a doutrina da salvação - lições bíblicas - aliança

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Compreender a salvação é a coisa mais importante em nossa vida. Porquê? Primeiro porque somos pecadores e precisamos ser salvos, libertos do pecado e dos seus efeitos. Segundo, porque se formos cristãos, precisamos sair e proclamar a salvação para as pessoas que dela precisam. Assim, tanto para o não-cristão como o para o cristão o entendimento da doutrina dasalvação é extremamente necessário.

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Page 1: A Doutrina Da Salvação - Lições Bíblicas - Aliança
Page 2: A Doutrina Da Salvação - Lições Bíblicas - Aliança

Nossos autores

Anderson José de Andrade FirminoPastor dalgreja Evangélica Congregacional no Bessa, João Pessoa/PB.

António Pereira da Costa JúniorCopastor da 1a Igreja Evangélica Congregacional, Santa Cruz doCapibaribe/PE.

Aurivan Marinho da CostaPastor da Igreja Evangélica Congregacional em Estância, Recife/PE.

BertoniFeliciano de SouzaPastor da Igreja Evangélica Congregacional em Macaxeira, Recife/PE.

Bruno César Cordeiro deAraújoPastor da Igreja Evangélica Congregacional em Torrões, Recife/PE.

Carlosón Roberto dos SantosPastor colaborador da Igreja Evangélica Congregacional no Bessa, JoãoPessoa/PB.

Claudionor Silva B ezerraPastor da Igrej a Evangélica Congregacional em Limoeiro/PE.

Eudes Lopes CavalcantiPastor da 3a Igreja Evangélica Congregacional, João Pessoa/PB.

Joelson GomesPastor e vice-diretor do Seminário Teológico Evangélico Congregacionalde João Pessoa.

Walter Bezerra de MouraCopastor da 3a Igrej a Evangélica Congregacional de João Pessoa/PBT

Weber Firmino AlvesPastor da Igrej a Evangélica Congregacional em Esperança/PB.

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TT

Editoriol

Compreenderasalvaçãoéacoisamais importante em nossa vida. Porquê?

Primeiro porque somos pecadores e precisamos ser salvos, libertosdo pecado e dos seus efeitos. Segundo, porque se formos cristãos, precisamossair e proclamar a salvação para as pessoas que dela precisam. Assim, tantopara o não-cristão como o para o cristão o entendimento da doutrina dasalvação é extremamente necessário.

Pode-se com base nas Escrituras falar da salvação em três tempos.

1- Com relação ao passado - nós fomos salvos (s-Tm. 1.8-9), no dia em queconfiamos em Cristo, crendo nEle como o sacrifício pelos nossos pecados.Fomos juridicamente perdoados e recebemos uma nova natureza através daoperação do Espírito Santo.2- Com relação a nossa posição no presente - estamos sendo salvos (Tg. 1.2.1;iPd. 1.8-9), quando agora refletimos a realidade da nova vida em Cristoexperimentamos em parte a libertação do poder do pecado (Gl. 5.16, 25; Fp.2.12-13). É como se fosse nosso processo de salvação.3- Com relação ao futuro - seremos salvos (Rm. 13.11), quando entrarmos nalibertação completa do nosso ser dos efeitos do pecado, a glorificação final(Fp. 3.20; iPd. 1.5).

Nesta nova revista você terá lições sobre todos esses assuntos, e muitomais. Aqui assuntos como: Conversão, Regeneração, União com Cristo,Santificação, Adoção, Depravação Total, Eleição, Chamada Eficaz, Expiação,Perseverança dos Santos, serão abordados, com simplicidade, mas sem perdera profundidade.

Querido professor, prepare-se estudando com afinco as lições paraque sua aulasejarica e relevante. Seja didático e dê espaço para que seus alunosparticipem.

Querido aluno, leia as lições em casa, consulte todas as referênciasbíblicas e participe das discussões em sua classe, ofereça sua contribuição.Fazendo assim, temos certeza que haverá crescimento mútuo, pois é este onos"so"anseio.

A todos, de coração, um bom estudo.

Joelson GomesGditor

Page 4: A Doutrina Da Salvação - Lições Bíblicas - Aliança

Conselho EditorialAurlvan MarinhoJoelson Gomes

Editor responsávelJoelson Gomes

RevisãoCaline Galvao

Projeto GráficoJoelson GomesCaline Galvao

Capa e diagramaçaoCaline Galvao

Tiragem4 mil exemplares

Todos os direitosreservados. Proibida

reprodução semautorização, sob pena

prevista em lei n° 9.610 de19/02/1988.

Pedidos:Rua Duque de Caxias, 470,

Sala 1201-CentroJoão Pessoa/PB - CEP.

58010-820Fone/fax: (083} 3513-7791

E-mail:[email protected]

índice

Lição l - Depravação Total 05

Lição 2-AGraça 10

Lição 3 -AEleição.......... 14

Lição 4 - A "União com Cristo 18

Lição 5 - A Propiciação 22

Lição 6 -ABxpiação 27

Lição 7 - A Chamada do Espírito .....32

Lição 8 -ARegeneração.. 36

Lição 9 -A Justificação.. 40

Lição 10 -AReconciliação. 45

Lição ii-AAdoção 50

Lição 12-AConversao 55

Lição 13 - ASantificaçao 59

Lição 14-As Boas Obras 63

Lição 15 -A Certeza da Salvação 68

Lição 16 - A Perseverança dos Santos....... 72

Lição 17-A Glorificação.. 77

Page 5: A Doutrina Da Salvação - Lições Bíblicas - Aliança

DEPRAVAÇÃO TOTAL(Um estudo da corrupção do género humano)

Joelson Gomes

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Texto áureo: Rm. 3.23 Texto básico: Rm. 3. 9-20

INTRODUÇÃO

O artigo 7° da Breve Expo-sição, síntese de fé da Aliança Congre-gacional, diz o seguinte:

O homem assim dotado e.amado pelo Criador era perfeitamentefeliz, mas tentado por um espírito rebelde(chamado por Deus, Satanás), desobe-deceu ao seu Criador; destruiu a har-monia em que estivera com Deus, perdeua semelhança divina; tornou-se corruptoe miserável, deste modo vieram sobre elea ruína e a morte.

Este artigo é muito claro quantoao fato de que o ser humano caiu em

Leitura diária

Segunda: Gn. 3.1-7Terça: Rm. 5.12-21Quarta: Jo. 8.31-47Quinta: Rm. 7.12-14Sexta: Mc. 7.20-23Sábado: Rm, 1.24-27Domingo: Rm.3.9-19

pecado, e por consequência disso atraiusobre si uma situação de corrupção emorte, o que chamamos de depravaçãototal. É preciso começar esta revista,sobre a doutrina da salvação, enten-dendo o pecado e suas consequências,para depois nas lições posteriorescompreendermos de onde é que Deusnos tira ao nos dar a vida eterna. Sóapreciaremos a obra da salvação em suainteireza se conhecermos a verdadeirasituação do ser humano no pecado.Assim, ajeite-se na cadeira e pegue suaBíblia porque temos muito que estudar.

1.O pecado geral.

Vamos começar nossa liçãoentendendo o que é o pecado.

a) Definição de pecado. Negativa-mente pecado é a falta de justiça ou deconformidade do ser humano para com alei de Deus, e positivamente é a quebradesta lei (i Jo.3.4),aprática da iniquidade(Mt. 7.2,3). O Dr. Wayne Grudem definenessas palavras: "Pecado é deixar de seconformar com a lei moral de Deus, sejaem ato, seja em atitude, seja em nature-za. (...) Inclui não só atos individuais,

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como roubar, mentir ou cometer homicí-dio, mas também atitudes contráriasàquilo que Deus exige de nós". Assim,todo afastamento da lei divina é pecado.Referimos-nos aqui não às leis desacrifícios, às cerimónias do AntigoTestamento, pois foram abolidas porCristo na cruz (Rm. 10. 4; Cl. 2.13-15; Hb.9. 1-10), mas refiro-me às leis morais epreceitos universais dados por Deus paraa humanidade, sendo esse afastamentopelo estado ou condição da pessoa(natureza pecaminosa), ou por açõesatuais (pecados diários).

b) Origem, do pecado. O pecadoencontra sua origem não na Terra, masno mundo espiritual. Antes do pecadohumano encontramos um ser chamadoSatanás, ern quem o mal já estavaalojado, ele introduziu o erro na Terra.Não se sabe quando, mas deve ter havidouma rebelião no mundo espiritual naqual muitos anjos se voltaram contraDeus. Estes anjos têm hoje sua atividadelimitada, mas, mesmo assim, uma forteinfluência no nosso mundo (zPd.2.4;Jd.6). Como o pecado chegou até estesseres é um mistério não revelado, pormais que se tente achar texto na Bíblia, étudo conjectura.

• Deve ser salientado que mesmo nãosabendo a origem do mal, devemosentender que o mal não é um "deus" rivaldo bem, algo que sempre existiu, porqueDeus fez tudo primariamente bom (Gn.1.31). O mal é muito mais uma distorçãodo bem original que Deus criou. Todas ascoisas, em seu estado original primáriode neutralidade são boas, o uso que se fazdas mesmas é que as torna, muitas vezes,más.

c) O ser humano no pecado. O Diabo,a antiga serpente (Ap. 20.7), levou osprimeiros seres humanos à prática doerro. Esse primeiro pecado do génerohumano que nós chamados de Quedaenvolveu completamente o primeirocasal e teve drásticas consequências (Gn.2.17-3; 1-24). Veja os aspectos atingidospelo primeiro pecado.

> Psicológico (Gn. 3.7) - Romperam-seos relacionamentos psicológicos, ouseja, do ser humano consigo mesmo.Diz-nos o relato (Gn.3) que após opecado apareceu a vergonha. Segundo oAurélio, vergonha é: "sentimento deinsegurança provocado pelo medo doridículo". É quando a pessoa ficainsegura, não estando mais à vontadeconsigo, acha que tem algo errado em si.O primeiro casal perde a segurança deantes quando "estavam nus e não seenvergonhavam" (Gn. 2.25).

> Social (Gn. 3.12-16) - Começou a haverdiscórdia entre o homem e a mulher. Eele jogaaculpapelo erro nela.

>• Ambiental (011.3.17-19) - O ato doprimeiro casal descontrolou a harmoniada Terra, e esta passou a produzir o que émau. O apóstolo Paulo diz que sóquando os filhos de Deus aparecerem naglória final haverá a restauração am-biental do planeta que até agora estásujeito à escravidão (Rm. 8.19-22). Eis arazão dos desastres ambientais enaturais, a Terra foi afetada peloprimeiro pecado, tudo ficou desajus-tado, e só com a volta de Cristo haverátambém uma restauração ecológica,tudo voltará à harmonia.

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> Físico /Espiritual (Gn. 3:8-10, 2,2-2.4;Rm.5.i2; Ap.2O.6,i4) - Este foi o maiorestrago que a desobediência dos nossosprimeiros pais causou: a morte.1- Morte temporal (Rm. 5. 12; 6.23) -Agora todos estão sujeitos à dissoluçãocorporal com todas as suas enfermidadese misérias. A morte física é umarealidade da qual ninguém pode escapar.2- Morte espiritual (iCo. 15. 22a) - Opecado afetou diretamente a imagemdivina no homem, tornou-o estranho aDeus e inteiramente corrupto em suanatureza. O casal agora se esconde deD eus, e D eus os expulsa do j ardim, estavaefetivada a separação. A vida espiritualfoi perdida, pois Deus afirmara que nodia em que eles comessem daquele frutomorreriam (Gn.2.i6-i7). E essa separa-ção de Deus foi a morte espiritual.Assim, se "todos pecaram" (Rm. 3.23), ese a consequência primária do pecado é amorte espiritual e a separação de Deus,então todos estão separados de Deus e,naturalmente, todos estão mortos, esta éa condição do ser humano naturalatualmente.3- Morte eterna/segunda morte (Ap.20.6,14) - O pecado também causou aseparação eterna entre Deus e todos osimpenitentes, estando assim todosdebaixo da maldição da eterna conde-nação (Mt. 25.41; 2X5. i. 8-9).

Entendendo a seriedade dopecado, vamos agora saber o que opecado de Adão e Eva tem aver conosco.

2.0 pecado original.

O artigo 8° da Breve Exposição tratan-do das consequências do pecado dosnossos primeiros pais tem o seguintetexto: "Estas não se limitam ao primeiro

pecador. Seus descendentes herdaramdele a pobreza, a desgraça a inclinaçãopara o mal e a incapacidade de cumprirbem o que Deus manda; por conse-quência todos pecam, todos merecem sercondenados, e de fato todos morrem"

a) Definindo. A doutrina do PecadoOriginal ensina que todos os sereshumanos pecaram em Adão e assim apartir daí nascem com a naturezacorrompida, mortos espiritualmente(Ec.y.2o; Ef. 2.3). Calvino tem umadefinição interessante. Para ele, pecadooriginal era: "Uma corrupção eperversãohereditária de nossa natureza, difun-didas em todas as partes da alma; o qual,primeiramente nos faz culpáveis da ira deDeus, e, além do mais, produz em nós oque a Escritura denomina de 'obras dacarne" (Instituías, 2. i. 8).• Salienta-se que não herdamos apenasuma inclinação ou tendência para o mal,como alguns acham, herdamos, sim,uma natureza pecaminosa que semanifesta em pecados reais e nos fazfilhos da ira (Ef. 2.3, note o "Pornatureza"). Todos nascem assim.

b) Adão, nosso representante (Rm.5.12-21). Vocêpodeperguntar: "mas o queeu fiz para que herdasse a culpa deAdão?" A resposta é dada pelo Dr.William Barclay comentando Rm. 5.12:

Esta é a ideia da solidariedade.O judeu não se considerava a si mesmoindividualmente, senão como parte deuma tribo, de uma família ou nação,separado da qual não tinha identidadereal. Assim, é como Paulo vê Adão: nãocomo indivíduo, senão como represen-tante de toda humanidade; e, como tal,

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seu pecado foi o de todos os sereshumanos.

É isso, Adão e Eva eram ahumanidade diante de Deus, nossosrepresentantes federais, é por isso quePaulo diz que em "Adão todos morrem"(iCo.i5.22a). Suas bênçãos seriamnossasbênçãos, seu pecado foi o nosso pecado.Diz Declaração de Savoy: "Sendo elesa raiz, e pela ordenança de Deus repre-sentantes de toda a humanidade, a culpadeste pecado foi imputada, e a naturezacorrompida comunicada a toda a suaposteridade, que deles descende porgeração ordinária"(Cap. VI, seç. 3).

c) A humanidade corrompida. Assim,o estado de depravação que se seguiu aoprimeiro pecado do género humano éagora inerente a toda humanidade.Todos nascem com a natureza carnal (Jó25.4; 51.51.5), mortos, e por isso énecessário um novo nascimento paraque possam se agradar das coisas deDeus (70.3.3-6). (Veja lição 7). Issoporque a natureza humana deseja não oque é bom, mas o que é contrário à lei deDeus (Rm. 8.7-8; Gl. 5. 17-21). É assimporqueo pecado atingiu no ser humano:i-A mente (Rm. 1.21; Ef. 4.17). Porisso ospensamentos naturais do ser humanosobre coisas espirituais são nulidades ecoisas vãs, sua mente só será mudada seele passar a ter a mente de Cristo (iCo.2.14-16).2- A vontade (Ef, 2.1-3; 2Pd. 2-i9)- Avontade do homem natural ficou sujeitaao pecado, ele não tem vontade própria,faz o que o pecado quer, é seu escravo (Jo.8.48; Rm. 6.16).

Sabendo que todos os seres

humanos, sem exceção, são corruptospor natureza, o decreto do papa Pio IX(1854) que instituiu o dogma daimaculada concepção de Maria éantibíblico, feito apenas para legitimar aadoração à mãe de Jesus. A única pessoaconcebida sem pecados foi Jesus Cristo,porque sua geração se deu por obra egraça do Espírito Santo (Lc. 1.34-35; 2Co.5.21; 2Pd. 2.2; ijo. 3.5).

3.0 pecado atual.

Bem, já vimos que as Escriturassão claras em atestar a presença dopecado e que também mostram que todaa raça humana é pecadora por nasci-mento. Mas, todos sabemos que nãosomos culpados de pecado apenas porter nascido pecadores, mas todos nóstambém praticamos pecado, erramosmuito todos os dias. Este é o chamadopecado atual.

a) O que é o pecado atual. Por pecadoatual denomina-se todo ato interno ouexterno que esteja em conflito com a leidivina. É o ato de afastar-se da lei deDeus, por uma ação humana tanto deconhecimento, como de omissão, incor-rendo assim a pessoa em respon-sabilidade, em culpa. É isso que asEscrituras chamam de "obras da carne"(Gl. 5.19-21), "obras das trevas" (Ef. 5.11),obra dovelho homem (01.3.9).

b) A causa do pecado atual. O pecadoatual tem a sua fonte no pecado original."Desta corrupção original, pela qual nostornamos totalmente indispostos, inca-pazes e antagónicos a todo bem, e total-mente inclinados a todo mal, procedemtodas as transgressões atuais" (Decla-

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ração de Savoy, cap. VI, seç. 4). Assim, averdadeira causa do pecado atual queprovém do interior do ser humano (Mc.7. 21-23) é a natureza corrompida, opecado que habita em nós (Rm. 7.17). Portermos esta inclinação para o mal ela semanifesta em nossas obras más no dia adia.

CONCLUSÃO

É patente nas Escrituras o fatodo pecado, O mal existe e ninguém podecontestar isso. O mal se manifestou nomundo e contaminou-o, bem como aogénero humano. Assim, o homem bomcriado por Deus caiu, deixou-se enganarpela serpente, e assim levou atrás de si acriação perfeita, pois todo planeta foiafetadopor este erro.

O primeiro pecado do serhumano foi transmitido a toda a raça,porque Adão era o representante dahumanidade diante de Deus, assim, apóso primeiro pecado todos nascem com anatureza corrompida e vendida ao

pecado (Rrn. 7.7-24). É a DepravaçãoTotal. Nesse estado, o ser humanonatural é cego para as realidadesespirituais (iCo. 2.14; 2Co. 4.4-6),inimigo de Deus (Rm. 5. 8-10), escravo(Jo. 8.34), separado de Deus (Is. 59.1-2;Cl. 1.21), morto (Cl. 2.13), não podendofazer nada para sair desta situação por sisó.

Estará tudo perdido? Existeesperança? Esta resposta você terá napróxima lição.

^ -PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

1. Oqueépecado?

2. Defina pecado original.

3. Temos culpa pelo pecado de Adão?Porquê?

4.Qual a diferença entre pecadooriginal e pecado atual?

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A GRAÇA.Claudionor Silva Bezerra

Objetivo da lição: Levar o aluno a.compreendera graça noS^seus aspectos bíblico?':teológicosesuaapIicaçãopráticana-Viâacnstã.- " : ,. _--w?f'

Texto básico: Tt. 2.11-15Texto áureo: 1Co.15.10

INTRODUÇÃO

Um teólogo de nosso tempo, J.I. Packer, declarou; "A necessidade maisurgente da cristandade é a de umarenovada conscientização do que a graçade Deus realmente é". A superficialidadedoutrinária que marca nossa geraçãotemproduzido cristãos que não cultivamuma apreciação pela graça de Deus e nãose esforçam para aplicar essa graça a cadaárea de suas vidas. Corremos o risco deentender a vida cristã como umamontoado de regras que precisam serrigidamente seguidas no ensino correto,no agir correto e no árduo trabalho dasatividades da igreja. Sem dúvida essascoisas são importantes, mas precisamos

Leitura diária

Segunda: Ef. 2.1-10Terça: Mt.5.43-48Quarta:Sl.32.1-5Quinta; 2Tm.2.1-13Sexta: Rm.11.1-10Sábado:Jo.1.1-14Domingo:At.2.37-41

urgentemente compreender que a vidacristãégraca.

l. O uso bíblico do termo graça.

a) No Antigo Testamento. No AntigoTestamento a palavra hebraica hên (]Í1)pode significar graciosidade, encanto,alcançar favor diante de alguém,lealdade, ou boa vontade (Gn.6.8; 19.19;33,12). Às vezes, encontramos neste usotambém a palavra hesed ("7QJ1) (SI. 33.5).A ideia principal é que a graça não é umaqualidade abstrata, mas um princípiodinâmico que se manifesta em atos debondade. Isso aponta para o fato de que agraça estabelece uma relação entre Deuse os homens: Ele os encara com favor ecom bondade (sSm.y.^; 51.33.22). Valenotar que Deus tem a iniciativa dessarelação, Ele ama sem a necessidade decondições, de mérito algum (Dt.4-37;10.15). Por isso, a eleição de Israel baseia-se sobre a graça de Deus (Dt.y.y). A razãopela qual os homens são perdoados,mesmo em face aos mais terríveispecados, como aqueles cometidos porDavi, é por causa da livre decisão de suagraça em reconciliar consigo os peca-dores (31.32.1-5).

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b) No Novo Testamento. A graça (Gr.X«piÇ = charis] é o termo mais apropria-do para expressar o evento central doNovo Testamento: a vinda de Deus emJesus Cristo (Jo.i.14,16). Todo o amor doDeus que dá e perdoa, toda a revelação,conhecimento de Deus, estão em JesusCristo para serem comunicados aoshomens, a fim de tirá-los das trevas porcausa da graça de Deus. O Evangelho é aboa nova da graça de Deus (At.20.24), a"palavra da sua graça" (At.i3.43; 14,3;2Co.6.i). Todos os aspectos da salvaçãodos homens se fundamentam na graçade Deus (££2.8-9). Por isso, os donsconcedidos à igreja são "dons da graça", éo próprio Senhor agindo na igreja,suprindo-a dos recursos necessáriospara sua existência.

2. A doutrinada Graça Comum.

A doutrina da Graça Comumensina que a relação entre Deus e oshomens não regenerados também sefundamenta na graça de Deus. Ela échamada de comum em contraste com agraça salvífica ou especial que somenteos eleitos de Deus experimentam.Enquanto a graça especial "remove aculpa e a penalidade do pecado, muda avida interior do homem, e gradati-vamente o purifica da corrupção dopecado pela operação sobrenatural doEspírito Santo" a graça comum se dirige atodos os homens e tem a ver combenefícios comuns que todos recebem.Vejamos alguns meios pelos quais operaa graça comum.

a) A Imagem de Deus no homem.Quando o homem transgrediu a ordemdivina e caiu em pecado, a imagem de

Deus nele foi totalmente afetada, ele foitotalmente depravado (Veja lição i).Todavia, restou no homem no estado depecado um senso da verdade divina. OsCânones de Dort, documento reforma-do do séc. XVII, afirmam o seguintesobre essa matéria: "Permanecem,porém, no homem, desde a Queda,vislumbres da luz natural, pelos quais eleconserva algum conhecimento de Deus".Ainda que esse conhecimento não sejasuficiente para a sua salvação, razãoporque ele necessita da Graça Especial,ele revela "a norma da lei gravada no seucoração" (~Rm.2..i5).

b) A influência da revelação de D eus.O mundo inteiro é beneficiado com arevelação de Deus. Mesmo aqueles quenunca confessaram a Cristo comosalvador recebem em alguma medida aluz que emana do Evangelho (Jo.i.g). Aconsciência do homem natural éabençoada na medida em que este entraem contato com a revelação de Deus.

c) Governos humanos. O apóstoloPaulo afirmou que "não há autoridadeque não proceda de Deus; e as autori-dades que existem foram por ele instituí-das" (Rm.i3.i). Quando os governoshumanos cumprem sua função paramanter a boa ordem na sociedade elessão ministros de Deus para o bem detodos os homens.

d) Bênçãos naturais e recompensasdivinas. A afirmação de Jesus na qualDeus "faz nascer o seu sol sobre maus ebons e vir chuvas sobre justos e injustos"(Mt.5-45) é um grande exemplo da GraçaComum. Semelhantemente o apóstoloPaulo em Atenas testemunhou: "pois Ele

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mesmo é guem a todos dá vida, respi-ração e tudo mais" (At.iy.25). Alémdessas bênçãos naturais, ávida humanatestemunha muitas recompensas epunições divinas. Assim, "muitos seesquivam do mal e buscam o bem, nãoporque temam Deus, mas porquepercebem que. o bem traz sua própriarecompensa" (Louis Berkhof).

3. A graça de Deus na obra deredenção,

A graça de Deus na obra daredenção chama-se Graça Especial,salvifica ou eficaz. Hermisten Maia adefine como "favor imerecido, manifes-tado livre e continuamente por Deus aospecadores que se encontravam numestado de depravação e miséria espiri-tuais, merecendo o justo castigo pelosseus pecados". Na obra da redenção,mérito e graça são conceitos que seexcluem: "E, se é pela graça, já não épelas obras; do contrário, agraçajá não éc/raca"(Rm.ii.6,vejaliçãoi4).Aideiademerecimento está totalmente excluídada salvação por graça (££2.8-9). Calvinoafirmou que "a graça divina e o méritodas obras humanas são tão opostos entresi que, se estabelecermos um, destruire-mos o outro". Pára compreendermos agraça na obra da redenção precisamosdistinguir alguns aspectos. Observe:

a) Graçaéumatributo deDeus. Comoatributo de Deus agraça tem relação comoutros aspectos do seu santo caráter. Agraça é eterna. Paulo escrevendo aTimóteo nos apresenta a graça comoparte do propósito eterno de Deus(21*111.1.9). A graça é livre. Ninguémpoderá jamais pagar a obra da graça de

Deus (Rm.3.24). A graça é soberana. Amanifestação da graça de Deus nãoocorreporobrigação ou necessidade. Eleé livre em exercê-la como lhe apraz(Ex.33.i9).

b) Graça é a provisão para a salvaçãodo homem. Paulo afirma isso quandodeclara que "a graça de. Deus se mani-festou salvadora a todos os homens"(Tt.2ji). Não existe nenhuma classe depessoa excluída. Nos versículos queantecedem essa afirmação Paulo desta-cou os homens e as mulheres idosas, osmoços, os servos e nos versículosseguintes ele menciona as autoridadesdando provas que a graça salvadora semanifestou para todos. A graça comoprovisão parasalvação é contrastada coma lei de Moisés. João ensina: "a lei foi dadapor intermédio de Moisés; a graça e averdade vieram por meio de Jesus Cristo"(Jo.i.iy). A ênfase do evangelista João sedeve ao fato de que "nem hipoteti-camente seria possível ao homem sersalvo pela lei depois da entrada do pecadono mundo" (Mauro Meinster).

c) Graça é a ação redentora do Espíri-to Santo. Na conclusão do seu sermão,Pedro exortou os seus ouvintes que oderramamento do Espírito era umapromessa para todos aqueles que searrependessem. Eles receberiam o "domdo Espírito Santo" (At.2.39). Araiz gregada palavra "dom" é a mesma da palavra"graça". Assim, o dom do Espírito Santo ébênção da salvação pela operação doEspírito. Por isso, a aplicação da obra daredenção pelo Espírito Santo é tambémmanifestação damaravilhosagraça.

