlamentarismo no Brasil e a participação na política por famílias. Haddad afi rmou que é inadmissível fazer um outro plebiscito para es-

Por Deborah Kang e Iasmin Patrícia Souza

A renovação

Palácio do Planalto - Brasília

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15 | Novembro 2017

da política b r a s i l e i r a

Insper Acontece

perar “amadurecer” a opinião pública, enquanto Maia lembrou que é preciso priorizar o sistema eleitoral acima de qualquer mudança do tipo. O presidente, cujo pai também é político, recor-dou que até a sua posição política é diferente da do pai e que conseguiu ir ainda mais longe, che-gando à presidência da Câmara. O ex-prefeito concordou e disse que não vê problemas com famílias que participam ativamente na política.

Com a situação que se prevê para 2018, o presidente terá enormes difi culdades para governar e, portanto, de acordo com Had-dad, é necessário acionar o TSE para acabar com as coligações proporcionais, pois não há tempo sufi ciente. Para Maia, porém, legislar é o trabalho do Congresso, e não do TSE. É evi-dente que a agenda política do Brasil mudou, pois é possível agora votar em medidas mais polêmicas, que antes teriam prejudicado a popularidade dos partidos, como aconteceu

com os Democratas depois de votar em uma lei trabalhista – “quase não fui eleito”, lembra. Assim, não há necessidade de acionar o TSE.

O presidente da Câmara continuou: uma me-dida revolucionária para democratizar a vida partidária seria proibir o diretório provisório nos partidos, que supostamente acabaria com os “caciques” partidários. O ex-prefeito enfatizou a mesma posição tomada por Maia; que a falta de renovação pode criar a fi gura do cacique, ou dono do partido.

Quando perguntado sobre como resgatar a confi ança da população, Haddad previu que será difícil resgatá-la, pois essa perda é de-vido a sua má representação política. “Neste momento, os partidos estão em seus piores momentos. Vamos ver como as forças da elei-ção fazem reorganizar a política – tem muita ferida aberta”, disse ele.

SISTEMA PROPORCIONAL – atualmente, contam os votos da-dos ao candidato, ao seu partido e à sua coligação para se ele-ger ao poder legislativo.

SISTEMA DISTRITAL MISTO – de 2022 em diante, metade das vagas de cada estado são ocupadas pelo candidato votado pelos eleitores e outra metade é preenchida pelos partidos, que também serão votados pelo eleitor.

COLIGAÇÃO PROPORCIONAL – nesse sistema de contagem de votos, os votos de todos os candidatos que fazem parte da coligação e da própria coligação são somados juntos. Assim, são as coligações, e não partidos, que conquistam as cadeiras do Legislativo.

SISTEMA “DISTRITÃO” – de 2018 a 2020, os mais votados serão elegidos

v o c a b u l á r i o

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16 | Novembro 2017

A ERA DO ÓDIOCapa

Nos últimos meses o mundo presenciou acontecimentos incríveis – palavra aqui empregada para demonstrar a difi culda-de que tivemos para acreditar que tais

coisas pudessem ocorrer em pleno século XXI. Comecemos pela eleição de Donald Trump como 45º presidente dos Estados Unidos – o cenário mais improvável após o país ter elegido seu pri-meiro presidente negro – e, então, diversos movi-mentos extremistas começaram a dar as caras.

Pessoas que, nunca antes tendo expressado suas opiniões pela certeza de serem rechaçados, pas-saram a organizar-se em grupos e falar aberta-mente sobre suas “opiniões”, pois viram no presi-dente uma segurança não encontrada em Barack Obama. Ao mesmo tempo, pessoas e grupos que se encheram de esperança e tiveram voz nos últimos oito anos, se viram ameaçados pela as-censão de movimentos xenofóbicos, homofóbi-cos, racistas e sexistas.

Mas a grande questão é: como mudanças tão ra-dicais aconteceram tão de repente?

Se voltarmos alguns anos na história dos Estados Unidos, podemos estudar seu histórico racista mesmo após a abolição da escravatura, quando não houve miscigenação e havia separação total de negros e brancos, o que deu força a movimen-tos racistas, sendo a Ku Klux Klan o mais famoso.

O grupo extremista Ku Klux Klan (KKK) nasceu como organização secreta em 1865 no sul dos EUA, após a Guerra de Secessão (1861-1865) e já chegou a possuir milhões de membros. Após perderem a guerra que estabeleceu a abolição da mão de obra escrava no país, sulistas compro-metidos com a manutenção da supremacia bran-

ca passaram a aterrorizar os negros com seus roupões e capuzes brancos, que serviam para es-conderem sua identidade. Em 1882, a existência

do grupo foi considerada inconstitucional pela Suprema Corte estadunidense e pareceu ter sido desfeita.

Mais de 30 anos depois, surgiu, de maneira ile-gal, uma segunda KKK, em 1915, no estado da Geórgia. A nova organização tinha como alvo não só negros, mas com ideais xenófobos e na-cionalistas atacavam também imigrantes, cató-licos e judeus – todo que não fosse branco, an-glo-saxão e protestante (WASP). Após a Grande

Por Por Iasmin Braz e Sarah Vendrame

Caminhada em Charlottesville, Virgínia - EUA

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17 | Novembro 2017

A ERA DO ÓDIODepressão, perdeu força novamente, e só a reto-mou na década de 60, na luta pelos direitos civis e pela igualdade racial – com protagonismo de

Martin Luther King, Malcom X e Panteras Negras -, quando sofreram vários processos na justiça e foram condenados a indenizar famílias dos atin-gidos pelos crimes da KKK.

Hoje em dia, é um grupo de extrema direita, com ideais neonazistas, voltados para a supremacia branca. Não se sabe ao certo suas atividades nos últimos anos mas, desde a eleição de Donald Trump, têm aparecido na mídia como apoiadores do presidente e de seus ideais – principalmente

pelos diversos movimentos contra o racismo e contra a violência policial no último ano.

