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A DANÇA DE SALÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Júlio César Friedrich Professor PDE Evandra Hein Mendes Orientadora Resumo A Educação Física pode contribuir na formação integral do ser humano durante a sua vida escolar, através de vivências dos diversos conteúdos dessa disciplina, que se preocupa em formar um cidadão crítico e capaz. Os conteúdos estruturantes da disciplina de educação física propiciam experiências significativas na vida do educando, entre eles a dança e a dança de salão, que possibilita o desenvolvimento do ritmo, da consciência corporal, da expressão e comunicação através do corpo com o meio social. Nesse sentido, essa investigação buscou identificar as percepções dos alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Luiz Augusto Moraes Rego do período matutino em relação à prática da dança de salão nas aulas de Educação Física. Dessa forma, verificou-se que a maioria dos alunos pesquisados nunca havia experimentado ou vivenciado aulas de dança na escola, mas apesar disto, diante da proposição de aulas de dança de salão durante as aulas, obteve-se a participação e envolvimento integral da turma. A experimentação dos diferentes estilos da dança de salão dança, além de possibilitar o aprendizado, também desenvolveu nos alunos o interesse em aprender outros ritmos e estilos. Além disso, foi possível identificar que os alunos conheceram os benefícios que a dança pode trazer para ao praticante, através das suas opiniões acerca das relações da dança com a atividade física, o condicionamento físico, como forma de recreação e divertimento, e ainda auxiliando no relacionamento e na interação interpessoal. Palavras-chaves: Aprendizagem, dança, dança de salão, educação, escolar. Abstract Physical education can contribute to the integral education of the human being during school life through the experience of the several contents of this discipline, which is concerned with the education of critical and capable citizens. The structuring contents of physical education afford significant life experiences to students. Dance and ballroom dance allow the development of rhythm, body awareness, expression and communication with the body in the social environment. To this end, this investigation sought to identify the perceptions of morning senior secondary school students of the state school Colégio Estadual Luiz Augusto Moraes Rego in relation to the practice of ballroom dance in physical education classes. In this way, experimenting the different ballroom dance styles afforded learning and also developed the students' interest in learning other rhythms and styles. Furthermore, we observed that the students acknowledged the benefits of the practice of ballroom dance in their comments about the relationship between dance and physical

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A DANÇA DE SALÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Júlio César FriedrichProfessor PDE

Evandra Hein MendesOrientadora

Resumo

A Educação Física pode contribuir na formação integral do ser humano durante a sua vida escolar, através de vivências dos diversos conteúdos dessa disciplina, que se preocupa em formar um cidadão crítico e capaz. Os conteúdos estruturantes da disciplina de educação física propiciam experiências significativas na vida do educando, entre eles a dança e a dança de salão, que possibilita o desenvolvimento do ritmo, da consciência corporal, da expressão e comunicação através do corpo com o meio social. Nesse sentido, essa investigação buscou identificar as percepções dos alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Luiz Augusto Moraes Rego do período matutino em relação à prática da dança de salão nas aulas de Educação Física. Dessa forma, verificou-se que a maioria dos alunos pesquisados nunca havia experimentado ou vivenciado aulas de dança na escola, mas apesar disto, diante da proposição de aulas de dança de salão durante as aulas, obteve-se a participação e envolvimento integral da turma. A experimentação dos diferentes estilos da dança de salão dança, além de possibilitar o aprendizado, também desenvolveu nos alunos o interesse em aprender outros ritmos e estilos. Além disso, foi possível identificar que os alunos conheceram os benefícios que a dança pode trazer para ao praticante, através das suas opiniões acerca das relações da dança com a atividade física, o condicionamento físico, como forma de recreação e divertimento, e ainda auxiliando no relacionamento e na interação interpessoal.

Palavras-chaves: Aprendizagem, dança, dança de salão, educação, escolar.

Abstract

Physical education can contribute to the integral education of the human being during school life through the experience of the several contents of this discipline, which is concerned with the education of critical and capable citizens. The structuring contents of physical education afford significant life experiences to students. Dance and ballroom dance allow the development of rhythm, body awareness, expression and communication with the body in the social environment. To this end, this investigation sought to identify the perceptions of morning senior secondary school students of the state school Colégio Estadual Luiz Augusto Moraes Rego in relation to the practice of ballroom dance in physical education classes. In this way, experimenting the different ballroom dance styles afforded learning and also developed the students' interest in learning other rhythms and styles. Furthermore, we observed that the students acknowledged the benefits of the practice of ballroom dance in their comments about the relationship between dance and physical

education, physical conditioning, and about dance as a form of entertainment and amusement and its contribution of relationships and interpersonal interaction.

Key words: Learning, dance, ballroom dance, education, school.

INTRODUÇÃO

A Educação Física Escolar através do tempo, passou por inúmeras correntes

ideológicas (métodos ginásticos, militarização, mecanicismos e tecnicismos) com

intuito de desenvolver nos alunos aptidões físicas e conhecimentos diferenciados,

focados no rendimento ou na formação de atletas. Todavia, nos dias atuais ela vem

sendo compreendida como uma disciplina que visa a formação de um ser humano

em sua totalidade (corpo, mente e alma) enquanto seres de expressão, criação e

ativos socialmente.

Assim sendo, com intuito de buscar na corporalidade, contemplando a

totalidade das manifestações corporais humanas e sua potencialidade formativa,

elencou-se os conteúdos programáticos da disciplina: Esportes, Ginástica, Jogos,

Lutas e Dança.