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4. A graça na vida do crente.

Dave Harvey definiu graçacomo "o poder de D eus para ajudar-nos avencer o pecado e uma arma potente naslutas violentas que acompanham a vidaapós a lua-de-mel da conversão". Todosnós precisamos diariamente da graça deDeus para perseverar na carreira cristã.Muitas pessoas não percebem como agraça de Deus deve atuar na vida diária.Em Tito 2.11-14 Paulo nos conduz parauma profunda conscientização sobre oque a graça realmente significa.

a) Graça: o poder para renunciar ovelho procedimento. No versículo 12,descobrimos que a graça se manifesta"educando-nos para que, renegadas aimpiedade epaixões mundanas, vivamos,no presente século, sensata, justa epiedosamente". Ela nos ensina a vivercada momento único e particular da vidaque levamos como um instrumento decrescimento e abandono da antiga vidaque tínhamos.

b) Graça: o poder para esperar. Noversículo 13, o segundo componente dagraça nesta passagem aponta para umamarca da vida cristã: esperar. Nãoimportam as coisas ruins que aconte-çam. Deus nos dará a graça de esperar "abendita esperança e a manifestação daglória do nosso grande Deus e SalvadorJesus Cristo".

c) Graça: o poder para querer. Noversículo 14, somos informados que agraça produz um povo zeloso de boasobras. A graça atua no íntimo daqueleque foi salvo redirecionando seusdesejos e motivações. Quando um

cristão pratica boas obras ele não pode seorgulhar disso, tudo o que fizermos parahonrar a D eus terá sido fruto da sua graçaem nós.

d) Graça: o poder para testemunhar.No versículo 15, somos chamados atransmitir essa graça que nos alcançou.Somos vocacionados para "dizer estascoisas". A missão da igreja é umachamada para transmitir graça ao mun-do.

CONCLUSÃO

Se quisermos vencer a superfi-cialidade doutrinária e a ineficácia dotestemunho cristão na nossa geração,precisamos reerguer novamente abandeira da reforma protestante:Somente a Graça. Somente a graça paraconduzir pessoas ao conhecimentosalvador de Cristo. Somente a graça paraedificarmos uma igreja vigorosa nasEscrituras. Somente a graça para sermoscheios do Espírito Santo e impactarmosnossa sociedade.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

i.Por que precisamos entender adoutrina da graça?

a.Qual o sentido da palavra graça noAntigo e Novo Testamento ?

3. Qual a diferença básica entre aGraça Comum ea Graça Especial?

4.Como podemos aplicar a graça naprática diária?

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Lição 3

A ELEIÇÃOBruno César Cordeiro de Araújo

jãjjjj^yo"'da liçap; Lev;ar,.oaltínp aíer-ÍJma adequada'cbrnpreensãò^da^dQ.utriáaMa j

Texto áureo: Ef. 1.3-5

. ----T-^-J

Texto básico: Ef. 1. 3-6; 11-12

INTRODUÇÃO

Muito se tem falado sobre adoutrina da eleição, e muita confusãotem sido criada em torno dela. Primei-ramente, gostaria de esclarecer que não énossa intenção iniciar uma guerra entrecalvinistas e arminianos, pois essadoutrina é maior e mais digna do queisso, e sabemos que a Igreja se enfraquecepelas disputas que promovemos emtorno de doutrinas. Também não é nossoobjetivo alimentar a vaidade intelectual,pois, proceder de tal maneira seria uminsulto à glória de Deus e irreverênciacom a sã doutrina. Ao longo dos séculostem havido pelo menos duas posturasbem prejudiciais com relação a este

Leitura diária .

Segunda: Ef. 1.3-14Terça: Jo. 15.16Quarta: Rm. 9Quinta: Rm. 8.31-39Sexta: Gl. 1.15-16Sábado: Fp. 1.6Domingo:Rm. 11.33-36

assunto, de um lado aqueles que sãoengodados por excessiva curiosidade esão conduzidos a vã especulação paraalém do ensino das Escrituras, envol-vendo-se em discussões filosóficas. Acura para isso é a crença na suficiênciadas Escrituras. Por outro lado, aquelesque por excesso de cautela e timidezdesejam esconder a predestinação comobjetivo de não perturbar as almasfracas, como se o cuidado deles fossesuperior ao da providência, que revelouestas verdades nas Escrituras. A curapara isso é obediência e submissão àsEscrituras, Nossa preocupação com estalição é conseguir pelo menos três coisas:que Deus seja conhecido, que sua glóriaseja vindicada e que sua Igreja sejaedificada. Bom estudo.

1. Por que estudar a doutrina daeleição?

Mas, se a doutrina da eleição éde fato um assunto tão complicado,então por que considerá-la? Quandoescreveu a Breve Exposição, síntesedoutrinária aceita pela Aliança Congre-gacional, Robert Kalley incluiu esteensino: "A Igreja de Cristo no céu e na

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terra é uma só e compõe-se de todos ossinceros crentes no redentor, os quaisforam escolhidos por Deus, antes dehaver mundo, para serem chamados econvertidos nesta vida e glorificadosdurante a eternidade" (Art.ig0). Se fazparte de nossa fé, é importante estudá-lo.

a) Primeiramente, porque essa dou-trina é verdadeiramente escriturís-tica. Deus não registra doutrinas em suaPalavra apenas para estarem lá. É suaintenção que sua Igreja seja alimentadapor suas verdades. Não temos o direito deselecionar ao nosso bei prazer asdoutrinas que mais nos agradam, isto éuma afronta à Sagrada Escritura e ao seusoberano Autor. Devemos nos alimentaralegremente com o pão que Deus nos dá,e não murmurarmos com ingratidãopelo maná graciosamente recebido.

b) Em segundo lugar, porque nosrevelará aspectos da glória do nossoDeus. A doutrina da eleição soberanaglorifica a Deus tanto quanto humilha ohomem. Talvez seja por isso que ela é tãorejeitada. A ideia de que meu destinoeterno está em absoluto nas mãos deoutrem muito me desagrada e mehumilha, mas é exatarnente isso que asEscrituras ensinam (At. 13. 48; 16.14; R™--9.11,16,18,22-2,5; Ef. 1.4-5,11-12; iTs. 1.4;

c) Por fim, recebemos por meio dessadoutrina profunda consolação. Oscristãos que compreendem a naturezadessa doutrina, ao invés de acusarem aDeus de falta de amor ou injustiça, seregozijam nEle por tão grande expressãode amor e misericórdia para com suas

próprias vidas. Eles sabem que mere-ciam a condenação, mas foram alcança-dos com graça maravilhosa. Qual cristãopiedoso que não sente consolo profundoem Rm. 8.31-39?

2. Como devemos estudar a doutrinada eleição.

a) Livrando-no s dos preconceitos.Todos nós temos lentes com as quaislemos o mundo, quando vamos a umtexto bíblico, trazemos . os nossos"preconceitos", só que não podemos nosesquecer que em matéria de doutrinasbíblicas, não podem, prevalecer osconceitos de minha limitada lógicahumana, mas, sim, o que está escrito.Antes de discordarmos da doutrina, seformos honestos, devemos perguntar:isso é ensinado nas Escrituras? Se adoutrina é bíblica, devemos nos sub-meter a ela, mesmo se não pudermosentendê-la nem plenamente explicá-la.Acaso não já fazemos isso com a doutrinada Santíssima Trindade?

b) Temos que abordá-la com reve-rência e atitude de adoração. Aprópria natureza da doutrina requerisso. Para lembrá-los, ao tratarmos dessadoutrina estamos entrando na mente doEterno, estamos em caminhos ocultos eelevadíssimos demais para nós, por-tanto, a caminhada só será possível esegura, se o guia for a Escritura Sagrada.Sei que essa doutrina é maior do que anossa mente pode suportar, por isso,devemos abordá-la com devoção eatitude de culto, e não com frivolidades.É isso que o Senhor espera de seu povo.

c) Temos que fazê-lo em termo de

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nossa experiência. Ao abordarmosessa doutrina, será um bom exercíciopara nós questionarmos: por quegozamos de todas as bênçãos que Paulodescreveu no verso 3 do primeirocapítulo da Carta aos Efésios? O que noshabilita a desfrutarmos de tudo isso? Porque eu sou cristão e outros não o são? Porque eu cri enquanto outros, mais emenos inteligentes do que eu, perma-necem na incredulidade? Será que odiferencial está mesmo em mim? Paulodiz que a resposta está na nossa benditaeleição (Ef.i.i-u).

3.Considerando a doutrina da elei-ção.

Uma vez feitas essas observa-ções, estaremos prontos para iniciarmosnossas considerações sobre a doutrina daeleição. Primeiramente, consideremos oautor da eleição. Segundo o texto básicodesta lição (££1.3-6), o autor é o "Deus ePai do nosso Senhor Jesus Cristo", Aquiprecisamos atentar para algumas ques-tões:

a) A Eleição é obra de Deus. Docomeço ao fim, a eleição é obra soberanado nosso misericordioso Deus. Elaresulta do eterno conselho de Deus. Odecreto divino é fruto de algum modo daobra das três pessoas da Trindade santa,mas na economia da salvação é o Paiquem elege. Cristo escolhe também numcertosentido (Jo. 13.18).

b) O que é doutrina da eleição? Essadoutrina pode ser definida como: o atode Deus pelo qual Ele, em seu soberanobeneplácito, e sem levar em conta ne-nhum mérito previsto nos homens,

escolhe certo número deles para recebe-rem a graça especial da salvação eterna.

c) A causa da eleição. Terá o decretodivino alguma razão ou causa como suabase? Por que Deus elege algumaspessoas e não outras? Será por causa desuas boas obras? A causa da eleição nãosão as boas obras por pelo menos trêsquestões:1- Deus estabeleceu o seu decreto daeleição antes da fundação do mundo(v.4), de modo que as pessoas eleitas nãoexistiam para que pudessem praticarquaisquer boas obras, nem o arrependi-mento, nem a fé. Portanto, não pode sero pré-conhecimento das obras (Rm. 9).2- Todos os homens se perderam emAdão. Todos estão mortos (Ef. 2.1-3), epor isso, incapazes de produzir boasobras para a salvação (Rm. 3.9-21).3- A eleição existe para (com o objetívo)as boas obras e não por causa delas (Ef.1.4; 2.8-10; 2,Tm. 1.9; Rm. 9). Além domais, a Escritura nos diz que Ele nosescolheu para sermos santos e nãoporque éramos santos (Ef. 1.4).

A causa e o fundamento daeleição só pode ser a soberana vontade deDeus (Ef.i.ii). Veja o que diz a Decla-ração de Savoy:

Aqueles dentre a humanidadeque são predestinados para a vida, Deus,antes que fossem lançados os jiinda-mentos do mundo, segundo seu eterno eimutável propósito, e o secreto conselho ebeneplácito de sua vontade, escolheu emCristo para a glória eterna, simplesmentepor sua livre graça e amor, sem qualquerprevisão de fé ou de boas obras, ou deperseverança em qualquer um deles, ou

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de qualquer outra coisa na criatura,como condições ou causas que a isso omovessem; e tudo para o louvor de suagloriosagraça (Cap. III, seç. 5).

d) O fundamento da eleição. Ofundamento da eleição é Cristo. Tudo éfeito "Nele" por Ele e para Ele. Nada, noque se refere a nossa redenção, nosocorre a parte de nosso Cristo. Sem Elenadapodemosser, ou fazer (Jo. 15.5, vejalição 4).

e) O propósito da eleição. Podemosdizer que o propósito da eleição é duplo:i- O fim próximo é a nossa santificação.Se quisermos realmente saber se somoseleitos, vejamos se em nossa vida somossantos, pois Ele nos predestinou parasermos santos e irrepreensíveis peranteEle (Ef. 1.4).2.-E o fím último que é a glória de Deus(Ef.i.7).

CONCLUSÃO

Tendo dito tudo isso, devemos

observar que a doutrina da eleição é umarevelação divina, e não uma especulaçãohumana. Por isso requer de nós adora-ção, e não explicação. Essa verdade éestabelecida na Escritura em termos deuma afirmação e não de um argumento;a Escritura nem argumenta e aindaproíbe quem o faz (Rm 9). As Escriturasnãosepreocupamemrespondertodasasnossas indagações. É bom lembrar quenão somos salvos pelo grau de conheci-mento que temos dessa doutrina, massomos fortalecidos em nossa fé quando aconhecemos.

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PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

i. Definaaeleição.

2.Por que devemos estudar esta dou-trina?

3.Como devemos estudar esta dou-trina?

4.Você é capaz de fundamentar estadoutrina na Bíblia?

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Lição 4 i

A UNIÃO COM CRISTOJoelson Gomes

Objetivo da lição: Levaro aiatfõ^a-eritínderò-^uá-é^ '''Uníão-corn^Cnsto^è^qcí^-fja^é >.algo vital para a salvação etó^a^rda^cristã. • - • • - ' ' -.•"' ' • - ' " • ' - *'-\^ i

Texto áureo: 2Co.5.17 Texto básico: Rm. 6.1-14

INTRODUÇÃO

O Artigo 18 da Breve Expo-sição tem o seguinte texto: "Aqueles quetêm o Espírito de Cristo estão unidos aCristo, e como membros do seu corporecebem a capacidade de servi-lo. Usan-do desta capacidade, procuram viver, erealmente vivem, para a glória de Deus,seu Salvador".

Notamos com isso que estadoutrina da União com Cristo, é parte denossa síntese de fé. Alguém já disse queeste ensino é a verdade central dasalvação, e que não somos salvosenquanto não formos unidos a Cristo, esó permaneceremos salvos se permane-cermos unidos a Ele.

Leitura diária

Segunda: Jo. 15.1-5Terça: Jo. 15.6-10Quarta: Cl. 2.8-15Quinta: Cl. 2.20-23Sexta:Cl.3.5-llSábado: Cl. 3,12-17Domingo: Cl. 3.1-4

Mas, mesmo assim, quase nãose escuta ou lê sobre este assunto. Paramuitos, ele é até uma novidade. Portan-to, por ser um ensinamento vital, temosque compreendê-lo, sob pena de nãocompreendermos a salvação. Sabendodisso, esta lição é importante para vocêaprofundar seus conhecimentos. O quevocê sabe sobre a União com Cristo?

l. A União com Cristo: seu significadoesuabase.

a) Definindo. Usamos a expressão"União com Cristo" para falar de diversasrelações entre os crentes e Cristo,relações que proporcionam todos osbenefícios da salvação. Esta doutrinaestá no início e no desenvolvimento davida do cristão, ela é o eixo em volta doqual giram todos os outros aspectos dasalvação.

b) Abase. Abase da União com Cristo é aobra redentora consumada na cruz.Jesus Cristo veio à Terra para redimir um.povo para si (Tt. 2.14) e, para fazer partedeste povo, deve-se crer nEle, identifi-car-se com Ele (Jo. 6.53-59; 10.26). A suamorte proporcionou ávida eterna ao seu

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rebanho (Jo. 10.27-28), foi por sua Igrejaque Ele deu sua vida (Ef. 5.25-26). Assim,só porque Cristo efetuou esta obra, ávidaespiritual que o ser humano pecadorprecisa só pode tê-la através da uniãocom Ele. Esta União com Cristo sustentatodo o processo da salvação. Só recebe-mos as bênçãos espirituais porquesomos unidos a Ele: "Bendito o Deus e Paide nosso Senhor Jesus Cristo, que nostem abençoado com toda sorte debênção espiritual nas regiões celestiaisem Cristo"'(Ef. 1.3).

2. União com Cristo na Salvação.

Como foi visto, a União comCristo é a essência da vida do cristão. É sópor esta união que somos o que somos,ela é a base de nossa identidade. Cadaestágio da redenção nos é dado porqueestamos em Cristo (Rm.S.i). Observe:

a) A Eleição. A própria escolha do serhumano para a salvação feita antes dafundação do mundo era uma escolhavisando esta união, pois a Bíblia diz queDeus nos escolheu nEle (Ef. 1.3-4). Assim,a união dos salvos com Cristo existedesde antes da fundação do mundo,desde a escolha de Deus. Os cristãosforam escolhidos tendo como alvo aunião com o seu Redentor (iCo. 1.26-31).Cristo e seu povo não podem ser vistosseparados nunca, a eleição foi feita emconexão com esta união.

b) A Regeneração. Na Regeneração ouNovo Nascimento o Espírito Santo levauma pessoa a unir-se a Cristo para daí tera vida espiritual. O que era espiritu-almentemorto torna-sevivo: "Mas Deus,sendo rico em misericórdia, por causa do

grande amor com que nos amou, eestando nós mortos em nossos delitos,nos deu vida juntamente com Cristo, -pela graça sois salvos, e, juntamente comele, nos ressuscitou, e nos fez assentarnos lugares celestiais em Cristo Jesus"(Ef. 2. 4-6). A vida espiritual só ocorrenesse momento, quando o pecador éfeito uma criação espiritual (Ef. 2.10),assim, sem ser unido a Cristo ninguém éregenerado, para ser uma nova criaturadependemos totalmente dEle (2.00.5.17) .

c) A Justificação. No ato da justificação,Deus imputa (credita) aos crentes aperfeita justiça de Cristo, sendo os seuspecados perdoados e eles perfeitamentejustificados aos Seus olhos. É najustificação que o pecador identifíca-secom Cristo, une-se a Ele na Sua atitudequanto ao pecado. Os benefícios dajustificação só podem ser apropriadospor nós se nos unirmos a Cristo de formapessoal. Nesse ato é como se Cristo fossecada um de nós, e nós fôssemos Ele (2Co.5.21). Existe uma troca de lugares, umaidentificação total. Todo processo queCristo passou morrendo e ressuscitandoé como se cada crente passasse (Rm. 6.4-6; 2Co. 5.14; Gl. 2.19-20; 01. 2. 11-13; S-M)-Deus nos concebe passando por aquiloque Cristo passou. Ele era nosso repre-sentante, e como Cristo ofereceu a Deusuma perfeita vida de obediência en-quanto aqui viveu, Deus considera queos crentes obedeceram nEle (Rm. 5.19), épor isso que a Justificação é nEle

). DizMartynLloyd-Jones:

Portanto, significa que o queaconteceu com Ele literal efatualmente,acontece conosco espiritualmente. Háum sentido espiritual em que é certo dizer

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que morremos com Ele. Não morremoscom Ele literalmente, fisicamente; ja-mais experimentaremos a agonia que Eleexperimentou em Sua morte. Mas oimportante é que, por causa da nossarelação espiritual com Ele, os efeitos, osresultados da Sua morte fatual e literaltornam-se nossos, são passados paranós.

Só Cristo é nossa fonte dejustiça (iCo. 1.30; Fp. 3.9), por Isso evitaiestarmos unidos a Ele.

3. União com Cristo na vida cristãprática.

Também a vida cristã só podeser vivida de maneira satisfatória seestivermos unidos a Cristo. Tudo o quesomos e o que fazemos depende destaunião.

a) Santificação. A santificação só podeser experimentada em união com Cristo.Ele próprio foi feito nossa santificação(iCo. 1.30), e se Ele é nossa santificação,só podemos experimentá-la unidos aEle. Só ligados na videira verdadeiraexperimentaremos a vida consagradaque Deus requer de nós (Jo. 15. 5). Paulosabia disso quando disse: "meus filhos,por quem, de novo, sofro as dores departo, atéser Cristo formado em vós"(Gl.4.19). Só com Cristo formado em nósseremos cristãos autênticos.

b) Fruto. Para que um cristão dê o frutode uma vida cristã autêntica, o próprioJesus disse que o crente deveria estarunido a Ele (Jo. 15.1-5). Veja que a vida docristão deve ser vivida nesta perspectiva,"no Senhor" em todos os seus detalhes.

Por exemplo: filhos com pais (Ef. 6.1),esposas e maridos (Cl. 3.18) a fortalezados crentes está no Senhor (Ef. 6.10), oconsolo (Fp. 2.1), a alegria (Fp. 3.10).Vive-se piedosamente no Senhor (zTm.3.12), trabalha-se no Senhor (Rm. 16.12).Paulo recomenda: "Ora, como recebestesCristo Jesus, o Senhor, assim andai nele,nele radicados, e edificados, e confir-mados na fé, tal como fostes instruídos,crescendo em açoesdegraças"(C\.2.. 6-7).O crescimento cristão depende destaunião.

c) Poder e bênção. L. Berkhof escreve:"A união mística com Cristo tambémassegura para o crente o poder continua-mente transformador da vida de Cristo,não somente na alma, como também nocorpo. A alma se renova gradativamente,à imagem de Cristo, como Paulo oexpressa em 2Co 3.18: "somos transfor-mados de glória emglória, na sua própriaimagem, como pelo Senhor, o Espírito". Eo corpo é consagrado no presente, paraser um bom instrumento da alma reno-vada, eporfim será elevado à semelhançado corpo glorificado de Cristo, Fp. 3.21.Estando em Cristo, os crentes compar-tem todas as bênçãos que Ele mereceupara o Seu povo. Ele é para os Seus ummanancial perene a jorrar para a vidaeterna"

4. União com Cristo: consequências.

Por sermos unidos a Cristo, asEscrituras nos apontam que desse fatodecorrem consequências. Paulo escre-vendo aos Colossenses, no capítulo 3,informa que após sermos ressuscitadoscom Cristo, nossa vida deve manifestaralgumas características.

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a) Mudança de mente (1-3). Porquedeixamos de existir na regeneração eagora somos ressuscitados e um comCristo, Paulo nos mostra que a nossamente deve estar nas coisas de Cristo.Nossa natureza deve ser satisfeita com ascoisas do céu, do lugar onde Cristo está(veja Rrn. 12.1-2).

b) Despir-se do velho homem (5-9). Ovelho homem, aquilo que éramos emAdão antes da regeneração, deve ficarpara trás, agora todos os cristãos sãoexortados a colocarem na prática aquiloque são por principio: mortos para opecado e vivos para Deus (veja Rm. 6. u-14). Esses vícios eram comuns ao velhohomem, mas agora não são mais do salvo(v-7-8).

c) Cultivar boas virtudes (12-4.2). Apartir do verso 12 Paulo vai esboçar asobrigações que os que se uniram a Cristona ressurreição espiritual devem ter unspara com os outros e em diversas relaçõesespecíficas. Quem está em Cristo, osegundo Adão (iCo. 15. 22, 45-49), devemanifestar a prova disso em seu viverdiário. Quem está nEle deve se parecercom El e.

CONCLUSÃO

A União com Cristo é umensinamento por demais importante e aIgreja do Senhor não pode continuarignorando-o. Devemos conhecer esteassunto, para poder apreciar e ensiná-lopara que outros glorifiquem a Deus poresta grande obra. Toda nossa vidaespiritual é marcada pela União comCristo e dela emanam consequênciaspráticas para os salvos. Devemos,portanto, entender este assunto e viveresta doutrina de forma concreta. João jáhavia advertido: "Aquele que diz quepermanece nele, esse deve também andarassim como ele andou" (ijo.2.6). Vocêpermanece nEle?

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

i. O queéaUniao com Cristo?

2.Como aUnião com Cristo serelacionacom a nossa salvação?

3. Como a União com Cristo se relacionacom nossa vida cristã na prática?

4-Quais as consequências da Uniãocom Cristo?

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r-t Lição 5

A PROPICIAÇÃOWeber Firmino Alves

Objetivo da lição: Levar o aluno a conhecer o que é a propiciação/ a promessa dapropiciação no A.T., sua consumação no N .T., bem como sua necessidade eimportância.

Texto áureo: IJo. 2.1-2 Texto básico: Rm. 3.21-26

INTRODUÇÃO

O grande dilema do homemdesde a sua queda no Éden é o fato de queele desagradou a Deus. Na verdade, aBíblia descreve esse desagrado emtermos da "ira divina". Embora, muitasvezes, a pregação da igreja contempo-rânea sugira um Deus encurralado paraatender aos "decretos" de uma geraçãogulosa por bênçãos materiais, a Bíbliaapresenta outra situação: umDeus Santoe justo e um homem pecador, carente dagraça divina, sujeito à ira de Deus (Jo.3.36). Nas Escrituras Sagradas a expiaçãoé descrita em quatro aspectos distintos:sacrifício, propiciação, resgate e recon-

Leitura diária

Segunda: Lv. 16.11-19Terça: Is.53Quarta: Hb. 2.17-18Quinta: IJo. 2.1-2Sexta: l Jo. 4.10Sábado:Ap.5.9-14Domingo: Êx. 25.17-22

ciliação. Nesta lição pretendemos falarsobre a propiciação, a saber, o aspecto daexpiação que se propõe a remover a ira deDeus.

1.0 que é a propiciação?

A propiciação chama-nos aatenção para a ira de Deus e a subse-quente provisão para a remoção dessaira, pois, embora Deus seja Justo e Santo,é também Amor e Graça, o que fez comque Ele providenciasse um meio deremover a sua própria ira.

Definindo: Os substantivosgregos hilasmóS) hilastêrion e seusderivados são traduzidos como expia-ção ou propiciaçã.o aparecendo no N.T.em diversas passagens (Rm. 3.25; Hb.2.17; ijo. 2.2; 4.10), demonstrando que osacrifício de Cristo não apenas perdoanossos pecados, mas satisfaz e apaziguaa ira de Deus. Propiciação significa lite-ralmente "propiciatório", isto é, a tampada arca da aliança, em cujo lugar o sumosacerdote aspergia o sangue do sacrifíciono Dia da Expiação para apaziguar a irade Deus de sobre o povo de Israel (Lv.16.11-19).

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2. A necessidade da propiciação.

