a copa da amazônia: uma copa verde? - usp.br · pdf fileafinal, a copa do mundo no...
TRANSCRIPT
A COPA DA AMAZÔNIA: UMA COPA VERDE? CERETO, Marcos Paulo
Professor, UFAM – Universidade Federal da Amazônia
RESUMO
O artigo relata um ponto de vista sobre a realização de Megaeventos, em especial, a
copa do mundo de futebol da FIFA em 2014 na cidade de Manaus. Em 2007, o
Governo Federal e a Confederação Brasileira de Futebol apresentaram os
documentos necessários para formalizar o país como local para a copa de 2014 com a
sugestão de 18 cidades como possíveis sedes para os jogos. A expectativa para que
Manaus fosse como uma das 12 cidades escolhidas gerou uma disputa particular com
Belém pela sede amazônica. Afinal, a copa do mundo no Brasil proposta pelo governo
federal pretendia ser uma Copa Verde e sediar os jogos representaria uma importante
vitrine para investimentos e integração internacional. O governo do estado do
Amazonas e a prefeitura de Manaus informavam que a copa seria o “a oportunidade
do século XXI” e proporcionaria benefícios para a população e para a região. O artigo
apresenta os projetos previstos para a integração regional com a ampliação e
transformação em “Hub” do aeroporto Eduardo Gomes para voos oriundos da América
do Norte e Central. A reforma e ampliação do porto de Manaus e a ligação da cidade
ao sul do Brasil com Porto Velho com a recuperação da BR-319. Indica os projetos
propostos para melhoria da mobilidade urbana: o monotrilho que ligaria o aeroporto ao
centro histórico, passando pelo estádio e a adaptação dos principais corredores
urbanos para o sistema “BRT” (Bus Rapid Transit) para qualificar o sistema de
transportes existente. Expõe o “Saneamento urbano” proposto para o centro histórico
com a relocação (retirada) dos camelôs, a reforma do Mercado Público Adolpho
Lisboa e a qualificação do espaço nas principais vias da cidade e a reforma da Praia
da Ponta Negra com sua utilização para o “Fan fest”. Apresenta ainda o projeto da
Arena da Amazônia como símbolo da copa do mundo na Amazônia e o primeiro
edifício que poderá receber a certificação “Leed” (Leadership in Energy and
Environmental Design) na cidade. O artigo analisa as efetivas realizações da Copa e
levanta a seguinte pergunta: foi de fato uma “Copa Verde”?
Palavras chave: Sustentabilidade; Amazônia; Megaeventos.
Abstract
The paper describes a point of view with regards to the realization of Mega Events,
especially FIFA’s football world cup in 2014 in the city of Manaus. In 2007, the Federal
Government and the Brazilian Football Confederation presented the necessary
documents to formalize the country as the host for the 2014 cup with the suggestion of
18 cities as the possible hosts for the matches. The expectation that Manaus might be
one of the 12 chosen host-cities generated a particular competition with Belen to be the
host in the Amazon region. After all, the world cup in Brazil as proposed by the Federal
Government intended to be a Green Cup and hosting the games would represent an
important showcase for investments and international integration. The State
Government of the Amazon and the Municipality of Manaus informed that the cup
would be “the opportunity of the 21st Century” and would offer benefits for the
population and the region. The article presents the projects programmed for the
regional integration with the expansion and the transformation into a “hub’ of the
Eduardo Gomes airport for in-coming flights from North and Central America. The
refurbishment and expansion of the Manaus Harbor and the connection of the city with
the south of Brazil by way of Porto Velho, with the rehabilitation of the BR-319 highway.
It indicates the projects proposed for the improvement of urban mobility: the monorail
which would link the airport to the historic center, passing next to the stadium, and the
adaption of the main urban corridors to the “BRT – Bus Rapid Transit” System to
qualify the existing transport. It highlights the proposed Urban Sewage System for the
historic center with the relocation (removal) of street vendors, the refurbishment of the
Adolpho Lisboa Public Market and the qualification of public spaces along the main
avenues of the city and the requalification of the Ponta Negra Square, with its use as a
“Fun-Fest”. It also presents the design of the Amazon Arena as the symbol of the world
cup and the first building that may receive the LEED certificate (Leadership in Energy
and Environmental Design) in the city. The paper analyzes the effective realizations of
the Cup and raises the following question: was it truly a “Green Cup”?
Keywords: Sustainability; Amazon; Mega Events.
“Porto de Lenha
tu nunca serás Liverpool
com uma cara sardenta
e olhos azuis.”
A música Porto de Lenha dos compositores Aldísio Filgueiras e Zeca
Torres nos remete ao “Trapiche 15 de Novembro1”, um antigo atracadouro de
madeira que foi precursor do porto flutuante em Manaus no Rio Negro. Essa
canção tornou-se popular na região na década de 90. O trapiche também
chamado de “Princesa Isabel” foi inaugurado em 1890 durante o ciclo da
borracha e tinha o objetivo de incrementar o comércio local e a arrecadação
estadual e facilitar o escoamento da produção extrativista, período que os
navios traziam no lastro a pedra de Lioz para a construção civil e levavam a
madeira e a borracha. O trapiche era uma estrutura em madeira fixa assim
como os demais na orla e apresentava dificuldades para o abastecimento da
cidade e para o transporte de passageiros devido a sazonalidade do rio com o
período de cheias e vazantes prejudicando a sua funcionalidade.
Posteriormente em 1900 seria licitado o Plano de Melhoramentos para o Porto
de Manaus vencido pela empresa paulista do Engenheiro Bronislaw
Rymkiewcz2 (B. Rymkiewcz & Cº) em Manaus que posteriormente seria
transferido para a então fundada Manáos Harbour Company Limited que
construiria o porto flutuante. A obra digna “para inglês ver” atendia a
sazonalidade da região e foi fundamental para o desenvolvimento da cidade e
funciona como o principal porto da cidade até hoje.
Após 113 anos, Roy Hodgson3, técnico do selecionado inglês, declarou
que Manaus era a sede “a ser evitada”. As declarações polêmicas que
antecederam o sorteio dos grupos para a copa do mundo da FIFA no Brasil em
2014 provocaram indignação nas autoridades do município e do estado
1 MESQUITA, Otoni Moreira. Manaus: História e Arquitetura (1852-1910). 2.ed. Manaus: Valer, 1999. 2 MONTEIRO, Mario Ipiranga. Roteiro histórico de Manaus. Ed. da Universidade do Amazonas, 2, 1998.
3 Roy Hodgson afirmou que “não é o lugar ideal para jogar futebol porque fica no meio da floresta tropical, da selva amazônica, onde as temperaturas e a umidade são muito maiores do que em qualquer outra parte do país". Segundo o site Globo Esporte visitado em 11 de fevereiro de maio de 2014 (http://globoesporte.com/futebol/copa-do-mundo/noticia/2013/12/roy-hodgson-evita-polemica-com-manaus-sera-uma-sede-maravilhosa.html)
promovendo encontros diplomáticos para minimizar as diferenças. No dia 06 de
dezembro de 2013 o sorteio dos grupos definiu que a Inglaterra jogaria a sua
primeira partida na cidade de Manaus. Uma nova oportunidade para “o inglês
ver”. No dia 14 de junho de 2014 entraram no gramado da Arena da Amazônia,
Itália e Inglaterra e iniciaram a participação das duas seleções na copa do
mundo no Brasil e também a participação de Manaus no evento. A torcida
amazonense apoiou a seleção italiana que venceu o jogo por 2x1.
