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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES – UCAM Pós Graduação “Lato Sensu’ Projeto A Vez do Mestre A DESTINAÇÃO FINAL PARA O LIXO GERADO EM GRANDES CIDADES Por: Josiane Sthel dos Santos Silva Rio de janeiro Jun/2003

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Page 1: A DESTINAÇÃO FINAL PARA O LIXO GERADO EM GRANDES … STHEL DOS SANTOS SILVA.pdf · porque o assunto é oportuno, não só pelo momento de transformações que vivemos mas também

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES – UCAM

Pós Graduação “Lato Sensu’

Projeto A Vez do Mestre

A DESTINAÇÃO FINAL PARA O LIXO GERADO EM

GRANDES CIDADES

Por:

Josiane Sthel dos Santos Silva

Rio de janeiro

Jun/2003

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES – UCAM

Pós Graduação “Lato Sensu’

Projeto A Vez do Mestre

A DESTINAÇÃO FINAL PARA O LIXO GERADO EM

GRANDES CIDADES

Apresentação de monografia ao

Conjunto Universitário Cândido

Mendes como condição prévia para

a conclusão do Curso de Pós-

Graduação “Lato Sensu” em

Planejamento e Educação

Ambiental.

Por: Josiane Sthel dos Santos Silva

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a Deus, no qual acredito e que me

ajudou a trilhar esse caminho que percorri até aqui e que continuará me

acompanhando.

Quero agradecer também aos meus pais, Josias e Maria das Graças,

que foram o meu sustento desde o início da minha existência, sempre com

muito carinho e dedicação.

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DEDICATÓRIA

Gostaria de dedicar esta monografia a três pessoas pelas quais tenho

grande amor que são meu marido Sandro, que construiu comigo uma família

maravilhosa; minha filha Sofia, primeira a alegrar nosso lar e minha filha

Roberta, a mais nova integrante da família que é esperada com muito

carinho, ainda nem nasceu, mas já amo igualmente.

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RESUMO

Muito se tem escrito a respeito do lixo. A explicação talvez seja

porque o assunto é oportuno, não só pelo momento de transformações que

vivemos mas também para submeter quem lê a uma análise crítica do seu

comportamento como cidadão do século XXI em relação a esse problema.

Pretende-se mostrar um trabalho monográfico puramente informativo

sobre as opções de destino para o lixo, mesclado de opiniões da própria

autora e de outros autores sobre o tema.

O título do trabalho resume o que se deseja alcançar dentro do

tema: “A destinação final para o lixo gerado em grandes cidades”. É

importante lembrar que a solução ideal para o armazenamento de resíduos

sólidos ainda não existe, e talvez nunca exista, pois todas elas apresentam

também o seu lado negativo.

Quanto à palavra lixo, refere-se aos resíduos sólidos provenientes de

várias fontes geradoras sem descriminação, como residências em geral,

hospitais, indústrias, etc.

O que nós temos ao nosso alcance e o que nós podemos fazer, são

algumas alternativas demonstradas no desenrolar deste trabalho. Serão

comentadas etapas desde a diminuição de geração de lixo, passando pela

coleta seletiva, para depois chegar aos métodos de recepção final do lixo,

com ênfase na reciclagem.

O capítulo I trata puramente da coleta seletiva e como este sistema

pode beneficiar o processo de recolhimento de materiais destinados à

reciclagem. Comenta também as outras vantagens deste tipo de coleta e as

suas desvantagens (que são poucas).

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No capítulo II será dado maior destaque à reciclagem a fim de

podermos perceber a sua importância enquanto solução para a problemática

da falta de espaço físico para o armazenamento do lixo. Alguns detalhes

com relação a alguns tipos de materiais recicláveis serão observados

também neste capítulo.

O capítulo III mostra mais algumas formas alternativas de se resolver

o problema da destinação do lixo, fora a reciclagem.

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METODOLOGIA

Este trabalho monográfico já começou a ser elaborado em

pensamento há aproximadamente um ano atrás, época em que a bibliografia

começou a ser adquirida, porém, só começou a ser escrita há

aproximadamente seis meses. Foi o tempo necessário para o estudo e

conhecimento sobre o assunto.

As informações foram buscadas das fontes mais variadas possíveis,

para se obter uma grande riqueza de idéias. A vivência também acrescentou

um toque pessoal ao trabalho.

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SUMÁRIO

Introdução 9

Capítulo I - Coleta seletiva 15

Capítulo II - A reciclagem de lixo. 20

Capítulo III - Outros destinos para o lixo. 29

Capítulo IV – Reflexão 31

Conclusão 32

Bibliografia 34

Índice 35

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INTRODUÇÃO

Tem-se observado um aumento progressivo da quantidade de

resíduos acumulados em todas as partes do mundo, e as atitudes dos

governantes para diminuir este quadro ainda não têm se mostrado

totalmente eficazes. Entende-se por resíduos qualquer tipo de material

descartado no meio ambiente, seja ele sólido, líquido ou gasoso, de

procedência doméstica, industrial, hospitalar, radioativa ou outras.

