a edificação orgânica das igrejas

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A Edificação Orgânica da Igreja Como Corpo de Cristo Para ser o Organismo do Deus Triúno Processado e Dispensador Witness Lee CONTEÚDO 1. A essência intrínseca da igreja para sua existência orgânica 2. O crescimento intrínseco da igreja para seu aumento orgânico 3. A edificação intrínseca da igreja para sua função orgânica 4. A comunhão intrínseca das igrejas para sua relação orgânica 5. O fator intrínseco dos ventos de doutrina com seu propósito PREFÁCIO Este pequeno livro é composto de mensagens dadas pelo irmão Witness Lee durante o fim de semana de 23 a 25 de novembro de 1990 em Anaheim, Califórnia.

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Page 1: A Edificação Orgânica Das Igrejas

A Edificação Orgânica da Igreja Como Corpo de Cristo

Para ser o Organismo do Deus Triúno Processado e Dispensador

Witness Lee

CONTEÚDO

1. A essência intrínseca da igreja para sua existência orgânica 2. O crescimento intrínseco da igreja para seu aumento orgânico 3. A edificação intrínseca da igreja para sua função orgânica 4. A comunhão intrínseca das igrejas para sua relação orgânica 5. O fator intrínseco dos ventos de doutrina com seu propósito

PREFÁCIO

Este pequeno livro é composto de mensagens dadas pelo irmão Witness Lee durante o fim de semana de 23 a 25 de novembro de 1990 em

Anaheim, Califórnia.

Page 2: A Edificação Orgânica Das Igrejas

A Edificação Orgânica da Igreja 2

CAPÍTULO 1

A ESSÊNCIA INTRÍNSECA DA IGREJA PARA SUA EXISTÊNCIA ORGÂNICA

Leit. Bíblica.: 1 Jo 1:2; 5:1; Jo 3:3, 5-6; 1:12-13; 3:29-30; Gn 2:21-23; Jo 12:24; 1 Pd. 1:3; Rm 8: 29; Hb 2:11-12; Jo 15:1, 5, 16, 8; Ef 1:22-23; Rm 12:5; 1 Co 10:32; 12:28; Ef 3:19b; Ap. 1:4a, 11

ESBOÇO

I. A essência intrínseca da igreja: A. A vida divina, a qual produz a igreja—1 Jo 1:2; 5:1:

1. Por meio da regeneração do Espírito no espírito dos crentes—Jo 3:3, 5-6. 2. Fazendo dos filhos de Deus como a noiva de Cristo, que é o Noivo, para Seu

aumento, como foi tipificada por Eva como o complemento de Adão—Jo 1:12-13; 3:29-30; Gn 2:21-23.

B. Mediante a liberação da vida divina por Cristo, quem como o único grão de trigo caiu na terra e morreu ali para Sua multiplicação—Jo 12:24.

C. Mediante a dispensação da vida divina por Cristo como o Filho primogênito de Deus em Sua ressurreição a fim de que Deus tenha muitos filhos como os muitos irmãos de Cristo—1 Pd. 1:3; Rm 8:29; Hb 2:11-12.

D. Os muitos irmãos de Cristo são Seus muitos ramos enxertados Nele, que é a videira verdadeira do universo, a fim de dar muito fruto para Seu aumento em Sua propagação, para expressar o Deus Triúno como Seu organismo—Jo 15:1, 5, 16, 8.

E. Este organismo do Deus Triúno é o Corpo orgânico de Cristo, constituido de Seus muitos irmãos como os muitos membros de Seu Corpo orgânico—Ef 1:22-23; Rm 12:5.

II. A existência orgânica da igreja: A. Existe no universo como a única igreja universal de Deus para Sua expressão

universal, a plenitude de Deus—1 Co 10:32; 12:28; Ef 3:19b. B. Estende-se em muitas localidades sobre a terra como as muitas igrejas locais para

serem Suas expressões locais—Ap. 1:4a, 11.

A ESSÊNCIA INTRÍNSECA DA IGREJA PARA SUA EXISTÊNCIA ORGÂNICA

Oração: Senhor, quanto te agradecemos por esta conferência de fim de semana de Ação de Graças. Que esta conferência seja uma verdadeira ação de graças de nós a Ti. Senhor, cubra-nos com Teu sangue precioso. Como necessitamos de Teu sangue e de Tua unção, e como necessitamos da unção rica com todas as inescrutáveis riquezas do Deus Triúno. Senhor te agradecemos pelo passado. Graças pelo presente. Ainda te damos graças pelos dias vindouros. Senhor, esteja conosco. Necessitamos de Tua presença. Senhor, unge toda a reunião. Unge a cada assistente. Senhor, abre os céus e dá-nos um céu claro para que tenhamos uma visão clara sob Teu oráculo. Tira todos os véus, tira todas as nuvens e dá-nos Tua própria revelação. Queremos ver algo. Não somente queremos ouvir, mais também queremos ver. Senhor Jesus, te amamos, e queremos vê-lo nesta reunião. Queremos ser tocados por Ti. Senhor, toca-nos. Toca a cada um de nós e dá-nos a palavra específica que necessitamos. Senhor, novamente te damos graças por ser tão soberano. Tu estás no trono. Te adoramos e te damos toda a glória, no entanto, recordamos Teu inimigo. Senhor, estamos lutando contra ele. Estamos sempre na batalha. Senhor, lute a batalha por nós. Ponha-o de lado e envergonha-o. Que toda a glória seja para Ti. Senhor, que todas as bençãos possam ser outorgadas a nós. Graças pela igreja. Graças por Teu oráculo hoje.

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Fale em nosso falar. Senhor, temos plena segurança de que és um conosco, um Espírito conosco, e cremos que nós somos um espírito contigo. Graças por esta unidade. Oramos em Teu poderoso nome. Amém.

Meu encargo nestas mensagens tem haver com cinco coisas intrínsecas. Quatro tem haver com a igreja, e uma com os ventos de doutrina. As primeiras quatro coisas intrínsecas da igreja são: a essência intrínseca da igreja para sua existência orgânica; o crescimento intrínseco da igreja para seu aumento orgânico; a edificação intrínseca da igreja para sua função orgânica; e a comunhão intrínseca das igrejas para sua relação orgânica. A essência intrínseca, o crescimento intrínseco, a edificação intrínseca e a comunhão intrínseca são coisas muito positivas. O último fator intrínseco, os ventos de doutrina com seu propósito maligno, é um assunto negativo.

A ESSÊNCIA INTRÍNSECA DA IGREJA

Quando falamos da essência de alguna coisa, nos referimos a sua parte intrínseca. Com respeito à igreja, o fator positivo mais importante é sua essência intrínseca. No cristianismo muitos tem feito da igreja algo externo. Quando falam da igreja, eles estão dando a entender um edifício físico. Se falarem de ir à igreja, eles estão se referindo ir a uma capela, ou a uma catedral ou a algum tipo de santuário. Estas são coisas materiais construídas com ladrilhos, pedras, tijolo e madeira. Que erro grande! Ainda que alguns tenham melhorado de alguma maneira seu conceito, todavia colocam muita atenção aos aspectos externos da igreja, como por exemplo, sua organização. Hoje em dia muitos cristãos estão experimentando muitos conflitos uns com outros, porque se limitam no nível dos fatores externos em vez de centrar-se na essência intrínseca da igreja. Em lugar de serem um para lutarem contra o inimigo de Deus, muitos cristãos estão divididos e inclusive lutam uns com outros. Isto é similar a luta que há entre as nações do mundo. A ONU foi formada com a intenção de unir as nações, mas durante anos, somente tem havido divisão e conflitos entre eles.

Nós necessitamos ver que a igreja é somente uma. É a única igreja do único Deus. Esta igreja é o único Corpo de Cristo, e Cristo é a Cabeça deste Corpo. Em João 17 o Senhor orou a fim de que pudéssemos ser um (Jo 17:11, 21-23), mas se consideramos a história do cristianismo durante os últimos 19 séculos, encontraremos que os cristãos estão lutando uns com outros. O estranho é que se nós, os cristãos, nunca nos tivéssimos juntado, não estaríamos lutando. Se não houvesse matrimônio, não haveria divórcio. Cada divórcio tem seu princípio em um matrimônio doce.

Tenho sido cristão por sessenta e quatro anos. Desde o momento em que comecei a reunir-me com outros cristãos, sou testemunha de muitos conflitos. Quanto mais próximo estamos um do outro, mais tendência temos a lutar. Aqueles que se amam podem chegar a ser inimigos; o ódio pode substituir o amor, o zelo e a simpatia. Esta é a situação de hoje em dia no cristianismo. Que vergonha! Por que tem havido na terra tantas contendas entre os cristãos durante os séculos? Isto é devido a que os cristãos têm abandonado a essência intrínseca da igreja e tem fixado a atenção no externo.

Há quatro assuntos intrínsecos da igreja. O primeiro é a essência intrínseca da igreja. Logo, o crescimento da igreja, é também intrínseco. Se uma árvore cresce, cresce em sua parte intrínseca. Depois do crescimento vem a edificação da igreja. Por último, o quarto elemento intrínseco da igreja é sua comunhão. A essência, o crescimento, a edificação e a comunhão são assuntos intrínsecos. Se todos os cristãos permanecem nestes quatro assuntos intrínsecos, não teremos problemas. Sempre que nos afastamos das coisas intrínsecas e vamos fazer algo que podemos tocar e ver externamente, estamos indo em direção ao “divórcio”. Isto acontece porque todas as coisas físicas e externas são fatores que dividem.

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Se aprendermos a lição e recebermos a graça do Senhor, diremos: “Senhor, me salva! Resgata-me para que eu me volte do externo ao intrínseco”. Então imediatamente seremos um. Esta é a razão pela qual tenho tanto encargo de ter comunhão sobre estas quatro coisas cruciais: a essência intrínseca, o crescimento intrínseco, a edificação intrínseca e a comunhão intrínseca.

A vida divina, a qual produz a igreja

A vida divina, a vida de Deus, a vida eterna, a vida incriada, a vida indestrutível, é a essência da igreja, e esta vida divina produziu a igreja (1 Jo 1:2; 5:1). Entretanto, não podemos ver esta vida divina, tal como não podemos ver a armação de aço deste lugar de reunião. Isto é porque a armação de aço está coberta de pedras e madeira, no entanto a armação de aço é a essência mesma da estrutura deste edifício.

A essência da igreja é a vida divina, e a vida divina é Cristo como incorporação do Deus Triúno processado (Jo 14:6; Cl 2:9). Deus somente era Deus na eternidade passada, mais um dia o Deus completo, na segunda pessoa de Sua Trindade divina, se encarnou. A encarnação é um processo maravilhoso pelo qual Deus entrou no homem. O Deus Triúno entrou no ventre de uma virgem humana e esteve ali por nove meses. Foi por meio deste processo maravilhoso que Ele se fez homem. Deus com Sua Trindade divina foi incorporado em um homem. Esse homem, cujo nome foi Jesus de Nazaré, era um homem verdadeiro, genuíno e perfeito, no entanto, Sua essência intrínseca era Deus. Ele é tanto Deus como homem, o Deus-homem. Este homem maravilhoso viveu na terra por trinta e três anos e meio. Ele viveu na casa de um carpinteiro, Ele mesmo era um carpinteiro (Mt 13:55; Mc 6:3). Quão maravilhoso é que o Deus Triúno neste homem cortava madeira e fazia trabalho de carpintaria! Este foi Seu viver humano por trinta anos.

Quando Ele fez trinta anos, saiu a ministrar. Em Seu ministério, Ele teve que tratar com pessoas “problemáticas”, tais como Pedro e como os “filhos do trovão”, Tiago e João (Mc 3:17). Eu não sei por que o Senhor Jesus não escolheu discípulos que fossem sábios, ricos e educados. Em vez disso, alguns dos que Ele escolheu eram pescadores da Galiléa. Eles eram peculiares e rudes, como por exemplo, Pedro. O Senhor ainda escolheu a Judas Iscariotes, quem chegou a ser o que traiu. Depois que o Senhor foi traído, Ele foi preso, mais em realidade Ele entrou na morte voluntariamente (Jo 10:17-18). Ele carregou a cruz, e foi à cruz para morrer de uma maneira todo-inclusiva, a fim de resolver todos nossos problemas e todos os problemas de Deus. Ele ressuscitou e logo ascendeu a outra esfera, o terceiro céu, onde está até o dia de hoje (Ef 4:10; Hb 4:14; 1:3; cf. 2 Co 12:2).

Deus passou por todo este processo para chegar a ser quem leva a cabo o dispensar. Esta é a razão pela qual dizemos que a igreja é o organismo do Deus Triúno processado que dispensa. O mesmo Deus a quem adoramos é um Deus processado. Ele foi processado a fim de ser uma Pessoa que se dispensa. Nosso Deus é agora o Deus Triúno processado para ser o Deus que se dispensa. Hoje em dia Ele não necessita passar por nenhum outro processo. O que Ele está fazendo hoje é dispensar-se a Si mesmo no homem. Não devemos esquecer que se Deus não tivesse sido processado, não teria base para dispensar-se a Si mesmo em nós. O objetivo pelo qual Ele passara através do processo, foi para que Ele viesse ser um Deus que se dispensa.

Posto que Ele seja o Deus que se dispensa, Ele pode regenerar-nos, e esta vida que regenera é a vida divina. O termo “vida divina” é simples, mais o que implica este termo não é tão simples. A vida divina é o Deus que se dispensa que é a mesma essência da igreja. Todos nós podemos testificar que quando fomos salvos, nos alegrávamos sempre que conhecíamos outras pessoas que eram salvas. Muitas vezes chegamos a ter uma relação mais íntima uns com outros, que com nossos próprios irmãos e irmãs na carne. Nós, os cristãos, nos amamos uns aos outros porque

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temos a mesma essência. Não importa se somos americanos, europeus, chineses, japoneses, coreanos, brancos, negros, amarelos, mulatos ou vermelhos. Desde que sejamos verdadeiros cristãos, temos dentro de nós uma essência que ama. Quando nos afastamos desta essência intrínseca e tocamos outras coisas, começamos a lutar uns com outros. É possível que depois de estar juntos por um tempo, surjam problemas sobre coisas externas. Para resolver os problemas entre os cristãos, temos que ver as coisas intrínsecas da igreja: primeiro, a essência intrínseca; segundo, o crescimento intrínseco; terceiro, a edificação intrínseca e quarto, a comunhão intrínseca. Somos salvaguardados ao permanecer nestas quatro coisas intrínsecas.

A essência intrínseca da igreja é a vida divina que o Deus Triúno processado tem dispensado, e que agora está dispensando dentro de nós. A vida divina nos gera pela regeneração do Espírito em nosso espírito. O Espírito divino se gera no espírito humano (Jo 3:3, 5-6) Quão maravilhoso é que estes dois espíritos estejam mesclados como um (1 Co 6:17)! João 3 não usa o termo “Espírito Santo”. Somente diz “o Espírito”. O Espírito está mesclado com nosso espírito como um só espírito. O Espírito chega a ser um com o homem e este homem regenerado vem a ser um com Deus. Não é isto maravilhoso? Dentro de nós há uma parte que está mesclada com Deus. Deus é tão elevado, no entanto Ele se fez um conosco. Eu me sinto honrado de ser um com Deus e de que Deus é um comigo. Isto é o que significa a regeneração. Espero que todos os novos crentes possam ter este entendimento elevado com respeito à regeneração. No momento em que somos salvos nos mesclamos com Deus.

Quando somos regenerados, somos feitos filhos de Deus como a noiva de Cristo, que é o Noivo, para Seu aumento, o qual está tipificado por Eva, que era o complemento de Adão (Jo 1:12-13; 3:29-30; Gn 2:21-23). A regeneração faz que os crentes sejam filhos de Deus. Pelo fato de que somos filhos de Deus podemos dizer que nosso sobrenome é “Deus”. Todos sabem que nosso sobrenome é o nome de nossa família, e todos nós somos da família de Deus. Esta é a razão pela qual nos dirigimos uns aos outros como irmãos e irmãs. Pertencemos a um Pai e temos um só sobrenome.

Individualmente somos filhos de Deus, mais corporativamente somos uma entidade, a saber, a noiva de Cristo. Na primeira parte de João 3, o Senhor Jesus fala com respeito a regeneração. Mais adiante no mesmo capítulo, João Batista se referiu a totalidade dos regenerados como a única noiva de Cristo (Jo 3:29-30). Parece que João estava dizendo: “Eu não sou o Cristo. Eu não sou aquele que vem para tomar a noiva. Mais, Ele é, e vocês que tem sido regenerado, são a noiva para Ele. Aquele que toma a noiva é o Noivo e este Noivo tem que crescer, enquanto que eu, que não sou o Noivo, tenho que ser reduzido a nada”. Finalmente, João Batista foi reduzido a nada, a tal ponto que morreu decapitado. Quando o Senhor Jesus foi morto, Ele não permaneceu na morte; Ele ressuscitou. Em Sua ressurreição, Ele conduziu a muitos salvos com Ele e os gerou para que fossem parte Dele. Quando todas estas partes se juntam, chegam a ser uma noiva para ser Seu complemento.

A igreja é a noiva de Cristo, e segundo a tipologia, esta noiva é tipificada por Eva, quem foi o complemento de Adão. Eva primeiro foi uma parte de Adão. Enquanto Adão dormia, Deus abriu seu lado e tirou uma costela. Logo Deus edificou dessa costela uma mulher com o nome de Eva, e a apresentou a Adão para que fosse seu complemento (Gn 2:21-23). Antes disso, Adão havia dado nome a todos os animais, mais não havia encontrado seu complemento. Quando ele viu a Eva, disse: “Isto é agora osso dos meus ossos e carne de minha carne” (Gn 2:23). Eva é um quadro da igreja. A igreja procedeu de Cristo como parte de Cristo. A essência intrínseca da igreja é o Cristo encarnado, crucificado e ressuscitado. Ele é a essência da igreja porque a igreja é parte Sua. A igreja não somente é composta daqueles que tem nascido de Deus, mais a igreja é também a noiva, o complemento de Cristo, parte de Cristo como Seu aumento.

