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ARCELORMITTAL BRASIL S/A Monitoramento de Fauna Cumprimento de Condicionante Ambiental n° 07, 08 e 09 PROCESSO 00105/1998/018/2012 RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DE FAUNA BELA VISTA DE MINAS / MG AGOSTO DE 2016 2016

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ARCELORMITTAL BRASIL S/A

Monitoramento de Fauna

Cumprimento de Condicionante Ambiental n° 07, 08 e 09 PROCESSO 00105/1998/018/2012

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DE FAUNA

BELA VISTA DE MINAS / MG

AGOSTO DE 2016

2016

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1 2 DADOS DO EMPREENDIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE EM SUA ÁREA DE INFLUÊNCIA ........................................................................................................................... 2

2.1 Dados ............................................................................................................................... 2 2.2 Localização do Empreendimento ................................................................................. 2 2.3 Equipe Técnica ............................................................................................................... 3

3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................................... 3 4 LEGISLAÇÕES E REFERÊNCIAS PARA O MONITORAMENTO DE FAUNA..................... 5 5 OBJETIVO ............................................................................................................................... 6 6 METODOLOGIA E RESULTADOS POR GRUPO .................................................................. 8

6.1 Avifauna ........................................................................................................................... 8 6.1.1 considerações preliminares ................................................................................... 8 6.1.2 Objetivo ................................................................................................................. 8 6.1.3 Caracterização da área ......................................................................................... 9 6.1.4 Metodologia ........................................................................................................... 9 6.1.5 Resultados e discussões ..................................................................................... 15 6.1.6 Considerações finais ........................................................................................... 24 6.1.7 Referência bibliográfica para Avifauna................................................................ 26 6.1.8 Relatório fotográfico do Monitoramento da Avifauna .......................................... 27

6.2 Herpetofauna................................................................................................................. 31 6.2.1 apresentação ....................................................................................................... 31 6.2.2 considerações preliminares ................................................................................. 31 6.2.3 Objetivo ............................................................................................................... 33 6.2.4 Métodos de trabalho ............................................................................................ 34 6.2.5 Taxonomia ........................................................................................................... 43 6.2.6 Análise de Dados ................................................................................................ 44 6.2.7 Resultados ........................................................................................................... 45 6.2.8 Conclusões e Recomendações ........................................................................... 59 6.2.9 Referências Bibliográficas para a herpetofauna ................................................. 60

6.3 Mastofauna .................................................................................................................... 63 6.3.1 Considerações Preliminares ............................................................................... 63 6.3.2 Objetivo ............................................................................................................... 64 6.3.3 Metodologia ......................................................................................................... 65 6.3.4 Resultados ........................................................................................................... 71 6.3.5 Registro fotográfico ............................................................................................. 79 6.3.6 Síntese do Diagnóstico........................................................................................ 85

6.3.7 Referências para a mastofauna .......................................................................... 86

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1 INTRODUÇÃO

A ARCELORMITTAL BRASIL S/A, situada na localidade

denominada “Mina do Andrade”, pertencente ao município de Bela Vista de

Minas, no Estado de Minas Gerais, em atendimento às condicionantes de

número 07, 08 e 09 da Superintendência Regional de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável - SUPRAM - Leste Mineiro vem apresentar seu

“Monitoramento Anual da Fauna”, no âmbito de seu empreendimento minerário.

Com respeito à Condicionante nº 09, a ArcelorMittal Brasil S/A já

mantém convênio de cooperação técnica com a Universidade do Estado de

Minas Gerais - UEMG, em João Monlevade, através do qual já disponibiliza os

dados científicos produzidos em seu trabalho de monitoramento de fauna

Descrição da condicionante ambiental de Nº 07, PU 1644071/2013

“Realizar o monitoramento da fauna nas áreas sob influência da Mina do Andrade e entorno imediato do empreendimento, além da Reserva Legal, respeitando a sazonalidade e parâmetros de esforço amostral para cada grupo faunístico e fitofisionomia. Apresentar relatório técnico e fotográfico anual para a SUPRAM-LM, contendo análise dos dados e informações relativas a composição lista de espécies, riqueza, diversidade, equitabilidade, abundância, status e sucessões de espécies. Analisar a similaridade e estrutura das comunidades entre as Áreas de Influência Direta, Áreas de Influência Indireta e Reserva Legal do empreendimento. Apresentar análise crítica e comparativa (LP+LI x LO) dos resultados obtidos entre as áreas. Observar o definido pela Instrução Normativa IBAMA n° 146/2007.

Prazo:

“Durante a vigência da Licença de Operação”.

Descrição da condicionante ambiental de Nº 08, PU 1644071/2013

Utilizar metodologia preconizada pela Instrução Normativa IBAMA n.º146/2007 relativas ao manejo de fauna silvestre (levantamento, monitoramento, salvamento, resgate e destinação) em áreas de influência de empreendimento para a execução das atividades de monitoramento da fauna.

Prazo: “Durante a vigência da Licença de Operação”.

Descrição da condicionante ambiental de Nº 09, PU 1644071/2013

Disponibilizar dados brutos, informações e resultados obtidos nas atividades de monitoramento da fauna à comunidade científica. Para tanto, recomenda-se que seja estabelecida parceria com universidades e instituições que desenvolvam pesquisas e trabalhos voltados à conservação da biodiversidade e manejo da fauna. Além disso, que se ê publicidade aos dados através do website da empresa, sendo informado anualmente à SUPRAM - LM a data de entrega dos respectivos relatórios às instituições parceiras.

Prazo:

“Durante a vigência da Licença de Operação”.

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2 DADOS DO EMPREENDIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DO

AMBIENTE EM SUA ÁREA DE INFLUÊNCIA

2.1 DADOS

Empresa responsável pelo monitoramento

Razão Social: Geomil Serviços de Mineração Ltda.

CNPJ: 25.184.466/0001-15

Endereço: Av. Prudente de Morais, nº 621, sala 412, Santo Antônio, BH/MG

Tel: (31) 3344-0677

Contato: Pablo Luiz Braga

Email: [email protected]

Empresa objeto do monitoramento

Razão Social: ARCELORMITTAL BRASIL S/A.

CNPJ: 17.469.701/0086-66

Zona rural - Bela Vista de Minas - MG

Telefone: (31) 3832-1228

Gerente: Luciana Correa Magalhães

Email: [email protected]

2.2 LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

A área da mineração se insere na divisa dos Municípios de João

Monlevade e Bela Vista de Minas, Estado de Minas Gerais.

O acesso, partindo-se de Belo Horizonte é feito pela rodovia BR-381

(Fernão Dias), em direção a Vitória - ES. Após um percurso de aproximadamente

110 km, adentra-se no município de João Monlevade e seguindo as placas

indicativas, após um percurso de cerca de 6 km, atinge-se as instalações da

ArcelorMittal Mineração Brasil S/A - Mina do Andrade (Figura 2.1 - Planta de

localização)

Partindo de Governador Valadares, segue pela mesma BR-381 em

direção a Belo Horizonte, percorrendo 214 km aproximadamente, também

adentrando em João Monlevade por placas indicativas até a Mina do Andrade.

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Figura 2.1 - Planta de localização do empreendimento.

2.3 EQUIPE TÉCNICA

Quadro 2.1 - Equipe técnica que realizou os trabalhos de monitoramento.

Profissional Formação / Registro Profissional

Marcos Fabiano Rocha Grijo Biólogo - Especialista em avifauna

CRBio nº 057221/04-D

Alexsandro Carvalho Pereira Bióloga - Especialista em mastofauna

CRBio nº 062361/04-D

Vanessa Mendes Martins Biólogo - Especialista em herpetofauna

CRBio nº 080335/04-D

3 JUSTIFICATIVA

A fragmentação de habitats é hoje uma das maiores ameaças à

diversidade biológica tanto pela redução dos ambientes naturais como pela

divisão dos habitats remanescentes em fragmentos menores e isolados (SOLÉ

& KOHM, 1989). A fragmentação e o efeito de borda alteram a composição dos

ecossistemas naturais e modificam tanto as taxas quanto a intensidade de

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muitos processos ecológicos essenciais para a manutenção da integridade dos

ecossistemas. Desse modo, o processo contínuo de degradação ambiental

vem comprometendo a sobrevivência de várias espécies (WHITMORE &

SAYER, 1992; LAMBECK, 1997).

São essenciais o desenvolvimento de programas de inventariamento

e monitoramento da diversidade biológica. O monitoramento das espécies é a

forma mais eficaz para mostrar a resposta de uma população às mudanças em

seu ambiente (PRIMACK & RODRIGUES, 2002).

A partir das informações obtidas nos monitoramentos pode-se,

realmente, propor planos de manejo e conservação de espécies (MORITZ,

1994) e desta forma utilizar o monitoramento como forma de compensação nas

alterações ambientais que surjam ao longo do processo.

Com a publicação da Instrução Normativa (IN) 146/2007 do IBAMA

(BRASIL, 2007) as atividades de monitoramento da fauna contam com um

instrumento norteador referente ao planejamento e procedimentos em campo,

fazendo com que os estudos sobre a fauna de regiões sob a influência de

empreendimentos impactantes forneçam dados mais precisos que possibilitem

a detecção precoce e ação rápida no caso de alterações deletérias ao meio

ambiente.

O Programa de Monitoramento justifica-se por oferecer ao

empreendedor, órgãos ambientais e pesquisadores a oportunidade de

conhecer a composição e estrutura de comunidades faunísticas ocorrentes na

região do empreendimento da ARCELORMITTAL BRASIL S/A - Mina do

Andrade e em especial avaliar essas populações em relação às atividades

presentes e futuras da empresa em questão. Especificamente os objetivos do

monitoramento são:

• registrar a ocorrência das espécies de anfíbios, répteis, aves e

mamíferos nas proximidades das áreas do empreendimento e no

entorno, apresentando uma lista de espécies;

• obter dados sobre a composição, riqueza e abundância das

comunidades sob influência do empreendimento.

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• detectar e avaliar possíveis alterações sofridas pelas comunidades

faunísticas;

Propor caso necessário medidas de controle ou de manejo para

mitigar possíveis impactos sobre a comunidade em foco.

4 LEGISLAÇÕES E REFERÊNCIAS PARA O MONITORAMENTO DE

FAUNA

De acordo com a Instrução Normativa nº 146/2007, os programas de

monitoramento devem apresentar:

Art. 8º O Programa de Monitoramento de Fauna deverá apresentar:

I - as exigências especificadas no art. 28 e nos incisos II, III e VI do art. 5°;

“Art. 5º Como resultados do Levantamento de Fauna em áreas de

empreendimentos, deverão ser apresentados:

II - caracterização do ambiente encontrado na área de influência do

empreendimento, com descrição dos tipos de habitats encontrados

(incluindo áreas antropizadas como pastagens, plantações e outras áreas

manejadas). Os tipos de habitats deverão ser mapeados, com indicação dos

seus tamanhos em termos percentuais e absolutos, além de indicar os

pontos amostrados para cada grupo taxonômico;

III - esforço e eficiência amostral, parâmetros de riqueza e abundância das

espécies, índice de diversidade e demais análises estatística pertinentes,

por fitofisionomia e grupo inventariado, contemplando a sazonalidade em

cada área amostrada;

VI - detalhamento da captura, tipo de marcação, triagem e dos demais

procedimentos a serem adotados para os exemplares capturados ou

coletados (vivos ou mortos), informando o tipo de identificação individual,

registro e biometria”.

II - a exigência especificada no art. 29 e no item VII do art. 5º, somente em caso

de mudança de equipe.

monitorados;

IV - detalhamento da captura, tipo de marcação, triagem e dos demais

procedimentos a serem adotados para os exemplares capturados ou coletados

(vivos ou mortos), informando o tipo de identificação individual, registro e

biometria.

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V - seleção e justificativa de áreas controle para monitoramento intensivo da

fauna silvestre. Nestas áreas não deverá ocorrer soltura de animais. O tamanho

total de áreas controle a serem monitoradas deverá ser representativo,

contemplando todas as fitofisionomias distribuídas ao longo de toda a área de

influência;

VI - seleção de áreas de soltura de animais para aqueles empreendimentos

onde a realização do resgate de fauna será necessária. Essas áreas devem

apresentar o maior tamanho possível, observadas a similaridade dos tipos de

habitats de proveniência do animal a ser solto e a capacidade suporte da área;

VII - mapas detalhados das áreas controle e das áreas de soltura;

VIII - cronograma das campanhas de monitoramento a serem realizadas, tanto

nas áreas de soltura, quanto nas áreas controle. O monitoramento consistirá de,

no mínimo, campanhas trimestrais de amostragem efetiva em cada área, e

deverá ser iniciado antes da data programada para a instalação do

empreendimento (monitoramento prévio), com, no mínimo, amostragens nos

períodos de chuva e seca, salvo particularidades de cada empreendimento

avaliadas pelo Ibama;

IX - programas específicos de conservação e monitoramento para as espécies

ameaçadas de extinção, contidas em lista oficial, registradas na área de

influência direta do empreendimento, consideradas como impactadas pelo

empreendimento.