Em várias cidades do Brasil e do mundo o que se observa é o

aparecimento de um número cada vez maior de “lixões”, terrenos onde o lixo

é deixado a céu aberto e estão sujeitos à proliferação de insetos e ratos,

podendo levar, conseqüentemente, ao aparecimento de doenças para as

comunidades que vivem próximas.

O chorume (caldo liberado pelo lixo) é um outro problema já que ele

pode penetrar no solo e atingir o lençol freático. Se o chorume for

proveniente de lixo tóxico, a situação é ainda pior, pois acaba sendo levado

pelo lençol freático até águas de rios que abastecem as comunidades e

intoxicando as pessoas que utilizarem a água.

Deve-se considerar também o esgotamento de recursos naturais

como um dos pontos mais graves da crise ambiental. O crescimento

desordenado das cidades leva a um consumo exagerado de recursos, como

madeira, minérios e até mesmo a água. Também a industrialização desses

materiais e a comercialização de seus produtos acaba levando de volta ao

ponto de partida: grande geração de resíduos.

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Trata-se de um trabalho monográfico, em primeiro lugar,

ambientalista, ou seja, focado numa das principais preocupações mundiais

do século XXI sobre preservação da natureza: Onde depositar toda a

quantidade de resíduos que são “produzidos” diariamente pelas populações

humanas do mundo todo?

Seria difícil fazer um trabalho sobre coleta seletiva de lixo sem

comentar o benefício que esta atividade pode trazer para as indústrias de

reciclagem de lixo, pois o lixo é recolhido separando-se os diferentes tipos

de materiais que o compõem, que são basicamente: papel, plástico, metal,

vidro e orgânico. Depois, cada indústria de reciclagem recebe o tipo de

material que será reindustrializado, transformando-os em novos materiais.

O acúmulo de lixo nos grandes centros urbanos

O volume de lixo produzido no mundo aumentou três vezes mais do

que a população nos últimos 30 anos. A proliferação de embalagens

descartáveis e a cultura do consumo e do desperdício já são responsáveis

pelo despejo de 30 bilhões de toneladas de resíduos sólidos no planeta

todos os anos. Somente nos Estados Unidos, cada cidadão descarta

anualmente o equivalente a dez vezes o seu peso em resíduos domésticos _

o que inclui 90 latas de bebidas, 107 garrafas e frascos, 45 quilos de plástico

e 70 latas de alimentos (Fonte: Revista Galileu, jun-03).

Além da falta de espaço para armazenar adequadamente essa

montanha de lixo, a produção descontrolada de lixo traz conseqüências

desastrosas ao ambiente e à saúde pública.

Todos nós produzimos lixo. É natural diante das necessidades e

atividades da vida diária. A produção de lixo nas cidades brasileiras é um

fenômeno inevitável que ocorre diariamente e em proporções que dependem

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do tamanho da população e do seu desenvolvimento econômico. Quanto

maior e mais desenvolvida a população, maior a geração de lixo.

A despeito das guerras e epidemias, a população mundial aumentou

neste último século em quase 5 bilhões de habitantes. Desse modo, é

aceitável a previsão para os próximos 30 anos de um aumento de 3 bilhões

de habitantes, chegando a um total perigoso de 8 bilhões de habitantes na

Terra. Esta explosão populacional implica aumento do uso das reservas

naturais do planeta, da produção de bens de consumo e, inevitavelmente, da

geração de lixo (Fonte: IBGE).

No Brasil, de cada 100 habitantes, 75 moram em cidades e o restante

na zona rural (Fonte: IBGE). Esta migração crescente da zona rural para as

grandes cidades desequilibra o gerenciamento do lixo, forçando as

prefeituras a correrem contra o tempo em disponibilizar lugares para

disposição correta do lixo urbano.

Os centros urbanos têm sofrido muito com o aumento populacional,

fato este que está diretamente relacionado com o desequilíbrio ambiental em

nossas metrópoles. A cada ano as reservas de alimento precisam ser

garantidas, fazendo com que a pressão do homem sobre a terra aumente

cada vez mais, almejando sua expansão para a agricultura. Mais gente

consumindo, mais lixo sendo gerado, e assim por diante.

A Educação Ambiental

A educação ambiental é de vital importância para o aprendizado do

equilíbrio ecológico. Além do preocupante crescimento das populações, é

preocupante também como o homem, por falta da sensibilização, administra

mal os recursos naturais e a biodiversidade. Desmatamentos, queimadas e

poluição das águas com despejos industriais e domésticos são alguns

exemplos da má utilização dos recursos naturais; o homem polui a própria

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água que ele utilizará. Nossa espécie não sabe preservar; ela mesma

desequilibra e não pensa no amanhã, nas gerações futuras que ainda

utilizarão estes recursos.

Os administradores governamentais precisam estabelecer políticas

ambientais concretas visando à preservação ambiental. A educação

ambiental agora é lei e pode ajudar no gerenciamento dos resíduos sólidos.

