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A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: O CASO DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DE SÃO CARLOS/SP Marcio Roberto Domingos Pereira 1 Glauco Nunes Souto Ramos (O) 2 1. INTRODUÇÃO As experiências que passei como professor de Educação Física no ensino médio da rede estadual de ensino da cidade de São Carlos, localizada no estado de São Paulo (SP), durante quatro anos e a escassa bibliografia, como os Parâmetros Curriculares do Ensino Médio (BRASIL,1999), Darido e cols (1999), Diana e Ramos (2.000), que apontam com preocupação para a falta de estímulos e interesses por parte de alunos e professores nesse nível de ensino, me levaram a realizar o presente trabalho. Muitos alunos negam-se a realizar as atividades propostas pelos professores e, conforme indicam Betti e Zuliani (2002), nesta idade há aqueles que se destacaram através dos conteúdos esportivos e têm seu desenvolvimento voltado para a própria superação e melhoria de técnicas e, ao mesmo tempo, há outros que por sua vez encaram estas aulas como um momento de descontração voltado apenas para o lazer e a recreação. Neste momento o professor deveria priorizar conteúdos que fossem significativos para todos, surgindo uma das principais dificuldades para o professor de Educação Física no ensino médio. Tal dificuldade é ampliada se considerarmos a pouca bibliografia existente na área neste nível de ensino, caracterizando a falta de suporte que contribua com uma ação pedagógica com mais segurança e qualidade. Diante disto, o objetivo deste trabalho é analisar as facilidades/dificuldades encontradas por professores de Educação Física no ensino médio pertencentes à rede estadual de ensino da cidade de São Carlos/SP. 2. BREVE PANORAMA SOBRE O ENSINO MÉDIO NO BRASIL 1 Professor de Educação Física Rede Estadual de Ensino de São Paulo, Diretoria Regional de Ensino de São Carlos e aluno da I Turma do Curso de Especialização em Educação Física Escolar (lato sensu) do DEFMH/UFSCar. 2 Professor Adjunto do DEFMH/UFSCar e Coordenador do Curso de Especialização em Educação Física Escolar.

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A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO:

O CASO DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DE SÃO CARLOS/SP

Marcio Roberto Domingos Pereira1

Glauco Nunes Souto Ramos (O)2

1. INTRODUÇÃO

As experiências que passei como professor de Educação Física no ensino

médio da rede estadual de ensino da cidade de São Carlos, localizada no estado de São

Paulo (SP), durante quatro anos e a escassa bibliografia, como os Parâmetros

Curriculares do Ensino Médio (BRASIL,1999), Darido e cols (1999), Diana e Ramos

(2.000), que apontam com preocupação para a falta de estímulos e interesses por parte

de alunos e professores nesse nível de ensino, me levaram a realizar o presente trabalho.

Muitos alunos negam-se a realizar as atividades propostas pelos

professores e, conforme indicam Betti e Zuliani (2002), nesta idade há aqueles que se

destacaram através dos conteúdos esportivos e têm seu desenvolvimento voltado para a

própria superação e melhoria de técnicas e, ao mesmo tempo, há outros que por sua vez

encaram estas aulas como um momento de descontração voltado apenas para o lazer e a

recreação.

Neste momento o professor deveria priorizar conteúdos que fossem

significativos para todos, surgindo uma das principais dificuldades para o professor de

Educação Física no ensino médio. Tal dificuldade é ampliada se considerarmos a pouca

bibliografia existente na área neste nível de ensino, caracterizando a falta de suporte que

contribua com uma ação pedagógica com mais segurança e qualidade.

Diante disto, o objetivo deste trabalho é analisar as

facilidades/dificuldades encontradas por professores de Educação Física no ensino

médio pertencentes à rede estadual de ensino da cidade de São Carlos/SP.

2. BREVE PANORAMA SOBRE O ENSINO MÉDIO NO BRASIL

1 Professor de Educação Física Rede Estadual de Ensino de São Paulo, Diretoria Regional de Ensino de São Carlos e aluno da I Turma do Curso de Especialização em Educação Física Escolar (lato sensu) do DEFMH/UFSCar. 2 Professor Adjunto do DEFMH/UFSCar e Coordenador do Curso de Especialização em Educação Física Escolar.

2

O ensino médio brasileiro como um todo vem sofrendo inúmeras

modificações relativas à legislação, as quais podem considerar como base de estudos o

quadro elaborado por Piletti (2002), em seu livro intitulado “Estrutura e funcionamento

do ensino médio” e que apresentaremos a seguir.

Quadro 1. REFORMAS DA EDUCAÇÃO REPUBICANA (PILETTI, 2002).

PRINCIPAIS REFORMAS DO ENSINO MÉDIO EFETUADAS

NO PERÍODO REPUBLICANO

DOCUMENTOS LEGAIS AUTORIZAÇÕES LEGISLATIVAS

1. Reformas Benjamin Constant Decreto nº 981, de 08/11/1890, e numero1075,

de 22/11/1890.

Por terem sido introduzidas antes da Constituição e da instalação do Congresso,

estas reformas não dependem de autorização legislativa.

2. Código Epitácio Pessoa Decreto nº3890, de 01/01/1901.

Autorizado pela Lei Orçamentária nº746, de 31/12/1910. ª

3. Reforma Rivadavia Correa Decreto nº8659, de 05/04/1911.

Autorizado pela Lei Orçamentária nº2356 de 31/12/1910.

4. Reforma Carlos Maximiliano Decreto nº11530, de 13/03/1915.

Autorizado pela Lei Orçamentária nº2924, de 05/01/1915.

5. Reforma João Luis Alves ou Rocha Vaz Decerto nº16782-A, de 13/01/1925.

Autorizado pela Lei Orçamentária nº4911, de 12/01/1925, combinada co a Lei Orçamentária

nº4793 de 07/01/1924.

6. Reforma Francisco Campos Decreto nº. 19890, de 18/04/1931, dispõe sobre a organização do ensino secundário.

Independente de autorização legislativa: imposta pelo governo provisório, na

inexistência de Constituição.

7. Reforma Gustavo Capanema Decreto-lei nº4244, de 09/04/1942: Lei

Orgânica do Ensino Secundário.

Promulgada sobre o Estado Novo, em que o Poder Executivo, na prática, exercia também

as funções legislativas.

8. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

Lei nº4024, de 20/12/1961

Discutida e aprovada pelo Congresso Nacional.

9. Diretrizes e Bases do Ensino de 1ºe 2º Graus

Lei nº. 5692, de 11/08/1971.

Aprovado pelo Congresso Nacional em regime de discurso de prazo.

10. Lei nº7044, de18 de outubro 1982: Revoga a profissionalização compulsória.

Aprovada pelo Congresso Nacional.

11. Lei nº9394, de 20 de dezembro de 1996: Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Discutida e aprovada pelo Congresso Nacional

3

Após as leis/emendas mencionadas no quadro acima, tivemos diversas

outras modificações relativas ao ensino de uma maneira geral, a qual destacará as

principais, a seguir:

o 1997 Deliberações do Conselho Estadual de Educação (CEE) nº.

09/97 e Indicação CEE nº. 08/97, que instituiu no sistema de Ensino do Estado de São

Paulo, o Regime de Progressão Continuada no Ensino Fundamental;

o 1998, Parecer Conselho Nacional de Educação, Câmara de

Educação Básica (CNE/CEB) nº. 08/01: Diretrizes Curriculares para o Ensino

Fundamental no Sistema de Ensino do Estado de São Paulo, - Parecer CNE nº. 15/98,

Instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, - Parecer CEE nº.

67/98, Normas Regionais Básicas para as Escolas Estaduais;

o 1999: Deliberação CEE nº. 05/00 e Indicação CEE nº. 12/99: Fixa

normas para a Educação de alunos que apresentam necessidades especiais na Educação

Básica do Sistema Estadual de Ensino;

o 2000: Deliberação CEE nº. 09/2000 e Indicação CEE nº. 11/2000,

que estabelece Diretrizes para implementação no Sistema de Ensino do Estado de São

Paulo, dos cursos de Educação de Jovens e Adultos de níveis fundamental e médio,

instalados ou autorizados pelo poder público, - Indicação CEE nº. 09/2000: Diretrizes

para Implementação do Ensino Médio no Sistema de Ensino do Estado de São Paulo, -

Parecer CNE/CEB nº. 11/2000: Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação de Jovens e Adultos;

o 2001: Lei 10.328, de 12 de dezembro de 2001, onde se destaca:

“... a Educação Física, integrada à proposta da escola, é componente curricular

obrigatório da Educação Básica” (PEREIRA e MOREIRA, 2005);

o 2003: Lei 10.793, de dezembro de 2003, estabelece que a prática

de Educação Física passa a ser facultativa para aluno que: trabalhar mais de seis horas

por dia; tiver mais de 30 anos de idade; for portador de algum problema de saúde,

crônica ou temporária; estiver prestando serviço militar; tiver filhos (PEREIRA e

MOREIRA, 2005).

A partir do Quadro 1 (PILETTI, 2002), das atuais modificações descritas

cronologicamente e do trabalho de Pereira e Moreira (2005), podemos verificar que a

educação não é algo estagnado, mas sim algo que passa por mudanças constantes, com o

intuito de suprir as necessidades implantadas no decorrer dos tempos, já que a cada

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nova geração há a necessidade da transformação e adequação da educação para que esta

atenda aos anseios e perspectivas de um ensino contínuo e voltado para a autonomia dos

alunos.

Pudemos também observar que a Educação Física vem através dos

tempos sofrendo várias modificações em termos legais, porém, somente com a atual Lei

de Diretrizes e Bases (LDB em 1996) e com a Lei 10.328 (em 2001), passa a ser

reconhecida como componente curricular obrigatório, mas ainda sofre por não ter um

norte – em termos de sistematização de seus conteúdos – como a maioria dos demais

componentes escolares.

Apesar das leis, emendas e pareceres citados, a educação continua a

desejar e, em certos pontos, permanece inadequada, pois como afirma Piletti (2002)

todas essas modificações são impostas de cima para baixo.

Um exemplo de tal situação diz respeito à inclusão de alunos portadores

de necessidades especiais no ambiente escolar. Neste caso, o Estado primeiramente

espera a escola receber estes alunos para, posteriormente, enviar verbas para que haja a

adequação dos espaços físicos que, na sua maioria, são inadequados para esses alunos,

Ao contrario do que se veiculam na mídia, a respeito das capacitações docentes, estas

são insuficientes para que o professor trabalhe com tal clientela associada os mais

outros trinta/quarenta alunos considerados “normais”.

Ainda sobre as questões negativas relacionadas às políticas públicas e à

própria capacitação docente, temos o exemplo que ocorreu neste ano de 2.006 com as

Escolas de Período Integral, onde os alunos de cerca de 500 escolas em todo o Estado

de São Paulo passaram a permanecer na escola por um período de nove horas diárias.

Os cursos de capacitação para essa nova proposta, primeiramente, capacitaram os

supervisores de ensino e, por último, houve a capacitação de quem realmente trabalha

com os alunos: os professores! Desse modo, nos foi possível perceber a enorme

dificuldade dos professores em lidar com tal proposta e sem nenhum tipo de

orientação/capacitação que permitisse uma atuação pedagógica adequada, deixando

professores, alunos e comunidade escolar desnorteados.

