a duplicidade como política de washington para a américa latina

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A duplicidade como política de Washington para a América Latina – Marines para a América Central e diplomatas para Cuba por James Petras Toda a gente, desde sabichões políticos em Washington até o Papa em Roma, incluindo a maior parte dos jornalistas nos mass media e na imprensa alternativa, centrou a atenção nos movimentos dos EUA rumo à finalização do bloqueio económico de Cuba e à abertura gradual de relações diplomáticas. Falase muito de uma "grande mudança" na política estadounidense em relação à América Latina com ênfase na diplomacia e na reconciliação. Mesmo autores e jornais progressistas deixaram de escrever acerca do imperialismo dos EUA. Contudo, há evidências crescentes de que as negociações de Washington com

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James Petras analisa a politica de Washington para a América Latina

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  • 14/06/2015 AduplicidadecomopolticadeWashingtonparaaAmricaLatina

    http://resistir.info/petras/petras_28mai15.html 1/9

    AduplicidadecomopolticadeWashingtonparaaAmricaLatinaMarinesparaaAmricaCentralediplomatasparaCuba

    porJamesPetras

    Toda a gente, desde sabiches polticos emWashington at o Papa emRoma,incluindoamaiorpartedosjornalistasnosmassmediaenaimprensaalternativa,centrou a ateno nos movimentos dos EUA rumo finalizao do bloqueioeconmicodeCubaeaberturagradualderelaesdiplomticas.

    Falasemuitodeuma"grandemudana"napolticaestadounidenseemrelaoAmrica Latina com nfase na diplomacia e na reconciliao.Mesmo autores ejornaisprogressistasdeixaramdeescreveracercadoimperialismodosEUA.

    Contudo, h evidncias crescentes de que as negociaes deWashington com

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    Cubasimplesmente fazempartedeumapolticadplice,deduasvias (twotrackpolicy).Hclaramenteumagrandeacumulao [de foras]dosEUAnaAmricaLatina,comdependnciacrescenteem"plataformasmilitares"destinadasalanarintervenesmilitaresdirectasempasesestratgicos.

    Almdisso,decisorespolticosdosEUAenvolvemseactivamentenapromoodepartidos de oposio, movimentos e personalidades "clientes" a fim dedesestabilizargovernos independenteseestodecididosareimporadominaoestadounidense.

    Nesteensaiocomearemospordiscutirasorigenseodesdobrardestapolticadeduas vias, suas manifestaes actuais e projeces no futuro. Concluiremosavaliando as possibilidades de restabelecer a dominao imperial dos EUA naregio.

    Origensdapolticadeduasvias

    A "poltica de duas vias" de Washington, baseada na combinao de "polticasreformistas"emrelaoaalgumasformaespolticas,enquanto trabalhavaparaderrubaroutrosregimesemovimentospelaforaeintervenomilitar,foipraticadapela antiga administrao Kennedy a seguir revoluo cubana. Kennedyanunciouumvastoprogramaeconmicodeajuda,emprstimoseinvestimentoschamado "Aliana para o Progresso" para promover o desenvolvimento e areforma social em pases latinoamericanos desejosos de se alinharem com osEUA.AomesmotempooregimeKennedyescalouaajudamilitarestadounidenseeexerccios conjuntosna regio.Kennedypatrocinouumgrande contingente deForas Especiais os "Boinas Verdes" destinados guerra de contrainsurgncia.AAlianaparaoProgressodestinavaseaconteraatracomaciadas mudanas sociais revolucionrias em curso em Cuba com o seu prprioprogramade"reformasocial".SebemqueKennedypromovessereformasdiludasnaAmricaLatina,ele lanouainvaso"secreta"deCuba(BaiadosPorcos)em1961eumbloqueionavalem1962(achamada"crisedosmsseis").Apolticadeduas vias acabou por sacrificar reformas sociais e fortalecer a repressomilitar.Emmeadosdadcadade1970,as"duasvias"tornaramseumasafora.OsEUAinvadiramaRepblicaDominicanaem1965.Apoiaramumasriedegolpesmilitaresemtodaregio,isolandoCubaefectivamente.Emconsequncia,aforade trabalho latinoamericana experimentou cerca de um quarto de sculo dedeclniodospadresdevida.