Figura 01: Placa das cheias do Rio Negro no Porto de Manaus. Fonte: Autor, 2004.
EL DORADO: A LENDA DA CIDADE PERDIDA
“Localizada na margem direita do Rio Negro, na latitude -03º08’05” e na
longitude -60º01'24", a cidade de Manaus pelo tratado de Tordesilhas pertencia
a Espanha, mas foi colonizada pelos portugueses preocupados com a
circulação dos holandeses, franceses, ingleses e irlandeses na busca do El
Dorado4, a cidade perdida de ouro descrita nas lendas indígenas. Portugal
entendia que era fundamental proteger as fronteiras e construiu o Forte do
Presépio em 1615 na cidade de Belém e posteriormente o Forte da Barra de
São José em 16695, na localidade que posteriormente seria a cidade de
Manaus. Com o tratado de Madrid em 1750 o princípio jurídico uti possedetis6.
Com o povoado ocupando o entorno do Forte, inicialmente foi chamada de
Lugar da Barra. Em 1832 torna-se Vila da Barra e em 24 de outubro de 1848 a
cidade da Barra de São José do Rio Negro. Em 1850 há a elevação da
Comarca à categoria de Província e em 5 de setembro de 1856 o estado do
Amazonas torna-se independente do Grão-Pará e a cidade passou a se
chamar Manaus.
O clima é tropical úmido e a cidade tem características regionais e de
geografia que a diferenciam das demais capitais brasileiras. Manaus é uma ilha
dentro do continente, rodeada pela floresta amazônica que a isola da malha
viária nacional. Há uma simetria territorial entre a floresta amazônica, uma área
preservada, protegida e desconhecida, com o restante do Brasil. A floresta
amazônica ocupa praticamente a metade do território brasileiro. A região norte
representa 45,25%7 do território nacional distribuídos em sete estados. Com
uma área territorial de 3.869.637 km² é próxima da área dos países que
compõe a União Européia. Atualmente possui 449 municípios representando
8,77%8 dos municípios do Brasil. A região norte tem uma população de
15.864.454 9, representando apenas 8,31% da brasileira. Tem o IDH de 0,68310
e uma densidade de 4,83 hab/km². No estado do Amazonas são 3.483.985
habitantes, sendo que 51,72 % vivem na cidade de Manaus, tornando-se
atualmente a sétima cidade mais populosa do Brasil11. Tem uma extensão
territorial de 11.492,09 km² sendo que apenas 3,3 % de seu território na área
urbana com 377 km² onde residem 99,5 % da população da cidade12. Essa
4 Eldorado foi uma lenda de uma cidade no interior da floresta, repleta de ouro. 5 Mario Ypiranga Monteiro, importante pesquisador da história de Manaus. 6 Portugal e Espanha ficariam com as terras ocupadas independente da linha do Tratado de Tordesilhas. 7 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE, 2013. 8 IBGE, 2013. 9 IBGE, 2010. 10PNUD, 2005. 11IBGE, 2012. 12IBGE, 2012.
relação de assimetria entre a área urbana e rural na cidade de Manaus explicita
as dificuldades de integração regional e metropolitana.
Há também uma assimetria no desenvolvimento entre essas duas partes
do país, com uma necessidade maior de investimentos para a região norte
pelas características territoriais e pela pouca infraestrutura urbana. O estado
do Amazonas tem 62 municípios, alguns desses com dimensões maiores que
alguns estados brasileiros. Tem o maior PIB Nominal da região norte com R$
51.025.146.000 representando 25,32% da região e 1,4% da arrecadação
nacional sendo o sexto maior do Brasil.13 A cidade de Manaus tem o IDHM de
0,73714, acima da média estadual15 e nacional 0,73016. Por outro lado o índice
Gini 17 que mensura a concentração de renda indica que a desigualdade em
Manaus vem crescendo: passou de 0,56 em 1991 para 0,61 em 2010.
Dentro dessa realidade amazônica, são necessárias algumas reflexões
sobre as dificuldades urbanas dessas cidades com grandes extensões e
população rarefeita, que problematizam com a viabilidade dos investimentos
em infraestrutura que são incomuns em boa parte dos municípios. O
abastecimento de água, a distribuição da energia, o tratamento do esgoto, a
mobilidade urbana são problemas comuns em boa parte das cidades
amazônicas e faz com que tenhamos condições críticas nas cidades. Esse
limite determinado pelo isolamento que a floresta proporciona com o restante
do Brasil determina distâncias continentais que dificultam a logística da região
amazônica. Por outro lado, essa dificuldade permitiu a resistência da
permanência de costumes e culturas na sociedade globalizada. Estabelece
também limites para o desenvolvimento da região, sendo necessário um olhar
diferente para um desenvolvimento sustentável de forma a garantir a qualidade
urbana e também a manutenção da floresta. A relação ente o ambiente natural
e o ambiente construído proporcionam condições especiais para um sitio
sensível e de difícil implantação. A sazonalidade provocada pelos períodos de
cheias e vazantes determina a diferença de 16 metros na cota do rio Negro na
13IBGE 2011. 14IDHM em 2010. A cidade de Manaus teve o IDHM em 1991 de 0,521. Em 2000, o IDHM foi de 0,601. 15Média do IDHM no estado do Amazonas em 2010: 0,674. 16Média do IDHM no Brasil em 2010: 0,730. 17Índice Gini mede a desigualdade social. O grau 0 (zero), menos desigual e 1 (um), mais desigual.
cidade de Manaus. A Amazônia urbana urge e curiosamente não tem a
mesma preocupação ambiental que a floresta18.
A busca pelo El Dorado amazônico no século XVII pelos desbravadores
europeus permaneceu com os nordestinos na esperança de um futuro melhor
que vieram para a região e foram aos seringais no século XIX. Os nordestinos
retornariam na década de sessenta com a implantação da zona de livre
comércio e também pelas indústrias da Zona Franca de Manaus na
oportunidade do emprego formal. Essa mistura de povos consolidou a cidade
como a metrópole do norte e hoje ainda atrai o caboco do interior do estado, da
região norte e de outras regiões do Brasil, pelas oportunidades profissionais.
Esses diversos momentos históricos migratórios determinaram uma
miscigenação que contribuiu com a identidade do lugar. Uma identidade plural
com características regionais específicas do lugar. O diálogo entre a
universalidade e a regionalidade.
COPA VERDE – A SEDE DA FLORESTA
Em 2007, o governo federal em conjunto com a CBF19 apresentou os
documentos necessários para formalizar o Brasil como sede da copa do mundo
de 2014, e apresentou 18 cidades como possíveis sedes. No dia 30 de outubro
de 2007, a FIFA20 definiu o Brasil como sede para a copa de 2014, uma vez
que havia o rodízio entre os continentes e a desistência da Argentina e da
Colômbia para formalizar as suas candidaturas. A expectativa da escolha da
cidade de Manaus como uma das 12 sedes para o mundial da FIFA gerou uma
disputa particular com a cidade de Belém para a sede na Amazônia brasileira.
Afinal, a copa do Brasil proposta pelo governo federal pretendia ser a copa
verde e a sede na Amazônia brasileira oportunizaria uma grande vitrine para
investimentos e integração ao turismo internacional.
