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1 A dignidade da Pessoa Humana: o Trabalhador no Corte de Cana-de-açúcar. Juliana Vieira Csiszer 1 Maria Izabel Peruci 2 SUMÁRIO: 1.Introdução 2. Histórico 2.1. Chegada da Cana-de-açúcar e Engenhos no Brasil 2.2. Significado para a Economia 3. A dignidade da pessoa humana e princípios constitucionais 3.1. Breve Histórico do Princípios constitucionais trabalhistas no mundo 3.3. Princípios trabalhistas 4. Legislação rural 4.1. Lei n º 5.889/73 4.2. Convenções e Acordos Coletivos 4.3. Contratos de safra 4.3.1 Formas de remuneração e controle de produção 5. DIREITOS SOCIAIS 5.1. Importância do Acesso das Minorias: Cortadores de Cana-de- Açucar 5.2. Eficácia e Acionabilidade 5.3. Participação Estatal através de políticas Públicas 5.4. Medidas para melhores condições de trabalho 6. Conclusão 7. Referência bibliográfica. RESUMO: O presente estudo abordou a dignidade da pessoa humana, em especial a dignidade humana do trabalhador que labora no corte de cana-de-açúcar. Essa abordagem se deu através de pesquisas desde a sua origem, a sua inserção no mundo jurídico, através da declaração universal da ONU, que se tornou diretriz para a elaboração, e a inclusão como princípio nas Constituições por todo o mundo, dando ênfase especial à inclusão como Princípio Constitucional no Brasil. Abordou também, a importância dos princípios Constitucionais e infraconstitucionais trabalhistas, enfocando a inclusão desses princípios nas diferentes Constituições e em diferentes países, em especial no Brasil. Também abordado a importância dos princípios individuais, coletivos, e dos direitos sociais, bem como o acesso das minorias a esses direitos, em especial ao trabalhador que labora no corte de cana-de-açúcar, com objetivo maior que é o de alcançar e exercer plenamente o direito constitucionalizado da dignidade da pessoa humana e visando proteger um bem maior que é o direito a vida. Palavras-chave: Dignidade da Pessoa Humana.Trabalhadores. Cana-de-açúcar. ABSTRACT: This study addressed the human dignity, in particular the dignity of the man who works in cutting sugar cane. This approach was made through researches in its origin, its insertion in the legal world through the universal declaration of the UN, who became a guideline for the development, and inclusion as a principle in the constitutions around the world, giving special emphasis to the inclusion as a constitutional principle in Brazil. It also addressed the importance of the labour constitutional and sub constitutional principles, focusing on the inclusion of these principles in different Constitutions and in different countries, particularly in Brazil. It was also discussed the importance of the individual, collective and social rights as well as the access of the minorities to these rights, particularly the worker who works in cutting sugar cane, whose biggest objective is to achieve and exercise the constitutional right of human dignity and to protect the greater good that is the right to life. Key words: Human dignity. Workers. Sugar cane. 1 Aluna especial do Mestrado Ciências Jurídicas da Faculdade Norte Pioneiro/FUNDINOPI. Especialista em direito empresarial pela PUC/PR. Especialista em Civil e Processo Civil pela UEL. Professora da Faculdade Norte Paranaense – UNINORTE nas disciplinas de direito do trabalho e processo do trabalho. Advogada. 2 Bacharel em Direito pela UNINORTE.

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Page 1: A dignidade da Pessoa Humana: o Trabalhador no Corte de ... · declaração universal da ONU, ... Professora da Faculdade Norte Paranaense – UNINORTE nas disciplinas de direito

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A dignidade da Pessoa Humana: o Trabalhador no Cort e de Cana-de-açúcar.

Juliana Vieira Csiszer1 Maria Izabel Peruci2

SUMÁRIO: 1.Introdução 2. Histórico 2.1. Chegada da Cana-de-açúcar e Engenhos no Brasil 2.2. Significado para a Economia 3. A dignidade da pessoa humana e princípios constitucionais 3.1. Breve Histórico do Princípios constitucionais trabalhistas no mundo 3.3. Princípios trabalhistas 4. Legislação rural 4.1. Lei n º 5.889/73 4.2. Convenções e Acordos Coletivos 4.3. Contratos de safra 4.3.1 Formas de remuneração e controle de produção 5. DIREITOS SOCIAIS 5.1. Importância do Acesso das Minorias: Cortadores de Cana-de-Açucar 5.2. Eficácia e Acionabilidade 5.3. Participação Estatal através de políticas Públicas 5.4. Medidas para melhores condições de trabalho 6. Conclusão 7. Referência bibliográfica.

RESUMO:

O presente estudo abordou a dignidade da pessoa humana, em especial a dignidade humana do trabalhador que labora no corte de cana-de-açúcar. Essa abordagem se deu através de pesquisas desde a sua origem, a sua inserção no mundo jurídico, através da declaração universal da ONU, que se tornou diretriz para a elaboração, e a inclusão como princípio nas Constituições por todo o mundo, dando ênfase especial à inclusão como Princípio Constitucional no Brasil. Abordou também, a importância dos princípios Constitucionais e infraconstitucionais trabalhistas, enfocando a inclusão desses princípios nas diferentes Constituições e em diferentes países, em especial no Brasil. Também abordado a importância dos princípios individuais, coletivos, e dos direitos sociais, bem como o acesso das minorias a esses direitos, em especial ao trabalhador que labora no corte de cana-de-açúcar, com objetivo maior que é o de alcançar e exercer plenamente o direito constitucionalizado da dignidade da pessoa humana e visando proteger um bem maior que é o direito a vida. Palavras-chave: Dignidade da Pessoa Humana.Trabalhadores. Cana-de-açúcar.

ABSTRACT:

This study addressed the human dignity, in particular the dignity of the man who works in cutting sugar cane. This approach was made through researches in its origin, its insertion in the legal world through the universal declaration of the UN, who became a guideline for the development, and inclusion as a principle in the constitutions around the world, giving special emphasis to the inclusion as a constitutional principle in Brazil. It also addressed the importance of the labour constitutional and sub constitutional principles, focusing on the inclusion of these principles in different Constitutions and in different countries, particularly in Brazil. It was also discussed the importance of the individual, collective and social rights as well as the access of the minorities to these rights, particularly the worker who works in cutting sugar cane, whose biggest objective is to achieve and exercise the constitutional right of human dignity and to protect the greater good that is the right to life. Key words: Human dignity. Workers. Sugar cane.

