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A divulgação da Responsabilidade Social em Instituições de Ensino Superior: uma Revisão
Sistemática da Literatura
Classificação do artigo: Revisão de literatura
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, espera-se que as organizações demonstrem transparência e responsabilidade.
Consequentemente estas são pressionadas a atuar com responsabilidade social e a efetuar a sua
divulgação (Dahlsrud, 2008; Duff, 2016). Essas pressões vêm, nomeadamente, dos stakeholders
externos que, por um lado, procuram responsabilizar as empresas relativamente a problemas sociais
e, por outro, destacar os riscos financeiros que poderão advir para as que incorram em más condutas
(Porter e Kramer, 2006). A literatura sobre responsabilidade social das organizações (RSO) tem-
se debruçado sobre diferentes tipos de organizações, com diferentes dimensões (Nejati et al., 2011).
No entanto, a maior parte da literatura tem-se focado em empresas privadas com fins lucrativos,
sendo que atualmente outros tipos de organizações estão sujeitos a pressões da sociedade para
divulgarem as suas iniciativas sociais: é o caso das Instituições de Ensino Superior (IES) (Alonso-
Almeida et al., 2015). Este artigo tem como objetivo determinar o estado da literatura sobre a
divulgação da RSO por parte das IES, designadamente ao nível das metodologias de investigação
adotadas, contributos e pistas sugeridas para investigação futura. Para tal é realizada uma revisão
sistemática da literatura.
Apesar do tema da responsabilidade social das organizações (RSO) ter emergido nos anos 50,
nomeadamente devido à publicação do livro seminal de Howard R. Bowen intitulado “Social
Responsibilities of the Businessman” (Bowen, 1953), foi a partir dos anos 60 que a RSO ganhou
relevo tanto nos circuitos académicos como em termos práticos, sendo que a investigação deste
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tema ligada à gestão é relativamente recente (Wang et al., 2016). Definir responsabilidade social
das organizações não é algo fácil. Na realidade, este conceito não significa o mesmo para todos
(Votaw, 1972) e diferentes definições têm emergido ao longo do tempo (Dahlsrud, 2008). De facto,
com base numa revisão da literatura para o período 1980-2003, Dahlsrud (2008) sugere a existência
de 37 definições, as quais serviram de base à identificação de 5 dimensões de RSO: stakeholder,
social, económica, voluntariedade e ambiental. Tendo em conta estas dimensões, importa destacar
a definição que considera a RSO como um “conceito através do qual as empresas integram
preocupações sociais e ambientais nas suas operações e nas suas interações com os seus
stakeholders, numa base voluntária” (European Commission, 2001). Esta definição engloba as 5
dimensões atrás citadas. Mais recentemente, o conceito foi alargado, considerando-se que as
empresas “devem dispor de um processo para integrar preocupações sociais, ambientais, éticas, de
direitos humanos e dos consumidores nas suas operações e estratégias nucleares, em colaboração
estreita com os seus stakeholders” (European Commission, 2011, p. 6). Sendo que a definição de
RSO é específica de cada contexto, este artigo adota a definição de responsabilidade social no
contexto de IESs, ou seja, como a “capacidade da universidade disseminar e implementar um
conjunto de princípios e valores gerais e específicos, através de quatro processos chave – gestão,
ensino, investigação e extensão universitária – respondendo, assim, às necessidades da comunidade
universitária e do país como um todo” (Rodríguez Bolívar et al., 2013, p. 554).
Por outro lado, importa destacar a importância da divulgação da RSO. Sendo que vários
instrumentos podem ser usados para efetuar essa mesma divulgação, as empresas utilizam
normalmente o relatório anual para esse efeito, nomeadamente devido ao carácter legal de
obrigatoriedade, ao facto de serem produzidos regularmente e por todas as empresas (Duff, 2016).
Consequentemente, a maioria dos estudos sobre divulgação de responsabilidade social tem-se
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focado nesses mesmos relatórios, utilizando principalmente o método de análise de conteúdos para
recolher a informação necessária para avaliar a quantidade e qualidade da divulgação (Nejati et al.,
2011; Branco e Rodrigues, 2008). Por outro lado, tem existido um aumento dos estudos que
abordam a importância da internet (e designadamente das páginas web) para a concretização dessa
divulgação (Branco e Rodrigues, 2008). O mesmo acontece no que diz respeito às IES, as quais
normalmente utilizam relatórios anuais para divulgar informação, apesar das pressões para
utilizarem relatórios de sustentabilidade e sociais (Rodríguez Bolívar et al., 2013).
As organizações possuem diferentes motivações para empreenderem e divulgarem atividades de
RSO, com destaque para as seguintes: obter o apoio dos stakeholders e obter legitimidade (Frynas
and Yamahaki, 2016; Branco e Rodrigues, 2008). Especificamente, algumas empresas consideram
que se possuírem boas relações com os seus stakeholders, tal conduzirá ao desenvolvimento de
recursos intangíveis passíveis de originar benefícios financeiros e vantagens competitivas. Por
outro lado, essas ações de RSO podem ser usadas como um instrumento de legitimidade, utilizado
para demonstrar que as empresas estão em linha com as normas e expetativas dos seus stakeholders
acerca de como as operações devem ser realizadas (Branco e Rodrigues, 2008). Um outro tipo de
motivação pode ser os valores pessoais dos gestores. Estas motivações podem ser exploradas
fazendo uso de diferentes teorias, sendo as mais comuns as que se focam na relação entre empresa
e sociedade, tais como a teoria dos stakeholders, institucional ou da legitimidade (Frynas and
Yamahaki, 2016). De facto, as teorias dos stakeholders e da legitimidade têm sido amplamente
utilizadas, principalmente de um modo combinado, em estudos sobre divulgação social e ambiental
(Frynas and Yamahaki, 2016). Para além das já descritas motivações, outros fatores influenciam a
divulgação da responsabilidade social, tais como as características da organização, os aspetos
sociais, políticos e económicos (Ali et al., 2017). Os benefícios da divulgação de responsabilidade
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social estão, numa lógica de dependência de recursos, ligados aos efeitos produzidos sobre a
reputação das organizações (Branco e Rodrigues, 2006), sendo que organizações com elevados
níveis de reputação tendem a criar capital relacional para as mesmas. Numa ótica crítica, Porter e
Kramer (2006) consideram que as respostas dadas pelas empresas às pressões externas têm
nomeadamente um foco “cosmético” com os relatórios a enfatizar os bons desempenhos.
