a convergÊncia web-tv e a prog. segmentada
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Anna Carolina Torres Silva Lages
A CONVERGÊNCIA WEB-TV E A PROGRAMAÇÃOSEGMENTADA:
uma análise de conteúdo das produções audiovisuais da TV Galo
Belo Horizonte
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)
2010
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Anna Carolina Torres Silva Lages
A CONVERGÊNCIA WEB-TV E A PROGRAMAÇÃOSEGMENTADA:
uma análise de conteúdo das produções audiovisuais da TV Galo
Monografia apresentada ao curso de Jornalismo do CentroUniversitário de Belo Horizonte (UNI-BH) como requisito parcial àobtenção do grau de Bacharel em Jornalismo.
Orientador(a): Profa. Wanir Campelo.
Belo Horizonte
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)
2010
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A Deus, em primeiro lugar, e à minha mãe, pelo esforço para que eu
pudesse chegar até aqui.
Agradeço também ao Clube Atlético Mineiro e à equipe da TV Galo,
pela colaboração e cordialidade.
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RESUMO
A convergência de mídias inaugura novas possibilidades para a disseminação da informação
na sociedade. Dentro desse contexto, a união entre TV e Internet cria a chamada WebTV,
veículo que vem despertando o interesse de empresas e segmentos sociais que desejam
veicular conteúdo próprio sem a intermediação da grande imprensa. Essa liberdade de
expressão tem contribuído para o aumento da produção de conteúdo segmentado que busca,
ao contrário do que é feito nas mídias de massa, alcançar um público muito específico e
restrito. Adotando uma análise crítica, este estudo busca compreender como a TV Galo,
WebTV institucional do Clube Atlético Mineiro, produz conteúdo voltado para os torcedores
desse clube de futebol. A discussão foi baseada nas características do público que o veículo
pretende atingir e nas estratégias utilizadas pela equipe da TV Galo para alcançar seu
objetivo, que é o de estreitar a relação com a audiência e divulgar uma imagem positiva do
Clube Atlético Mineiro. Constatou-se que a emissora, apesar de produzir material com
estruturas básicas do telejornalismo tradicional, não possui compromisso com a
imparcialidade na abordagem dos fatos, exercendo um trabalho característico de assessoria de
imprensa.
Palavras-chave: Futebol; Jornalismo Esportivo; Convergência de Mídias; WebTV; TV Galo
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Layout do portal da TV Galo ............................................................................. 51
Figura 2 – Repórter Guilherme D'Assumpção grava passagem para matéria da TV Galo..... 52
Figura 3 – Cobertura da TV Galo durante entrevista coletiva............................................... 52
Figura 4 – Repórter Guilherme D'Assumpção no estúdio da TV Galo.................................. 53
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Total de produções audiovisuais postadas em cada uma das semanas de análise. 54
Tabela 2 – Número de produções audiovisuais postadas por seção em cada uma das semanas
de análise ............................................................................................................................ 55Tabela 3 – Número de postagens por seção no período total de análise... ............................. 56
Tabela 4 – Fontes utilizadas nas produções audiovisuais da TV Galo dentro do período deanálise................................................................................................................................. 57
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 08
2 IDENTIDADE E O FUTEBOL NO BRASIL .............................................................. 11
2.1 O conceito de identidade ............................................................................................... 11
2.2 Futebol: uma paixão nacional ........................................................................................ 13
2.2.1 O futebol como instrumento de transformação social .................................................. 13
2.2.2 A emoção e a relação entre torcedores e clubes de futebol .......................................... 15
2.3 O jornalismo esportivo no Brasil ................................................................................... 16
3 A CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS ............................................................................... 21
3.1 A televisão e o início da programação segmentada ........................................................ 21
3.2 A Internet e o surgimento do meio multimídia............................................................... 24
3.2.1 A fusão de mídias e a interatividade............................................................................ 26
3.3 As potencialidades da WebTV....................................................................................... 28
4 A PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUDIOVISUAL NA TV GALO............................ 31
4.1 Metodologia de pesquisa ............................................................................................... 31
4.2. História e finalidade da TV Galo .................................................................................. 32
4.2.1 Formato do site........................................................................................................... 334.3 A construção da imagem e da memória do Clube Atlético Mineiro na TV Galo............. 35
4.3.1 Linha editorial ............................................................................................................ 36
4.3.2 Modos de produção e reportagem ............................................................................... 36
4.3.3 Critérios de noticiabilidade......................................................................................... 38
4.4 A busca pelo diferencial ................................................................................................ 40
4.4.1 A referência à torcida ................................................................................................. 40
4.4.2 Parcialidade e omissão de informações ....................................................................... 41
4.4.3 Postura do repórter e a construção do texto................................................................. 434.4.4 Os bastidores do Clube Atlético Mineiro .................................................................... 44
4.5 A comunicação com a audiência.................................................................................... 45
5 CONCLUSÃO................................................................................................................ 47
REFERÊNCIAS................................................................................................................ 49
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ANEXOS............................................................................................................................ 51
Anexo A – Imagens do site e da rotina de trabalho da TV Galo ........................................... 51
Anexo B – Tabelas .............................................................................................................. 54
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1 INTRODUÇÃO
É dia de jogo no Mineirão. A equipe de futebol do Atlético Mineiro entra em campo vestindo
a tradicional camisa alvinegra de listras verticais, calção preto e meias brancas. Enquanto isso,
nas arquibancadas do estádio, a torcida já entoa o hino do clube recepcionando e aplaudindo
os atletas. Mais um duelo vai começar. Serão aproximadamente noventa minutos de
ansiedade, medo, alegria, agonia e expectativa. Durante a partida, o torcedor vibra, grita,
chora, xinga, pede raça e canta. O desejo é um só: o gol. A bola nas redes representa o êxtase,
incendeia a arquibancada, permite o abraço apertado entre desconhecidos e faz tremer as
estruturas do estádio.
Para quem não pode ver o espetáculo ao vivo no Mineirão, existem outras opções. No rádio, olocutor narra com emoção os lances da partida. Na TV, as diversas câmeras posicionadas
estrategicamente captam os mínimos detalhes do jogo e, na Internet, o torcedor recebe
atualizações de minuto a minuto no formato de texto, áudio e vídeo sobre o andamento do
confronto. No dia seguinte, o noticiário esportivo ainda traz os principais lances da partida,
comenta o desempenho dos jogadores, analisa as tomadas de decisão do técnico e do árbitro,
enfim, explora todos os elementos que podem render uma notícia e atrair a atenção do
torcedor.
Para o brasileiro, o futebol representa muito mais que um simples esporte coletivo e produzir
conteúdo jornalístico para um público tão apaixonado não é tarefa fácil. Muitas vezes, os
torcedores acusam determinados veículos de comunicação de privilegiarem esta ou aquela
equipe ou de serem parciais na construção da notícia. Atualmente, esse problema vem sendo
contornando com o surgimento de novas mídias que facilitam a produção e a disseminação de
conteúdos em diversos formatos, retirando das grandes mídias de massa, o monopólio da
informação. Com isso, há um aumento na veiculação de conteúdos personalizados, planejados
com o intuito de agradar públicos específicos, que compartilham de gostos e preferênciassemelhantes.
Esse é o objetivo da TV Galo, WebTV do Clube Atlético Mineiro, que produz conteúdo
segmentado para seus torcedores. Utilizando uma mídia nascida da convergência entre
televisão e Internet, o veículo constrói reportagens que expressam o ponto de vista da
instituição e procuram agradar o torcedor atleticano. A proposta desta pesquisa é avaliar, por
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meio da análise das produções audiovisuais da TV Galo, quais são as estratégias utilizadas
para se atingir esse objetivo, além de discutir como se dá a interatividade entre produtores de
informação e audiência dentro desse novo formato de televisão via Internet. Para sustentar
essa discussão e alcançar base teórica para esta análise, propôs-se, em três capítulos, um
debate em torno da importância cultural do futebol no Brasil, do jornalismo esportivo e das
potencialidades proporcionadas pela atual convergência de mídias.
O primeiro capítulo teórico, Identidade e Futebol no Brasil , discute como essa modalidade
esportiva integra a cultura brasileira, contribuindo para a formação da identidade dos
cidadãos, além de tratar das características do jornalismo esportivo no país. O autor Stuart
Hall (2001) explica a questão da identidade cultural na pós-modernidade, definindo como ela
é formada por meio da inserção do homem em culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosase nacionais. Roberto DaMatta (2006) contribui para o debate, discutindo o futebol por meio
de uma perspectiva sociológica e esclarecendo como um esporte oriundo da Inglaterra foi
apropriado pelo Brasil a ponto de se transformar em uma identidade nacional. Além disso,
DaMatta (2006) discute a relação íntima criada entre torcedores e clubes de futebol no país.
O autor Paulo Vinicius Coelho (2006) aborda desde a trajetória histórica do futebol no Brasil
até o perigo da relação entre o jornalista esportivo, que muitas vezes é um apaixonado pelo
esporte, e o seu trabalho que deve ser guiado pelos preceitos éticos da profissão. HeródotoBarbeiro e Patrícia Rangel (2006) também tratam do jornalismo esportivo, apresentando
técnicas de como fazê-lo, propondo melhorias e sugerindo reflexões ao levantar pontos
polêmicos da área.
O segundo capítulo teórico, A convergência de Mídias, foca no estudo dos meios televisão e
Internet, discutindo quais são as potencialidades nascidas da união entre eles. Arlindo
Machado (2005) avalia a TV tendo como ponto de partida a qualidade dos programas
audiovisuais produzidos por ela e Nélson Hoineff (1996) discute o processo de segmentaçãodo conteúdo televisivo. O autor Pierre Lévy (2000) trata do surgimento do ciberespaço e das
novas formas de sociabilização que acontecem dentro dele.
A convergência de mídias é discutida por Manuel Castells (2000) de maneira mais ampla,
enquanto Jorge Trinidad Ferraz de Abreu e Vasco Branco (1999); e Daniela Costa Ribeiro
(2009) avaliam, especificamente, as causas e consequências da fusão entre Web e TV. A
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questão da interatividade proporcionada pelas novas mídias é discutida pelos autores André
Lemos (1997), Alex Primo (2000) e Lucia Santaella (2007).
O terceiro capítulo teórico, A Produção de Conteúdo Audiovisual na TV Galo, esclarece qual
foi a metodologia de trabalho adotada neste estudo, apresenta um histórico da emissora e
explica o funcionamento do portal da TV Galo. Além disso, o capítulo possui a pretensão de
deixar claro para o leitor quais são os recursos utilizados pelo veículo para estreitar o
relacionamento com o público-alvo, formado por torcedores do Clube Atlético Mineiro. São
avaliados os critérios de noticiabilidade, a linha editorial, os modos de produção e reportagem
e os elementos que buscam imprimir um diferencial às produções audiovisuais veiculadas
pela emissora. Para finalizar, é discutido de que forma a TV Galo se apropria dos recursos
interativos proporcionados pela plataforma WebTV para se comunicar com a audiência.
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2. IDENTIDADE E O FUTEBOL NO BRASIL
Para falar de futebol no Brasil não basta apenas compreender as regras do jogo, saber definir e
avaliar o esquema tático de determinada equipe ou entender as normas específicas de cada
competição. É preciso, também, avaliar a influência que esse esporte é capaz de exercer no
cotidiano e no imaginário dos indivíduos e como ele contribui na formação intelectual,
política e cultural da sociedade brasileira. Originário da Inglaterra, o futebol chegou ao Brasil
no final do século XIX e, a partir daí, foi se transformando e ganhando características próprias
até se tornar um símbolo da cultura nacional. Hoje, ele é capaz de levar milhões de brasileiros
aos estádios e de suspender atividades cotidianas em períodos de Copa do Mundo.
Internacionalmente, o Brasil é conhecido e reconhecido por sua habilidade futebolística e pelo
seu estilo de jogo, tendo recebido a alcunha de “país do futebol”. Todos esses fenômenossociais indicam que essa modalidade esportiva é um elemento marcante na identidade
brasileira.
2.1 O conceito de identidade
Uma vez que o futebol desempenha um papel de destaque na identidade da nação brasileira, é
preciso entender qual é o conceito de identidade e como ela é construída individual e
coletivamente. Stuart Hall (2001) explica que a identidade do indivíduo é a ideia que ele temde si mesmo como sujeito dentro da sociedade no qual está inserido. Ao longo do tempo, a
concepção de identidade sofreu mutações que decorreram das alterações nas relações
mantidas entre os indivíduos e as diferentes formas de organização das sociedades em cada
época. Para definir essa situação, Hall (2001) utiliza a expressão identidade cultural que são
“aqueles aspectos de nossas identidades que surgem de nosso "pertencimento" a culturas
étnicas, raciais, lingüísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais.” (HALL, 2001, p. 8).