18 Jose Alberto Tostes em sua participação no evento organizado pelo IAB Quitandinha+50 realizado em Manaus em 2013 apresentou o artigo “Amazônia verde versus Amazônia urbana: a visão do estelionato urbano.” Esse artigo colabora com essa abordagem. 19 Confederação Brasileira de Futebol. 20 Federação Internacional de Futebol de Associado.
Após a confirmação do Brasil para a copa do mundo de 2014 o governo
do estado do Amazonas demonstrou interesse em propor sua candidatura para
cidade-sede no primeiro semestre de 2008 e deveria apresentar a proposta
para a cidade até fevereiro de 2009. Denis Benchimol Minev21 era o Secretário
de Planejamento do estado do Amazonas que estabeleceu um plano
estratégico em conjunto com a Delloite22 para que Manaus fosse escolhida, e
observou as diversas fragilidades na cidade com a presença de fortes
concorrentes em especial a cidade de Belém. Em entrevista concedida a
consultoria Delloite para a revista Mundo Corporativo em 2008 Minev relatou
argumentos consistentes para a candidatura manauara “com o terceiro mais
alto PIB per capita dentre as capitais brasileiras, com baixos índices de
criminalidade. É uma cidade cosmopolita, com voos diretos para cinco países
(EUA, Panamá, Colômbia, Venezuela e Equador), com festivais de renome (de
Jazz, Cinema, Ópera e Teatro além do Boi Bumbá de Parintins) e uma enorme
diversidade cultural (desde o japonês, ao cearense da Batalha da Borracha,
aos povos indígenas, aos ingleses, árabes e judeus do ciclo da borracha,
dentre muitos outros povos).(...) o avanço do estado no ENEM (foi o terceiro
maior avanço de notas de 2006 para 2007), nos índices de segurança pública
(redução no número de homicídios de 2006 para 2007), na saúde (redução no
número de casos de malária em mais de 40% de 2006 para 2007) e na
arrecadação (que praticamente dobrou entre 2002 e 2007. (...)Também temos
importantes avanços em Ciência e Tecnologia, com o investimento estadual
superior ao investimento do CNPq em toda a região norte. O interior do
Amazonas é a área mais carente do estado, mas hoje temos 15 mil estudantes
no interior em curso superior através da Universidade Estadual do Amazonas;
isto equivale a quase 1% da população onde nem 0,5% tem curso universitário
hoje”23.
21 Filho de Samuel Benchimol, Denis Benchimol Minev foi secretário de planejamento e desenvolvimento econômico do Amazonas em 2007. É formado em economia pela Stanford University, com mestrado em Estudos Internacionais e MBA pela Wharton School. Trabalhou anteriormente como analista financeiro da Goldman, Sachs & Co. de 1999 a 2001 e como diretor financeiro de um grupo local de 2003 a 2006. 22 Empresa de consultoria que foi contratada pelo Governo do Estado do Amazonas que tinha experiência adquirida na Alemanha e África do Sul e foi aplicada em Manaus para mostrar com clareza as qualidades que Manaus poderia oferecer à Copa. 23 Acessado em 13 de fevereiro de 2014 http://www.pwc.com/gx/en/capital-projects-infrastructure/brazil-worldcup.jhtml
A FIFA exigia o cumprimento de vinte e seis requisitos mínimos24 para a
apresentação de propostas para as cidades que pretendiam sediar os jogos.
Os requisitos foram: estádio, entorno, transporte público, centros de
treinamento, parque de eventos FIFA, infraestrutura de suporte, tecnologia de
informação, acomodações, turismo, marketing, embelezamento, saúde publica,
gerenciamento de riscos, eventos FIFA, segurança, legislação, voluntariado,
sustentabilidade, gerenciamento de custos, eventos de negócios, portos e
aeroportos, suprimentos, cultura, legados, coordenação local e
financiamento. O foco para o desenvolvimento dos projetos de arquitetura
passava pela adequação do estádio e do entorno, definição dos meios de
transporte público a serem adotados ou desenvolvidos, a escolha de 03
campos oficiais de treinamento25 e sua construção ou adequações, a escolha
do espaço para a Fan Fest, as melhorias de conexões com o aeroporto e o
porto.
Dentre as estratégias utilizadas pelo estado do Amazonas para
potencializar a candidatura de Manaus e dessa forma reduzir as chances de
Belém, estava a capacidade da economia de Manaus aliada ao Green goal26
amazônico com uma imagem de vanguarda e as ações estratégicas da última
década com desenvolvimento sustentável e preservação das florestas.
Enquanto o estado do Amazonas apresentava índices de crescimento
invejáveis e reduzindo as áreas desmatadas em 2008 a menos de 500 km² o
desmatamento no estado do Pará passara de 5000 km². “Em 2002, tivemos
desmatamento de 1.550 km2; em 2007, foram 753 km2, menos da metade. É
uma taxa de 0,05% ao ano, dramaticamente melhor que o resto do Brasil e o
histórico do próprio estado. Fizemos isso com um conjunto de ações de
governo que busca valorizar a floresta em pé, que vai desde o estabelecimento
de preço mínimo para produtos sustentáveis (como borracha, óleo de andiroba
e copaíba, dentre outros) ao pagamento do Bolsa Floresta para famílias no
24 Segundo Denis Minev.
25 Foi construído o estádio Carlos Zamith e reformado o Estádio da Colina para servirem como Campo Oficial de Treinamento. Vale ressaltar, que durante a Copa do Mundo, nenhum deles foi utilizado pelas seleções. 26 Green Goal é um projeto de responsabilidade ambiental da FIFA visando reduções de emissões durante a Copa do Mundo.
interior onde não se identifique desmatamento via satélite”27. Há investimentos
significativos no estado na distribuição de energia e nas telecomunicações com
a ligação das termoelétricas ao gasoduto de Coari e a ligação de Tucuruí com
a Rede Nacional de Energia que reduziu consumo de óleo diesel utilizado na
matriz energética. Uma nova fibra ótica oriunda da Venezuela permitiu a
conexão da internet de alta velocidade antes dificultada pelas mudanças das
condições meteorológicas que prejudicavam a transmissão por satélite.
A adequação do estádio Vivaldo Lima seria necessária frente às
exigências da FIFA28. O crème de la crème de uma copa do mundo é o estádio.
Vale ressaltar que o governo do estado do Amazonas solicitou ao escritório
Vigliecca & Associados em 2006 um projeto para reformulação e adequação do
estádio Vivaldo Lima. Esse projeto poderia ser o suficiente para atender as
necessidades da FIFA, mas para garantir que a cidade fosse escolhida como
subsede poderia não ser o necessário. Seria importante para as pretensões da
candidatura a construção de um novo estádio que materializasse o
pensamento difundido pelo planejamento estratégico com forte apelo regional e
identificado com as demandas ambientais idealizadas pelo estado e
valorizadas pela FIFA. Um estádio imponente que fosse um marco para o
desenvolvimento local e turístico, mas principalmente um trunfo para a
candidatura de Manaus na disputa direta com Belém. Segundo Minev,
“devemos sim gastar mais demolindo o Vivaldão e construindo um novo estádio
no mesmo local, entretanto recuperaremos parte deste gasto com valorização
imobiliária, marketing e centro comercial. Fazer o estádio em outra localização
não permitiria usufruir com tanta intensidade destes três benefícios. Algumas
vantagens adicionais incluem o plano de passagem do novo meio de transporte
público (seja VLT ou monotrilho) na Constantino Nery e a economia com a
manutenção do Vivaldão atual (este sim, sem nenhuma viabilidade
econômica). Não foi uma decisão simples e certamente envolve um número de
riscos. Lembre-se que esta decisão foi tomada em meio a uma disputa
ferrenha sobre qual cidade seria escolhida para a Copa; Belém, por exemplo,
27 Acessado em 13 de fevereiro de 2014 http://www.dminev.com/2008/08/copa-2014-em-manaus.html
28 Fifa Stadium Safety and Security regulations.
optou por um projeto bem menos imponente e complexo”29. A demolição do
premiado estádio Vivaldo Lima30 do arquiteto Severiano Porto, inaugurado em
1971, um marco da arquitetura de estádios brasileira estava decretada. Foi
contratada pelo governo do estado do Amazonas a empresa paulista Stadia
que indicou a consultoria do escritório alemão GMP Architektur, uma referência
na construção de arenas para megaeventos esportivos para definir as melhores
condições para a candidatura de Manaus31.