Há quem pense que a propicia-ção não seria necessária, como se Deuspudesse restaurar o relacionamento como homem de outra forma, mas osseguintes argumentos mostram-nos asua necessidade:

a) Ohomemépecador. Desdeaqueda,tornamo-nos pecadores separados deDeus e sujeitos à morte (Rm. 3.23; 6.23).A Bíblia apresenta a ira de Deus contra opecado dos homens, comprovandoassim a necessidade de uma propiciação(SI. 5.4-6; Na. 1.3; Rm. i.i8s; 2.5,8; Ef. 2.3;Cl. 3.6), pois Deus não inocentará oculpado (Ex. 34.7; Nm. 14.18).

b) Deus é justo e amoroso. Tão certocomo um juiz seria injusto se inocen-tasse um criminoso, Deus seria injusto senão punisse o pecado, conforme sua lei(Ez. 18.20) já que ele é o juiz de toda aTerra (Gn. 18.25), Ao mesmo tempo,Deus amou o mundo perdido (Jo. 3.16) eprovidenciou um meio de salvação quecumprisse sua justiça e atendesse àsnecessidades de seu amor. É nestesentido que o apóstolo Paulo diz quesomos justificados "por sua graça,mediante a redenção que há em Cristo[...] tendo emvista a manifestação da suajustiça no tempo presente, para elemesmo ser justo e o justificadordaquele que tem fé em Jesus" (Rm.3.24,26).Alguém jáafirmou: "Na CruzdeCristo o amor e a justiça de Deus sebeijaram" (Cf. SI. 85.10).

c) Apropria grandeza do sacrifício deCristo demonstra a necessidade deuma propiciação. Se não fosse neces-

sário, é claro que Deus não submeteriaseu filho Jesus Cristo a terríveis sofri-mentos e a uma morte tão vergonhosacomo a da cruz. O próprio Jesus falou danecessidade de sua morte (Lc. 24.26) ePaulo diz que Cristo não seria sacri-ficado, se a lei pudesse dar vida (Gl. 3.21).

3. As sombras da propiciação noAntigo Testamento.

O A.T. era composto defiguras esombras das coisas celestiais (Hb. 8.5;9.23), isto é, do que estava porvir atravésde Jesus Cristo. Assim, vamos estudarcomo a propiciação era realizada naAntiga Aliança para podermos entendersua consumação naNovaAliança.

a) Os sacrifícios pelo pecado. Grandeparte dos sacrifícios realizados no A.T.tinha como intenção obter o perdãodivino por causa do pecado. O próprioDeus estabeleceu os tipos de sacrifícios eseu formato. Os sacrifícios realizadospor causa do pecado eram o Holocausto(Lv. i; 6.8-13), ° Sacrifício pelo pecado(Lv. 4-5.13," 6.24-30) e o Sacrifício porsacrilégio (Lv, 5.14-6.7; 7.1-7). Essessacrifícios judaicos eram expiatórios enão meras expressões de amor porYahweh(onomepessoaldeDeusnoAT).As ofertas procediam de um reconhe-cimento do pecado e da ira de Deus eforam estabelecidas por Deus paraexpiação, propiciação e perdão dospecados (Lv. 1.4; 4.14,20; 5.13). Aimposição de mãos sobre a vítimaindicava, simbolicamente, a "transfe-rência" do pecado e a substituição comomeio de livrar-se dapena. As autoridadesjudaicas tinham modelos de oraçõesconfessatórias, semelhantes a essa:

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Page 24: A Doutrina Da Salvação - Lições Bíblicas - Aliança

"Confesso-te, ó Senhor que tenho pecado,que tenho agido perversamente, que metenho rebelado, que tenho (ofensaespecífica); agora, porém, me arre-pendo e ofereço esta vítima como minhaexpiação."

b) O Dia da Expiação. Além dessessacrifícios expiatórios do culto judaico,havia o Dia da Expiação, uma das grandesfestas judaicas. Essa festa era dedicadaexclusivamente à expiação (Lv. 16) e erarealizada uma únicavez por ano; o sumo-sacerdote sacrificava um novilho comoexpiação por si e pela família, junta-mente com um carneiro em holocausto(Lv. 16.3); depois o povo tomava doisbodes que eram sorteados a fim de queum fosse sacrificado e o outro enviado aodeserto como bode emissário (Lv. 16.9-10). Nos outros sacrifícios o sangue doanimal era aspergido no altar, mas no diada expiação era aspergido sete vezessobre o propiciatório, tampa da Arca daAliança que se encontrava no SantíssimoLugar, onde o sacerdote entrava apenasesta vez durante o ano (Lv. 16.14-15). Aaspersão do sangue do bode sob opropiciatório cobria o pecado do povoe propiciava a ira de Deus quanto aospecados dele, abrindo caminho para operdão gratuito.

c) O sacrifício expiatório por exce-lência. Porfím, o A.T. não indica apenassoluções imediatas, provisórias e repeti-tivas; ele anuncia um pagamento final,pois "[...] contém sinais, lampejos,prenúncios de uma solução final para oproblema do pecado". Isaías 53 é uma dasmais belas passagens onde há o prenún-cio de um sacrifício definitivo realizadopor um indivíduo que sofre como

substituto (Is. 53.4-5). As enfermidades,dores, transgressões e iniquidades eramdo povo de Deus, aquilo que elesmereciam, e não do servo sofredor,todavia ele as levou "no sentido desuportar, pois ele as carregou como umfardo". A linguagem propiciatória é clarae incisiva quando se diz que ele receb eu ocastigo que trouxepaz aos culpados (v.g).O v.6 mostra a substituição sacrificial,pois "levar pecados" na linguagembíblica é "levar a culpa ou penalidade" dopecado de outro.

4. A consumação da propiciação noNovo Testamento.

No Novo Testamento temos ocumprimento das profecias da AntigaAliança. Temos a realidade que foirepresentada através das figuras esombras do A.T. Nesta sessão veremos amanifestação plena da propiciaçãorealizadapor Cristo.

a) Quem Realizou a nossa propi-ciação? O autor de Hebreus afirma que"sem derramamento de sangue não háremissão" (Hb. 9.22). A ira de Deus deveser manifesta no indivíduo culpado ounum substituto. No A.T. os animaisrepresentavam o ofensor e sofriam a suapunição; no N.T. é Cristo que, com a suamorte, livra os pecadores, sendo ocumprimento das sombras veterotesta-mentárias (Hb. 9.23-24; 10.1) e da profe-cia de Isaías (Mt. 8.17; iPd. 2.21-25).Aqueles sacrifícios de animais eramtipos do que sucederia mais à frente coma vinda de Cristo (Hb.io.3-4). Jesus éaquele que recebeu a ira de Deus e, comoresultado disto, Ele é aquele que nossalva da ira divina. Vejamos esses dois

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aspectos dapropiciação:

i) Jesus como recebedor da ira. OSenhor Jesus tinha consciência plena doobjetivo de sua encarnação e previu quesua morte seria expiatória e substitutiva(Mt. 20.28; Mc. 10.45; Jo. 10.11,17-18). JoãoBatista disse: "Eis o Cordeiro de Deus,que tira o pecado do mundo" (Jo. 1.29),identificando Jesus com o cordeiro dossacrifícios do A. T. e com a profecia deIsaías 53.7. O autor de Hebreus ensina asuperioridade de Cristo quanto aossacrifícios do A.T.: Cristo é tanto o sumo-sacerdote, como a oferta oferecida, umavez por todas, no tabernáculo celestialCHb.9.n-i4), diferente do A.T., em que osumo-sacerdote oferecia anualmenteum sacrifício por si e pelo povo no lugarsantíssimo do tabernáculo terrestre(Hb.9.24-28). No Apocalipse Jesustambém é identificado como o Cordeirovencedor (Ap. 5.655; 7.17; 17.14) e João fazalusão ao seu sangue que fora derramadopara comprar homens perdidos de váriasnacionalidades (Ap. 5.9). Para compre-endermos a ira divina que Jesus carre-gou, destacamos abaixo três cenasimportantes nas últimas horas devida deJesus:

> A Ceia do Senhor (Mt. 26.26-30): O pão e o vinho simbolizavam,respectivamente, o corpo e o sangue deJesus ao ser morto. Sendo que a morte évista na Bíblia como uma pena, ernconsequência da quebra da Lei de Deus,e não uma questão puramente natural,Jesus não precisava morrer, uma vez queEle não possuía pecado (Hb. 4.15; 7.26).Todavia, sua morte foi substitutiva e porisso ele disse: "meu corpo, que por vós édado" e "meu sangue, que é derramadopor vós" (Lc. 22,19-20). John Stott diz:

"Por intermédio do derramamento dosangue de Jesus, na morte, Deus estavatomando a iniciativa de estabelecer umnovo pacto ou 'aliança' com o seu povo,na qual uma das maiores promessasseria operdão dos pecadores".

>• O Getsêmani (Mt. 26.36-46):Cristo, angustiado, orava por causa dosofrimento que logo padeceria. Aangústia sentida por Jesus não era umsimples pavor dos sofrimentos e damorte, mas ao cálice da ira de Deus, umafigura do A.T. para se referir ao cáliceamargo que os pecadores bebem (Jó21.20; Ez. 23.32-34; cf. Ap. 14.10). Jesusangustiava-se porque já sentia lampejosda ira do To do-Poderoso, próxima de seconsumar sobre sua vida substitu-tivamente.

> O Calvário (Mt. 27.32-56).Surrado, despido, zombado e crucifi-cado entre dois malfeitores, gritou oFilho de Deus: "Eli, Eli, lama sabactani;isto é, Deus meu, Deus meu, por que medesamparaste?" (Mt. 27.46). Jesus sedirigia a Deus, evidenciando sobre si ocumprimento do Salmo 22.1. Esse gritode desamparo de Jesus não foi apenasuma questão de sentimento, mas umfato. Ele tomara sobre si os pecados doseleitos e, como substituto voluntário,sofria a punição do abandono de Deus."Deus estava em Cristo reconciliandoconsigo o mundo, não lhes-imputando osseus pecados [...]" (2Co. 5.19). Cristotornou-se nosso substituto perante Deuse recebeu o castigo que nós merecíamos,a separação de Deus. Nesse sentido, épossível dizer que na cruz Jesus sofreu aangústia que sofreríamos no inferno,caso não tivéssemos o salvador. Éjustamente isso que a Declaração deSavoy, confessa: "suportou o castigo

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estabelecido a nós, aquilo que nósdeveríamos ter suportado e sofrido,sendo feito ele pecado e maldição emnosso lugar; ele suportou diretamenteem sua alma os mais severos tormentosda parte de Deus, em seu corpo os maisdolorosos sofrimentos" (Cap.VIII, seç.4).

2) Jesus como salvador daira. Uma vezque a justiça de Deus está completa-mente satisfeita, Ele pode perfeitamentesalvar o pecador sem ser injusto. Deus sópoderia justificar o pecador e continuarsendo justo se propiciasse sua ira, e istoEle fez mediante o sangue de JesusCristo, sendo justo e justificador dequem crer (Rm. 3.25-26). Depois demencionar a paz que desfrutamos comDeus depois de justificados pela fé emCristo, Paulo disse: "Logo muito maisagora, sendo justificados pelo seusangue, seremos por ele salvos da ira"(Rm. 5.9). A ira a que Paulo se refere éaquela que os gentios impenitentessofrem (Rm. i.i8ss),~ embora aguardemsua manifestação total e vindoura, e queos judeus soberbos acumulam para si(Rm. 2.5). Escrevendo aos Tessaloni-censes, Paulopôdefalarsobre "Jesus, quenos livra da ira futura" (1.10). Essa é amanifestação final da ira de Deus, daqual Jesus é o único quepodelivrar.

b) A quem foi oferecida a propici-ação? A propiciação é uma ação dirigidaàpessoa ofendida com vistas a mudar suaatitude para com o ofensor. Nós ofende-mos a Deus com o nosso pecado, Deusestá irado, mas a propiciação providen-ciada por Ele mesmo remove o seudesprazer etorna-o propício ao seu povo.A propiciação foi oferecida por Cristo a

Deus, já que foi ele a pessoa ofendidapelos nossos pecados (Hb. 9.11-14).

CONCLUSÃO

Aplicamos às nossas vidas quatroquestões importantes relacionadas aesta doutrina:Y O Amor de Deus por nós é uma

realidade confortadora manifestada napropiciação (i Jo. 4.10; cf. 2.2). Foi na cruzque a ira e o amor de Deus se manifes-taram.

> Devemos estar convictos de que Cristorealmente é o nosso salvador, pois serejeitarmos sua obra propiciadorarealizada na cruz, nós mesmos enfren-taremos a ira de Deus por nossospecados.

> Crer no Evangelho torna-nos respon-sáveis diante de Deus pela missão dedivulgar a todas as pessoas essamensagem da propiciação (2Co. 5.19).t Não podemos permanecer nos nossos

pecados, pois eles são uma grande ofensaa Deus, tanto que foram motivosuficiente para levar o seu único Filho àcruz.

IPERGUNTAS PARA REFLEXÃO

i.Que relação há entre os sacrifíciosdo A.T. e a obra de Cristo no N.T.?

2. Os sacrifícios do A.T. poderiam emsimesmos salvar opecadorperdido?

3. Por que era necessário a morte deJesus como propiciação pelos nossospecados?

4.0 que é a propiciação ? Explique.

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A EXPIAÇÃOJoelson Gomes

j Objetivo da lição: Levar o alunõ^ehtèn:de/a<s*^j discutirseu alcance, se geral ou específico. ;,:? r-.vv- — -"•" • • - • » • - - , - . - _ r ' - , v rí-r l

Texto áureo: Mc. 10.45 Texto básico: Is. 53

INTRODUÇÃO

O ser moral de Deus exigepagamento pelos erros cometidos contrasua santidade, é assim porque a justiçadEle não pode ser ultrajada e não sersatisfeita. As Escrituras são unânimesem afirmar que todos os seres humanospecaram, erraram o alvo proposto peloSenhor, e assim são injustos perante Ele(Rm. 3.23). Como subsistir diante de umDeus santo sendo o homem um mise-rável pecador? A expiação é a respostaprovidenciada por Ele mesmo para essapergunta. Por causa de seu grande amorcom que nos amou, Deus resolveu enviarSeu único Filho para receber o castigo emorrer por nossos pecados. Quer

Leitura diária

Segunda: 2Co. 5.18-21Terça: Ef. 5.25-27Quarta: Hb. 9.23-28Quinta: Hb. 9.11-15Sexta: Hb. 10.1-13Sábado: Hb. 10.12-18Domingo: Rm. 5.1-11

aprender mais sobre isso? Então seprepare, estáapenas começando!

1. Teorias da Expiação.

Antes de explicar o que é aexpiação, vamos conhecer algumasteorias propostas com respeito aoassunto, mas quesão defeituosas.

a) Teoria da influência moral. Estavisão sustenta que o importante foram osefeitos que a obra da cruz exerceu sobreos homens. A visão de Cristo morrendonos comove ao arrependimento e à fé. Aexpiação, se for encarada dessa maneira,não tem efeito algum fora do serhumano, é real apenas na experiência dapessoa. Não podemos aceitar este tipo deconceito porque, mesmo que o impactoda cruz seja muito forte, ali Cristorealizou algo mais do que apenas umespetáculo para ter influência moral. Elemorreu de feto por nossos pecados e nãoapenas como exemplo (Gl. 3.13).

b) Teoria do resgate. Esta visão afirmaque o resgate pago para nos redimir foidirecionado ao Diabo em cujo reino se

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encontravam as pessoas por causa dopecado. Não podemos aceitá-la porquea Bíblia não coloca em nenhum lugar queos pecadores são devedores ao Diabo.Mas, as Escrituras afirmam que, quandose peca, o pecado écontra Deus (Si. 51.4),e é Ele quem exige o castigo pelosmesmos. Assim, a expiação oferecidaporCristo foi direcionada a Deus e aninguém mais (Rm. 3. 21-26, veja lição

5)-

c) Teoria do exemplo. Esta visão,semelhante à teoria da influência moral,diz que a morte de Cristo simplesmentenos propõe um exemplo de comodevemos confiar em Deus e obedecer-lhe, mesmo que esta confiança eobediência nos levern a uma mortehorrível, como levou Cristo. Não pode-mos aceitar esta teoria porque isso nãoexplica muitas passagens das Escriturasque mostram a morte de Jesus como umpagamento pelos pecados (iCo. 6.20;7.23; iPd. 1.18-20). Além do mais, estateoria parece querer mostrar que ohomem pode salvar a si mesmo apenasseguindo o exemplo de Cristo.

d) Teoria governamental. Esta visãoensina que Deus não tinha que exigir umcastigo pelo pecado, uma vez que Ele éonipotente, poderia deixar de lado essaexigência e mesmo assim perdoar ospecadores sem o pagamento de umapena. O sacrifício de Cristo foi apenaspara mostrar que Ele, como legislador douniverso, exige alguma pena quandosuas leis são infringidas. Não podemosaceitar tal pensamento porque neleCristo não paga exatamente a pena pelospecados concretos de alguém, masapenas sofre para mostrar que quando as

leis de Deus são quebradas alguma penaacontece, É uma visão falhaporque Jesusfez um sacrifício específico pelos nossospecados, e Deus, sendo justo, nãopoderia perdoar pecadores sem exigirum castigo para os mesmos (Rm. 3. 21-

2. 0 significado da Expiação.

Para uma explicação mais clarado que seja expiação, se faz necessárioconhecer algumas palavras que a Bíbliausa parasereferirao assunto.

a) O Antigo Testamento.

1- ~)SpT (kapar). A forma nominal destapalavra significa "resgatar oferecendoum substituto", remover o pecado ou apoluição (Gn. 32. 2-21, aqui Jacó aplacoua ira de Esaú, veja também outros usosdesta palavra ern Êx. 21.30; 29. 33-37; Lv.

9-7)-

2- H7D (pada). Esta palavra significa:resgatar, redimir, libertar, e está ligada ànoção de comprar. Ela descreve o resgatedo povo hebreu da escravidão (Dt. 7.8), eé usada no contexto em que Jônatas éresgatado das mãos de Saul (iSm. 14.45).

3" VS^. (ga'al)* Esta palavra significa:redimir, resgatar, comprar de volta. Apalavra descreve a redenção feita por umparente chegado, como no caso de Ruteque foí redimida por Boaz. O Ga'al é oque redime o membro da família de umadificuldade ou perigo. Assim, Deus agecomo resgatadordeseupovo 0019.2,5; SI.19.14), é o redentor (SI. 72.4; 103.4) .

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b) O Novo Testamento. O pano defundo para a descrição dos sofrimentos emorte de Cristo é encontrado no ensinosobre a expiação no Antigo Testamento.Os sacrifícios da Antiga Aliança eramsombras imperfeitas que receberam seucumprimento no sacrifício único eperfeito do Filho de Deus. Existe umapalavra que devemos prestar atenção noNovo Testamento, pois ela nos ajudará ater o significado preciso da expiação.

(antilutron). Estapalavraéa junção de duas expressões gregas queaparecem aqui:

"Pois o próprio Filho do Ho-mem não veio para ser servido, mas paraservir e dar a sua vida em resgate(lutron)por (anti) muitos" (Mc. 10.45).

Como você deve ter notado,antilutron é a junção de anti (por) elutron (resgate) . É assim que ela apareceemiTm. 2. 6, eseusentido é que:

"Jesus Cristo, pela sua vida emorte, libertou o homem de umaobrigação, de um compromisso e de umadivida que, de outra forma, teria sidoforçado apagar, livrando-o daprisão e daescravidão, mediante o pagamento dopreço de compra da liberdade que elemesmo (o homem) nunca poderia terpago" (William Barclay) .

Este é o sentido de expiação. Porque teve que ser Cristo? Para resolver oproblema do pecado, os sacrifíciosexpiatórios do Antigo Testamento eraminsuficientes e imperfeitos (Hb.g), porisso, a morte de Jesus se tornou neces-sária. Ele foi o substituto adequando(Hb. 9. 11-10.18).

"A solução do problema está emque o pecador passa a ser declarado justo(veja lição 9), desde que a penalidadedos pecados seja paga por um substitutoadequado. Desta forma, a expiação éuma manifestação da justiça de Deus(Rm.^.2i). Todos pecaram (Rm. 3.23) edevem pagar o preço do pecado, que é amorte (Rm. 6.23), pois "sem derrama-mento de sangue, não há remissão dospecados ( Hb. 9. 22). Assim Deus fez deseu único Filho, Jesus, um sacrifíciopropiciatório...e assim, por meio destesacrifício, sua justiça foi satisfeita (Rm.3.25/'(Frarndin Ferreira e Allan Myatt).

Aí está em palavras claras o queé a expiação de Cristo. Ele morreu comoresgate pelos pecados (zCo. 5.18-21). Domesmo jeito que o pecador no AntigoTestamento impunha as mãos sobre oanimal do sacrifício, simbolicamentetransferindo para ele seus pecados(Lv.i.4), nossos pecados são transferidospela fé para Cristo, e nosso castigo éimputado a Ele (Is. 53.4-5).

3. Expiação: geral ou específica?

A pergunta que se faz é aseguinte: Cristo morreu pelo mundotodo (geral) ou sua morte foi específicapelos salvos? Existem duas respostaspara esta questão.

a) Expiação geral. Esta é a visão doschamados arminianos e da maioria dasigrejas modernas, sustenta que Cristo aomorrer ofereceu um sacrifício pelahumanidade toda. Aqueles que estãoperdidos estão assim porque nãoaceitam a salvação oferecida por Ele. A

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morte de Cristo não teria garantidoespecificamente a salvação das pessoas,mas aberto uma porta para quemquisesse entrar e ser salvo. Aporta está aí,se você quiser, serve para você, casocontrário, não serve. Ou seja, se nenhu-ma pessoa no mundo aceitasse a Cristo,Sua morte teria sido em vão. Para eles, asEscrituras ensinam que Cristo morreupor "todos", pelo "mundo" (Is. 53. 6; Jo.3.16; iTm. 2.1-6; Hb. 2.4; ijo. 2.1-2), e oevangelho é oferecido a todos, e não paraum grupo específico. Como poderia serassim, se Ele realmente não tivessemorrido portados?

> Antes de aceitar esta posição devemosperguntar: Cristo, ao morrer, apenaspossibilitou a salvação? Leia Mt. 1.21; Lc.19.10; iTm. 1.15, estas passagens mostramque a morte de Cristo não apenas abriu aporta da salvação, não só tornou possí-vel, mas assegurou-a de fato.

b) Expiação específica. Esta posição é ados reformados e pode ser explicada deduas formas; logicamente e biblica-mente.

i- Logicamente- Se Deus conhece todasas coisas, não seria lógico Ele mandarCristo morrer por pessoas que Ele sabiaque não seriam salvas. Isso porquequando a Bíblia fala da obra de Cristo,mostra que esta obra foi plena e eficaz. ABíblia diz que Ele se ofereceu comosubstituto (Rm. 5.8;iCo. 15.3; Gl. 3.13), aquem Ele substituiu? Se respondermos"todos", então todos estão salvos, livresdo castigo dos pecados, pois Cristo jápagou e não pode ser cobrado de novo.Mas como nem todos estão salvos, temosque admitir que a Sua morte não foi por"todos". Assim, explica-se: a morte de

Cristo é suficiente para salvar a huma-nidade toda, mas ela é eficaz, objetiva,apenas para os eleitos.

2- Biblicamente. Há muitas passagensbíblicas que afirmam que Cristo morreuapenas pelo "seu povo" "pela igreja","pelas ovelhas" "por muitos", e não portoda a raça humana.

Consideremos Is. 53. 8-12 e o propósitodamortedo Messias:

> "por causa da transgressão do meup ovo foi ferido" (8);

K "ele verá o fruto do trabalho penoso desua alma, e f içara satisfeito" (u);Note que o Messias ficaria satisfeito comseu trabalho, isso só pode acontecer se aobra que Ele veio desempenhar forcabalmente concluída, se não for, não hásatisfação> "por isso eu lhe darei muitos como a

sua parte" (12);> "levou sobre si os pecados de muitos"

Considere também Mt. 1.21:> "Ele salvará seu povo dos pecados

deles". Quem são estes chamados povodo Messias? O próprio Messias respondeem Jo. lo.n, 14-15, 26. Jesus morreu pelassuas ovelhas. Se você comparar Hb. 9.28com Ef. 5.25, verá que os "muitos" são a"Igreja" "as ovelhas".> Na mente de Cristo estava bem claro

por quem Ele daria a vida (Jo. 17. 6,9).Não teria cabimento Jesus morrer portodo mundo e pedir apenas pelosescolhidos.

Diante do que vimos, só pode-remos chegar a duas conclusões:i- Ou a morte de Cristo teve como

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objetivo apenas os eleitos de Deus, ou2- Cristo não alcançou seu objetivo, veiomorrer para salvar um monte de genteque não vai ser salva, seu sucesso foiapenas parcial. E assim, os planos deDeus em dar a vida de Seu Filho paratodos serem salvos foram frustrados,pois sabemos que nem todos se salvarão.

Mas, glória a Deus que não foiassim. O propósito da expiação era a SuaIgreja, os eleitos, e foi concretizado. Aobra de Cristo foi objetiva e concreta,Cristo com sua morte assegura a salvaçãode todos por quem morreu, cornprando-os, resgatando-os (Cl. 1.21-22; Hb. 9.12;iPd. 1.18-20; Ap. 5.9-10).

CONCLUSÃO

A morte de Cristo não apenaspossibilitou a salvação, rnas de fatosalvou, comprou pecadores mortos paralhes dar a vida eterna. Nesse ato vemos ogrande amor de Deus que é Aquele queexige a expiação e Ele mesmo é quem aprovê para seus escolhidos. A cruz nãoretraía um Deus cruel matando seu

Filho, mas retrata um Deus amoroso queestava em Seu Filho sofrendo pelosnossos pecados (At. 20.28; 2Co. 5.18-20).Sim, Deus estava lá, porque Ele ama, eama muito.

Na expiação, temos confiançade que todos nossos pecados são deverasperdoados; temos certeza de que somossalvos porque não devemos nada mais àjustiça de Deus; podemos pregar quetodos os pecados, não importando quaissejam, podem ser perdoados através daexpiação de Cristo. Somos confortadosporque não precisamos ter medo da irade Deus, pois pela morte de Cristo temoslivre acesso a Ele (Hb. 10.19-22).

- "PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

1. O que é a expiação?

2. O que é expiação geral?

3.0 que é expiação específica?

4. Que conforto posso ter com adoutrina da expiação?

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Lição 7

A CHAMADA DO ESPIRITOJoelson Gomes

Objetivo da lição: Levar o aluno a entender que a regeneração só acontece pelochamado do Espírito Santo aos eleitos, através do evangelho, e que este é umchamado eficaz.

Texto básico: Rm. 8.28-38Texto áureo: Jo. 6.44

INTRODUÇÃO

Por que nem todos os queouvem o evangelho o aceitam? Você já sefez essa pergunta? Duas respostasbásicas são dadas a ela. Quem segue aorientação teológica arminiana (que ésemelhante à semipelagiana) afirma queo aceitar o convite do evangelho, emúltima instância, depende da vontadehumana. Deus não age nesse ponto eespera que o ser humano se decida contraou a favor do chamado. Quem segue aorientação teológica reformada (chama-da de calvinista), afirma que o motivopelo qual as pessoas aceitam o evangelhodeve ser buscado, em última instância,na graça soberana de Deus. Quem tem

Leitura diária

Segunda: 51.119.33-40Terça: Jr. 33.31-33Quarta: 2Co. 2.2-3Quinta: 2Tm. 1.8-9Sexta:Tt.3.36Sábado:Tg. 1.16-18Domingo: 2Co. 2.2-3

razão ? Vamos tentar descobrir?