    Nadcadade1980osditadoresclientesdosEUAhaviamperdidosuautilidadeeWashingtonmais uma vez adoptou umaestratgia de duas vias.Numa, aCasaBrancaapoiouincondicionalmenteaagendaneoliberaldosseusmilitaresclientesgovernantes e patrocinouos como parceiros jniors na hegemonia regional deWashington. Na outra via, promoveu mudanas para uma poltica eleitoralaltamente controlada, a qual foi descrita como "transiodemocrtica",a fim de"descomprimir" presses sociais de massa contra seus clientes militares.Washington assegurou a introduo de eleies e promoveu polticos clientes

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    desejososdecontinuaraestruturascioeconmicaneoliberalestabelecidapelosregimesmilitares.

    Naviragemdonovosculo,osdescontentamentosacumuladosemtrintaanosdedomnio repressivo, de polticas scioeconmicas regressivas e dedesnacionalizaoeprivatizaodopatrimnionacionalprovocaramumaexplosode descontentamento social emmassa. Isto levou ao derrube e derrota eleitoraldosregimesclientesneoliberaisdeWashington.

    NamaiorpartedaAmricaLatinamovimentosdemassasestavamaexigir umarupturacomosprogramasde"integrao"centradosnosEUA.Oantiimperialismoabertocresciaeintensificavase.Esteperodoassistiuemergnciadenumerososgovernos de centroesquerda na Venezuela, Argentina, Equador, Bolvia, Brasil,Uruguai,Paraguai,HonduraseNicargua.Almdasmudanasderegime,foraseconmicas mundiais fizeram crescer mercados asiticos, seus pedidos dematriasprimas latinoamericanas e a ascenso dos preos das commoditiesajudou a estimular o desenvolvimento de organizaes regionais centradas naAmricaLatinaforadocontroledeWashington.

    AindaestavamentranhadosemWashingtonosseus25anosdepoltica"vianica"de apoio a polticas autoritrias civismilitares e de imposio neoliberal e eraincapazde responder e apresentar uma alternativa de reforma ao desafio antiimperialista e de centroesquerda sua dominao. Washington trabalhou parareverteranovaconfiguraodepoder.Suasagnciasparaoexterior,aAgencyforInternationalDevelopment(AID),aDrugEnforcementAgency(DEA)eembaixadastrabalhavam para desestabilizar os novos governos na Bolvia, Equador,Venezuela,ParaguaieHonduras.A"vianica"deintervenoedesestabilizaoestadounidense fracassou durante a primeira dcada do novo sculo (com aexcepodeHonduraseParaguai).

    No fim,Washingtonacaboupoliticamente isolada.Seusesquemasde integraoforam rejeitados. Suas fatias de mercado na Amrica Latina declinaram.Washingtonnosperdeusuamaioria automtica naOrganizaodosEstadosAmericanos(OEA)comosetornouumaminoriantida.

    Apoltica"vianica"deWashingtondeconfiarno"porrete"eevitara"cenoura"erabaseada em vrias consideraes. Os regimes Bush e Obama estavamprofundamente influenciados pelos vinte e cinco anos de dominao da regio(19752000)eanoodequeoslevantamentoemudanaspolticasnaAmricaLatina na dcada seguinte eram efmeros, vulnerveis e facilmente reversveis.Almdisso,Washington, acostumada durantemais de um sculo de dominaoeconmica demercados, recursos e trabalho, considerou como garantido que asuahegemoniaera inaltervel .ACasaBranca falhouemreconhecera foradaparticipaocrescentedaChinanomercadolatinoamericano.ODepartamentodeEstadoignorouacapacidadedegovernoslatinoamericanosparaintegraremseusmercadoseexcluremosEUA.