De modo análogo, também as IES devem ter em conta as necessidades dos seus stakeholders
internos, entre os quais se incluem os estudantes e os trabalhadores, e externos (Asrar-ul-Haq et
al., 2017). A acrescer às pressões dos stakeholders, as reformas no ensino superior vieram enfatizar
a importância dada a questões como a responsabilidade, a transparência, a governação ou a gestão
financeira (Rodríguez Bolívar et al., 2013; Ntim et al., 2017). As IES estão pressionadas a procurar
fontes alternativas de rendimentos e a competir por estudantes nacionais e internacionais, sendo
que a reputação é um fator crítico para atingir esses objetivos (Othman and Othman). Nesse sentido,
aumentou a necessidade de as mesmas procederem à divulgação da responsabilidade social. Se por
um lado, a responsabilidade social é um fator inerente às IES, as quais possuem a responsabilidade
de produzir conhecimento para a sociedade, por outro lado coloca-se a questão das IES a
consideraram como um instrumento de marketing que possibilite desenvolver a reputação e a
legitimidade (Othman and Othman). De facto, constata-se que as IES divulgam as suas ações de
modo a cumprir regulamentação, para obter legitimidade e melhorar a sua imagem (Rodríguez
Bolívar et al., 2013). No entanto, importa salientar que a área da RSO nas IES ainda está na sua
infância e a literatura sobre divulgação de responsabilidade social neste tipo de organizações é
escassa (Alonso-Almeida et al., 2015; Mion et al., 2019; Othman and Othman, 2014), algo que é
intrigante dada a importância que estas organizações têm para o desenvolvimento sustentável da
sociedade através da disseminação de conhecimento.
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Assim, tendo em conta o objetivo proposto (efetuar uma revisão da literatura), foram formuladas
as seguintes questões de investigação:
Questão de investigação 1: Quais são as principais metodologias de investigação adotadas pela
literatura em divulgação de responsabilidade social em IES?
Questão de investigação 2: Quais são os principais contributos da literatura em divulgação de
responsabilidade social em IES?
Questão de investigação 3: Quais são as principais pistas para investigação futura sugeridas na
literatura em divulgação de responsabilidade social em IES?
O artigo procede com o método adotado para realizar a revisão sistemática da literatura.
Seguidamente, na secção 3, os principais resultados são apresentados e discutidos. Finalmente na
secção 4 são tecidas algumas considerações finais e sugeridas pistas para investigação futura.
2. MÉTODO
Este artigo adotou, de modo parcial, o método PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic
Reviews and Meta-Analyses), desenvolvido de modo a providenciar, de forma transparente, linhas
de orientação para a realização de revisões sistemáticas de literatura e meta-análises (Liberati et
al., 2009). As revisões sistemáticas de literatura estão a tornar-se cada vez mais populares na área
da gestão, existindo vários exemplos de estudos deste tipo aplicados à investigação em RSO (e.g.
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Dienes et al., 2016). Revisões sistemáticas da literatura podem ser caracterizadas como um tipo de
análise de conteúdo que podem ter em conta tanto assuntos qualitativos como quantitativos.
Adicionalmente, podem permitir a identificação de potenciais lacunas na literatura, bem como
potenciais pistas para investigação futura (Dienes et al., 2016).
De acordo com Grant e Booth (2009), as revisões sistemáticas de literatura podem ser realizadas
ao longo de várias fases: primeiro, são escolhidas as revistas científicas bem como os artigos que
versam sobre determinado tema. Seguidamente, são definidas palavras-chave que irão permitir
determinar quais os artigos considerados relevantes. Por fim, os artigos selecionados para amostra
final são codificados e analisados.
Este estudo seguiu as fases descritas por Grant e Booth (2009), sendo que em vez de se escolher
revistas científicas como fontes de informação, optou-se por utilizar duas bases de dados
consideradas, no domínio da gestão, como as mais relevantes: ISI Web of Knowledge e Scopus.
Seguidamente, utilizou-se uma combinação de palavras chave para recolher a literatura relevante
sobre a divulgação da responsabilidade social em IES. As palavras chave definidas foram as
seguintes: ‘social responsib*’, ‘report*’, ‘disclos*’, ’CSR’, ‘higher education’ e ‘universit*’. Por
outro lado, através da aplicação de filtros nas bases de dados, apenas se teve em conta literatura
ligadas às seguintes áreas de investigação: management and business; economics; accounting;
finance; education; ethics; environmental; social sciences; decisions sciences. De notar que a
recolha foi efetuada apenas na língua inglesa e que não existiu qualquer restrição em termos
temporais. Assim, foi considerada toda a literatura constante nas duas bases de dados até à data de
15 de março de 2019 (data da recolha). Assim, e de acordo com a Figura 1 (ver abaixo), a qual
retrata os fluxos de informação ao longo das diferentes fases a considerar numa revisão sistemática
da literatura, foram identificados 802 documentos (406 na ISI web of knowldge e 396 na Scopus),
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sendo que após se retirar os documentos duplicados a amostra passou para 701 documentos.