X - o monitoramento posterior deverá ser realizado por no mínimo 2 (dois) anos

após o início da operação do empreendimento, devendo este período ser

estendido de acordo com o as particularidades de cada empreendimento.

Ainda é preciso seguir o Termo de Referência disponível no site da

SEMAD (Shttp://www.meioambiente.mg.gov.br/regularizacao-ambiental/manejo-da-fauna).

5 OBJETIVO

No segundo semestre de 2016, a ARCELORMITTAL BRASIL S/A

promoveu a realização de campanhas para estudos da fauna na área da Mina

do Andrade, compreendendo levantamentos dos diferentes grupos

taxonômicos (mastofauna, herpetofauna e avifauna), os quais se

desenvolveram em período representativo da estação seca.

Estas campanhas tiveram, entre outros objetivos, o intuito de

aprofundar e consolidar os estudos anteriormente realizados, voltados para o

licenciamento ambiental das diferentes fases de evolução da mina, para que se

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dispusesse de uma base sólida de conhecimento acerca dos impactos que o

empreendimento poderia causar à fauna silvestre que se abriga nas áreas de

influência de suas operações minerárias.

Outro propósito importante dos estudos foi aprimorar o

conhecimento já disponível da fauna local, com o objetivo específico de

subsidiar os trabalhos de monitoramento, os quais constituem uma obrigação

da empresa relativa ao cumprimento de condicionantes de sua Licença de

Operação, concedida pelo COPAM para ampliação da Mina do Andrade, em 20

de agosto de 2013.

Por se tratar de um estudo abrangente, onde diferentes domínios da

Área Diretamente Afetada (ADA) e das Áreas de Influência Direta e Indireta -

AID e AII foram avaliados, o mesmo será fundamental no sentido de nortear o

planejamento das fases seguintes do programa de monitoramento.

Não menos importante que os objetivos anteriores, os

levantamentos de fauna em tela, reportados no presente relatório, com a

amplitude e a profundidade com que foram desenvolvidos, serão utilizados

para compor os Estudos de Impacto Ambiental que estão em andamento para

amparar os novos dispositivos e modificações projetadas para os próximos

anos de atividade da Mina do Andrade.

Deste modo, os estudos pretendem atender simultaneamente os

objetivos específicos de inventário (levantamento de dados primários) e de

monitoramento (confirmações, correções, ratificações e retificações) da fauna,

tendo ainda como foco a identificação das espécies raras, ameaçadas de

extinção e endêmicas, de acordo com as listas oficiais atualizadas, para que

possam ser elaborados programas específicos de conservação e de

monitoramento de tais espécies, atentando para aquelas endêmicas, raras e

ainda não descritas, registradas na área de influência direta do

empreendimento, seguindo as orientações constantes no Termo de

Referência para o Programa de Monitoramento da Fauna expedido pela

SEMAD, assim como pela Instrução Normativa 146/2007 IBAMA.

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6 METODOLOGIA E RESULTADOS POR GRUPO

6.1 AVIFAUNA

6.1.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Comunidades de diversos organismos podem sofrer mudanças ao

longo do tempo através da perda ou surgimento de espécies e também pela

alteração na densidade ou abundancia de suas populações (Hero & Ridgway,

2006).

As alterações ambientais determinam mudanças drásticas na

composição de diversos organismos, as aves, em especial, funcionam como

bioindicadores da qualidade ambiental, um elevado número de espécies de

aves encontra-se intimamente relacionadas a ambientes específicos, sendo

bastante sensíveis a ligeiras modificações nos seus habitats (Sick, 1997).

Monitoramentos de comunidades e populações podem ser

entendidos como uma importante estratégia para se averiguar e compreender

as alterações às quais estão submetidas às comunidades de fauna estudadas.

Hartmann et al. (2008) afirmam que o monitoramento das

populações em seus habitats é essencial para o planejamento e efetivação de

ações que visam minimizar os impactos provocados por qualquer

empreendimento. Neste sentido, o monitoramento biológico constitui um

instrumento de grande importância no processo de mitigação de impactos

ambientais provocados por empreendimentos potencialmente impactantes.

6.1.2 OBJETIVO

O presente estudo tem por finalidade o levantamento e investigação

da riqueza e diversidade de espécies de aves associadas aos habitats

presentes nas áreas de influência da atividade minerária da ArcelorMittal Brasil

S/A - Mina do Andrade.

O monitoramento visa ainda, com base nos parâmetros quantitativos

e na composição de espécies detectadas na área, inferir sobre possíveis

impactos negativos ocasionados pelo empreendimento, propondo medidas

mitigadoras. Da mesma forma, pretende indicar eventuais espécies

ameaçadas, endêmicas e de interesse cinegético.

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6.1.3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

O empreendimento minerário está localizado no município de Bela

Vista de Minas/MG, os seus arredores apresentam ambientes diversificados,

contemplando consideráveis extensões de pastagens, áreas urbanas, plantios

de eucaliptos e fragmento florestais nativos, sendo que ao lado NORTE

apresenta uma quantidade maior desse último ambiente citado, embora que a

menos de 15 km de distância, já se encontre o município de Itabira, sendo uma

cidade de tamanho considerável, com aproximadamente 118.000 habitantes

(IBGE 2015).

Considerando-se um raio de seis quilômetros, a partir da cava

minerária do empreendimento, às imediações nos outros pontos cardeais

temos: ao LESTE: predominância de pasto sujo e capoeiras, com presença de

alguns fragmentos florestais nativos em estágio médio de regeneração; ao

OESTE: predominância de pastagens com poucos fragmentos florestais

nativos; e ao SUL: praticamente toda a extensão é constituída por área urbana

da cidade de João Monlevade, município com aproximadamente 78.000

habitantes (IBGE 2015).

6.1.4 METODOLOGIA

Inicialmente foi realizado um levantamento prévio, através do banco

de dados do Wikiaves, da comunidade avifaunística no município de João

Monlevade/MG, uma vez que apesar do empreendimento estar localizado no

município de Bela Vista de Minas, a proximidade da mina com este outro

município é mais considerável, além do banco de dados da comunidade

avifaunística no Wikiaves deste município ser mais completa. Foi também

utilizado como levantamento prévio da comunidade avifaunística o Relatório

Anual de Monitoramento da Fauna feito pela ArceloMittal Brasil S/A - Mina do

Andrade, realizado entre os anos de 2014 e 2015.

O levantamento prévio teve por finalidade a intenção de se obter

uma lista das espécies já registradas na região, e a partir desta levantar a

ocorrência de espécies com interesses ecológicos, tais como espécies

ameaçadas, endêmicas, exóticas, migratórias e/ou com potencial cinegético,

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para assim tentar detectar a presença das mesmas em campo. Além do

levantamento secundário das espécies de interesse ecológico, obtiveram-se

também no banco de dados do Wikiaves as vocalizações em formato digital

das referidas espécies para serem utilizadas em playback durante as

investigações em campo (Foto 12).

Posteriormente foi realizado um estudo das áreas através de

imagens de satélites, utilizado o software GPS Trackmaker e o programa

Google Earth, sendo que através desse estudo foram sugeridas as possíveis

melhores localizações para os Pontos de Observação e definição dos

Transectos. Sendo essas informações repassadas para os aparelhos de GPS

para navegação em campo.

Já em campo, os locais previamente escolhidos foram então

visitados para verificar se realmente seriam as melhores opções e também a

possibilidade de acessibilidade aos mesmos. Os locais que se mostraram

favoráveis foram acatados, já os que não apresentaram condições favoráveis

foram substituídos por outros escolhidos durante o caminhamento de

reconhecimento da área.

Após a definição dos pontos e áreas a serem investigadas iniciou-se

o registro de dados desses locais, tais como fitofisionomia local e coordenadas

geográficas, assim como o preparo das fichas de campo.

Totalizando, foram realizados 08 caminhamentos de Transectos

(TST) e 11 Pontos de Observação (PO), Figura 6.1, sendo que os dados de

esforço amostral de cada método amostral estão citados na Tabela 6.1.

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Figura 6.1 - Localização de transectos e dos pontos de observação durante a realização do presente estudo.

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A metodologia de Pontos de Observação (ou Pontos Fixos) consiste

em pontos fixos no centro de um círculo imaginário com ou sem raio definido

(nesse estudo foi definido o raio de 60 metros), no qual todos os indivíduos

visualizados e/ou ouvidos são identificados e contabilizados (BIBBY et al.,

2000; RALPH et al., 1993), tomando o cuidado para que a proximidade mínima

entre os pontos mais próximos, não fosse inferior a 200 metros de distância.

Uma vez que foram avaliadas fitofisionomias florestais (mata e borda de

floresta) e campestres (campos, plantações e áreas úmidas), o método foi

ajustado à probabilidade de detecção de aves em cada uma delas.

O período de amostragem em cada ponto foi estipulado em 15

minutos em cada visita, sendo que foram realizadas duas visitas em cada

ponto, durante o qual todos os contatos (visuais ou auditivos) foram

contabilizados, salientando que espécies que já haviam sido detectadas na

primeira visita, não foram acrescidas na segunda.

A amostragem por pontos de observação foi realizada

prioritariamente no período matutino, iniciando ao nascer-do-sol local e se

estendendo pelas primeiras horas da manhã. Visando aumentar o esforço

amostral, alguns pontos de observação foram realizados ao final do dia,

iniciando uma ou duas horas antes do pôr-do-sol local.

Já a metodologia do Transecto Linear consiste na realização de

caminhamentos por trilhas ou estradas com largura das faixas de observação

pré-definidas em 25 metros para cada lado. Estes Transectos tiveram início nas

primeiras horas da manhã e também no final da tarde, quando, por meio de

binóculos, máquina fotográfica, gravador de voz e microfone unidirecional

foram registrados em fichas apropriadas, todos os indivíduos observados e/ou

ouvidos, bem como os locais onde detectados.

Tanto nos Pontos de Observação quanto nos Transectos,

esporadicamente foram utilizadas chamas eletrônicas com as vocalizações de

aves ameaçadas de extinção e que foram detectadas nas áreas de influência

do empreendimento durante os dois primeiros estudos já realizados no local

(Fotos 12).

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O presente estudo foi realizado em 05 dias durante a estação seca,

entre os dias 03 a 07/08/2016.

Tabela 6.1 - Dados de esforço amostral de cada ponto/metodologia utilizado durante o estudo.

- Coordenadas UTM

(longitude / latitude)

Fitofisionomia

predominante Data

Duração (horas)

Tamanho (hectare)

PO 01 693044,391 / 7812205,835 Capoeira 03/08/2016 0,5 1,13

PO 02 694173,892 / 7812027,522 Floresta secundária (ciliar) 03/08/2016 0,5 1,13

PO 03 695964,210 / 7812424,266 Floresta secundária (ciliar) 03/08/2016 0,5 1,13

PO 04 697489,577 / 7812321,609 Pastagem 04/08/2016 0,5 1,13

PO 05 692452,789 / 7812805,444 Pastagem 04/08/2016 0,5 1,13

PO 06 690121,007 / 7811904,403 Floresta secundária 05/08/2016 0,5 1,13

PO 07 693984,932 / 7810506,611 Eucaliptal com sub-bosque 06/08/2016 0,5 1,13

PO 08 694222,704 / 7810753,613 Capoeira 06/08/2016 0,5 1,13

PO 09 691652,082 / 7810043,558 Floresta secundária 06/08/2016 0,5 1,13

PO 10 697035,076 / 7811142,598 Capoeira 06/08/2016 0,5 1,13

PO 11 698287,939 / 7811099,062 Floresta secundária 06/08/2016 0,5 1,13

Total 5,5 h 12,43

TST 01 692647,875 / 7812096,460 Floresta secundária 03/08/2016 0,6 4,78

TST 02 694899,973 / 7812277,693 Floresta secundária 03/08/2016 0,7 4,07

TST 03 689881,858 / 7812263,551 Floresta secundária/Capoeira 04/08/2016 1,1 6,03

TST 04 692350,525 / 7811995,369 Floresta secundária 04/08/2016 1,6 13,95

TST 05 692600,810 / 7811928,066 Floresta secundária 05/08/2016 0,7 4,99

TST 06 693674,271 / 7810217,381 Eucaliptal com sub-bosque 05/08/2016 1,5 14,83

TST 07 696625,618 / 7810363,801 Floresta secundária/Capoeira 07/08/2016 1,2 10,47

TST 08 690225,718 / 7810302,950 Floresta secundária 07/08/2016 1,0 4,18

Total 8,4 h 63,3

Total geral 13,9 75,7

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A diversidade de espécies de aves na área de estudo foi calculada

utilizando-se os índices de Diversidade e de Equabilidade de Simpson, sendo

estes obtidos através das seguintes equações:

Onde:

Is’ = Índice de diversidade de Simpson;

ni = Número de indivíduos de cada espécie na amostra;

N = Número total de indivíduos na amostra;

Onde:

ED = Índice de equabilidade de Simpson;

Dmax´ é obtido pela seguinte equação:

Onde:

s = Número de espécies

N: Número total de indivíduos da amostra

Para os cálculos dos índices de Diversidade e de Equabilidade de

Simpson foi utilizado o programa estatístico DivEs – Diversidade de Espécies

(versão 2.00.0105) e para a o cálculo da Curva do Coletor foi utilizado o

programa Estimates 9.1.0.