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    Responsveis do Departamento de Estado dos EUA nunca se afastaram dadesacreditadadoutrinaneoliberalquehaviampromovidocomxitonadcadade1990. A Casa Branca fracassou na adopo de uma viragem "reformista"paraconter o apelo de reformadores radicais como Hugo Chvez, o presidentevenezuelano. Isto foi mais evidente nos pases caribenhos e andinos onde oPresidenteChvezlanousuasduas"alianasparaoprogresso":a"PetroCaribe"(programa da Venezuela de fornecimento de combustvel barato, fortementesubsidiado, a pases pobres da Amrica Central e do Caribe e de leo decalefacoparabairrospobresnosEUA)eo"ALBA"(uniopolticoeconmicadeestadosandinos,maisCubaeNicargua,concebidaparapromoversolidariedadepoltica e laos econmicos regionais). Ambos os programas foram fortementefinanciados por Caracas.Washington fracassou em propor um plano alternativocomxito.

    Incapaz de vencer diplomaticamente ou na "batalha de ideias", Washingtonrecorreuao"grandeporrete"eprocurouperturbaroprogramaeconmicoregionalda Venezuela ao invs de competir com os generosos e benficos pacotes deajuda de Chvez. As "tcticas destruidoras" dos EUA saram pela culatra. Em2009,oregimeObamaapoiouumgolpemilitaremHonduras,removendooliberale reformista Presidente eleito, Zelaya, e instalou uma tirania sangrenta, umareversodcadade1970quandoosEUAapoiaramogolpechilenoquelevouogeneralPinochetaopoder.AsecretriadeEstadoHilaryClinton,numactodepurapalhaadapoltica,recusouseachamardegolpeoderrubeviolentodeZelayaerapidamentereconheceuaditadura.NenhumoutrogovernoapoiouosEUAnasuapolticadeHonduras.Houveumacondenaouniversaldogolpe ,destacandooisolamentodeWashington.

    Repetidamente,Washingtontentouutilizarsua"cartahegemnica"masfoivencidasem rodeios em reunies regionais. Na Cimeira das Amricas em 2010, paseslatinoamericanos afastaramobjeces dosEUAe votarampor convidarCubasua reunioseguinte,desafiandoumvetoestadounidensede50anos.OsEUAforamdeixadosssnasuaoposio.

    A posio de Washington foi mais uma vez enfraquecida pelo boom decommoditiesaolongodeumadcada(estimuladopelaprocuravorazdaChinaporprodutos agrominerais). O "megaciclo" ps em causa a antecipao dosDepartamentosdoTesouroedoEstadodosEUAdeumcolapsodepreos.Nosciclosanteriores,"baixas"depreosdecommoditieshaviamforadogovernosdecentroesquerdaacorreremaoFundoMonetrioInternacional(FMI)controladoporWashington procura de emprstimos altamente condicionados para sanarbalanas de pagamentos, nos quais a Casa Branca costumava impor suaspolticas neoliberais e dominao poltica. O "megaciclo" gerou receitas erendimentos ascendentes. Isto deu enorme alavancagem a governos de centroesquerdaparaevitaras"armadilhasdadvida"("debttraps")emarginalizaroFMI.Isto virtualmente eliminou a condicionalidade imposta pelos EUA e permitiu agovernos latinoamericanosprosseguirempolticaspopulistasnacionalistas.Estaspolticas diminuram a pobreza e o desemprego. Washington jogou a "carta da

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    crise" e perdeu. No entanto, Washington continuou a trabalhar com grupos deoposio de extrema direita para desestabilizar os governos progressistas, naesperana de que "chegassem ao desastre", caso em que os apaniguados deWashington"valsariam"etomariamopoder.

    Areintroduodapolticade"duasvias"

    Aps uma dcada e meia de golpes duras, de fracassos repetidos das suaspolticasdo"grandeporrete",derejeiodeesquemadeintegraocentradosnosEUA e de mltiplas derrotas inequvocas de polticos seus clientes nas urnaseleitorais,Washingtonfinalmentecomeoua"repensar"suapolticade"vianica"ehesitantementeexploraumalimitadaabordagempelas"duasvias".

    Contudo,as "duasvias" incluempolaridadesclaramentemarcadaspelopassadorecente. Enquanto o regime Obama abriu negociaes e avanou para oestabelecimento de relaes com Cuba, ele escalou as ameaas militares emrelao Venezuela ao absurdamente etiquetar Caracas como uma "ameaa segurananacionaldosEUA".

