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A EFICIÊNCIA DO GASTO PÚBLICO EM SAÚDE NOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, EM 2011 Grupo temático: CRESCIMENTO ECONÔMICO COM JUSTIÇA SOCIAL E IGUALDADE DE OPORTUNIDADES Fredna Marta da Costa Morais Graduanda no curso de Ciências Econômicas da UFRN, Natal-RN [email protected] Jorge Luiz Mariano da Silva Professor do Departamento de Economia da UFRN, Natal-RN [email protected] RESUMO Este trabalho tem como objetivo avaliar os níveis de eficiência dos municípios do estado do Rio Grande do Norte na aplicação dos recursos na função de saúde, no ano de 2011. Para mensurar os níveis de eficiência foi utilizada, na metodologia, o modelo não paramétrico de análise de envoltória de dados (DEA), com retornos variáveis de escala de Banker et al (1984). As informações dos municípios foram obtidas nos portais do Ministério da saúde e do Tesouro Nacional. Os resultados encontrados mostram que os municípios eficientes na aplicação dos recursos, não necessariamente, destinaram uma maior despesa na saúde municipal. Apesar de uma menor despesa em saúde, por habitante, alguns municípios exibiram maiores oferta de serviços à população. Em termos gerais, notou-se, que a eficiência na aplicação dos recursos públicos em saúde não depende apenas do volume de recursos aplicados, mas, também, de uma administração pública eficaz. Palavras chave: Município, Eficiência, Saúde.

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Page 1: A EFICIÊNCIA DO GASTO PÚBLICO EM SAÚDE NOS ......apresentam uma baixa qualidade nos indicadores de saúde pública, principalmente no atendimento à demanda da população. Os municípios

A EFICIÊNCIA DO GASTO PÚBLICO EM SAÚDE NOS MUNICÍPIOS DO

ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, EM 2011

Grupo temático: CRESCIMENTO ECONÔMICO COM JUSTIÇA SOCIAL E IGUALDADE DE OPORTUNIDADES

Fredna Marta da Costa Morais

Graduanda no curso de Ciências Econômicas da UFRN, Natal-RN

[email protected]

Jorge Luiz Mariano da Silva

Professor do Departamento de Economia da UFRN, Natal-RN

[email protected]

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo avaliar os níveis de eficiência dos municípios

do estado do Rio Grande do Norte na aplicação dos recursos na função de

saúde, no ano de 2011. Para mensurar os níveis de eficiência foi utilizada, na

metodologia, o modelo não paramétrico de análise de envoltória de dados

(DEA), com retornos variáveis de escala de Banker et al (1984). As

informações dos municípios foram obtidas nos portais do Ministério da saúde e

do Tesouro Nacional. Os resultados encontrados mostram que os municípios

eficientes na aplicação dos recursos, não necessariamente, destinaram uma

maior despesa na saúde municipal. Apesar de uma menor despesa em saúde,

por habitante, alguns municípios exibiram maiores oferta de serviços à

população. Em termos gerais, notou-se, que a eficiência na aplicação dos

recursos públicos em saúde não depende apenas do volume de recursos

aplicados, mas, também, de uma administração pública eficaz.

Palavras chave: Município, Eficiência, Saúde.

Page 2: A EFICIÊNCIA DO GASTO PÚBLICO EM SAÚDE NOS ......apresentam uma baixa qualidade nos indicadores de saúde pública, principalmente no atendimento à demanda da população. Os municípios

1. Introdução

A qualidade dos serviços públicos de saúde é considerada uma das

principais demandas de uma sociedade. Na interpretação de Fonseca e

Ferreira (2009) a saúde, a educação e a liberdade são direitos fundamentais do

ser humano, sendo considerada uma dimensão essencial para a qualidade de

vida.

A partir da constituição federal de 1988 transferiram-se as

responsabilidades da gestão da saúde para os estados e os municípios.