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6.1.5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao final desta campanha de monitoramento foram registradas 73

espécies de aves distribuídas em 33 famílias e 18 ordens (Tabela 6.2), sendo

que essa quantidade de espécies corresponde a 20% do total de espécies

(N=375) citadas no banco de dados do Wikiaves para um raio de 50 km do

município de João Monlevade e 40% do total de espécies (N-181) encontradas

durante as duas campanhas citadas no primeiro Relatório Anual de

Monitoramento da Fauna da ArcelorMittal – Mina do Andrade.

Durante os estudos não foram detectadas espécies ameaçadas a

nível global (IUCN, 2011), federal (MMA 444, 2014) e nem mesmo estadual

(COPAM, 2010). Porém foram detectadas quatro espécies endêmicas do

território brasileiro, sendo essas: Aphantochroa cirrochloris (Beija flor cinza),

Malacoptila striata (Barbudo rajado), Sakesphorus cristatus (Choca do

nordeste) e Hemithraupis ruficapilla (Saíra ferrugem). E ainda se tratando de

espécies de interesse ecológico, foram registradas seis espécies de aves com

potencial cinegético, sendo elas: Leptotila rufaxilla (Juriti gemedeira) e

Penelope obscura (Jacuaçu), tradicionalmente caçadas para o consumo

humando, enquanto Sporagra magellanica (Pintassilgo), Saltator similis (Trinca

ferro verdadeiro), Ramphastos toco (Tucanuçu) e Psittacara leucophthalmus

(Periquitão maracanã) são comumente capturadas para serem criadas como

animais de estimação.

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Tabela 6.2 - Lista sistemática das espécies detectadas durante a realização do presente estudo.

Ordem Familia Espécie Nome

Status de Indivíduos por Unidade Amostral (T=transecto / P=Ponto de observação) conservação

IUCN BR MG T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11

ACCIPITRIFORMES Accipitridae Geranoaetus albicaudatus Gavião de rabo branco - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - -

APODIFORMES Trochilidae Aphantochroa cirrochloris Beija flor cinza - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

CAPRIMULGIFORMES Caprimulgidae Hydropsalis albicollis Bacurau - - - - 2 - - - - 3 - - - - - - - - - - - -

CATHARTIFORMES Cathartidae Cathartes aura Urubu de cabeça vermelha - - - 1 - 4 - - 1 - - - - - 3 - - - - - - -

Coragyps atratus Urubu de cabeça preta - - - - - - - - 2 - 3 - - - - - - - 9 - - -

CHARADRIIFORMES Charadriidae Vanellus chilensis Quero quero - - - - - - - - - - - - - 2 - - - - - - - -

COLUMBIFORMES Columbidae Columbina squammata Fogo apagou - - - - - - - - - - - - - - - - 3 - - - - -

Leptotila rufaxilla ♦ Juriti Gemedeira - - - - - 1 1 1 - 1 - - - - - 1 - - - - - -

Patagioenas cayennensis Pomba galega - - - 4 - - - - - - - - - - - - - - - - 7 -

Patagioenas picazuro Pombão - - - - - - 2 1 - - 1 - - 4 - 4 1 - - 1 - -

CORACIIFORMES Alcedinidae Chloroceryle americana Martim pescador pequeno - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - - - -

CUCULIFORMES Cuculidae Crotophaga ani Anu preto - - - - - - - - - - 4 - - - 6 - - - - - - 5

Piaya cayana Alma de gato - - - - - - - - - - 1 1 - - - - - - - - - -

FALCONIFORMES Falconidae Caracara plancus Caracará - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - 4 -

Milvago chimachima Pinhé carrapateiro - - - - - - - 1 - - - - - 1 - - 1 1 - - - -

GALBULIFORMES Bucconidae Malacoptila striata Barbaudo rajado - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - -

Galbulidae Galbula ruficauda Ariramba de cauda ruiva - - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - - - -

GALLIFORMES Cracidae Penelope obscura ♦ Jacuaçu - - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - 2 - -

GRUIFORMES Rallidae Aramides cajaneus Saracura três potes - - - - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - -

PASSERIFORMES Estrildidae Estrilda astrild Bico de Lacre - - - - - - - - - - 11 - - - - - - - - - - -

Fringillidae Euphonia chlorotica Fim fim - - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - -

Sporagra magellanica ♦ Pintassilgo - - - - - 3 - - - - - - - - - - - - - - - -

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Furnariidae Phacellodomus rufifrons João de pau - - - 1 - - - - - - 2 - - - - - - - - - - -

Philydor rufum Limpa folha de testa baia - - - - 1 - - 1 - - 1 - - - - - - - - - - -

Hirundinidae Pygochelidon cyanoleuca Andorinha pequena de casa - - - - - - - - - - - - 1 - 3 - - - - 12 - -

Stelgidopteryx ruficollis Andorinha serradora - - - 1 6 5 2 - - - 1 - - - 5 - - 8 - 2 - -

Mimidae Mimus saturninus Sabiá do campo - - - - - - - - - - - - - - - 4 - - - - - -

Parulidae Myiothlypis flaveola Canário do mato - - - 1 - - - 2 - - - - - - - - - - - - - -

Passerellidae Zonotrichia capensis Tico tico - - - 2 - - - 4 3 1 4 2 4 1 4 - - 3 - 2 - 1

Pipridae Manacus manacus Rendeira - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Rhynchocyclidae Hemitriccus margaritaceiventer Sebinho olho de ouro - - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - -

Mionectes rufiventris Abre asa de cabeça cinza - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Thamnophilidae Sakesphorus cristatus Choca do nordeste - - - 1 - - - - - - - 3 - - - - - - - - 3 1

Thamnophilus caerulescens Choca da mata - - - - - - - - - - 1 - - - - - 1 - - 2 - -

Thraupidae Cissopis leverianus Tietinga - - - 4 - 3 - - - - - - - - - - - - 1 - - -

Coereba flaveola Cambacica - - - 1 - - - 2 - - - - - - - - - - - - - -

Dacnis cayana Saí azul - - - 1 - - - 2 - - - - 3 - - - - - - 2 - -

Hemithraupis ruficapilla Saíra ferrugem - - - - - - 2 - - - - - - - - - - - - - - -

Lanio melanops Tiê de topete - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Lanio pileatus Tico tico rei cinza - - - 2 - 1 - - - - 4 - - - - - - - - - - 3

Saltator similis ♦ Trinca ferro verdadeiro - - - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - - -

Schistochlamys ruficapillus Bico de veludo - - - - - - - - - - - - - - - - - 2 - - - -

Sicalis flaveola Canário da terra verdadeiro - - - 1 - 21 - - - - - - - - - - 12 6 - 2 2 -

Sporophila nigricollis Baiano - - - 1 - - - 1 2 - 24 - - - - - - 4 2 - - 3

Tachyphonus coronatus Tiê preto - - - - - 2 - - - - - - - - - - - - - - - -

Tangara cayana Saíra amarela - - - 2 - 1 - - - - - 1 - - - - 3 - - 1 - -

Tangara palmarum Sanhaçu do coqueiro - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2 - -

Tangara sayaca Sanhaçu cinzento - - - - - 2 - - - - - - - - - - - 2 - - - -

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Volatinia jacarina Tiziu - - - - - 1 - - - 2 7 - - - - 3 - - 8 - - -

Troglodytidae Troglodytes musculus Corruíra - - - - 2 1 1 - - 1 - - - - - - - - - - 1 -

Turdidae Turdus amaurochalinus Sabiá Poca - - - - - - 2 - - - - - - - - - - - - - - -

Turdus leucomelas Sabiá barranco - - - 1 1 1 - - - - - - - - - - - - - 1 - -

Turdus rufiventris Sabiá laranjeira - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Tyrannidae Camptostoma obsoletum Risadinha - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - -

Capsiempis flaveola Marianinha amarela - - - - - - 6 - - - - - - - - - - - - - - -

Colonia colonus Viuvinha - - - - 2 - 2 - - - - - - - - - - - - - - -

Elaenia mesoleuca Tuque - - - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - - -

Hirundinea ferruginea Gibão de couro - - - - - - - 2 - - - - - - - - - - - - - -

Knipolegus lophotes Maria preta de penacho - - - - - - - - - - - - - - 2 - - - - - - -

Megarynchus pitangua Neinei - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - -

Phaeomyias murina Bagageiro - - - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - - 1

Pitangus sulphuratus Bem te vi - - - 2 1 - - 1 - - 1 - - - 2 - - - - 1 - -

Tyrannus melancholicus Suiriri - - - 1 - - - - - - 1 1 2 1 - - - - - 1 - -

PELECANIFORMES Ardeidae Egretta thula Garça branca pequena - - - - - - - - - - - - - 3 - - - - - - - -

PICIFORMES Picidae Veniliornis passerinus Picapauzinho anão - - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - - - -

Ramphastidae Ramphastos toco ♦ Tucanuçu - - - - - - - - - - - - - - - - 2 - - - - -

PSITTACIFORMES Psittacidae Brotogeris chiriri Periquito de encontro amarelo - - - - - - - - - - - - - - - - - 4 - 2 - -

Forpus xanthopterygius Tuim - - - - - - - - - - - 6 - - - - - - - - - -

Psittacara leucophthalmus ♦ Periquitão maracanã - - - - - - - - - - - - - - - 2 - - - - - -

STRIGIFORMES Strigidae Glaucidium brasilianum Caburé - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Megascops choliba Corujinha do mato - - - - - 3 - - - 1 - - - - - - - - - - - -

Strix virgata Coruja do mato - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

TROGONIFORMES Trogonidae Trogon surrucura Surucuá variado - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1

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Legenda: IUCN = Global (Union for Conservation of Nature and Natural Resources, 2012); Br =Brasil (MMA/ PORTARIA n° 444); MG = Minas Gerais (COPAM,

2010); - = Não listada; NT = Quase ameaçada; VU = Vulnerável; EN = Em perigo; CR = Em perigo crítico; † = Espécie alóctone a região Neotropical segundo

Eletronorte (2000); ¤ = Espécie endêmica da Mata Atlântica, = Espécie endêmica do Brasil segundo o banco de dados eletrônicos Wikiaves

(http://www.wikiaves.com); ☼ = Espécie endêmica do Cerrado segundo o mesmo banco de dados, ♦ = Espécie potencialmente cinegética segundo Sick

(1997) para aves e conhecimento próprio para as demais classes.

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Os cálculos estatísticos ecológicos mostraram que das unidades

amostrais (Transectos e Pontos de Observação), as amostras que

apresentaram valores mais representativos no que diz respeito à Equabilidade

e Diversidade foram as TST 1 e TST 5.

Tabela 6.3 - Riqueza, Abundância, Equabilidade e Diversidade obtida para cada unidade

amostral, durante cada ponto de monitoramento.

Amostra Riqueza de espécies Abundância absoluta Equabilidade Diversidade

TST 1 24 (32,9%) 34 0,9839 0,9715

TST 2 09 (12,3%) 17 0,9187 0,8676

TST 3 15 (20,5%) 50 0,8469 0,8065

TST 4 09 (12,3%) 19 0,9411 0,8830

TST 5 14 (19,2%) 21 0,9768 0,9524

TST 6 04 (5,5%) 08 0,9583 0,8214

TST 7 06 (8,2%) 09 0,9481 0,8889

TST 8 17 (23,3%) 68 0,8750 0,8358

PO 1 06 (8,2%) 14 0,8816 0,7912

PO 2 05 (6,8%) 11 0,9298 0,8182

PO 3 06 (8,2%) 12 0,9333 0,8485

PO 4 08 (11,0%) 26 0,9670 0,8800

PO 5 05 (6,8%) 14 0,9566 0,8242

PO 6 07 (9,6%) 23 0,7940 0,7115

PO 7 08 (11,0%) 30 0,9524 0,8621

PO 8 06 (8,2%) 22 0,8231 0,7186

PO 9 16 (21,9%) 35 0,9073 0,8756

PO 10 05 (6,8%) 17 0,9083 0,7721

PO 11 07 (9,6) 15 0,9230 0,8476

Média 09 (12,8%) 23 0,9171 0,8409

No que diz respeito à autoecologia (Tabela 6.3) da comunidade da

avifauna registrada, sobressaíram as espécies com preferência por habitat

florestal, correspondendo a 39,7% (N=29) da comunidade amostrada. Quanto

ao grau de dependência de ambiente florestal, apesar do considerável número

de espécies com preferência por esse habitat, apenas 9,6% (N=7) são

consideradas “Dependentes”, tal fato é explicado porque mesmo com

preferência pelo habitat florestais, muitas espécies conseguem se adaptar à

ambientes parcialmente perturbados ou em regeneração, sendo que essas

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espécies são classificadas como “Semi dependentes”, e nesse estudo tais

espécies corresponderam a 42,5% (N=31) do total de aves detectadas. Já as

espécies independentes representaram 47,9% (N=35) do total da comunidade

registrada localmente.