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Antes de Eva existir ela era uma costela de Adão, era parte de Adão. De acordo com esta revelação, podemos dizer que antes da igreja existir, ela era parte de Cristo. Talvez pensemos que isto é muito profundo e está além de nossa compreensão, porém, inclusive nosso corpo físico, criado por Deus, é uma maravilha que nós não podemos compreender. Não devemos confiar em nossa mera compreensão mental das coisas. Necessitamos de uma revelação dos feitos divinos. O fato é que a igreja era parte de Cristo, antes de ela existir. Esta é a razão pela qual cada crente é um membro do Corpo de Cristo. Da mesma maneira que os membros de nosso corpo físico são parte de nós, os membros de Cristo são parte de Cristo. A vida divina, que é Cristo, encarnado, crucificado e ressuscitado, é a essência da igreja.

Mediante a liberação da vida divina por Cristo, quem como o único grão de trigo caiu na terra e morreu para Sua multiplicação

Cristo é a essência da igreja mediante a liberação da vida divina. Esta vida divina tinha que ser liberada de Seu ser divino. Se a vida divina somente tivesse permanecido em Seu ser divino, oculta em Seu corpo humano, nunca poderia ser nossa vida. Para que esta vida pudesse ser sua e minha, a vida teve que ser liberada. A vida divina foi liberada por Cristo como o grão de trigo que caiu na terra e morreu para Sua multiplicação (Jo 12:24). A vida de um grão de trigo está confinada dentro da casca do grão. Quando o grão cai na terra e morre, a casca se rompe e a vida interna do grão se libera. Cristo passou por tal morte. Ele foi como um grão de trigo que caiu na terra morreu, para poder ser liberado. Com Sua morte, a vida divina foi liberada, e passou de um grão a muitos grãos.

Mediante a dispensação da vida divina por Cristo como o Filho primogênito de Deus em Sua ressurreição a fim de que Deus tenha muitos filhos como os muitos irmãos de Cristo

Fomos feitos os filhos de Deus como noiva de Cristo mediante a dispensação da vida divina por Cristo, como o Filho primogênito de Deus em Sua ressurreição, a fim de que Deus possa ter muitos filhos que são os muitos irmãos de Cristo (1 Pd 1:3; Rm. 8:29; Hb 2:11-12). A liberação da vida divina é uma coisa, mais dispensar a vida divina é outra. A vida divina foi liberada da casca humana de Cristo. Agora esta vida divina que tem sido liberada, tem sido dispensada em nós, os que cremos em Cristo. Isto foi levado a cabo no momento em que Cristo ressuscitou. Sua ressurreição nos incluiu (Ef 2:6). Todos fomos ressuscitados Nele, com Ele, e por meio Dele. Antes de nascer já havíamos sido ressuscitados, faz aproximadamente dois mil anos (1 Pd 1:3). A igreja é algo que nasceu ressuscitada. Antes da ressurreição Deus somente tinha um Filho, Seu Filho unigênito (Jo 1:18; 3:16). Em Sua ressurreição, o Senhor Jesus chegou a ser o Filho Primogênito com muitos irmãos. Agora Ele é nosso Irmão mais velho e nós somos os muitos filhos de Deus. A vida divina dispensada em nós no momento da ressurreição de Cristo é a essência intrínseca da igreja, o Corpo orgânico de Cristo.

Os muitos irmãos de Cristo são Seus muitos ramos enxertados, na videira verdadeira do universo, a fim de dar muito fruto para Seu aumento em Sua propagação, para expressar o

Deus Triúno como Seu organismo

Os muitos irmãos de Cristo são Seus muitos ramos enxertados, na videira verdadeira do universo, a fim de dar muito fruto para Seu aumento em Sua propagação, a fim de expressar o Deus Triúno como Seu organismo (Jo 15:1, 5, 16, 8). Esta videira universal é nossa essência. Deus é nossa essência, Cristo é nossa essência, e a videira também é nossa essência. A videira com seus ramos, a propagação intrínseca e orgânica de Cristo, chegam a ser o aumento de Cristo. Em Londres, Inglaterra, há uma videira que se chama a Videira do Reino. Alguém me levou para ver esta videira em 1958. Esta pessoa me fez notar quão grande era essa videira, eu o contestei

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dizendo que essa videira não me surpreendia porque eu tinha visto uma videira muito maior. Eu sou um ramo dessa grande videira. A Videira do Reino é muito pequena comparada com a videira verdadeira. A videira da qual sou parte é tão grande que alcança toda a terra. Esta é a grande videira verdadeira, a qual é a essência da igreja. Como ramos da videira verdadeira, somos a multiplicação de Cristo, a duplicação de Cristo, a propagação de Cristo e o aumento de Cristo. Esta multiplicação, duplicação, propagação e aumento, é a videira verdadeira com seus ramos, é o organismo o Deus Triúno.

Este organismo do Deus Triúno é o Corpo orgânico de Cristo, constituido de Seus muitos irmãos como os muitos membros de Seu Corpo orgânico

Este organismo do Deus Triúno é o Corpo orgânico de Cristo que está constituido de Seus muitos irmãos, como os muitos membros de Seu Corpo orgânico (Ef 1:22-23; Rm. 12:5). A essência intrínseca da igreja como Corpo orgânico de Cristo é o Deus Triúno. É por meio desta essência intrínseca que a igreja pode ser sustentada como uma. Nossa unidade não está em concordar nas doutrinas uns dos outros. Nossa unidade é o Deus Triúno processado que se dispensa. Aleluia por esta unidade! Se nós temos problemas uns com outros é pelo fato de nos distanciarmos da essência intrínseca, ou seja, do Deus Triúno processado que se dispensa. Se nós permanecemos Nele, esqueceremos todas as diferentes doutrinas, não haverá problemas.

A EXISTÊNCIA ORGÂNICA DA IGREJA

Existe no universo como a única igreja universal de Deus para Sua expressão universal, a plenitude de Deus

A igreja existe no universo como a única igreja universal de Deus, para Sua expressão universal, a plenitude de Deus (1 Co 10:32; 12:28; Ef 3:19b). A existência da igreja é orgânica. Onde o Deus Triúno está, ali está à igreja vivente e orgânica, porque esta igreja é agora uma com o Deus Triúno processado que se dispensa. A igreja e o Deus Triúno processado que se dispensa não são duas entidades; são uma só entidade. É impossível que tal igreja seja dividida.

Estende-se em muitas localidades sobre a terra como as muitas igrejas locais para serem Suas expressões locais

A igreja está de expandindo, como as muitas igrejas locais, em muitas localidades sobre a terra para ser as expressões locais do Senhor (Ap. 1:4a, 11). Universalmente, a igreja existe no universo. Localmente, a igreja se expressa em muitas localidades como igrejas locais. Dizer que todas as expressões locais devem ser diferentes uma das outra é uma doutrina errônea. Este tipo de doutrina errônea é o resultado de não ver que as igrejas são orgânicas, e que tem uma essência intrínseca. Acaso a igreja em Anaheim tem uma essência particular e intrínseca diferente da essência da igreja em alguma outra localidade? Isto seria impossível! Nos tempos de Pedro e Paulo cada igreja local tinha a mesma essência intrínseca. Todas as igrejas locais que há hoje sobre a terra têm somente uma essência intrínseca, portanto, a igreja não pode estar dividida nem separada.

Não só a igreja universal é uma, também as igrejas locais são uma. Elas são intrínsecamente uma no Deus Triúno processado que se dispensa. Para resolver nossos problemas hoje, temos que nos voltar a essência intrínseca da igreja. Se hoje em dia nos limitarmos e ocupar-nos da essência intrínseca da igreja, todos os problemas serão resolvidos. Este capítulo deve ser usado pelo Senhor para “abrir as janelas”, para que possamos olhar para dentro e ver a mesma essência intrínseca da igreja e de todas as igrejas.

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A Edificação Orgânica da Igreja 8

Em 1 Coríntios 12:28 Paulo disse: “A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.” Primeiro, Deus pôs os apóstolos, os quais são universais em sua função. Em segundo lugar, os profetas, que em sua função não são universais, posto que os profetas fossem parte da igreja em Antioquía (At. 13:1). Em terceiro lugar, Ele pôs os mestres, que também estavam presentes localmente en Antioquía (At. 13:1). “os que socorrem” se referem aos que servem, aos diáconos, que ajudam aos santos na igreja local, e “os que administram” se refere ao governo dos presbíteros na igreja local. Em 1 Coríntios 12:28, Paulo menciona na mesma lista os apóstolos (os quais são universais), profetas e mestres (os quais são universais e locais), e diáconos e presbíteros (os quais são locais). Isto significa que a palavra “igreja” neste versículo inclui a igreja universal e a todas as igrejas locais.

Aos olhos de Deus, a igreja universal e todas as igrejas locais são simplesmente “a igreja”. O Deus Triúno processado que agora está se dispensando é um, e Ele é a essência da igreja. Portanto, esta igreja, no aspecto universal e local, é uma só igreja. Quando nos voltamos para a essência intrínseca da igreja, não falaremos equivocadamente das diferenças das igrejas. Todas as igrejas são o organismo único do Deus Triúno processado que se dispensa.

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A Edificação Orgânica da Igreja 9

CAPÍTULO 2

O CRESCIMENTO INTRÍNSECO DA IGREJA PARA SEU AUMENTO ORGÂNICO

Leitura bíblica: 1 Pd 2:2; Hb 5:12-14; 1 Co 3:6b; Cl 2:19; 1:28; Ef 4:13b; Jo 3:29-30a; 15:1, 5, 8; Ef 4:16

ESBOÇO

I. O crescimento intrínseco da igreja: A. Por meio dos membros de Cristo que se alimentam com o leite não adulterado e

com alimento sólido da palavra—1 Pd. 2:2; Hb 5:12-14. B. Mediante o regar do Corpo de Cristo pelos membros dotados—1 Co 3:6b. C. Por meio de Deus e do crescimento em vida dos membros de Cristo—1 Co 3:6c. D. Por meio de que Deus cresça nos crentes— Cl 2:19. E. Até a maturidade na vida divina—Cl 1:28; Ef 4:13b. F. Chegando a medida da estatura da plenitude de Cristo, o Corpo orgânico de Cristo:

Ef 4:13c. II. O aumento orgânico da igreja:

A. O aumento de Cristo em Seu Corpo orgânico como Sua esposa—Jo 3:29-30a. B. O aumento de Deus no crescimento de vida dentro dos membros do Corpo

orgânico de Cristo—Cl 2:19. C. A multiplicação de Cristo, ao levar fruto aos ramos de Cristo, que é a videira

verdadeira do universo, como o organismo do Deus Triúno—Jo 15:1, 5, 8. D. O crescimento do Corpo orgânico de Cristo, com a vida divina como o elemento que

faz crescer, para a edificação orgânica do Corpo de Cristo—Ef 4:16.

O CRESCIMENTO INTRÍNSECO DA IGREJA PARA SEU AUMENTO ORGÂNICO

No capítulo anterior, vimos à essência intrínseca da igreja para sua existência orgânica. Agora queremos ver o crescimento intrínseco da igreja para seu aumento orgânico. A essência é para a existência e o crescimento é para o aumento. Um menino é um ser orgânico, algo vivente, e seu princípio têm lugar no momento de nascer. Depois do nascimento, a necessidade maior de um menino é crescer. A igreja também é orgânica, plena de vida. A igreja não é uma organização. Devemos esquecer-nos do conceito comum de que a igreja é uma organização ou algum clube social. É verdade que a igreja é uma entidade corporativa, não é algo que tenha sido organizado. A igreja é algo que nasceu.

A Bíblia chama este nascimento de regeneração. Paulo foi regenerado faz mais de mil novecentos anos e eu fui regenerado faz somente sesenta e quatro anos. Todo aquele que crê no Senhor é regenerado em certo momento de sua vida. No entanto, aos olhos de Deus todos fomos regenerados ao mesmo tempo. Primeira Pedro 1:3 diz: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que segundo a sua grande misericórdia nos regenerou para uma viva esperança pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos”. Este é um versículo crucial. Este versículo nos diz que Deus nos fez renascer a todo Seu povo escolhido. Nós não fomos regenerados a parte. Segundo 1 Pedro 1:3 todos fomos regenerados quando o Senhor Jesus foi ressuscitado. Fomos regenerados por meio de Sua ressurreição.

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A Edificação Orgânica da Igreja 10

Os inumeráveis crentes, não importa quantos milhões haja, são como um só homem aos olhos de Deus. Este homem universal é o novo homem (Ef 2:15). A Cabeça deste novo homem é Cristo, e o Corpo deste novo homem é a igreja. A igreja é o Corpo de Cristo. Este não é o Cristo individual, sim o Cristo corporativo, o Cristo ampliado.

O CRESCIMENTO INTRÍNSECO DA IGREJA

A essência da igreja é a vida divina, a qual é o Deus Triúno processado que se dispensa. Todos foram regenerados com esta vida divina. A igreja agora está crescendo nesta vida, por esta vida, com esta vida, e por meio desta vida. O crescimento da igreja é seu crescimento intrínseco, seu crescimento orgânico. Este crescimento orgânico não tem nada que ver com organização.

Por meio do qual os membros de Cristo se alimentem com o leite não adulterado e com o alimento sólido da palavra

O crescimento intrínseco da igreja tem lugar porque os membros de Cristo se alimentam com o leite não adulterado e com o alimento sólido da palavra (1 Pd 2:2; Hb 5:12-14). Um “nenê” não cresce por meio de esforço próprio. Ele não cresce por estirar seus pés e gritar: “Deixe-me crescer!” Ele cresce por meio de comer. Quanto mais come, mais cresce. Um de meus netos quando nasceu, era de um tamanho muito pequeno, e foi necessário colocá-lo numa incubadora. No entanto, hoje em dia ele um rapaz grande e, pelo fato de ter comido todos estes anos e, ingerindo toda a rica e nutritiva comida dos Estados Unidos. Ele tem bebido leite e comido todos os produtos ricos dos Estados Unidos.

Como membros do Corpo de Cristo, devemos beber o leite não adulterado da palavra para que possamos crescer. Logo devemos comer o alimento sólido da palavra para assim crescer mais. Comer da palavra nos faz crescer de uma maneira forte. A Palavra está cheia de comida, mais alguns, quando leem a Bíblia, só obtém conhecimento na letra. Isto é uma vergonha porque os sessenta e seis livros da Bíblia são um menu de Cristo. Cristo é nossa verdadeira comida e cada uma das páginas da Bíblia é uma descrição deste Cristo rico. Ele é expresso ou está implícito através da Bíblia. Em realidade, o Cristo implícito é mais rico e mais nutriente que o Cristo expressado. Quando virmos a Bíblia devemos aproximar-nos com um coração que busque a Cristo. Devemos orar “Senhor, venho a Tua Palavra. Não me importam somente as doutrinas, e sim Tu mesmo. Senhor alimenta-me Contigo mesmo mediante esta Palavra”. Todos nós devemos orar desta maneira.

A Bíblia está cheia de Cristo. Sem Cristo, este livro chega a ser um livro vazio. A Bíblia é como uma casca de amendoim. Ela contém Cristo como seu conteúdo vital. Sem Cristo, a Bíblia é como uma casca vazia. Se tivermos um coração para Cristo, Ele nos nutrirá com Ele mesmo quando for a Palavra. Quando nos aproximamos a Bíblia, devemos ter plena fé em que Deus existe e que Ele é galardoador daqueles que o buscam (Hb 11:6). Em todo o universo o ser mais maravilhoso é Deus. Ele é o Espírito; Ele é invisível, no entanto Ele é tão real (Jo 4:24) Ele é o conteúdo da Bíblia.

Tenho estudado a Bíblia por mais de sessenta anos. Também tenho estudado a história do mundo, e venho observando a situação mundial de muito perto durante todos estes anos. Como estudante sério da Bíblia, tenho entendido muitas das profecias concernentes a história do mundo, incluindo muitas das coisas que estão ocorrendo atualmente. No tempo que tenho vivido tenho visto cumpridas muitas das profecias da Bíblia. O cumprimento destas profecias mostra quão maravillosa e assombrosa é a Bíblia.

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Em 1925 quando eu era um jovem com dezenove anos, descobri pela profecia da Bíblia, que a nação de Israel seria restaurada (Mt 24:32). Eu sabia que os judeus haviam perdido sua terra natal e que eles haviam sido espalhados por toda a terra. Eles foram dispersos e espalhados de tal forma que se tornaram cidadãos de muitos países diferentes. Eu cria na Palavra de Deus, mais em minha mente havia uma dúvida. De que maneira poderia tal raça ser restaurada para voltar a ser uma nação? Isto parecia impossível, no entanto a Bíblia claramente indicava que isto ocorreria. Em 1948, estava eu trabalhando em Shangai quando deram a notícia de que a nação de Israel havia sido restaurada. Emocionei-me muito quando ouvi estas notícias, porque eu sabia que isto era o cumprimento da profecia do Senhor.

A Bíblia também profetizou em Lucas 21:24 que com o tempo a cidade de Jerusalém seria devolvida ao povo de Israel. Jerusalém foi tomada pelo rei de Babilônia, Nabucodonosor, faz aproximadamente 26 séculos, ou seja, 600 anos a.C. O Senhor Jesus profetizou em Lucas 21:24 que “Jerusalém seria pisada pelas nações até que os tempos dos gentios se cumpram”. Desde os tempos de Nabucodonosor, Jerusalém foi pisada pelos gentios durante séculos. Perguntava-me como seria possível que os judeus retornassem a Jerusalém. Dezenove anos depois da nação de Israel haver sido restaurada, em 1967, a cidade de Jerusalém foi reclamada pelos judeus. Este foi outro cumprimento maravilhoso de uma profecia bíblica. Quando ouvi essas notícias, me emocionei muito, porque eu sabia da profecia em Lucas 21:24.