Conforme Fonseca e Ferreira (2009), após a descentralização das ações e

serviços de saúde, os recursos passaram a ser transferidos do Ministério da

Saúde para os fundos municipais, ficando a cargo do gestor municipal a

administração dos recursos e a garantia de serviços de qualidade para a

população.

Entretanto, apesar de os municípios pertencerem ao mesmo ambiente

institucional estadual, apresentam variados desempenhos em relação aos

indicadores de saúde. Segundo Piola e Vianna (1995), mesmo com o

crescimento dos recursos alocados para o setor de saúde, os municípios ainda

apresentam uma baixa qualidade nos indicadores de saúde pública,

principalmente no atendimento à demanda da população.

Os municípios do estado do Rio Grande do Norte têm apresentado, em

vários anos, diversos problemas na prestação dos serviços em saúde, entre

outros: a insuficiência de médicos e de equipe técnica de profissionais,

inadequadas condições estruturais, carência de leitos, impactando-se, nesse

sentido, na superlotação das unidades de saúde e na longa espera no

atendimento de serviços básicos e de emergência.

Na tentativa de avaliar o desempenho na gestão dos recursos na função

de saúde vários estudos foram desenvolvidos utilizando medidas de eficiência

na gestão pública. Entre esses estudos destacam-se os trabalhos de Marinho

(2003), Bueno (2007), Lapa et al (2008), Trompieri Neto et al. (2009), Fonseca

e Ferreira (2009) e, particularmente, o trabalho de Queiroz et al. (2013), que

procuraram mensurar a eficiência dos municípios do estado do Rio Grande do

Norte na gestão dos recursos em saúde.

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Diante do exporto, e considerando os recursos recebidos para o setor de

saúde, os municípios do estado do Rio Grande do Norte têm aplicado os

recursos eficientemente na oferta de serviços na saúde municipal? A eficiência

na gestão dos recursos em saúde está associada ao volume dos recursos?

Esse trabalho tem como objetivo principal avaliar o desempenho dos

municípios potiguares na gestão dos recursos em saúde. Para tanto, será

utilizado a técnica de análise de dados, por meio do modelo DEA.

O trabalho esta organizado em cinco seções, incluindo esta introdução.

Na segunda seção, descrevem-se a metodologia e a base de dados utilizada.

Na terceira, apresenta-se uma breve revisão de alguns trabalhos da literatura

nacional aplicados na área da saúde pública, que fizeram uso da técnica de

envoltória de dados do modelo DEA. Na quarta seção, destacam-se os

resultados; e, finalmente, na quinta seção apresentam-se as considerações

finais do estudo.

2. Metodologia

Nesse estudo, a eficiência na utilização dos recursos em saúde pode ser

entendida como a capacidade de os municípios transformarem os recursos

financeiros em produtos, ou seja, em serviços de saúde disponibilizados à

população. Os municípios que alcançarem os maiores indicadores da relação

de produto por insumo são considerados eficientes no modelo DEA.

A Figura 1, mostra a fronteira teórica de produção eficiente formada

pelos municípios A, B e C. Os municípios ineficientes exibem indicadores de

oferta de serviços em saúde abaixo da fronteira eficiente. A medida de

eficiência produto orientada pode ser representada pela distância ente os

pontos D e B, para um dado valor de recursos, ou seja, Eficiência = OD/OB. A

medida de eficiência do município G pode ser realizada comparando-se o seu

desempenho em relação àquele alcançado por um município virtual, construído

com indicadores dos municípios eficientes de referência, B e C. A agregação

dos indicadores do município virtual é realizada por pesos (s) dos municípios

de referência, ou seja, V =B +C.

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Figura 1 – Representação da fronteira de produção eficiente

Fonte: Elaboração própria.