Seguidamente, passou-se à fase da triagem, na qual, primeiramente, se teve em consideração o
título do documento, o resumo e as palavras-chave. Assim, por um lado não foram tidos em
consideração os documentos que não correspondiam ao tema concreto do presente estudo. Por
outro lado, foram retiradas as atas de conferência (185 atas). Consequentemente, os documentos
elegíveis para análise ficaram reduzidos a 26, sendo que não nos foi possível aceder a um deles
(um livro). Assim, o número final de documentos a analisar (todos eles artigos científicos),
incluídos na síntese qualitativa, foi de 25, o que demonstra a escassez de literatura sobre divulgação
de responsabilidade social focada num contexto específico, ou seja, IES.
Após se ter determinado quais os artigos a analisar, procedeu-se à respetiva categorização. Para tal,
e a partir das diferentes questões de investigação, procedeu-se à criação de uma folha de cálculo
que incluiu as seguintes categorias: ano; autores, título do artigo; resumo; palavras-chave;
metodologia de investigação adotada; principais contributos; pistas para investigação futura. Esta
última categoria foi criada com o objetivo de determinar a existência de uma potencial relação entre
os artigos analisados. Finalmente procedeu-se a uma análise de conteúdos dos 25 artigos, com um
foco nas categorias previamente definidas.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a recolha inicial, 701 documentos passaram por uma fase de triagem. Destes, 26 foram
considerados apropriados para análise, sendo que não foi possível ter acesso a um livro. Como tal,
25 artigos foram analisados. Seguindo o método PRISMA, esquematizou-se o processo da seguinte
forma (ver Figura 1):
3.1 METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO
Nesta secção, debruçamo-nos sobre as diferentes metodologias adotadas nos artigos que compõem
a nossa amostra. Embora tenham existido diferentes abordagens, a que foi utilizada com maior
Registos identificados através
de pesquisa em bases de dados
n = 802
Registos adicionais identificados
através de outras fontes
n = 0
Registos após remoção de duplicados
n = 701
Registos selecionados
n = 701
Registos excluídos
n = 185
Documentos avaliados
para elegibilidade
n = 26
Documentos excluídos
(sem acesso)
n = 1
Estudos incluídos na
síntese qualitativa
n = 25
n =
Iden
tifi
caçã
o
Tri
ag
em
Ele
gib
ilid
ad
e In
clu
ídos
Figura 1 - Adaptado de "Prisma Flowchart " (Liberati et al., 2009)
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frequência foi a metodologia qualitativa. De facto, apenas Bisogno et al. (2014) e Ntim et al. (2017)
utilizaram metodologias puramente quantitativas. Importa destacar que o estudo de caso (Yin,
2009) foi o método mais utilizado, existindo evidências tanto de estudos de caso múltiplos (ver
Jimenez et al., 2016); Nejati et al., 2011) e casos únicos (ver Yeung, 2015; Huerta-Riveros e Gaete-
Feres, 2017). Os resultados revelaram, ainda, que no âmbito em análise, apenas um artigo se focou
exclusivamente na realização de uma revisão de literatura (ver Lange e Kerr, 2013). A técnica mais
recorrente foi a análise de conteúdo, a qual foi utilizada em todos os estudos qualitativos (e.g.
Garde Sánchez, et al.,2013; Sassen e Azizi, 2018; Mio et al., 2019). No que respeita às técnicas de
análise utilizadas nos estudos quantitativos, destacam-se algumas análises estatísticas simples
(média, modas, medianas), análises inferenciais e regressões. Um dos estudos metodologicamente
mais complexos é o de Lopéz e Martin (2018), o qual fez uso de uma amostra de 347 universidades.
Neste estudo foi realizada uma regressão ordinal. No entanto neste mesmo estudo também foi
efetuada uma análise qualitativa, o que permitiu reforçar a validade dos resultados obtidos. Em
termos de recolha de dados, importa salientar o estudo de Aldonel et al. (2018). Este estudo focou-
se em 142 escolas de negócios de 20 países diferentes, pertencentes à região MENA (Médio Oriente
e Norte da África), sendo realizada uma análise da informação divulgação em websites. Tal está
em linha Branco e Rodrigues (2008), que sugerem uma tendência para um incremento de estudos
focados na divulgação através de páginas de internet.
A Tabela 1 apresenta a metodologia, bem como métodos e técnicas utilizadas nos 25 artigos
analisados.
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Ano Autor Metodologia Análise dos Dados
2001 Coy, Fischer and Gordon Qualitativa Análise de conteúdos dos relatórios
anuais de 100 escolas secundárias e
universidades dos EUA
2011 Nejati, Shafaei, Salamzadeh and
Daraei
Qualitativa Análise de conteúdos dos websites de
10 universidades do ranking do Times
Higher Education
2013 Garde Sánchez, Rodríguez Bolívar and
López-Hernández
Qualitativa Análise de conteúdos
2013 Lange and Kerr Qualitativa Revisão de literatura
2013 Rodríguez Bolívar, Sanchez and
Hernandez
Qualitativa Análise de conteúdos das informações
dos sítios da internet das universidades
que mais esforços de divulgação fazem
da RSC, de acordo com os resultados
obtidos dos principais motores de
busca.