1.0 chamado de Deus.

a) Um Deus que chama. Deus sempretrabalhou com chamado. Nas páginas daBíblia vemos o Senhor chamandopessoas para atividades especiais (Gn.12.1; Êx. 31.2; Is. 46. u; 48. 15; Ef. 4.7);chamando nações (Is. 51.2; Os. 11.1).Chamando pessoas para o arrepen-dimento (Mc. 2.17; 1,05.32), para acomunhão de Jesus (iCo. i.9);paraseguiro exemplo de sofrimento de Cristo (iPd.2.21), para a liberdade (Gl. 5.13), para apaz (Cl. 3.15), para guardar a soberanavocação (Fp. 3. 14), para a vida eterna(iTm. 6.2), para o reino da glória de Deus(aTs. 2.12), para uma vida de santidade(iTs. 4.7). Portanto, não é novidade saberque D eus é um D eus que chama.

b) Como Deus chama. No que sereferem à salvação, as Escrituras apre-sentam dois tipos de chamados de Deus,um externo e um interno. Observe:i- Chamado externo. Este chamado éfeito através da pregação do evangelho atodas as criaturas (Mt. 28.18-20).Consiste em convocar os pecadores para

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que recebam a Cristo p ela fé, e obtenhama vida eterna. Deus usa para estechamado: o evangelho (At. 20.2,7; 2Ts.2.14); o convite ao arrependimento (Mc.1.15; Ef. 3.7-11), a promessa de perdão esalvação (Jo. 3.16,18; 5.24).2,-Chamado interno/eficaz. A Declara-ção de Savoy define assim: "Todosaqueles a quem Deus predestinou para avida, e somente esses, aprouve ele, notempo por ele determinado e aceito,chamar eficazmente, por sua Palavra epor seu Espirito, daquele estado depecado e de morte em que estão pornatureza, à graça e à salvação por meiode Jesus Cristo; iluminando suas mentesespiritual e salvifícamente para enten-derem as coisas de Deus; tirando-lhes ocoração de pedra e dando-lhes umcoração de carne; renovando sua vontadee, por seu infinito poder, determinando-os ao que é bom, e eficazmente atraindo-os a Jesus Cristo; mas de tal forma queeles vêm mui livremente, sendo para issodispostos por sua graça" (Cap.X,SQç.i).

c) Por que é necessário este chama-do? Deus chama porque o ser humanonatural está cego, morto, e incapaz dediscernir as coisas de Deus e responder,por si só, afirmativamente ao chamadodo evangelho. (Jo. 8.43,47; Rm. 8.7-8; iCo. 2.14; 2Co. 4.4; Gl. 5.17). Asituação dohomem natural é aseguinte:

> Eleéumsercarnal(Jo.3.6);> Eleéumserpecador(Rm.3.23;5.8);> Ele é um ser escravo (Jo. 8.34);> EleéumserseparadodeDeus (15.59,1-

2);> Ele é um ser cego (2,03.4.4-6);> Ele é um ser carente da glória de Deus(Rm.3.23);> Ele é um ser morto espiritualmente

(Ez. 18. 4; Mt.8. 18-22; Ef. 2. 1-6; Cl. 2.13).

d) Em Ef. 2.1-3, P^ulo diz que o serhumano natural é levado a andar deacordo com o mundo, a fazer a vontadeda "carne" (natureza carnal). Issoconcorda com o que está escrito em Gn.6.5, amaldade do ser humano sempre vaide mal a pior. Aqui é importante notar afrase: "por natureza filhos na ira". O quePaulo quis dizer com isso? MartynLloyd-Jones nos ajuda;

"...o ensino aqui é o mesmoensino da Bíblia toda concernente aohomem em pecado, o ensino segundo oqual nascemos neste mundo com umanatureza desobediente. Não nascemoscom equilíbrio justo, com a possibilidadede ir por este ou aquele caminho...Herdamos uma natureza pecaminosados nossos antepassados e dos nossospais; começamos com isso".

Como poderia responder aochamado espiritual de Deus quem estánesta situação? Quem ainda acha que asalvação está na vontade humanaengana-se redondamente, e não conhecesua verdadeira condição segundo aBíblia. O chamado do Espírito é impres-cindível para a salvação.

2. A base bíblica para esta doutrina.

Quando RobertKalley escreveuque o Espírito Santo é o agente primáriona salvação do homem, ele não estavaerrado:

"O Espírito Santo enviado peloPai e pelo Filho, usando das palavras deDeus, convence o pecador dos seus

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pecados e da ruína e mostra-lhe aexcelência do Salvador, move-o aarrepender-se, a aceitar e a confiar emJesus Cristo. Assim produz uma grandemudança espiritual chamada nascer deDeus. O pecador nascido de Deus estádesde já perdoado, justificado e salvo;tem a vida eterna e goza das bênçãos daSalvação" (Art.i^,da.Breve Exposição).

Aqui o D r. Kalley explica clara-mente a obra do Espírito na regeneração.Teria ele base bíblica?

a) Observe como Jesus trata o assunto:

i-Jo. 6.37 - Todo aquele que o Pai lhe dá(os eleitos), esse (e só esse, 44) virá a Ele(serão irresistivelmente chamados);2-Jo. 6.44 - Ninguém pode ir a Ele se nãofor irresistivelmente chamado.

b)AgoravejaPaulo;

1- Rm. 8. 29-30. Note que no texto os"chamados" são os que serão salvos eglorificados. Assim, vemos que existe umchamamento que não é geral, mas éaplicado apenas para os que serão salvos.2- iCo. 1.22-24. Nesta passagem Paulodescreve o chamado do Espírito demaneira clara. Ele diz que a pregação doevangelho era, para muitos, comoloucura, mas para os "chamados" era opoder de Deus, pois era neles que apregação teria eficácia.

Temos, então, claras referên-cias ao chamado divino para a salvação.

c) O chamado especial. Existe um tipode chamado feito pelo Espírito de Deusque é aplicado aos seus eleitos, estes

darão os frutos da conversão. Toda a obrada regeneração é feita por Deus, é Elequem concede a condição da fé e doarrependimento (At. 5. 31, 2,Co. 7.9-10;2Tm. 2. 25). É Ele quem inclina o serhumano para Si (Si. 119. 36; Pv. 21.1; Jr.10.23; 17-4)• O Seu Espírito Santo é oagente primário desta grande obra. Deusnos gera através do evangelho aplicadopelo seu Espírito sem nenhumaparticipação nossa nesta regeneração(Fp. 2.13; Tt. 3.3-7; Hb. 12.2), É provado,portanto, que é necessário o chamado doEspírito para que a obra da salvaçãoaconteça em alguém, são estes chama-dos que são guardados em Cristo (Jd.i).

3. Como o Espírito de Deus chama.

Alguns dizem que esta açao doEspírito de Deus fere a responsabilidadehumana, fazendo do homem umamáquina. Não é assim.

a) O escravo. O ser humano em suanatureza carnal tem a vontade escrava(Jo. 8. 34; Rm. 6.16). Martinho Luterodisse certa vez: "A conversão de qualquerpessoa acontece quando Deus vem atéela. e vence-lhe a ignorância ao revelar-lhe a verdade do evangelho. Sem isso,ninguém jamais poderia ser salvo... Avontade humana, por si mesma, éincapaz de fazer qualquer coisa vir aCristo em busca de salvação".

E a Segunda Confissão Hel-vética fala do ser humano em trêstempos:

j-Antes da Queda- Há o estado em que ohomem se encontrava no princípio,antes da queda; era certamente reto e

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livre.2- Depois da queda- Seu entendimento esua vontade foram de tal forma alteradose enfraquecidos que não podem maisfazer o que podiam antes da queda. Oentendimento se obscureceu, e a vonta-de, que era livre, tornou-se uma vontadeescrava. Agora ela serve ao pecado, nãoinvoluntária, mas voluntariamente.3-Como Regenerado - Na regeneração, oentendimento é iluminado pelo EspíritoSanto, para que compreenda os misté-rios e a vontade de Deus. E a própriavontade não é somente mudada peloEspírito, mas é também equipada compoderes, de modo, que ela espontane-amente deseje o bem e seja capaz depraticá-lo (Rm. 8.1 ss).

b) A doce operação do Espírito Santo.Temos, então, a conclusão de que não háviolência da parte do Senhor, mas uminfinito amor que atrai os seus demaneira doce e meiga.

"Sucede que o Espirito Santoimplanta umprincipio em meu interior, oqual me capacita, pois pela primeira vezem minha vida discirno e apreendo algodessa gloriosa, desta extraordináriaverdade. Ele opera em minha vontade;"Porque Deus é o que opera em vós tantoo querer como o efetuar, segundo a suaboa vontade". Ele não me assalta; Ele nãome golpeia; Ele não me coage. Não,graças a Deus, o que Ele faz é operar emminha vontade para que eu deseje essascoisas e me regozije nelas e as ame"(Martyn Lloyd-Jones).

Sim, Ele atrai, mas nos atraicom "cordas de amor" (Os. 11.4), iluminaa mente (iCo. 2.12-04) e produz vida

espiritual (Ef. 2.1-5), de forma que vamosa Ele por nossa vontade e não contra ela,porque ela foi libertada na operaçãograciosa dEle.

CONCLUSÃO

O ensino sobre o chamado doEspírito Santo deve ser mantido emnossos dias, em que muitos pensam quese converteram, que aceitaram Jesus,porque deram uma chance para Ele.Nada mais longe da verdade. A salvaçãoestá em Deus, pertence a Ele (Jn. 2.9). Sóhá conversão se houver a chamada doEspírito. Ele nos convoca a umaqualidade de vida diferente, nos separado mundo mal. Quem é vocacionadodeve honrar esta vocação (Ef. 4.1).Lembrando que nós somos responsáveise não apenas elementos passivos no vivereste chamado. Agora com a vontade livrepelo poder do Espírito: "desenvolvei avossa salvação com temor e tremor;porque Deus é quem efetua em vós tantoo querer como o realizar, segundo a suaboa vontade" (Fp. 2.12-13) •

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

1. É possível provar na Bíblia que Deuschama?

2. Como Deus chama?

3.0 que é o chamado do Espírito?

4. Como acontece o chamado doEspírito?

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Lição 8

A REGENERAÇÃOWalter Bezerra de Moura

j Objetivo da lição: Levar o aluno a entender que a regeneração é uma obra exclusiva de -l! Deus e que todos que nasceram de novo devem ser, por consequência, novas criaturas. 3

Texto áureo: Jo. 3:3 Texto básico: Jo. 3.1-12

INTRODUÇÃO

Em João 3, no diálogo de Jesuscom Nicodemos, o mestre fala danecessidade do ser humano nascer denovo. Mas, o que isso significa? Nomomento nem o próprio Nicodemosentende e faz a pergunta: "Como podeum homem nascer, sendo velho? Pode,porventura, voltar ao ventre materno enascer segundavez?"(]o.^: 4).

Assim como Nicodemos, mui-tos não compreendem o que é o novonascimento ou a regeneração. Preten-demos, portanto, ajudar o leitor aentender tão grande obra que o Senhorfez por nós, tornando-nos novascriaturas para a glória de Deus. Essa é

Leitura diária

Segunda:Tt.3.3-7Terça: Jo. 1.12-13Quarta: IJo. 2.28-29Quinta: IJo.3.1-10Sexta: Ef. 4.1-5.21Sábado:Jo.3.1-12Domingo: Ef. 2,1-10

uma obra que além de grandiosa eimpossível aos homens, é exclusiva deDeus, fazendo com que nós O amemosporque Ele nos amou primeiro (ijo 4.19),e O desejemos porque Ele nos desejouprimeiro. (Ef. 1.4).

Vejamos, então, o que asEscrituras nos ensinam sobre o NovoNascimento.

1. A Regeneração ou nascer de novo.

Em diversas partes, a Escrituranos ensina as diferenças entre aquelesque foram regenerados dos que nãoforam. O que Nicodemos não entendeude maneira clara foi que nascer de novonão se referia a um nascimento natural,pois ele poderia nascer um milhão devezes na Terra, e continuaria sendo omesmo Nicodemos ser humano,pecador; nascido da carne e comnatureza carnal. Jesus havia usadosimplesmente uma analogia para dizerqueeranecessárioelenascerdeDeus.

a) É uma obra do Espírito, A expressão"nascer de novo" carrega por si só o queeste nascer representa. "Nascer de novo"além de algo necessário, não está na

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condição do objeto em questão, isto é, dohomem, não pode ser feito por ele, mas éalgo feito nele. Isso fica claro inclusivequando recorremos ao contexto imedi-ato de João capítulo 3, onde Jesus mostraque é necessário nascer não de maneiranatural, mas da "água e do Espírito" Aliestá escrito: "o Espirito sopra onde quer"(v.8), portanto, é o Espírito ao soprar quefaz um novo ser.

b) Porque precisamos nascer denovo. Note que Cristo diz a Nicodemos"o que nasce da carne é carne" (Jo. 3.6).Ao dizer isso Cristo aponta para o fato deque somos carnais, ou seja, temos anatureza carnal que trazemos de nossosprimeiros pais, e esta natureza émanchada, corrompida pelo pecadooriginal (Rm.3.23). Assim, nossainclinação é para o mal (Rm. 8.7-8), esomos mortos espirituais por natureza(Ef.2.3). Então esta natureza carnalprecisa dar lugar à natureza espiritual, eisto só acontece no Novo Nascimento.

c) Nascer do alto. "Nascer de novo"nada mais é do que nascer de Deus,nascer do alto. O termo traduzido como'novo' em Jo. 3 pode também sertraduzido por 'alto', e este termo é muitomais harmónico e apropriado aocontexto não permitindo dúvidas aoleitor, pois nascer de novo significasimplesmente nascer de Deus. É opróprio Deus que gera este novo ser peloevangelho (iCo. 4.15; iPd. 1.23), não existesinergismo, isto é, a açao de Deus e acooperação do homem nesta tãograciosa obra. "Toda boa dádiva e tododom perfeito são lá do alto, descendo doPai das luzes, em quem não pode existirvariação ou sombra de mudança. Pois,

segundo o seu querer, ele nos gerou pelapalavra da verdade, para que fôssemoscomo que primícias das suas criaturas"(Tg. 1.17-18).

2.0 autor da Regeneração.

a) O entendimento do Novo Nasci-mento. Muitos entendem que o NovoNascimento vem depois da fé, geral-mente colocam em certa ordem que seriada seguinte maneira: Fé - NovoNascimento - Justificação. Por certo,quem assim pensa não parou paraentender o que significa regeneração,quem a fez, e quais são os resultados queela provoca. Um olhar cuidadoso aotexto básico desta lição mostra como talconceito apregoado acima é um equívocodo assunto em apreço.

Há duas linhas de pensamentoa respeito desse assunto, uma queentende que a obra da regeneração é umaobra exclusivamente de Deus, e que nãohá no homem qualquer cooperação paraquesejarealizada. Outra, queexisteumacooperação humana no nascer de novo,portanto não seria uma obra exclusiva deDeus, mas de Deus e do homem. Noentanto, observe a fala de Jesus aNicodemos e como este compreende aquestão.

b) Jo. 3.4-8 e o Novo Nascimento."Perguntou-lhe Nicodemos: Como podeum homem nascer, sendo velho? Pode,porventura, voltar ao ventre materno enascer segunda vez?". Nicodemos vê issocomo algo completamente impossível aohomem, ele percebe que é algo que nãodepende de si mesmo. Observe que Jesusestá usando uma linguagem figuradapara denotar uma realidade espiritual,

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veja a resposta do Mestre de umamaneira mais clara: "Respondeu Jesus:Em verdade, em verdade te digo: quemnão nascer da água e do Espírito nãopode entrar no reino de Deus. O que énascido da carne é carne; e o que énascido do Espírito é espírito. Não teadmires de eu te dizer: importa-vosnascer de novo. O vento sopra onde quer,ouves a sua voz, mas não sabes dondevem, nem para onde vai; assim é todo oque é nascido do Espírito".

A verdade revelada por Cristo éque o homem necessita deste novonascimento que se dá exclusivamentepelo Espírito. O Espírito sopra onde quere assim realiza no homem algo que elenão conhece, não sabe e não busca, assimacontece com todos que são nascidos doEspírito. Não somos cooperadores nestagraça, nós não temos como fazer isto,pois estamos mortos espiritualmente eum morto para ser vivificado não podeesboçar qualquer reação antes derecebervida. "Ele vos deu vida, estando vósmortos nos vossos delitos e pecados" (Ef.11).

Por conseguinte, a ordemsegundo as Escrituras é exatamente esta:Novo Nascimento -fé - Justificação.Nisto devemos fazer coro com o ApostoloPaulo: "Mas Deus, sendo rico emmisericórdia, por causa do grande amorcom que nos amou, e estando nós mortosem nossos delitos, nos deu vida Junta-mente com Cristo" (Ef. 2.4-5). É graça,pura graça, Deus é o autor da nossa novavida, não existe coautor neste cenário.Ele, apenas Ele, nos concedeu istogratuitamente no Amado. Aleluia!

3. Os resultados da Regeneração.

Vimos que o Novo Nascimentoé uma obra do Altíssimo na vida dohomem, assim, por conseguinte, haveráde ter uma mudança na vida doregenerado que intitulamos de o resul-tado daregeneração.

a) Fazer parte do Corpo de Cristo. AEscritura Sagrada descreve que o novonascimento promove no homem caídouma mudança, mas que tipo demudança? Seríamos nós transformadosde maneira a não termos mais inclinaçãoao pecado? Por certo que não, porém ohomem regenerado se inclina para ascoisas de Deus, algo que não faziaanteriormente. Na linguagem Paulinaregeneração é ser batizado no corpo deCristo, isto é, fazer parte da Igreja doSenhor, daqueles que têm fé. "Pois todosnós fomos batizados em um Espírito,formando um corpo, quer Judeus, quergregos, quer servos, quer livres, e todostemos bebido de um Espírito" (iCo. 12.13).Para o apóstolo, ser regenerado molda ohomem em seu caráter e vida. Pois,"assim que, se alguém está em Cristo,nova criatura é; as coisas velhas jápassaram; eis que tudo se fez novo" (2Co.5.17).

b) Ser um novo homem. Não hánenhum indício que ser da igreja localsignifique a mesma coisa que ser deCristo, o que as Escrituras ensinam é queos que são de Cristo tiveram suas vidastransformadas, mudadas, moldadas aocaráter dAquele que os chamou. É porisso que Paulo coloca frente a frente ovelho homem, isto é, a natureza anteriora Cristo, e o novo homem, o homemregenerado. Então, dessa forma ele dizpara a igreja "Que, quanto ao trato

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passado, vos despojeis do velho homem,que se corrompe pelas concupiscênciasdo engano... e vos revistais do novohomem, criado segundo Deus, emjitstiçae retidão procedentes da verdade" (Ef.4.22, 24). E também "o nosso homemvelho foi com ele crucificado, para que ocorpo do pecado seja desfeito, para quenão sirvamos mais ao pecado"(Rm. 6.6).

c) Uma nova natureza. O que foi ditopelo apóstolo é diferente de não maispecar, porém é uma inclinação para nãopecar, vencer o pecado, vencer a carne eglorificar a Deus, pois temos uma novanatureza que não mais está escravizadapara as coisas da carne segundo a velhanatureza, mas agora inclina-se para ascoisas de Deus. Uma luta agora se travana vida do regenerado carne x espírito(Gl. 5.16-17).

Então, se na sua vida não existeeste conflito, uma luta interna e externacontra o pecado, um desejo de mudança,de avanço para se tornar cada vez maisparecido com o seu Mestre, desconfie desi mesmo porque talvez, você precisenascer de novo. Pois, o novo homem se"renova para o conhecimento, segundo aimagem daquele que o criou" (Cl. 3.10). Onovo homem "é criado em verdadeirajustiça e santidade" (EL 4.24).

CONCLUSÃO

A regeneração é uma obra deDeus, e quando Deus faz uma mudançano homem esta tem que ser real, nãopode ser fictícia. Não podemos crer quemudança de religião é evidência deregeneração. O homem natural "busca" aDeus em sua religiosidade, tateandocegamente. "Ora, o homem natural não

compreende as coisas do Espírito deDeus, porque lhe parecem loucura; e nãopode entendê-las, porque elas se discer-nem espiritualmente"(iCo. 2.14). Porém,como morto espiritual que é, busca nareligião suprir a necessidade intrínsecado ser, procura saciar a si mesmo. Mas,Deus, segundo a sua infinita bondade,operando a regeneração, traz para siaqueles que dEle desdenha, dá vidaàqueles que se deleitavam em Viver'como mortos para o Criador. A esses,Deus sopra com o seu Espírito e os leva aoconhecimento do Altíssimo "Mas nósnão recebemos o espírito do mundo, maso Espírito que provém de Deus, para quepudéssemos conhecer o que nos é dadogratuitamente por Deus" (iCo. 2.12). Épura graça meu irmão, "Por que, quem tefaz diferente? E que tens tu que nãotenhas recebido? E, se o recebeste, porque te glorias, como se não o houverasrecebido?" (i Co. 4.7). Na regeneraçãonão há nada em nós do que possamos nosorgulhar, somente a Deus toda glória! Naregeneração Deus te transforma e te faznova criatura e o fruto que você produzprova se você foi alcançado por esta tãograndeobra (Ef. 4.17- 5:21).

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

i. O que é o Novo Nascimento?

2.Por que afirmamos que a regene-ração é uma obra exclusiva de Deus?

3. Porque precisamos nascerde novo?

4.Quais os resultados do NovoNascimento?

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Lição 9

A JUSTIFICAÇÃOJoelson Gomes

Objetivo da lição: Levar o aluno a entender que o pecador é justificado apenas pelafé em Cristo, assumindo, portanto, uma nova posição e uma nova relação com Deus.

Texto áureo: Rm. 5.1 Texto básico: Rm. 3.21-31

INTRODUÇÃO

A justificação do pecador ape-nas pela fé em Jesus Cristo foi a doutrinacentral da Reforma Protestante e é odistintivo de uma igreja verdadeira-mente cristã. Do mesmo jeito que Luterodisse no séc. XVI que é com base nessadoutrina que uma igreja permanece depé ou cai, hoje as palavras do reformadorcontinuam com o mesmo peso. Nenhumajuntamento de pessoas que não confes-se ou pregue esta doutrina pode sechamar ou ser considerado protestante.Você é protestante? Sua igreja é protes-tante? Preste muita atenção nesta lição eao final você vai responder sim ou nãopara estas perguntas. Curioso? Então,

Leitura diária

Segunda:Rm.4.1-8Terça: Rm. 4.9-17Quarta: Rm. 4.18-25Quinta: Rm.5.1-11Sexta: Rm. 3.21-31Sábado: Rm. 8.1-11Domingo:Rm.8.18-30

mãos à obra!

l. Justificação: origem e significado.

a) Origem da justificação. A justifi-cação do pecador tem sua origemdiretamente em Deus, é só a sua graçaque proporciona esta bênção ao pecadorperdido (Rm.5.i8). Deus em sua sobera-nia poderia deixar o ser humano mortonos seus pecados, mas pelo seu grandeamor resolveu justificá-lo (Tt. 2.11; 3.17).Nesta operação o pecador não entra comnada, o que conta é só o amor de Deusmanifestado em Jesus (Jo. 1.14-16).

b) O significado da justificação. Ajustificação não é como alguns pensam oato de "fazer", ou "tornar" alguém justo,mas é o ato de declarar que o réu éinocente diante da lei de Deus. O Dr.William Barclay, exímio conhecedor dalíngua do Novo Testamento, nos informaque todos os verbos gregos terminadosemô (co), não são verbos que fazem algo,mas que consideram, que tratam comalgo. E o verbo justificar é dikaioô.

• Observe o exemplo a seguir. Em Rm.8.33-34 podemos ver as palavras

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justificar e condenar lado a lado. Assim,preste atenção.

^Quem condena, não torna, trans-forma alguém em condenado, masdeclaraisso;K Quem justifica, não torna, transformaalguém em justo, mas declara isso.

Por isso, afirmamos que justi-ficar é declarar, esta palavra na Escrituratem sentido judicial, sempre diz respeitoàs relações do homem com as sagradasleis do código divino, perante as quais eleé declarado justo ou condenado. Assim,quando Deus justifica alguém, Eledeclara por sua livre graça esta pessoajusta diante de sua lei, unicamente porcausa da justiça de Cristo a ele imputada,creditada (atribuída), e não porque apessoa se tornou justa.

2. A necessidade da Justificação.

Por que é necessário que seja-mos justificados por Deus em Cristo,tem algum motivo? Têm vários e a todosJesus satisfez. Veja:

a) Satisfez o ser humano. Quandoestudamos a lição i, pudemos notar queos seres humanos após a Queda não têmjustiça própria e, por isso, não podematingir a exigência da santidade de Deus.Deus exige santidade (Lv. 11.45; ^9- 2>" iPd.1.13-16), e tal santidade não é inferior asua própria (Mt. 5.48), e o homem não atem. Bem, se Deus exige santidade denós, e não temos tal santidade, estamosdiante de um impasse. O que fazer? Aresposta está em Rm.3.2i-26. O sacrifíciode Cristo possibilita a comunicação dajustiça que nos falta (iPd. 2.24).

b) Satisfez as exigências da lei. Todalei é feitapara ser cumprida (Rm. 2.13; GI.3.12). A justificação do homem exigiauma perfeita obediência à lei divina (Lv.18.5; Rm. 10.5; Tg. 2.10), mas o homemcarnal não pode cumpri-la (Rm. 7. 14;8.1-5), assim, está em dívida com esta lei.E a sentença para quem está nessasituação é a morte (Dt. 27.26; Gl. 3.10-12;Hb. 10.28). Cristo com a sua vida santa emortesatisfazessapendência.

• A lei exigia cumprimento, Cristo acumpriu (iPd. 1.19);• A lei exigia a nossa morte comopagamento por não tê-la cumprido,Cristo foi a nossa morte e pagamento(200.5.21; 01.3.13).

c) Satisfez a justiça de Deus. A lei doSenhor havia sido descumprida, e Elenão salvaria ninguém que não seconformasse com o seu padrão. JesusCristo aqui viveu sem pecado, con-formou-se totalmente ao padrão de Deus(Hb. 4.5; 7.26; ijo. 3.5). A justiça queDeus exigia do homem, Jesus teve em si,por isso Cristo pôde ser nosso substitutona cruz.