Um dos episódios mais recentes – e que trouxe o assunto de volta aos holofotes – foi uma cami-nhada em Charlottesville, na Virgínia organizadas pelo próprio grupo. Ao som de gritos com fra-ses como “vidas brancas importam”, em referên-cia ao movimento negro, e “vocês não vão nos substituir”, como ataque aos imigrantes, tinham como objetivo “unir a direita”, com referências ao nazismo e a Hitler, e demonstrações de desprezo a outros grupos, como homossexuais, latinos e muçulmanos. Além disso, parte marcante da ca-minhada se deveu à clara referência à KKK, já que caminhavam com tochas.

Estudiosos acreditam que a eleição de Donald Trump, juntamente com os últimos 8 anos de Barack Obama na presidência, tenha corrobo-rado para a ascensão desse tipo de movimen-to, uma vez que veem em Trump uma esperan-ça para desfazer todos os avanços conquista-dos durante os mandatos de Obama para ne-gros e imigrantes.

Ao mesmo tempo, a extrema direita cresce em outros países. No Reino Unido, por exemplo, ano passado foi votado, pela primeira vez, pela saída da União Europeia. Com a grande quantidade de refugiados sírios, diversos países europeus criaram medidas para impedir que eles perma-necessem.

Já no Brasil, vemos o avanço da fi gura de Jair Bol-sonaro. Extremamente caricato, levanta bandei-ras impopulares e foi retratado pela revista Veja como “a maior ameaça que o Brasil já enfrentou no atual ciclo democrático”. Antes completamen-

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18 | Novembro 2017

Capa

te improvável para qualquer cargo de grande porte, o deputado - que até hoje só conseguiu passar dois projetos – está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para presidente em 2018, fi cando apenas atrás de Lula, que corre o risco de ser impedido de se candidatar.

Em entrevista conosco, o cientista social e pro-fessor do Insper Carlos Melo apontou que o epi-sódio de Charlottesville, bem como o avanço de movimentos extremistas, pode estar ligado ao descontentamento de parcela da população com sua situação. “Imagina esse contingente enorme de pessoas que até têm alguma formação, mas que fi caram de fora desse processo de mudanças tecnológicas e sistêmicas e se veem sem empre-go, sem assistência, sem proteção. Quando eles procuram de quem é a culpa, é sempre do outro. É sempre daquele que não é um espelho para ele. Então é daquele que tem uma orientação sexual diferente da dele, aquele que tem a cor da pele diferente, valores culturais diferentes; aquele que não é ele é o inimigo e tem que ser eliminado”. Acontece o que Melo chama de “utopia regressi-va”, em que há um saudosismo de quando havia a supremacia dos seus. No caso dos EUA, era uma supremacia branca. “É uma fuga para o passado. É uma utopia porque não haverá mais uma socie-dade como no passado. Não haverá mais uma indústria automobilística como no passado. Mas quando se escolhe um presidente como o Trump, é uma utopia regressiva”, explica.

Em relação ao modelo eleitoral norte-americano, Fernando Schuler, professor do Insper e doutor em fi losofi a explica que a eleição de Trump é um refl exo da democracia estadunidense. “O sistema político americano foi pensado, no fi nal do século XVIII, exatamente para evitar uma ameaça popu-lista. Foi este o sentido da criação do colégio elei-toral, ao invés da adoção da eleição direta. Obser-ve a quantidade de fi ltros pelos quais Trump teve que passar até chegar à Casa Branca. Teve que ser aceito em um grande partido, disputar as previas, assegurar votos nos Estados e depois vencer no colégio eleitoral. Ele é, nesse sentido, um resulta-do “profundo” da democracia americana”.

Ainda sobre a eleição de Donald Trump e sobre a ascensão de movimentos supremacistas, Melo não acredita que seja uma questão cíclica de avanços e retrocessos culturais. “Talvez os pro-blemas já estivessem presentes e só se desen-volveram ao longo do tempo. Não cessaram e

depois voltaram. O fi lme Um Dia de Fúria (1993), aborda temas e percebe um desconforto na so-ciedade que só fi cou evidente 30 anos depois”.

Quando perguntados sobre a semelhança entre Trump e Doria – ambos sem uma carreira política prévia e gestores de grandes empresas -, Melo respondeu que não existe gestão sem política. “Pergunte para qualquer CEO sério se ele não faz política, se ele não negocia, se não conside-ra confl itos, diferenças. Pergunta para qualquer CEO sério se ele consegue gerir um negócio sem fazer política”. Acrescentou, ainda, que as pesso-as negam a política pois a mesma não consegue entender as transformações pelas quais o mun-do está passando tão rapidamente e, portanto, não consegue oferecer às pessoas as respostas que buscam. “As transformações são tão grandes que a política acaba sendo atropelada pelas no-vas tecnologias, nova economia, nova socieda-de”. Já Schuler acredita ser uma vitória da demo-

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19 | Novembro 2017

cracia. “A “destruição criadora” schumpeteriana também funciona no mundo político. Novas for-mas de participação e representação substituem velhas instituições. A demanda vem dos cida-dãos. Trump deu voz a um enorme contingente de americanos que simplesmente não se sentia representado pelos políticos tradicionais. Não é por acaso que ele fez explodir a participação po-pular nas prévias do Partido Republicano. Tudo isto é democracia. Talvez não com os resultados eleitorais que nós gostaríamos, mas isto não im-porta. A democracia é assim”, acrescentou.

Ao mesmo tempo que há certa comparação entre Trump e Dória, a comparação entre o presidente estadunidense e Jair Bolsonaro tem se tornado cada vez mais frequente. Mas Fernando Schuler diz não acreditar que Bolsonaro tenha chances reais em uma eleição presidencial de dois turnos. Melo afi rma que a crise de liderança política no Brasil leva ao surgimento de fi guras como a dele, que chegam como “salvadores da pátria”, e, não por acaso no Brasil, uma fi gura militar.

