a contribuiÇÃo do senai para a inovaÇÃo no sistema de produÇÃo fabril

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL FELIPE PUSANOVSKY DE BARROS MARCELO ÁLVARO DA SILVA MACEDO RIO DE JANEIRO/RJ 2013-1

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Page 1: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE

PRODUÇÃO FABRIL

FELIPE PUSANOVSKY DE BARROS

MARCELO ÁLVARO DA SILVA MACEDO

RIO DE JANEIRO/RJ

2013-1

Page 2: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE

PRODUÇÃO FABRIL

FELIPE PUSANOVSKY DE BARROS

MARCELO ÁLVARO DA SILVA MACEDO

RIO DE JANEIRO/RJ

2013-1

Page 3: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Ficha catalográfica – elemento obrigatório em monografia/TCC não necessita do código da biblioteca, mais precisa ser impressa no verso da folha de rosto, (a que

contem os símbolos) na parte inferior e centralizada.

BARROS, Felipe Pusanovsky de A Contribuição do SENAI para a Inovação no Sistema de

Produção Fabril/ Felipe Pusanovsky de Barros - Rio de Janeiro, 2013-1

97 f. Orientador: Marcelo Álvaro da Silva Macedo Monografia – Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro. Instituto de Ciências Humanas e Sociais.

1. Inovação 2.Edital SENAI SESI 3.Indústria Brasileira 4.Produção. 5. Gestão do Conhecimento

Barros, Felipe Pusanovsky de II. Universidade Federal Rural

do Rio de Janeiro. Instituto de Ciências Humanas e Sociais. III. Título.

Page 4: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL
Page 5: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Dedico este trabalho a meus pais, a meu

filho Victor, a minha companheira, amiga e

colega de classe Luciene de Almeida e aos

funcionários do CEDERJ, do Polo de Rio

das Flores, em especial, à Bárbara e à

Margarete.

Page 6: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus pela sua generosidade em ter me presentado com uma

família maravilhosa.

Fazer uma graduação à distância, apesar de possibilitar um estudo

desprendido dos rígidos horários dos cursos presenciais, é uma tarefa muitas vezes

árdua, pois o aluno tem seu aprendizado condicionado, exclusivamente, a sua força

de vontade. Encontrar um aluno para juntos caminhar, é de fundamental importância,

por isso, agradeço à Luciene Nascimento de Almeida, por todos os momentos

enfrentados durante o curso. Momentos de alegrias, frustrações e conquistas que

tivemos.

Á UFRRJ - CEDERJ – especialmente ao Departamento de Ciências

Administrativas e Contábeis - DCAC, pela oportunidade concedida para realização do

curso.

Ao professor Marcelo Álvaro da Silva Macedo, pela presteza em suas

orientação e por suas assertivas observações que direcionaram meus esforços para

um norte correto, oferecendo qualidade ao meu trabalho.

Às funcionárias do CEDERJ, polo de Rio das Flores, Bárbara Mynssen e

Margarete de Barros pelo estímulo, confiança, apoio, amizade e constante auxílio

durante todo o curso e pelo profissionalismo com que desempenham suas funções.

Page 7: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Quanto de inovação é inspiração e quanto é trabalho duro? Se é principalmente o primeiro, então o papel da gestão é limitado: Contrate as pessoas certas, e saia de seu caminho. Se é em grande parte a esta última, a administração deve desempenhar um papel mais vigoroso: Estabelecer os papéis e processos corretos, definir metas claras e medidas pertinentes, e analisar os progressos a cada passo

Peter F. Drucker

Page 8: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

RESUMO

Este estudo tem por objetivo identificar como o SENAI, através do Edital SENAI SESI de Inovação, tem contribuído para a implementação da inovação nas indústrias brasileiras. Quanto a metodologia, trata-se de uma pesquisa descritiva, qualitativa, cujo procedimento adotado foi o de estudo de casos múltiplos. O referencial teórico abordou diversos aspectos sobre o assunto inovação: tipos, fatores condicionantes, estratégias, gestão da inovação entre outros. Para alcançar o objetivo proposto foram entrevistadas as empresas LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software) e a Giga Indústria e Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda. A conclusão a que se chega é que é relevante o fomento proporcionado pelo Edital, tanto pelo apoio financeiro, quanto pelo tecnológico, ainda que existam críticas ao modelo definido no Edital.

Palavras-chave: Inovação. Edital SENAI SESI. Indústria Brasileira. Produção. Gestão do Conhecimento.

Page 9: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

ABSTRACT

This study aims to identify how the SENAI, through Edict SENAI SESI of Innovation, has contributed to the implementation of innovation in Brazilian industry. Regarding the methodology, it is a descriptive, qualitative, whose procedure used was multiple case study. The literature review covered various aspects of the innovation: types, conditioning factors, strategies, innovation management among others. To achieve the proposed objective were interviewed companies LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software) and Giga Industry and Commerce of Mechanical and Electronic Products Ltda. The conclusion reached is that it is relevant the fomentation provided by the Edict, both by the financial support such as technological, although there are criticisms of the model defined in the Edict .

Keywords: Innovation. Edict SENAI SESI. Brazilian Industry. Production. Knowledge Management.

Page 10: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Síntese do conceito de Inovação ..................................................... 11

Figura 2: Imitadores, Inovadores e Competitividade........................................ 22

Figura 3: Funil da Inovação.............................................................................. 27

Figura 4: Materiais de divulgação do Edital SENAI SESI de Inovação............ 33

Figura 5: Fases de classificação dos projetos ................................................

35

Page 11: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: As Exportações Crescem com a Intensidade Tecnológica dos

Produtos........................................................................................................... 20

Gráfico 2: Exportações Brasileiras e do Mundo Classificadas por

Intensidade Tecnológica em 2003.................................................................... 28

Gráfico 3: Histórico de Projetos Aprovados pelo Edital de Inovação SENAI

SESI entre 2004 e 2011................................................................................ 34

Gráfico 4: Histórico dos Recursos Envolvidos entre os anos de 2004 e

2011.................................................................................................................. 35

Page 12: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Perguntas dirigidas às empresas participantes desse estudo.......... 7

Quadro 2: Fontes de tecnologia mais utilizadas pelas empresas...................... 14

Quadro 3: Segway e a revolução dos transportes............................................. 18

Quadro 4: As empresas e suas estratégias competitivas.................................. 23

Quadro 5: Viagra: Ele foi criado graças a uma doença cardíaca....................... 25

Page 13: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

CETIQT Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil

CNI Confederação Nacional da Indústria

DN Departamento Nacional

DNA Ácido Desoxirribonucleico

DR Departamento Regional

FDA Food and Drug Administration

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEL Instituto Euvaldo Lodi

INATEL Instituto Nacional de telecomunicações

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PIB Produto Interno Bruto

PINTEC Pesquisa de Inovação

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SESI Serviço Social da Indústria

UNITEC Unidade Tecnologia de Inovação

Page 14: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3

1.1 Problema de Pesquisa ....................................................................................... 3

1.2 Objetivos ............................................................................................................ 4

1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 4

1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 4

1.3 Justificativa ......................................................................................................... 4

1.4 Metodologia ........................................................................................................ 5

1.4.1 Instrumento de Coleta de Dados .................................................................. 6

1.4.2 Coleta dos Dados ......................................................................................... 7

1.4.3 Análise dos Dados........................................................................................ 8

1.4.4 Limitações da Pesquisa ................................................................................ 9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 10

2.1 Inovação ........................................................................................................... 10

2.1.1 Evolução Histórica e Conceitos .................................................................. 10

2.1.2 Tipos de inovação ...................................................................................... 12

2.1.2.1 A Inovação Radical ............................................................................. 12

2.1.2.2 A Inovação Incremental ...................................................................... 12

2.1.3 Fontes para a Inovação nas Empresas ...................................................... 13

2.1.4 Condicionantes da inovação ...................................................................... 15

2.1.4.1 Difusão tecnológica ............................................................................ 15

2.1.4.2 Condicionantes técnicos ..................................................................... 16

2.1.4.3 Condicionantes econômicos ............................................................... 17

2.1.4.4 Condicionantes Institucionais ............................................................. 20

2.1.5 Estratégias de Inovação ............................................................................. 21

2.1.6 Gestão da Inovação ................................................................................... 24

2.1.6.1 O Processo de Inovação .................................................................... 24

2.1.6.2 A seleção de Ideias ............................................................................ 26

2.1.7 Transferência de Tecnologia ...................................................................... 27

2.1.8 A Inovação no Brasil ................................................................................... 28

2.1.8.2 Relação com o Grau de Tecnologia nos Produtos Exportados .......... 28

2.1.8.2 Relação com o Crescimento e Qualidade de Mão de Obra ................ 29

3. APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASOS ....................................................... 30

Page 15: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

3.1 O SENAI ........................................................................................................... 30

3.1.1 Histórico do SENAI ..................................................................................... 30

3.1.2 Os Editais de Inovação do SENAI .............................................................. 32

3.1.2.1 O Que São os Editais de Inovação do SENAI .................................... 32

3.1.2.2 Evolução dos Índices do Edital SESI SENAI de Inovação .................. 34

3.2 As Empresas Pesquisadas ............................................................................... 37

3.2.1 LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software) ......................................................... 37

3.2.2 Giga Indústria e Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda. ..... 38

4 ANÁLISE DO ESTUDO DE CASOs ....................................................................... 40

4.1- Conhecimento do Edital .................................................................................. 40

4.2- Caracterização da Inovação ............................................................................ 40

4.3- Crescimento de Produtividade e de Lucro das Empresas............................... 41

4.4- Criação de mais e/ou de Melhores Empregos ................................................ 41

4.5- Investimentos e Criação de Competências em P&D ....................................... 42

4.6- Construção da Cultura de Inovação na Empresa ............................................ 43

4.7- Incentivos Técnico e Financeiros do Edital ..................................................... 43

4.8- Destino dos Recursos ao Final do Projeto ...................................................... 44

4.9- Impressões Finais sobre a Participação no Edital ........................................... 45

4.10- Inovação Radical ou Incremental .................................................................. 47

4.11- Quanto a Difusão das Inovações .................................................................. 47

5 CONSIDERAÇõES FINAIS e sugestâo para estudos futuros ................................ 49

5.1 Considerações Finais ....................................................................................... 49

5.2 Sugestão para Estudos Futuros ....................................................................... 51

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53

ANEXO A - Edital de Inovação SENAI SESI ............................................................. 56

APÊNDICE A: ROL DE PERGUNTAS ...................................................................... 77

APÊNDICE B: CARTA DE APRESENTAÇÃO ......................................................... 79

APÊNDICE C: TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS .............................................. 80

Page 16: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

3

1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema de Pesquisa

Com a globalização ocorreu o acirramento na competitividade entre indústrias

do mundo inteiro, colocando em ampla desvantagem os parques fabris

tecnologicamente atrasados.

Mais que a atualização, a inovação dos processos industriais passou a ser

crucial para o resgate e a ampliação das capacidades produtivas e comerciais das

empresas, independente de seus tamanhos.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), além de sua

finalidade mais conhecida, a formação de técnicos para a indústria, também tem por

meta o fomento para a inovação dos processos fabris.

Há 8 anos o SENAI e o Serviço Social da Indústria (SESI) promovem

anualmente, através de seus Departamentos Nacionais, o Edital de Inovação para o

apoio ao desenvolvimento de projetos de inovação tecnológica e social na indústria.

O edital possui abrangência nacional, isto é, estende-se a todos os Departamentos

Regionais (DRs) do SESI, do SENAI e, também, ao SENAI - Centro de Tecnologia da

Indústria Química e Têxtil (CETIQT).

De acordo com o site do SENAI (2011), o objetivo do edital é promover o apoio

a projetos de inovação tecnológica e social, compreendendo o desenvolvimento de

produtos, processos e serviços, em parceria com empresas do setor industrial. Para

tanto, somente em 2011 foram destinados R$ 26 milhões para as propostas

selecionadas. Mas como, efetivamente, o apoio aos projetos selecionados por meio

desses editais vêm contribuindo para a inovação tecnológica e social na indústria?

Como vêm ocorrendo a transferência dos conhecimentos gerados na realização

desses projetos?

Page 17: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

4

Com base nessas questões, propõe-se o seguinte problema de pesquisa:

Como os Editais de Inovação do SENAI têm contribuído para a inovação na indústria

brasileira?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo deste estudo é analisar, por meio de um estudo de casos múltiplos,

como os Editais de Inovação do SENAI têm contribuído para a inovação na indústria

brasileira.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) demonstrar a evolução do processo de fomento à inovação dos editais do

SENAI;

b) descrever como funciona o processo dos Editais de Inovação do SENAI;

c) apresentar dois casos de sucesso, à guisa de ilustração do apoio do SENAI

aos projetos de inovação.

1.3 Justificativa

Este estudo se justifica pelo fato da inovação tecnológica estar sendo

reconhecida como fator fundamental no novo paradigma da economia mundial, a

economia baseada em conhecimento. Moreira. et al (2007) ressaltam que diversos

estudos têm comparado o desempenho dos países com o percentual do Produto

Interno Bruto (PIB) aplicado em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Sendo assim,

acredita-se que a importância desse estudo consiste em evidenciar como iniciativas

Page 18: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

5

como o Edital de Inovação SENAI SESI, podem contribuir para o desenvolvimento

tecnológico e social do Brasil.

1.4 Metodologia

Este pesquisa classifica-se, quanto aos objetivos, como descritiva. De acordo

com Gil (2002, p. 42), “as pesquisas descritivas tem como objetivo primordial a

descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o

estabelecimento de relações entre variáveis.”

No que tange à abordagem, esta pesquisa classifica-se como qualitativa.

Conforme Creswell (2007, p. 184), “os procedimentos qualitativos se baseiam em

dados de texto e imagem, tem passos únicos na análise de dados e usam estratégias

diversas na investigação”. Ou seja, neste tipo de pesquisa, desenvolvem-se conceitos,

ideias e entendimentos a partir de evidências encontrados nos dados.

Em relação à pesquisa bibliográfica para a elaboração do referencial teórico,

utilizou-se como fonte livros, dissertações, artigos científicos e documentos extraídos

da Internet.

O procedimento de pesquisa adotado é o estudo de caso múltiplo. Para Yin

(2005, p. 32), “um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um

fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando

os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.”

Complementando esta definição, de acordo com Gil (2002, p. 54), um estudo

de caso trata-se de “um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de

maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.”

Yin (2005, p. 29) afirma que um estudo de casos múltiplos, apresenta maior

valor pois, “...fatos científicos, raramente se baseiam em experimentos únicos;

baseiam-se em geral, em um conjunto de múltiplos experimentos que repetiram o

mesmo fenômeno sob condições diferentes.”

Page 19: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

6

Neste estudo, foram pesquisados dois casos de empresas que se valeram dos

recursos disponibilizados pelo Edital de Inovação SENAI SESI. As empresas

pesquisadas foram a LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software) e a Giga Indústria e

Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda.

1.4.1 Instrumento de Coleta de Dados

Os dados foram coletados através de um rol de perguntas elaboradas de

acordo com os objetivos gerais e específicos do trabalho, de maneira clara e objetiva,

para que o entrevistado não necessitasse de muito tempo para responder. Thiollent,

(2005) afirma que os questionamentos da coleta de dados devem estar intimamente

relacionados com os problemas propostos anteriormente no estudo, sendo isto de

extrema importância para a pesquisa não perder o foco.

A entrevista foi embasada no rol de perguntas que se encontra no Apêndice A,

com questões de forma a tornar mais ampla a colocação das respostas dos

entrevistados, oferecendo liberdade de comunicação. Juntamente com o Apêndice A,

foi encaminhado às empresas o Apêndice B que se constitui na Carta de

Apresentação, identificando o pesquisador, o objetivo da pesquisa e o compromisso

de, caso fosse de interesse da empresa entrevista, manter em sigilo o nome e demais

dados cadastrais.

O rol de perguntas foi elaborado em dois blocos. O primeiro procurou a

identificação e caracterização das empresas, com informações do entrevistado, da

área de atuação da empresa e etc.

O segundo bloco de perguntas, foi desenvolvido tendo em vista aspectos

presentes no Referencial Teórico e em parte dos indicadores do próprio Edital de

Inovação SENAI SESI.

O rol de perguntas teve como inspiração o questionário aplicado pela Pesquisa

de Inovação Tecnológica (PINTEC), realizada periodicamente pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE).

Page 20: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

7

A seguir, no Quadro 1, são dispostas as questões do segundo bloco do rol de

perguntas:

1- Como tomou conhecimento do Edital?

2- O produto/ processo desenvolvido está sendo comercializado?

3- Houve aumento de produtividade e/ou dos lucros? Sua empresa alcançou o crescimento

potencial esperado?

4- Houve criação de mais e/ou de melhores empregos?

5- Houve aumento de investimentos e criação de competências para realização de

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)?

6- Depois da execução do projeto, houve novas inovações por conta da própria empresa?

7- O mais importante foi o incentivo financeiro ou o técnico? Por que?

8- Quem é proprietário dos recursos e/ou das patentes ao final do projeto?

9- Quais as impressões finais da empresa sobre o aproveitamento e limitações encontradas

nos recursos recebidos do SENAI? Sua empresa concorreria novamente?

10- Em termos técnicos, este produto e/ou processo desenvolvido com o apoio do Edital é

um aprimoramento de um já existente ou completamente novo para a empresa?

