a criança inserida no meio religioso
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7/23/2019 A Criana Inserida No Meio Religioso
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A criana e a religio
Jennifer R. F. Viana
O que religio?
No dicionrio portugus encontramos a seguinte definio !" #ulto
prestado $ di%indade. &" 'outrina ou crena religiosa. (" )catamento $s coisas
sagradas. *" Vida religiosa. 'e fato encontramos muitos significados para esta
pala%ra. +as o quer seria religio para uma criana? ,eria poss-%el umacriana ter uma religio? isso seria /enfico para ela? #om esse /re%e
estudo pretendo dar uma no%a 0tica a esse assunto to natural no cotidiano
dos cidados /rasileiros1 e a real posio da criana inserida a esse meio.
2ala%ras c3a%es Religio 4 criana 4 ensino religioso
)o nos deparar"mos com crianas em seu meio social como
escolas1 ruas1 praas1 %isuali5amos seus gestos e mo%imentos espont6neos1
muita das %e5es ac3amos graas de tais a7es li%res e depreendidas de regras
e regimentos. Notamos ali uma corporeidade ainda no castrada pelos padr7es
de educao das sociedades ditas como 88ci%ili5adas88. ) fam-lia de suma
import6ncia no processo de desen%ol%imento emocional e social destas . Assim
diz Szymansky (1992):
Refere-se famlia como sendo: um gruo de essoas !ue
"i"em en#re si numa rela$%o duradoura ocuando o mesmo esa$o
fsico e social& com um #io esecial de rela$'es in#eressoais& com
indi"duos !ue se resei#am& man#m "nculos afe#i"os& em !ue m%es
e ais educam seus filos con*un#amen#e ou com essoas !ue
con#+m um cuidado com os mem,ros mais *o"ens ou mais idosos&
ainda cuidado m#uo en#re si& indeenden#emen#e do aren#esco.
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) criana de 3o9e a/ita %rios centros de comunicao1 espaos
de interao e socia/ilidade1 onde con3ecimentos so passados e regras so
seguidas. m sua %ida o mais presente desses espaos a escola1 pois ela
passa a maioria do seu tempo nela1 em seguida o n:cleo familiar como a sua
casa1 ou a de parentes onde aprende os 3/itos e costumes caracter-sticos
seguidos por seus descendentes1 em terceiro por muitas das %e5es %em $
igre9a1 aonde na maioria das %e5es a criana %ai acompan3ando seus pais ou
parentes pr0;imos. ,em posio de escol3a comparece ao local pelo simples
fato de ser carregada para l.
Fam-lias religiosas le%am desde muito cedo seus fil3os para os
cultos ministrados em igre9as. #onsiderando o da populao /rasileira declarando"se cat0lica1 de acordo com o
#enso do @
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no de decidir1 portanto no de%emos impor algo1 mas sim e;plicar o que .
)final1 'eus nos deu o li%re ar/-trio1 e algo imposto se9a qual for se contradi5
com isso. Rousseau di5ia em seu m-lio:
DO culto essencial o do corao. 'eus no re9eita nen3uma
3omenagem1 quando sincera1 so/ qualquer forma que l3e se9a
oferecida.E
)o analisar o espao f-sico das igre9as notamos um espao
destinado $s crianas1 como se fosse uma pequena crec3e1 onde seus pais
podem dei;"las para assistirem tranqilos as reuni7es1 alm do mais1 seus
fil3os rece/eram ensino religioso1 dessa forma no fa5em o/9e7es na 3ora dedei;"los naquele local. J as crianas que permanecem ali rece/em de fato
um ensino %oltado totalmente para os fins da igre9a1 $s %e5es /rincam1 outras
%e5es permanecem quietas por conta da falta de espao. Aeralmente no dia de
s/ado acontece nas igre9as cat0licas a 88catequese88 .O 2apa Joo 2aulo @@
disse
G) catequese uma educao da f das crianas1 dos 9o%ens
e dos adultos1 a qual compreende especialmente um ensino da
doutrina crist1 dado em geral de maneira org6nica e sistemtica1 com
fim de inici"los na plenitude da %ida cristG.