Stuart Hall (2001) distingue três conceitos de identidade que dizem respeito ao sujeito doIluminismo, ao sujeito sociológico e ao sujeito pós-moderno. A identidade do primeiro se
define por meio de uma forma individualista, única e rígida que, estando interiorizada,
acompanha o indivíduo durante toda a sua vida, sendo praticamente imutável. A identidade
do sujeito sociológico já passa a levar em conta a interação do indivíduo com o ambiente
exterior, ou seja, sua relação com outras pessoas e com outras identidades culturais, a partir
das quais a própria identidade dele será formada. Já a identidade do indivíduo pós-moderno se
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traduz como uma identidade móvel e fragmentada, que está em contínuo processo de
construção e desconstrução. Esse tipo de sujeito pode assumir diferentes identidades
dependendo do tipo de situação com a qual está lidando.
Definidos os conceitos de identidade individual, é preciso compreender como a identidade
nacional é construída e como ela se relaciona com a identidade fragmentada e descentrada do
sujeito atual ou, como é chamado por Hall (2001), o sujeito pós-moderno. Segundo o autor, os
indivíduos tendem a encarar a cultura nacional como uma característica natural, como se já
nascessem com ela. Por isso, é comum que as pessoas se definam como, por exemplo,
brasileiros, portugueses ou franceses, mesmo que a nacionalidade não seja um atributo
biológico. De acordo com Hall (2001), a identidade nacional é construída por meio de
representações, ou seja, por meio de uma gama de significados que são inerentes a umasociedade. “No mundo moderno, as culturas nacionais em que nascemos se constituem em
uma das principais fontes de identidade cultural.” (HALL, 2001, p. 47).
Hall (2001) explica, ainda, que existe um grande esforço da cultura nacional no sentido de
agregar, sob a denominação de uma identidade nacional unificada, indivíduos marcados por
inúmeras diferenças nos aspectos sociais, econômicos e biológicos. Segundo o autor, atingir
essa total unificação é praticamente impossível, mas não se pode deixar de lado o fato de que
a identidade do indivíduo é formada por meio dos sentidos produzidos pelos símbolos erepresentações da nação, que orientam sua conduta e auxiliam na construção da sua auto-
imagem.
As culturas nacionais, ao produzir sentidos sobre “a nação”, sentido com os quais podemosnos identificar , constroem identidades. Esses sentidos estão contidos nas estórias que sãocontadas sobre a nação, memórias que conectam seu presente com seu passado e imagensque dela são construídas. (HALL, 2001, p. 51)
Para Anderson1 (1983 citado por HALL, 2001) a identidade nacional é construída por meio da
forma como a comunidade é imaginada e a diferença entre as nações se dá exatamente nas
várias formas como é conduzida essa imaginação. Todas as nações fazem uso de estratégias
que visam criar a sensação de pertencimento à pátria e de identidade nacional nos indivíduos.
Para esclarecer como é imaginada uma nação moderna e como a narrativa de uma cultura
nacional é relatada, Hall (2001) seleciona cinco aspectos. São eles: a narrativa da nação, por
1 ANDERSON, Benedict. Imagined Communities. Londres: Verso, 1983.
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meio da qual a história do local é contada de modo que todos os membros daquela
comunidade se sintam pertencentes à cultura nacional; a ênfase nas origens, na continuidade e
na tradição, aspecto por meio do qual os acontecimentos marcantes daquela nação nunca são
esquecidos; a invenção da tradição que, segundo Hobsbawm e Ranger 2 (1983, citado por
HALL, 2001), se caracteriza por tradições que muitas vezes são apresentadas como antigas e
na realidade são recentes ou até mesmo inventadas; o mito fundacional, que se caracteriza por
uma história muito antiga que discorre sobre a origem da nação; e, por fim, o autor explica
que a identidade nacional pode ser construída sobre a ideia de um povo puro e original.
2.2 Futebol: uma paixão nacional
2.2.1 O futebol como instrumento de transformação social
No Brasil, a paixão pelo futebol se revela como uma importante ferramenta de fortalecimento
da identidade nacional do país. Desde a infância, os brasileiros são estimulados a ingressar no
universo dessa modalidade esportiva. São presenteados com bolas e uniformes da seleção
brasileira ou dos clubes de futebol preferidos dos pais ou parentes. Escutam transmissões
esportivas pelo rádio e acompanham as partidas, ao vivo, pela televisão. Jogam futebol na
escola, na rua, nas quadras e em qualquer outro local onde seja possível rolar uma bola. São
levados aos estádios e acompanham a cobertura de destaque dada pela imprensa brasileira aofutebol em relação aos outros esportes.
Roberto DaMatta (2006) reconhece o futebol como uma atividade de extrema importância na
cultura brasileira, pois ele acolhe em seu universo componentes cívicos, identidades sociais
relevantes, valores culturais intensos e gostos particulares. Dessa maneira, ele desperta
sentimentos de identidade individual e coletiva entre os indivíduos. Além disso, sendo a
escolha do time de futebol uma decisão pessoal e voluntária, essa modalidade exerce a função
de redefinir a identidade do indivíduo, fora das esferas onde ele não tem opção de escolha.
É sem dúvida o “futebol” como uma categoria social genérica e difusa: como um emblema,cores, camisa e, obviamente, certos jogadores, que nos conecta ao mundo público numadimensão que é a um só tempo, nacional e cívica. Dimensão situada além da casa e da
2 HOBSBAWN, E; RANGER, T. (Orgs). The Invention of Tradition. Cambridge: Cambridge University Press,1983.
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família, mas certamente aquém da categoria ocupacional, do partido político e da classesocial. (DAMATTA, 2006, p. 162)
Resgatando os aspectos históricos do futebol, DaMatta (2006) explica que o Brasil se
apropriou de um esporte nascido na Inglaterra porque, estando vivendo o início da erarepublicana, viu na modalidade trazida pelas elites uma maneira de adentrar no universo do
progresso. Dessa forma, o país acabou fazendo do esporte em questão um instrumento que vai
além da disputa dentro de campo. “[...] o jogo e a festa são instrumentos de mudança de
posição social e de perspectiva. Neste sentido, o nosso futebol aciona uma visão do mundo na
qual o fraco vira forte, o oprimido torna-se expressivamente dominante e o socialmente
inferior transforma-se em herói.” (DAMATTA, 2006, p. 69).
Desde que chegou ao Brasil, o futebol encontrou resistência de muitos intelectuais que viramnele um instigador da violência e dos maus costumes. Um dos críticos mais incisivos foi o
escritor carioca Lima Barreto, autor de vários artigos que apontavam o futebol como um
esporte baseado na ignorância, capaz de promover a desorganização social. Lima Barreto
chegou a montar a Liga Brasileira Contra o Futebol por volta de 1920. No entanto, DaMatta
(2006) defende que o futebol pode exercer um papel benéfico na sociedade já que a admiração
dos brasileiros por este esporte pode fazer com que a fórmula do sucesso dele sirva de
exemplo para outras esferas sociais. Assim, se para uma equipe de futebol sair vitoriosa do
campo é preciso que cada setor cumpra sua função, respeite às normas e se relacione bem comos demais, isso pode ser aplicado também na sociedade, com cada indivíduo exercendo,
consciente e responsavelmente, o papel que lhe cabe.
DaMatta (2006) explica, também, que o futebol não define perdedores e ganhadores a longo
prazo, já que a cada partida essa situação pode ser alterada. Para o autor, essa característica
representa, dentro de uma sociedade primitivamente escravocrata, uma transição do modo de
vida baseado na divisão hierárquica, que tem como mantenedora a sociedade com seus
valores culturais, para o sistema fundado na igualdade, regido por normas escritas do Estado
nacional, mas pouco absorvidas pelo cidadão brasileiro.
Foi certamente essa humilde atividade, esse jogo inventado para divertir e disciplinar que,no Brasil, transformou-se (sem querer ou saber) no primeiro e provavelmente no seu maiscontundente professor de democracia e de igualdade. Não foi, então, através da escola, do jornal, da literatura ou do Parlamento e de algum partido político que o povo começou aaprender a praticar a igualdade e a respeitar as leis, mas assistindo a jogos de futebol.(DAMATTA, 2006, p. 142-143)
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Todo esse poder transformador do futebol no Brasil é, na opinião de DaMatta (2006),
decorrente do fato de que a sociedade brasileira encontra nesse jogo, regido por regras
universais e marcado pela imprevisibilidade, uma possibilidade de experimentar a vitória,
esbanjando capacidade e competência. Isso vai contra a sensação de inferioridade
experimentada pelos brasileiros e por todos os países de Terceiro Mundo quando o assunto é
política, economia e justiça social. O futebol permite, então, que o brasileiro assuma o seu
amor pela pátria sem se envergonhar disso.
2.2.2 A emoção e a relação entre torcedores e clubes de futebol
DaMatta (2006) faz uma distinção entre os conceitos de esporte e jogo. Para ele, o esporte é
uma atividade previsível na qual a técnica e a razão são capazes de determinar qual será aequipe vencedora ou o indivíduo vitorioso. “É o que ocorre no vôlei, no basquete, nos
esportes olímpicos e, sobretudo, no futebol americano, modalidades esportivas nas quais é
praticamente impossível que um time fraco vença um forte.” (DAMATTA, 2006, p. 61). Já o
jogo concerne à esfera da emoção, da mágica, do encanto e da insegurança. O futebol “[...]
praticado obrigatoriamente com os pés engendra uma notável imprecisão, mesmo quando um
time muito superior joga com um time sabidamente inferior.” (DAMATTA, 2006, p. 155).
Essa emoção, que é inerente ao universo do futebol, e a relação íntima estabelecida entre esseesporte e a sociedade brasileira fazem com que o torcedor desempenhe uma função bastante
singular. DaMatta (2006) discorre sobre algumas características do torcedor e seu papel ativo,
capaz, segundo ele, até de influenciar no resultado de uma partida. Primeiramente, o autor
distingue o torcedor do simples fã, pois o primeiro é aquele que se mistura ao universo do seu
clube de futebol, incorporando seus símbolos, exigindo sempre a máxima dedicação e a
vitória, e odiando profundamente qualquer adversário que enfrente a equipe idolatrada. Já o fã
apenas aprecia o espetáculo esportivo e se identifica com ele em sua totalidade, sem se
preocupar em defender arduamente um dos lados, pois o seu objetivo é apenas se distrair,deixando de lado as atividades cotidianas. O torcedor “[...] pode trocar de mulher, partido
político e, hoje em dia, de sexo, mas não se troca de time.” (DAMATTA, 2006, p. 114).
O torcer, segundo DaMatta (2006), envolve todo o corpo já que é preciso pular, gritar,
gesticular e não apenas assistir passivamente a partida. O envolvimento profundo do torcedor
com o clube de futebol provoca sensações extremadas ao final de cada jogo. “Pois se a vitória
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nos leva ao delírio e ao mundo da lua, a derrota faz brotar uma enorme mesquinhez, capaz de
alinhavar e detonar as mais óbvias, mas ocultas, emoções negativas.” (DAMATTA, 2006, p.
100).
De acordo com Paulo Vinícius Coelho (2006), em um país como o Brasil onde o futebol, além
de promover transformações sociais, é capaz de despertar uma gama de sentimentos nos
torcedores, é necessário que o jornalismo esportivo seja cauteloso e busque sempre alcançar
um equilíbrio na cobertura esportiva dispensada a essa modalidade.
2.3 O jornalismo esportivo no Brasil
Levando-se em consideração a importância assumida pelo futebol no país, faz-se necessárioanalisar o jornalismo esportivo no Brasil que, segundo Coelho (2006), tem a cobertura
amplamente voltada para esse esporte. O autor faz um traçado histórico explicando que esse
gênero jornalístico sempre foi alvo de preconceitos e, em consequência disso, as publicações
sobre esportes só se firmaram no país a partir da década de 60 do século passado. Antes disso,
Coelho (2006) destaca a presença das crônicas sobre futebol, que na visão dele, eram mais
literárias do que jornalísticas. Foi só em meados dos anos de 1970 que os jornalistas
esportivos procuraram realizar um trabalho mais imparcial, valorizando o fato em detrimento
do mito. Atualmente, a cobertura de esportes é feita seguindo os mesmos parâmetros de outraseditorias que priorizam a busca pelo real, deixando a emoção de outrora totalmente de lado.