É importante a execução de campanhas de educação ambiental nas

comunidades de bairro, nas escolas e no meio rural, visando inserir as

pessoas no contexto ambiental e envolvê-las na solução dos problemas. É

sabido que a população em sua maior parte não coopera com as questões

ambientais devido à desinformação. Não pode haver conservação nem

preservação ambiental sem educação, pois esta constrói no indivíduo e na

coletividade uma consciência de mudança de comportamento e atitudes que

visam priorizar o meio ambiente. O homem precisa destas regras muito

claras em sua consciência, pois somos predadores ambientais por

excelência.

Segundo Carvalho (2002): “Mesmo tomando o meio ambiente como

base e fator preponderante, essa consciência proposta pela Educação

Ambiental – buscando atualizar as potencialidades humanas através de uma

maior conscientização de si mesmo e da realidade a sua volta – serve

igualmente, ou pelo menos deveria servir, a toda e qualquer estratégia

educativa, simplesmente pelo fato de que o homem não só depende do meio

ambiente, mas dele faz parte. Ele é o componente racional – embora muitas

vezes parece demonstrar o contrário – desse grande ecossistema global.”

Ele ainda complementa escrevendo que ”...não é possível refletir sobre

Educação sem refletirmos sobre o meio ambiente do qual o homem é parte

integrante.”

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Os 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar

Cada brasileiro produz cerca de um quilo de lixo por dia. São mais de

125 mil toneladas de restos de comida, embalagens e outros resíduos

descartados diariamente no país. E o que é pior, mais de 76% acaba em

lixões, contaminam o solo, a água e espalham doenças. Ainda que a falta de

destino adequado para os resíduos seja um problema grave no Brasil,

diminuí-los é a meta número um, em qualquer lugar (Fonte: Revista Galileu,

jun-03).

Uma saída seria: reduzir, reutilizar e reciclar. Diminuir o problema na

sua origem deve ser um procedimento permanente, mas a medida mexe

com o comportamento das pessoas e de toda a cadeia produtiva. Um bom

começo seria diminuir os resíduos orgânicos (restos de organismos vivos –

animais e vegetais). As embalagens são outro agravante, pois, por melhor

que seja a boa vontade do consumidor, fica difícil evitá-las, já que os vidros

retornáveis e alimentos a granel praticamente sumiram dos supermercados.

Reduzir consiste em diminuir a quantidade do lixo produzido,

desperdiçar menos, consumir só o necessário, sem exageros. Isto leva a

menor extração de matéria-prima, economizando assim a energia e

reduzindo a poluição. Além disso, diminui a quantidade de lixo a ser disposto

em aterros (conseqüentemente aumenta a vida útil dos aterros sanitários e

diminui a poluição do ar e das águas).

Reutilizar é dar nova utilidade a materiais que na maioria das vezes

consideramos inúteis e são jogados no lixo. É o mesmo que reaproveitar

materiais, fazer circular materiais que ainda possam servir a outra pessoa,

usar embalagens retornáveis ou desenvolver e apoiar atividades de

recuperação e conservação.

Reciclar é dar “nova vida” a materiais partindo da reutilização de sua

matéria-prima para fabricar novos produtos, seja ela industrial, agrícola ou

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artesanal. É feita através da entrega voluntária dos materiais às cooperativas

de catadores, para estes serem destinados às indústrias recicladoras e

posterior transformação em novos materiais.

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Capítulo I – COLETA SELETIVA

Coleta seletiva é o ato de se coletar separadamente espécies de

materiais diferentes, objetivando transportar estes materiais para as suas

respectivas usinas de reciclagem.

Antecedendo a coleta, deve-se realizar a seleção de lixo, que consiste

na separação, na própria fonte geradora, dos componentes potencialmente

recicláveis ou reutilizáveis, mediante um acondicionamento distinto para

cada tipo de material.

Serviços de coleta insuficientes, resíduos depositados em lixões a céu

aberto e milhares de pessoas vivendo da coleta de rejeitos nesses locais.

Esse é o panorama da situação do lixo no Brasil, segundo a última Pesquisa

Nacional de Saneamento Básico (PNSB), divulgada pelo IBGE (2002): “Os

destinos das cerca de 125 mil toneladas de resíduos urbanos produzidas no

país são os lixões (76%), aterros controlados (13%), aterros sanitários

(10%), compostagem (0,9%) e incineração (0,1%)”.

A reciclagem não consta nos dados oficiais − baseados em

questionários respondidos pelas prefeituras. Mas a estimativa é de que

cerca de 5% dos resíduos urbanos sejam reciclados. O número modesto se

deve principalmente ao trabalho dos mais de 500 mil catadores que vivem

da coleta e venda de materiais recicláveis (IBGE, 2002).

A coleta seletiva é praticada em 451 municípios brasileiros (de um

total de 5.475), segundo os dados oficiais. Apesar de baixos, esses números

parecem bem otimistas. Um levantamento realizado pela ONG Cempre, no

ano de 2002 − baseado em visitas aos locais −, contabilizou 192 municípios

com serviço de coleta seletiva. Apesar de destoantes,as duas pesquisas

coincidem quanto às concentrações de coleta seletiva nas regiões Sudeste e

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Sul do país. Os destaques são as cidades de Curitiba e Porto Alegre, nas

quais 100% dos bairros são atendidos por esse tipo de serviço (Revista

Galileu, jun-2003).