Entre esses conteúdos a dança apresenta papel fundamental enquanto

atividade pedagógica, despertando no aluno uma relação concreta sujeito-mundo,

propiciando práticas geradoras de ação e compreensão, favorecendo a estimulação

para ação e decisão no desenrolar das mesmas, e também reflexão sobre os

resultados de suas ações, reforçando assim a auto-estima, a auto-imagem, a auto-

confiança e o auto-conceito.

Nesta perspectiva, Pereira (2001, p. 61) coloca que:

“(...) a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres (...). Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade.”

Através de atividades de dança, pretende-se que os alunos evoluam quanto ao

domínio de seu corpo, desenvolvendo e aprimorando suas possibilidades de

movimentação, descobrindo novos espaços, novas formas, superação de suas

limitações e condições para enfrentar novos desafios quanto aos aspectos motores,

sociais, afetivos e cognitivos.

2

Desta forma, o profissional de Educação Física tem na dança mais uma opção

para a otimização das possibilidades e potencialidades de movimento e a

consciência corporal para atingir objetivos relacionados à educação, saúde, prática

esportiva, expressão corporal e artística, enriquecendo sua prática profissional e

servindo como instrumento transformador, auxiliando na construção de um currículo

diversificado ao alcance de objetivos pretendidos.

É possível afirmar ainda, que a Dança enquanto um processo educacional,

pode contribuir para o aprimoramento das habilidades básicas, dos padrões

fundamentais do movimento, no desenvolvimento das potencialidades humanas e

sua relação com o mundo.

No que se refere à dimensão social, a partir da dança permite-se criar

condições para estabelecer relações com as pessoas e com o mundo. Já no que diz

respeito à dimensão biológica a dança permite conhecer o seu corpo e suas

possibilidades de movimento. Quanto à dimensão intelectual contribui para a

evolução do cognitivo e no filosófico, contribui para o autocontrole, o questionamento

e a compreensão do mundo.

Quanto à dança de salão, pode-se dizer que é uma das manifestações

artísticas mais antigas da humanidade, é uma expressão alegre e espontânea do

povo, com seus mais diferentes ritmos e formas de dançar próprios, despertando a

atenção e admiração de todos. Seu potencial artístico, cultural e educativo é

enorme, sua riqueza e diversidade é atraente para todos, sendo que, suas

características tradicionais e culturais brasileiras deve ser repassado a todos os

alunos.

Apesar de todos os benefícios relacionados e descritos, a prática da Dança nas

aulas de Educação Física, ainda é pouca utilizada; talvez pela ênfase apenas ao

esporte na escola, pela falta de preparo dos profissionais ou devido ao preconceito

em relação à Dança.

Neste sentido, Rangel (2002, p. 61) ressalta que:

“É certo que a pouca utilização desta atividade em propostas escolares, pode ser um reflexo de sua situação nos cursos de graduação em Educação Física (licenciatura), da visão que os graduandos têm a respeito da dança e, conseqüentemente, do enfoque que a mesma tem recebido, além da falta da licenciatura em cursos superiores de dança.”

A Dança é, sem dúvida, uma das maiores catalisadoras da manifestação e

expressão do movimento. No âmbito educativo, ela é pedagógica e ensina tanto

3

quanto os esportes, jogos e brincadeiras. Desta forma, sabendo-se dos inúmeros

benefícios que a dança pode proporcionar para nossos alunos, surge o seguinte

questionamento: Por que os professores de Educação Física, sabendo das

contribuições e influências que a dança de salão possui na formação do ser

humano, não desenvolvem a Dança de Salão nas aulas de Educação Física?

Pretende-se através deste trabalho, apontar algumas perspectivas de

redimensionamento da Educação Física no interior da instituição escolar, apontando

algumas possibilidades de vivências corporais, utilizando a Dança de Salão durante

as aulas de Educação física.

Assim, através de uma pesquisa com os alunos do terceiro ano do ensino

médio do Colégio Estadual Moraes Rego, procurar-se-á identificar as perspectivas e

as vivências anteriores deste grupo com a dança de salão especificamente e

relacionar as percepções dos alunos quanto ao interesse, aos benefícios e

sentimentos obtidos com a prática desta durante as aulas de Educação Física.

REVISÃO DE LITERATURA

A importância da Educação Física como área de conhecimento

Pode-se dizer que a Educação Física sempre esteve às margens do universo

escolar, encarada não como uma disciplina curricular que possui muitos

conhecimentos a transmitir, mas como uma simples atividade ou distração para os

alunos. Para Oliveira (1994): “A Educação Física no Brasil foi durante muito tempo

considerada uma prática neutra, sem conotação ideológica. Restringia-se a uma

atividade física cujo movimento era apreendido pela pedagogia do consenso em

seus aspectos eminentemente biomecânicos”.

Para se ultrapassar este pensamento, faz-se necessário entender a

Educação Física como uma disciplina voltada para a formação de indivíduos, onde o

corpo é vivenciado das formas mais variadas, procurando-se um desenvolvimento

das mais diferentes capacidades motoras, intelectuais, sócio-afetivas, que devem ir

além da aprendizagem de habilidades.

Desta forma, sabendo-se que a área de conhecimento da Educação Física é

diretamente ligada a corporeidade do educando, do movimento consciente e de sua

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capacidade de movimentação, a aula de Educação Física deve contribuir para que o

aluno conheça seu corpo e outros corpos em movimento, entendendo ainda a

relação espaço-temporal que une e separa os corpos e vivenciando estas relações

no espaço. Deve-se, portanto, aceitar o corpo como um sistema de interação, uma

totalidade integrada, cujas ações existem em função de um conjunto.