As fronteiras de eficiência teóricas podem ser estimadas por técnicas de

regressão, com aplicações das fronteiras determinísticas e estocásticas, ou por

técnicas de programação matemática, com aplicações dos modelos de análise

de envoltória de dados, DEA. Nesse estudo, para avaliar os níveis de eficiência

dos municípios na aplicação dos recursos, utilizou-se o modelo DEA, com

retornos variáveis de escala, proposto por Banker et al (1984). Esse modelo

considera os municípios norte rio-grandenses como unidades tomadoras de

decisões ou DMU'S (Decision Making Units). A medida de eficiência do modelo

DEA varia no intervalo entre 0 e 1. Os municípios serão eficientes quando

estiverem na fronteira eficiente da gestão dos recursos em saúde, e com

escores igual a 1. Aqueles municípios com escores abaixo de 1 serão

considerados ineficientes, pois os seus indicadores de oferta de serviços em

saúde estarão abaixo da fronteira eficiente da gestão em saúde. Os níveis de

eficiência de cada município foram mensurados por meio do Software

Efficiency Measurement System – EMS.

O modelo DEA é uma técnica de programação matemática, que procura

maximizar os níveis de produto para determinados níveis de insumos

utilizados. Formalmente, a técnica tem a seguinte estrutura de programação

matemática:

F ( ) = / ( , )

0

Insumo - despesa em saúde

Fronteira eficiente

D

B

C

A

V efici

ente

G

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Maximizar i

Sujeito a X Xk,

Yi -Y 0

=1 (1)

As informações sobre os produtos e os insumos estão representadas,

respectivamente, pelas matrizes Y e X. Nesse estudo, foram analisados,114

municípios, com 5 produtos e 1 insumo (despesa per capita em saúde). O vetor

de pesos é representado por , enquanto é um escalar, que permite avaliar a

distância dos níveis de produção alcançado pelos municípios em relação à

fronteira eficiente. Considerando que o modelo é orientado ao produto, os

níveis de eficiência de cada município são obtidos invertendo-se o valor de ,

ou seja, 1/

Foram considerados os seguintes indicadores de resultados, Yi, em

saúde: a cobertura de vacinação, o número de equipes do Programa Saúde da

Família (PSF), o número de médicos, o número de enfermeiros com nível

superior e técnico e o total de leitos de internações. O insumo utilizado por

cada município, Xk está representado pelas despesas realizadas na função

saúde.

Todos os dados são referentes ao de 2011, coletados do banco de

dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), do Ministério da Saúde. Pela

ausência de algumas informações, de um total de 167 municípios potiguares,

foram selecionados, apenas, 114 municípios.

A Cobertura Vacinal é o percentual de pessoas vacinadas e

potencialmente protegidas contra as seguintes doenças: hepatite B, sarampo,

rubéola, caxumba, difteria, tétano, coqueluche, pneumonia e poliomielite. Essa

variável constitui uma medida para prevenção de doença nos primeiros anos

de vida. O número de equipes de saúde da família/per capita é o número de

equipes do Programa Saúde da Família, por população e, ela funciona como

uns dos primeiros contatos dos usuários com o Sistema Único de Saúde

(SUS). Os médicos são os profissionais com nível superior presente nas

unidades básicas de saúde. O número de enfermeiros constitui o número de

profissionais enfermeiros com nível superior e técnico. O número de leitos de

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internação capita é a quantidade de leitos existentes do Sistema Único de

saúde (SUS). As despesas na saúde municipal são aquelas realizada pelos

municípios na função de saúde. As informações de despesa e de produtos

foram normalizadas pela população.

3. Aplicações do modelo DEA na função da saúde: uma breve revisão de

estudos empíricos.

O modelo DEA (Data Envelopment Analysis) é uma técnica, não

paramétrica, de análise de dados, que nos últimos anos vem sendo muito

utilizada no campo das políticas públicas, principalmente, na área da saúde.

Queiroz et al (2013), analisaram a eficiência do gasto público em saúde

nos municípios do Rio Grande do Norte. As variáveis de produtos foram:

número de leitos efetivo, número d famílias atendidas pelo Programa Saúde da

Família (PSF), número de pessoa atendida pelos procedimentos ambulatoriais,

cobertura de vacinação e, o dispêndio público em saúde. Entre os resultados

os autores verificaram baixo nível de eficiência na aplicação dos recursos com

apenas 31 municípios uma gestão eficiente no setor de saúde.