Outro maravilhoso cumprimento de uma profecia pode ser visto na interpretação da imagem em Daniel 2, a qual foi parte do sonho do rei Nabucodonosor. A interpretação de Daniel desta imagem é em realidade uma profecia concernente as nações da terra. Daniel 2:31-34 diz: “Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta, que era imensa e de extraordinário esplendor, estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível. A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços, de prata, o ventre e os quadris, de bronze; as pernas, de ferro, os pés, em parte, de ferro, em parte, de barro. Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou.” Todos os que estudam a Bíblia e que estão familiarizados com as profecias sabem que a imagem é figura da situação política do mundo, començando com Nabucodonosor. A cabeça de ouro simboliza Nabucodonosor, o rei de Babilônia e, por conseguinte o Império Babilônico (vs. 37-38). Seu peito e seus braços de prata simbolizam o império Medo-Persa (v. 39). Seu ventre e suas coxas de bronze simbolizam o império da Macedonia e Grécia sob Alexandre Magno (v. 39). Depois do Império Grego, vem o Império Romano (v. 40). Este é simbolizado pelas duas pernas de ferro, indicando sua tremenda força. As duas pernas significam que o Império Romano foi dividido em duas partes, o Império Romano do oriente e o Império Romano do ocidente.

Os quatro reinos estão simbolizados pelo ouro, a prata, o bronze e o ferro. O primeiro é ouro, indicando que seu princípio é mais glorioso. A glória se reduz com cada metal que se segue, no entanto continua sendo muito forte. Finalmente, os pés da imagem são em parte de ferro e em parte de barro cozido representando as nações no período posterior à queda de Roma, e anterior a segunda vinda de Cristo. Estas nações serão em parte autocráticas e em parte democráticas.

Nos primeiros anos do século passado (XX), o comunismo se infiltrou na sociedade humana. A revolução soviética ocorreu em 1917. Depois da Segunda Guerra Mundial, o comunismo tomou o controle na China. A filosofia do comunismo era a jactância dos comunistas. Mais em realidade, eles só praticavam uma ditadura autocrática. Já se passaram anos desde que o comunismo começou na Rússia. O comunismo é como o ferro nos pés da imagem. É forte para esmagar o que se põe em seu caminho, mais Deus tem uma maneira de debilitar o ferro. A maneira é mesclar o ferro com o barro. Nestes dias os povos da Europa oriental que são o barro, o povo, estão se

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levantando para enfrentar o ferro do comunismo e para debilitá-lo. Por último, o ferro não pode manipular o povo, e se paraliza, e cai por terra. Isto demonstra o cumprimento na Europa oriental da profecia e nos mostra que estamos na etapa do ferro e do barro da imagem. Milhões de pessoas estão se levantando na Europa oriental. Recentemente, milhões de pessoas se levantaram na China vermelha com um desejo de liberdade. Quando o barro se levanta, a força do ferro se debilita.

No final do sono de Nabucodonosor, uma pedra cortada sem auxílio de mãos, feriu a imagem em seus pés de ferro e de barro, e os esmiuçou (Dn. 2:34). Esta é a profecia concernente a Cristo. Ele é a pedra cortada não por mãos humanas, a qual descerá dos céus para destruir a imagem, ou seja, os reinos da terra, esmiuçando-os. Então Ele se fará um grande monte, o reino de Deus, que encherá toda a terra (Dn. 2:35; Ap. 11:15).

Tudo do que está escrito na Bíblia, no fim de tudo, está relacionado com Cristo. Ainda quando lemos estas profecias, podemos encontrar alimento. Cristo como conteúdo da Bíblia é comida para nós. A Bíblia é um livro inspirado por Deus. Isto quer dizer que em qualquer momento que vamos a Bíblia com um coração de busca, o Espírito de Deus estará conosco.

O Deus Triúno está intimamente relacionado com a Bíblia. Esta é a razão pela qual este livro é tão especial. Recordo uma história que passou no século passado. Um americano incrédulo visitou um país da América do sul e observou um nativo que estava sentado lendo a Bíblia. O americano começou a ridicularizar essa pessoa, porque estava lendo a Bíblia. Esse nativo havia sido caníbal antes de ser salvo, e respondeu desta maneira: “Amigo, se esta Bíblia não tivesse entrado em meu coração, você já teria entrado em meu estômago”. O fato de comer a Palavra de Deus o havia transformado, e já não era mais um canibal selvagem. Só a Bíblia pode fazer isto!

Existem muitos casos de pessoas que tem sido mudada tão só por ler uma porção da Bíblia. Este foi o caso de um irmão que logo chegou a ser um colaborador entre nós. Quando ele era jovem, era um patriota muito ativo e um nacionalista muito capaz. Ele odiava os países estrangeiros e sua religião, o cristianismo. Um dia, caminhando por certa montanha, entrou em um templo de ídolos. Para sua surpresa, alguém havia deixado ali uma Bíblia grande. Estava ali por muito tempo, porque estava coberta de pó. A Bíblia estava aberta no salmo 1. Ele, em sua curiosidade, começou a ler. Enquanto lia ele pensava: “É isto o que diz a Bíblia?” Enquanto lia e lia, começou a chorar, e rolou pelo chão em arrependimento. A leitura da Bíblia fez com que ele fosse salvo. Ele foi transformado a tal ponto que decidiu abandonar suas associações políticas e tornar-se um seguidor de Cristo. Ele teve o encargo de levar a Bíblia por toda a China com o propósito de pregar o evangelho de Cristo. Ele me disse isto pessoalmente, e depois se tornou um colaborador nosso. Isto demonstra o poder e a maravilha que é a Bíblia!

Muitos cristãos podem testificar que a Bíblia teve um impacto maravilhoso em suas vidas. Para que nós possamos crescer, necessitamos do leite e da comida sólida que está neste livro. Se não comemos comida física por um período de tempo, ficamos desnutridos e com o tempo nós morreremos de fome. Se não lemos a Bíblia durante uma semana ficamos desnutridos espiritualmente. Quando lemos este livro com o desejo de buscar a Cristo, seremos alimentados. Milhares de cristãos podem testificar que quando leem a Bíblia, não somente recebem o conhecimento na letra, mais recebem a Cristo dentro deles. Este Cristo, como Espírito vivificante, é comida para nós (Jo 6:57; 1 Co 15:45). Como Espírito vivificante, Ele está se dispensando a Si mesmo em nós e está nos abastecendo com Ele mesmo como vida.

Quando nós abrimos qualquer página da Bíblia, devemos ler com um coração de busca, e orar assim: “Senhor, te amo, eis que venho a Tua Palavra. Seja Tu minha bebida e minha comida”.

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Quando orarmos desta maneira, nos daremos conta de que Cristo, que é agora o Espírito vivificante, está dentro de nós dispensando-se a Si mesmo e impartindo Ele mesmo como nossa comida. Este dispensar de vida nos fará crescer. Eu creio que todos podem testificar disto. Isto é a maravilha da Bíblia. Não é simplesmente um livro. É um livro pleno de Cristo. É um livro em que nosso Deus está completamente envolvido. Quando tocamos este livro com um coração que busca a Cristo, tocamos o Espírito, recebemos o mesmo Cristo vivificante e crescemos orgânicamente.

Mediante o regar do Corpo de Cristo pelos membros dotados

A igreja cresce por meio de comer e também mediante o regar do Corpo de Cristo por seus membros dotados (1 Co 3:6). Nós os crentes somos plantas vivas que tem sido plantada em Cristo (1 Co 3:6a, 9b). Cristo é nossa boa terra. Ele é a rica terra na qual temos sido plantados e na qual crescemos. Uma vez que uma planta tem sido plantada, é necessário que seja regada. California do Sul era uma terra muito seca com pouca vida vegetal. Logo que ela começou a receber águas do estado de Nevada o resultado foi que ela ser converteu numa área verde e formosa. Em um sentido espiritual nós necessitamos de tal regar para poder crescer. Paulo disse: “Eu plantei, Apolo regou” (1 Co 3:6a). Necessitamos ser regados pelas pessoas dotadas. Para nosso crescimento espiritual, necessitamos da comida que provém da Palavra e também necessitamos do regar que provém das pessoas dotadas.

Se você está nas reuniões da igreja, será abençoado, pois receberá muito regar. Não importa quanto tempo passe lendo a Bíblia em sua casa, isto não pode substituir as reuniões da igreja. É possível que alguns santos estejam irados com os presbíteros ou com algum irmão ou irmã na igreja. Eles acaso pensam: “Não necessito ir às reuniões da igreja. Eu tenho a Bíblia, assim me aquietarei em casa e lerei minha Bíblia. O Senhor é onipresente, assim, dedicarei o tempo da reunião em casa e lerei minha Bíblia por duas horas”. No entanto, eles se darão conta de que tal ação não será suficiente, comparada com o grande benefício recebido nas reuniões da igreja.

Talvez você diga que não gosta das reuniões, mais quer você goste ou não, ali estão os que “regam”. Não importa que tanto se esforce para conseguir algum desfrute em sua casa fora das reuniões, ali em sua casa não estão os que “regam”. Pode ser que as reuniões da igreja não pareçam a você muito boas, mais você só será regado nas reuniões. É possível que alguns santos durmam nas reuniões, com tudo isso, eles experimentam o regar.

Nas reuniões da igreja, nós sempre usamos a Bíblia. Como já mencionamos Deus é Espírito e está intimamente relacionado com este livro. Sempre que vamos às reuniões da igreja, tocamos Sua Palavra, e assim sempre recebemos algo de Deus. Alguns me têm dito: “Irmão Lee, você não deveria dizer aos santos para que lessem tantos versículos. Às vezes há até 50 versículos”. Eu respondi que inclusive, 50 versículos não são muitos. O Salmo 119 tem 176 versículos. Seria maravilhoso se pudéssemos ler todo este salmo em uma reunião. Faz anos quando os santos se reuniam no salão de Elden em Los Angeles, eles tiveram uma reunião de oração e oraram-leram todo o livro de Efésios. Os santos que estiveram nessa reunião testificaram quão maravilhosa foi. Quando estamos nas reuniões da igreja, somos completamente regados porque estamos debaixo do regar.

Os membros dotados do Corpo de Cristo, os servos de Deus, são como provedores dos prados; eles têm a habilidade de regar-nos com água. Quanto mais eles nos falam da Bíblia, mais nos regam com água. Podemos testificar que depois de vir a uma reunião do ministério e escutar o falar das pessoas dotadas junto com todos os versículos da Bíblia, não podemos voltar a ser os mesmos. Quer entendamos tudo ou não, sempre saimos das reuniões com água da Bíblia. Eu não

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tenho muito conhecimento em outras áreas que não seja a Bíblia, mais pela misericórdia do Senhor, de alguma forma conheço este livro santo. Posso abrir este livro e regar os santos. Meu falar no ministério da palavra de Deus é o regar. Necessitamos vir às reuniões da igreja e do ministério para “duchar-nos” ou “banhar-nos” na água da palavra.

Por meio do qual Deus dá o crescimento em vida aos membros de Cristo

O crescimento intrínseco da igreja é levado a cabo por meio do crescimento em vida dado por Deus aos membros de Cristo (1 Co 3:6c). Os membros dotados podem até plantar e regarem, mais é Deus quem dá o crescimento em vida. Esta é a razão pela qual sempre tenho que tomar tempo para orar antes de vir falar numa reunião. Eu oro para que o Senhor seja um comigo e me infunda Seu Ser para que tudo o que eu fale seja Ele. Eu creio que Ele tem respondido ricamente a todas estas orações porque enquanto estou falando, sinto o dispenar dentro de mim para falar com uma luz nova e uma expressão instantânea.

Necessitamos alimentar-nos diretamente da Bíblia, e necessitamos ser regados por aqueles que conhecem mais a Bíblia. Deus valoriza a nossa leitura da Bíblia e pelo falar dos membros dotados nos proporciona o crescimento. O alimentar e o regar são os melhores meios que Deus usa para nos dar Sua vida. Quando nos aprofundamos na Palavra, nos alimentamos. Quando nos submetemos ao falar da palavra, estamos sendo regados. Então Deus dá o crescimento.

Por meio do qual Deus cresçe nos crentes

O crescimento intrínseco da igreja se leva a cabo por meio do qual Deus cresce nos crentes (Cl 2:19). Fomos regenerados por meio da vida divina, a qual é Deus mesmo. Agora estamos sendo alimentados e regados, e Deus nos está dando o crescimento. Este crescimento é Deus mesmo crescendo em nós (Cl 2:19). Quando Deus nos dá o crescimento em vida, isto significa que Ele mesmo está aumentando dentro de nós. Enquanto nos alimentamos com a Palavra e enquanto estamos sendo regados pelas pessoas dotadas, Deus mesmo se move e cresce dentro de nós.

A última parte de Colosenses 2:19 nos diz que o Corpo “cresce com o crescimento de Deus”. Nós crescemos mediante o crescimento de Deus em nós. Portanto, Deus em si mesmo não está crescendo porque Ele é completo e perfeito. Seu crescimento ocorre dentro de nós, e que o tanto quanto Ele cresce dentro de nós, depende de quanto lugar damos para Ele. Talvez estejamos cheios do mundo, de nós mesmos, de nossos próprios interesses, mas por meio de ler a Bíblia, pouco a pouco a palavra da Bíblia vai tirando algo de nosso mundanismo, algo de nosso interesse próprio, e algo do amor que temos por outras coisas fora de Deus. Então Deus terá mais espaço dentro de nós. Depois que Ele toma esse espaço se expande e, se aumenta dentro de nós. Seu crescimento passa a ser nosso crescimento porque Ele e nós somos um. O crescimento da igreja é o crescimento de Deus na igreja. Por meio de alimentar-nos da Palavra e de ser regados pelos membros dotados, as coisas negativas que temos dentro de nós são tiradas e, por conseguinte, há mais lugar para Deus morar dentro de nós. Quando Ele tem mais espaço, Ele cresce mais dentro de nós. O resultado disto é o crescimento orgânico da igreja.

Faz com que a maturidade na vida divina chegue a medida da estatura da plenitude de Cristo, o Corpo orgânico de Cristo

O crescimento de Deus dentro de nós assinala para nossa maturidade na vida divina (Cl 1:28; Ef 4:13b). Enquanto estamos crescendo, estamos amadurecendo até que alcancemos a medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4:13c). A plenitude de Cristo é o Corpo orgânico de Cristo (Ef 1:23); assim que a medida da estatura da plenitude de Cristo é a medida da estatura do Corpo de

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Cristo. Cristo enche tudo em todos e Ele necessita de um grande Corpo como Sua plenitude. O Corpo de Cristo, é Sua expressão, tem uma estatura e esta estatura tem uma medida. A igreja cresce com o crescimento de Deus até que alcance sua maturidade. Quando alcança sua maturidade, chega à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4:13). Para então a igreja ser a plena expressão de Cristo. Este é o ponto culminante do crescimento da igreja.

O AUMENTO ORGÂNICO DA IGREJA

O aumento de Cristo em Seu Corpo orgânico como Sua noiva

A igreja cresce até chegar à maturidade, a qual é a medida da estatura do Corpo de Cristo para Sua expressão. Este crescimento é para o aumento orgânico da igreja. Este aumento orgânico é o aumento de Cristo em Seu Corpo orgânico como Sua noiva (Jo 3:29-30a). A plenitude de Cristo é Seu Corpo e o Corpo de Cristo é Seu complemento, Sua noiva. Isto está baseado no tipo de Eva como o complemento de Adão.

Deus em Sua sabedoria não criou um casal, e sim um só homem, um “homem solteiro”. Deus trouxe a Adão todas as criaturas viventes e Adão lhes deu nome a todas elas, mais para Adão não foi encontrada uma que fosse seu complemento. Finalmente, Deus fez Adão dormir, abriu seu lado e lhe tirou uma costela. Em tipologia isto é um quadro do que passou Cristo em Sua morte. Sua morte na cruz equivale a que “Deus fez cair um sono profundo”. Na Bíblia, dormir significa morrer (1 Co 15:18; 1 Ts. 4:13-16; Jo 11:11-14). Quando Cristo dormia na cruz, um soldado atravessou Seu lado, e daí saiu sangue e água (Jo 19:34). Tudo o que saiu do lado de Adão foi à costela sem sangue. Nos tempos de Adão em Gênesis 2 vemos que não havia pecado, portanto não havia necesidade de sangue para redenção. No entanto, quando Cristo dormia na cruz já existia o problema do pecado, assim que Sua morte tinha que tratar primeiro do problema do pecado. O sangue saiu primeiro do lado de Cristo para a redenção. Depois do sangue, saiu à água. A costela tirada do lado de Adão e a água que saiu do lado de Cristo na cruz, representam a vida divina. Deus usou essa costela, a qual era parte de Adão, e edificou uma mulher para que fosse o complemento de Adão. Agora Deus edifica a igreja com a vida divina, a vida de ressurreição de Cristo.

Eva foi feita para ser igual a Adão em sua imagem e semelhança. Quando Deus trouxe Eva a Adão, este disse: “Isto é agora osso de meus ossos, e carne de minha carne” (Gn 2:23). Eva chegou a ser o complemento de Adão e seu aumento. O homem está incompleto sem a mulher. A esposa é a outra metade do homem, fazendo-o completo e sendo seu aumento. A igreja como noiva de Cristo é o aumento de Cristo, o Noivo. Isto está claramente revelado em João 3:29-30: “O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua.” João Batista estava dizendo que a noiva é para o Noivo e que o Noivo está aumentando. João Batista não devia se considerar, porque ele estava sendo reduzido a nada. Toda nossa atenção deve estar fixada no aumento de Cristo, que agora está se aumentando por toda a terra.

O aumento de Deus no crescimento de vida dentro dos membros do Corpo orgânico de Cristo

Cristo está aumentando-se e Deus está se expandindo no crescimento de vida dentro dos membros do Corpo orgânico de Cristo. Colosenses 2:19 diz: “não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus.” Crescer é um assunto de vida, a qual é Deus mesmo. Sendo o Corpo de Cristo, a igreja não deve estar privada de Cristo, que é a incorporação de Deus (Cl 2:9) como a fonte de vida. Por

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meio de agarra-se a Cristo, a Cabeça, a igreja cresce com o crescimento de Deus, com o aumento de Deus como vida.

A multiplicação de Cristo, levar fruto dos ramos de Cristo, que é a videira verdadeira do universo, como o organismo do Deus Triúno

O aumento orgânico da igreja é a multiplicação de Cristo e tem lugar quando levam fruto dos ramos de Cristo, que é a videira verdadeira do universo, como organismo do Deus Triúno (Jo 15:1,5, 8). Todos os cristãos são a duplicação e a multiplicação de Cristo. Nós, como os muitos grãos, somos a multiplicação de Cristo, que é o grão que caiu na terra para morrer (Jo 12:24). Esta multiplicação de Cristo ocorre ao levar fruto dos ramos de Cristo. Como Seus ramos, nós devemos ir e dar fruto. O Senhor Jesus disse que Ele nos colocou em posição para irmos e darmos frutos e que nosso fruto permaneça (Jo 15:16). O fruto que levamos é a multiplicação da videira.