Mas retomando a análise feita por Piletti (2002) em relação ao ensino

médio, temos que este nível de ensino era um privilégio de poucos alunos e esses quase

sempre pertenciam às classes sociais mais privilegiadas (média e alta), vendo este

período apenas como uma fase intermediária para o ingresso nos cursos de formação

superior. Porém, a imposição industrial nas últimas três décadas (1980, 1990 e 2000)

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fez com que o ensino médio se tornasse uma necessidade muitas vezes imposta aos que

pretendessem ingressar num campo de trabalho mais valorizado financeiramente, como

relata Zibas (2005, p.26):

Na verdade, o jovem vive um paradoxo: de um lado, sabe que precisa do certificado do ensino médio para a obtenção de um emprego formal; por outro, também percebe que, mesmo que obtenha o certificado, suas chances no mercado de trabalho são muito pequenas.

Todavia, houve um crescimento muito grande na procura e ingresso desta

fase de ensino, que por sua vez não supriu as necessidades desta nova clientela,

continuando quase estagnado em um processo com poucas modificações e melhorias de

ensino. Como cita Piletti (2002, p.29):

Um século de República, com a federação constantemente ferida e a democracia, apesar de uns parcos e raros avanços, longe de ser alcançada. Um século de República em que as mudanças havidas foram em sua maioria impostas de cima para baixo, e por isso mesmo, quase sempre conservadora e antidemocrática.

Desta forma podemos avaliar e refletir sobre como foram o ingresso e o

aumento da massa estudantil no ensino médio em nosso país e, mais ainda, que há a

necessidade de mudanças mais substancias que, de fato, busquem atingir o alunado e

seus anseios.

Neste contexto do ensino médio brasileiro, não fica difícil imaginar que a

própria Educação Física enfrentou (e ainda enfrenta!) problemas especificamente

relacionados a este nível de ensino. Sobre isto, trataremos a seguir.

3. A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO

Estudo realizado por Darido e cols. (1999), intitulado “Educação física

no ensino médio: reflexões e ações” nos mostram que mesmo com a implantação de

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uma série de mudanças no ensino médio e o aumento significativo da sua população,

não houve um acompanhamento suficiente na melhoria do ensino, fazendo com que

ocorresse uma defasagem no rendimento escolar.

Se por um lado a Educação Física enquanto área de conhecimento está “a

procura de identidade”, conforme indicado nos Parâmetros Curriculares Nacionais para

o Ensino Médio (BRASIL, 1999), as demais áreas presentes na escola também

evidenciam a defasagem no aprendizado e o enorme desestímulo de alunos e

professores.

Darido e cols. (1999) ainda destacam alguns elementos fundamentais que

nos ajudam a compreender tal situação da Educação Física:

Expressiva evasão dos alunos do diurno e do noturno amparados pelas leis federais que, baseadas no prncíipio de adequar estudo e trabalho, permitiu ao aluno estudante trabalhador a dispensa das aulas; Desvalorização do componente curricular perante as demais disciplinas, principalmente, em face ao vestibular e à facilidade dos pedidos de dispensa; A colocação freqüente da educação física fora do período das demais disciplinas dificultando a freqüência dos alunos às aulas (p.144).

Pela minha experiência como professor de Educação Física no ensino

médio, pude observar que muitos alunos entregavam os atestados médicos ou de

trabalho, por não terem a perspectiva de serem desportistas, por não se adequarem às

aulas ou por motivos religiosos; e, outras vezes, por precisarem realmente trabalhar a

fim de ajudarem no orçamento familiar. Também pude observar que havia alunos que

não freqüentavam as aulas de Educação Física e deixavam para entregar os atestados

somente no final do ano letivo, para não haver a reprova na matéria, reforçando assim a

idéia de que este componente curricular não tinha peso algum no processo educativo,

sendo explicitado em conselhos de classe/série e conselhos de final do ano, uma vez que

a direção da escola era obrigada a aceitar estes atestados apesar de não terem sido

entregues nas épocas próprias e desvincular tais alunos das aulas de Educação Física,

mesmo com a reprova por faltas.

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Por sua vez, o professor não tentava adequar seu conteúdo de forma a se

tornar interessante para esse aluno/trabalhador, pois até hoje em muitos casos confunde-

se Educação Física com esporte de rendimento. Com isso perde-se uma importante

oportunidade de, por exemplo, adaptar tal clientela às práticas corporais alternativas

(PCAs) conforme trabalho realizado por Ferreira, Lorenzetto e Darido (2002). Entre

outras questões, os autores, indicam o quanto essas práticas poderiam contribuir para os

avanços da escola e do aluno-adolescente, despertando nele novas perspectivas de

atividade física, das quais muitas vazes vão procurar fora da escola, por não saberem

que a Educação Física contempla esse conhecimento.

Em termos didático-pedagógicos relacionados à Educação Física no

ensino médio, outros elementos pertinentes às dificuldades que o professor deveria levar

em consideração foram observadas por Darido e cols. (1999):

As aulas de ensino médio são quase sempre uma reprodução mecânica dos programas de educação física no ensino fundamental não apresentando características próprias e inovadoras...; [os alunos] tiveram poucas experiências em relação à prática da educação física, e estas experiências em geral não foram marcadas pelo sucesso e prazer... (p.144).

Detenho-me especialmente a esta parte, pois estes itens também

demonstram o quanto o professor deve ter de comprometimento com a educação e

formação de seus alunos, propondo, por exemplo, uma auto-avaliação e um diálogo

mais constante e aberto a respeito de suas expectativas nessa fase de escolarização, onde

os alunos já estão mais críticos.

Em trabalho realizado por Gonçalves Junior, Ramos e Couto (2003) os

autores descrevem muito bem como pode ser feita uma abordagem onde aluno e

professor construam seus conhecimentos juntos, fazendo com que o professor ouça mais

o que seus alunos esperam das aulas de Educação Física e com isso haja maiores

interesse e participação de ambos os lados na construção de um saber significativo.

Enquanto sugestões/orientações para os problemas apresentados, os

PCNs do Ensino Médio indicam:

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Estudando o trabalho do professor de Educação Física, concluiu-se que esse profissional adquire uma considerável bagagem de conhecimentos, durante a sua formação, e o empobrecimento do seu trabalho nas escolas leva-o ao não-resgate do que aprendeu, ao esquecimento, à subutilização de suas capacidades e habilidades (BRASIL, 1999, p.157).

Portanto, cabe ao professor de Educação Física ter consciência de seu

papel junto ao processo de escolarização de seus alunos e, com isso, valorizar o seu

conhecimento, a sua área e o seu trabalho.

4. PROBLEMAS REFERENTES À EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO

Neste tópico do trabalho, estaremos discutindo alguns pontos que, se não

são exclusivos da Educação Física no ensino médio, julgamos essenciais e críticos para

sua melhor compreensão.

4.1. PROFESSOR: SITUAÇÃO E CONTINUIDADE DE TRABALHO

Muitos professores de Educação Física encontravam/encontram

dificuldades para o desenvolvimento de um trabalho continuado e que tivesse destaque

nas unidades escolares, já que na sua grande maioria trabalhavam como “professores

nômades”, pois tinham o peso de exercerem o cargo de professores, primeiramente

conhecidos como Admitidos em Caráter Temporário (ACTs), hoje denominado como

Ocupante de Função Atividade ( OFA) com isso passavam um ano ministrando aulas

em uma determinada unidade escolar e, no ano seguinte, não sabiam onde atuariam.

Até que em 1998, teve início o processo de seleção através de concurso

público, com isso tivemos um maior número de professores efetivos para atuar na rede

pública do Estado de São Paulo, até então haviam poucos professores efetivos na Rede

de Ensino do Estado de São Paulo, sendo que a grande maioria desses professores OFA

não tinham a pontuação necessária para permanecer na mesma unidade escolar.

Claro que tal situação não elimina a responsabilidade do professor de

Educação Física de desempenhar sua primordial função, que é ensinar. Pelo contrário,

deveria ter um grande comprometimento com a educação de seus alunos, mas essa

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situação de indefinição da unidade escolar onde iria trabalhar no próximo ano letivo,

abria precedentes para uma maior descontinuidade de conteúdos.

Assim, nos reportamos ao trabalho de Zibas (2005, p.31), que menciona:

“professores entrevistados por Abramovay e Castro (2003) também mostraram ter clara

visão entre reforma oficial e realidade” sendo que, após esse comentário, descreve

depoimentos dos professores onde uma das dificuldades levantadas é o motivo de

trabalharem “aqui e ali”, além de outras como: poucos materiais a disposição, a

inadequação dos locais, os entraves com direção, baixos salários e o aumento da

violência. Isso reforça nossa reflexão sobre o professor trabalhar em vários locais e de

maneira descontinuada, acarretando em um prejuízo para o trabalho pedagógico,

atrapalhando e desgastando o profissional.

4.1.1 EFETIVAÇÃO DE PROFISSIONAIS

Com esse quadro da atual efetivação de inúmeros professores de

Educação Física na educação básica, através de concurso público realizado em 1998 e

posteriormente em 2005 no Estado de São Paulo, acredito que haja uma mudança para

melhor, pois os professores que se efetivaram daqui a alguns anos, estarão ministrando

aulas nas regiões e escolas desejadas podendo, assim, realizar um trabalho em longo

prazo, de forma contínua e que atinja positivamente as aulas de Educação Física no

ensino médio. Quero deixar bem claro aqui que, apesar de todo o problema relatado,

muitos professores OFA obtiveram resultados positivos na área da Educação Física,

pois havia o comprometimento deles com a educação de seus alunos.

4.2. EDUCAÇÃO FÍSICA NO MESMO PERÍODO DAS DEMAIS DISCIPLINAS.

Pergunta que ainda perturba diretores, coordenadores pedagógicos,

professores de Educação Física e alunos, é a seguinte: “a Educação Física no mesmo

período das demais disciplinas é bom ou ruim?”.

A partir da literatura consultada (DARIDO e cols, 1999; RAMOS,

GONÇALVES JUNIOR e IZA, 1997) e da minha própria experiência docente, temos

que as aulas de Educação Física em mesmo período que as demais disciplinas tiveram

grande contribuição tanto para área quanto para o professor de Educação Física, pois

apesar dos professores das outras disciplinas reclamarem muito devido aos alunos

ficarem agitados e suados após nossas aulas, a inserção deste componente curricular foi

uma demonstração de respeito e valorização ao profissional e à área como um todo. Não

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deixando de destacar as dificuldades quanto ao espaço físico, uma vez que a quadra poli

esportiva, não se resume em um único espaço possível para desenvolver as aulas,

também. a insegurança de trabalhar turmas mistas (possíveis conflitos gerados entre o

conceito da diferença quanto à prioridade relacionadas ao sexo e gênero).

Anteriormente a esta situação, as aulas de Educação Física eram

formadas por turmas em que o professor as dividia por gêneros e tentava dar um caráter

de homogeneidade, onde apenas participavam das aulas alunos que se identificavam

com a matéria e/ou conteúdo específico.

