a crianÇa com tea na educaÇÃo infantil: a prÁtica

48
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL UNIDADE UNIVERSITÁRIA NO LITORAL NORTE – OSÓRIO CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA - LICENCIATURA A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA PEGAGÓGICA DOCENTE VITÓRIA LIMA BENITES DE SOUZA Osório 2021

Upload: others

Post on 05-May-2022

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

0

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA NO LITORAL NORTE ndash OSOacuteRIO

CURSO DE GRADUACcedilAtildeO EM PEDAGOGIA - LICENCIATURA

A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEGAGOacuteGICADOCENTE

VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA

Osoacuterio

2021

0

VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA

A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICADOCENTE

Trabalho de Conclusatildeo do curso de Pedagogia-Licenciatura como requisito parcial para obtenccedilatildeodo tiacutetulo de Licenciada pela Universidade Estadualdo Rio Grande do Sul ndash Uergs

Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Osoacuterio

2021

1

S729c Souza Vitoacuteria Lima Benites

A crianccedila com TEA na Educaccedilatildeo Infantil a praacutetica pedagoacutegica docente Vitoacuteria Lima Benites de Souza - Osoacuterio 2021

44 f

Trabalho de Conclusatildeo (Graduaccedilatildeo) - Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul Curso de Pedagogia - Licenciatura Unidade Universitaacuteria em LitoralNorte - Osoacuterio 2021

Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

1Transtorno do Espectro Autista (TEA) 2Educaccedilatildeo inclusiva 3Praacuteticapedagoacutegica ISardagna Helena Venites IITiacutetulo

Daniella Vieira Magnus - Bibliotecaacuteria ndash CRB 102233

2

VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA

A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICADOCENTE

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado comorequisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciadoem Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul

Orientador (a) Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

_____________________________________________________

Profordf Drordf Carolina Gobbato - UERGS

_____________________________________________________

Profordf Mordf Liziane da Silva Barbosa - UERGS e Rede Puacuteblica de Ensino de Cidreira

OSOacuteRIO

2021

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeccedilo a Deus pela vida e por poder estar hoje vivenciando a

conclusatildeo da minha Graduaccedilatildeo e sempre estar presente nos meus planos me ajudando

a caminhar no sentido correto da vida

Agradeccedilo de coraccedilatildeo agrave minha amiga Aline Santos que eacute uma pessoa muito

abenccediloada poucos sabem mas sem ela eu natildeo teria iniciado a Graduaccedilatildeo ela quem me

deu todo apoio no iniacutecio e esteve ali para me ajudar em tudo que foi necessaacuterio para

chegar ao final

Agradeccedilo agrave Professora Drordf Helena Venites Sardagna pela sua dedicaccedilatildeo pela

orientaccedilatildeo deste trabalho e por todo apoio e por meio dela eu me dirijo a todos os

professores e comunidade acadecircmica da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

(UERGS) pela minha formaccedilatildeo profissional

Agradeccedilo agrave Professora Drordf Carolina Gobbato e agrave Professora Mordf Liziane da Silva

por aceitarem fazer parte da minha banca examinadora e contribuiacuterem para a minha

formaccedilatildeo

Agradeccedilo a minha famiacutelia por acreditar em mim e me dar todo apoio necessaacuterio

durante toda minha caminhada na graduaccedilatildeo

Agradeccedilo agraves minhas amigas e colegas Andressa e Thaiacutes por estes quatro anos em

que tivemos a oportunidade de nos conhecer aprender e estarmos juntas nos apoiando

durante tantas dificuldades encontradas neste periacuteodo de nossas vidas

Natildeo poderia deixar de agradecer tambeacutem agraves minhas amigas Bianca Katiely

Monique e Nicole que estiveram presentes em todos os momentos compartilhando de

alegrias e tristezas mas sempre me apoiando e me incentivando a natildeo desistir

4

Dedico este trabalho ao meu pai que natildeo estaacute mais entre noacutes

ele que sempre me apoiou e me incentivou a estudar o sonho

dele era me ver formada e hoje esse sonho se concretiza pois

ele estaacute presente em meu coraccedilatildeo e sei que de alguma forma

ele estaacute presenciando este momento

5

RESUMO

O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva

Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil

6

ABSTRACT

Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education

Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender

a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade

contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz

do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo

estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)