1 Aluna especial do Mestrado Ciências Jurídicas da Faculdade Norte Pioneiro/FUNDINOPI. Especialista em direito empresarial pela PUC/PR. Especialista em Civil e Processo Civil pela UEL. Professora da Faculdade Norte Paranaense – UNINORTE nas disciplinas de direito do trabalho e processo do trabalho. Advogada. 2 Bacharel em Direito pela UNINORTE.

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho enfoca a Dignidade da Pessoa Humana e o Trabalhador no

corte de cana-de-açúcar, partindo dos constantes problemas enfrentados pelos

trabalhadores no corte de cana-de-açúcar, pela falta de uma legislação específica,

haja vista se tratar de um trabalhador rural laborando em condições especiais.

Destaca-se a importância dos princípios constitucionais e princípios trabalhistas,

tendo como princípio norteador a dignidade da pessoa humana, assim como os

direitos individuais, direitos sociais, direitos coletivos e os direitos humanos, dando

enfoque especial ao princípio da igualdade, e frisando a necessidade de igualar os

iguais, e desigualar os desiguais para alcançar a verdadeira justiça social.

2 HISTÓRICO

A cana-de-açúcar é um dos produtos de cultivo mais antigo, o cultivo no

Brasil se deu por volta de 1532, através de Martim Afonso de Souza na Capitania de

São Vicente, onde também construiu o primeiro engenho de cana-de-açúcar com o

nome de São Jorge dos Erasmos (OLIVEIRA, 2007).

No Brasil colônia o trabalho que era executado através dos escravos, hoje é

executado por trabalhadores sem nenhum preparo técnico para exercer outro

trabalho, a diferença essencial entre eles é que o negro era considerado como mero

instrumento de trabalho, assim como a mula e a enxada, portanto os escravos não

tinham direito a dignidade da pessoa humana.

2.2 SIGNIFICADO PARA A ECONOMIA

A cana-de-açúcar foi a primeira atividade econômica que efetivou a

colonização brasileira, sendo responsável pelo envio de grandes riquezas para

Portugal, e ainda é considerada um importante gerador de riquezas e responsável

pela geração de milhares de postos de trabalho diretos e indiretos.

3 A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

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Princípio norteador dos princípios Constitucionais, a dignidade da pessoa

humana, foi tratada de modo especial pelo constituinte originário de 1988, em seu

artigo 1°, inciso III, por entender tratar-se de um princípio constitucional de

importância ímpar.

A dignidade da pessoa humana já era discutida muito antes de seu

reconhecimento no mundo jurídico, basta estudar o antigo e o novo testamento, para

descobrir que o homem já era tratado como imagem e semelhança de Deus.

Para os filósofos estóicos a dignidade humana era o que distinguia o ser

humano de outras criaturas, como descreve SARLET (2008, p.30) seguindo os

ensinamentos de COMPARATO:

(...) a dignidade era tida como qualidade que, inerente ao ser humano, o distinguia das demais criaturas, no sentido de que todos os seres humanos são dotados da mesma dignidade, noção esta que se encontra, por sua vez, intimamente ligada à noção da liberdade pessoal de cada indivíduo.

São Tomás de Aquino seguia também o pensamento estóico e cristão, e já

usava a expressão ”dignitas humana”, e segundo HERDEGEN apud SARLET (2008,

p.32), para são Tomás de Aquino: “a dignidade encontra seu fundamento na

circunstância de que o ser humano foi feito a imagem e semelhança de Deus, mas

também radica na capacidade de autodeterminação inerente à natureza humana”.

Observa-se que a dignidade da pessoa humana tem sido objeto de

discussão por séculos, KANT apud SARLET (2008, p.33) sabiamente sustentava

que “o ser humano não pode ser tratado, nem por ele próprio como objeto”. ainda

dizia que “no reino dos fins tudo tem um preço ou uma dignidade”, a dignidade esta

acima de qualquer preço, e portanto, jamais poderá ser comercializada.

A importância de um trabalho em condições dignas garante o exercício dos

direitos fundamentais, assim como obrigar um ser humano a um trabalho em

condições insalubres ou degradantes fere a dignidade da pessoa humana.

Os direitos humanos se fundam na dignidade da pessoa humana, ou

conforme BARZOTTO (2007, p. 21):

Conceituam-se direitos humanos como reconhecimento de direito à pessoa enquanto pessoa, derivados da dignidade própria da condição humana. Direitos humanos dos trabalhadores, por conseqüência, são fundados na dignidade da pessoa humana nas suas dimensões jurídicas, políticas e econômicas.

A Declaração Universal da ONU de 1948 já se preocupava com a dignidade

da pessoa humana, e inseriu em seu texto no art. 1º “todos os seres humanos

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nascem livres, e iguais em dignidade e direitos. Dotados de razão e consciência,

devem agir uns para com os outros em espírito e fraternidade”.

A dignidade da pessoa humana, embora amplamente discutida durante

anos, somente foi reconhecida como princípio constitucional, no mundo inteiro a

partir da Declaração Universal de 1948.

POMBO (2007, p.40) diz:

Somente com o fim da Segunda Guerra Mundial que os Estados e os organismos internacionais atentaram para a necessidade de incorporar em suas legislações princípios que defendessem a condição humana, em sua forma mais simples. Este novo princípio defenderia o direito a todos os seres humanos a serem respeitados como tal, sem distinção. Proibia o uso de seres humanos como animais e condenava o genocídio. Em seus primórdios, o princípio da dignidade da pessoa humana defendia apenas o tratamento digno e humanitário a todos os seres humanos.

E, não ocorreu por acaso, o que motivou essa ocorrência foi o final da

segunda guerra, e o horror revelado por ela, conforme descreve BARCELOS (2002,

p.107-108):

(...) O último momento especialmente marcante no percurso histórico da noção de dignidade da pessoa humana é também o mais chocante. A revelação dos horrores da Segunda Guerra Mundial transformou completamente as convicções que até ali tinham como pacíficas e “universais”. A terrível facilidade com que milhares de pessoas – não apenas alemãs, diga-se, mas de diversas nacionalidades européias – abraçaram a idéia de que o extermínio puro e simples de seres humanos podia consistir em uma política de governo válida ainda choca.