Muitas vezes os alunos que não gostavam do conteúdo ou do próprio

professor, simplesmente buscavam conseguir um atestado médico ou de trabalho (por

vezes falso) e eram dispensados das aulas, pois a mesma ocorria em horário oposto às

demais disciplinas. Desta forma, não temos dúvidas, ficava mais fácil para o professor

desenvolver o esporte como “fim” e não como “meio” para se chegar aos objetivos

inerentes à área de Educação Física escolar.

No ensino médio quase não eram ministradas aulas de Educação Física,

pois o aluno das escolas públicas na sua maioria ou quase totalidade ao completarem 14

anos tinham sua iniciação ao trabalho, alguns que moravam nas cidades procuravam

fazer um curso técnico para futuramente haver o ingresso nas indústrias e os situados na

zona rural, enfrentavam além de um difícil acesso a educação, não tinham muitas

perspectivas de melhoria de vida, por isso desde cedo iam para lavoura junto com os

pais para ajudar no sustento da família.

Sob este aspecto, com a inclusão da Educação Física no mesmo período

das demais disciplinas, há a eliminação total dos atestados de trabalho e uma

diminuição substancial dos atestados médicos, determinando uma maior

participação/democratização da área.

Por um outro prisma, cabe ao professor desenvolver conteúdos e

estratégias adequados a este novo contexto da Educação Física no ensino médio. Tarefa,

aliás, que parece não ser a mais simples e fácil, já que envolve questões relacionadas à

formação e atuação profissionais, tradição e objetivos da escola e da própria Educação

Física.

4.3. PROFESSSOR X ADOLESCENTE

Professores de Educação Física esquecem que um dia também passaram

pelos mesmos problemas que seus alunos do ensino médio hoje em dia estão passando.

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O que é mais difícil de entender é que, na maioria das vezes, esses professores que estão

ministrando aulas hoje no passado tinham uma vida tão intensa quanto os seus próprios

alunos, pois a grande maioria dos professores de Educação Física escolheu essa área de

conhecimento por ter experiências positivas ao decorrer de sua adolescência e

juventude.

É difícil encontrar um professor que não se gabe de quando ele fazia

parte de tal grupo de esportes que a escola oferecia para que saíssem e fossem ter suas

experiências fora da sua escola, como campeonatos das mais diversas modalidades. Isto

talvez seja um dos principais motivos que leve o professor de Educação Física a

incentivar o jovem de hoje a praticar (bem) alguma atividade desportiva, achando que o

esporte é a chave para todos os problemas que o adolescente está vivenciando.

Por outro lado, conforme cita Debortoli (2002); em seu parágrafo inicial

sobre adolescência: “Dia após dia, temos acompanhado fenômenos de tensão e violência

urbana ligados ao enorme e crescente implacável desenvolvimento industrial e

capitalista” (p.31), nos mostrando que toda e qualquer pessoa está sujeita à violência.

Ainda mais nossos adolescentes que estão chegando a uma fase decisiva de suas vidas e

que todos nós adultos, por obrigação, tivemos que passar por essa fase um dia.

Para o autor, a adolescência é a fase onde não somos mais crianças nem

chegamos ainda ao amadurecimento da idade adulta. O adolescente vive uma constante

e possível luta com ideais e rótulos que são impostos tanto a ele como às outras pessoas

da sociedade.

Nessa fase o jovem precisa procurar sua identidade e o faz nos grupos de

amigos, fazendo algo que até então era impossível de realizar, mas, pelo encorajamento

de seus companheiros mesmo que ache aquilo errado, só pelo fato de ser inserido no

grupo é capaz até de deixar antigos conceitos do que é correto como, por exemplo, o uso

de bebidas alcoólicas, cigarros e drogas.

Como afirma Darido e cols. (1999) citando Taille (1996): “o aluno não

tem mais vergonha de ser ignorante, isso se tornou sinônimo de poder na sociedade

atual, alias, eles reinam na mídia fazendo sucesso e conquistando fãs. Deste modo é

fundamental repensar os valores que regem na sociedade atual”, pois tanto na mídia

quanto na escola aquele aluno mais descolado e mais desajustado quanto ao enfoque

escolar é exatamente esse que se sobressai, pois ele cativa os colegas, mesmo sendo

taxado como líder negativo. Mas o fato de ser líder não quer dizer que ele conseguiu

12

conquistar a autonomia (liderança) que falamos e pregamos tanto. Ou apenas queremos

amestrá-lo para que seja mais uma marionete na sociedade.

Tornando a Gonçalves Junior que cita em seu manuscrito “que tipo de

jovens queremos formar, para um futuro melhor?” e entrando nas videoconferências

oferecidas pela Secretaria Estadual de Educação em 2.004 fazendo parte da Capacitação

docente continuada, onde o professor doutor Go Tani deixou claro em seu discurso, que

o professor precisa tentar entender as emoções dos alunos para que possa compreender

questões ligadas à agressividade, relacionamento e outros para que aprenda a

compreender o aluno e com isso construa uma educação física voltada para o interesse

de ambas as partes. Traçando assim uma linha envolvendo o pensamento dos autores

citados acima poderemos construir o conhecimento da educação física, onde teremos as

bases para o início, meio e fim da formação da educação física do ensino básico e

somente assim irá dar-se o verdadeiro aprendizado onde professor e alunos se

complementam e aprendam juntos para a construção de um saber maior e com mais

autonomia, para ambas as partes: professor/aluno e aluno/professor.

4.4. A EDUCAÇÃO FÍSICA SE EXPÕE

O professor de Educação Física tem um grande repertório de conteúdos e

estratégias de ensino com o qual pode ministrar as suas aulas com boa qualidade e

competência. Para que isso ocorra, ele pode aproveitar-se de vários locais; além da

tradicional e praticamente exclusiva quadra poli esportiva (GONÇALVES JUNIOR,

RAMOS, IZA, 1997) como: a sala de aula, o anfiteatro, o pátio, uma área gramada,

enfim, diversos espaços onde possa desenvolver a cultura corporal, e através de meios

de comunicação utilizando como exemplo as diversas formas de mídia (jornais, rádios,

TV, revistas,... etc.) onde pode levantar assuntos pertinentes à área de educação física.

Entretanto, por serem quase sempre locais abertos, a prática pedagógica

do professor de Educação Física acaba sujeita há uma grande exposição no ambiente

escolar. Com isso, muitos vêem os conteúdos que o professor desenvolve como ele está

trabalhando, quais alunos estão participando, como é essa participação, se a aula é

agitada e causa barulhos (como ocorre em aulas dos ciclos iniciais do ensino

fundamental, onde a criança é levada pela euforia, alegria e por estar em ambiente que

lhe provoca prazer, ocorre uma série de reações que a estimula a gritar, extravasar). Este

aspecto, em especial, torna-se um motivo que desperta a ira de alguns companheiros de

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trabalho, de outras áreas, ocasionando um olhar cheio de pré-conceitos e, a partir disso,

dando ênfase somente às críticas e imperfeições da aula, abrindo espaço para que se

critique o trabalho e o próprio professor de Educação Física.

Outro agravante relacionado ao espaço físico aberto, característico das

aulas de Educação Física, e que pude perceber e presenciei por várias vezes quando

ministrei aulas no ensino médio, diz respeito ao fluxo de alunos pela escola, fora, de

suas respectivas matérias, “passeando” pela escola. Quando estes estão em outras

disciplinas e/ou fora de sala, andando pela escola e são indagados “por que estão fora da

sala de aula,” os mesmos acabam afirmando estarem em aula de Educação Física ou que

foram conversar com o professor de educação física, afim de não sofrerem nenhum tipo

de repreensão, ocorrendo isso sem o professor de educação física saber em absoluto o

que está acontecendo. Outras vezes quando os professores de outras disciplinas não

agüentam o aluno em sala, manda-o ao banheiro e que dê uma passeada pelo pátio ou

que vá ver o que o professor de educação física está fazendo... Por todas essas

divergências, raramente esse aluno é verdadeiramente averiguado, pois se torna mais

cômodo aceitar, essa resposta/situação onde considera somente como a incompetência

do professor de educação física em ministrar aula, do que ter que averiguar realmente o

que está acontecendo em âmbito geral da escola, muitas vezes por puro comodismo da

direção, de professores ou dos funcionários. No entanto é comum escutar nossos

companheiros de outras disciplinas em conselhos de classe e série reclamarem que estes

alunos são “impossíveis” e que “não fazem nada em suas aulas”, algumas vezes chegam

a afirmar que “nem cadernos eles trazem para a aula”... O que me leva a refletir, se o

problema está só no componente curricular Educação Física ou esse problema é maior e

geral, mas só que por ser dentro de uma sala de aula fechada por quatro paredes é

mascarado ou encoberto...

A partir de tais considerações e dando continuidade a este estudo, fomos

dialogar com outros dois professores de Educação Física do ensino médio para saber as

impressões dos mesmos sobre a nossa área neste nível de ensino. Portanto, a seguir,

apresentaremos o processo metodológico utilizado neste trabalho.

5. PROCESSO METODOLÓGICO

14

O início do trabalho de campo foi detectar quantas escolas públicas

pertencentes à Delegacia Regional de Ensino – Região de São Carlos possuem o ensino

médio em suas atividades.

O passo seguinte foi fazer um levantamento pela internet de quantas

escolas a região têm em sua jurisdição e entrar em contato com alguma pessoa que

trabalhe nesse local e pudesse disponibilizar os números necessários para o

levantamento em questão.

Por atuar já há algum tempo nas escolas dessa região e já ter contato com

a Assistente Técnica Pedagógica (ATP) da área de Educação Física, o primeiro contato

ocorreu de modo informal, onde ao procurá-la fui muito bem atendido e encaminhado

para a área pessoal, sendo informado que tal pesquisa só seria possível através de

documento protocolado, pois se tratava da vida funcional de muitas escolas.

Procurei meu orientador de trabalho de conclusão do curso de

especialização em Educação Física Escolar e elaboramos tal oficio para ATP de

Educação Física. Passado algum tempo, a própria ATP telefonou informado que o

oficio deveria se dirigir à Dirigente Regional de Ensino/Coordenadoria Regional de

Ensino/Secretaria de Estado da Educação. Feito novo ofício, protocolado e devidamente

encaminhado, houve outro contato informal com a ATP para que houvesse uma maior

agilidade na entrega dos dados solicitados.

Após o trâmite indicado, obtive o levantamento oficial das escolas,

através de novo contato com a ATP de Educação Física que já estava de posse da

documentação necessária para tal levantamento, uma vez que fora pedido em oficio que

as escolas enviassem o número de professores que lecionam em cada uma delas. Esse

levantamento foi tão bem elaborado pelas escolas que posso afirmar o número preciso

de professores que ministram aulas no ensino médio (Quadro 2).

Por questões éticas relacionadas à pesquisa e aos próprios professores

envolvidos, elaboramos um documento (anexo 1) onde eram explicitadas as condições

de realização das entrevistas. Entre elas: anonimato dos docentes e das instituições

envolvidas e citadas nesta pesquisa.

Quadro 2. Distribuição de professores (as) de Educação Física por nível de ensino.