De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as

interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos

contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto

permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC

(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de

conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves

diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo

Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos

sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo

social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana

A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de

interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este

motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e

Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para

9

conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)

Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa

etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas

possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso

especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado

pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e

preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)

Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)

Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de

apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de

educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)

A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)

A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento

Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado

para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que

seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que

orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso

para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute

preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o

curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos

10

os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte

da praacutetica da sala referecircncia

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)

Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar

diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se

expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente

seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e

espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras

Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil

nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de

comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a

sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam

otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de

sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)

Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para

todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas

habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as

instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado

A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de

Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista

possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado

como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 2: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

0

VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA

A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICADOCENTE

Trabalho de Conclusatildeo do curso de Pedagogia-Licenciatura como requisito parcial para obtenccedilatildeodo tiacutetulo de Licenciada pela Universidade Estadualdo Rio Grande do Sul ndash Uergs

Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Osoacuterio

2021

1

S729c Souza Vitoacuteria Lima Benites

A crianccedila com TEA na Educaccedilatildeo Infantil a praacutetica pedagoacutegica docente Vitoacuteria Lima Benites de Souza - Osoacuterio 2021

44 f

Trabalho de Conclusatildeo (Graduaccedilatildeo) - Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul Curso de Pedagogia - Licenciatura Unidade Universitaacuteria em LitoralNorte - Osoacuterio 2021

Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

1Transtorno do Espectro Autista (TEA) 2Educaccedilatildeo inclusiva 3Praacuteticapedagoacutegica ISardagna Helena Venites IITiacutetulo

Daniella Vieira Magnus - Bibliotecaacuteria ndash CRB 102233

2

VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA

A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICADOCENTE

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado comorequisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciadoem Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul

Orientador (a) Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

_____________________________________________________

Profordf Drordf Carolina Gobbato - UERGS

_____________________________________________________

Profordf Mordf Liziane da Silva Barbosa - UERGS e Rede Puacuteblica de Ensino de Cidreira

OSOacuteRIO

2021

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeccedilo a Deus pela vida e por poder estar hoje vivenciando a

conclusatildeo da minha Graduaccedilatildeo e sempre estar presente nos meus planos me ajudando

a caminhar no sentido correto da vida

Agradeccedilo de coraccedilatildeo agrave minha amiga Aline Santos que eacute uma pessoa muito

abenccediloada poucos sabem mas sem ela eu natildeo teria iniciado a Graduaccedilatildeo ela quem me

deu todo apoio no iniacutecio e esteve ali para me ajudar em tudo que foi necessaacuterio para

chegar ao final

Agradeccedilo agrave Professora Drordf Helena Venites Sardagna pela sua dedicaccedilatildeo pela

orientaccedilatildeo deste trabalho e por todo apoio e por meio dela eu me dirijo a todos os

professores e comunidade acadecircmica da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

(UERGS) pela minha formaccedilatildeo profissional

Agradeccedilo agrave Professora Drordf Carolina Gobbato e agrave Professora Mordf Liziane da Silva

por aceitarem fazer parte da minha banca examinadora e contribuiacuterem para a minha

formaccedilatildeo

Agradeccedilo a minha famiacutelia por acreditar em mim e me dar todo apoio necessaacuterio

durante toda minha caminhada na graduaccedilatildeo

Agradeccedilo agraves minhas amigas e colegas Andressa e Thaiacutes por estes quatro anos em

que tivemos a oportunidade de nos conhecer aprender e estarmos juntas nos apoiando

durante tantas dificuldades encontradas neste periacuteodo de nossas vidas

Natildeo poderia deixar de agradecer tambeacutem agraves minhas amigas Bianca Katiely

Monique e Nicole que estiveram presentes em todos os momentos compartilhando de

alegrias e tristezas mas sempre me apoiando e me incentivando a natildeo desistir

4

Dedico este trabalho ao meu pai que natildeo estaacute mais entre noacutes

ele que sempre me apoiou e me incentivou a estudar o sonho

dele era me ver formada e hoje esse sonho se concretiza pois

ele estaacute presente em meu coraccedilatildeo e sei que de alguma forma

ele estaacute presenciando este momento

5

RESUMO

O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva

Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil

6

ABSTRACT

Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education

Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender

a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade

contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz

do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo

estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)

De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as

interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos

contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto

permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC

(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de

conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves

diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo

Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos

sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo

social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana

A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de

interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este

motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e

Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para

9

conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)

Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa

etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas

possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso

especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado

pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e

preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)

Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)

Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de

apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de

educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)

A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)

A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento

Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado

para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que

seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que

orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso

para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute

preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o

curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos

10

os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte

da praacutetica da sala referecircncia

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)

Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar

diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se

expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente

seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e

espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras

Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil

nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de

comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a

sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam

otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de

sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)

Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para

todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas

habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as

instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado

A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de

Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista

possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado

como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 3: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

1

S729c Souza Vitoacuteria Lima Benites

A crianccedila com TEA na Educaccedilatildeo Infantil a praacutetica pedagoacutegica docente Vitoacuteria Lima Benites de Souza - Osoacuterio 2021

44 f

Trabalho de Conclusatildeo (Graduaccedilatildeo) - Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul Curso de Pedagogia - Licenciatura Unidade Universitaacuteria em LitoralNorte - Osoacuterio 2021

Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

1Transtorno do Espectro Autista (TEA) 2Educaccedilatildeo inclusiva 3Praacuteticapedagoacutegica ISardagna Helena Venites IITiacutetulo

Daniella Vieira Magnus - Bibliotecaacuteria ndash CRB 102233

2

VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA

A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICADOCENTE

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado comorequisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciadoem Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul

Orientador (a) Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

_____________________________________________________

Profordf Drordf Carolina Gobbato - UERGS

_____________________________________________________

Profordf Mordf Liziane da Silva Barbosa - UERGS e Rede Puacuteblica de Ensino de Cidreira

OSOacuteRIO

2021

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeccedilo a Deus pela vida e por poder estar hoje vivenciando a

conclusatildeo da minha Graduaccedilatildeo e sempre estar presente nos meus planos me ajudando

a caminhar no sentido correto da vida

Agradeccedilo de coraccedilatildeo agrave minha amiga Aline Santos que eacute uma pessoa muito

abenccediloada poucos sabem mas sem ela eu natildeo teria iniciado a Graduaccedilatildeo ela quem me

deu todo apoio no iniacutecio e esteve ali para me ajudar em tudo que foi necessaacuterio para

chegar ao final

Agradeccedilo agrave Professora Drordf Helena Venites Sardagna pela sua dedicaccedilatildeo pela

orientaccedilatildeo deste trabalho e por todo apoio e por meio dela eu me dirijo a todos os

professores e comunidade acadecircmica da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

(UERGS) pela minha formaccedilatildeo profissional

Agradeccedilo agrave Professora Drordf Carolina Gobbato e agrave Professora Mordf Liziane da Silva

por aceitarem fazer parte da minha banca examinadora e contribuiacuterem para a minha

formaccedilatildeo

Agradeccedilo a minha famiacutelia por acreditar em mim e me dar todo apoio necessaacuterio

durante toda minha caminhada na graduaccedilatildeo

Agradeccedilo agraves minhas amigas e colegas Andressa e Thaiacutes por estes quatro anos em

que tivemos a oportunidade de nos conhecer aprender e estarmos juntas nos apoiando

durante tantas dificuldades encontradas neste periacuteodo de nossas vidas

Natildeo poderia deixar de agradecer tambeacutem agraves minhas amigas Bianca Katiely

Monique e Nicole que estiveram presentes em todos os momentos compartilhando de

alegrias e tristezas mas sempre me apoiando e me incentivando a natildeo desistir

4

Dedico este trabalho ao meu pai que natildeo estaacute mais entre noacutes

ele que sempre me apoiou e me incentivou a estudar o sonho

dele era me ver formada e hoje esse sonho se concretiza pois

ele estaacute presente em meu coraccedilatildeo e sei que de alguma forma

ele estaacute presenciando este momento

5

RESUMO

O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva

Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil

6

ABSTRACT

Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education

Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender

a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade

contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz

do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo

estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)

De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as

interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos

contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto

permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC

(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de

conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves

diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo

Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos

sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo

social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana

A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de

interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este

motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e

Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para

9

conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)

Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa

etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas

possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso

especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado

pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e

preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)

Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)

Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de

apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de

educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)

A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)

A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento

Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado

para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que

seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que

orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso

para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute

preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o

curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos

10

os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte

da praacutetica da sala referecircncia

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)

Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar

diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se

expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente

seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e

espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras

Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil

nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de

comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a

sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam

otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de

sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)

Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para

todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas

habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as

instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado

A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de

Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista

possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado

como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 4: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

2

VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA

A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICADOCENTE

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado comorequisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciadoem Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul

Orientador (a) Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

_____________________________________________________

Profordf Drordf Carolina Gobbato - UERGS

_____________________________________________________

Profordf Mordf Liziane da Silva Barbosa - UERGS e Rede Puacuteblica de Ensino de Cidreira

OSOacuteRIO

2021

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeccedilo a Deus pela vida e por poder estar hoje vivenciando a

conclusatildeo da minha Graduaccedilatildeo e sempre estar presente nos meus planos me ajudando

a caminhar no sentido correto da vida

Agradeccedilo de coraccedilatildeo agrave minha amiga Aline Santos que eacute uma pessoa muito

abenccediloada poucos sabem mas sem ela eu natildeo teria iniciado a Graduaccedilatildeo ela quem me

deu todo apoio no iniacutecio e esteve ali para me ajudar em tudo que foi necessaacuterio para

chegar ao final

Agradeccedilo agrave Professora Drordf Helena Venites Sardagna pela sua dedicaccedilatildeo pela

orientaccedilatildeo deste trabalho e por todo apoio e por meio dela eu me dirijo a todos os

professores e comunidade acadecircmica da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

(UERGS) pela minha formaccedilatildeo profissional

Agradeccedilo agrave Professora Drordf Carolina Gobbato e agrave Professora Mordf Liziane da Silva

por aceitarem fazer parte da minha banca examinadora e contribuiacuterem para a minha

formaccedilatildeo

Agradeccedilo a minha famiacutelia por acreditar em mim e me dar todo apoio necessaacuterio

durante toda minha caminhada na graduaccedilatildeo

Agradeccedilo agraves minhas amigas e colegas Andressa e Thaiacutes por estes quatro anos em

que tivemos a oportunidade de nos conhecer aprender e estarmos juntas nos apoiando

durante tantas dificuldades encontradas neste periacuteodo de nossas vidas

Natildeo poderia deixar de agradecer tambeacutem agraves minhas amigas Bianca Katiely

Monique e Nicole que estiveram presentes em todos os momentos compartilhando de

alegrias e tristezas mas sempre me apoiando e me incentivando a natildeo desistir

4

Dedico este trabalho ao meu pai que natildeo estaacute mais entre noacutes

ele que sempre me apoiou e me incentivou a estudar o sonho

dele era me ver formada e hoje esse sonho se concretiza pois

ele estaacute presente em meu coraccedilatildeo e sei que de alguma forma

ele estaacute presenciando este momento

5

RESUMO

O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva

Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil

6

ABSTRACT

Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education

Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender

a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade

contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz

do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo

estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)

De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as

interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos

contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto

permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC

(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de

conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves

diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo

Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos

sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo

social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana

A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de

interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este

motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e

Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para

9

conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)

Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa

etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas

possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso

especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado

pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e

preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)

Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)

Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de

apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de

educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)

A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)

A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento

Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado

para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que

seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que

orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso

para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute

preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o

curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos

10

os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte

da praacutetica da sala referecircncia

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)

Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar

diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se

expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente

seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e

espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras

Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil

nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de

comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a

sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam

otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de

sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)

Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para

todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas

habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as

instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado

A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de

Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista

possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado

como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 5: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeccedilo a Deus pela vida e por poder estar hoje vivenciando a

conclusatildeo da minha Graduaccedilatildeo e sempre estar presente nos meus planos me ajudando

a caminhar no sentido correto da vida

Agradeccedilo de coraccedilatildeo agrave minha amiga Aline Santos que eacute uma pessoa muito

abenccediloada poucos sabem mas sem ela eu natildeo teria iniciado a Graduaccedilatildeo ela quem me

deu todo apoio no iniacutecio e esteve ali para me ajudar em tudo que foi necessaacuterio para

chegar ao final

Agradeccedilo agrave Professora Drordf Helena Venites Sardagna pela sua dedicaccedilatildeo pela

orientaccedilatildeo deste trabalho e por todo apoio e por meio dela eu me dirijo a todos os

professores e comunidade acadecircmica da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