A partir desse momento, e gradativamente alguns países assim como o

Brasil, consagram de forma expressa em seu texto constitucional o princípio da

dignidade da pessoa humana, embora nem todos os Países tenham aderido, já é

bastante expressivo o número de adeptos.

Além da dignidade da pessoa humana, o ordenamento jurídico está pautado

em princípios constitucionais, e também alguns princípios infraconstitucionais, dentre

esses princípios temos alguns de suma importância, que são os que regem os

direitos que visam a proteção do indivíduo enquanto trabalhador, que seriam os

direitos fundamentais na relação de trabalho, que também se fundam na dignidade

da pessoa humana, ou segundo POMBO (2007, p.41):

(...) a proteção do princípio da dignidade da pessoa humana vai muito além da sua menção como princípio inserto nas relações de trabalho e como direito do trabalhador legalmente regulamentado e protegido. Trata-se de um princípio que visa proteger bem imaterial de todo o ser humano, inerente à Sociedade democrática de direito (...).

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Baseado então na dignidade da pessoa humana os princípios trabalhistas

tem força normativa e aplicabilidade, independente de existência de legislação

específica.

3.1 BREVE HISTÓRICO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRABALHISTAS NO MUNDO

As primeiras constituições, visando garantir os direitos econômicos e

sociais foi a Constituição dos Estados Unidos Mexicanos em 31 de janeiro de 1917,

a segunda foi a Constituição de Weimar, de 11 de agosto de 1919. Estas

Constituições eram chamadas de Constituição Econômica, a de Weimer mereceu

por parte dos doutrinados especial atenção.

Com Hitler no poder a Constituição de Weimar deixou de ter sua

aplicabilidade, e em 23 de maio de 1949 é promulgada a lei fundamental da

Alemanha, trazendo de direitos a seus cidadãos, concretizando a idéia do Estado de

direito social.

Dentre os constitucionais podemos enumerar BELTRAN (2002, p. 82):

(...) os de que o direito à dignidade do homem é inviolável; que a proteção dos direitos fundamentais é uma conseqüência essencial da legitimidade do sistema político; o direito a liberdade, com garantia do direito à vida e à integridade física; assegurado o direito a igualdade de todos os homens; a garantia do direito de propriedade e a proteção familiar.

Outra Constituição que merece destaque é a Constituição da Espanha

promulgada em 27 de dezembro de 1978, que possibilita ao Parlamento legislar

referente matéria trabalhista. Assim como a Alemanha, a Constituição Espanhola

tem características de um Estado Social, conforme discorre VALVERDE;

GUTIÉREEZ; MURCIA apud BELTRAN (2002, p.84):

Todo o conjunto de normas constitucionais do trabalho têm como fonte de inspiração a idéia de “Estado social”, invocada expressamente no art. 1.1 da Constituição. De todas as formas, os princípios jurídicos-laborais da Constituição não figuram somente nas normas da Lei suprema que respondem aos postulados do “Estado social”. Tais normas constituem a inspiração específica mas não exclusiva do ordenamento laboral; a chamada “Constituição Econômica” – regulação constitucional das bases do sistema econômico – influi também poderosamente na configuração deste ramo do Direito.

Na Argentina a Constituição que deu origem ao Constitucionalismo social foi

a de 1949, ocorrendo reforma em 1994, no Chile os primeiros direitos

Constitucionais do trabalho só vieram em 1971.

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No Brasil, não aconteceu diferente do que estava ocorrendo naquele

momento, histórico, ou seja, a Constituição de 1824, não cuidou das questões

relacionadas com o direito do trabalho.

Com a Proclamação da República em 1889, também não houve avanços

quanto aos direitos dos trabalhadores.

A constituição de 1934 na tentativa de conciliar as influências recebidas pela

constituição de Weimar e dos Estados Unidos, trouxe em seu texto Constitucional a

previsão e instituição da Justiça do Trabalho, o salário mínimo, o princípio da

pluralidade sindical e a autonomia sindical, mas essa autonomia era relativa.

Já a Constituição de 1937, em seu art. 135 elencava a proteção do Estado

ao indivíduo, com condições de trabalho favoráveis e garantindo a esses indivíduos

meios de defesa, essa Constituição serviu inclusive como referência para as

posteriores.

Para BELTRAN (2002, P.112), a Constituição de 1946 é “o melhor dos

estatutos fundamentais brasileiros”, e continua dizendo:

(...) do ponto de vista das relações sociais, nada ficava a dever às mais avançadas do mundo, embora muitos de seus preceitos tivessem permanecido no campo das normas programáticas. Definiu o trabalho como obrigação social; o direito de greve foi reconhecido, embora sujeito a regulamentação por lei ordinária; dispôs que o salário noturno fosse superior ao diurno; instituiu o seguro contra acidentes do trabalho não estatal, com custeio pelo empregador; a assistência aos desempregados; a participação nos lucros da empresa; a incorporação da Justiça do Trabalho ao Poder Judiciário; o poder normativo em dissídios coletivos.

Embora a Constituição Federal de 1967, tenha suprimido vários direitos, foi a

Emenda Constitucional de 1969, que estabeleceu segundo MALTA, (2002),

valorização do trabalho como condição da dignidade humana”. Os direitos

suprimidos somente foram recuperados com a Assembléia Constituinte de 1988,

com a promulgação da Constituição Cidadã.

Entre os diversos dispositivos distribuídos por toda nossa CF/88, ressalta-se

alguns de extrema importância como o art. 5º que visa a proteção individual, o artigo

6º que discorre os direitos sociais, e o art. 7º caput e seus trinta e quatro incisos,

que traz elencados os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, assim também

como o art. 10º do Atos das disposições Constitucionais Transitórias, dentre os

dispositivos mais importantes BELTRAN (2002, p.114), destaca:

(...) campo de aplicação, proteção e extinção do contrato, salário, participação do empregado no lucro e na gestão da empresa, duração do trabalho, férias, segurança e medicina do trabalho, vedação da discriminação, proteção à maternidade e à paternidade, trabalho da mulher,

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trabalho do menor, proteção contra a automação, reconhecimento de convenções e acordos coletivos, prescrição, etc.