DIRETORIA DE ENSINO - REGIÃO DE SÃO CARLOS

ESCOLAS 1ª a 4ª 5ª a 8ª E.J.A. II Ensino Médio E.J.A. EMMunicípio de Corumbataí

EE Jânio Quadros 2 Município de Descalvado

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EE José Ferreira da Silva 3 3 Município de Dourado

EE Salles Jr. 2 2 Município de Ibaté

EE Fúlvio Morganti 3 4* EE André Donatoni 3 2 EE Edésio Castanho 3 3* EE Orlando da C. Telles 3

Município de Itirapina EE Joaquim de T. Camargo 2 2 2

Município de Ribeirão Bonito EE Pirajá da Silva 3 1

Município de São Carlos EE Adail M. Gonçalves 2 2 EE Alice M. João Francisco 1 1 EE Alvaro Goiano 3 6* EE Andrelino Vieira 2 EE Antonio A. Lobbe 3 EE Antonio M. de Lima 5 1 EE Aracy L. P. Lopes 5 2* EE Archimedes A.M. de Carvalho 2 2 EE Arlindo Bittencourt 3 3* EE Attília P. Margarido 3 1 EE Bento da Silva César 2 1 EE Bispo Dom Gastão 4 EE Conde do Pinhal 1 1 EE Elydia Benetti 2 1 EE Esterina Placco 5 2 EE Eugênio Franco 4 EE Gabriel Felix do Amaral 2 2 EE Jesuíno de Arruda 4 3* EE João Jorge Marmorato 2 2 EE José Juliano Neto 1 6 3* EE Ludgero Braga 2 2 1 EE Luiz Augusto de Oliveira 4 EE Maria Ramos 2 1 EE Marilene T. Longhim 3 EE Marivaldo Carlos Degan 1 2 EE Orlando Perez 2 2 EE Paulino Carlos 3 EE Péricles Soares 1 EE Sebastião O. Rocha 4 1 EE Visconde Da C. Bueno 2 1 1 * O (a) professor (a) de Educação Física também ministra aula em outro nível de ensino que não só o ensino médio.

Através do Quadro 2, verificamos que a Diretoria de Ensino – Região de

São Carlos possui 39 escolas, das quais 25 têm em seu currículo o ensino médio e

podemos afirmar que, no 1º período letivo de 2.006, encontramos 46 professores de

Educação Física ministrando aulas para o ensino médio.

16

Detenho-me apenas a esse número do ensino médio, pois não há

necessidade do levantamento dos professores que ministram aulas para o ensino

fundamental, e além disso, como sabemos há muitos professores que possuem jornadas

no ensino fundamental/médio que além desse duplo encargo também têm que trabalhar

em mais de uma unidade escolar. Muitas vezes essas escolas, como demonstrado na

planilha acima, possuem poucas aulas no ensino médio, fazendo com que o professor

seja obrigado a trabalhar em todos os ciclos do ensino básico.

A partir deste levantamento, entrei em contato com dois professores de

Educação Física que ministram aulas no ensino médio e que, por muitas vezes, foram

elogiados perante colegas de trabalho e pelos próprios funcionários da Diretoria

Regional de Ensino por realizarem um ótimo trabalho na área, a fim de fazer entrevistas

com eles e, desta forma, enriquecer o meu trabalho de conclusão de curso (TCC).

Feito isto, partimos então para a realização das entrevistas com dois

professores de Educação Física que ministram aulas no ensino médio e que estão

vinculados à Diretoria de Ensino-Região de São Carlos.

5.1. Instrumentos de coleta de informações na pesquisa qualitativa

Segundo Negrine (1999) sugere que a etnografia, como modelo variável

de investigação dentro de uma perspectiva de paradigma qualitativo, passe a ser

utilizada no campo da educação fundamentalmente em estudos que propõem investigar

relações e comportamentos complexos e subjetivos como os que ocorrem no âmbito

escolar, sob a denominação de “etnografia educativa” ( NEGRINI, 1999), sendo que os

métodos de investigação qualitativa pressupõem abordagem diferenciada também no

que se refere aos instrumentos de coleta de informações.

Em trabalho desta natureza, podemos utilizar diferentes instrumentos de

coletas de informações como: observação, entrevista, questionário e memoriais

descritivos. Analisando esses quatro aspectos de coleta de informações e após discussão

dos objetivos desse trabalho chegamos à conclusão que a melhor forma de coleta de

dados seria através de entrevistas com professores de Educação Física que atuam no

ensino médio. Para tanto, caberia definir que tipo de entrevista utilizaríamos.

5.2. Tipos de entrevista

Cohen y Mañion citados por Negrine (1999) destacam as ferramentas que

abrangem desde “entrevistas formais” (um conjunto de perguntas), entrevistas “menos

17

formais” (as quais o entrevistador tem maior liberdade para alterar seqüências de

perguntas e a redação explicando-as ou ampliando-as) e informais (conversações sem

qualquer roteiro).

Diferentes autores, como Negrine (1999), podem classificar as

entrevistas como: entrevista estruturada, onde o investigador segue uma ordem

estabelecida de perguntas e um conjunto específico de procedimentos; não estruturada,

por não haver um préroteiro pode-se ocasionar a perda ou o desvio do enfoque

considerado importante para realização de uma boa investigação; semi-estruturada, esse

tipo de entrevista oferece um instrumento de coleta onde se obtém informações de

questões concretas previamente definidas pelo pesquisador, mas também há o acréscimo

de explorações não previstas, dando maior liberdade ao entrevistado para dissertar a

respeito do tema em questão, ou abordar aspectos que sejam relevantes sobre o que

pensa, por isso optamos fazer a entrevista fundamentada nos princípios da entrevista

semi-estruturada.

Quanto aos tipos de perguntas, elaboramos quatro questões abertas, pois

queríamos obter informações mais profundas e também por não ter idéia de como

seriam dissertadas as respostas. As questões norteadoras foram as seguintes:

(1ª) Como você vê, atualmente, a Educação Física no ensino médio?

(2ª) Quais são, na sua opinião, as principais facilidades de se trabalhar a

Educação Física no ensino médio?

3ª ) Quais são, na sua opinião, as principais dificuldades de se trabalhar a

Educação Física no ensino médio? Identifique algumas sugestões/propostas que

ajudariam a resolver/encaminhar tais problemas.

4ª ) De que maneira a Educação Física pode contribuir com o processo de

formação/educação dos alunos?

Isto definido, fomos a campo coletar os dados dos sujeitos da nossa

pesquisa. Tais dados e respectivas análises e discussões serão apresentados a seguir.

6. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Conforme indicado anteriormente, fizemos entrevistas com dois

professores de Educação Física que ministram aulas no ensino médio em escolas

públicas estaduais pertencentes à Diretoria de Regional de Ensino de São Carlos/SP.

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A primeira entrevista (anexo 2) deu-se na escola onde o(a) próprio(a)

professor(a) de Educação Física (aqui chamado de “Professor 1”) ministra aula. Ao

entregar o documento elaborado (anexo 1), ele(a) pediu para ver as questões e também

algum tempo para pensar, o que levou cerca de cinco minutos. Então se firmou que

ele(a) iria responder as questões de forma dissertativa e quando houvesse alguma dúvida

poderia estar interrompendo que ele(a) prontamente iria esclarecer. Desta forma, ele(a)

segurou as questões em sua mão e iniciou seu discurso.

A segunda entrevista (anexo 3) também ocorreu na unidade escolar onde

o(a) professor(a) (aqui chamado de “Professor 2”) ministra aulas, tanto para o ensino

médio como o ensino fundamental. A mesma ocorreu dentro de sua sala que era um tipo

de vestiário improvisado para ser sala onde estava guardados os troféus e também

alguns materiais pertinentes às aulas de Educação Física – para ser mais exato, era um

banheiro improvisado para ser a “sala ambiente” de Educação Física. Esse(a)

professor(a) pediu que eu realizasse as perguntas e ele(a) responderia o mais rápido

possível, pois tinha um tempo não muito grande para respondê-las, já que ministraria

aula dali à uma hora.

Após esta breve contextualização relativa às condições de realização das

entrevistas com os sujeitos de nossa pesquisa (“Professor 1”e “Professor 2”), passarei,

então, a analisar as suas respostas considerando questão por questão.

A primeira questão foi: “COMO VOCÊ VÊ, ATUALMENTE, A EDUCAÇÃO

FÍSICA NO ENSINO MÉDIO?” E temos as seguintes respostas e considerações:

formado pela escola superior de Educação Física de São Carlos, no ano de 1.972, desde então eu comecei a fazer parte do quadro de professores da rede pública de ensino, iniciado em março de 1.973 até hoje. Então veja bem, ah...o que me foi proposto, como eu vejo atualmente a Educação Física no ensino médio? Se eu for expressar a curto prazo o que eu acho eu direi que está profundamente equivocada, profundamente defasada, profundamente fora de propósito...porém a gente não pode deixar de ressaltar o trabalho de muitos profissionais que estão dando certo... . Então, não cabe a mim achar culpados ou porquê que isso aconteceu, e sim que é uma somatória de um monte de acontecimentos não só da área de Educação Física, mas de todas as áreas de conhecimento, é...porque de certa forma essa área de conhecimento ela passou a ser vista como área de conhecimento aqui há muito pouco tempo, ta...Até então era considerada como uma atividade,... É, então né, embora

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perdi um pouco o fio da meada, más basicamente é isso daí, então eu vejo o Ensino Médio como um grupo de jovens desestimuladas, é...sem vontade nenhuma, principalmente de praticar esporte, porque eles estão naquele máximo de energia, mas direcionados a outros interesses. Então se o professor tiver a sensibilidade de através de algumas situações que ele propõem, ele consegue alguma coisa, como eu estou tentando conseguir, embora isso é muito variado de escola para escola... (Professor 1).

No Ensino Médio nós esperamos que o aluno conheça suas competências, participe de atividades corporais, compreenda o funcionamento do organismo humano, posicione-se de maneira crítica e responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, desenvolva noções conceituais de força e intensidade e freqüência, espero ainda o aluno reflita sobre informações especificas da cultura corporal, assuma uma postura ativa nas práticas da atividade física e consciente da vida dela como cidadã. Ainda vejo que o aluno do ensino médio que ele deva compreender o funcionamento do organismo humano, saiba assumir uma postura ativa na pratica das atividades físicas e é preciso ainda que ele demonstre autonomia na elaboração de atividades corporais como a capacidade de discutir e modificar regras (Professor 2).

Observamos através destes depoimentos a diferença de opiniões de

ambos os professores onde o “Professor 1” mostra seu inconformismo com a Educação

Física abordada da maneira que vem sendo nas atuais escolas estaduais, por outro lado

expõe, corajosamente o seu ponto de vista.

