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ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE PAULA FRASSINETTI MESTRADO EM EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR A emergência da escrita num grupo de cinco anos Relatório de Estágio apresentado à Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti para obtenção de grau de Mestre em Educação Pré-Escolar Nome: Andreia Sofia Campos Barbosa Orientação: Mestre Maria Ivone Couto Monforte das Neves PORTO 2014

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ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE

PAULA FRASSINETTI

MESTRADO EM EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

A emergência da escrita num

grupo de cinco anos

Relatório de Estágio apresentado à Escola Superior de Educação

de Paula Frassinetti para obtenção de grau de Mestre em Educação

Pré-Escolar

Nome: Andreia Sofia Campos Barbosa

Orientação: Mestre Maria Ivone Couto Monforte das Neves

PORTO

2014

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RESUMO

O jardim de infância surge como um agente de socialização nos

primeiros anos de vida das crianças. Por esse motivo, é através deste que a

criança desenvolve capacidades, quer a nível cognitivo como a nível social

através das relações e dos laços que cria. Nesse sentido, o presente relatório

apresenta uma descrição relativamente ao processo vivenciado pela estagiária

finalista enquanto, estudante de mestrado de Educação Pré-escolar, numa

instituição com o intuito de preparar a futura profissional para a sua prática

docente.

No decorrer do estágio, procedeu-se a um estudo qualitativo com vista a

perceber qual a importância da abordagem escrita num grupo de crianças com

cinco anos. Como instrumento de investigação utilizou-se entrevistas sendo

que, os sujeitos de estudo foram constituídos pela educadora da sala dos cinco

anos assim como quatro crianças.

Com os dado obtidos é possível aferir que, a linguagem oral e

abordagem à escrita é uma área que está sempre presente no quotidiano das

crianças desde cedo e que esta está interligada com todas as outras áreas de

desenvolvimento. Assim sendo, é importante que o grupo de crianças

compreenda que a escrita tem uma funcionalidade e que esta é um meio de

comunicação e promotor de desenvolvimento nas crianças.

PALAVRAS-CHAVE: Escrita, Linguagem, Transição

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ABSTRACT

The kinder garden comes up like a socialization agente on the first years

of life of the children. For that reason, is trough it that the child develop

capabilities at both, cognitive and social level trough the relations and

connections that it creates. In that sense, the following report presents a

description regarding the process experienced by the finalist intern while being

a masters degree in pre-school education student on an institute with the

purpose of preparing the future professional for her practice.

During the internship, a qualitative study has been made in order to

realize the importance of the written approach in a group of children with the

age of five. As an instrument of investigation interviews were used, being that

the study subjects consisted in the five year old class teacher and four children.

With the acquired data was possible to assess that the oral language and the

approach to the writing is an area that is always present in the day by day of the

children since very soon in their lives, and that it is directly connected with other areas

of the children development. Being so, it is important for the children group to

understand that the writing has a functionality, and that it is a mean of communication

and promoting development in children

KEYWORDS: Writing, language, transition

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AGRADECIMENTOS

Depois de terminada uma etapa repleta de boas recordações, de

descobertas, de aprendizagens, se sorrisos, de lágrimas, de muito trabalho e

esforço, considero importante agradecer aqueles que contribuíram para o meu

sucesso e que me deram força para continuar a lutar por aquilo que tanto gosto

e me faz acordar todos os dias com um sorriso na cara.

Antes de mais, agradeço à Mestre Ivone Neves por toda a

disponibilidade, preocupação, pela partilha de vivências e de saberes e mais do

que isso, pela sua exigência enquanto profissional.

À Sandra Carvalho por me ter ajudado a crescer tanto a nível

profissional como pessoal, por todos os concelhos, por todas as propostas

desafiadores e por ser mais do que uma educadora cooperante, ser uma

amiga.

À Fátima, por toda a sua extravagância, sinceridade e carinho.

Aos meus meninos por toda a alegria, por todo o carinho e pela sua

simplicidade, por me darem força para continuar todos os dias!

À instituição cooperante, principalmente à Diretora por me aconselhar,

motivar e me dar a oportunidade de aprender.

À Educadora Albertina Pereira, por me ouvir, por me ajudar e por

acreditar em mim.

Aos meus pais pelo seu apoio, pelo seu amor e pela paciência. Obrigada

por estarem sempre ao meu lado!

À Célia Silva, por toda a amizade, por toda a entreajuda, por toda a

paciência e por todos os momentos passados.

A todos, um muito obrigado!

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .............................................................................................. 8

CAPITULO 1 - ENQUADRAMENTO TEÓRICO ......................................... 10

1.1 – O conceito de educação ............................................................ 10

1.1.1– A aquisição da linguagem na Educação Pré-Escolar ................. 12

1.1.2– A iniciação à escrita .................................................................... 13

1.1.3– O papel do educador na abordagem escrita ............................... 15

1.2 – PRÁTICAS DE FORMAÇÃO: METODOLOGIAS DE

INTERVENÇÃO EDUCATIVA ............................................................ 17

1.2.1 – Metodologia de trabalho de Projeto .......................................... 18

1.2.2 – Modelo Reggio Emilia .............................................................. 20

1.2.3 – Movimento Escola Moderna ..................................................... 20

CAPITULO 2 - METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO ............................. 22

2.1 - Opções Metodológicas .................................................................... 22

2.2 - Estudo de caso ................................................................................ 22

2.3 – O campo de análise ........................................................................ 23

2.4 – Instrumentos ................................................................................... 23

2.4. 1 – Entrevista................................................................................ 25

2.5 – Procedimento .................................................................................. 25

2.6 – Análise e tratamento de dados ....................................................... 26

CAPÍTULO 3 - CONTEXTO ORGANIZACIONAL .................................... 29

3.1 - Caracterização da Instituição .......................................................... 29

3.1.1 – Projeto educativo ...................................................................... 30

3.1.2 – Regulamento interno ................................................................ 31

3.1.2 – Plano anual de atividades ........................................................ 31

3.2 - Caracterização das famílias e das crianças .................................... 32

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3.2.1 – Caracterização das famílias ..................................................... 32

3.2.2 – Caracterização das crianças .................................................... 33

3.3 - Traçado das prioridades de intervenção conjunta ao nível da

Instituição e da Comunidade .............................................................. 38

CAPITULO 4 - INTERVENÇÃO E EXIGÊNCIAS PROFISSIONAIS ........ 39

4.1 – Aspeto pedagógico significativo ...................................................... 39

4.1.1 – Prática pedagógica com o grupo de crianças ........................... 41

4.2 – Reflexão sobre o processo vivenciado ........................................... 47

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 48

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 52

LEGISLAÇÃO .......................................................................................... 53

ANEXOS .................................................................................................. 55

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ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo I- Guião da Entrevista à Educadora

Anexo II- Guião da Entrevista às crianças

Anexo III- Transcrição da Entrevista à Educadora

Anexo IV- Transcrição da Entrevista às crianças

Anexo V- Análise de conteúdo da entrevista à Educadora

Anexo VI- Análise de conteúdo da entrevista às crianças

Anexo VII- Projeto Educativo

Anexo VIII- Plano Anual de Atividades

Anexo IX- Gráficos

Gráfico nº1- Agregado familiar

Gráfico nº2- Local de residência

Gráfico nº3- Habilitações Académicas dos Pais

Gráfico nº4- Número de irmãos

Gráfico nº5- Idade dos Pais

Gráfico nº6- Idade das Mães

Gráfico nº7- Profissões dos Pais

Gráfico nº8- Profissões das Mães

Gráfico nº9- Género das crianças

Gráfico nº10- Género das Crianças

Anexo X- Registos de incidentes críticos

Anexo XI- Grelha de avaliação nº1

Anexo XII- Registo Contínuo nº1

Anexo XIII- Registo de Fotografia

Anexo XIV- Fotografias

Anexo XV- Grelha de Projeto Lúdico “Biblioteca”

Anexo XVI- Descrições de Atividades

Anexo XVII- Registo de Projeto Lúdico “O que faz a cidade rodar?”

Anexo XVII- Registo de Projeto Lúdico “A Biblioteca”

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INTRODUÇÃO

O presente relatório foi elaborado no âmbito da Unidade Curricular

Estágio, inserida no Mestrado em Educação Pré-escolar. A prática pedagógica

desenvolvida teve lugar num jardim de infância, numa sala de cinco anos, no

ano letivo 2013/2014, sob a orientação da Mestre Maria Ivone Neves, para a

aquisição de experiência ao nível profissional.

No início deste percurso, foram evidenciados as finalidades e objetivos

da realização desta prática, de entre eles consta caracterizar a instituição

através da análise dos documentos de gestão e administração e atuar em

conformidade com os ideários da mesma. Aplicar de forma integrada os

conhecimentos necessários para a concretização da intervenção educativa;

dominar e utilizar métodos e técnicas relacionadas e adequadas ao processo

de desenvolvimento e aprendizagem das crianças. Planificar, concretizar e

avaliar a intervenção educativa utilizando técnicas e instrumentos de

observação, registo, documentação e avaliação das atividades, dos contextos e

dos processos de desenvolvimento e aprendizagem das crianças. Criar

situações de parceria e envolvimento parental; intervir ao nível da comunidade

sabendo utilizar os seus recursos e aspetos culturais e utilizar estratégias de

investigação para sustentar práticas educativas inovadoras.

Para apresentar o trabalho desenvolvido no decorrer do presente ano, o

relatório divide-se por capítulos e subcapítulos. No primeiro capítulo faz-se

referência ao enquadramento teórico que consta no conceito relativo à

educação assim como contextualiza o tema principal de investigação, neste

caso o Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita, focalizando a

importância da escrita na educação pré-escolar e abordando perspetivas

teóricas sobre o mesmo. Neste capítulo, a estagiária achou pertinente iniciar de

uma forma mais global, ou seja, partindo do conceito de educação, como já foi

referido, passando para subcapítulos mais particulares com o intuito de

estruturar da melhor forma o seu trabalho. Nesse sentido refere modelos

curriculares evidenciando os mais significativos no contexto no qual esteve

inserida.

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O segundo capítulo é referente à metodologia utilizada para a

realização da investigação apresentando os objetivos da mesma assim como o

procedimento e a análise dos dados obtidos. Para a concretização da

entrevista e do objeto de estudo, há que salientar que a estagiária partiu das

competências e interesses das crianças escolhendo, desta forma, o tema da

sua investigação.

O terceiro capítulo é destinado ao contexto organizacional que

caracteriza a instituição cooperante, as famílias e o grupo de crianças com o

qual a estagiária finalista trabalhou. Apresenta-se, ainda, as prioridades de

intervenção ao nível da própria instituição e comunidade levadas a cabo pela

equipa de estagiárias.

O último capítulo é referente à prática desenvolvida relativamente ao

Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita sendo que, mais uma vez,

o grande enfoque destinou-se à escrita. Nesse sentido, foram explicitadas

algumas intervenções da equipa pedagógica relativas ao tema e sempre que

possível, foram fundamentadas com a parte teórica. Ainda neste capítulo é

apresentada uma reflexão sobre o percurso vivenciado com o grupo de

crianças ao nível da abordagem à escrita.

Por fim, surgem as considerações finais sobre o todo processo realizado

e os anexos nos quais estão presentes registos, fotografias, os guiões das

entrevistas e a sua transcrição, a análise de conteúdos entre outros

documentos que a estagiária pensa serem importantes para fundamentar o seu

trabalho.

No decorrer do estágio, ocorreram algumas limitações quer a nível de

saúde como o conjugar das vivências de estágio com a vida familiar. Mas

apesar disso, a estagiária tentou dar o seu melhor em todas as situações assim

como responder às exigências por parte da orientadora de estágio e da

educadora cooperante. Ao longo deste percurso, evoluiu, tornou-se mais

confiante no seu trabalho e criou bases sólidas para o seu futuro profissional.

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CAPITULO 1 - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1.1 – O conceito de educação

Segundo a Lei de Bases do Sistema Educativo, a educação pré-escolar

é definida como complementar da ação educativa da família. Porém, segundo a

Lei-Quadro da Educação Pré-escolar, citada por Vasconcelos, que consagra os

princípios definidos na lei de Bases, este conceito é descrito mais

especificamente, concretizando,

a educação pré-escolar é a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo complementar da ação educativa da família, com o qual deve estabelecer estreita cooperação, favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário. (2003:19)

Desta forma a educação prende-se com o facto de ser um conceito

dinâmico e não estático, uma vez que sofreu alteração ao longo dos anos.

Importa salientar que as condições necessárias devem ser criadas pelo

educador para que as crianças “aprendam a aprender.” (Ministério da

Educação, 2002:17) Assim, o educador tem um papel fulcral não só no

desenvolvimento das crianças, como também, na sua integração na realidade

de jardim de infância.

O educador deve “criar e manter ambientes em que a interacção com as

crianças seja positiva e por forma que estas possam brincar com pessoas e

objectos libertas de medos, ansiedades […]” (Hohmann & Weikart, 2009:63)

uma vez que as crianças, quando transitam para o jardim de infância

necessitam do apoio para conseguirem ultrapassar esta mudança. Sendo os

pais os primeiros educadores e agentes de socialização da criança é fulcral

estabelecer relações de afetividade entre estes dois agentes. Dewey afirma

que “a escola deve apoiar-se nas experiências vividas pela criança no seu seio

da família […] é tarefa da escola aprofundar e alargar os valores da criança,

previamente desenvolvidos no contexto da família”. (Idem: 69)

Deste modo, o educador é quem assegura a prática no jardim de

infância, concebe e desenvolve o currículo, planeia e adapta atividade em

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função do grupo que tem, que avalia as atividades, o ambiente envolvente, o

desenvolvimento das crianças assim como os projetos existentes com vista “à

construção de aprendizagens integradas.” (Decreto-Lei nº 241/2001 de 30 de

Agosto)

Segundo Roldão (1999) gerir o currículo “implica necessariamente

assumir opções e tomar decisões sobre o figurino que o currículo deve assumir

em cada contexto específico. Implica gerir conteúdos, extensão, metodologias,

prioridades, projectos integrados para a situação única de cada escola ou

conjunto de escolas […]” (Ludovico, 2007:44)

Para que o educador possa intervir é necessário, primeiramente

observar cada criança e o grupo, observar os seus interesses e dificuldades e

perceber qual o meio que as rodeia para poder ter um conhecimento

aprofundado das crianças. Craveiro e Ferreira referem, ainda, que cabe ao

educador “criar oportunidades, instrumentos e um ambiente onde a criança tem

palavra, tem espaço de escolha e de decisão e onde a iniciativa para defender

os seus direitos e respeitar os dos outros é acolhida e valorizada.” (2007:19)

Educar exige “tempo e paciência para dialogar com as crianças. Sem

diálogo é impossível educar e sem tempo é impossível conhecer a criança que

queremos educar.” (Oliveira & Cunha, 2007:36) Contrapondo com esta

afirmação Vygostsky refere “aquilo que a criança consegue fazer em

cooperação hoje, sê-lo-á capaz de fazer sozinha amanhã” (Ludovico, 2007:13)

isto porque a criança é ativa no seu desenvolvimento, “socialmente competente

e é dotada de sentimentos à luz das suas próprias vivências.” (Oliveira &

Cunha, 2007:31)

Referindo, ainda, Vygostsky a educação deve ser virada para o futuro

“sempre no pressuposto de que todo o processo educativo deve exactamente

ocorrer com ajuda de outros mais competentes, mediada por processos

intensos e diversificados de diálogo e cooperação.” (Ludovico, 2007:13)

Segundo Katz “educar implica intensidade e envolvimento por parte do

educador.” (2009:20) Vygotsky acrescenta, ainda, que educar implica “trabalhar

na vanguarda do desenvolvimento da criança.” (Vasconcelos, 1997:19) A

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educação precisa, deste modo, de ser um desafio social e intelectual para as

crianças e para os seus educadores.

Contrapondo estas ideias, Dewey é da opinião que “A educação não é

uma preparação para a vida é a própria vida” (Craveiro & Ferreira, 2007:17),

querendo com isto dizer, que a criança só se prepara para a vida futura quando

extrai de cada momento educativo todo “o significado dessa experiência.”

Gâmboa (2004) realça, também, que a educação deve preocupar-se com a

qualidade as experiências presentes para preparar as crianças para o futuro.

Deste modo, o conceito de educar não tem apenas uma definição

universal, existindo, desta forma, várias definições que se completam umas às

outras. No jardim de infância deve ser promovida uma educação “que assenta

numa cultura de vida, que está ao serviço do que humaniza e do que cria laços

sociais.” (Idem:21)

1.1.1 – A aquisição da linguagem na Educação Pré-Escolar

Segundo Sim-Sim (1998), suportado em Horta, “[…] é através da

linguagem que nos exprimimos, que comunicamos com os outros, que

realizamos aprendizagens, que organizamos e reorganizamos pensamentos.”

(2007:48) Deste modo, é através da linguagem falada ou escrita que a criança

comunica com o outro fornecendo-lhe informações sobre o que a preocupa, o

que deseja e o que pretende. Vygotsky (1998) faz referência à pré-história da

linguagem, no qual esta surge do aparecimento do gesto, ou seja, a

simbolização dos atos, ações e objetos dentro do imaginário da criança,

fazendo desenhos “no ar”. O desenho passa, também por um desenvolvimento

significativo, em que a transição do desenho de objetos e pessoas para o

desenho de palavras.

É também a partir da linguagem que a criança exprime a sua curiosidade

pelo mundo que a rodeia, que constrói, reconta histórias e reage a estímulos

provocados por essas mesmas histórias. De acordo com Spodek, a criança ao

inventar as suas próprias histórias trabalha uma série de capacidades e de

destrezas como o utensílio da linguagem para expressar a sua opinião e

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desenvolve a sua imaginação. Estas histórias fazem com que a criança

experimente todas as possíveis situações, que confronte a sua vida com o

mundo da história para tire conclusões, ou seja, que faça comparações do

mundo real e da fantasia por via da linguagem quer oral ou escrita através do

desenho ou palavras.

”[…] o domínio da linguagem é o veiculo de transmissão (Matta, 2001)

que permite a interação entre o nosso interior e as estruturas do mundo que

nos envolve […]” (Idem, 49) Spodek realça o facto de as crianças atribuírem

significado aquilo que as rodeia e vai ao encontro a Horta quando afirma que

as crianças são “«utentes da linguagem» quando emergem nelas várias

capacidades com ela relacionadas: «a capacidade de fazer do eu o objecto de

reflexão, a capacidade de se envolverem em acções simbólicas, como o jogo; e

a aquisição da linguagem.” (2010:269) O autor refere-se a este marco como

emergência do “eu verbal”.

Horta faz referência a Riley quando refere a sua opinião sobre esta

temática. Para este autor,

cada forma de linguagem [oral e escrita] apoia, de modo inequívoco e eficaz, o desenvolvimento da outra, existindo, portanto, uma inter-relação entre elas e que, «através de um crescente controlo da oralidade e, posteriormente, da literacia, as crianças adquirem formas de aceder ao conhecimento, assim como as

ferramentas com as quais pensam e aprendem» ( 2007:50)

Deste modo, as duas formas de linguagem devem ser estudadas

conjuntamente, uma vez que segundo os autores Garton & Pratt (1998) a

linguagem escrita é proveniente da oral e por esse motivo a oral é influenciada,

isto porque existe “a introdução de uma nova estrutura e função da língua para

que as crianças possam escrever e adaptar para a fala.“ (Idem, 52)

1.1.2 – A iniciação à escrita

Para que a criança domine a língua é necessário proporcionar-lhe

situações para a aquisição de competências de escrita. Deve ser dada a

oportunidade de “imitar” o código escrito, tornando-se progressivamente mais

próximo do modelo e familiarizando-se com o mesmo. É necessário que as

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crianças percebam que o código escrito exige regras e funções próprias e é

através dele que podem comunicar não só a partir de palavras mas como

também de desenhos. “[…] a criança através desse ensino, é capaz de viver

linguagem e de criar laços afectivos com a palavra escrita, podendo, assim

tornar-se autor do que profere e, inclusive, fazer a ponte com a sua linguagem

privada e com os saberes que já possuí […]” (Pereira, 2008:12)

Piaget suportado em Horta salienta que “a criança é um ser activo na

construção do seu conhecimento, isto é, ela conhece e compreende o mundo

através da sua acção sobre os objectos.” (2007:58) e por esse motivo o

ambiente deve proporcionar interações com a linguagem e deve ser

alfabetizador para que esta possa explorar naturalmente traços gráficos com o

prepósito de comunicar ou de registar algo. Indo ao encontro desta afirmação,

Formosinho faz referência à Convenção sobre os direitos da Criança

acrescentando ainda a ideia de que “A criança tem direito à liberdade de

expressão. Esse direito compreende a liberdade de procurar, receber e

expandir informações e ideia de toda a espécie, sem considerações de

fronteiras, sob a forma oral, escrita, impressa ou artística […]” (2008:16)

Não nos podemos esquecer que a escrita “não pode ser reduzida a uma

simples transcrição do oral ou de um pensamento já reformulado «na cabeça»;

pelo contrário, possui uma função cognitiva específica, possibilitando

operações intelectuais diferentes das que a oral autoriza.” (Pereira, 2008:13)

Por esse pressuposto, a aprendizagem e consolidação da escrita

incorpora uma diversidade de processos de compreensão. Assim sendo, a

criança ao aprender a escrever tem de adquirir os conceitos base, sendo que

esta relação com a escrita é “marcada pela […] descoberta numa fase inicial, e

pela aprendizagem formal, numa fase posterior” (Horta, 2007:60) Esta

aprendizagem só poderá ser exequível quando a criança dominar

“perfeitamente a realização da tarefa”, (Idem, 64) transformando este processo

num procedimento automatizado.

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1.1.3 – O papel do educador na abordagem escrita

A sociedade está em constante mutação e por esse motivo é necessário

que os profissionais da educação acompanhem as modificações da mesma. O

docente deve ser parcial e objetivo e não partir do seu ponto de vista nem

manifestar as suas preferências. Cada educador deve refletir sobre a sua

postura e pensar que tipo de cidadão quer formar. Para que essa tarefa se

torne mais fácil, existem documentos e leis que albergam em si o que devemos

incutir nas crianças.