Campanhas de conscientização e educação ambiental foram os

grandes responsáveis pelo sucesso das experiências de coleta seletiva em

Curitiba PR) e Porto Alegre (S). Com 100% de seus moradores atendidos

pelo serviço, as duas cidades são as principais referências do país em

gerenciamento de resíduos sólidos.

Curitiba foi a primeira cidade do Brasil a implantar a coleta seletiva,

em 1989, por meio de programas deferentes. O “Lixo que Não é Lixo”

recolhe porta-a-porta, em dias e horários estipulados, os materiais orgânicos

e recicláveis. O “Compra do lixo”, destinado aos moradores mais carentes,

troca os resíduos por alimentos. Esse projeto dou origem ao “Câmbio

Verde”, pelo qual os resíduos recicláveis são trocados por produtos

hortigranjeiros em locais de fácil acesso, como supermercados. Nas escolas

municipais, o “Câmbio Verde Especial” troca recicláveis por cadernos,

brinquedos e doces, com o objetivo de ensinar as crianças a separar os

materiais.

A cidade também mantém serviços especiais de coleta de resíduos

vegetais (aparas de grama, podas de árvores etc.) e de resíduos domésticos

tóxicos, como pilhas, lâmpadas e remédios vencidos. A implantação dos

programas foi acompanhada por trabalhos de educação ambiental. Foram

divulgadas campanhas em escolas municipais e na televisão sobre a

importância de separar o lixo. Atualmente, Curitiba recicla 20% de todo o lixo

gerado.

Porto Alegre decidiu apostar nas campanhas de educação ambiental.

Sem nenhum sistema de troca, como acontece em Curitiba. A coleta seletiva

foi apresentada como uma maneira de reduzir problemas ecológicos e

sociais. A idéia era conscientizar a população de que todos são

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responsáveis pelo lixo: os que geram e separam, os que reciclam e os que

consomem o produto reciclado.

Os catadores que atuavam em lixões foram organizados em

associações e cooperativas e incorporados ao trabalho nas unidades de

triagem e reciclagem. Todos os moradores são beneficiados pela coleta

seletiva porta-a-porta ou por meio dos 29 Postos de Entrega Voluntária. A

prefeitura recolhe 900 toneladas de resíduos domiciliares por dia. Desses,

5% são reciclados (Revista Galileu, jun-2003).

A coleta seletiva participativa apresenta vários aspectos favoráveis

que são citados a seguir:

• A qualidade dos materiais recuperados é boa, uma vez que

estes estão menos contaminados pelos outros materiais

presentes no lixo.

• Estímulo à cidadania, pois a participação popular reforça o

espírito comunitário e envolve a população na solução do

problema.

• Permite maior flexibilidade, uma vez que pode ser feita em

pequena escala e ampliada na medida em que haja

necessidade.

• Permite parcerias com catadores, cooperativas, empresas,

associações ecológicas, escolas, sucateiros, etc.

• Redução do volume do lixo que deve ser disposto no aterro.

As coletas seletivas podem ser feitas também por meio dos Postos

de Entrega Voluntária (PEVs), que são postos especiais para

convergir os resíduos a locais estrategicamente convencionados,

contendo caçambas ou contêineres especiais com cores

regulamentadas por tipo de resíduo.

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Os PEVs devem ser instalados em locais de fácil acesso para a

população geradora do resíduo, como vias de circulação de

pedestres, parque, escolas, condomínios, etc. Uma vez a coleta

sendo feita seletivamente por meio dos PEVs, a destinação ao ponto

de triagem também deve ser seletiva, visando otimizar tempo e

custos, afinal, não adianta coletar separadamente e juntar tudo

novamente.

Padronização dos PEVs

Cor do recipiente de coleta Material a ser coletado

Azul Papel/Papelão

Amarelo Metais/Alumínio

Verde Vidrarias

vermelho Plástico em geral

Existem também aspectos desfavoráveis com relação à coleta

seletiva, a saber:

• custo com transporte muito maior do que com a coleta

convencional.

• Mesmo com a segregação na fonte geradora há a

necessidade de um centro de triagem onde os

recicláveis são separados por tipo.

O benefício ambiental é muito grande, pois a coleta seletiva é uma

alternativa ecologicamente correta que desvia, do destino em aterros

sanitários ou lixões, resíduos sólidos que poderiam ser reciclados.

Com isso alguns objetivos importantes são alcançados: a vida útil dos

aterros sanitários é prolongada e o meio ambiente é menos contaminado,

além disso, o uso de matéria prima reciclável diminui a extração dos nossos

tesouros naturais. Uma lata velha que se transforma em uma lata nova é

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muito melhor que uma lata a mais. E de lata em lata o planeta vai virando

um lixão...

Não há uma fórmula universal para a implantação de sistemas de

coleta seletiva. Cada lugar tem uma realidade e precisamos inicialmente de

um diagnóstico local: Tem cooperativas de catadores na minha cidade? O

material separado na fonte e doado vai beneficiar um programa social?