Para a definição dos meios de transporte público para atendimento dos
critérios estabelecidos pela FIFA foram realizadas duas propostas realizadas
individualmente que seriam de responsabilidade da prefeitura municipal de
Manaus e do governo do estado do Amazonas. A prefeitura municipal em
parceria com a Consultoria Poyri desenvolveria o BRT32 uma proposta de
sistema de ônibus para ampliar e qualificar a oferta do sistema atual. O
governo do estado do Amazonas em parceria com a PWC33 pensava em um
transporte de massas como um metrô ou VLT34, elevado ou no solo, que faria a
conexão norte-sul e ligaria o centro da cidade, o estádio e o aeroporto. Haveria
ainda uma segunda linha para a zona leste da cidade, afastada e populosa.
Quanto os Campos Oficiais de Treinamentos - COT, espaços que
serviriam para utilização das seleções para um possível treino antes do jogo,
as dificuldades em face de falta de infraestrutura básica dos clubes de futebol
do estado. Não havia nenhuma instalação adequada e nenhum clube com
condições para financiar as obras necessárias para campos de treinamentos
das seleções na semana do jogo. O governo do estado do Amazonas após a
avaliação das possibilidades definiu pela reforma do estádio da Colina do São
Raimundo e pela construção de um novo estádio.
O espaço solicitado pela FIFA para realização da Fan Fest deveria
comportar 30.000 pessoas e atenderia também aos jogos de outras cidades
como um ambiente de integração entre os torcedores. O projeto da candidatura
29 Acessado em 13 de fevereiro de 2014 http://www.dminev.com/2009/01/esperana-da-copa-em-manaus.html
30 Premiado pelo IAB em 1965 e 1971. 31 Informação confirmada pelo Coordenador da UGP Miguel Capobiango. 32 Bus Rapid Transit. 33 Pricewaterhousecoopers 34 Veículo leve sobre trilhos.
de Manaus propunha o Sambódromo de Manaus, estrutura do governo do
estado do Amazonas que recebe eventos durante o ano e está em uma área
lindeira ao estádio.
A proposta para ampliação do aeroporto Eduardo Gomes assim como a
modernização do porto de Manaus foram estratégias para a integração regional
e parte do plano para tornar Manaus um Hub de chegada no Brasil. Com o
crescimento da demanda de voos para a região aliado a grande movimentação
de cargas no Aeroporto de Manaus devido a distribuição dos produtos e
insumos para o Pólo Industrial de Manaus. Segundo Minev “a verdade é que
ainda se demora muito na chegada internacional ao Amazonas. Nosso leque
de opções internacionais mostra sinais de expansão: voos diretos para Atlanta,
Miami, Panamá, Caracas e Bogotá tornam Manaus o centro definitivo de
conexões do norte brasileiro. Esta gama de voos gera um efeito de rede que
tende a fortalecer ainda mais a infraestrutura aérea de Manaus. Por exemplo,
com o novo voo direto de Cuiabá a Manaus, mato-grossenses agora chegam
em Miami em um total de 9 horas, ao invés de um total de 12 horas indo por
São Paulo35”.
No dia 31 de maio de 2009, aproximadamente 50.000 pessoas
acompanharam a transmissão realizada por telões em frente ao estádio Vivaldo
Lima, que escolheu a cidade como subsede para receber quatro jogos na copa
do mundo. O governo do estado do Amazonas e a prefeitura de Manaus
informavam pelos meios de comunicação de massa à população que a copa
seria a oportunidade do século XXI.
O LEGADO DA COPA
ESTÁDIO VIVALDO LIMA (1969-2010)
O estádio Vivaldo Lima foi a primeira grande obra pública do Arquiteto
Severiano Mario Porto e foi o marco inicial da arquitetura moderna em Manaus.
35 Acessado em 13 de fevereiro de 2014 http://www.dminev.com/2009/07/o-homework-do-turismo.html
Em 1967, a cidade tinha uma população estimada de 250.000 habitantes36 e o
edifício ficava no limite do perímetro urbano com a floresta. Atualmente a
cidade tem praticamente 2.000.000 de habitantes e o estádio está localizado no
centro geográfico do município. O objetivo da construção do estádio, segundo
Severiano Porto era atender a “demanda crescente do futebol no norte do país
e fazer intercâmbios com os países vizinhos, (Peru, Equador, Guianas,
Venezuela e Bolívia) afastados dos tradicionais centros esportivos do centro-
sul do pais37”. O estádio foi premiado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil em
1965 e em 1971.
Figura 02: Foto da maquete do estádio Vivaldo Lima. Fonte: Revista Arquitetura IAB, 1967.
Em 1965, Severiano Mário Porto foi convidado para desenvolver o
projeto de reforma do Palácio Rio Negro pelo seu vizinho bairro do Jardim
Botânico na cidade do Rio de Janeiro, o Governador Arthur Reis que acabara
de ser nomeado em 1964, pelo então presidente Humberto Castelo Branco.
Quando foi convidado para projetar o estádio em 1967 e a confirmação da sua
construção pelo governo estadual, decidiu manter o escritório com o colega
36 IBGE 37 Revista Arquitetura, do Instituto de Arquitetos do Brasil, número 44,, 1965
Mario Ribeiro na cidade do Rio de Janeiro pela necessidade de estar próximo
aos fornecedores38 mas seria fundamental morar com a esposa em Manaus
devido à responsabilidade para a execução da obra.
Figura 03: Fachada Vivaldo Lima.Fonte: Autor, 2003.
O terreno escolhido pelo governo do estado a para implantação do
estádio Vivaldo Lima apresentava uma enorme cratera em forma de ferradura
que foi resultado de escavações e desmontes para a construção de aterros nos
bairros da Compensa e da Alvorada e possibilitariam a acomodação do estádio
nesta “topografia resultante”. Severiano Porto não participou da escolha do
terreno. Quando visitou o terreno constatou que aproveitaria os taludes da
cratera para inserir o estádio onde locaria os patamares da arquibancada
nessa encosta como um grande anfiteatro. Durante o período em que
desenvolvia o projeto arquitetônico realizou visitas ao estádio do Mineirão na
cidade de Belo Horizonte em fase de conclusão e foi informado pelos
calculistas para que “executasse o estádio de dentro para fora”, pois a falta de
recursos financeiros no final da obra poderia não prejudicar o resultado final
pelo costume de interrupção de serviços na parte dos acabamentos no final da
obra como aconteceu com o estádio do Maracanã.