Assumindo uma perspetiva socio construtivista do desenvolvimento e da

aprendizagem da criança, importa salientar o papel do Educador no processo

da leitura e da escrita na educação pré-escolar. Primeiramente, é necessário

salientar o papel deste profissional de uma forma geral, nesse sentido, Sousa

refere que o educador é, antes de mais, uma pessoa e por esse motivo é

“«uma qualquer coisa que mexe, que fala, que vive» e que, com isso «quer

ajudar os outros», quer ensinar […]”(2000:7). Para que a sua função enquanto

profissional seja possível Spodek e Saracho (1998) referem que os educadores

devem em primeiro lugar, diagnosticar as necessidades das crianças. Em

seguida, desenvolver currículos adequados às próprias crianças assim como

organizar as atividades que prepõe. Devem, ainda, cria um ambiente propício à

aprendizagem e oferecer atividades que estimulem o interesse do grupo.

A mesma ideia é salientada no Decreto-Lei nº241/2001 de 30 de Agosto

"o educador de infância concebe e desenvolve o respectivo currículo, através

da planificação, organização e avaliação do ambiente educativo, bem como

das actividades e projectos curriculares, com vista à construção de

aprendizagens integradas."

Ainda no mesmo documento é contemplada a área da expressão e

comunicação na qual o educador de infância “[….] favorece o aparecimento de

comportamentos emergentes de leitura e escrita, através de actividades de

exploração de materiais escritos” (Decreto-Lei nº 241/2001, de 30 de Agosto –

artigo 3º) De entre esses materiais é possível salientar o contacto com

produções escritas e desenháveis. Concretizando, as conceções sobre a

escrita surgem mais cedo do que a leitura, uma vez que a criança começa a

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diferenciar o desenho do texto escrito. O educador deve dar, então, espaço à

criança de desenhar e experimentar os materiais para que a criança se possa

familiarizar com o código escrito. Pereira afirma, também, que esta

responsabilidade não cabe apenas ao educador como também à escola, onde

esta “[…] tem que ser capaz de gerar, no seu seio, verdadeiras situações de

ensino e reflexão. Deste modo, o trabalho com a escrita tem de ter um rumo

próprio e ser orientado por pressupostos teóricos e metodológicos específicos.”

(2008:5)

De acordo com este autor, a instituição deve cooperar com o educador

na medida em que ambos devem proceder a construções facilitadoras de

aprendizagem da linguagem escrita para que as crianças “não desempenhem o

papel de meros figurantes, mas [que] participem em situações de verdadeira

intercacção“ (Idem, 19) com a língua e que se impliquem na mesma.

O educador deve, ainda, estar disponível para ouvir as suas crianças,

privilegiar metodologias de trabalho que criem nas crianças o gosto por

aprender a aprender. Por esse motivo deve existir um trabalho contínuo entre a

linguagem oral e abordagem à escrita, nas práticas desenvolvidas ao longo de

todo o ano. Ao ler ou escrever em frente ao grupo, o educador está

indiretamente a servir de modelo, uma vez que é perante estas situações que a

criança consegue compreender e assimilar que existe uma forma convencional

de escrita e de leitura e consequentemente o sentido direcional da mesma.

Segundo Mata (2008), o educador deve atuar ao nível do grupo, da

organização do ambiente educativo com o intuito de proporcionar

aprendizagens ao nível da escrita tendo como finalidade a de “mobilizar

diferentes funções da linguagem escrita, tanto na resolução de situações reais

como em situações de jogo e brincadeira.” (2008:18) Concretizando, a criança

ao demonstrar interesse pela escrita e ao imitar o comportamento do adulto

mostra “que está atenta à utilização da linguagem escrita em diferentes

contextos.” (idem, 19)

Juntamente com a família, o educador poderá auxiliar a desenvolver

hábitos de solidariedade, de partilha, de respeito pela diferença e pelo bem das

restantes pessoas. Educar para a cidadania passa por ensinar às crianças

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condutas de tolerância para que estas possam, no futuro, evitar o

individualismo integrado na sociedade atual, assim como o consumismo cada

vez mais vigente, para que estas possam pensar pela sua própria cabeça e

não serem influenciadas pela crescente publicidade nos media e para que,

como futuros adultos possam ter capacidade de argumentar e justificar as suas

opiniões.

1.2 – PRÁTICAS DE FORMAÇÃO: METODOLOGIAS DE

INTERVENÇÃO EDUCATIVA

O estudo dos vários modelos possibilita uma maior compreensão sobre

cada um deles, consequentemente leva a que o educador olhe com outros

olhos a sua postura na prática. Posto isto, a estagiária pode compreender quais

os pontos que poderia adotar para o grupo com quem trabalhou e pode,

também, perceber que na instituição onde está inserida que existe mais do que

um modelo a ser trabalhado, sendo o trabalho de projeto o que demonstra ter

um maior peso no quotidiano da instituição. As crianças são ativas na sua

aprendizagem, planeiam, executam e avaliam os trabalhos que realizam. Esta

aprendizagem ativa nas crianças prende-se com o facto do movimento, a

audição, a procura, o tato, a manipulação e a expressão da criatividade. Assim,

a criança vai construindo a sua realidade, através da sua própria

aprendizagem.

Formosinho afirma que,

os objetivos das pedagogias participativas são os do envolvimento a experiência e

a construção da aprendizagem na experiência contínua e interativa. A imagem da

criança é a de um ser com competência e atividade. A motivação para a

aprendizagem sustenta-se no interesse intrínseco da tarefa e nas motivações

intrínsecas das crianças. (2011:15)

O educador tem um papel fulcral neste tipo de modelos, uma vez que, a

sua postura tem de ser coerente e deve dar o espaço necessário para que as

crianças possam exprimir os seus interesses e necessidades. Para tal, este

necessita de criar uma ligação de confiança com o grupo e com cada criança

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individual para que estas possam confiar e exprimir-se oralmente sem

reservas. “O processo de aprendizagem é concebido em desenvolvimento

interativo entre criança e o adulto.” (Formosinho, 2011:15)

Lino reforça esta ideia de que as relações são uma mais-valia para o

processo de desenvolvimento da criança e que o repartir de responsabilidades

não só na escola como também no ambiente familiar proporcionará à criança

momentos de aprendizagem significativos. Para suportar a sua opinião recorre

às palavras enunciadas por Malaguzzi (1993) que defende que a educação

deve ter este carater ativo e por isso deve ser uma educação baseada “nas

relações, cooperação, colaboração e comunicação. Onde os educadores,

famílias e crianças participam activamente, partilham ideias, dividindo tarefas e

em comum assumindo responsabilidades.” (Lino, 1996:100)

1.2.1 – Metodologia de trabalho de Projeto

A metodologia de trabalho de Projeto “poderá antecipar, desenvolver e

estimular os processos de aprendizagem e de co-construção do

conhecimento.” (Vasconcelos, 2012:8). Assim, este modelo encontra-se “no

centro da Pedagogia-em-Participação, é um meio, um caminho, para a

autonomia, para a participação.” (Formosinho, 2011:50) Deste modo, quando

falamos em projeto remetemos para a diferença, para o respeito da

individualidade de cada criança, do seu próprio ritmo de desenvolvimento

atribuindo a cada uma delas um valor próprio.

Segundo Dewey a criança é, desta forma, “o ponto de partida, o centro e

o fim. O seu desenvolvimento e crescimento, o ideal […]” (Idem: 52) É a partir

desta que surgem os projetos a vivenciar na sala, é ela que propõe hipóteses,

formula questões sobre um tema e pesquisa. O educador assume o papel de

mediador e de orientador do trabalho, seguindo as orientações curriculares

para a educação pré-escolar ou as metas de aprendizagem. A comunidade

pode interagir e intervir no trabalho realizado promovendo, desta forma, o

envolvimento de pais, entidades privadas entre outros. Consequentemente, a

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promoção de aprendizagens diversificadas a vários níveis está implícita o que

implica um grande envolvimento por parte dos agentes referidos.

Ao seguir esta metodologia, o grupo de crianças tem contacto não só

com o projeto trabalhado mas também desenvolve o espírito de partilha, de

democracia, de autonomia o que lhe possibilitará uma melhor inserção no 1º no

do ensino básico.

O projeto é, assim, de natureza complexa, por esse motivo, tem de ser

trabalhado na “zona de desenvolvimento próximo da criança” como refere

Vygotsy, permitindo “trocas e transações elaboradas, capazes de uma acção

mútua emergente” (Vasconcelos, 1998:10) Para Burner, as crianças possuem

quatro características que predispõem o gosto pela aprendizagem de um

determinado assunto. As características enunciadas pelo autor são a

curiosidade, a procura de competência, a reciprocidade e a narrativa.

Relativamente à curiosidade, as crianças demonstram-na de forma espontânea

e sem qualquer tipo de problema. Questionam todos os assuntos que lhes

interessa e procuram perceber o porquê de algo se suceder. A procura de

competência, o autor afirma que “pode ser observada em todas as crianças, as

quais procuram imitar o que os mais velhos fazem, com o objectivo de poderem

reproduzir e recriar esses comportamentos e competências.” (Idem:8) Quanto à

reciprocidade, as crianças têm a necessidade de dar resposta aos seus

interesses e dos seus companheiros, isto é, esperam alcançar os mesmos

objetivos de outras crianças. A narrativa permite a troca de experiências e de

vivências com vista a alcançar várias interpretações por parte das mesmas.

Para a existência de um projeto numa sala, é primordial que exista uma

motivação intrínseca, partindo da criança, ou uma motivação extrínseca,

imposta pelo educador. O papel do educador é, mais uma vez, um ponto fulcral

para o avanço do projeto, uma vez que é ele que orienta o processo no sentido

de as crianças encontrarem outros recursos e outros caminhos para

prosseguirem com o projeto.

Em suma, através desta metodologia o espaço e os materiais são

valorizados pelo grupo de crianças assim como pelo o adulto. O espaço surge

como um local onde puderam interagir, aberto ao real e onde aprender é

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experimentar. Todo o conhecimento apreendido é formado com a relação com

o próprio contexto utilizado, estando presente uma interdisciplinaridade entre

todas as áreas de conteúdo.

1.2.2 – Modelo Reggio Emilia

Malaguzzi refere que um dos primeiros objetivos desta pedagogia é o de

criar um ambiente agradável e familiar, isto porque o ambiente “educa”. Assim,

a diversidade dos materiais pode proporcionar uma mensagem implícita à

criança fazendo com que o ambiente seja considerado o terceiro educador.

Neste modelo é dada grande importância aos trabalhos realizados pelas

crianças em pequeno ou grande grupo, Edwards afirma mesmo que a

educação em Reggio Emilia não é linear mas sim uma espiral sem fim, uma

vez que “As crianças pequenas não são encaminhadas correndo ou

sequencialmente apressadas de uma atividade para outra diferente, mas são

encorajadas, ao em vez disso, a repetir experiências fundamentais, a observar

e reobservar, a considerar e reconsiderar, a representar e novamente

representar.” (Edwards, Gandini & Forman, 1999: 25)

Foi possível observar marcas no espaço relativas a este modelo na

instituição cooperante. Nomeadamente no hall que, em Reggio Emilia se

denomina piazza central. É um local comum a toda a instituição onde todas as

salas têm livre acesso e pode ser utilizado para as mais variadíssimas

atividades e comemorações. Outra das marcas implícitas neste espaço são as

paredes de toda a instituição, nomeadamente as das salas que documentam

todo o trabalho realizado.

1.2.3 – Movimento Escola Moderna

Este modelo, também, é característico da instituição, uma vez que

proporciona à criança vivências reias para que esta desperte a sua consciência

democrática e o seu sentido de autonomia. À semelhança de outros modelos, a

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criança é vista como construtora de saberes e por isso ela é ativa no seu

desenvolvimento. As relações entre crianças são importantes porque é a partir

dessas interações que a criança se desenvolve. Sérgio Niza afirma que o MEM

“é um espaço de permanente experimentação e de encontros contínuos, onde

a formação acontece através da partilha múltipla entre vários níveis de

escolaridade e as diferentes áreas disciplinares.” (Vasconcelos, 1997:81)

Para se integrar na comunidade, a criança tem de tomar consciência de

si e do outro, respeitar os seus valores e crenças. Por esse motivo é

necessário que a criança desenvolva o espírito democrático. Os instrumentos

de trabalho que organizam socialmente o grupo são também importantes uma

vez que com a sua existência a criança pode compreender melhor o conceito

de grupo. De entre eles existem o quadro dos aniversários, o quadro das

presenças, o jornal de parede, a tabela das regras de sala, planos individuais

das áreas e o quadro das tarefas. O diálogo é outro aspeto a salientar, isto

porque, quando as crianças estão a discutir ideias em grande grupo é

importante que consigam um consenso o que consequentemente faz com que

as opiniões de todas as crianças sejam ouvidas pelo educador demonstrando,

deste modo, um envolvimento no processo educativo.

As assembleias são outro marco importante a referir. É dada voz à

criança para refletir sobre a atividade ou atividades em questão, o que

gostaram e o que não gostaram e o que poderão fazer na semana ou dia

seguinte. O educador planeia de forma formal com o grupo de crianças o que

pressupõe atividades escolhidas pelas próprias crianças. Através desta

planificação com o grupo, as crianças são condutoras e participantes do

processo de aprendizagem a par do educador.

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CAPITULO 2 - METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO

2.1 - Opções Metodológicas

Segundo Quivy e Campenhoudt “a investigação em ciências sociais

segue um procedimento análogo ao do pesquisador de petróleo” (2008:15), isto

porque é necessário que o investigador perceba o contexto no qual está

inserido, estudando sobre este, percebendo as suas características e

particularidades reunindo, assim, as condições necessárias para começar a

trabalhar e a investigar.

2.2 - Estudo de caso

Nesse sentido, a estagiária antes de dar início à sua intervenção

preocupou-se em conhecer o contexto onde estava inserida. Primeiramente

observou o grupo de crianças em questão, as suas necessidades e interesses.

Com esta observação foi possível conhecer de uma forma mais pormenorizada

o grupo e detetar qual seria o objetivo da investigação. Este objetivo centra-se

na importância da linguagem oral e escrita no que concerne à pertinência da

escrita numa sala de cinco anos, onde se pretende investigar a motivação para

a mesma. Atendendo a estes objetivos de estudo procedeu-se à escolha do

método a adotar. Este método refere-se à metodologia de estudo de caso, uma

vez que esta permite “[…] o conhecimento pormenorizado de uma situação

[…], permite compreender naquela o particular da sua complexidade.” (Pardal

& Lopes, 2011:32). Segundo Yin (2009) o estudo de caso é “uma investigação

empírica que investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em

seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre fenómenos e

o contexto não são claramente evidentes” (2009:39) Concretizando, segundo

este autor este método é utilizado para investigar fenómenos em profundidade.

Stake (1998) afirma ainda que, o estudo de caso é caracterizado como sendo

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um estudo complexo de um caso singular onde o enfoque se situa na

identidade do próprio caso.

Deste modo, este método assume uma dimensão qualitativa, uma vez

que se “centra na compreensão dos problemas, analisando os

comportamentos, as atitudes e os valores.” (Sousa, 2011:56) O seu carácter

descritivo é uma evidência na medida em que recorre à análise e a observação

de documentos e por esse motivo recorreu-se à observação para a recolha de

palpáveis.

Este estudo pretende aferir qual a importância da escrita no jardim de

infância, nomeadamente nos cinco anos, assim como a posição da educadora

perante esta temática e qual a visão das próprias crianças relativa à escrita.

“As crianças têm conhecimentos emergentes e implícitos, […] uma grande

capacidade de observação, analise e interpretação” (Formosinho, 2008:58)

2.3 – O campo de análise

Posteriormente é necessário definir o campo de análise no qual o

investigador quer focar o seu estudo. Nesse sentido “não basta saber que tipos

de dados deverão ser recolhidos. É também preciso circunscrever o campo das

análises empíricas no espaço, geográfico e social, e no tempo” (Quivy e

Campenhoudt, 2008: 157) Posto isso, o estudo de caso será realizado na

instituição cooperante onde a estagiária está a realizar a sua prática

profissional e será efetuado no decorrer da mesma.

Como esta investigação se depreende com factos qualitativos, não

podemos falar de amostra mas de sujeitos de estudo. Assim sendo, os sujeitos

de estudo selecionados foram a Educadora cooperante da sala dos cinco anos

e quatro crianças da mesma sala, selecionadas aleatoriamente.

2.4 – Instrumentos

Para tornar exequível este estudo, foi necessário proceder a

caracterizações de grupo de forma a evidenciar a evolução das crianças aos

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vários níveis, sendo que a escrita teve um enfoque primordial, como podemos

verificar no capítulo 3 deste relatório.

Segundo Quivy e Campenhoudt o investigador tem de definir um “fio

condutor tão claro quanto possível de forma que o seu trabalho possa iniciar-se

sem demora e estruturar-se com coerência.” (2008:32). Por sua vez, Yin (2009)

acrescenta, ainda, que esta questão deverá responder ao “como” e “por que”.

Assim sendo, definiu-se a questão de partida “Qual a importância da escrita

num grupo de cinco anos?”

Sendo esta investigação uma pesquisa empírica, a estagiária utilizou e

tirou partida de instrumentos de observação, de documentação existente e do

inquérito por entrevista.

No que concerne à observação, de acordo com Sousa a observação

incide “ […] essencialmente a pesquisar problemas, a procurar respostas para

questões que se levantem e a ajudar na compreensão do processo

pedagógico” (2011:109). Já Iturra, citado por Gonçalves remete para a à

observação participante como “[…] o envolvimento directo que o investigador

de campo tem como grupo social, dentro dos parâmetros das próprias normas

do grupo […]” (2008:98). Uma vez que é necessário que o investigador se

inclua na sua própria observação de forma crítica e autorreflexiva para poder

redefinir a sua prática.

Os registos de observação assumem deste modo, uma papel fulcral para

a investigação demonstrando evidências da realidade vivenciada. Cristina

Parente vai ao encontro desta ideia referindo que “A observação, componente

inseparável de toda a actividade de conhecimento […] pode assumir diferentes

formatos […] diferentes formatos proporcionam diferentes lentes de leitura dos

fenómenos observados”. (2002:166)

Os registos utilizados foram o registo de incidente crítico, lista de

verificação de controlo, contínuos, de amostragem de acontecimentos e

sempre que possível foram articuladas reflexões sobre os mesmos.

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2.4. 1 – Entrevista

A entrevista é outro dos instrumentos a ser utilizado assim como a sua

análise, sendo esta caracterizada como sendo uma conversa intencional com o

intuito de “retirar […] informações e elementos de reflexão muito ricos e

matizados” (Quivy & Campenhoudt, 2008:192) Nesse sentido, para

compreender a temática em estudo recorreu-se à entrevista semidirectiva ou

semidirigida para que o entrevistado tenha oportunidade de falar abertamente e

“pela ordem que lhe convier” (Idem, 193), e as perguntas são caracterizadas

como “relativamente abertas” e servem de guia ao entrevistador. É importante

salientar o quão fulcral é a resposta do entrevistado para o processo e por isso

o papel do investigador é de orientar a entrevista de forma a tocar nos aspetos

e objetivos que pretende serem esclarecidos.

É, também importante, definir e clarificar os objetivos das entrevistas

referentes à educadora cooperante e às crianças. Relativamente à entrevista à

educadora destacam-se a importância da iniciação à escrita na educação pré-

escolar, a pertinência do ensino da mesma, a perceção relativamente ao

domínio da escrita e a sua funcionalidade assim como formas de o trabalhar.

(cfr. Anexo I – Guião da entrevista à educadora) No que concerne às

entrevistas às crianças, o objetivo primordial é perceber a opinião das crianças

sobre a escrita e a sua funcionalidade.

2.5 – Procedimento

“O objetivo da investigação é responder à pergunta de partida” (Idem,

211) Mas para que esse objetivo seja alcançado é necessário proceder à

observação, como já foi referido e à análise das informações. Primeiramente

realizou-se o enquadramento teórico no qual foi possível confrontar as

observações realizadas em contexto de sala pela estagiária com a teoria

relativa ao desenvolvimento das crianças com cinco anos, auxiliando no

conhecimento mais aprofundado do grupo. Numa segunda fase passou-se para

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a investigação, onde foi concebida uma pergunta de partida e as questões que

integram as entrevistas com base nos objetivos pré-definidos.

Para a realização das entrevistas foi elaborado um guião de acordo com

Quivy e Campenhoudt no qual as questões são de natureza aberta para que os

entrevistados tenham a possibilidade de empregar um diálogo fluido sobre a

temática abordada. E para que possam dar a sua opinião de forma natural e

espontânea sem se distanciarem do tema.

Por último, procedeu-se ao levantamento dos dados obtidos e ao seu

respetivamente tratamento com o prepósito de tirar conclusões significativas

para responder à questão inicial.

2.6 – Análise e tratamento de dados

A investigação incidiu no domínio da linguagem oral e abordagem à

escrita, mais concretamente na importância da escrita num grupo de crianças

de cinco anos de idade. Esta investigação efetuou-se no contexto vivenciado

pela estagiária, ou seja, no decorrer do seu estágio profissionalizante com um

grupo de cinco anos. Desta forma, existiu a necessidade de realizar a análise

dos dados obtidos através das entrevistas.

Esta análise permite a descrição objetiva dos factos, isto porque esta

abordagem é descritiva e localiza o observador no contexto em que está

inserido. Nesse sentido, o instrumento principal é o investigador e a fonte direta

dos dados é o contexto observado. Para que a análise fosse mais objetiva esta

foi estruturada por categorias, uma vez que a análise categorial é “a mais

antiga e a mais corrente. Consiste em calcular e comparar as frequências de

certas características (na maior parte das vezes os temas evocados)

previamente agrupados em categorias significativas” (Quivy & Campenhoudt,

2008:228) Assim, procedeu-se a análise do conteúdo da entrevista realizada à

educadora da sala dos cinco anos e às crianças da mesma.