“A emoção na transmissão de um evento esportivo deve ser na medida certa.” (BARBEIRO;
RANGEL, 2006, p. 46). De acordo com Barbeiro e Rangel (2006), o jornalismo esportivo não
precisa ser destituído de emoção. Em um campo de trabalho no qual esse sentimento está
sempre presente é praticamente impossível que o jornalista não sofra impactos e o ideal é que
a emoção seja usada no sentido de enriquecer as transmissões esportivas. No entanto, os
autores alertam que é preciso discerni-la da paixão, já que essa última pode gerar umcomportamento tendencioso que compromete a boa conduta do jornalista esportivo no
decorrer do seu trabalho.
Ainda segundo Barbeiro e Rangel (2006), a emoção em excesso também pode culminar na
espetacularização do evento esportivo que acaba se tornando apenas um chamariz de
audiência com o intuito de instigar o investimento de patrocinadores nas emissoras. Coelho
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(2006) também reforça essa ideia e destaca que essa situação ocorre com mais frequência na
televisão que, muitas vezes, salienta apenas os aspectos positivos da partida, transmitindo um
show de imagens e ocultando a verdadeira realidade do acontecimento. Coelho (2006) cita
como exemplo a conduta da TV Globo que, por deter o direito de transmissão dos principais
campeonatos brasileiros, impede que outras emissoras tenham acesso ao material necessário
para realizar uma boa cobertura jornalística. Assim, a versão do evento transmitida pelos
canais abertos e fechados das Organizações Globo são, muitas vezes, a única opção para os
telespectadores.
[...] fica difícil distinguir quem mostra o evento hoje em dia: algum divulgador ou algum parceiro do proprietário do evento. Alguém que, como parceiro, impede simplesmente queas informações menos favoráveis cheguem ao ouvido do receptor e o transforme cada diamais em ser passivo, incapaz de avaliar o que anda bem e o que anda mal diante de seus
olhos. (COELHO, 2006, p. 67)
Barbeiro e Rangel (2006) explicam que outro perigo iminente na área do jornalismo esportivo
é o fato de que alguns jornalistas não conseguem separar o profissional do torcedor. Dessa
forma, a cobertura esportiva torna-se tendenciosa e acaba prejudicando a credibilidade tanto
do jornalista como do veículo para o qual ele trabalha.
Quem torce modifica, altera, distorce. O torcedor tem o direito de torcer e distorcer àvontade. O jornalista não pode fazer nem uma coisa nem outra, nem mesmo quando a
seleção brasileira entra em campo. A pátria não está de chuteiras, nem de sunga, nem decapacete, nem de biquini, nem de maiô [...]” (BARBEIRO; RANGEL, 2006, p. 46)
Coelho (2006) afirma que, no Brasil, são poucos os profissionais da área esportiva que não
torcem para nenhum time. Muitos optam pela área por já alimentarem uma paixão que,
geralmente, acompanha o indivíduo desde a infância. Na opinião do autor, um profissional
que trabalha com base em seu compromisso ético com a verdade não deve, de maneira
nenhuma, mentir para o público ou esconder sua preferência por uma determinada equipe. Ser
sincero não equivale a deixar a isenção de lado na cobertura jornalística. “Eis o ponto: não é
preciso reforçar que se torce por determinado time. Nem é preciso negar.” (COELHO, 2006,
p.58).
Coelho (2006) também discorre sobre algumas questões com as quais os jornalistas esportivos
precisam se preocupar. Em primeiro lugar, o profissional que cultiva uma paixão pelo esporte
precisa ter cuidado no trato com a notícia e não usar como fonte apenas as lembranças que
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guarda na memória. Mesmo sendo um exímio conhecedor da área é preciso pesquisar sempre
para que nenhuma informação seja divulgada de forma incorreta. Outro problema apontado
pelo autor diz respeito aos profissionais que deixam de lado a notícia, que é a matéria prima
do jornalismo, para se exporem na mídia sem nenhuma justificativa. Barbeiro e Rangel (2006)
dão a esse tipo de ocorrência o nome de “síndrome do artista”. “São tantas as tentações, o
reconhecimento da massa daqueles que trabalham em TV ou rádio que tudo isso pode “subir a
cabeça” de alguns.” (BARBEIRO; RANGEL, 2006, p. 94). Segundo Barbeiro e Rangel, o
acompanhamento de um terapeuta pode ser útil para evitar esse tipo de transtorno.
Observados todos os aspectos que podem prejudicar a carreira de um jornalista da área de
esportes, é preciso se preocupar com a qualidade do material produzido, tendo em vista que o
público brasileiro acompanha atentamente a cobertura esportiva, em especial aquela ligada aofutebol. Na opinião de Coelho (2006), a busca pelo diferencial e a escolha da equipe são os
principais fatores para se produzir um bom trabalho dentro das redações. Para o autor, é
necessária a procura incansável de pautas diferenciadas capazes de tornar um veículo
indispensável. Para que isso se concretize, ele defende que nem sempre o grupo precisa ser
formado só por profissionais do jornalismo, já que pessoas de outras áreas podem contribuir
para a troca de conhecimentos e aprimoramento da informação. Além disso, o autor acredita
que o quadro de profissionais deve ser composto por jornalistas de diversos perfis.
O ideal é sempre casar criatividade e conhecimento. Colocar lado a lado jornalistas famosos pelo alto nível de informação específica e outros com rigor jornalístico, técnico, econhecimento de diversas áreas da profissão. Gente que vê algo e sabe exatamente seusignificado. Ou que nunca viu coisa alguma de algum time e, por isso mesmo, é capaz deextrair notícia onde ela aparentemente não existe. (COELHO, 2006, p. 54)
De acordo com Coelho (2006), um erro comum cometido pelos veículos de comunicação é o
de achar que qualquer jornalista é capaz de escrever sobre futebol. Essa ideia acaba fazendo
com que jovens profissionais se vejam diante de uma cobertura de futebol, muitas vezes
despreparados. Nesses casos, o autor afirma que o profissional “estará fadado a cometer erros por absoluta ingenuidade no trato com o assunto que, à primeira vista, parece de domínio
público.” (COELHO, 2006, p. 43). O ideal é que o jornalista tenha conhecimentos gerais
sobre as várias modalidades que integram o universo esportivo e que, a partir daí, procure se
especializar em uma atividade específica seja ela o futebol, o vôlei, o basquete, o
automobilismo ou qualquer outro esporte.
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Barbeiro e Rangel (2006) chamam a atenção para o fato de que a linguagem do jornalismo
esportivo deve ser simples e de fácil entendimento, ou seja, o texto precisa ser didático e não
abusar de termos técnicos. É preciso também buscar sempre informar o contexto geral daquilo
que está sendo noticiado, pois qualquer pessoa, seja ela apaixonada por esportes ou não, deve
ser capaz de compreender o que está se passando. “Procure colocar os últimos enfrentamentos
entre as equipes em pauta, dados históricos, comparativos e estatísticos.” (BARBEIRO;
RANGEL, 2006, p. 94). Além disso, outro alerta feito pelos autores é o de que o jornalista
esportivo deve estar sempre atento a tudo o que acontece ao seu redor, pois uma boa
reportagem esportiva nem sempre é feita só sobre esportes.
Na busca pela qualidade da reportagem, o aparato tecnológico surge como um importante
aliado. Para Barbeiro e Rangel (2006), o aparecimento de tecnologias como as microcâmeras,câmeras em diversos ângulos, novas técnicas de edição, entre outros avanços, permitiram que
o bom jornalista inovasse na sua cobertura, acrescentando um número maior de informações
às matérias. Os autores observam também que o advento da Internet impôs aos profissionais
da comunicação uma nova forma de trabalho, que exige um maior dinamismo e velocidade já
que esse veículo é capaz de reunir em um único local, o texto, o vídeo, o áudio, além de
promover a interatividade entre emissor e receptor.
Em relação à Internet, Coelho (2006) lembra que o surgimento dela provocou uma euforia quetirou muitos profissionais das redações no final da década de 90 do século passado. Segundo
ele, essa empolgação só se abrandou em 2002 quando já era perceptível quais empresas
continuariam investindo na nova ferramenta. No entanto, o autor afirma que a guerra inicial
pela informação rápida como forma de atrair os investidores deixou uma herança negativa
para as novas gerações que tendem a priorizar a rapidez da divulgação em detrimento da
qualidade da notícia.
Outro avanço tecnológico promissor que promete melhorar a qualidade das transmissões,sejam elas esportivas ou não, surge com a TV digital. Segundo Barbeiro e Rangel (2006), esse
novo formato de televisão será capaz de unir o aparato tradicional com as ferramentas
oriundas da Internet como, por exemplo, o texto e a interatividade.
Com a interatividade, fica cada vez mais evidente a fusão entre o computador e a televisão.Ou seja, deve haver uma integração também entre o hardware e o conteúdo. Será muito
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difícil definir o que é computador na TV e a TV no computador, porque eles estão sefundindo e unindo funções de ambos. (BARBEIRO; RANGEL, 2006, p. 100)
Essa nova ferramenta que surge da união da televisão com a Internet promete abrir novos
caminhos, tirando das grandes empresas o monopólio da informação e alterando a forma de sefazer jornalismo. É necessário que os profissionais da comunicação estejam sempre
atualizados em relação à convergência de mídias e aos impactos causados por ela. É preciso
ter em mente que o avanço tecnológico promove transformações não só no âmbito da
comunicação de massa, mas altera de maneira significativa as formas de organização da
sociedade em geral.
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3 A CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS
3.1 A televisão e o início da programação segmentada
Assistir televisão é um hábito comum na rotina da maioria das pessoas. Trazida ao Brasil, em
1950, pelas mãos de Assis Chateaubriand, a TV se tornou a maior fonte de informação e
diversão de grande parte dos brasileiros. Segundo a Pesquisa Nacional de Amostras por
Domicílios3 (PNAD) de 2008, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o aparelho de TV está presente em mais de 95% dos lares brasileiros. Para justificar
essa rápida aceitação da televisão, Manuel Castells (2000) recorre à psicologia explicando que
o ser humano tende a optar pelas ações nas quais o dispêndio de energia seja mínimo. A TV
representa uma boa opção de lazer para a população e é bastante atraente devido às suascaracterísticas como “[...] sedução, estimulação sensorial da realidade e fácil
comunicabilidade, na linha do modelo do menor esforço psicológico.” (CASTELLS, 2000, p.
358).
Castells (2000) explica que a televisão se tornou um meio de comunicação abrangente e
predominante. Para ele, a característica própria da TV de enviar uma mesma mensagem para
um público grande e considerado homogêneo, possibilitou seu enquadramento na chamada
mídia de massa ou grande mídia. “Desse modo, o conteúdo e o formato das mensagens eram personalizados para o denominador comum mais baixo.” (CASTELLS, 2000, p. 356). Mesmo
reconhecendo que as mensagens veiculadas na televisão não são capazes de alterar o
comportamento social de maneira radical, já que cada indivíduo pode compreender uma
mensagem de maneira diferente daquela imaginada pelo emissor, Castells (2000) afirma que
não é possível subestimar todos os possíveis efeitos da mídia no consciente coletivo de uma
sociedade.
Arlindo Machado (2005) acredita que foi a propagação da televisão, após a Segunda GuerraMundial, que fez com que a maioria dos estudos a avaliassem apenas como um meio de
massa, no sentido pejorativo da expressão. No entanto, o autor propõe uma nova abordagem
para esse meio, analisando-o por meio da qualidade dos produtos audiovisuais produzidos por
3 Conforme informações divulgadas no sitehttp://ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1455&id_pagina=1 acessado em20 de março de 2010.
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ele. Esse tratamento tem como objetivo mostrar que essa mídia não aborda apenas futilidades
nem é, como muitos autores pregam, digna de ser estudada apenas como produto
mercadológico. Machado (2005) diz que outros meios expressivos, como os livros e o cinema,
também funcionam dentro de uma lógica que transforma a cultura em produto industrial, mas
“[...] da mesma forma como, na contramão das tendências hegemônicas, continua existindo
uma literatura de insubmissão ao gosto padronizado e um cinema de expressão de inquietudes
não catalogadas, existe também vida inteligente na televisão.” (MACHADO, 2005, p. 10).