E sobre a dieta desse grupo, conforme demonstrado na Tabela 6.4 e

no Gráfico 6.4, as espécies detectadas na área de influência do

empreendimento foram enquadradas em oito guildas tróficas, havendo

predomínio daquelas que utilizam insetos como principal recurso trófico (N=26;

35,6%) seguida pelas onívoras (N=16,4; 20,5%).

Aves insetívoras ocorrem em maior proporção em áreas perturbadas

do que em áreas preservadas, sendo observado o inverso para as espécies

frugívoras (Piratelli & Pereira, 2002). E a dieta onívora por utilizar diferentes

fontes de alimentos também favorece. As espécies que nela são classificadas,

a explorarem também ambientes não muito preservados, dessa forma a

composição alimentar da comunidade estudada corrobora com a situação

descrita anteriormente, justificando assim o reduzido número de espécies

“Dependentes” de ambientes florestais. Sendo que da mesma forma, no que

diz respeito à sensibilidade à perturbação ambiental, da assembleia de aves

registrada 74,0% (N=54) são classificadas como de “Baixa Sensibilidade”.

Tabela 6.4 - Hábitat preferencial, grau de dependência em relação a ambientes

florestais, sensibilidade à perturbação ambiental e categorias tróficas das espécies

registradas durante a realização do presente estudo.

Hábitat preferencial N %

Campestre 27 37,0%

Florestal 29 39,7%

Generalista 14 19,2%

Aquático 2 2,7%

Antrópico 1 1,4%

Grau de dependência em relação a ambientes florestais N %

Independente 35 47,9%

Semi-dependente 31 42,5%

Dependente 7 9,6%

Sensibilidade à perturbação ambiental N %

Baixa 54 74,0%

Média 19 26,0%

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Alta 0 0,0%

Categorias tróficas N %

Insetívora 26 35,6%

Granívora 12 16,4%

Onívora 15 20,5%

Frugívera 8 11,0%

Nectarívora 3 4,1%

Carnívora 5 6,8%

Detritívora 2 2,7%

Piscívora 2 2,7%

Gráfico 6.1 - Distribuição das espécies registradas em relação a hábitat preferencial.

Gráfico 6.2 - Distribuição das espécies registradas em relação à dependência

florestal.

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Gráfico 6.3 - Distribuição das espécies registradas em relação à sensibilidade à

perturbação ambiental.

Gráfico 6.4 - Hábitos alimentares das espécies registradas na área de influência do

empreendimento.

A curva de rarefação de espécies (Gráfico 6.5) não mostrou

considerável tendência à estabilização, porém a riqueza observada tenha se

mantido dentro do intervalo de confiança. Desta forma, pode-se afirmar que os

esforços despendidos para a caracterização das áreas de influência do futuro

empreendimento foram de fato satisfatórios.

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Gráfico 6.5 - Curva de rarefação de espécie apresentando a riqueza observada (Mao

Tau), riqueza esperada (Chao 1 Mean) e os intervalos de confiança.

Sobre as espécies ameaçadas de extinção que foram encontradas

nas áreas de influência do empreendimento durante as duas campanhas que

subsidiaram o Primeiro Relatório de Levantamento de Fauna da ArcelorMittal-

Mina do Andrade. A saber: Urubitinga coronata (Águia cinzenta), Spizaetus

melanoleucus (Gavião pato), Sporophila frontalis (Pixoxó), Sporophila

angolensis (Curió) e Jacamaralcyon tridactyla (Cuitelão), apesar do esforço

para encontra-las utilizando suas vocalizações com playbacks, não foram

detectadas nenhumas dessas espécies durante o presente estudo.

6.1.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos levantamentos em campo, a comunidade de ave

registrada indica que apesar da predominância de espécies generalistas com

preferência por habitat campestre, generalista e antropizado (que juntos

somaram 58%; N=42) e dietas insetívora e onívora, possui uma relevante

parcela de espécies mais exigentes e dependentes de ambientes preservados.

A quantidade de espécies endêmicas registradas (N=04) foi

considerada pequena, assim como a ausência de registros de espécies com

atributos de interesse ecológicos, tais como ameaçadas e migratórias, também

pode ser questionada. Não obstante, deverá ser considerado que o presente

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estudo foi realizado durante o período seco e frio, condições climáticas essas

que muito interferem nas atividades da avifauna, tornando-a menos conspícua

e consequentemente mais difícil de obter seus registros em campo.

Considerando que as amostragens em alguns fragmentos florestais

se deram através de estradas já existentes entre os fragmentos, supõe-se que

caso dispusesse de mais tempo para as amostragens, tais acessos poderiam

ser feitos mais no interior dos fragmentos em estágio de regeneração mais

evoluído. Para tal, seria necessária a abertura de picadas adentrando mais no

interior dos fragmentos e cerca de um ou dias depois (após cessar o efeito

intimidador sobre as aves, proveniente dos barulhos e das sutis alterações no

ambiente, ocasionados pela abertura das picadas) realizar Pontos de

Observação e instalar Redes de Neblina, com a finalidade de se obter um

maior registro de aves de ambientes florestais, uma vez que mais no interior

das matas o efeito borda é muito reduzido ou as vezes ausente, diferenciando

a paisagem e consequentemente espera-se que também seja diferente a

comunidade avifaunística que ali exercem suas atividades ecológicas tais como

forrageio e nidificação.

No que diz respeito aos impactos oriundos da atividade minerária

local sobre a comunidade de aves, considerando que 74% (N=54) do total de

registros das espécies detectadas serem classificadas como tendo baixa

sensibilidade à perturbação ambiental, e somando ao fato de que grande

parcela das bordas da Área Diretamente Afetada (ADA) serem constituídas por

talhões (abandonados) de eucaliptos com formação avançada de sub-bosque

em seu interior, é formada uma zona de amortecimento que protege os

fragmentos florestais nativos existentes na Área de Influência Indireta (AII) e na

Reserva Legal, reduzindo assim os efeitos dos impactos ambientais negativos

sobre a comunidade de aves local.

Por fim, conclui-se que os estudos realizados para o levantamento

da avifauna foram inicialmente satisfatórios, porém se torna necessário que nas

próximas campanhas o período de amostragem seja estendido, que mais

Pontos de Observação sejam realizados mais no interior dos fragmentos

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florestais, que a metodologia de amostragem com Redes de Neblinas seja

inclusa e que adote o procedimento de anilhamento nas aves nelas capturadas.

6.1.7 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA PARA AVIFAUNA

CBRO (Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos). 2015. Lista das aves do Brasil.

Brasília: Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos.

IUCN (International Union for Conservation of Nature and Natural Resources). 2015.

The IUCN Red List of Threatened Species version 2015.2. Disponível em

<http://www.iucnredlist.org/search.php>.

MMA (Ministério do Meio Ambiente). 2014. Portaria MMA nº 444, de 17 de dezembro

de 2014: reconhece como espécies de peixes e invertebrados aquáticos da

fauna brasileira ameaçadas de extinção aquelas constantes da “Lista Nacional

das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção - Peixes e Invertebrados

Aquáticos” presente nesta portaria. Diário Oficial da União de 18/12/2014.

COPAM (Conselho de Política Ambiental). 2010. Deliberação Normativa COPAM nº

147, de 30 de abril de 2010: Aprova a Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção

da Fauna do Estado de Minas Gerais. Diário do Executivo do Estado de Minas

Gerais de 04/05/2010.

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6.1.8 RELATÓRIO FOTOGRÁFICO DO MONITORAMENTO DA AVIFAUNA

Foto 01: Registro auditivo no PO 2 Foto 02: Aspecto predominante no TST 2

Foto 03: Amostragem durante o TST 3 Foto 04: Inspeção no PO 6

Foto 05: Inspeção durante o TST 5 Foto 06: Registro auditivo durante o TST 4

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Foto 07: Aspecto predominante no TST 6 Foto 08: Inspeção durante o TST 7

Foto 11: Inspeção durante o PO 10 Foto 12: Uso de chama (vocalização) de espécies

de interesse ecológico.

Foto 13: Atividade de busca noturna Foto 14: Tachyphonus coronatus

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Foto 15: Sporagra magellanica, espécie com

potencial cinegético.

Foto 16: Cissopis leverianus

Foto 17: Bando de Sicalis flaveola Foto 18: Lanio melanops, espécie que mantém

relações ecológicas com primatas, formigas de

correição e outros pássaros.

Foto 19: Saltator similis, espécie com potencial

cinegético

Foto 20: Penelope obscura, espécie com potencial

cinegético

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Foto 21: Malacoptila striata, espécie endêmica do

Brasil.

Foto 22: Hemithraupis ruficapilla, espécie

endêmica do Brasil.

Foto 23: Estrilda astrild, espécie exótica Foto 24: Patagioenas cayennensis, espécie com

potencial cinegético.

Foto 25: Megascops choliba, espécie de hábito

noturno detectada durante os estudos.

Foto 26: Hydropsalis albicollis, espécie de hábito

noturno detectada durante os estudos.

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6.2 HERPETOFAUNA

6.2.1 APRESENTAÇÃO

O presente relatório contempla os resultados preliminares da

campanha do Programa de Monitoramento de Fauna Silvestre com ênfase no

grupo da Herpetofauna realizado no mês de agosto/2016.

Apresenta-se neste documento a lista completa de espécies

registradas durante a campanha, o mapa de localização dos pontos de

amostragem, a documentação fotográfica das áreas e de espécimes

registrados durante as atividades.

Os trabalhos de campo foram desenvolvidos no período de 03/08 à

07/08/2016, referente a primeira campanha, abrangendo a estação seca.

Por se tratar de um relatório focalizando o levantamento da estação

seca, tanto os resultados quantos as discussões ainda são preliminares sobre

os registros, sendo que a abordagem com maior ênfase nas análises

estatísticas e avaliação dos avanços do programa serão apresentadas no

relatório técnico consolidado, com conclusão prevista no primeiro semestre de

2017.

As campanhas de campo, com frequência semestral, resultam em

relatórios parciais, os quais deverão ser complementados por campanhas

subsequentes, envolvendo também a estação chuvosa. A cada ano hidrológico

completo será elaborado um relatório consolidado contemplando todos os

resultados obtidos ao longo do correspondente período.

6.2.2 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O Brasil é um dos países com maior biodiversidade no mundo,

sendo considerado o país com maior diversidade de anfíbios, com 1026

espécies descritas (Segalla et al., 2014) e o segundo maior em diversidade de

répteis, com 760 espécies descritas (Bérnils & Costa, 2014). Os anfíbios e

répteis compõem o grupo que chamamos de herpetofauna, representada

nacionalmente por 1.786 espécies.

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Os anfíbios (Classe Amphibia) são, por sua vez, representados

pelas cobras-cegas (Gymnophiona ou Apoda), salamandras (Caudata ou

Urodela), sapos, rãs e pererecas (Anura).

Os répteis (Classe: Reptilia) são representados pelos Testudines,

Crocodylia e Squamata (Lagartos, Amphisbaenia e Serpentes).

Os répteis brasileiros representam, aproximadamente, 8% da

herpetofauna mundial (760 espécies), de acordo com dados da Sociedade

Brasileira de Herpetologia (2014b). Estas espécies naturalmente ocorrem e se

reproduzem no território brasileiro, sendo representados por 36 quelônios, seis

jacarés, 260 lagartos, 72 anfisbênias e 386 serpentes.

Minas Gerais é um dos estados que apresenta maior diversidade

herpetofaunística no Brasil, representado por 208 espécies de anfíbios e 196

de répteis (Drummond et al., 2005), correspondendo a, respectivamente, 20% e

26%, do total de espécies conhecidas no Brasil (SBH 2014a; 2014b). Todavia,

sua real riqueza é desconhecida, devido ao elevado número de espécies sendo

descobertas anualmente. Esta elevada riqueza pode ser justificada pela

ocorrência e influência de três grandes biomas no Estado; o Cerrado, a Mata

Atlântica e a Caatinga, além do relevo altamente acidentado, caracterizado

pela presença de complexos montanhosos que determinam divisores de águas

de algumas das principais bacias hidrográficas, como as do rio São Francisco,

do rio Doce e do rio Jequitinhonha (Ab’Saber, 2003).