Cristo, através de sua obediên-cia e morte, quitou plenamente a dívidade todos aqueles que são justificados, eatravés do sacrifico de si mesmo, pelosangue de sua cruz; sofrendo em seulugar a penalidade devida a eles, prestouuma correia, real e plena satisfação àjustiça de seu Pai, em favor deles.Todavia, porquanto ele foi entregue peloPai em prol deles, e sua obediência esatisfação foram aceitas em lugar deles, eambas gratuitamente, não por causa dealgo neles; sua justificação é tão-

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somente da livre graça; porá que tanto aexata justiça quanto a rica graça de Deusfossem glorificadas na justificação depecadores (Declaração de Savoy} cap.XI,seç.3).

3. Justificação: sua base e garantia.

a) A base da justificação. Como umDeus justo pode justificar pecadoresinjustos? Em que Ele se baseia? Deus sebaseia no sacrifício de Cristo. Jesus foifeito propiciação no lugar dos pecadores(Rm. 3. 24-25); Ele foi feito o substituto(Rm. 4.25; Ef. 5. 1-2, 25) e recebeu acondenação em lugar deles (Is. 53. 4-5).Assim, Deus não vê o pecador, mas Ele ovê através de Cristo. Nenhuma boa obraque façamos pode conseguir isso, só osacrifício de Jesus. Spurgeon escreveu:

Ademais, lembre-se de queagora Ele nos vê em Cristo. Eis que Eletem posto o Seu povo nas mãos do Filhodo Seu amor. Ele até mesmo nos colocouno corpo de Cristo; "porque somosmembros do Seu corpo, da Sua carne, edos Seus ossos". Ele vê que morremos emCristo, que nEle fomos sepultados, e quenEle ressuscitamos. Assim como oSenhor Jesus Cristo é do agrado do Pai,assim também nEle nós somos do agradodo Pai; porque estarmos em Cristo nosidentifica com Cristo. Set pois, nossaaceitação por Deus está baseada naaceitação de Cristo por Deus, ela ficafirme, e é um argumento imutável diantedo Senhor Deus para Ele nos fazer o bem.Se ficássemos diante de Deus em nossaretidão individual, nossa ruína seriacerta e rápida; mas em Jesus a nossa vidaestá oculta além do perigo. Creiamfirmemente que a não ser que Deus

rejeite a Cristo, Ele não poderá rejeitar oSeu povo; a não ser que Ele repudie aexpiação e a ressurreição, não poderálançar fora aqueles com quem Ele fezaliança no Senhor Jesus Cristo.

b) Agarantia da justificação. Paulo emRm, 4.25 diz que Cristo foi entregue porcausa dos nossos pecados e que suaressurreição tornou-se a garantia denossa justificação. Cristo ao ir para cruzfoi condenado em lugar dos que crêemnEle e ao ressuscitar foi justificado emlugar deles também. Como assim?Devemos prestar atenção no seguinte:

i-O pacto das obras- No Éden, Deusentrou em uma aliança, um pacto deobras com o primeiro ser humano, Adão,como representante da humanidadediante dEle (Gn. 2.17). Adão não tinhavida inerente em si mesmo, sua vidadependia de ele cumprir as determi-nações do pacto de Deus, ser obediente.Diz a Declaração de Savoy: "Deus fezum pacto de obras e vida com os nossosprimeiros pais e todos os seus descen-dentes neles, mas eles sendo seduzidospela subtileza e .tentação de Satanásvoluntariamente transgrediram a lei deseu Criador, e romperam o pactocomendo o Fruto Proibido" (Cap. VI,seç.i; também Cap. VII, seç.z e XIX,seç.i). Isso pode servisto nos termos dopacto feito por Deus; se a desobediênciatrouxe a morte, a obediência consequen-temente traria ávida.

2- Na história da salvação, Cristo échamado de o "último Adão" (iCo. 15.45),e Ele também entrou em um pacto deobras em nosso favor. Corno Adão era orepresentante de uma raça caída (Rm.

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5.12), Cristo é cabeça de uma nova raça(Rm. 5.17-19; iCo. 15.21-22, 45-49). Oprimeiro Adão quebrou o pacto (Gn. 3. i-6; Os. 6.7), o segundo, Cristo, o cumpriutotalmente (Rm. 5.19; Hb. 5.7-8; 10.9). Aobediência de Cristo desfaz a desobe-diência de Adão e por isso Ele pode sernosso sumo sacerdote (representante)diante de Deus.

3- Quando lemos iTm. 3.16; Hb. 2.10; 5.8-10; vemos que os escritores dizem queCristo foi "aperfeiçoado, justificado noEspirito". Mas como, se Cristo já eraperfeito? A ressurreição de Cristo, suavolta da morte pela operação do Espírito(Rm. 1,4; 8.11), foi a sua justificaçãodiante de Deus, não pelos seus pecados,mas pelos dos que Ele representava. Essaressurreição foi a declaração de apro-vação por parte de Deus da obraredentora de Cristo, como se Deusdissesse que tudo havia sido pago, quenão havia sobrado culpa nenhuma, eque, portanto, não havia motivo para queCristo permanecesse morto. Cristo évisto como o justo, e quem está nEletambém é visto da mesma forma, poisnossa justiça é a justiça de Cristo. Então,se Deus nos vê em Cristo, que é apropiciação, nós somos justificadosnEle, a justificação de Cristo foi paranosso favor. Se Cristo que foi o sacrifícionão ressuscitasse, recebesse a vida devolta, isto queria dizer que Deus nãohavia aceito sua oferta, e ele permane-ceria morto (o salário do pecado), e nósestaríamos mortos também. Veja comoescreve Paulo:

"E, se Cristo não ressuscitou, évã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; esomos tidos por falsas testemunhas deDeus, porque temos asseverado contra

Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qualele não ressuscitou, se é certo que osmortos não ressuscitam. Porque, se osmortos não ressuscitam, também Cristonão ressuscitou. E, se Cristo nãoressuscitou, é vã a vossa fé, e aindapermaneceis nos vossos pecados" (iCo.15.14-17)-

Mas porque Cristo ressuscitouda morte, recebeu a vida, isso significaque ele pagou o resgate pelo pecado, eporque não tinha pecado, pôde ter a vidade volta. Como Jesus era sem pecado, ajustiça que Ele recebeu, com Sua vidaobediente e sua morte, não foi para Ele,mas para os que Ele representava.

Assim, nossa justificação eregeneração são garantidas pela ressur-reição de Cristo (i Pd. 1.3). É por isso quePaulo usa a expressão: "fomos ressus-citadoscom Cristo"(Ef. 2.5-6; 0.3.1).

4. A justificação: seus resultados.

As bênçãos da justificação sãomuitas, mas vou mostrar dois resultadosdesunia importância emnossavida.

a) Uma nova relação (Rm. 5.1). Sódepois de justificados é que temos pazcom Deus do qual antes éramos inimigos(Cl. i.2o-2i;2.i3), por causa dos nossospecados (Is. 59.1-2). Assim, justificados,nossa relação com o Pai mudacompletamente.

b) Uma nova posição (Jo. 1.11-12; Gl3.26). As criaturas que não eram filhosantes assumem a posição de filhos pela féna obra de Cristo (Gl. 3.26). A relaçãocom o Pai agora é de filiação. Cito C. H.Mackintosh:

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...diante de Deus não estamosno nosso eu, mas sim em Cristo. É "nEle"que estamos "perfeitos". Deus vê o crenteem Cristo, com Cristo e como Cristo. Estaé a sua condição imutável e posiçãoeterna. "O despojo do corpo e da carne" éefetuadopela "circuncisão de Cristo" (CL2.11). O crente não está na carne, postoque a carne esteja nele: acha-se unido aCristo no poder de uma vida nova e semfim, e esta vida inseparavelmente ligada ajustiça divina, na qual o crente estáperante Deus. O Senhor Jesus tirou tudoque era contra o crente e trouxe-o paraperto de Deus, no mesmo favor que Elepróprio goza. Em resumo: Cristo é a suajustiça. Isto põe fim a todas as questões,responde a todas as objeções, e impõesilêncio a todas as dúvidas. "Porqueassim o que santifica, como os que sãosantificados, são todos de um"(Hb. 2.11).

CONCLUSÃO

A doutrina da justificação pelafé coloca as pretensões de justiça própriado ser humano no seu devido lugar.

Mostra que não podemos fazer nada pornossa salvação, mas só Cristo com suavida e sacrifício pode nos proporcionar ajustiça que precisamos. Entender esseensino acentua cada vez mais a urgênciade se pregar o verdadeiro evangelho quetem Cristo como centro e único caminhopara Deus. Devemos sim, lançar todonosso ser sobre Cristo, entendê-lo comonosso único substituto salvador, e que ésó pela sua santa justiça creditada a nósque podemos ter a salvação.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

i.O que significa a Justificação pelaFé?

2. Qual a base da Justificação pela Fé?

3.0 que é imputação?

4. Cite dois resultados da justificação.

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A RECONCILIAÇÃOAurivan Marinho da Costa

t^bjétj^o da lição: Levar o aluno ao e/itender que a reconciliação é- iQlGJatiaaiè*'jfêMza^ão;,de"vQeus ern E nisto?" e que deVernos considerá-la1 ta ntõj-hQ^sét1p/elaqpnamento com Deus quanto no comprometimento da missão, - •--••;,.

'..>e_ A .. t./^.« . " , . .Texto áureo: 2CO.5.19 Texto básico: 2Co. 5.18-21

INTRODUÇÃO

O pecado afetou diretamente orelacionamento de Deus com o homem.Desde os tempos de Adão um abismoimenso separa o homem de Deus. Opecado alienou a criatura do seu criador,constituindo-se em muralhas instrans-poníveis. Uma vez alienado de Deus, ohomem só consegue caminhar nadireção contrária: "Não há justo, nem umsequer, não há quem entenda, não háquem busque a Deus" (Rm. 3.10-11). Pornatureza o homem se tornou filho da irae alvo do juízo vindouro (Ef. 2.3). Mortoem seus pecados e delitos não havianenhuma inclinação sincera e eficaz dohomem para com Deus (Veja lição i).

Leitura diária

Segunda: Rm.5.6-11Terça: Rm. 11.11-16Quarta: Ef. 2.11-16Quinta: Cl. 1.18-23Sexta: Rm. 8.31-39Sábado: Hb. 10.19-25Domingo: Ap. 5.5-14

Deus, porém, em Seu grande amoratravés da morte do Seu Filho destruiu ainimizade, reconciliando o homemconsigo (Vejalições 2 63).

Definindo. Podemos definirreconciliação como uma manifestaçãoda graça, em que Deus estava em Cristoreconciliando o homem consigo, quan-do este era ainda seu inimigo e alienadoda Sua glória. Na prática, isso representauma troca de oposição por harmonia, dealienação por comunhão, de separaçãopor reaproximação, de ira por amor e derebeldia por participação no corpomístico de Cristo.

l. A necessidade de reconciliação.

a) A hostilidade de Deus para com ohomem. Talvez você ache estranha aafirmação de que a reconciliação énecessária porque o homem se encontraem hostilidade contra Deus. Lembre-sede que foi o homem quem se colocoudebaixo da ira de Deus. Como trans-gressor da Sua Santa Lei, como opositorda Sua justiça e como ofensor da Suasantidade, o homem se tornou o autordessa inimizade existente entre ele e oSenhor. Deus em Sua santidade não

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pode suportar o pecado, o pecadopromove a separação entre Ele e ohomem: "Mas as vossas iniquidadesfazem separação entre vós e o vossoDeus" (Is. 59.2). Ao tomar sobre si onosso pecado, nem o próprio Jesus foipoupado da hostilidade divina: "Deusmeu, Deus meu, porque me desam-paraste?" (Mc. 15.34).

O que acontece é que Deus emseu amor desejava reaproximar-se dassuas criaturas caídas, mas o pecado haviapromovido o afastamento entre ohomem e Deus. Eis aí porque se fazianecessário que o pecado fosse removidoe que o dano fosse reparado, a fim de queuma vez desfeita a inimizade e derribadaa parede da separação, a reconciliaçãofosse estabelecida (Ef. 2.14-18).

b) A hostilidade do homem para comDeus. A hostilidade de Deus para com ohomem é uma expressão de justiça esantidade, enquanto que a hostilidadedo homem para com Deus é amanifestação da sua decadência moral.O homem se opõe a Deus e aos Seusmandamentos, porque o pecado otornou inimigo de Deus (Rm. 5.10; Tg.4.4). O inimigo é alguém que se encontraem campo radicalmente oposto. Ainimizade só pode acabar quando há adevida reparação e restituição do malcometido. Porém, em vez disso, oshomens se tornaram "mais amigos dosprazeres do que de Deus" (aTm. 3.4), e"mudaram a verdade de Deus emmentira, adorando e servindo a criaturaem lugar do criador" (Rm. 1.25).

A reconciliação é necessáriaporque o homem é alguém que caminhade um abismo a outro, seus pecados semultiplicam, sua sentença se aproxima e

todos os seus esforços são irrelevantespara a salvação, pois não passam de"trapo de imundície" (Is. 64. 6). Somentepela reconciliação providenciada porDeus, seus pecados deixam de serimputados e a dupla hostilidade terá fim.

2. Entendendo a reconciliação.

Em 2Co. 5.18-21 o apóstoloPaulo apresenta a causa da reconciliaçãoentre Deus e o ser humano. Esta causareside na iniciativa de Deus, a fonte deonde emana "toda boa dádiva e todo domperfeito" (Tg. i: 17). Mas, por outro lado, acausa da reconciliação é Cristo, atravésde quem Deus se utilizou paraestabelecerapaz.

a) O autor da reconciliação (v. 18). Areconciliação é o oposto da alienação. Seo homem é o autor da separação, Deus é oautor da reconciliação. O homem comosujeito da separação é incapaz deresolver o problema da inimizade. Umavez que todo bem provém de Deus, foidEle a iniciativa de reconciliar o homemconsigo mesmo (v. 18). A lógica humanaprevê que o ofensor tome a iniciativa dareconciliação, enquanto o ofendidoaguarda que o ofensor venha ao seuencontro para se retratar. Porém, nadoutrina da reconciliação a lógicahumana dá lugar à lógica divina, quandoDeus torna-se o sujeito reconciliação.

Quando o assunto é reconci-liação, a iniciativa é sempre de Deus. Selogo após a queda é Ele quem tem ainiciativa de procurar o homem caído:"Onde estás?" (Gn.3.9), no NovoTestamento é assim também (v.ig).Conforme diz o apóstolo Paulo, "tudoprovem dEle". O propósito é dEle; os

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meios são dEle; a graça, o poder e o amortambém são dEle. "Tudo é dEle, por meiodEle e para Ele" (Rm. 11.36).

b) Abasedareconciliação (vs. 19,21). Aregeneração (veja lição 8) e a santi-ficação (veja lição 13) são obras subje-tivas aplicadas pelo Espírito Santo nocrente. Enquanto que a justificação(vejalição9) e a reconciliação são obrasobjetivas realizadas por Cristo na cruzem prol dos homens. Tanto a justificaçãoquanto a reconciliação têm um caráterforense. Isso significa que a justificação eareconciliaçãomudamaatitudedeDeusem relação ao homem, enquanto que aregeneração e a santificação mudam aatitude do homem em relação a Deus. Najustificação Deus declara o homemjusto, com base na justiça de Cristo. Ajustiça de Cristo é a base da recon-ciliação. É com base nessa justiça que aseparação do pecado dá lugar àreconciliação.

c) O meio da reconciliação. Comoautor da reconciliação Deus não utilizounenhum outro meio fora de Cristo. Nãoexiste reconciliação em nenhum lugar daBíblia, senão, mediante a morte deCristo. Foi através de Cristo e do seusacrifício na cruz que Deus converteuinimigos em amigos, "não imputandoaos homens as suas transgressões" (v.19). Deus não apenas deixou decomputar a nossa dívida em nossaprópria conta, mas através de uma trocajudicial, removeu a nossa culpa fazendocair sobre Cristo o nosso castigo (v. 21).Cristo tomou sobre si o nosso castigo enos tornou justos imputando (trans- ,,ferindo) a nós a Sua justiça. E mais:"Cristo nos resgatou na maldição da lei,

fazendo-se maldição em nosso lugar"(01.3.13). Todo mérito e toda glóriadevem ser dados a Deus (Ef. 1.3).

3. Os benefícios da reconciliação.

A reconciliação afetou direta-mente o relacionamento do homem comDeus, se constituindo num benefício decomunhão e relacionamento pleno.Subentende-se que uma vez recon-ciliado com D eus, o homem está apto asereconciliar com o seupróximo.

a) Novo relacionamento com Deus.Através do "sangue da sua cruz" Cristoreconciliou "consigo mesmo todas ascoisas, quer sobre a terra, quer sobre oscéus" (Cl. 1.20). O que indica quenenhum poder no céu ou na terra estáfora do domínio e autoridade do nossoDeus. Todavia, quando Paulo se refere àigreja, o conceito de reconciliação indicaque os eleitos gozam ou gozarão dacomunhão e paz com Deus: "Agora,porém, vos reconciliou no corpo da suacarne, mediante sua morte, paraapresentar-vos perante ele santos,inculpáveis e irrepreensíveis" (Cl. 1.22).Observe que a reconciliação traz comoimplicação a busca pela santificação,visando acima de tudo à comunhão como Deus santo.

Esse novo relacionamento éuma expressão da graça de Deus e do seuamor indizível. Afinal, fornos recon-ciliados quando ainda éramos seusinimigos (Rm. 5.10). A reconciliação noscoloca diante de uma responsabilidade ede uma gloriosa promessa. A responsa-bilidade de cultivarmos uma comunhãodiária com o nosso Senhor e a promessade que uma vez que o Senhor se inclinou

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para nós sendo ainda seus inimigos,agora que somos salvos, seremos aindamais abençoados com a consumação daSua obra em nós (Fp. 1.6).

b) Novo relacionamento com opróximo. A obra reconciliadora deCristo destruiu a inimizade entre ohomem e Deus, e abriu um novo e vivocaminho de reconciliação entre oshomens. É nesse sentido que o apóstoloPaulo já não enxerga nenhuma barreira,fronteira ou parede de separação. Areconciliação é um milagre de Deus, umaintervenção sobrenatural capaz detornar judeus e gentios um só povo (Ef.2.14,19).

Quem já foi reconciliado comDeus que se reconcilie com o seupróximo. A obra de Cristo é plenamentesuficiente para abolir as distâncias e nosaproximar mutuamente (Ef. 2.13). É nomínimo contraditório falarmos dereconciliação com Deus enquantopermanecemos separados dos nossosirmãos, dominados por mágoas,ressentimentos e dificuldade de perdoar.João nos faz uma seriíssima advertência:"Se alguém disser: amo a Deus, e odiar aseu irmão, é mentiroso; pois aquele quenão ama a seu irmão, a quem vê, nãopode amar a Deus, a quem não vê" (ijo.4.20), Portanto, quem já foi reconciliadocom Deus, que se reconcilie com o seuirmão.

4.0 ministério da reconciliação.

A igreja é constituída de pes-soas reconciliadas com Deus. Sua missãoprincipal é reconciliar pessoas com Deus(Rm. 5.18). O mundo precisa saber queCristo morreu numa cruz, o véu já foi

rasgado, a fim de que o homem sejareconciliado com Deus. A nenhumcrente é dado o direito de negligenciar.Caso isso aconteça, "as próprias pedrasclamarão" (Lc. 19.40). Deus não deixou aigreja desprovida da instrumentalidadee do preparo necessário para cumprir suamissão com eficácia. Vejamos os meiosque se encontram disponíveis.

a) A Palavra da reconciliação. Deusconfiou à igreja a Palavra da reconci-liação, o maior de todos os tesouros.Depois de concluir sua obra aqui naTerra, Cristo espera que sua igreja a torneconhecida na história. Para isso Ele "nosconfiou a Palavra da reconciliação"(20x5.19). O Evangelho da salvação foiconfiado à igreja: "Como está escrito:Quão formosos são os pés dos que anun-ciam coisas boas!" (Rm. 10.15). Diantedessa responsabilidade e privilégioglorioso, há dois erros que precisam serevitados:

>• A igreja não pode abrir a boca parapregar outro evangelho que não seja oevangelho da cruz (Gl. 1.3-8). Qualquerpregação que não tiver Cristo comocentro é ineficiente para reconciliar ohomem com Deus. Conforme osmodismos e métodos modernos, esseevangelho poderá parecer loucura parauns e escândalo para outros. Todavia,para nós, que somos salvos, é poder esabedoriadeDeus (iCo. 1.22-23).

> A igreja não tem o direito de fechar aboca diante do que tem visto e ouvido(At. 4.18-20). O IDE de Cristo exige decada crente militância ativa e perma-nente. Seguindo o exemplo do apóstoloPaulo, precisamos ser constrangidospelo amor de Cristo a nos entregarmosincondicionalmente (2Co. 5.14). Se por

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um lado temos a divulgação em massa do"evangelho" fácil e desprovido deconteúdo bíblico, por outro lado temos osilêncio e o comodismo de uma igrejaquedesaprendeuatestemunhar.

b) A autoridade na pregação. Apregação da igreja não repousa sobreautoridade humana. Quando a igreja selevanta para proclamar a Palavra dareconciliação, o faz com a autoridadedAquele que a enviou. "De sorte quesomos embaixadores em nome de Cristo,como se Deus exortasse por nossointermédio. Em nome de Cristo, pois,rogamos que vos reconcilieis com Deus"(2Co. 5.20). Observe que Paulo destacaaqui duas questões da mais altaimportância: A autoridade e o esforço dopregador.>A autoridade do pregador - O

pregador deve evangelizar com autori-dade de quem sabe que ao abrir a boca écomo se Deus exortasse por seu inter-médio. Como embaixador que repre-senta o seu governo em terras estran-geiras, a Igreja foi comissionada com aautoridade de falar na Terra em nome doCéu. Contudo, isso só é possível quandoo conteúdo da pregação é genuinamentebíblico.

> O esforço do pregador - Muitoembora a reconciliação seja obraexclusiva de Deus em prol do homem, opregador deve se esforçar em exortar ohomem a crer somente em Cristo, comoúnico meio de salvação. O apóstoloPaulo em seu esforço de conduzir opecador a Deus roga persuasivamente.Ele crê e prega que tudo depende deDeus, mas se esforça e conclama opecador como se tudo dependesse dohomem. A reconciliação é um duplo

movimento que envolve o Deus que tudofaz e o homem que simplesmente devecrer e obedecer.

CONCLUSÃO

Depois de tudo que estudamossobre a reconciliação podemos concluircom plena convicção: (i) Precisamos tera consciência de que todo mérito dareconciliação é de Deus, Ele é o sujeito dareconciliação e nós os sujeitos dainimizade; (2) que Cristo é o único meioque o próprio Deus oferece para nossasalvação; (3) cada crente reconciliadocom Deus deve viver em santidade e seesforçar para manter um relaciona-mento com Ele de reverência e gratidão;(4) devemos quebrar as barreiras, venceros preconceitos e evidenciar a graça doperdão, a fim de nos relacionarmoslivremente com os nossos irmãos; (5) édever da igreja reconciliar vidas comDeus pela pregação do evangelho, seesforçando em todo tempo e comautoridade de embaixador constituídoporDeus.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

i. Qualacausada reconciliação?

2.Quem é o autor dareconciliação?

3. Quais os benefícios da recon-ciliação?

4. O que é o ministério da recon-ciliação?

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Lição

A ADOÇAOAurívan Marinho da Costa

l Objetivo da lição: Levar o aluno a desfrutar dos benefícios de filho de DJcumpridor das suas responsabilidades, mediante o conhecimento da i

\.

Texto áureo: Rm. 8.15 Texto básico: Rm. 8.14-17

INTRODUÇÃO

A adoção é possivelmente umadas doutrinas mais negligenciadas e porconsequência uma das mais desco-nhecidas entre os cristãos. É tratadamuitas vezes apenas como um privilégioora decorrente da justificação, oradecorrente da regeneração. Entretanto, aadoção é um aspecto distinto, porém tãoimportante quanto os demais queconstituem a doutrina dasalvação.

Definindo: Adoção é um atoda graça de Deus em tornar os redimidosfilhos e filhas do nosso Senhor partici-pantes dos privilégios da família deDeus. Na adoção, filhos da ira recebem opoder de serem feitos filhos de Deus,

Leitura diária

Segunda: M t. 6.5-13Terça: Jo. 1.10-14Quarta: Gl. 4.1-7Quinta: Ef.5.1-17Sexta: IJo.3.1-6Sábado: 2 Pd. 1.3-10Domingo: Hb. 12.5-11

recebem também o Espírito de adoçãopelo qual estão habilitados a serelacionar com Deus e chamá-lo de Paicom confiança e alegria (Gl. 4.6; Rm.8.15-16).

É nosso propósito nesta liçãoidentificar os principais embaraçosdessa doutrina, e explicar biblicamenteseus benefícios e implicações práticasparaavida da igreja em nossos dias.

1. Por que esta doutrina é tãodesconhecida da igreja?

a) O problema do universalismo.Existe uma crença popular de que todomundo é filho de Deus. Muito emborapossamos afirmar que no sentido dacriação e da providência Deus seja Pai detodos (Ml. 2.10; At. 17.25-29), porém éfato que em Adão o homem se tornoufilho da ira (Ef. 2.3). O próprio Jesusdeclarou que alguns têm o diabo comopai (Jo. 8.44). Além do mais, se todostivessem Deus por Pai, o homem nãoprecisaria receber Jesus para se tornarfilho de Deus (Jo. 1.11-12). Averdade é queser filho de Deus é um privilégio que sópode ser adquirido pela fé em CristoJesus (Gl. 3.26). A adoção é uma

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experiência gloriosa, de caráter espiri-tual, cuja validade é para toda eter-nidade.

b) O problema do nominalismo. Êcada vez maior o número de crentesnominais dentro das igrejas. São pessoasque se tornaram religiosamente evan-gélicas, mas que nunca nasceram denovo. São cristãos confessionais deconversões superficiais. Sem conversãogenuína não há arrependimento nem fésalvadora. Logo, é impossível falar deadoção. Afinal, os filhos de Deus sãochamados a participar da naturezadivina e do seu caráter (zPd. 1.3-6).Crentes nominais não desfrutam dosbenefícios, nem estão dispostos aviverem como filhos de Deus. Aprendema dizer "Senhor, Senhor", mas desco-nhecem o gozo, a comunhão e a confi-ança que só têm aqueles que peloEspírito de adoção dizem: "Aba, Pai!" (Gl.4-6).

c) O problema da teologia. Quanto aoaspecto teológico temos aqui duasquestões. De um lado temos a teologialiberal que decorre do racionalismoincrédulo. Não crêem no milagre daadoção, porque simplesmente anulamos efeitos da obra de Cristo na cruz e nãoadmitem que Deus em Sua graça possainteragir com o homem através de umrelacionamento de comunhão e amor(1)0.3.1-2).