É através de vivências corporais prazerosas e diversificadas do

conhecimento do funcionamento do corpo em movimento que o aluno poderá

formular o saber sistematizado da cultura corporal, compreendendo e possibilitando

mudanças no seu cotidiano.

Partindo-se deste ponto de vista, precisa-se pensar em uma proposta

pedagógica educacional onde o aluno é considerado um todo que se movimenta,

pensa, age e sente, que explore suas possibilidades naturais na prática das

atividades, que possibilite a liberação de emoções, que vivencie o novo e o prazer

de participação, que possibilite explorar todas as capacidades do seu corpo. A

Educação Física deve, portanto, promover e observar os corpos em movimento,

possibilitar à seus alunos a construção do conhecimento de si e de seus colegas,

descobrindo-se como sujeito de sua própria história.

Citando Medina (1983):

“...pode se definir como arte e a ciência do movimento humano que, através de atividades específicas, auxiliam no desenvolvimento integral dos seres humanos, renovando-os e transformando-os no sentido de sua auto-realização e em conformidade com a própria realização de uma sociedade mais justa e livre.”

Partindo-se do entendimento que o ser humano é um ser social, histórico e

em constante transformação, a Educação Física em sua abordagem deve relacionar

e contextualizar as práticas corporais aos interesses sociais, políticos, econômicos e

culturais que as constituíram.

A Educação Física deve ser tomada como uma área de conhecimento da

cultura corporal e de movimento que integra o ser humano, funcionando como

componente importante na construção de cidadãos. Assim, através da apropriação

desta produção cultural, reproduzindo-a e transformando-a, poderão usufruir dos

jogos, esportes, lutas, danças e ginásticas em benefício do exercício crítico da

cidadania e até mesmo da melhoria de vida da população em geral.

Buscando-se, portanto, uma valorização e um redimensionamento do pensar

na disciplina enquanto área de conhecimento e de formação, a Educação Física vem

conquistando seu espaço no ambiente escolar. Neste mesmo sentido, entende

5

Oliveira (1986): “... Educação Física é Educação, na medida em que reconhece o

homem como o arquiteto de si mesmo e da construção de uma sociedade melhor e

mais humana.”

A Dança como conteúdo das aulas de Educação Física

Desde a antiguidade, o homem dançava para agradar seus deuses, para

participar de rituais ou para expressar-se como forma de arte consciente.

Atualmente, tomou-se consciência da importância da dança como forma de

expressão do ser humano, onde a dança é percebida pelo seu valor, muito mais que

um simples divertimento ou passatempo.

Pode-se dizer que se entende por dança, como um meio de expressão natural

e espontâneo em que o corpo, integrado com o ritmo e a música, ocupa a dimensão

espaço-tempo. A dança pode ser considerada como linguagem social que permite a

transmissão de sentimentos e emoções.

Assim, como a Educação Física é uma área do conhecimento diretamente

ligada com a corporeidade do educando, entende-se que sua importância e seu

significado implicam em contemplar múltiplos conhecimentos produzidos e

usufruídos a respeito do corpo. Este diálogo, pode se dar, através da dança, pois

esta permite a otimização das possibilidades e potencialidades de movimento e de

consciência corporal, permitindo atingir objetivos relacionados a educação, saúde,

expressão corporal e artística.

Para Laban apud Marques (1999):

“A dança na educação permitia uma integração entre o conhecimento intelectual do aluno e suas habilidades criativas, permitia que ele percebesse com maior clareza as sensações contidas na expressão dramática do indivíduo, quer na dança teatral ou comunitária. A partir da compreensão das qualidades do movimento, implícitas nas diversas formas de expressão humana, o aluno, harmonicamente, poderia ser educado através do movimento/dança.”

Dançar é uma das maneiras mais divertidas e adequadas para desenvolver

na prática, todo o potencial de expressão do corpo humano, pois enquanto dança, a

criança estará se descobrindo alegremente através da exploração do próprio corpo e

das qualidades de movimento.

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Dançando o aluno desenvolve uma linguagem diferente da fala e da escrita,

ele se expressa através do seu corpo, sociabilizando-se mais facilmente com seus

colegas e interagindo com o grupo a que pertence.

Para Nanni (1998): “O processo educativo facultado pela dança educacional é um substancial alimento para o espírito, concorrendo para o desenvolvimento das potencialidades do homem, favorecendo seu total crescimento físico, mental e emociona; possibilita o processo criativo, desenvolve aspectos éticos e estéticos, e aumenta o espírito socializador.”

Desta forma, a dança deve ser ensinada não como disciplina específica, mas

como recurso que deve ser utilizado a auxiliar na formação da personalidade,

fazendo parte do campo emocional, comunicativo, criativo e cognitivo. Este também

é o entendimento de Laban (1978), quando nos ensina que: “A dança é uma

cooperação organizada das nossas faculdades mentais, emotivas e corporais, que

se traduz em ações cujas experiências são de máxima importância para o

desenvolvimento da personalidade”. É através do resgate da dança enquanto

movimento natural do ser humano que se estará contribuindo para a formação de

um cidadão autônomo, responsável e crítico.