Segundo Machado (2005), para compreender a televisão em sua totalidade, é preciso deixar
de encará-la como um aparelho econômico e de controle político-social, capaz de desviar a
atenção dos indivíduos para questões banais da sociedade. Na visão do autor, a TV é um meio
audiovisual que dá voz à sociedade, capaz de exercer funções diferentes dependendo dascaracterísticas da civilização na qual está inserida. “O que esse meio é ou deixa de ser não é,
portanto, uma questão indiferente às nossas atitudes com relação a ele.” (MACHADO, 2005,
p. 12). Antes de se tentar entender a televisão, é preciso ter em mente que ela não se traduz
por meio de um conceito constante.
Televisão é um termo muito amplo, que se aplica a uma gama imensa de possibilidades de produção, distribuição e consumo de imagens e sons eletrônicos: compreende desde aquiloque ocorre nas grandes redes comerciais, estatais e intermediárias, sejam elas nacionais ouinternacionais, abertas ou pagas, até o que acontece nas pequenas emissoras locais de baixo
alcance, ou o que é produzido por produtores independentes e por grupos de intervenção emcanais de acesso público. (MACHADO, 2005, p. 19-20)
Machado (2005) explica que, para realizar uma análise da televisão com base na qualidade da
sua produção audiovisual é preciso, em primeiro lugar, conceituar qualidade. Mulgan4 (1990
citado por MACHADO, 2005) distingue sete tipos: uso dos aparatos técnicos de maneira
proveitosa, conversão das demandas sociais em produtos, utilização da linguagem de maneira
inédita, priorização da promoção de valores morais e pedagógicos, potencial para promover a
mobilização social, saliência para programas que abordem as diferenças e tratem de grupos
sociais menores e, por fim, a diversidade. Machado (2005) acredita que a televisão ideal, em
uma sociedade marcada pela diversidade, deve ser capaz de abarcar o maior número de
qualidades possíveis em seus programas. Os critérios de qualidade propostos por Mulgan
4 MULGAN, Geoff. Television’s Holy Grail: seven types of quality, in The Questions Of Quality. TheBroadcasting Debate, n. 6, p. 4-32. Londres: British Film Institute, 1990.
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meio carente de interação com o espectador. Segundo o autor, essa necessidade só foi suprida
a partir do surgimento do computador que iniciou a chamada cultura da era da informação em
um universo conectado em rede. “A rede Internet é a espinha dorsal da comunicação global
mediada por computadores (CMC) dos anos 90, uma vez que liga gradativamente a maior
parte das redes.” (CASTELLS, 2000, p. 369).
3.2 A Internet e o surgimento do meio multimídia
Atualmente, é praticamente impossível pensar no mundo sem a Internet. A rede mundial de
computadores se disseminou na sociedade e tornou-se uma ferramenta de extrema
importância no universo acadêmico, empresarial e informacional. Nascida em plena Guerra
Fria, a Internet foi criada com objetivos militares e representava uma alternativa decomunicação das forças armadas norte-americanas em caso de ataques inimigos que
destruíssem os meios convencionais de telecomunicações. Nos anos de 1970 e 1980 ela já era
usada como um importante meio de comunicação acadêmico, mas foi na década de 90 do
século passado que essa tecnologia invadiu as residências e alcançou a população de maneira
mais abrangente.
No Brasil, a Internet tem cativado um número de indivíduos cada vez maior. De acordo com
dados do Ibope Nielsen Online5
, durante o ano de 2009, o número de pessoas que usaram aferramenta cresceu 8%. Atualmente, 67,5 milhões de pessoas se conectam à Internet no
Brasil, levando-se em consideração o acesso feito em residências, trabalho, escolas, lan-
houses, bibliotecas e telecentros. Ainda segundo o Instituto, o Brasil é líder no tempo
destinado à navegação em casa e no trabalho.
Castells (2000) explica que, ao longo de sua trajetória, a Internet foi se aperfeiçoando e
aumentando a velocidade de transmissão, o que fez com que o número de pessoas conectadas
crescesse rapidamente. De acordo com o autor, essa nova tecnologia que permitiu que pessoasse comunicassem umas com as outras através de um computador pessoal, um modem e uma
linha telefônica, fomentou o surgimento dos Sistemas de Boletins Informativos (BBS), que
são “[...] quadros de avisos eletrônicos de todos os tipos de interesses e afinidades [...]”
5 Conforme informações divulgadas no sitehttp://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=6&proj=PortalIBOPE&pub=T&nome=home_materia&db=caldb&docid=581CAAB33B5EB6CF832576F700654339 acessado em 31 de março de 2010.
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(CASTELLS, 2000, p. 378). Segundo o autor, atualmente existem milhares de BBS que
tratam dos mais diversos assuntos, estabelecendo regras para a conduta dos integrantes e
assumindo uma identidade específica. Rheingold6 (1993 citado por CASTELLS, 2000) afirma
que esses boletins deram origens às comunidades virtuais.
Essas comunidades podem ser relativamente formalizadas como no caso de conferênciascom apresentador ou de sistemas de boletins informativos, ou ser formadas por redessociais que sempre acessam a rede para enviar e recuperar mensagens em horário optativo(mais tarde ou em tempo real). (CASTELLS, 2000, p. 385)
Sobre as comunidades virtuais, Pierre Lévy (2000) afirma que elas são fruto da criação do
ciberespaço definido por ele como “o novo meio de comunicação que surge da interconexão
mundial dos computadores.” (LÉVY, p. 17, 2000). Segundo o autor, o ciberespaço é
constituído pela infraestrutura do mundo digital, pelas informações ali disponíveis e pelosindivíduos que habitam esse universo. Tudo isso faz com que esse novo ambiente seja uma
alternativa às mídias de massa clássicas já que permite que os seres humanos emitam opiniões
sem precisar de intermediadores. Partindo desse conceito, as comunidades virtuais são
encaradas por Lévy (2000) como um espaço democrático de troca de informações e debates
em torno de assuntos que interessem a determinado grupo de pessoas.
Qualquer grupo ou indivíduo pode ter, a partir de agora, os meios técnicos para dirigir-se, a baixo custo, a um imenso público internacional. Qualquer um (grupo ou indivíduo) pode
colocar em circulação obras ficcionais, produzir reportagens, propor suas sínteses e suaseleção de notícias sobre determinado assunto. (LÉVY, 2000, p. 239-241)
Castells (2000) explica que essa nova forma de comunicação convergente e global, na qual
cada indivíduo pode interagir efetivamente com outros, tende a mudar as características
culturais das sociedades, já que a cultura é moldada por meio do processo comunicativo. “É
um sistema de feedbacks entre espelhos deformadores: a mídia é a expressão de nossa cultura,
e nossa cultura funciona principalmente por intermédio dos materiais propiciados pela mídia.”
(CASTELLS, 2000, p. 362). No caso da comunicação mediada por computadores, o autor
afirma que existem múltiplas maneiras de utilização dessa tecnologia, que variam de acordo
com as características de cada sociedade.
Para Daniela Costa Ribeiro (2009), essa mudança na maneira de se comunicar faz com que os
meios de comunicação de massa tradicionais não exerçam mais o mesmo papel de outrora, no
6 RHEINGOLD, Howard. The Virtual Community. Reading, MA: Addison-Wesley, 1993.
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que diz respeito ao agendamento de assuntos do dia-a-dia e contribuição na formação da
opinião pública. Isso acontece porque a informação já não está mais concentrada nas mãos das
grandes empresas. “Dessa forma os novos meios de comunicação de massa, baseados em
tecnologia Internet, alteraram o processo de transmissão de valores e a sociabilização.”
(RIBEIRO, 2009, p. 2).
3.2.1 A fusão de mídias e a interatividade
Além de criar um ambiente de discussões aberto e livre do controle de instituições específicas,
a Internet proporcionou o nascimento do meio chamado de multimídia. Segundo Castells
(2000), esse conceito surgiu a partir do meio da década de 90 do século passado e se refere à
“[...] fusão da mídia de massa personalizada globalizada com a comunicação mediada por computadores.” (CASTELLS, 2000, p. 387). O autor chama a atenção para a questão do
conteúdo veiculado pelo meio multimídia, afirmando que não bastam aparatos tecnológicos
de última geração se não houver variedade de mensagens disponíveis, já que a diversidade é
um importante fator competitivo.
Partindo da observação do sistema multimídia na Europa, Estados Unidos e Ásia, Castells
(2000) cita algumas características dessa tecnologia tais como a segmentação realizada por
meio do processo interativo entre emissor e receptor; a mistura de mensagens decaracterísticas diversas em um mesmo meio que acaba por reduzir a distância, para o receptor,
entre assuntos variados; e a união de diversas expressões culturais em um mesmo ambiente
que provoca a diluição dos limites entre mídia audiovisual e impressa. O autor acredita que
esse formato de comunicação eletrônica vai trazer transformações profundas para a sociedade
que, a princípio, são difíceis de prever. No entanto, Ribeiro (2009) já aponta para o fato de
que essas mudanças causadas pela junção dos meios de comunicação tradicionais com as
novas tecnologias permitem que a sociedade descubra novas maneiras de se organizar, com
base, principalmente, na maior capacidade interativa proporcionada pela Internet.
A interatividade aparece, no campo multimídia, como um importante conceito e desperta o
interesse de vários autores que buscam, além de defini-la, destacar suas potencialidades. Lucia
Santaella (2007) explica que interatividade e interação se tornaram termos amplamente usados
a partir dos anos de 1980. O uso exagerado das expressões acabou por banalizá-las, criando
uma gama de significados que, muitas vezes, não conseguem explicar nada. Com o objetivo
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de contornar esse problema, Santaella (2007) apresenta uma definição simples para o termo
interatividade.
[...] uma definição mais básica de interatividade nos diz que se trata aí de um processo pelo
qual duas ou mais coisas produzem um efeito uma sobre a outra ao trabalharem juntas.Uma definição menos genérica e mais simplificada diz que interação é a atividade deconversar com outras pessoas e entendê-las. Nesta última definição, está explícita ainserção da interatividade em um processo comunicativo, que, na conversação, no diálogo,encontra sua forma privilegiada de manifestação. (SANTAELLA, 2007, p. 154)
André Lemos (1997) distingue três tipos de interação: a técnica (ou analógico-mecânica),
estabelecida entre o homem e o veículo físico como, por exemplo, a televisão ou o
computador; a social, caracterizada pela relação entre os seres humanos; e, por fim, um novo
tipo de interação chamada de digital ou eletrônico-digital. “A tecnologia digital, possibilita ao
usuário interagir, não mais apenas com o objeto (a máquina ou a ferramenta), mas com ainformação, isto é, com o ‘conteúdo’.” (LEMOS, 1997, p. 3). Essa nova modalidade interativa
é fruto do surgimento da nova mídia baseada em suporte digital e, atualmente, é amplamente
conhecida como interatividade.
Lemos (1997) alerta para o fato de que essa interatividade é, muitas vezes, concebida como
uma novidade revolucionária, fruto das novas tecnologias. No entanto, é preciso ter em mente
que, mesmo com as significativas diferenças entre a interação digital e a interação analógica
(peculiar das mídias clássicas), a interação de maneira geral já faz parte das relações
cotidianas da vida em sociedade. “O que vemos hoje, com as tecnologias do digital, não é a
criação da interatividade propriamente dita, mas de processos baseados em manipulações de
informações binárias.” (LEMOS, 1997, p. 1).
Alex Primo (2000) acredita que nesse difícil processo de conceituação dos tipos de interação
encontrados na sociedade atual, é preciso saber diferenciar dois tipos: a interação reativa e a
mútua. A primeira caracteriza-se por uma interação limitada, na qual as opções oferecidas ao
interagentes são finitas e pré-definidas. Já o segundo tipo ultrapassa os limites da simples ação
e reação, criando um ambiente de liberdade entre os agentes da interação e levando em conta
vários fatores como a intencionalidade, o comportamento, o ambiente físico, cultural,
temporal, entre outros. Primo (2000) afirma que o ambiente criado pela informática pode
permitir e favorecer a interação mútua, mas a relação entre o homem e a máquina ainda é
pautada pela interação do tipo reativa.