A videira com todos seus ramos e todo seu fruto é o organismo do Deus Triúno. O Deus Triúno em Seu organismo é o ponto central dos capítulos 14 ao 16 do Evangelho de João. Este organismo é o aumento da igreja. Como ramos deste organismo divino, temos que viver uma vida de aumento, a qual é uma vida de dar fruto. Se dissermos que desfrutamos Cristo e permanecemos em Cristo em conformidade com João 15, tem que ser a de que estamos dando fruto. Se não produzimos fruto e dizemos que permanecemos em Cristo, nós estamos enganando a nós mesmos. O permanecer genuinamente em Cristo fará com que produzamos fruto. Nosso desfrute é vão se não estamos dando fruto. Somos ramos, e o dever e a responsabilidade dos ramos é dar fruto. O fruto produzido pelos ramos é a multiplicação e a duplicação da videira. O aumento da videira é o aumento de Cristo, e o aumento de Cristo é o aumento da igreja.

O crescimento do Corpo orgânico de Cristo, com a vida divina como o elemento que faz crescer, para a edificação orgânica do Corpo de Cristo

O aumento orgânico da igreja é o crescimento do Corpo orgânico de Cristo, com a vida divina como o elemento que faz crescer, para a edificação orgânica do Corpo de Cristo (Ef 4:16). No Corpo de Cristo, temos duas categorias de membros: as juntas e cada parte. As juntas e as partes podem ser comparadas com duas categorias de materiais de um edifício. As vigas de armação de aço deste grande lugar de reunião estão unidas em uma estrutura de armação de aço. Logo as pedras e a madeira deste edifício estão juntas, entrelaçadas por meio de estarem entretecidas. O edifício de Deus, o Corpo de Cristo, necessita estar unido mediante cada junta do rico dispensar e entrelaçado mediante a operação de cada parte na sua medida.

As juntas equivalem aos dons mencionados em Efésios 4:11: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,” há muitas juntas no corpo humano, e um corpo saudável necessita de funcionamento apropriado de todas suas juntas. Se os dedos de uma pessoa não tivessem juntas, suas mãos não poderian funcionar apropriadamente. Uma função simples, tal como pegar um garfo para comer, seria muito difícil de realizar. Todas as juntas são necessárias para que o corpo de uma pessoa opere normalmente.

A igreja, como Corpo de Cristo, necessita também de um funcionamento apropriado de todas as juntas. Na igreja necessitamos de muitas juntas. Se uma igreja local tem somente duas ou três juntas que proveem o dispensar, e estas juntas são somente os presbíteros, esta é uma igreja local pobre. Uma igreja apropriada está cheia de juntas. Em cada igreja deve haver muitas juntas providenciando o rico dispensar. Cristo mesmo é o rico dispensar que as juntas proveem para o Corpo. Efésios 4:16 diz: “de quem todo o corpo conjuntado e coligado pelo que toda a junta supre,

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segundo a operação na medida de cada membro, efetua o aumento do corpo para edificação de si mesmo em amor” (gr.). Este versículo fala de “o rico dispensar”. O uso do artigo definido “o” indica que em cada junta há um dispensar particular de Cristo para o benefício do Corpo.

A segunda categoria de membros no Corpo é “cada parte”. No corpo físico de uma pessoa, há muitas partes. As juntas não constituem todo o corpo, portanto existe a necessidade de que todas as partes igualem e complementem as juntas. Assim como no Corpo de Cristo as juntas proveem, assim mesmo todas as partes devem operar. Graças ao Senhor que cada membro é útil. É por isto que todos necessitamos esforçar-nos por tomar a maneira de servir ordenada por Deus, a qual faz que todos os membros do Corpo de Cristo funcionem. A maneira ordenada por Deus está nitidamente em contraste comparado com nossa velha maneira, a qual anulou a função da maioria dos membros. Cada igreja local deve estar cheia de juntas que proveem e de partes que operam. Isto se consegue pelo crescimento intrínseco. Se estamos crescendo na vida divina, na Trindade divina, não seremos inúteis; pelo contrário seremos muito úteis. Todos nós seremos membros ativos e viventes do Corpo orgânico de Cristo.

Quando o Corpo de Cristo funciona apropriadamente mediante a participação ativa das juntas e de cada parte, “todo o Corpo... efetua o aumento do corpo para edificação de si mesmo em amor.” Quão maravilhoso é que todo o Corpo faz com que o Corpo cresça. No grego, a palavra que aqui se traduz “para” quer dizer “com vistas à”, “com o propósito de” ou “resultando em”. O crescimento do Corpo resulta na edificação de si mesmo em amor. Este é o crescimento intrínseco da igreja para o aumento orgânico da igreja, o qual resulta na edificação orgânica do Corpo de Cristo.

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CAPÍTULO 3

A EDIFICAÇÃO INTRÍNSECA DA IGREJA PARA SUA FUNÇÃO ORGÂNICA

Leitura bíblica: Ef 4:8-16; 1 Co 12:28; At 13:1; Rm 12:4-8; 1 Co 12:4-11; 14:4b, 12; Ef 1:23b

ESBOÇO

I. A edificação intrínseca da igreja: A. Por meio da Cabeça ascendida B. Dons—Ef 4:8-11. C. Por meio dos dons dados pela Cabeça — os apóstolos, profetas, evangelistas e

pastores e mestres— aperfeiçoem os santos—Ef 4:11-12: 1. Nas igrejas locais—1 Co 12:28; At 13:1. 2. Para a obra do ministério—a edificação do Corpo orgânico de Cristo—Ef

4:12. 3. Até que todos os membros de Cristo cheguem a:

a. A unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus. b. Um varão perfeito. c. A medida da estatura da plenitude de Cristo — a igreja como o Corpo

orgânico de Cristo— Ef 4:13. D. Por meio de todos os membros aperfeiçoados do Corpo de Cristo—Ef 4:14-16:

1. Deixando de ser meninos jogados de um lado para outro e levados ao redor por todos os ventos de doutrina, pela fraudulência dos homens, pela astúcia tendente à maquinação do erro—v. 14.

2. Mas praticando a verdade em amor, cresçamos em todas as coisas até chegarmos Nele, que é a cabeça, Cristo— v. 15.

3. De quem todo o Corpo—v. 16a. 4. De quem todo o corpo conjuntado e coligado por meio de toda junta que

supre, segundo a operação na medida de cada membro, efetua o aumento do corpo para edificação de si mesmo em amor—v. 16b.

II. A função orgânica da igreja: A. No Corpo orgânico de Cristo—Rm 12:4-8. B. Nas expressões locais do Corpo orgânico de Cristo—1 Co 12:28. C. Por meio do mover do Deus Triúno:

1. Nas operações de Deus. 2. Mediante os ministérios do Senhor. 3. Com os dons do Espírito em Suas manifestações aos membros do Corpo

orgânico de Cristo—1 Co 12:4-11. D. Para a edificação da igreja como o Corpo orgânico de Cristo, a plenitude Daquele

que a tudo enche—1 Co 14:4b, 12; Ef 1:23b.

A EDIFICAÇÃO INTRÍNSECA DA IGREJA

No capítulo um, vimos à essência intrínseca da igreja para sua existência orgânica. No capítulo dois vimos o crescimento intrínseco da igreja para seu aumento orgânico. Neste capítulo, queremos ver a edificação intrínseca da igreja para sua função orgânica.

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Um edifício físico é construído por meio de juntar e acomodar vários materiais. No entanto, tal edifício não tem vida; não é orgânico. O edifício de Deus é orgânico. O melhor exemplo de semelhante edifício orgânico é uma pessoa viva. Uma pessoa viva é um verdadeiro edifício. Deus tomou uma costela de Adão e dessa costela edificou uma mulher (Gn 2:21-23). Esta mulher era uma edificação. Deus criou a Adão, o esposo, mais Deus não criou uma esposa. Deus edificou uma esposa para Adão. O homem foi criado por Deus e a mulher foi edificada por Deus. A obra de edificação de Deus é mais fina que Sua obra de criação. O homem, como ser criado por Deus, é mais tosco que a mulher, que foi edificada por Deus. Os homens são toscos e as mulheres são refinadas. A face, as mãos, a voz e as ações da mulher são mais refinadas que as dos homens. A mulher é muito mais refinada porque ela foi edificada por Deus. Deus edificou a mulher.

Na velha criação todos os irmãos são varões, mais na nova criação todos somos mulheres. Na nova criação somos a noiva de Cristo; somos o edifício de Deus. O Corpo de Cristo, a igreja, é uma noiva que não foi criada, mais foi edificada. O edifício de Deus, portanto, é muito mais fino que um edifício físico. A edificação da igreja é orgânica pelo crescimento em vida. Pelo fato que é orgânica, é intrínseca. Tudo o que é intrínseco, é refinado. A edificação da igreja está tipificada pelo trabalho fino de Deus de edificar uma mulher para o homem.

A edificação da igreja é realmente o crescimento da igreja. Cada pessoa que chega a sua plena maturidade começou sendo um bebê. A edificação daquela pessoa através dos anos foi levada a cabo por seu crescimento; quando comia, crescia; este crescimento foi sua edificação orgânica. Se verdadeiramente desejamos a edificação da igreja, devemos cuidar de nosso crescimento na vida divina. Isto significa que necessitamos ser aqueles que comem e bebem Cristo. Crescemos com o que comemos, e o que comemos chega a ser nossa constitução. Somos o que comemos.

Crescemos por meio do que comemos, e com o tempo, o que comemos chega a ser nós mesmos. Necessitamos comer mais de Cristo. Algumas pessoas comem seis ou sete vezes ao dia. Quantas vezes comemos Cristo? Necessitamos aprender a comer a comida espiritual. Quanto mais vezes comamos Cristo, melhor. Quanto mais comemos Cristo, mais crescemos em Cristo, e quanto comemos Cristo, mais chegamos a ser Cristo. Quando comemos Cristo, crescemos por Ele. Este crescimento é a edificação. Portanto, o que é edificado, é Cristo. Finalmente, a igreja edificada é simplesmente Cristo.

Por meio da Cabeça ascendida que dá os dons

A edificação intrínseca da igreja se realiza por meio da Cabeça ascendida que dá os dons (Ef 4:8-11). Efésios 4:8 diz: “Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens”. Pode ser que nós apreciemos a vinda do Senhor dos céus, mais também necessitamos apreciar mais Sua ascensão. Em Efésios 4:8, Paulo assiná-la que o Cristo ascendido é quem pode dar os dons.

Quando Paulo disse que Cristo “subiu ao alto”, ele citou o Salmo 68:18. “Alto”, neste versículo, se refere ao monte de Sião (Sl 68:15-16) que simboliza o terceiro céu onde habita Deus (1 Rs 8:30). O Salmo 68 implica que foi na arca que Deus ascendeu ao monte Sião depois que a arca obteve a vitória. O versículo 1 do Salmo 68, é uma citação de Números 10:35. O versículo indica que o contexto do Salmo 68 é o mover de Deus no tabernáculo com a arca como seu centro. Aonde quer que a arca, um tipo de Cristo, ia, se obtinha a vitória. Finalmente, esta arca ascendeu triunfalmente acima do monte de Sião. Isto mostra como Cristo obteve a vitória e ascendeu triunfalmente aos céus.

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Em Sua ascensão, Cristo “levou cativo o cativeiro”. Os santos redimidos eram tomados cativos por Satanás antes de serem salvos pela morte e ressurreição de Cristo. Estávamos cativos debaixo das mãos de Satanás por meio do pecado e da morte. Mais Cristo derrotou a Satanás, resolveu o problema do pecado e da morte, e nos resgatou da mão de Satanás. Logo, nos levou aos céus como Seus cativos. Ele tomou estes cativos e fez deles dons para os homems.

Um destes dons foi Saulo de Tarso, quem mais tarde chegou a ser o apóstolo Paulo. Ele havia sido um cativo de Satanás e um grande pecador. Em 1 Timóteo 1:15 Paulo disse que ele era o pior pecador. Ele era um grande cativo de Satanás sob o pecado e a morte, mais um dia Cristo o resgatou. Ele ia no caminho de Damasco para prender aqueles que invocavam o nome do Senhor (At 9:1-2, 14). Logo o Senhor Jesus o tomou e o resgatou das mãos de Satanás. Saulo era um cativo de Satanás, e depois chegou a ser um cativo de Cristo.

Saulo de Tarso no passado era opositor e andava devastando a igreja. De repente ele passou a ser um dom. Cristo o tomou e o fez um dom chamado Paulo. Ele chegou a ser um dom que pode aprofundar e explicar o Antigo Testamento, pregar o evangelho, ensinar aos santos e profetizar. Como pode Paulo chegar a ser tal dom? Ele mesmo nos disse em Efésios 4:9-10: “ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido às regiões inferiores da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas.”

Paulo foi um escritor maravilhoso. Ele escreveu esta porção descrevendo a morte e a ressurreição de Cristo para efetuar Sua plena redenção e dispensar vida a nós. Cristo primeiramente desceu a terra desde o trono celestial no terceiro céu. Ele fez isto mediante o processo da encarnação. Ele viveu na terra por trinta e três anos e meio. Logo entrou na morte, e na morte desceu ainda mais. No segundo passo de Sua descida, Ele desceu as partes mais baixas da terra. Isto se refere ao Hades, debaixo da terra, onde Cristo foi depois de Sua morte (At 2:27). O primeiro passo da descida de Cristo foi para Sua encarnação. O segundo passo foi para Sua redenção. Sua descida foi o meio para realizar a redenção plena e todo-inclusiva, a qual nos salvou do pecado, da morte, de Satanás e do lago de fogo. No primeiro passo de Sua ascensão, Ele ascendeu em ressurreição do Hades à superfície da terra. Em Sua ressurreição, Ele nos impartiu vida. Sua descida efetuou a redenção, e Sua ascensão realizou a dispensação de vida. No segundo passo de Sua ascensão, Ele nos levou ao Pai, ao terceiro céu.

Quando Ele ascendeu aos céus à vista de Seus discípulos (Lc 24:51; At 1:9-11), eles não entenderam completamente o que estava acontecendo. Eles simplesmente viram ascender Jesus, mais as Escrituras revelam que quando Jesus estava ascendendo, Ele estava ascendendo com um trem de inimigos conquistados. Na versão amplificada do Novo Testamento traduz “Ele conduziu um trem de inimigos conquistados” em vez de “levou cativo o cativeiro”. Quando Ele ascendeu, Ele era o General que regressava; Ele era quem havia obtido a vitória sobre Satanás, o pecado e a morte. Ele derrotou a todos Seus inimigos, e prendeu muitos cativos. Ele levou consigo estes cativos em uma procissão para celebrar Sua vitória.

Nem Pedro nem João viram isto quando o Senhor ascendeu na frente deles, no entanto os anjos sim viram um maravilhoso e imenso trem de inimigos derrotados levados em procissão para celebrar a vitória de Cristo. Nós estivemos em tal procissão; Satanás esteve lá, e a morte também esteve lá. Que procissão foi essa! Logo O Senhor nos apresentou a nós, os santos redimidos, Seus inimigos derrotados e conquistados, como um presente para O Pai. É como se Ele tivesse dito: “Pai, aqui estão os que Tu me tens dado. Eles eram cativo-mortos de Satanás. Agora Eu os capturei; Eu os resgatei das mãos de Satanás, do pecado e da morte. Também lhes dei Minha vida em Minha ressurreição, ou seja, no primeiro passo de Minha ascensão do Hades a terra. Agora

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eles não são presentes mortos, mais sim, presentes vivos. Entrego-te este grande presente corporativo”.

Este presente incluía a todos os santos redimidos. Incluiu a Pedro, a Paulo, a Martín Lutero, a John Nelson Darby e Watchman Nee. Sinto-me honrado por estar incluído neste presente. Todos foram incluídos na ascensão de Cristo como um grande presente vivente para o Pai. O Pai, sem dúvida estava muito feliz. Ele poderia ter dito: “Estou tão feliz por Meu povo redimido. Estavam mortos e eram cativos de Satanás. Mas Meu Filho, mediante Sua morte e Sua ressurreição, os resgatou e lhes impartiu vida, fazendo-os vivos”.

Todos necessitamos nos dar conta de que temos estado nos céus. Estivemos ali com Cristo, porque Ele nos levou, como Seu presente, ao Pai. Não foi com as mãos vazias. Ele foi ao Pai com todos Seus redimidos, incluindo-nos: você e eu, como um presente corporativo para o Pai. Depois o Pai nos devolveu como dons ao Filho para Seu Corpo (Sl 68:18). Desta maneira, mediante Sua descensão e Sua ascensão, Cristo nos resgatou, nos vivificou e nos fez dons com Sua vida de ressurreição.

Paulo foi um dom destes. Algumas vezes me pergunto como recebeu Paulo revelação tão grande, como por exemplo, a revelação de Efésios 4. Indubitavelmente, Cristo esteve certo tempo especial com Paulo. Depois que Paulo foi salvo, foi à Arábia e permaneceu ali um lapso de tempo (Gl 1:17). Nada sabemos o que fez ele ali, mais sem dúvida, durante esse tempo teve muito contato entre ele e Cristo. Eu estou seguro de que o Senhor usou este tempo para constituir a Paulo em um grande dom para Seu Corpo. Quando Paulo regressou da Arábia, ele pode pregar e falar coisas maravilhosas. Isto quer dizer que ele chegou a ser um grande dom para a igreja dentro da categoria das pessoas dotadas mencionadas em Efésios 4:11. Esta é a razão pela qual ele pode descrever a morte e a ressurreição de Cristo de maneira tão maravilhosa como se menciona nos versículos 8 a 10.