A Educação Física na escola deve estar voltada para o desenvolvimento

global da criança ou adolescente, favorecendo todo o tipo de aprendizado

necessário a sua formação. Desta forma, sabendo a riqueza das possibilidades do

ser humano de se movimentar e se expressar, não se pode pensar no ensino da

dança como uma simples repetição de passos e gestos, mas sim se faz necessário

dar um novo enfoque às inúmeras variações deste movimento.

A vivência da dança na educação deve articular a criação pessoal e coletiva

de movimentos, integrando a razão e o sensível, o individual e o coletivo, a arte e

educação, buscando-se alcançar qualidades físicas e psíquicas próprias para a

formação integral do ser humano.

A dança de Salão

A dança de salão é praticada por casais, em reuniões sociais e surgiu na

Europa, na época do Renascimento.Tornou-se uma forma de lazer muito apreciada,

tanto nos salões dos palácios da nobreza, como entre o povo em geral. É chamada

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de social por ser praticada por pessoas comuns, em festas de confraternização,

propiciando o estreitamento de relações sociais de amizade, romance, de

parentesco e outras; e de salão, por necessitar de salas amplas para que as

pessoas possam realizar suas evoluções, pois foi através de sua prática nos salões

das cortes reais européias que este tipo de dança foi valorizado e levado para as

colônias da América, Ásia e África.

No Brasil, a dança de salão chegou no século XVI, trazida pelos colonizadores

portugueses e imigrantes europeus; onde sofreu fortes influências culturais

indígenas e africanas, num processo de inovação e modificação, como também no

surgimento de novas danças, bem típicas e brasileiras.

Assim, desde que a corte portuguesa transferiu-se para o Brasil, com seus

hábitos sociais e culturais, entre eles as danças da moda, todos os eventos festivos

eram motivo para um baile. Desta forma, professores de dança europeus eram

contratados para manter a nobreza brasileira atualizada com as que estavam na

moda nas capitais européias, entre elas: a valsa, a polca, a mazurca, o chote e a

quadrilha.

Pode-se dizer, que até a década de 1960, os bailes eram um dos principais

eventos populares para todas as idades e camadas sociais, onde as pessoas se

divertiam, faziam negócios, iniciavam amizades e namoros, discutiam problemas

políticos, sociais e econômicos da nação.

Porém, por algum tempo a dança de salão ficou um pouco fora de moda, pois

foi substituída pelas discotecas, onde esqueceu-se a forma de dançar em par,

dançando-se de uma forma mais livre e solta, sem a necessidade de parceiro,

deixando-se de lado os bailes tradicionais.

É a partir dos anos 80, que a dança de salão vem retornando com toda a

força, praticado em academias e escolas de dança, onde são organizados

competições e espetáculos, estimulando os dançarinos a se aprimorarem e até se

profissionalizarem. Desta forma, a dança vem passando por um processo de

renovação e expansão, voltando a cair no gosto do público em geral.

Atualmente, vários são os ritmos dançados nos bailes, academias e eventos

festivos, entre eles pode-se citar: o samba, o chorinho, o bolero, o soltinho, a salsa,

o merengue, a lambada, o zouk, bem como o tango e a milonga.

Também não se pode esquecer das danças gauchescas, pois é no Rio

Grande do Sul onde se tem uma tradição muito grande nas danças de salão. Assim,

tem-se que falar da valsa campeira que é um pouco saltitada, da rancheira que é

8

uma versão da mazurca, do vaneirão que surgiu da dança habaneira, do Bugio e do

Chamame.

Contribuições da escola para o aprendizado da dança

A criança ao entrar na escola, traz consigo um conhecimento amplo a respeito

de seu corpo e do movimento, devendo o professor aproveitar destes

conhecimentos para aprimorá-los e a partir deles, promover conhecimentos mais

complexos. O professor não precisa ter domínio de estilos e técnicas de dança, mas

ter coragem para quebrar determinados preconceitos ligados a ela.

A dança na escola não deve priorizar a execução de movimentos corretos e

padronizados, mas partir do pressuposto de que o movimento é uma forma de

expressão e comunicação do aluno, objetivando torná-lo um cidadão crítico,

participativo responsável.

Segundo Marques (2003):

“A escola pode fornecer parâmetros para sistematização e apropriação crítica, consciente e transformadora dos conteúdos específicos da dança e da sociedade. A escola tem papel de instrumentalizar e de construir conhecimento por meio da dança com seus alunos.”

Na escola, devem-se ofertar as mais diversas modalidades de dança,

privilegiando a experiência de maneira livre e espontânea. A escola tem o papel de

instrumentalizar e construir conhecimento através da dança com seus alunos ,

elemento essencial para a educação do ser social.

Portanto, sabendo-se que a dança é uma das maiores catalisadoras da

manifestação e expressão do movimento humano, no âmbito educativo escolar ela

pode ser usada como meio de crítica social, no questionamento de valores, padrões

ou modismos, ou ainda, como processo performativo, trabalhando-se o movimento,

sensações e sentimentos.

ABORDAGEM METODOLÓGICA:

Nesse trabalho foi utilizado o tipo de pesquisa descritiva, que segundo

Severino (2007): “Na pesquisa de campo, o objeto/fonte é abordado em seu meio

ambiente próprio. A coleta de dados é feita nas condições naturais em que os

9

fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados, sem intervenção e

manuseio por parte do pesquisador.”

A pesquisa foi realizada com 40 alunos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio

Estadual Luiz Augusto Moraes Rego, devidamente matriculados e presentes nas

aulas de Educação Física do 1º Semestre do Ano de 2009.