(UERGS) pela minha formaccedilatildeo profissional

Agradeccedilo agrave Professora Drordf Carolina Gobbato e agrave Professora Mordf Liziane da Silva

por aceitarem fazer parte da minha banca examinadora e contribuiacuterem para a minha

formaccedilatildeo

Agradeccedilo a minha famiacutelia por acreditar em mim e me dar todo apoio necessaacuterio

durante toda minha caminhada na graduaccedilatildeo

Agradeccedilo agraves minhas amigas e colegas Andressa e Thaiacutes por estes quatro anos em

que tivemos a oportunidade de nos conhecer aprender e estarmos juntas nos apoiando

durante tantas dificuldades encontradas neste periacuteodo de nossas vidas

Natildeo poderia deixar de agradecer tambeacutem agraves minhas amigas Bianca Katiely

Monique e Nicole que estiveram presentes em todos os momentos compartilhando de

alegrias e tristezas mas sempre me apoiando e me incentivando a natildeo desistir

4

Dedico este trabalho ao meu pai que natildeo estaacute mais entre noacutes

ele que sempre me apoiou e me incentivou a estudar o sonho

dele era me ver formada e hoje esse sonho se concretiza pois

ele estaacute presente em meu coraccedilatildeo e sei que de alguma forma

ele estaacute presenciando este momento

5

RESUMO

O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva

Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil

6

ABSTRACT

Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education

Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender

a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade

contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz

do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo

estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)

De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as

interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos

contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto

permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC

(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de

conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves

diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo

Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos

sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo

social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana

A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de

interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este

motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e

Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para

9

conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)

Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa

etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas

possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso

especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado

pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e

preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)

Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)

Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de

apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de

educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)

A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)

A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento

Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado

para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que

seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que

orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso

para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute

preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o

curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos

10

os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte

da praacutetica da sala referecircncia

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)

Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar

diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se

expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente

seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e

espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras

Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil

nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de

comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a

sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam

otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de

sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)

Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para

todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas

habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as

instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado

A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de

Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista

possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado

como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 6: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

4

Dedico este trabalho ao meu pai que natildeo estaacute mais entre noacutes

ele que sempre me apoiou e me incentivou a estudar o sonho

dele era me ver formada e hoje esse sonho se concretiza pois

ele estaacute presente em meu coraccedilatildeo e sei que de alguma forma

ele estaacute presenciando este momento

5

RESUMO

O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva

Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil

6

ABSTRACT

Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education

Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender

a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade

contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz

do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo

estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)

De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as

interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos

contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto

permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC

(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de

conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves

diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo

Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos

sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo

social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana

A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de

interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este

motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e

Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para

9

conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)

Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa

etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas

possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso

especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado

pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e

preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)

Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)

Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de

apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de

educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)

A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)

A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento

Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado

para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que

seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que

orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso

para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute

preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o

curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos

10

os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte

da praacutetica da sala referecircncia

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)

Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar

diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se

expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente

seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e

espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras

Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil

nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de

comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a

sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam

otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de

sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)

Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para

todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas

habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as

instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado

A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de

Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista

possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado

como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 7: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

5

RESUMO

O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva

Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil

6

ABSTRACT

Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education

Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender

a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade

contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz

do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo

estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)

De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as

interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos

contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto

permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC

(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de

conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves

diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo

Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos

sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo

social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana

A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de

interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este

motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e

Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para

9

conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)

Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa

etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas

possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso

especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado

pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e

preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)

Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)

Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de

apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de

educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)

A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)

A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento

Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado

para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que

seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que

orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso

para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute

preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o

curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos

10

os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte

da praacutetica da sala referecircncia

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)

Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar

diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se

expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente

seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e

espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras

Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil

nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de

comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a

sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam

otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de

sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)

Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para

todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas

habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as

instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado

A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de

Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista

possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado

como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 8: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

6

ABSTRACT

Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education

Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender

a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade

contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz

do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo

estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)

De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as

interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos

contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto

permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC

(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de

conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves

diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo

Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos

sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo

social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana

A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de

interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este

motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e

Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para

9

conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)

Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa

etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas

possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso

especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado

pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e

preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)

Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)

Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de

apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de

educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)

A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)