O modelo utilizado no projeto do estádio foi de um anel fechado
semicoberto39, adaptado às condições topográficas do terreno. Este anel de
arquibancadas foi setorizado em três partes. A dimensão maior no eixo norte-
sul do terreno possibilitava a perfeita adaptação do campo na orientação solar
adequada. Já no eixo leste-oeste ficavam dispostos os acessos principais. No
38 PORTO,Severiano. Depoimento. [12 de maio, 2002]. Rio de Janeiro. Entrevista concedida a Marcos Cereto.
39 CERETO,Marcos Paulo. Arquitetura de Estádios: o caso dos estádios brasileiros. Dissertação de Mestrado em Teoria, história e crítica da Arquitetura. PROPAR/UFRGS, 2003.
acesso leste, junto a avenida Constantino Nery, que fazia a ligação viária entre
o estádio e o centro da cidade, um largo que fazia a transição de escala com a
cidade e possibilitava o acesso as arquibancadas e também a funções
administrativas, assim como o pórtico principal. Existiam portões ao longo do
perímetro do estádio, tanto pelo norte como pelo sul criando um módulo que
determinava a pauta no conjunto. No acesso oeste estavam os vestiários no
subsolo, sala VIP, salão principal, acesso para deficientes, cabines de
imprensa, tribunas de honra e também acesso e estacionamento dentro do
volume do estádio independente para os atletas, árbitros e convidados uma
novidade nos estádios brasileiros na década de setenta e atualmente uma
determinação para reformas ou novos projetos arquitetônicos de estádios pela
FIFA. Esse acesso privado proporcionava a privacidade para os atores do
espetáculo, imprensa e público com ingressos mais caros. O estacionamento
ocorria no fragmento do lote no sul e norte. O perímetro do estádio é totalmente
desobstruído com amplo acesso a todos os portões. O projeto previa uma
cobertura parcial do estádio em concreto no setor oeste e foi iniciada e
abandonada pelas dificuldades na execução para a laje inclinada. Na ocasião
da reforma do estádio em 1992, foi concluída a marquise com o desenho
original, porém executada em estrutura metálica, juntamente com as cabines
de imprensa do estádio. A fachada do edifício foi tratada como uma fina linha
divisora das arquibancadas com o exterior de forma silenciosa. A relação entre
o edifício e a “topografia resultante” era harmônica. Em apenas dois momentos
havia um tratamento diferenciado: nos acessos leste e oeste ao estádio. No
acesso leste, Severiano Porto tratou a fachada com a estrutura de concreto
armado e os painéis de vedação em madeira. No acesso oeste painéis de vidro
permitiam a permeabilidade do conjunto. A utilização da madeira na parte
administrativa e do tijolo nos limites externos da edificação determinava a
utilização de uma técnica construtiva vernacular com mão de obra local a
garantir a qualidade dos acabamentos finais da obra. A correta inserção do
material regional dentro de um contexto universal define a arquitetura
identificada com os princípios da escola carioca, adaptada ao lugar - o
regionalismo crítico de Kenneth Frampton. Cristían Fernández Cox relata uma
modernidade apropriada ao local. A dialética entre a universalidade e a
regionalidade estão presentes nos edifícios de Severiano Porto.
A valorização do sistema estrutural nos projetos, destacando a malha
estrutural como primeiro plano das fachadas, foi uma estratégia dos estádios
produzidos no Brasil nesse período com a desmaterialização da fachada
tornando-a consequência do jogo de cheios e vazios da grelha ou balanço do
sistema estrutural. Esse conceito não foi aplicado por Severiano Porto nas
fachadas do estádio Vivaldo Lima.
ARENA DA AMAZÔNIA
A estratégia adotada pelo governo do estado do Amazonas para garantir
que Manaus fosse escolhida como sede da copa do mundo de 2014 passou
pela construção de um estádio que representasse a identidade regional
amazônica, da sustentabilidade e também pelo desenvolvimento de um projeto
arquitetônico por um escritório com experiência comprovada em Megaeventos.
O projeto desenvolvido pelo escritório alemão GMP Architektur40, com a
participação do escritório brasileiro Stadia, propunha retratar a identidade da
região amazônica, além de garantir uma solução eficiente e funcional para a
realização de atividades esportivas e culturais.
40Von Gerkan, Marg und Partner
Figura 04: Arena da Amazônia. Fonte: GMP, 2014. A demolição de um estádio e a construção de um novo no mesmo local
é um desafio projetual. Não é novidade na história da arquitetura dos estádios
e está relacionada a atualização do equipamento esportivo para a realização
de grandes eventos. A inevitável comparação com o estádio antigo, ampliada
pelo fato do mesmo ter sido premiado em duas oportunidades pelo IAB e
projetado por Severiano Porto, remetia a discursos inflamados sobre
colonialismo cultural e arquitetônico. Do ponto de vista econômico, um
questionamento nacional sobre a construção de arenas e em especial no caso
de Manaus, aos altos investimentos e a viabilidade da arena no período
posterior a copa do mundo. O terreno da Arena da Amazônia não era mais o
mesmo no período em que foi construído o estádio Vivaldo Lima. A cidade
mudou. Nas quatro décadas a população praticamente multiplicou por 10 vezes
e o estádio que estava na periferia agora está no centro geográfico do
município. O terreno retangular tem a leste a avenida Constantino Nery,
principal via de ligação entre a zona norte e sul da cidade por onde circulam
boa parte das linhas de ônibus municipais. Ao oeste está o Sambódromo que
foi separado por uma via que será utilizada somente quando houver eventos
em um dos dois equipamentos. Depois do Sambódromo, foi realizado a Vila
Olímpica do estado Amazonas, projeto realizado por Severiano Porto na
década de 90, que além das atividades de preparação esportiva funciona como
uma praça para a população desenvolver atividades de lazer e ócio. Ao norte,
no terreno original do projeto de Severiano Porto, o Ginásio Poliesportivo
Amadeu Teixeira, construído em 2006 e a rua Loris Cordovil. Ao sul, foi
construído simultaneamente a Arena da Amazônia, o Centro de Convenções
Vasco Prado que está no local onde ficava o estacionamento do estádio
Vivaldo Lima. Ainda ao sul temos a Rua Pedro Teixeira com o Hospital
Psiquiátrico Eduardo Ribeiro. Mesmo sendo no mesmo local, haviam outros
edifícios no terreno original do projeto, que assim como a cidade, mudou. Os
edifícios do Centro de Convenções e o Ginásio Poliesportivo não possuem
valor arquitetônico significativo. A região da Arena da Amazônia é valorizada
pelo mercado imobiliário devido à centralidade urbana, a facilidade de
mobilidade pela concentração das linhas de ônibus e a proximidade com os
principais centros comerciais de Manaus.
Nesse contexto, a GMP desenvolveu o projeto e teve a sensibilidade
para observar o lugar e perceber como o estádio poderia se integrar a esse
novo contexto. Além de observar e interpretar esse contexto, valorar a
importância do estádio projetado por Severiano Porto, que havia sido demolido.
A observação de alguns aspectos presentes no zoneamento do antigo estádio,
a hierarquia dos acessos e a relação com a topografia permanecem na Arena
da Amazônia. Valorar um referencial arquitetônico é uma característica da
arquitetura classicista que adotava tipos consolidados e que foi abandonada
como sinônimo da antítese da criatividade do arquiteto. Outro ponto que
merece destaque na estratégia projetual foi a adoção do platô elevado com
uma praça que funciona como um foyer aberto recebendo os espectadores
permitindo a socialização. Essa praça elevada permite uma visão panorâmica
interessante da região e distingue entre a praça privada (elevada) e a praça
publica (junto a avenida Constantino Nery).Uma clara referência ao pódium
41do Teatro Amazonas, outra analogia ao principal ícone arquitetônico da
cidade.