Todos nós devemos aprender a pregar o evangelho de uma maneira tão rica, como a que se vê em Efésios 4. Talvez falemos desta maneira aos incrédulos com quem tenhamos contato: “Eu gostaria de dizer-lhe que o nosso Salvador desceu em dois passos. Ele desceu dos céus a terra e logo da terra ao Hades. No primeiro passo de Sua descida Ele se encarnou; Ele se fez homem. No segundo passo de Sua descida Ele entrou na morte e inclusive foi ao Hades, morrendo por nós para salvar-nos do pecado, da morte e de Satanás. Como pecadores, éramos cativos de Satanás, mas mediante a morte de Cristo fomos perdoados, e ainda fomos resgatados de Satanás. Depois o Senhor ascendeu do Hades a terra, em ressurreição. Em Sua ressurreição, Ele se dispensou a Si mesmo como vida em nós. Por meio de Sua morte Ele efetuou a redenção, e mediante Sua ressurreição Ele se dispensou como vida. Logo, fomos vivificados. No segundo passo de Sua ascensão, nos levou ao terceiro céu como um trem de inimigos conquistados para nos dar como presente a Seu Pai”. De vez em quando, ao sair para visitar outros, poderíamos pregar o evangelho desta maneira.

Durante o tempo do Império Romano, quando um general obtinha a vitória, todos seus cativos se convertiam numa procissão na celebração de tal vitória. Finalmente alguns destes cativos eram executados, e a alguns eram deixados com vida (2 Co 2:15-16). Na procissão mencionada em Efésios aqueles que foram executados foram Satanás e seus anjos caídos, e aqueles que foram vivificados fomos nós, os santos redimidos. Depois de que fomos apresentados ao Pai como um presente e o Pai nos devolveu ao Filho como dons, o Filho nos deu a todos nós a Seu Corpo como dons para a edificação do mesmo.

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Cada santo, grande ou pequeno, é um dom para a igreja. Cada membro do Corpo é um dom para o Corpo. Talvez somente sejamos um pequeno membro, tal como o dedo mínimo, com tudo isso, somos muito necessários. Quando tenho coceira em meu ouvido, meu dedo mínimo trabalha perfeitamente para confortar meu ouvido. Nunca devemos pensar que somos demasiado pequenos para ser dons úteis para o Corpo. A prática do cristianismo, onde um homem fala e os demais escutam, danifica os dons e mata a função dos santos. Alguns cristãos das denominações nem sequer sabem como orar, porque sua função tem sido anulada pelo sistema de clerigos e leigos. Neste sistema, unicamente os “profissionais” treinados aprendem a funcionar, enquanto que os demais são leigos. Há um provérbio chinês que diz: “Se estás enfermo, vá ao doutor. Se tens uma demanda, vá ao advogado. Se queres orar, vá ao pastor”. No entanto, segundo a revelação bíblica todos os crentes devem ser membros vivos e ativos do Corpo de Cristo.

Alegro-me muito de que muitos novos crentes na restauração do Senhor podem orar por outros. Não somos nem clérigos nem leigos, sim sacerdotes do Novo Testamento. Cristo de fato nos fez tais pessoas por Seu descenso e Sua ascensão. Ele, como Cabeça do Corpo, nos deu como dons ao Corpo. Se alguém nos pergunta se somos dons, cada um de nós deve dizer: “Amém! Aleluia! Sou um dom!” Éramos cativos, pecadores e inimigos de Deus, mas mediante o descenso de Cristo, fomos redimidos e resgatados de Satanás, do pecado e da morte. Por meio de Sua ascensão, Ele se dispensou a Si mesmo como vida em nós, assim, agora vivemos. Em Sua ascensão Ele nos fez dons para Seu Corpo.

Muitos dos santos podem testificar que eu sou um dom para eles. De igual maneira, muitos dos santos são dons para mim. Muitas vezes necessito que os dons pequenos me confortem da mesma maneira que meu dedo mínimo conforta meu ouvido da coceira. Não deveríamos considerar os recém batizados como “cargas” para nós. Eles são novos dons para o Corpo. Quando saímos como sacerdotes neotestamentários do evangelho a visitar as pessoas, devemos ter a certeza de que vamos conseguir mais dons. Estes dons não são somente para Cristo, sim também para nós.

Em 1977 encorajei a todos nossos jovens que fizessem todo o possível para obter uma educação superior. Um jovem irmão entre nós tomou minha palavra e regressou a escola. Com o tempo se graduou e obteve doutorado em lingüística e se especializou no idioma grego. Nos últimos anos, ele me tem proporcionado muita ajuda para melhorar e revisar e atualizar a Versão Restauração do Novo Testamento. Tinha muito encargo por revisar esta versão, mas meu conhecimento do idioma grego é inadequado para levar a cabo este labor. Este jovem irmão, que tomou minha palavra faz doze anos com respeito a retornar aos estudos, hoje é um grande dom para mim. Ele tem sido como um braço ou um ombro para mim. Todos podemos ser tais dons. Graças ao Senhor pelos dons dados pela Cabeça ascendida a Seu Corpo para a edificação intrínseca do mesmo.

Por meio dos dons dados pela Cabeça —os apóstolos, profetas, evangelistas e pastores e mestres— aperfeiçoem aos santos

A edificação intrínseca da igreja se leva a cabo por meio dos dons dados pela Cabeça — os apóstolos, os profetas, os evangelistas e os pastores e mestres— os quais aperfeiçoam aos santos (Ef 4:11-12). Estes são dons especiais tais como Paulo, Pedro, Martín Lutero, John Nelson Darby, e assim sucesivamente. Estes dons dados pela Cabeça aperfeiçoam aos santos nas igrejas locais (1 Co 12:28; At 13:1); quando eles levam a cabo o aperfeiçoamento nas reuniões, regando os membros do Corpo de Cristo (1 Co 3:6b). Se vamos a estas reuniões, receberemos muito regar.

O aperfeiçoamento dos santos por meio dos dons tem por objeto a obra do ministério, a edificação do Corpo orgânico de Cristo (Ef 4:12). Este aperfeiçoamento deve continuar até que

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todos os membros de Cristo cheguem a três coisas: a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, a um varão perfeito, e a medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4:13). A unidade da fé não se refere a nossa ação de crer, sim no que cremos, a fé objetiva a qual é o conteúdo total do Novo Testamento. Toda a doutrina do Novo Testamento é aquela que cremos, assim a doutrina do Novo Testamento é nossa fé cristã, ou seja, nossa crença cristã.

Se todavia somos infantis, pode ser que mantenhamos de nossa história diferentes opiniões, os quais fazem que perdamos a unidade da fé (Ef 4:14). Se nosso passado é a religião mulçumana, talvez seja muito difícil que nós deixemos a filosofia mulçumana. É possível que os chineses queiram conservar alguns conceitos das doutrinas de Confúcio. Aqueles que têm um passado católico talvez seja muito difícil ser liberados de suas estátuas e imagens de idolatria. Um irmão novo em Cristo foi ajudar a sua mãe para que esta recebece Cristo. Ela, apontou para a parede para um “retrato de Jesus”, replicou: “Eu tenho a Cristo em minha parede por muitos anos”. Isto não é nada mais que uma supersticção católica. No entanto, se és infantil, talvez não seja capaz de abandonar as coisas de seu passado para poder guardar a unidade da fé. As diferentes opiniões que os cristãos retêm podem fazer inclusive que eles briguem entre si.

A fim de chegar a unidade da fé, todos necessitamos crescer. Nossas opiniões e doutrinas diferentes, os ventos de doutrina (Ef 4:14), são como brinquedos. À medida que crescemos, deixaremos todos os brinquedos. Quanto mais jovens somos, mais nós gostamos de brinquedos. Como uma pessoa de mais de 80 anos de idade, não tenho interesse em nenhum brinquedo. Os brinquedos que retemos fazem que sejamos contenciosos uns com outros. Necessitamos crescer para chegar à unidade da fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus. Necessitamos da compre-ensão apropriada da fé neotestamentária. Também necessitamos do devido e adequado conheci-mento de Cristo. O pleno conhecimento de Cristo, o Filho de Deus, nos salvará dos brinquedos.

Também necessitamos chegar à estatura de um varão perfeito. Talvez sintamos que estamos longe deste ponto, mas graças ao Senhor que estamos crescendo. Estamos andando pelo caminho para chegar à estatura do varão perfeito. Também estamos a caminho de chegar à medida da estatura da plenitude de Cristo. A plenitude de Cristo é o Corpo de Cristo (Ef 1:23). Crescemos até chegar à medida da estatura do Corpo orgânico de Cristo, o qual é a igreja. O Corpo vivente de Cristo tem uma estatura, e esta estatura tem uma medida. Quando crescemos, a medida se amplia, e assim estamos no caminho para chegar à estatura do Corpo de Cristo.

Por meio de todos os membros aperfeiçoados do Corpo de Cristo

A fim de que a igreja seja intrinsecamente edificada, a Cabeça ascendida primeiramente deve dar os dons. Em segundo lugar, os dons dados pela Cabeça — os apóstolos, os profetas, os evange-listas e os pastores e mestres— aperfeiçoam os santos. Logo, os santos aperfeiçoados edificam diretamente o Corpo. Alguns têm tomado a promessa do Senhor em Mateus 16 “Edificarei a minha igreja”, para dizer que não somos nós quem edificamos a igreja, sim Cristo. Eles dizem que não estamos qualificados para edificar a igreja. Este conceito e doutrina são absolutamente incorretos.

Mateus 16 não é o único capítulo da Bíblia. A Bíblia também inclui Efésios 4. Efésios 4 revela que a Cabeça, Cristo, edifica a igreja fazendo dos santos dons, e dando estes dons a igreja para a edificação do Corpo de Cristo. Isto mostra que a Cabeça não edifica a igreja diretamente. São as pessoas dotadas, que são usadas pela Cabeça para aperfeiçoar a outros, tampouco edificam a igreja diretamente. Eles aperfeiçoam aos santos e os santos diretamente levam a cabo a edificação. Muitos de nós na restauração do Senhor que temos estado abaixo do regar, e do

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aperfeiçoamento, por alguns anos, temos sido capacitados para edificar a igreja em nossa localidade diretamente. Os santos aperfeiçoados são os edificadores diretos da igreja.

Em Efésios 4:14 Paulo expressa seu desejo dizendo que os santos já não deveriam ser meninos sacudidos pelas ondas e levados por todo vento de doutrina. Se permanecermos como meninos, não poderemos tomar nenhuma responsabilidade, senão o único que poderemos fazer é ser um peso para outros. Seremos provados, sejamos meninos ou não. As provas virão em forma de tormentas. As tormentas têm ondas e ventos. Estamos sendo sacudidos por ondas e levados por ventos de doutrina? Se estivermos sendo sacudidos e agitados, somos meninos. Se não somos sacudidos nem agitados, já não somos meninos.

Os meninos são levados por todo vento de doutrina “nas artimanhas dos homems, em astúcia, com vistas a um sistema de erro”. Realmente, a astúcia é igual às artimanhas. Em grego a palavra traduzida “artimanhas” se refere ao engano que fazem os jogadores de dados. Esta astúcia é com vistas a um sistema de erro. As artimanhas e a astúcia estão relacionadas com o homem, mas o sistema de erro está relacionado com Satanás. Este sistema não é um sistema humano, sim um sistema satânico. Satanás tem feito um sistema de todos os ventos de doutrina para capturar os meninos espirituais, ou seja, para distrair os novos crentes, da unidade prática do Corpo e da edificação do Corpo.

Em vez de sermos meninos, devemos ser aqueles que estão ávidos pela verdade em amor para crescer até a Cabeça, Cristo, em todas as coisas (Ef 4:15). Agarrar a verdade significa agarrar o que é verdadeiro. Segundo o livro de Efésios, as coisas verdadeiras no universo são Cristo como a Cabeça e a igreja como Seu Corpo. Necessitamos agarrar-nos a estas duas coisas em amor para que cresçamos até a Cabeça, Cristo, em todas as coisas. Crescer até Cristo em todas as coisas é edificar. O crescimento é a edificação.

Nós crescemos até Cristo, a Cabeça, logo algo provem de Cristo, a Cabeça. “Até Cristo” tem que ver com nosso crescimento e “de quem”, com nossa função, como ser úteis. Por um lado, estamos crescendo até Cristo. Por outro, o que fazemos provem Dele como a fonte para nossa função, quero dizer, para que sejamos úteis.

Efésios 4:16 diz: “de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.” O Corpo está intimamente unido por meio de cada junta do rico dispensar. Estas são as pessoas dotadas tais como os apóstolos, os profetas, os evangelistas, e os pastores e mestres. Nosso corpo físico tem muitas juntas. Necessitamos de muitas juntas nas igrejas locais. Se não crescemos até Cristo, Ele não tem maneira de fazer-nos uma junta. Para chegar a ser uma junta, necessitamos orar mais, buscar mais o Senhor, ler mais a Bíblia, alimentar-nos mais de Cristo, e assim sucessivamente. Tudo o que nos relaciona com Cristo e a igreja deve ser “mais”. Nossas vigílias matutinas devem ser mais. Pode ser que alguns tenhan cinco minutos de vigília matutina, mais nós queremos ter quinze minutos de vigília matutina. Com esta prática depois de um lapso de tempo, poderemos chegar a ser uma junta do Corpo.

No Corpo, alguns são juntas, assim como os apóstolos, os profetas, os evangelistas e os pastores e mestres. Outros são partes que operam segundo sua medida. Por meio destas duas categorias de membros, o Corpo cresce, e a finalidade deste crescimento é a edificação do Corpo em amor. Se não somos uma junta, então temos que ser uma parte. Nenhum de nós pode escapar de ser uma junta ou uma parte. Não devemos pensar que somente as juntas são úteis. Também cada parte do Corpo é útil. As pernas de nosso corpo físico não são juntas, mais são partes importantes. Necessitamos de nossas pernas para andarmos, porque elas suportam todo nosso peso. Nenhum

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membro do Corpo de Cristo deve menospresar-se a si mesmo. Todos devem louvar ao Senhor porque somos juntas ou partes no Corpo orgânico de Cristo.

Se você é uma junta, deve dispensar ao Corpo as riquezas de Cristo. Por meio de ter contato com o Senhor, você chega a ser uma junta, e assim você tem as riquezas de Cristo as quais pode dispensar ao Corpo. Se você é uma parte, deve funcionar. O Corpo recebe o dispensar das juntas e desfruta a operação na medida de cada parte para seu crescimento. Por meio do dispensar das juntas e da operação das partes, todo o Corpo produz o crescimento do Corpo, e o crescimento do Corpo resulta na edificação de si mesmo em amor.

A FUNÇÃO ORGÂNICA DA IGREJA

No Corpo orgânico de Cristo, existem funções orgânicas (Rm 12:4-8). Posto que estamos neste Corpo orgânico, devemos ser orgânicos. Funcionamos todos orgânicamente na vida da igreja? É possível que em lugar de funcionar orgânicamente na vida da igreja, façamos as coisas de uma maneira mecânica. Devemos funcionar seja como juntas que dispensam ou como partes que operam. Devemos ter algo que dispensar a outros ou devemos operar conforme a nossa medida. Devemos funcionar orgânicamente para a edificação do Corpo orgânico. Quando todo o Corpo opera, o Corpo produz o crescimento de si mesmo, e isto resulta em sua própria edificação em amor.

Nas expressões locais do Corpo orgânico de Cristo por meio do mover do Deus Triúno

A função orgânica da igreja está nas expressões locais do Corpo orgânico de Cristo (1 Co 12:28), e pelo mover do Deus Triúno nas operações de Deus, mediante os ministérios do Senhor, e com os dons do Espírito em Suas manifestações nos membros do Corpo orgânico de Cristo (1 Co 12:4-11). Enquanto funcionamos, seja como juntas que dispensam ou como partes que operam, o Deus Triúno, quem está dentro de nós, se move juntamente conosco. Em 1 Coríntios 12:4-6 se menciona o Deus Triúno. Existem operações de Deus o Pai, os ministérios de Deus o Filho, e os dons de Deus o Espírito. Os dons do Espírito são para levar a cabo os ministérios do Senhor, e os ministérios do Senhor são para realizar as operações de Deus o Pai. O Deus Triúno não se move se nós não nos movemos, Ele nos espera. Quando nós nos movemos, Ele se move. Quando falamos, Ele fala. Se não falamos em uma reunião, Deus não pode falar. O Espírito exerce Seus dons, o Senhor leva a cabo Seus ministérios, e Deus opera enquanto nós funcionamos. A função orgânica da igreja por meio do mover do Deus Triúno tem como propósito a edificação da igreja como o Corpo orgânico de Cristo, a plenitude Daquele que é todo-inclusivo, Aquele que a tudo enche.

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CAPÍTULO 4

A COMUNHÃO INTRÍNSECA DAS IGREJAS PARA SUA RELAÇÃO ORGÂNICA

Leitura bíblica: 1 Jo 1:1-4; At 2:42; 2 Co 13:14; Fl 2:1; Jd. 3; 1 Tm 3: 9; 2 Tm 4:7; Ef 4:14; Gl. 5:20; 1 Co 12:28

ESBOÇO

I. A comunhão intrínseca das igrejas: A. O fluir da vida divina entre todos os membros do Corpo orgânico de Cristo e

através deles— 1 Jo 1:1-4. B. A comunhão única dos apóstolos, a qual é única e universalmente de todos os

membros do Corpo orgânico de Cristo—At 2:42. C. A comunhão do Espírito no espírito regenerado de todos os membros do Corpo

orgânico de Cristo—2 Co 13:14; Fl 2:1. D. A comunhão se baseia na única crença (a fé) de todos os membros do Corpo

orgânico de Cristo conforme a doutrina dos apóstolos: a única doutrina do Novo Testamento—Jud. 3; 1 Tm 3:9; 2 Tm 4:7; At 2:42.

E. Qualquer comunhão especial baseada em algum vento de doutrina (uma comunhão especial, um nome especial e um terreno especial) é um dos três fatores de uma seita—Ef 4:14; Gl 5:20.

II. A relação orgânica das igrejas: A. A relação única da única igreja (a igreja universal composta de todas as igrejas

locais)— 1 Co 12:28. B. Baseada na comunhão única e universal entre todos os membros do Corpo

orgânico de Cristo —cfr. Fl 2:1. C. Praticada única e universalmente entre todas as igrejas locais como o único Corpo

orgânico de Cristo, a única igreja no universo. D. Nenhuma relação está limitada a uma autonomia local, nem tampouco há uma

relação federada, sim uma relação única entre todas as igrejas locais no único e universal Corpo orgânico de Cristo.

