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A Crise Mundial de 2007 2010 Um “outro” ponto de vista Elaborado por: Reno Schmidt e Rodrigo Santos

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A Crise Mundial de 2007 – 2010Um “outro” ponto de vista

Elaborado por: Reno Schmidt e Rodrigo Santos

Fazer uma abordagem sobre a origem da crise

do Subprime e relacioná-la com as recomendações do Comitê de Basiléia em seus diferentes períodos (desde 1988 até os dias atuais).

Objetivo:

1. Origem do Comitê de Supervisão Bancária (Acordo de Basiléia);

2. Evolução do Acordo de Basiléia I para II;

3. Reformulação Basiléia II e seus Pilares;

4. Conceituando os “Subprimes”;

Resumo

Resumo

5.Uma discussão sobre a origem da crise 2007 –2010;

6.Relacionando as medidas Prudenciais dos Acordos de Basiléia com a crise dos “Subprimes”;

7.Uma discussão breve sobre o real efeito destas medidas Prudenciais e suas evoluções para a proteção contra Crises Sistêmicas.

1.Origem do Comitê de Supervisão Bancária (Acordo de Basiléia)

- Comitê de Supervisão Bancária do BIS (Bank of International Settlements). Início em 1988 com os representantes do G10;

- Estabelecer um melhor equilíbrio competitivo entre as principais instituições financeiras com presença internacional;

- Reforçar a saúde e buscar estabilidade para do Sistema Bancário Mundial;

2.Evolução do Acordo de Basiléia I para II

3.Reformulação Basiléia II e seus Pilares

Adesão de Basiléia II

4. Conceituando os “Subprimes”;

- Os “Subprimes” incluíam desde empréstimos Hipotecários até cartões de crédito a clientes sem comprovação de renda e com histórico ruim de crédito;

- Estas dívidas só eram honradas mediante sucessivas rolagens, o que era possível pela constante valorização dos imóveis;

- Os imóveis eram dados como garantia destas dívidas;

- Os juros eram pós-fixados, logo um problema só se os juros disparassem no futuro;

- Como eram títulos dificilmente liquidáveis, os bancos arquitetaram uma securitização resultando nos derivativos negociáveis no mercado financeiro internacional.

5.Uma discussão sobre a origem da crise 2007 – 2010;

Em 15 de Setembro de 2008 o Banco de Investimentos Lehman Brothers vai a falência.

“Começa” aqui a história da crise econômica mundial atual?

Na realidade não.A crise de 2008 começa na década de 1930;

Na década de 1930 o sistema bancário americano passa a adotar a regra de que nenhum banco poderá emprestar mais do que 12 vezes seu capital e reservas;

5.Uma discussão sobre a origem da crise 2007 – 2010;

Em 2004 o acordo de Basiléia foi novamente revisado, porém tal condição permaneceu;

6.Relacionando as medidas Prudenciais dos Acordos de Basiléia com a crise dos

“Subprimes”;

Em 1988 o acordo de Basiléia definiu isto como regra para todos os signatários. O acordo foi revisado em 1998, porém tal ponto não foi alterado;

Além disto nenhuma destas regulamentações (criada nos EUA na década de 1930, ou os acordos de Basiléia) trabalham com valores reais, ou seja, não existe nenhum tipo de “correção monetária”;

Desta forma os bancos viram suas capacidades de fornecer crédito serem encolhidas, ano após ano;

6.Relacionando as medidas Prudenciais dos Acordos de Basiléia com a crise dos

“Subprimes”;

Os bancos americanos, até a década de 1970, compensavam tal restrições com lucros de 12% frente a inflação de 4% a.a;

Este processo sofre um duro golpe quando em 1981 a inflação americana atinge 10% e em 1982, atinge 12%. Os bancos passam a ter prejuízos;

Somado a este fator, com o aumento da taxa de juros, imposto pelo FED, inicia-se uma fase de inadimplência, provisões para devedores duvidosos e queda nas reservas (em valores reais e não nominais) dos bancos;

6.Relacionando as medidas Prudenciais dos Acordos de Basiléia com a crise dos

“Subprimes”;

Os bancos perdem suas capacidades de fornecer créditos;

A situação começa a mudar, quanto em 1983, os bancos americanos desenvolvem a securitização e logo em seguida os derivativos;

6.Relacionando as medidas Prudenciais dos Acordos de Basiléia com a crise dos

“Subprimes”;

“Assoberbados por problemas com empréstimos ao Terceiro Mundo e também a tomadores domésticos, os bancos norte –americanos enfrentam naquela década custos crescentes na captação de recursos, dada a incerteza percebida pelo público quanto à saúde do setor. Neste contexto, diversas grandes empresas percebem que poderiam captar recursos diretamente no mercado por taxas inferiores às pagas pelo bancos, sempre que os requisitos necessários para a participação neste mercado fossem atendidos. Assim, grandes empresas, capazes de acessar este recursos, colocaram commercial papers como alternativa à tomada de créditos junto aos bancos“;

6.Relacionando as medidas Prudenciais dos Acordos de Basiléia com a crise dos

“Subprimes”;

Cabe lembrar que as operações de securitização e derivativos são off balace, ou seja, não são registradas nos balanços;

As estratégias de regulações financeiras, ao longo dos anos, passou por três grandes pontos: (1) Regulação dos Balanços / (2) Coeficientes de Capital – Basiléia I/ (3) Coeficiente de Capital e Inovação Financeira –Basiléia II;

O ponto é que as instituições financeiras tornaram-se conglomerados e o papel dos supervisores do sistema tornou-se cada vez mais complexo e de difícil execução;

6.Relacionando as medidas Prudenciais dos Acordos de Basiléia com a crise dos

“Subprimes”;

Fato: o supervisor será superado pela constante busca por inovação, que move o mercado financeiro;

Os bancos comerciais deixaram de realizar empréstimos para realizar operações com derivativos. Durante o ano de 2007, os bancos americanos realizaram operações de 157 trilhões de dólares em derivativos, contra 500 bilhões em 1988;

Como base de comparação, estes mesmos bancos movimentaram em negócios de empréstimos 6 bilhões, em 2007, ou seja, 0,004% das operações com derivativos;

6.Relacionando as medidas Prudenciais dos Acordos de Basiléia com a crise dos

“Subprimes”;

Dúvida que se impõe: o acordo de Basiléia III irá resolver estes problemas?