11- Em termos técnicos, econômicos e culturais ou legislativos, qual ou quais as principais

dificuldades enfrentadas para difundir o novo produto e/ou processo?

12- Ao inovar, qual a principal estratégia utilizada pela empresa:

( ) Adquirir uma tecnologia pronta e começar a utilizá-la o mais rápido possível;

( ) Estudar uma tecnologia já existente e adaptá-la a uma tecnologia própria;

( ) Desenvolver uma tecnologia completamente nova.

Quadro 1 – Perguntas dirigidas às empresas participantes desse estudo

Fonte: Elaboração própria

1.4.2 Coleta dos Dados

Para a seleção inicial das empresas que poderiam fornecer as informações

necessárias a este trabalho, uma pesquisa prévia apontou empresas que participaram

em edições anteriores do Edital SENAI SESI de Inovação com todo o ciclo do projeto

finalizado, tendo transcorrido tempo suficiente para verificar se o produto e/ou

processo tornou-se de fato uma inovação, permanecendo ativo até o momento.

Page 21: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

8

A seleção de empresas com participação em editais mais recentes inviabilizaria

a análise sob a ótica da inovação, pois sem o amadurecimento do produto ou processo

no mercado, descaracterizara -se tal, como uma inovação.

A coleta de dados partiu de uma apresentação formal por contato telefônico e,

posteriormente, através do envio por e-mail de uma carta de apresentação e, em

anexo, a entrevista estruturada dirigida a um profissional responsável ou participante

do projeto de inovação que tenha utilizado recursos do Edital SENAI SESI de

Inovação.

As perguntas tiveram suas respostas fornecidas através de entrevista telefônica

com uso do software Skype e foram gravadas através do software MP3 Skype

Recoreder, para posterior transcrição e análise. As gravações tiveram, em média, 18

minutos de duração, cada uma, e 240 minutos de transcrição, no total.

Foi de extrema importância a coleta de dados através das conversas

telefônicas, pois, dessa forma, permitiu-se a obtenção de informações mais

completas, aprofundando o estudo e a qualidade das respostas obtidas.

As respostas gravadas foram transcritas, procurando a remoção de vícios de

linguagem falada, porém sem alteração qualquer do conteúdo das falas dos

entrevistados.

A exceção das informações financeiras numéricas em espécie, as empresas,

quando questionadas ao final da entrevista, sobre a necessidade de sigilo das

informações prestadas, permitiram a publicação de suas respostas e a divulgação de

seus nomes e demais dados presentes na pesquisa, bem como de informações

públicas retiradas da Internet.

Os questionários com os respetivos preenchimentos transcritos encontram-se

no Apêndice C deste trabalho.

1.4.3 Análise dos Dados

Page 22: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

9

A análise dos dados foi desenvolvida com base nas respostas obtidas através

do rol de perguntas à luz do referencial teórico.

Procurou-se, então, características para entender como a participação no Edital

SENAI SESI de Inovação colaborou para o desenvolvimento da inovação nas

empresas pesquisadas.

1.4.4 Limitações da Pesquisa

A maior dificuldade encontrada na pesquisa foi a indisponibilidade da

colaboração dos gestores em participar da entrevista, pois, das 9 empresas

selecionadas, apenas 6 predispuseram-se a responder e somente 4 marcaram

entrevista. No final, efetivamente duas responderam. Deduz-se que esta dificuldade

possa ter ocorrido pelo fato desta pesquisa ser acadêmica e, assim, não interessar à

empresa dispender o tempo de seus funcionários para atender ao pesquisador.

Também foi alegado, por algumas empresas, como motivo da não participação da

pesquisa, o fato de tratar-se de segredo de negócio.

Page 23: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

10

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Inovação

2.1.1 Evolução Histórica e Conceitos

A profunda importância dada por Joseph Schumpeter à inovação e a sua

relação com o crescimento econômico, fez com que se tornasse o economista mais

importante a tratar esse assunto no século XX.

Schumpeter (1982), no primeiro capítulo de seu livro “Teoria do

Desenvolvimento Econômico”, cuja primeira edição data do ano de 1911, descreve

um modelo de economia estacionário, baseado num fluxo circular, com toda a

atividade econômica apresentando-se de maneira idêntica em sua essência,

repetindo-se continuamente. Posteriormente, ainda nesta mesma obra, Schumpeter

(1982) descreve um modelo oposto, uma economia dinâmica, com o surgimento do

empresário inovador - agente econômico que traz novos produtos para o mercado

através da otimização dos fatores de produção, ou através do uso de alguma invenção

ou inovação tecnológica.

Schumpeter conclui que

“Os novos produtos precisam ser incorporados ao fluxo circular, que também aqui os seus valores devem se colocar em relação com os valores de todos os outros produtos. Teoricamente ainda podemos distinguir como duas coisas diferentes a realização da inovação e o processo de sua incorporação ao fluxo circular. A inovação como fator de competitividade” (SHUMPETER, 1982, p. 147).

É interessante e pertinente à abordagem deste trabalho, mencionar que

Schumpeter (1982) cita em sua obra que “o empreendedor necessita de crédito -

entendido como uma transferência temporária do poder de compra - a fim de produzir

e se tornar capaz de executar novas combinações de fatores para tornar-se

empreendedor” (IBID., p. 102).

Freeman (2008) contribuiu para o conceito de inovação quando exemplifica o

significado deste e o distingue do conceito de invenção, no seguinte trecho:

Page 24: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

11

Devemos a Schumpeter a distinção extremamente importante entre invenções e inovações, que foi desde então em geral incorporada à teoria econômica. Uma invenção é uma ideia, um esboço ou um modelo para um novo ou aperfeiçoado dispositivo, produto, processo ou sistema. Tais invenções podem frequentemente (não sempre) ser patenteadas, porém não conduzem necessariamente a inovações técnicas. Na verdade a maioria não faz isso. Uma inovação no sentido econômico é conseguida apenas com a primeira transação comercial envolvendo o novo produto, processo, sistema ou dispositivo, embora a palavra seja usada também para descrever o processo todo (FREEMAN, 2008, p. 22).

Para Tigre (2006), invenção é a criação de um processo, técnica ou produto

novo, que não existe no mercado econômico. Pode ser registrada em forma de

patente, simulada através de protótipos, porém não é necessariamente viável

comercialmente. Inovação é a aplicação prática de uma invenção.

Serafin (2011) alerta que, equivocadamente, pode-se confundir facilmente o

conceito de inovação com o de invenção ou com o de criatividade. Porém, no

entendimento do ambiente empresarial, “para se caracterizar como inovação, a

invenção precisa ter viabilidade comercial e ser adotada pelo mercado, gerando

retorno aos stakeholders envolvidos” (SERAFIN, 2011, p. 27).

Considerado referência internacional para pesquisa sobre atividades de

inovação, o Manual de Oslo é patrocinado e publicado pela Organização para

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Manual de Oslo, descreve

inovação como uma:

Introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos", o que inclui "melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais (OCDE, 2005, p. 57)

A figura a seguir sintetiza os conceitos de inovação apresentados até aqui.

Figura 1: Síntese do conceito de Inovação Fonte: http://www.dinamusconsultoria.com.br/inova%C3%A7%C3%A3o.php

Page 25: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

12

2.1.2 Tipos de inovação

Segundo Lemos (1999), de forma ampla, identificam-se em dois os tipos de

inovação, a saber: a radical e a incremental. Leifer, O‟Connor e Rice (2002), relatam

que durante a última década houve uma maior ênfase à inovação incremental em

detrimento à inovação radical ou revolucionária, pois, o cenário competitivo

contemporâneo tem sido regido pela revolução tecnológica, globalização,

hipercompetitividade e extrema ênfase sobre preço, qualidade e satisfação do

consumidor, exigindo um foco na inovação como competência estratégica.

Como consequência, muito se conhece sobre a implementação da inovação

incremental, ao passo que a inovação radical é ainda muito pouco compreendida

(FOSTER, 1986).

2.1.2.1 A Inovação Radical

Leifer, O‟Connor e Rice (2002, p. 18) afirmam que Inovação radical, “[...] é um

produto, processo ou serviço que oferece atributos de performance inéditos ou

características já conhecidas que promovam melhoras significativas de desempenho

ou custo e transformem os mercados existentes ou criem novos mercados”.

Este tipo de inovação pode ser representado por mudanças na economia e na

sociedade mundial, como, por exemplo, a introdução da máquina de vapor, no final

do século XVIII. Estas e algumas outras inovações radicais impulsionaram a formação

de padrões de crescimento, com a conformação de paradigmas tecno-econômicos

(FREEMAN, 1988)

Concluem Leifer, O‟Connor e Rice (2002) que a inovação radical só atinge a

maturidade depois de a organização sistematizar processos de iniciação, suporte e

recompensa para suas atividades.

2.1.2.2 A Inovação Incremental

Freeman (1988) diz que as inovações podem ser ainda de caráter incremental,

referindo-se à introdução de qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou

Page 26: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

13

organização da produção dentro de uma empresa, sem alteração na estrutura

industrial.

Segundo Lemos (1999) as inovações incrementais, são por diversas vezes

imperceptíveis para o consumidor, reduzem os custos, aumentam a qualidade e

produtividade dos produtos ou serviços oferecidos por uma organização que inova

neste sentido.

Note-se que, segundo Barbieri, (1997) produtos, processos e serviços, novos

ou modificados, estarão constantemente recebendo diversas inovações de caráter

incremental ao longo do seu ciclo de vida. Por isso, não é tarefa fácil distinguir com

clareza quando termina a inovação principal e começam os aperfeiçoamentos, que

são formas complementares de inovação .

Um estudo sobre inovações em produtos realizado pela empresa Booz, Allen e

Hamilton mostrou que menos de 10% delas eram novas para o mundo; a maioria

tratava de melhorias, adições em produtos existentes, reposicionamento do produto

no mercado e redução de custo pela substituição de um produto por outro que atenda

a mesma finalidade. Dessa forma, as inovações incrementais mantêm a empresa

continuamente inovadora e fornecem as bases para o planejamento da P&D.

Lemos (1999) conclui que os conhecimentos adquiridos com os avanços na

pesquisa científica junto às necessidades provenientes do mercado induzem a

inovações em produtos e processos e a mudanças na base tecnológica e

organizacional de uma empresa, setor ou país, que podem se dar tanto de forma

radical como incremental.

2.1.3 Fontes para a Inovação nas Empresas

Tigre (2006) diz que empresas inovadoras utilizam diversas fontes de

tecnologia, informação e conhecimento e que elas se dividem em: internas e externas.

a) internas: são as atividades realizadas em prol do desenvolvimento de

produtos e processos com a finalidade de melhorias no que se refere à qualidade,

treinamento de recursos humanos e aprendizado organizacional;

Page 27: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

14

b) externas: voltadas para a aquisição de informações codificadas (livros,

revistas técnicas, manuais, software, vídeos, entre outros; consultorias

especializadas; obtenção de licenças de fabricação de produtos; e tecnologias

embutidas em maquinas e equipamentos).

O autor ainda sumariza de forma clara as principais fontes de tecnologia

utilizadas pelas empresas, mostrados no quadro 2.

Fontes de tecnologia Exemplos

Desenvolvimento tecnológico próprio

P&D, engenharia reversa e experimentação.

Contratos de transferência de tecnologia

Licenças e patentes, contratos com universidades e centros de pesquisa.

Tecnologia incorporada Máquinas, equipamentos e software embutido.

Conhecimento codificado Livros, manuais, revistas técnicas, internet, feiras e exposições,

software aplicativo, cursos e programas educacionais.

Conhecimento tácito Consultoria, contratação de RH experiente, informações de clientes,

estágios e treinamento prático.

Aprendizado cumulativo Processo de aprender fazendo, usando, interagindo, etc.

devidamente documentado e difundido na empresa.

Quadro 2 – Fontes de tecnologia mais utilizadas pelas empresas

Fonte: TIGRE, 2006, p. 94.

As fontes de inovação organizacional supracitadas, demonstram a necessidade

da gestão do conhecimento para melhoria dos processos e para aumentar a

competitividade das organizações.

O Manual de Oslo utiliza o modelo de inovações desenvolvidas por Joseph

Schumpeter, com o objetivo de atingir as organizações. A OCDE (2005) classifica e

exemplifica as principais formas de inovação, conforme apresentado a seguir :

a) de Produto: são as modificações nos atributos do produto, com

mudança na forma como ele é percebido pelos consumidores;

Page 28: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

15

b) de Processo: envolve mudanças no processo de produção do produto

ou serviço. Nem sempre é percebido pelos consumidores, mas sim na fabricação,

como aumento de produtividade e redução de custos;

c) de Marketing: implica mudanças no marketing do produto, com

significativas transformações na concepção do produto, sua embalagem,

promoção, preço e posicionamento no mercado, com objetivo de aumentar as

vendas;

d) organizacional: execução de um novo método organizacional nas

práticas de negócios da empresa, na organização do local de trabalho ou em suas

relações externas. Visa ao melhor desempenho com redução de custos

administrativos, de transação e de suprimentos.

2.1.4 Condicionantes da inovação

2.1.4.1 Difusão tecnológica

Pode-se compreender o conceito de difusão como sendo a trajetória de adoção

de uma tecnologia no mercado, com foco nas características da tecnologia e nos

demais elementos que condicionam seu ritmo e direção (TIGRE, 2006).

Tigre (2006, p.85) esclarece ainda que “as teorias sobre difusão procuram

identificar regularidades empíricas que permitam descrever e, eventualmente,

antecipar o ritmo de adoção de inovações”.

A difusão tecnológica é favorecida quanto mais alto o grau de maturidade das

condições econômicas, financeiras e culturais do país, pois, como observa Tigre

(2006), a difusão de uma tecnologia, especialmente em países menos desenvolvidos,

exige uma série de adaptações às circunstâncias do mercado local, em função dos

níveis de renda, condições climáticas, hábitos dos consumidores, escala de negócios

e disponibilidade de insumos e materiais.

Ainda referente à difusão de uma determinada tecnologia, há que se

considerar, no caso de inovações radicais, a trajetória evolutiva da tecnologia, pois

uma vez no mercado, haverá disputa pela definição de um padrão a ser adotado. A

Page 29: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

16

decisão sobre uma determinada rota pode, em certos casos, ter uma grande influência

sobre a trajetória futura, em função do processo de dependência da trajetória anterior

(TIGRE, 2006).

Como exemplo de guerra de padrões na década de 1980, é emblemático o

caso do embate entre os aparelhos de reprodução de vídeo das empresas Sony e

Matsushita, e ainda das modernas tecnologias digitais conforme nos mostra o texto

abaixo:

A Sony anunciou que vai parar de produzir equipamentos de vídeo Betamax, 27 anos após seu surgimento. O formato perdeu a guerra para o VHS, da Matsushita, ficando à sombra desse padrão dominante para vídeo caseiro. No período de um ano até março, somente 2.800 foram produzidos. Agora, mais 2.000 aparelhos novos ainda sairão da fábrica. No auge do Betamax, em 1984, foram vendidos 2,3 milhões de aparelhos. Fitas e manutenção continuarão disponíveis. Segundo a Reuters [27/8/02], o motivo da morte do Betamax é o aparecimento de tecnologias digitais de gravação, que se somaram à concorrência do VHS que também está ameaçado de desaparecer (OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA).

Como se percebe no exemplo citado, a guerra entre padrões distintos pode

durar tempo suficiente até mesmo para uma nova tecnologia surgir, suplantando as

demais. Isso permite compreender que outro fator importante a se considerar é o ritmo

da difusão. Sobre isso, Tigre (2006) diz que a difusão não se dá de modo uniforme e

constante no tempo e no espaço, pois agentes econômicos, países e regiões buscam

e selecionam tecnologias sob a influência de diferentes fatores condicionantes. E,

ainda, que esse ritmo pode ser previsto a partir de modelos analíticos que descrevem

o padrão evolutivo das tecnologias existentes e sua substituição por novas, tanto em

produtos quanto em processos.

Os fatores condicionantes podem influenciar tanto favorável quanto

desfavoravelmente à difusão de uma determinada inovação tecnológica. A seguir

serão descritos os fatores condicionantes da difusão de novas tecnologias, na ótica

de Tigre (2006).

2.1.4.2 Condicionantes técnicos

A difusão de nova tecnologia, sob o aspecto técnico, depende do nível de

dificuldade de sua compreensão e uso. Tecnologias muito inovadoras podem criar

impasses no processo decisório devido à insuficiência de informações, incertezas

quanto a sua direção e aos riscos inerentes ao pioneirismo (TIGRE, 2006).

Page 30: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

17

No livro “A Cabeça de Steve Jobs”, Kahney (2008), revela que Steve Jobs

passava quase tanto tempo pensando nas embalagens de papelão de seus gadgets

1quanto nos próprios produtos.

[...] Jobs vê a embalagem como uma ajuda para apresentar uma tecnologia nova e desconhecida aos consumidores. Por exemplo, o Mac original, lançado em 1984. Naquela época, ninguém jamais havia visto algo semelhante. Era controlado por aquela coisa estranha que apontava — um mouse — e não por um teclado, como os PCs antes dele. Para familiarizar os novos usuários com o mouse. Jobs fez questão de que ele fosse embalado separadamente, em um compartimento próprio. O fato de forçar o usuário a desempacotar o mouse — a pegá-lo e conectá-lo — iria torná-lo um pouco menos estranho quando tivesse que usá-lo pela primeira vez (KAHNEY, 2008, p.9).