A COMUNHÃO INTRÍNSECA DAS IGREJAS PARA SUA RELAÇÃO ORGÂNICA

Nos últimos três capítulos, temos visto três assuntos intrínsecos relacionados com a igreja: a essência intrínseca da igreja, seu crescimento intrínseco, e sua edificação intrínseca. O quarto assunto intrínseco é a comunhão intrínseca das igrejas para sua relação orgânica. Em grego, a palavra que se traduz comunhão é koinonia, que significa participação conjunta, participação comum. Este é um termo que denota muita ternura, mais no idioma inglês [bem como no português], é difícil obter um termo que seja apropriado, preciso, adequado e que seja equivalente. O problema está em que o significado apropriado do termo comunhão, junto com muitos outros termos cruciais da Bíblia, tem sido danificado pela interpretação tradicional e religiosa do cristianismo. Para alguns, comunhão é “participar em atividades sociais”. Muitas pessoas vão aos serviços denominacionais por esta razão. Eles têm certa forma de adoração, mais o interesse principal é levar uma vida social uns com outros. Devemos abandonar tal conceito tão degradado. Nosso entendimento da palavra “comunhão” deve estar de acordo com a Palavra pura de Deus.

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A COMUNHÃO INTRÍNSECA DAS IGREJAS

O fluir da vida divina entre todos os membros do Corpo orgânico de Cristo e através deles

A comunhão intrínseca das igrejas é o fluir da vida divina entre todos os membros do Corpo orgânico de Cristo e através deles (1 Jo 1:1-4). Primeira João 1:1-2 diz: “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que contemplamos e o que as nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida (pois a vida se manifestou, e nós a temos visto, e testificamos dela, e vos anunciamos esta vida eterna que estava com o Pai e a nós se manifestou)”. O termo “Palavra” mencionado aqui é único, não é comum. João também usa este termo em seu Evangelho. João 1:1 diz: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus” (gr.). A Palavra estava no princípio. Na eternidade passada, estava a Palavra. A Palavra que existia no princípio estava com Deus e era Deus. A Palavra em 1 João 1 é a mesma Palavra mencionada em João 1. No Evangelho de João, ele nos apresentou esta Palavra. Em sua Epístola, ele nos remete novamente a esta mesma Palavra, que é Deus mesmo.

Esta Palavra é a Palavra de vida. Deus é vida, a Palavra que é Deus é vida para nós, e esta vida foi manifestada. Esta vida é o Senhor Jesus Cristo. Quando Ele foi manifestado na carne, Ele foi manifestado como vida. Se nós considerarmos em oração o relato dos quatro Evangelhos com todas as histórias escritas com respeito a Jesus, podemos ver que em Seu viver humano, a vida sempre foi manifestada. O Senhor Jesus foi uma pessoa que manifestava vida. Os discípulos, incluindo a João, viram essa vida. Portanto, João pode testificar e anunciar-nos a vida eterna que estava no Pai.

No Evangelho de João, a Palavra era Deus, e a Palavra se fez carne e tabernaculou entre os discípulos (1:14). João está anunciando-nos aquilo que viu e ouviu. Ele havia ouvido, visto e ainda apalpado a Palavra da vida, que é a vida eterna. Agora, ele está testificando e anunciando-nos a vida eterna. Logo, João diz em continuação que ele anunciou o que havia visto e ouvido, não para que estivéssemos “vida”, mas para que tivéssemos “comunhão”. Primeira João 1:3 diz: “o que temos visto e ouvido, também vo-lo anunciamos, para que vós também tenhais comunhão conosco. A nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.” Neste versículo, João usa outro termo no lugar da palavra “vida”. Eles viram e ouviram a vida, e anunciaram a vida, e o fizeram com um propósito definido. João estava dizendo: “Os anunciamos a vida com o grande propósito de que tenhais comunhão conosco”. Esta é “nossa comunhão”. “Nossa” se refere aos apóstolos. A comunhão “nossa”, é a comunhão dos apóstolos, é com o Pai, e com Seu Filho Jesus Cristo. Eles nos anunciam o Filho como vida para que participemos com eles nesta comunhão. Logo em 1 João 1:4, João diz: “Estas coisas nós escrevemos, para que vosso gozo seja completo”. Os apóstolos estariam muito felizes ao ver que os crentes tivessem o que eles tinham. O que eles têm é a comunhão com o Pai e com o Filho. Se os crentes participam desta comunhão, estariam muito contentes.

Há três pontos principais que necessitamos ver quando estudamos o significado da comunhão que se menciona nos primeiros quatro versículos de 1 João 1. Primeiro, a comunhão é algo da vida divina. Segundo, esta comunhão é a comunhão dos apóstolos. Terceiro, os apóstolos esperavam ver os crentes compartilharem desta comunhão. Quando dizemos que esta comunhão é algo de vida, queremos dizer que é o fluir da vida divina. É o resultado da vida eterna e, em realidade é o fluir da vida eterna, dentro de todos os crentes, quem tem recebido e possuem a vida divina.

A vida divina flui. No final da Bíblia, o último capítulo de Apocalipse nos apresenta um quadro muito significativo. Ali está o trono de Deus e do Cordeiro (Ap. 22:1). Deste trono procede uma

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corrente, que é o fluir da água da vida, e esta corrente é um rio. Quando uma corrente se converte em um rio, é uma correnteza muito forte. O rio de Apocalipse é o rio de água da vida (Ap. 22:1).

Os dos últimos capítulos de Apocalipse apresentam um quadro da Nova Jerusalém, uma cidade quadrada estabelecida numa alta montanha (Ap. 21:16-17). Há três portas em cada um dos quatro lados da cidade (Ap. 21:12-13). Encima da cidade está o trono de Deus e do Cordeiro. Um rio flui desde o trono e chega a todas as partes da cidade porque desde o trono corre para baixo em forma espiral e passa pelas doze portas da cidade. Há um só rio, que flui pela rua (22:1) regando todas as partes da cidade. Pelo fato de o rio ter forma de espiral, passa por todas as partes da santa cidade, não importa onde você estiver. Este é um quadro visível que nos mostra as coisas invisíveis do Espírito.

Hoje em dia Deus está no trono. Indubitavelmente, Ele está no trono nos céus, mas se o trono só estivesse nos céus, estaria muito longe para nos alcançar. Hebreus 4:16 nos exorta a que nos “aproximemos pois, confiadamente ao trono da graça”. Se o trono da graça estivesse muito longe de nós, não poderíamos chegar até ali nem durante nossa vigília matutina com o Senhor. No entanto, quando vamos ao Senhor pela manhã, podemos tocar imediatamente no trono da graça. Isto se deve a que o trono não somente está nos céus, sim também em nosso espírito (veja a nota 1 de Hebreus 4:16, VR). Flui um rio do trono. Dentro de nós há um rio que não somente flui, mais também corre em espiral até chegar a todas as partes de nosso ser. De acordo com o quadro de Apocalipse, o rio flui até chegar a cada uma das doze portas da cidade. Este rio de água da vida é a comunhão da vida divina da qual João nos fala em sua primeira Epístola.

Algo que nos poderia ajudar a compreender o que é esta comunhão, ou seja, o que é o fluir da vida divina, é considerar a circulação do sangue em nosso corpo humano. Há somente uma circulação de sangue em nosso corpo, e chega a todos os membros de nosso corpo. Nenhum membro de nosso corpo físico é independentemente autônomo dos outros membros. Todos os membros do corpo participam da circulação do sangue. Há muitos membros, mais um só fluir de sangue. O elemento intrínseco do corpo humano é seu sangue. Esta circulação do sangue em nosso corpo humano é um quadro da comunhão intrínseca que há no Corpo de Cristo.

Tudo o que a igreja é, é intrínseco. Portanto, não pode ser dividida. A essência da igreja é intrínseca, seu crescimento é intrínseco, e sua edificação é intrínseca. Ademais, a comunhão das igrejas também é intrínseca, tal como a circulação do sangue em nosso corpo humano é intrínseca. As igrejas locais como o único Corpo orgânico de Cristo, não podem ser individualmente autônomas porque elas participam da única comunhão intrínseca que há, o único fluir da vida divina.

Se nosso corpo físico fosse dividido em partes autônomas, só serviríamos para que se nos oferecesse um funeral. Os membros de nosso corpo físico não são autônomos, tampouco são uma federação. Os Estados Unidos de América podem se considerar como uma federação organizada de 50 estados. Nosso governo é um governo federal. Os 50 estados não estão divididos, sim federados conjuntamente como uma nação. A igreja, no entanto, não é autônoma nem federada, porque não está organizada como um país. A igreja é o Corpo universal de Cristo, um organismo.

Nosso corpo físico é um quadro do Corpo de Cristo (Rm 12:4-5). Nosso corpo tem só uma cabeça, no entanto, há muitos membros abaixo desta cabeça. Todos os membros têm uma só cabeça, e segundo a circulação do sangue e os nervos, cada membro está conectado diretamente a cabeça. A circulação do sangue, no entanto, não alcança os membros diretamente. É necessário que flua através de outros membros. O quadro que devemos ver é que a circulação do sangue em nosso corpo é intrínsecamente uma só. Da mesma maneira, a comunhão, o fluir da vida no Corpo de

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Cristo, é intrínseca e exclusivamente uma só. O fluir do sangue em nosso corpo físico é um bom exemplo da comunhão, ou seja, do fluir da vida divina.

Quando cremos no Senhor Jesus, fomos introduzidos nesta comunhão. Podemos dizer que quando invocamos o nome do Senhor, o Espírito entrou em nós, isto é, Deus entrou em nós, ou a vida divina entrou em nós. Quando cremos no Senhor Jesus, o recebemos em nós; Ele é Espírito (2 Co 3:17). O Espírito é a consumação do Deus Triúno, e o Deus Triúno é a vida divina. O que está dentro de nós é a vida divina, a qual é o Deus Triúno, que é o Espírito e que é Jesus Cristo. A vida divina, a eterna, é uma pessoa, Jesus Cristo. Ele é o Espírito vivificante (1 Co 15:45), e este Espírito vivificante é a consumação do Deus Triúno. A consumação do Deus Triúno está em nós como vida divina, e esta vida divina flui dentro de nós todo o tempo. Ele está fluindo dentro de ti, dentro de mim, e dentro de todos os membros de Seu grande Corpo universal. Em Seu Corpo universal há um só fluir, o fluir da vida divina, a corrente da água da vida. A água é a vida divina, e a vida divina é o Deus Triúno. O Deus Triúno flui!

A primeira estrofe de Hymns, N° 12 [N° 4, 100 Hinos selecionados] diz:

Fonte de vida és, oh Deus, Santo e livre corrente!

Como água viva é Teu fluir, Até a eternidade!

Deus é um rio fluente que corre por todos Seus crentes escolhidos e redimidos. Este fluir é a comunhão da vida divina. Segundo 2 Coríntios 13:14, esta é a comunhão que há dentro do Deus Triúno. Este versículo diz:“A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”. O Pai como amor é a fonte. Deste amor provem a graça e passa através do Filho. Esta graça que passa pelo Filho, chega a nós como a comunhão do Espírito, quem é a consumação do Deus Triúno. O amor de Deus na graça de Cristo se converte na comunhão, o fluir do Espírito Santo. Este assunto da comunhão tem passado por alto, e muitos cristãos até o tem ignorado. Muito poucos cristãos conhecem este fluir. Se você conhece este fluir, você é muito bem-aventurado.

A comunhão única dos apóstolos, a qual é única e universalmente para todos os membros do Corpo orgânico de Cristo

A comunhão intrínseca das igrejas é a comunhão única dos apóstolos, a qual é exclusiva e universalmente de todos os membros do Corpo orgânico de Cristo (At 2:42). O fluir foi o princípio da comunhão da vida divina da Trindade divina. Logo, esta comunhão passou aos apóstolos, quem estiveram no primeiro grupo de crentes que esteve na terra. Por conseguinte, este fluir se converteu na comunhão dos apóstolos. Os primeiros apóstolos estiveram no fluir da vida divina. Ademais, naqueles primeiros dias, todos os crentes perseveravam na doutrina e na comunhão dos apóstolos. Só havia uma doutrina e uma comunhão. Os apóstolos fizeram uma obra maravilhosa ao dispensar a vida divina e trazer as pessoas para dentro deste fluir da vida divina. Este fluir, esta comunhão, se converteu na comunhão dos novos crentes. Sua comunhão era a comunhão dos apóstolos, e a comunhão dos apóstolos é a comunhão do Deus Triúno.

Os Três da Deidade tem comunhão entre Si. Esta comunhão entre os Três do Deus Triúno tem relação com os apóstolos e também conosco. Temos que nos dar conta de que hoje no universo há um fluir que é Deus mesmo como água da vida que flui do Deus Triúno através dos apóstolos e entra em nós. Flui não somente até nosso interior, mas também através de nós para dentro dos novos crentes. Quando pregamos o evangelho a alguém, e aqueles a quem pregamos recebem o

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Senhor Jesus, estamos dando uma “injeção” de água da vida. Quando eles recebem a água da vida, eles são introduzidos nesta comunhão maravilhosa.

Talvez não compreendamos por completo esta comunhão, no entanto, é um fato maravilhoso. Cada vez que conhecemos um crente genuíno, não importa de que nacionalidade ou raça seja, algo “salta” dentro de nós. Esta experiência se pode comparar ao que passou com Maria, a mãe de Jesus, quando foi ver Elisabete, a mãe de João Batista. Quando Elisabete ouviu a saudação de Maria, o bebê saltou em seu ventre (Lc 1:41). Algo dentro dela estava saltando. João Batista saltou de alegria (v. 44) quando conheceu o Salvador, enquanto ambos estavam ainda no ventre de suas mães. Poderíamos dizer que houve comunhão entre João Batista e Jesus Cristo antes de ambos nascerem. Hoje em dia, nós somos essas “mães” que tem o Senhor Jesus dentro de nós. Cada vez que cada um de nós, os cristãos, conhecemos outros cristãos, algo dentro de nós “salta”. Devemos seguir o impulso deste “saltar” dentro de nós. Este “saltar” interno é a comunhão intrínseca.

Esta comunhão intrínseca e única se dá entre todos os membros do Corpo de Cristo para fazer-nos um, por cima das diferenças exteriores de raça ou cultura. Quando eu era jovem, o povo chinês odiava os japoneses porque estes haviam invadido a China. Eu fui criado nessa atmosfera, mas o Senhor me salvou, e em 1933 fui chamado pelo Senhor a deixar meu trabalho, e servi-lo de tempo integral. Nesse mesmo dia em que deixei o trabalho, recebi um convite de Manchuria na qual me convidaram a falar. Quando falei ali, alguns crentes japoneses vieram a mim, e me disseram que eram cristãos, e me convidaram para visitar-lhes para compartilhar algo com eles. Fui onde eles estavam e me reuni com eles de acordo com seus costumes. Ainda que fosse criado em uma atmosfera na qual havia muito ódio contra os japoneses, algo “saltava” dentro de mim ao estar reunido com eles, porque eles eram meus irmãos em Cristo. Os amava, e estava muito contente de estar com eles. Meu amor por eles estava no fluir da vida divina, na comunhão, dentro de mim.

Se seguirmos a comunhão intrínseca, não haverá problemas entre nós. Quando estamos centrados nas coisas exteriores, os problemas vêm. Em alguns lugares dos Estados Unidos, as pessoas brancas e negras não se juntam para adorar o Senhor. Isto se deve porque estão centrados nas coisas externas em vez de na comunhão intrínseca. Da mesma maneira, existem problemas entre os santos porque estes estão focados no exterior em vez da comunhão intrínseca de vida.

Os cristãos se amam uns aos outros até que começam a fixar sua atenção nas coisas exteriores, tais como o grupo com qual se reunem ou as doutrinas nas quais estão de acordo. Um cristão pode crer que o arrebatamento é antes da tribulação, enquanto que outro crê que é depois da tribulação. Eles podem discutir e lutar sobre seus desacordos doutrinais. Enquanto estivermos centrados em doutrinas, haverá divisão. Há muitas doutrinas, mas somente há uma comunhão intrínseca. Se só cuidamos da comunhão intrínseca, o fluir da vida divina, o qual é como a circulação de nosso corpo, estaremos bem. Devemos limitar-nos ao fluir, a comunhão da vida divina. Devemos viver dentro desta comunhão intrínseca e cuidar dela, a qual é do Deus Triúno, dos apóstolos e de todos os crentes.

A comunhão do Espírito no espírito regenerado de todos os membros do Corpo orgânico de Cristo

A comunhão intrínseca das igrejas é a comunhão do Espírito no espírito regenerado de todos os membros do Corpo orgânico de Cristo (2 Co 13:14; Fl 2:1). Segunda Coríntios 13:14 se refere a “a comunhão do Espírito Santo”, e Filipenses 2:1 menciona a “comunhão do espírito”, referindo-se

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ao espírito humano. Portanto, a comunhão intrínseca pertence ao Espírito divino que reside em nosso espírito humano.

Nós os crentes viemos de muitos diferentes contextos culturais. Apesar de nossas diferenças externas, todos têm a mesma comunhão intrínseca. Os japoneses, os coreanos, os negros os e brancos se voltam numa só comunhão. Se nós não seguimos as coisas externas, mais seguimos exclusivamente nosso espírito com o Espírito, estaremos no fluir. Na restauração do Senhor praticamos esta unidade universal no fluir da vida divina. Muitos têm testificado que nossas reuniões são uma maravilha, porque todas as raças estão reunidas como um só. Podemos reunir-nos em unidade porque só nos importa a comunhão intrínseca.

A comunhão baseada na única crença (a fé) de todos os membros do Corpo orgânico de Cristo de acordo com a doutrina dos apóstolos: a doutrina única do Novo Testamento

A comunhão está baseada na crença única (a única fé) de todos os membros do Corpo orgânico de Cristo de acordo com a doutrina dos apóstolos: a doutrina única do Novo Testamento (Jud. 3; 1 Tm 3:9; 2 Tm 4:7; At 2:42). Todos têm que conhecer nossa fé, a fé objetiva. Esta fé é nossa crença cristã, as coisas nas quais cremos, não nossa ação de crer. Todos os membros do Corpo orgânico de Cristo têm a comunhão que está baseada na fé, a única crença. Tudo o que cremos é segundo a doutrina dos apóstolos, a doutrina única do Novo Testamento.