A herpetofauna tem um papel muito importante nos ecossistemas

locais, anfíbios, por exemplo, são considerados excelentes bioindicadores de

primitividade dos ecossistemas ou, por outro lado, de diferentes níveis de

alteração ambiental. A presença de espécies dependentes de algum tipo

especial de ambiente (estenóicas), bem como a presença de espécies raras e

endêmicas, são fundamentais para a detecção do grau de primitividade do

ambiente, enquanto a presença de espécies tolerantes a um amplo espectro de

condições do meio (eurióicas) pode determinar diferentes níveis de alteração

(Moura-leite et al.,1993). Além disso, os anfíbios são animais que normalmente

ocorrem em altas densidades em habitats florestais ou se congregam em torno

de corpos d’água temporários ou não, principalmente no período reprodutivo,

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onde a temperatura do ar, as precipitações pluviométricas e a luminosidade da

lua parecem afetar suas atividades (Duellman & Trueb, 1994).

Os répteis também desempenham importante papel ecológico no

ambiente em que vivem, sendo que grande parte das espécies são predadoras

de topo da cadeia trófica e outros são consumidores secundários, alimentando-

se principalmente de insetos. Há ainda alguns que são herbívoros, funcionando

como consumidores primários, ou mesmo atuando como dispersores para

várias espécies de plantas. Por ocorrerem muitas vezes em densidades

relativamente altas, esses animais possuem papel de grande importância no

funcionamento dos ecossistemas brasileiros (Martins & Molina, 2008).

Diante disso, representantes da herpetofauna podem ser utilizados

como indicadores de qualidade ambiental (Dunson et al., 1992). Deste modo, o

presente monitoramento se torna uma ferramenta de grande importância para

verificar os efeitos surtidos na comunidade herpetofaunística, no que tange,

atividade de mineração na área de influência da ArcelorMittal Brasil S/A em

Bela Vista de Minas-MG.

6.2.3 OBJETIVO

Estabelecer a listagem de espécies que compõem as

comunidades herpetofaunística nas áreas afetadas pelo empreendimento em

questão, além do seu entorno;

Realizar comparações estatísticas sobre o atual panorama da

comunidade herpetofaunísticas nas áreas afetadas pela ArcelorMittal Brasil S/A

com as comunidades localizadas nas áreas que não sofreram interferências

com o empreendimento;

Buscar, nos trechos estudados, indivíduos / espécies de interesse

e/ou bioindicadores de qualidade ambiental nas áreas afetadas pelo

empreendimento ou do seu entorno;

Registrar os dados de ocorrência das espécies encontradas na

área de estudo, ressaltando o status de conservação, habitat preferencial,

estrutura trófica e interesse econômico;

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Estabelecer a curva do coletor das Classes Amphibia e Reptilia;

Recomendar ações conservacionistas, caso pertinente.

6.2.4 MÉTODOS DE TRABALHO

6.2.4.1 PERÍODO DE REALIZAÇÃO DA CAMPANHA

Para fins de monitorar a herpetofauna presentes nas áreas de

influência da ArcelorMittal Brasil S/A foi realizada campanha de campo,

referente ao período seco, entre 03 a 07 de agosto de 2016.

6.2.4.2 DESCRIÇÃO DOS PONTOS AMOSTRAIS

Neste item serão apresentados os locais onde foram conduzidas as

amostragens para a herpetofauna. Os pontos de amostragem selecionados e

definidos serão mantidos em futuras campanhas do monitoramento, a fim de

acompanhar as interferências da operação do empreendimento ao longo de

quatro anos. Alguns pontos de registros ocasionais serão adicionados com o

intuito de melhor representar as amostragens, permitindo o registro do maior

número possível de espécies da fauna local. Contudo, os pontos considerados

de registros ocasionais entrarão apenas como dados qualitativos.

Para as coletas de dados primários, os ambientes amostrais foram

selecionados de modo a representar as diferentes fisionomias vegetais

encontradas na região. Neste sentido, os esforços de coleta concentram-se

preferencialmente nos locais de agregações reprodutivas (brejos, riachos,

lagoas, etc.) ou refúgios (sob troncos caídos, pedras, serrapilheira, etc.), pois a

probabilidade de encontro com espécimes da herpetofauna é maior nesses

ambientes.

Para o diagnóstico da herpetofauna, os principais tipos de ambientes

investigados encontram-se descritos na Tabela 6.5 e os mesmos podem ser

visualizados na Figura 6.2.

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Tabela 6.5 - Localização e caracterização dos pontos amostrais de inventariamento de herpetofauna na área de influência da ArcelorMittal

Brasil S/A, Bela Vista de Minas/MG.

Ponto Caracterização Metodologia Coordenada Geográfica

PH01 Lagoa antropizada Procura visual limitada por tempo 689542,5 7812270,5

PH02 Drenagem perene (córrego Corrente) apresenta vegetação arbustiva, sem mata ciliar Procura visual limitada por tempo 692214,563 7811938,5

PH03 Lagoa artificial pequena, margem atropizada, mas com vegetação ciliar Procura visual limitada por tempo 692405,25 7811949,5

PH04 Drenagem perene (córrego Corrente) apresenta vegetação herbácea nas margens Procura visual limitada por tempo 693036,063 7811763,5

PH05 Lagoa, apresenta vegetação ciliar em toda extensão da margem Procura visual limitada por tempo 699117,796 7811327,149

PH06 Lagoa artificial, margem atropizada Procura visual limitada por tempo 690337,451 7811425,666

PH07 Pequena Lagoa artificial, margem atropizada Procura visual limitada por tempo 690518,384 7810366,993

PH08 Lagoa artificial, margem atropizada Procura visual limitada por tempo 690669,346 7811312,077

TH01 Estrada cujas bordas contemplam área de vegetação nativa Procura visual limitada por tempo 693372,75 7809432

TH02 Estrada cujas bordas contemplam área de vegetação nativa Procura visual limitada por tempo 695352,519 7812228,474

TH03 Estrada cujas bordas contemplam área de vegetação nativa Procura visual limitada por tempo 693723,254 7812116,305

TH04 Estrada cujas bordas contemplam área de vegetação nativa Procura visual limitada por tempo 695693,265 7809271,225

TH05 Estrada e trilha cujas bordas contemplam de vegetação nativa Procura visual limitada por tempo 692032,341 7811686,241

TH06 Trilha interior de mata Procura visual limitada por tempo 692734,878 7812002,045

TH07 Trilha (estrada abandonada) cujas bordas contemplam área de vegetação nativa Procura visual limitada por tempo 689955,896 7812230,916

TH08 Estrada cujas bordas contemplam área de vegetação nativa Procura visual limitada por tempo 691599,225 7811752,081

Todos os pontos estão no sistema de projeção Universal Transverse Mercator (UTM), Zona 23 K e DATUM WGS 84.

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Figura 6.2 - Localização dos pontos de amostragem monitoramento da herpetofauna na área de influência da ArcelorMittal Brasil S/A, Bela

Vista de Minas – MG. Legenda: Transecto = T; Perímetro da área = azul escuro; Reserva Legal = verde escuro; ADA= amarelo; T1 = verde

claro; T2 = branco; T3 = azul claro; T4 = rosa, T5 = vermelho; T6 = preto, T7 = cinza, T8 = alaranjado e PH = Ponto de amostragem (corpo

aquático).

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Foto 1 - Vista parcial do ponto de amostragem PH01 (689542,5/7812270,5).

Foto 2 - Vista parcial do ponto de amostragem PH07 (690518,384/7810366,993)

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Foto 3 - Vista parcial do ponto de amostragem PH02 (692214,563/7811938,5).

Foto 4 - Vista parcial do ponto de amostragem PH06 (690337,451/7811425,666).

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Foto 5 - Vista parcial do ponto de amostragem PH3 (692405,25/7811949,5).

Foto 6 - Vista parcial da área do Transecto 3 contemplado a área da reserva legal

(693723,254/7812116,305).

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Foto 7 - Vista parcial da área do Transecto 1 na AID do empreendimento

(693372,75/7809432).

6.2.4.3 METODOLOGIA

Para os estudos, visando à abundância relativa de espécies em um

curto espaço de tempo, foram adotados os procedimentos metodológicos

padrão para o inventário de anfíbios e répteis, baseados em Heyer et al.,

(1994). Para realização do trabalho foram adotadas três metodologias, para o

registro amostral direto adotou-se a procura visual limitada por tempo (PVLT),

Áudio Strip Transect (gravação da vocalização) e Road Sampling (amostragem

de estrada).

Procura visual limitada por tempo (PVLT)

Esse método consiste em percorrer cada ponto de amostragem ao

acaso, procurando espécimes por um determinado tempo ou em transecções

estabelecidas (Heyer et al., 1994; Crump & Scott, 1994; Zani & Vitt, 1995).

Optou-se por caminhar lentamente ao longo de uma trilha pré-existente no

período diurno e noturno (Foto 3.3.1). Foram vistoriados: serrapilheira, troncos

em decomposição, cavidades de troncos, vegetação, tocas no solo e outros

locais que poderiam servir de abrigos a estes animais.

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Nesta campanha foram estabelecidos dezesseis pontos de Procura

visual limitada por tempo. Em cada um desses doze pontos foram realizadas

duas Procura visual limitada por tempo, uma no período diurno e outra no

período noturno, cada uma com duração de uma hora por observador. Ao final

desta campanha e com a presença de dois observadores, obteve-se um

esforço total de 40h00min de Buscas Ativas Limitadas por Tempo.

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Foto 8 - Realização da Procura visual limitada por tempo no período noturno nos pontos contemplados nas áreas de estudo da ArcelorMittal Brasil S/A, situada no município de Bela Vista de Minas - MG.

Foto 9 - O registro fotográfico dos espécimes foi realizado quando possível durante a Procura visual limitada por tempo no período noturno.

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Strip Transect (gravação da vocalização)

Este método consiste na gravação da vocalização emitida pelos

machos em atividade reprodutiva. Como a maioria dos anuros tem sua

atividade de vocalização concentrada nas primeiras horas da noite, esse foi o

período utilizado. A metodologia é exclusivamente utilizada para anfíbios

anuros.

É um método para avaliar a densidade de indivíduos por chamada

(Zimmerman 1994). Mais comumente usado em conjunto com pesquisas de

transectos , sendo uma ferramenta útil para detectar alterações da densidade

populacional de indivíduos chamados e comparar densidades dos indivíduos

entre os pontos.

As espécies são identifcadas através do reconhecimento das

vocalizações, grande parte das espécies vizualizadas são fotografadas e suas

vocalizações gravadas. A vocalização dos Anuros é uma importante ferramenta

taxonômica, auxiliando na identificação das espécies desconhecidas (Silvano &

Pimenta ,2003).

Road Sampling (amostragem de estrada)

A metodologia consiste em registro de espécies do grupo

herpetofaunístico em deslocamento ou atropeladas nas áreas de estudo da

ArcelorMittal Brasil S/A, Bela Vista de Minas. Foram percorridas parte das

estradas internas do empreendimento em um veículo automotor, a uma

velocidade média de 20 Km/h.

6.2.5 TAXONOMIA

A conferência dos nomes científicos (taxonomia) foi revisada

segundo a Lista de Anfíbios do Brasil e a Lista de Répteis do Brasil, disponível

no site da Sociedade Brasileira de Herpetologia

(http://www.sbherpetologia.org.br/).

Para os grupos da herpetofauna foram consultadas as listas oficiais

de espécies da fauna ameaçadas de extinção estadual (COPAM, 2010),

nacional (MMA, 2014) e internacional (IUCN, 2016):

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COPAM - Conselho Estadual de Política Ambiental, 2010. Deliberação

Normativa Nº 147, de 30 de abril de 2010. Lista de Espécies Ameaçadas

de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais. Diário Oficial da

União, 18/12/2014;

IUCN - International Union for Conservation of Nature, 2016. The IUCN

Red List of Threatened Species. Disponível em:

<http://www.iucnredlist.org/>. Acesso em 17/08/2016.

MMA - Ministério do Meio Ambiente, 2014. Portaria MMA nº 444, de 17

de dezembro de 2014. Reconhece como espécies da fauna brasileira

ameaçadas de extinção aquelas constantes da "Lista Nacional Oficial de

Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção".

6.2.6 ANÁLISE DE DADOS

Para a caracterização da composição herpetofaunística local foi

utilizada uma metodologia sistemática (Busca Ativa limitada por tempo) para a

realização das análises estatísticas e metodologias complementares para

composição qualitativa da taxocenose. A coleta de informações para efeito de

levantamento e diagnóstico foi realizada na área de influência direta do

empreendimento.

Para padronização das análises estatísticas bem como o

cumprimento das premissas básicas das mesmas, as buscas ativas foram

restritas por tempo (uma hora de busca noturna e uma hora de busca diurna

em pontos determinados). Essa padronização permite uma amostragem

homogênea.