Ainda sobre condicionantes técnicos, nota-se que a difusão de determinadas

tecnologias não pode acontecer de forma separada de outras tecnologias, que formam

entre si, um conjunto integrado de soluções. Como exemplo dessa situação, pode-se

recorrer a migração em curso do sinal digital para os atuais aparelhos televisores.

Apesar de ter uma qualidade de imagem muito superior ao tradicional sinal analógico

(além de diversas possibilidades dessa nova tecnologia de transmissão), quando

verifica-se as proporções continentais do Brasil, ainda é relativamente pequena a área

de abrangência do sinal digital, impedindo a propagação do novo serviço.

Isso é evidenciado nas palavras de Tigre (2006), onde o autor afirma que a

coevolução é especialmente relevante em indústrias de rede, a exemplo das

telecomunicações, nas quais a introdução de um novo equipamento ou tecnologia

depende da possibilidade de interconectá-la às diversas partes e componentes de um

determinado sistema, conforme as aplicações requeridas pelos usuários.

2.1.4.3 Condicionantes econômicos

Do ponto de vista econômico, o ritmo de difusão depende dos custos de

aquisição e implantação da nova tecnologia, assim como das expectativas de retorno

do investimento. Os custos de manutenção, a possibilidade de aproveitamento de

1 Dispositivo com propósito específico e prático. São comumente chamados de gadgets, dispositivos eletrônicos e portáteis. Também pode designar algum pequeno software ou módulo que compõe um sistema maior.

Page 31: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

18

investimentos já realizados em equipamentos e em sistemas legados 2 são fatores

que entram nessa avaliação (TIGRE, 2006).

Segway e a revolução dos transportes

No final de 2001, o inventor americano Dean Kamen divulgou que estava

finalizando algo que iria revolucionar o transporte urbano. Pessoas que tiveram

acesso aos planos de Kamen aumentaram a expectativa com declarações

bombásticas. O investidor John Doerr disse que seria algo mais importante que a

internet. Ele previu que a empresa Segway, que iria fabricá-lo, atingiria vendas de

US$ 1 bilhão por ano mais rapidamente que qualquer outra na história. Jeff Bezos,

o fundador da Amazon, afirmou que “cidades seriam construídas em torno dessa

ideia”. A Segway gastou 100 milhões de dólares no desenvolvimento do produto.

O patinete motorizado com duas rodas lado a lado, apresentado em dezembro de

2001, era, de fato, inovador. Mas encontrou uma variedade de obstáculos. Em

alguns países, ele foi considerado veículo motorizado, que precisava ser licenciado

e não podia andar em calçadas. Em outros, seu tráfego em estradas foi proibido.

Além disso, Kamen e sua turma não perceberam que o patinete era caro demais

para um veículo que a maioria das pessoas considerou supérfluo. O modelo mais

barato custava cerca de US$ 3.000. Em cinco anos, a Segway vendeu apenas 30

mil unidades. O veículo que iria revolucionar o mundo acabou virando transporte

para guardas de segurança em shopping centers.

Quadro 3: Segway e a revolução dos transportes Fonte: http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/10-grandes-fracassos-tecnologicos?p=6

De fato, existem invenções que, por mais inovadoras que sejam, não alçam o

patamar de inovações, por terem seus preços de mercado superestimados ou por

terem sua produção muito onerosa, inviabilizando a aquisição pelo mercado

2 Sistema legado é o termo que utiliza-se para definir sistemas computacionais antigos em uma

organização.Via de regra são aplicações complexas, de difícil substituição e manutenção e que pelo grau de

criticidade e custo para modernização, continuam ativas.

Page 32: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

19

consumidor. A matéria apresentada no quadro 3 ilustra de forma clara a questão do

condicionante econômico.

Tigre (2006) atenta para o fato de que as oportunidades para economias de

escala e de escopo também exercem influência sobre o potencial de difusão. Quando

tais oportunidades são significativas, a difusão é limitada a grandes empresas, cujo

volume de operações justifica a adoção de tecnologias e equipamentos de maior porte

(TIGRE, 2006).

O trecho que segue foi extraído do Relatório Automotivo, publicado em 2008

pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e demonstra a

importância dada a estratégia de inovação nas empresas desse setor, considerando

justamente a economia de escala envolvida nesta questão.

Até recentemente, as atividades de P&D das multinacionais eram vistas como sendo destinadas, primordialmente, para a adaptação de produtos e processos produtivos aos mercados locais. Assim, as atividades “mais nobres” de pesquisa estariam centralizadas na matriz da corporação.

Os motivos apontados para a centralização das atividades de P&D são vários. Em primeiro lugar, a existência de economias de escala nas atividades inovadoras, que poderia não tornar viável economicamente a existência de vários laboratórios de P&D em outros países. (NIGRI et al, 2008).

Ainda na esfera dos condicionantes econômicos que influenciam a difusão

tecnológica, em muitos casos, empresas voltadas para o mercado externo se

defrontam com maiores exigências tecnológicas e, portanto, tendem a adotar mais

rapidamente novas tecnologias (TIGRE, 2006). Pode-se comprovar esse fato,

observando o gráfico 1 que mostra como as taxas anuais de crescimento das

exportações são muito maiores para os produtos de alta intensidade tecnológica. O

índice de crescimento das exportações mundiais de produtos primários foi de apenas

3,8% ao ano no período 1985-2000, enquanto o de produtos manufaturados de alta

intensidade tecnológica chegou a 13,2% ao ano, no mesmo período (VIOTTI, 2005).

Page 33: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

20

Gráfico 1: As Exportações Crescem com a Intensidade Tecnológica dos Produtos.

Fonte: (VIOTTI, 2005, p.47).

2.1.4.4 Condicionantes Institucionais

Tigre (2006) identifica que os fatores institucionais que condicionam o processo

de difusão tecnológica são:

a) disponibilidade de financiamentos e incentivos fiscais à inovação;

b) clima favorável ao investimento no país;

c) acordos internacionais de comércio e investimento;

d) sistema de propriedade intelectual;

e) existência de capital humano e instituições de apoio.

Tigre (2006) ainda afirma que os fatores institucionais que condicionam a

difusão de novas tecnologias também podem incluir a estratificação social, a cultura,

a religião, o marco regulatório e o regime jurídico do setor ou do país como um todo.

Em entrevista à revista Época, o economista americano Alexander J. Field

responde da seguinte forma à pergunta do repórter:

Page 34: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

21

ÉPOCA – As patentes atrasam a inovação?

Field – Sim. Elas são uma espada de dois gumes. As patentes e o sistema de direito autoral, em uma mão, são feitos para encorajar a inovação. Dão incentivos financeiros a pessoas que descobrem novos processos ou produtos dando a elas o monopólio daquilo sob determinados anos. Mas pode ser que nossa lei tenha caminhado muito longe na direção errada. Não sabemos se devemos ceder um monopólio de 10, 25 ou 75 anos. E quando esse período é muito longo, ele pode desencorajar e atrasar a inovação. Os efeitos tremendos de entregar o monopólio às pessoas talvez pesem mais que os incentivos econômicos para os inventores trabalharem mais duro (ÉPOCA, 2013).

De fato, a lei de patentes pode ser um fator de entrave à evolução das

tecnologias e, consequentemente, da inovação, ainda que, sob outra ótica, ao

proteger o criador, cria o estímulo ao desenvolvimento de novas tecnologias.

2.1.5 Estratégias de Inovação

Conforme afirma Viotti (2005), a estratégia de aprendizado tecnológico passivo

não representa uma verdadeira alternativa de desenvolvimento, pois tal estratégia

significa o uso de tecnologias obsoletas ou mesmo de tecnologias modernas, porém

empregadas de forma pouco eficiente, pois neste último caso, o conhecimento

necessário para utilizar tais tecnologias depende de conhecimento obtido não

somente através de manuais de utilização. O autor classifica como imitadores os que

se valem da estratégia de aprendizado tecnológico passivo.

Ainda segundo o autor, os imitadores precisarão compensar essa deficiência

por meio de mecanismos como o pagamento de salários mais baixos, a obtenção de

subsídios ou proteção estatais ou o uso predatório de recursos naturais.

A distinção apresentada entre Imitadores, Inovadores e Competitividade, é

apresentada na Figura 2.

Page 35: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

22

Figura 2: Imitadores, Inovadores e Competitividade

Fonte: Viotti (2005)

Viotti (2005) diz que para passar para a condição de aprendizado

tecnologicamente ativo, são necessários esforços em três direções

a) absorver rapidamente as tecnologias mais avançadas, ou seja, reduzir ao

mínimo o tempo decorrido entre o momento em que as inovações são introduzidas na

economia mundial e o momento em que uma determinada empresa ou setor produtivo

de um país as absorve;

b) aumentar deliberadamente o domínio sobre a tecnologia absorvida até que

se atinja um grau de eficiência equivalente à melhor prática do emprego dessa mesma

tecnologia;

c) desenvolver um processo de aperfeiçoamento capaz de incorporar

inovações incrementais à pauta produtiva com a rapidez dos melhores concorrentes.

Como exemplo de país bem sucedido na transição de imitador

(tecnologicamente passivo) a tecnologicamente ativo, o autor cita o caso do Japão,

que manteve um aprendizado ativo durante o século XX, transpondo o limite dos

processos antes dominados pela imitação, passando a uma economia inovadora de

fato.

A PINTEC, fornece indicadores setoriais e nacionais e regionais (este último no

caso de indústrias), das atividades de inovação das empresas brasileiras,

comparando os índices desses indicadores com outros países. O foco da PINTEC é

sobre os fatores que influenciam o comportamento inovador das empresas, sobre as

Page 36: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

23

estratégias adotadas, esforços empreendidos, os incentivos, os obstáculos e os

resultados da inovação .

Segundo Viotti (2005), o conceito de inovação utilizado pela PINTEC é amplo,

podendo significar tanto a introdução de um equipamento novo para a empresa,

embora há muito conhecido no mercado, quanto o lançamento de um produto

inexistente no mercado, o que gera um preço-prêmio para a empresa, indicando que

o produto diferencia-se por algum motivo. O quadro 4 apresenta a classificação da

PINTEC para as empresas e suas estratégias competitivas.

No estudo da PINTEC, em que o assunto é a inovação, as empresas industriais

foram classificadas conforme suas estratégias competitivas:

• Empresas que inovam e diferenciam seus produtos (Categoria A)– Nesse grupo

estão incluídas as empresas que adotam estratégias competitivas mais vantajosas

e tendem a criar mais valor. Elas compõem o segmento mais dinâmico da

indústria. Destacam-se por terem realizado inovação de produto para o mercado e

obtido preço-prêmio acima de 30% em suas exportações quando comparadas com

os demais exportadores brasileiros 16 do mesmo produto.

• Empresas especializadas em produtos padronizados (Categoria B)– O foco de

sua estratégia competitiva está na redução de custos, ao invés da criação de

valor. Encontram-se aqui as empresas exportadoras não incluídas na categoria

anterior e as não exportadoras cuja eficiência iguala-se ou é superior à das

empresas que exportam nesse mesmo grupo. Elas tendem a ser atualizadas no

que se refere a características operacionais como fabricação, gestão da produção,

qualidade e logística – imperativos para sustentação de custos relativamente mais

baixos –, mas mostram-se defasadas em relação a outros fatores competitivos

como pesquisa e desenvolvimento, marketing e gerenciamento de marcas.

• Demais empresas (Categoria C)– Todas as que não pertencem às categorias

anteriores, ou seja, não diferenciam produtos e apresentam produtividade de

trabalho menor em relação às firmas do grupo anterior.

Quadro 4: As empresas e suas estratégias competitivas

Fonte: www.pintec.ibge.gov.br

Page 37: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

24

Viotti (2005) esclarece que a introdução de produtos tecnologicamente novos

ou processos novos, tanto para a empresa quanto para o mercado, amplia as

vantagens competitivas. As inovações para o mercado podem ser consideradas,

portanto, de qualidade muito superior àquelas que são novidade apenas para as

empresas. As inovações pioneiras apenas para a empresa estão bem mais próximas

do conceito de difusão (ou absorção) de inovações que do conceito de inovação

propriamente dita.

A gestão da Inovação, o próximo assunto deste trabalho, está intimamente

relacionada com a estratégia que se adota. Por sua vez, a escolha de uma estratégia

está associada aos objetivos de seus dirigentes e acionistas, podendo priorizar a

busca por formas de maximizar o retorno dos investimentos em curto prazo ou

empregar sua capacitação técnica, gerencial e financeira com vistas a construir uma

base tecnológica para o futuro (TIGRE,2006).

Segundo Serafin (2011), as ideias de projetos inovadores devem nascer

principalmente da visão de futuro das organizações, confirmando, assim, a

importância fundamental da definição da estratégia das organizações.

2.1.6 Gestão da Inovação

A gestão da inovação nas organizações deve considerar deve considerar que

para cada tipo de inovação, processos, estruturas e competências específicas são

requeridas em cada fase do projeto (SERAFIN, 2011).

2.1.6.1 O Processo de Inovação

Para Serafin (2011), o processo de implementação da inovação envolve várias

fases, desde a captação das ideias, dentre estas, a seleção das melhores e suas

priorizações e o acompanhamento dos resultados após a introdução no mercado.

As organizações devem planejar seus cenários de futuro, identificando

oportunidades de inovar e as competências necessárias que devem ser desenvolvidas

(SERAFIN, 2011).

Page 38: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

25

O processo de inovação não se mostra linear, pois como demonstra a

experiência, muitas inovações surgem quase que por acaso, várias vezes em

decorrência de uma pesquisa por outro objetivo completamente distinto (SERAFIM,

2011). Um exemplo deste tipo de situação é descrito a seguir no Quadro 5.

Viagra: Ele foi criado graças a uma doença cardíaca

A milagrosa pílula azul surgiu por acaso, quando a empresa americana Pfi zer

pesquisava um novo medicamento para tratar a angina, uma doença cardíaca.

Durante os testes da droga, em 1994, os pesquisadores Nicholas Terrett e Peter

Ellis, funcionários da Pfi zer, descobriam que um de seus efeitos colaterais era o

aumento da irrigação sangüínea no pênis, a partir da potencialização do óxido

nítrico. Os ingleses Peter Dunn e Albert Wood conseguiram sintetizar o composto

numa pílula, aprovada pelo FDA (o órgão que regulamenta medicação nos EUA),

em 1998, como o primeiro remédio contra a impotência. No mesmo ano, os

americanos Robert Furchgott, Louis Ignarro e Ferid Murad dividiram o Nobel de

medicina por seu trabalho com o óxido nítrico, sem o qual seria impossível a criação

do Viagra.

Quadro 5: Viagra: Ele foi criado graças a uma doença cardíaca

Fonte Revista Superinteressante novembro 1987

Segundo Serafin (2011), a experiência demonstra que programas internos de

geração de ideias, apesar de positivos, normalmente não se constituem de fato os

meios mais significativos para a criação de valor.

Como em Kahney (2008) conclui:

Em 2007, a consultoria de administração Booz Allen Hamilton publicou um estudo de alcance mundial sobre os gastos das empresas com P&D e concluiu que há pouca evidência de que o aumento no investimento em P&D esteja relacionado a melhores resultados. “Éo processo, e não a carteira”, concluiu a Booz Allen. “Resultados superiores parecem ser uma função da qualidade do processo de inovação de uma organização — as apostas que ela faz e o modo como as leva adiante — mais do que a grandeza absoluta ou relativa de seus gastos com inovação .” A Booz Allen citou a Apple como uma das mais frugais gastadoras em P&D na área tecnológica, mas uma das mais bem-sucedidas (KAHNEY, 2008, p.177)

Page 39: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

26

Com a visão de futuro definida, a exploração de várias estratégias de inovação

é a recomendação aferida por Serafin (2011), tais como:

Investigação das necessidades dos clientes;

Organização de programas de benchmark;

Compreensão e replicação de práticas de outros segmentos;

Análise de tendências do macro ambiente;

Acompanhamento dos avanços tecnológicos;

Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D);

Desenvolvimentos de cenários futuros;

Promoção de workshops com consultores externos.

2.1.6.2 A seleção de Ideias

Sempre há limites dos recursos, seja qual for o tamanho da empresa. Diante

desse fato, mostra-se de suma importância o mecanismo de seleção de projetos de

inovação (SERAFIN, 2011).

Uma das abordagens mais utilizadas no processo de inovação se caracteriza

por um fluxo de quatro fases, também conhecido como funil da inovação . A primeira

fase é a da idealização (ou ideação), onde se captam as idéias, passando em seguida

à segunda fase de conceituação, para o refinamento das ideias selecionadas

anteriormente. A terceira fase é a de desenvolvimento e, por fim, a última fase é a de

comercialização (SERAFIN, 2011).

O modelo adaptado é representado na Figura 3 a seguir.

Page 40: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

27

Figura 3: Funil da Inovação Fonte: Elaboração própria

Esse modelo foi desenvolvido e registrado com o nome Stage-Gates por

Cooper com base em boas práticas de desenvolvimento aplicadas por empresas

(SERAFIN, 2011).

2.1.7 Transferência de Tecnologia

Historicamente pode ser observado que no século XIX, vigorava um pensamento

que privilegiava a pesquisa pura e a busca do saber, deixando de lado suas aplicações

comerciais. Com o decorrer do tempo, o acirramento da competitividade, que culmina

com o advento da globalização, verifica-se que a pesquisa aplicada torna-se tão

importante quanto a pesquisa básica, sendo a segunda suporte à primeira.