Além de Bolsonaro, um nome peculiar que tem crescido na direita é Fernando Holiday. “São fi -guras muito diferentes. Fernando Holiday é um jovem ativista negro que pede igualdade de di-reitos. Pode-se discordar de suas opiniões em muitos assuntos, mas o fato é que ele é uma no-vidade. E sofre, por causa disso, toda a sorte de preconceitos. Já vi ele sendo chamado de “capi-

tão do mato” e acusado de “não ser verdadeira-mente negro”. Tudo isto é absurdo. Acho fantásti-co escutar um jovem negro dizendo: “não quero nenhum privilégio, exijo apenas meus direitos, e eles são iguais aos de vocês” Só isto já é uma revolução, no Brasil.” – coloca Schuler. Já Carlos Melo enfatiza a importância da militância, seja de direita, seja de esquerda.

Na entrevista, também abordamos “A Ameaça Bolsonaro” retratada na Revista VEJA, e pergun-tamos se a eventual eleição do deputado repre-sentaria, de fato, uma ameaça para a democracia brasileira. “O Brasil tem instituições. É uma de-mocracia consolidada. Passamos por um impea-chment contra o maior partido brasileiro, e não vimos nossa democracia ameaçada em nenhum momento. Temos uma Suprema Corte respeita-da, um judiciário independente e as Forças Ar-madas em perfeito funcionamento constitucio-nal. Temos uma imprensa forte e uma sociedade civil já bastante madura. O PT fi cou 13 anos no poder e não arranhou nossas instituições. Não nos tornamos nada parecido com uma Venezue-la. Com Bolsonaro seria a mesma coisa. Se ele for eleito, teremos alguns anos agitados, ouviremos muita coisa que não irá nos agradar, mas a vida segue. Não há risco nenhum. Há apenas agitação política, o que também é normal na democracia” – afi rmou Schuler. O professor Carlos Melo acre-dita que o problema seja mais profundo. “A de-mocracia como nós conhecemos está mudando. Há uma grande crise de liderança política. Não sabemos se a democracia vai mudar ou se vamos para outro modelo. O que sabemos é que o me-canismo pensado para a democracia, os partidos políticos, não consegue corresponder mais. Se continuar baseada no universalismo de proce-dimentos e participação do indivíduo comum, acredito que continuaremos no campo da demo-cracia, apesar de grandes mudanças”.

O que podemos concluir é que o mundo está mudando de maneira extremamente rápida e, como a política, a sociedade deve estar pronta para se ajustar, e não se levar para um saudosis-mo – muitas vezes perigoso para a humanidade como um todo. Para nos protegermos, só pode-mos contar com as mudanças - nossa única cons-tante. Sempre existirão divergências entre direita e esquerda - não seria uma democracia se não existisse - mas devemos estar atentos para que isso não seja sinônimo de retrocesso ou margem para quaisquer tipos de violência.

Concurso

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20 | Novembro 2017

Insper Acontece

Como relatado na edição anterior do Insper Post, a “Toca da Raposa” é a nova moradia para bolsistas inte-grais do Insper, situada num prédio

doado pela Fundação Brava, a poucos minu-tos à pé da faculdade. A Toca foi fi nalizada e inaugurada em agosto desse ano, e atual-mente já conta com 50 moradores bolsistas, sendo 15 meninas e 35 meninos.

A infraestrutura é incrível; tudo muito tecno-lógico e novo. A cozinha é muito bem equi-pada, e a portaria conta com chave eletrôni-ca. O acesso de “estranhos” é controlado e limitado, promovendo uma maior seguran-ça aos alunos. Instrumentos musicais, vide-ogames e rodas de conversa predominam, formando um ambiente bem interativo e confortável.

O conceito de “lar” é bem forte para os bolsistas; morar com vários outros alunos que têm o mesmo foco que você é um grande incentivo e ajuda em momentos difíceis, formando uma família Insper.

“Com a minha mais pura sinceridade, eu digo que uma das minhas melhores experiencias de estudar no Insper tem sido morar na Toca. Qua-

se todos os dias ao chegar da faculdade, extra-polo o tempo conversando com meus colegas, dividindo comida, risadas e sufocos. A estrutu-ra da Toca em si é fantástica, mas as pessoas são imbatíveis. A palavra que defi ne a Toca para mim é lar”, conta Thaíza Loiola Silva, do primeiro se-mestre de Economia.

Os alunos vêm de várias cidades e de outros es-tados, o que contribui para uma diversidade cultu-ral incrível, num lugar onde cada um compartilha um pouco da sua vivência. André Braga Amorim de Almeida, do primeiro semestre de administra-ção, conta: “A experiencia aqui na Toca da Raposa está sendo incrível. Converso com todos e descu-bro uma imensidão de pensamentos diferentes dos meus, por vezes até simples, mas que pode fazer a diferença na realidade de alguém.”.

Ele continua, explicando como funciona o ‘ge-renciamento’ da Toca: existem os líderes de cada andar; eles têm a responsabilidade de ser o inter-mediador entre os bolsistas da casa e o Insper em qualquer situação. Todos se reúnem aos domingos para dialogar sobre acontecimentos e problemas, a fi m de encontrar soluções e possíveis melhorias.

Por Maria Clara Luques

A Toca da Raposa

Toca da Raposa - Moradia Estudantil

Toca da Raposa - Moradia Estudantil

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21 | Novembro 2017

Insper Acontece

Claudio Haddad foi o grande idealizador do Programa de Bolsas do Insper e, desde o início, em 2004, recebe o apoio de muitos parceiros, que se somaram ao longo dos

anos, para que o sonho de estudar no Insper, se tor-nasse realidade aos 260 alunos já formados e, aos atuais 245 alunos que estudam com algum tipo de bolsa – integral ou restituível.

O Insper é uma instituição sem fi ns lucrativos e com visão de longo prazo. Para garantir a excelência nas áreas de atuação, reinveste-se o superávit nas ativi-dades de ensino e pesquisa.

O Programa de Bolsas depende de doações e fe-lizmente, muitos - pessoas físicas, empresas, insti-tutos, comunidade alumni, professores e alunos - acreditam no mesmo sonho de que a educação é o caminho da transfor-mação e desenvol-vimento do ser hu-mano, da economia e da sociedade. Nós queremos que todos possam ter acesso a uma educação de qualidade.