Para dar resposta ao objeto em estudo, a estagiária aplicou os

procedimentos metodológicos necessários assim como os resultados

alcançados que lhe permitiu aferir o domínio da linguagem oral e abordagem à

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escrita está presente no quotidiano da criança desde que estas entram no

jardim de infância e que, sem dúvida, a escrita é um meio de expressão e

comunicação importante e facilitador de aprendizagens na educação pré-

escolar.

Tendo a educadora cooperante vinte e oito anos de serviço em

educação de infância e acompanhando ela as crianças a partir da creche até

aos cinco anos consegue criar uma maior relação afetiva com as crianças o

que facilita o trabalho que desenvolve, ou seja, conhece as capacidades de

cada criança individualmente, os seus interesses, os seus pontos mais fortes e

os que carecem de uma atenção mais individualizada. Em conversa com a

educadora cooperante, a estagiária pode aferir que “se os grupos fossem mais

pequenos conseguíamos dar uma atenção e fazer um trabalho individualizado,

quer dizer, ainda mais individualizado. […]” (Anexo III – Transcrição da

entrevista à educadora)

No que concerne à importância atribuída à escrita, a educadora afirma

que a escrita tem igual importância às outras áreas de conteúdo e por esse

motivo não é uma área em que esta dê um enfâse de maior dimensão. (Anexo

V – análise de conteúdo, quadro nº 2) A escrita é, na opinião da educadora,

“um código para tudo o que as crianças traduzem” e está presente desde

sempre o que suscita curiosidade nas crianças. A escrita está, assim, presente

nas áreas da sala nomeadamente nas legendas e etiquetas das áreas e nas

teias referentes aos projetos. (Anexo V – análise de conteúdo, quadro nº1) A

educadora relaciona, ainda, a escrita como a importância de trabalhar os

grafismos na educação pré-escolar. (Anexo V – análise de conteúdo, quadro nº

2)

Quanto às razões para desenvolver a escrita na sua prática educativa, a

educadora refere que não se preocupa em realizar atividades que estejam

direcionadas apenas para a linguagem, em vez disso prefere realizar várias

atividades que se encontrem interligadas entre elas originando deste modo o

código escrito. Evidencia que as crianças ao trabalharem a escrita de uma

forma espontânea facilitará a sua aprendizagem e consequentemente

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despertará o prazer de escrever, o interesse e a sua curiosidade pelas letras e

palavras. (cfr. Anexo V – análise de conteúdo, quadro nº3)

Relativamente às competências adquiridas pelas crianças antes da

entrada no primeiro ciclo, a educadora reconhece a importância de a criança

saber escrever o seu nome, reconhecer algumas palavras salientando, mais

uma vez, que a criança tenha um grafismo bem trabalhado. (Anexo V- análise

de conteúdo, nº4)

Quando questionada sobre as atividades que reforçaram o interesse

pela escrita neste grupo esta reforça a importância de um dos projetos

vivenciados no contexto de sala assim como todas as atividades que dele

provieram. (cfr. Anexo V – Análise de conteúdo, quadro nº 5) Estas atividades

mencionadas pela educadora podem ser confrontadas no capítulo 4, onde

estão explicadas de uma forma mais específica.

Para completar o estudo, a estagiária tentou perceber também a opinião

das crianças da sala dos cinco anos. Das crianças escolhidas é importante

referir que duas delas frequentam bastante a área da escrita e demonstraram

ao longo do ano um grande interesse pela mesma e estiveram mais implicadas

no projeto referente à biblioteca. As outras duas crianças, também

manifestaram interesse e curiosidade pela escrita sendo que este processo não

foi tão notório.

Quanto às atividades realizadas relativas à escrita, as crianças

conseguiram identificar grande parte delas fazendo referência não só aos

registos como também ao jogo das palavras relacionadas, os textos coletivos e

o alfabeto ilustrado. (cfr Anexo VI – Análise de conteúdo, quadro nº1) Assim

sendo, é de salientar que se as crianças ao se lembrarem das atividades

significa que fizeram sentido para elas e que estas foram significativas. A M

referiu, ainda, o facto de ter realizado um teatro com as amigas e de ter escrito

algumas palavras para contar a própria história para apresentarem aos

restantes amigos. Posto isto, podemos afirmar que as “crianças usam a

linguagem escrita com propósitos e finalidades diversos, de modo

contextualizado e cumprindo funções apropriadas, não só em contexto de jogo

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e brincadeira, mas também na resolução das suas tarefas do dia-a-dia.” (Mata,

2008: 13)

De acordo com as respostas dadas pelas crianças, é possível perceber

que estas sabem reconhecer a escrita nos vários locais, uma vez que afirmam

que a escrita pode estar na bata da estagiária, nos livros, no escritório, na sala,

na parede, na televisão, no telemóvel da mãe, nos registos, nos trabalhos e na

caderneta (cfr Anexo VI – Análise de conteúdo, quadro nº4) Para o T a escrita

“serve para aprendermos a escrever”, sendo que para a M esta “serve para nós

sabermos o que vamos dizer, porque é assim, nós lemos e depois vamos

escrever.” Nesse sentido, a escrita serve para “sabermos o que está escrito na

folha”. (cfr. Anexo IV – Transcrição da entrevista às crianças)

CAPÍTULO 3 - CONTEXTO ORGANIZACIONAL

3.1 - Caracterização da Instituição

O estágio profissionalizante inserido no Mestrado em Educação Pré-

escolar teve lugar numa instituição que alberga as valências de creche, jardim

de infância, ATL e 1º ciclo do ensino básico. Em 2007 é constituída como uma

IPPS (Instituição Particular de Solidariedade e Social) surgindo, desta forma, a

necessidade de alterar o nome da instituição.

A instituição tem cerca de 170 crianças pertencentes a um nível

socioeconómico médio/elevado. “A Instituição encontra-se localizada numa

zona de ocupação dominantemente residencial e de comércio tradicional.

Possui uma boa acessibilidade e bem provida ao nível dos transportes

públicos, nomeadamente metro, autocarros e camionetas.” (Projeto Educativo,

2012: 6) Deste modo, as crianças têm a possibilidade de contactar com vários

meios sociais e assim é possível atender a todas as necessidades das

crianças. O meio envolvente condiciona as ações e a postura das crianças. Os

acessos oferecidos predispõem um conhecimento particular e distinto sobre o

Mundo Real.

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Para que a instituição funcione bem é imprescindível a existência de um

conjunto de elementos humanos, físicos e materiais. É apoiada pelo Corpo

Docente, Corpo Não docente (técnicas auxiliares, funcionários de cozinha e

limpeza, funcionários administrativos e médica-pediátrica), Diretora Pedagógica

e Encarregados de Educação. É indispensável adequar o espaço assim como

os seus materiais para “evitar espaços estereotipados e padronizados que não

são desafiadores para as crianças.” (Projeto Educativo, 2012:6)

A Instituição possui, desta forma, um Projeto Educativo, um

Regulamento Interno e um Plano Anual de Atividades. Estes três documentos

são fundamentais para a orientação e organização de qualquer Instituição.

3.1.1 – Projeto educativo

Segundo o Decreto-Lei nº 115 A/98 o Projeto Educativo

é o documento que consagra a orientação educativa da escola elaborado pelos seus órgãos de administração e gestão para um horizonte de três anos, no qual se explicitam os princípios, os valores, as metas e as estratégias segundo os quais a escola se propõe cumprir a sua função educativa […]

Assim, o Projeto Educativo é um documento único que reflete o retrato e

a identificação de cada Instituição de todos os que a partilham e utilizam. O

Projeto desta Instituição remete-nos para uma escola inovadora, sensível,

consciente, interativa e aberta para a Arte e para o Mundo. “É uma a imagem

reconhecida de uma escola que «vestimos» e que nos identifica.” (Berény,

2011:67) É elaborado em equipa, permitindo uma participação ativa de todos

os intervenientes no processo o que leva a uma dinâmica de gestão própria,

autónoma, gratificante e democrática. É realizado “segundo uma perspetiva

integral, interventiva e participativa, dando […] relevância às famílias.” (Projeto

Educativo, 2012:13)

Neste Projeto Educativo é evidenciado a necessidade de desenvolver

“aprendizagens significativas e democráticas, partindo do respeito pelas

características individuais, culturais e sociais de cada criança […]” (Projeto

Educativo, 2012: 15) Desta forma, a Instituição contribuí para a igualdade de

oportunidades para que as crianças desenvolvam competências necessárias

para a eficácia do processo do crescimento educativo. Assim, as metodologias

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adotadas pela instituição são a Metodologia do Projeto, o Modelo MEM, Reggio

Emilia e High Scoope.

Em suma, o lema da Instituição é “Para aprender é preciso saber viver.

Para crescer é preciso aprender a viver a mudança.” (Projeto Educativo, 2012:

11) Concretizando, a Instituição procura responder às exigências da nova

contemporaneidade. Deste modo o Projeto Educativo tem um “carácter

globalizador e multidimensional, que abrange todos os domínios de vida de

escola […]” (Fontoura, 2006:67)

3.1.2 – Regulamento interno

O Regulamento interno é

o documento que define o regime de funcionamento do agrupamento de escolas ou da escola não agrupada, de cada um dos seus órgãos de administração e gestão, das estruturas de orientação e dos serviços administrativos, técnicos e técnico-pedagógicos, bem como os direitos e os deveres dos membros da comunidade escolar (Decreto-lei nº 79 de 22 de Abril de 2008)

O documento está dividido em seis capítulos estando patentes as

disposições introdutórias, a Educação pré-escolar nomeadamente os princípios

gerais, os destinatários, a missão e natureza e o ATL. São abordadas as

normas gerais de funcionamento como a inscrição e mensalidades, a

constituição dos grupos, a alimentação, o horário de atendimento aos pais, as

reuniões de pais entre outros. Assim como a organização educacional, a

gestão e administração e os direitos e deveres do pessoal docente, não

docente (auxiliares da ação educativa), alunos, Encarregados de Educação e o

pessoal da limpeza e da cozinha. É um instrumento regulador da instituição,

das questões mais pragmáticas e das mais específicas.

3.1.2 – Plano anual de atividades

O Plano Anual de Atividades é “um documento de planeamento, que

define, em função do Projeto Educativo, os objetivos, as formas de organização

e de programação das atividades e que procede à identificação dos recursos

envolvidos.” (Artigo 9º do Decreto- Lei nº 75/ 2008 de 22 de Abril)

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A instituição é aberta, isto é, envolvesse com variadíssimas Instituições.

Com a análise deste documento é possível observar-se que esta estabelece

parceiras com a Quinta do Covelo, com a Casa da Música, com a Fundação de

Serralves e a Fundação José Rodrigues. Existe, ainda, interação entre as

famílias que realizam atividades na instituição. (Anexo VIII – Plano Anual de

Atividades)

Contudo, o documento apresenta algumas lacunas em termos de

objetivos e estratégias assim como os recursos a serem utilizados para as

atividades propostas. Apresentando apenas a calendarização das atividades

que irão ser realizadas ao longo do ano.

3.2 - Caracterização das famílias e das crianças

3.2.1 – Caracterização das famílias

A família é o primeiro agente de socialização com o qual a criança tem o

primeiro contacto e por esse motivo é primordial conhecer como cada uma

funciona e como esta se relaciona entre si. Deste modo, o Jardim de Infância

deve realizar uma pesquisa sobre o contexto de cada criança, através de fichas

individualizadas. “O contacto com o ambiente familiar da criança possibilita

compreendê-la e acolhê-la de forma individualizada […]” (OCEPE, 1997:88)

Tendo em conta os gráficos observados, constata-se que a constituição

do agregado familiar é composta, na sua maioria por apenas um filho e os pais.

Apenas uma criança habita com a mãe devido ao falecimento do seu pai.

(Anexo IX – Gráfico nº1) Deste modo, a maioria das crianças é filho único (a) o

que poderá justificar alguns comportamentos que as crianças têm como o

egocentrismo e a dificuldade em interagir com outras crianças como é o caso

do B. Contudo, 42% das crianças tem um irmão (a) e uma quantidade mais

reduzida tem dois irmãos. (Anexo IX – Gráfico nº 4).

A maior parte das crianças habita no concelho do Porto, sendo Paranhos

a Freguesia que possui uma maior percentagem. Estas crianças residem perto

da Instituição. Contudo, 10% vive na Maia e em Pedrouços e por esse motivo

demoram mais tempo a chegar à instituição. A proximidade ou a distância em

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relação à instituição pode trazer implicações no dia-a-dia das crianças, por

exemplo, uma criança que demore mais tempo a chegar à instituição terá de

ser levantar mais cedo do que uma criança que more perto, ou poderá sentir

fome mais cedo. (Anexo IX – Gráfico nº 2) O meio de deslocamento de casa-

instituição e de instituição-casa é, maioritariamente, o automóvel.

No que diz respeito à idade dos pais, constata-se que a maior parte dos

pais se encontra entre os quarenta e os quarenta e quatro anos em ambos os

sexos, feminino e masculino. Contudo, podemos verificar que apesar da idade

média ser igual em ambos os casos, os gráficos traduzem algumas diferenças,

de entre elas, as mães apresentam uma maior percentagem no intervalo

de]30,35[. Em contra partida, também no gráfico da idade do sexo feminino

podemos observar que a percentagem de mulheres entre os ]40,50[ é superior

à percentagem dos homens. (Anexo IX – Gráficos nº5 e nº6)

Relativamente às habilitações académicas dos pais, constata-se que a

grande maioria tem como grau académico a licenciatura. Existindo, ainda, uma

percentagem de pais que apenas possui o 12º ano de escolaridade.

No tocante às profissões, é possível verificar que existe uma grande

variedade de profissões, tanto no género masculino como no do feminino. No

entanto, a maioria dos pais e das mães predomina a escolha da profissão de

professor ou médico destacando-se das demais embora se registe um

equilíbrio em quatro outras profissões. No que concerne ao género masculino

destacam-se as de arquiteto, gestor e engenheiro. No tocante ao género

feminino destaca-se a profissão de economista. Profissões que proporcionam

acesso a um estatuto de nível socioeconómico médio/elevado. (Anexo IX –

Gráfico nº7 e nº8).

3.2.2 – Caracterização das crianças

A sala dos cinco anos é constituída por vinte e quatro crianças, sendo

que nove são do sexo masculino e quinze do sexo feminino. As idades variam

entre os quatro e cinco anos sendo que quase todas as crianças já

completaram os cinco anos de idade. A maioria das crianças já frequenta a

Instituição desde a creche, estando deste modo integrados e familiarizados

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com a mesma. Com a exceção de duas crianças (a E e o T) que entraram no

presente ano escolar.

O grupo é autónomo e manifesta curiosidade e desejo de aprender, tudo

o que está à sua volta lhes desperta interesse e por esse motivo, torna-se um

grupo exigente com capacidades que necessitam de ser trabalhadas e

exploradas.

Para proceder à caracterização do grupo, as fichas individuais de cada

criança fornecidas pela Educadora Cooperante foram um instrumento

fundamental. Assim, a construção dos gráficos que se encontram em anexo

foram o início desta caracterização. A primeira fase da caracterização decorreu

durante os meses de Outubro e Novembro de 2013 através da observação de

várias circunstâncias e atividades com o prepósito de fundamentar essa

mesma caracterização. Sendo que, a continuação da mesma foi realizada até

ao mês de Janeiro de 2014 com a introdução de novos dados acerca do

desenvolvimento do grupo em questão.

3.2.2.1 - Desenvolvimento Cognitivo

Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo só existe se existir uma

interação entre a criança e o meio que a rodeia. O desenvolvimento cognitivo

ocorre em estádios onde cada um possuí características próprias e distintas.

O grupo dos cinco anos encontra-se no estádio pré-operatório, fase em

que “as crianças se tornam mais sofisticadas no uso do pensamento simbólico,

mas ainda não são capazes de usar a lógica.” (Papalia, 2011:312) A função

simbólica está evidente através da imitação de ações observadas em

momentos anteriores.

De acordo com Piaget, “o egocentrismo é a incapacidade de ver as

coisas de um ponto de vista que não é próprio. Não é egoísmo, mas sim

compreensão centrada no self […]” (Idem:316) No grupo em questão, o

egocentrismo é notório em algumas situações como por exemplo em atividades

de grande grupo quando estas perguntam “E quando sou eu? Tenho de ser eu

agora” ou “Eu, eu, escolhe-me a mim!” A maioria das crianças consegue

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brincar em grupo, contudo, muitas delas necessitam da intervenção de um

adulto para resolver conflitos como o de partilhar brinquedos ou material.

(Anexo X – Registo Incidente crítico nº 1) Foi possível observar várias vezes

situações nas quais as crianças discutiam porque uma das crianças não

emprestava um brinquedo às outras. No entanto, algumas crianças já

começam a revelar alguma preocupação com o outro, exemplo disso foi

quando a MG não tinha um lápis azul e a IA lhe disse “Toma, podes ficar com

este que eu tenho outro.”

O grupo gosta de ouvir histórias, todos os dias pede para que seja lida

mais uma história e são eles próprios que as escolhem. A criação de histórias é

outro ponto relevante para as crianças e conseguem recontá-las com

pormenores. A nível de memorização e concentração, revelam um aumento

significativo desde o inicio do ano, no qual as crianças conseguem decorar uma

lengalenga ou uma canção muito rapidamente.

3.2.2.2 - Desenvolvimento Linguístico

É através da linguagem que as crianças comunicam e exprimem os seus

sentimentos e interesses. Segundo Vygosrsky (1987) “a criança vai construindo

o seu conhecimento através de perguntas e respostas, em interacção com os

outros e com o meio envolvente, através de problemas que tem de resolver no

seu quotidiano.”

As crianças dos cinco anos revelam uma maior aptidão para o domínio

da linguagem oral e abordagem à escrita uma vez que no decorrer do ano, a

estagiária pode verificar a existência de uma evolução significativa neste

domínio. Horta (2007) refere que “[…] a relação da criança com a escrita é

marcada pela sua descoberta, numa fase inicial, e pela aprendizagem formal,

numa fase posterior.” (Horta, 2007:60) (Anexo X - Incidente crítico nº2) Nesse

sentido, durante a fase inicial, a criança tem “contacto com produções escritas,

desenháveis, manipuláveis e rasgáveis” (Idem, 66) com o intuito de se

apropriar das mesmas. A área da escrita na sala dos cinco anos foi criada com

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esse mesmo prepósito, para que as crianças pudessem criar novas palavras,

decalcar letras, formar frases. (Anexo X - Incidente crítico nº3)

Relativamente à sintaxe, o grupo revela alguma facilidade em elaborar

frases simples e complexas que obedecem às regras básicas, com a exceção a

LD que manifesta alguma dificuldade na articulação de frases. Quando lhes é

feita uma questão iniciam a frase com a oração subordinada causal “porque” e

utilização o articulador de discurso “depois” várias vezes.

A existência de uma inter-relação entre a linguagem oral e a escrita faz

com que a equipa pedagógica realize atividades que proporcionem

aprendizagens nas duas vertentes. Nesse sentido, a dinamização da biblioteca

prima pelas duas formas de linguagem, uma vez que as crianças levam o livro

para casa para lerem com os pais e depois têm de apresentar o livro e exprimir

a sua opinião na reunião da manhã na sala. É notório a evolução de algumas

crianças como o FM a explicar o seu trabalho. A generalidade das crianças

consegue com facilidade elaborar frases simples e complexas que obedecem

às regras básicas e justificar o porquê das duas opiniões.

3.2.2.3 - Desenvolvimento Motor

“Tendo em conta o desenvolvimento motor de cada criança, a educação

pré-escolar deve proporcionar ocasiões de exercício da motricidade global e

também motricidade fina, de modo a permitir que todas e cada uma aprendam

a utilizar e a dominar melhor o seu próprio corpo.” (OCEPE, 1997:60)

No que diz respeito à motricidade fina, o grupo é bastante trabalhado,

nomeadamente ao nível da expressão plástica. O traço da generalidade das

crianças está mais preciso e minucioso em comparação ao início do ano,

apresentando mais pormenores e utilizando diversidade de cores e de

tonalidades. (Anexo X – Registo de incidente crítico nº 4) O recorte é algo que

foi trabalhado com alguma insistência, uma vez que, as crianças, ainda nesta

fase, apresentam dificuldades em recortar em linhas curvas necessitando o

auxílio do adulto. A generalidade do grupo é capaz de manipular de forma

correta os objetos da sala. Em Setembro, o grupo não conseguia distinguir a

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direita da esquerda, porém, ao ser trabalhada a lateralidade nas sessões de

movimento, isso já não se verifica. Quase todas as crianças têm definida a

lateralidade, assim como o seu lado dominante.

Na motricidade grossa, o grupo de cinco anos revela um maior domínio

de equilibro e de destreza comparativamente ao início do ano. Os movimentos

são mais contidos e comedidos, assim como a questão do relaxamento

melhorou. As crianças já conseguem relaxar em silêncio. Elas próprias pedem

para que o adulto realize relaxamentos fora das sessões de movimento. (Anexo

X - Incidente crítico nº5) Durante a expressão motora foram trabalhadas

danças para que as crianças tivessem um maior controlo do seu corpo e

sentido de ritmo com o intuito de as preparar para os ensaios da festa de

finalistas. Foi necessário trabalhar afincadamente neste campo visto que o

grupo demonstrava alguma dificuldade em se movimentar no decorrer de uma

música. (Anexo XI - Grelha de avaliação de grupo nº1)

3.2.2.4 - Desenvolvimento Sócio - Afetivo

“O desenvolvimento emocional da criança tem impacto sobre outras

áreas evolutivas. […] as razões para as manifestações de raiva, medo,

hostilidade, ressentimento, ciúme e frustração por parte de crianças podem ser

inferidas das situações que provocam seu comportamento.” (Spodek, 1998: 80)

As crianças dos cinco anos manifestam estes comportamentos em situações

recorrentes, quando sentem frustração por não conseguir portar-se bem como

o RR afirmou “Eu não me portei bem por isso estou triste comigo mesmo e não

mereço uma estrela” ou quando a ML demonstrou ter ciúmes da MG por esta

ter mais lápis do que ela. (Anexo X – Registo de Incidente crítico nº6)

O grupo em questão demostra o que sente através de gestos e palavras,

como por exemplo “tu és linda” ou “eu gosto muito de ti por isso és minha

amiga”, demonstram facilidade no relacionamento entre pares e pequenos

grupos, sendo que, muitas vezes as crianças recorrem à violência e a palavras

menos simpáticas para resolverem os seus próprios conflitos como por

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exemplo “tu não me emprestas as tuas coisas por isso já não somos mais

amigos.”