Vamos receber relatórios mensais dos pesos destinados? Qual é o tipo,

volume e freqüência de lixo gerado? O que é feito atualmente? A

cooperativa poderá fazer a coleta no local? Para que separar em quatro

cores de a coleta será feita pelo mesmo veículo? Como podemos envolver

as pessoas? Jornalzinho? Mural? Palestras? Tendo em mãos estes dados, é

só começar...

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Capítulo II – A RECICLAGEM DE LIXO

Como já foi descrito anteriormente, reciclar significa que parte dos

resíduos que geramos voltam a integrar o ciclo natural, industrial ou

comercial, mediante um processo que nos permita incorporá-los novamente

ao uso e ao consumo.

Reciclagem é o resultado de uma série de atividades através das

quais materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, sendo

coletados, separados e processados para serem utilizados como matéria-

prima na manufatura de outros bens, feitos anteriormente apenas com

matéria-prima virgem.

Os benefícios da reciclagem são:

• Diminuição da quantidade de lixo a ser desnecessariamente aterrado.

• Preservação dos recursos naturais.

• Economia proporcional de energia.

• Diminuição da poluição ambiental.

• Geração de empregos, diretos e indiretos.

Além disso, a reciclagem contribui para a limpeza da cidade,

conscientização ambiental e geração de empregos. Apesar de ser

considerado um dos melhores métodos para a destinação final do lixo, a

reciclagem gera resíduos, sendo alguns poluentes.

A reciclagem, não pode ser vista como a principal solução para o lixo. É

uma atividade econômica que deve ser encarada como um elemento dentro

de um conjunto de soluções ambientais. Por outro lado, separar o lixo sem

um mercado é enterrar em separado. A separação de materiais do lixo

aumenta a oferta de materiais recicláveis. Entretanto, se não houver

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demanda por parte da sociedade, o processo é interrompido e os materiais

podem abarrotar os depósitos ou serem enterrados em outro lugar. Apesar

de ser o melhor método, a reciclagem gera resíduos, sendo alguns

poluentes.

Os caminhos que devem ser seguidos para a segregação dos materiais

são simples, mas importantes dentro do um programa de reciclagem. A

separação do material deve ser feita na fonte (gerador/população), com

posterior coleta seletiva realizada pela prefeitura e envio às usinas ou aos

locais de triagem. Pode ser feita também a coleta bruta do material e

posterior envio a uma usina de lixo para triagem e separação dos recicláveis.

Esta segunda opção abrange uma gestão exclusivamente governamental,

ao passo que a primeira envolve a população geradora do resíduo no

processo de reciclagem e uma atuação participativa no programa.

2.1. Reciclagem de materiais

2.1.1. Papel

O papel é composto por fibras de celulose. No Brasil, ao redor de 80%

do total de pasta celulósica produzida provém da madeira, sendo os 20%

restantes obtidos de outras matérias-primas fibrosas, inclusive de aparas de

papel. As fibras de madeira no país são obtidas de áreas reflorestadas, que

se mantêm sempre produtivas e cultivadas, visando especificamente à

produção de celulose. A mata nativa brasileira, apesar de sua diversidade de

espécies, não é muito adequada para a indústria de transformação da

celulose; as espécies vegetais mais utilizadas são o eucalipto e o pinus,

podendo ainda ser usadas outras em menor escala (Revista Galileu, jun-03).

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Quanto à finalidade, os papéis podem ser classificados em: para

impressão, para escrever, para embalagens, para fins sanitários, cartolinas e

especiais.

Os papéis são fabricados de acordo com formulações específicas, a

fim de atenderem às características necessárias para a finalidade a que se

destinam. Assim, além de sua matéria-prima básica, a celulose, podem

conter ainda aditivos, colas, pigmentos minerais, filmes metálicos, parafina,

silicone, etc.

Quanto à reciclagem do papel, os processos para obtenção da pasta

celulósica de aparas depende do tipo de apara a ser processada e do tipo de

produto a ser fabricado. Porém, e modo geral, apresentam as seguintes

operações: desagregação, limpeza/depuração, destintamento, refinação,

adição de fibras e adição de produtos químicos, tudo quando necessário.

As grandes vantagens da reciclagem do papel são:

• Redução do corte de árvores.

• Economia de água.

• Gasta metade da energia usada para fabricar o papel a partir da

madeira.

• Redução do envio de lixo para aterros.

2.1.2. Plástico

Plásticos são artefatos fabricados a partir de resinas sintéticas,

conhecidas como polímeros, derivados do petróleo. O grande desafio

enfrentado atualmente com relação à disposição final do plástico, encontra-

se no fato de sua resistência à biodegradação, devido principalmente a sua

natureza química. Uma das soluções que vêm ganhando apoio de grande

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número de entidades envolvidas com a gestão ambiental refere-se ao

reaproveitamento do plástico descartado no lixo urbano.