A outra questão decorre de quemuitos confundem adoção com justifi-cação ou regeneração. Em função disso, adoutrina é esquecida até mesmo emmuitos livros de teologia. A adoção é naverdade um aspecto da salvação distinto,mas que não pode ser separado da

regeneração e da justificação.A regeneração nos une a Cristo,

a adoção traz o Espírito para habitar emnossos corações; na regeneração Deusnos torna participantes da Sua natureza,na adoção Ele nos envolve em Seu amor;na regeneração Deus muda nossanatureza, na adoção Deus muda nossorelacionamento para com Ele; najustificação Deus é o juiz que nosinocenta em Cristo, na adoção Deus é oPai que nos acolhe em Sua família; najustificação Deus nos vê legalmentejustos, na adoção Deus nos recebepessoalmente como filhos; na justifi-cação recebemos o benefício legal da Suajustiça, naadoçao recebemos o beneficiopaternal do Seu amor gracioso. Portanto,a adoção tem privilégios peculiares quenão podem deixar de ser particular-mente extraídos e aplicados para a vidacristã.

2. Os benefícios da adoção.

Romanos 8.14-17 se constituinum dos principais textos das Escriturasque com clareza descreve os privilégiosdaadoção.

a) Os filhos de Deus são guiados peloEspírito de adoção (v. 14), A marca donosso tempo é a confusão quanto àverdade. Num mundo marcado pelorelativismo e dominado pela cegueiraespiritual (2 Co. 4.3-4), os homens estãoperdidos como cegos guiados por outroscegos (Mt. 15.14). Entretanto, o filho deDeus tem outra marca, são guiados peloEspírito: "Pois todos que são guiados peloEspírito de Deus são filhos de Deus"(V.H). Observe que para Paulo, ser filhode Deus é o mesmo que ser guiado pelo

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Espírito de Deus. Isso significa que ofilho de Deus não está refém dosmodismos da cultura, dos ventos dedoutrina, das inclinações da carne, nemtão pouco dos "àchismos" de um coraçãoenganoso. Nele se cumpre a promessa doSenhor: "Quando vier, porém, o Espíritoda verdade, ele vos guiará a toda verdade"(Jo. 16.13). Assim, tornam-se aptos paraouvir avoz do Seu pastor (Jo. 10.27) •

b) Os filhos de Deus têm liberdadepara chamá-lo de Pai (v. 15). A religiãotem se constituído muitas vezes numinstrumento de escravidão e de medo.Tendências legalistas e de caráterfarisaico põem sobre os homens fardospesados e difíceis de carregar (Mt. 23.4).Muitos são ameaçados em nome de Deuse passam a vê-lo como um ser amedron-tador. Muito embora Ele seja o Todo-poderoso e continue sendo fogo consu-midor (Hb. 12.29), pela adoção Ele setorna o nosso Pai e nós os seus filhos. Anós é dada a liberdade de dirigir-nos a Elee chamá-lo de "Aba, Pai".

Através da adoção Deus noslibertou de toda escravidão, e nos fezverdadeiramente livres: "Porque nãorecebestes o espírito de escravidão, paraviverdes, outra vez atemorizados, masrecebestes o Espírito de adoção, baseadosno qual, clamamos: Aba, Pai" (v. 15). Oespírito de escravidão deu lugar aoEspírito de adoção, o que possibilita quepossamos chamar Deus de Pai com amesma comunhão e confiança inaba-lável com que Jesus o fez (Mt. 6.9; Mc.14.36).

c) Os filhos de Deus gozam da certezade salvação (v. 16). Areligião evangélicatem enfrentado um problema que até

bem pouco tempo era quase queexclusivo da igreja romana. Refiro-me aofato de que muita gente que se encontradentro da igreja não tem certeza desalvação. Possivelmente são pessoas quenão tiveram a experiência da adoção ouque padecem por falta de conhecimento(veja lição 15).

Lembro-me que em meusprimeiros dias de conversão o diabotentava lançar dúvida sobre a minhafiliação a Deus. Eram momentos deangústia. Até que meu coraçãoencontrou consolo e segurança nessaverdade aqui exposta por Paulo: "Opróprio Espírito testifica com o nossoespírito que somos filhos de. Deus" (v. 16).O testemunho do Espírito no interiorcoração é uma dádiva de Deus exclusivaaos seus filhos: "E, porque vós sois filhos,enviou Deus ao nosso coração o Espíritode Seu Filho que clama: Aba, Pai!" (Gl.4.6). Mediante o testemunho do Espíritotemos convicção da nossa identidade defilho de Deus, de modo que nem o diabo,e nem ninguém, poderá lançar dúvidaem nossa mente (Mt. 4.3-7).

d) Os filhos de Deus esperam umaherança eterna (v.r/). Em Adão perde-mos tudo. Perdemos o jardim, o paraíso,a árvore da vida, a comunhão com Deus,a justiça original e as bênçãos do Senhor.Porém, Cristo conquistou a nossapossessão na cruz. Temos uma nova vida,um novo nome, livre acesso ao trono dagraça e um lugar garantido no paraíso deDeus. Aprouve a Deus nos tornarcoparticip antes da herança destinada aoSeu Filho Jesus. Toda glória e riquezaceleste eram direito de posse exclusiva donosso Senhor, mas Ele decidiu compar-tilhar com seus irmãos adotivos. "Ora, se

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somos filhos, somos também herdeiros,herdeiros de Deus e coerdeiros comCristo" (v. 17). Observe que o texto noscoloca no mesmo patamar de Cristo. ODeus que nos amou com amor eterno (Jr.31.3), nos amou com o mesmo amor comque amou o Seu Filho: "Os amastes,como também amaste a mim" diz Jesus(Jo. 17,23).

O apóstolo Paulo destaca acondição de filho e de herdeiro comouma só realidade que contrasta com a doescravo: "De sorte que já não és escravo,porém filho; e, sendo filho, tambémherdeiro por Deus"'(Gl. 4.7). Eis aí porquepara Paulo condicionar a nossa espe-rança a bênçãos terrenas e materiaisrepresenta um tipo de escravidão: "Se anossa esperança em Cristo se limitaapenas a esta vida, somos os maisinfelizes de todos os homens" (iCo. 15.19).É como herdeiro de Deus e coerdeiro deCristo que Paulo declara com confiança:"O5 sofrimentos do tempo presente nãopodem ser comparados com a glória a serrevelada em nós" (Rm. 8.18). Somosestimulados a enfrentar as aflições,sofrimentos e provações com esperança,afinal "se com ele sofremos, também comele seremos glorificados"(v. 17 c).

3. As responsabilidades da adoção.

A doutrina da adoção natural-mente indica que os filhos de Deusprecisam ter uma atitude exemplar paracom D eus, honrando o seu Pai em tudo.

a) SejaumiinitadordoPai-"Seíiejpoí'smeus imitadores, como filhos amados"(Ef. 5.1). Os filhos de Deus são chamadosa imitá-lo. Deus nos tornou coparti-cipantes da Sua natureza a fim de nos

livrar das paixões que há no mundo (2Pd. 1.4). Todo procedimento do crentedeve ter como padrão a santidade deDeus (i Pd. 1.16-17), afinal foi com essafinalidade que se deu a eleição (Ef. 1.3),visando à formação de uma nação santa(i Pd. 2.9). Quem se utiliza do privilégiode poder chamar Deus de Pai, deverevelar em todo viver o caráter do seu Pai.

b) Reverencie e ame o Pai -"O filhohonra o pai, e o servo o seu senhor; se eusou Pai, onde está a minha honra? E se eusou Senhor onde está o meu temor?" (Ml.1.6). Não podemos transformar os privi-légios de filho em atos de desonra. Ogrande Mandamento requer que Deusseja amado de todo coração e acima detodas as coisas (Mt. 22.37). O filho devetransbordar em amor pelo Pai em tudo,deve se utilizar de todos os meios degraça com o objetivo de honrá-lo eglorificá-lo.

c) Submeta-se à disciplina do Pai -"Porque o Senhor corrige a quem ama eaçoita a todo filho a quem recebe" (Hb.12.6). A correção divina não pode sercompreendida como ausência de amor,nem pode servir de motivo para murmu-ração e rebeldia. Suporte humildementea disciplina do Senhor, pois o Senhor nãocorrige se não houver motivos: "Supor-tarei a indignação do Senhor, porquepequei contra Ele" (Mq. 7.9). Como Paique ama seus filhos, Deus precisa nosconduzir pelo caminho da vida e paraisso muitas vezes exige-se o uso da vara.O salmista reconheceu o valor dadisciplina como método de correção:"antes de ser afligido andava errado, masagora guardo a tua palavra. Foi-me bomter eu passado pelas aflições para que

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apreendesse os teus decretos" (SI. 119.67,71).

d) Comprometa-se com a obra do Pai- "Disse-lhe Jesus: a minha comidaconsiste em fazer a vontade daquele queme enviou e realizar a sua obra" (Jo.4.34). Jesus é o protótipo perfeito defilho. É como filho que ele renuncia oCéu, desce à Terra, assume a condição deservo e em obediência incondicionalsubmete-se à morte de cruz (Fp. 2. 5-8).Jesus é o exemplo de pleno compro-metimento com a obra do Pai. Fazer avontade de Deus e realizar a sua obra erao seu "prato" predileto. O seu senso deurgência (Jo. 9.4) não permitia que eletivesse nenhum outro projeto quedesviasse o foco da sua missão: "Se o grãode trigo, caindo na terra, não morrer, ficaele só, mas se morrer, produz muitofruto" (Jo. 12.24). Todo verdadeiro crentetem por finalidade seguir a Cristo, eseguir a Cristo significa tambémenvolver-se totalmente com os negóciosdo Pai.

CONCLUSÃO

Queremos concluir essa liçãocitando a Declaração de Savoy. Vejavocê mesmo o que nossos primeiros pais

entendiam por adoção há quase quatro-centos anos:

Todos quantos são justificados,Deus, em e para seu único Filho JesusCristo, se digna fazer participantes dagraça da adoção por meio da qualsão elesrecebidos no número e desfrutam dasliberdades e privilégios dos filhos deDeus; têm sobre si o nome dele, recebemo Espirito de adoção; tem acesso, comousadia, ao trono da graça; sãocapacitados a clamar: "Aba, Pai"; sãotratados com piedade, protegidos,sustentados e corrigidos por ele como porum pai; contudo, jamais abandonados,mas selados para o dia da redenção, eherdam as promessas, como herdeiros daeterna salvação (cap.XII,sec.i).

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

1. Oqueéaadoção?

2. Quais osbenefíciosdaadoção?

3.Quais as responsabilidades da ado-ção?

4-Por que a doutrina da adoção é tãodesconhecida dos cristãos?

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Lição 12 ij

A CONVERSÃOBertoni Feliciano de Souza e Bruno César Cordeiro de Araújo

r ~S"Qbfetiyo da lição: Conscientizara igreja da-importância

a conversão em nossos dias.

Texto áureo: At. 3.19 Texto básico: At. 2.37-41

INTRODUÇÃO

A vida do verdadeiro crente emCristo é caracterizada por uma realmudança e transformação do viver.

Para falar de conversão compropriedade não se pode esquecer doisaspectos: primeiro, o arrependimento e,segundo, a fé. Por meio do arrepen-dimento surge a tristeza e rejeição pelopecado, no caso da fé, o homem se voltapara cristo.

No que diz respeito ao arrepen-dimento e a conversão do homem, éoportuna a descrição da Segunda Con-fissão Helvética com texto adaptado:i. Acontece no pecador uma mudança demente provocada pela pregação do

Leitura diária

Segunda: At. 3.19Terça :Jr. 18.11Quarta: Lc. 1.16Quinta: Jó. 22.23Sexta: SI. 22.27Sábado: l Pd. 2.25Domingo: Ez. 33.11

evangelho por intermédio do EspíritoSanto, e recebida com verdadeira fé;2. Por meio dessa fé dada por Deus, ohomem reconhece sua corrupção natu-ral e todos os seus pecados denunciadosnapalavradeDeus;3. O coração passa a se entristecer poratos cometidos, bem como a lamentar efrancamente confessar diante de Deus;4. Também com indignação os abomina,cuidando agora zelosamente em secorrigir, num esforço constante porpureza devida e santidade.

Ao longo de nossa lição vere-mos a importância de pregarmos eensinarmos essas verdades para edifica-ção do corpo de Cristo eaglóriadeDeus.

1 .Elementos essenciais da conver-são.

A mensagem do evangelhoexige arrependimento efé (At.zo.2i). Apalavra conversão tem o sentido de"volta". Agora preste atenção: voltar-sedo pecado é chamado arrependimento(Jo. 3.16; At. 2.29), & voltar-se para Cristoé chamado/é.

a) Arrependimento. Constitui-se em

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uma sincera tristeza por causa dopecado; renúncia a ele e comprome-timento em abandoná-lo. É descritocomo um entendimento intelectual (deque o pecado é errado), uma aprovaçãoemocional dos ensinos das Escriturasconcernentes ao pecado, e uma decisãopessoal de afastar-se dele (zCo. 7.9-10).

b) Fé. A fé que salva não é qualquer tipode fé. Acreditar por exemplo que Deusexiste, que Jesus é bom, faz milagres, estáno céu, não leva ninguém para cantonenhum. Até o demónio tem esse tipo defé (Tg.2.i9). A fé salvadora é uma féespecífica dada a nós pelo Espírito Santoquando abre nosso coração para Cristo(At. 16,14), nos fe2 confiar nEle comonosso Salvador, como sacrifício pelosnossos pecados. Isso nos faz mudar, etem como fruto o arrependimento econsequentementeaconversão.

2. A conversão à luz da palavra deDeus.

Primeiramente, devemos dizerque conversão é uma doutrina ensinadaao longo de toda a Escritura, sendopossível encontrar diversos tipos deconversão. Vejamos alguns:

a) Conversões comunitárias ou na-cionais. Esse tipo de experiência nosdias de Moisés (Êx. 20.18-2,1), dos Juizescaps. 3-6, dos Profetas como em Jonas3.10, e de reis piedosos como Josias (zCr.34), era frequente. Essas eram na maioriadas vezes reformas puramente morais,nós não negamos que em tempos assimtenha havido genuínas conversões deindivíduos, mas isso não era umaverdadeira experiência de conversão

comunitária ou nacional, a prova é quequando essas lideranças piedosasdesapareciam, o povo voltava à vidacorrupta e pecaminosa de ofensas aDeus. Essas experiências podem serrep etidas ainda hoj e.

b) Conversões temporárias. Nas Es-crituras esse é o tipo de conversão quenão alcança o coração do indivíduo. E,muito embora, por algum tempo possater a aparência de conversão genuína, ésó aparência (ijo. 2.19). Jesus tambémfalou daqueles que aparentavam serconvertidos e não o eram, sendo antes,sem raiz em si mesmo e de poucaduração (Mt. 13.20-2,1). Paulo igualmentedetectou essa experiência (iTm. 1.19-20;2 Tm 2.17-18; 4.10).

c) Conversão genuína. Aquele que éconvertido por Deus, não se conformacom esse século, sua vida é marcada peloconhecimento da vontade de Deus, que oleva a rejeitar o modo devida mundano.As palavras para conversão que o AntigoTestamento usa indicam uma mudançado plano de vida com uma nova direção(Gn.6.6; iSm. 15.11). No Novo Testamentoos termos usados tratam de arrepen-dimento verdadeiro, mudança depensamentos e vontades, tristeza pelavida de pecado, uma mudança dedireção, das trevas para a luz, do pecadopara a santidade, do caminho de mortepara o caminho da vida, com um novorelacionamento com Deus (At. 8.22;2.38; 3.19; 2Co.7.8-io).

3. Características da verdadeiraconversão.

a) Santidade por toda a vida. Aquele

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que de fato se converteu não vive naprática do pecado (ijo. 3.9), antes luta acada dia por uma vida santa, não temsatisfação nas coisas deste mundo, antestem prazer na lei do Senhor meditandonela sempre (Sl.i.z). O crente verda-deiramente convertido vive o ensino dePaulo aos Efésios "quanto a vossa vidapassada, vos despojeis do velho homemque se corrompe segundo os desejosenganosos do pecado"'(Ef. 4.22).

b) Busca intensamente pelas coisasdo reino de Deus. Aquele que de fato seconverteu busca em primeiro lugar oreino de Deus. Isso significa que oconvertido muda de prioridade, buscavao pecado agora busca obedecer a Deus(Cl. 3.1-4.6).

c)Temperamento transformado. Hámuitos crentes na Igreja que declaramcoisas do tipo: "esse é meu jeito, nasciassim, minha personalidade é forte"como se todos tivessem que aceitarofensas e maus procedimentos. Aqueleque de fato se converteu tem seutemperamento controlado pelo EspíritoSanto, evidenciando mudanças depalavras eatitudes (01.5.16-23).

d) Consciência de pecado e examediário de vida. Aquele que de fato seconverteu possui real consciência doquanto o pecado ofende a Deus, dasterríveis consequências pessoais, sociaise familiares e de como a iniquidadeacende a ira de Deus. Portanto, oconvertido examina sua vida a todo omomento, não tem tempo para sepreocupar com a vida de outras pessoas,pois está ocupado em mudar e tratar asdiversas áreas da sua vida (2(10.13.5).

4. A necessidade do ensino sobreconversão.

Nossos dias são marcados pelaescassez de doutrina e um declínio daverdadeira pregação. O evangelhopragmático que tem sido anunciado sepreocupa apenas com resultados numé-ricos, fazendo da ideia de conversão urnamera relação estatística para igreja dequantos no mês ou no ano se "conver-teram". Consideremos, então, o porquêdessa necessidade ser urgente:

a)Porque é parte integrante da men-sagem do evangelho. No livro de Atosobservamos o discurso do apóstoloPedro no templo, após a cura de umhomem coxo de nascença. O apóstolodeixa claro que o que ocorreu não foirealizado pelo poder humano, mas nopoder e no nome de Jesus para glória deDeus. A mensagem continua mostrandoque o autor da vída, foi negado e morto,mas Deus o ressuscitou, as pessoas,então, deveriam se arrepender e seconverter para terem seus pecadoscancelados (At.3). Precisamos procla-mar o evangelho com fidelidade paraque, por meio da eficácia da pregação,aqueles que Deus escolheu para salvaçãosejam convertidos.

b) Porqueprecisamosserexortadosanos converter em todo tempo. Embo-ra o crente tenha sido convertido em umasó vez, pois a conversão não é umprocesso como a santificação, as Escri-turas chamam de conversão o retorno docrente a Deus após práticas pecami-nosas. Atentemos para o seguinte: pormeio dos seus profetas, Deus chamou oseu povo, por vezes mergulhado na

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idolatria, imoralidades e abominações, avoltar-se para Ele (Ez.iSai; Jl.i.i4). Essefato expressa duas coisas:

a. Que nós temos a tendência de nosafastar do Senhor pelo nosso orgulho einfidelidade e;2. Que o chamado de Deus à conversão édemonstração de seu amor e miseri-córdia.

CONCLUSÃO

Querido, o supremo propósitoda conversão é a glória de Deus. Foi paraSua glória que Ele nos converteu, e é paraSua glória que devemos viver. Portanto,que cada vez mais estudemos essadoutrina, quesejapregadaessaverdade eque nosso testemunho glorifique a Deus.Tem muita gente, se dizendo crente, comuma conduta que escandaliza e enver-gonha o nome do Senhor. Para esses, ojuízo de Deus está escrito, "mas aí do

homem pelo qual vem o escândalo" (Mt.18.7). Devemos buscar a cada dia nosconverter, a fim de que pelos frutos deuma vida transformada sejamos sal daterra e a nossa luz brilhe diante doshomens para que, vendo as nossas obras,glorifiquem o nosso Pai que está no céu(Mt.5.i6).

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

i. Por que é necessário pregar sobre aconversãohoje?

2.0 que é a conversão genuína?

3. Cite algumas características de umconvertido.

4. Mostre algumas passagens em que aBíbliafaladeconversão.

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Lição 13

A SANTIFICAÇÃOCarloson Roberto dos Santos

Objetivo da lição: Levar o aluno a compreender o que é santificação e sua posiçãode santo (separado) diante de Deus, orientando-o a uma vida de santificação no seuviver diário através do Espírito Santo.

Texto áureo: 2Co. 7.1 Texto básico: IPd. 1.13-21

INTRODUÇÃO

Não podemos folar de santifica-ção sem entender, primeiramente, queela está ligada a nossa redenção, isto é, anossa salvação em Cristo Jesus. Éimportante logo de início notar a relaçãoentre a obra da redenção e a dasantificação porque uma flui natural-mente da outra, e ambas estão envol-vidas no conceito de santificação.

Nossa posição diante de Deus éa de sermos santificados, separados paraEle, e nossa experiência é de estarmossendo santificados na vida diária pelopoder do Espírito Santo, à medida quecrescemos em graça e sabedoria, e àmedida que somos controlados pelo

Leitura diária

Segunda: IPd. 1.14-16Terça: Rm. 6.22-23Quarta: ICo. 6.18-20Quinta: Ef.4.24Sexta :lTs. 4.3-4Sábado: Hb. 12.12-15Domingo: Mt. 5.48

Espírito de Deus.Definindo. A palavra-chave

usada no Antigo Testamento para sereferir ao que é santo é "qadosh", e seusignificado básico e "separar das outrascoisas" (Êx.29.2j,37). No Novo Testa-mento temos a palavra hagios queusualmente descreve a santificação doscrentes (££5.2,5-2,6). É importanteressaltar, que o uso da palavra santifi-cação nas Escrituras não se refereprimeiramente ao aperfeiçoamento daprática da santidade, as palavras"santificado", "santo" e "santos" têmcomo seus significados básicos, tanto noAntigo como no Novo Testamento, aexpressão "separado". Ela não quer dizer"tornai santo", nem tão pouco "sersanto", ou ainda se autodefinir como"progredir na santidade" (Jo. 17.18-19;iCo.i.2; Hb.7.26).

1.Santificaçãoe propósito.

origem, necessidade

a) A origem da santificação. A obraredentora de Cristo Jesus é a origem dasantificação por nos ter separado destemundo para Deus por meio da fé (iCo. i.30). Por sua vez, a santificação se dá por

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dois importantes estágios:

1- Santificação posicionai. Na ordemda salvação, ela se dá pela nossajustificação e santidade por intermédiode Cristo, levando-nos à presença deDeus, tornando-nos separados, isto é,santos. Isso quer dizer salvação. A justiça(santidade) de Cristo é imputada aocrente, de forma que ele possarelacionar-se adequadamente com Deus(iCo. 0.30; 6.00).

2- Santificação prática. Esta é a vida desantificação prática, ou seja, a vidaespiritual. A justiça (santidade) deCristo é progressivamente manifesta noviver diário do crente, em obediência aosprincípios da Palavra de Deus e no poderdo Espírito Santo, de forma que ele possater comunhão com Deus e torna-se maisparecido com Cristo (aCo. 7.1). Comoconsequência, a vida com Deus é umprocesso de tornar verdadeiro, naprática, o que já é verdadeiro em termosdeposição (iPd. 1.14-16).

b) A necessidade. A primeira e maisimportante razão para os cristãos seremsantos é que Deus é santo. Ambos osTestamentos ensinam que a ordem paraa santidade pessoal está fundamentadana natureza santa de Deus (Lv. 20.7; iPd.1.15-16). Deus é o fundamento para umavida santa.

Uma das passagens mais clarasda necessidade absoluta de santidade éHebreus 02.14. O autor de Hebreus nãoestá dizendo "corra atrás da santidadecomo uma causa meritória da salvação"pois a Bíblia ensina que; "a vida eterna éa dádiva gratuita de Deus a pecado-res imerecidos" (Rm. 3.24). Mas, essa

passagem ensina que aqueles que sãojustificados são progressivamente torna-dos santos a fim de serem preparadospara chegar à presença do Senhor.

A necessidade da santificaçãorefere-se ao processo de assimilaçãodessa justificação. Pessoas justificadaspor Deus em Cristo Jesus já são santas(separadas, iCo. 1.2). Mas, como tais, sãochamadasaproduziremvivênciaoquejásão em posição, ou seja, devem cuidar desua santificação prática (iTs. 4.3).

c) O propósito. O seu propósito resultaem termos com Deus um relaciona-mento espiritual especial (Rm. 12.1).Quando nos santificamos, nos subme-temos ao controle do Espírito, esteproduzirá emnós Seu fruto (Gl. 5.22-23),a fim de que possamos viver para a glóriade Deus (2Co. 3.18). Portanto, o propósi-to da santificação é nos tornarmosconforme a imagem de Cristo quanto aoSeu caráter (Rm. 8.29; iCo. 6.n), e quetodo cristão possa refletir este caráter deCristo (Ef. 5.1-2).

d) Podemos ser perfeitos? Não nestemundo presente. Tendo em vista ser asantificação uma ação contínua ecrescente na vida do crente que, por suavez, nunca é perfeita (El. 3.12). Isso seaplica a todo crente no Senhor Jesus, sejaele o ancião ou o mais jovem. Tambémnão depende da maturidade, dasabedoria, da prática da piedade, ou dejustiça própria que o crente possua.Muito embora o cristão tenha de admitirimperfeição em seus melhores atos eesforços, deve prosseguir lutandofirmemente pela perfeição (2Co. 7.0; Fp.3.12-16).

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2. Como se santificar.

Como filhos de Deus, somossantificados mediante a fé (At. 2,6.18),pela União com Cristo Jesus (veja lição4) na sua morte e ressurreição que,através do Espírito Santo, governa sobrenós e subjuga o pecado em nossas vidas(Rm.6; 8.1-11; Gl. 5.16-18). Sem oministério do Espírito Santo na vida docrente, não pode haver crescimentorumo à maturidade espiritual. Oapóstolo Paulo diz que a santificação éessencial se alguém serve a Jesus Cristo(2Tm. 2.21-19).