A intervenção foi realizada em três etapas. A primeira delas foi a aplicação do

pré-teste, que se constituiu de um questionário contendo 10 questões objetivas de

múltipla escolha e de fácil compreensão pelo aluno sobre o conhecimento e as

vivências em relação à dança.

Após esse diagnóstico inicial foram ministradas aulas de dança de salão para

os alunos durante as aulas de Educação Física no decorrer do primeiro semestre do

ano letivo de 2009, que abordaram os seguintes estilos da dança de salão: o bolero,

a valsa, a marchinha, o chote, o vaneirão e o forró. Também foram utilizadas

estratégias educativas como discussão e debates sobre filmes que abordavam a

importância e influência da dança na vida cotidiana.

Em seguida, a execução das aulas, na última aula do terceiro bimestre foi

aplicado o pós-teste, que se constituiu de um questionário composto por 10

questões sobre o conteúdo desenvolvido nas aulas de Educação Física.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Após a aplicação do Pré-teste, que teve o intuito de obter um diagnóstico da

turma norteando o planejamento e a execução das aulas de Educação Física

durante o bimestre. As questões eram relacionadas ao conhecimento e as vivências

dos alunos sobre a Dança de Salão Os principais resultados serão apresentados a

seguir.

10

Gráfico 1 – Vivência da dança na escola

Em relação às vivências da turma com a dança, percebeu-se que este

conteúdo era pouco desenvolvido nas aulas de Educação Física das Escolas, sendo

assim, apenas alguns alunos já haviam praticado dança de salão durante sua vida

escolar.

Ainda tentando verificar o conhecimento dos alunos quanto à dança de salão,

questionou-se os alunos sobre seu conhecimento em relação aos estilos das danças

de Salão. (Gráfico 02)

Gráfico 02 – Conhecimento dos estilos de dança de salão

As respostas demonstraram que apesar dos alunos não vivenciarem a dança

durante as aulas de Educação Física, muitos conheciam os estilos da dança de

salão, fato que poderia auxiliar para o planejamento e a execução das atividades a

9,4%

90,6%

SIM

NÃO

59,4%

40,6%SIM

NÃO

11

serem desenvolvidas nas aulas. Sendo assim, questionou-se quais os estilos já

haviam sido vivenciados pelos alunos (Gráfico 03)

Gráfico 03 – Estilos da dança de salão vivenciados pelos alunos

Dentre os estilos já vivenciados, notou-se que os ritmos regionais, como o

Chote e o vaneirão, foram mais apontados pelos alunos. Também destacaram-se o

forró e o bolero, mesmo não sendo ritmos regionais. Foram citados ainda, o tango, a

valsa e a marchinha.

Além de identificar o conhecimento e a vivência da dança pelos alunos

participantes da investigação, idealizou-se perceber qual a compreensão dos

mesmos relacionados à prática da dança de salão, que serão apresentados a seguir.

Gráfico 04 – Dança de Salão e performance

3,6%18,0%

14,5%

12,0%14,5%

2,4%

20,5%

14,5%BOLEROVANERÃOVALSATANGOXOTEMARCHINHAFORRÓNENHUM

96,8%

3,2%

SIM

NÃO

12

Ao questionar se os alunos acreditavam que a dança de salão poderiam ser

utilizadas no condicionamento físico das pessoas, quase que a totalidade dos alunos

possui o entendimento que a dança também é uma atividade física e que a mesma

pode ser utilizada na performance física das pessoas.

Partindo-se do entendimento que a dança faz parte do conteúdo da Educação

Física, procurou-se questionar os alunos quanto a participação nas aulas de dança.

Gráfico 05 – Interesse em participar de aulas de Dança de Salão

Identificou-se que a maioria, 81,2 % dos alunos demonstrou interesse em

participar de aulas de dança. Já 18,8 % dos alunos responderam negativamente, ou

seja, não participariam das aulas. Suas justificativas foram: que acreditavam que a

dança não fazia parte da Educação Física, que não gostavam, que não sabiam

dançar, que nunca haviam dançado, que tinham vergonha ou achavam estranho

dançar em aulas e na Escola.

Acreditando-se que a dança pode auxiliar no bom relacionamento das

pessoas, pois se trata de uma atividade de contato, respeito e cooperação,

questionou-se os alunos quanto ao relacionamento com os colegas da sala.

81,2%

18,8%

PARTICIPARIA

NÃO PARTICIPARIA

13

Gráfico 06 – Relacionamentos pessoais

Através das respostas notou-se que os alunos já possuíam bom

relacionamento com seus colegas de classe.

Questionou-se então os alunos sobre a utilização da dança em seus momentos recreativos.

Gráfico 07 – Dança e recreação

Apesar dos alunos não conviverem com a dança na escola, demonstraram

utiliza-la de forma recreativa e divertida. O fato de seguir passos e modelos

predeterminados, não tira do fato de dançar uma forma de divertimento e lazer.

Ainda tentando compreender a vivência de cada aluno com a dança,

perguntou-se sobre a participação dos mesmos em bailes e festas onde ela está

presente.

59,4%

40,6% BOM

RAZOÁVEL

90,6%

9,4%

SIM

NÃO

14

Gráfico 08 – Participação em bailes

Identificou-se que a maioria dos alunos participava destas comemorações, o

que demonstra que a dança fazia parte da vida do ambiente de convivência dos

alunos.