Constituído em sua maior parte por embalagens descartáveis, o

plástico representa um volume significativo no lixo. Embora represente

somente de 4 a 7% em massa, os plásticos ocupam de 15% a 20% do

volume do lixo (Revista Galileu, jun-03), o que contribui para que aumentem

os custos de coleta, transporte e disposição final. Quando o lixo é

depositado em lixões, o problema principal relacionado ao material plástico é

sua queima indevida e sem controle, o que acaba causando poluição do ar,

principalmente porque esta queima gera fumaça negra e liberação de gases

tóxicos. Quando a disposição é feita em aterros, os plásticos dificultam sua

compactação e prejudicam a decomposição dos materiais biologicamente

degradáveis, pois criam camadas impermeáveis que afetam as trocas de

líquidos e gases no interior do aterro.

A queima indiscriminada de plásticos pode trazer sérios prejuízos às

pessoas e ao meio ambiente, pois alguns tipos de plástico ao serem

queimados geram gases tóxicos, como o PVC (policloreto de vinila), que ao

ser queimado libera cloro, que pode formar ácido clorídrico, extremamente

corrosivo e também dioxinas, substâncias altamente tóxicas e cancerígenas.

O consumo de plástico no Brasil, apesar da recessão dos últimos dois

anos, vem crescendo. A tendência é de aceleração do consumo, na medida

em que houver a crescente retomada do crescimento econômico do país.

A classificação da reciclagem do plástico pode ser dividida em

primária, secundária e terciária.

• A reciclagem primária ou pré-consumo

É a recuperação destes resíduos efetuada na própria indústria geradora

ou por outras empresas transformadoras. Consiste na conversão de

resíduos plásticos por tecnologias convencionais de processamento em

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produtos com características de desempenho equivalentes ao produto

fabricado. É muito comum reciclar transformando o plástico original em

grânulos para que este vire novo produto.

• A reciclagem secundária ou pós-consumo

É a conversão de resíduos plásticos de produtos descartados no lixo. Os

materiais que se inserem nesta classe provêm de lixões, usinas de

compostagem, sistemas de coleta seletiva, sucatas, etc. na maioria das

vezes é usado o processo de incineração, no qual são aproveitados os

resultados físicos desta queima.

• A reciclagem terciária

É a conversão de resíduos de plástico em produtos químicos e

combustíveis, por meio de processos termoquímicos, pirólise, ou

conversão catalítica. Por este processo, os materiais plásticos são

convertidos em matérias-primas que podem originar novamente resinas

virgens ou outras substâncias, como gases e óleos combustíveis

(biocombustível).

Mesmo com todo este conhecimento, o Brasil ainda consome menos

plástico que os Estados Unidos. É de supor, portanto, um aumento

crescente na demanda, motivo suficiente para voltarmos nossas

preocupações ao assunto, evitando acúmulo do material nos aterros.

2.1.3. Vidro

O vidro é um material obtido pela fusão de compostos inorgânicos a

altas temperaturas e resfriamento da massa resultante até um estado rígido.

O principal componente do vidro é a sílica. As matérias-primas necessárias à

industrialização do vidro são: areia, barrilha, calcário e feldspato.

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O vidro, no que se refere à produção, pode servir para: vidro de

embalagens (garrafas, potes, vasilhames), vidro plano (temperado ou

laminado muito utilizado na indústria automobilística), vidro doméstico

(copos, pratos, travessas), fibras de vidro (mantas, tecidos, lã de vidro) e

vidros técnicos (lâmpadas, tubos de TV, vidraria de laboratório).

O vidro é fantástico: é 100% reciclável. Para cada tonelada de caco

de vidro limpo, uma tonelada de vidro novo é feita,e mais: 1,2 tonelada de

matéria-prima virgem deixa de ser gasta.

A inclusão do caco de vidro no processo normal de fabricação e vidro

reduz sensivelmente os custos da produção. Em termos de óleo combustível

e eletricidade, a penas na fabricação, para cada 10% de vidro reciclado na

mistura, economiza-se 2,55 da energia necessária para a fusão nos fornos

industriais. Outra grande vantagem apresentada pelo vidro é que ele pode

ser reciclado infinitas vezes, mantendo a excelente qualidade do produto

(Revista Galileu, jun-03).

2.1.4. Metais

Os metais são classificados, quanto a sua composição, em dois

grandes grupos: os ferrosos e os não-ferrosos. Os ferrosos são

basicamente constituídos de ferro e aço. Os não ferrosos, de alumínio,

cobre, chumbo, níquel e zinco. Os metais são materiais de elevada

durabilidade, resistência mecânica e facilidade de conformação. Os

metais na forma de sucatas têm grande importância na indústria

metalúrgica. A quantidade de metal recuperado corresponde a cerca de

50% da produção de chumbo e 20% da de aço (Revista Galileu, jun-03).

A grande vantagem da reciclagem dos metais é a de se evitar as

despesas da fase de redução do minério a metal. Essa fase envolve um

alto consumo de energia, requer transporte de grandes volumes de

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minério e instalações caras destinadas à produção em grande escala.

Embora seja maior o interesse na reciclagem de metais não-ferrosos,

devido ao maior valor de sua sucata, é muito grande a procura pela

sucata de ferro e de aço, inclusive pelas grandes usinas siderúrgicas e

fundições.