Atrair o interesse e o engajamento da sociedade aumenta nossa responsabilidade e compromisso em atender as expectativas. O Programa de Bolsas possibilita que jovens talentos aprovados no vestibular, que queiram estudar no Insper, independentemente de

renda, possam fazer esta escolha. São jovens com grande potencial acadêmico e vindos de diversas regiões do Brasil e de realidades socioeconômicas

diferentes, o que tor-na o programa ainda mais especial: pro-mover a diversidade na escola destrói mu-ros e constrói pontes entre as pessoas, que, aprendem muito com a troca de experiên-cia que esse convívio proporciona.

O número de pedi-dos de bolsas tem aumentado, assim como nosso desafi o de atender às solicita-ções. Nosso desejo é

atender, cada vez mais, um maior número de alunos, por isso a captação de recursos é tão importante.

Sob orientação da diretoria e do Marcos Lisboa, presidente do Insper fortemente engajado com o projeto, há a equipe de relacionamento institucio-nal, com dedicação especial em mobilizar recursos e acompanhar os alunos bolsistas. “Estar próximo deles, facilita esse processo. É estimulante ver o quanto estão engajados na escola e nos estudos. Certamente serão líderes de sucesso e, participar dessa transformação é gratifi cante”, afi rma Ana Ca-rolina Velasco, gerente de Relacionamento Institu-cional do Insper.

Programa de Bolsas Insper“Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade.”

Cervantes

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018.1

pedidos de bolsas 106 144 203 218 283 385 273

concessão de bolsas 100 116 141 178 214 245

106144

203 218

283

385

273

100 116141

178214

245

Pedidos e concessões de bolsas

pedidos de bolsas concessão de bolsas

Restituiçãodos alumnibolsistasparciais

Doações PF & PJ

Transferência de 1% da receita da

graduação

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Pedidos e concessões de bolsas

pedidos de bolsas concessão de bolsas

Restituiçãodos alumnibolsistasparciais

Doações PF & PJ

Transferência de 1% da receita da

graduação

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pedidos de bolsas 106 144 203 218 283 385 273

concessão de bolsas 100 116 141 178 214 245

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Pedidos e concessões de bolsas

pedidos de bolsas concessão de bolsas

Restituiçãodos alumnibolsistasparciais

Doações PF & PJ

Transferência de 1% da receita da

graduação

Onde alguns deles estão hoje, após formados?

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pedidos de bolsas 106 144 203 218 283 385 273

concessão de bolsas 100 116 141 178 214 245

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Pedidos e concessões de bolsas

pedidos de bolsas concessão de bolsas

Restituiçãodos alumnibolsistasparciais

Doações PF & PJ

Transferência de 1% da receita da

graduação

Para garantir o apoio contínuo ao programa de bolsas, são três as principais fontes que compõem os recursos: transfe-rência de 1% da receita da graduação, restituição dos bolsis-tas parciais formados e doações de pessoas física e jurídica.

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22 | Novembro 2017

A arte de empreender motiva pessoas desde sempre. O ato de criar um novo negócio com a sua cara é uma ideia ca-tivante para muitos brasileiros. Ultima-

mente, uma vertente do empreendedorismo está em alta: o empreendedorismo social, um negócio que gera lucro e ao mesmo tempo ajuda a solu-cionar um problema social. As empresas sociais, diferentes das ONGs ou de empresas comuns, utilizam mecanismos de mercado para, por meio da sua atividade principal, buscar soluções para problemas sociais.

Conversando com o aluno Mihael Blan-che tivemos a opor-tunidade de conhe-cer sua consultoria e entender a impor-tância e obstáculos desse setor no Bra-sil. A Nítida é uma consultoria focada em desenvolver e implementar proje-tos sociais para em-presas que desejam expandir seus investimentos em responsabilidade social, atualmente composta por cinco pessoas, sendo eles alunos de graduação FEA-USP, INSPER e FGV. Segundo Mihael, a motivação de se tornar um empreendedor social surgiu após a experiên-cia de dois anos no GAS Insper, onde pôde par-ticipar da criação de novos projetos na entidade.

Apesar do engajamento em causas sociais estar crescendo no Brasil, ainda existem alguns obstá-

culos para quem quer empreender nessa área. Além da burocracia lenta comentada por todos que já passaram pela experiência de abrir seu próprio negócio, um empreendedor social pode enfrentar desafi os como a difi culdade para con-ciliar seu propósito e impacto com a viabilidade fi nanceira.

O Brasil ainda está atrás de países mais desen-volvidos neste assunto, entretanto o fundador da Nítida acredita que houveram muitos avan-ços quando se trata da relação do brasileiro

com a responsabili-dade social nos úl-timos anos. Segun-do uma pesquisa do Bank of America com investidores de maior renda, 52% dos millenials (pessoas entre 21 e 36 anos) mostram maior interesse de investir em impac-to enquanto que, na geração X (en-tre 37 e 52 anos),

esse número cai para 37% e nos baby boomers (entre 53 e 72 anos), 29%. Com essa informa-ção, Mihael conclui que cabe a nossa geração a responsabilidade de envolvermos, cada vez mais, preocupações socioambientais em nos-sas decisões e, dessa forma, contribuindo para a construção de uma sociedade melhor e com mais oportunidades.

Por Gabriela Marcotti

De aluno para aluno

https://www.facebook.com/nitidasocial/

EMPREENDIMENTOSOCIAL NO BRASIL

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23 | Novembro 2017

Em 2015, desenvolvi junto com o meu grupo o Bu-siness Plan do antigo “Insper Hall” que em 2017 se tornou a Toca da Raposa. Ter participado do pro-cesso de desenvolvimento, e da criação do projeto

e ver seu resultado positivo despertou grande interesse em mim. Percebi que não estava feliz trabalhando no mercado fi nanceiro e quis seguir o meu próprio caminho, buscar algo mais gratifi cante com signifi cado expressivo. Foi aí que me matriculei, no começo deste ano, na ma-téria startup lab, com Marcelo Nakagawa (um excelente professor e mentor). Em uma primeira etapa, eu e minha sócia Stephanie Edenburg conse-guimos fazer com que uma simples ideia tomasse forma e conteúdo: a 4Student estava começando. O que parecia tão longe e difícil de re-alizar tornou-se hoje a nossa maior conquista, a 4Student Imóveis Ltda.