    WashingtonacordouparaofactodequeasuapolticabelicosaemrelaoaCubafoirejeitadauniversalmenteedeixouosEUAisoladosdaAmricaLatina.OregimeObamadecidiu afirmar algumas "credenciais reformistas"comaexibioda suaabertura a Cuba . A "abertura a Cuba" realmente faz parte de umamais vastainterveno poltica mais activa na Amrica Latina . Washington tomar plenoproveitodavulnerabilidadeagravadadosgovernosdecentroesquerdaquandoomegaciclo das commodities chega ao fim e os preos entram em colapso.Washington aplaude o programa de austeridade oramental perseguido peloregimedeDilmaRousseff noBrasil.Apoia calorosamenteo recmeleito regime"FrenteAmpla"deTabarVzqueznoUruguaicomsuaspolticasdemercadolivreeajustamentoestrutural.ApoiapublicamentearecentenomeaopelapresidentechilenaBacheletdedemocratascristosdecentrodireitaparapostosministeriaisafimdeobsequiarobigbusiness.

    Estas mudanas dentro da Amrica Latina proporcionam uma "abertura" paraWashingtonprosseguirumapolticade"duasvias".PorumladoWashingtonestaaumentar a presso poltica e econmica e a intensificar sua campanha depropagandacontrapolticaseregimesde"intervenoestatal"noperodoimediato.Poroutrolado,oPentgonoestaintensificareescalarsuapresenanaAmricaCentralesuavizinhanaimediata.Oobjectivofinalmenterecuperaralavancagemsobreocomandomilitarnorestodocontinentesulamericano.

    O Miami Herald (10/05/15) informou que a administrao Obama enviou 280marines para a Amrica Central sem qualquer misso especfica ou pretexto.Verificandose logoapsaCimeiradasAmricasnoPanam (1011/Abril/2015),estaacotemgrandeimportnciasimblica.SebemqueapresenadeCubanaCimeira possa ter sido louvada como uma vitria diplomtica da reconciliaodentro das Amricas, o despacho de centenas de fuzileiros navais estado

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    unidensesparaaAmricaCentralsugerequeoutrocenrioestempreparao.

    Ironicamente,nareuniodaCimeira,osecretriogeraldaUniodasNaesSulAmericanas (UNASUL), o antigo presidente colombiano (199498) ErnestoSamper, conclamou os EUA a removerem todas as suas bases militares daAmrica Latina, incluindo Guantanamo: "Um bom ponto na nova agenda derelaes na Amrica Latina seria a eliminao das bases militares estadounidenses".

    A ideia da "abertura" dos EUA a Cuba precisamente assinalar seu maiorenvolvimento na Amrica Latina, o qual inclui um retorno a uma mais robustainterveno militar estadounidense. A inteno estratgica restaurar regimesclientesneoliberais,pelosvotosoupelasbalas.

    Concluso

    A actual adopo de Washington de uma poltica de duas vias uma "versobarata"dapolticadeJohnF.Kennedydecombinara"AlianaparaoProgresso"comas"BoinasVerdes".Contudo,Obamaoferecepoucoquantoaapoiofinanceiroparamodernizao e reforma a fim de complementar seu desejo de restaurar adominncianeoliberal.

    Apsumadcadaemeiaderecuopoltico,isolamentodiplomticoeperdarelativade alavancagem militar, o regime Obama levou seis anos para reconhecer aprofundidadedoseuisolamento.NomomentoemqueasecretriaassistenteparaAssuntos do Hemisfrio Ocidental, Roberta Jacobson, afirmou que estava"surpreendida e desapontada" quando todos os pases latinoamericanos seopuseramafirmaodeObamadequeaVenezuelarepresentavauma"ameaasegurananacionaldosEstadosUnidos",elamostrouquo ignoranteeforadesintonia se tornou o Departamento de Estado em relao capacidade deWashington para influenciar a Amrica Latina no apoio sua agenda deintervenoimperial.