A reciclagem de metais, principalmente a de ferrosos, apresenta

também um papel socioeconômico, uma vez que dela dependem

inúmeras fundições de pequeno porte, instaladas nas áreas industriais

das cidades.

As latas de folha-de-flandres, revestida com estanho, dominam o

setor de embalagens no Brasil, principalmente os de alimentos e bebidas.

São consumidas anualmente no país cerca de 700 mil toneladas de aço

estanhado, cromado ou sem revestimento, para a fabricação de 7 bilhões

de latas. As latas de alumínio asseguram para si o mercado de bebidas,

refrigerantes, sucos e cervejas (Revista Galileu, jun-03).

A reciclagem desses tipos de lata é extremamente importante para

ambas as indústrias de embalagens. No caso do alumínio, a energia

necessária para o processamento do metal reciclado é 20 vezes menor

que para o metal primário; para o aço, esta relação é de 3,7 vezes, ainda

assim considerável (Revista Galileu, jun-03).

Na indústria de embalagens metálicas a redução de custos com o

gasto de energia é vital para o negócio.

2.2. Compostagem

É um tipo de reciclagem de material orgânico. Na verdade é um

processo biológico de decomposição de matéria orgânica contida em restos

de origem animal ou vegetal. Este processo tem como resultado um produto

que pode ser aplicado no solo para melhorar suas características produtivas,

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sem ocasionar riscos ao meio ambiente. Isso aumenta a capacidade do solo

de reter água, favorecendo o crescimento das plantas.

Há muito tempo no Brasil a compostagem é praticada no meio rural

utilizando-se de restos vegetais e esterco animal. Pode-se também utilizar a

fração orgânica do lixo doméstico domiciliar, desde que de forma controlada.

No contexto brasileiro, portanto, a compostagem tem grande importância, já

que cerca de 70% do lixo municipal é constituído por matéria orgânica

(Revista Galileu, jun-03).

As grandes vantagens da compostagem são:

• Diminui o volume do lixo destinado a aterros sanitários, aumentando

sua vida útil.

• Aproveitamento agrícola da matéria orgânica.

• Reciclagem de nutrientes para o solo.

• Processo ambientalmente seguro.

• Eliminação de patógenos veiculados por vetores nocivos ao homem.

O método natural da compostagem consiste na fração orgânica do lixo

que é levada para um pátio e disposta em pilhas de formato variável. A

aeração necessária para o desenvolvimento do processo de decomposição

biológica é conseguida por revolvimentos periódicos do material, com auxílio

de equipamentos apropriados. O tempo para que o processo se complete

pode variar de três a quatro meses.

O método acelerado consiste em proporcionar uma aeração forçada por

tubulações perfuradas sobre as quais se colocam as pilhas, ou em reatores

rotatórios, dentro dos quais são colocados os resíduos, avançando no

sentido contrário ao da corrente de ar. Posteriormente, são dispostos em

pilhas como no método natural. O tempo de residência no reator é de cerca

de quatro dias e o tempo total da compostagem acelerada pode variar de

dois a três meses.

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O lixo que serve para a compostagem é aquele oriundo do uso domiciliar,

podendo ainda ser constituído por folhagens, podas de árvores, etc. O lixo

do tipo industrial e hospitalar não pode ser usado nesta forma de reciclagem.

Uma forma de otimizar o processo de compostagem em escala é por

intermédio de usinas de compostagem, no âmbito da administração

municipal, principalmente aquelas situadas em áreas potencialmente

agrícolas.

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Capítulo III - OUTROS DESTINOS PARA O LIXO

3.1. Lixão

É o pior destino para os resíduos sólidos urbanos. Depositados em

terrenos a céu aberto, sem medidas de proteção ao meio ambiente o à

saúde pública.

O método favorece a proliferação de insetos transmissores de

doenças, além da poluição do solo e da água pelo chorume (líquido escuro e

mal cheiroso) produzido pela decomposição da matéria orgânica.

3.2. Aterro sanitário

Método mais avançado de disposição de resíduos no solo. O lixo é

colocado em valas forradas com lonas plásticas, compactado várias vezes

por um trator e recoberto por uma camada de terra, para evitar a proliferação

de insetos. Os gases e o chorume resultantes da decomposição dos

resíduos orgânicos são coletados e tratados para não causar mau cheiro e

contaminação dos lençóis freáticos. O problema é que os aterros têm um

determinado tempo de vida útil, ao fim do qual devem ser desativados.

3.3. Aterro controlado

Os resíduos são depositados no solo e recobertos com material inerte

(terra ou entulho). Apesar de minimizar os impactos ambientais, o método

também polui. A falta de impermeabilização da base do solo compromete a

qualidade das águas subterrâneas. Também não há tratamento do chorume

nem dos gases produzidos.

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3.4. Incineração A queima em temperaturas acima de 900°C é uma das maneiras de

tratar alguns resíduos urbanos, como o hospitalar, alimentos estragados e

remédios vencidos. O método reduz a quantidade de lixo destinado aos

aterros e gera energia elétrica. Mas o processo produz cinzas tóxicas, que

devem ser depositadas em aterros especiais. Também lança gases

poluentes na atmosfera, que podem causar graves doenças, como câncer.