Retomamos o trabalho de Darido e cols. (1999) e citamos Lorenz e

Tibeau (2003), quando indicam que apesar de muitos profissionais garantirem que

Educação Física é uma área de conhecimento, desenvolvem trabalhos como se a mesma

fosse uma atividade e o entrevistado tem a visão clara de que a educação física precisa

de outro olhar e modificações e que o próprio professor de educação física é o culpado

pelo fracasso e o estado deplorável que se encontra nossa área de ensino, juntamente

com outros fatores que também contribuíram para enfatizar esse descrédito, uma vez

que encontramos nas escolas alunos desmotivados por terem vivenciado experiências

anteriores mal sucedidas, afastando-os assim de qualquer prática no que se diz sobre a

atividade física, o qual poderia melhorar suas condições de vida, o que garantiria

20

também um futuro melhor, como relata os trabalhos de Tedeschi (1997) e também no

trabalho de Guedes (2004), pois ambos os trabalhos seguem a mesma linha, onde dão

ênfase ao aluno que menos participa das aulas, o qual será no futuro o que mais vai

precisar, pois os alunos desmotivados muitas vezes serão os sedentários do amanhã e

com isso propensos a desenvolverem doenças degenerativas que são doenças que não

apareceram agora, mas num futuro e por não terem esta visão voltada ao bem estar do

amanhã, não terão a consciência do que isso pode causar, por isso que nos PCNs do

ensino médio (BRASIL, 1999) há o discurso em que vários autores citam nas suas

pesquisas que a educação física tem fabricado um amontoado de expectadores e não

verdadeiramente alunos praticantes de atividades físicas

Já o “Professor 2” limitou-se a responder algo muito próximo ao

conteúdo dos PCNs do Ensino Médio. Se por um lado podemos afirmar que este

professor tem conhecimento dos PCNs do EM, por outro, infelizmente não quis expor-

se tanto quanto o “Professor 1”. Fato este que deve ser respeitado por nós enquanto

pesquisadores.

A segunda questão foi: “Quais são, na sua opinião, as principais

facilidades de se trabalhar a Educação Física no ensino médio?”e as respostas e

análises foram:

eu não tenho a formação atlética desportiva como carro chefe na minha ...nas minhas aulas de educação física. Isso a muito tempo atrás eu já deixei de dar a conotação, eu simplesmente faço ah...meu trabalho baseado em situações, em pesquisas e em orientações que eu recebo de outras pessoas, de outros profissionais nas O.Ts. (orientações técnicas) que eu faço na diretoria de ensino e tento levar aquilo para minha área de trabalho, né... Na minha escola a nível de aluno, então veja bem, se a minha obrigação não é formar atleta,... a minha preocupação é o movimento do corpo humano e é fazer com que o corpo...as pessoas conheçam seu corpo e porque que ele funciona dessa forma, para ele ter uma longevidade melhor com qualidade de vida... por outro lado eu consegui alguma coisa, por que? Porque eu tinha a sensibilidade de que nós temos que fazer movimento, mas não necessariamente na escola, ou nem na academia, então o que eu propus à eles? Que todo exer...todo movimento é válido desde que seja feito com critério, entendeu? Então não quer fazer nada, mas pense num desprendimento, vai lavar um carro estipula um tempo para

21

lavar aquele carro, não para continua, faça um trabalho contínuo por um tanto de tempo, vai varrer o quintal faça a mesma coisa, vai arrumar a casa mesma coisa, enfim vai para o traba...a escola, procura fazer aquele trecho a pé e tentar ir diminuindo cada vez mais esse tempo, então é isso aí que a gente tenta colocar por sua vez em outras regiões você consegue fazer muita coisa, você faz um grupo de teatro, você faz grupo de dança, você faz...eu também já consegui, mas tem certos lugares que você não consegue...Depois aqui a segunda pergunta, quais são na minha opinião as principais facilidades de trabalhar com a Educação Física no Ensino Médio, de uma certa forma eu já até falei um pouco disso, as facilidades são estas: dependendo da região onde você está, dependendo da direção da escola, da cultura do local onde a escola está inserida, você consegue alguma coisa, do contrário você não vai conseguir absolutamente nada (Professor 1).

O aluno do ensino médio ele já tem um relacionamento social mais intenso, já está mais motivado para o desenvolvimento físico e seu interesse pelas atividades físicas já é bem maior, e ele é mais solidário, ele sabe agir com mais responsabilidade, vontade, disciplina, ordem, (aceitar) derrotas, alegria,entusiasmo, vigor e auto confiança. Na minha opinião é mais fácil trabalhar com ensino médio, eu gosto muito de trabalhar com ensino médio, mas nós temos que ter muita flexibilidade com as crianças (Professor 2).

Analisando as duas respostas podemos identificar que ambos os

professores apesar de exporem-se de formas diferentes, expressam um consenso que ao

analisar juntamente com autores que escreveram sobre a forma de ensino no ensino

médio, que é o dialogo como forma de atender às necessidades dos alunos e também as

formas alternativas dos conteúdos de educação física., não tendo como objetivo

principal a formação de atletas, utilizando-se não do esporte para conseguir seus

objetivos e quando o fazem utilizando-se do esporte, este é usado como “meio” e não

como “fim”. Podendo citar como referência Zibas (2005), quando diz que o professor

tem que ter a sensibilidade de inserir em seu programa a cultura juvenil, como meio de

enriquecer os conteúdos disciplinares e construir uma identificação positiva em relação

aluno/escola. Ainda pode observar quando Palmonari (2002) cita que precisamos ir

além de nossa sensibilidade e assim perguntar para o adolescente sobre o tipo de

22

experiência cultural que ele vivencia no âmbito de suas relações sociais, as suas

experiências sócio-culturais, onde poderemos nos aprofundar no seu dia-a-dia, fazendo

com que desperte nele uma melhor participação e maior aprofundamento, tanto em

conteúdo como em vivência, pois são os conteúdos vivenciados a maior forma de

demonstrar aprendizado do ensino, conforme Nahas citado por Ferreira, Lorenzetto e

Darido (2002)

A terceira questão foi: “Quais são, na sua opinião, as principais

dificuldades de se trabalhar a Educação Física no ensino médio? Identifique algumas

sugestões/propostas que ajudariam a resolver/encaminhar tais problemas”e as

respostas e análises foram:

esse descaso que a própria educação física deu a sua área de conhecimento e por parte de quem, eu digo e o que eu posso dizer dos próprios professores de educação física não todos, mas uma grande parte, por parte do próprio sistema, por parte da falta de pesquisas em cima dessas situações que não leva gente a pensar e refletir sobre essas coisas. Então já vem de longa data uma cultura de que educação física é pra jogar bola, educação física é para preparar o aluno para o campeonato colegial,... educação física qualquer um dá, né... Isso já vem de muito tempo mesmo, porque o descaso é tão grande que você vê antigamente para um aluno começar a praticar um esporte, fazer educação física propriamente dita ele tinha exame médico e exame biométrico, exame biométrico para você acompanhar o desenvolvimento dele, certo? E isso é de muitos anos atrás e até isso foi suprido, não existe mais isso, então eu venho e pergunto para você, eu coloco um menino na quadra pra jogar futebol, por exemplo, que é o que ele mais gosta de fazer e de repente ele tem uma insuficiência cardíaca e esse menino vem a ter um problema complicado e vem a até mesmo a falecer, de quem é a responsabilidade?... os alunos, mas os... os pais dos alunos, os próprios colegas, professores de outras áreas, a própria direção da escola a própria organização do sistema. Entendeu, vê a Educação Física, não como uma aula de conhecimento... e as minhas sugestões seriam justamente essas: eu estou fazendo curso do (CENPEC), to adorando, acho que é por aí o caminho, mas não adianta ficar só entre...o profissional e o palestrante, eu acho que isso deve ser realmente incorporado, né. Nós da profissão, nós temos que mostrar para os professores das outras áreas que nós também somos da área do conhecimento, nós temos a nossa área de conhecimento que por sinal é muito bonita, muito vasta... (Professor 1).

23

No ensino médio eu acho que as maiores dificuldades é a conscientização sobre os benefícios das atividades físicas, quer dizer jogo, qualidade de vida, principalmente aqueles alunos que nunca participaram das aulas de educação física e também acho que deve haver a conscientização dos alunos sobre algumas aulas teóricas e algumas sugestões que eu daria é o aumento do número de aulas, trabalhar com projetos, interação do sujeito com suas experiências e seus interesses, temas instigantes, apoio institucional, utilização da mídia como fonte de discussão, debate, pesquisa, consumo e logística (Professor 2).

Na analise das respostas dos dois professores, podemos verificar que o

“Professor 1” adota uma visão onde a principal responsabilidade do que está ocorrendo

com a Educação Física é do próprio professor de área, e que se deve construir e

fundamentar a Educação Física através de um intercâmbio entre as universidades e os

professores, e essa fundamentação fará com que a área seja mais respeitada pelo

contexto social, onde essa valorização do profissional, não se deterá apenas no âmbito

escolar, mas como ele mesmo menciona ser valorizado por todo o sistema (sociedade e

toda a hierarquia educacional).

Já o “Professor 2” destaca a necessidade de aulas teóricas,

conscientização do aluno a respeito dos benefícios da área do conhecimento de

Educação Física, levantando assim a questão da saúde do adolescente que não gosta de

atividades físicas, o qual poderá se tornar um sedentário futuramente podendo

desenvolver alguma doença com o caráter degenerativo (vascular, diabetes tipo II,

hipertensão, etc).

Com base nas respostas dos dois professores, quanto ao embasamento

teórico, para que isso ocorra é preciso um convívio maior com pesquisadores e suas

pesquisas, trabalhos realizados em âmbito universitário, podemos também afirmar que

estudos realizados por Pereira e Moreira (2005) demonstram a necessidade do professor

ter em mãos conteúdos de caráter teórico, tanto para professores quanto para alunos,

como acontece nas demais áreas de conhecimento, para que esse conteúdo não se perca

com isso há uma necessidade de intercâmbio entre universidade e escola. Outro ponto

fundamenta-se no trabalho realizado por Lorenz e Tibeau (2006) demonstram que,

quando os professores trabalham conteúdos teóricos em lugares abertos os alunos não

reconhecem essa forma didática pedagógica como conhecimento teórico por estarem em

24

locais abertos, e.também nos estudos realizados levanta-se outro problema, o qual é

mencionado no trabalho realizado por Ferreira, Lorenzetto e Darido (2002) sobre a

dificuldade em introduzir conteúdos alternativos dentro do perímetro da quadra poli

esportiva, pois nesse local como os autores mencionam é difícil fazer com que o aluno

desvincule a idéia de educação física sem prática desportiva. Assim podendo relacionar

os autores dos trabalhos, juntamente com a analise dos professores que além de

conteúdos ministrados nas quadras devemos ter conteúdos e locais alternativos, para

que haja o fortalecimento da educação física como área de conhecimento perante os

próprios professores da área de educação física, assim como a valorização perante as

demais matérias que compõem os componentes curriculares. E alicerçando a educação

física para que o aluno passe a dar a educação física a mesma importância dada as

demais matérias, passando a ter uma compreensão diferente sobre a área de

conhecimento que hoje eles (aluno/professor) ainda por vezes encaram “apenas como

uma atividade” descrita por Lorenz e Tibeau (2006). Outro ponto que ambos os

professares enfatizam em suas entrevista.para melhoria da educação física como

componente curricular seria de um possível aumento nas aulas semanais de educação

física, mas ocorrendo como é feito hoje no mesmo horário que as demais aulas, mas

esse aumento nada vale se não houver uma melhoria no conteúdo/qualidade da área de

educação física

A quarta questão foi: “De que maneira a Educação Física pode

contribuir com o processo de formação/educação dos alunos?” e as respostas e análises

foram:

o ensino médio não acontece nada se você não preparar ele para fazer, chegar lá com certa bagagem... então nós temos a primeira, segunda, terceira e quarta séries do ensino fundamental, depois nós temos 5ª, 6ª, 7ª e 8ª do ensino fundamental, 08 anos que a escola deveria, que o aluno deveria chegar ao primeiro colegial pelo menos para ter a continuação. O aluno deveria chegar lá no primeiro colegial pelo menos com...a consciência de que ele é dono do corpo dele, que ele deve preservá-lo e que ele deve fazer do seu corpo uma ...situação saudável, uma situação...para fazer com que ele tenha uma vida melhor lá na frente (Professor 1).