A nível de desenvolvimento moral, Kohlberg descreve três níveis de

raciocínio moral, cada um dividido em dois estádios. As crianças de cinco anos

encontram-se no primeiro nível desta teoria, concretizando, “obedecem às

regras para evitar castigos ou para ser premiado […]” (Papalia, 2011:551) Esta

situação verifica-se na medida em que as crianças quando se portam bem

referem “eu hoje vou portar-me bem para ter uma estrela.” Emitem juízos de

valor e dão a sua opinião nos vários assuntos dando sempre uma justificação.

3.3 - Traçado das prioridades de intervenção conjunta ao nível

da Instituição e da Comunidade

Para definir prioridades a nível da Instituição Cooperante e da

Comunidade, as estagiárias finalistas reuniram-se para definir propostas de

intervenção. É fundamental referir que as propostas foram refletidas conforme

as características da Instituição.

A ideia inicial seria a ocupação de uma sala transformando-a numa

biblioteca comum a todas as salas, contudo, não será possível abrir a biblioteca

no presente ano devido a todo o trabalho e material que requer. Poderemos

realizar a hora do conto numa das salas individuais mas não consideramos

uma ideia muito viável de executar.

Segundo o Projeto Educativo, um dos objetivos é “estimular o

desenvolvimento global da criança favorecendo aprendizagens significativas e

diferenciadas.” (2012: 11) Por esse motivo, o espaço de intervenção será uma

sala que será transformada no laboratório. Esta área será um espaço

partilhado por todo o Jardim de Infância e primeiro ciclo e visa o conhecimento

mais aprofundando sobre a ciência. Neste local, poderão ser realizadas

experiências, onde a criança será ativa no seu conhecimento, podendo

experimentar os materiais com o auxílio do adulto. Será um local de partilha

entre todas as salas, visto não existir em nenhuma delas, um local dedicado às

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ciências. A equipa de estagiárias dividiu tarefas, das quais, a estagiária da sala

dos cinco anos ficou encarregue da recolha de materiais para o laboratório.

Como a abertura desta área requer alguns materiais específicos, solicitamos a

intervenção das famílias. Nesse sentido, promovemos o envolvimento parental

pedindo que as famílias participassem, ainda mais, no quotidiano dos seus

filhos. As pontes a serem estabelecidas com a Comunidade serão o

Visionariam, o Planetário e Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

com o prepósito de as crianças visitarem o laboratório de instituição.

Outra das prioridades é o envolvimento com outro Jardim de Infância,

realizando intercâmbio entre salas. Favorecendo “um ambiente de abertura”

(Projeto Educativo, 2012:12) e familiarizar as crianças com processos de

cooperação.

Irão ser realizadas visitas relacionadas com o Projeto Lúdico. Neste caso

concreto, serão visitas a bibliotecas do Porto, onde as crianças poderão

contactar com a realidade, perceber como funcionam, assistir a horas do conto

fornecidas por essas mesmas bibliotecas e terem a oportunidade de se

tornarem sócios das bibliotecas. Deste modo, pretende-se estimular

aprendizagens significativas e diferenciadas através de experiências ricas e

produtivas para o desenvolvimento da criança.

CAPITULO 4 - INTERVENÇÃO E EXIGÊNCIAS

PROFISSIONAIS

4.1 – Aspeto pedagógico significativo

Fruto de todas as observações realizadas ao longo do estágio

profissionalizante, da caracterização do grupo de crianças e dos interesses das

mesmas a intervenção centrou-se na área das expressões – domínio da

linguagem oral e abordagem à escrita. Uma vez que, o grupo mostrou um

interesse espontâneo na aprendizagem da escrita, como afirma a educadora

cooperante “[…] a aprendizagem das letras acabou por ser de uma forma

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lúdica, foi uma brincadeira e começamos a falar em cada letra, fazer jogos de

letras, contar histórias acerca da letra e portanto acabou por ser de uma forma

muito lúdica, muito espontânea, muito vivido com eles que esse código acabou

por acontecer.” (cfr. Anexo III – Transcrição da entrevista à educadora) Este

tema está, também, inerente, à transição para o primeiro ciclo do ensino

básico, sendo ele um elo de ligação entre ambas as valências.

O outro projeto vivenciado foi a dinamização da biblioteca no qual as

crianças desenvolveram trabalhos como a catalogação de livros, a criação de

fantoches, pesquisas com a família, o sistema de requisição de livros e a

dinamização de horas de conto neste espaço.

Tirando, desta forma, partido da vivência dos Projetos Lúdicos,

nomeadamente o que se refere à biblioteca, apesar de existir uma

interdisciplinaridade entre as várias áreas de conteúdo, existiu um enfoque

maior no domínio da linguagem. Por sua vez, todos os registos realizados ao

longo do ano e todas as atividades que trabalharam de forma intencional ou

não intencional acabaram por trabalhar este domínio. Mais uma vez, de acordo

com a educadora cooperante “[…] as atividades foram crescendo quase que

interligadas umas com as outras e portanto não havia uma preocupação de

criar uma atividade específica, mas sim várias atividades onde depois esse

código escrito acabava por aparecer.” (Anexo – Transcrição da entrevista à

educadora) Citando Horta, o educador não deve cingir-se apenas a uma área

de conteúdo, mas proporcionar atividades lúdicas, de modo a que “se preste

mais atenção às competências de segmentação da linguagem oral e, mais

acentuadamente, nos casos de dificuldades de aprendizagem” (2008:10)

Deste modo, é, fulcral, demonstrar evidências que demonstrem todo o

processo vivenciado na sala dos cinco anos, assim como o produto ao qual

chegaram.

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4.1.1 – Prática pedagógica com o grupo de crianças

Ao longo do ano, o grupo manifestou interesse pelo domínio da

linguagem e principalmente pela escrita. Por esse motivo, surgiu a necessidade

de criar uma nova área para responder a este interesse geral. Deste modo, foi

criada a área da escrita onde o grupo pedia frequentemente para copiar

palavras que conhece e quando não as conhecia pedia ao adulto ajuda para as

escrever. Normalmente, as crianças escrevem ou carimbam o seu nome

acompanhado com um desenho isto porque estão habituados a escreve-lo em

todos os seus trabalhos e registos. (Anexo – Registo de fotografia nº1)

Segundo as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar, o nome

tem sentido afetivo para a criança e ao escrevê-lo a criança pode “fazer

compa\rações entre letras que se repetem noutras palavras o nome dos

companheiros, o que o educador escreve” (1997:69) desta forma, “a

aprendizagem da escrita é encarada como uma tarefa cognitiva, em que a

criança tem que primeiramente adquirir conceitos para, numa fase posterior,

após dominar perfeitamente a realização da tarefa, os poder transformar em

procedimentos automatizados.” (Spodek, 2002:64)

Para que as crianças pudessem desfrutar desta área da uma forma mais

adequada, a equipa pedagógica criou-a num local sossegado entre duas áreas,

a da plástica e a da biblioteca. Este é um aspeto importante a salientar, uma

vez que, a organização do espaço foi pensada e planeada de acordo com as

necessidades das crianças e de forma proveitosa para as mesmas,

potencializando aprendizagens.

Se o espaço for condicionador de aprendizagens terá novamente de ser mudado. A área da biblioteca e a da escrita localizam-se na outra ponta da sala, como já tinha sido referido anteriormente visando um ambiente mais calmo e acolhedor relativamente às outras áreas o que potencializa à criança uma maior concentração no seu trabalho. (Portfólio Reflexivo – Reflexão sobre a mudança da sala)

Esta ideia vai ao encontro do que defendido por Zabalza, no qual refere

que “[…] a forma de organização do espaço e a dinâmica que for gerada da

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relação entre os seus diversos componentes irão definir o cenário das

aprendizagens.” (1996:50)

Assim, surgiu a necessidade de elencar materiais e recursos disponíveis

para o grupo de crianças utilizar nessa mesma área. A existência de jogos de

palavras, de letras em madeira para que as crianças pudessem decalcar

trabalhando a sua perícia e motricidade fina assim como realizar palavras com

as mesmas ou observar a ordem do abecedário (Anexo - Registo de fotografia

nº2), o material de escrita como lápis, canetas, marcadores potencializando

aprendizagens a nível sensorial, nomeadamente o tato assim a sua estética

estimulando a sua atividade cerebral. O quadro preto onde era dada a

possibilidade à criança de colar letras e números (através de um íman)

formando palavras (Anexo XII – Registo de fotografia nº 3), a existência de

cartões com letras do abecedário acompanhadas com um desenho referente à

letra. Por fim, a existência de papéis diversos surge com o intuito de trabalhar

conceitos como a dimensão (o maior, mais pequeno e médio), a variedade e o

experienciar trabalhar em espaços delimitados e diferentes.

O código escrito esteve presente no quotidiano diário da sala dos cinco

anos, desde os registos que eram recorrentes, os vários tipos de livros, o jogo

das palavras cruzadas realizado com o adulto, as teias, as etiquetas das áreas

e os recados no caderno “vai-e-vem”.

No decorrer do ano, as crianças apropriaram-se de novos vocábulos e

foram descobrindo particularidades de algumas palavras, como por exemplo a

existência de palavras compostas como “arco-íris” ou “girassol”. Deste modo,

puderam alargar horizontes, alargaram os seus conhecimentos nos vários

domínios devido à interligação de todas as atividades propostas pela equipa

assim como os próprios projetos. Como evidencia Horta (2007) devemos

brincar com as palavras através do lúdico como ensinar canções, lengalengas,

rimas e trava-línguas promovendo, desta forma, aprendizagens significativas.

Este aspeto foi referido recorrentemente nas respostas das crianças ao longo

das entrevistas realizadas.

Nesse sentido, a curiosidade pela escrita surgiu de forma muito

espontânea acentuando-se com as vivências passadas na sala. O facto de as

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crianças pedirem para copiar o nome e o dos seus colegas, quando uma

criança via uma palavra num livro ou num registo e pedia para copiar para uma

folha ou quando uma criança conseguia criar/enunciar uma palavra a partir de

uma ou duas letras ou até mesmo quando uma criança estava a requisitar um

livro da biblioteca que tinha de escrever o seu nome e o título do livro que

queria requisitar. (cfr anexo XII – Registo de fotografia nº4)

No decorrer do projeto da Biblioteca, mais uma vez, as crianças

estiveram em constante contacto com a linguagem quer oral quer escrita. Este

projeto foi muito rico ao nível das aprendizagens, isto porque fomentou o gosto

pelos livros e consequentemente pela leitura, possibilitou a familiarização com

o código escrito, estimulou o grupo ao nível da linguagem, promoveu a

autonomia e a responsabilidade e promoveu a interação e o diálogo entre

pares e em grande grupo.

Os momentos de partilha entre crianças foi um enfoque da equipa em

que cada criança apresentava a história levada para casa e lida com a sua

família aos restantes colegas. A improvisação de histórias e de teatros foi,

também, uma constante. Nesse sentido, o grupo organizava-se de forma a criar

um teatro que mais tarde dramatizava para os restantes colegas. (Anexo XII –

Registo contínuo nº 1)

A atividade de contar histórias permite alargar o vocabulário da criança

contribuindo para o aumento dos seus conhecimentos sobre todos os aspetos

da língua como refere Ramiro Marques, tal atividade é importante “para o

desenvolvimento da linguagem da criança e para a compreensão do mundo

físico e social […] para o conhecimento das regras da escrita na idade pré-

escolar.” (1991:33)

O próprio sistema de requisição foi um marco deste projeto, uma vez

que a equipa pedagógica partiu da motivação intrínseca do grupo de querer ter

uma biblioteca como as verdadeiras. Deste modo, as crianças em conjunto

com a estagiária registaram o que queriam ter na sua biblioteca, onde mais

uma vez, o código escrito se encontra implícito. (Anexo XVIII – Registo do

Projeto Lúdico “A Biblioteca” – Fase I) A realização do cartão de leitor para

cada criança da sala (Anexo XIII – fotografia nº 1), as fichas de requisição nas

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quais constavam a data da requisição, a data de entrega do livro, a categoria, o

título, o número e a assinatura da criança (Anexo XIII – fotografia nº2), os

separadores por ordem alfabética para colocar as fichas de requisição e a folha

de opinião que era levada para casa juntamente com o livro requisitado, onde

as crianças em conjunto com os pais preenchiam a sua opinião sobre o livro

requisitado. (Anexo XIII – fotografia nº3) Ainda neste projeto, as crianças

descobriram novas formas de fazer registos no que concerne às histórias. As

crianças da sala dos cinco anos começaram por realizar os registos das

histórias em folhas de papel (Anexo XVI – Descrição de Atividade nº 1), mas

com o decorrer do tempo, o grupo começou também a registar em tiras de

pano que foram colocadas no espaço da biblioteca criando, desta forma, um

clima acolhedor e de certa forma “encantado”. (Anexo XIII – fotografia nº4) O

objetivo era que as crianças pudessem registar as histórias que ouviam na

biblioteca, associando o desenho a letras e palavras. A SV ao fazer a avaliação

do projeto referiu “As tiras da biblioteca são muito giras. São importantes

porque ouvimos as histórias e registamos.” (Anexo XV – Grelha de avaliação

do projeto)

Como o grupo demonstrou bastante interesse na criação de histórias, a

equipa pedagógica promoveu vários momentos em que as crianças criaram as

suas histórias. Para isso, uma das atividades realizadas partiu do jogo das

palavras relacionadas, onde as crianças teriam de levar para a sala três

palavras relacionadas com um tema (Anexo XVI – Descrição de Atividade nº2),

outro dos momentos de criação de uma história depreendeu-se com a parceria

feita com Serralves e do projeto em que a instituição está inserida “Serralves

no bolso” onde cada sala seria responsável por elaborar um objeto que poderia

ser levado no bolso e que caracterizasse Serralves. Assim sendo, o grupo de

cinco anos decidiu realizar o jogo das palavras relacionadas sobre o local e em

seguida construiu uma história com essas mesmas palavras. Neste caso, as

crianças fizeram parte integrante de todo o processo, ou seja, não só

construíram a história como a ilustraram. Concretizando, a estagiária passou a

história a computador e deixou alguns espaços em branco com as palavras em

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baixo, isto para que as crianças pudessem desenhar o elemento no espaço

predefinido. (Anexo XVI – Descrição de Atividade nº3)

Segundo o Ministério da Educação “registar o que as crianças dizem e

contam, as regras debatidas em conjunto, o que se pretende fazer ou o que se

fez, reler e aperfeiçoar os textos elaborados em grupo, são meios de abordar a

escrita.” (Departamento de Educação Básica, 1997:71)

Desta sequência surgiu o alfabeto ilustrado onde as crianças

aprenderam cada letra individualmente de uma forma mais lúdica. A educadora

não se preocupou em ensinar o alfabeto todo de uma vez, em vez disso,

apresentou letra a letra com o apoio de uma história começada por essa letra o

que consequentemente originou a que as crianças aprendessem várias

palavras começadas por determinada letra. (Anexo XVI – Descrição de

Atividade nº4) Segundo Mata, “o conhecimento das letras é um bom preditor e

um elemento facilitador do processo de aprendizagem quando as crianças

ingressam no 1º ano, mas somente se esse conhecimento decorrer de

vivências complexas e integradas […]”, ou seja, a criança ao centrar-se

apenas na letra que aprendeu acaba por perder a capacidade de olhar para a

escrita como forma de linguagem. Para que esta situação não se verifique a

descoberta das letras “[…] deve ser feita em contexto, a partir da escrita de

nomes, de palavras ou de textos que lhe são significativos […]” (Mata, 2008:37)

Após ouvirem a história cada criança fazia um desenho que estava

relacionado com a letra da mesma e depois a própria criança ou o adulto

escreviam o nome do objeto ou animal que tinham desenhado. (Anexo XIII –

fotografia nº 5) Este trabalho individual ficava arquivado no portfólio de cada

criança para que cada um pudesse ter o seu próprio alfabeto. Ainda assim,

existia por cada letra um registo também realizado pelas crianças para ser

exposto na parede da sala (Anexo XIII – fotografia nº 6) permitindo que o grupo

fosse mais autónomo podendo consultar o alfabeto sempre que precisasse

sem ter que depender do adulto, assim como um auxílio para a escrita. É nesta

fase que a criança descobre o prazer de escrever e por esse motivo o

educador não deve impor o ensino das letras e das palavras mas escrever as

palavras que as crianças mostram interesse em copiar.

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Marques (1991) refere que

a utilização de uma abordagem fónica associacionista com crianças em idade pré-escolar, tendo como suporte fichas de trabalho, é motivo de «stress» e angústia para muitas delas e que obrigar crianças de cinco anos a copiar letras do alfabeto e a associarem, artificialmente, as letras aos sons, não parece trazer quaisquer vantagens. (cit. Horta, 2008: 19)

Da emergência das letras do alfabeto surgiu uma atividade proposta pelo

adulto. Esta prática pedagógica remetia para que cada criança criasse uma

história com a sua família sobre uma letra do alfabeto. (Anexo XVI – Descrição

de Atividade nº5) À medida que as histórias iam chegando à sala, as crianças

apresentavam-nas aos seus colegas. A junção de todas as histórias originou

um livro com o intuito de este poder circular por todas as casas para que todas

as famílias pudessem usufruir do mesmo. (Anexo XX – fotografia nº7) Esta

atividade desenvolveu não só a oralidade e a escrita ao dar a conhecer à

criança novos vocábulos, como desenvolveu a criatividade e a orientação

mental assim como promoveu o envolvimento e a interação com os pais e

famílias.

Foi possível constatar que, no geral, as crianças conhecem o sentido

direcional da escrita, concretizando, sabem que se lê e escreve da esquerda

para a direita. Desta forma, o livro está presente no quotidiano do grupo em

questão sendo um instrumento primordial para o contacto com a escrita visto

que é através deste que as crianças “descobrem o prazer da leitura e

desenvolvem a sensibilidade estética”. (OCEPE, 1997: 70)

O domínio da escrita, também esteve em parte ligado ao projeto

desenvolvido com a Câmara do Porto “O que faz uma cidade rodar?” no qual

as crianças, numa fase inicial, planearam o trabalho a realizar, elaboraram

pesquisas, e dialogaram em grupo sobre o que sabiam sobre determinada

profissão e o queriam saber sobre as mesmas construindo questões para mais

tarde serem respondidas. (Anexo XVI – Registo do Projeto Lúdico “O que faz

rodar uma cidade?” – Fase I) Numa fase de execução, o educador deve ter

como principal objetivo “permitir que as crianças adquiram novas informações e

conhecimentos” (Idem:104) Nesse sentido, foram realizadas saídas preparadas

pela Câmara com o intuito de o grupo conhecer as profissões estudadas.

(Anexo XVI – Registo do Projeto Lúdico “O que faz rodar uma cidade?” - fase

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II) Depois de cada visita, o grupo avaliava em grande grupo o que tinha

aprendido, registando na tabela realizada para o projeto. (Anexo XX –

fotografia nº 8) Neste registo, as crianças recorriam ao desenho para

registarem as suas conclusões. Suportado nas Orientações Curriculares para a

Educação de Infância (1997), estas fazem também referência ao desenho

como meio de expressão e comunicação indo ao encontro com a educadora

cooperante “É evidente que a escrita acontece depois de as crianças fazerem

uma grande descoberta ao nível por exemplo do desenho […] Que não deixa

de ser um código também porque tudo o que elas traduzem, traduzem através

do desenho […]” (cfr. Anexo III – Transcrição da entrevista à educadora)

Com esta atividade o grupo percebeu que ao desenhar compreendia de

forma mais clara o que estava escrito na tabela que apesar de serem frases ou

ideias ditas por eles, por vezes não se lembravam do que tinham referido.

Esta avaliação já consta de uma fase seguinte, referente à avaliação,

reflexão e divulgação do projeto. Assim, esta fase tem como objetivo “ajudar as

crianças a concluir o projecto através do trabalho de grupo e individual, e fazer

um resumo do que aprenderam” (Idem: 105). Ainda nesta fase, foi construída

uma maquete relativa à Cidade do Porto onde constava a localização da casa

de cada criança (interesse manifestado pelo grupo) e todos os edifícios e

monumentos visitados. (Anexo XVI – Registo do Projeto Lúdico “O que faz

rodar uma cidade?” – Fase III)

4.2 – Reflexão sobre o processo vivenciado

Depois de todo o processo desenvolvido com o grupo de crianças e

terminadas as pesquisas e recolhas de dados mais significativos à

problemática estudada, é necessário refletir sobre o produto alcançado.

A rede curricular serviu como instrumento de avaliação, uma vez que

nela estavam referenciadas as atividades realizadas diferenciando as

atividades propostas pela equipa pedagógica e pelas crianças. Este

instrumento tem como prepósito compactar todas as diferentes áreas e

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domínios registadas através de cores diferenciadas, de forma a ser percebível

para quem a observa qual foi a área abordada em determinada situação de

aprendizagem.

Foi possível compreender que o grupo cresceu e evoluiu nas várias

áreas e domínios devido ao trabalho planificado pela equipa pedagógica,

através das planificações e intervenções realizadas com o intuito de responder

aos interesses e necessidades das crianças.

A evolução foi notória quer ao nível da linguagem oral como ao nível da

abordagem escrita, isto porque o grupo no geral manifesta um discurso fluente

e é capaz de responder às questões que o adulto lhe coloca. Foi assim,

possível verificar, numa fase final, que este utiliza corretamente os tempos

verbais, o género das palavras, o plural e singular. A par desta situação, ao

nível da escrita, o grupo escreve palavras e frases simples espontaneamente.