A proteção do trabalhador é uma preocupação mundial, e foi pensando

nessa proteção globalizada que em 1919, foi criada a organização Internacional do

Trabalho - OIT, que através de suas Convenções tem procurado aperfeiçoar seus

dispositivos visando o indivíduo trabalhador. Em 1998 essas convenções passaram

a chamar Convenções Fundamentais do Trabalho.

O respeito aos princípios constitucionais que visam a proteção do

trabalhador convém ressaltar, o tratamento igualitário entre os indivíduos é uma das

prioridades para alcançar a justiça social, para atingir essa igualdade se faz

necessário igualar os iguais e desigualar os desiguais, pois tratar os igualmente os

desiguais seria aumentar a desigualdade existente.

MELLO apud BREUS (2007, p.175), discorre sobre o princípio da igualdade:

O princípio da igualdade interdita tratamento desuniforme às pessoas. Sem embargo, consoante se observou, o próprio da lei, sua função precípua, reside exata e precisamente em dispensar tratamentos desiguais. Isto é, as normas legais nada mais fazem que discriminar situações, à moda que as pessoas compreendidas em umas ou em outras vêm a ser colhidas por regimes diferentes. Donde, a algumas são deferidos determinados direitos e obrigações que não assistem a outras, por abrigadas em diversa categoria, regulada por diferente plexo de obrigações e direitos.

Outro importante princípio constitucional é a liberdade, que deve ser

observada em todos os âmbitos da vida do indivíduo, inclusive no que diz respeito a

liberdade associativa, inclusive liberdade para participar das negociações coletivas.

3.3 PRINCÍPIOS TRABALHISTAS

Ressalta-se que o Princípio da Proteção Tutelar testifica outro princípio

constitucional, o disposto no art. 5º, inciso XXXVI – a lei não prejudicará o direito

adquirido.

Princípio da Inalterabilidade contratual lesiva: Com origem externa ao ramo

justrabalhista, sua origem se deu no Direito Civil, na inalterabilidade dos contratos.

Durante o período de contrato de trabalho, é permitido ao empregador

promover pequenas mudanças no contrato, mas somente serão válidas se não

causar prejuízos aos empregados, de devem bilaterais, essas garantias estão

inseridas na CF/88, bem como na Consolidação Leis do Trabalho (CLT) art. 468.

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DELGADO (2008, p.203) diz: “As obrigações trabalhistas empresariais

preservam-se intocadas ainda que a atividade econômica tenha sofrido revezes

efetivo em virtude de fatos externos a atuação dos empregados”.

A preservação da não alteração lesiva é um princípio que advém da

dignidade da pessoa humana, princípio basilar, da República Federativa do Brasil.

Princípio da Irrenunciabilidade: Também conhecido como princípio da

indisponibilidade de direitos, visa minimizar a pressão do empregado sofrida pelo

empregador para abrir mão de direitos, normatizados através de legislação,

CCT/ACT, e outros direitos conquistados com o esforço de seu trabalho.

Segundo Moraes (2008, p. 107):

O trabalhador não pode dispor através de renúncia, dos direitos oriundos da relação do trabalho subordinado, ainda que de caráter privado e patrimonial, em razão do conteúdo e da finalidade das regras jurídicas determinantes da Intervenção do Estado no ordenamento trabalhista, de sorte que a renúncia de direitos oriundas da relação de emprego pode ser eivada de nulidade absolutas ou relativa (...).

Dessa forma, o empregado não poderá renunciar voluntariamente a um

direito trabalhista, considerado como uma garantia constitucional diante do colário

de direitos inseridos do artigo 6º, da Constituição Federal de 1988 (CF/88).

Para DELGADO (2008, p. 211): “O princípio da continuidade da relação de

emprego confere suporte teórico a um importante instituto justrabalhista: a sucessão

de empregadores regulada pelos arts. 10 e 448 da CLT”.

Quando o trabalho é no corte de cana-de-açúcar, o que está no contrato, os

dispositivos legais, como leis, CLT, CCT/ACT, nem sempre corresponde com a

realidade, por isso tem que ser respeitada a particularidade de cada trabalho

CUNHA (1997, p.33), define bem o princípio da primazia da realidade: “São

também princípios do direito do trabalho, o princípio da primazia da realidade, no

sentido de havendo divergências entre o que ocorre na prática e o que consta nos

documentos, prevalecerão sempre os fatos”

Com base nos princípio, os julgadores praticam a verdadeira justiça, social,

e trabalhista, priorizando os fatos que realmente ocorrem.

4 LEGISLAÇÃO RURAL

Para analisar a legislação rural, faz-se mister um verdadeiro diálogo das

fontes. A CF/88, no art. 7º caput, assegura os mesmos direitos aos trabalhadores

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urbanos e rurais. Também encontramos outros dispositivos que trata do trabalho

rural, como a CLT, Leis, decretos, jurisprudências, enunciados, súmulas, etc. Mas,

só se encontram vigentes as legislações que estão em consonância com a nova

ordem constitucional inseridas na Constituição cidadã.

A Legislação Trabalhista brasileira, embora tenha dispositivos próprios que

diferem em alguns pontos do trabalhador urbano, não faz nenhuma diferenciação

exigindo que todos os trabalhadores sejam registrados em Carteira de Trabalho e

Previdência Social - CTPS, garantindo-lhe todos os direitos trabalhistas da relação

emprego.

Outro importante aliado do trabalhador rural em sua luta por melhores

condições de trabalho são os sindicatos da categoria, que agindo de modo atuante e

consciente conseguem incluir em suas CCTs ou ACTs, quando das negociações

coletivas, cláusulas sociais de forma a garantir condições dignas de trabalho.