Figura 05: Teatro Amazonas. Fonte: Autor, 2004.
O acesso a praça elevada acontece por rampas que configuram a
fachada principal como um enorme bloco de concreto definindo a base do
edifício. A praça está no nível intermediário do estádio que permite o acesso
para as arquibancadas do nível 1, mais próximas ao campo, e através das
escadas, o acesso para os camarotes e arquibancadas do nível superior. No
projeto original havia um Mall42 junto ao pódium na avenida Constantino Nery
que relacionaria o edifício com a cidade e também serviria para reduzir os
custos com a manutenção mensal da arena. O projeto previu a utilização de
dois sistemas estruturais. Um para as arquibancadas e partes do programa que
foi realizado com concreto armado. A utilização de concreto moldado in loco,
era um desejo da GMP pela observação das características da arquitetura
moderna brasileira. Houve a mudança para o pré-fabricação, pelas questões de
41 Segundo o Arquiteto Guilherme Rene Maia, responsável pelo acompanhamento e gestão do projeto pela GMP em Manaus. 42 Segundo Guilherme Rene Maia, o Mall foi retirado do projeto pelo governo do estado.
prazo e qualidade do acabamento. A estrutura do invólucro que define a
volumetria do edifício é em aço revestido por uma membrana translúcida que
parte do nível da praça elevada elevando as fachadas do estádio e protegendo
as arquibancadas da chuva e do sol. A cobertura apresenta um sistema de
recolhimento das águas da chuva que deslizam pela trama da estrutura
metálica do invólucro e levadas por baixo do campo até os dois reservatórios
na parte oeste do estádio, que armazenam 25.000 litros. Segundo Miguel
Capobiango, foi realizado um estudo para aproveitamento da energia solar com
placas de células fotovoltaicas com uma equipe da Universidade Federal de
Santa Catarina. O projeto da GMP não contemplava a utilização da energia
solar e o estudo realizado não tem previsão e orçamento para execução.
Figura 06: Rampa para acesso ao pódium da Arena da Amazônia. Fonte: Autor, 2014.
AMPLIAÇÃO DO AEROPORTO INTERNACIONAL EDUARDO GOMES
O aeroporto internacional Eduardo Gomes, construído pela Hidroservice
em 1976 foi desenvolvido pelo arquiteto Rodrigo Lefèvre, fundador do grupo
Arquitetura Nova43 (Rodrigo Lefèvre, Sergio Ferro e Flávio Império). A
Hidroservice, do empresário Henry Maksoud, construiu diversas obras de
infraestrutura em todo o território na década de 70 e construiu os aeroportos de
Manaus e do Galeão no Rio de Janeiro em 1977. Esses edifícios modificaram a
linguagem dos aeroportos brasileiros com a linguagem do concreto armado e
inseriram o finger no embarque e desembarque dos passageiros. O primeiro
aeroporto de Manaus foi o da Base Aérea da Ponta Pelada, projeto de 1944 de
Álvaro Vital Brasil e inaugurado em 1954. Devido a proximidade do centro da
cidade e o crescimento da feira da Panair, o lixo acumulado atraia os urubus e
prejudicava a aproximação das aeronaves a pista. O aeroporto internacional
Brigadeiro Eduardo Gomes foi implantado na área norte da cidade a 14 km do
centro da cidade e foi construído com uma pista de 2700 x 45 metros e um
pátio para aeronaves com 45.000m². O terminal de passageiros tinha
39.483,62m² com uma capacidade de 4,2 milhões de passageiros por ano, 772
vagas no estacionamento além de ter 36 balcões de check in que ficavam em
ambiente restrito para o passageiro passar pela Receita Federal antes de
embarcar nas 06 pontes de embarque. O aeroporto é o terceiro em
movimentação de carga no país considerando as características de logística da
região e as necessidades do Distrito Industrial de Manaus44. Em 2004 foi
inaugurado um terceiro terminal de cargas com área de 27.765m² projeto
desenvolvido pelo arquiteto Sergio Parada em 200045.
Para a ampliação do terminal a INFRAERO convidou o arquiteto Mario
Aloisio Barreto Melo46 para desenvolver o projeto. Com a ampliação o terminal
de passageiros passará a ter uma área de 97.258,55 m² com capacidade para
13,5 milhões de passageiros por ano, 2670 vagas no estacionamento e 87
balcões de check in agora junto ao saguão com 08 pontes de embarque.
Atualmente, o terminal encontra-se em construção e caracterizam-se pelas
adequações das instalações atuais as novas necessidades no padrão
solicitado pela INFRAERO para aeroportos desse porte. 43O grupo Arquitetura Nova foi fundado por Sérgio Ferro, Rodrigo Lefèvre e Flávio Império e teve um papel de vanguarda na arquitetura paulista na década de 60. 44Segundo dados da INFRAERO – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária. 45Acessado em 13 de fevereiro de 2014. http://www.sergioparada.com.br/VersaoPortugues/versaoportugues.html 46Autor do projeto do Aeroporto de Maceió que foi considerado pela INFRAERO modelo para essa classe de aeroporto. Realizou também os projetos para os aeroportos em Aracaju, Maragogi e ampliação do Terminal de passageiros em Salvador.
NOVA PONTA NEGRA
A praia da Ponta Negra foi um importante balneário de Manaus situado
na zona oeste da cidade. Atualmente, integrada ao perímetro urbano, é um
bairro e é a principal conexão visual da cidade como Rio Negro. Segundo Mario
Ypiranga Monteiro, no final de década de 50 foi iniciada a construção da
estrada sem asfalto para a Ponta Negra, conectando-a ao sistema viário
urbano. No início da década de 70 havia uma linha de ônibus regular nos finais
de semana para o balneário e iniciou a ocupação do território com o
condomínio Jardim Europa. Pela estrada da Ponta Negra, partindo do bairro
São Geraldo junto ao CIGS47·, há uma série de ocupações realizadas pelos
militares ao longo da orla do Rio Negro. No final da estrada foi construído o
Hotel Tropical inaugurado em 1976 que teve estudos do arquiteto Sérgio
Bernardes e serviu como estruturador urbano da praia. No final da década de
80, há um processo de valorização imobiliária dos terrenos e iniciam a
construção das torres residenciais alinhadas com a praia da Ponta Negra. Em
1992, Severiano Porto desenvolveu o projeto de urbanização da Ponta Negra.
O projeto previa 2 km de calçadão com bares, calçadão, ciclovia e coberturas
para sombreamento. Em 2006 a prefeitura convidou Severiano Proto para fazer
o projeto de reforma da Ponta Negra, mas o projeto não foi concluído.
Em 2010 a prefeitura contratou os arquitetos Roberto Moita e Cláudio
Nina para desenvolver o projeto da reforma da Ponta Negra. Esse projeto seria
fundamental para a definição de Manaus como sede da copa uma vez que a
orla da Ponta Negra é um dos poucos lugares na cidade de Manaus que
proporciona o convívio com o Rio Negro. O projeto tem intervenções pontuais
ao longo da orla e é dividido em duas etapas. A primeira etapa inaugurada em
2011 propõe a perenização da praia48.