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Santaella (2007) defende que a comunicação interativa deve permitir que emissor e receptor
desempenhem papéis ativos na construção das mensagens. Para a autora, a comunicação
mediada por computador, por permitir uma resposta quase imediata dos agentes envolvidos no
processo, se assemelha à comunicação face a face, processo no qual a interação é atingida em
sua totalidade. Através do mouse, do teclado e da tela do monitor, o internauta pode escolher
e traçar o caminho desejado. Cada opção, cada clique e cada comando levam a um caminho
diferente, a partir do qual a mensagem vai sendo construída diante dos olhos do indivíduo. O
usuário do ciberespaço “organiza sua navegação como quiser em um campo de possibilidades
cujas proporções são suficientemente grandes para dar a impressão de infinitude.”
(SANTAELLA, 2007, p. 163).
Dentro das inúmeras possibilidades trazidas pela Internet e pelas novas interações sociais queela é capaz de proporcionar, Ribeiro (2009) enfatiza e discute a importância do novo veículo
que surge por meio da fusão entre a televisão e a Internet. Para a autora, a WebTV ou
CiberTV possui um potencial interativo transformador capaz de elevar o simples receptor de
informações ao cargo de colaborador no processo de construção da notícia.
3.3 As potencialidades da WebTV
Na conceituação de Ribeiro (2009), a WebTV “[...] nada mais é do que a conversão doconteúdo da televisão para a internet.” (RIBEIRO, 2009, p. 7). No entanto, apesar da
definição simples, a autora aponta para alguns fatores que fazem desse novo meio de
comunicação um importante instrumento na sociedade atual. Em primeiro lugar, por ser
baseada em uma tecnologia digital, a WebTV pode ser usada para dar visibilidade a grupos
menores, isolados geográfica e culturalmente que, na maioria das vezes, não conseguem
espaço na grande mídia. Além disso, a TV via Internet permite também o contato entre vários
grupos distintos, contribuindo para uma das principais funções da sociedade que é a de
transmitir e discutir conhecimentos.
Além desses fatores, Ribeiro (2009) lembra que a WebTV leva vantagem sobre outros
veículos tradicionais no que diz respeito aos custos de transmissão. Esse é, inclusive, um dos
motivos apontados por Jorge Trinidad Ferraz de Abreu e Vasco Branco (1999) para o
interesse dos agentes empresariais nessa nova tecnologia. Segundo os autores, a Internet cria
um espaço de experimentação no qual os investidores possuem mais liberdade para testar seus
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produtos sem precisar arriscar grandes somas de dinheiro. Além disso, dados de pesquisas
apontam que as pessoas estão preferindo gastar mais tempo navegando na Internet do que
assistindo televisão. Diante disso, empresários se veem obrigados a pensar em novas
estratégias que atinjam efetivamente o público internauta.
O fato de a WebTV permitir que empresas ou grupos disponibilizem informações na Internet
com relativa facilidade faz com que a segmentação atinja seu ápice, ultrapassando os avanços
já obtidos pela TV a Cabo. Ribeiro (2009) explica que a produção de conteúdo voltado para
um público específico teve início com as medições de audiência na televisão tradicional que
possibilitaram a criação de uma programação mais direcionada. Sendo a WebTV uma mídia
potencialmente interativa que permite respostas praticamente instantâneas, a tendência é que a
segmentação se acentue ainda mais, atendendo aos desejos e necessidades do público para oqual produz conteúdo. Ribeiro (2009) lembra que esse novo cenário altera o comportamento
social e exige uma mudança nos veículos televisivos tradicionais, pois a concorrência com
canais cada vez mais direcionados e colaborativos será árdua.
Hoje, a partir de casa, podemos criar nossa própria TV interativa, via web. E isso temimpactos na forma como a sociedade percebe e interage com o mundo contemporâneo,criando novas formas de sociabilidade que podemos identificar nos dias atuais, e outrasformas que ainda devem surgir, diferente de tudo que conhecemos atualmente. Produtoresde conteúdo que falham em dialogar com essa nova cultura participativa não terão espaço para desenvolver-se na contemporaneidade. (RIBEIRO, 2009, p. 9)
Abreu e Branco (1999) acreditam ser essa “participação pública” proporcionada pela WebTV,
uma das principais características positivas do meio. Além disso, os autores apontam também
para a liberdade dada à audiência que, a partir de agora, pode se desprender do compromisso
de horário imposto pela TV clássica. Ribeiro (2009) vai além de apontar as diferenças entre a
TV tradicional e a CiberTV. A autora acredita que a televisão veiculada via Internet possui
outras funções que se diferenciam totalmente das atribuídas às antigas mídias.
Ao alcançarem uma nova dimensão do atual padrão de mídia de massa, essas novastecnologias de comunicação trazem consigo alternativas para uma maior democratizaçãodos meios de comunicação. Ao incorporar padrões interativos, que transferem o poder de produzir e emitir informações para o tradicional receptor, a WebTV reafirma o seu potencial transformador e vai construindo um importante caminho para ser legitimadasocialmente [...] (RIBEIRO, 2009, p. 4)
Além disso, Ribeiro (2009) explica que a WebTV propicia um relacionamento maior entre o
espectador e o conteúdo que só tende a crescer em detrimento da relação existente entre o
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receptor e o veículo físico, como o aparelho de televisão ou de rádio. “Essa é a premissa
básica para a realização plena das construções coletivas possibilitadas na WebTV.”
(RIBEIRO, 2009, p. 6-7).
De acordo com Ribeiro (2009), o surgimento da TV Digital também veio carregado de
propostas que prometiam trazer diversas melhorias para os telespectadores. No entanto, a
autora deixa claro que não se deve igualar o potencial da WebTV com as melhorias advindas
da televisão digital. Essa última vai trazer, a princípio, aprimoramentos técnicos, como
imagem em alta definição e melhoria do áudio. Mas tendo o Brasil adotado o modelo japonês
de televisão digital, a interatividade com o conteúdo e o espaço para novos canais não
aparecem como ponto forte. Assim, Ribeiro acredita que o Brasil vive um momento no qual a
“[...] WebTV deve amadurecer, desenvolver uma linguagem mais adaptada ao meio Internet eganhar cada vez mais espaço, beneficiando assim os telespectadores brasileiros.” (RIBEIRO,
2009, p. 7).
Para finalizar, Ribeiro (2009) explica que as modificações causadas nos meios de
comunicação de massa tradicionais com a chegada das novas tecnologias afetam profunda e
rapidamente o modo como a sociedade se organiza. No caso específico da WebTV, Ribeiro
(2009) afirma que ela cria um campo de possibilidades, disseminando conhecimento e
permitindo o debate e a construção de seu conteúdo por meio de uma relação colaborativaentre emissores e receptores que, para a autora, são agentes que possuem papéis cada vez mais
parecidos.
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4 A PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUDIOVISUAL NA TV GALO
4.1 Metodologia de pesquisa
O presente trabalho busca discutir como o suporte WebTV, nascido da fusão entre Internet e
televisão, abre novas possibilidades para a produção de conteúdo diferenciado voltado para
públicos específicos. Para exemplificar essa situação, foi escolhido o portal da TV Galo,
WebTV institucional do Clube Atlético Mineiro, que produz conteúdo exclusivo para seus
torcedores de futebol. A escolha de uma WebTV de um clube de futebol brasileiro permite
avaliar como se estabelece a relação entre o conteúdo produzido por meio dessa ferramenta e
um público alvo muito específico, orientado por gostos e preferências semelhantes.
Assim, o material empírico deste estudo constitui-se a partir das produções audiovisuais
veiculadas no site da TV Galo. O material foi coletado durante o Campeonato Brasileiro da
Série A, que aconteceu entre maio e dezembro de 2009. O Brasileirão, como também é
chamada a competição, é uma disputa de nível nacional organizada pela Confederação
Brasileira de Futebol (CBF), da qual participam vinte equipes. A escolha desse campeonato se
deu pela importância e prestígio que ele possui dentro do cenário brasileiro de futebol.
Para realizar as análises quantitativa e qualitativa necessárias para o desenvolvimento damonografia, foi recolhida uma amostra do material postado na TV Galo em um período de
oito semanas, constituídos da seguinte forma: segunda semana de maio, terceira semana de
junho, quarta semana de julho, primeira semana de agosto, segunda semana de setembro,
terceira semana de outubro, quarta semana de novembro e primeira semana de dezembro.
A princípio, como forma de se construir um panorama geral do veículo, foi realizada uma
análise quantitativa das produções audiovisuais postadas nas treze seções temáticas7 que
compõem o portal, dentro do período definido para a coleta do material. O objetivo foi o deaveriguar se a TV Galo possui um padrão de postagem definido para cada seção ou se a
veiculação de conteúdo é feita de forma aleatória, de acordo com o surgimento de notícias que
atendem aos critérios de noticiabilidade do veículo.
7 As treze seções temáticas são: Eventos, Treino, Matérias de Jogo, Memória, Departamento Médico, Palavra doPresidente, Galo em 1 Minuto, Coletivas, Clipes, Espaço do Torcedor, Por Dentro da Base, Quero Ver de Novo eEspeciais/Entrevistas.
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A partir do conhecimento construído por meio desse diagnóstico do site da TV Galo, fez-se
necessário restringir as seções de análise, tendo em vista que a grande quantidade de material
impediria um estudo mais aprofundado. Para isso, foram selecionadas cinco categorias
(Matérias de Jogo, Entrevistas, Palavras do Presidente, Galo em 1 Minuto e Clipes) que são as
que melhor atendem à proposta de pesquisa deste estudo. Inicialmente, foi realizada uma nova
análise quantitativa mais detalhada dessas seções e, posteriormente, feita a análise qualitativa
que teve o papel de identificar quais notícias ganham espaço na TV Galo, como é feito o
tratamento da informação, se existe de fato a busca pelo diferencial como forma de atrair um
público específico e se há um enaltecimento dos momentos positivos vivenciados pelo Clube
Atlético Mineiro em detrimento dos momentos negativos.
Os vídeos foram submetidos à análise de conteúdo com base no material bibliográficolevantando que, desde o início, serviu de embasamento teórico para este estudo. Com o intuito
de compreender como o trabalho dos profissionais da TV Galo é orientado para que o
resultado seja um conteúdo específico voltado para torcedores do Clube Atlético Mineiro,
foram realizadas entrevistas em profundidade com o coordenador da Central de Multimídia do
Atlético e da TV Galo, Emmerson Maurílio, com o cinegrafista-editor, Marcelo Túlio, com o
editor-chefe, Kleyton Borges e com o repórter Guilherme D'Assumpção.
4.2 História e finalidade da TV Galo
De acordo com o site oficial do Clube Atlético Mineiro8, a TV Galo foi criada em janeiro de
2007, como um produto da Central de Multimídia e da Assessoria de Imprensa do clube. Foi a
primeira WebTV de um clube de futebol em Minas Gerais e uma das pioneiras do Brasil. A
cobertura do veículo abrange todos os eventos relacionados ao Atlético, além dos jogos que
acontecem no estádio Governador Magalhães Pinto, conhecido popularmente como Mineirão.
Sustentada pelo slogan “A TV oficial da massa atleticana”, o objetivo da TV Galo é
aprofundar o relacionamento com os torcedores por meio de um canal de comunicaçãodiferenciado, capaz de pautar assuntos que não encontram espaço na mídia convencional,
como notícias da categoria de base, eventos promovidos por patrocinadores e imagens de
bastidores do clube. O termo “massa” é utilizado para dar ideia de volume e representar o
8 Conforme informações divulgadas no sitehttp://www.atletico.com.br/interna_noticias.php?page=noticia&id=11480 acessado em 02 de outubro de 2009.
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grupo de torcedores do Atlético que, segundo levantamento realizado pelo Datafolha Instituto
de Pesquisas em janeiro de 2008, é composto por cerca de 5,5 milhões de pessoas.
Apesar de ter sido lançada oficialmente em 2007, a ideia do projeto surgiu em 2004, quando o
coordenador da Central de Multimídia do Atlético, Emmerson Maurílio, sentiu a necessidade
de registrar o dia-a-dia do clube e de possuir um acervo próprio. De acordo com o
coordenador 9, o intuito era o de quebrar a intermediação da imprensa, até então detentora de
todas as imagens, e levar ao torcedor uma notícia que retratasse o ponto de vista da
instituição. Em 2005, ele adquiriu uma filmadora própria e começou a registrar alguns
momentos do clube que foram sendo arquivados. No ano seguinte, já havia uma equipe
envolvida neste trabalho de coleta de imagens e o material começou a ser editado para
publicação.