Qualquer comunhão especial baseada em algum vento de doutrina é um dos três fatores (uma comunhão especial ou um nome especial ou um terreno especial) de uma seita

A comunhão entre os crentes não deve estar baseada em nenhum vento de doutrina (Ef 4:14). Se nossa comunhão está baseada nas diferentes doutrinas que são ventos, estas doutrinas serão um dos três fatores de uma seita: uma comunhão especial, um nome especial, ou um terreno especial. Qualquer destas três fará que cheguemos a ser uma seita ou divisão (Gl 5:20). Portanto, temos que evitar qualquer comunhão especial baseada em algum vento de doutrina.

A RELAÇÃO ORGÂNICA DAS IGREJAS

A relação única da única igreja (a igreja universal composta de todas as igrejas locais)

A relação orgânica das igrejas é a relação da igreja única: a igreja universal composta de todas as igrejas locais (1 Co 12:28). Hoje em dia na restauração do Senhor há próximo de mil cento cinquenta igrejas em toda a terra. Existem muitas igrejas locais, mais há uma comunhão que é única, universal e intrínseca, que tem por objeto a relação orgânica das igrejas.

Não ter nenhuma relação limitada a uma autonomia local, nem nenhuna relação federada, sim uma relação única entre todas as igrejas locais no único e universal

Corpo orgânico de Cristo

Os presbíteros de cada uma das igrejas locais devem considerar que classe de relação tem as igrejas entre si. Acaso está a relação da igreja limitada aos irmãos na localidade? Acaso está a igreja em comunhão com todas as igrejas na restauração do Senhor? É possível que os irmãos responsáveis em certa localidade tenham “práticas privadas” entre eles. Quando outro irmão responsável vem de outra localidade reunir-se com eles, talvez deixem de falar. Antes que o outro irmão viesse, falavam livremente. Quando ele chegou, deixaram de falar. Este irmão foi excluído da relação privada daqueles. Duas igrejas podem estar muito próximo uma da outra geograficamente, e mesmo assim, ter uma relação separada. Estas duas igrejas talvez não

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queiram que uma não se intere dos assuntos da outra. É muito difícil ver dois presbíteros de duas localidades diferentes falando livremente. Não entenda mal o que estou tratando de dizer aqui. Não estou defendendo que as igrejas sejam federadas, nem tampoco de que sejam autônomas. Eu só estou a favor da comunhão única e universal que é para a relação orgânica das igrejas. A relação de cada igreja deve ser a comunhão única e universal da vida divina. Nesta comunhão, as igrejas não devem ter nada em privado, exceto certos casos individuais, que tem que ver com assuntos confidenciais e pessoais.

É possível que alguns digam: “Não tem as igrejas suas contas separadas?” Pode ocorrer que dois presbíteros estão falando sobre sua situação financiera local, mas quando um irmão de outra localidade se aproxima, mudam de conversa. Eles querem manter privadas suas contas. Mas nossas finanças não são algo que devemos manter em segredo. Não há nada de mal em que uma igreja local esteja em necessidade, que não tenha muito dinhero, e que tenha comunhão com outras igrejas e lhes faça saber suas necesidades. De outra forma, como pode uma igreja enteirar-se da necessidade de outra? Pode ser que uma igreja seja muito rica e tenha abundância de fundos. Se esta igreja não tem a liberdade de perguntar pelas necessidades de outra igreja, como poderia ajudá-la? A abundância de uma igreja local não é somente sua abundância. É a abundância do Corpo. É perfeitamente correto que uma igreja rica torne público para igrejas pobres que tem abundância. Da mesma forma também é correto que as igrejas pobres informe as igrejas ricas de suas necessidades. Talvez uma igreja tenha abundância material, enquanto outras três igrejas têm uma necessidade urgente. Se nossa relação está limitada a nossa localidade, o Corpo de Cristo sofre muito.

O que estou dizendo não está relacionado com federação. Nós não queremos ter uma federação. O caminho que devemos tomar é o caminho da comunhão única e universal de todas as igrejas. É possível que os irmãos que estejam cuidando de uma igreja que está em necessidade sejam muito orgulhosos para dizer a outras igrejas que a igreja está em necessidade. Isto não é correto; este tipo de orgullo produz separação. Não há nada de mal em que uma igreja em necessidade aproveite a oportunidade para ter comunhão com outra igreja local que tenha mais recursos. A igreja que tem abundância deve considerar a necessidade da outra igreja como sua necessidade. A Bíblia frequentemente nos exorta a cuidar dos que estão em necessidade. Se cuidamos dos indivíduos nesta forma, não devemos cuidar das igrejas da mesma maneira? As igrejas não estão divididas nem separadas, não importa quão longe estejam uma da outra geograficamente. As igrejas são uma. Que bom é que as igrejas possam seguir adiante em unidade!

As igrejas não devem tomar os assuntos relacionados com seu avanço no Senhor como algo privado, no entanto, como temos mencionado, há alguns casos individuais em uma igreja local que se devem manter em secreto. Se há alguém em imoralidade, ou em uma situação pecaminosa, este assunto deve se limitar dentro daquela igreja local. Esses assuntos se devem guardar em secreto. Expor assuntos pessoais de outros, que se nos foi confiado, é incorrecto. Aos médicos não se permite expor as deficiências de seus pacientes. Aos pastores não se lhes permite expor publicamente os assuntos morais de um membro de sua igreja. Isto não está permitido. A finalidade da igreja local não é condenar as pessoas, é resgatar, restaurar e amar as pessoas. A igreja não tem a comissão para condenar ou prender as pessoas como se fosse uma delegacia de policia. A igreja local deve ser um órgão que ama aos pecadores, aos desgarrados, e aos caídos. Sua função não é condenar, sim resgatar.

Gálatas 6:1 diz que se alguém entre nós for surpreendido em alguna falta, devemos exercitar um espírito de mansidão para restaurá-lo. Quando estamos tratando de restaurar uma pessoa, é necessário cobri-la. Cobrir é proteger. Devemos proteger ao pecador. No entanto, isto não quer dizer que toleremos o pecado. Não podemos tolerar o pecado, mas se devemos tratar em privado

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os assuntos pecaminosos das pessoas, com a meta de restaurá-las. Não há necessidade de que outras igrejas se enterem destas situações.

No entanto, para que a igreja siga adiante, existe a necessidade de ter muita comunhão. Todas as igrejas locais são uma só igreja. Existe uma relação orgânica entre todas as igrejas. Sua relação não é organizacional. A relação das igrejas deve ser orgânica, de acordo com a vida divina e baseada sobre a comunhão orgânica da vida divina. Se mantivermos esta visão seremos salvos de muitos problemas.

Quando o primeiro grupo de apóstolos esteve na terra, as igrejas eram uma orgânicamente. No entanto, depois de um tempo, as igrejas começaram a degradar-se e a dividir-se. No começo do quarto século, no ano 325 d.C., Constantino celebrou um concílio em Nicéa. Ele presidiu esse concílio para ver que todos os principais mestres desse tempo fizessem um acordo. Finalmente, o resultado desse esforço foi à formação da Igreja Católica. Realmente, não há nada de mal com ser “católico” no sentido estrito. Ser católico é ser universal ou todo-inclusivo. Num sentido correto, todas as igrejas devem ser “católicas”; devem ser universalmente uma. No entanto, a palavra “católico” foi danificada. A Igreja Católica criou uma grande hierarquia. Esta hierarquia proveio da doutrina errônea de Inácio, que disse que um presbítero ou bispo tem uma posição mais alta que a de um ancião. Desta doutrina errônea proveio a hierarquia de bispo, arcebispo, cardeal, e Papa da Igreja Católica. Esta doutrina é também a fonte do sistema de governo eclesiástico episcopal. Tal hierarquia anula a posição de Cristo como Cabeça. Devemos aborrecer essa prática de hierarquias.

Quando os Irmãos foram levantados, eles atacaram fortemente a prática da hierarquia do catolicismo. No entanto, com o tempo os Irmãos se dividiram por causa de suas doutrinas. John Nelson Darby foi acusado de intentar unificar as igrejas a maneira de federação. Um mestre, G. H. Lang, como reação contra Darby, ensinou que toda assembleia local deve ser autônoma. Esta doutrina de autonomia prejudicou os Irmãos, causando divisão após divisão.

Em relação à igreja, a prática de autonomia é incorreta, e a prática de federação também o é. A igreja não é nem federada nem autônoma. Somente devemos ocupar-nos da prática do Corpo, da vida da igreja, como organismo do Deus Triúno. Na restauração do Senhor, não praticamos nem a autonomia nem a federação. Somente temos uma prática baseada na comunhão única e universal do Corpo de Cristo. A igreja em uma localidade não deve ter a atitude de que não tem nada que ver com outra igreja em outra localidade. Temos que admitir que se tenha infiltrado tal compreensão intrínseca da relação de separação e autonomia das igrejas, e até certo ponto tem chegado a existir na restauração. Esta compreensão é intrínsecamente incorreta. As igrejas não devem praticar ter relações de separação e de autonomia entre elas. Também é incorreto que as igrejas pratiquem uma relação de federação. Devemos praticar a relação única baseada na comunhão única e universal do Corpo de Cristo.

A relação orgânica das igrejas está baseada na comunhão única e universal entre todos os membros do Corpo orgânico de Cristo (cf. Fl 2:1). Esta relação orgânica é praticada única e universalmente entre todas as igrejas locais como único Corpo orgânico de Cristo, a única igreja no universo. As igrejas não devem ter uma relação limitada por uma autonomia local, e tampouco devem ter uma relação de federação, mais devem ter uma relação única entre todas as igrejas locais, no único, universal e orgânico Corpo de Cristo.

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CAPÍTULO 5 O FATOR INTRÍNSECO DOS VENTOS

DE DOUTRINA COM SEU PROPÓSITO

Leitura bíblica: Mt 13:19; 1 Tm 1:3-4; 6:3; Ef 4:14; 2 Tm 2:18; At 8:3; 1 Co 1:10-11

ESBOÇO

I. O fator intrínseco dos ventos de doutrina: A. Os ventos de doutrina:

1. Os ventos: a. O sopro diabólico do maligno—Mt 13:19. b. Produzindo tormentas na igreja.

2. As doutrinas sopradas: a. Diferentes das doutrinas neotestamentárias da economia de Deus

para a edificação do único Corpo orgânico de Cristo—1 Tm 1:3-4; 6:3.

b. Tal como as doutrinas do judaísmo, gnosticismo, etc., nos tempos antigos, e como as doutrinas atuais com respeito à autonomia absoluta de uma igreja local, a não ter autoridade delegada, a ter democracia em vez de teocracia, a não ter pai espiritual, etc.

B. O fator intrínseco de tais doutrinas sopradas: 1. As artimanhas dos homens: as maneiras sutis do homem, de enganar. 2. Ou seja, a astúcia do homem com vistas a um sistema de erro: o engano

maquinado do homem para induzir as pessoas no sistema satânico de erro—Ef 4:14.

II. O propósito dos ventos de doutrina: A. O propósito maligno do inimigo Satanás contra a economia eterna de Deus. B. Trastornar a fé de alguns crentes—2 Tm 2:18. C. Assolar a vida da igreja—At 8:3. D. Frustrar a edificação do Corpo orgânico de Cristo. E. Derribar a edificação do Corpo orgânico de Cristo. F. Dividir os membros do Corpo orgânico de Cristo: causando divisões (seitas)

intermináveis, em ódio e zelo, em lugar de guardar a unidade única do Corpo de Cristo, em amor e bondade—1 Co 1:10-11.

O FATOR INTRÍNSECO DOS VENTOS DE DOUTRINA COM SEU PROPÓSITO

Oração: Senhor, quanto te agradecemos por nos conduzir nas quatro reuniões anteriores. Nossa confiança todavia está em Ti. Não temos confiança em nós mesmos. Senhor, nossa confiança está em Tua benção. Sem Tua benção não podemos fazer nada. Senhor cubra-nos, nos limpa e perdoa-nos por toda nossa pecaminosidade. Estás conosco. Concede-nos Tua rica unção com Teu ungüento santo. Quanto necessitamos disto. Necessitamos de Tua presença. Necessitamos do Teu falar atual. Necessitamos que Tu fales em nosso falar. Senhor vindica Tua restauração. Queremos ser um contigo e estar em um espírito contigo. Senhor derrota o inimigo e seja vitorioso para Teu reino e para Tua expansão. Obtenha a vitória na predigação do evangelho, nas reuniões de lares, no aperfeiçoamento dos santos, e no profetizar para a edificação orgânica de Teu Corpo. Senhor, enquanto lutamos por Teu reino, não podemos esquecer-nos de nosso inimigo, que é Teu

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inimigo. O acusamos ante Teu trono de autoridade. Senhor, te pedimos que o venças e o envergonhes ao máximo. Que toda a glória seja Tua e que todas as bençãos estejam sobre nós. Te damos graças. Amém.

Nos capítulos anteriores, temos falado dos quatro assuntos intrínsecos da igreja. Neste capítulo chegamos a outro assunto intrínseco o qual é negativo: o fator intrínseco dos ventos de doutrina com seu propósito. Os quatro capítulos anteriores, que tratam dos assuntos intrínsecos positivos da igreja, podem ser considerados como uma comunhão relacionada com o “dia”. A comunhão apresentada neste capítulo pode ser considerada como algo relacionado à “noite”. De acordo com o que Deus criou, existe o dia e a noite; a manhã e a tarde. Necessitamos do dia e também necessitamos da noite. Durante a noite, temos a lua e as estrelas. A lua representa a igreja (Ct. 6:10), e as estrelas representam os santos (Dn. 12:3; Mt 5:14; Fl 2:15). A lua e as estrelas brilham durante a noite. Para que brilhemos necessitamos da noite. No entanto, também necessitamos do dia, no qual Cristo brilha como o sol (Ml 4:2; Lc 1:78-79). Cristo brilha no dia, mais na noite é refletido pela lua, ou seja, a igreja; e Ele brilha na noite por meio das estrelas, ou seja, os santos. Na noite a igreja e os santos brilham. Neste capítulo teremos comunhão de algo relacionado com a “noite”, mas esta comunhão estará sob a luz brilhante da igreja e dos santos, da lua e das estrelas.

O FATOR INTRÍNSECO DOS VENTOS DE DOUTRINA

Agora que já temos visto a essência intrínseca, o crescimento intrínseco, a edificação intrínseca e a comunhão intrínseca da igreja, necessitamos ver o fator intrínseco dos ventos de doutrina com seu propósito. Um fator intrínseco é um fator oculto, é um fator que não se vê. Para ver este fator intrínseco necessitamos de um entendimento propriado e aguçado que pode penetrar dentro de toda a situação. Todo vento de doutrina aparentemente é muito bom. Se não fosse bom em aparência ninguém o aceitaria. No entanto, dentro dos ventos de doutrina, intrinsecamente há algo diferente que não é bom.

Efésios 4:14 diz: “para que não mais sejamos meninos, jogados de um lado para outro e levados ao redor por todos os ventos de doutrina, pela fraudulência dos homens, pela astúcia tendente à maquinação do erro” (gr.). “Nas artimanhas dos homems” está em aposição com “pela astúcia”, que é “com vistas a um sistema de erro”. As artimanhas neste versículo são de homems, e o sistema de erro é de Satanás. O homem tem as artimanhas, a astúcia, mas não pode ter um sistema neste universo. No entanto, Satanás pode ter um sistema de erro. As artimanhas e a astúcia do homem estão relacionadas com o sistema satânico de erro.

Efésios 4:14 podem ser considerados como a conclusão da história do cristianismo. O cristianismo está cheio das artimanhas e da astúcia de homems. Em grego a palavra que se traduz “artimanhas” se refere ao engano usado pelos jogadores de dados. Um jogador astuto sabe como jogar dados a fim de enganar seu oponente. As artimanhas dos homems é um método de engano. Este método de engano é astuto, assim que chega a ser a astúcia mesma. “As artimanhas dos homems” implicam fraude e engano de homems. A história do cristianismo nos mostra que pode existir fraude e engano na comumente chamada doutrina cristã.

Os ventos de doutrina

Necessitamos ver o que são os ventos de doutrina. Estes ventos são os sopros diabólicos do maligno. Em Mateus 13:19, o Senhor disse: “A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho.” O maligno é Satanás (1 Jo 5:19). Satanás, o maligno, é também

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quem semeiou o joio, isto é, os crentes falsos entre os crentes verdadeiros (Mt 13:25, 38-39). O joio se parece com trigo, e é impossível ver a diferença entre eles até que o fruto é produzido no tempo de sua maturidade. O fruto do trigo é amarelo dourado, mas o fruto do joio é negro. A semeadura do joio, que são os filhos do maligno (Mt 13:38), foi obra de Satanás, o maligno. O propósito maligno ao fazer isto é corromper os filhos de Deus que são o trigo.

Os ventos diabólicos do maligno trazem tempestades para igreja. Tenho estado na vida da igreja por mais de sessenta anos e tenho visto muitas tormentas. Estive dezoito anos na obra com o irmão Nee, e durante esse período de tempo tive três ou quatro tormentas, as quais ocorreram com uma diferença de cinco anos aproximadamente. Saí da China continental com destino a Taiwan em 1949 e mais adiante, em 1962, vim aos Estados Unidos de América. Nestes últimos quarenta anos, temos tido uma tempestade a cada 12 anos aproximadamente. Uma tempestade é criada por ventos e ondas. Efésios 4:14 fala de ser sacudidos por ondas e levados por todo vento de doutrina. Depois do vento vêm as ondas. O vento mais as ondas equivalem a uma tempestade. Por minha experiência através dos anos, sei que não necessitamos sentir-nos ameaçados pela tormenta. Nenhuma tormenta vem e permanece para sempre. A tempestade vem e se vai.