4.1 LEI N º 5.889/73

Em 08 de junho de 1973 foi promulgada a Lei nº 5.889/73, que revogou o

Estatuto do Trabalhador de 1963, e, prevê a aplicabilidade de forma subsidiária, as

normas da CLT ao trabalhador Rural nas normas que com ela não coincidir, e a

definição de empregado rural e também trouxe expresso em seu texto, a definição

de empregador rural e a quem ele se equipara. Importante lembrar que segundo a

Lei não importa a condição do empregador, se pessoa física ou jurídica, conforme

explica VALERIANO (2003, p.29):

Ao contrário do empregado a pessoa jurídica pode ser empregadora, qualquer que seja a sua forma de constituição: limitada, sociedade anônima, sociedade em nome coletivo, desde que atenda também os outros requisitos para sua tipificação como empregadora rural.

Oportuno se torna dizer que, não importa se isso será feito diretamente pelo

empregador ou através de preposto, ou conforme diz VALERIANO (2003, p.30):

O empregador é aquele que explora a atividade agro-econômica que assume o risco do empreendimento e o preposto é aquele que dirige o negócio o serviço por delegação da pessoa competente, é o representante ou delegado. Assim o empregador poderá explorar diretamente a atividade agro-econômica ou fazê-la através de preposto. Esta última condição não retira do empregador a sua condição de empregador, desde que o preposto aja em nome daquele.

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Outro ponto importante, e que difere do trabalhador urbano, é quanto aos

horários destinados a repouso e alimentação e os horários, o inicio e termino do

horário noturno rural e o percentual aplicado.

Dentre outras coisas prevista na Lei, faz-se mister a questão da moradia e

alimentação e a previsão do valor máximo permitido para o desconto, essa previsão

visa coibir o empregador de efetuar descontos abusivos que inviabilize o trabalho.

Outra característica, trata-se da previsão de contratos distintos, como o

contrato de safra, o enquadramento sindical e o seguro social contra acidente do

trabalho rurais.

4.2 CONVENÇÕES E ACORDOS COLETIVOS

A CF/88 reconhece os Sindicatos como representantes de categorias, e

como tal aptos a exercer essa representatividade através Convenções Coletivas de

Trabalho/Acordos Coletivos de Trabalho, que são instrumentos normativos firmados

entre dois sindicatos, um que representa os empregados e outro que representa os

empregadores, ou no caso de Acordos Coletivos entre o sindicato dos empregados

e uma ou mais empresas, esses instrumentos são firmados visando ajustes nas

normas que irão atingir toda a categoria, por isso mesmo ela somente poderá ser

realizada após prévia Assembléia-geral, especialmente convocada para isso.

Essas relações coletivas não podem ser tratadas de forma individual, pois o

que se busca é resolver o problema de interesse coletivo de uma categoria e não o

problema individual, como diz NASCIMENTO (2008, p.1126):

As relações coletivas são autocompositivas dos conflitos entre grupos, portanto uma forma de solução dos conflitos coletivos, enquanto as relações individuais não tem como fim resolver conflitos porque vão buscar nas normas estatais e coletivas os critérios de solução.

As CCTs/ACTs são instrumentos legítimos de composição para dirimir

conflitos da categoria, sempre que possível sem a intervenção Estatal, de forma a

garantir que os direitos sociais sejam respeitados.

4.3 CONTRATOS DE SAFRA

Bastante usado para a contratação de empregados para laborarem no corte

de cana-de-açúcar, o contrato de safra, atualmente regulado pela Lei nº 5.889/73,

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cuja duração depende de variações estacionais das atividades agrárias, trata-se de

um contrato determinado destinado as atividades executadas no período

compreendido entre o preparo do solo para o cultivo e a colheita, e ao final deste

contrato os direitos dos empregados estão garantidos, bem como em caso de

rescisão antecipada.

GIORDANI; MARTINS; VIDOTTI (1998, p. 96), descrevem o contato de

safra da seguinte forma:

O conceito de safra comporta certa elasticidade à medida que não seria razoável atribuir-se a interpretação de que a safra necessariamente deva compreender o lapso temporal desde o início da preparação da terra até o término da colheita, como seria de se imaginar numa leitura apressada e desatenta da norma.

Admitido tanto na agropecuária como na agroindústria, uma de suas

características, e que não tem necessidade de esperar seis meses após o término

de contrato, para que possa ser firmado outro contrato.

VALERIANO (2003, p.139), diz:

Como o contrato de safra está vinculado aos elementos da natureza, não é possível precisar o dia exato de seu término, mesmo o início pode depender de acontecimentos naturais. Mas embora a duração do contrato de safra seja dependente de acontecimento da natureza, pode-se fixar a data aproximada de seu termo. No caso de rescisão antecipada deste tipo de contrato, a fixação aproximada de seu termo final torna-se necessária, para fixar a indenização devida.

Ocorrendo atraso no término da colheita do produto, esse contrato pode ser

prorrogado, desde que uma única vez, conforme previsão legal CLT art. 451, no

entanto, se ocorrer mais de uma prorrogação esse contrato passa a vigorar como

contrato indeterminado.

Ao término da safra, os pagamentos serão efetuados da mesma forma que

os contratos por prazo determinado, ou seja, deverá ser remunerada as férias

correspondente a 1/12 (um doze avos) por mês laborado ou fração superior a 14

(quatorze) dias, acrescido de 1/3 (um terço), bem como o 13º salário correspondente

a 1/12 (um doze avos), por mês laborado ou fração superior a 14 (quatorze) dias.

4.4.1 Formas de remuneração e controle de produção

No trabalho executado no contrato de safra o pagamento se dá normalmente

através da produção alcançada, mesmo havendo um salário base que será usado

como parâmetro para estipular a produção que deverá se alcançada, e recebe-se o

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piso da categoria os que alcançarem o mínimo estipulado para essa produção, esse

salário normalmente é definido em Convenção Coletiva de Trabalho, e o valor pode

variar conforme a condição da cana-de-açúcar.

Para o cálculo do descanso semanal remunerado, deve-se observar a

produção alcançada, e esse pagamento deverá ser destacado no momento do

pagamento.

Embora o trabalho efetuado seja através de produção, tem que se observar

o limite máximo de jornada, bem como a forma de controle de produção, no trabalho

com corte de cana-de-açúcar geralmente recebem sua remuneração por metragem

tonelada de cana cortada, através da medição chega-se a quantidade que cada um

cortou3.