A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento

Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado

para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que

seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que

orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso

para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute

preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o

curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos

10

os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte

da praacutetica da sala referecircncia

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)

Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar

diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se

expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente

seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e

espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras

Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil

nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de

comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a

sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam

otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de

sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)

Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para

todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas

habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as

instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado

A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de

Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista

possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado

como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 9: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender

a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade

contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz

do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo

estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)

De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as

interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos

contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto

permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC

(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de

conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves

diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo

Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos

sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo

social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana

A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de

interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este

motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e

Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para

9

conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)

Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa

etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas

possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso

especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado

pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e

preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)

Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)

Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de

apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de

educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)

A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)

A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento

Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado

para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que

seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que

orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso

para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute

preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o

curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos

10

os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte

da praacutetica da sala referecircncia

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)

Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar

diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se

expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente

seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e

espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras

Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil

nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de

comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a

sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam

otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de

sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)

Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para

todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas

habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as

instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado

A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de

Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista

possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado

como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 10: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender

a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade

contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz

do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo

estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)

De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as

interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos

contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto

permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC

(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de

conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves

diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo

Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos

sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo

social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana

A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de

interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este

motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e

Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para

9

conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)

Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa

etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas

possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso

especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado

pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e

preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)

Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)

Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de

apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de

educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)

A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)

A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento

Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado

para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que

seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que

orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso

para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute

preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o

curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos

10

os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte

da praacutetica da sala referecircncia

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)

Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar

diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se

expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente

seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e

espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras

Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil

nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de

comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a

sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam

otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de

sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)

Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para

todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas

habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as

instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado

A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de

Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista

possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado

como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 11: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

9

conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)

Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa

etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas

possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso

especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado

pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e

preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)

Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)

Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de

apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de

educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)

A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)

A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento

Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado

para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que

seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que

orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso

para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute

preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o

curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos

10

os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte

da praacutetica da sala referecircncia

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)

Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar

diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se

expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente

seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e

espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras

Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil

nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de

comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a

sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam

otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de

sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)

Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para

todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas

habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as

instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado

A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de

Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista

possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado

como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 12: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

10

os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte

da praacutetica da sala referecircncia

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)

Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar

diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se

expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente

seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e

espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras

Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil

nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de

comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a

sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam

otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de

sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)

Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para

todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas

habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as

instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado

A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de

Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista

possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado

como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 13: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

11

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)

De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda

pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas

e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo

A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma

modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE

como parte integrante do processo educacional

O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE

na escola

O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)

O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais

para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a

proposta pedagoacutegica

sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)

A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela

estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista

como puacuteblico alvo do AEE

II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 14: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

12

desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)

A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma

perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a

deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em

documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na

Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram

assinadas pelo Brasil como signataacuterio

Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se

consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a

legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas

especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas

discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista

Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala

referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua

aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil

Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas

nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no

contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei

como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como

monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola

havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era

que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora

da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil

aceitava crianccedilas autistas

A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em

minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me

aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como

docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este

tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com

crianccedilas autistas

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 15: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

13

Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela

afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)

Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua

aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo

acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno

autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta

perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees

Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do

campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento

das crianccedilas

Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)

Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa

Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro

Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de

Arroio dos Ratos ndash RS

Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo

orientar o estudo

Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a

aprendizagem de crianccedilas com TEA

Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores

Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na

turma

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 16: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

14

A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de

entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado

detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas

pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir

A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo

Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras

desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-

escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e

atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia

O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada

do Whatsapp

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 17: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO

Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida

por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave

crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias

encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os

pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos

pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar

que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum

Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela

infacircncia no seacuteculo XII

A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)

Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser

com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo

Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar

estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era

apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita

apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos

efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo

Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a

ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)

Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam

ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em

meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 18: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

16

de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila

dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)

Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute

constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila

passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo

sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua

ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para

os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo

Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma

Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)

Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da

infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma

de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)

A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram

diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)

Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os

costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 19: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

17

missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os

indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)

As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por

eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira

de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura

indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o

trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)

Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no

Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que

os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o

anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da

nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)

Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o

governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina

cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees

comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e

assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 20: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

18

No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o

governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede

Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento

da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares

da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)

Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender

crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos

para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio

para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)

Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para

elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua

principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)

Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees

conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para

o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios

preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo

republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso

mais instituiccedilotildees foram sendo criadas

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 21: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

19

No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)

Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para

que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso

cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria

classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta

pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma

estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma

atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos

e creches para os pobresrdquo

Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo

infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de

educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo

feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da

mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que

sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa

de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)

No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as

crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011

p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade

respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de

direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade

Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo

Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas

este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 22: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA

20

[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)

Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia

da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a

referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas

problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)

Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees

Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)

Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era

comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante

este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este

tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas

Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas

vertentes foram predominantes que satildeo

Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)

A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a

primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)

21

Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista

das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com

Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma

eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano

de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da

Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)

Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila

pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de

Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)

Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva

no Brasil

De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que

todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes

adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja

possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as

suas especificidades

22 REVISAtildeO DE LITERATURA

Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees

da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica

pedagoacutegicardquo

No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5

que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo

A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da

percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37

professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de

conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243

se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores

relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o

ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades

superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os

22

professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila

a siacutendrome

Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda

um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um

maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e

escola

Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as

crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras

da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas

afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora

evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com

o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo

a inclusatildeo do aluno na turma

Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta

conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que

suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal

obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com

esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a

turma e o restante da escola

Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia

da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma

professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo

do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona

que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda

relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi

complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a

crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando

efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila

Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do

Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de

infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter

medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva

23

Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e

dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas

No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo

infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel

da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo

infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto

AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e

o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez

com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas

natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela

problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua

praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel

segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em

sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele

Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes

problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando

falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo

O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas

discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares

De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como

um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem

construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se

observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo

que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante

mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo

constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido

23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA

O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute

algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas

24

como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee

ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)

Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e

mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de

ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para

todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade

educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)

No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as

pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de

lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista

(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados

estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO

2019)

De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa

proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo

proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de

nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo

Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)

Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)

Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por

um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que

o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou

linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva

25

Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as

crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para

outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao

tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o

processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem

estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)

De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente

dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do

professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor

ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer

que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela

especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar

Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia

na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas

levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva

inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem

do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de

tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento

das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et

al 2013 p 197)

Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como

marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da

concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus

processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando

radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo

(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)

Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos

os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois

parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de

ensino e aprendizagem e natildeo um entrave

26

24 PRAacuteTICA DOCENTE

Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na

medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho

docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana

(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a

praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com

conhecimentos e experiecircncia profissional

Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia

como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se

compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas

suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo

momento (TARDIF LESSARD 2005)

Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que

segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para

adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele

possa organizar e ajustar o tempo

Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres

humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei

uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano

estabelecidos pela interaccedilatildeo

Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute

que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e

aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)

Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)

referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o

professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma

e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do

docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas

27

Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas

tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve

transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o

desejo de aprender brincar e interagir com os demais

Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como

se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)

Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas

escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com

a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que

utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais

jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar

natildeo imaginar e natildeo brincar

A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em

construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no

mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir

para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p

7)

A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a

turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se

entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia

A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de

experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base

Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas

entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos

28

3 METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem

qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na

Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos

cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica

conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a

economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de

pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos

A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada

por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa

Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos

Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo

objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)

A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa

em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo

fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O

estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e

assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer

relaccedilotildees com o campo de estudo

29

Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de

pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado

mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados

Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo

reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como

acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil

de conseguir este resultado

Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em

um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as

vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos

Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como

um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a

respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo

(LAKATOS MARCONI 2003 p195)

A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)

A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas

para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A

o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois

devolvidas ao participante da pesquisa

Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente

com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma

reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que

todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do

trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem

crianccedilas autistas

30

A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva

de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes

as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos

questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com

as perguntas e respostas em formato de planilha

O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se

organiza em trecircs (3) fases

a) Preacute-anaacutelise

b) Exploraccedilatildeo do material

c) Tratamento dos resultados

A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada

uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-

anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas

A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas

questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste

essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de

regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)