Desta forma, utilizando-se o software PAST (Hammer et. al, 2001), o

índice de Shanon-Wiener foi acessado, com base na seguinte fórmula:

H’ = n log n - ∑fi log fi/n

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onde:

H’ = índice de diversidade de espécies;

n = número de indivíduos amostrados;

fi = número de indivíduos da espécie i.

Da mesma forma, a equitabilidade também foi obtida utilizando-se a seguinte

equação:

J’ = H’/ Log S

onde:

J’ = Equitabilidade de Shannon;

H’ = Diversidade de Shannon-Wiener;

Log S = Logaritmo correspondente ao número de espécies registradas.

Para a elaboração da curva de rarefação de espécies, foi utilizado o

software EstimateS 9.1.0 (Colwell, 2013), com base em 999 aleatorizações

(novamente descartados os dados provenientes metodologias complementares

para composição da herpetofauna). Cada ponto de procura visual limitada por

tempo (PVLT) será considerado uma unidade amostral totalizando dezesseis

(N=16) por campanha.

6.2.7 RESULTADOS

6.2.7.1 ESTRUTURA DA COMUNIDADE

O número de espécies pertencentes à herpetofauna registradas por

meio das amostragens in situ (dados levantados por meio das metodologias

empregadas em campo) foram de 15 espécies (Tabela 6.6), sendo 11 da ordem

Anura (73,33%) pertencentes a 3 famílias (Hylidae S=6, Leptodactylidae S=3,

Bufonidae S=2) e 4 espécies da ordem Squamata (26,67%), sendo os 4 de

lagartos das famílias Leiosauridae (S=1), Teiidae (S=2) e Tropiduridae (S=1),

Gráfico 6.6.

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Gráfico 6.6 - Número de espécies por ordens da herpetofauna registradas nas áreas de

influência da ArcelorMittal Brasil S/A no município de Bela Vista de Minas, Minas Gerais,

durante o período seco (agosto) de 2016. Legenda: S = Riqueza

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Tabela 6.6 - Lista de espécie da herpetofauna registrados na área do empreendimento minerário da ArcelorMittal Brasil S/A), no município de

Bela Vista de Minas, Minas Gerais no período entre os dias 03 a 07 de agosto de 2016 (Estação seca).

Ordem Família Táxon

Nome popular Abundância

Ponto de amostragem

Tipo de registro

Metodologia

Status de conservação

Autor MG BR Mundial

Anura

Bufonidae Rhinella schneideri (Werner, 1894) Sapo boi 3 P4,P6 VS PVLT NL NL LC

Rhinella sp. Sapo boi P8 VS PVLT − − −

Hylidae Dendropsophus minutus (Peters, 1872) Perereca do

brejo 16 P1,P3,P5 VS/ZF PVLT NL NL LC

Dendropsophus elegans Wied-

Neuwied,1824 Perereca do

brejo 27 P1,P2,P4,P5,P7 VS/ZF PVLT NL NL LC

Dendropsophus sp. 4 P5 ZF PVLT − − −

Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) Perereca cabrinha 24 P1,P3,P5,P6,P7,P8 VS/ZF PVLT NL NL LC

Hypsiboas faber (Wied-Neuwied,

1821) Sapo martelo 5 P2,P5 VS/ZF PVLT NL NL LC

Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925) Perereca de

banheiro 7 P2,P3 VS/ZF PVLT NL NL LC

Leptodactylidae Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) Rã pimenta 3 P1,P5 VS/ZF PVLT NL NL LC

Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) Rã mantega 3 P4,P5 VS PVLT NL NL LC

Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 Rã cachorra 12 P3,P5,P7 VS/ZF PVLT NL NL LC

Squamata

Teiidae Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Calango verde 12 T1,T3,T4,T5T7,T8 VS PVLT NL NL NA

Salvator merianae (Duméril & Bibron,

1839) Teiú 4 T1,T2,T5,T6 VS PVLT NL NL LC

Tropiduridae Tropidurus torquatus (Wied, 1820) Calango preto 9 T1,T2,T3T7,T8 VS PVLT NL NL LC

Leiosauridae Enyalius bilineatus (Duméril & Bibron,

1837) Quebra-quebra 1 T6 VS PVLT NL NL NA

Legenda: Tipo de registro - VS = Visual; ZF = Zoofonia; Metodologia –PVLT = procura visual limitada por tempo = Pitfall Traps; Status de Conservação – NL = Não listada; LC – Least concern (pouco preocupante).

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48

Durante a realização da campanha de monitoramento foram

registradas onze espécies de anfíbios, todas pertencentes da Ordem Anura.

Hylidae foi à família com maior representatividade em termos de riqueza de

espécies, com seis espécies registradas, o que corresponde 54,55% do total de

espécies catalogadas. A distribuição das espécies de anuros entre as famílias

diagnosticadas corroborou com o padrão normalmente observado para a região

Neotropical, no qual Hylidae é responsável por abrigar a maior riqueza de

espécies (Serafim et al., 2008). Logo, segue a família Leptodactylidae com três

espécies (27,27%) e Bufonidae com duas espécies (18,18%) (Gráfico 6.7).

Gráfico 6.7 - Número de espécies por famílias da anurofauna registradas na área de influência

do empreendimento minerário da ArcelorMittal Brasil S/A no município de Bela Vista de Minas,

Minas Gerais, durante o período seco (Agosto) de 2016. Legenda: S = Riqueza.

A Família Hylidae é reconhecida por apresentar a maior riqueza de

espécies para o grupo dos anfíbios no Brasil, possuindo registros de 369

exemplares com ocorrência no território nacional (SBH, 2014a). As espécies da

família mostram-se adaptadas à vida arborícola, devido à presença de discos

adesivos que permite a utilização de diversos estratos verticais auxiliando na

segregação espacial de espécies desse grupo em ambientes florestais

(Cardoso et al., 1989; Conte & Rosa-Feres, 2007).

Entre os representantes da família Hylidae registradas no presente

estudo estão Dendropsophus minutus, Dendropsophus elegans, Hypsiboas

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albopunctatus, Hypsiboas faber, Scinax fuscovarius. A maioria dessas espécies

apresenta alta plasticidade, se adaptando as ações antropogênicas, ou até

mesmo se beneficiando delas.

Camuflagem eficiente, baixa densidade, movimentação discreta,

comportamento críptico e grande agilidade na fuga são características que

dificultam a detecção e captura da fauna reptiliana. Por isso, a maioria dos

estudos herpetofaunísticos tem-se uma riqueza bem menor de espécies de

répteis comparados à fauna de anfíbios. Estudos com a comunidade de répteis

demandam grande esforço, período amostral, combinação de variados

métodos de coleta (Cechini & Martins, 2000).

As espécies de répteis detectadas encontram-se distribuídas de

forma homogênea entre as famílias, praticamente não houve dominância de

nenhuma delas (Gráfico 6.8).

Gráfico 6.8 - Número de espécies por famílias de répteis registradas na área de influência da

influência da ArcelorMittal Brasil S/A no município de Bela Vista de Minas, Minas Gerais,

durante o período seco (Agosto) de 2016. Legenda: S = Riqueza

No geral, a composição da herpetofauna é caracterizada pela

predominância de espécies de vasta distribuição geográfica ou consideradas

ecologicamente generalistas em relação aos padrões de uso e ocupação do

habitat (Feio et al., 2008), a partir da análise conjunta dos dados obtidos até o

momento. Isso significa que grande parte delas apresenta capacidade de

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colonizar ambientes que apresentam elevado grau de alteração em suas

características originais, causada por atividades antrópicas (Izecksohn &

Carvalho-Silva, 2001).

Nenhuma das espécies diagnosticadas, tanto dos répteis como de

anfíbios, encontra-se categorizada em algum grau de ameaça de extinção.

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Foto 10 - Perereca cabrinha - Hypsiboas albopunctatus (Hylidae) registrada no PH3.

Foto 11 - Sapo martelo - Hypsiboas faber (Hylidae) obeservada no PH5.

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Foto 12 - Dendropsophus elegans (Hylidae) registrada no PH1 na ADA do empreendimento.

Foto 13 - Perereca do brejo - Dendropsophus minutus (Hylidae) registrada no PH1.

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53

Foto 14 - Perereca de banheiro - Scinax fuscovarius (Hylidae) visualizada no PH2.

Foto 15 - Rã pimenta - Leptodactylus labyrinthicus (Leptodactylidae) no PH1 na ADA do

empreendimento

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Foto 16 - Rã mantega - Leptodactylus latrans (Leptodactylidae) registrada no PH4.

Foto 17 - Rã cachorra - Physalaemus cuvieri (Leptodactylidae) no PH3.

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Foto 18 - Sapo boi - Rhinella schneideri (Bufonidae) no PH6 no AID.

Foto 19 - Sapo boi - Rhinella sp. (Bufonidae) detectado no PH8.

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Foto 20 - Calango - Tropidurus torquatus (Tropiduridae) visualizado no T3 na AID do

empreendimento.

Foto 21 - Calango verde - Ameiva ameiva (Teiidae) observado no T4.

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Foto 22 - Quebra-quebra - Enyalius bilineatus (Leiosauridae) detectada no T6.

Quanto à diversidade, consideram-se dois diferentes conceitos:

riqueza e uniformidade, que podem ser aplicados por meio de uma escala

hierárquica, desde diversidade genética até diversidade de ecossistemas.

Riqueza refere-se ao número de espécies presentes na flora e, ou, na fauna,

em uma determinada área. Uniformidade refere-se ao grau de dominância de

cada espécie, em uma área (Margurran, 1988). Em princípio, diversidade pode

ser mensurada, considerando-se qualquer componente biológico.

Para o presente estudo, foram calculados os índices de diversidade

de cada unidade amostral, ou seja, de cada ponto (transecto e Ponto aquático)

e para todo o universo amostral. O ponto 5 (PH5), com 8 espécies (S), foi a que

apresentou o maior valor de diversidade (H' = 1,93), enquanto a transecto4

(T04), com 1 espécies (S), foi a que apresentou menor diversidade (H' = 0)

(Tabela 6.7). O valor geral de diversidade (H') observado para o estrato foi 2,33

com riqueza (S) de 15 espécies. Importante salientar que os valores obtidos se

encontram posicionados dentre os valores (H’=1,5 a 3,5) usualmente

averiguado em estudos envolvendo comunidades de vertebrados terrestres

tropicais (Magurran, 2004).

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Em relação à equitabilidade, conforme também demonstrado pela

Tabela 6.7, o valor médio alcançado durante a realização do presente estudo

(Geral J=0,86) relaciona-se com a riqueza, abundância e distribuição das

espécies pela área de estudo. Fica nítida a ausência de espécies

numericamente dominantes sobre as demais, haja vista os altos valores de

equitabilidade alcançados durante a realização do presente estudo. Entretanto,

o valor da equitabilidade deve ser analisado com cautela, uma vez que, assim

como para a diversidade, certamente foram influenciados por se tratar de

estudo de curta duração, com poucos dias amostragem de campo.

Tabela 6.7 – Valores de riqueza, Diversidade de Shannon-Weaver e equitabilidade obtidos nas

áreas de influência do empreendimento, na estação seca (agosto de 2016).

Unidade amostral Riqueza (S) Diversidade (H') Equitabilidade (J)

PH1 4 1,071 0,7726

PH2 3 1,061 0,9656

PH3 4 1,31 0,9446

PH4 3 0,8676 0,7897

PH5 8 1,939 0,9322

PH6 2 0,6931 1

PH7 3 0,9557 0,8699

PH8 2 0,4101 0,5917

T1 3 1,04 0,9464

T2 2 0,6365 0,9183

T3 2 0,673 0,971

T4 1 0 0

T5 2 0,5623 0,8113

T6 2 0,6931 1

T7 2 0,6365 0,9183

T8 2 0,6365 0,9183

Geral 15 2,337 0,8631

Para sua confecção da curva de rarefação de espécies foram

utilizados os dados obtidos a parti da metodologia Procura Visual Limitada por

Tempo, de maneira sistematizada. A mesma não atingiu um platô, não mostrou

forte tendência à estabilização, embora a riqueza observada e estimada tenha

permanecido dentro do intervalo de confiança gerado pela plataforma

estatística utilizada (Gráfico 6.9). Desta forma, mesmo diante da grande

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probabilidade da presença de outras espécies não detectadas durante a

realização do presente estudo, pode-se afirmar que os esforços despendidos

foram satisfatórios levando-se em consideração que foi realizado apenas uma

campanha de campo.

Gráfico 6.9 – Curva de rarefação de espécies da herpetofauna gerada com base nos esforços

amostrais realizados na área de influência da ArcelorMittal Brasil S/A, entre os dias 03 e 07 de

agosto de 2016 (estação seca).

6.2.8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O presente relatório trata-se de resultados preliminares adquiridos

por meio de apenas uma campanha de campo no ciclo hidrológico seco. Ao

final de duas campanhas, contemplando a estação seca e chuvosa será

realizado um relatório final consolidado envolvendo todas as análises

qualitativas e quantitativas.