Durante o estágio inicial da TV Galo, foram utilizados sites gratuitos para a veiculação das
produções audiovisuais. Posteriormente, após uma parceria firmada com a Samba Tech,
empresa especializada em logística e distribuição digital de vídeos, o veículo passou a
transmitir seu conteúdo oficialmente através do site www.tvgalo.com.br. A partir de
novembro de 2008, parte da programação passou a ser distribuída através do canal 14 da
operadora a cabo Net, em flashes diários com meia hora de duração.
Atualmente, a equipe da TV é composta pelo coordenador Emmerson Maurílio, pelo repórter
Guilherme D'Assumpção, pelos cinegrafistas-editores Marcelo Túlio, Diogo Soares e Thiago
Cardoso e pelo recém-contratado editor-chefe, Kleyton Borges, que assumiu o cargo com o
compromisso de reformular o conteúdo da TV Galo, aumentando a interatividade com o
torcedor. Com menos de quatro anos de existência, o veículo já conta com uma média de
aproximadamente 30 mil acessos diários e já possui mais de dois mil vídeos postados.
4.2.1 Formato do site
O site da TV Galo é trabalhado, predominantemente, em variações de tons cinza. Os símbolos
da TV Galo e o escudo do Clube Atlético Mineiro aparecem em destaque, respectivamente,
no canto superior esquerdo e direito da página, tendo ao fundo imagens que se alteram
9 Entrevista de Emmerson Maurílio, concedida em 06/05/2010, em Belo Horizonte, à autora.
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durante a navegação e que fazem alusão à instituição, à TV Galo e à torcida do clube. Logo
abaixo, tem-se o slogan do veículo escrito em caixa alta. Na página principal, aparece ainda o
vídeo mais recente acompanhado de título, resumo explicativo e ferramentas que permitem o
controle do áudio, a exibição das imagens na tela inteira, votação de melhor vídeo e link para
acesso direto. Há também a indicação de um vídeo considerado destaque. As categorias que
permitem a navegação por tema e a pesquisa de vídeos antigos estão localizadas do lado
esquerdo do portal. O restante da página é ocupado pelos vídeos mais recentes que aparecem
acompanhados de título, indicação de categoria, tempo de duração total e data de postagem.
O site permite também uma busca através dos critérios de itens mais vistos, mais recentes e
mais votados e o internauta, além de possuir a opção de votar nas matérias preferidas, pode
visualizar quantas indicações o vídeo já recebeu, compartilhando preferências com outrostorcedores. Dentro de cada seção é possível fazer uma busca de vídeos pelo ano em que eles
foram publicados no site.
O portal da TV Galo é dividido em treze categorias, nas quais é veiculado e arquivado todo o
conteúdo audiovisual produzido. São elas: Eventos, que trata dos principais acontecimentos
da instituição como campanhas e festas; Treino, divisão que informa sobre os treinamentos do
time profissional do clube; Matérias de Jogo, categoria que disponibiliza informações sobre
todas as partidas da equipe profissional do Atlético, além da cobertura dos jogos realizados noMineirão; Memória, seção na qual são postados vídeos antigos e históricos do clube;
Departamento Médico, que veicula notícias sobre jogadores que estão sob cuidados médicos;
Palavra do Presidente, divisão com os pronunciamentos do presidente do Atlético; Galo em 1
Minuto, seção que divulga as principais informações do dia; Coletivas, categoria com
entrevistas coletivas na íntegra; Clipes, seção que divulga os videoclipes produzidos pela TV
Galo; Espaço Torcedor, que trata de matérias que possuem o torcedor como personagem
central; Por Dentro da Base, seção que contém a cobertura das equipes de base do Atlético;
Quero Ver de Novo, seção na qual um jogador pede para rever algum lance marcante de suacarreira no clube; e Especiais/Entrevistas, categoria ampla que contém diversas matérias
como reportagens com torcedores no campo, matérias com ex-jogadores e atuais profissionais
do clube.
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Em março de 2010, acompanhando as mudanças realizadas no site oficial do clube10, a página
da TV Galo passou por uma discreta repaginação. A seção Categorias de Base passou a se
chamar Por Dentro da Base e a seção Entrevistas foi alterada para Especiais/Entrevistas. As
seções Bastidores e Amigos do Galo foram excluídas. A primeira tinha o objetivo de mostrar
o que a mídia tradicional deixa de lado, como o exame antidoping, vestiário e concentração.
No entanto, apesar de ter sido criada para se tornar um dos diferenciais da TV Galo, o espaço
não recebia novas postagens desde 23 de dezembro de 2008. Com a mudança, o conteúdo
planejado para essa seção, quando produzido, passa a fazer parte da categoria
Especiais/Entrevistas. O segundo tópico excluído, denominado Amigos do Galo, continha
informações sobre eventos relacionados à Associação Amigos do Galo11. Além disso, ainda
foram criadas as seções Quero Ver de Novo e Espaço Torcedor.
O portal da TV Galo pode ser acessado de forma direta por meio do seu endereço eletrônico12
ou pelo link de redirecionamento disponível no site oficial do Atlético que sempre destaca em
sua página principal uma produção audiovisual da TV Galo. Além disso, a TV ainda possui
um perfil oficial na plataforma gratuita de vídeos YouTube, na qual parte do conteúdo é
postado e pode receber comentários dos internautas.
4.3 A construção da imagem e da memória do Clube Atlético Mineiro na TV Galo
Por meio da produção de conteúdos informativos, captação de imagens e arquivamento desse
material no site da TV Galo, o Clube Atlético Mineiro cria, além de um canal de comunicação
com seu torcedor, um registro da história do clube narrado sob o ponto de vista da própria
instituição. Além da constante atualização sobre o dia-a-dia do Atlético, a TV Galo permite
que, a qualquer momento, um torcedor ou outra pessoa interessada busque conteúdos antigos
e reveja os principais momentos vividos pelo clube. Como órgão institucional, o veículo
possui a função de preservar a imagem do Atlético, construindo uma representação positiva
da instituição perante a sociedade. Para se atingir esse objetivo, o trabalho da equipe éorientado dentro de uma linha editorial definida, seguindo modos de produção próprios e
adotando critérios de noticiabilidade específicos.
10 www.atletico.com.br 11 A Associação Amigos do Galo é formada por torcedores que realizam projetos de investimento no Centro deTreinamento do Clube Atlético Mineiro.12 www.tvgalo.com.br
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4.3.1 Linha editorial
“Linha editorial é a lógica pela qual a empresa jornalística enxerga o mundo; ela indica seus
valores, aponta seus paradigmas e influencia decisivamente na construção de sua mensagem.”
(PENA, 2005, p. 38)
O conteúdo produzido para o portal da TV Galo segue a mesma linha editorial adotada pelo
site oficial do Atlético, que é planejado pela equipe de assessoria de imprensa do clube. De
acordo com o coordenador da Central de Multimídia do Atlético e da TV Galo, Emmerson
Maurílio13, o trabalho das duas equipes é sempre feito em conjunto e conta com a supervisão
da diretoria da instituição. O coordenador explica que a linha editorial seguida pelos veículos
de comunicação do Atlético veta qualquer tipo de informação especulativa e se orienta demaneira a enfatizar os pontos positivos vividos pelo clube. Além disso, é preciso ser sempre
cauteloso ao divulgar uma notícia interna, pois nem sempre é interessante para a organização
que um fato chegue ao conhecimento de todos. Por exemplo, a informação de que um
determinado jogador se recuperou de uma contusão e está pronto para disputar a próxima
partida pode ser de interesse do torcedor, mas é importante para o clube e para a equipe que o
rival não tome conhecimento desse fato. Nesse caso, prevalece o interesse da instituição.
Seguindo esse padrão de trabalho, a TV Galo, apesar de veicular conteúdo com formato jornalístico como matérias, reportagens especiais, entrevistas, entre outros, possui a função
primordial de uma assessoria de comunicação, cujo principal objetivo é valorizar o produto
que representa.
4.3.2 Modos de produção e reportagem
As produções audiovisuais da TV Galo possuem, em sua grande maioria, formato básico de
matérias telejornalísticas. Na seção Matérias de Jogo, a estrutura das reportagens varia entrenarração de lances, stand-up
14 e matérias com off's, passagens e sonoras15. A seção
Especiais/Entrevistas também apresenta matérias que seguem essa última composição, além
13 Entrevista de Emmerson Maurílio, concedida em 06/05/2010, em Belo Horizonte, à autora.14 Stand-up é um recurso utilizado para uma matéria sem imagens, na qual o repórter aparece no vídeo passandoas informações.15 Termos próprios utilizados no telejornalismo, no qual off é o texto lido pelo repórter acompanhado da exibiçãode imagens; passagem é o termo utilizado para designar a presença do repórter no vídeo; e sonora é odepoimento da fonte entrevistada na matéria.
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de entrevistas em formato de bate-papo descontraído entre o repórter e o entrevistado. A seção
Palavras do Presidente veicula conteúdo captado nas coletivas de imprensa concedidas pelo
presidente do clube e a seção Galo em 1 Minuto é feita no formato de apresentação em
estúdio. Das cinco seções eleitas para análise, apenas a seção Clipes procura deixar de lado o
formato jornalístico, apostando em uma edição com músicas e tratamento diferenciado das
imagens.
Mesmo com as semelhanças estruturais entre o conteúdo da TV Galo e as produções
audiovisuais predominantes na televisão tradicional, a rotina de produção de um veículo com
plataforma WebTV é diferenciada. Esse tipo de formato, mesmo contando com uma equipe
enxuta de profissionais, permite e até exige uma agilidade maior na produção e veiculação do
conteúdo. Para tornar esse processo viável, os profissionais acabam desempenhando múltiplasfunções. Um exemplo é fato de todos os cinegrafistas atuarem também como editores de
imagem. Assim, fazendo uso de um computador portátil, algumas matérias são editadas e
postadas antes mesmo da chegada da equipe à redação. Nos registros de coletivas de imprensa
as imagens já são gravadas na câmera e capturadas para o programa de edição
simultaneamente.
De acordo com o editor-cinegrafista da TV Galo, Marcelo Túlio16, que também é responsável
pela postagem das matérias no portal, outra função desempenhada por todos na equipe é o processo de criação de pautas e produção das matérias. Segundo ele, existem as pautas de
rotina como treinos, jogos, venda de ingressos, entre outros, que alimentam as treze seções
disponíveis no site. No entanto, é comum surgirem eventos aleatórios ou não planejados que
podem virar notícia na TV Galo. Nesses casos, a equipe é mobilizada para realizar a cobertura
do fato e, posteriormente, decide-se em qual categoria a matéria será encaixada.
Marcelo Túlio ainda afirma que para decidir o que merece espaço na TV Galo, como a notícia
será tratada e como será feita a edição final do vídeo, a equipe se aproveita do fato de todosserem atleticanos, ou seja, uma vez que os profissionais envolvidos também pensam como
torcedores se torna mais fácil ter uma ideia do que o público-alvo espera encontrar no veículo.
A partir dessa postura de trabalho, são definidos alguns critérios do que será, ou não, notícia
na WebTV institucional do Clube Atlético Mineiro.
16 Entrevista de Marcelo Túlio, concedida em 06/05/2010, em Belo Horizonte, à autora.
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4.3.3 Critérios de noticiabilidade
Mauro Wolf (1999) define a noticiabilidade como o conjunto de critérios a partir dos quais
um órgão informativo delimita quais acontecimentos irão se tornar notícia. Segundo o autor,
esses critérios podem ser flexíveis e variáveis, mas giram sempre dentro das diretrizes de
operação do veículo de comunicação em questão. Um dos componentes da noticiabilidade são
os chamados valores-notícias que definem quais fatos são satisfatoriamente interessantes,
significativos e relevantes para serem levados ao conhecimento público. Dentro dos critérios
propostos por Wolf (1999) estão a importância e o número das pessoas envolvidas no fato e o
impacto da notícia para a sociedade, entre outros.
Os critérios de noticiabilidade discutidos por Wolf (1999) se aplicam com praticidade àgrande mídia, que produz conteúdo com o intuito de alcançar o maior número possível de
pessoas. No caso de veículos que, como a TV Galo, produzem conteúdo orientado para um
público específico, os critérios de noticiabilidade variam de acordo com o objetivo que se
pretende atingir.