Trompieri Neto et al (2009) por sua vez, analisaram os determinantes da

eficiência dos gastos públicos municipais em educação e saúde, no estado do

Ceará. Nesse estudo, com relação a função saúde, os insumos são entendidos

como recursos financeiros alocados para saúde e, a variáveis utilizada foi o

gasto com saúde per capita. Os indicadores de produto foram selecionados

quatro: número de unidades de saúde, número de profissionais de saúde com

nível superior, número de agentes comunitários de saúde, taxa de cobertura do

Programa Saúde da Família (PSF). Os resultados indicaram que os municípios

que apresentaram ser eficientes em transformar insumo em produto não são

necessariamente eficientes na transformação de insumo em resultado, e vice-

versa.

Lapa, Casconeto e Calvo (2008) também utilizaram a técnica de

envoltória de dados para analisar a eficiência produtiva de 112 hospitais do

Sistema Único de Saúde (SUS) do Estado de Santa Catarina. Para a

construção do modelo empírico foram utilizadas as variáveis representativas

para os recursos humanos (número de medico e número de profissionais da

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equipe auxiliar de enfermagem); materiais (número de leitos conveniados ao

SUS); financeiros (valor total das Autorizações de Internação Hospitalar) e,

para os produtos (outputs): número de altas geradas pelo hospital para

pacientes do SUS.

Os resultados mostraram 23 hospitais eficientes, além de apontar para

cada unidade avaliada às metas de produção eficientes. De acordo com o

modelo empírico adotado, o número de altas hospitalares poderia ser

aumentado em 15%, o número de leitos poderia ser reduzindo para 17%, os

valores de AIH (Autorizações de Internação Hospitalar) poderiam ser reduzidos

para 13% e, o número de médicos, técnicos de enfermagem e auxiliares de

enfermagem poderia ter uma redução de 25%, de acordo com o modelo DEA.

Ferreira e Pitta (2008), analisaram a avaliação da eficiência técnica na

utilização dos recursos do SUS (Sistema Único de Saúde) na produção

ambulatorial dos 645 municípios de São Paulo por meio da aplicação de dois

modelos DEA: o modelo CCR (Charnes, Cooper e Rhodes) e o de BCC

(Banker, Charnes e Cooper). Os autores utilizaram os seguintes indicadores:

gastos totais em saúde, o total da produção ambulatorial de média e alta

complexidade e o total do atendimento básico. Os resultados mostram que

apenas sete direções regionais de Saúde apresentaram ser globalmente

eficientes.

Marinho (2003), avaliou a eficiência técnica nos serviços ambulatórias e

hospitalares em 74 municípios do Estado do Rio de Janeiro. As variáveis

usadas como recursos foram: total de leitos contratados em hospitais, total de

hospitais credenciados, total da capacidade ambulatorial instalada, valor médio

da internação, valor médio dos procedimentos ambulatoriais e, as variáveis dos

serviços (outputs) foram: o total de internações em hospitais credenciados e o

total de procedimentos ambulatoriais. Foram utilizados dois indicadores, de

qualidade (taxa de mortalidade) e de utilização (prazo médio de permanência).

Os resultados apresentaram duas conclusões, a primeira diz que existem

grandes diferenças de desempenho nos atendimentos aos usuários do Sistema

Único de Saúde (SUS) nos municípios do Rio de Janeiro no período estudado

e, a segunda conclusão diz que o gestor local não controle no desempenho dos

atendimentos, pois se forem eficientes, não serão efetivos, já que municípios

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que têm uma boa estrutura nos serviços da saúde atraem os casos mais

graves das regiões vizinhas.