No começo desse ano, minha pri-ma entrou na faculdade de medi-cina em Jundiaí; foi um momento de grande felicidade para a família, mas junto com isso, uma série de difi culdades: como encontrar mo-radia segura e próxima à faculdade, em uma cidade que, para eles, era desconhecida. Observando esse momento, Stephanie percebeu a sorte de os pais terem condições de acompanhar tudo, fi car em ho-tel com a fi lha e voltar quando fosse preciso, até encontrarem a moradia perfeita. Assim mesmo, foi um pro-cesso longo e cansativo. Nós perce-bemos o grau de difi culdade que muitos vivenciam por falta de tempo ou condições de se locomover até encon-trar um apartamento e vir para uma cidade tão grande, dinâmica, caótica e perigosa como São Paulo.

Foi assim que criamos a 4Student, com o intuito de ajudar e passar segurança aos estudantes (e seus fami-liares) que vêm de fora de São Paulo e do Brasil. Sele-cionamos apartamentos próximos à faculdade, com as opções de compartilharem o espaço com outros estu-dantes ou morarem sozinhos. Nós auxiliamos no que for preciso, indicamos serviços, sugerimos viagens,

bares, restaurantes, seguro de saúde, apps e tudo que tenha a ver com a vida universitária.

“4student took care of us from the fi rst day we arrived in Sao Paulo. They met us right after we got off the plain and since that day, they have been amazing.

Because of 4Student, São Paulo feels like a home to me, and I felt that pretty fast after I met them. They told me about the city, what to see, where to go, places we should be careful and how to act, also what where to fi nd what we were looking for - Sofi e Bolding (Exchan-

ge student from Denmark)

Um dos maiores aprendizados que tivemos foi que tudo tem seu tempo e que não se pode pular etapas. Compreendendo isso, é possível fazer um trabalho de modo efi ciente e competente no caminho certo para atingir o tão desejado sucesso.

Dos desafi os que surgiram, o mais difícil foi passar credibilidade aos clientes, estudantes e proprietá-rios, uma vez que a nossa empre-sa estava em estado embrionário. Com um trabalho sério e efi ciente, ao passar do tempo e com as ex-periências que tivemos junto aos nossos clientes, percebemos, com grande felicidade, a necessidade de um trabalho como o nosso no mercado. Isso nos incentivou muito.

Por enquanto, estamos trabalhando nas regiões próxi-mas ao Insper, que tem nos apoiado bastante. A Uni-versidade Anhembi Morumbi Vila Olímpia é nossa próxima meta, assim como outras grandes instituições de ensino. Temos como objetivo expandir para outras faculdades de São Paulo, em seguida, ir para outras grandes metrópoles e, enfi m, para o Brasil e exterior. Nossa meta a longo prazo é fornecer apoio integral aos estudantes oferecendo a eles tudo que está ligado à vida universitária.

Por Stephanie Edenburg e Pedro Tormin

De aluno para aluno

https://www.facebook.com/rent4student/

4STUDENT

Pedro Tormin e Stepanhie Edenburg

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24 | Novembro 2017

Eu comecei a minha carreira profi ssional em um banco multinacional na área de análise de crédito corporativo enquanto ainda estava na faculdade. Para algumas pessoas, aquilo podia ser um sonho: banco, setor fi nanceiro, contato com empresas. Mas sentia que este trabalho não me proporcio-nava tanto contato com a minha área (economia). Busquei novas alternativas e fui para uma consul-toria econômica, onde trabalhei por 1 ano e meio e me proporcionou extremo crescimento pessoal e profi ssional.

Eu também não trabalhava com economia lá. Mi-nha área era Investimentos e Negócios, em outras palavras, valuation. Mas eu ainda não me identifi -cava com o propósito do meu trabalho e comecei a me sentir mais perdida do que nunca, o que me levou a um período de autoconhecimento funda-mental. Eu sempre tive necessidade de trabalhar com um propósito, especialmente ambiental ou social. Além da minha graduação em economia, também sou formada em técnico em meio am-biente e dediquei muitas horas da minha vida a trabalhos voluntários (Projeto Bem Gasto, no Ins-per) e buscas sobre como tornar o mundo um lu-gar mais sustentável.

Voltei então a uma paixão antiga: o empreende-dorismo. Quando eu era pequena, por volta de 13 anos, já havia começado algumas “empresas” sem nem conhecer muito bem a palavra “empreen-der”. Paralelamente ao estágio na consultoria, me inscrevi no Empreenda, do CEMPI, com uma em-presa que chamamos de Cokombi: uma Kombi de delivery de água de coco 100% natural na cidade

de São Paulo. Para nossa surpresa, fi camos em 2º lugar na categoria graduação, porém a ideia nunca saiu do papel. No ano seguinte tentei no-vamente, desta vez com o beGreen na categoria executiva, um e-commerce de produtos naturais e sem testes em animais. Após a faculdade, fi z um curso de programação a noite durante 3 me-ses onde aprendi um pouquinho sobre tecnolo-gias, e isso nos ajudou bastante na construção do site. Este mesmo curso nos possibilitou apre-sentar nossa ideia no auditório do Google Cam-pus para uma plateia com investidores e pessoas infl uentes. Com o beGreen, consegui me aproxi-mar de causas que eu acredito e me identifi co, mesmo enquanto ainda trabalhava com algo que não me via fazendo ao longo dos próximos anos. Paralelamente frequentei cursos e palestras no Insper de temas que me interessam, como um curso incrível da Cátedra Economia e Meio Am-biente com o Bernard Appy.