5 DIREITOS SOCIAIS

A base dos direitos sociais é a dignidade da pessoa humana, os direitos

sociais, tem sua previsão Constitucional no art. 6º da CF/88, tantos os direitos

sociais como os direitos coletivos, estão ressalvados em vários outros artigos de

nossa Constituição Federal.

Esses direitos são direcionados para a coletividade, ou como descreve

BONAVIDES apud POMBO (2007, p.34):

Os direitos sociais fizeram nascer a consciência de que tão importante quanto salvaguardar o indivíduo, conforme ocorreria na concepção clássica dos direitos da liberdade, era proteger a instituição, uma realidade social muito mais rica e aberta à participação criativa e à valoração da personalidade que o quadro tradicional da solidão individualista, onde se formara o culto liberal do homem abstrato e insulado, sem a densidade dos valores existenciais, aqueles que unicamente o social proporciona em toda a sua plenitude. Descobria-se assim um novo conteúdo dos direitos fundamentais: as garantias institucionais.

Convém ressaltar, que os direitos sociais somente podem ser exercidos a

partir do exercício da cidadania nas sociedades modernas, e da conseqüente

obrigação imposta ao Estado para garantir os direitos aos cidadãos. Sobre isso

discorre MARTINS (2008, p. 63):

Os direitos sociais compreendem prestação do Estado ou exigências de atividade do Estado. Têm por objetivo proteger o economicamente fraco, o

3 Estes metros lineares de cana, multiplicados pelo valor da cana pesada pela usina, dá o valor do dia de trabalho no corte de cana para cada trabalhador. Estima-se que para cortar 6 Toneladas de cana num dia, considerando uma cana de primeiro corte, de crescimento ereto, que o comprimento do eito é de aproximadamente 200 metros. (Alves, 2008).

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trabalhador. Estabelecem direitos para o trabalhador e garantias para que haja a efetivação desses direitos.

Embora os direitos sociais estejam relacionados com a coletividade, para

que esses direitos sejam alcançados também deve ser observado o direito do

individual, principalmente ao que tange o direito da igualdade, previsto no art. 5º da

CF/88.

A participação do estado através de ações afirmativas para garantir a

igualdade é de extrema importância conforme discorre POMBO (2007, p.58): “Tais

ações afirmativas significam a exigência de favorecimento de algumas minorias

socialmente inferiorizadas por preconceitos arraigados culturalmente, que precisam

ser superados para atingir a eficácia da igualdade”.

Com a Emenda Constitucional nº 45, que incluiu no art. 5º, o parágrafo 3º, os

tratados e convenções internacionais que tratem de matéria de direitos humanos e

que forem ratificadas pelo Brasil, passam a vigorar como garantia fundamental.

Essa previsão significa uma grande conquista para as garantias

fundamentais, sobre isso discorre PIOVESAN (2008, p.58):

A constituição de 1988 recepciona os direitos enunciados em tratados internacionais de que o Brasil é parte, conferindo-lhes natureza de norma constitucional. Isto é, os direitos constantes nos tratados internacionais integram e complementam o catálogo de direitos constitucionalmente previsto, o que significa entender a esses direitos o regime constitucional conferido aos demais direitos e garantias constitucionais.

A importância desses acontecimentos, são assim descritos por BARZOTTO

(2007, p.34): “Os direitos humanos dos trabalhadores, como conjunto de direitos

individuais e sociais, podem ser resumidos numa constante luta pela liberdade e

igualdade, que se expressam nas gerações de direitos humanos”.

Os direitos sociais,compreendem um conjunto de direitos coletivos e

individuais constitucionalizados com o intuito de proteção ao menos favorecido, para

alcançar a justiça social.

5.1 IMPORTÂNCIA DO ACESSO DAS MINORIAS: CORTADORES DE CANA-DE-AÇÚCAR

O artigo 5º da CF/88, atribuiu o direito de igualdade a todos os cidadãos,

como forma de implementar os objetivos da República Federativa do Brasil, e

através das garantias fundamentais assegurar os direitos dos indivíduos a pela

efetivação e utilização desses direitos e garantias fundamentais, indispensáveis para

alcançar uma vida digna.

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E para a efetivação dos direitos atribuídos pelo poder constituinte, faz-se

mister a inclusão dos chamados “excluídos”. Uma grande parcela destes “excluídos”,

recorem ao trabalho nos canaviais brasileiros como forma de garantir a sua

subsistência própria e de seus familiares.

Estes trabalhadores laboram quase sempre em condições precárias, o que

levou a anistia Internacional a destacar essas condições em seu relatório anual,

conforme relata LEITE (2008): ”A anistia Internacional, organização que investiga a

situação dos direito humanos em 150 países, criticou a situação dos trabalhadores

nas plantações de cana-de-açúcar no Brasil, que são ‘explorados e submetidos a

trabalhos forçados’”.

Além de doenças atribuídas às queimadas, outro importante ponto que deve

ser observado, no que diz respeito à saúde dos trabalhadores no corte de cana-de-

açúcar, é o pagamento por produção, já criticada por Adam Smith, e posteriormente

por Karl Marx, a carga laboral, condições de trabalho e segurança no trabalho.

Por ter atrelado o seu salário a produção, o trabalhador se obriga a um ritmo

forçado de trabalho, no entanto, este trabalhador normalmente não acompanha a

“pesagem” e por isso não tem controle da própria produção.

Segundo ZAFALON (2008), a pesquisadora Maria Aparecida de Moraes

Silva, docente da Universidade Estadual Paulista diz que: “a busca por maior

produtividade obriga os cortadores de cana a colher até 15 toneladas por dia. Esse

esforço físico encurta o ciclo de trabalho na atividade”,

Para auferir um salário superior ao piso da categoria, cortadores de cana-de-

açúcar se submetem a uma extensa rotina de trabalho aliada a uma alimentação

ruim, o que irá causar-lhes doenças e em muitos casos a morte.