De acordo com Serafin (2011),

O desenvolvimento sustentável da economia e da sociedade brasileira se passa certamente pelo estímulo à inovação. A análise de nossas exportações, concentradas em indústrias de baixa e média-baixa tecnologia (em 2010, apena 4,6% de nossas exportações forma de produtos de alta tecnologia, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e de nossas importações, altamente focadas em itens de média-alta e alta tecnologia (cerca de 61% de nossas importações em 2010)

nos impõe a emergência de modificar esse cenário (SERAFIN, 2011, p.40).

Comercialização

Desenvolvimento

Conceito

Ideia

Page 41: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

28

2.1.8 A Inovação no Brasil

2.1.8.2 Relação com o Grau de Tecnologia nos Produtos Exportados

Segundo Viotti (2005), em geral, quanto menor o dinamismo na absorção de

conhecimentos e inovações de alta tecnologia, mais reduzido é o peso desses setores

nas exportações de um pais, o que fica claro no gráfico 1, exposto anteriormente. O

gráfico 2 mostra como se distribuíram as exportações do Brasil em 2004,

segmentando entre cinco classes, segundo o grau de tecnologia envolvida nos

processos produtivos.

Gráfico 2: Exportações brasileiras e do mundo classificadas por intensidade tecnológica em 2003 (VIOTTI, 2005)

Conforme pode-se observar, a categoria de produtos onde as melhores

oportunidades tecnológicas se apresentam, é justamente onde o Brasil menos se

destaca. Mesmo ao se comparar os oportunidades de média tecnologia, o Brasil

encontra-se em situação desfavorável (VIOTTI, 2005).

Page 42: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

29

Para a mudança deste panorama, Serafin (2011) menciona a importância da

iniciativa pública e privada, destacando a participação da Confederação Nacional das

Indústrias (CNI), da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Serviço Nacional

de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e o Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial (SENAI).

2.1.8.2 Relação com o Crescimento e Qualidade de Mão de Obra

É perceptível a falta de pesquisadores qualificados, aplicando nas empresas,

seus conhecimentos adquiridos ao longo de suas trajetórias. A grande parte dos

mestres e doutores que se graduam no Brasil, permanecem apenas nos ambientes

acadêmicos.

Um levantamento efetuado com base na Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica, realizada pelo IBGE, permitiu estimar em apenas cerca de 3 mil o número de pós-graduados envolvidos em atividades de pesquisa e desenvolvimento nas empresas industriais inovadoras brasileiras no ano de 2000 (Viotti et alii, 2005). Apenas nesse mesmo ano, mais de 18 mil novos mestres e de 5 mil doutores entraram no mercado de trabalho brasileiro (VIOTTI, 2005, p. 55).

Viotti (2005), complementa, afirmando que a oferta crescente de mestres e

doutores e a capacidade de produzir conhecimentos científicos constituem base

importante para a construção de um sistema nacional de inovação e aprendizado

tecnológico, peça-chave da estratégia de desenvolvimento econômico e social do

Brasil.

Page 43: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

30

3. APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASOS

Neste capítulo, serão apesentados, resumidamente, as principais entidades

envolvidas neste estudo.

3.1 O SENAI

O SENAI tem como foco principal de atuação, a formação de recursos humanos

através do ensino profissional e tecnológico, com vistas a suprir as indústrias

brasileiras com pessoas qualificadas para a continuidade de suas operações. O

SENAI também atua através de serviços de consultoria e assistência ao setor

produtivo, serviços laboratoriais, pesquisa aplicada e informação tecnológica.

Ainda, segundo o site do SENAI, sua missão é a de “Promover a educação

profissional e tecnológica, a inovação e a transferência de tecnologias industriais,

contribuindo para elevar a competitividade da indústria brasileira” (SENAI, [200-?]b).

O SENAI mantém-se através de recursos oriundos de contribuição

compulsória, garantida por Lei Federal, de 1% sobre a folha salarial das empresas

industriais.

3.1.1 Histórico do SENAI

De acordo com Pastore (1998),

Em um mundo em que as tecnologias e os modos de produzir mudam a cada dia, trabalhadores capacitados constituem o capital mais precioso das empresas. Por isso, preparar bem um funcionário para depois perdê-lo para o seu concorrente, representa prejuízos de monta para quem nele investiu. [...] Se todos os empresários assim agissem, ninguém investiria na preparação dos trabalhadores e a sociedade entraria em déficits crônicos de mão-de-obra capacitada. [...] O SENAI, criado em 1942, inaugurou um modelo híbrido que logo se propagou por toda a América Latina. Conhecedores da lógica do individualismo, Roberto Simonsen, Euvaldo Lodi e outros empresários, manifestaram ao governo o seu propósito de fundar e administrar uma entidade de âmbito nacional, desde que o seu financiamento fosse garantido por uma contribuição compulsória de todos os industriais. O governo aceitou a proposta, garantindo a compulsoriedade por lei, e os empresários garantiram a implementação do projeto.

O objetivo básico foi o de implantar um sistema de formação profissional que beneficiasse a coletividade empresarial e os trabalhadores em geral, evitando-se que, pelo medo de perder para a concorrência, a maioria dos empresários deixasse de investir em capacitação profissional. (PASTORE, 1998)

Page 44: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

31

O SENAI foi criado em 22 de janeiro de 1942, pelo Decreto-lei 4.048 do então

presidente Getúlio Vargas, para atender a necessidade de formação de profissionais

qualificados para a incipiente indústria de base. O empresariado assumiu os encargos

e também a responsabilidade pela organização e direção de um organismo próprio,

subordinado à CNI e às Federações das Indústrias nos estados (SENAI, [200-?]a).

De acordo com o site do SENAI ([200-?]a), ao fim da década de 1950, quando

o presidente Juscelino Kubitschek acelerou o processo de industrialização, o SENAI

estava presente em quase todo o território nacional e começava a buscar, no exterior,

a formação para seus técnicos. Logo, tornou-se referência de inovação e qualidade

na área de formação profissional, servindo de modelo para a criação de instituições

similares na Venezuela, Chile, Argentina e Peru.

Nos anos 1960, o SENAI investiu em cursos sistemáticos de formação,

intensificou o treinamento dentro das empresas e buscou parcerias com os Ministérios

da Educação e do Trabalho, e com o Banco Nacional da Habitação. Na crise

econômica da década de 1980, o SENAI percebeu o substancial movimento de

transformação da economia e decidiu investir em tecnologia e no desenvolvimento de

seu corpo técnico (SENAI, [200-?]a).

Conforme o site do SENAI ([200-?]a), a instituição expandiu a assistência às

empresas, investiu em tecnologia de ponta, instalou centros de ensino para pesquisa

e desenvolvimento tecnológico. Com o apoio técnico e financeiro de instituições da

Alemanha, Canadá, Japão, França, Itália e Estados Unidos, o SENAI chegou ao início

dos anos 1990 pronto para assessorar a indústria brasileira no campo da tecnologia

de processos, de produtos e de gestão.

Atualmente o SENAI realiza cerca de 2,3 milhões de matrículas anuais e possui

uma rede de 797 unidades operacionais, entre fixas e móveis, distribuídas por todo o

País, nas quais são oferecidas mais de 2.900 cursos de formação profissional, além

dos programas de qualificação e aperfeiçoamento realizados para atender

necessidades específicas de empresas e pessoas (SENAI, [200-?]a).

Page 45: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

32

Na área internacional, o SENAI ao longo de sua existência, firmou 48 parcerias

com 29 países e 1 organismo internacional; captou 10.804 horas de consultoria para

o Sistema SENAI e promoveu a capacitação de 3.654 pessoas no Brasil por peritos

internacionais. Além disso, implantou 4 Centros de Formação Profissional e está

implementando 11 no exterior, em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação

(ABC), e desenvolve 29 projetos de cooperação técnica totalizando R$ 68,9 milhões.

Parte integrante do Sistema Indústria – formado ainda pela CNI, SESI e Instituto

Euvaldo Lodi (IEL) –, o SENAI possui um Departamento Nacional e 27 Departamentos

Regionais, com unidades operacionais instaladas nos 26 Estados e no Distrito

Federal. Elas levam seus programas, projetos e atividades a todo o território nacional,

oferecendo atendimento às diferentes necessidades locais e contribuindo para o

fortalecimento da indústria e o desenvolvimento pleno e sustentável do País.

3.1.2 Os Editais de Inovação do SENAI

3.1.2.1 O Que São os Editais de Inovação do SENAI

O Edital é uma iniciativa do SENAI e do SESI que visa a despertar a cultura da

inovação na indústria brasileira e está dirigido às empresas que desejam desenvolver

e implementar um projeto inovador que gere novos negócios, promova a melhoria na

produtividade ou impacte positivamente nas condições de trabalho e qualidade de vida

dos seus trabalhadores.

Desde o início da sua primeira publicação, em 2004, até o presente momento, já

houveram nove edições do Edital de Inovação SENAI SESI. Uma a cada ano.

Os Editais de Inovação do SENAI, tiveram então início no ano de 2004, e, desde

então, vem oferecendo aos projetos selecionados, recursos para financiamento e

aparato técnico necessário para o desenvolvimento de ideias inovadoras, com plena

possibilidade de implementação no mercado. Os recursos destinam-se

exclusivamente a custear as despesas com o desenvolvimento dos produtos,

processos e serviços propostos nos projetos, podendo ser aplicados na aquisição de

equipamentos, contratação de terceiros, despesas com viagens, material de consumo,

software, material de laboratório e etc.

Page 46: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

33

Posteriormente, o SESI, passou a formar uma parceria com o SENAI, incluindo

a característica de apoio à inovação na área social também. Dessa forma, o objetivo

do Edital de SENAI SESI Inovação, é promover o apoio a projetos de inovação

tecnológica e social que compreendam o desenvolvimento de produtos, processos e

serviços prestados pelos Departamentos Regionais do SENAI, em parceria com

empresas do setor industrial.

Para que um projeto se candidate a receber recursos, é obrigatório a participação

de, no mínimo, uma empresa do setor industrial.

No edital de 2011, O SENAI-DN e o SESI-DN disponibilizaram até R$23,5

milhões para a cobertura dos projetos, sendo R$16 milhões para projetos SENAI e

R$7,5 milhões para projetos SESI (EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO, 2012).

Os recursos são aplicados aos projetos através de critério de pontuação,

classificados de acordo com os critérios estabelecidos no edital.

Para a divulgação do edital, são elaborados diversos materiais de marketing,

conforme ilustra a figura 4, além de um site específico para este fim, onde se pode

obter informações completas sobre o edital corrente e sobre O edital também é

divulgado nos sites dos Departamentos Regionais do SENAI.

Figura 4: Materiais de divulgação do Edital SENAI SESI de Inovação

Fonte: Apresentacão de Lançamento Edital2011

Page 47: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

34

3.1.2.2 Evolução dos Índices do Edital SESI SENAI de Inovação

Conforme dados obtidos da Unidade de Inovação e Tecnologia do SENAI DN

(UNITEC), o alcance do uso por parte das empresas do Edital de Inovação SESI

SENAI, tem evoluído exponencialmente, conforme mostram os dados de projetos

aprovados entre os anos 2004 e 2011 descritos no gráfico 3 em seguida.

Gráfico 3: Histórico de Projetos Aprovados pelo Edital de Inovação SENAI SESI entre 2004 e 2011

Fonte: Disponível em http://www.rr.SENAI.br/uploads/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20Lan%C3%A7amento%20do%20E

dital%20SENAI%20SESI%202012%20Template%20Edital%202012.pdf

Os dados da UNITEC informam ainda a evolução dos recursos financeiros

disponibilizados para os projetos entre os anos de 2004 e 2011, segundo ilustra o

gráfico 4 a seguir.

Page 48: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

35

Gráfico 4: Histórico dos Recursos Envolvidos entre os anos de 2004 e 2011

Fonte: Disponível em http://www.rr.SENAI.br/uploads/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20Lan%C3%A7amento%20do%20E

dital%20SENAI%20SESI%202012%20Template%20Edital%202012.pdf

3.1.2.3 Critérios de Qualificação de um Projeto

As empresas apresentam seus projetos os quais são submetidos a uma série

de avaliações, distribuídas em várias etapas, de forma a garantir o máximo possível

que as melhores ideias, com maior potencial de resultados positivos, utilizem os

recursos disponibilizados pelo edital.

As fases dessa classificação, está descrita na figura 5.

Figura 5: Fases de classificação dos projetos Fonte: EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO, 2012

Na fase de pré-qualificação, ocorre a eliminação automática das propostas que

não atenderam aos elementos obrigatórios estabelecidos no edital, como por

exemplo:

Fase de pré-qualificação

Avaliação Quantitativa

Avaliação Qualitativa

Apresentação dos resultados

Page 49: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

36

Contrapartida mínima de recursos financeiros e/ou matéria-prima, pela

empresa conforme limite estabelecido no edital;

Participação de profissional de área técnica como contrapartida da

empresa e do DR;

O Projeto deve possuir como resultado final um produto, processo ou

serviço inovador a ser incorporado pelo mercado/empresa.

Em seguida, na Avaliação Quantitativa, é realizada uma pontuação automática

associada aos critérios mensuráveis do edital, feita matematicamente por um software

específico para este fim. Já na Avaliação Qualitativa, é feita uma pontuação associada

aos demais critérios de avaliação do edital, realizada pela equipe de avaliadores do

SENAI/DN, SESI/DN e consultores externos.

Por fim, na apresentação dos resultados, é feito um ranking dos projetos de

acordo com a pontuação total e listagem dos aprovados.

Os critérios aos quais são submetidos os projetos concorrentes, estão abaixo

relacionados:

- Descrição do projeto

Objetivo do projeto;

Descrição do escopo do projeto;

Cronograma com etapas, tarefas e marcos de entrega definidos;

Equipe técnica adequada ao desenvolvimento do projeto;

Recursos financeiros e econômicos adequados ao desenvolvimento do

projeto.

- Descrição do produto/processo/serviço

Especificação;

Informações sobre as características inovadoras;

Grau de ineditismo.

- Descrição do projeto

Page 50: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

37

Análise de mercado;

Análise de viabilidade técnica;

Análise de viabilidade econômica;

Impactos indiretos.

- Participação da empresa parceira e contrapartida

Recursos financeiros e/ou de matéria-prima disponibilizados pela

empresa;

Recursos econômicos disponibilizados pela empresa.

- Participação do departamento regional e unidade operacional

Contrapartida financeira do DR e unidade operacional;

Recursos econômicos disponibilizados pelo DR e unidade operacional;

Histórico do DR no Edital SENAI SESI de Inovação .

3.2 As Empresas Pesquisadas

As empresas pesquisadas foram a LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software) e

a Giga Indústria e Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda, que serão

brevemente descritas a seguir.

3.2.1 LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software)

A ONIRIA, localizada em Londrina, Estado do Paraná, é uma empresa do

segmento industrial de desenvolvimento de softwares, e o produto com o qual

participou do Edital SENAI SESI de Inovação, edição do ano 2010, foi o “Simulador

de planta de instrumentação e controle de processos industriais 3D”.

Fundada em 2009, a empresa ONIRIA desenvolve soluções em sistemas de

informação para o mercado corporativo, de transportes, de saúde e treinamentos.

Segundo as informações obtidas no site da empresa (ONIRIATECH, 2013), sua

Page 51: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

38

missão é tornar acessível soluções tecnológicas mais agradáveis e de utilização mais

fácil, considerando o comprometimento e responsabilidade de seus clientes.

A ONIRIA é uma empresa independente, com sede no Brasil e possui

atualmente 25 funcionários em seu quadro

Ainda segundo informações disponíveis em seu site, a equipe técnica constitui-

se de profissionais altamente qualificados, com grande experiência de mercado,

incluindo-se os gerentes de projeto, analistas de sistema a equipe de suporte e os

programadores.

A empresa ONIRIA busca as tecnologias mais avançadas no mercado

construindo uma base sólida e eficiente, observando sempre as necessidades e

especificidades de seus clientes.

Os valores que norteiam a empresa são:

Inovação (tecnologia, facilidade de uso, convergência digital);

Ética (para uso de informações e proteção dos clientes);

Multidisciplinaridade (conhecimento de diversas áreas e profissionais).

A ONIRIA além de operar no mercado de soluções também atua no de

serviços. Neste último, através de consultorias e em projetos de terceirização.

3.2.2 Giga Indústria e Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda.

A Giga pertence ao segmento industrial de Equipamentos de segurança

eletrônica, e o produto com o qual participou do Edital SENAI SESI de Inovação em

sua quarta edição, no ano de 2007, foi o “Leitor e escritor RFID”.

A empresa recentemente passou de independente a parte de um grupo, com a

participação da empresa francesa Stamp. Dessa forma, a empresa conta agora com

uma matriz brasileira e outra francesa.

O principal mercado da empresa é o brasileiro e possui atualmente 150

funcionários.

Page 52: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

39

A empresa Giga, iniciou sua trajetória através do programa de incubadora de

empresas do Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL), sob o nome NibTec

Inovações, no período de 2005 a 2008, empregando, então, 10 funcionários, (INATEL,

2013).

Conforme informa o site da empresa (GRUPOGIGA, 2013), a Giga possui

certificação ISO 9001 e constitui-se por duas unidades de negócio, a saber, de

segurança eletrônica e de metalurgia de precisão, que surgiram durante os seis anos

de existência da empresa.