25

A educação física pode contribuir para que o aluno se posicione de maneira saudável, busque novas conquistas, saiba agir de maneira flexível e espontânea, ainda através da educação física para o ensino médio, ela deve contribuir para que o aluno respeite, ajude, desenvolva possibilidades de solidariedade, que ele contribua ainda pelo seu entusiasmo, vigor e autoconfiança além do desenvolvimento físico, intelectual e moral (Professor 2).

Ao analisarmos as duas respostas podemos chegar ao consenso que as

duas se complementam, pois como iremos trabalhar o aluno apenas no ensino médio?

Deve-se ter sim uma grande e profunda mudança no que consiste à Educação Física do

ensino básico, devendo assim haver um crescimento gradual em cada estágio de ensino

poderemos chegar lá na frente com alunos e professores muito mais interessados e com

um aprofundamento cada vez maior na nossa área de conhecimento. Gonçalves Junior,

Ramos e Couto (2003), em seu trabalho esclarecem bem como a abordagem

fenomenológica, pode contribuir para o professor que tem em seu aluno a principal

fonte para o início da aprendizagem, como eles mesmos relatam que a aprendizagem

deve ser de modo constante e seu conteúdo trabalhado de forma espiral, dando ênfase

no que diz respeito à Ciência da Motricidade Humana.

Betti e Zulaine (2002) expressam o desenvolvimento da Educação Física

em seu texto como um processo que se divida em fase e subfases, com objetivos

diferenciados e específicos, respeitando os níveis de desenvolvimento e característica

pertinentes ao interesse dos alunos de cada fase. Com isso o ensino básico divide-se em

duas fases: a primeira fase que seria a do ensino fundamental onde a prática teria o

entendimento e crescimento através de subfases que seriam divididas de acordo com as

necessidades de cada característica dos alunos e das séries com finalidades distintas e

que vai até o último ano do ensino fundamental; a segunda fase aconteceria no ensino

médio dando um caráter de aprofundamento dos conceitos teóricos não deixando de

lado a questão da pratica. Desta forma os professores e alunos teriam a seqüência nos

estudos que tanto nos fazem falta hoje, além de ser cobrado pelos nossos companheiros

de outras áreas e principalmente para nossa construção de identidade comum a todos os

professores de educação física.

26

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como considerações finais deste trabalho, podemos destacar vários

aspectos pertinentes ao profissional da área de Educação Física do ensino médio.

O primeiro item a ser mencionado é quanto à baixa produção acadêmica

na área, já que em função das características da Educação Física no ensino médio

anteriores à vigente LDB (1996), pouco se considerava e estudava a seu respeito. Com

isso, o professor verificou que seria um primeiro passo para a valorização desse

componente curricular, mas ao deparar-se com a nova realidade dos cursos em período

diurno e com as aulas de Educação Física no mesmo horário que os demais

componentes curriculares, ficaram desnorteados e achando que ensino médio era um

segundo ensino fundamental, com a tranqüilidade de que teriam alunos mais velhos e

com autonomia para realizarem as aulas. Porém, tais questões não se apresentaram desta

maneira e, por isso, necessitam ser conscientemente construídas e trabalhadas pelos

profissionais da nossa área.

Outras respostas às nossas indagações sobre como trabalhar com esses

jovens, dizem respeito à bagagem anterior que estes possuem, cabendo ao professor

levá-las em consideração para que possam juntos, construir uma Educação Física de boa

qualidade e que englobe os anseios e expectativas dessa nova fase da educação.

Que a Educação Física como um todo e em especial no ensino médio, de

fato, contribua com a formação de cidadãos criativos, críticos e atentos às mudanças que

nos cercam. Algumas medidas básicas parecem contribuir com isto: o não privilégio

deste ou daquele aluno, do mais habilidoso ou do mais rápido, mas que seja uma

Educação Física não excludente, inclusiva e que os gêneros possam atuar juntos para

essa construção de um novo saber, diminuindo as distâncias existentes.

Diminuição, inclusive, da distância do saber (teórico) e do saber da

experiência feita (prática), como afirma Paulo Freire (1978). Tal menção diz respeito ao

profissional pesquisador que tem uma vasta didática e que continua sempre sua pesquisa

em níveis mais elevados, para o professor de sala de aula que por muitas vezes não sabe

a quem recorrer numa circunstância mais delicada, por achar que seu problema é

insignificante para professores doutores, mas que a meu ver traria grandes avanços.

Como citado anteriormente que o professor deve aprender a ouvir seus

alunos, relacionar seu conteúdo com o cotidiano do aluno, havendo assim um

significado no aprendizado desse aluno, para que esse aprendizado vire experiência de

vida, carregando essa experiência, adequando-a as suas necessidades, então essa base

27

será de uma estrutura tão grande que dará suporte para aprofundamentos no estudo e na

vida para assim chegar à autonomia de continuar estudando e aprendendo,modificando e

aperfeiçoando cada vez mais seus conhecimentos.

Desta maneira temos, com a pesquisa realizada, que a Educação Física

no ensino médio para os professores entrevistados pertencentes à rede estadual de

ensino da cidade de São Carlos/SP é algo que tem muito a oferecer como ressalta a

Resolução CEB nº. 3, de 26 de junho de 1998, estando inserida sem sombra de dúvidas

e organizada na área do conhecimento que diz respeito a linguagens, códigos e suas

tecnologias, objetivando a construção e competências e habilidades, podendo construir

elos fundamentais entre as outras áreas, só que deve haver um maior comprometimento

dos próprios professores da área da Educação Física, a fim de que haja uma constante

troca de aprendizagem professor e aluno, atuando não só com o aluno, mas sim com o

aluno e a sociedade como um todo e as novas culturas, para saberes significativos,

podendo ser feito também grupos de estudos sobre a área da Educação Física escolar, o

que já é tão comum nas universidades e que deveria estender-se para os professores que

estão trabalhando na rede de ensino, tanto pública como privada, para haver uma troca

constante de experiências, pois como comentei com uma professora, em uma dessas

Orientações Técnicas (OTs) que, atua também no estado e que como eu, posso

participar de uma oportunidade, em alguns anos atrás quando os professores da rede

publica estadual de São Carlos e região, coordenados por uma antiga ATP de educação

física, realizamos o trabalho de reestruturação da educação física de 1ª a 4ª series, do

ensino fundamental de nossa região e o resultado foi acima de qualquer expectativa,

pois houve o comprometimento, seriedade, troca de experiências, amor a profissão, o

respeito aos alunos e o mais importante o coleguismo em querer passar para os outros

professores seus resultados positivos, pois cada novo professor que entrava na rede de

ensino de São Carlos, havia o coleguismo e o comprometimento em dar prosseguimento

ao trabalho que vinha sendo desenvolvido, em passar o que e como estava se

trabalhando e incentivando para que continuasse esse trabalho maravilhoso. Sei que não

depende só da boa vontade da ATP e dos professores, pois existe toda uma política atrás

deste sistema, que dificulta a continuidade de projetos como este, mas fica aqui

registrado uma maneira de conseguirmos mudanças consideráveis e rápidas para a área

de educação fica do ensino médio, e talvez porque não de toda a educação básica.

28

BIBLIOGRAFIA

BETTI, Mauro; ZULIANI, Luiz R. Educação física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, vol. 1, n. 1, p. 73-81, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: MEC/SEMT, 1999.

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ANEXO 1

OFÍCIO ENCAMINHADO AOS SUJEITOS DA PESQUISA

Prezado (a) Professor (a)

Venho através deste, mui respeitosamente, solicitar colaboração e autorização

de vossa senhoria para que o Prof. Marcio Roberto Domingos Pereira, regularmente

matriculado no Curso de Especialização em Educação Física Escolar da Universidade

Federal de São Carlos, possa realizar uma entrevista com o (a) senhor (a).

Tal pesquisa diz respeito ao seu Trabalho de Conclusão de Curso, que tem

como tema central a análise da Educação Física no Ensino Médio da cidade de São

Carlos, verificando a sua ocorrência, estruturação, facilidades/dificuldades bem como

eventuais sugestões dos (as) docentes entrevistados (as).

Esclareço que as entrevistas têm a única função de subsidiar e contextualizar a

situação da Educação Física no Ensino Médio no município de São Carlos e, em

hipótese alguma, criticar ou desvalorizar o árduo e difícil trabalho desenvolvido pelo (a)

senhor (a). Ao contrário, buscamos valorizá-lo e respeitá-lo!

Dentro dos princípios éticos e morais que envolvem a seriedade de nossos

trabalhos e o compromisso com uma educação de qualidade, nos comprometemos a

manter o anonimato do (a) senhor (a), da sua unidade escolar e de qualquer outra

pessoa/instituição citada durante a entrevista. Da mesma forma, ao término deste

trabalho, encaminharemos a vossa senhoria uma cópia do relatório final.

Desde já agradeço pela atenção e pela enorme colaboração, me colocando à

inteira disposição para eventuais contatos e esclarecimentos.

Atenciosamente,

Glauco Nunes Souto Ramos Professor Adjunto – DEFMH/UFSCar

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ANEXO 2

ENTREVISTA COM “PROFESSOR 1” 1ª) Eu me chamo “Professor 1, sou professor de Educação Física,