OLIVEIRA (2002, p.157), fala da responsabilidade do empregador para com

o empregado, de preservar seu bem estar:

Não se pode separar a força de trabalho da pessoa do trabalhador, tanto que um dos pressupostos para a caracterização da relação de emprego é exatamente a pessoalidade. Logo, aquele que contrata o trabalho tem o dever de preservar a integridade do trabalhador no mais amplo sentido, ou seja, o seu completo bem-estar físico, mental e social.

Algumas usinas disponibilizam bebidas isotônicas para os cortadores de

cana-de-açúcar, como forma de evitar câimbras, e garantir maior produtividade, mas

nem sempre estes recursos são utilizados, em função da distância.

Os problemas de saúde causados aos cortadores de cana-de-açúcar, ainda

não recebem o devido cuidado por parte dos legisladores. Oliveira (2002, p.144),

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escreve sobre a falta de legislação que acompanhe as mudanças sociais, “A

melhora da legislação não está sendo acompanhada pela mudança do

comportamento social, acentuando o descompasso entre a conduta prescrita na

norma e a realidade dos ambientes de trabalho”.

Uma das previsões legais que deve ser observada, é a que diz respeito ao

fornecimento de EPIs. Embora seja uma obrigatoriedade, nem sempre os

equipamentos são fornecidos, e quando o são nem sempre é na quantidade

necessária, obrigando os trabalhadores utilizar equipamentos deteriorados ou

improvisados.

Quando o equipamento de proteção é fornecido pelo empregador, ele

realmente não se preocupa se está fora dos padrões realmente necessários, apenas

exige que os empregados façam uso de equipamentos, para eles o que importa é

estarem cumprindo com uma exigência legal e com isso ficam isentos de qualquer

autuação pelo Ministério Público.

Nos últimos anos, tem sido discutida a colheita por mecanização como forma

de diminuir os riscos ambientais, pois não seria necessária a queima, bem como

retirar a mão-de-obra humana dos canaviais.

No entanto, para que isso ocorra se faz necessário passar por um período

de adaptação, conforme relata (NADAL, 2008):

(...) colheita da cana-de-açúcar mecanizada, no entanto, exige algumas condições específicas para apresentar os resultados desejáveis: solo plano, sem falhas, redimensionamento das áreas de plantio, inclusive com espaçamento adequado entre as fileiras, plantio mais raso e um crescimento ereto da cana, sem tombamentos.

Portanto, não é substituir o homem pela máquina, mas proporcionar a ele

condições de exercer seu trabalho com dignidade, portanto, conceito de exclusão,

portanto, é inseparável do conceito de cidadania.

5.2 EFICÁCIA E ACIONABILIDADE

O ordenamento jurídico está pautado em princípios, direitos e garantias

constitucionais, algumas destas garantias tem eficácia plena como descreve SILVA

(2008, p.171):

As normas constitucionais de eficácia plena regulam diretamente situações, comportamento e interesses. Impõe, por si, uma ação ou uma omissão. Sendo de aplicabilidade imediata, oferecem todos os elementos necessários à realização ou vedação dos interesses e situações nelas previstos. Geram,

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quase sempre, direitos subjetivos para os indivíduos ou entidades a que conferem uma situação subjetiva de vantagem.

A aplicabilidade e eficácia dos Direitos Sociais é ressaltado por SOUZA

NETO; SARMENTO (2008, p.343):

(...) importante que, em estrito cumprimento das disposições constitucionais, tais direitos sejam concretizados. A tarefa do legislador, nesse ponto, é de máxima relevância, na medida em que, através da atividade legiferante, os direitos sociais constitucionalmente previstos poderão atingir o nível de densidade normativa necessário para que possam de fato, gerar direitos subjetivos para os cidadãos.

Para SARLET, apud SOUZA NETO; SARMENTO (2008, p.353) a

aplicabilidade deverá ser observada no caso concreto. “(...) o alcance de tal proteção

somente se verificará de acordo com a especificidade do caso concreto, mediante a

ponderação dos bens e interesses jurídicos envolvidos observados, para tanto, a

proporcionalidade”.

SOUZA NETO; SARMENTO (2008, p. 367), discorrem também sobre a

proibição do retrocesso:

O princípio da proibição de retrocesso veda ao legislador subtrair da norma Contitucional definidora de direitos sociais o grau de concretização já alcançado, prejudicando a sua exeqüidade. Vale dizer, haverá retrocesso social quando o legislador, comissiva e arbitrariarmente, retornar a um estado correlato a uma primitiva omissão inconstitucional ou reduzir o grau de concretização de uma norma definidora de direito social.

Para OLIVEIRA (2002, p.145), a forma cabível para o cumprimento das

normas é através de reivindicações através do judiciário, como segue:

O direito torna-se mais respeitado quando os seus destinatários exigem a sua proteção, invocam a sua tutela. A efetividade será maior quanto mais o cidadão, o trabalhador ou o sindicato reivindicarem o cumprimento dos dispositivos legais que garantem a saúde no trabalho. Aliás, o pequeno progresso nesta área, conseguido nos últimos anos, decorre do maior volume de ações ajuizadas para exigir a reparação dos danos causados. A condenação judicial, além de conceder à vitima a indenização cabíbel, produz um importante efeito pedagógico de inibir os infratores potenciais, incentivando, por conseqüência, o cumprimento espontâneo das normas de proteção à saúde do trabalhador.

Dentro do direito coletivo, é de extrema importância a efetividade dos direitos

implementados nas convenções coletivas, como instrumento único para a defesa de

seus direitos e resguardados por cláusulas sociais, visando melhores condições de

trabalho.

Para DELGADO (2003, p.27-28), a CCT/ACT, não pode suplantar os direitos

já legislados, como segue:

Através da negociação coletiva, não pode romper com o núcleo basilar de princípios do Direito do trabalho e com o patamar civilizatório mínimo fixado

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pela ordem jurídica estatal, havendo limites a serem respeitados para que seja preservada a harmonia entre os planos juscoletivos jusindividuais do Direito do Trabalho .

de direitos aos empregados, e desde logo tem que ser tratados como norma,

e ter sua eficácia respeitada.

O cidadão e o ministério público, quando necessário deve exigir a efetivação

dos direitos e garantias fundamentais, através de decisões judiciais pautadas dentro

dos parâmetros de justiça e pela busca da dignidade da pessoa humana.