Conforme observado na primeira campanha de monitoramento, a

área de influência da ArcelorMittal Brasil S/A em Bela vista de Minas está

implantada em uma área de intensa atividade antrópica. É importante destacar

o registro de 15 espécies, deve ser considerado expressivo.

Conclui-se a maioria das espécies registradas apresenta ampla

distribuição, plasticidade ambiental, consideradas fora de perigo de acordo com

as listas de espécies ameaçadas.

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As campanhas futuras fornecerão informações mais precisas sobre

a fauna herpetofaunística que ocorrem nas áreas do empreendimento onde

serão comparados com outros estudos técnicos de levantamento realizados

nas áreas do projeto.

6.2.9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PARA A HERPETOFAUNA

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paisagísticas. Ateliê editorial, 2003. 49 p.

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17, n. 3, p. 729-740, 2000.

Conte, C. E. & Rossa-Feres, D. C. Riqueza e distribuição espaço-temporal de anuros

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6.3 MASTOFAUNA

6.3.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O Brasil é o segundo país mais rico em diversidade de mamíferos no

mundo (Reis et al., 2011), abrigando em seu território pelo menos 701

espécies, sendo: 234 Rodentia, 174 Chiroptera, 118 Primates, 55

Didelphimorphia, 45 Cetacea, 33 Carnivora, 10 Artiodactyla, 11 Cingulata, 8

Pilosa, 2 Sirenia, Lagomorpha, e 1 Perissodactyla (Paglia et al., 2012).

Deste total, 236 espécies ocorrem em Minas Gerais, o que

corresponde entorno de 35% da riqueza mastofaunística nacional. Entretanto,

devido ao avançado grau de destruição dos ambientes naturais, este

considerável percentual tende a diminuir de forma significativa, uma vez que 45

(19,1%) espécies presentes dentro dos limites estaduais encontram-se

inseridas na Lista das Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado

de Minas Gerais (COPAM, 2010).

Dentre as principais ameaças à mastofauna, destaca-se a perda de

habitat e fragmentação florestal. Tais impactos eliminam as espécies

endêmicas e impossibilita com que espécies de grande porte, que apresentam

maior área de vida, consigam manter populações estáveis em pequenos

fragmentos, tornando a mastofauna mais suscetíveis à extinção (Cullen et. al.,

2000).

As dráticas mudanças sofridas pela Mata Atlântica nos últimos 150

anos, decorrentes do uso antrópico, causaram uma redução severa no

tamanho das populações de mamíferos. Tais mudanças levaram ao

desaparecimento de inúmeras espécies em várias localidades.

Características ecológicas e biológicas destes organismos acabam

por torná-los mais vulneráveis aos impactos antrópicos, uma vez que

apresentam baixa taxa de crescimento populacional (Caughley, 1994). Além de

serem mais prpícios à extinção, uma vez que pequenas populações

apresentam baixa variabilidade genética e alta taxa de endogamia (Mauro, et

al., 2003).

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Compreender a estruturação da comunidade de mastoufauna uma

vez que mamíferos de médio e grande porte desempenham importantes

funções para manutenção dos ecossistemas naturais, tais como: regulação de

populações de presas e manutenção das comunidades vegetais por meio de

dispersão de sementes (chiarello et al., 2008).

Diante disso, inventários mastofaunísticos constituem importantes

ferramentas de conservação e manejo, uma vez que possibilitam acessar

padrões de distribuição e níveis de ameaça, além de auxiliar na tomada

decisões, visando à conservação das espécies envolvidas.

Sendo assim, o presente diagnóstico por finalidade inventariar a

comunidade de mamíferos não alados da área de influência ArcelorMittal Brasil

S/A Mina do Andrade, localizado na zona rural do município de Bela Vista de

Minas-MG. As informações geradas são valiosas para a conservação deste

grupo mediante frente aos possíveis impactos à paisagem na região do

empreendimento.

6.3.2 OBJETIVO

Apresentar listagem das espécies de mamíferos não-voadores de médio

e grande porte, indicando forma de registro e destacando as espécies

ameaçadas de extinção, endêmicas e raras. Além de verificar a

existência de espécies não registradas para a área de estudo ou pela

ciência, as passíveis de serem utilizadas como indicadoras de qualidade

ambiental, as de importância econômica e cinegética e as

potencialmente invasoras, conforme especificado pela Instrução

Normativa IBAMA n.º 146/2007;

Avaliar possíveis modificações ao longo do tempo na comunidade de

mamíferos, comparando com dados obtidos nas campanhas de

monitoramento;

Comparar os dados de riqueza das espécies entre as campanhas de

monitoramento, e entre as áreas de amostragem.

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6.3.3 METODOLOGIA

A fim de monitorar a mastofauna presente nas áreas de influência da

ArcelorMittal Brasil S/A Mina do Andrade, realizou-se campanha de campo, referente

ao período seco, entre 03 a 07 de agosto de 2016.

Durante a realização do presente estudo levou-se em consideração as

informações do Relatório Anual de Monitoramento da Fauna realizado pela

ArceloMittal Brasil S/A Mina do Andrade, entre os anos de 2014 e 2015. Destacam-se

neste levantamento anterior as espécies Catitu (Pecari tajacu), Lobo-

guará (Chrysocyon brachyurus), Lontra (Lontra longicaudis), Raposinha (Lycalopex

vetulus) porque encontram-se nas listas de espécies ameaçadas de extinção. O Pecari

tajacu é classificado como vulnerável (Vu) em Minas Gerais (COPAM, 2010); o

Lycalopex vetulus é classificado como vulnerável (Vu) no Brasil (MMA, 2014); a Lontra

longicaudis é considerada como vulnerável (Vu) em Minas Gerais (COPAM, 2010), e

quase ameaçada (NT) em nível global (IUCN, 2015) e o Chrysocyon brachyurus é

classificado como vulnerável (Vu) em Minas Gerais (COPAM, 2010), no Brasil (MMA,

2014), além de quase ameaçada (NT) a nível global (IUCN, 2016)

Inventários mastofaunísticos exigem esforços múltiplos e métodos variados

no que diz respeito à suficiência amostral (Silveira et al., 2010). Sendo assim, no

presente diagnostico realizou-se diferentes metodologias, incluindo buscas ativas

(registros diretos, identificação de evidências do tipo: fezes, tocas, pelos e pegadas),

cameras trap, conforme descrito em Voss & Emmons (1996) e Silveira et al. (2010),

detalhado a seguir:

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Figura 6.3 - Localização dos transectos (Busca ativa), pontos das armadilhas fotográficas “câmeras traps” na área área de influência da ArcelorMittal Brasil

S/A Mina do Andrade, no município de Bela Vista de Minas-MG. Estação seca (Agosto, 2016). Legenda: CT = Camera trap.; Transecto = T; Perímetro da

área =Amarelo; Perímetro da ADA =alaranjado; T1 =vermelho; T2 =branco; T3 =marrom; T4 =verde claro; T5 –azul claro; T6 = preto; T7 = cinza; T8 = azul

escuro e T9 =rosa.

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6.3.3.1 MAMÍFEROS DE GRANDE PORTE

BUSCAS ATIVAS

Com objetivo de registrar a mastofauna local, optou-se pelas

observações diretas e indiretas, e foram percorridos nove transectos (T) (Figura

3.1.1) do tipo linear transect (Emmons, 1984; Bodmer et al., 1997), a saber:

Tabela 6.8 - Identificação e localização geográfica dos transectos (T) alocados na área de

influência do empreendimento, durante a realização do presente estudo.

Transecto Coordenadas Descrição

T 1 689519,841 7812343,939 Estrada de terra contempla margem de lago artificial e área de vegetação nativa antropizadas

T2 693140,606 7811822,025 Alocado em estrada cujas bordas contemplam a vegetação nativa

T 3 692726,278 7811159,978 Trilho pré-existente abrange áreas antropizadas e área de vegetação em bom estado de conservação

T 4 694300,844 7810852,22 Estrada de terra cujas bordas contemplam vegetação nativa em diferentes estados de conservação

T 5 694420,644 7812024,168 Estrada de terra cujas bordas contemplam vegetação nativa em bom estado de conservação (área da reserva legal)

T 6 690922,304 7810110,069 Estrada de terra cujas bordas contemplam vegetação nativa em bom estado de conservação

T 7 690537,019 7811446,834 Estrada de terra cujas bordas contemplam vegetação nativa em diferentes estados de conservação, alguns trechos são antropizados

T 8 695470,935 7809381,59 Estrada de terra cujas bordas contemplam vegetação nativa em diferentes estados de conservação (região de aceiro)

T 9 695352,519 7812228,474 Estrada de terra cujas bordas contemplam vegetação nativa em bom estado de conservação (área da reserva legal)

Todos os indivíduos e vestígios encontrados foram devidamente

registrados em fichas apropriadas, sendo posteriormente transferidos para

planilhas eletrônicas. A identificação dos registros indiretos foi feita com o

auxílio de guia de campo (Borges e Tomas 2004; Reis et al. 2011).

Paralelamente, foram realizados sensos noturnos, aleatórios, na tentativa de

visualizar espécimes em deslocamento nas áreas de influência do

empreendimento.

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ARMADILHAS FOTOGRÁFICAS

De forma a registrar espécies de hábitos mais elusivos e discretos,

foram instaladas seis armadilhas fotográficas digitais, do tipo camera trap (CT),

(Tabela 6.9, Foto 1) próximas a locais estratégicos, tais como: fontes de água

e alimento, trilhas, tocas. Por se tratar de um estudo cujo objetivo é o

inventariamento da mastofauna local, um composto formado por mel, frutas e

sardinha foi periodicamente depositado no interior do raio de disparo das

câmeras fotográficas, a fim de atrair indivíduos presentes nas áreas

adjacentes. Cada armadilha fotográfica permaneceu armada por 96 horas

ininterruptas durante a campanha de campo.

Tabela 6.9 – Identificação e localização geográfica das armadilhas fotográficas do tipo camera

trap (CT) instaladas nas áreas de influência do empreendimento, durante a realização da

presente investigação.

Armadilha fotográfica Coordenada geográfica Zona 23K Local

CT1 695525,511 7812152,573 AID

CT2 693487,938 7812093,435 AID

CT3 689502,676 7812286,361 ADA

CT4 690507,418 7810366,87 ADA

CT5 692016,205 7812001,596 AID

CT6 693965,987 7809376,568 AID

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Foto 1 - Vista da armadilha fotografica CT5, sendo devidamente posicionada na área de estudo, AID.

Foto 2 - Realização de senso noturno na do T8 com objetivo de visualizar espécimes em deslocamento nas áreas de influência do empreendimento.

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ENTREVISTAS

A realização de entrevistas é um importante recurso para inventário

de mamíferos, notadamente aqueles de médio e grande porte, de fácil

reconhecimento por parte dos populares residentes nas áreas rurais. Desta

forma, foram funcionários da área da ArcelorMittal Brasil S/A Mina do Andrade,

que compartilharam seus registros e conhecimentos sobre mamíferos da

região. É importante salientar que, em nenhum momento os entrevistados

foram induzidos a citar determinada espécie, sendo as informações sempre

obtidas de modo espontâneo e imparcial.

ANÁLISE DE DADOS

Considerou-se riqueza o número absoluto de espécies registradas,

independente da metodologia empregada. A diversidade levou em

consideração apenas aquelas detectadas durante a realização dos transectos

ou por meio de câmeras trap, sendo desconsiderados todos os registros

obtidos durante as entrevistas. Desta forma, utilizando-se o software PAST

(Hammer et. al, 2001), o índice de Shanon-Wiener foi acessado, com base na

seguinte fórmula:

H’ = n log n - ∑fi log fi/n

onde:

H’ = índice de diversidade de espécies;

n = número de indivíduos amostrados;

fi = número de indivíduos da espécie i.

Da mesma forma, a equitabilidade também foi obtida utilizando-se a seguinte

equação:

J’ = H’/ Log S

onde:

J’ = Equitabilidade de Shannon;

H’ = Diversidade de Shannon-Wiener;

Log S = Logaritmo correspondente ao número de espécies registradas.

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Para a elaboração da curva de rarefação de espécies, será utilizado

o software EstimateS 9.1.0 (Colwell, 2013), com base em 999 aleatorizações

(novamente descartados os dados provenientes das entrevistas). Cada

transectos de busca ativa e as armadilhas fotográficas foram consideradas a

uma unidade amostral totalizando dezoito (N=15) por campanha.

6.3.4 RESULTADOS

6.3.4.1 ESTRUTURA DA COMUNIDADE

Durante a realização do presente trabalho, que consiste na primeira

campanha do monitoramento da mastofauna, foram inventariadas 14 espécies

de mamíferos pertencentes a 7 ordens e 11 famílias (Tabela 6.10). Todas 14

espécies foram registradas em campo, sendo 6 registros diretos (Tabela 5.1.1

e), 8 foram identificadas por meio de vestígios indiretos.