Citando, ainda à educadora cooperante, de uma forma geral todos

“adquiram as competências necessárias para fazerem uma transição sem grandes percalços. […] cada um a seu, a seu nível poderá ter mais dificuldade, uns mais na parte da articulação de palavras, na parte do próprio discurso, outros na parte do grafismo mas acho que de uma forma global todos eles estão preparados para fazerem a transição.” (cfr anexo III – Transcrição da entrevista à educadora)

Numa fase de avaliação, foi possível constatar que o grupo, em geral,

percebeu a funcionalidade da escrita na educação pré-escolar percebendo

também o quão importante é a linguagem no seu quotidiano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para uma futura profissional de educação que se encontra em formação,

um dos elementos fundamentais para que possa crescer e evoluir como

profissional é a prática pedagógica, ou seja, é fulcral que se experiencie na

prática aquilo que nos é transmitido na teoria. Deste modo, é possível uma

consciencialização mais precisa das exigências que esta profissão implica.

O educador tem como finalidade orientar e auxiliar o seu grupo de

crianças a desenvolverem as competências básicas para poderem estruturar a

sua própria personalidade. Para tal, este estágio profissionalizante foi, sem

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dúvida, uma mais-valia para a estagiária uma vez que esta pode colocar em

prática conceitos e procedimentos que lhe incutiram na teoria adaptando ao

seu grupo de crianças. Assim como, o contacto com outras profissionais, neste

caso a educadora cooperante e a auxiliar, que serviram de uma certa forma de

um modelo a seguir.

Nesta etapa de formação, foi muito importante esta interação e troca de

ideias com a educadora cooperante, uma vez que, desta forma foi dada a

oportunidade à estagiária de vivenciar experiências e formas de trabalhar muito

ricas a vários níveis assim como foram evidenciadas formas de envolver outros

agentes de socialização como os pais das crianças, outras salas e a

comunidade envolvente.

Foi possível, assim, verificar como são importantes as parcerias

educativas em contexto da educação pré-escolar, sendo estas promotoras de

desenvolvimento e de aprendizagens significativas. Nesse sentido, interessa

salientar o contexto no qual a instituição está inserida, sendo este um modelo e

exemplo a reter para outras realidades. Com esta realidade, a estagiária pode

apreender que um profissional de educação não deve limitar-se apenas à sua

sala e ao seu grupo de crianças mas abranger a instituição, criando pontes e

momentos de partilha entre salas, famílias e comunidade.

Esta temática surge-nos como uma mais-valia para enriquecer o processo de desenvolvimento da criança como ser autónomo, participativo e consciente das diferentes realidades. É importante que esta perceba que apesar de estar inserida num grupo da sala existem vários caminhos por onde pode enveredar e que tome consciência que é importante fazer parte de um todo. (Portfólio Reflexivo – Reflexão sobre a importância do intercâmbio, 23 de Maio de 2041)

O contacto com a supervisora de estágio foi, também, um dos grandes

fatores que auxiliaram a estagiária a progredir e a querer ser melhor. A

exigência da supervisora fez com que a estagiária pudesse refletir sobre o seu

percurso ao longo do ano e sobre as lacunas que esta poderia melhorar.

Acompanhou em todo o processo, tendo sempre o cuidado de valorizar as suas

conquistas e desafiar a estagiária para que esta pudesse superar-se fazendo o

seu trabalho cada vez melhor.

Deste modo, este percurso foi marcado por altos e baixos, por

momentos muito bons e por momentos não tão bons. Com esta experiência

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houve um crescimento não só a nível profissional como a nível pessoal e muito

deste crescimento deve-se às pessoas da instituição cooperante,

principalmente à educadora da sala dos cinco anos. Muitas relações

interpessoais foram estalecidas e por esse motivo há que salientar que esta

profissão é feita com pessoas para pessoas, na base das relações, neste caso

concreto, para as crianças.

No decorrer do estágio foram vários os aspetos positivos que a

estagiária pode salientar, sem se esquecer dos anseios e receios

demonstrados no início desta nova etapa “o receio por não saber se a

educadora cooperante irá auxiliar ao longo das atividades […], receio não

conseguir chegar até às crianças, que as atividades apresentadas não as

motivem e não conseguir dar resposta a todas as suas necessidades. […]”

(Portfólio Reflexivo – Reflexão sobre os medos e as expectativas, 17 de

Setembro de 2013) Contudo, estes receios são característicos em todas as

profissões e não devem ser vistos como limitações, devem ser vistos como

novos desafios a alcançar e, mais do que isso, devem ser vistos como uma

aprendizagem tanto a nível pessoal como profissional. A estagiária finalista

reconhece que alguns destes medos, não foram completamente dissipados

mas salienta que fez um esforço para conseguir que pelo menos estes

diminuíssem. Nesse sentido, toda a sua caminhada torna-a mais forte e mais

confiante no seu trabalho. Vivenciou situações que a desafiaram e a colocaram

à prova constantemente ao que esta procurou soluções e decisões para adotar

e estimular o grupo de crianças.

Esta prática fez com que a estagiária pudesse aprender “a lidar com um

grupo de crianças, a encontrar estratégias para os motivar e para os controlar

quando necessário. […]” aprendeu ainda, a “planificar atividades de acordo

com as necessidades e os interesses que as crianças apresentam e a adequar

as atividades de acordo com o contexto vivenciado […] com os erros, com as

falhas e com a falta de confiança que por vezes não tem razão de ser.”

(Portfólio Reflexivo – Reflexão final de estágio, 1 de Junho de 2014)

Aprendeu, ainda, que para ser uma educadora competente existe a

necessidade de ser um profissional reflexivo, que reflete sobre a sua prática. A

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construção do portfólio reflexivo não sempre foi fácil para a estagiária. Contudo,

foi através das reflexões que constavam nele que pode melhorar em alguns

aspetos da sua prática.

Em forma de conclusão, a estagiária afirma que adquiriu uma nova

bagagem para o futuro e uma nova forma de ver o próprio mundo, sem

esquecer tudo o que lhe foi ensinado por todos os profissionais como pelo seu

grupo de crianças.

Levo comigo todas as brincadeiras, todos os jogos, todos os sorrisos e todas as demonstrações de carinho sinceras. Levo a sinceridade daqueles com quem estagiei, até mesmos as birras e teimosias. Tudo isto faz parte deste mundo à parte que é o das crianças. Um mundo colorido, onde existem arco-íris e a imaginação é a sua maior aliada. Onde o que importa é estar com os amigos a brincar ou fazer pulseiras de elásticos, sem preocupações. Onde o que importa são os laços que se criam, os beijinhos, os abraços e não as banalidades da vida quotidiana. Onde o que importa é ser feliz, é ser criança! (Portfólio Reflexivo – Reflexão sobre o último dia de estágio, Maio 2014)

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ARTMED

LEGISLAÇÃO

Decreto-Lei nº 5/97 de 10 de Fevereiro, (Consagra o ordenamento jurídico da

educação pré-escolar, na sequência da Lei de Bases do Sistema Educativo)

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Decreto-Lei nº115 A/98 de 4 de Maio (Aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básicos e secundários, bem como dos respetivos agrupamentos)

Decreto-Lei nº 75/2008 de 22 de Abril Decreto-Lei nº79 de 22 de Abril (Define o regime de funcionamento do

agrupamento de escolas ou da escola) Decreto – Lei nº 241/2001, de 30 de Agosto (Aprova os perfis específicos de

desempenho profissional do educador de infância e do professor do 1º ciclo do ensino básico)

Outros documentos Plano anual de atividades da instituição de 2013-2014 Projeto Educativo Triénio 2013-2015

Regulamento interno

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ANEXOS

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Anexo I- Guião da entrevista à Educadora

Pergunta de partida: Qual a importância da escrita numa sala de cinco

anos?

1. Conhecimento da situação profissional da entrevistada

(Pessoal/académicos)

Relativamente à sua situação profissional, onde fez o curso de

Educadora de Infância?

Há quantos anos é Educadora de Infância?

Ao longo dos anos de serviço trabalhou, sempre, em contexto de

Jardim de Infância?

2. Modelo Curricular utilizado e documentos utilizados

Na sua ação educativa, mais concretamente no que se refere ao

domínio da expressão oral e abordagem à escrita, qual o modelo que

privilegia?

É frequente a linguagem oral e escrita estar presente nos diferentes

espaços da sala? De que forma?

Nas atividades que propõe tem em conta o documento Orientações

Curriculares para a Educação Pré-Escolar?

Consulta mais algum documento para a realização das atividades?

Se sim, qual?

3. Perceber qual a importância que a educadora atribui ao domínio da

linguagem oral e abordagem à escrita na educação pré-escolar

Conhecer a opinião que a educadora tem sobre a importância do domínio

da linguagem oral e abordagem à escrita na educação pré-escolar referindo as

estratégias e atividades que recorre para o efeito.

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Qual a importância que atribui à escrita no contexto da educação pré-

escolar?

Costuma realizar atividades que potenciem a aprendizagem da

linguagem escrita? Quais?

Quais as competências da escrita que considera essenciais para

crianças de cinco anos?

Na sua opinião, a aprendizagem da escrita antes de a criança

frequentar o primeiro ciclo poderá trazer implicações no seu

desenvolvimento futuro? Quais?

Será correto ensinar as crianças de cinco anos a escrever mais do

que o seu próprio nome?

Neste grupo, as crianças manifestaram interesse em descobrir novas

palavras, em copiá-las? Se sim, como atuou?

O trabalho desenvolvido durante este ano reforçou o interesse das

crianças pela descoberta das letras e das palavras? Como?

Quando planifica atividades direcionadas para este domínio segue

algum tipo de documento? Se sim, qual?

De que forma tem promovido o envolvimento dos pais nas atividades

referentes à abordagem oral e escrita?

4. Conhecer a opinião da entrevistada sobre a sua prática pedagógica

Acha que o acompanhamento dos pais e a sua intervenção são uma mais-

valia para o desenvolvimento das crianças neste domínio?

Existe mais algum aspeto que gostaria de salientar sobre o grupo que não foi

evidenciado?

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Anexo II – Guião da entrevista realizada às crianças

Objetivo: Conhecer as opiniões das crianças sobre o domínio da escrita.

1. Durante este ano, quantas vezes trabalhámos a escrita na sala?

2. De que atividades te lembras?

3. Para ti o que é escrever?

4. Para que achas que serve a escrita?

5. Em que sítios costumas ver a escrita?

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Anexo III - Transcrição da entrevista à educadora

Estagiária: Então, esta entrevista serve para eu perceber o que acha

relativamente à escrita na sua sala. Esta é a pergunta de partida “Qual a

importância da escrita num grupo de cinco anos?”

Educadora: Está bem, vamos começar então?

Estagiária: Sim, vamos lá.

Então, onde fez o seu curso de educadora de infância?

Educadora: Ora bem, eu fiz o curso de educadora na escola de Santa

Maria.

Estagiária: E há quantos anos é educadora de infância?

Educadora: Sou educadora há vinte e oito anos.

Estagiária: E trabalhou sempre em contexto de jardim de infância?

Educadora: Tenho trabalhado em jardim de infância e em creche. Visto que

pego nas crianças com um ou dois anos e depois vão comigo até à idade dos

cinco anos.

Estagiária: Na sua ação educativa, mais concretamente no que se

refere ao domínio da expressão oral e abordagem à escrita, qual o modelo

que privilegia?

Educadora: Não privilegio nenhum modelo, não utilizo nenhum

propriamente dito. Apenas vou utilizando um bocadinho de cada um deles,

desde …ah… pelo… principalmente o modelo da escola moderna que tem

algumas características que se adequam à forma de trabalhar. Nós

trabalhamos aqui no nosso jardim de infância em projeto e portanto esse é o

modelo que mais se adequa para trabalhar

à abordagem à escrita e expressão oral pois as crianças fazem registos.

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Registam muita coisa e ao registarem utilizam o código escrito e utilização a

expressão oral para darem conta de todo o processo e de todos os interesses

que envolvem o projeto.

Estagiária: Então é frequente a linguagem oral e escrita estar presente

nos diferentes espaços da sala? De que forma?

Educadora: Pronto, nas diferentes áreas da sala e por toda a sala estão

sempre presentes as legendas, as etiquetas relativamente às áreas, aquilo que

há em cada espaço. Portanto o código escrito está presente desde sempre.

Não só na sala dos cinco anos, mas este código está sempre presente no

grupo desde que eu os acompanho.

Estagiária: Exato. E mesmo as teias também tem a ver com esse código

escrito.

Educadora: Sim, nós próprios educadores usamos para transmitir aquilo

que estamos a trabalhar o que acaba por estar sempre presente e é visível aos

olhos das crianças. Portanto há um contacto sempre diário com esse código

escrito.

Estagiária: Nas atividades que propõe tem em conta o documento

Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar?

Educadora: Sim, utilizo sempre este documento digamos como um

documento orientador de todo o processo que vou desenvolvendo.

Estagiária: E utiliza mais algum?

Educadora: Para além disso, outros documentos… Não há assim muitos

mais documentos, há sim as brochuras que foram, portanto, emanadas depois

a saírem as orientações curriculares que também, por vezes, consulto e depois

vamos criando novas situações mas sempre de acordo com o que vai surgindo

e de acordo com os interesses e com as necessidades do grupo.

Estagiária: Exato e isso é algo que se vê no dia-a-dia.

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Qual a importância que atribui à escrita no contexto da educação pré-

escolar?

Educadora: Ora bem, a escrita tem tanta importância como tem qualquer

outra área no pré-escolar e no desenvolvimento da criança. É evidente que a

escrita acontece depois de as crianças fazerem uma grande descoberta ao

nível por exemplo do desenho não é? Que não deixa de ser um código também

porque tudo o que elas traduzem, traduzem através do desenho e aos poucos

e à medida que o seu desenho vai ficando cada vez mais definido e por volta

dos seus quatro anos e secalhar às vezes até antes as crianças começam a ter

curiosidade sobre as letras, sobre o próprio nome, vão começando a fazer

tentativas desse mesmo nome e a partir daí essa descoberta vai iniciando.

Portanto, a escrita está presente desde sempre.

Estagiária: Exatamente. Então estando a escrita tão presente costuma

realizar atividades que a potenciem? Quais?

Educadora: Eu acho que… (pausa) Não me preocupa em preparar ou em

pensar em atividades que estejam realmente direcionadas para a

aprendizagem à linguagem escrita porque eu acho que isso vai acontecendo

de forma muito espontânea. É evidente que, à medida que eles vão fazendo

essas descobertas, esse código vai aparecendo, as letras vão aparecendo e é

evidente que à medida que vão aparecendo temos o cuidado que façam de

forma correta. Neste caso e no que diz respeito à sala dos cinco anos a

aprendizagem das letras acabou por ser de uma forma lúdica, foi uma

brincadeira e começamos a falar em cada letra, fazer jogos de letras, contar

histórias acerca da letra e portanto acabou por ser de uma forma muito lúdica,

muito espontânea, muito vivido com eles que esse código acabou por

acontecer. Então as atividades foram crescendo quase que interligadas umas

com as outras e portanto não havia uma preocupação de criar uma atividade

específica, mas sim várias atividades onde depois esse código escrito acabava

por aparecer.

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Estagiária: Quais as competências da escrita que considera essenciais

para crianças de cinco anos?

Educadora: Eu penso que, para uma criança de cinco anos a competência

da escrita que eles devem ter é, essencialmente, pronto… escrever o seu

nome, reconhecerem algumas letras, mas não com aquela preocupação que

seja uma escrita já muito perfeita, que tenham realmente disso uma

preocupação. Eu acho que o que eles devem ter é um grafismo bem

trabalhado. Um grafismo bem trabalhado que lhes facilite, mais tarde, uma

escrita sem (pausa) sem sofrimento, porque se eles levarem um grafismo bem

trabalho e o desenho deles conseguir traduzir aquilo que eles querem traduzir,

se realmente conseguirem escrever o nome deles já com uma certa… de um

tamanho não exagerado, já respeitem determinados espaços secalhar isso é

aquela competência que eu acho que eles devem ter enquanto competência da

escrita. No fundo é ter um grafismo em que não lhes custe ao nível da

motricidade fina, ou seja, é preciso que a motricidade fina esteja bem

desenvolvida, bem trabalhada para que no fundo a competência da escrita seja

um desenrolar fluído porque têm as ferramentas para que isso aconteça.

Estagiária: Na sua opinião, a aprendizagem da escrita antes de a

criança frequentar o primeiro ciclo poderá trazer implicações no seu

desenvolvimento futuro? Quais? Esta questão já respondeu um pouco…

Educadora: Sim, no fundo é isso. A ida para o primeiro ciclo será tanto mais

fácil esta passagem se na verdade essas ferramentas que proporcionam que a

escrita seja uma escrita facilitadora do processo tenham sido realmente

trabalhadas e aí lá estamos nós outra vez a falar na implicação do desenho, na

implicação da plasticina, na implicação do recorte. Tudo isso leva a que depois

a escrita seja mais facilitada no ciclo seguinte.

Estagiária: Acha que será correto ensinar as crianças de cinco anos a

escrever mais do que o seu próprio nome?

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Educadora: Ensinar não com o conceito de ensinar, acontece que a partir

do momento em que eles descobrem o prazer de escrever o nome e o prazer

de reconhecimento dos nomes dos outros colegas acabam por ter um gosto de

querer saber escrever outras palavras. É evidente que aí não nos compete

ensinar-lhes palavras, vamos escrever mais palavras mas eles o pedem de

forma espontânea e por curiosidade é evidente que os ensinamos a escrever.

E aqui devemos escreve-las corretamente depois se eles querem escrever

mais ou menos vai muito depender da própria criança e aí nós vamos

respondendo de acordo com o gosto que eles têm por isso. Se a criança

mostra mais gosto, pois sim, se a criança não se mostra tão interessada não

me parece que seja uma competência que devemos forçar porque eu acho que

isso é algo que virá depois mais tarde. O que importa mesmo e volto a reforçar

é o trabalho de todas as ferramentas que depois vão levar a uma escrita

perfeita, uma escrita correta e uma escrita percetível. Eu acho que é mais por

aí.

Estagiária: O trabalho desenvolvido durante este ano reforçou o

interesse das crianças pela descoberta das letras e das palavras? Como?

Educadora: Claro que sim. Com o projeto da biblioteca e com toda a

construção e todas as descobertas que fizemos à volta da biblioteca. É

evidente que eu acho que foi todo o descobrir o que estava inerente a esse

assunto, as letras, as palavras. A própria forma de eles recontarem e contarem

novas histórias ajudou-os também a que falassem de uma forma mais correta.

E portanto isso acaba por estar tudo interligado. Portanto no que diz respeito à

expressão oral eu acho que este grupo ficou muito muito rico a esse nível e

basta ver que qualquer pessoa que fala com eles fica admirada da forma

fluente que eles conseguem responder e conseguem dar resposta a qualquer

questão.

Estagiária: Sim, o próprio discurso que eles têm.

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Educadora: O discurso é muito rico e isso teve realmente haver muito não

só com o trabalho que estava para trás mas também todo ele reforçado com o

projeto que levamos a cabo deste ano não é? Acho que teve tudo a ver.

Estagiária: E mesmo o outro projeto também acabou por trabalhar esse

domínio…

Educadora: Sim, é evidente que o outro projeto também. Uma coisa acabou

por levar à outra. Basta eles registarem tudo, escreverem tudo, verem escrever

sobre tudo que automaticamente o código escrito e a expressão oral estão

presentes permanentemente no dia-a-dia deles.

Estagiária: Sim, a todos os níveis, a todas as horas…

Educadora: A todas as horas e momentos. Portanto é mais que evidente

que isso vai ser uma ferramenta muita valiosa para a passagem para o primeiro

ciclo. São crianças que não vão… ah… quando se começar a falar das

pequenas frases, da construção de frases, da construção de textos não vão ter

qualquer tipo de dificuldade porque foi algo que esteve sempre muito presente

no dia-a-dia.

Estagiária: Muito bem. E de que forma tem promovido o envolvimento

dos pais nas atividades referentes à abordagem oral e escrita?

Educadora: Ora bem, mais uma vez aqui os pais é evidente que… tendo os

pais acompanhado todo o processo, fazendo parte deste processo acabaram

por se envolver. E envolveram-se bastante basta dizer que os pais juntamente

com os filhos criaram uma história sobre uma letra e a partir daí… claro que o

código escrito e oral esteve mais uma vez presente. Não só pelo trabalho que

tiveram em casa mas com as crianças na escola, na apresentação da história

que fizeram com os pais e ao apresentarem aos amigos tiveram que fazer de

forma oral portanto tiveram que a recontar e portanto contou muito aqui a forma

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como os pais o fizeram em casa. Portanto deu para perceber que os pais

fizeram ou pelo menos criaram com eles ou pelo menos discutiram com eles a

essência da história para que para que eles a conseguissem contar, de uma

forma ou de outra, uns mais desenvolvida, outros menos o que interessa é que

conseguiram contar a história. Portanto acho que aqui notou-se muito o

envolvimento dos pais e os pais envolveram-se bastante e participaram a cem

por cento.

Estagiária: Sim e estes pais são fantásticos, participam sem qualquer tipo

de problema. Então acha que este acompanhamento dos pais e a

intervenção são uma mais-valia para o desenvolvimento das crianças?

Educadora: É evidente. Os pais são os primeiros educadores e como

primeiros educadores é importante que estejam envolvidos naquilo que diz

respeito aos seus filhos não é? E não há dúvida que ao envolverem-se e ao

estarem presentes em tudo, ao estarem presentes em cada momento em que

eles passam na sala e procuramos ferramentas e estratégias para envolverem

os pais, não só em participação de atividades, na utilização do caderno “vai-e-

vem” e o facto de convidarmos os pais a virem à sala e vivenciarem um dia na

sala isso fez com que eles estivessem sempre por dentro de tudo. E por isso é

que isto vai-se refletindo no desenvolvimento das crianças. E não só no

desenvolvimento como na dedicação entre pais e filhos, como na forma como

eles se relacionam. Tudo isso potência a um excelente desenvolvimento de

cada uma das crianças não é?

Estagiária: Claro é isso mesmo. E por fim, existe mais algum aspeto que

gostaria de salientar sobre o grupo que não foi evidenciado?