5.3 PARTICIPAÇÃO ESTATAL ATRAVÉS DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Para a real implementação dos direitos sociais, é necessário a participação

efetiva do Estado, e está se concretiza através de políticas públicas voltadas as

necessidades dos cidadãos, que nem sempre são as mesmas, mas cabe ao poder

estatal, conhecer as necessidades de seu território, para a minoria “excluída” seja

alcançada, e é essencial que as políticas públicas sejam elaboradas para atender os

direitos sociais, para que a dignidade da pessoa humana seja alcançada. Em muitos

casos o programa governamental tem que ser voltadas para uma classe específica,

ou para uma região determinada, conforme ressalta MORAIS (2003, p.138):

De acordo com o que estabelece o texto constitucional da Lei maior, a configuração de nosso Estado Democrático de Direito tem por fundamentos a dignidade social e regionais, com o propósito de reduzir os desequilibrios entre as regiões do País, buscando melhorar a qualidade de vida de todos os que aqui vivem.

Em linhas gerais as políticas públicas são criadas para atingir um objetivo

específico, conforme exemplifica BUCCI (2006, p.136):

(...) políticas públicas são concretizações específicas de normas políticas, focadas em determinados objetivos concretos. A norma política é o início de uma política porque ela já anunciará o quê, como e para quê fazer. Política pública usa os instrumentos jurídicos para finalidades políticas, isto é, toma os preceitos normativos para a realização de ações voltadas àqueles objetivos que se reconhecem como necessários para a construção do bem-estar.

Oportuno se torna dizer que, muitos dos problemas causados ao trabalhador

estão diretamente ligados à saúde no ambiente do trabalho, causado por um

ambiente insalubre.

O Ministério da Saúde divide a insalubridade em três blocos, conforme

SALIBA; CORRÊA (2000, p.11): “a) agentes físicos: ruídos, calor, radiações, frio,

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vibrações e umidade; b) agentes químicos: poeiras, gazes e vapores, névoas e

fumos; c) agentes biológicos: microorganismos, vírus e bactérias.”

No entanto, como analisado anteriormente as mudanças não alcançam

todas as classes de trabalhadores. Temos como exemplo os empregados que

laboram no corte de cana-de-açúcar, e que não estão abrangidos pelo adicional de

insalubridade.

Mas não é apenas a insalubridade que é ignorada no ambiente dos

cortadores de cana-de-açúcar. Estes trabalhadores, laboram por produção e com

movimentos repetitivos, dos braços, pernas e troncos, portanto também deveriam

estar protegidos pela Norma Brasileira de Ergometria – NR 17 da Portaria 3214/78,

no entanto, isso não ocorre.

A participação do Estado através de políticas públicas para melhorar as

condições de trabalho dos trabalhadores no corte de cana-de-açúcar, não pode se

restringir apenas à saúde.

Oportuno se dizer, que de igual forma é necessário tratar também da educação destes trabalhadores pois, somente através da educação e capacitação profissional os trabalhadores no corte de cana-de-açúcar poderão vencer essa situação degradante, e planejar um futuro melhor, independentemente da função desempenhada, com um meio-ambiente do trabalho adequado e com dignidade.

Deste modo, cabe salientar que o Estado através de materialização de

políticas públicas visando melhores condições de trabalho, valorização do trabalho,

educação, estaria cumprindo com as garantias previstas na Lei maior de 1988.

5.4 MEDIDAS PARA MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO

Os trabalhadores no corte de cana-de-açúcar, laboram em condições quase

na sua totalidade precárias, apara mudar esse quadro é necessários algumas

medidas com a participação do Estado e sociedade civil, visando melhorar as

condições de trabalho. Medidas como mudança na forma de remuneração, redução

de jornada de trabalho, para seis horas diárias, como garantia mínima o piso da

categoria, e uma forma de amenizar a estafa produzida com o trabalho, bem como a

previsão de intervalo para alimentação, de uma hora, podem melhorar as condições

desses trabalhadores.

Para GALINDO; LOPES (1995. p.262): “o controle de jornada deve ser feita

de forma que retrate a realidade”. O fato de o empregado ter sido contratado para

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trabalhar 8 (oito) horas diárias de segunda – feira a sexta-feira e 4 (quatro) horas

aos sábados, na prática iniciar e principalmente encerrar a jornada na mesma hora,

é praticamente impossível, inclusive a jurisprudência majoritária já o entende assim.

A fiscalização periódica dos Auditores do Ministério do Trabalho, bem como

do Ministério Público do Trabalho é uma forma de garantir o fornecimento de

equipamentos de proteção do trabalho e preservar à saúde dos trabalhadores.

Convém ressaltar que outra medida urgente para a proteção do trabalhador

é quanto a sua alimentação, pois, na maioria dos casos estes trabalhadores

levantam muito cedo, e levam em sua marmita uma refeição incapaz de alcançar a

nutrição necessária para enfrentar um dia de trabalho pesado.

6 CONCLUSÃO

O presente trabalho demonstrou a importância do exercício da cidadania e o

respeito aos princípios constitucionais individuais, coletivos, sociais e trabalhistas,

para que o trabalhador no corte de cana-de-açúcar possa atingir e exercer o

princípio constitucional maior que é Dignidade da Pessoa Humana.

A efetividade destes princípios constitucionalizados é de vital importância

para os indivíduos que laboram no corte de cana-de-açúcar, esse seria o caminho

para a garantia de emprego e a renda destes trabalhadores, mantendo o necessário

para preservar a saúde e os direitos básicos desses “excluídos”, que sofrem o

descaso do Estado e de uma sociedade sustentada por um capitalismo desmedido.

As mudanças que vêm ocorrendo no mercado de trabalho através da

substituição de parte destes trabalhadores na colheita por máquinas, torna-se

imperativo a mobilização através de políticas públicas, onde o estado e a Sociedade

cível trabalhando juntos possam oferecer a estes cidadãos meios de capacitação,

sem ficarem economicamente desamparados neste período.

Desta forma o cidadão estará exercitando seu direito a dignidade, e o Estado

juntamente com a sociedade civil, cumprindo com o preceituado na nossa Lei maior

a CF/88, ou seja, o respeito a Dignidade da Pessoa Humana.

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