A Giga mantém seu foco no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria

contínua de seus processos, procurando manter em seu parque de máquinas,

equipamentos de última geração e mão de obra qualificada, para fornecer produtos e

serviços de alta qualidade.

Estrategicamente localizada em Santa Rita do Sapucaí, no estado de Minas

Gerais - considerada o "Vale da Eletrônica", por ser um dos principais polos de

desenvolvimento tecnológico do Brasil - e entre as principais capitais da região

sudeste, tem suas operações de logística facilitadas para o escoamento dos produtos

para todo o Brasil. A Giga ainda possui filial na Zona Franca de Manaus para a

confecção de produtos com tecnologia própria, recebendo incentivos fiscais do

governo, proporcionando uma redução substancial nos custos de produção de toda a

linha de câmeras analógicas, câmeras IP, gravadores digitais e controle de acesso.

A Giga possui estrutura para oferecer a seus clientes o suporte e assistência

técnica necessária aos produtos que comercializa.

Page 53: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

40

4 ANÁLISE DO ESTUDO DE CASOS

A análise do estudo de casos que segue, foi realizada através das respostas

fornecidas pelo Sr. Nicholas Haidu, diretora da empresa LDSoftware Ltda. (ONIRIA

Software) e pelo Sr. Bruno Mecchi Gouvêa, diretor da empresa Giga Indústria e

Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda.

4.1- Conhecimento do Edital

Analisando a maneira com que as empresas tiveram contato com o Edital

SENAI SESI de Inovação, foi possível perceber um ponto em comum: as duas foram

pró ativas na busca de fomento para desenvolver suas ideias.

Ambas as empresas possuem a inovação como premissa básica nos seus

produtos, procurando sempre oferecer algo novo no mercado. Isso se revela nas falas

das empresas, onde a empresa ONIRIA revela que já possuía um relacionamento com

o SENAI Paraná e que tomou ciência do Edital através das redes de relacionamentos

do SENAI. Já a empresa Giga, à época de sua participação, encontrava-se encubada

em uma instituição (INATEL) que, por seu caráter incentivador de novas empresas de

tecnologia, monitorava iniciativas semelhantes ao Edital.

4.2- Caracterização da Inovação

No ambiente empresarial, para ser considerada como inovação, a invenção

precisa ter viabilidade comercial, ser adotada pelo mercado e ainda gerar lucro aos

stakeholders envolvidos (SERAFIN, 2011). Não basta ser apenas uma boa ideia para

que o produto (ou processo) seja considerado uma inovação. É necessário que este

esteja em comercialização e suporte os custos de sua produção e ofereça lucro a

quem o negocie. Segundo Tigre (2006), “Inovação é a aplicação prática de uma

invenção”.

Com base nisso, pode-se considerar que os produtos desenvolvidos pelas

empresas entrevistadas tratam-se de inovações, através da evidência das respostas

às entrevistas a seguir:

Sim. Foi um simulador de plantas de processo. O nome comercial do produto é o Virtua. Está no nosso site, inclusive (GIGA, 2013).

Page 54: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

41

O produto está sendo comercializado, mas numa versão mais atual. Nós não usamos a mesma placa, mas usamos a inteligência que adquirimos com o projeto de inovação e desenvolvemos um produto novo, claro que utilizando todo o conhecimento que aprendemos (ONIRIA, 2013).

4.3- Crescimento de Produtividade e de Lucro das Empresas

Conforme já mencionado, a caracterização de uma inovação só é completa se

entrega retorno financeiro aos stakeholders envolvidos no processo, notadamente

sócios e acionistas da empresa. Sobre isso, as considerações das empresas

entrevistadas foram as seguintes:

A empresa ONIRIA, afirma que houve aumento dos lucros e que estes

alcançaram as metas esperadas à época de seu projeto participante do Edital de

Inovação. Ressalta, ainda, que vem optando pelo foco em produtos e que o produto

fruto da participação no Edital, foi um dos prioritários da empresa.

A empresa Giga, informa que também teve aumento em seus lucros, porém

não exclusivamente em função de sua participação no Edital.

A Giga solicitou que os valores em espécie revelados na entrevista não fossem

divulgados neste trabalho, mas foi possível verificar que são bastante expressivos.

A Giga não soube precisar se as metas de vendas com o projeto foram

atingidas, mas a percepção quanto a isto é favorável.

4.4- Criação de mais e/ou de Melhores Empregos

O crescimento das empresas pode ser revelado através do aumento no número

de funcionários, porém no caso de empresas inovadoras, melhor ainda é o indicador

obtido pela qualificação da mão de obra empregada.

As respostas da pesquisa revelam a posição de empresas em crescimento. As

duas empresas afirmaram aumento em seus quadros de funcionários. Atentam ao fato

de que a participação no Edital não foi condição sine qua non, mas que contribuiu para

Page 55: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

42

o sucesso da empresa e, consequentemente, para a contratação de mais

funcionários.

A empresa Giga afirma que no início de suas operações contava com 5

funcionários e, atualmente, emprega 150 pessoas.

Quanto a melhoria no nível de qualificação de seus funcionários, a empresa

Giga investe numa equipe de mestres e engenheiros para o desenvolvimentos de

novos projetos.

Essa é uma das caraterísticas de empresas inovadoras, e que o Brasil precisa

perseguir, conforme demonstra Viotti (2005, p.55).

4.5- Investimentos e Criação de Competências em P&D

O investimento em P&D, é uma das principais estratégias presentes nas

empresas inovadoras em todo o mundo (SERAFIN, 2011). Para que a cultura de

inovação se instale em definitivo numa empresa, o investimento em pesquisa e

desenvolvimento é fundamental.

Quanto aos investimentos nesse sentido, as empresas entrevistadas

concordam que a participação no Edital agregou valor, apesar já ter essa consciência

anteriormente.

A empresa Giga mantém parceria com a universidade de Santa Rita e com o

INATEL, e todo investimento em P&D é realizado através destes convênios. Esse é

um aspecto muito interessante, pois justamente caminha na direção observada por

Viotti (2005), que aponta a necessidade de que mestres e doutores apliquem seus

conhecimentos nas empresas, além do espectro das instituições de ensino.

Através da parceria com a INATEL, A empresa Giga mantém a seus serviços,

uma equipe de 15 engenheiros e mestres no desenvolvimento de novos produtos.

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43

4.6- Construção da Cultura de Inovação na Empresa

O Edital é uma iniciativa do SENAI e do SESI que visa a despertar a cultura da

inovação na indústria brasileira. A partir dessa afirmação, presente no próprio Edital,

procurou-se conhecer nas empresas entrevistadas, se, de fato, houve contribuição

para o alcance desse objetivo. Sobre isso, as empresas informaram que:

Sim, com certeza, tanto do próprio produto que já foi aprimorado posteriormente aos trabalhos que foram fomentados pelo edital, quanto de forma geral no restante da empresa. Nós temos inclusive várias premiações por inovação, prêmios dos nossos clientes por fornecimento com inovação, projetos de destaque (ONIRIA, 2013).

Várias! Sem dúvida. É difícil mensurar. Foi na época fundamental, estávamos muito pequeno, não tínhamos grana para nada e ai veio um investimento bom para a gente conseguir desenvolver um produto que foi o primeiro produto que começou a girar na nossa empresa. Hoje não e o produto mais significativo, mas ajudou muito para aquela época. Talvez seria mais difícil de acontecer sem esse recurso (GIGA, 2013).

4.7- Incentivos Técnico e Financeiros do Edital

Para inovar, Schumpeter (1982) afirma que o empreendedor necessita de

crédito para que possa produzir e se tornar capaz de executar novas combinações de

fatores para tornar-se empreendedor. Já Tigre (2006) alega que empresas inovadoras

utilizam diversas fontes de tecnologia, informação e conhecimento e que elas se

dividem em internas e externas.

Através do auxílio de seus profissionais e serviços laboratoriais, o Edital se

propõe também a ser fonte de incentivo técnico, agindo como uma fonte externa de

tecnologia informação e conhecimento. Talvez nesse ponto, o Edital tenha seu

principal diferencial em relação a outras iniciativas semelhantes, que focam apenas

no auxílio financeiro.

As respostas das empresas entrevistadas divergem nesse aspecto. A

percepção da empresa ONIRIA, tende a valorizar o suporte técnico do SENAI.

Acho os incentivos foram igualmente importantes. A parte financeira com certeza ajuda a viabilizar o desenvolvimento do projeto, mas sem o conhecimento técnico do SENAI, que demandava e que tinha o conhecimento

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44

dessas plantas de processo, teria sido impossível, então, ambos. Talvez a parte técnica tenha sido mais importante, mas se tivesse falhado uma das duas, talvez o projeto não tivesse ocorrido (ONIRIA, 2013).

Para a empresa Giga, o aporte financeiro foi o mais importante

Foi o incentivo financeiro que permitiu contratarmos profissionais para realizar o projeto. O incentivo que tivemos por parte do SENAI foi mais na área de prototipagem. Foi o auxílio direto nessa parte. A parte técnica do SENAI. Porque o que trouxe skill técnico para o time foi o dinheiro que a gente investiu em desenvolvimento. Foi o recurso do SENAI investido dentro da Giga e não dentro do SENAI.

O SENAI deu também um suporte técnico, mas eu diria que foi a menor parte. O que influenciou mais no sucesso do projeto foi o dinheiro para contratarmos profissionais de desenvolvimento. (GIGA, 2013).

4.8- Destino dos Recursos ao Final do Projeto

Segundo informado no Edital, todos os bens e equipamentos adquiridos com a

utilização de recursos do SENAI-DN e/ou SESI-DN, no âmbito do Edital, serão de

propriedade do SENAI-DR ou SESI-DR.

O Edital também afirma que Os Departamentos Regionais que tiverem projetos

híbridos SENAI-SESI deverão estabelecer um Acordo de Cooperação Técnica entre

os Departamentos Regionais.

As respostas das empresas esclarecem como funcionou o mecanismo dos

aportes e o destino dos recursos, patentes e propriedade intelectual ao final do projeto.

A ONIRIA explica que existe um acordo entre o SENAI e a empresa. Esse

acordo varia conforme a natureza do projeto. No caso da ONIRIA, foi feito o

pagamento de royalties ao SENAI sobre o faturamento das vendas do produto. A

propriedade intelectual ficou com a ONIRIA.

É feito um acordo entre as partes, entre a empresa e o SENAI. Existem royalties. A propriedade é da empresa e o SENAI recebe alguns royalties pela comercialização do produto. Por ter participado do desenvolvimento, por ter fomentado o desenvolvimento, ele recebe royalties. Mas isso varia de caso à caso. Depende de cada um. No caso do software é um registro de propriedade intelectual. Como é um produto que não tem equipamento, não existe patente, nos protegemos de outras maneiras (ONIRIA, 2013).

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45

Não foram adquiridos equipamentos, no caso do projeto da empresa Giga, mas

houve a devolução de recursos ao SENAI, que por sua vez, flexibilizou essa operação,

considerando a dificuldade financeira da empresa, ainda no início de suas atividades.

Nós não patenteamos, mas toda a propriedade intelectual, produto etc. ficou com a Giga. O dinheiro foi investido em desenvolvimento, protótipo. (Não haviam equipamentos a serem devolvidos). Nós tivemos que devolver recurso para o SENAI, sem dúvida. Na época foi muito difícil porque estávamos faturando, mas não o suficiente para devolver o recurso integral. Nós tivemos um acordo com o SENAI, devolvemos parte do dinheiro e acertamos assim. Mas o SENAI foi bastante compreensivo na época (GIGA, 2013).

4.9- Impressões Finais sobre a Participação no Edital

Quais as impressões finais da empresa sobre o aproveitamento e limitações

encontradas nos recursos recebidos do SENAI? Sua empresa concorreria

novamente?

As empresas respondentes desta pesquisa, de modo geral, classificaram como

positiva suas experiências na participações do Edital. A empresa ONIRIA classifica

como excelente a iniciativa do Edital.

A empresa Giga afirma ter sido muito bom ter participado do Edital na época.

Cada uma das empresas criticaram pontos distintos na execução de seus

projetos.

A empresa ONIRIA faz uma crítica generalizada aos órgãos públicos, referente

à burocracia para a liberação dos recursos. Para esclarecimento, o SENAI não é um

órgão público, porém utiliza verba proveniente de impostos e obedece a uma

legislação própria, com características semelhantes àquela seguida por órgãos

públicos.

Talvez a única coisa que ele deixa um pouco a desejar, que na verdade não é uma crítica ao SENAI, é uma crítica geral a órgãos públicos, porque o SENAI está restrito as leis de licitação e isso acaba dificultando muito. A gente perde, digamos assim, a perde um tempo até que isso seja operacionalizado. Então, para comprar qualquer equipamento, você tem um processo ai que é demorado, não houve para esse projeto, mas nós já tivemos outros projetos com o SENAI onde existe isso, então contratação de terceiros, existe todo aquele processo de licitação que acaba sendo um pouco moroso. Como os

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46

projetos muitas vezes o aporte de dinheiro nem é tão expressivo assim, eu acho que poderia ser agilizado de alguma forma, mas isso não é uma crítica ao SENAI. É uma crítica de maneira geral à forma como o governo contrata produtos e serviços (ONIRIA, 2013).

A crítica da Giga refere-se ao risco assumido pela empresa, pois, no caso de

fracasso do projeto, ainda assim existe a necessidade de devolução de recursos ao

SENAI. A empresa sugere que tal devolução deveria estar atrelada ao sucesso

comercial do projeto.

O fato de ter que devolver o dinheiro para o SENAI deveria ser estritamente atrelado ao sucesso do projeto, porque se você não tem sucesso no projeto, você pode quebrar a empresa. E foi o que quase aconteceu com a gente na época. Mas conseguimos negociar com eles. Dissemos “O sucesso desse projeto foi parcial...”, negociamos e conseguimos um abono nesse sentido. Isso foi uma compreensão muito boa do SENAI com a gente. Nos projetos novos acho que deveria se devolver o dinheiro com base no sucesso (do projeto). Se não tiver sucesso, que fique como um investimento que, como chamam, não-reembolsável. Eu acho que seria o melhor formato para o desenvolvimento da indústria nacional (GIGA, 2013).

A empresa ONIRIA, afirma que continuou concorrendo nos editais

subsequentes, sempre conseguindo classificar seus projetos, demonstrando, assim,

que o Edital é importante para seu desenvolvimento.

Com certeza não só concorreríamos (em um novo Edital), como concorremos no ano passado e vencemos mais um. É um projeto que está em andamento, o produto ainda não está finalizado. Mas esse que você está falando da planta de processo, é um edital de 2010, ano passado2012 nós tivemos um outro projeto aprovado. Então, não só recomendamos como estamos ativamente participando de novas rodadas (ONIRIA, 2013).

A empresa Giga, reforça sua crítica e condiciona sua participação em novo

edital do SENAI SESI à revisão das regras quanto aos riscos envolvidos no sucesso

do projeto. Informa, porém, que continua concorrendo em outros editais do gênero.

Eu acho que nos concorreríamos novamente, se fosse fundo não reembolsável. Nós estamos concorrendo a vários agora a CIBRATEC, que eu não sei se tem envolvimento do SENAI, estamos concorrendo na FINEP, subvenção econômica. Estamos concorrendo a vários editais. Eu acho que concorreríamos se fosse verba não reembolsável, atrelado ao sucesso do projeto. Se tiver fracasso o projeto, o fracasso seria em conjunto (GIGA, 2013).

Page 60: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

47

4.10- Inovação Radical ou Incremental

As inovações podem ser de caráter incremental, referindo-se à introdução de

qualquer tipo de melhoria em um produto (FREEMAN, 1988) ou radical, nesse caso,

um produto, processo ou serviço que oferece atributos de performance inéditos ou

características que promovam melhoras significativas de desempenho ou custo e

transforme os mercados existentes ou crie novos mercados (LEIFER; O‟CONNOR;

RICE, 2002).

A inovação radical possui característica mais revolucionária e seus impactos

ainda são pouco compreendidos, ao passo que a inovação incremental, a mais

praticada, tem foco no retorno mais imediato e, por vezes, confunde-se com simples

imitação de outro produto de sucesso comercial.

A empresa ONIRIA afirma que seu produto é uma inovação radical por ser

direcionado a um público distinto daquele em que vinha atuando.

Ele foi um produto totalmente novo, uma área nova, o público alvo dele é diferente. Em termos de tecnologia, de simulação, a ONIRIA já possuía tecnologia de simulação, mas ela precisava aprimorar, desenvolver certas partes para atender aos requisitos desse novo projeto. Então, em termos técnicos, eu diria que não houver uma revolução tão grande assim, mas a inovação é radical a partir do princípio que era um mercado novo no qual a empresa não atuava (ONIRIA, 2013).

Para a empresa Giga, seu produto, foi uma inovação baseada em tecnologia já

existente e trata-se assim de uma inovação incremental.

Era um aprimoramento, mas era inovador, porque não existia nem na empresa nem no mercado. Era um leitor com dois protocolos de comunicação, era um leitor para identificação por rádio frequência, só que já haviam leitores, só que cada um com um protocolo. Ai nós desenvolvemos um que juntava e unificava esses protocolos num leitor só. Existem dois padrões de mercado que nos liamos num único leitor (GIGA, 2013).

4.11- Quanto a Difusão das Inovações

São classificados em três os fatores condicionantes que influenciam na difusão

das inovações: condicionantes técnicos, condicionantes econômicos e condicionantes

institucionais.