A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A

inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos

de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo

O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma

relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica

Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos

teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas

importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo

teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo

314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS

Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica

pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que

atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais

de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta

Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as

diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus

objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia

Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus

nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de

Professora A e Professora B

A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute

terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui

graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste

ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo

Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz

que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata

que estaacute atuando como docente haacute 9 anos

41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das

professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de

crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo

Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que

Jaacute a Professora B enfatiza que

Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)

32

As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a

escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio

Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo

copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as

necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento

A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a

crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015

(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as

necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos

que iraacute utilizar

Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas

escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao

inveacutes do coletivo da escola

Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que

A Professora B assinala que

Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas

natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de

cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci

(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar

o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de

um diagnoacutestico

[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)

Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)

[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)

33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a

Professora A relata

Jaacute a Professora B enuncia que

Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado

sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015

(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim

na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve

ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem

ser excluiacutedo dos demais

Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que

Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio

aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora

B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo

Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com

que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva

a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na

inclusatildeo na sala referecircncia

[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)

[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)

[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)

[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)

34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a

perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146

de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave

igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de

discriminaccedilatildeordquo

Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo

substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e

fazer das mesmas atividades dos demais colegas

42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS

COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE

Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda

crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento

Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)

orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os

espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo

exploraccedilatildeo e expressatildeo

No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo

Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica

Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras

realizaram as seguintes ponderaccedilotildees

Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo

relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui

[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)

[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)

35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na

proacutepria diferenccedila

Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao

ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno

com TEA

Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B

Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e

aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma

diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas

tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem

Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a

intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em

outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais

as praacuteticas a adotar

Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno

na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a

aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial

na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo

escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas

diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e

emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos

Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na

Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees

Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)

Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)

36

Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em

recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A

enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves

problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a

perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no

adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo

Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar

jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas

formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a

criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)

Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas

possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se

concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los

transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender

brincar descobrir imaginar e interagir

O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda

vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e

utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as

crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil

eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas

[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)

[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular

de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os

dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias

pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar

recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da

perspectiva inclusiva nas turmas

As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de

dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio

evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica

quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia

No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na

educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila

com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas

inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as

diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um

relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA

Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA

a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da

mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se

apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente

as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do

estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade

relativa ao transtorno por parte de uma das participantes

Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se

aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades

e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de

praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de

formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta

de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo

Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas

relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva

38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas

nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como

pessoa

39

REFEREcircNCIAS

ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978

ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015

AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014

APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014

ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010

ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978

BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009

BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011

BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012

BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015

BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010

BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011

BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho

40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf

BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009

BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial

BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012

BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil

BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017

BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo

BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988

CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000

CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)

CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997

DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444

FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009

GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma

41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019

GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995

GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011

HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11

JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992

KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000

KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010

KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011

LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003

LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011

LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011

MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131

MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002

MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011

MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108

42

NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015

NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000

PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011

PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009

PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998

SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011

SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008

SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018

TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005

UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015

UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990

UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994

VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005

YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20

43

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial

2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual

3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora

4 Fale sobre inclusatildeo escolar

5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo

6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas

7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno

8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista

9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno

10Quais os recursos que vocecirc costuma usar

11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas

12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila

13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica

pedagoacutegica com o aluno

44

Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS

Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA

Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021

APRESENTACcedilAtildeO

Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de

realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que

tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE

A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por

professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas

A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna

De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo

Atenciosamente

Profordf Drordf Helena Venites Sardagna

Orientadora

45

Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS

Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)

Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de

caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e

disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer

agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave

promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos

inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse

contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo

das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este

processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista

Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer

remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que

desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados

pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e

que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em

sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do

pesquisador responsaacutevel pela pesquisa

Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar

pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se

tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de

contato

46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)

responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)

Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo

Respeitosamente

_____________________________________

Vitoacuteria Lima Benites de Souza

____________________________________

Assinatura do Professor

E-mail (opcional)

_____________________________________

Page 23: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 24: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 25: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 26: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 27: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 28: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 29: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 30: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 31: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 32: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 33: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 34: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 35: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 36: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 37: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 38: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 39: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 40: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 41: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 42: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 43: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 44: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 45: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 46: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 47: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA
Page 48: A CRIANÇA COM TEA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A PRÁTICA