formado pela escola superior de Educação Física de São Carlos, no ano de 1.972, desde então eu comecei a fazer parte do quadro de professores da rede pública de ensino, iniciado em março de 1.973 até hoje. Então veja bem, ah...o que me foi proposto, como eu vejo atualmente a Educação Física no ensino médio? Se eu for expressar a curto prazo o que eu acho eu direi que está profundamente equivocada, profundamente defasada, profundamente fora de propósito...porém a gente não pode deixar de ressaltar o trabalho de muitos profissionais que estão dando certo. Então, não cabe a mim achar culpados ou porquê que isso aconteceu, e sim que é uma somatória de um monte de acontecimentos não só da área de Educação Física, mas de todas as áreas de conhecimento, é...porque de certa forma essa área de conhecimento ela passou a ser vista como área de conhecimento aqui há muito pouco tempo, ta...Até então era considerada como uma atividade, e que tava ali pra tampar buraco e não desmerecendo ou querendo falar ou jogar a culpa, porque a culpa é de todo mundo, do próprio sistema, da própria legislação e da crise do próprio profissional de Educação Física e também é comum, eu não poderia deixar de dizer que outros setores passaram a se apropriar dos conhecimentos da Educação Física, ah... para dar mais ênfase a sua área de conhecimento, como a fisioterapia, como a própria ciências nê...e é muito claro se o Brasil se destaca nas olimpíadas o mérito não é do professor de Educação Física e se ele se dá mal aí sim a deficiência é do professor de Educação Física, é a falta de estímulo nas escolas e tudo mais...Então veja bem, eu como profissional eu fico em conflito, porque eu não tenho a formação atlética desportiva como carro chefe na minha ...nas minhas aulas de educação física. Isso há muito tempo atrás eu já deixei de dar a conotação, eu simplesmente faço ah...meu trabalho baseado em situações, em pesquisas e em orientações que eu recebo de outras pessoas, de outros profissionais nas O.Ts. (orientações técnicas) que eu faço na diretoria de ensino e tento levar aquilo para minha área de trabalho, né... Na minha escola a nível de aluno, então veja bem, se a minha obrigação não é formar atleta, eu me pergunto porquê que nós temos o campeonato...o campeonato colegial, né...Se a minha preocupação é o movimento do corpo humano e é fazer com que o corpo...as pessoas conheçam seu corpo e porque que ele funciona dessa forma, para ele ter uma longevidade melhor com qualidade de vida porque que eu tenho que dar participar de um campeonato de esportes, eu tenho sim que usar o esporte para fazer com que meus alunos atinjam seu objetivo, eu tenho que usar os diferentes esportes para que eles façam os movimentos que eu quero...de uma forma lúdica, porém eu não tenho que especializá-lo em esportes que visam rendimento nem nesse, nem naquele. Então veja bem, aí já achamos um monte de defeitos, um monte de causas não defeito, que poderiam estar, é... contribuindo para o insucesso do aluno no Ensino Médio, e realmente ele é porque ? Se ele não é um bom atleta o que é que ele vai fazer na aula de educação física, ele vai ficar sentado olhando, tem pessoas que não tem o dom para praticar esporte, tá... eu atualmente to tentando fazer no ensino médio o que? Ah... pega-lo pela vaidade, como o gordinho né...pelo espelho, por que? Porque é uma forma que eu encontrei de mostrar para ele que eles são donos de seu perfil, de seus corpos e nada mais certo do que eles cuidarem de seu corpo não para ficarem bonitos, inicialmente para ficarem bonitos, mas posteriormente para ficarem sadios, ta...Então veja bem como eu disse e repito como eu vejo a Educação Física no Ensino Médio, eu vejo uma coisa jogada sem eira nem beira, onde muitos profissionais tentam fazer alguma coisa e não conseguem. Primeiro que eles já vêm com uma cultura lá de trás, um

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tanto quanto defasada e às vezes é muito difícil a gente conseguir...e a gente que é do ramo não é?Como próprio professor que está me entrevistando também é da área, é mais fácil você ensinar uma criança a dar um toque bom de voleibol do que você tirar um defeito dele do voleibol, não é verdade? Então veja bem, no início nós tínhamos...escolas de 1ª a 4ª séries com professores especializados, quando de repente cortaram e nós passamos a dar aula de 5ª e assim para frente. Então para o aluno que deveria ter aula de educação física com o próprio professor da classe, que não é da área, então o que ele fazia ou ela não fazia, ou simplesmente ia lá fora com as crianças e dava uma bola para eles brincarem, aí quando o aluno, a criança sentisse a necessidade de ter uma, um conhecimento mais aprimorado e querer jogar determinado esporte, ele ia aprender aonde? Na rua do jeito que ele achava mais fácil, do jeito que ele achava certo...aí quando ele voltava para a 5ª série, ele voltava com um monte de problemas, um monte de defeitos e que o professor que tinha uma conduta desportiva ele tinha uma dificuldade muito grande para conseguir aquilo que queria, como ele não conseguia, tipo aquele que não tinha o carro chefe como a formação atlético desportiva, ele simplesmente fazia o que? Ele tentava usar o esporte para fazer a criança se movimentar, mas por sua vez a criança não queria se movimentar, por quê? Porque ele queria jogar bola, ele não entendia que ele não era bom de voleibol, porque ele não tem o dom de jogar voleibol , entende? Ele ia porque ele queria jogar voleibol ou futebol ou qualquer esporte, aí mais para frente ele recomeça a pegar os inglês que colocam uma chute..., um apito no pescoço, um tênis no pé e vai trabalhar na escola como voluntário, escola da família, nos clubes ou até mesmo na praça, não é? E começava a fazer treinamento e de certa forma ele não tem formação para fazer aquele treinamento, então o que é que acontece a criança começa a se decepcionar, aí ele chega no ensino médio o que ela vai fazer, ele ta na época de namorar, ele ta na época de de interesses completamente fora daquilo que a escola está propondo para ele.” - Nesse momento ouve uma interrupção, onde alunos entraram na sala dos professores, atrapalhando a entrevista com o professor, ele por sua vez explicou aos alunos que estava dando uma entrevista, os alunos retiram-se e reiniciamos a entrevista.- “È, então né, embora perdi um pouco o fio da meada, más basicamente é isso daí, então eu vejo o Ensino Médio como um grupo de jovens desestimuladas, é...sem vontade nenhuma, principalmente de praticar esporte, porque eles estão naquele máximo de energia, mas direcionados a outros interesses. Então se o professor tiver a sensibilidade de através de algumas situações que ele propõem, ele consegue alguma coisa, como eu estou tentando conseguir, embora isso é muito variado de escola para escola, como eu já disse para você, eu já dei aula uma vez numa escola de Porto Ferreira que os alunos simplesmente do Ensino Médio não queriam absolutamente nada, nada vezes nada. Você queria montar um grupo de dança não conseguia, queria fazer alguma atividade, ele...não conseguia, simplesmente eles queriam ficar sentados no pátio batendo papo. Agora é difícil você chegar numa escola nova, né, você sendo novo lá dentro e querer fazer um aluno de 3º colegial, 2º colegial a participação de pessoas casadas, senhoras...com filhos e querer que eles pratiquem e façam algum movimento, por outro lado eu consegui alguma coisa, por que? Porque eu tinha a sensibilidade de que nós temos que fazer movimento, mas não necessariamente na escola, ou nem na academia, então o que eu propus a eles? Que todo exer...todo movimento é válido desde que seja feito com critério, entendeu? Então não quer fazer nada, mas pense num desprendimento, vai lavar um carro estipula um tempo para lavar aquele carro, não para continua, faça um trabalho contínuo por um tanto de tempo, vai varrer o quintal faça a mesma coisa, vai arrumar a casa mesma coisa, enfim vai para o traba...a escola, procura fazer aquele trecho a pé e tentar ir diminuindo cada vez mais esse tempo, então é isso aí que a gente tenta colocar

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por sua vez em outras regiões você consegue fazer muita coisa, você faz um grupo de teatro, você faz grupo de dança, você faz...eu também já consegui, mas tem certos lugares que você não consegue...e infelizmente isso não é visto pelos nossos colegas, principalmente de outras áreas de uma forma saudável, eles acham que nós estamos comendo aula, né, eles acham que a gente tem que colocar a criança na quadra e exigir tênis, calção, camiseta e fazer jogar bola, praticar esporte, então é dessa forma que eu vejo. Ta legal? Muita coisa ta, ta sendo feito, mas muita coisa precisa ser feito, não adianta você querer fazer lá no ensino médio se você não começar aqui no fundamental, de 1ª a 4ª série. As pessoas têm que pensar, ter o conceito de que a educação física, ela deve conhecer o seu corpo e saber que o seu corpo foi feito dessa forma para se movimentar, ta. E se o movimenta afeta o meio ambiente e é afetado por ele nada mais justo que você plantar coisa boa, para colher coisa boa, certo?

Depois aqui a segunda pergunta, quais são na minha opinião as principais facilidades de trabalhar com a Educação Física no Ensino Médio, de uma certa forma eu já até falei um pouco disso, as facilidades são estas: dependendo da região onde você está, dependendo da direção da escola, da cultura do local onde a escola está inserida, você consegue alguma coisa, do contrário você não vai conseguir absolutamente nada. As dificuldades também são essas, incluindo, né e tudo mais não só hoje esse descaso que a própria educação física deu a sua área de conhecimento e por parte de quem, eu digo e o que eu posso dizer dos próprios professores de educação física não todos, mas uma grande parte, por parte do próprio sistema, por parte da falta de pesquisas em cima dessas situações que não leva gente a pensar e refletir sobre essas coisas. Então já vem de longa data uma cultura de que educação física é pra jogar bola, educação física é para preparar o aluno para o campeonato colegial, educação física é para comer aula, educação física qualquer um dá, né... Isso já vem de muito tempo mesmo, porque o descaso é tão grande que você vê antigamente para um aluno começar a praticar um esporte, fazer educação física propriamente dita ele tinha exame médico e exame biométrico, exame biométrico para você acompanhar o desenvolvimento dele, certo? E isso é de muitos anos atrás e até isso foi suprido, não existe mais isso, então eu venho e pergunto para você, eu coloco um menino na quadra pra jogar futebol, por exemplo, que é o que ele mais gosta de fazer e de repente ele tem uma insuficiência cardíaca e esse menino vem a ter um problema complicado e vem a até mesmo a falecer, de quem é a responsabilidade? Tá, essa é uma outra dificuldade que a gente corre, então devido a tudo isso, essa cultura...A principal dificuldade que eu acho é isso, as pessoas já vêm de longa data com essa cultura não só os alunos, mas os... os pais dos alunos, os próprios colegas, professores de outras áreas, a própria direção da escola a própria organização do sistema. Entendeu, vê a Educação Física, não como uma aula de conhecimento, então, essa cultura tem que ser quebrada. Agora eu to tentando e conheço muitas pessoas que estão tentando fazer também. Realmente ta muito difícil de mudar, entende.

Então o principal é dificuldade de dar aula no ensino médio, é isso, eles trazem toda essa...esse descaso lá de trás e quando chega no Ensino Médio o interesse deles é sexo, o interesse deles é show de roque, é show, é... é ... o interesse deles é consumo, ir no shoping, comprar, gastar, marcas, ir no show do...do...H2 lá, como é não sei nem como é o nome dos grupos de roque de agora, então... se você com toda sua experiência, conseguir alguma coisa através, da... da sua vaidade... ótimo...aqui eu consegui alguma coisa...fiz exame biométrico deles, né. Fiz com que eles calculassem sua massa corpórea, ah! Como eles já têm uma idade que você já pode tirar a pressão sangüínea, né, cardiovascular , eu comecei e tirei a pressão deles todos e comecei a mostrar para eles que...a eu usei também uma menina de 8ª série que tem problemas de diabetes, né, e o problema de diabetes é pelo excesso de gordura, mesmo na família, não

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tem nenhum caso de diabetes e ela está com problemas de diabetes, excesso de gordura e deve ter tido algum outro problema, mas eu aproveitei isso e tentei mostrar pra eles esse lado, alguns” o pêra lá” , né, agora outros não. Muitos simplesmente continuam simplesmente neste descaso, nessa, nessa apatia e não quer nada com nada. Vamos fazer isso, ah ah ah a professor, vamos fazer aquilo, ah ah ah a professor, agora seria o cúmulo, né, um professor chamar a atenção de um aluno de colegial para prestar atenção no seu próprio corpo... né.