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Capítulo IV – REFLEXÃO

Tendo o conhecimento dessas técnicas e desses métodos de

aproveitamento e de armazenamento de lixo, observa-se que é possível

encontrar soluções bem razoáveis (com exceção dos lixões) para não deixar

que o lixo se acumule.

Quando um indivíduo começa a prestar mais atenção no lixo, acaba

por perceber que ele não é um monte de sujeira mal cheirosa do qual ele

deve se livrar o mais rápido possível para não se “contaminar”. Ele passa a

enxergar que, na verdade, o lixo tem seu valor (literalmente falando), e tem

gente que até ganha dinheiro com ele (catadores, cooperativas, usinas de

reciclagem, etc).

O acúmulo de lixo certamente irá prejudicar as pessoas no futuro, ou

melhor, já prejudica, levando doenças às populações do entorno ou poluindo

suas águas.

É importante que as sociedades reconheçam o verdadeiro valor do

“lixo que não é lixo”, a tempo de conseguir solucionar esse problema

mundial de acúmulo utilizando esse “leque” de opções que foram

comentadas ao longo deste trabalho e outras opções a mais que possam

surgir.

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CONCLUSÃO

É fácil não se preocupar com o destino final do lixo, já que basta levá-

lo para a porta, depois entrar em casa e esquecer; os lixeiros fazem o resto.

A maioria das pessoas não se importa com o que vai ser feito com o lixo

depois que o caminhão for embora.

Porém, os administradores governamentais estão tendo que se

importar cada vez mais, ao ver montanhas de lixo se acumulando e o

espaço para depositá-lo se esgotando. A situação vai se tornando

insustentável.

Falando em sustentabilidade, ultimamente muitos autores

ambientalistas têm usado o termo “Desenvolvimento Sustentável”:

Guimarães, R. P.; Costa, F. A.; Foladori, G. (2001); para defender a idéia de

que é possível haver desenvolvimento com limites, para que a natureza não

“sinta” os efeitos desse processo de crescimento tecnológico. Boff, L. (2002)

tem uma colocação interessante, pois ele pensa que não se trata somente

de impor “Limites ao Crescimento” mas de mudar o tipo de desenvolvimento.

“Não existe desenvolvimento em si, mas sim uma sociedade que opta pelo

desenvolvimento que quer e que precisa. Dever-se-ia falar de sociedade

sustentável ou de um planeta sustentável como pré-condições

indispensáveis para um desenvolvimento verdadeiramente integral.”

A visão de desenvolvimento que se observa na maioria das

sociedades é muito imediatista, o que pode ser considerado um “vício”, pois

o indivíduo necessita “crescer” cada vez mais (na sua concepção de

crescimento) utilizando indiscriminadamente o que a natureza tem para doar,

esquecendo-se de que, no futuro, as próximas gerações também

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necessitarão de recursos para continuar com o processo de

desenvolvimento.

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BIBLIOGRAFIA

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Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional. MMA/PNUD.

Brasília,2000.

BOFF, Leonardo. Saber Cuidar. Ética de humano – compaixão pela terra. 8ª

ed. Petrópolis: Vozes,2002.

CARVALHO, Vilsom Sérgio de. Educação Ambiental & Desenvolvimento

Comunitário. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2002.

COSTA, Francisco de Assis. Desenvolvimento sustentável na Amazônia: o

papel estratégico do campesinato. In: O desafio da sustentabilidade. Um

debate socioambiental no Brasil. SP: Fundação Perseu Abramo, 2001.

FOLADORI, Gilberto. Limites do desenvolvimento sustentável. SP: Imprensa

Oficial, Editora da UNICAMP, 2001.

GRIPPI, Sidney. Lixo. Reciclagem e sua história. Guia para as prefeituras

brasileiras. Rio de Janeiro: Interciência, 2001.

GUIMARÃES, Roberto P. A ética da sustentabilidade e formulação de

políticas de desenvolvimento. In: O desafio da sustentabilidade. Um debate

socioambiental no Brasil. SP: Fundação Perseu Abramo, 2001.

PEDRINI, Alexandre de Gusmão. O Contrato Social da Ciência. Unindo

Saberes na Educação Ambiental. Petrópolis: Vozes, 2002.

Periódico:

COLAVITTI, Fernanda. O que fazer com o lixo. In: Revista Galileu. Editora

Globo, jun-2003/ nº 143.

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ÍNDICE

Introdução 9

O acúmulo de lixo nos grandes centros urbanos 10

A educação ambiental 11

Os 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar 13

Capítulo I - Coleta seletiva 15

Capítulo II - A reciclagem de lixo. 20

2.1. Reciclagem de materiais 21

2.1.1. Papel 21

2.1.2. Plástico 22

2.1.3. Vidro 24

2.1.4. Metais 25

2.2. Compostagem 26

Capítulo III - Outros destinos para o lixo. 29

3.1. Lixão 29

3.2. Aterro Sanitário 29

3.3. Aterro Controlado 29

3.4. Incineração 30

Capítulo IV – Reflexão 31

Conclusão 32

Bibliografia 34

Índice 35