2014 Othman and Othman Qualitativa Análise de conteúdos dos relatórios
divulgados durante uma década de 2
universidades, uma pública e outra
privada.
2014 Wigmore-Álvarez and Ruiz-Lozano Qualitativa Análise de conteúdos dos documentos
de 14 universidades espanholas
2014 Lopatta and Jaeschke Qualitativa Análise de conteúdos dos relatórios de
sustentabilidade de 6 universidades, 4
alemãs e 2 austríacas.
2014 Bisogno, Citro and Tommasetti Quantitativa Amostra de 55 universidades, em que
foi construído um índice para aferir o
nível de divulgação.
2015 Yeung Qualitativa - Estudo de caso
único
Análise de conteúdo
2015 Alonso-Almeida, Marimon, Casani
and Rodriguez-Pomeda
Qualitativa e Quantitativa -
Estudo de 2 casos sobre a
divulgação mundial dos
relatórios de
sustentabilidade.
Análise de conteúdos aos relatórios
GRI. De seguida foi aplicada a
regressão logística.
2016 Jimenez, Martinez and Lopez Qualitativa - Estudo de 5
casos de universidades
espanholas.
Análise de conteúdos aos Relatórios
GRI.
2016 Deus, Battistelle and Silva
Qualitativa Análise de conteúdos da missão de 30
universidades brasileiras.
2017 Ntim, Soobaroyen and Broad Quantitativa Mensuração da divulgação voluntária
de 130 Instituições de Ensino Superior.
2017 Huerta-Riveros and Gaete-Feres Qualitativa – Estude de
caso único
Análise de conteúdo.
2018 Ferrero-Ferrero, Fernandez-Izquierdo,
Munoz-Torres and Belles-Colomer
Qualitativa e Quantitativa
Estudo de caso múltiplo
Análise de conteúdos e elaboração de
um inquérito onde foi aplicada
estatística inferencial para o seu
tratamento.
2018 Lopéz and Martin Qualitativa e Quantitativa Amostra dos relatórios verdes de 347
universidades. Esta análise possibilitou
a utilização de uma regressão ordinal.
2018 Sassen and Azizi Qualitativa Análise dos relatórios de
sustentabilidade de 23 universidades
dos EUA.
2018 Sepasi, Rahdari and Rexhepi Qualitativa Análise dos relatórios de
sustentabilidade de 25 universidades
dos Canadianas.
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2018 Zorio-Grima, Ana; Sierra-Garcia,
Laura; Garcia-Benau, Maria A.
Qualitativa Análise dos relatórios de
sustentabilidade de 49 universidades
públicas Espanholas.
2018 Alnodel, Elobaid, Elawady and
Alhdaif
Qualitativa e Quantitativa Análise da divulgação dos websites de
142 escolas de negócios de 20 países
diferentes, pertencentes à região MENA
(Médio Oriente e Norte da África).
2018 Corraza Qualitativa – Estudo de
caso único
Análise de conteúdo.
2019 Mion, Broglia and Bonfanti Qualitativa e Quantitativa Análise de conteúdos aos códigos de
ética de 64 universidades italianas, que
serviu de base para a aplicação de testes
paramétricos e não paramétricos.
2019 Miotto, López and Rodríguez Qualitativa e Quantitativa Análise de conteúdos às 50 escolas
superiores de negócios do “Financial
Times Global MBA Ranking 2016”.
2019 Sepasi, Braendle and Rahdari Qualitativa – Estudo de
caso único
Análise de conteúdo
Tabela 1- Metodologia e técnica de recolha de dados utilizadas nos 25 artigos
3.2 PRINCIPAIS CONTRIBUTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS
No que respeita aos contributos teóricos, salientamos desde logo a ausência de menção dos mesmos
em 14 dos artigos analisados, ou seja 56% do total da amostra. Além da citada constatação, oferece-
nos dizer que dois tipos de contributos teóricos se destacaram: um primeiro, que diz respeito a
aumentar a consciencialização académica relativamente à necessidade de um novo paradigma ou
novas correntes teóricas que dinamizem a profissão de contabilista, para dar resposta às novas
necessidades das instituições, e em particular das IES (ver Coy et al., 2013; Lange e Kerr, 2013).
Um segundo, no qual um conjunto de autores advoga que os seus contributos teóricos se prendem
com o aprofundamento da literatura relacionada com a divulgação da informação nas IES (ver
Lopatta e Jaeschke, 2014; Bisogno et al. (2014); Aldonel et al. (2018).
Relativamente aos contributos práticos, podemos agrupá-los em cinco grandes temáticas
abordadas. Uma das temáticas mais salientada é a relação com as partes interessadas
(stakeholders), no sentido em que esta tem de ser melhorada e nunca deve ser descurada (ver
Wigmore-Álvarez e Ruiz-Lozano, 2014; Bisognoet al., 2014; Ferrero-Ferrero et al., 2018). A
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segunda grande temática diz respeito às divulgações e à necessidade de introdução de alterações
nos relatórios, sejam eles de sustentabilidade, responsabilidade social ou outros equivalentes (ver
Lange e Kerr, 2013; Alonso-Almeida et al., 2015; Huerta-Riveros e Gaete-Feres,2017; Sepasi et
al., 2019). A terceira temática está ligada à medição do desempenho social das instituições.
Relativamente a este ponto destacamos os estudos de Jimenez et al. (2016) e Aldonel et al. (2018).