Para que sejamos postos emliberdade rumo a uma vida de santifi-cação prática, necessário se faz apreen-der quatro coisas essenciais que serequer do cristão:1. Conhecer a verdade de quem ele é emrelação a Deus, a si mesmo, ao pecado, asatanás e ao mundo (aCo. 5.16-17);2. Aceitar pela fé a verdade de quem Deusé e do que a Palavra de D eus diz (Rm. 1.16-17; Hb. 11.6; At. 27.25);3. Entregar-se ao Senhorio de JesusCristo (Rm. 12.. 1-2; iPd. 3.15; 2.Co. 5.15);4. Buscar uma forma resoluta de viveratravés do andar no Espírito (Rm. 8.5,12-14; 01.5:16).

a) Não é obra humana. Não podemos,porém, pensar que o homem podesantificar-se a si próprio. Ele não pode,do mesmo modo que não se poderegenerar. Essa obra é atribuída emespecial ao Espírito Santo. Mas nasantificação o homem não é tão passivo(não atuante) como na regeneração. Écerto que pelo poder do Espírito Santopodemos e devemos colaborar, emboraainda em grande fraqueza como "causa

secundária cooperadora", que é ohomem neste processo. Assim, o crenteprecisa esforçar-se para progredir nasantificação (Ef.6.io-i8;iPd. 2.2). Porém,isso não procede de nossas forçascarnais, naturais, mas, sim, das novasforças, poder e dons que o Espírito Santoiniciou em nós no ato da conversão. Ocrentepode dificultar ou embaraçar e atémesmo sustar o seu crescimentoespiritual, pela sua falta de firmeza einconstância. Mas, entenda-se que portrás de todo progresso, está o poder doEspírito Santo (Fp. 2.13; 2X5.2.13).

b) É obra do Deus Triuno. A santifi-cação é obra sobrenatural do DeusTriuno, sendo atribuída em especial aoEspírito Santo. Em iTs. 5. 23, Deus Pai éaquele que nos santifica; em Ef. 5.26 é oFilho que nos santifica; e em Rm. 15.16, oapóstolo Paulo diz que é o Espirito Santoque nos santifica. Portanto, Deus o Pai,Deus o Filho, Deus o Espírito Santo todosoperam juntos como agentes ativos danossa redenção em Cristo Jesus esantificação. Por conclusão, entende-seque a atuação divina na santificação davida não é matéria de opção "Porqueesta é a vontade de Deus, a vossasantificação" (1X3.4.3).

3. A lei é necessária para a santifi-cação?

a) Compreendendo. Necessariamentea lei de Deus precisa ser entendida emseus vários aspectos. Em alguns deles elajá foi cumprida por Cristo e, pela fé, nosbeneficiamos da Sua obediência (no seuaspecto das cerimónias do AntigoTestamento, Rm. 10.4; Cl, 2.14-19). Masem outros aspectos a lei de Deus

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continua exigindo de nós um comporta-mento com mudança de caráter, que sedefine em conhecimento e obediência(no seu aspecto moral como revelação docaráter de Deus). Nossa santidade, evi-dentemente, está limitada pelo nossopouco conhecimento da Palavra de Deusepela falta deobediênciaaela.

O Espírito Santo usa o Evange-lho na santificação do crente, por isso, aPalavra de Deus é o meio pelo qual estasantificação chega a nós. A compreensãoe aplicação que temos das Escriturascomo verdade divina é o começo dasantificação. É o conhecimento daverda-de divina que renova nosso enten-dimento e nos capacita a compreendercomo Deus quer que vivamos (Rm. 12.2),Portanto, a lei como Palavra de Deus é oagente ativo da nossa separação para Ele.

CONCLUSÃO

A santificação é uma obra dagraça de Deus. Nunca foi fácil viver comopovo separado num mundo de corrup-ção e injustiça, mas entendemos que épossível e necessário viver em santidadeem nossos dias. A primeira e maisimportante razão para os cristãos serem

santos é que Deus é Santo e nos separoupara uma vida desantidade (Lv. 11.45).

Por essa razão qualquer um quepartilhe dos benefícios da morte deCristo para a salvação também precisamorrer para o pecado e caminhar emnovidade de vida, esforçando-se paraprogredir na santificação mediante a fé.Por isso, ela se torna pertinente emnossas vidas para que vivamos de fato,como novas criaturas que somos expres-sando a nossa fidelidade e consagraçãoao Senhor.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

i. O que você tem feito para um viversantificado?

2.Por que a santificação é tão impor-tante e necessária?

3.Qual a participação do crente nasantificação e como se santificar?

4.O que é santificação prática e santi-ficação posicionai?

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AS BOAS OBRASEudes Lopes Cavalcanti

Objetivo da lição: Levar o aluno a compreender que as boas obras que agradam aDeus são aquelas que são resultantes da fé em Cristo.

Texto áureo: Ef. 2.8-10 Texto básico: Ef. 2.1-10

INTRODUÇÃO

O assunto boas obras tem sidomuito mal-entendido ultimamente,muitos confiam nas suas obras em si,outros tentam negociar com Deus. Teminclusive religião que tem as boas obrascomo carro chefe de sua crença, visandocom isso conseguir para os seus adeptosasbenesses da salvação.

Nesta lição procuraremos de-monstrar pelas Escrituras o verdadeirosignificado e importância das boasobras, a fim de que haja um discerni-mento correto sobre este importanteassunto.

Definindo. Observemos aten-tamente as duas palavras que compõem

Leitura diária

Segunda: Mt. 25.34-39Terça:Tg. 2.14-26Quarta: At. 9.36-42Quinta: Lc. 10.25-37Sexta: At. 10.1-4Sábado:2Sm.9.1-13Domingo: Lc. 4.16-21

o tema. A palavra boa quer dizer algoagradável, de qualidade, que atende anecessidades. A palavra obra significaaçao humana julgada do ponto de vistamoral ou religioso como algo importantepara a vida do homem. Então podemosconceituar boas obras como aquelasatitudes que expressamos visando agra-dar a Deus e beneficiar alguém. Doponto de vista divino, a essência das boasobras que agradam a Deus é a crença emCristo. "... Jesus respondeu, e disse-lhes:A obra de Deus é esta: Que creiaisnaquele que ele enviou" (Jo. 6.28,29). NaDeclaração de Savoy todo capítulo 16 édedicado a este tema, e ali está a seguintedefinição: "Boas obras são somenteaquelas que Deus ordenou em sua santaPalavra, e não aquelas que, sem aautorização dela, são inventadas porhomens movidos por um zelo cego ou poralguma pretensão de boas intenções"(Cap.XVI,sec.i).

1. Paulo e Tiago divergem comrelação às boas obras?

Há uma aparente contradiçãosobre o assunto "boas obras" nos escritosde Paulo e de Tiago, irmão do Senhor.

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Essa aparente divergência levou um dosreformadores (Lutero) a ter reservasquanto à carta de Tiago como um escritocanónico, ou seja, inspirada por Deus.Mas a análise feita por Lutero foi umaanálise apressada do assunto, talvezcondicionada pela sua experiência deconversão, já que ele tentava se justificardiante de Deus pela prática das boasobras antes de entender a graça, e que otexto que o levou a conversão foijustam ente aspalavras de Paulo: "O justoviveráporfé" (Rm. 1.17).

a) O que Paulo disse sobre o assunto.Paulo, aos Romanos, fecha o assuntosobreajustificação dos crentes em Cristodiante de Deus da seguinte maneira:"Concluímos, pois, que o homem éjustificado pela fé sem as obras da lei"(Rm.3.28). Escrevendo aos Gaiatas,Paulo disse: "E é evidente que pela leininguém é justificado diante de Deus,porque o Justo viverá pela fé" (Gl. 3.11).Quando Paulo fez uma exposição sobre aobra redentora de Cristo aos Efésios, eledisse que a salvação era um dom graciosode Deus apropriado pela fé. Disse aindaPaulo que a salvação não era resultadodas obras praticadas pelos crentes e deu ajustifícativapara isso: "Porguepe/a graçasois salvos, por meio da fé; e isto não vemde vós, é dom de Deus. Não vem dasobras, para que ninguém se glorie" (Ef.2.8-9).

b) O que Tiago disse sobre o assunto.Em sua carta, falando sobre a fé e as boasobras, Tiago parece dizer que o homemnão é justificado só pela fé e sim tambémpelas obras. "Meus irmãos, que aproveitase alguém disser que tem fé, e não tiver asobras? Porventura a fé pode salvá-lo?"

(Tg. 2.14), No versículo 24 desse mesmocapítulo ele conclui: "Vedes então que ohomem é justificado pelas obras, e nãosomente pela fé", depois de citar oexemplo de Abraão que foi justificadodiante de Deus no fato de ir oferecer seufilho Isaque em sacrifício (mesmo quenão tenha oferecido concretamente).Tiago disse também que se a fé não foracompanhada de boas obras ela éinfrutífera, morta. "Assim também a fé,se não tiver as obras, é morta em simesma" (Tg. 2.17). Paulo e Tiago estão secontradizendo?

c) Harmonizando o assunto. Uma dasregras de hermenêutica é que a Bíbliaexplica a própria Bíblia, pois ela, a Bíblia,é inerrante, e não se contradiz. Olhandopara o que Paulo disse, observamos queele estava falando que diante de Deus apessoa era justificada unicamente pelasua crença em Cristo independente dequalquer possível boa obra realizadacom esse propósito. Nessa área dajustificação diante de Deus, segundoPaulo, as boas obras não tinhamserventia alguma.

Já Tiago estava falando de umajustificação da fé em Cristo diante domundo. Para Tiago, era inconcebível quea pessoa que fora justificada pela fé nãotivesse obras para justificar a sua fédiante dos homens. É por isso que eledisse: "Assim também a fé, se não tiver asobras, é morta em si mesma" (Tg. 2.17).Tiago em nenhum momento afirmoucategoricamente que a salvação eraatravés das obras, nem afirmou que elascontribuem em algum grau com asalvação do crente. Ele entendia que erauma incoerência que um salvo nãoproduzisse obras que justificassem a sua

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salvação. O que Tiago falou estava emconsonância com o que o seu irmão eSalvador Jesus tinha dito, que a árvoreboa produz bom fruto (Lc. 6.43), bemcomo o que apóstolo João falou sobre oassunto em sua primeira carta (ijo. 3.16-is).2. As boas obras como testemunhode fé.

a) Boas obras, frutos da nova vida emCristo. Olhando o texto que estáservindo de base para esta lição, nos édito que os crentes em Cristo são feiturasde Deus. Foi Deus quem nos fez povo seue ovelhas do seu pasto (SI. 100.3; Jo. 15.16).Ê-nos dito ainda que fomos criados emCristo. Isso quer dizer que fomos geradosde novo pela instrumentalidade doEspírito Santo quando Ele aplicou a obraredentora de Cristo em nossas vidas (iPd. 1.23). Ainda o texto de Ef. 2.10 nos dizque essa criação espiritual gerada porCristo tem como finalidade a prática deações que agradem a Deus e que atendamàs necessidades do próximo. Isso implicadizer que quando a pessoa é convertida aCristo, o Espírito que vem habitar nelacomeça a produção de um frutoespiritual que se concretiza naquelasações que agradama Deus e beneficiam opróximo (Gl. 4.6; 5.22). (Vejalição 8).

b) Boas obras redundam na glória deDeus. O Salvador, no seu Sermão doMonte, falando sobre os homensredimidos, disse que eles eram o sal daterra e a luz do mundo, e mandou que aluz deles brilhasse intensamente atravésdas boas obras praticadas, para que omundo observasse e glorificasse ao Paiceleste (Mt.5.i6). Escrevendo aos Corín-

tios, Paulo disse que tudo que elesfizessem devia visar à glória de Deus."Portanto, quer comais quer bebais, ou

façais outra qualquer coisa, fazei tudopara glória de Deus" (iCo. 10.31). Ter apretensão de praticar boas obras a fim deparecer aos outros que é uma pessoabondosa é pecado, pois nós fomosalcançados pela graça divina para viverpara a glória de Deus. Paulo já ensinavaaos Efésios que a salvação era um atogracioso de Deus recebido pela fé, e nãoconsequência de possíveis boas obras,para que ninguém se gloriasse diantedEle(Ef. 2.8-9).

Dentre os muitos exemplosbíblicos de pessoas que glorificaram aDeus com a produção de boas obrasdestacamos Dorcas, discípula de Jesusque estava cheia de boas obras que faziaem favor das viúvas da Igreja. "E h avia emJope uma discípula chamada Tabita, quetraduzido se diz Dorcas. Esta estavacheia de boas obras e esmolas que fazia"(At. 9.36, veja ainda At. 9.39).

3. As obras que não agradam a Deus.

Geralmente se pensa que pelofato de a pessoa praticar boas açõessimplesmente agrada a Deus. Mas, não ébem assim, tudo depende da intenção.Preste atenção no seguinte:

a) Existem obras que agradam aDeus, mas não salvam. Se a pessoapratica o bem de forma indiscriminadavisando somente ajudar aos neces-sitados, pensamos que isso tem o agradode Deus, mas deve-se levar em consi-deração que essas obras não têm valorsalvífico diante do Senhor.

Nós não podemos, por meio de

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nossas melhores obras, merecer da mãode Deus o perdão de pecado, ou a vidaeterna, em razão da imensa despro-porção que há entre elas e a glória por vir;e a infinita distância que há entre nós eDeus, a quem por nossas obras nãopodemos ser úteis, nem quitar a dívida denossos pecados anteriores; mas quandotivermos feito tudo quanto pudermos,outra coisa não fizemos senão nossodever, e somos servos inúteis; e porque,sendo boas as obras, elas provêm doEspírito; e, como são realizadas por nós,elas são manchadas e misturadas comtantas fraquezas e imperfeições, que elasnão podem suportar a severidade do juízodivino (Declaração de Savoy, cap. XVI,seç.5).

Veja o caso de Cornélio, centu-rião romano que era um homem piedosoe que fazia muitas esmolas, e até decontínuo orava a Deus, mas que precisououvir e -crer no Evangelho, que foraapregoado por Pedro (At. 10.1-48).Pedro, ao anunciar o Evangelho de Cristoa Cornélio, disse que aquelas ações que apessoa razia visando ajudar a quem tinhanecessidade tem uma aprovação divina."Et abrindo Pedro a boca, disse: Reco-nheço por verdade que Deus não fazacepção de pessoas; Mas que lhe éagradável aquele que, em qualquernação, o teme e faz o que é justo" (At.10.34,35)-

b) Existem obras que não agradam aDeus. Mas quando se pratica o bemvisando alcançar a vida eterna, des-provido da fé em Cristo, aí essas obras sãoconsideradas por Deus como trapos deimundícias (15.64.6). Nenhumaboa obrasubstitui aos olhos de Deus a obra

redentora realizada por Cristo na cruz.Elas não têm valor salvífico. Não foramfeitas como consequência da fé, e tudoque não é motivado pela fé não agrada aDeus. "... e tudo o que não é de fé épecado" (Rm. 14.23).

4. A recompensa das boas obras.

No seu programa eterno, oSenhor determinou recompensar aque-les que movidos pela fé nEle praticamações visando ajudar ao seu próximo.

a) Recompensa no mundo presente.A prática das boas obras motivadas pelafé tem recompensa não só na eternidade,mas também neste mundo. Assimentendia Paulo quando escreveu aosRomanos: "Glória, porém, e honra e paz aqualquer que pratica o bem; primei-ramente ao judeu e também ao grego;Porque, para com Deus, não há acepçãode pessoas" (Rm. 2.10,11). O escritor aosHebreus escreve: "Porque Deus não éinjusto para se esquecer da vossa obra, edo trabalho do amor que para com o seunome mostrastes, enquanto servistes aossantos; e ainda servis" (Hb. 6.10). Aindasobre o assunto, Paulo escrevendo aosCoríntios disse que Deus ama a quem dácom alegria (200.9.7). Convém escla-recer que em nenhum momento noNovo Testamento encontramos a doutri-na que ensina que essa recompensa nomundo presente contemple o benfeitorcom riquezas extraordinárias. Não é issoque o texto bíblico apregoa. Mas, comcerteza, a alma generosa abundará embênçãos aindaneste mundo (Pv. 11.25) •

b) Recompensa no inundo futuro. Agrande recompensa que o crente

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receberá pela prática das boas obras teráocasião quando ele tiver diante dotribunal divino para prestar contas dosatos praticados neste mundo. Assimensinou Paulo quando escreveu a sua iâcarta aos Coríntios: "A obra de cada umse manifestará; na verdade o dia adeclarará} porque pelo fogo serádescoberta; e o fogo provará qual seja aobra de cada um. Se a obra que alguémedificou nessa parte permanecer, essereceberá galardão" (100.3.13,14), OSenhor Jesus, na parábola dos talentos,disse que as pessoas que são abundantesna prática de boas obras serão recom-pensadas (Mt. 25.34-40). No livro deApocalipse nos é dito que as boas obrasacompanharão os crentes quandopartirempara eternidade (Ap. 14.13).

CONCLUSÃO

Concluímos esta lição reafir-mando que é preciso diferenciar as boasobras como consequência da fé emCristo, as que os cristãos que foramalcançados por Deus devem andar nelas,das "boas obras" praticadas sem serem

motivadas pela fé. As primeiras são doagrado pleno de Deus e as segundas sãotrapos de imundícias se forem feitas coma finalidade de se conseguir a vidaeterna, que só os méritos de Cristosão capazes de proporcionar. Lem-bramos ainda que os crentes devem seexaminar se realmente são praticantesde boas obras, segundo o propósito deDeus estabelecido para eles, de acordocom o texto básico da lição (Ef. 2.8-10).

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

1. O que são boas obras?

2. Toda a boa obra agrada a Deusindependente desermotivadapela fé?

3. Aprodução de boas obras por partedo crente em Cristo é algo natural ounão?

4. "A árvore boa produz bom fruto e aárvore má produz mau fruto" O quequis dizer o Salvador com isso?

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i Lição 15

A CERTEZA DA SALVAÇÃOAntónio Pereira da Costa Júnior

Objetivo da lição: Levar o aluno a compreender a importância da doutrina da jcerteza da salvação e conscientizá-lo da importância da autoanálise para seu jcrescimento espiritual.

Texto básico: Rm. 8. 31-39Texto áureo: Jo. 10.27-28

INTRODUÇÃO

Pode um verdadeiro cristãoperder sua salvação? Essa questão édiscutida há muito tempo. Um cristão,depois de ter confessado a Cristo pode ounão perder sua salvação devido a algumpecado, ou a abandonar sua fé? É precisoque o cristão entenda essas questões. Aresposta é dada - embora existam algunspontos e opiniões divergentes entre eles- basicamente por dois grupos: osarminianos, que apregoam que osverdadeiros crentes podem pecar e, comisso, caso não se arrependam, podemperder a sua salvação; e os reformados,que apregoam que uma vez que o cristãotem o Espírito Santo na sua vida e se

Leitura diária

Segunda: Jo. 3.16,36Terça: Jo. 10.27-29Quarta: Rm. 8.29-30Quinta: IPd. 1.3-5Sexta: IJo. 5.2,4-5Sábado: 2Co. 13.5Domingo:lJo. 5.11-13

nasceu de novo, foi regenerado, nãopode "desnascer", ou seja, é impossívelque este venha a cair definitivamente eperder a sua salvação.

Vamos estudar este temarespondendo algumas perguntas: O queé a certeza de salvação? Como provarbiblicamente? É possível ter certeza dasalvação? E é possível ser salvo sem teressa certeza?

l. O que é a certeza de salvação?

a) Definindo. Parece óbvio, mas écrucial saber o que significa isso. Ora,"certeza" significa segundo o Aurélio:qualidade do que é certo; conhecimentoexato; persuasão íntima ou convicção.Entendo que muitos cristãos não têmcerteza da salvação porque podem nãoter o "conhecimento exato" sobre oassunto. A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã define a"certeza da salvação" como "a confiançado crente em Cristo de que ele, a despeitoda sua condição pecaminosa mortal, é,deforma irrevogável, um filho de Deus eum herdeiro do céu".

b) O significado de salvação. Apalavra

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"salvação" tem muitos significados naBíblia. Tratamos aqui da salvação danossa alma, principalmente da iravindoura de Deus. A salvação, nessesentido, é um presente da graça de Deus."Porque pela graça sois salvos, mediantea fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus;não de obras, para que ninguém se glorie"(Ef. 2.8-9). Como Deus nos dá algo - sejaa própria salvação ou a fé para a salvação- e se pode perder? Afinal, surge aindagação: quem garante a salvação,Deus ou o homem? Se for Deus, entãoEle não teria poder para nos garantir a"certeza" visto que se "perde"? E se é ohomem que garante a salvação, como aBíblia diz o contrário? Veja: "Ora, aqueleque é poderoso para vos guardar detropeçar, e apresentar-vos irrepre-ensíveis, com alegria, perante a suaglória. Ao único Deus sábio, Salvadornosso, seja glória e majestade, domínio epoder, agora, e para todo o sempre.Amém" (Jd. 1.24-25).

2. Como provar biblicamente a certe-za da Salvação?

a) A Bíblia como prova. Existem váriostextos que provam biblicamente acerteza da salvação na vida daqueles quecrêem. Vamos citar alguns:

SI. 37.24-28, "o SENHOR ossustém com a Sua mão... Eles sãopreservados para sempre". Jo. 3.16,36garante que quem recebe Jesus comoSalvador "tem a vida eterna". E ainda Jo.5.24 diz que "não entrará em conde-nação". Jo. 6.37 Jesus diz que: "demaneira nenhuma o lançarei fora". Eainda: Jo. 10.27-2.9 "dou-lhes a vidaeterna, e nunca hão de perecer, eninguém as arrebatará da minha mão".

Isso é tão certo que Paulo afirma em Rm.8.29-30: "...os que dantes conheceu, ... aestes também glorificou". E também:"estou certo de que nem alguma outracriatura nos poderá separar do amor deDeus" (Rm. 8.35-39). Pois, "os dons e avocação de Deus são sem arrependi-mento" (Rm. 11,29). E ainda em 2Ts. 3.3:"...mas fiel é o Senhor, que vos confir-mará, e guardará do maligno". Pedrotambém cria que Deus nos "gerou denovo para ... uma herança incorruptível,incontaminável, e que não se podemurchar, guardada nos céus para vós"(iPd, 1.3-5). E João afirma que: "tudo oque é nascido de Deus vence o mundo"(ijo. 5.2,4-5). E Judas ainda diz que D eusé "poderoso para os guardar de tropeçar,e apresentar-vos irrepreensíveis" (Jd.1.24). Observe como as Escrituras dãocomo certa a salvação de todos os quecrêem em Cristo.

3. E possível ter certeza da salvação?

a) Onde a certeza não está. Pelasreferências acima, podemos inferir que éclaro que se pode ter certeza de salvação.No entanto, esta certeza não se dá poralguém de fora assim o declarar. Porexemplo: não é porque algum pastor, oulíder qualquer, disse que você tem ávidaeterna, baseado em condições que elemesmo prescreveu, que se pode ter acerteza de salvação. Como também, nãoé por se terminar um discipulado ou umcurso bíblico que isso, por si só, lhegarante a salvação. A certeza da salvaçãonão vem por diploma de igreja ou acompreensão apenas intelectual daverdade. Pertencer a alguma igrejaevangélica ou ser filho de algum cristãopiedoso não lhe garante a salvação.

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Possuir títulos eclesiásticos também nãoé certeza de salvação. Têm muitospastores, presbíteros, diáconos, músi-cos, ou seja, qual título tiverem, que nãosão salvos,

b) Onde a certeza está. A certeza dasalvação é pessoal e intransferível, ouseja, eu só posso ter "minha" certeza, nãoa dos outros e não posso transferir minhacerteza para outro. Você só poderesponder por si mesmo. A Bíblia diz:"Examinai-vos a vós mesmos parasaberdes se realmente estais na fé;provai-vos a vós mesmos" (zCo. 13.5). APalavra nos adverte que devemos nosexaminar para termos a certeza daSalvação: "... procurai, com diligênciacada vez maior, confirmar a vossavocação e eleição; porquanto, proce-dendo assim} não tropeçareis em tempoalgum" (zPd. 1.10). No entanto, a Bíblia, esó ela, nos dá alguns princípios quepodem nos ajudar para que' façamos urnaautoavaliação. Observe:

>• Podemos ter a certeza da vida eternaporque temos Cristo como nossoSalvador. "E o testemunho é este: queDeus nos deu a vida eterna; e esta vidaestá no seu Filho. Aquele que tem o Filhotem a vida; aquele que não tem o Filho deDeus não tem a vida. Estas cousas vosescrevi afim de saberdes que tendes avida eterna" (ijo. 5.11-13). Você tem acerteza de que Cristo, de fato, é seuSalvador e que perdoou os teus pecados?

>• Podemosteracertezadavidaeternasejá nascemos de novo. "Portanto, sealguém está em Cristo, é nova criação. Ascoisas antigas j á passaram; eis que coisasnovas surgiram!" (sCo. 5.17). Não existe

cristão verdadeiro sem a experiência doNovo Nascimento. Você já teve essaexperiência em sua vida? Você já foiregenerado pelo Pai? Você tem certeza dequejánasceudenovo? (vejalicãoS)

V Podemos ter a certeza da vida eternaquando manifestamos santidade em urnmundo pecaminoso. "Porque a graça deDeus se manifestou salvadora a todos oshomens. Ela nos ensina a renunciar àimpiedade e às paixões mundanas e aviver de maneira sensata, Justa e piedosanesta era presente..." (Tt. 2.11-12,). Vocêvive em santidade ou de acordo com ospadrões mundanos?

> Podemos ter a certeza de nossasalvação, pois quem prometeu é fiel paraguardar o nosso tesouro até o dia final.Por isso já sabemos que: "...já passamosda morte para a vida..." (ijo. 3.14)- P°ÍS

Jesus prometeu: "... quem ouve a minhapalavra e crê naquele que me enviou tema vida eterna, não entra em juízo, maspassou da morte para a vida" (Jo. 5.24).Acaso pode uma promessa de Jesus cairpor terra?

> Podemos ter a certeza de nossasalvação pelo testemunho interior doEspírito Santo: "O próprio Espiritotestifica com o nosso espírito que somosfilhos de Deus" (Rm. 8.16) e "E, porquevós sois filhos, enviou Deus ao nossocoração o Espírito de seu Filho, queclama:Aba, Pai!" (Gl.4.6).

K Por fim, podemos ter certeza da vidaeterna graças a diversos textos bíblicoscomo, por exemplo: Jo. 10.28-29 e 17.6;Rm. 8.35 611.29, Fp- i.6;iPd.i.5.

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Page 71: A Doutrina Da Salvação - Lições Bíblicas - Aliança

4. É possível ser salvo sem ter estacerteza?