    Comodeclnioerecuodocentroesquerda,oregimeObamatemestadoansiosoporexploraraestratgiadasduasvias.NamedidaemqueasconversaesdepaznaColmbiaentreasFARCeoPresidenteSantosavancem,provvelqueWashington reajuste sua presena militar na Colmbia para enfatizar suacampanha de desestabilizao contra a Venezuela. O Departamento de EstadoaumentaraberturasdiplomticasBolvia.ANationalEndowmentforDemocracyintensificarsuaintervenonaseleiesargentinasdesteano.

    Circunstncias variadase cambiantesditam tcticas flexveis .Apairar sobreasmudanas tcticas de Washington est uma perspectiva estratgica odiosadestinada a aumentar a alavancagem militar . Quando as negociaes de pazentre o governo colombiano e as guerrilhas das FARC avanam rumo a umacordo, diminui o pretexto para manter sete bases militares estadounidenses evrios milhares de militares dos EUA, assim como suas tropas de Foras

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    Especiais.Contudo,opresidenteSantosdaColmbianodeu indicaodequeum"acordodepaz"estariacondicionadoretiradadetropasestadounidensesouaoencerramentodassuasbases.Poroutraspalavras,oUSSouthernCommandreteriauma plataformamilitar vital e uma infraestrutura capaz de lanar ataquescontraaVenezuela,Equador,AmricaCentraleoCaribe.Combasesmilitaresportoda a regio, naColmbia, emCuba (Guantanamo), Honduras (Soto Cano emPalmerola),Curaao,ArubaePeru,Washingtonpoderapidamentemobilizarforasde interveno. Laos militares com as foras armadas do Uruguai, Paraguai eChile asseguram contnuos exerccios conjuntos e estreita coordenao daschamadas polticas de "segurana" no "Cone Sul" da Amrica Latina. Estaestratgia est concebida especificamente para preparar a represso internacontra movimentos populares , sempre e em todo momento em que a luta declasseseintensifiquenaAmricaLatina.Apolticadeduasvias,hojeemvigor,executadaatravsdeestratgiaspolticodiplomticasemilitares.

    Noperodoimediato,namaiorpartedaregio,Washingtonbuscaumapolticadeinterveno e presso poltica, diplomtica e econmica. A Casa Branca est acontarcomo"giroparadireita"deantigosgovernosdecentroesquerdaafimdefacilitar o retorno ao poder de regimes clientes descaradamente neoliberais emfuturas eleies. Isto especialmente verdadeiro em relao ao Brasil e Argentina.

    A "via polticodiplomtica" evidente nos movimentos de Washington pararestabelecerrelaescomaBolviaefortaleceraliadosalhuresafimdealavancarpolticas favorveis noEquador,Nicargua eCuba.Washington prope ofereceracordosdiplomticosecomerciaisemtrocadeum"amaciamento"dacrticaantiimperialistaedoenfraquecimentodosprogramasda "eraChvez"de integraoregional.

    A "abordagem em duas vias", tal como aplicada Venezuela, tem umacomponentemilitarmaisabertadoquealhures.Washingtoncontinuarasubsidiarviolentos cruzamentos paramilitares da fronteira com a Colmbia. Continuar aencorajar a sabotagem terrorista interna da rede elctrica e do sistema dedistribuio alimentar. O objectivo estratgico desgastar a base eleitoral dogovernoMaduro, comopreparaoparaaseleies legislativas no fimde 2015.Quando se trata da Venezuela, Washington est a seguir uma estratgia em"quatropassos":

    (1)Intervenoviolentaindirectaparadesgastaroapoioeleitoraldogoverno

    (2) Financiamento em grande escala da campanha eleitoral da oposioparlamentarparaassegurarumamaiorianoCongresso

    (3)UmacampanhamacianosmediaemfavordeumvotodoCongressoparaumreferendoimpedindo(impeaching)oPresidente

    (4) Uma campanha em grande escala financeira, poltica e nos media para

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    assegurarumamaioriadevotosparaoimpeachmentporreferendo.

    Na possibilidade de uma votao por margem estreita, o Pentgono preparariaumaintervenomilitarrpidacomseuscolaboradoresinternosprocurandoumderrubedeMaduro"estiloHonduras".