O projeto integrou a areia com o calçadão na parte mais alta no norte da
implantação com uma rampa em escala urbana, funcionando como pórtico para 47 Centro de Instrução e Guerra na Selva. 48 O período de cheias e vazantes no Rio Negro proporcionava um fenômeno na cheia que impossibilitava a utilização do espaço como praia. Com o aterro, a praia poderia ser utilizada durante o ano inteiro, e também a faixa de areia poderia ser utilizada também para as atividades contemplativas e de lazer. Foi definido no projeto que uma faixa de 700 metros de praia seria aterrada 150 metros para dentro do rio, chegando a uma profundidade de 6 metros de altura.(mais de um milhão de m³) no setor oeste junto ao complexo hoteleiro até o anfiteatro existente. Essa área seria liberada para banho somente em junho de 2012.
acesso a praia. Além da praia perene, há uma proposta de organização da
paisagem, com linguagem atemporal, utilizando mosaicos temáticos em pedra
portuguesa no calçadão. Há uma valorização das visuais para o rio Negro
proporcionando um mais conforto aos transeuntes com a construção dos
mirantes conectados a Praça das Águas e ao calçadão na parte alta. Esses
mirantes são um resgate histórico ao antigo estacionamento que funcionava no
mesmo local e de forma espontânea serviu como um excelente mirador do rio.
Em setembro de 2012, o Ministério Público Estadual recomendou a interdição
da praia devido o número de mortos por afogamento, pela acomodação do
aterro realizado e pelo comportamento inadequado dos banhistas49.
A segunda etapa de execução concluiu a recuperação do calçadão com
espaços contemplativos e de permanência valorizados pela paisagem. O
projeto previa a construção de um mirante com 120 metros de altura que não
foi executado. Foram concluídas a pista de skate, quadras poliesportivas,
recantos e abrigos para ônibus e os espaços destinados aos novos bares e
restaurantes em parceria entre o poder público e a iniciativa privada estão em
processo licitatório.
A realização da Fan Fest foi transferida para o auditório da Ponta Negra
uma vez que o Sambódromo foi definido como espaço adequado para a
montagem das estruturas temporárias para a Arena da Amazônia. Aliado a
isso, a dificuldade em utilizar a estrutura do sambódromo e isolar o quadrilátero
para os torcedores que possuíam ingresso. Nesse ínterim, foi considerada a
possibilidade de construção do Memorial do Encontro das Águas, projeto
realizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 2005. Orçado em 40 milhões de
reais o projeto apresenta qualidade questionável pela falta de relação com o
lugar, inadequada identidade formal50 e pouca adequação climática na praça
de acesso sem estrutura de sombreamento.
49 http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2012/11/laudo-aponta-falhas-no-aterro-da-praia-artificial-da-ponta-negra-no-am.html 50 Termo utilizado por Edson Mahfuz
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A visão ambiental macroeconômica do estado do Amazonas é uma case
de desenvolvimento sustentável para a Amazônia. A concentração das
atividades na região metropolitana de Manaus auxilia a redução do
desmatamento no estado aliado ao custo do aproveitamento da madeira na
floresta encharcada. A região metropolitana de Manaus tem aproximadamente
60% da população do estado e representa 90% do PIB do estado51. A
qualidade de vida nas cidades da região metropolitana é o grande desafio, pela
infraestrutura urbana precária. A Amazônia urbana não tem o mesmo destaque
que a preservação da Amazônia verde, mas representa um desafio para
garantir o equilíbrio nessa região delicada ambientalmente. As capitais e
regiões metropolitanas da Amazônia brasileira apresentam condições de
infraestrutura urbana abaixo da média nacional e crescimento populacional e
geográfico acima. Uma equação difícil para resolver sem um planejamento
urbano adequado e integrado com um olhar específico para essa região. Essa
é a verdadeira copa do mundo da região norte: Vencer os desafios da
Amazônia urbana..
A Lei do Estatuto das Cidades de 2006 iniciou a implantação dos Planos
Diretores no interior do Brasil com o objetivo de traçar diretrizes urbanas para o
crescimento das cidades. Esse passo foi fundamental para iniciar a discussão
urbana e rural com a comunidade, objetivando um planejamento participativo.
O modelo é democrático na essência, mas as decisões definidas pelas
audiências públicas são aprovadas, revisadas e modificadas na Câmara
Municipal de acordo algumas vezes com outros interesses. O conjunto de leis
que define um Plano Diretor não garante a qualidade do planejamento urbano
necessário para essa região. Além de diretrizes urbanas são necessários
planos para as cidades com projetos para curto, médio e longo prazo.
Ao observarmos os planos de melhoramentos desenvolvidos no início do
século passado nas principais cidades brasileiras, o planejamento da área
urbana sempre foi acompanhado de projetos de equipamentos urbanos e de
51 IBGE, 2013.
edifícios representativos que definiram as características das cidades e sua
consolidação em período de crescente ocupação urbana. Alfred Agache,
Saturnino de Brito, Prestes Maia desenvolveram planos para as cidades e
também projetaram equipamentos urbanos e edifícios que construídos,
consolidaram a materialização desse pensamento.52 No caso de Manaus, o
plano para a cidade de Eduardo Ribeiro de 1892, previa a expansão urbana da
cidade e a visão sanitarista com o aterramento dos igarapés. Além da
ocupação do território, previu a construção do porto flutuante e os galpões em
ferro fundido, o prédio da Alfândega e Guardamoria e a construção do Teatro
Amazonas.
Nos projetos mais recentes, Barcelona marcou a importância do
arquiteto Oriol Bohigas na gestão política do planejamento urbano. A
oportunidade das Olimpíadas de 1992 foi concretizada com projetos de curto,
médio e longo prazo tendo como pano de fundo o plano secular de Cerdá. O
Megaevento catalizou as ações planejadas por um plano de cidade
desenvolvido pela equipe de Bohigas com ações que ainda acontecem
atualmente. Além de planejar é preciso cada vez mais que os arquitetos
assumam cargos importantes no planejamento das cidades, no poder
legislativo e também executivo. O exemplo brasileiro em Curitiba demonstrou
avanços na qualidade urbana com a participação de arquitetos na gestão da
cidade.
Nas cidades brasileiras que receberam a copa do mundo e em especial
a cidade de Manaus, o Megaevento foi visto como uma oportunidade única
para melhoria da qualidade de vida em razão dos investimentos necessários
para adequação às exigências da FIFA. A falta de planejamento prévio fez com
que não houvesse tempo hábil para ações integradas e estruturantes para
consolidar a desejada melhoria. O problema não foi a falta de recursos
financeiros, mas a falta de um plano para a cidade que fosse catalisado pelo
Megaevento. Dessa forma, as intervenções pontuais não apresentaram uma
significativa melhoria na qualidade de vida da população e ficaram apenas
52 Recomendo a leitura da tese “Porto Alegre como cidade ideal – planos e projetos urbanos para Porto Alegre” realizada em 2006 no PROPAR/UFRGS pelo Professor Sílvio Belmonte de Abreu Filho. Na tese há uma série de considerações importantes sobre o planejamento das cidades brasileiras.
obras necessárias para a realização dos jogos. Urge a necessidade de
desenvolver um plano para a cidade para as próximas cinco décadas e realizá-
lo por etapas. É necessário rever o modelo de planejamento da cidade
integrado ao quadriênio político, com decisões sobre o futuro da cidade
limitadas as ações que podem ser realizadas na gestão. Tudo é emergencial,
nada é planejado.