Observando nosso mundo, percebe-se que a dança de salão vem ocupando

um espaço grande em nossos meios de comunicação. Hoje a mídia mostra danças

variadas, o que faz com que o público que assiste apresentações de danças busque

aprender e a interessar-se por elas. Isto pode ser exemplificado com o programa

danças dos famosos, pois a dança ficou em evidência por muitos domingos, sendo

comentada e até avaliada por nossos alunos.

Assim, buscou-se interpelar sobre a visão, posicionamento e interesse dos

alunos em relação à dança de salão.

Gráfico 09 – Influência da mídia no interesse em dançar

53,2%46,8% SIM

NÃO

21,8%

6,4%

71,8%

SE INTERESSA, MASNÃO QUERAPRENDER

NÃO SE INTERESSAPOR DANÇA

GOSTARIA DEAPRENDER PARAARTICIPAR DPEBAILES

15

Verificou-se que a maioria 71,8 % dos alunos se interessava em aprender a

dançar para poder aproveitar dela em festas, bailes e festividades.

EXECUÇÃO DAS AULAS DE DANÇA DE SALÃO

Após a aplicação do pré-teste, os alunos ficaram bastante ansiosos quanto a

execução das aulas. Assim, apresentou-se o projeto “Dança de salão nas aulas de

Educação Física”, que tinha como objetivo trazer a dança de salão para dentro da

Escola e durante as aulas normais de Educação Física, sendo mais uma ferramenta

na formação e educação de seus alunos.

Com a empolgação dos alunos em participar e aprender a dançar os ritmos

de dança de salão, iniciou-se as aulas com atividades recreativas e cooperativas

que serviriam de base para a iniciação da dança, ritmo, passos e coreografias. Da

mesma forma, durante as atividades os alunos assistiram o filme “Vamos todos

dançar”, onde puderam observar a importância e influência da dança na vida das

pessoas.Debateu-se sobre alguns paradigmas que temos em relação a dança, a

dançarinos e a alguns ritmos. Também se percebeu os benefícios da dança para a

saúde, as formas dos corpos dos bailarinos, os passos e coreografias utilizadas em

algumas danças e a facilidade de certas pessoas em se expressar e usufruir de seus

corpos.

Nas aulas seguintes foram repassados os estilos da dança de salão, sendo o

bolero, a valsa, a marchinha, o chote, o vaneirão e o forró.

Em todas as atividades propostas houve a participação integral dos alunos,

alguns com dificuldades motoras, outros com problemas na elaboração dos passos,

ou ainda, na percepção do ritmo.

A participação, a alegria e o entrosamento observados na turma,

demonstraram a aceitação da dança de salão. Houve um enorme interesse de todos

em aprender a dançar e a colaborar com seu colega a ultrapassar as dificuldades,

vivenciando os diversos ritmos, construindo seu entendimento da dança, observando

o seu desenvolvimento que é diferenciado, conhecendo seu corpo e colaborando

para a formação de sua personalidade.

Após a execução das aulas de dança de salão, aplicou-se o questionário

(pós-teste), para verificar o entendimento e aprendizado dos alunos quanto ao tema

trabalhado, às percepções e sentimentos dos alunos durante as aulas, o alcance

16

das expectativas e o envolvimento da turma quanto ao tema. Os resultados serão

apresentados a seguir.

Gráfico 10 – Percepções e sentimentos dos alunos nas aulas

A partir das respostas obtidas identificou-se que 50% dos alunos sentiram-se

muito bem/ótimo em participar das aulas de dança e 40% sentiram-se bem, o que

faz crer que o trabalho com a dança de salão na escola pode agradar tanto quanto

os esportes ou outros conteúdos. Tem se que lembrar que alguns alunos, sentiram-

se constrangidos. Pode-se explicar este fato, pois como a dança de salão foi um

conteúdo que os alunos nunca tiveram contato, estes tiveram algumas dificuldades

em executar alguns ritmos ou ainda, por se necessitar de um par para dançar, tornou

a iniciação um pouco mais trabalhosa.

Gráfico 11 – Estilo de preferência

50,0%

40,0%

10,0%

ÓTIMO

BEM

CONSTRANGIDO

17,0%

19,1%

12,8%12,8%

21,3%

14,9%2,1%

BOLERO

VALSACHOTE

MARCHINHA

VANEIRÃO

FORRÓ

NENHUM

17

Desta forma, alguns estilos tinham preferência, entre eles pode-se citar o

vaneirão, que foi o mais escolhido pelos alunos; porém vários outros foram citados,

entre eles o Chote, a Valsa, a Marchinha, o Bolero, o Forró.

A dança enquanto conteúdo da Educação Física, é pouco explorada na

maioria das escolas. No entanto, ao ministrar aulas de dança de salão, percebeu-se

total envolvimento dos alunos, pois muitos dos ritmos que foram desenvolvidos

nunca haviam sido vivenciados pela maioria dos alunos. Sendo assim, após a

realização das aulas de dança de salão, questionou-se os alunos sobre as

sensações que haviam experimentado.

Gráfico 12 – Sensações após a aula

A maioria 38% dos alunos apontou a tranqüilidade, cerca de 28% a alegria,

que é contagiante nas aulas de dança, 19% a desinibição pois os alunos se

relacionam, trocam informações, tem contato, aprendem a respeitar o outro, e 14% a

inquietude por se tratar da movimentação do grupo.

Durante as aulas, os alunos vivenciaram a dança e puderam perceber que ela

pode ser utilizada como uma atividade física bastante eficiente, capaz de

proporcionar um bem estar aos praticantes. Assim, foram questionados sobre a

freqüência cardíaca durante as aulas de dança.