As famílias Felidae (S=2) e Canidae (S=2) apresentaram maior

riqueza, ao passo que Callitrichidae, Caviidade, Cervidade, Cuniculidae,

Dasypodidae, Didelphidae, Leporidae, Procyonidae e Mustelidade foram

representadas por apenas uma espécie cada (Tabela 6.10 e Figura 6.4). Em

relação a ordem, Carnívora (S=4), Rodentia (S=3) e Didelphimorphia (S=2)

destacaram-se das demais em virtude de apresentarem maiores números de

espécies, as demais ordens foram representadas por uma única espécie na

área de estudo (Figura 6.5).

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Figura 6.4 - Número de espécies por famílias de mamíferos registrados na área de influência

do empreendimento, entre os dias 03 a 07 de agosto (estação seca) de 2016. Legenda: S =

Riqueza

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Tabela 6.10 - Lista sistemática das espécies de mamíferos registradas na área de influência da ArcelorMittal Brasil S/A Mina do Andrade, no município de

Bela Vista de Minas-MG, no período entre 03 a 07 de agosto/2016.

Ordem Família Espécie Nome popular Dieta End. BR

Status de ameaça

Local Método de registro MG/BR/IUCN

Artiodactyla

Cervidae Mazama americana (Erxleben, 1777) Veado mateiro Fr/Hb N NL/NL/LC AID Pegada

Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis albiventris Lund, 1840 Gambá In/On N NL/NL/LC ADA Arm. Fot.

Cingulata

Dasypodidae Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1757 Tatu-galinha In/On N NL/NL/LC AID/ADA Vis./toca/peg.

Primates

Callitrichidae Callithrix geoffroyi (Humboldt, 1812) Sagüi-cara-branca Fr/In/Go S NL/NL/LC AID/ADA Visualização

Carnivora

Canidae Canis lupus familiaris Linnaeus, 1758 ▲ Cachorro In/On N NL/NL/NA AID Peg./ Vis.

Lycalopex vetulus (Lund, 1842) Raposa In/On S NL/Vu/LC ADA/AID Visualização

Felidae Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) Jaguatirica Ca N Vu/NL/LC ADA/AID Pegada

Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) Gato do mato Ca N Vu/EN/Vu ADA/AID Pegada

Puma concolor (Linnaeus, 1771) Onça parda Ca N Vu/Vu/LC ADA Pegada

Procyonidae Procyon cancrivorus (G. Cuvier, 1798) Mão pelada Fr/On N NL/NL/LC ADA Pegada

Mustelidae Eira barbara (Linnaeus, 1758) Irara Fr/On N NC/NC/NC ADA Pegada

Lagomorpha

Leporidae Sylvilagus brasiliensis (Linnaeus, 1758) Tapeti Hb N NL/NL/LC AID Vis./Entr.

Rodentia

Caviidae Hydrochoerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766) Capivara Hb N NC/NC/LC AID Pegada/Fezes

Cuniculidae Cuniculus PAC a(Linnaeus, 1766) Paca Fr/Hb N NL/NL/LC ADA/AID Pegada

Legenda: Br = Brasil (MMA, 2014); IUCN = International Union for Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN, 2016); LC = Pouco preocupante; NL = Não Listada; MG = Minas Gerais (COPAM, 2010); Vu = Vulnerável; ▲= Espécie domesticada alóctone a região Neotropical (Oliveira et al., 2008); In= Insetívoro ; On= Onívoro; Hb= Herbívoro pastador; FR= – Frugívoro; Go= Gomívoro; Ca= Carnívoro.

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Figura 6.5 – Representação da Número de espécies por ordens de mamíferos registradas na

área de influência da ArcelorMittal Brasil S/A, Mina do Andrade, durante a realização do estudo

(agosto 2016). Legenda: S = Riqueza.

Em relação à guilda alimentar (dieta), foi adotada a classificação de

Paglia et al. 2012. O grupo dos Onívoros/Insetívoro (On/ln) foi o que

apresentou o maior número de espécies (S=4), seguido por Ca (Carnívoro)

(S=3), as demais guildas; Hb (Herbívoro pastador), Fr/Hb (Frugívoro –

Herbívoro pastador), Fr/On (Frugívoro - Onívoro), foram representadas por

duas (S=2) e Fr/In/Go (Frugívoro – Insetívoro - Gomívoro) por apenas uma

espécie (Figura 6.6). É relevante destacar que os mamíferos de médio e

grande porte que possuem hábito alimentar frugívoro e/ou onívoro

desempenham importante papel na dispersão de sementes, principalmente de

espécies arbóreas que produzem frutos com sementes maiores que um

centímetro. Estas plantas dificilmente interagem com dispersores de pequeno

porte, como morcegos e a maioria das aves.

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Figura 6.6 - Representação da guilda alimentar das espécies de mamíferos registradas na

área de influência da ArcelorMittal Brasil S/A, Mina do Andrade, durante a realização do estudo

(Agosto 2016). Legenda: S = Riqueza.

Em relação à diversidade, conforme também demonstrado pela

Tabela 6.11, o valor geral do índice de Shannon-Wiener alcançados, H’= 2,30

pode ser considerado mediano, uma vez que numericamente encontram-se

posicionado acima do limite mínimo (H’=1,5) usualmente averiguado em

estudos envolvendo comunidades de vertebrados terrestres tropicais

(Magurran, 2004). O valor obtido muito provavelmente encontra-se relacionado,

com o tempo curto de amostragem e com os fatores de transformação e

fragmentação da paisagem local, uma vez que de acordo com outros estudos

realizados com mamíferos terrestres brasileiros, H’ diminuiu em função do

aumento dos distúrbios florestais (Lopes & Ferrari, 2000).

Ainda de acordo com a Tabela 6.11, fica nítida a ausência de

espécies numericamente dominantes sobre as demais, as espécies encontram

se bem distribuídas pela área de estudo, visto o alto valor de equitabilidade

alcançado durante a realização do presente estudo (J =0,87). Contudo, o valor

da equitabilidade deve ser analisado com cautela, uma vez que, assim como

para a diversidade, certamente foram influenciados por se tratar de um trabalho

de curta duração.

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Tabela 6.11 - Valores absolutos e média dos índices de diversidade e equitabilidade obtidos

durante a realização do presente estudo, agosto de 2016.

Amostras Riqueza (S) Diversidade (H') Equitabilidade (J)

T1 5 1,561 0,9697

T2 3 1,099 1

T3 3 1,011 0,9206

T4 2 0,6365 0,9183

T5 3 0,8487 0,7725

T6 3 1,099 1

T7 2 0,6365 0,9183

T8 3 1,04 0,9464

T9 2 0,673 0,971

CT1 1 0 0

CT2 1 0 0

CT3 2 0,6365 0,9183

CT4 1 0 0

CT5 2 0,6931 1

CT6 2 0,6365 0,9183

Geral 14 2,305 0,8735

A curva de rarefação de espécies manteve um crescimento gradual

ao longo da amostragem, não mostrou tendência à estabilização. Desta forma,

mesmo diante da grande probabilidade da presença de outras espécies não

detectadas durante a realização da primeira campanha do monitoramento,

pode-se afirmar que os esforços despendidos foram satisfatórios nesta etapa

do monitoramento. Espera-se que ao longo das campanhas de campo e com o

acumulo possa-se atingir a estabilização da curva. É importante salientar que

as riquezas observada e estimada permaneceram dentro do intervalo de

confiança gerado pela plataforma estatística utilizada (Gráfico 6.10).

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Gráfico 6.10 – Curva de rarefação de espécies gerada com base nos esforços amostrais

empregados e resultados obtidos na área de influência do empreendimento durante a

realização do presente estudo.

6.3.4.2 ESPÉCIES DE INTERESSE

Dentre as espécies registradas, algumas possuem interesse

especial, tais como; potencial cinegético, nível de ameaça e endemismo.

Em relação ao critério de ameaça, quatro aparecem categorizadas

como ameaçadas nas principais listas, a raposa Lycalopex vetulus é

classificada como vulnerável (Vu) no Brasil (MMA, 2014); o gato do mato

Leopardus tigrinus é classificado como vulnerável (Vu) em nível estadual

(COPAM, 2010) e global (IUCN (2016), além de considerado em perigo (EN)

em nível nacional (MMA, 2014); a jaguatirica Leopardus pardalis é classificada

como vulnerável a nível estadual (COPAM, 2010), embora não ameaçado a

nível nacional (MMA, 2014) e global (IUCN, 2016) e a onça parda Puma

concolor é classificado como vulnerável (Vu) em nível estadual (COPAM,

2010), e nacional (MMA, 2014).

É importante ressaltar que no Relatório Anual de Monitoramento da

Fauna elaborado pela ArceloMittal Brasil S/A Mina do Andrade, realizado entre

os anos de 2014 e 2015 detectou quatros espécies ameaçadas. No presente

estudo apenas Lycalopex vetulus foi registrado novamente, as outras espécies

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possivelmente não foram detectadas devido as diferenças de metodológicas ou

pelo período de amostragem.

Em relação ao endemismo das espécies registradas, foi detectada

duas espécies endêmicas do Brasil, o Sagui-de-cara-branca - Callithrix

geoffroyi (Callitrichidae), considerada endêmica do Brasil restrita ao bioma

Mata Atlântica (Paglia et al., 2012). E a raposa Lycalopex vetulus que possui

distribuição geográfica mais ampla, contudo ameaçado, conforme citado

anteriormente.

Durante a realização do estudo não foram detectados indícios de

caça na AID do empreendimento, entretanto é importante destacar os registros

do tatu galinha Dasypus novencinctus (Dasypodidae), da paca Cuniculus paca

(Cuniculidae), do tapeti Sylvilagus brasiliensis, do veado Mazama americana

que são tradicionalmente abatidos em determinadas regiões do país para fins

de consumo humano (Chiarello, 2000; Reis et al., 2011).

É importante ressaltar que a ocorrência de Canis familiaris resulta

em impacto negativo para fauna silvestre por ser uma espécie alóctone

domesticada, mas capaz de se adaptar ao modo de vida selvagem, exercendo

inclusive predação sobre representantes da mastofauna nativa (Oliveira et al.,

2008).

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6.3.5 REGISTRO FOTOGRÁFICO DA MASTOFAUNA

Foto 3 - Tapeti Sylvilagus brasiliensis (Leporidae) registrado no T2 na AID.

Foto 4 - Sagui Callithrix geoffroyi (Callitrichidae) fotografada no T4 na AID (agosto/2016).

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Foto 5 - Tatu-galinha Dasypus novemcinctus (Dasypodidae) registrado em deslocamento pela AID durante o estudo.

Foto 6 - Gambá Didelphis albiventris (Didelphidae) registrado pela CT2 em deslocamento pela AID.

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Foto 7 - Cachorro doméstico, Canis familiaris (Canidae), fotografado pela CT3 na ADA do empreendimento (agosto de 2016).

Foto 8 - Pegada de Mão pelada, Procyon cancrivorus (Procyonidae), registrada no T8.

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Foto 9 - Pegada de Onça parda, Puma concolor (Felidade), registrada no T6.

Foto 10 - Registro fotográfico da pegada de Leopardus pardalis (Felidae) depositada na ADA no T1.

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Foto 11 – Registro fotográfico da pegada de Leopardus tigrinus (Felidae) depositada na AID no T1.

Foto 12 - Pegada de Paca, Cuniculus paca (Cuniculidae), registrada no T6.

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Foto 13 - Pegada de Tatu galinha Mazama americana (Cervidade) registrada na AID durante a realização T2.

Foto 14 - Fezes de Capivara Hydrochoerus hydrochaeris registrada na AID durante a realização T9.

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Foto 15 – Fezes de Tapeti Sylvilagus brasiliensis (Leporidae) depositada na área do T2.

6.3.6 SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO

A riqueza observada pode ser considera expressiva, sobretudo

levando em consideração o intenso processo de antropização da área de

estudo. A riqueza de mamíferos inventariados muito provavelmente está

associado a presença de fragmentos florestais existentes na região AID do

empreendimento, o que muito contribui para a capacidade de suporte da área

de influência do empreendimento.

O presente relatório tem caráter parcial, uma que foi realizada

apenas a campanha de campo referente à estação seca, os resultados

apresentados preliminares, abrange análises qualitativas. Após a realização da

campanha contemplando o período chuvoso, será realizado um novo relatório

envolvendo todas as análises qualitativas e quantitativas.

As campanhas futuras fornecerão informações mais precisas

sobre a mastofauna que ocorrem nas áreas do empreendimento, com poderá

estabelecer ações que contribuirão conservação da fauna local.

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6.3.7 REFERÊNCIAS PARA A MASTOFAUNA

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Geomil - Serviços de Mineração Ltda