Mesmo com os problemas relatados com a oportunidade perdida para
executar projetos para uma cidade melhor, vale destacar os importantes
avanços na integração regional com o Megaevento. A ligação com a Rede
Nacional de Energia, com o linhão de Tucuruí – Macapá - Manaus, um projeto
que reduzirá as emissões de CO² e garantirá o abastecimento da região. Pelas
torres que atravessam 1800 km na floresta passará também a banda larga do
governo federal, que melhorará os serviços e barateamento dos serviços de
internet. Até 2008, o serviço de internet chegava a Manaus por transmissão à
rádio, sujeito as condições climáticas e a instabilidade do serviço. Em 2010,
houve uma sensível melhora com a fibra da OI oriunda da Venezuela para as
empresas do Distrito Industrial. Em 2012, com a inauguração da ponte que liga
a cidade de Manaus a cidade de Iranduba, foi possível garantir o sinal com
mais qualidade, não utilizando mais o serviço a rádio.
O aumento de leitos para hospedagem desde 2009 na cidade foi de
40%. Atualmente a média nacional de ocupação nos hotéis são 40%. Na
cidade de Manaus, a ocupação fica em 80 % durante a semana e no final de
semana é a abaixo da média nacional. A visibilidade da floresta e a aposta no
turismo internacional foi potencializada com a ligação direta para Lisboa pela
companhia aérea TAP53, que reduziu o tempo de viagem em 11 horas para a
Europa. A visibilidade internacional que houve com a copa do mundo e que
haverá nas olimpíadas em 2016 são apostas do governo do estado do
Amazonas para aumentar o turismo na cidade. Aliado ao aumento da
capacidade hoteleira, a ampliação do terminal de passageiros do aeroporto
Eduardo Gomes aumenta o conforto aos usuários. Para a elevação da
53 Os voos iniciaram em maio de 2014.
categoria do aeroporto para um hub para a América do Norte, será necessário
a construção de uma segunda pista e o aumento do pátio das aeronoves.
Infelizmente as obras de mobilidade urbana não saíram do papel. Tanto
o monotrilho como o sistema BRT não foram iniciados e estão sem previsão
para iniciarem. A necessária reforma do porto de Manaus está prevista para
iniciar ainda em 2014. O centro histórico de Manaus passa por um processo de
sanitarização com a impermeabilização dos leitos dos igarapés em um
programa denominado PROSAMIM. A retirada das tradicionais palafitas e a
construção de unidades habitacionais é bastante criticada. Um Green goal
contra. Entender a palafita como determinante no saneamento urbano é jogar a
sujeira para baixo do tapete. Impermeabilizar a mata ciliar dos igarapés é não
olhar para o futuro da cidade. Outro processo marcante no ano da copa foi a
retirada dos camelôs das principais vias do centro e a relocação em galerias
populares.
O governo do estado do Amazonas criou o Complexo da Arena da
Amazônia para captar grandes eventos no estado. No complexo há a Arena da
Amazônia, o Sambódromo, o Ginásio Amadeu Teixeira e o Centro de
Convenções Vasco Prado. A Arena da Amazônia deverá receber a certificação
LEED e será o primeiro edifício com selo silver no estado. A qualidade
arquitetônica do edifício abre um leque de oportunidade para pesquisas e
desenvolvimento tecnológico para a universidade. Independente das questões
econômicas que questionam a sua construção é um excelente projeto
arquitetônico que deve ser valorado. A sua construção habilitou novos ofícios e
atualizou a mão de obra na cidade e região. A discussão da sustentabilidade
econômica da Arena é fundamental para consolidação desse equipamento na
cidade reduzindo os custos de manutenção aos cofres públicos. O futuro da
Arena da Amazônia dependerá de um calendário que envolva atividades além
do futebol. O complexo da Arena é o início difícil caminhada.
Há dados evidentes que nos levam a concluir que a Arena da Amazônia
só foi projetada e construída em razão da indefinição prévia do governo federal
para escolha das cidades que sediariam a copa do mundo de 2014. Frente a
tantos desafios estruturais nas cidades amazônicas o investimento na
demolição e construção de um novo estádio é questionado perante outras
necessidades urgentes. Por outro lado, não haveria copa do mundo na cidade
no formato definido pelo governo federal. Caso houvesse a definição prévia de
Manaus como sede pelo governo federal é possível afirmar que ocorreria a
reforma e ampliação do estádio Vivaldo Lima.
Para que demolir? O estádio foi feito para crescer54.
54 Severiano Porto quando indagado sobre a demolição do estádio.
BIBLIOGRAFIA
ABREU FILHO, Sílvio Belmonte. Porto Alegre como cidade ideal: Planos e
projetos urbanos para Porto Alegre.. Tese de doutorado em Teoria, História e
Crítica de Arquitetura. PROPAR - UFRGS, 2006
BASTOS, Maria Alice Junqueira; ZEIN, Ruth Verde. Brasil: após 1950. São
Paulo: Editora Perspectiva, 2011. 429 p.
CAPOBIANGO, Miguel. Depoimento [12 março, 2014].Entrevista concedida a
Marcos Cereto.
CERETO, Marcos Paulo. Arquitetura de Massas: o caso dos estádios
brasileiros. Porto Alegre: PROPAR/UFRGS,2003. 326p.
CERETO, Marcos Paulo. Estádios brasileiros de futebol: uma reflexão
modernista? IN: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 5, 2003, São Carlos.
Anais. São Paulo: Edusp, 2003.
CERETO, Marcos Paulo. O moderno regional? Considerações sobre um
patrimônio em extinção IN: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 6, 2005,
Niterói. Anais. São Paulo: UFF, 2005.
COMAS, Carlos Eduardo. Protótipo e monumento, um ministério, o ministério.
Revista Projeto n102, 1986.
COSTA, Graciete Guerra da Costa. Manaus: um estudo do seu patrimônio
arquitetônico e urbano. Dissertação de Mestrado. Brasília: Universidade de
Brasília, 2006.
ORTNER, Rudolf. Constucciones Deportivas. Barcelona: Editora AHR,1957.
302 p.
FRAMPTON, Kenneth. Modern Architecture: a Critical History. Thames and
Hudson, London, 1980.
MAIA, Guilherme. Depoimento [5 fevereiro,2014]. Entrevista concedida a
Marcos Cereto.
MESQUITA, Otoni Moreira. Manaus: História e Arquitetura (1852-1910). 2.ed.
Manaus: Valer, 1999.
MONTEIRO, Mario Ipiranga. Roteiro histórico de Manaus. Ed. da Universidade
do
Amazonas, 2, 1998.
PORTO,Severiano. Depoimento. [12 de maio, 2002]. Rio de Janeiro. Entrevista
concedida a Marcos Cereto.
Revista Arquitetura IAB. Estádio Vivaldo Lima. Rio de Janeiro, n.58,p.55-57,
abr.1967.
SABBAG, Haifa. Severiano Porto e a arquitetura regional, Editoria AC –
Arquitetura.Crítica, n. 12,set. 2003
<http://www.vitruvius.com.br/ac/ac012/ac012.asp>; Acesso em: 09 out. 2003.
WAISEMAN, Marina. Primer Seminário de Arquitectura Latinoamericana. Um
auspicioso comienzo. In. Summa, n. 217, set. 1985, p. 27. Tradução da autora
deste artigo.
ZEIN,Ruth Verde. Um arquiteto brasileiro: Severiano Mario Porto. In Projeto, n.
83, São Paulo: Projeto Editores Associados, janeiro de 1986, p. 44