A análise quantitativa do portal da TV Galo como um todo indica, primeiramente, que o site
não trabalha com uma grade pré-definida de programação, pois o número de postagens de
cada seção apresenta uma grande variação a cada semana. A categoria Coletivas, por exemplo, apresenta uma variação que vai de zero a onze vídeos postados em cada uma das
semanas analisadas (ver tabela 1). Durante todo o período de coleta, a seção Palavra do
Presidente conta apenas com duas postagens, ambas realizadas na segunda semana de junho
de 2009. A variação no número total de postagens (incluindo todas as seções) a cada semana
do período analisado também indica que não existe uma preocupação com a regularidade das
publicações no site (ver tabela 2).
A análise qualitativa dos vídeos revela quais são os critérios de noticiabilidade adotados pelaTV Galo e permite compreender a variação no número de postagens e o descompromisso do
portal com uma postagem regular de conteúdo. O primeiro critério observado é o de noticiar
com destaque os momentos positivos vividos pelas equipes de futebol do clube e pela
instituição de maneira geral.
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Observando-se as postagens da seção Matérias de Jogo sobre as partidas do Campeonato
Brasileiro da Série A de 2009, percebe-se que, em casos de vitória da equipe atleticana, são
produzidas mais de uma matéria. É o caso, por exemplo, das reportagens que tratam de uma
vitória do Atlético sobre o Fluminense. Veiculadas nos dias 23/07/2009 e 24/07/2009, elas
foram intituladas respectivamente “Gols Atlético 2 x 1 Fluminense” e “Galo vence no embalo
da Massa e se isola na liderança”. O mesmo acontece com as matérias divulgadas nos dias
02/08/2009 (“Gols: Atlético vence o Coritiba”) e 03/08/2009 (“Atlético vence o Coritiba e
segue na vice-liderança”) que tratam de uma vitória atleticana sobre a equipe do Coritiba.
Têm-se ainda os registros da vitória sobre o Atlético Paranaense, veiculados nos dias
13/09/2009 (“Gols: Atlético 2 x 1 Atlético-PR”) e 14/09/2009 (“Galo vence e fica a quatro
pontos do líder”). Além disso, todos esses jogos foram contemplados com produções
audiovisuais na seção Clipes.
Ainda na seção Matérias de Jogo foram abordados, dentro do período de análise, um empate
do time do Atlético contra a equipe do Avaí e uma derrota contra o Goiás. Em ambos os
casos, houve apenas um registro audiovisual para cada acontecimento, construído de forma a
minimizar o fato negativo e maximizar os aspectos positivos. O vídeo que trata do empate,
postado no dia 11/05/2009 (“Atlético reage e estreia com empate no Brasileiro”), já deixa
claro, no título que a ênfase da matéria será na reação do time atleticano que, estando
perdendo inicialmente por 2 a 0, conseguiu igualar o resultado. A matéria sobre a derrota,veiculada no dia 26/07/2009 (“Galo perde para o Goiás, mas segue na liderança”), destaca
que, apesar do resultado negativo, a equipe do Atlético ainda lidera a competição.
O tempo dedicado às produções audiovisuais da seção Matérias de Jogo em casos de empate,
vitória e derrota também apresenta variações. A matéria “Atlético vence o Coritiba e segue na
vice-liderança”, por exemplo, possui 3 minutos e 24 segundos, enquanto a matéria “Galo
perde para o Goiás, mas segue na liderança” possui apenas 46 segundos. O empate registrado
em “Atlético reage e estreia com empate no Brasileiro” possui 1 minuto e 28 segundos. Ocoordenador da TV Galo, Emmerson Maurílio17, explica que essa é uma postura comum
adotada pela equipe, que procura ser o mais enxuta possível no caso de notícias negativas,
enquanto, nos momentos positivos, procura-se usar ao máximo todos os recursos e imagens
disponíveis para enriquecer a matéria.
17 Entrevista de Emmerson Maurílio, concedida em 06/05/2010, em Belo Horizonte, à autora.
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Observa-se que o principal critério de noticiabilidade da TV Galo está relacionado aos fatos
positivos que dizem respeito ao universo do clube. Diante disso, percebe-se que a variação de
publicações no portal da TV Galo acompanha o momento vivenciado pelo Atlético de
maneira geral, aumentando o número de postagens quando há notícias positivas com mais
frequência e diminuindo quando as informações negativas prevalecem.
Cabe ressaltar que os momentos positivos, não estão restritos apenas às partidas de futebol,
mas a qualquer tipo de situação que divulgue uma imagem positiva do Atlético, como
mostram as matérias veiculadas na categoria Especiais/Entrevistas nos dias 22/07/2009 e
28/07/2009. A primeira, denominada “TV Fifa realiza documentário sobre o Atlético”,
destaca os elogios feitos pela equipe da TV Fifa à estrutura do Centro de Treinamento e
dirigentes do clube. A segunda matéria, intitulada “Diego Tardelli é convocado para a SeleçãoBrasileira”, mostra a importância e a satisfação de se ter um jogador do elenco convocado
para a seleção brasileira.
Além disso, o coordenador Emmerson Maurílio18 cita como critério de noticiabilidade da TV
Galo, as informações de serviço que situam o torcedor em relação ao clube, tais como venda
de ingressos, abertura dos portões em dias de jogo, números sobre confrontos entre o Atlético
e outros adversários, retrospectos, dados históricos, curiosidades, dentre outros elementos que
possam ser de interesse do torcedor, desde que a divulgação dessas informações não prejudique a instituição.
4.4 A busca pelo diferencial
Além do compromisso de levar informação até o torcedor do Clube Atlético Mineiro, público
alvo da TV Galo, o veículo busca criar uma identidade com a torcida, trazendo conteúdo
exclusivo e trabalhado de forma a agradar a audiência. Para se alcançar esse objetivo, vários
recursos, entre eles alguns considerados impraticáveis pela impressa tradicional, sãoutilizados, tais como a adoção da parcialidade, a omissão de informações, o envolvimento
emocional do jornalista com o trabalho, o uso de jargões e a adjetivação.
4.4.1 A referência à torcida
18 Entrevista de Emmerson Maurílio, concedida em 06/05/2010, em Belo Horizonte, à autora.
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Umas das estratégias mais recorrentes utilizadas pela TV Galo para tentar estreitar a relação
com a audiência é a alusão à torcida nas produções audiovisuais veiculadas. O torcedor
atleticano é sempre retratado desde as vinhetas dos vídeos, que mostram a vibração nas
arquibancadas, até a constante menção no texto dos repórteres e imagens acompanhadas de
sobe som nas matérias de jogos e clipes.
A matéria intitulada “Galo vence no embalo da Massa e se isola na liderança”, publicada na
seção Matérias de Jogo no dia 24/07/2009, já enfatiza, no próprio título, a importância do
torcedor para a vitória da equipe atleticana. Na já citada matéria “Atlético vence o Coritiba e
segue na vice-liderança”, o então repórter da TV Galo, Frederico Bolívar, inicia a matéria
com uma abertura (repórter no vídeo) tendo como fundo os torcedores do Atlético nas
arquibancadas. No texto, ele destaca a vitória do time de futebol da equipe atleticana e falatambém da força da torcida que, segundo ele, contribuiu para que o time conseguisse sair de
campo vitorioso. Essa abertura foi narrada da seguinte forma: “Pela 16ª rodada do
Campeonato Brasileiro, o Atlético recebeu o Coritiba no Mineirão e com a força desta torcida
e com muita raça dentro de campo conquistou os três pontos”.
Durante a narração, Bolívar ainda se refere à torcida atleticana mais duas vezes, destacando
que ela apoiou o time até o final, inclusive na hora em que a equipe adversária empatou o
jogo: “Aos 36, Leozinho escapou pela esquerda e tocou na saída do goleiro Aranha paraempatar. A torcida não desanimou e apoiou o time”.
Outra ação comum é enfatizar a quantidade de torcedores presentes nos jogos, quando esse
número se mostra expressivo. Um exemplo é o texto do quadro diário Galo em 1 Minuto
referente ao dia 24/07/2009, no qual a primeira informação diz respeito ao público pagante da
partida realizada entre Atlético e Fluminense. “Depois da vitória de ontem assistida por mais
de 55 mil torcedores e que rendeu a liderança isolada do campeonato, o time alvinegro já
voltou ao trabalho e treina para o próximo compromisso (...)”. Isso indica que a estratégia daTV Galo de fazer com que a torcida se sinta parte fundamental do conteúdo é constante.
4.4.2 Parcialidade e omissão de informações
Uma ação que seria, certamente, condenada pelo código de ética dos jornalistas na imprensa
tradicional, aparece na TV Galo como uma estratégia de diferenciação de conteúdo. Voltada
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para um público que guarda uma relação de amor com o objeto retratado, a TV Galo opta por
amenizar os fatos que podem causar desgosto ou sofrimento ao seu público alvo. O
coordenador da TV Galo, Emmerson Maurílio19, explica que não existe o compromisso com a
imparcialidade e assume que há omissões de informações no conteúdo produzido pelo
veículo.
Dentro dos critérios jornalísticos, a parcialidade pode ser atestada ao se observar que apenas
fontes ligadas ao Atlético estão presentes nas matérias e que os bons momentos do clube são
sempre retratados com maior riqueza de detalhes em detrimento dos negativos. Nos vídeos
veiculados na seção Clipes nos dias 25/07/2009 (“Clipe Galo 2 x 1 Fluminense”) e
05/08/2009 (“Galo 3 x 2 Coritiba”) apenas os gols da equipe atleticana são exibidos.
A parcialidade e a omissão de informações podem ser observadas também em um quadro
chamado Por Dentro do Jogo, pertencente à seção Matérias de Jogo. O objetivo do quadro é,
além de mostrar ao torcedor informações básicas em relação à próxima partida do Atlético
como dia, local, horário e trio de arbitragem, mostrar dados históricos como o número de
vezes em que as equipes se enfrentaram, número de vitórias, derrotas e empates, saldo de gols
e imagens do último confronto. Para fazer com que a vantagem em relação a esses dados seja
sempre do Atlético, a cada partida muda-se a forma de mostrar esses números. No vídeo “Por
Dentro do Jogo: Atlético e São Paulo”, veiculado no dia 16/10/2009, optou-se dar os númerosreferentes aos jogos disputados entre as duas equipes só nos Campeonatos Brasileiros. No
“Por dentro do jogo: Atlético x Corinthians”, publicado no dia 04/12/2009, foram mostrados
os dados das partidas disputadas apenas em Belo Horizonte. Já no “Por dentro do Jogo:
Palmeiras x Atlético”, postado no dia 27/11/2009, noticiou-se os dados dos confrontos entre o
Atlético e os demais times paulistas (além do Palmeiras) no Campeonato Brasileiro de 2009.
Nessa última postagem, optou-se por não mostrar os lances da última partida entre Atlético e
Palmeiras e, sim, do último confronto da equipe atleticana contra um time paulista que, no
caso, foi uma vitória atleticana por 1 a 0 sobre o São Paulo.
Também há omissão de informações nos casos em que, após uma derrota da equipe atleticana,
a TV Galo não informa o placar do jogo na seção diária Galo em 1 Minuto. No vídeo postado
na data de 27/07/2009, um dia após a derrota atleticana por 1 a 0 para a equipe do Goiás, a
19 Entrevista de Emmerson Maurílio, concedida em 06/05/2010, em Belo Horizonte, à autora.
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única menção ao jogo foi feita da seguinte forma: “os atletas que começaram jogando contra o
Goiás realizaram um treino regenerativo, os demais tiveram treino físico no campo. O
Atlético reforçou o seu elenco. O clube apresentou oficialmente o atacante Pedro Oldoni após
o treinamento dessa segunda-feira na Cidade do Galo”. De acordo com o repórter da TV Galo,
Guilherme D'Assumpção20, a estratégia de passar rápido para outra informação que seja
favorável ao clube é bastante comum quando é necessário tratar de algum aspecto negativo.
Por outro lado, as coletivas de imprensa concedidas por jogadores, técnicos, médicos,
presidente do clube e outros funcionários são exibidas na íntegra no portal da TV Galo, sem
qualquer tipo de edição que minimize algum conteúdo negativo. O torcedor ou outra pessoa
interessada em saber mais informações sobre os acontecimentos do clube possui a opção de
assistir a esses vídeos com todos os questionamentos feitos pelos jornalistas presentes no atoda gravação.