J aos domingos nas igre9as protestantes acontece a scola 'ominical1
consiste em uma estrutura educacional que ensina
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ou duas pessoas ficam encarregados de tomar conta delas at ao final das
reuni7es. Aeralmente so mul3eres1 Hlem/remos concepo antiga empregada
$s mul3eres so/re o ato de cuidarI. #om um espao pequeno e um numero
consider%el de crianas o momento ali passa a ser fadigado e cansati%o1 sem
/rinquedos e sem ati%idades que estimulem o seu interesse1 elas comeam a
se sentirem incomodadas e se irritam facilmente. )lm de tudo o ensino
religioso passado nesses locais geralmente se d de forma 88radicional881 ou
se9a1 sentadas1 caladas1 e somente ou%em o que a educadora religiosa fala.
emos que aceitar que crianas so seres dotados de inteligncia1
seres pensantes1 so espont6neas e sinceras1 ao se %erem presas a algo que
no as agrada costumam %er com maus ol3os aquilo que as incomoda. 2or que
ser que tantas crianas criadas em meio $ religio1 possuidoras de fam-lias
religiosas ao c3egarem a certa idade se re/elam contra a prtica religiosa1 e
at mesmo repudiam algo que foi to presente em sua %ida? Os traumas
associados $s religi7es estariam ligados $s e;perincias %i%idas por elas
durante esse per-odo? Ou seria a no aceitao das regras e regimentos
dogmticos adotados nas doutrinas? 2ara 2estalo55i o ensino religioso de%ia
conter os seguintes princ-pios
D#onser%ao dos sentimentos piedosos da crianaK ele%ao
$ Religio e $ %irtude com plena conscincia e con3ecimento de seus
de%eresK est-mulo a uma alegre ati%idade autLnoma da crianaK
est-mulo $ pesquisa e $ refle;o pessoal e atra%s de tudo isso1
promo%er a aprendi5agem do con3ecimento e das qualidades que a
%ida e;ige.E H2,)MO@1 !>B PI
#omo tudo na %ida 3 pessoas que so a fa%or e outras que socontra so/re a insero da criana pequena na religio1 3 pr0s e contras1
%e9amos ento as duas faces dessa 88moeda88. )o le%ar uma criana a um
centro religioso pri%amos que ela faa outras ati%idades mais adequadas para
sua fai;a etria1 a maioria das reuni7es acontecem $ noite e constantemente
%emos crianas dormindo de mal 9eito no colo de seus pais1 ou at mesmo em
/ancos ou cadeiras. ) pri%ao de um sono satisfat0rio entra na lista do contra.
Outra coisa a insero de 3ist0rias fantasiosas com a finalidade de coao eamedrontamento1 o tema 88inferno88 est constantemente nessas 3ist0rias
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assim como 88 papai do cu no gosta8881 88 papai do cu % tudo881 88isso
pecado881 os temidos castigos di%inos permeiam o discurso de indi%-duos
religiosos. +as lem/remos que 'eus no pune ningum1 geralmente crianas o
%em como de forma errLnea1 por causa das constantes 88ameaas88
proferidas por seus pais1 em nome do ,en3or. Os lugares pequenos e
a/afados1 e pessoas despreparadas para cuidar de crianas tam/m entram
na lista1 as pri%a7es de certas doutrinas como o modo de %estir1 se portar1 se
relacionar com outras pessoas de religi7es diferentes1 de praticar outras
ati%idades tam/m entram na lista. )gora %e9amos os pr0s as crianas se
relacionam com outras crianas e com pessoas do seu /airro1 do seu cotidiano1
aprendem a musicas di%ersas1 muita das %e5es 3inos que reforam o seu
%oca/ulrio1 participam de um grupo social onde fa5em ami5ades1 participam
de ati%idades de interao de socia/ilidade1 rece/em con3ecimentos di%ersos1
e de certa forma participam de um momento em fam-lia. +as isso tudo seria de
fato a %erdadeira %ontade da criana? al%e5 sim1 tal%e5 no. )ssim disse
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) capacidade de operar o pensamento concreto estendendo"
o $ compreenso do outro e $s poss-%eis conseqncias de /oa parte
dos seus atos se aperfeioa na idade escolar1 entre os e os !! anos
de %ida. ste amadurecimento se completa na adolescncia1 com a
capacidade crescente de a/strao que a criana desen%ol%e nestafase da e;istncia. #omo conseqncia1 poss-%el admitir que se9a
na segunda fase da adolescncia1 em geral a partir dos !P anos1 que
o indi%-duo atingiria as competncias necessrias para o e;erc-cio de
sua autonomia1 competncias estas que necessitariam apenas serem
lapidadas ao longo das %i%ncias e de uma maior e;perincia de %ida.
)o atingirem certa autonomia e opinio caracter-stica da pr"adolescencia1 ela
se % com o poder de di5er no quando no quer ou no concorda com algo.
;A ala"ra 4eus ara mim nada mais !ue e rodu#o da fra!ueza
umana& a
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importante que a criana con3ea a religio da sua fam-lia. S consider%el que
ela con3ea a crena de seus pais e aprenda com isso coisas positi%as.