Seria o cúmulo você fazer eles entenderem que se ele continuar comendo salgadinho, continuar tomando refrigerante, se ele continuar comendo lanche nessas lanchonetes em excesso, ele vai ter uma...uma sobre vida lá na frente péssima, então é isso aí, essa eu acho que é a maior dificuldade e as minhas sugestões seriam justamente essas: eu estou fazendo curso do CENPEC (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação e Cultura), to adorando, acho que é por aí o caminho, mas não adianta ficar só entre...o profissional e o palestrante, eu acho que isso deve ser realmente incorporado, né. Nós da profissão, nós temos que mostrar para os professores das outras áreas que nós também somos da área do conhecimento, nós temos a nossa área de conhecimento que por sinal é muito bonita, muito vasta, que ta sendo apropriada por outras áreas e a minha sugestão é esta, que passe a ...ver aquele profissional, que realmente está preocupado com a situação e estimulá-lo, incentivá-lo e não podá-lo, porque é comum isso, né. Quando você num grupo de professores que tem um que se destaca, aquele é CDF, aquele vai ganhar um busto na praça, né, e você é professor e sabe bem disto, certo? E a minha proposta é esta, certo? Que a gente lute mais, mais, mais, mais, mais, mais, mais ainda para que a nossa área de conhecimento seja respeitada pelos nossos colegas, pelo sistema, pela nossa sociedade e que a gente possa realmente desvincular esta... cultura, educação física é para aprender jogar bola. Aí o próprio sistema fala assim: não você não tem que ensinar ele jogar, mas faz um campeonato, as olimpíadas estudantis, onde você é obrigado a participar dos jogos, ta. Eu acho que existe ...se é para socializar, eu acho que existe outras maneiras muito mais práticas, muito mais saudáveis de você socializar, porque se você avaliar o jogo como está sendo ... está acontecendo, às vezes eu fico até constrangido de ver que eu já vi profissionais da área de educação física instigando seus alunos a subjugar o adversário, porque ela na visão dela viu que há outra...aquela equipe que estava jogando era à única a fazer frente para ela, então ela estava criando uma situação de constrangimento para esses alunos para poder, assim, talvez ganhar o jogo, então isso não é socializar, então uma das sugestões que seja essas que volte as três aulas por semana para nós e corte essa porcaria de turma de treinamento, pode ter a turma de treinamento, mas não obrigando a gente a participar de um campeonato falido...porque se você tiver a tal da inscrição o primeiro semestre não teve o infantil porque não veio a verba, então é um campeonato falido, um campeonato que não leva ninguém a lugar nenhum e todos aqueles que participam nunca chegaram num destaque em outras... escalas. Em outras circunstâncias como profissional, antigamente eu até ficaria quieto porque não existia tantas escolinhas de esporte como tem hoje, mas hoje você quer jogar voleibol tem um monte de escolinhas de voleibol, do Renan, do Montanaro e de não sei quem mais e assim por aí afora... de futebol então nem se diga, além dos clubes tem as escolinhas...dos antigos jogadores de futebol, handebol, todo lugar, todo lugar não digo, mas p. ex. Descalvado é uma cidade que tem um professor que adora handebol, ele trabalha na prefeitura e tem um time de handebol que é excelente, então ele pega os alunos das escolas de tudo quanto é lugar e faz o treinamento dele, então ele faz especializando só dentro daquilo, então nós precisamos desse campeonato colegial, eu abriria mão dessas aulas se voltassem às três aulas por semana, essa é outra sugestão voltar a nossa aula de três por semana.

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E de que maneira a Educação Física no ensino médio pode contribuir com o processo de formação/educação dos alunos! Eu acho que já disse tudo, não é o ensino médio, o ensino médio não acontece nada se você não preparar ele para fazer, chegar lá com certa bagagem... então nós temos a primeira, segunda, terceira e quarta séries do ensino fundamental, depois nós temos 5ª, 6ª, 7ª e 8ª do ensino fundamental, 08 anos que a escola deveria, que o aluno deveria chegar ao primeiro colegial pelo menos para ter a continuação. O aluno deveria chegar lá no primeiro colegial pelo menos com...a consciência de que ele é dono do corpo dele, que ele deve preservá-lo e que ele deve fazer do seu corpo uma ...situação saudável, uma situação...para fazer com que ele tenha uma vida melhor lá na frente. Eu acho que falei tudo, se esqueci alguma coisa me perdoe, se você quiser continuar conversando, falando até mesmo fora dessa situação estou a seu inteiro dispor, se você precisar de mais alguma coisa estou a seu inteiro dispor, não só nesta tarefa de conclusão de trabalho, mas como profissional que você é, tentar mudar essa coisa...embora eu estou perto da minha aposentadoria, mas eu ainda vou tentar mais um ano, um ano e meio até dois se for o caso.

Por verificar alguns trechos senti-me na obrigação de perguntar o que ele achava da educação física no mesmo horário das demais matérias e ele respondeu:” Olha, isso daí foi a melhor coisa que aconteceu para a educação física, embora é visto pela maioria como um estorvo, inclusive eu participei de uma reunião há uns quatro anos atrás de um planejamento de começo de ano, onde um professor de história se encheu de autoridade e propôs que as aulas de educação física voltassem para o período contrário, para abrir espaço para voltar para as três aulas dele, ele não tava nem aí...com a área de educação física, ele simplesmente estava querendo obter é isso daí, então veja bem não pode mudar para o período contrario, primeiramente que aí vai começar aquela palhaçada novamente, não é classe de educação física e sim turma de educação física, então você tem que colocar cinqüenta alunos cada classe e vai diminuir mais ainda o número de aulas, mas não vamos nos preocupar com o número de aulas e sim nos preocupar com a qualidade da aula, certo, aí entra um outro porém e os alunos da fazenda, da zona rural, eles vão vir no período da manhã para estudar? Voltar para casa, tomar banho, voltar de tarde para ter mais aulas como é que nós vamos fazer? Mas isso não me diz respeito, certo? Eu só acho que a educação física fora do período da aula é um desastre total, aí sim vão ferrar definitivamente a educação física...nós temos que lutar para que isso não aconteça, certo...e não deixar outras áreas usufruir dessa situação, porque você sabe que é tudo conchavo, eles jogam uma coisa, mas não querendo moralizar ou endireitar nada não, eles querem melhorar os seus problemas...acho que deve continuar no mesmo período...eu sou da época que além de ser no período contrário, o professor dava aula pra aluno e a professora dava aula para aluna, e com essa união melhorou, melhorou para aqueles que tem bom senso, todos profissionais que tem bom senso, você pode muito bem dividir em duas aulas por semana, você pode ou fazer meia aula para um, meia aula para outro, uma na quadra e a outra uma atividade em outro lugar. A escola que tem duas quadras você pode trabalhar muito bem e outra coisa essa não é o mais importante, nós temos que fazer nossos alunos se movimentar não necessariamente dentro de uma quadra, nem necessariamente praticando esporte, a gente pode fazer o movimento que a gente quiser, adquirir o conhecimento que a gente quiser, até mesmo numa queimada...eu consigo tudo o que eu quero numa queimada, o trabalho em grupo, o trabalho em equipe, espaço temporal, agilidade, flexibilidade, reflexo, tudo dentro da própria queimada, só que eu vou adaptando, eu vou modificando, aumentando a atenção, tem vez que eu faço a queimada com duas bolas, é um “fusue” danado, então é isso aí...deve continuar no mesmo período, se alguém quiser mudar não é para melhorar nada e sim para melhorar para ele

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indiretamente e que nós profissionais de educação física temos que fazer tudo para que isso não aconteça, esse é o meu ponto de vista e falo com conhecimento. Eu não acho, eu estou falando isso não é por que eu acho que é assim, estou falando na minha teoria de trinta e três anos de trabalho.

Já peguei todos os tipos de aula, aula no mesmo período, aula no período contrário, aula no masculino, aula feminina, quer dizer afirmo dentro desse conhecimento e que esse conhecimento é até mesmo louvável, porque olha...trinta e três anos de trabalho não é para qualquer um que estaria aqui e dando aula...quer dizer desses trinta e três anos para dizer a verdade eu fiquei afastado da sala de aula cinco anos como professor coordenador, eu jamais deixei minha área de lado, eu continuei estudando, eu continuei aplicando, eu continuei lutando para ficar pronto, porque eu quero me realizar como profissional e é isso aí, você sabe que a gente está num barco e eu sou professor por idealismo, porque o meu salário se eu ficar fora do magistério eu ganho muito mais, eu entendo de eletrônica, eletricidade, pneumática, marcenaria, refrigeração, meu cunhado tem um sítio onde cria porco e eu fiz toda parte de automação, tenho uma locadora de vídeo...muito grande por sinal, então se eu fosse pensar em dar aula para ganhar dinheiro, eu estava acabado e é isso aí, sou professor por idealismo mesmo.

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ANEXO 3

ENTREVISTA COM “PROFESSOR 2” 1ª ) Como você vê, atualmente, a Educação Física no ensino médio? No Ensino Médio nos esperamos que o aluno conheça suas

competências, participe de atividades corporais, compreenda o funcionamento do organismo humano, posicione-se de maneira critica e responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, desenvolva noções conceituais de força e intensidade e freqüência, espero ainda o aluno reflita sobre informações especificas da cultura corporal, assuma uma postura ativa nas práticas da atividade física e consciente da vida dela como cidadã. Ainda vejo que o aluno do ensino médio que ele deva compreender o funcionamento do organismo humano, saiba assumir uma postura ativa na pratica das atividades físicas e é preciso ainda que ele demonstre autonomia na elaboração de atividades corporais como à capacidade de discutir e modificar regras.

2ª ) Quais são, na sua opinião as principais facilidades de se trabalhar a

Educação Física no ensino médio? O aluno do ensino médio ele já tem um relacionamento social mais

intenso, já está mais motivado para o desenvolvimento físico e seu interesse pelas atividades físicas já é bem maior, e ele é mais solidário, ele sabe agir com mais responsabilidade, vontade, disciplina, ordem, derrotas, alegria, entusiasmo, vigor e auto confiança. Na minha opinião é mais fácil trabalhar com ensino médio, eu gosto muito de trabalhar com ensino médio, mas nós temos que ter muita flexibilidade com as crianças.

3ª ) Quais são, na sua opinião, as principais dificuldades de se trabalhar a

Educação Física no ensino médio? Identifique algumas sugestões/propostas que ajudariam a resolver/encaminhar tais problemas.

No ensino médio eu acho que as maiores dificuldades é a conscientização sobre os benefícios das atividades físicas, quer dizer jogo, qualidade de vida, principalmente aqueles alunos que nunca participaram das aulas de educação física e também acho que deve haver a conscientização dos alunos sobre algumas aulas teóricas e algumas sugestões que eu daria é o aumento do número de aulas, trabalhar com projetos, interação do sujeito com suas experiências e seus interesses, temas instigantes, apoio institucional, utilização da mídia como fonte de discussão, debate, pesquisa, consumo e logística.

4ª ) De que maneira a Educação Física pode contribuir com o processo de

formação/educação dos alunos? A educação física pode contribuir para que o aluno se posicione de

maneira saudável, busque novas conquistas, saiba agir de maneira flexível e espontânea, ainda através da educação física para o ensino médio, ela deve contribuir para que o aluno respeite, ajude, desenvolva possibilidades de solidariedade, que ele contribua ainda pelo seu entusiasmo, vigor e autoconfiança além do desenvolvimento físico, intelectual e moral.