4. Análises dos resultados

O Gráfico 1 mostra a distribuição dos municípios por despesa per capita

em saúde para o estado do Rio Grande do Norte, no ano de 2011. Nota-se, que

a maioria dos municípios gastaram menos de R$ 600,00 por habitantes. O

município de Viçosa foi o que mais realizou despesa nessa função, com um

recurso de R$ 1.047,51, por habitante. Outros quatro municípios, que

efetuaram despesas acima de R$ 700, por habitante, foram: Ipueira, Lagoa de

Velhos, Pilões e Santana do Seridó.

Gráfico 1 – Distribuição dos municípios por gasto per capita em saúde

Fonte: DATASUS. Elaboração própria.

O Gráfico 2 mostra a distribuição dos municípios, por escore de

eficiência, no gasto público em saúde, de acordo com os resultados do modelo

DEA. Do total de 114 municípios avaliados, apenas Alexandria, Angicos, Apodi,

Bom Jesus, Caicó, Currais Novos, Frutuoso Gomes, Lajes, Lucrécia, Macau,

Montanhas, Nova Cruz, Olho d'Agua do Borges, Pau dos Ferros, Portalegre,

Ruy Barbosa, Santo Antônio, São Gonçalo do Amarante, São Paulo do Potengi,

Triunfo Potiguar e Viçosa apresentaram os melhores índices de eficiência no

gasto em saúde.

Entre os municípios que apresentaram os mais baixos níveis de

ineficientes na aplicação dos recursos estão Extremoz e Parnamirim. Outros,

quatorze municípios, chegaram próximos a eficiência, pois apresentaram

escore acima de 0,95. Foram eles: Japi, Umarizal, Caiçara do Rio do Vento,

Ipueira 754,21

Lagoa de Velhos 790,87

Pilões 764,79

Santana do Seridó 741,81

Viçosa 1.047,51

0200400600800

10001200

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de

Municípios

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Riacho de Santana, Grossos, Santa Cruz, Encanto, Coronel João Pessoa,

Acari, São José de Mipibu, Taboleiro Grande, Cerro Corá, Afonso Bezerra e

Santana do Matos.

Nota-se, que a maioria dos municípios apresentaram escore de

eficiência entre 0,6 e 0,9. Como foi dito, Extremoz e Parnamirim foram os

municípios que apresentaram escore de eficiência baixo. Porém, vale ressaltar,

que estes municípios gastaram mais em saúde que o município de Angicos,

que foi considerado eficiente. Isto mostra, que os recursos são necessários,

mas não se pode considera-los suficientes para uma boa gestão.

Gráfico 2 – Distribuição dos municípios por escore de eficiência na aplicação das despesas na função de saúde.

Fonte: DATASUS. Elaboração própria.

No Gráfico 3 são apresentas as ordenações dos municípios por

despesas e níveis de eficiência alcançadas na aplicação desses recursos.

Percebe-se, que a classificação descendente dos municípios por níveis de

eficiência está associada à uma tendência ascendente da classificação dos

municípios por despesas realizadas.

Embora baixa, a correlação entre essas ordenações

correl(RankEfic;RankDesSaúde) = -1.06 indica uma relação inversa entre as

classificações dos municípios quanto aos seus níveis de eficiência e recursos

efetuados, sugerindo-se, portanto, que os municípios que aplicaram mais

recursos não necessariamente foram os mais eficientes na sua gestão.

Extremoz 0.63

Parnamirim 0.63

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

0 20 40 60 80 100 120

Esco

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Municípios (DMUs)

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Gráfico 3 – Distribuição dos ranks municípios por escore de eficiência e despesas em saúde.

Fonte: DATASUS. Elaboração própria.