28,5%

19,0%38,2%

14,3%

ALEGRIA

DESINIBIÇÃO

TRANQUILIDADE

INQUIETUDE

18

Gráfico 13 – Percepção da freqüência cardíaca durante e após as aulas

Em relação às alterações da FC, identificou-se que a maioria percebia a

freqüência mais acelerada, e ainda, alguns ofegantes. Desta forma, muitos foram os

questionamentos dos alunos quanto a utilização da dança na preparação física. Isto

se dá ao fato de que ao dançar, o aluno está descontraído, procurando acompanhar

um ritmo e passos diversos, fazendo movimentos de pernas, braços e quadril, não

percebendo a quantidade de movimento executada.

O mesmo resultado foi obtido, ao se questionar os alunos como estavam se

sentindo após participarem das aulas de dança.

Gráfico 14 – Percepção do corpo após a aula

Muitos alunos se percebiam cansados e suados, o que fez os alunos

perceberem que havia uma relação entre dança e atividade física. O

14,3%

14,3%

23,8%

47,6%

OFEGANTE

BATENDO FORTE

ACELERADO

SEM ALTERAÇÃO

33,4%

33,4%

4,7%

28,5%CANSADO

APENAS SUOU, MAS

NÃO CANSOU

NÃO SUOU, MAS

CANSOUSEM ALTERAÇÃO

19

condicionamento físico também poderia ser trabalhado nas aulas de dança,

desmistificando a idéia de que a preparação física somente ocorre em atividades

esportivas. Pode-se notar que as aulas de Educação Física podem abordar muitos

outros conteúdos e formas de se trabalhar do que as tradicionais que são

executadas e repassadas na maioria de nossas escolas.

Gráfico 15 - Dança de Salão e performance

Assim, devido aos resultados anteriormente citados, 95,3% dos alunos,

percebeu que dançar ajuda e muito no condicionamento físico, podendo ser utilizada

para todas as pessoas das mais diversas idades. Portanto, dançar foi compreendido

como uma maneira de se praticar exercícios, de malhar ou praticar atividade física.

Muitos foram os comentários a respeito das pessoas que dançam, ou seja, os

dançarinos. Estes possuem corpos esculturais, com músculos definidos e rígidos,

porém ao mesmo tempo, capazes de executarem movimentos delicados e leves.

Com o intuito ainda de relacionar o conteúdo com a escola e a Educação,

percebe-se que a dança pode ser utilizada na melhora do relacionamento dos

alunos, pois envolve ações voltadas a dimensão psicológica do indivíduo. Sendo

assim, questionou-se os alunos quanto as suas percepções sobre os aspectos

relacionados aos relacionamentos interpessoais.

95,3%

4,7%

SIM

NÃO

20

Gráfico 16 – Relacionamentos interpessoais

A maioria dos alunos, respondeu que relacionaram-se de forma tranqüila e

desinibida com seus colegas. Houve também relatos de aumento da autoconfiança,

o que ajuda e muito na formação do caráter dos alunos. Poucos foram os relatos de

vergonha ao participarem das aulas de dança.

Sendo assim,

Gráfico 17 – Interesse em praticar a dança após as aulas

Ao serem indagados sobre o tema, 54,1% dos alunos entrevistados

demonstraram interesse em aprender a dançar, outros 20,9% ficaram curiosos pela

dança, porém dentre estes, alguns não pretendem dançar, outros apenas apreciar.

Mas o que deve ser levado em consideração, é que o aluno assistindo a

apresentações, cria um interesse em aprender e percebe que ele pode aprender a

dançar, só depende dele.

57,1%

9,5%

19,1%

14,3% TRANQUILO

VERGONHA

DESINIBIÇÃO

AUMENTO DAAUTOCONFIANÇA

80,9%

19,1%CONSEGUIRÁ DANÇAREM BAILES

APRENDEU ADANÇAR, MAS NÃODANÇARÁ

21

Após o trabalho durante o bimestre, o conteúdo trabalhado foi bastante

comentado nas rodas de amigos na escola. O que mais foi surpreendente é que os

alunos aprenderam a dançar os ritmos que foram repassados. Como o intuito é de

utilizar a dança na formação das pessoas, os resultados alcançados foram bastante

agradáveis. Assim, os educandos poderão utilizar da dança em suas vidas para

divertirem-se em festas e bailes, ou ainda, como forma de exercitarem-se e

aproveitarem-se da dança para se relacionarem com o mundo que os rodeia.

Atualmente, a dança de salão vem chamando muita a atenção de nossos

alunos. Isto se deve, ao trabalho que a mídia vem fazendo em promover

apresentações e concursos de dança, ou ainda, simplesmente em mostrar a dança

como atividade cultural de um povo.

Pode-se falar que o “programa dança dos famosos”, trouxe a dança de volta

aos cenários, fazendo que os alunos demonstrassem um sentimento de curiosidade

e interesse pela dança.

A experiência de dançar nas aulas de Educação Física faz com que o aluno

possa desfrutar do movimento, vivenciando uma atividade diferenciada e agradável,

possibilitando inúmeros benefícios na formação de um indivíduo crítico, capaz e

responsável.

Após a execução do projeto, ou seja, das aulas de dança de salão nas aulas

de educação física, procurou-se verificar a opinião dos alunos entrevistados em

relação aos demais alunos da escola e do projeto.