Em março deste ano, me inscrevi em um curso para jovens líderes e fui aprovada para, durante 18 fi nais de semana, debater questões sociais, econômicas e políticas com jovens do Brasil todo. Ali me encontrei: era isso! No meio do caminho, mudei de emprego. Apesar de ainda sem propó-sito ambiental e social, estava mais perto do meu propósito. Agora trabalho em business develop-ment em uma startup, desenvolvendo novos pro-jetos, parcerias e MVPs (Mínimo Produto Viável)! Por fi m, o projeto fi nal do meu curso era montar uma empresa, e com isso surgiu o Flor+1, minha nova paixão. Uma fl oricultura com propósito so-cial e ambiental.

Alumni

ALUMNI:

Conselho de Veterano:

Vida profi ssional:

Nome: Marina Porto Amador Idade: 23 anos Curso: Economia Formatura: 2016Contato: [email protected]

Meus conselhos para quem ainda não se encontrou:(i) Faça cursos de temas que você goste, oportunidades e ideias surgirão deles!; (ii) Se arrisque;

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25 | Novembro 2017

Não acredito que realização profi ssional exista de maneira permanente. Assim como outros aspec-tos da vida, no trabalho alguns dias você acha que “é o cara” e outros você tem vontade de sumir. Faz parte. O importante é aprender a “gostar do que faz” e procurar fazer bem e com máximo empenho qualquer tarefa que você se comprometa a fazer, se desafi ando a fazer melhor sempre. A corrida é contra o você de ontem.

Desde adolescente eu me interesso pelo merca-do fi nanceiro, suas fi guras icônicas e principal-mente as centenas de lendas e histórias contadas por parentes e amigos. Na hora de optar pela fa-culdade, essa vontade de trabalhar com fi nanças me aproximou do Insper e consegui passar no vestibular para o curso de administração.

Durante o curso, sempre que pude aproveitei para me preparar para o mercado de trabalho com atividades extracurriculares. Ajudei no GAS, empresa Jr., grupos de estudo, pre paração de estudos de caso, e tantas outras atividades quan-to pude encontrar e que fi zeram as 24 horas do dia parecerem insufi cientes.

Meu primeiro estágio foi no escritório de repre-sentação do banco BBVA, na área de crédito. Crédito é uma excelente escola para quem quer entrar no mercado fi nanceiro, onde se apren-de a analisar de maneira critica os balanços, as empresas e as indústrias. Ainda no BBVA, passei para a área de mercado de capitais e, assim que me formei, fui transferido para Nova Iorque para trabalhar com empréstimos sindicalizados para empresas na América Latina.

Após um ano nos EUA, voltei para o Brasil e de-pois de uma rápida passagem por um fundo de investimentos entrei para a área de equity rese-

arch do Itaú BBA. Pouco tempo após a minha entrada fui transferido para o banco de investi-mentos do Itaú BBA, onde tive um dos períodos mais malucos e intensos de trabalho da vida. No ano recorde de aberturas de capital e M&A no Brasil eu tinha ido parar em um dos principais bancos de segmento, no olho do furacão. Foi um período de muito aprendizado e de resiliência, como a jornada de todos que se aventuram por esse caminho. O aprendizado e crescimento são excelentes e acima da média, mas ao custo de muitas e muitas horas trabalhadas e noites mal (ou não) dormidas. Para mim, valeu à pena.

Com pouco mais de um ano no banco de investi-mento tive a oportunidade de me dedicar à par-te que mais gostava no trabalho em IB (os M&As) entrando para o time de private equity da Gávea Investimentos. Após todas essas mudanças de cadeiras no começo da carreira me encontrei no trabalho em PE e após 3 anos na Gávea me tor-nei sócio, onde acabei fi cando por quase 8 anos.

Atualmente sou o diretor de M&A e novos negó-cios na Itaúsa, uma holding fi nanceira que entre outros investimentos co-controla o banco Itaú, Alpargatas e Duratex. O meu objetivo é buscar oportunidades de investimento e auxiliar as em-presas onde a Itaúsa tem participação em deter-minados projetos estratégicos.

O que fazem os Ex-alunos do Insper hoje?

Vida profi ssional:

Nome: Frederico de Souza Queiroz Pascowitch Idade: 34 anosCurso: ADMNISTRAÇÃOFormatura: 2005Contato: [email protected]

Conselho de Veterano:

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26 | Novembro 2017

My name is Edison Lim, I’m 24 years old, from Singapore. I attended Singapore Management University (SMU), a busi-ness school within the heart of Singa-

pore. I like to watch Netfl ix and hang out with my friends when I’m not travelling or busy with school. I’m also a salsa dancer/performer as well, and am constantly on the lookout for Salsa parties while I’m here in Sao Paulo.

Brazil was my top choice of country for my over-seas exchange programme. I wanted to step out of my comfort zone, challenge myself and gain glob-al exposure by experiencing a different culture. In the meantime, I wished to gain greater knowledge and understanding of the global fi nancial markets. Hence, I chose Insper, a business school from Sao

Paulo known for its insightful fi nance courses and the high quality graduates from the institute.

Having few seniors that have gone to Insper for exchange, I had little information about the school prior to exchange. As such, I did not expect much from the school. Furthermore, I could not speak Por-tuguese and I was worried that it would be a huge problem for me while I am studying and living here. In the days building up to my fl ight here, I was hon-estly afraid and doubted myself if I was up for the challenge of attending school in a foreign land.

I have been studying at Insper for nearly a month now and indeed, it was an eye-opener. The staff that welcomed us were very warmly, helping us along the way with any issues we had. The lectures were engaging and I have gained global knowledge that I would not have the opportunity to in Singapore.

The other students were very welcoming as well, and we had many meaningful discussions during my short span of time here. Despite the language barrier, everyone was helpful and patient with us Singaporean students. I am thankful for such an op-portunity to study at Insper.

One thing I especially love about Insper is the class schedules. As an exchange student, I thoroughly love the fact that classes end 11.30am every day, which gives me the rest of the afternoon and night time to explore the city and catch up on my studies.

All in all, I am thankful for the opportunity to study in Insper, for the buddies that have helped us along the way, and for the friends that I have made during the past months. I look forward to the exciting few months left ahead.