Educadora: Pronto, eu acho que para além do grupo estar bem trabalhado,

acho eu, a nível desta temática da expressão oral e escrita que no fundo está

presente em todas as áreas de conteúdo. Eu penso que eles de uma maneira

geral estão… ou adquiram as competências necessárias para fazerem uma

transição sem grandes percalços. É evidente que estamos a falar de uma

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forma global, estamos a falar de uma forma geral por isso penso que não será

um grupo que virá a ter dificuldades de maior. Depois claro, cada um a seu, a

seu nível poderá ter mais dificuldade, uns mais na parte da articulação de

palavras, na parte do próprio discurso, outros na parte do grafismo mas acho

que de uma forma global todos eles estão preparados para fazerem a

transição.

Estagiária: E pronto, dou por terminada as minhas questões. Muito obrigada

pela disponibilidade.

Educadora: Não tens nada que agradecer, espero que tenha podido ajudar

e se precisares de mais algumas coisa basta dizeres.

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Anexo IV – Transcrição da entrevista realizada às crianças

Nome: M

Data: 20-05-2014

Local: Sala dos cinco anos

Nome: D

Data: 20-05-2014

Local: Sala dos cinco anos

Nome: V

Data: 21-05-2014

Local: Sala dos cinco anos

Nome: T

Data: 23-05-2014

Local: Sala dos cinco anos

1. Durante este

ano, quantas

vezes

trabalhámos

a escrita na

sala?

Trabalhámos muitas vezes a

escrita, todos os dias.

Acho que foram muitas vezes.

Trabalhámos algumas

vezes.

A escrita? Ah,

trabalhámos sempre.

2. De que

atividades te

lembras?

Lembro-me que fizemos

muitas atividades como

escrever o nosso nome,

trabalhos importantes,

registos.

Fizemos as palavras

relacionadas que… é da

escrita não é?

Fizemos os textos todos

juntos para os registos. Lembro-

me que fizemos o nosso nome.

Pusemos o nosso nome no

quadro das presenças e depois

tínhamos de por lá o “P” porque

estávamos na sala.

Fizemos as histórias com as

letras e os desenhos para fazer o

Aprendemos as letras

do abecedário e fizemos os

desenhos para por no

portefólio. Aprendemos a

escrever palavras novas e

o nome dos amigos.

Requisitamos livros e

Fizemos o jogo das

palavras para o dia da mãe

e do pai porque tínhamos

que dizer palavras e depois

os pais também tinham que

escrever as palavras

deles.

Questões

Respostas

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Eu fiz com as meninas um

teatro e nós escrevemos

algumas palavras com a tua

ajuda, lembras-te? E pronto é

só isso.

nosso livro.

Lembro-me também que fui

para a área da escrita com o SV e

o V e fizemos jogos com as

letras.

tínhamos que escrever o

título.

Fizemos muitos

registos.

Escrevemos os

números nos livros para a

biblioteca.

Escrevemos as letras

do abecedário e

descobrimos muitas coisas

novas.

3. Para ti o que

é escrever?

Escrever é nós fazermos,

escrevermos coisas

importantes. Eu gostava de

saber escrever mais coisas

por isso é que vim aqui para a

escola para aprender. É como

naquela canção do ler e

escrever “ler e escrever,

histórias de encantar que me

ajudam a crescer, que me

fazem imaginar. Ler e escrever

histórias de encantar que me

ajudam a crescer, que me

fazem imaginar.”

É nós dizermos alguma coisa

que queremos e escrevemos.

Escrever é muito importante

porque os meus pais sabem

escrever.

Eu já sei escrever palavras e

ler algumas.

Para mim escrever é

nós registarmos alguma

coisa. Se nós já sabemos

escrever quer dizer que já

somos grandes.

Escrever é fazer letras

e números e é aprender

coisas novas.

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4. Para que

achas que

serve a

escrita?

Serve para nós

aprendermos. Serve para nós

sabermos o que vamos dizer,

porque é assim, nós lemos e

depois vamos escrever.

Eu utilizo quando faço os

trabalhos, quando fiz o registo

para a mãe que escrevi a

palavra amor… quer dizer eu

não escrevi, eu copiei.

Serve para sabermos o que

está escrito na folha. É como

naquele coiso que tu fizeste

connosco das profissões. Nós

não sabíamos o que estava

escrito e por isso pedimos-te

ajuda, então desenhamos ao

lado para sabermos o que dizia.

A escrita serve para

aprender a escrever. Ajuda

a escrever as letras que nós

não sabemos.

Serve para escrever.

Eu aprendi a fazer letras

que não sabia.

5. Em que sítios costumas ver a escrita?

Nas coisas que tem o nome

das áreas, na biblioteca, na

parede, na tua bata.

Vejo na sala, em casa, no

escritório do meu pai, na

televisão e nos livros.

Vejo nos registos, no

portfólio, no caderno, no

telemóvel da minha mãe,

na minha caderneta.

Vejo na sala, nas áreas

e em casa.

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Anexo V – Análise de conteúdo da entrevista à

educadora

Referente à questão sobre os espaços da sala onde está

presente a linguagem escrita (Q1)

Relação das teias dos projetos com o código escrito

Áreas (legendas e etiquetas)

Quadro nº1: Espaços da sala onde está presente a linguagem escrita

Referente à questão sobre a importância atribuída à escrita (Q2)

Quadro nº 2: Importância atribuída à escrita

A escrita é tão importante como as outras áreas

Relaciona a escrita com a importância de trabalhar os grafismos no pré-

escolar.

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Referente à questão sobre as razões para desenvolver a escrita

Facilitadora de aprendizagem

- Realização de várias atividades interligadas que originam o código escrito

Curiosidade

Interesse

Prazer de escrever

Quadro 3: Razões para desenvolver a linguagem escrita

Referente à questão sobre a aprendizagem da escrita antes da

entrada no 1º ciclo (as competências que devem ser adquiridas e

trabalhadas) (Q4)

Escrever o seu nome

Escrever o nome em espaços delimitados

Reconhecer algumas letras

Grafismo bem trabalhado

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Não se preocupa que seja uma escrita já muito perfeita

A implicação no desenho, recorte, plasticina

Quadro nº4: Aprendizagem da escrita antes da entrada no 1ºciclo

Referente à questão sobre as atividades que reforçaram o

interesse pela escrita (Q5)

Projeto da biblioteca

Descoberta das letras e palavras

Registos

Construção das histórias sobre uma letra

Etiquetas das áreas

Verem escrever sobre tudo

Jogo das palavras relacionadas

Quadro nº5: Atividades que reforçam o interesse pela escrita

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Anexo VI – Análise de conteúdo da entrevista às

crianças

Atividades sobre a linguagem escrita

Registos (Crianças M, D, V)

Escrever o nome e o dos colegas (Crianças M,D,V)

Escrever palavras/números (Crianças M,V,T)

Jogos com palavras (Crianças M, D, T)

Abecedário ilustrado (Crianças V, T)

Desenhos (Crianças D, V)

Trabalhos importantes (Criança M)

Histórias (Criança D)

Textos coletivos (Criança D)

Teatros (Criança M)

Escrever o título do livro (Criança V)

Quadro nº1: Atividades relativas à linguagem escrita

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O conceito de escrever

Escrita é importante no saber fazer (Crianças M,D,V,T)

Ajuda a aprender coisas novas (letras e números)

(Crianças D,T)

Relaciona a escrita como aproximação aos pais/adultos (Crianças D,V)

Escrita para desenvolver a imaginação (Criança M)

Quadro 2: O que é para as crianças escrever?

A utilidade da linguagem escrita

Serve para aprender (Crianças M, V, T)

Relaciona a escrita com vivências e projetos de sala (registos, projeto)

(Crianças M, D)

Relaciona a escrita com a equipa docente. Cooperação, pedido de ajuda ao

adulto. (Criança D)

Desenvolve novos grafismos (Crianças D, T)

Quadro 3: Utilidade da escrita

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Sítios onde existe a escrita

Casa (Crianças D,T)

Biblioteca (Criança M)

Áreas (Crianças M,T)

Bata da estagiária (Criança M)

Parede (Criança M)

Escritório do pai (Criança D)

Livros (Criança D)

Televisão (Criança D)

Telemóvel da mãe (Criança V)

Portfólio (Criança V)

Caderno (Criança V)

Caderneta (Criança V)

Quadro 4: Sítios onde está presente a escrita

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Anexo VII – Projeto Educativo

“Para aprender é preciso saber

viver.”

“Para crescer é preciso aprender a viver a

mudança”

1.1 Como nos organizamos

Para que haja um bom funcionamento da Instituição é imprescindível a

existência de um conjunto de elementos humanos, físicos e materiais de forma

a podermos dar resposta às necessidades da mesma.

De acordo com o decreto-lei 115-A/98, a interação contínua dos diversos

intervenientes, contribui significativamente para o desenvolvimento integral

das crianças.

Assim, os recursos humanos nos quais nos podemos apoiar são:

- Corpo Docente – constituído por Educadoras de Infância, Professores do

1º Ciclo, Educadora Social, Professor de Educação Musical, Professor de

Educação Física, Atelierista, vários docentes que lecionam as atividades

extracurriculares (ballet, guitarra clássica, patinagem, inglês, entre outros) e

estagiários da Licenciatura Educação de Infância da Escola Superior de

Educação de Paula Frassinetti;

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- Corpo Não Docente – constituído por técnicas auxiliares, funcionários

de cozinha e limpeza, funcionários administrativos e médica- pediátrica;

- Diretora Pedagógica;

- Encarregados de Educação.

A reflexão constante sobre a funcionalidade e adequação do espaço

assim como sobre os seus materiais e da sua organização será prática

frequente pois é “ (…) condição indispensável para evitar espaços

estereotipados e padronizados que não são desafiadores para as crianças”

(Orientações Curriculares, 1997, pág. 38).

Procuraremos manter uma atualização de todo o material e

equipamentos, visando proporcionar as melhores condições para o

desenvolvimento do trabalho tanto das crianças como dos nossos

colaboradores.

Assim, os recursos físicos e materiais que a Instituição se encontra dotada, são

os seguintes:

3 salas de atividades destinadas a Creche. Estas possuem material

pedagógico-didático, leitor de CDs, mesas, cadeiras, estantes,

armários, cabides, quartos de banho;

4 salas de atividades destinadas ao Jardim de Infância. Estas

possuem material pedagógico-didático, leitor de CDs, mesas,

cadeiras, estantes, armários, cabides, banca com ponto de água;

4 salas de atividades destinadas ao 1º Ciclo do Ensino Básico. Estas

salas possuem material pedagógico-didático, leitor de CDs, mesas,

cadeiras, quadros, estantes, armários, cabides;

Sala de actividades destinada ao ATL. Esta possui material

pedagógico-didático, leitor de CDs, mesas, cadeiras, estantes,

armários, cabides, quadro branco;

Uma biblioteca munida de diferentes livros escolares, enciclopédicos,

temáticos, jornais, entre outros. Para além destes, possui diverso

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material informático, como computadores, impressores e leitores de

CDs.

Um atelier de artes plásticas equipado com diversos materiais de

pintura, tecelagem, modelagem, estampagem, bem como os

respetivos suportes.

Sala para o ensino de Expressão Musical, que possuiu vários

instrumentos musicais (flautas, órgão, xilofones, instrumentos de

percussão simples, etc.), cadeiras e bancos;

Gabinete de Direção Pedagógica/ Sala de Reuniões equipado

com mesa de reuniões, cadeiras, armários, estantes, computadores

e impressoras;

Sala das Educadoras equipada com sofás, cadeiras, mesas e

armários;

Secretaria que possui mesas, cadeiras, estantes, computador,

impressora e fotocopiadora;

Sala polivalente, com funções de prolongamentos e de atividades.

Esta encontra-se equipada com espelhos, barra, televisão, leitor de

DVD, mesas cadeiras e matéria pedagógico-didático;

Ginásio onde se encontram diferentes materiais adequados à prática

desportiva (colchões, bancos suecos, plinto com 6 caixas, cesto de

basquete, espaldares, cordas, bolas, arcos, entre outros);

Sala de armazenamento do material;

Refeitórios;

Quartos de Banho;

Cozinha;

Dispensa;

Hall;

Receção/ Portaria;

Recreios coletivos cobertos e não cobertos equipados com

materiais adequados ao jardim de infância e ao 1ºciclo;

Recreios com acesso direto às salas. Estão equipados com

materiais adequados às faixas etárias a que se destinam;

A instituição conta ainda com o seguinte equipamento: projetor de

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diapositivos; projetor multimédia; telas para projeção; computador

portátil, intercomunicador e máquina fotográfica digital, entre

outros.

1.2 Como vamos atuar

Desde o início que toda a equipa é convidada a participar

ativamente na concretização do Projecto Educativo, o que leva até

aos dias de hoje a uma dinâmica de gestão própria, autónoma,

gratificante e democrática.

No nosso ponto de vista, para a concretização desses desígnios, é

fundamental a participação ativa de todos os atores intervenientes no

processo (Comunidade Educativa Alargada), segundo uma perspetiva

integral, interventiva e participativa, dando aqui relevância às famílias.

Acreditamos que “crianças”, para lá de determinados invariantes

psicológicos, serão sempre diversidade de contextos familiares e sociais para

quem ”processo educativo” não é uma variável independente, mas um

dispositivo de regulação inserido em contextos móveis e, por vezes, muito

diversos e contraditórios.

O elevado potencial das várias formas de Educação pela Arte vai ao

encontro de novas expetativas sobre o nosso papel nesta área educativa.

Defendemos que a mobilização das formas e processos da criação artística e

cultural, constituem ferramentas imprescindíveis de uma educação “sensível”

em todo o significado da palavra: sensível porque mobiliza potenciais e

aptidões de desenvolvimento sensorial, recursos e formas expressão e de

representação, e meios/instrumentos de descoberta e de indagação. A

produção artística possui um especial poder de questionamento e de

interpelação do que são a sociedade, os valores, as causas. Mais do que puro

entretenimento ou prazer (e inquietação, também), a arte é bastante mais do

que o simples juízo estético (o bonito ou o feio) que dela se pode retirar,

porque se encontra vinculada ao desenvolvimento da inteligência (o

conhecimento e a capacidade de compreender e interpretar) e das

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emoções; porque é inseparável da sociedade e da cultura que a contém e

através da qual se exprime.

Para nós, a criação de Pontes Educativas com várias Instituições

artísticas e culturais, o intercâmbio com as famílias através de vivências ligadas

à música, à pintura, às artes de palco, dão origem a momentos de prazer e de

cumplicidades marcantes e estruturantes para toda a comunidade educativa.

Descontextualizada dos ambientes institucionalmente codificados para a

divulgação/exposição e mudada de uma atitude de contemplação (o

espetador, o visitante), para uma prática ativa pessoal e em grupo, a

“experiência” artística toma outros sentidos e significados como prática

quotidiana, como recurso de comunicação, e não apenas como experiência

excecional e, muitas vezes, reduzida apenas a certos rituais sociais de lazer,

convívio ou mero consumo.

“Os contactos com a pintura, a escultura, etc. constituem momentos

privilegiados de acesso à arte e à cultura que se traduzem por um

enriquecimento da criança, ampliando o seu conhecimento do mundo e

desenvolvendo o sentido estético” (Orientações Curriculares, 1997, pág.63).

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Anexo VIII – Plano anual de atividades

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Anexo IX – Gráficos

Gráfico 1 – Agregado Familiar

No gráfico verifica-se que a maioria das crianças vive apenas com os pais

apresentando, desta forma uma percentagem de 52%. Com uma percentagem mais baixa

encontram-se as crianças que vivem com os pais e com o irmão (s). Apenas, 4%, ou seja

uma criança vive com a sua mãe.

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Gráfico 2 - Local de residência

De acordo com o gráfico, verifica-se que 30% das crianças habitam em Paranhos.

No entanto, Bonfim, Maia, Pedrouços e Cedofeita apresentam uma percentagem de

10%. Com 5% encontram-se todas as outras residências.

Gráfico 3 – Habilitações académicas dos Pais

Observando o gráfico é possível verificar que a grande maioria dos Pais tem como

grau académico de licenciatura, correspondendo a 87% das respostas. 7% dos pais tem o

mestrado e 4% tem o Ensino Secundário. Por fim, 2% possui o mestrado.

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Gráfico 4 – Número de irmãos

É possível constatar que 50% das crianças são filhas únicas, a par das crianças que

têm um irmão (a). Apenas 8% das crianças tem dois irmãos.

Gráfico 5 – Idade dos Pais (sexo masculino)

Com este gráfico podemos perceber que 45% dos pais encontra-se entre os 40 e os

44 anos inclusivamente e 23% está entre os 35 e os 39 anos. Os pais com 30 e 34 anos

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representam 18% da população em estudo, assim como os que têm entre os 45 e os 49

anos que apresentam uma percentagem de 9%. Apenas 5% dos pais apesentam idade

entre os 25 e os 29 anos.

Gráfico 6 - Idade das Mães

Comparativamente ao gráfico da idade dos pais podemos verificar que as idades

variam desde os 30 anos até aos 49 anos de idade. Entre os 40 e os 45 anos encontram-

se 35% da população, isto é, é neste intervalo que estão patentes as idades mais

frequentes. A par deste intervalo, encontra-se o de 35 aos 39 anos que apresenta uma

percentagem de 26%. Já os intervalos entre 30 a 39 e os 45 a 49 apresentam as

percentagens de 26% e de 13% respetivamente.

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Gráfico 7 – Profissões dos Pais

Observando gráfico é possível verificar que existem variadíssimas profissões,

contudo as profissões de Professor e de Arquiteto predominam, tendo uma percentagem

de 13%. Seguidamente, com 9% encontram-se ligadas à engenharia, economia e

medicina. Os 4% correspondem às restantes profissões.

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Gráfico 8 – Profissões das Mães

Após a observação do gráfico, verifica-se que a profissão que predomina é a de

Professora com 24%. Com 12% estão as profissões ligadas à economia e de arquitetura.

As restantes correspondem a profissões ligadas à psicologia, à medicina entre outras.

Gráfico 9 – Género das crianças

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Relativamente a este gráfico, estão representados os géneros das crianças. É visível

que a maioria das crianças é do sexo feminino com 60% e que o restante, ou seja, 40%

pertence ao sexo masculino.

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Anexo X – Registo de incidente crítico nº1

Data: 18-09-2013

Idade: 5 anos

Observadora: Estagiária finalista

No recreio a E estava sentada no chão a chorar. A estagiária foi ter com

ela a fim de perceber o que se passava com a mesma ao que ela lhe

respondeu que o RR a tinha empurrado por ela não lhe ter emprestado um

brinquedo. A estagiária chamou a outra criança e ouviu as duas crianças a

justificarem-se. No fim, pediu que as duas fizessem as pazes, dando um

abraço e um beijinho na cara. O RR disse que fazia as pazes e deu um abraço

à E, porém, a E nem se mexeu, disse que não gostava de dar abraços e que

não fazia as pazes. Assim, a estagiária optou por pedir à criança que desse um

aperto de mão, visto não gostar de dar abraços e esta assim o fez.

Comentário: A E revelou ter algumas dificuldades em resolver conflitos

entre pares, já o RR pediu desculpa e soube reconhecer que também ele errou

e que não deveria ter tido o comportamento que teve.

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Anexo X – Registo de incidente crítico nº2

Nome da criança: M

Idade: 5 anos

Data: 30 de Janeiro de 2014

Observadora: Estagiária finalista

Descrição: A M encontrava-se na área da escrita e chamou a estagiária

para que esta visse o que ela tinha escrito. No quadro preto estava colado as

imanes com as vogais pela ordem correta. Quando a estagiária lhe perguntou o

que ela tinha feito ela respondeu “Escrevi o A E I O U. São as vogais.”

Comentário: A criança demonstra ter curiosidade em aprender a escrever e

competências ao nível da escrita.

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Anexo X – Registo de incidente crítico nº3

Nome da criança: M

Idade: 5 anos

Data: 21 de Janeiro de 2014

Observadora: Estagiária finalista

Descrição: A M demonstrou curiosidade em aprender a escrever a palavra

“lengalenga” e o nome do livro “Tiago e o Monstro”. Por esse motivo, pediu à

estagiária finalista que lesse primeiro a palavra para que esta repetisse e

depois começou a copiar letra por letra questionando “é assim que se

escreve?” ou “qual é esta letra que eu não sei o nome?”

Comentário: A M pede várias vezes para copiar palavras que aparecem ou

em livros ou nos trabalhos. É muito interessada pela área da escrita.

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Anexo X – Registo de incidente crítico nº4

Nome da criança: T

Idade: 5 anos

Data: 16 de Janeiro de 2014

Observadora: Estagiária finalista

Descrição: O T encontrava-se na área da plástica a fazer um desenho a

pedido da educadora. Quando o terminou foi mostrar à estagiária para que esta

o ajudasse a escrever a data no mesmo.

Comentário: O desenhou realizado pelo T demonstrou uma evolução

significativa relativamente ao traço, sendo mais preciso e mais pormenorizado.

O T desenhava os meninos com os braços para cima e desta vez, foi a primeira

vez, que desenhou o menino com os braços para baixo. Pintou com mais

cuidado, dentro dos espaços.

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Anexo X – Registo de incidente crítico nº5

Nome das crianças: F, IA, FM, ML, MG, SV

Idade: 5 anos

Data: 14 de Janeiro de 2014

Observadora: Estagiária finalista

Descrição: No decorrer da sessão de movimento, as crianças perguntaram

várias vezes o que iriam fazer no relaxamento, pedindo insistentemente para

fazerem as massagens (atividade de relaxamento já realizada numa das

sessões de movimento).

Comentário: Em quase todas as sessões de movimento, as crianças

pedem para fazer massagens como relaxamento. Mesmo quando a estagiária

tem algo diferente para fazer as crianças insistem nesta atividade.