Pode existir muitas pessoassimples e humildes que, de fato,confessam a Cristo como seu salvadorpessoal e nasceram de novo. Mas, devidoa falta de conhecimento da Palavra, oupor alguma deficiência intelectual, oupor se achar pecadora demais, ou porestarem passando por algum problemaemocional, não conseguem responderefetivarnente sobre a certeza de suaprópria salvação. Assim como podehaver pessoas que pensam que sãosalvas e não o são, pois "nem todoaquele que diz Senhor, Senhor entrará noReino dos Céus" (Mt. 7.21-23) , existempessoas que não sabem dizer se sãosalvas enarealidadejáo são.

O apóstolo João já disse:"Sabendo que, se o nosso coração noscondena, maior é Deus do que o nossocoração, e conhece todas as coisas.Amados, se o nosso coração não noscondena, temos confiança para comDeus. E qualquer coisa que lhe pedirmos,dele a receberemos, porque guardamosos seus mandamentos, e fazemos o que éagradável à sua vista. E o seu manda-mento é este: que creiamos no nome deseu Filho Jesus Cristo, e nos amemos unsaos outros, segundo o seu mandamento.E aquele que guarda os seus manda-mentos nele está, e ele nele. E nistoconhecemos que ele está em nós, peloEspírito que nos tem dado. Se o nossocoração nos condena, sabemos quemaior que o nosso coração é Deus" (ijo.3.20-24).

CONCLUSÃO

A certeza da Salvação e seusbenefícios são possíveis de seremexperimentados pelos verdadeiroscristãos. E, ainda que esta segurança nãoseja indispensável para a salvação, elapode ser experimentada pelo fiel. Porisso, as Escrituras também nos exortampara que examinemos a nós mesmo paratermos a certeza de que estamos na fé.Em tudo isso, só podemos dizer comoPaulo: "Õ profundidade das riquezas,tanto da sabedoria, como da ciência deDeus! Quão insondáveis são os seusjuízos, e quão inescrutáveis os seuscaminhos! Porque, quem compreendeu amente do Senhor? ou quem foi seuconselheiro? Ou quem lhe deu primeiro aele, para que lhe seja recompensado?Porque dele e por ele, e para ele, são todasas coisas; glória, pois, a ele eternamente.Amém" (1 1.11.33-36).

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

i.Como você pode ajudar aqueles quenão têm certeza de sua salvação?

2.0 que é a certeza da salvação ?

3.Que outras evidências você podecitar para que alguém possa ter acerteza desalvação?

4-Você pode compartilhar com suaclasse sobre alguma experiência comrelação ao terna?

V s

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/- 1 Lição 16 - •

A Perseverança dos SantosAnderson José de Andrade Firmino

Objetivoda lição: Levar o aluno a ter a fé fortalecida na soberania, graça e amor deDeus, confortando-o na segurança eterna em Cristo.

Texto áureo: Jo. 10.27-28 Texto básico: Rm. 8.28-39

INTRODUÇÃO

A doutrina da Perseverança dosSantos é uma das doutrinas históricas dafé Cristã. Este ensino bíblico advoga que:"Aqueles a quem Deus aceitou em seuAmado, eficazmente chamou e santifi-cou por seu Espírito, não podem, nemtotalmente nem finalmente, decair doestado de graça; mas com toda a certeza,perseverarão nele até ao fim e serãoeternamente salvos" (Declaração deSavoy, cap. XVII, seç.i). Veremos o quediz as Escrituras sobre o assunto, qual opensamento Congregacional sobre otema, bem como as principais objeções àdoutrina.

Definindo. Pode-se definir a

Leitura diária

Segunda: Lc.22.31-32Terça: Jo. 5.24Quarta: Ef. 4.30Quinta: l Pd.1.3-5Sexta: Jo. 10.27-29Sábado: Fp.1.6Domingo: Hb. 10.14-18

perseverança como "a continua opera-ção do Espírito Santo no crente, pela quala obra da graça divina, iniciada no cora-ção, tem prosseguimento e se completa.É porque Deus nunca abandona a Suaobra que os crentes continuam de pé até ofim" (Louis Berkhof). Ou seja, o nascidode novo não cai da graça salvífica nemtotal nem definitivamente. Salvo umavez, salvo eternamente.

1.O conflito entre a Teologia Armini-ana e a Reformada.

A história da Igreja é marcadapor muitos e acalorados debatesteológicos. Esses embates são nítidosdesde as páginas da Bíblia. O Concílio deJerusalém já acontece por causa dodebate sobre a necessidade da guarda daLei no novo Pacto (At. 15); Paulo naescola de Tirano debate ousadamentesobre o Reino de Deus (At. 19.8-20). Nahistória pós - apostólica não é diferente,as controvérsias cristológicas, adivindade e personalidade do EspíritoSanto e outros temas aqueceram osprimeiros concílios da Igreja.

Quanto à Perseverança dosSantos ainda hoje não é diferente.

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Page 73: A Doutrina Da Salvação - Lições Bíblicas - Aliança

Existem muitos conflitos, cismas eincompreensões quanto a este temabíblico.

a) Teologia Arminiana. Quem fazparte desta escola afirma que mesmo oregenerado pode cair de forma total oudefinitiva da graça de Deus. O quejustifica para eles são as exortações àperseverança na fé feitas pelo textobíblico (Mt. 24.3-14; Hb. 2.1; 3.12-14). Aliberdade humana faz com que oindivíduo opte pelos seus própriosméritos e obras a permanecer no estadode graça ou de p erdição.

b) Teologia Reformada. Esta escola depensamento totalmente diferente daprimeira, afirma que aqueles que Deusregenerou e chamou eficazmente paraum estado de graça não podem cair nemtotal nem definitivamente, mas certa-mente perseverarão nEle até o fim e serãosalvos para toda a eternidade.

X O que a Teologia Reformada nãoensina:*Uma vez salvo pode-se viver descansa-damentenaprática do pecado;*Que um crente genuíno não pode cairempeçado.

> O que a Teologia Reformada ensina:*Que asalvação e a preservação são obrasda graça deDeus;*Que sinais exteriores da fé cristã não sãogarantias denovo nascimento;*Que a garantia eterna não é umamanifestação de soberba, mas deconfiança nos méritos de Cristo e dopenhor do Espírito Santo;*Deus não faz dos crentes um pedaço demadeira ou de pedra, não nega a

responsabilidade deles, e nem nega suanatureza racional e moral, mas antes asmantém.

2. A Perseverança dos Santos naherança congregacional.

Historicamente a teologia con-gregacional sempre caminhou pelostrilhos da Teologia Reformada. Vejamoso que a história nos ensina:

a) Declaração de Savoy Cap. XVIIseç.i. "Aqueles a quem Deus aceitou emseu Amado, eficazmente chamou esantificou por seu Espírito, não podem,nem totalmente nem finalmente, decairdo estado de graça; mas com toda acerteza perseverarão nele até ao fim eserão eternamente salvos". Os Congre-gacionais ingleses e todos os outros quesubscrevem Savoysão reformados.

b) John Owen (teólogo dos Puritanose Congregacional). Owen foi uma dasmentes mais brilhantes da história daigreja. Pastor congregacional de grandeinfluência. No seu catecismo ele escreve:

Pergunta. O que é afévivificadora?Resposta. Um garantido descanso daalma sobre as promessas de Deus, damisericórdia em Cristo Jesus, para operdão dos pecados, aqui e na glória.Owen desenvolveuatéum silogismo:1. Os eleitos não podem cair (Jo. 10.27-29);2. Alguns professos caem;3.Logo, esses professos não eramcrentes.

c) Os VinteeOito Artigos dasDoutri-nas Fundamentais do Cristianismo.

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O D r. RobertKalleytambérriensinouaosseus discípulos esta doutrina:Art 14 "... O pecador nascido de Deus estadesde já perdoado, justificado e salvo;tem a vida eterna e goza das bênçãos dasalvação".Artig "Algreja de Cristo no céu e na terraé uma só e compõem-se de todos ossinceros crentes no Redentor, os quaisforam escolhidos por D eus antes de havermundo para serem chamados e conver-tidos nesta vida e glorificados durante aeternidade".

Podemos observar que nossaherança reflete a teologia bíblica ereformada da Perseverança dos Santos.Os congregacionais são grandes reco-nhecedores e defensores da doutrinabíblica da Perseverança dos Santos.

3. A Perseverança dos Santos naBíblia.

a) O Antigo Testamento e Perseve-rança dos Santos. Vamos começar coma promessa bíblica que se cumprenaqueles que nasceram de novo. "Elesserão o meu povo, e eu serei o seu Deus,Dar-lhes-ei um só coração e um sócaminho, para que me temam todos osdias, para seu bem e bem de seus filhos.Farei com eles aliança eterna, segundo aqual não deixarei de lhes fazer o bem; eporei o meu temor no seu coração, paraque nunca se apartem de mim" (Jr. 32.38-40). Existem alguns termos neste textoque expressam a doutrina. Entretanto,destaco três:i-Para que me temam todos os dias: Deuscolocará temor no coração do seu povocom duração eterna e não temporária.2-Farei com eles aliança eterna: o pactode filiação é eterno.

j-Para que nunca se apartem de mim: opacto de Deus com seu povo nos favorecepelo fato dEle não se apartar de nós e nósnão nos separarmos dEle. A nossaposição de justificado e salvo diante deD eus é imutável.

O segundo texto se encontra noSalmo 34.7: "O anjo do SENHORacampa-se ao redor dos que o temem e oslivra". A nossa salvação e preservaçãocomeça e continua em Deus, e issoacontece porque Ele nos livra. Livra-nosdos ataques mortais do pecado, naturezapecaminosa e do diabo.

b) Cristo e a Perseverança dos Santos.O ensino de Cristo sobre o assunto émuito amplo e profundo. Vejamosalguns textos.

> "Simão, Simão, eis que Satanás vosreclamou para vos peneirar como trigo!Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fénão desfaleça" (Lc. 22.31-32). Observeque Cristo não permitiu que Satanáspeneirasse (siniazô = tentar a fé dealguém até o fim) a Pedro a ponto de quesua fé fosse perdida total ou finalmente.Cristo guardou sua fé.

>• "As minhas ovelhas ouvem a minhavoz; eu as conheço, e elas me seguem. Eulhes dou a vida eterna; jamais perecerão,e ninguém as arrebatará da minha mão.Aquilo que meu Pai me deu é maior doque tudo; e da mão do Pai ninguém podearrebatar" (Jo. 10.27-29). Este texto quemsabe seja um dos mais claros de toda aEscritura. Observamos que esta doutri-na não éproduto do estudo de Agostinhoou Calvino, é doutrina de Cristo que foireconhecida por estes e por tantosoutros. Ninguém tem o poder de nosarrebatar das mãos do Criador, não há

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poder no mundo visível ou invisível.Mas, por que não pode? Porque esta é avontade de Deus (Jo. 6.39-40). Muitosoutros textos poderiam ser expostos (Jo.4.14, 5.21, 6.47). Mas, vejamos também oque diz o apóstolo Paulo.

c) Paulo e a Perseverança dos Santos.O ensino de Paulo não é menos valorosoque o de Cristo, pois o mesmo está sob ainspiração do Espírito Santo. Vejamosalguns textos.

> "Porque os que dantes conheceu,também os predestinou para seremconforme à imagem de seu Filho, afim deque ele seja o primogénito entre muitosirmãos. E aos que predestinou, a essestambém chamou; e aos que chamou, aesses também justificou; e aos quejustificou, a esses também glorificou"(Rm. 8.29-30). É muito clara a lógica dasalvação na mente de Paulo. Todos ospredestinados serão chamados, todos oschamados serão justificados e todos osjustificados serão glorificados. Noensino paulino é inconcebível um justifi-cado não ser glorificado. Ou seja, afirmarque o crente perde a salvação é assegurarque o processo de Deus foi interrompido.Mas quem tem o poder de fazer talinterrupção? Certamente ninguém (Rm.8.31-35). Afirmar que o crente perde asalvação é asseverar que Cristo falhou noseu processo de salvação, o que certa-mente é um absurdo.

K "E não entristeçais o Espírito de Deus,no qual fostes selados para o dia daredenção" (Ef. 4.30). Ser crente não é serperfeito, o próprio Paulo fala que oEspírito se entristece. Possivelmente oapóstolo esteja falando do andar no

modelo gentio (££.4.17-24), mentira(v.25) furto (v.28) e palavra torpe (v.2-9).Todas estas coisas entristecem o EspíritoSanto, mas nunca nos tira o selo(garantia) da Terceira pessoa daTrindade que nos selou PARA o dia daredenção. Não queremos com isso abrirpermissão para o pecado, uma vez quepara ele morremos (Rm. 6.1-4).

Pode-se ver esta doutrina emoutros textos como Jo. 17.17, 24; iCo. 1.8-9, 22; Ef. 1.13-14; Fp. 1.3-6; 2Tm. 4.18; Hb.6.19; 7.23-24; Rm. 8.34; iPd.i.3-5.

4. A Perseverança dos santos e osfalsos irmãos.

Para alguns, uma das grandesdificuldades da doutrina é o fato de quealguns supostos irmãos que outroraviviam externamente na fé, agora vivemdissolutamente no pecado. Nunca foramregenerados? Ou o pecado os fez perdersua salvação? Certamente estes quevivem deliberadamente no pecado eresistentes ao arrependimento nuncativeram uma experiência interior deregeneração. Deve-se atentar para oseguinte:

a) Sinais externos não são conclu-sivos. Muitos se deixam levar por sinaisexteriores. Seja música, evangelização,exorcismo e até profecia. Esses sinaisexteriores não são indiscutíveis quanto àessência interna da salvação. Lembre-mos das palavras de Cristo (Mt. 7.21-23),ou o caso de Judas que volta alegre dosfeitos do Senhor na evangelização (Lc.10.17-20) edaParábolado Semeador(Mt.13.1-23) onde alguns manifestam sinaisexternos, mas não são uma terra

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frutífera. É nesse contexto que devemosentender Hebreus 6.4-6.

b) Falsos Irmãos. O texto bíblicotambém nos ensina e adverte sobre osfalsos irmãos. Pessoas que estão à mesado Senhor, no coral, grupo de louvor,púlpito, na docência da EBD ousimplesmente nos bancos, mas nuncanasceram de novo.

Paulo fala dos "falsos irmãosque se entremeteram" (01.2.4), e tevedificuldades nas viagens por causa dos"falsos irmãos" (2Co.ii.26). Afirmatambém que os servos de Satanás setransformam "em ministros de justiça"(:zCo 11.15). A profetiza que assumia opúlpito da Igreja deTiatira eadvogavaserusada por Deus era agente de Satanás(Ap. 2.20-23). J°ão diz que muitos emsua época tinham abandonado a fé, masse assim fizeram era o sinal de que nuncaforam na verdade de D eus (ijo. 2.18-19).

CONCLUSÃO

Podemos chegar a algumasconclusões sobre este tema. Primeira,

esta doutrina nos encoraja para a lutacristã, que nos mostra que o sacrifício deCristo não foi em vão e que nos conduz àhumildade. Segunda, quando nossentirmos tão fracos, achando que anossa oração não passará do teto, temos asegurança e a certeza de que estamosseguros nos braços do Pai, que Elesempre está pronto para nos perdoar enos receber. Por isso, podemos cantar ohino 440 do Salmos e Hinos;

... Quem buscar ao SenhorRedimido será,

Pois Jesus salvação para sempre nos dá!

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

i. O que é Perseverança dos Santos?

2.0 que não ensina a TeologiaReformada quanto ao assunto?

3. Pode alguém está no rol de mem-bros daigreja e não ser crente?

4.0 queéum falso irmão?V ^

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A GLORIFICAÇÃOEudes Lopes Cavalcanti

Objetivo da lição: Levar o;aj,uno a ter alegria e conforto espiritual pela perspectivaque o Evangelho oferece-dg revestir o salvo de uma glória celeste, prometida peloredentor. '-'-''\ ._. _ . ..... ~, . . . . . . . . - • = . - w^--..:.- •

Texto áureo: Rm. 8.18 Texto básico: ICo, 15.50-58

INTRODUÇÃO

No programa redentor de D eus,através de nosso Senhor Jesus Cristo, oúltimo estágio previsto é a glorificaçãodos salvos, que se dará plenamente numfuturo por ocasião da Segunda Vinda doSenhor. O apóstolo Paulo, escrevendoaos Romanos, falando sobre a nova vidaem Cristo, a vida no Espírito de que oscrentes são possuidores (capítulo 8),descreve os seus estágios da seguintemaneira: primeiro vem a escolha dosque iriam ser salvos (eleição), seguidoda pré-ordenação dos mesmos para asalvação (predestinação), sendo essesdois primeiros estágios definidos na

Leitura diária

Segunda: Rm. 8.28-30Terça: Cl. 3.1-4Quarta: Jo. 17.20-26Quinta: ICo. 15.42-49Sexta: ICo. 15.50-54Sábado:Ap.21.9-11Domingo: 2Co. 3.16-18

eternidade. Esses estágios são seguidosda chamada eficaz dos eleitos e dajustificação deles pela fé nos méritos deCristo, o que ocorre no tempo da vida dosescolhidos, e por último a glorificaçãono futuro que é o assunto tratado p or estalição (VejaRmS.29-30).

Definindo. Glorificar é confe-rir ou transmitir glória, brilho, fulgor aalguém. Tratando-se dessa expressão nocontexto evangélico se quer dizer que oscrentes em Cristo, por ocasião dasegunda vinda do Senhor, serãorevestidos de uma glória celesteextraordinária, a começar pela ressur-reição corporal dos que tiverem falecidoe a transformação dos corpos dos crentesque estiverem vivos (iCo. 15. 51-57). Aexcelência da glória de Cristo, em certamedida, será conferida à Sua Igreja, aqual resgatou com o seu próprio sangue."Mas a nossa cidade está nos céus, deonde também esperamos o Salvador, oSenhor Jesus Cristo, que transformará onosso corpo abatido, para ser conforme oseu corpo glorioso, segundo o seu eficazpoder de sujeitar também a si todas ascoisas" (Fp. 3.20,21).

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1. A glorificação faz parte do planode Deus.

É sabido que Deus não faz nadade improviso. Tudo o que Ele fez, faz evaifazer, fazpartedeumprograma geral queEle delineou na eternidade (Pv. 16.4; Ef.1.11; Ap. 4.31). No que se refere à salvação,tudo já foi programado por Deus desdeos tempos eternos, inclusive a bênção daglorificação dos escolhidos (Veja Ef. 1.4;Rm. 8.29-30; 9.2.3-24).

a) Glorificação; uma resposta aopecado. As Escrituras dizem que Deusfez o homem conforme a sua imagem e asua semelhança, e que quando o homemsaiu das mãos criadoras de Deus saiupuro e perfeito (Gn. 1.26-27,31). Masquando o pecado surgiu no cenáriohumano ele deformou a Imago Dei(imagem de Deus) no homem, matan-do-o espiritualmente, destituindo ele daglória de Deus e condenando o seu corpoà deterioração (Gn. 3.19; Rm. 3.23; 5.12).

A bênção da glorificação dosalvo é uma resposta de Deus ao malprovocado pelo pecado. O que foidestruído pelo pecado é reconstruídopor Cristo, inclusive a restauração docorpo, que será revestido de glória e deimortalidade. "Porque, assim comotodos morrem em Adão, assim tambémtodos serão vivificados em Cristo" (iCo.15.22). "Porque convém que isto que écorruptível se revista da incorrup-tibilidade, e que isto que é mortal serevista da imortalidade" (iCo. 15.53). Aspalavras "assim também" em iCo. 15.22 e"convém" em iCo. 15.53 denotam que aglorificação é uma resposta divina aoefeito danoso do pecado.

b) A fidelidade de Deus garante aglorificação. Dissemos na introduçãoque Deus ao elaborar o seu programaredentor através de nosso Senhor JesusCristo definiu que o seu estágio finalcontemplasse a glorificação dos salvos.Segundo o apóstolo Paulo, esse assunto étão "líquido e certo" no programa divinoque ele usou o verbo glorificar no tempopassado, como se o mesmo já tivesseacontecido na vida dos alcançados pelagraça divina. "... aos que justificou esseglorificou" (Rm. 8.29-30). Isso quer dizerque pelo fato de a glorificação ter sidoprogramada por Deus é inexorável o seucumprimento, pois Deus não é homemparaqueminta (Nm.23.19), eporqueEleé fiel em todas as suas promessas (Js.21.45; At. 4.28; 2Co. 1.20).

2. A glorificação envolve o homemtodo.

Sabemos pelo estudo da Ha-martiologia (adoutrina do pecado) que opecado atingiu toda a estrutura do serhumano, ou seja, a sua parte imaterial(alma ou espírito) e a sua parte material(o corpo), veja lição i. Assim como opecado atingiu o homem todo, oEvangelho de Cristo o alcança tambémde forma integral. "Porque, assim comotodos morrem em Adão, assim tambémtodos serão vivificados em Cristo" (iCo.15.22). (Veja ainda zCo. 4.6; Fp. 3.20-21).Para efeito didático, examinemos oassunto em suas partes comp onentes:

a) A parte espiritual do homem. Opecado maculou a alma humana, defor-mou a imagem de Deus no homem."Porque todos pecaram e destituídosestão da glória de Deus" (Rm. 3.23). Na

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sua Segunda Carta aos Coríntios, Paulodisse que Deus resplandeceu em nossocoração a glória de Cristo quando fomosconvertidos ao Senhor: "Porque Deus,que disse que das trevos resplandecesse aluz, é quem resplandeceu em nossoscorações, para iluminação do conheci-mento da glória de Deus, na face de JesusCristo" (2Co.4.6). Com a ressurreiçãoespiritual do homem, que se dá porocasião de sua regeneração, começa oprocesso da restauração da imagem deDeus no homem e, em certo sentido,começa o processo de glorificação daparte espiritual do homem, pois elerenasce para uma nova vida, a vida noEspírito. "Mas todos nós, com rostodescoberto, refletindo como um espelhoa glória do Senhor, somos transformadosde glória em glória na mesma imagem,como pelo Espírito do Senhor" (zCo. 3.18,vejaainda Ef. 2.1,5-6; Cl. 1.13).

b) A parte material do homem. Opecado fragilizou o corpo e o condenou àmorte e consequentemente à deterio-ração. "No suor cio teu rosto comerás oteu pão, até que te tornes a terra;porquedela foste tomado; porquanto és pó e empó te tornarás"(Gn. 3.19). (Vejaainda Ec.12.7). Na sua argumentação sobre adoutrina da ressurreição (glorificação)do corpo Paulo disse o seguinte: "Poisassim também é a ressurreição dosmortos. Semeia-se o corpo na corrupção,ressuscita na incorrupção. Semeia-se emdesonra, ressuscita em glória. Semeia-seem fraqueza, ressuscita em poder." (iCo.15.42-43, veja ainda Fp. 3.20-21).

c) A glorificação é integral. O Evan-gelho de Cristo garante a salvação daalma e também a redenção do corpo

(glorificação), abençoando o ser huma-no, objeto da graça redentora de Cristo,de forma integral. Apesar de falarmosacima, de cada uma das partes compo-nentes da constituição do ser humanocomo objetos da bênção da glorificação,devemos entender que é o ser humano deforma integral que será contempladocom essa bênção e não só as suas partesde forma separadas. Quando a Bíblia falade salvação, ela não está apenas sereferindo à parte espiritual (a alma) e,sim, ao homem completo. Por exemplo,em João 3.16, nos diz a Bíblia que aquele(o ser humano integral) que crer emCristo tem ávida eterna. Ainda em Lucas19.10 o Salvador nos diz que veio a estemudo para buscar o que (o homemintegral) se havia perdido. Assim sendo,concluímos que o homem de formaintegral será objeto da bênção daglorificação.

3. A glorificação plena é um eventoescatológico.

a) A glorificação plena dar-se-á na 2^Vinda. Apesar de a Bíblia falar de umaglória que vai envolvendo o crente namedida em que ele vive na plenitude doEspírito Santo, conforme o texto de zCo.3.18, a bênção da glorificação efetiva eplena dos salvos (a Igreja) dar-se-á porocasião da segunda vinda de Cristo, •conforme os textos do apóstolo Pauloquando escreveu aos Tessalonicenses,aos Filipenses e aos Coríntios (iTs. 4.15-17; Fp. 3.20,21; iCo.i5.5i-52). Na SegundaVinda do Senhor, os crentes falecidosressuscitarão em glória e os crentes vivosserão transformados tendo os seuscorpos mortais revestidos de imorta-lidade e a Igreja completa será impul-

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sionada pelo Espírito Santo a encontrar oSeu Senhor nos ares, consumando assimo assunto previsto no programa divino.

b) A glorificação é um ato instan-tâneo. Paulo, o apóstolo, nos diz que aglorificação plena será uma bênção quealcançará a Igreja toda numa fração desegundo, num abrir e fechar de olhos.Como a Segunda Vinda do Senhor dar-se-á num abrir e fechar de olhos assimtambém a bênção da glorificação seguiráa mesma lógica, pois está atrelada a ela."Porque, assim como o relâmpago sai dooriente e se mostra até ao ocidente, assimserá também a vinda do Filho do homem"(Mt. 24.27). "Num momento, num abrirefecharde olhos, ante a última trombeta;porque a trombeta soará, e os mortosressuscitarão incorruptíveis, e nósseremos transformados" (iCo. 15.52, vejaainda iTs. 4.16-17; iCo. 15.53; Cl 3.4).

CONCLUSÃO

Concluímos esta lição refor-çando o ensinamento de que o salvo emCristo é uma pessoa altamente privi-legiada, pois sobre ele repousa o Espíritoda glória de Cristo (iPd. 4.14). O crenteem Cristo tem promessas preciosíssimasda parte de Deus através das quais o fazparticipante da natureza divina, isto navida presente (2Pd.i-4). Quando dosegundo advento de Cristo, essa glóriaexcelente o alcançará em plenitude, pois

o salvo será revestido de imortalidade e,com o corpo que viveu ressurreto outransformado em glória, viverá plena-mente ávida eterna concedida por Deusatravés de Cristo.

Querido, deixe-se encher doEspírito de Deus para que essa glória queem nós há de ser revelada comece aaparecer em nossa vida espiritual, e onome do Senhor será glorificado em suavida. Acalente ainda amado em sua almaa esperança de que o que é mortal seráum dia absorvido pela vida, e viva emfunção dessa esperança, sabendo que anossa leve e momentânea tribulaçãoproduz na Igreja um excelente peso deglória (2Co. 4.16-17).

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

1. O que é a glorificação relacionada aoprograma redentor?

2. Quanto à glorificação escatológica(futura), o salvo será glorificadoplenamente (corpo e alma/espírito) ?

3. Qual será o evento que deflagrará oúltimo estágio do programa redentor(a glorificação dos salvos)?

4. A glorificação escatológica é umprocesso ou um ato instantâneo dagraçadeDeus?

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