A quarta temática foca-se nas ferramentas de avaliação, as quais, segundo Sepasi et al. (2018),
estão ainda numa fase embrionária. Potencialmente como resposta a este contributo, surgiu o
estudo de Zorio-Grima et al. (2018) que propõe uma nova metodologia para avaliar a experiência
das instituições no campo da RS. Por último, é destacado o papel das missões das organizações e
da sua clarificação no que concerne às questões de RS (ver Deus et al., 2016).
Na Tabela 2, pode-se observar em detalhe os contributos dos diversos autores.
Ano Autor Contributos teóricos Contributos práticos
2001 Coy, Fischer and Gordon Os autores afirmam que contribuíram
para um novo paradigma de
responsabilidade pública que expande
os quadros conceptuais existentes de
utilidade de decisão para incluir
conceitos como justiça, acessibilidade e
distribuição.
O paradigma da prestação de contas
públicas para relatórios externos,
apresentado neste artigo, ajudaria as
entidades governamentais e sem fins
lucrativos, como faculdades e
universidades, a comunicarem com
sucesso com seus os stakeholders.
2011 Nejati, Shafaei,
Salamzadeh and Daraei
Não aplicável. Tendo em consideração as diferenças
culturais e sociais dos países, não é
correto simplesmente imitar os planos e
políticas de RS das universidades líderes
a nível mundial. No entanto, é sempre útil
que as outras universidades,
especialmente as dos países em
desenvolvimento, tenham algumas das
melhores práticas como referência e
adaptem e personalizem essas práticas no
seu contexto operacional e social. Assim,
as universidades dos países em
desenvolvimento podem utilizar como
referência as universidades líderes, não
apenas nas áreas académicas, mas
também em questões de RS e de
desenvolvimento sustentável.
2013 Garde Sánchez,
Rodríguez Bolívar and
López-Hernández
Não aplicável. Embora as universidades possam
aproveitar as oportunidades oferecidas
pelas tecnologias de informação para
melhorar a participação e a interação com
as partes interessadas, é claro que, no
momento, as universidades têm pouca
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consciência da importância dessa questão,
pelo menos em termos de RS.
2013 Lange and Kerr Este artigo analisa pela vertente
sociológica os pressupostos da
profissão de contabilista e sugere uma
reconceptualização das práticas
contabilísticas nas IES. Através da
teoria social crítica a transformação de
conceitos permite a promoção da
adoção de uma estrutura de tomada de
decisão sustentável no Ensino Superior.
Os autores recomendam cinco alterações
que poderiam ser realizadas nos relatórios
contabilísticos existentes para as IES.
Também propõe a adoção de relatórios
narrativos e de um modelo lógico de
relatórios de sustentabilidade
proporcionando um processo de transição
para a mudança.
2013 Rodríguez Bolívar,
Sanchez and Hernandez
Não aplicável. Os resultados deste estudo podem levar a
um profundo debate se considerarmos
que a RS é atualmente discutida nas
administrações públicas e, mais
especificamente, no caso das
universidades.
2014 Othman and Othman A investigação concluiu que, a fim de
incentivar uma elevada participação dos
estudantes em atividades de
responsabilidade social, estes devem
estar bem informados e expostos aos
benefícios das iniciativas de
responsabilidade social.
Não aplicável.
2014 Wigmore-Álvarez and
Ruiz-Lozano
Não aplicável. A falta de integração entre as metas, as
ações e as medidas corretivas, não ajuda
os stakeholders a ter uma ideia concreta
do que está sendo realizado pelas
instituições, porque isso não é
interpretado através da leitura dos
relatórios.
2014 Lopatta and Jaeschke Este artigo contribuiu para um
aprofundamento da literatura atual na
definição de uma estrutura universal de
relatórios de sustentabilidade baseados
no Global Reporting Initiative (GRI),
em dois países pioneiros da
responsabilidade social - a Alemanha e
a Áustria.
Os resultados são relevantes para a gestão
das universidades, ao sugerir melhorias
na análise dos dados de desempenho,
nomeadamente através do aprimorar da
quantidade e da qualidade das
informações de sustentabilidade.
2014 Bisogno, Citro and
Tommasetti
Este artigo contribuiu com uma revisão
de literatura mais abrangente sobre
divulgação, utilizando como base os
websites das universidades públicas,
contrariamente ao que estudos
anteriores fizeram, em que o foco foram
as universidades privadas.
As universidades devem prestar atenção à
responsabilidade ascendente, descendente
e externa, no que se refere, em concreto
ao nível político, aos estudantes e ao
público em geral.
2015 Yeung Não aplicável. Espera-se que as metas fixadas para o
desenvolvimento sustentável possam
ajudar a medir o desempenho a partir de
diferentes perspetivas de melhoria
organizacional e de desenvolvimento de
parcerias com as comunidades.
2015 Alonso-Almeida,
Marimon, Casani and
Rodriguez-Pomeda
Não aplicável. Este estudo contribui para três
conclusões. Primeiro, aumenta a
compreensão da difusão da RS nas
universidades. Em segundo lugar, esta
investigação fornece uma análise
descritiva exploratória da difusão dos
padrões dos relatórios GRI em todo o
mundo, analisando os dados sobre
universidades ao nível macro e micro. Por
fim, identifica as tendências futuras na
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divulgação dos padrões de relatórios GRI
nas universidades.