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Anexo X – Registo de incidente crítico nº 6

Nome da criança: RR

Idade: 5 anos

Data: 2-01-2014

Observadora: Estagiária finalista

Descrição: No final do dia, as crianças podem ir à sala colocar uma estrela

na sua tabela das áreas, caso estas achem que merecem uma estrela. O RR,

antes de ir embora, dirigiu-se à estagiária finalista e disse-lhe “Eu não me portei

bem por isso estou triste comigo mesmo e não mereço uma estrela”

Comentário: A criança demonstrou ter consciência do comportamento que

teve no decorrer do dia. Sendo que, por vezes, necessita do auxílio do adulto

para perceber se merece colocar estrela ou não.

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Anexo XI - Grelha de avaliação do grupo nº 1

X* Algumas crianças conseguem ouvir o ritmo da música e dançar ao som da mesma, como a IA e a R, contudo, muitas das

crianças, principalmente os rapazes não têm sentido de ritmo, não conseguindo acompanhar a batida da música, ou seja, dançam

fora do ritmo esperado

Data: 21-04-2014 Horas:10h45 Avaliador: Estagiária

finalista

O GRUPO REVELA: SIM NÃO

Organização e cooperação em atividades de grupo/coletivas X

Reproduzir diferentes movimentos X

Memorizar a ordem dos movimentos X

Sentido de ritmo X*

Resistência na execução dos exercícios X

Autonomia depois de escutadas as indicações do professor X

Flexibilidade na execução dos diferentes movimentos X

Capacidade em manter o silêncio e adotar uma postura calma no decorrer da sessão X

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Anexo XII - Registo contínuo nº1

Nome da criança: M

Idade: 5 anos

Observadora: Estagiária finalista

Data: 9-4-2014

Contexto de observação: Durante a atividade de dramatização de três

histórias improvisadas

Durante a atividade referente à dramatização de três histórias no qual

existia um júri para avaliar o desempenho do grupo a atuar, a M colocou o dedo

no ar para não interromper o teatro e esperou que a estagiária olhasse para

ela. Seguidamente questionou “posso ser júri no próximo grupo?” A estagiária

respondeu que podia ser uma vez que ela já havia participado no outro grupo

de representação de uma história. Quando chegou a altura de ser júri, a M

levantou-se rapidamente do seu lugar, dirigindo-se ao V “agora sou eu júri por

isso vou ficar na tua cadeira” arrastou a cadeira para trás e sentou-se. Em

seguida, voltou a levantar-se porque se tinha esquecido de levar um papel para

apontar as pontuações ao grupo que ia avaliar. Novamente, arrastou a cadeira

para trás, sentou-se, colocou os braços em cima da mesa e começou a olhar à

sua volta. Durante o teatro, a M estava atenta a todos os pormenores e

começou a escrever números seguidos na folha. À medida que os ia

escrevendo, dizia com um tom muito baixo à estagiária que estava a dar os

pontos a cada menino pelas coisas que estava a fazer. Desenhou a cara de

cada menino com lápis de carvão e por baixo escreveu o número que achava

que esse menino merecia, dividindo cada número com um traço na vertical.

Depois de dar os pontos a todos os meninos que apresentaram o teatro disse a

cada um, individualmente quanto tinha dado. Disse que a pontuação era de um

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a dez e por isso que dava dois à MG porque ela não sabia as suas falas e se

tinha enganado muito no teatro. Deu 10 ao V e ao AF porque estes sabiam as

falas, estavam atentos, falaram bem e porque o V tirou o sapato na história.

Por fim, desenhou um sapato na folha com um dez, explicando que o desenhou

porque o V tirou o sapato na história e como tinha gostado do teatro merecia

um dez.

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Anexo XIII – Registo de Fotografia nº 1

Escolha realizada por: Estagiária Finalista

Área de Conteúdo: Domínio da linguagem oral e abordagem à escrita

Data: 4 de Dezembro de 2013

Comentário da criança:

Comentário do adulto: Na bota de advento da Carolina encontravam-se estes

carimbos com todas as letras do abecedário. A Carolina conseguiu ordenar as letras pela

ordem correta sem grande dificuldade. Em seguida, escreveu a palavra natal com os

carimbos. Deste modo, a Carolina consegue escrever palavras para além do seu nome e

reconhece o sentido direcional da escrita.

Linguagem: Competência de escrita – com o auxílio do adulto, consegue

escrever palavras para além do seu nome; competência de leitura – Identifica a palavra

que escreveu.

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Anexo XIII – Registo de Fotografia nº 2

Escolha realizada por: Estagiária finalista

Área de Conteúdo: Domínio da linguagem oral e abordagem à escrita

Data da escolha: 25 de Março de 2014

Data da recolha: 26 de Março de 2014

Descrição: Na área da escrita, a caixa das letras em madeira caiu ao chão. A

estagiária começou a colocar as letras no sítio, sendo que a M disse “posso-te ajudar?”

Deste modo, a criança começou a cantar a música do alfabeto e a perguntar em que sitio

era cada uma das letras. A C aproximou-se da área perguntando “O que vocês estão a

fazer? Também posso fazer?”

Comentário do adulto: As duas crianças manifestaram, mais uma vez, o seu interesse

pelas letras. Juntas conseguiram completar o abecedário sem ser necessário a intervenção

do adulto. Esta atividade surgiu de uma forma espontânea, contudo, as duas crianças

puderam trabalhar várias noções, como a noção de ordem, a identificação da letra e o sítio

correspondente a cada letra.

Comentário da criança:

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Anexo XIII – Registo de fotografia nº3

Registo

Escolha realizada por: M

Área de Conteúdo: Domínio da linguagem oral e abordagem à escrita

Data da escolha: 23 de Janeiro de 2014

Data da recolha: 27 de Janeiro de 2014

Descrição: Esta semana foi introduzida uma nova área, a área da escrita. As

crianças podem copiar palavras, decalcar letras e formar novas palavras.

Comentário da criança: “Escrevi o A E I O U. São as vogais.”

Categorias de análise

Linguagem: A M revela competências de escrita e de compreensão

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Anexo XIII – Registo de Fotografia nº 4

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Anexo XIV – Fotografias

Fotografia nº 1: Cartão de leitor

Fotografia nº2: Ficha de requisição

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Fotografia nº 3: Folha de opinião

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Fotografia nº 4: Área da Biblioteca

Fotografia nº 5: abecedário ilustrado no portfólio

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Fotografia nº 6: Abecedário ilustrado na parede da sala

Fotografia nº 7: Livro de histórias da sala dos cinco anos

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Fotografia nº8: Tabela do projeto relativo à cidade

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Anexo XV – Grelha de avaliação projeto

Projeto “A biblioteca”

Procure caracterizar o projecto em termos de critérios de qualidade adquiridas no que diz respeito ao grupo de crianças

Aprendizagem: Aquisição maior ou menor de saberes e competências relativas a problemáticas enfrentadas no projecto.

No início do projeto, as crianças em grande grupo disseram o que era para elas a biblioteca:

“É um sítio onde pomos muitos livros” (SF)

“Tem livros que nos ensinam coisas.” (RR)

“É um sítio onde não se pode falar muito alto.” (DP)

“Os livros da biblioteca dão-nos muitas ideias para histórias” (CR)

Com o desenrolar do projeto, as crianças tiveram a possibilidade de vivenciar experiências a vários níveis, tendo trabalhado

competências ao nível da oralidade visto que as crianças tinham de justificar a sua opinião em relação ao livro que apresentavam,

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não podendo dizer apenas que gostou de “ler” o livro mas sim o porquê de ter gostado e que parte tinha gostado mais.

Adulto: “Qual foi o livro que escolheste?”

L: “Não me lembro do nome.”

Adulto: Não faz mal, de que falava então o livro?”

L: “O livro falava sobre… ahh… Um senhor que tinha uma barba muito muito grande”

Adulto: “E o que aconteceu a esse senhor?”

L: “Ele cortou a barba.”

[…]

Adulto: “Gostaste da história?”

L: “Sim.”

Adulto: “E porquê?”

L: “Porque… porque aprendi que temos de corar muitas vezes o cabelo senão podemos ficar cegos.”

A expressão dramática também foi desenvolvida ao longo deste projeto de forma espontânea. As crianças faziam teatros

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improvisados, inventando histórias ou dramatizando histórias que ouviram na biblioteca. Este faz de conta potencializa

competências como a iniciativa, a autonomia, a criatividade, a capacidade de improvisar.

“Anda ver o nosso teatro. Mas primeiro temos que por as cadeiras para os meninos ficarem a assistir.” (M)

“Senhores e senhoras fizemos um teatro sobre uma rainha e um príncipe esperemos que gostem […]” (IA)

Na área da formação pessoal e social as crianças tiveram de interagir entre pares ou em grande grupo para que o teatro

resultasse, assim como tiveram a responsabilidade de interpretar uma personagem.

“Se fizeres mal, estragas todo o teatro porque a Andreia diz que nós somos todos um grupo.” (M)

“Não consegues fazer de cão? Não faz mal, eu faço de cão e tu fazes de princesa.” (R)

No tocante à área do conhecimento do mundo, as crianças desenvolveram os seus conhecimentos sobre o mundo que as

rodeia com a visita à biblioteca, a visita dos contadores de histórias à sala.

“Aprendemos que há várias formas de contar histórias.” (LP)

“É giro ouvir histórias por pessoas diferentes porque assim nós ficamos atentos.” (DP)

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“Aprendemos como funciona uma biblioteca.” (V)

“Aprendemos que temos de estar concentrados para fazer as coisas bem.”

Autonomia: Capacidade maior ou menor de as crianças implicadas no projecto gerirem espaços de autonomia existentes no

contexto em que se movem.

O sistema de requisição, implementado pela estagiária finalista, deu oportunidade à criança de ser autónoma e ativa no decorrer

de todo o processo, isto porque teria de ser ela a pedir ao adulto para requisitar o livro. Nesse sentido, a equipa pedagógica pode

observar as crianças que estavam mais implicadas e envolvidas neste espaço, sendo elas a M, a IA, o RR, a R, o D, a SV e o SF

uma vez que eram estes que pediam todas as semanas para requisitar um novo livro.

“Andreia, eu já trouxe o meu cartão para requisitar há muito tempo e ainda não requisitei.” (IA)

“Eu hoje quero requisitar um livro e amanhã quero levar outro.” (M)

“Eu posso levar mais do que um livro para casa? É que eu gosto muito de ver em casa os livros com os meus pais.” (D)

Cooperação: Capacidade maior ou menor de trabalhar em grupo e partilhar experiências e saberes.

As crianças no decorrer do projeto tiveram oportunidade de cooperar entre si, uma vez que na organização da biblioteca estas

tinham de se ajudar mutuamente.

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“Primeiro é o 4 por isso tens que por primeiro esse e depois esse.” (F)

“Olha, tens aí um azul? É que falta um aqui.” (D)

A construção da história de grupo para o livro das letras foi uma das estratégias para trabalhar a cooperação, isto porque todas

as crianças trouxeram de casa três palavras relacionadas entre si ao que as crianças tinham de ajudar o adulto e os próprios

colegas na realização de uma história com essas mesmas palavras. Algumas crianças demonstraram mais capacidade em

trabalhar em grupo e de partilhar as suas ideias de que outras como é o caso da M, do SF, da SV, da C, do RR, do V e da R.

Mais uma vez, o domínio da linguagem foi uma área bastante trabalhada, nomeadamente a oralidade. Quando as crianças

contavam uma história e não se lembravam do que viria seguidamente as restantes auxiliavam-nas sem qualquer tipo de problema.

Eficácia: Capacidade maior ou menor de, isoladamente ou em grupo, contribuir para que sejam conseguidos resultados

considerados positivos no processo.

As tiras como forma de registo apareceram por interesse das próprias crianças em decorar a biblioteca de uma forma diferente,

tornando-a num local “mais bonito” (R) Posto isto, as crianças começaram a registar nas tiras as histórias que eram lidas neste

espaço. Foi possível verificar que com o desenrolar do processo apenas algumas crianças manifestavam interesse em contribuir

para a finalização das tiras. Assim, as crianças como a CR, a M, a C, o SF e o RR lembravam constantemente “temos de fazer uma

tira para esta história” (SF) ou então “Ainda não acabamos o registo da biblioteca na tira, temos que fazer para acabarmos.” (RR)

O D, isoladamente, organizou a biblioteca colocando os livros no seu respetivos locais. Demonstrando espírito de iniciativa e

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capacidade de concentração ao par de contribui para o projeto.

Implicação: Sentimento de pertença e responsabilidade maior ou menor que as crianças terão em relação ao projecto em que

trabalham.

Todo o grupo se mostrou implicado no projeto, sendo que algumas crianças demonstraram mais motivação do que outras como

já foi mencionado anteriormente. Foi notória a implicação das crianças no planeamento do trabalho, onde todas queriam expressar

a sua opinião relativamente a de cada prateleira da biblioteca.

“Eu acho que devia ser roxo para as pesquisas” (D)

“Eu acho que devia haver amarelo porque eu gosto de amarelo e fica giro.” (DP)

Numa das visitas executadas a Serralves, a R expressou o seu sentimento de contentamento em relação a este projeto

convidando toda a gente que encontrava para a inauguração da biblioteca. Assim como, pediam às pessoas que fossem requisitar

livros na sua biblioteca. O enunciar o lema da biblioteca em todos os momentos que as crianças consideravam oportunos é algo

que deve ser referido como competência importante, concretizando, as crianças assumiram o projeto com responsabilidade e

seriedade.

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“Queremos fazer uma caixa para as requisições dos meninos das outras salas” (RR)

Este comentário depreende-se com o facto de que o grupo mostrou preocupação com as fichas de requisição, não querendo

que estas se misturassem com as deles porque segundo eles ficaria “uma grande confusão”.

Negociação: Capacidade maior ou menor de lidar com situações conflituais surgidas no decurso do projecto

Para resolver conflitos de ideias, as crianças tentaram negociar os seus pontos de vista de forma a chegar a um consenso. Esta

situação só se tornava possível quando o adulto estava presente e funcionava como mediador dos “debates” de ideias.

As crianças aprenderam que “nem sempre pode ser tudo como queremos” (DP), ou seja, nem sempre é possível que todos

requisitem um livro ou que apresentem o livro. Aprenderam que é possível negociar ideias através do diálogo.

Procure caracterizar o projecto em termos de critérios de qualidade adquiridas no que diz respeito à equipa

pedagógica

Adequação: Capacidade maior ou menor de resposta do projecto às necessidades identificadas

no grupo com que se trabalha.

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A equipa pedagógica adaptou sempre que necessário as atividades planificadas. Sempre que as

crianças traziam um novo livro e demonstravam interesse pela leitura do mesmo, o adulto lia-o e

fazia atividades referentes à história. Sendo este um grupo que demonstra grande interesse pelas

histórias e pela biblioteca, a equipa tentou responder a esses mesmo interesses realizando uma

visita a uma biblioteca e convidando contadores de histórias.

Flexibilidade: Agilidade maior ou menor revelada pelo projecto em recorrer a diferentes

metodologias que se estejam a revelar mais adequadas às características do contexto e problemas

que o projecto procura enfrentar.

As atividades planificadas pela estagiária finalista e a educadora cooperante sofreram sempre

alterações devido aos interesses das crianças de modo que a planificação apesar de ser pré-

definida era flexível e suscetível a mudanças. As metodologias adequadas a este tipo de trabalho

são as ativas e foram essas mesmas utilizadas pela equipa pedagógica.

Negociação: Capacidade maior ou menor que é encontrada no projecto de identificar e

compatibilizar diferentes interesses e valores presentes na população abrangida pelo projecto.

A equipa pedagógica planeia o trabalho com as crianças em grande grupo para que estas

tenham oportunidade de expressarem a sua opinião e sejam participativas e ativas no processo de

planear. Para chegar a consenso entre o grupo a equipa promove o diálogo entre pares e dá

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oportunidade que todas possam falar sobre os seus pontos de vista. Assim, as assembleias

tomaram um lugar importante no quotidiano do grupo.

Partilha: Capacidade maior ou menor que um projecto revela de proporcionar espaços de

intervenção pelos quais os diferentes actores nele implicados se sintam responsáveis em práticas

desenvolvidas cooperativamente.

O facto deste projeto ser aberto a toda a instituição promoveu um intercâmbio entre salas, sendo

este mais acentuado com a sala dos três anos, onde as duas salas fizeram visitas constantes uma

à outra com o intuito de trabalhar o espírito de partilha e cooperativo entre crianças de idades

diferentes.

O projeto foi aberto, ainda, à comunidade no qual foram convidados contadores de histórias para

realizarem horas do conto no espaço da biblioteca divulgando não são o projeto como promovendo

a partilha de experiências e conhecimentos.

Pertinência: Grau de relevância que as propostas do projecto assumem para a qualidade de

vida das crianças abrangidas.

Como tem vindo a ser referido anteriormente, o grupo em questão tem como foco de interesse

as histórias e a área da escrita por isso mesmo a equipa pedagógica achou pertinente propor

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atividades como a realização de histórias, o jogo das palavras relacionadas, a aprendizagem do

abecedário através do livro. Estas atividades são os alicerces para que as crianças possam

ingressar no 1º ano do ensino básico com as competências básicas desenvolvidas.

Com o projeto, as crianças tornaram-se crianças mais conscientes, mais concentradas, com

maior poder de argumentação e de decisão. E ainda, enriqueceram o seu vocabulário.

Reflexibilidade: Estímulo maior ou menor que o projecto dá à ocorrência de actividades de auto

e hetero-avaliação do processo em curso.

Como Autoavaliação, a estagiária é da opinião que contribuiu para este projeto de forma ativa e

pertinente. Este foi o projeto mais da responsabilidade da estagiária sendo ela que organizou todo o

processo e o realizou. O projeto encontra-se em fase de avaliação, onde as crianças estão a dizer o

porquê deste projeto ter sido importante para elas.

“Foi importante porque fizemos um livro e aprendemos coisas” (AF)

“A biblioteca é muito importante porque tem muitos livros e são nossos” (T)

“É bom requisitar livros porque aprendemos coisas novas que não sabíamos” (DP)

“É importante requisitarmos livros e aprendemos como se faz” (IS)

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“Os livros fazem-nos divertir é uma maneira mais fácil de aprender” (L.P.)

“Se não tivéssemos livros não aprendíamos” (LB)

“Foi importante porque descobrimos coisas sobre o mundo” (IA)

“Acho importante termos os cartões para requisitar porque as outras salas não têm e fazem-nos

crescer” (M)

Contudo, a estagiária pensa que o projeto poderia continuar porque é muito interessante e

acaba por não ter um fim.

Ao nível da partilha com as outras salas, pensa que poderia ter sido mais ativo contudo, essa

situação não dependeu da sala dos cinco anos mas das outras salas que foram poucas vezes

requisitar livros à biblioteca. Teria sido interessante que os grupos das outras salas fossem

apresentar à sala dos cinco anos a sua ficha de opinião.

Responsabilidade: Papel mais ou menos relevante que o projecto atribui aos contributos

críticos da criança ou grupo de crianças que intervêm no projecto (difusão e uso das informações)

Com tudo o que aprenderam ao nível do funcionamento de uma biblioteca, o desenvolvimento

da linguagem quer oral quer escrita, o sentido de responsabilidade e autonomia. A criança foi

responsável por grande parte da execução do projeto, foi a partir dos interesses desta que o projeto

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se desenrolou.

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Anexo XVI - Descrição da atividade nº1

Registo da história “A princesa que só queria bocejar”

Organização: grande grupo

Data: 26 de Março de 2014

Idade: 5 anos

Adultos implicados: Estagiária finalista e educadora

Objetivos

A criança deve ser capaz de:

Expressar-se oralmente

Com a vinda dos três retalhos à sala dos cinco anos, o grupo de

crianças achou que lhes deveria dar uma prenda. Deste modo, a educadora

comprou o livro “A princesa que só queria bocejar” para dar aos contadores.

Mas, antes de dar o livro, as crianças disseram “nós queremos ouvi a história,

porque não a conhecemos.”

Depois de ouvirem a história, a estagiária em conversa com o grande

grupo questionou “E a vocês, o que vos faz bocejar?” As crianças quiseram

dizer todas logo em seguida o que as fazia bocejar criando confusão na sala

por não se conseguir perceber o que diziam devido ao barulho. A estagiária

pegou num novelo de lá e atirou de criança em criança para dar a vez a todos e

para que falassem na sua vez. Posteriormente, as crianças realizaram o

registo em desenho sobre a história que ouviram e comentaram esse mesmo

desenho explicando a parte da história que mais gostaram de ouvir.

Imagem 1: Livro

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Imagem 2: Registos expostos Imagem 3: Exemplo de registo individual

na parede da sala

Avaliação:

O grupo demonstrou alguma dificuldade em se distanciar do que tinha

ouvido na história o bocejo, ou seja, quando a estagiária questionou o que os

fazia bocejar a maior parte só respondeu que bocejavam quando tinham sono e

a C afirmou “eu bocejo quando tenho fome” como era referido na história.

Esta atividade procurou que as crianças se exprimissem oralmente ao

justificarem qual a parte da história que gostaram mais e a responderem à

questão colocada pelo adulto. Trabalhou ainda, o domínio da plástica ao

realizarem o registo. É notória a evolução das crianças nesta área,

demonstram um traço mais preciso e minucioso, realizam sequências de cores

e desenham com pormenor.

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Anexo XVI - Descrição da atividade nº2

História “As aventuras do urso e seus amigos no Mundo”

Organização: Grande grupo

Idade: 5 anos

Data: 18 e 19 de Março de 2014

Adultos implicados: Estagiária finalista e Educadora

Objetivos

A criança deve ser capaz de:

Narrar uma história com uma sequência apropriada

Relacionar as várias palavras

Realizar ilustrações que representem a história

A cada criança foi distribuída uma palavra, para que em casa, pudesse

procurar com os pais palavras relacionadas com essa mesma palavra. A

palavra que cada um levou para casa foi escolhida pela própria criança, sem

que o adulto entrevisse.