Page 61: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

48

A dificuldade enfrentada pela empresa ONIRIA, foi quanto à penetração em um

novo mercado, onde desconhecia as regras de participação, caracterizando, assim,

uma limitação imposta por um condicionante institucional.

Sendo um novo produto para um mercado que até então não era atingido pela empresa, houve uma dificuldade natural de penetração de mercado, digamos assim, no sentido de se inteirar das regras. [...] Então, sendo um mercado onde não atuávamos, houve uma dificuldade natural, eu diria, com base comercial, de você operacionalizar esse novo mercado, esse novo cliente, enfim, esse novo público alvo (ONIRIA, 2013).

A empresa Giga apresentou em seu depoimento dificuldades que possuem

características tanto de condicionantes técnicos quanto de condicionantes

institucionais.

Eu acho que a maior dificuldade é você entender o processo da venda, da instalação do produto, aonde você vai se posicionar, s e você é fabricante, se você é um distribuidor, se você é um instalador. As indústrias as vezes elas querem fazer tudo e o sucesso está em perceber que vc não consegue fazer tido. A Giga hoje não faz uma instalação. Ela conta com um canal de milhares de instaladores no brasil todo. Acho que essa foi a maior dificuldade para a gente começar (GIGA, 2013).

Page 62: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÂO PARA ESTUDOS FUTUROS

5.1 Considerações Finais

O objetivo deste trabalho foi analisar, por meio de um estudo de casos

múltiplos, como o SENAI tem contribuído para a inovação na indústria brasileira,

através dos Editais de Inovação.

Para atingir esse objetivo foram entrevistados os diretores das empresas

LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software) e a Giga Indústria e Comércio de Produtos

Mecânicos e Eletrônicos Ltda.

A inovação pode ser caracterizada nas empresas pesquisadas, pois os

produtos desenvolvidos através do fomento do Edital estão presentes no mercado.

Como observou Shumpeter (1982), já no início do século XX, o empresário

inovador precisa de crédito para que possa produzir e capacitar-se a executar novas

combinações de fatores para tornar-se empreendedor.

As análises das respostas obtidas nesta pesquisa demostram claramente que

as empresas que possuem em seu DNA o gene da inovação, necessitam desse

combustível, dessa injeção de incentivos, para que possa via a alçar voo solo,

interiorizando a cultura de inovar. Tal como o Edital SENAI SESI de Inovação, existem

outras iniciativas disponibilizando capital a serviço da inovação nas indústrias, porém

um grande diferencial sobre as demais, é que o Edital, objeto deste estudo, além do

fomento financeiro, tem o poder, através de seus profissionais, de prestar assistência

técnica no desenvolvimento dos projetos.

Verificou-se então, através das respostas obtidas que a efetividade da

contribuição do Edital SENAI SESI de Inovação, evidencia-se por meio dos

crescimentos relatados pelas empresas, no que tange ao faturamento, à mão de obra

empregada e sua qualidade e aos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento,

condições fundamentais para a evolução de empresas inovadoras.

Page 63: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

50

Coerente com os estudos presentes na revisão bibliográfica deste trabalho,

constata-se que o aumento do faturamento de empresas inovadoras, que agregam

valores aos seus produtos, que procuram inovações não somente incrementais, como

demonstrado no gráfico 2 , é proporcionalmente maior quando comparado ao

faturamento de empresas fornecedoras de commodities, de produtos comuns, pois

neste caso, a vulnerabilidade é grande. Existem outros que o fazem. O mercado de

produtos com ampla concorrência, sem diferencial, acompanha os preços, não os dita.

A importância do Edital, nesse aspecto, é o de acelerar a assimilação de

conhecimentos e inovações de alta tecnologia nas empresas brasileiras,

impulsionando o peso desses setores nas exportações do Brasil.

A iniciativa do Edital também se mostra importante, no momento em que leva,

através do suporte técnico, os pesquisadores a trabalhar, não mais somente no

ambiente acadêmico, mas em prol das empresas, empregando seus conhecimentos

avançados na busca por novas soluções e aperfeiçoamentos de produtos e

processos. Dessa forma, estimula a criação da cultura de inovação, procurando

libertar o Brasil de país importador e usuário de tecnologia estrangeira, rumo ao

patamar de criador e exportador de soluções. Parafraseando Viotti (2005), é nesta

categoria de produtos, onde as melhores (e mais lucrativas) oportunidades

tecnológicas se apresentam.

Verificou-se assim, que nas empresas entrevistadas, a cultura de inovação é

presente e que, em maior ou menor grau, a participação no Edital foi significativa para

o reforço e aprimoramento desta cultura.

As empresas entrevistadas também tiveram opiniões semelhantes entre si

quanto à importância do Edital, apesar de fazerem críticas quanto à burocracia na

liberação dos recursos e processos de compra e quanto à incerteza referente ao fator

de risco assumido pela empresa ao utilizar os recursos financeiros disponibilizados.

Isso demonstra que, a cada lançamento de novo Edital, o SENAI e o SESI

possuem campo para constante evolução, na busca pelo melhor modelo a oferecer

às empresas brasileiras. È preciso ouvir os empresários, nas suas críticas e

sugestões, uma vez que não há sentido no Edital, se não cumprir da melhor forma

seu objetivo.

Page 64: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

51

Cada empresa entrevistada apontou aspectos distintos como principais, na

aplicação do Edital. Para uma, o aporte financeiro foi mais importante, enquanto para

a outra, o suporte tecnológico teve um peso maior. Conclui-se disso que ambos os

incentivos têm importância no apoio a empresas inovadoras.

Verifica-se então que o SENAI, ao buscar uma forma de colaborar com a

inovação nas empresas brasileiras, optou por criar o Edital de Inovação, com o

objetivo principal de criar ou incentivar a cultura de inovação alavancando a produção

de médio e alto grau de tecnologia embarcada nos produtos brasileiros.

Os dados apresentados nos gráficos 3 e 4 mostram o número crescente de

empresas participantes (evidenciando o efeito dos mecanismos de divulgação) e o

crescimento exponencial do volume de recursos financeiros disponibilizado às

empresas participantes. Sob essa ótica, pode-se concluir que o Edital tem conseguido

com sucesso, chegar ao público a que se destina e cumprir seus objetivo.

As empresas pequisadas, foram reconhecidamente auxiliadas pelo SENAI com

recursos financeiros e com o apoio de seu corpo técnico, tornando possível o

desenvolvimento completo de seus projetos, acompanhando e auxiliando durante as

suas fases, contribuindo através de competências em dimensões diversas, seja no

gerenciamento de recursos ou através do conhecimento técnológico.

Por meio das evidências e conclusões apresentadas nesse trabalho, verificou-

se como empresas tiveram projetos inovadores selecionados e apoiados pelo Edital

SENAI SESI de Inovação, que tem dessa forma conseguido com sucesso auxiliar a

inovação na indústria brasileira.

5.2 Sugestão para Estudos Futuros

Como sugestão para estudos futuros, recomenda-se considerar a ampliação

do número de empresas pesquisadas, o que poderia corroborar ou refutar as

conclusões apresentadas neste trabalho.

Page 65: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

52

Não se deve descartar também a possibilidade de um estudo quantitativo, por

meio de análise estatística sobre o alcance e a importância do Edital no apoio à

inovação de produtos e processos nas empresas brasileiras.

Por fim, através das críticas de empresários, um estudo com espaço amostral

mais amplo, pode vir a colaborar no aperfeiçoamento das regras dos próximos Editais,

de forma a melhor atender aos seu objetivo de incentivar a inovação nas indústrias

brasileiras.

Page 66: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

53

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Page 68: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

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Page 69: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

56

1 Edital SENAI SESI de inovação 2011

Brasilia 2011

ANEXO A - EDITAL DE INOVAÇÃO SENAI SESI

Page 70: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 57

Edital SENAI SESI de Inovação 2011

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI

Robson Braga de Andrade

Presidente

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA - SESI

Conselho Nacional

Jair Meneguelli

Presidente

SESI - Departamento Nacional

Robson Braga de Andrade

Diretor

Carlos Henrique Ramos Fonseca

Diretor Superintendente

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade

Presidente

SENAI - Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti

Diretor Geral

Regina Maria de Fátima Torres

Diretora de Operações

2

Page 71: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 58

Serviço Social da Indústria Departamento Nacional

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional

nós ajudamos suas ideias a nascer.

Brasília

2011 © 2011. SENAI – Departamento Nacional

© 2011. SESI – Departamento Nacional

Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

SENAI/DN

Edital SENAI SESI

de

Inovação 2011

Se a inovação está no DNA da sua empresa,

Page 72: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 59

Unidade de Inovação e Tecnologia – UNITEC

SESI/DN

Unidade de Tendências e Prospecção – UNITEP

Ficha catalográfica

S491e

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.

Edital SENAI SESI de inovação 2011: se a inovação está no DNA da

sua empresa, nós ajudamos suas idéias a nascer / Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Social da

Indústria. Departamento Nacional. – Brasília, 2011.

54p.

1. Inovação I. Serviço Social da Indústria II. Título

CDU: 608.5

SESI

Serviço Social da

Indústria

Departamento

Nacional

Sede

Setor Bancário

Norte

Quadra 1 – Bloco

C

Edifício Roberto

Simonsen

Page 73: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 60

Sumário

1 DENOMINAÇÃO, OBJETIVO E GOVERNANÇA 7

1.1 Denominação 7

1.2 Objetivo do edital 7

1.3 Participação de empresa 7

1.4 Governança 7

1.4.1 Obrigações do SENAI-DN e do SESI-DN 8

1.4.2 Obrigações do Proponente/Executor 8

1.5 Dúvidas e esclarecimentos

8

2 CRONOGRAMA E RECURSOS 9

2.1 Cronograma 9

2.2 Recursos financeiros 9

2.3 Bolsas CNPq 10

3 APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS 10

3.1 Estrutura do projeto 10

3.2 Especificidades da proposta 11

4 PROCESSO DE AVALIAÇÃO E CONTRATAÇÃO DOS PROJETOS 12

4.1 Etapa 1 - Caráter obrigatório 12

4.2 Etapa 2 - Critérios de Avaliação 12

4.2.1 Caráter inovador 12

4.3 Etapa 3 - Contratação dos projetos

15

5 CONTROLE, MONITORAMENTO E DIVULGAÇÃO DOS PROJETOS 15

5.1 Acompanhamento dos projetos e prestação de contas 15

5.2 Divulgação 16

6 BENS ADQUIRIDOS NO ÂMBITO DO EDITAL 17

7 CASOS SUBMISSOS

APÊNDICE

17

Representantes Regionais do Edital SENAI SESI de Inovação 2011 18

Page 74: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 61

DENOMINAÇÃO, OBJETIVO E GOVERNANÇA

Denominação

SENAI/SESI - Inovação 2011. É uma ação de abrangência nacional

voltada para os Departamentos Regionais (DRs) do SESI, do SENAI e do

SENAI/Cetiqt, envolvendo suas unidades e profissionais, em parceria com

empresas do setor industrial.

Objetivo do edital

Promover o apoio a projetos de inovação tecnológica e social que

compreendam o desenvolvimento de produtos, processos e serviços prestados

pelos DRs, em parceria com empresas do setor industrial.

Participação de empresa

Para efeitos deste Edital, é obrigatória a participação de, no mínimo, uma

empresa do setor industrial.

Caso haja desistência da participação da empresa privada após a

aprovação do projeto, o Departamento Regional (DR) envolvido terá o direito de

buscar outra empresa que tenha interesse no desenvolvimento do referido

projeto em até 60 dias após a desistência da empresa, mediante análise técnica

e aprovação do Departamento Nacional (DN).

Governança

A administração geral desta ação é de responsabilidade do SENAI-

DN/Unidade de Inovação e Tecnologia/Gerência de Inovação Tecnológica e do

SESI-DN/Unidade de Tendências e Prospecção.

Edital SENAI SESI

de Inovação 2011

Page 75: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 62

Obrigações do SENAI-DN e do SESI-DN:

a. Disponibilizar parte dos recursos financeiros necessários para o desenvolvimento

das inovações tecnológicas e sociais; No caso de projetos comuns SENAI-SESI

devem ser observados os requisitos do item 2.2.;

b. Realizar o monitoramento físico e financeiro dos projetos de inovação;

c. Monitorar e controlar as bolsas disponibilizadas pelo CNPq, de acordo com o

regulamento dessa organização.

Obrigações do Proponente/Executor:

a. Apresentar proposta conforme estrutura exigida neste Edital;

b. Disponibilizar recursos financeiros e econômicos, conforme contrapartidas

estabelecidas no Termo de Compromisso da proposta;

c. Executar e monitorar os projetos de inovação, conforme cronograma proposto;

d. Selecionar o bolsista e acompanhar seu respectivo Plano de Trabalho;

e. Apresentar prestação de contas final do projeto, de acordo com procedimentos de

apoio financeiro estabelecidos pelas entidades nacionais;

f. Apresentar evidências de impactos gerados na empresa e no mercado após a

finalização do projeto.

Dúvidas e esclarecimentos

Para fins de esclarecimento acerca das regras deste Edital, o SENAI/DN

e o SESI/ DN contarão com uma equipe de representantes nos Departamentos

Regionais, os quais estão apresentados no quadro anexo ao final deste

documento.

Cronograma e recursos

Cronograma

A operacionalização da ação se dará conforme o seguinte cronograma

Lançamento do Edital 15/03/2011

Período para as empresas

apresentarem suas propostas ao

SENAI/SESI Regional

15/03 a 06/05/2011

Page 76: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 63

Período para recebimento/

cadastramento dos projetos no sistema de

submissão Technix

15/03 a 20/05/2011

Julgamento dos projetos recebidos 23/05 a 15/07/2011

Divulgação dos resultados do

julgamento 22/07/2011

Envio dos contratos ao DN 25/07 a 02/09/2011

Início das atividades dos projetos

aprovados 03/10/2011

Recursos financeiros

O SENAI-DN e o SESI-DN disponibilizarão até R$23,5 milhões para a

cobertura dos projetos, sendo R$16 milhões para projetos SENAI e R$7,5

milhões para projetos SESI. Esses recursos serão aplicados nos projetos com

maior pontuação, classificados de acordo com os critérios estabelecidos no item

4.2 deste Edital.

O aporte de recursos por projeto pode chegar a R$300 mil para os

projetos do SESI ou SENAI. Os projetos desenvolvidos em parceria SENAI-

SESI poderão chegar a R$400 mil. Os Departamentos Regionais que tiverem

projetos híbridos SENAI-SESI deverão estabelecer um Acordo de Cooperação

Técnica entre os Departamentos Regionais, constando obrigações,

responsabilidades e contrapartidas de cada entidade na execução do projeto.

Bolsas CNPq

Adicionalmente aos recursos financeiros disponibilizados pelo SENAI/DN e o SESI/

DN para esta ação, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio

do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

disponibilizará até R$2,5 milhões em bolsas de Desenvolvimento Tecnológico e

Industrial (DTI).

De acordo com o convênio CNPq/SENAI-DN/SESI-DN, os projetos

apresentados poderão prever, além do valor para custeio dos projetos

(conforme item 2.2.), uma bolsa na modalidade Desenvolvimento Tecnológico

e Industrial (DTI) por período restrito à execução do projeto, como forma de

Page 77: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 64

complementação da competência da equipe responsável pelo projeto. Caso

haja disponibilidade orçamentária, será analisada a possibilidade de inserção

de mais de uma bolsa DTI no projeto.

Os projetos serão contemplados com as bolsas de pesquisa de acordo com a

disponibilidade orçamentária do convênio com o CNPq.

As bolsas serão implementadas pelo CNPq segundo as normas e

procedimentos dessa organização, que podem ser consultados no endereço

http://www.cnpq.br/normas/ rn_10_015_anexo1_dti.htm. Os valores das bolsas

podem ser consultados em http:// www.cnpq.br/normas/rn_10_016.htm.

Os candidatos a bolsas DTI que forem selecionados para participar dos projetos

somente poderão iniciar suas atividades após aprovação pelo CNPq.

Apresentação das propostas

Estrutura do projeto

O projeto a ser desenvolvido pelo DR em parceria com a empresa deve

ser enviado por meio do módulo de submissão Technix, com o preenchimento

de todas as informações solicitadas no software, acompanhado dos seguintes

anexos:

a. Termo de Compromisso, assinado pelo Diretor/Superintendente Regional,

pelo Representante Legal da empresa, pelo Diretor da Unidade SENAI/SESI e

pelo gestor do projeto;

b. Termo de confidencialidade, estabelecendo as cláusulas de sigilo no que

concerne ao desenvolvimento do projeto;

c. Inscrição estadual da empresa parceira, emitido pela Secretaria de Fazenda

(http://

www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/CNPJ/cnpjreva/Cnpjreva_Solicitacao

.asp).

Os documentos que necessitarem de assinaturas deverão ser

encaminhados em meio físico, via malote ou sedex, devidamente assinados,

com data de postagem nos Correios até o dia 20/05/2011. Não serão aceitos

documentos assinados em meio eletrônico (documentos digitalizados).