As doutrinas que chegam a serem ventos são as “doutrinas que produzem ventos”. Estas doutrinas são diferentes da doutrina neotestamentária concernente a economia de Deus para a edificação do único Corpo orgânico de Cristo (1 Tm 1:3-4; 6:3). Primeira Timóteo 1:3-4 diz: “Como te roguei que ficasses em Éfeso, quando eu partia para Macedônia, para admoestares a alguns que não ensinassem doutrina diversa, nem se preocupassem com fábulas e genealogias intermináveis, as quais antes provocam discussões que dispensação de Deus, que se funda na fé” (gr.) Éfeso foi o lugar onde Paulo intencionalmente permaneceu três anos. Em Atos 20 Paulo disse que durante esses três anos, ele ensinou publicamente e de casa em casa, que não cessou de admoestar a cada um com lágrimas, e que não deixou de declarar todo o conselho de Deus aos santos (vs. 20, 31, 27). O conselho de Deus, sem dúvida, se refere a economia de Deus, o plano eterno de Deus. Paulo ensinou a economia de Deus noite e dia, publicamente nas reuniões e pessoalmente de casa em casa. Paulo não deixou de dizer aos santos de Éfeso qualquer coisa que fosse proveitosa para eles, e sem dúvida incluiu as coisas de sua vida diária. Paulo havia feito bastante pela igreja em Éfeso, no entanto, anos depois, ele estava muito preocupado pela igreja ali. Quando ele partiu rumo a Macedonia, ele encarregou a Timóteo que ficasse em Éfeso para que ajudar a alguns que não ensinassem diferentemente. Não eram muitos, eram somente uns poucos os que ensinavam diferente. Isto significa que ainda no tempo de Paulo havia alguns que ensinavam coisas diferentes da doutrina de Paulo.

“A dispensação de Deus” a qual se refere em 1 Timóteo 1:4 é “a economia de Deus”. A palavra economia é a transliteração para o português da palavra grega oikonomia. Oikonomia é composta de duas palavras gregas: oikos, que significa casa e nomos, que significa lei. Portanto, oikonomia significa a lei de uma casa, o governo da família ou a administração familiar. Deus tem uma casa universal e grande, assim mesmo, Deus tem Sua lei, Seu governo, Sua administração com respeito a Sua casa. Esta administração do lar é a economia de Deus. A economia de Deus, que é em fé, leva a cabo o dispensar de Deus mesmo. Deus em Sua Trindade divina — o Pai, o Filho e o Espírito— deseja dispensar-se a Si mesmo dentro de Seus crentes. A economia de Deus é a administração da casa de Deus para dispensar de Si mesmo dentro de Seu povo escolhido. Esta é a linha central da doutrina neotestamentária.

O Novo Testamento ensina como o Deus Triúno se encarnou para ser um homem. Este Deus-homem viveu uma vida santa, uma vida justa, uma vida brilhante, uma vida de luz. Ele viveu tal vida por trinta e três anos e meio. Depois que Ele terminou tal testemunho em Seu viver humano, Ele morreu na cruz a morte todo-inclusiva. Sua morte resolveu todos os problemas do universo

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relacionados com Deus e nós. Depois de sair da morte, Ele entrou em outra etapa, a etapa da ressurreição. Em ressurreição Ele foi gerado como Filho primogênito, o Primogênito entre muitos irmãos (At 13:33; Rm 8:29). Em ressurreição Ele também chegou a ser Espírito vivificante (1 Co 15:45), impartindo-se a Si mesmo dentro de nós, Seus crentes, para ser nossa vida, fazendo-nos os filhos de Deus. Antes de Sua ressurreição, Deus só tinha um Filho, Seu Filho unigênito. Mas em ressurreição Deus ganhou muitos filhos, que são os muitos irmãos do Filho primogênito, Cristo.

Como temos visto no capítulo três, estes filhos foram levados ao Pai pelo Filho e oferecidos ao Pai como um presente corporativo (Sl 68:18; Ef 4:8). Depois, Deus o Pai em Sua administração, devolveu este presente ao Filho como dons. Depois, o Filho deu estes dons a Seu Corpo para sua edificação (Ef 4:11-12). É maravilhoso que todos nós, os crentes, somos dons para funcionar no Corpo de Cristo, para a edificação do Corpo de Cristo. Somos dons dados ao Corpo de Cristo e estamos trabalhando para o Corpo de Cristo, para que o Corpo de Cristo cresça, aumente e se edifique, até chegar à medida da estatura da plenitude de Cristo. Quando chegarmos a este estágio, a noiva estará preparada, e o Noivo, Cristo, virá para ter Sua boda. Espero e aguardo com anelo ser parte daquela noiva, e estar pronto para as bodas do Cordeiro, o Noivo universal (Ap. 19:7-9). Como dons dados as igrejas pelo Filho do Pai, estamos laborando e preparando-nos para a festa vindoura.

Os 27 livros do Novo Testamento enfatizam uma coisa: a economia neotestamentária de Deus, cujo conteúdo é o Deus Triúno passando pelos processos da encarnação, o viver humano, a morte todo-inclusiva e a ressurreição para chegar a ser o Espírito vivificante para produzir o Corpo de Cristo que tem se expressado em muitas localidades como as igrejas locais. Isto é a economia de Deus e não devemos ensinar nenhuma outra coisa diferente disto. Necessitamos ensinar a economia de Deus de uma maneira intrínseca. Então, falaremos a mesma coisa que fala o Novo Testamento. Ensinar qualquer outra coisa aparte da economia de Deus é ensinar algo diferente do que ensina o Novo Testamento. Necessitamos manter-nos na linha central da economia neotestamentária de Deus. Desta maneira não seremos levados ou influenciados pelas diferentes doutrinas, as doutrinas que produzem os ventos.

As doutrinas que produzem os ventos são como as doutrinas do judaísmo, gnosticismo da antiguidade, e como a doutrina de ter autonomia absoluta de uma igreja local, de não ter autoridade delegada, de ter democracia em lugar de teocracia, de não ter pai espiritual, o qual se ensina atualmente. Os judaizantes nos dias de Paulo propagavam o judaísmo e também pregavam o evangelho. Filipenses 1:15-18 diz que estes pregavam o evangelho por rivalidade e zelo. Em 3:2 Paulo lhes chamou cães, maus obreiros e falsa circuncisão. O termo “falsa circuncisão”, que significa mutilação, é um termo depreciativo de circuncisão. Henry Alford assinala, em seu comentário sobre Filipenses, que os cães, os maus obreiros e os da falsa circuncisão, como é mencionado em Filipenses 3, são aqueles que pregam o evangelho em rivalidade contra Paulo como se menciona no capítulo 1. Estas pessoas pregavam o evangelho, mas em realidade eram maus obreiros. A doutrina destes judaizantes foi um vento que “arrastou” alguns dos santos apartando-os da linha central que é Cristo e a igreja. Nos tempos de Paulo também estavam os gnósticos que pregavam sua forma de sabedoria grega. Eles também ensinavam algo diferente da doutrina de Paulo com o fim de estorvar a edificação do Corpo orgânico de Cristo. Paulo se focava na economia neotestamentária de Deus

Hoje em dia também há doutrinas que são ventos, e que tem como meta desviar-nos do propósito central de Deus. Temos chamado atenção para doutrina da autonomia absoluta de uma igreja local, que está se infiltrando sutilmente na restauração do Senhor. Um livro escrito por G. H. Lang entitulado The Churches of God, foi promovido por alguns irmãos. Neste livro Lang fala da autonomia da igreja local. A doutrina da autonomia arruinou as assembleias dos Irmãos. Em um

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curto período, os Irmãos chegaram a dividir-se e formaram assim muitas divisões. Inclusive em uma localidade os Irmãos tinham cinco assembleias autônomas e independentes. Eu sei de uma assembleia dos Irmãos que se dividiu pela razão de se devia tocar piano ou órgão nas reuniões. Devido a este desacordo, eles se dividiram em duas assembleias; uma assembleia usava o piano e a outra, o órgão.

Em 1933, o irmão Nee foi convidado à Inglaterra para visitar os Irmãos. Logo ele viajou aos Estados Unidos e Canadá para visitar os Irmãos ali. Quando ele regressou de sua viajem, nos deu um relatório de como as assembleias dos Irmãos estavam divididas. Ele nos disse que a situação deles era de confusão. Numa cidade podia haver muitas assembleias dos Irmãos. Isto fez com que o irmão Nee estudasse a Bíblia outra vez para averiguar quais eram os limites de uma assembleia local, uma igreja local. Em 1934, ele publicou um livro entitulado A Vida de Reunião [não está ainda traduzido do chinês]. Nesse livro de quatro capítulos, ele nos disse que os limites e a jurisdição de uma assembleia local, isto é, uma igreja local, tem por limite a cidade onde ela está. Três anos depois, em 1937, o irmão Nee veio e compartilhou mais sobre o terreno da igreja. Esta verdade está na Vida Cristã Normal da Igreja. Neste livro ele destaca que devido o limite de uma igreja local é o limite da cidade na qual se encontra a igreja, o terreno sobre a qual a igreja local pode ser edificada, baseado na unidade única do Corpo de Cristo, é também a cidade na qual se encontra a igreja. Ensinar que as igrejas locais são absolutamente autônomas, é dividir o Corpo de Cristo.

Outro vento de doutrina hoje em dia é a doutrina de que não há autoridade delegada. Alguns dizem que não há autoridade designada por Deus para representá-lo na terra. Mas a Bíblia nos diz claramente que o esposo é a cabeça da esposa (Ef 5:23) e que a cabeça da mulher é o varão (1 Co 11:3). A Bíblia também indica claramente que os pais são a autoridade delegada sobre os filhos (Ef 6:1-3; Cl 3:20). Romanos 13 nos diz que os governos humanos são as autoridades delegadas por Deus para governar sobre a terra.

Considere que classe de vida matrimonial seria se o esposo não fosse a cabeça. Que ocorreria se não tivesse governo em uma cidade ou um país? Seria uma situação na qual haveria anarquia e não haveria lei. Se não tivesse policía em uma grande cidade, haveria muita desordem, caos e crimes desenfreados. O esposo como a cabeça da esposa é a autoridade delegada por Deus sobre a família; os pais são a autoridade delegada sobre os filhos; e os governos são as autoridadees delegadas, as quais Deus usa para governar a terra. Estas autoridades governamentais trabalham para que nós possamos ministrar Cristo uns aos outros e para que possamos pregar o evangelho em um ambiente pacífico, ordenado e apropriado. A doutrina de que não há autoridade delegada não se encontra na Bíblia.

Também existe a autoridade delegada no Corpo de Cristo. O Novo Testamento nos mostra claramente que na igreja local deve haver um governo constituido de presbíteros designados pelos apóstolos (At 14:23; Tit. 1:5). A Bíblia nos diz que os presbíteros são os que tomam a iniciativa (Rm 12:8). Se quisermos manter boa ordem na casa de Deus, devemos ter os que tomam a liderança, e conforme Hebreus 13:17, todos os santos devem obedecer e submeter-se a eles. Isto é necessário para a edificação da igreja.

Os apóstolos constituem presbíteros nas igrejas que eles levantam (At 14:23), e os presbíteros todavia tem que receber as instruções e a direção da parte dos apóstolos (1 Tm 3:14-15; Tit. 1:5-9; At 20:17-18a, 28:32, 35), ainda que em realidade a responsabilidade de cuidar ou guiar a igreja é encomendado aos presbíteros. Os apóstolos não somente tem o dever e a autoridade de constituir aos presbíteros, mais também tem o dever e a autoridade de destitui-los. Paulo disse a Timóteo: “Não recebas acusação contra um presbítero senão pela boca de duas ou três testemu-

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nhas. Aos que pecam, repreende-os diante de todos para que também os outros tenham medo.” (1 Tm 5:19-20). Isto indica que depois que um apóstolo escolhe e constitui os homems para que seja presbíteros, o apóstolo todavia tem a autoridade de tratar com eles. Esta breve comunhão deve ajudar-nos a ver que a doutrina de que não há autoridade delegada é um vento de doutrina para frustrar e derribar a edificação orgânica do Corpo de Cristo.

Outro vento de doutrina, hoje em dia, é a doutrina da democracia em lugar da teocracia. A administração de Deus não se leva a cabo por meio de autocracia nem de democracia, sim por meio de teocracia. A teocracia é o governo de Deus com Sua autoridade. A nação de Israel no Antigo Testamento era uma teocracia. Deus exerceu Sua administração através dos sacerdotes por meio do Urim e do Tumim sobre o peitoral (Ex. 28:30; Lv. 8:8; Nm. 27:21; Dt. 33:8; 1 Sm 28:6; Ed. 2:63; Ne. 7:65). Este foi o governo de Deus em tipologia. No Novo Testamento, na igreja, deve também existir a teocracia. Hoje dia a realidade do Urim e Tumim está em nós. A realidade do Urim e Tumim é o Deus Triúno como Cristo, que é o Espírito vivificante em nós. Hoje adminis-tramos as igrejas segundo o guiar do Espírito dentro de nós. Hoje dia, isto é nosso Urim e Tumim.

É correto que as pessoas do mundo queiram ter a democracia. Falando em termos humanos, a democracia é uma forma maravillosa de governo. No entanto, é uma vergonha que haja democra-cia na igreja, pois isto significa que qualquer um pode falar o que lhe agrade. Uma igreja local que pratica a democracia é como a igreja em Laodicea (Ap. 3:14). A palavra “Laodicea” em grego significa a opinião do povo. A igreja em Laodicea representa a igreja degradada. Os “micróbios” da democracia têm entrado em algumas igrejas. Esta doutrina de democracia na igreja é um vento de doutrina, um soprar diabólico do maligno.

A intenção que está detrás dos ventos de doutrina hoje em dia tem um propósito duplo: 1) derrubar o ministério atual do Senhor em Sua restauração; e 2) opor-se a nova maneira, a maneira ordenada por Deus, a qual é a maneira bíblica de reunir-se e de servir para a edificação do Corpo de Cristo. Se a maneira ordenada por Deus e o ministério atual do Senhor nos forem tirados, o qué nos restaria?

Alguns têm dito: “Não necessitamos das mensagens de Estudio-vida nem das notas da Versão Restauração. Podemos ler a Palavra pura de Deus”. Sem dúvida, necessitamos da Palavra pura de Deus, mais também necessitamos da explicação apropriada da Palavra. Como poderíamos ter um entendimento do livro de Levítico sem a explicação apropriada? Poderíamos ler Levítico uma e outra vez sem que tivéssemos muito entendimento do mesmo. A visão de Pedro em Atos 10 foi uma exposição de Levítico. Paulo também apresentou o livro de Levítico em Hebreus. Durante os séculos da história da igreja, certos irmãos têm sido levantados para apresentar em detalhe o livro de Levítico. Hoje, estamos “apoiado neles” para herdar tudo o que se tem entendido e descoberto. Pela misericordia do Senhor, por termos nos apoiado neles, nós também temos visto algo mais. O que temos visto está hoje no E.V. de Levítico. Dizer que não temos necessidade de tal explicação da Palavra santa é um vento forte de doutrina que desvia os santos da linha central da economia de Deus.

Outro vento de doutrina hoje em dia é a doutrina de que não existe um pai espiritual. Alguns têm enfatizado que Paulo não devia ter dito em 1 Coríntios 4:15: “Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus.” Dizer que Paulo não devia ter dito que ele era o pai espiritual dos coríntios, é descartar a autoridade da Bíblia.

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O fator intrínseco de tais doutrinas que produzem ventos

A Biblia fala de ventos de doutrina e de coisas espirituais, mas qual é o fator intrínseco de tais doutrinas? Em 1933, um irmão entre nós recebeu um bilhete do irmão Watchman Nee que dizia: “Faça o correto, da maneira adequada, com o espírito apropriado”. Esta palavra chegou a ser um provérbio maravilhoso para mim. Sempre devo recordar que necessito fazer o correto, da maneira adequada, com o espírito apropriado. A forma como estamos tratando hoje em dia em relação aos ventos de doutrina não são correto e não são da maneira adequada nem com o espírito apropriado. O que se tem feito é incorreto, a maneira é incorreta, e o espírito no qual é tratado é todavia pior. O que se tem falado nos ventos de doutrina são mentiras, ou meias verdades, as quais também são mentiras. As meias verdades e as insinuações são mais malignas que uma mentira direta. O fator intrínseco de tais doutrinas que produzem ventos é a astúcia dos homems, isto é, as maneiras sutis do homem para enganar. A astúcia dos homems são as artimanhas dos homems com vistas a um sistema de erro, ou seja, o engano planejado pelo homem para induzir as pessoas em um sistema satânico de erro (Ef 4:14). O sistema de erro pertence ao inimigo, Satanás.

O PROPÓSITO DOS VENTOS DE DOUTRINA

Agora necessitamos ver o propósito dos ventos de doutrina. O propósito dos ventos de doutrina é o propósito maligno do inimigo, Satanás, o qual está contra a economia eterna de Deus. O propósito dos ventos é derrubar a fé de alguns crentes. A fé de alguns santos tem sido derrubada pelos ventos de doutrina. Talvez eles não se oponham a restauração do Senhor, mas tem perdido sua fé na restauração do Senhor. Estão em uma posição neutra. Não assistem regularmente as reuniões, e não se preocupam tanto pelos interesses do Senhor como uma vez já o fizeram. Estão danificados.

O propósito dos ventos de doutrina é assolar a vida da igreja (At 8:3). Isto é o que Saulo de Tarso fez antes de ser o apóstolo Paulo. O propósito dos ventos de doutrina é também frustrar, derru-bar o Corpo orgânico de Cristo e dividir os membros do Corpo orgânico de Cristo, causando divisões intermináveis (seitas), em lugar de manter a unidade única do Corpo de Cristo em amor e bondade (1 Co 1:10-11). De acordo com a história de nosso passado, todos os instigadores das tormentas na restauração chegaram a ser muito divisivos. Ainda se dividiram entre eles. Sua divisão é interminavel. Não há amor nem bondade entre eles. O que eles fazem está pleno de ódio e de zelo.

Assim, temos visto o propósito dos ventos de doutrina e seu fator intrínseco, o qual é as artimanhas dos homems em astúcia com vistas a atrair e dirigir as pessoas a um sistema satânico de erro. Aqueles que foram introduzidos no sistema satânico de erro ficam anulados com respeito à edificação do Corpo de Cristo, o qual está na linha central da economia neotesta-mentária de Deus.

Estou muito agradecido ao Senhor porque a maioria dos santos nas igrejas tem o discernimento apropriado. Eles não serão sacudidos, nem desviados. Graças ao Senhor que até hoje estamos aqui pelo avanço de Sua restauração!