A Tabela 1, mostra um exemplo da comparação de um município

ineficiente com um município de virtual, formado a partir dos pesos dos

municípios eficientes de referência ou benchmark. Para esse exemplo, os

municípios de Alexandria, Macau, Caicó e São Paulo do Potengi, foram

eficientes na aplicação da despesa em saúde, e serviram para formação de um

município virtual, sendo este comparado com o município de Parnamirim, que

foi ineficiente na aplicação da despesa em saúde. Com a mesma despesa

realizada em saúde, o município de Parnamirim deveria ter apresentado uma

taxa de cobertura vacinal de 109,4, ter contratado um maior número de

médicos 4 médicos por mil habitantes , ter a disponibilidade de 3 leitos por

mil habitantes, ter um maior número de enfermeiros e de equipe de saúde da

família.

Tabela 1 – Informações dos municípios eficientes, município virtual, Benchmark e o município ineficiente.

Eficiência

Cobertura Vacinal

Médicos Enfermeiros Leitos Equipe Saúde da Família

Despesa Saúde

Alexandria 1.0 0.08 83.3 0.0073 0.00103 0.0076 0.0004 318

Macau 1.0 0.25 136.0 0.0020 0.00051 0.0024 0.0003 435

Caicó 1.0 0.19 118.27 0.0027 0.00069 0.0028 0.0003 334 São Paulo do Potengi

1.0 0.48 100.8 0.0052 0.00112 0.0025 0.0004 359

Município virtual 1.0

109.4 0.0040 0.0008 0.0029 0.0003 363

Parnamirim 0.63

69.9 0.0026 0.0005 0.0007 0.0001 363 Metas Parnamirim (em mil pessoas)

39.4 1.4 0.3 2.1 0.2

Fonte: Resultado da pesquisa. *Dados per capita. Elaboração própria.

y = 0,0859x + 52,562

020406080

100120

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Rank eficiência Rank Despesa Saúde Linear (Rank Despesa Saúde)

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5. Considerações finais

O debate sobre a eficiência na gestão dos recursos aplicados para oferta

de serviços em saúde a população é um tema de grande discussão entre

acadêmicos, gestores públicos e a sociedade em geral, principalmente depois

da descentralização dos recursos promovidos pela Constituição Federal de

1988, que transferiu as responsabilidades da gestão em saúde para os estados

e municípios. Entretanto, tem-se percebido que apesar dos municípios

pertencerem ao mesmo ambiente institucional, eles mostram variados

desempenhos em relação aos indicadores de saúde.

Diante do exporto, pôde-se investigar as seguintes questões:

Considerando os recursos recebidos para o setor de saúde, os municípios do

estado do Rio Grande do Norte os aplicaram eficientemente na oferta de

serviços para essa função? A eficiência na gestão dos recursos em saúde está

associada ao volume dos recursos? Isto é, mais recursos é sinônimo de mais

eficiência?

Nesse estudo, procurou-se realizou uma avaliação na alocação dos

recursos destinados a saúde nos municípios do Estado do Rio Grande do

Norte, a partir do método de análise de envoltória de dados, DEA. Os

resultados mostram que dos 114 municípios avaliados, apenas 21

apresentaram ser eficientes, ou seja, capazes de transformar o recurso

financeiro em bens e serviços disponibilizados à população. Os municípios que

apresentaram os níveis mais baixos de eficiência foram Extremoz e

Parnamirim. Esses municípios, apesar de efetuaram uma despesa mais alta

apresentaram menores resultados da oferta de serviços à população.

Percebeu-se que que a eficiência na alocação dos recursos em saúde é uma

questão de gestão municipal e, que, nem sempre, o fato de o município

apresentar mais recursos significa que ele será mais eficiente na sua gestão.

Nesse sentido, os gestores municipais devem ter como meta uma política de

maior eficiência dos recursos em saúde, permitindo, dessa maneira, que a

população tenha a disposição uma maior oferta de serviços e uma melhor

qualidade de atendimento.

Page 12: A EFICIÊNCIA DO GASTO PÚBLICO EM SAÚDE NOS ......apresentam uma baixa qualidade nos indicadores de saúde pública, principalmente no atendimento à demanda da população. Os municípios

REFERENCIAS

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