Page 78: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 65

Especificidades da proposta

a. Prazo de execução do projeto: máximo de 20 meses, iniciados a partir da

data de início das atividades dos projetos aprovados, conforme cronograma

apresentado no item 2.1.

b. Elementos financiáveis: passagens e diárias de viagens, contratação de

serviços PF e PJ, máquinas e equipamentos, materiais de consumo, horas

máquinas, softwares e horas técnicas de profissionais de área técnica das

unidades do SENAI/SESI, desde que vinculados e inerentes ao projeto

aprovado;

c. Elementos não financiáveis: salários, ordenados, encargos ou férias de

funcionários do SENAI/SESI ou da empresa parceira.

OBSERVAÇÃO 01: Os recursos financeiros destinados a contratação de

terceiros não poderão exceder a 60% do recurso disponibilizado pelo

Departamento Nacional aos projetos, exceto quando o contratado seja outro

Departamento Regional ou mediante justificativa técnica a ser apresentada na

descrição do projeto, que será avaliada pela Comissão de Avaliação.

PROCESSO DE AVALIAÇÃO E CONTRATAÇÃO DOS PROJETOS

As propostas serão analisadas quanto ao seu mérito, sendo a análise

realizada em duas etapas: Caráter obrigatório (pré-qualificação) e Critérios de

Avaliação. A seleção dos projetos será realizada por Comitê de especialistas,

constituído por analistas do SENAI-DN, do SESI/DN e por consultores externos.

Etapa 1 - Caráter obrigatório (Análise Preliminar)

A avaliação das propostas prevê uma etapa preliminar de qualificação,

onde serão considerados os elementos obrigatórios listados abaixo. As

propostas que não atenderem a todos os elementos serão automaticamente

desclassificadas e não seguirão para a etapa de avaliação.

a. Participação de empresa industrial parceira no projeto, estabelecida há pelo menos

01 (um) ano, contado até a data limite da submissão da proposta;

Page 79: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 66

b. Contrapartidas pela empresa e pelo Regional envolvendo recursos financeiros

e/ou matéria-prima, conforme limites estabelecidos no Detalhamento dos

Critérios de

Avaliação;

c. Participação de profissional de área técnica como contrapartida da empresa e do

DR;

d. Projetos que possuam como resultado final um produto, processo ou serviço

inovador a ser incorporado pelo mercado/empresa;

e. Encaminhamento dos documentos constantes no item 3.1.

Etapa 2 - Critérios de Avaliação (Análise do Mérito)

Caráter inovador

Para fins deste Edital, as propostas de projetos deverão atender a pelo menos

um dos conceitos abaixo apresentados:

Inovação tecnológica - trata-se da inovação de processo e/ou de produto.

A inovação de processo consiste na incorporação de novas tecnologias ao

processo produtivo de uma determinada empresa. Essa tecnologia pode ser

incorporada com a inserção ou substituição de etapas do processo, implantação

de software que impacte diretamente o processo, adaptação de maquinário, etc.

Já a inovação de produto é aquela em que, ao final da pesquisa aplicada e do

desenvolvimento experimental, resulta em um produto que pode ser adquirido por

consumidores ou por outras empresas.

Tecnologia Social Inovadora - intervenção social, replicável e com

potencial impacto social, desenvolvida e/ou aplicada na interação com a

indústria. Para o SESI, a Tecnologia Social da Indústria compreende o

desenvolvimento de metodologias, diagnósticos, ferramentas e processos

inovadores que contribuam para a qualidade de vida do trabalhador da indústria

nas temáticas da saúde, educação, lazer, esporte, cultura e responsabilidade

social.

Page 80: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 67

Os projetos propostos pelo SENAI serão avaliados pelos itens comuns e de

inovação tecnológica.

Os projetos propostos pelo SESI serão avaliados pelos itens comuns e de

tecnologia social inovadora.

Os projetos híbridos SENAI-SESI serão avaliados pela junção dos itens de

inovação tecnológica e tecnologia social inovadora.

ITEM ITEM AVALIADO PONTUAÇÃO

1 DESCRIÇÃO DO PROJETO

PONTUAÇÃO

MÁXIMA: 200

PONTOS

1.1 Objetivo do projeto 40

1.2 Descrição do escopo do projeto 40

1.3

Equipe técnica adequada ao desenvolvimento do projeto

40

1.4

Cronograma com etapas, tarefas e marcos de entrega

definidos 40

1.5

Recursos financeiros e econômicos adequados ao

desenvolvimento do projeto 40

2 DESCRIÇÃO DO PRODUTO/PROCESSO/ SERVIÇO

PONTUAÇÃO

MÁXIMA: 150

PONTOS

2.1 Especificação do produto/processo/serviço 50

2.2

Informações sobre as características inovadoras do

produto/processo/serviço proposto 50

2.3 Grau de ineditismo 50

3 ANÁLISE DE VIABILIDADE DO PROJETO

PONTUAÇÃO

MÁXIMA: 300

PONTOS

3.1 Análise do mercado 80

Page 81: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 68

3.2 Análise de viabilidade técnica 80

3.3 Análise de viabilidade econômica 80

3.4 Impactos indiretos 60

4 PARTICIPAÇÃO DA EMPRESA PARCEIRA NO

PROJETO

PONTUAÇÃO

MÁXIMA: 250

PONTOS

4.1

Recursos financeiros e/ou matéria-prima disponibilizados

pela empresa 150

4.2

Recursos econômicos disponibilizados pela empresa

100

5 PARTICIPAÇÃO DO DEPARTAMENTO REGIONAL E

UNIDADE OPERACIONAL

PONTUAÇÃO

MÁXIMA: 100

PONTOS

5.1

Recursos financeiros e de matéria-prima disponibilizados

pelo DR e unidade operacional 60

5.2

Recursos econômicos disponibilizados pelo DR e unidade

operacional 40

5.3 Histórico do DR no Edital SENAI SESI de

Inovação

+ 15% da pontuação

total do projeto

No caso de ocorrer o empate na nota final - definida no item 4.2 -

receberá o apoio do DN o projeto que obtiver melhor pontuação no item “Análise

de Viabilidade do Projeto”. Caso persista o empate, será considerada

vencedora a proposta que tenha apresentado a maior contrapartida financeira

(DR/UO + Empresa).

Etapa 3 - Contratação dos projetos

Para os projetos aprovados, deverá ser firmado um contrato entre os

parceiros, discriminando obrigações, prazos, orçamento, cláusulas de

propriedade industrial e de benefícios dos envolvidos. O contrato deverá ser

assinado e uma via encaminhada ao DN, para que seja autorizada a execução

do projeto.

Page 82: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 69

A liberação dos recursos procederá conforme orientação encaminhada pelas

áreas de planejamento do SENAI/DN e do SESI/DN.

Depois de concedido o fomento, não poderá haver alteração de rubrica

de contas de despesas de capital para contas de despesas correntes. Da

mesma forma, não poderá haver alteração de rubrica de contas de despesas

correntes para contas de despesas de capital.

Os Departamentos Regionais, que tenham pendências quanto à

conclusão e prestação de contas de projetos anteriores apoiados pelo

Departamento Nacional, deverão sanálas para receber os recursos deste Edital.

CONTROLE, MONITORAMENTO E DIVULGAÇÃO DOS PROJETOS

Acompanhamento dos projetos e prestação de contas

O controle e o monitoramento dos projetos selecionados serão realizados

conforme abaixo:

Responsabilidades dos DRs:

a. Alimentação de informações no Módulo de Gestão de Projetos Technix visando o

acompanhamento da evolução física, financeira e monitoramento das entregas;

b. Envio trimestral e final de relatório dos bolsistas, quando aplicável;

c. No encerramento do projeto, deverão ser encaminhados as seguintes informações:

• Relatório de prestação de contas final dos recursos recebidos do SENAI-DN

e/ou SESI-DN, bem como das contrapartidas dos DRs e das empresas;

• Relatório de encerramento do projeto conforme modelo a ser fornecido pelo

Departamento Nacional;

• Para projetos de inovação tecnológica, deve ser enviado ao final do projeto,

juntamente com os Relatórios de Prestação de Contas final e de

Encerramento, um artigo científico relacionado ao escopo do

produto/processo/serviço;

• Para os projetos com desenvolvimento de tecnologias sociais inovadoras,

deve ser enviado ao final do projeto, juntamente com os Relatórios de

Page 83: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 70

Prestação de Contas final e de Encerramento, um Relatório descritivo da

manualização do produto/ serviço com o objetivo de replicação em outras

indústrias

Responsabilidades do DN:

a. Apoio e esclarecimentos na utilização da ferramenta de gestão;

b. Acompanhamento das informações prestadas pelos DRs na ferramenta de gestão;

c. Realização de visitas técnicas de acompanhamento às empresas parceiras e às

unidades do SENAI e do SESI que tiveram seus projetos aprovados, visando

levantar evidências da evolução físico-financeira do projeto na UO e/ou na empresa

mercado, bem como o potencial de replicabilidade do produto/serviço.

Divulgação

As publicações e qualquer outro meio de divulgação dos resultados dos

projetos aprovados neste Edital deverão citar, obrigatoriamente, o apoio do

Departamento Nacional do SENAI / UNITEC e/ou do Departamento Nacional do

SESI / UNITEP e/ou do MCT/CNPq. Para peças produzidas, deverá constar

ainda a logo do SENAI-DN e/ou do SESI-DN e/ou do MCT/CNPq.

NOTA: A versão final com aplicação das respectivas logomarcas deve ser

aprovada pelas entidades nacionais.

O Departamento Nacional poderá solicitar aos Departamentos Regionais

e/ou empresas participantes outras informações para a divulgação do projeto

em eventos e em canais de comunicação. As informações poderão ser

fornecidas por meio de material audiovisual (vídeos, fotos, reportagens, material

promocional etc.), participação em eventos especializados e prêmios,

respeitando as restrições estabelecidas no Termo de Confidencialidade.

Todo material de divulgação produzido pelos Departamentos Regionais

ou pelas empresas participantes deverão ter uma cópia enviada ao SENAI-

DN/UNITEC ou SESIDN/UNITEP, com autorização para divulgação.

BENS ADQUIRIDOS NO ÂMBITO DO EDITAL

Page 84: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 71

Todos os bens e equipamentos adquiridos com a utilização de recursos

do SENAI-DN e/ou SESI-DN, no âmbito do Edital, serão de propriedade do

SENAI-DR ou SESI-DR, sendo que os responsáveis deverão assegurar a sua

correta utilização e integridade, durante a execução do Projeto, podendo

qualquer um dos seus representantes legais ser designado como fiel depositário

dos mesmos.

CASOS SUBMISSOS

O Departamento Nacional do SENAI e o Departamento Nacional do SESI

reservam-se o direito de resolver os casos omissos e as situações não previstas

no presente Edital.

Apêndice

Representantes Regionais do Edital SENAI SESI de Inovação 2011

SENAI

DR Nome Telefone E-mail

AC Marcelo Ruiz (68) 3901-4507 [email protected]

AL Fabrício Colombo (82) 2121-3047 fabricio.colombo@ al.SENAI.br

AM José Nabir (92) 3182-9924 [email protected]

AP Sandro Rogério

Balieiro de Souza (96) 3084-8937 [email protected]

BA Silmar Baptista

Nunes (71) 3310-9994 [email protected]

CE Tarcísio José

Cavalcante Bastos (85) 3421-5009 [email protected]

DF Arioston Cerqueira

Rodrigues (61) 3441-3036

arioston.rodrigues@

sistemafibra.org.br

ES Cláudia Dias de

Oliveira (27) 3334-5698 [email protected]

Page 85: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 72

GO Cristiane dos Reis

Brandão Neves (62) 3219-1498

cristiane.SENAI@

sistemafieg.org.br

MA Andréia dos Santos

Marão (98) 2109-1872 andreiamarao@fiema. org.br

MT Valdir Pereira de

Souza Júnior (65) 3611-1539 valdir.uetec@SENAImt. com.br

MS Adriane Ricartes

Salazar (67) 3389-9033 [email protected]

MG Daniela Rocha

Barros (31) 3263-4461 [email protected]

PA Vicente Honorato da

Silva Penha (91) 4009-4771

vicentehonorato@

SENAIpa.org.br

PB

Cláudia Maria de

Figueiredo Lopes

Maia

(83) 2101-5424 [email protected]

PR Sonia Regina Hierro

Parolin (41) 3271-9353 [email protected]

PE Marcelo Dantas Lira (81) 3222-9104

(81) 3202-9350 [email protected]

PI Sandra de Ataíde

Silva

(86) 3229-2292

(86) 3229-2105 [email protected]

RJ Fabiano Gallindo (21) 2563-4390 [email protected]

RN Vânia Santos da

Cunha (84) 3204-6297 [email protected]

RS Carlos Artur Trien (51) 3347-8857 [email protected]

RR Jamili Rafaella

Vasconcelos (95) 2121-5078 [email protected]

RO Marcus Roberto

Ribeiro (69) 3216-3495 [email protected]

SC Cláudia Romani (48) 3231-4290 [email protected]

SP Celso Scaranello (11) 3146-7277 [email protected]

SE José Wolney dos

Anjos Filho (79) 3249-7466 [email protected]

Page 86: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 73

TO Jackeline Aparecida

Reis Silva (63) 3228-8882 [email protected]

Cetiqt Sérgio Bastos (21) 2582-1000

(21) 2582-1156 [email protected]

SESI

DR Nome do representante E-mail Telefone

AC Priscila Oliveira de

Miranda [email protected] (68) 3901-4468

AL Alda Maria Quintiliano

Moura [email protected] (82) 2121-3034

AM Rosana Bianco de

Vasconcelos [email protected] (92) 3186-6572

AP Ronan Holanda [email protected] (96) 3084-8811

BA Patricia Campos [email protected] (71) 3343-1408

CE Ricardo Goulart [email protected] (85) 3421-5819

DF Claudia Rocha [email protected] (61) 3362-6169

ES Iomar Cunha Dos

Santos [email protected] (27) 3334-5747

GO Cleonice Maria da

Silva [email protected] (62) 3219-1392

MA Luiz Fernando Mello

Borges [email protected] (98) 2109-1825

MG Cleder Lúcio Lopes

Pinto [email protected] (31) 3263-4566

MS Rosilene Moreira de

Souza [email protected] (67) 3416-4512

MT Julio Cesar Figliaggi [email protected] (65) 3611-1621

PA Anderson de Oliveira

Paulo [email protected] (91) 4009-4947

PB Renata Arcanjo Targino

De Arruda [email protected] (83) 2101-5385

Page 87: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 74

PE Andréa Maria de

Souza e Silva Marques [email protected] (81) 3412-8589

PI Maria De Fátima

Candeira Correia [email protected] (86) 3321-2595

PR Daniele Farfus [email protected] (41) 3271-9226

RN

Kadidja Simone

Palhano de Oliveira

Bouth

[email protected] (84) 3204-6244

RJ Fabiano Gallindo [email protected] (21) 2563-4390

RO Paulo Roberto

Quadros Junior [email protected] (69) 3216-3487

RR Karen Aline Telles

Zouein [email protected] (95) 4009-1809

RS Roberta Rezende [email protected] (51) 3347-8867

SC Priscila Penelope de P.

Souza [email protected] (48) 3332-3331

SE José Wolney dos Anjos

Filho [email protected] (79) 3249-7468

SP Monica Thomaz [email protected] (11) 3146-7375

TO Aurivan de Castro [email protected] (63) 3228-8848

Page 88: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 75

SENAI/DN

Unidade de Inovação e Tecnologia – UNITEC

Orlando Clapp Filho

Gerente-Executivo

Grupo Técnico de Trabalho

Marcelo Oliveira Gaspar de Carvalho

Mateus Simões de Freitas

Alysson Andrade Amorim

Germana Arcoverde Zapata

Sheila Maria Souza Leitão

Wilker Sampaio Bastezini

SESI/DN

Unidade de Tendências e Prospecção – UNITEP

Fabrizio Machado

Gerente-Executivo

Grupo Técnico de Trabalho

Luciana Baroni Gondim

Erika Rodrigues Costa Andrade

Daniella Patricia Alves de Abreu

Karen Cristina Vieira Alcantara

DIRETORIA DE SERVIÇOS CORPORATIVOS

Área Corporativa de Informação e Documentação – ACIND

Renata Lima

Normalização

Page 89: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

Edital SENAI SESI de inovação 2011 76

Walner de Oliveira Pessoa

Produção Editorial

Helen Moura Jordão

Revisão Gramatical

Núcleo Branding Design

Projeto Gráfico

Page 90: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

77

APÊNDICE A: ROL DE PERGUNTAS

Esta entrevista compõe-se de dois blocos específicos, onde se procura obter

a identificação e características da empresa entrevistada e sua relação com o Edital

de Inovação SENAI SESI.

Por gentileza, salve este arquivo, digite as respostas, salve novamente e

envie em anexo para o e-mail [email protected].

Identificação e Características da Empresa

RAZÃO SOCIAL:

Segmento Industrial:

UF: MUNICÍPIO:

Nome do entrevistado:

Cargo do entrevistado:

Telefone do entrevistado:

E-mail do entrevistado:

Sua empresa é: ( ) Independente ( ) Parte de um grupo

Onde se localiza a empresa matriz do grupo? ( ) Brasil ( ) Exterior

Qual o principal mercado da empresa? ( ) Brasil ( ) Exterior

Qual o número de empregados na sua empresa?

Relação da Empresa com o Edital de Inovação SESI

SENAI 1- Como tomou conhecimento do Edital?

2- O produto/ processo desenvolvido está sendo comercializado?

3- Houve aumento de produtividade e/ou dos lucros? Sua empresa alcançou o

crescimento potencial esperado?