2016 Jimenez, Martinez and
Lopez
Não aplicável. O resultado deste estudo foi o
desenvolvimento de ferramenta útil que
pode ajudar as universidades públicas de
Espanha a superar as dificuldades
resultantes da falta de indicadores de
desempenho para desenvolver estratégias
sociais universitárias. A proposta de
indicadores facilita a elaboração de
relatórios de responsabilidade social
ajustados à nova realidade das "Diretrizes
de Sustentabilidade GRI G4".
2016
Deus, Battistelle and
Silva
Os autores advogam que os resultados
promovem a discussão sobre o
verdadeiro papel das universidades na
sociedade e criam uma oportunidade
para discutir e rever as declarações de
missão das universidades.
Os gestores do ensino superior devem
rever as declarações de missão das
universidades em termos de visão geral
de sustentabilidade e melhorá-las.
2017 Ntim, Soobaroyen and
Broad
Não aplicável. Os autores concluem que a interação
entre as características da equipa
executiva e as variáveis de governação
aumenta o nível de divulgações
voluntárias, fornecendo suporte para a
relevância continuada de uma liderança
“partilhada” no setor das IES por forma a
aumentar a responsabilidade e a
transparência nestas instituições.
2017 Huerta-Riveros and
Gaete-Feres
Não aplicável. Concluiu-se que a aplicação da
metodologia GRI permite contabilizar as
atividades de RS de uma IES.
2018 Ferrero-Ferrero,
Fernandez-Izquierdo,
Munoz-Torres and Belles-
Colomer
Este artigo contribuiu para o
melhoramento do conhecimento do
envolvimento dos stakeholders nas IES.
Além do mencionado foi possível
identificar os impactos relevantes do
compromisso dos mesmos, melhorando
a qualidade dos relatórios e
incentivando a um melhor diálogo.
Em primeiro lugar, os resultados sugerem
que as IES usam diversos critérios para
agrupar os stakeholders e que o
envolvimento destes é um processo
heterogéneo. Em segundo lugar, as
expectativas dos stakeholders internos
alinham-se com os aspetos materiais da
RS. Por último, entre os stakeholders
internos, estudantes e académicos
discordam sobre a priorização de alguns
aspetos de sustentabilidade.
2018 Lopéz and Martin Este estudo contribuiu para o reforço da
literatura, através da análise das
missões das universidades em particular
para as relacionadas com a
sustentabilidade.
Os resultados indicam que as instituições
privadas e não religiosas são mais
propensas a incluir aspetos ligados ao
desenvolvimento sustentável nas suas
declarações de missão, do que as
instituições públicas e religiosas.
2018 Sassen and Azizi Não aplicável. Os resultados mostram um foco claro na
dimensão ambiental e um baixo nível de
informação económica.
2018 Sepasi, Rahdari and
Rexhepi
Não aplicável. Este estudo concluiu que as ferramentas
de avaliação não conseguiram reconhecer
os relatórios como parte integrante da
sustentabilidade nas universidades, e o
relato nestas instituições está numa fase
embrionária.
2018 Zorio-Grima, Ana; Sierra-
Garcia, Laura; Garcia-
Benau, Maria A.
Este artigo contribuiu para a literatura
usando uma nova abordagem
Os autores desenvolveram uma nova
abordagem metodológica apropriada para
a investigação no âmbito do
15
metodológica, capaz de identificar os
fatores que levam à experiência de RS.
desenvolvimento sustentável das IES,
uma vez que a pesquisa empírica tende a
se concentrar num número muito limitado
de universidades. Tal invalida análises
mais tradicionais, normalmente exigindo
amostras maiores. Os três tipos de fatores
identificados (perfil de inovação, fatores
políticos e internos) são relevantes para a
experiência no âmbito da
responsabilidade social.
2018 Alnodel, Elobaid,
Elawady and Alhdaif
Este estudo pode fazer uma
contribuição significativa à literatura,
uma vez que abrangeu todas as áreas
geográficas da região MENA,
considerando ainda o impacto de uma
série de fatores na utilização dos
websites pelas escolas de negócios da
região.
Os resultados mostram uma tendência
para enfatizar as responsabilidades sociais
das escolas de negócios nos seus
websites. Apesar desta tendência ainda
está abaixo das expectativas. Além disso,
o estudo demonstra que alguns fatores são
de grande importância para determinar a
extensão da utilização do website pelas
escolas de negócios como via de
comunicação com a sociedade,
especificamente o nível de retorno, a taxa
de utilização da internet. Assim os
reguladores e a sociedade poderiam
beneficiar deste estudo no
desenvolvimento de políticas e
procedimentos para melhorar o seu
envolvimento com a comunidade.
2018 Corraza Não aplicável. Os autores defendem que os gestores das
IES podem considerar que um processo
de relato social afeta o comportamento
organizacional, as atitudes e os valores
pessoais da equipa, onde o compromisso
são fundamentais para apresentar uma
gestão transparente, confiável e
comunicativa. Este estudo fornece
informações úteis para os desafios das
IES e implicações de gestão que podem
acontecer durante o processo.
2019 Mion, Broglia and
Bonfanti
Existe uma ligação entre os códigos de
ética e os princípios de
desenvolvimento sustentável. Outro
contributo prende-se com a abordagem
negativa aos códigos de ética que optam
por mencionar o que não se deve fazer.
Estes documentos são usados como
veículos para evitar impactos negativos
ao nível do desenvolvimento
sustentável.
Este estudo ressalva que cada
organização pode contribuir para o
desenvolvimento sustentável de
diferentes maneiras como por exemplo:
realização de programas educacionais,
virados para a sustentabilidade, promoção
da igualdade no acesso aos estudos e
posições académicas, entre outros.