As palavras escolhidas pelas crianças e as palavras relacionadas foram:

Amizade

o Amigo

o Abraço

o Beijinho

Carro do lixo

o Saco do lixo

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o Reciclagem

o Camião

o Ecoponto

Sol

o Praia

o Protetor solar

o Óculos de sol

Deserto

o Areia

o Camelos

Ar

o Avião

o Papagaio

Livro

o Escrever

o Aprender

o Imagens

Areia

o Balde

o Concha

o Camelo

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Barco

o Pescador

o Madeira

o Mar

Zebra

o Erva

o Corrida

o Selva

Sol

o Calor

o Luz

o Raio de sol

Peixe

o Mar

o Barco

o Pescador

o Tubarão

Mundo

o Terra

o Planetas

o Estrelas

Bombeiro

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o Escada

o Mangueira

o Treino

o Quartel

o Camião dos bombeiros

Tartaruga

o Carapaça

o Cenoura

o Camarões

Jardim

o Água

o Flor

o Jardineiro

o Terra

Golfinho

o Nadar

o Baleia

o Mar

Borboleta

o Árvores

o Pássaros

o Flor

o Primavera

Floresta

o Árvore

o Cobra

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o Urso

Mar

o Peixe

o Algas

o Barco

Fada

o Asas

o Magia

o Varinha

Pantano

o Nenúfar

o Crocodilo

o Jiboia

Selva Tropical

o Tigre

o Bananeira

o Coqueiro

Animais do gelo

o Urso polar

o Pinguim

o Rena

Lago

o Rãs

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o Peixes

o Água

o Nuvens

Em grande grupo, foi dado a cada criança uma folha com as palavras

que tinham descoberto com os pais. Sendo que, algumas das crianças como o

FM, a CR, a LB, a LD, a LP e o T não se lembravam das suas palavras,

perguntando “Quais palavras? Não me lembro quais eram, podes dizer-me?”

Seguidamente, a educadora questionou “Como vamos começar a história?” ao

que o AF respondeu “Um urso..” Nesse momento, a estagiária interviu

perguntando às crianças “Nós quando ouvimos uma história como é que a

história começa? É logo com um urso fazia…?” As crianças compreenderam

que o que faltava era uma “chave” para iniciar a história. Nesse sentido, a

educadora disse vários inícios para que as crianças escolhessem um “Era uma

vez; Há muito muito tempo…” entre outros. O D começou “Há muito muito

tempo havia…”, sendo que a educadora questionou às restantes crianças se

estas concordavam com o início e todas elas concordaram.

Enquanto a história ia surgindo, as crianças cortavam com um marcador

as palavras que já tinha utilizado na mesma, pedindo ajuda à estagiária para

saber qual das palavras é que deveriam cortar.

Imagem 1: Lista de palavras da S

Imagem 2: IS a cortar a palavra “deserto”

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Imagem 3: Grupo a ouvir a história

completa

Por fim, foi dado um título à história e foi feita a ilustração da história.

Sendo que, a história foi passada a computador deixando espaços entre os

parágrafos para que fosse feita a ilustração.

Imagem 4 e 5: Ilustração da história

A ilustração foi feita por um pequeno grupo que foi sorteado aleatoriamente.

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Avaliação:

Como a atividade decorreu durante toda a manhã, as crianças

manifestaram cansaço ao fim de algum tempo. As crianças mais envolvidas na

criação da história, ou seja, que não se preocuparam apenas em colocar as

suas palavras na história como foi o caso do AF e do D, foram a R, a C, a SB, o

DP, o FM e a IS. Quando alguma criança dava uma ideia para a história, os

restantes completavam essa mesma ideia criando, desta forma, um fio

condutor da mesma que por vezes era necessário ser orientado pelo adulto.

Esta situação aconteceu porque as crianças queriam colocar todas as palavras

ao mesmo tempo na história, assim como o F, o AF, o V só estavam

preocupados em cortar as suas palavras e não propriamente com o desenrolar

da história.

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Anexo XVI – Descrição de atividade nº3

História sobre Serralves – parceria com Serralves

Organização: grade grupo

Data: 13 de Maio de 2014

Idade: 5 anos

Adultos implicados: Estagiária finalista e educadora

Objetivos:

Expressar-se oralmente

Relacionar palavras com Serralves

Utilizar uma sequência temporal e lógica

A atividade surgiu no âmbito da parceria com Serralves, do projeto

“Serralves no bolso” em que consiste na criação de um objeto que possa ser

levado no bolso. Nesse sentido, as crianças da sala dos cinco anos optaram

por fazer o jogo das palavras relacionadas partindo da palavra Serralves numa

folha de papel.

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Imagem 1: Palavras relacionadas

No outro lado da folha, a educadora sugeriu criar uma história sobre

Serralves utilizando essas mesmas palavras. O SF disse “acho que ia ficar giro

porque assim as pessoas sabem o que nós inventamos.” O registo da história

foi realizado pelo adulto a par da criança, isto é, o adulto passou a história a

computador deixando espaço para que as crianças pudessem desenhar alguns

elementos referentes à história.

Imagem 2:Registos individuais

Imagem

3:Registo

coletivo

para

mandar

para

Serralves

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Avaliação:

As crianças demonstraram interesse pela atividade uma vez que foram

parte integrante de todo o processo formando a história e registando-a de

forma diferente do que estão habituadas. Este tipo de atividade requeriu uma

atenção individualizada por parte do adulto, sendo possível fazer esta atividade

em grupo de quatro ou cinco porque era necessário que o adulto lesse a

palavra que a criança tinha de registar.

A M lembrava-se da história criada pelo grupo porque participou ativamente

na sua construção e por esse motivo sabia a sequência da mesma e realizou o

registo de forma mais autónoma do que as restantes crianças. Completando as

frases da história sem o auxílio do adulto.

Este tipo de atividade trabalha várias áreas e conceitos, a correspondência

da palavra ao desenho, a oralidade, a criatividade da criança, o

desenvolvimento de novos vocábulos e o desenhar num espaço limitado

desenvolvendo desta forma também a motricidade fina.

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Anexo XVI - Descrição da atividade nº4

Histórias com letras e alfabeto

Organização: Grande grupo

Idade: 5 anos

Adultos implicados: Estagiária finalista e educadora

Objetivos:

Conhecer as letras do abecedário

Identificar palavras referentes à letra

Como as letras são um foco de interesse deste grupo de cinco anos, a

estagiária e a educadora optaram por explorar cada letra de uma forma mais

lúdica e aprofundada. Assim, sempre que pertinente é lida uma história sobre

uma letra do abecedário. Antes da leitura, é questionado às crianças em

grande grupo palavras que começam pela letra em questão. Por exemplo

quando se falou na letra E “Erva, égua, epá, Egipto, começam por E não é?”

diziam as crianças.

Após a leitura da história, as crianças dizem as palavras que se

encontravam no texto e que começavam pela letra trabalhada e o que

aprenderam com a história “aprendi com esta história que não devemos ser

exagerados e não devemos fazer coisas que não conseguimos fazer” conclui o

DP com uma das histórias lidas referente à letra H.

Todas estas informações são expostas na parede numa tabela de

exploração de cada letra, assim como a letra em tamanho maior pintada por

uma criança sorteada pelo adulto e a ilustração de um elemento referente à

letra.

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Imagem 1: Letras pintadas pelas crianças juntamente

com um elemento referente à letra e tabela de análise

da letra.

Posteriormente, cada criança faz o registo da letra da história e escolhe

uma palavra referente a essa letra que irá também ilustrar. Este registo vai para

o portfólio de cada criança para que todos fiquem com o seu próprio

abecedário. “Eu fiz desenhos pequenos porque a folha é pequena e assim

cabe tudo para por no portfólio” afirmou o DP assim como a M “Eu vou fazer

bem feito as letras para depois perceber bem o que fiz.”

Imagem 2: Portfólio da M com os

registos de cada letra já trabalhada

Avaliação:

Este tipo de trabalho faz sentido neste grupo de cinco anos, isto porque,

a motivação para escrever e a curiosidade pelas letras são os alicerces

necessários para que possam desenvolver competências ao nível da

comunicação. O contar a história e trabalhá-la faz com que as crianças

percebam melhor cada história e o próprio modo de escrever a palavra.

Letras como o “H” causam ainda alguma confusão nas crianças, isto

porque esta letra não se lê o que dificulta a descodificação da mesma como foi

o caso da M quando perguntou “Hipopótamo começa por I?” Nesse sentido,

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para este grupo a letra “H” é a letra “malandra porque os engana e está

escondida na palavra.”

O RR e o SF são duas das crianças que sempre que fazem um registo

de uma letra para colocar no portfólio pedem para que a estagiária escreva

num papel à parte para que depois eles possam copiar para a folha. “Eu fiz um

feijão e agora quero escrever feijão. Podes escrever ao lado para eu copiar?”

pediu o RR. Esta atitude é uma das evidências do interesse deste grupo em

querer aprender a ler e a escrever.

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Anexo XVI - Descrição de atividade nº 5

“História com letra”

Organização: Grande grupo

Idade: 5 anos

Data: 17-01-2013 a 17-01-2013

Adultos implicados: Estagiária finalista, Educadora, pais e crianças

Objetivos:

Identificar palavras começadas com a letra respetiva

Inventar uma história com a letra respetiva

Envolver os pais nas atividades

Descrição:

Como motivação para esta atividade, a equipa pedagógica mostrou às

crianças a música do abecedário onde aparece uma letra de cada vez e

palavras que se iniciam pela letra em questão. Depois da visualização do

vídeo, as crianças disseram qual a sua letra preferida. A cada criança foi

atribuída, assim, uma letra. Para que estamos a escolher letras? É para quê?

Questionavam as crianças.

Com cada letra as crianças e os seus pais tinham de realizar uma

história, onde algumas palavras tinham de começar pela letra escolhida.

Depois, todas as histórias foram colocadas juntas para a elaboração de um

livro de histórias. Cada história tem, ainda, um marcador com a respetiva letra

realizado pelas crianças. Nesse marcador a criança desenhou o personagem

principal e escreveu o título da história.

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Imagem 1: Visualização de um vídeo

com a música do abecedário

Imagem 2: Marcadores

Imagem 3: Escolha da letra

Avaliação:

As crianças ficaram entusiasmadas com a atividade proposta e

imediatamente a seguir a escolherem a respetiva letra começaram a dizer

palavras iniciadas por essa mesma letra. À medida que as histórias foram

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chegando à sala, cada criança apresentou a sua história sozinha como se

estivesse a ler. Quase todas as crianças tinham, ao par da história, imagens

tiradas na internet ou desenhadas por elas para as auxiliar a contar a história.

Com exceção da MG que não tinha nenhuma imagem “eu não tenho nenhum

desenho porque eu todos os dias antes de me deitar treino a minha história

para saber de cor.”

Esta atividade vai de encontro, não só ao interesse do grupo pelas letras

e pelas palavras como o interesse das histórias. A criação do livro de história

que poderá ser requisitado é mais um instrumento de envolver os pais na

aprendizagem dos seus filhos.

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Anexo XVII – Registo do Projeto Lúdico “O que faz a

Cidade Rodar?”

Data início: 4 de Novembro de 2013

Data fim:

Motivação: O projeto lúdico “a cidade” surgiu no momento em que as crianças

manifestaram interesse por saber onde estão e saber onde ficavam os países. Deste

modo, a motivação para o projeto foi realizada de forma extrínseca porque partiu dos

interesses das crianças. A par desta motivação criou-se a ponte para um projeto

solicitado pela Câmara do Porto que tinha a ver com a Cidade do Porto e com as

profissões.

Fase I: Definição do problema

Esta fase é caracterizada pela chuva de ideias, no qual as crianças refletem o que

querem fazer, o que vão fazer e como o vão fazer.

Nesta fase, as crianças foram questionadas, em grande grupo, sobre o que

quereriam saber sobre a localização geográfica. As respostas passaram por querer saber

onde se situavam as suas casas, o trajeto que faziam de casa-escola e vice-versa, se

moravam perto ou longe da escola. Como as crianças não sabiam a rua onde moravam,

foi pedido que ilustrassem a sua rua no caderno “vai e vai” e colocassem o nome da

mesma. À medida que as crianças trouxeram o trabalho registaram, numa tabela de

entrada única, a respetiva rua e o que se encontrava à frente e ao lado da sua casa. Esta

tabela foi colocada na parede para que todas as crianças pudessem visualiza-la.

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Primeira teia: O que queremos saber sobre a localização geográfica?

Segunda teia: o que sabemos sobre cada uma das profissões e o que queremos

saber?

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Imagem 1 : Pesquisas e esquema sobre “o que sabemos” e “o que queremos saber”

Imagem 2 : Pesquisas e esquema sobre “o que sabemos” e “o que queremos saber”

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Fase II: Planificação e desenvolvimento do trabalho

-Visita ao Pavilhão da Água

O primeiro edifício que o grupo visitou foi o Pavilhão da Água com o intuito de

conhecer a profissão do cientista. Nesse sentido, o grupo de cinco anos foi dirigido ao

laboratório existente no local onde puderam falar sobre o que fazem os cientistas. A

funcionária que os acompanhou toda a visita utilizou um power point para demonstrar

experiências realizadas por cientistas e para fazer questões sobre os mesmos.

Imagem 17: “O que é um

cientista?”

No fim da apresentação a funcionária questionou “e vocês? Querem ser mini

cientistas?” Todas as crianças responderam que sim com entusiasmo. Foram então

distribuídas batas de cientista a cada criança e foram todos colocados em redor de uma

mesa.

Imagem 18: Grupo com as batas

vestidas a ouvir a explicação sobre

a primeira experiência

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Foram realizadas quatro experiências: flor que desabrocha sobre a água; espuma

colorida; garrafa chuveirinho e lava efervescente. No decorrer de cada experiência,

algumas crianças como o RR e o S conseguiram identificar materiais utilizados em

experiências anteriores, realizadas na sala dos quatro anos. Esses materiais foram o iodo

de sódio, a pipeta, a proveta e o corante.

Em seguida, o grupo pode observar mais experiências no restante edifício, mas

estes apenas realizadas com água.

Imagens 19 e 20: Algumas das

experiências observadas

Ao longo da visita, as crianças colocaram questões sobre a força da água e

demonstram interesse por todas as experiências que observaram porque segundo eles

“todas as experiências foram boas para nós, porque aprendemos com elas.” No final da

visita, as crianças observaram a estrutura do edifício para mais tarde o poderem

reproduzir.

- Registo coletivo

Em grande grupo conversaram sobre a visita ao Pavilhão da água e todas deram

a sua opinião sobre o que tinham achado da visita e o que tinham aprendido com esta.

Desenharam, ainda, as experiências que gostaram mais de fazer no laboratório e as que

observaram na parte exterior ao laboratório.

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-Registo “Como será um quartel por dentro?”

Depois da visita ao Pavilhão, seguiu-se a visita aos sapadores do Porto. Na manhã

da saída, a estagiária pediu ao grupo de crianças que imaginassem um quartel, o que ele

poderia ter e como este seria. Em seguida, pediu para que estes passassem para o papel

essa mesma imagem mental onde o V e a E questionaram “mas desenhamos a parte de

fora do quartel ou a de dentro?” A estagiária deu liberdade para que as crianças

desenhassem o quartel como eles achavam que era, sem interferir. A IS ao comentar o

desenho disse “a casa dos bombeiros tem cozinha para eles comerem e também tem

camas”, já a M disse “O quartel tem prateleiras com os materiais dos bombeiros,

mangueiras, capacetes, luvas, botas e tem um varão para eles descerem.”

- Visita aos Sapadores do Porto

O grupo saiu da instituição e deslocou-se até ao quartel a pé, visto este ser

relativamente perto. Ao chegar observaram o local com todos os pormenores. O

bombeiro Rui foi quem nos acompanhou pela visita ao quartel. Inicialmente foram

mostrados os carros utilizados por eles, assim como a explicação da funcionalidade de

cada um.

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Imagem 21: Observação dos

carros dos bombeiros

Ao mesmo tempo, o grupo pode ter contacto com os materiais que estes

profissionais utilizam para salvar vidas ou para desencarcerar carros. Todos escutaram o

Rui com muita atenção e fizeram perguntas como “Como é que vocês têm tantos

materiais?” questionou o RR, ou “Para que serve esse tubo?” (M)

A visita continuou, mas desta vez, o grupo visitou a central telefónica para

perceber como funciona o quartel e como se deve realizar uma chamada para pedir o

auxílio dos bombeiros. “Vocês têm tantos telefones e computadores para quê?”

perguntava a LP a um dos bombeiros presentes na central. Um dos bombeiros pediu a

uma das meninas, neste caso à MB, para simular uma chamada para os bombeiros com

o prepósito de que as crianças percebessem que informações se devem dar aos

bombeiros quando precisam de ajuda.

Imagem 22: Criança a simular uma chamada para

a central

MB: “É dos bombeiros?”

Bombeiro: “Sim. Em que posso ajudá-la?”

MB: “Preciso de ajuda. O meu gato ficou na

árvore.”

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Bombeiro: “E onde fica a sua árvore?”

MB: “Na rua da Alegria.”

Bombeiro: “Muito bem, nós já vamos a caminho.”

Por fim, as crianças ficaram a saber que os bombeiros também têm barcos que

andam em patrulha para salvar vidas, que usam um equipamento próprio para irem

apagar os incêndios e deram um passeio num dos camiões dos bombeiros.

Imagem 23: Rui a mostrar o equipamento

Imagem 24: Barco dos mergulhadores

No dia seguinte, procederam ao registo individual onde desenharam o que

tinham gostado mais na visita e justificavam em forma de comentário, para o adulto

escrever, o porquê de terem escolhido aquele momento.

- Visita à casa do Infante

A profissão que foram conhecer ao visitar a casa do infante foi a do historiador.

Quando lá chegaram ouviram a história sobre a família real e puderam fazer parte dela

ao utilizarem acessórios de cada uma das personagens (chapéus característicos de

rainhas, príncipes).

Seguidamente entraram dentro do edifício e puderam observar a evolução da

escrita desde o início da sua existência até à atualidade.

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Imagem 31 : A evolução da

escrita

Foi dada a cada criança uma lupa em cartolina para que pudessem ser

verdadeiros historiadores e procurassem objetos e peças antigas. “O que é isto? É coisas

partidas? Para que serve isto?” Perguntava o SF em relação às peças antigas que se

encontravam no museu.

Imagens 32 e 33 : Observação das peças do museu com a lupa

No fim, ainda houve tempo para as crianças colocarem as suas questões sobre a

profissão de historiador e para fazerem o registo da visita, ou seja, desenharem o que

gostaram mais. Este registo serviu para fazer um livro sobre a visita à casa do infante e

ser colocado na biblioteca da sala.

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- Visita do Cantoneiro da Limpeza à instituição

A visita estava planificada para decorrer no jardim do Marquês, contudo, devido

às condições climáticas não foi possível. Por esse motivo, a equipa que iria realizar a

atividade foi à instituição.

A sessão começou com uma história chamada “O João e a floresta de betão”. A

contadora de histórias recorreu a um dispositivo pedagógico para motivar as crianças. O

dispositivo tratava-se de uma caixa que em cada lado pertencia a um cenário diferente,

assim existiam quatro cenários distintos. O quarto do João, a cidade cheia de lixo, o

parque e a cidade limpa.

Imagens 34, 35, 36 e 37:

Dipositivo Pedagógico

No fim da história, as crianças fizeram o seu reconto e a contadora questionou o

grupo “e aquele senhor que está aqui, é parecido com este da história?” A resposta foi

não “não é muito parecido, o da história é mais novo” (FM) ou “o senhor da história é

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mais branco” (F), apenas a R disse “mas ele tem a roupa igual por isso é parecido”. O

cantoneiro dialogou com o grupo sobre a sua profissão e este colocou as suas questões.

Posteriormente, a equipa e as crianças deslocaram-se para o exterior da

instituição para poderem assistir à demonstração dos materiais utilizados pelo

cantoneiro. Puderam ver e experimentar o carro do lixo, o apanhador e a vassoura.

Viram o carro que limpa as ruas e ainda descobriram que existe uma brigada anti grafiti

que limpa os grafitis da cidade.

Imagem 38: Apresentação dos

materiais usados pelo cantoneiro

Imagem 39: Brigada anti grafiti

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Fase IV: Resultados e produtos/ Divulgação /avaliação

-Divulgação

A construção de uma maquete representativa da cidade do Porto onde se

encontra a casa de cada criança representada com a imagem de cada um. Assim como, o

registo de todos os edifícios e monumentos visitados ao longo do projeto.

Imagens 41 e 42: Construção da maquete da Cidade

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Anexo XVIII – Registo do Projeto “A Biblioteca”

Fase I: Definição do problema

Esta fase é caracterizada pela chuva de ideias, no qual as crianças refletem o que

querem fazer, o que vão fazer e como o vão fazer.

Posto isto, o projeto iniciou-se com uma reunião em grande grupo, onde as

crianças dialogaram sobre o que viram na biblioteca da faculdade de enfermagem, o que

é na realidade uma biblioteca e o que esta pode ter. Desta forma, a estagiária realizou

três teias com as crianças sobre este assunto.

Primeira teia: O que sabemos sobre as bibliotecas

A BIBLIOTECA

É um sítio onde pomos

muitos livros

É um sítio com muitos livros

para estudar

É um lugar onde temos de

estar muito calados

Os livros da biblioteca dão-

nos muitas ideias para

histórias

Tem muitos livros para nós

lermos

É um sítio onde não se

pode falar muito alto

Tem livros que nos

ensinam coisas

Nas bibliotecas há livros que são

importantes porque nos fazem

aprender coisas

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Segunda teia: O que falta na nossa biblioteca e o que queremos fazer?

Terceira teia: O que queremos fazer para a inauguração da biblioteca?

O QUE QUEREMOS FAZER NA NOSSA

BIBLIOTECA?

Arrumar os livros

Ter cores nas prateleiras para

sabermos onde colocar os

livros

Ter números e

cores nos livros

Ter uma caixa com

corações para as

fichas de requisição

Fazer um livro de

histórias

Fazer uma

inauguração

Fazer cartões

Fazer fichas de

requisição

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A INAUGURAÇÃO

Fazer um bolo para

o lanche

Ter livros no teto

para por fotografias

Fazer um convite

para os amigos

Fazer um teatro de

fantoches

Fazer fantoches

Escolher uma

história

Cantar o hino da

biblioteca

Ter balões com

mensagens para dar

aos amigos

Uma fita para

cortar