The GreatAdventure of EdisonPor Edison Lim, estudante de administração da Singapore Management University, em Singapura.

International

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27 | Novembro 2017

Concurso

Por Francisco Loenert

Quem nasceu no início da década de 90 pode não lembrar em detalhes das di-versas crises que assombraram o Brasil naquele período. Para aquelas ingênu-

as crianças, a difi culdade de assimilar um contexto político-econômico poupou-as dos estigmas que afl igiram toda sociedade. Desta forma, aqueles que se recordam com agonia das corridas aos mer-cados, fugindo das garras da infl ação pronta para devorá-los, logo nos revela que tinha mais idade. Estes neófi tos do século XX cresceram junto com o Brasil.

Enquanto aprendiam as quatro operações básicas de matemática, nosso país estava nos primeiros passos do Plano Real. E quando em sua adoles-cência adquiriam êxito nos testes de trigonome-tria, o Brasil recebia das agências internaciona-is os honrados títulos de grau de investimento. Se continuarmos com estas analogias, como o cenário atual é representado por esta geração? Seria no mínimo injustiça atribui-los à corrupção, um defeito de caráter que não é exclusividade de nenhuma época. Por outro lado, seria redundân-cia destacarmos a crise econômica, afi nal as di-fi culdades fi nanceiras são bem conhecidas no início da fase adulta. Então quero destacar a ma-turidade, ou melhor, a falta dela.

Tornou-se comum criticar as novas gerações sobre a adolescência tardia. Em suma os jovens fi cam cada vez mais tempo sob a redoma dos pais que, em oportunas ocasiões, recorda-os de que “casa-mos quando tínhamos a tua idade”. E, assim como estes jovens, ouso dizer que o Brasil tem adiado a fase adulta. Valendo-se desta analogia, é comum ouvirmos no atual cenário nacional discursos infl a-dos, fundamentados em superfi ciais justifi cativas altruístas, buscarem apenas vantagens a seu grupo. De outro modo, observamos discursos com maior

parcimônia, aparentemente maduros, mas ao mes-mo tempo vagos e sem comprometimento. Inde-pendentemente das diversas posturas, não tenho dúvidas de que queremos um Brasil melhor. Um país mais justo, com melhores oportunidades, de elevada qualidade dos serviços públicos, num am-biente sem corrupção e nem violência.

Entretanto, poucos estão realmente dispostos. As nobres convicções são apenas sonhos, e as reais atitudes centradas em si. Comportamento típico de adolescente. Tenho esperança que o Brasil se torne adulto. Para isso, precisamos desenvolver a matu-ridade que proporcione um diálogo pautado no respeito, integridade e honestidade -- esta que só é conquistada quando se coloca o ser humano em evidência, ao invés de escraviza-los sob condutas ideológicas fanáticas.

MATURIDADE BRASILEIRA

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28 | Novembro 2017

Crônica

Você, parte do corpo discente ou do-cente desta prestigiosa escola, sabe muito bem que seus alunos tentam ao máximo evitar “bombar” – mas é por

meio deste pequeno texto que lhe contarei como bombar o semestre duas vezes.

Saí da prova triste no fi m do ano passado, pois sabia que não tinha me saído bem nas matérias que estudei durante o semestre in-teiro. Olhei-me no espelho, chorei um pouco e fui para a casa, onde minha mãe me pergun-tou se coloquei as respostas certas.

- Sim, menti. Alguns dias depois da Insperina, meus temores tinham se tornado realidade; não passei em três matérias e na dependên-cia (DP) de Contabilidade Financeira. Fiquei com medo de contar para meus pais, mas lhes contei a verdade. Meu pai se fi cou triste, e “extremamente decepcionado”, como ele me disse. Minha mãe, em intensos prantos, pulou do sofá, jogou a caneca da mesa e gritou para que todos os vizinhos do prédio ouvissem:

- E que ouçam mesmo! Eu sabia que você não iria passar! Você vai, sai todos os fi nais de se-mana, sempre vai para festas!

O que não era verdade, porque não sou fes-teira e não saía todos os fi nais de semana, mas não os retruquei. Respondi que eu estava muito decepcionada comigo mesma, que no semestre seguinte eu faria melhor e sairia

menos. Foi assim que no semestre seguinte, em fevereiro de 2017, acordei 10 minutos mais tarde e faltei na primeira metade da aula de Contabilidade. Dessa vez, eu vou acordar mais cedo. Vou sair menos; gastar menos din-heiro da conta dos meus pais; treinar duas horas na academia por dia; fi car menos tempo no Sujinho; vou passar de semestre – pensei no caminho de casa até a aula.

Mas não fi z nada que afi rmei. Na verdade, quase fi z essa última tarefa (lembre-se, leitor, de que bombei já uma vez).

Foram se passando fevereiro, depois março. Num piscar de olhos, quando percebi, já es-tava determinando o preço para maximizar os lucros de uma fi rma monopolista na prova fi -nal. Já tinha feito as provas de outras matérias; essa seria a última antes da Vicentina. Folheei a prova quando a recebi para começar pelos problemas mais fáceis. Fiz tudo a lápis e de-pois passei a caneta. Revisei tudo o que fi z, en-treguei a prova para a professora e saí da sala com um enorme sorriso. Foi muito fácil. Não conseguia acreditar. Eu sabia de tudo.

Alguns dias depois, o Black mandou uma noti-fi cação no meu celular – dizia “Nota disponível Microeconomia II”. Com as mãos tremendo, abri o aplicativo o mais rápido que pude. Afi nal, queria saber logo se tirei uma nota boa, pois es-tava confi ante que tinha mesmo. Enquanto eu ia escolhendo as opções para ver a nota, já me

Como repetir de semestre duas vezes uma história realPor Deborah Kang

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29 | Novembro 2017

Como repetir de semestre duas vezes

Crônica

imaginava no semestre seguinte, juntando-me à turma com quem entrei junta na faculdade, pois tinha ouvido que muitos pegaram DP.