2019 Miotto, López and
Rodríguez
Os resultados mostram que existem
diferenças no uso da igualdade de
género como tema principal no discurso
da sustentabilidade e da RS das
diferentes escolas de negócios. As
escolas de negócios europeias são as
mais focadas neste tópico, seguidas
pelas asiáticas. Já as escolas dos
Estados Unidos não consideram a
igualdade de género uma questão
importante a ser mencionada na sua
estratégia de comunicação, pelo menos
no nível tocante à RS.
Não aplicável.
16
2019 Sepasi, Braendle and
Rahdari
Os resultados do estudo demonstram
que, apesar das preocupações
crescentes sobre questões de
sustentabilidade; as IES têm sido lentas
em adotar práticas de relatórios de
sustentabilidade, incluindo a publicação
de relatórios consistentes e periódicos,
o recebimento de garantias de terceiros
e a integração de relatórios de
sustentabilidade nos sistemas de gestão
de sustentabilidade das universidades.
Não aplicável.
Tabela 2 – Contributos Teóricos e Práticos utilizadas nos 25 artigos
3.3 PISTAS PARA INVESTIGAÇÕES FUTURAS
Uma das mais importantes secções num artigo científico é o da sugestão de investigações futuras,
pois a partir destas ideias é possível abrir algumas portas para o desenvolvimento de mais
conhecimento científico e desse modo contribuir para o aumento de mais esclarecimentos e
inovação. Após a análise das secções destinadas para a proposta de investigações futuras, foi
possível constatar que 7 artigos não referem, explicitamente, qualquer proposta de investigação
futura. Assim, de entre as propostas de investigação futura evidenciadas nos artigos analisados,
destacam-se as seguintes: estudar um maior número de instituições de diferentes países (ver
Bisogno et al., 2014); investigar as diferenças entre o setor público e privado (ver Othman e
Othman, 2014; Zorio-Grima et al., 2018); utilizar os indicadores GRI como referência (ver Alonso-
Almeida et al., 2015; Deus et al., 2016; Sepasi et al., 2019). A Tabela 3 resume as várias indicações
para futuras investigações apresentadas nos artigos analisados.
Ano Autor Futuras Investigações
2001 Coy, Fischer and Gordon Não indicadas.
2011 Nejati, Shafaei, Salamzadeh and
Daraei
Os estudos futuros podem analisar a lealdade das partes
interessadas para com as universidades tendo em conta as práticas
responsáveis. Uma segunda proposta seria relacionar as práticas
socialmente responsáveis com a imagem e desempenho financeiro
das universidades.
2013 Garde Sánchez, Rodríguez Bolívar and
López-Hernández
Uma linha de interesse para estudos futuros seria examinar de
forma mais detalhada os fatores centrais subjacentes à divulgação
17
on-line de informações sobre RS, bem como quantitativamente, e
analisar os modelos ou processos necessários para gerir e canalizar
adequadamente as informações sobre a RS para as partes
interessadas. Essa questão pode ser decisiva tanto na escolha da
universidade pelos estudantes bem como no aumento do prestígio
dessas instituições.
2013 Lange and Kerr Não indicadas.
2013 Rodríguez Bolívar, Sanchez and
Hernandez
Os autores sugerem que se verifique se a palavra sustentabilidade
se espalha no seio das universidades e para isso que se façam
estudos nesse sentido.
2014 Othman and Othman Os estudos futuros poderiam olhar para o desenvolvimento de
instituições num contexto similar - público ou privado - e incluir
amostras maiores para serem estudadas. Uma lacuna existente é
que o que as partes interessadas nem sempre é o que as
universidades relatam. Assim, esta também poderia ser uma via
interessante para investigar.
2014 Wigmore-Álvarez and Ruiz-Lozano Não indicadas.
2014 Lopatta and Jaeschke Não indicadas.
2014 Bisogno, Citro and Tommasetti Os autores sugerem comparar universidades públicas com privadas
e com universidades de outros países, diferentes de Itália. Analisar
a quantidade e qualidade da informação é outra sugestão, através
de uma análise mais detalhada dos documentos.
2015 Yeung Não indicadas.
2015 Alonso-Almeida, Marimon, Casani
and Rodriguez-Pomeda
As investigações futuras devem incluir um maior número de casos.
Em segundo lugar, a qualidade dos dados na base de dados do GRI
é limitada. Em particular, considerando que os relatórios são
fornecidos diretamente pelas universidades sem um controlo
homogéneo do GRI, alguns relatórios universitários podem ter
baixa confiabilidade.
2016 Jimenez, Martinez and Lopez Não indicadas.
2016
Deus, Battistelle and Silva
Devem ser analisados e correlacionados os relatórios e
classificações sustentáveis, por exemplo, usando indicadores GRI
para classificar os relatórios (embora poucas universidades
declarem seguir esses indicadores).
2017 Ntim, Soobaroyen and Broad As investigações futuras podem aferir até que ponto a governação
partilhada pode servir para resolver problemas de desempenho,
confiança e reputação da instituição. Os estudos longitudinais
também seriam úteis, pois caso se replique em vários países a
generalização pode tornar-se possível.
2017 Huerta-Riveros and Gaete-Feres Os autores sugerem fazerem-se investigações comparativas ao
nível temporal entre as instituições.
2018 Ferrero-Ferrero, Fernandez-Izquierdo,
Munoz-Torres and Belles-Colomer
Os estudos futuros devem abordar possíveis interligações entre a
categoria ambiental e económica.