Gráfico 18 – Opinião sobre a participação no projeto

39,3%

21,4%

35,7%

3,6%

ACREDITA QUE TODAS AS

TURMAS DEVERIAM TERESTA EXPERIÊNCIA

ACREDITA QUE DEVE SERAPENAS PARA O ENSINO

MÉDIO

ACREDITA QUE DEVAACONTECER UM FESTIVALDE DANÇAS NO COLÉGIO

NÃO GOSTARIA QUETIVESSE AULAS DE DANÇA

NA ESCOLA

22

Pode-se perceber a total aceitação do projeto, já que 96,4% dos

alunos gostaram de fazer aulas de dança e acreditam que a dança deve fazer parte

das aulas, apenas cerca de 3,6% não gostariam que a dança estivesse incluída nas

aulas de Educação Física. Da mesma forma, 39,3% acreditavam que todos os

alunos do Colégio deveriam vivenciar a dança, 21,4% acreditavam que só o ensino

médio deveria vivenciar a dança de salão.

Ainda, tem-se que lembrar, que 35,7% dos alunos acreditam que devam

acontecer festivais de dança no Colégio, o que faz com que todos os alunos possam

aproveitar-se da dança, vivenciando a mesma em apresentações e festivais.

Com este entendimento, pode-se dizer que o trabalho com a dança, tem na

Escola uma aceitação muito grande e deve fazer parte do programa de atividades de

Educação física, sendo mais uma ferramenta para os profissionais utilizarem na

educação de seus alunos.

CONCLUSÃO

No transcorrer das reflexões sobre a dança e a dança de salão na escola,

buscou-se apresentar a importância do desenvolvimento desse conteúdo como parte

integrante das aulas de Educação Física, favorecendo a elaboração de um currículo

que não restrinja ao ensino apenas do desporto.

Diante dos resultados obtidos, notou-se que a maioria dos alunos

pesquisados nunca havia experimentado ou vivenciado aulas de dança na escola,

mas apesar disto, diante da proposição de aulas de dança de salão durante as

aulas, obteve-se a participação e envolvimento integral da turma.

Os conteúdos desenvolvidos foram bem recebidos pelos alunos, pois

percebeu-se que a compreensão de dança que era fruto da influência da mídia e de

uma massificação, se modificou no sentido de concebê-la como um instrumento de

experimentação corporal, das próprias relações interpessoais e de relaxar do

estresse que a rotina impõe.

Além disso, foi possível identificar que os alunos conheceram os benefícios

que a dança pode trazer para ao praticante, através das suas opiniões acerca das

relações da dança com a atividade física, o condicionamento físico, como forma de

23

recreação e divertimento, e ainda auxiliando no relacionamento e na interação

interpessoal.

Atualmente, a mídia trouxe a dança de salão de volta ao nosso contexto, pois

podem ser vistos inúmeros programas de televisão em que a dança de salão se faz

presente como apresentação ou competição. Também deve-se lembrar que sua

prática é muito apreciada em bailes e festas populares, o que aguça o interesse de

saber dançar de todos, interligando a prática de aulas de dança de salão ao dia a dia

dos alunos.

Assim, ao se proporcionar aulas de dança de salão durante as aulas de

Educação Física, e oportunizar aos alunos vivenciar o bolero, a valsa, o forró e

outros ritmos, possibilita-se a apropriação destes ensinamentos para futuramente

serem utilizados em sua vida cotidiana e extra-escolar.

A experimentação dos diferentes estilos da dança de salão dança, além de

possibilitar o aprendizado, também desenvolveu nos alunos o interesse em aprender

outros ritmos e estilos.

Acredita-se assim, que é possível desenvolver nos alunos, por meio da

prática dos conceitos básicos que são atribuídos à dança, a responsabilidade com

seu próprio corpo, as relações que existem com o outro, a concentração, a disciplina

e o respeito, visto que ela pode influenciar na socialização, no bem-estar, diminuindo

tensões, depressões e ansiedades e na saúde física, corrigindo posturas.

Aos profissionais da Educação Física, cabe repensar sua postura e propor

uma metodologia que oportonize o desenvolvimento integral do ser humano,

compreendendo seu corpo e seus valores. Cabe a estes, explorar o potencial do

aluno, favorecendo o despertar da criatividade, adaptando a realidade do grupo, as

expectativas dos alunos e sua bagagem sócio-cultural.

O professor não precisa ensinar o aluno como dançar, mas sim favorecer a

aprendizagem da dança através da proposição de atividades e experiências que

oportunizem à todos esta vivência.

Não se pretende defender a utilização de Dança e da Dança de Salão como

atividade única nas aulas de Educação Física, mas apenas resgatá-la ou inseri-la na

prática pedagógica do professor.

Espera-se que essas reflexões levem à conexões, novas idéias, discussões,

sobretudo do aprofundamento da dança no contexto escolar. A intenção é de

possibilitar através da dança e da dança de salão o desenvolvimento da capacidade

criativa, no desenvolvimento das habilidades, contribuindo de forma decisiva na

24

formação de cidadãos críticos, conscientes e autônomos, capazes de transformar o

meio em que vivem.

Os resultados obtidos com esta experiência, apontam para a confirmação da

relevância do trabalho com a dança e a dança de salão, não apenas para os anos

finais de nossas escolas, mas sim de forma a contemplar a todos os alunos esta

experiência. Desta forma, nos faz ter a certeza de que é possível trabalhar a dança

em nossas aulas, enriquecendo todo o processo educativo.

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