Page 91: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

78

4- Houve criação de mais e/ou de melhores empregos?

5- Houve aumento de investimentos e criação de competências para realização de

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)?

6- Depois da execução do projeto, houve novas inovações por conta da própria empresa?

7- O mais importante foi o incentivo financeiro ou o técnico? Por que?

8- Quem é proprietário dos recursos e/ou das patentes ao final do projeto?

9- Quais as impressões finais da empresa sobre o aproveitamento e limitações

encontradas nos recursos recebidos do SENAI? Sua empresa concorreria novamente?

10- Em termos técnicos, este produto e/ou processo desenvolvido com o apoio do Edital é

um aprimoramento de um já existente ou completamente novo para a empresa?

11- Em termos técnicos, econômicos e culturais ou legislativos, qual ou quais as

principais dificuldades enfrentadas para difundir o novo produto e/ou processo?

12- Ao inovar, qual a principal estratégia utilizada pela empresa:

( ) Adquirir uma tecnologia pronta e começar a utilizá-la o mais rápido possível;

( ) Estudar uma tecnologia já existente e adaptá-la a uma tecnologia própria;

( ) Desenvolver uma tecnologia completamente nova.

Page 92: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

79

APÊNDICE B: CARTA DE APRESENTAÇÃO

Prezado,

Sou estudante concluinte do Curso de Administração da Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ e, no âmbito do trabalho de conclusão de curso que

estou elaborando, pretendo realizar um estudo sobre como o SENAI, através do Edital

de Inovação SENAI SESI, tem contribuído para o desenvolvimento fabril no Brasil.

Este estudo terá a orientação do Prof. Dr. Marcelo Álvaro da Silva Macedo que é

professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Neste contexto, gostaria que a empresa participante desta pesquisa, indicasse

uma pessoa que esteja ou esteve envolvido com o projeto de inovação implementado

através dos recursos disponibilizados através de uma das edições do Edital de

Inovação SESI SENAI para responder a entrevista estruturada. Esta poderá ser

respondida por telefone ou e-mail.

A participação desta entrevista é de natureza voluntária e, caso seja de vontade

da empresa a não divulgação das informações prestadas, comprometo-me a manter

o sigilo quanto aos dados referentes à empresa e aos respondentes, resguardando o

anonimato de ambos.

Desde o momento agradeço o interesse dispensado e comprometo-me a

prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários sobre o presente

estudo.

Segue anexo as perguntas da entrevista.

Atenciosamente,

_______________________________

Felipe Pusanovsky de Barros.

Aluno do curso de Administração da UFRRJ

Matrícula 20091506103

Rio de Janeiro – RJ

Page 93: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

80

APÊNDICE C: TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS

Identificação e Características da Empresa

RAZÃO SOCIAL: LDSoftware LTDA (ONIRIA SOFTWARE)

Segmento Industrial: Desenvolvimento de softwares

UF: PR MUNICÍPIO: Londrina

Nome do entrevistado: Nicholas Haydu

Cargo do entrevistado: Diretor

Telefone do entrevistado: (43) 3344 1112

E-mail do entrevistado: [email protected]

Sua empresa é: ( X ) Independente ( ) Parte de um grupo

Onde se localiza a empresa matriz do grupo? ( X ) Brasil ( ) Exterior

Qual o principal mercado da empresa? ( X ) Brasil ( ) Exterior

Qual o número de empregados na sua empresa? 25

Relação da Empresa com o Edital de Inovação SESI

SENAI 1- Como tomou conhecimento do Edital?

Na verdade, nós temos um bom relacionamento com a unidade do SENAI de Londrina, e

já trabalhamos com eles em outras cooperações, já contratamos serviços do SENAI para

nossa empresa e eles divulgaram na rede de relacionamentos deles aqui e foi assim que

ficamos sabendo do edital

2- O produto/ processo desenvolvido está sendo comercializado?

Sim. Foi um simulador de plantas de processo. O nome comercial do produto é o Virtua.

Está no nosso site, inclusive.

3- Houve aumento de produtividade e/ou dos lucros? Sua empresa alcançou o

crescimento potencial esperado?

Um aumento não, na verdade houve uma mudança, porque a empresa está num processo

de transição, onde ela está focando o faturamento mais em produtos e menos em serviços

e esse foi um dos produtos que entrou como prioritários nesse posicionamento

estratégico. Houve sim, um aumento nos lucros da empresa.

Os lucros ficaram dentro do esperado.

4- Houve criação de mais e/ou de melhores empregos?

Sim. Não digo que seja explicitamente por causa do edital, porque na verdade ele entrou

numa série de ações, a empresa cresce 50% ao ano. O projeto do edital, entrou nessa

composição, digamos assim. Não foi o único responsável, mas com certeza contribuiu.

Page 94: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

81

5- Houve aumento de investimentos e criação de competências para realização de

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)?

Na verdade, nós já tínhamos essa competência. O projeto agregou valor a essas

competências que nós já tínhamos. Então também contribuiu, mas como a empresa já

tem uma parte forte de pesquisa e desenvolvimento, ele veio auxiliar, veio incorporar

nessas ações.

6- Depois da execução do projeto, houve novas inovações por conta da própria empresa?

Sim, com certeza, tanto do próprio produto que já foi aprimorado posteriormente aos

trabalhos que foram fomentados pelo edital, quanto de forma geral no restante da

empresa.

Nós temos inclusive várias premiações por inovação, prêmios dos nossos clientes por

fornecimento com inovação, projetos de destaque.

O nosso blog é bem completo, Tem um histórico bem interessante da empresa. Pode ser

acessado direto através do oniria.com.br/blog.

7- O mais importante foi o incentivo financeiro ou o técnico? Por que?

Eu acho que foram igualmente importantes. A parte financeira com certeza ajuda para

viabilizar o desenvolvimento do projeto, mas sem o conhecimento técnico do SENAI, que

demandava e que tinha o conhecimento dessas plantas de processo teria sido impossível,

então, ambos. Talvez a parte técnica tenha sido mais importante, mas se tivesse falhado

uma das duas, talvez o projeto não tivesse ocorrido.

8- Quem é proprietário dos recursos e/ou das patentes ao final do projeto?

É um acordo. Isso é feito um acordo entre as partes, entre a empresa e o SENAI. Existem

royalties. A propriedade é da empresa e o SENAI recebe alguns royalties pela

comercialização do produto. Por ter participado do desenvolvimento, por ter fomentado o

desenvolvimento, ele recebe royalties. Mas isso varia de caso para caso. Depende de

cada um. No caso do software é um registro de propriedade intelectual. Como é um

produto que não tem equipamento, não existe patente, nos protegemos de outras

maneiras.

9- Quais as impressões finais da empresa sobre o aproveitamento e limitações

encontradas nos recursos recebidos do SENAI? Sua empresa concorreria novamente?

Eu acho que é uma iniciativa excelente. Talvez a única coisa que ele deixa um pouco a

desejar, que na verdade não é uma crítica ao SENAI, é uma crítica geral a órgãos

públicos, porque o SENAI está restrito as leis de licitação e isso acaba dificultando muito.

A gente perde, digamos assim, a perde um tempo até que isso seja operacionalizado.

Então, para comprar qualquer equipamento, você tem um processo ai que é demorado,

não houve para esse projeto, mas nós já tivemos outros projetos com o SENAI onde

existe isso, então contratação de terceiros, existe todo aquele processo de licitação que

acaba sendo um pouco moroso. Como os projetos muitas vezes o aporte de dinheiro nem

é tão expressivo assim, eu acho que poderia ser agilizado de alguma forma, mas isso não

Page 95: A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO FABRIL

82

é uma crítica ao SENAI. É uma crítica de maneira geral à forma como o governo contrata

produtos e serviços. Mesmo o SENAI tendo uma legislação própria (que não a 8666) é tão

burocrática quanto.

Com certeza não só concorreríamos (em um novo Edital), como concorremos no ano

passado e vencemos mais um. É um projeto que está em andamento, o produto ainda não

está finalizado. Mas esse que você está falando da planta de processo, é um edital de

2010, ano passado2012 nós tivemos um outro projeto aprovado. Então, não só

recomendamos como estamos ativamente participando de novas rodadas.

10- Em termos técnicos, este produto e/ou processo desenvolvido com o apoio do Edital é

um aprimoramento de um já existente ou completamente novo para a empresa?

Ele foi um produto totalmente novo, uma área nova, o público alvo dele é diferente. Em

termos de tecnologia, de simulação, a ONIRIA já possuía tecnologia de simulação, mas

ela precisava aprimorar, desenvolver certas partes para atender aos requisitos desse

novo projeto. Então, em termos técnicos, eu diria que não houver uma revolução tão

grande assim, mas a inovação é radical a partir do princípio que era um mercado novo no

qual a empresa não atuava.

11- Em termos técnicos, econômicos e culturais ou legislativos, qual ou quais as

principais dificuldades enfrentadas para difundir o novo produto e/ou processo?

Sendo um novo produto para um mercado que até então não era atingido pela empresa,

houve uma dificuldade natural de penetração de mercado, digamos assim, no sentido de

se inteirar das regras. O principal comprador para esse tipo de produto são escolas

técnicas e o próprio SENAI. Outras unidades do SENAI. Nós desenvolvemos para o

SENAI Londrina, mas qualquer unidade do SENAI do pais pode fazer aquisição do

produto e encaixa muito bem nas demandas que eles possuem. Então, sendo um

mercado onde não atuávamos, houve uma dificuldade natural, eu diria, com base

comercial, de você operacionalizar esse novo mercado, esse novo cliente, enfim, esse

novo público alvo.

12- Ao inovar, qual a principal estratégia utilizada pela empresa:

( X ) Desenvolver uma tecnologia completamente nova.

Acho que o questionário foi bem completo.

Pode divulgar sem restrições as respostas fornecidas.

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Identificação e Características da Empresa

RAZÃO SOCIAL: Giga Indústria e Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda.

Segmento Industrial: Equipamentos de segurança eletrônica

UF:MG MUNICÍPIO: Santa Rita do Sapucaí

Nome do entrevistado: Bruno Mecchi Gouvêa

Cargo do entrevistado: Diretor

Telefone do entrevistado: (35) 3473 4300

E-mail do entrevistado: [email protected]

Sua empresa é: ( ) Independente ( X ) Parte de um grupo (Giga e Stamp)

(Frances) Onde se localiza a empresa matriz do grupo? ( X ) Brasil ( X ) Exterior (Stamp -Francês)

Qual o principal mercado da empresa? ( X ) Brasil ( ) Exterior

Qual o número de empregados na sua empresa? 150

Relação da Empresa com o Edital de Inovação SESI

SENAI 1- Como tomou conhecimento do Edital?

Na época estávamos dentro da incubadora do INATEL (Instituto Nacional de

Telecomunicações) e tínhamos uma espécie de monitoramento de editais de inovação.

Foi através desse monitoramento que ficamos sabendo.

2- O produto/ processo desenvolvido está sendo comercializado?

O produto está sendo comercializado, mas numa versão mais atual. Nós não usamos a

mesma placa, mas usamos a inteligência que adquirimos com o projeto de inovação e

desenvolvemos um produto novo, claro que utilizando todo o conhecimento que

aprendemos.

3- Houve aumento de produtividade e/ou dos lucros? Sua empresa alcançou o

crescimento potencial esperado?

Teve. Não somente por causa do edital. O edital que nós participamos foi o de 2007 e o

projeto foi terminar por 2008.

[os valores em espécie foram omitidos a pedido do entrevistado]:

Estamos crescendo bastante.

Sem dúvida o edital agregou valor.

Não me recordo da previsão de vendas desse produto , mas acho que atingimos o

crescimento esperado.

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4- Houve criação de mais e/ou de melhores empregos?

Sem dúvida. Não somente por causa do edital. Nós tínhamos 5 funcionários. Hoje

estamos com 150.

5- Houve aumento de investimentos e criação de competências para realização de

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)?

Sem dúvida. Hoje todo nosso P&d é junto com a universidade de Santa Rita e com o

INATEL. E nós investimos pesado em profissionais que estão alocados dentro do INATEL

para desenvolver novos produtos. É uma cooperação direta entre universidade e

empresa.

(A empresa Grupo Giga foi iniciada na incubadora de empresas do INATEL).

Hoje o INATEL tem um departamento de transferência de tecnologia para o mercado (não

é a incubadora). Eles contratam uns 200 engenheiros mestres e doutores para fazer

desenvolvimento de produto para o mercado. E nós temos um time de quase 15

engenheiros e mestres que desenvolvem os nossos produtos e a empresa paga por isso.

A empresa é que paga esse time lá dentro.

6- Depois da execução do projeto, houve novas inovações por conta da própria empresa?

Várias! Sem dúvida. É difícil mensurar. Foi na época fundamental, estávamos muito

pequeno, não tínhamos grana para nada e ai veio um investimento bom para a gente

conseguir desenvolver um produto que foi o primeiro produto que começou a girar na

nossa empresa. Hoje não e o produto mais significativo, mas ajudou muito para aquela

época. Talvez seria mais difícil de acontecer sem esse recurso.

7- O mais importante foi o incentivo financeiro ou o técnico? Por que?

Foi o incentivo financeiro que permitiu contratarmos profissionais para realizar o projeto. O

incentivo que tivemos por parte do SENAI foi mais na área de prototipagem. Foi o auxílio

direto nessa parte. A parte técnica do SENAI. Porque o que trouxe skill técnico para o time

foi o dinheiro que a gente investiu em desenvolvimento. Foi o recurso do SENAI investido

dentro da Giga e não dentro do SENAI. Entendeu?

O SENAI deu também um suporte técnico, mas eu diria que foi a menor parte. O que

influenciou mais no sucesso do projeto foi o dinheiro para contratarmos profissionais de

desenvolvimento.

8- Quem é proprietário dos recursos e/ou das patentes ao final do projeto?

Nós não patenteamos, mas toda a propriedade intelectual, produto etc. ficou com a Giga.

O dinheiro foi investido em desenvolvimento, protótipo. (Não haviam equipamentos a

serem devolvidos).

Nós tivemos que devolver recurso para o SENAI, sem dúvida. Na época foi muito difícil

porque estávamos faturando, mas não o suficiente para devolver o recurso integral. Nos

até tivemos um acordo com o SENAI, devolvemos parte do dinheiro e acertamos assim.

Mas o SENAI foi bastante compreensivo na época.

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9- Quais as impressões finais da empresa sobre o aproveitamento e limitações

encontradas nos recursos recebidos do SENAI? Sua empresa concorreria novamente?

Foi positivo, foi muito bom na época. O fato de ter que devolver o dinheiro para o SENAI

deveria ser estritamente atrelado ao sucesso do projeto, entendeu meu ponto? porque se

você não tem sucesso no projeto, você pode quebrar a empresa. E foi o que quase

aconteceu com a gente na época. Mas conseguimos negociar com eles. Dissemos “O

sucesso desse projeto foi parcial...”, negociamos e conseguimos um abono nesse sentido.

Isso foi uma compreensão muito boa do SENAI com a gente. Nos projetos novos acho

que deveria se devolver o dinheiro com base no sucesso (do projeto). Se não tiver

sucesso, que fique como um investimento que, como chamam, não-reembolsável. Eu

acho que seria o melhor formato para o desenvolvimento da indústria nacional.

Eu acho que nos concorreríamos novamente, se fosse fundo não reembolsável. Nós

estamos concorrendo a vários agora a CIBRATEC, que eu não sei se tem envolvimento

do SENAI, estamos concorrendo na FINEP, subvenção econômica. Estamos concorrendo

a vários editais. Eu acho que concorreríamos se fosse verba não reembolsável, atrelado

ao sucesso do projeto. Se tiver fracasso o projeto, o fracasso seria em conjunto.

10- Em termos técnicos, este produto e/ou processo desenvolvido com o apoio do Edital é

um aprimoramento de um já existente ou completamente novo para a empresa?

Era um aprimoramento, mas era inovador, porque não existia nem na empresa nem no

mercado. Era um leitor com dois protocolos de comunicação, era um leitor para

identificação por rádio frequência, só que já haviam leitores, só que cada um com um

protocolo. Ai nós desenvolvemos um que juntava e unificava esses protocolos num leitor

só. Existem dois padrões de mercado que nos liamos num único leitor.

11- Em termos técnicos, econômicos e culturais ou legislativos, qual ou quais as

principais dificuldades enfrentadas para difundir o novo produto e/ou processo?

Eu acho que a maior dificuldade é você entender o processo da venda, da instalação do

produto, aonde você vai se posicionar, s e você é fabricante, se você é um distribuidor, se

você é um instalador. As indústrias as vezes elas querem fazer tudo e o sucesso está em

perceber que vc não consegue fazer tido. A Giga hoje não faz uma instalação. Ela conta

com um canal de milhares de instaladores no brasil todo. A gente brinca que a gente sabe

fazer um produto bom bonito e barato numa grande quantidade. E Ai tem uma pessoa

que sabe distribuir esse produto, tem uma pessoa que sabe instalar esse produto que

chega no cliente final. Já temos uma rede de comercialização. Um canal de

comercialização muito forte. Acho que essa foi a maior dificuldade para a gente começar.

Foi uma dificuldade mais comercial do que técnica.

12- Ao inovar, qual a principal estratégia utilizada pela empresa:

(X) Estudar uma tecnologia já existente e adaptá-la a uma tecnologia própria;

Para esse projeto, a tecnologia já existia e tivemos que juntar em um único produto.