4.4.3 Postura do repórter e a construção do texto
Os repórteres da TV Galo buscam, por meio de alguns recursos, imprimir emoção às matérias
veiculadas no portal atleticano. A primeira estratégia está na postura diante das câmeras e na
entonação de voz utilizada pelos profissionais. Nota-se, principalmente nas matérias que
dizem respeito às vitórias da equipe de futebol profissional, que o repórter está sempresorridente, narrando o texto em clima festivo, passando para o torcedor a sensação de que ele
também está comemorando o bom momento. Essa estratégia contribui na aproximação do
torcedor com o repórter e, consequentemente, com a TV Galo.
Outro recurso utilizado pelos repórteres para agradar e cativar os torcedores do Atlético diz
respeito à redação dos textos das matérias. Mesmo utilizando a estrutura básica das matérias
telejornalísticas, o texto apresenta propriedades particulares como o uso de adjetivos, termos
subjetivos e expressões que fazem parte do universo dos torcedores atleticanos. Na matéria“Fique por dentro do jogo Atlético x Atlético PR”, veiculada no dia 11/09/2009 na seção
Matérias de Jogo, o repórter descreve os gols da equipe atleticana utilizando a expressão “uma
pintura de gol” para dizer que foi um lance bonito e utilizando o adjetivo “belíssimo” para
descrever uma jogada: “aos 27 minutos da primeira etapa, Thiago Feltri cruzou na esquerda.
20 Entrevista de Guilherme D'Assumpção, concedida em 06/05/2010, em Belo Horizonte, à autora.
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Tardelli de letra deixou para Júnior que chegou chutando. Uma pintura de gol: Galo 1 a 0. No
segundo tempo, outra belíssima jogada: Márcio Araújo tabelou com Éder Luis que tocou para
Diego Tardelli que fez o segundo”. Em diversos momentos, os repórteres utilizam expressões
como “com estilo” ou “com categoria” para descrever as jogadas dos atletas atleticanos.
O repórter Guilherme D'Assumpção21 afirma que outra estratégia usada para se ter um
diferencial nas matérias da TV Galo e se aproximar da audiência, é a utilização de expressões
que são peculiares da torcida atleticana, como por exemplo, o apelido carinhoso de Galinho
atribuído à equipe das categorias de base do clube e a recorrente utilização do termo “massa”
para se referir à torcida atleticana que se orgulha de ser chamada dessa maneira.
4.4.4 Os bastidores do Clube Atlético Mineiro
Um dos objetivos defendidos no projeto da TV Galo é o de levar até os torcedores do clube,
informações exclusivas e imagens de bastidores, ou seja, tudo aquilo que é inacessível à mídia
tradicional. No entanto, a análise das produções audiovisuais do veículo aponta para uma
carência desse conteúdo. A seção responsável por veicular esse conteúdo, chamada de
Bastidores foi, inclusive, excluída do portal da WebTV depois de longo período sem
atualizações.
De acordo com o coordenador da TV, Emmerson Maurílio22, a produção desse conteúdo
diferenciado é uma questão delicada, pois varia de acordo com os dirigentes que estão no
controle dentro da instituição. Segundo ele, a contratação do editor-chefe Kleyton Borges
possui justamente o objetivo de reformular o conteúdo do portal, procurando cumprir com o
objetivo das pautas diferenciadas.
Em relação à abordagem diferenciada que busca novas angulações para temas cotidianos,
também são notadas poucas inovações. No período analisado, apenas a matéria “Atlético e Náutico por outros ângulos”, postada no dia 18/06/2009 na categoria Matérias de Jogo,
explora uma temática diferente da simples narração de lances, jogadas e comentários de
técnicos e jogadores. A reportagem foca na atuação decisiva do lateral Júnior para a vitória
atleticana na partida em questão.
21 Entrevista de Guilherme D'Assumpção, concedida em 06/05/2010, em Belo Horizonte, à autora.22 Entrevista de Emmerson Maurílio, concedida em 06/05/2010, em Belo Horizonte, à autora.
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A análise quantitativa das fontes utilizadas nas produções audiovisuais aponta também para
uma ausência de entrevistas diferenciadas, incomuns na cobertura esportiva rotineira (ver
tabela 4). Entrevistas com jogadores e técnicos são as mais utilizadas e os depoimentos são
captados nas coletivas de imprensa, ou seja, não existe a busca pela entrevista exclusiva que
poderia trazer um conteúdo inovador em relação ao encontrado nas mídias tradicionais.
4.5 A comunicação com a audiência
Os estudiosos das novas tecnologias apontam a WebTV como uma plataforma de áudio e
vídeo potencialmente interativa. A TV Galo proporciona a interação normal inerente à mídia
Internet, que permite que o usuário trace seus próprios caminhos de navegação, escolhendo oque deseja ver no momento em que lhe for conveniente. Além disso, no portal oficial do
veículo, existem poucas opções de contato direto entre audiência e produtores de conteúdo. O
site permite que o torcedor vote nas matérias preferidas e visualize quantos votos determinada
produção audiovisual já recebeu, mas não abre espaço para uma discussão ativa em torno do
conteúdo disponibilizado.
De acordo com o coordenador da TV Galo, Emmerson Maurílio23, a manutenção de um fórum
de discussões no portal é um projeto inviável, pois o volume de torcedores que desejam entrar em contato com o veículo é muito grande e seria impossível atender toda a demanda. Além
disso, ele explica que existem outros problemas como a infiltração de torcedores de equipes
rivais nos fóruns e a postagem de conteúdos inadequados.
Para manter contato com o torcedor, captar sugestões de pauta e obter um retorno de tudo o
que é produzido, a TV Galo utiliza várias mídias sociais como o Orkut, Twitter, Youtube,
entre outras, nas quais existem fóruns de debates entre torcedores atleticanos. O editor-
cinegrafista, Marcelo Túlio24, afirma que o perfil oficial da TV Galo na plataforma gratuita devídeos Youtube funciona como um termômetro para saber como está a recepção do conteúdo
pelo público, já que nesse local todos podem postar a opinião sobre as matérias divulgadas.
23 Entrevista de Emmerson Maurílio, concedida em 06/05/2010, em Belo Horizonte, à autora.24 Entrevista de Marcelo Túlio, concedida em 06/05/2010, em Belo Horizonte, à autora.
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Dentro da proposta de reestruturação de conteúdo apresentada pelo editor-chefe Kleyton
Borges, existem também novos modelos de interação com o torcedor. Segundo o editor-
chefe25, a ideia principal é fazer com que a torcida tenha a oportunidade de se expressar
diretamente no microfone da TV Galo, dizendo o que deseja ver na programação e gravando
perguntas para jogadores ou outros funcionários do clube. Além disso, será viabilizado
também um espaço para que o atleticano envie, em formato de vídeo, suas experiências e
paixão pelo Atlético, se tornando, dessa forma, um parceiro na produção de conteúdo da
WebTV atleticana.
25 Entrevista de Kleyton Borges, concedida em 06/05/2010, em Belo Horizonte, à autora.
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referencial teórico desta pesquisa, a televisão com base em tecnologia Internet cria um espaço
de testes e experimentação, minimizando o risco de prejuízos no investimento. O que se
observa no veículo analisado é que a equipe trabalha no sentido de encontrar o formato ideal,
capaz de atender a todos os objetivos propostos no projeto inicial.
Há porém algumas dificuldades a serem pontuadas tais como a produção de conteúdo
exclusivo e de bastidores que encontra obstáculos dentro da própria política de direção do
Atlético, o tratamento diferenciado da pauta com inovação na abordagem e nas fontes e a
interatividade ou comunicação ativa entre emissor e receptor e entre torcedores por meio do
portal oficial da TV Galo.
Em relação a esse último aspecto, a TV Galo caminha no sentido de criar novas estratégiasque irão permitir que o público passe de simples receptor a co-produtor de conteúdo. Entre
elas, estão o envio de vídeos por parte da audiência e o contato direto entre TV e torcedor para
que esse último informe o que deseja ver na TV Galo. Pode-se dizer, com base na discussão
teórica deste estudo, que o veículo inicia, com essa proposta, um processo de transição da
interação técnica, estabelecida entre homem e veículo físico, para a interação eletrônico-
digital que permite ao usuário interagir não só com o objeto, mas com o conteúdo
propriamente dito.
Diante dessa análise e da discussão de todas as potencialidades proporcionadas pela WebTV,
avalia-se que a TV Galo ainda vive uma fase embrionária, de descobertas e aprendizado
diante de erros e acertos. Porém, estando lidando com uma mídia recente e ainda pouco
explorada, acredita-se que muito pode ser feito no intuito de melhorar a qualidade das
produções audiovisuais e de explorar todas as possibilidades de interação social e produção
colaborativa permitidas pelas novas tecnologias com base na ferramenta Internet.
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ANEXOS
Anexo A – Imagens do site e da rotina de trabalho da TV Galo
Figura 1 - Layout do portal da TV Galo
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Figura 2 – Repórter Guilherme D'Assumpção grava passagem para matéria da TV Galo
Figura 3 - Cobertura da TV Galo durante entrevista coletiva
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5 5
T a b e l a 2 – T o t a l d e p r o
d u ç õ e s a u d i o v i s u a i s p o s t a d a s e m
c a d a u m a d a s s e m a n a s d e a n á l i s e
2 ª s e m a n a
d e M
a i o
( 0 8 a 1 4 / 0 5 )
3 ª s e m a n a
d e J u n h o
( 1 5 a 2 1 / 0 6 )
4 ª s e m a n a
d e J u l h o
( 2 2 a 2 8 / 0 7
)
1 ª s e m a n a
d e A g o s t o
( 0 1 a 0 7 / 0 8 )
2 ª s e m a n a d e
S e t e m b r o
( 8 a 1 4 / 0 9 )
3 ª s e m a n a
d e O u t u b r o
( 1 5 a 2 1 / 1 0 )
4 ª s e m a n a d e
N o v e m b r o
( 2 2 a 2 8 / 1 1 )
1 ª s e m a n a d e
D e z e m b r o
( 0 1 / a 0 7 / 1 2 )
T o t a l d e
p o s t a g e n s
a u d i o v i s u a i s
( c o n s i d e r a n d o
t o d a s a s
s e ç õ e s )
7
2 3
2 7
1 5
2 2
1 7
1 7
1 2
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5 6
T a b e l a 3 – N ú m e r o d e
p o s t a g e n s p o r s e ç ã o n o p e r í o d o t o
t a l d e a n á l i s e
N ú m e r o d e p o s t a g e n s n o t e m p o
t o t a l d e f i n i d o p a r a a
c o l e t a ( d o i s m e s e s )
E v e n t o s
2
T r e i n o
1 9
M a t é r i a s d e J o g o
1 7
M e m ó r i a
0
D e p a r t a m e n t o M é d i c o
0
P a l a v r a d o P r e s i d e n t e
2
G a l o e m u m M i n u t o
2 9
C o l e t i v a s
5 6
C l i p e s
4
E s p a ç o T o r c e d o r
0
P o r D e n t r o d a B a s e
6
Q u e r o v e r d e N o v o
0
E s p e c i a i s /
E n t r e v i s t a s
5
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5 7
o n t e s u t i l i z
a d a s n a s p r o d u ç õ e s a u d i o v i s u a i s d a T V G a l o d e n t r o d o p e r í o d o d e a n á l i s e
o n t e s e n t r e v i s t a d a s n a s p r o d u ç õ e s a u d i o v i s u
a i s d a T V G a l o f o r a m R o d o l f o G r
o p e n ( D i r e t o r d e G e s t ã o d o A t l é t i c o ) , R e n a t a L e a l
e d o A t l é t
i c o n o c o n c u r s o “ M u s a d o B r a s i l e
i r ã o 2 0 0 9 ” ) e C h r i s t i a n M a r t i n ( p r
o d u t o r d a T V F I F A ) .
F o n t e s
N ú m e r o d e v e z e s e m q u e s ã o u t i l i z a d a s
T é c n i c o d a e q u i p e p r o f i s s i o n a l
2
9
J o g a d o r e s d a e q u i p e p r o f i s s i o n a l
6
3
T é c n i c o d a e q u i p e J ú
n i o r
( c a t e g o r i a d e b a s e
)
3
J o g a d o r e s d a e q u i p e J
ú n i o r
( c a t e g o r i a d e b a s e
)
3
M é d i c o
1
P r e p a r a d o r f í s i c o
2
T o r c e d o r e s ( p o v o - f a l a )
8
P r e s i d e n t e d o A t l é t i c o
4
O u t r a s f o n t e s *
3