Pelo que sabemos até o momento não. Seguindo Basiléia III os bancos terão que triplicar para 7% o valor de suas reservas, o que provavelmente irá tornar o custo pago pelo dinheiro maior;

As novas regras sobre capital e liquidez dos bancos, determinam que os bancos tenham um mínimo do chamado capital de Tier 1 -- lucros e ações retidas --de 4,5 por cento, ante os 2 por cento exigidos atualmente.

7.Uma discussão breve sobre o real efeito

destas medidas Prudenciais e suas evoluções

para a proteção contra Crises Sistêmicas.

O valor total de Tier 1 foi determinado em 6 por cento,

ante os 4 por cento atuais.

Os bancos também terão que criar uma proteção

adicional, chamado "colchão de proteção", de 2,5 por

cento, formada por ativos comuns.

Ainda será exigido outro "colchão de proteção

anticíclico" de entre 0 e 2,5 por cento em condições de

crédito excessivo;

Estima-se que os 35 maiores bancos americanos precisarão, cada, entre 100 e 150 bilhões de dólares para atender, este ponto, de Basiléia III;

7.Uma discussão breve sobre o real efeito

destas medidas Prudenciais e suas evoluções

para a proteção contra Crises Sistêmicas.

Mais uma vez não sabemos como os supervisores do sistema financeiro darão conta de fazer a supervisão e conseguir detectar que apesar dos cumprimentos das regras de Basiléia III, novos instrumentos foram criados e o sistema financeiro esta em risco novamente;

Mais uma vez as regras de Basiléia III não trabalham com valores reais, mas apenas valores nominais;

Mais uma vez, ficamos com impressão de que origem do problema não foi atacada;

7.Uma discussão breve sobre o real efeito

destas medidas Prudenciais e suas evoluções

para a proteção contra Crises Sistêmicas.

Depois não adianta fazermos como Kossigin* e dizer que o fracasso dos planos quinquenais deveriam ser atribuídos a “trabalhos indolentes e dados ao álcool, à gorjeta e ao câmbio negro”. A verdade é que as leis da Economia, devem ser criadas, testadas e recriadas a cada dia;

Mais uma vez nos colocamos a espera de uma nova crise financeira mundial?;

*Kossigin foi presidente o conselho de ministros da antiga URSS, entre 1964 e 1980);

7.Uma discussão breve sobre o real efeito

destas medidas Prudenciais e suas evoluções

para a proteção contra Crises Sistêmicas.

Espaço para dúvidas e perguntas sobre o trabalho e aonde esta crise vai parar.

Referências:

BAER, Justin; MASTER, Brooke US banks face $100bn Basel III shortfall. Jornal Financial Times. Disponível em: <http://www.ft.com/cms/s/0/42d42de2-f593-11df-99d6-00144feab49a.html#axzz16j1y5VOw >. Acesso em: 29 nov. 2010.

BETING, Joelmir. Na prática a teoria é outra. 1 ed. São Paulo – SP: Impres, 1973. Páginas 55 e 56.

CARVALHO, Fernando; PAULA, Luiz Fernando de; SICSÚ, João; SOUZA, Francisco de; STUDART, Rogério; . Economia monetária e financeira. 2 ed. São Paulo – SP: Campus, 2007.

GREENSPAM, Alan. A era da turbulência. Rio de Janeiro – RJ: Elsevier, 2008.

JONES, Huw. Basiléia III: bancos terão que triplicar capital de proteção. Agência Reuters. Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+geral-economia,basileia-iii-bancos-terao-que-triplicar-capital-de-protecao,34934,0.htm>. Acesso em: 28 nov. 2010.

INTERNATIONAL CONVERGENCE OF CAPITAL MEASUREMENT AND CAPITAL STANDARDS. Basle Capital Accord. Disponível em: <http://www.bis.org/publ/bcbsc111.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2010.

INTERNATIONAL CONVERGENCE OF CAPITAL MEASUREMENT AND CAPITAL STANDARDS. A revised frame work. Disponível em: <http://www.bis.org/publ/bcbs107.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2010.

KANITZ, Stephen Charles. A origem da crise mundial. Revista Veja, número 2024, ano 40. 5 de Setembro de 2007, página 20. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/050907/ponto_de_vista.shtml>. Acesso em: 29 nov. 2010. KANITZ, Stephen Charles. O Brasil que dá certo: o novo ciclo de crescimento 1995-2005. 18 ed. São Paulo –SP: Makron Books, 1995.

MENDONÇA, Ana Rosa Ribeiro de. O acordo da Basiléia de 2004: uma revisão em direção às práticas de mercado. Disponível em: <http://www.eco.unicamp.br/asp-scripts/boletim_ceri/boletim/boletim2/05-AnaRosa.pdf>. Acesso em: 29 nov. 2010.