    Afraquezaestratgicaetcticadapolticadeduasviasaausnciadequalquerajuda econmica prolongada e abrangente, com programas de comrcio einvestimentoqueatrassememantivessemeleitoresdaclassemdia.Washingtonestacontarmaiscomosefeitosnegativosdacrisepararestaurarseusclientesneoliberais.OproblemacomestaabordagemqueasforasprEUAspodemprometer um retorno a programas de austeridade ortodoxos, com reverso deprogramassociaisedebemestarpblico,fazendoaomesmotempoconcesseseconmicasemgrandeescalaaosmaioresinvestidoresebanqueirosestrangeiros.Aimplementaodetaisprogramasregressivosiriamateare intensificarconflitosdeclasse,decomunidadesetnicos.

    Aestratgiade "transioeleitoral"dosEUAumexpediente temporrio , luzdaspolticaseconmicasaltamente impopularesquecertamenteimplementariam.A ausncia completa de qualquer ajuda scioeconmica substancial dos EUAparaamortecerosefeitosadversos sobre famlias trabalhadoras significaqueasvitrias eleitorais dos clientes dos EUA no perduraro. Eis porque e quando aacumulaomilitar estratgica entra em cena.O xito da via nica, a busca detcticas polticodiplomticas, inevitavelmente polarizar a sociedade latinoamericanaeaumentarasperspectivasparaalutadeclasse.Washingtonesperater seus aliadosclientes polticomilitares prontos para responder com repressoviolenta.Aintervenodirectaeoaumentodarepressointernaentraroemcenaparaasseguraradominnciaestadounidense.

    A "estratgia deduas vias",mais uma vez, evoluir para uma "estratgia de vianica"destinadaadevolveraAmricaLatina[condiode]regiosatlite,prontaparaapilhagempormultinacionaisextractivaseespeculadoresfinanceiros.

    Comotemosvistoaolongodaltimadcadaemeia,"polticasdeduasvias"levamalevantamentossociais.Enaprximaocasioosresultadospodemirmuitoalmderegimesprogressistasdecentroesquerda, rumoagovernosverdadeiramentesociaisrevolucionrios!

    Eplogo

    Osconstrutoresdoimprioestadounidensedemonstraramclaramenteportodoomundo a sua incapacidade para intervir e produzir estados clientes estveis,prsperoseprodutivos(IraqueeLbiasocasosexemplares).Nohrazoparaacreditar, mesmo que a "poltica das duas vias" leve a vitrias eleitoraistemporrias,queosesforosdeWashingtonpararestaurarasuadominnciateroxito na Amrica Latina, ainda menos porque sua estratgia falta qualquermecanismoparaaajudaeconmicaereformassociaisquemantivesseumaelite

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    prEUAnopoder.Exemplo:comopoderiamosEUAcompensardealgummodoopacote de ajuda da China ao Brasil de US$50 mil milhes seno atravs daviolnciaedarepresso?

    importante analisar como a ascenso da China, Rssia, de fortes mercadosregionaisedenovos centros financeirosenfraqueceramgravementeosesforosde regimes clientespara realinharemcomosEUA.Golpesmilitares emercadoslivres j no so mais frmulas garantidas de xito na Amrica Latina. Seusfracassospassadossodemasiadorecentesparaseremesquecidos.

    Finalmente, a "financiarizao"da economia estadounidense, que at o FundoMonetrio Internacionaldescrevecomo impactonegativode "demasiada finana"(Financial Times, 13/Maio/15, p. 4), significa que os EUA no podem concederrecursos capitais para desenvolver a actividade produtiva na Amrica Latina. Oestadoimperialspodeservirdeviolentocobradordedvidasparaosseusbancosno contexto do desemprego em grande escala . O imperialismo financeiro eextractivo um cocktail polticoeconmico para detonar a revoluo social numcontinente inteiro ,muito para alm da capacidade dos fuzileiros navais estadounidensesoimpediremousuprimirem.

    28/Maio/2015

    Ooriginalencontraseempetras.lahaine.org/?p=2035

    Esteartigoencontraseemhttp://resistir.info/.03/Jun/15