+uitas das %e5es as crianas freqentadoras dos cultos se %em
confusas1 pois muitas das %e5es seus pais agem de uma forma dentro da igre9a
e fora dela de outra. ) coerncia dos atos dos pais de e;trema import6ncia
para a criana1 pois eles se configuram para ela como um e;emplo1 um
referencial a ser seguido.
+as se analisarmos a 3ist0ria da 3umanidade %eremos que os mais
cle/res 3omens e mul3eres da sociedade e seus descendentes eram na
maioria de fam-lias religiosas1 dentre estes destacamos ,anto )gostin3o1 ,o
3omas de )quino1 Voltaire1 Rosseu1 2estalo55i1 Frou/el1 +ontessori e muitos
outros1 interessante como em %rios momentos presenciamos a religiosidade
desses pensadores. Cm e;emplo claro Froe/el que por %rias %e5es e;p7e
sua f e de%oo em seus estudos
;A educa$%o de"e conduzir o omem a uma clara "is%o de si
mesmo& da na#ureza& da sua uni%o com 4eus. 4e"e ele"ar-le o
conecimen#o de si mesmo& o conecimen#o de 4eus e da na#ureza
e& median#e esse conecimen#o& conduzi-lo a uma "ida ura e san#a=
(AR>5& 2??1& 19).
+as o que seria da sociedade sem a religio? ssa pergunta ainda sem
resposta permeia muitas mentes que se importa com assuntos relacionados $s
ati%idades 3umanas. ) religio um pilar que sustenta a sociedade e de certo
modo ela um freio efica5 para conter certas atitudes. ) religio tem certa
autonomia perante a sociedade. ) religiosidade se configura como uma
autentica dimenso 3umana1 presente entre todas as culturas e po%os1 emtodos os tempos1 /usca o sentido para a %ida e para a morte1 ela culti%a
princ-pios ticos. S como di5ia o grande filosofo Voltaire
Se 4eus n%o e0is#isse& seria necess6rio
in"en#6-lo.
) crena de que e;iste um criador e que ele /om e 9usto d as
pessoas um conforto -ntimo onde o indi%-duo se apega a f e controla seus
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atos de acordo com aquilo que acredita a frase 88se 'eus quiser881 ou 88 'eus
quis assim88 so utili5adas freqentemente por essas pessoas1 mas no seria
errado colocar todas as responsa/ilidades em 'eus?
2recisamos ter uma %iso 3ol-stica1 critica1 quando o assunto religio1
e mais ainda quando esse assunto en%ol%e crianas. ste um assunto
polemico e pouco estudado. O ato de falar de religio e de religiosidade
complicado1 pois temos certo medo interior1 um 88freio mental88 ao analisar"mos
algo relacionado ao di%ino1 de%emos ter cuidado e prudncia. ) criana
pequena um ser puro e inocente1 ingnuo e completamente manipul%el no
sa/e discernir so/re algo comple;o e a/rangente1 portanto temos que ter
cautela ao inseri"la no meio religioso1 afinal1 ela o indi%-duo mais importante
do n:cleo familiar1 e de tal forma precisa ser cuidada1 respeitada e ou%ida.
Mem/remos que o %erdadeiro religioso aquele que pratica sua religiosidade
em seus atos dirios como 9ustia1 o amor1 e a solidariedade em sua maior
pure5a. )ssim di5iaROC,,)C1 !=
DUue os %erdadeiros de%eres da Religio so independentes
das institui7es 3umanas1 que um corao 9usto o %erdadeiro tempo
da di%indade1 que em todos os pa-ses e em todas as seitas1 amar a
'eus acima de tudo e o pr0;imo como a si mesmo o resumo da lei1
que no 3 religio que dispense os de%eres da moral1 que no 3
outros %erdadeiramente essenciais a no ser estes e que o culto
interior o primeiro desses de%eres e que sem a f1 nen3uma
%erdadeira %irtude e;iste.E HROC,,)C1 != (&I
Referncias
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2)'R MC@. ) misso do catequista. ,o 2aulo1 &BB. 'ispon-%el em Y
3ttpZZ[[[.cancaono%a.comZportalZcanaisZformacaoZinternas.p3p?e\!!(! ]
)cesso em BZ!BZ&B!B.
2@)A J. )s origens da inteligncia na criana. Ne[ or^ ) B. Vol. &P1 Waupgrunds`t5e der+et3ode.
ROC,,)C1 Jean"Jacques. bu%res #ompltes. Vol. *. 2aris. Aallimard1 !=.
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