2018 Lopéz and Martin As futuras investigações poderiam incluir novas variáveis como
por exemplo o desempenho no ranking de sustentabilidade, o
prestígio institucional e a saúde financeira da instituição.
2018 Sassen and Azizi No futuro, a estandardização dos relatórios de
sustentabilidade seria desejável. Um benefício importante
desta prática seria a criação de relatórios de sustentabilidade
comparáveis e facilitadores da sua interpretação. Espera-se
que essa estandardização leve a economia de custos, tempo
e mão de obra, bem como uma melhor alocação de recursos.
Um sistema unificado de relatórios também elevaria as
expectativas dos stakeholders, já que as informações
divulgadas naturalmente seriam de interesse para eles. Além
disso, um conjunto de indicadores para a dimensão
18
universitária deve ser desenvolvido e melhor adaptado às
necessidades destas instituições.
2018 Sepasi, Rahdari and Rexhepi Nas investigações futuras pode usar-se uma abordagem de análise
cruzada para avaliar relatórios de sustentabilidade em IES
comparando a relação entre relatórios de sustentabilidade e os
conceitos-chave, como por exemplo a garantia de terceiros, o
desempenho de sustentabilidade, o desempenho económico, a
imagem da universidade, a perceção pública do desempenho de
sustentabilidade e das iniciativas promovidas.
2018 Zorio-Grima, Ana; Sierra-Garcia,
Laura; Garcia-Benau, Maria A.
Os novos estudos poderiam ampliar a amostra com universidades
privadas e analisar a dicotomia público/privado, bem como a
interferência do país no que respeita às estratégias de RS.
2018 Alnodel, Elobaid, Elawady and
Alhdaif
Não indicadas.
2018 Corraza Os futuros estudos devem abordar a generalização das soluções
para as universidades públicas, históricas e de prestígio para tirar
conclusões sobre os impactos das IES sobre a sociedade, o
reconhecimento geral das práticas de relato pelas partes
interessadas das IES e, mais importante uma análise de
correspondência entre os principais recursos das IES e das
ferramentas de relatórios existentes.
2019 Mion, Broglia and Bonfanti As investigações futuras poderiam explorar o compromisso das
universidades com o desenvolvimento sustentável nos documentos
institucionais, tais como: estatutos universitários, documentos
estratégicos, que são dinâmicos ao longo do tempo, a fim de
comparar esses documentos com o desenvolvimento sustentável
com os códigos de ética. Numa segunda etapa poderia comparar-se
com outras universidades e com outros países.
2019 Miotto, López and Rodríguez Os futuros estudos podem passar por repetir a investigação de
cinco em cinco anos e ouvir a opinião de outros especialistas.
2019 Sepasi, Braendle and Rahdari Os estudos futuros podem concentrar-se na avaliação de todo o
processo de relato de sustentabilidade nas IES. Além disso, podem
também examinar os elementos de qualidade dos relatórios de
sustentabilidade das diferentes IES e estudar a razão de existirem
fragilidades em certas categorias nos relatórios de sustentabilidade
e de desempenho, especialmente na educação. Finalmente, os
investigadores podem alargar o espectro nos relatórios de
sustentabilidade desenvolvendo uma estrutura de relatórios de
sustentabilidade apropriada para as IES, mais apropriada do que os
indicadores GRI.
Tabela 3 – Pistas para futuras investigações
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A responsabilidade social trata-se de uma temática cuja investigação tem conhecido uma maior
evolução nas últimas duas décadas, com destaque para organizações pertencentes ao setor privado
e, maioritariamente, com fins lucrativos. Uma corrente mais recente de investigações tem utilizado
como unidade de análise as IES. Este tipo de entidade possui particularidades específicas,
19
nomeadamente o facto de gerarem e difundirem conhecimento e, assim, exercerem um especial
impacto na sociedade como um todo. Assim, as suas responsabilidades são várias, pois não só são
pressionadas a praticar atividades socialmente responsáveis como também formam futuros gestores
que deverão colocar em prática essas atividades no meio empresarial. Por outro lado, a
internacionalização destas entidades leva à procura de novas fontes de financiamento.
Consequentemente, cada vez mais se torna crucial a divulgação das suas atividades. Assim, este
artigo visou realizar uma revisão sistemática da literatura, com um foco particular nas metodologias
adotadas, principais contributos e pistas para investigação futura.
Da análise de 25 artigos, conclui-se que a divulgação da informação ligada à RS é ainda muito
escassa e pouco normalizada neste contexto. Em termos de metodologias e técnicas de recolha e
análise de dados, estas são heterogéneas, apesar de existir um maior foco no método de estudo de
caso (múltiplo ou único) e na técnica de análise de conteúdos. Importa também destacar que mais
de metade dos artigos analisados não faz menção explícita dos contributos teóricos, existindo
especial incidência, em termos práticos, na importância dada à relação com os stakeholders. Assim,
cabe às IES darem resposta às necessidades de informação por parte desses stakeholders .
finalmente, conclui-se que grande parte dos estudos considera necessário dar mais atenção aos
indicadores da Global Reporting Initiative e, nomeadamente, realizar mais estudos neste contexto
com maiores amostras e em diferentes países.
Este artigo possui algumas limitações. Desde logo, esta revisão sistemática da literatura apenas se
focou em três categorias. Por outro lado, a análise de conteúdos não é isenta de possíveis
subjetividades de interpretação. Assim, como investigações futuras sugerimos a replicação deste
estudo num número mais alargado de artigos científicos de outras bases de dados, potencialmente
analisando um número maior de categorias, como por exemplo o tema abordado.
20
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