Cheguei na aba de notas e rolei a página para baixo. Achei uma parte da tabela escrito “nota média”. Para a minha surpresa, havia apenas um traço cinza. Sem nota, sem número – ape-nas um traço. Em cima dessa nota, porém, havia uma outra chamada “nota total”, cujo valor era de 42 de 70. Pensei eu, olhando esse rótulo, que a nota total era a soma de todas as notas. Como esta era maior do que 35, que naturalmente é a metade de 70, cheguei à conclusão de que havia passado.

Dei um sorriso e me vi na tela do meu celular. Olhei para cima e o céu estava azul. Sorri de novo e fechei o aplicativo. Enfim passaria as férias em paz e voltaria para o semestre novo a todo vapor. Viajei, saí, sur-fei, festejei, li um pouco e fiz estágio por um mês. Esqueci completamente do meu amargo passado acadêmico – agora estava trabalhando na B2W, fazendo vários proje-tos e aprendendo muito.

Foi na madrugada de sexta feira, meus leitores e leitoras, que essa história explica o título. Es-tava eu bebendo café às 3 da manhã para en-tregar o projeto a tempo; escrevendo vários VBAs – commandbutton, vetores e procuran-

do “erro em tempo de execução: variável do objeto não defi nida” no Google. Meu celular vibrou duas vezes. Eu, exausta e irritada, peg-uei o celular e vi que o Black tinha uma notifi -cação para mim: “Novo curso disponível: Mi-croeconomia II – 2017/2”.

Meu coração disparou. Congelei por um mo-mento e repeti “não” várias vezes na cabeça enquanto abria a nota do semestre passado.

Desta vez a nota re-solveu aparecer: ao lado de nota média, um 4,85 me encara-va friamente. Respirei fundo e fi z os cálculos. Precisava de 0,3 na prova fi nal para passar. Joguei meus braços para cima em renún-cia. Eu não poderia mais pedir revisão da prova porque o prazo

já havia passado – ouvi quando fui no Multi In-sper depois alguns dias para, no mínimo, mu-dar a situação em que me encontrava.

E agora, realmente não há o que fazer. Tudo isso que contei agora não aconteceria se eu apenas tivesse aberto o Black no próximo dia ou no computador. Mas, não adianta chorar pelo leite derramado, ou pelo semestre repetido por 0,15. A vida segue; aconteceu e te conto essa história agora. Então depois de ler essa história, lembre-se de duas coisas: 1) “a Insper” não existe e 2)sempre veja o Black-Board mais de uma vez após as fi nais, e tam-bém veja pelo computador.

????

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30 | Novembro 2017

Quem Faz

Quem FazInsper Post: Você é de São Paulo?

Bruno Felipe: Sim, sou de SP mesmo e sempre morei aqui.

IP: O que você mais gosta em São Paulo?

BF: As pessoas daqui.

IP: Como você chegou aqui no Insper? E o que você faz?

BF: Eu vim para cá quando o restaurante Affari veio. Trabalho na parte administrativa dele.

IP: Você cursa faculdade?

BF: Sim! Faço faculdade engenharia de produção.

IP: Como você escolheu o curso? E o que você mais gosta dele?

BF: Antes eu fazia um curso técnico em logísti-ca, por isso escolhi engenharia de produção. As coisas que eu mais gosto no curso são as maté-rias e o fato De a minha sala ser muito unida.

IP: O que você acha mais difícil em fazer enge-nharia?

BF: Mais difícil em engenharia? Alguns cálculos.

IP: E o que você tem achado do Insper? O que mais gosta aqui?

BF: O Insper tem um ambiente incrível! No tra-balho aqui, gosto muito dos funcionários.

IP: Tem alguma coisa que você achou de dife-rente no aqui no Insper?

BF: Acho diferente a infraestrutura.

IP: Qual seu fi lme favorito?

BF: As Branquelas [risos].

IP: Você coleciona algo ou tem algum hobby?

BF: Gosto bastante de jogar futebol!

IP: Algum lugar em especial que você gostaria de conhecer?

BF: Tenho vontade de conhecer a Alemanha, um sonho desde criança.

IP: Tem algum cantor ou música que você está ouvindo muito no momento e recomenda?

BF: Gosto de Wesley Safadão [risos].

Bruno Felipe Costa Bovo acabou de chegar no Insper, juntamente com o novo restau-rante, Affari, do quinto andar. Simpático, sempre com um sorriso e até um pouco tímido, todos os dias durante o almoço está com os olhos atentos, certifi cando-se de que tudo está ocorrendo bem.

Por Iasmin Patrícia Souza

BRUNO FELIPE COSTA BOVO

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31 | Novembro 2017

Cruzadinha

HORIZONTAL 5. Ainda bem que não fechou?10. Nome do restaurante no quinto andar?11. Coefi ciente de Rendimento12. Se não entregar pega DP?14. A sumida dos trabalhos em grupo?15. Eu só queria um ...18. Qual a vertente kogosiana?20. Queriam ser ...... e não temer o adversário

VERTICAL1. Quantidade de músicas da playlist do alojas?2. O que todo mundo faz antes de ler o Insper Post?3. O Piadista que amamos?4. O novo pesadelo do 5 ECO?6. No Insper chegou antes do Fernando Haddad?7. Dia que todo mundo sai para tomar chuva?8. O terror dos universitários?9. Inspirar, pertencer e ....13. O que falta sempre para o Érick Jacquin?16. Nome da primeira mulher com sala no Insper?17. Ele voltou com seu café?19. Quase sempre não conecta?

cruzadinhaRespostas:

Horizontal

5. Sujinho10. A� ari11. CR12. APS14. Salinha15. Diploma18. Anarcocapitalismo20. Raposa

Vertical

1. Cinco2. Cruzadinha3. Leonidas4. MicroeconomiaIV6. Ciclovias7. Treinamento8. Dependência9. Transformar13. Tompero16. Francisca17. Mineiro19. Internet

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InsperPost @insperpost

InsperRua Quatá, 300 - Vila Olímpia, São Paulo - SP, 04546-042

[email protected] - 11 4504-2400