a construcao do objeto de bourdieu sheyla 2013

71
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR Superintendência de Pesquisa e Pós- Graduação Programa em Família na Sociedade Contemporânea Metodologia da Pesquisa em Ciências Humanas Profa. Dra. Mary Garcia Castro

Upload: kary-peixoto

Post on 06-Dec-2014

119 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Metodologia da Pesquisa em Cincias Humanas Profa. Dra. Mary Garcia Castro

A

Construo do objeto, relao teoria e mtodo, lugar das hipteses e/ou questes

Na agenda terica proposta Teoria Sociolgica contempornea, alguns elementos merecem destaque: a releitura dos clssicos, a construo de conceitos e a postura crtica do intelectual diante de uma tomada de posicionamento poltico, elementos estes amalgamados em sua discusso sociolgica. Ao compor, por exemplo a ideia de campo, Bourdieu dialoga com a idia de esferas, proposta por Max Weber e, ainda, com o conceito de classe social de Marx. Construtivismo estruturalista ou estruturalismo construtivistaBourdieu, permitindo ter seu pensamento rotulado, adota como nomenclatura o construtivismo estruturalista ou estruturalismo construtivista. Esta postura consiste em admitir que existe no mundo social estruturas objetivas que podem dirigir, ou melhor, coagir a ao e a representao dos indivduos, dos chamados agentes. No entanto, tais estruturas so construdas socialmente assim como os esquemas de ao e pensamento, chamados por Bourdieu de habitus.

Bourdieu tenta fugir da dicotomia subjetivismo/objetivismo dentro das cincias humanas. Rejeita tanto trabalhar no mbito do fisicalismo, considerando o social enquanto fatos objetivos, como no do psicologismo, o que seria a "explicao das explicaes". O momento objetivo e subjetivo das relaes sociais esto numa relao dialtica. Existem realmente as estruturas objetivas que coagem as representaes e aes dos agentes, mas estes, por sua vez, na sua cotidianidade, podem transformar ou conservar tais estruturas, ou almejar a tanto. A verdade da interao nunca est totalmente expressa na maneira como ela se nos aprensenta imediatamente. Uma das mais importantes questes na obra de Bourdieu se centraliza na anlise de como os agentes incorporam a estrutura social, ao mesmo tempo que a produzem, legitimam e reproduzem. Neste sentido se pode afirmar que ele dialoga com o Estruturalismo, ao mesmo tempo que pensa em que espcie de autonomia os agentes detm. Bourdieu, ento, se prope a superar tanto o objetivismo estruturalista quanto o subjetivismo interacionista (fenomenolgico, semitico).

2.1.As

abdicaes do empirismo 2.2. Hipteses ou pressupostos 2.3. A falsa neutralidade das tcnicas: objeto construdo ou artefato 2.4. A analogia e a construo das hipteses 2.5. Modelo e teoria

O ponto de vista cria o objeto Ferdinand Saussure

Uma cincia no poderia ser definida por um campo do real que lhe pertencesse. Bourdieu A totalidade concreta como totalidade pensada, concreto pensado, de fato, um produto do pensamento, do ato de conceber. Marx

TODOApreendido de maneira diferente. Diferente tambm da apropriao do mundo pela arte, religio ou esprito prtico.

Subsiste fora da mente. Princpio epistemolgico, instrumento da ruptura com o realismo ingnuo (superficial)

REAL

Problemas

Problemas

Relaes conceituais Novo

Mtodo Problemas

Descobertas novas perspectivas Nova Cincia

(

) Cincia Jurdica Intra DIREITO PBLICODIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO ADMINISTRATIVO

DIREITO PRIVADO DIREITO CIVIL DIREITO DO TRABALHO(?)

DIREITO TRIBUTRIODIREITO PROCESSUAL DIREITO PENAL, etc...

Inter

(Eixo das propeduticas) Sociologia jurdica, Filosofia Jurdica, Psicologia jurdica, Histria do Direito, etc.

Trata-se

de definir uma atitude mental e no de atribuir ao objeto um estatuto ontolgico.

Objeto da cincia

Objeto realSenso comum

Construir

o objeto. srie de divises reais

Pr-constitudos: O

fato de aproximar j h um indcio do primeiro grau de ruptura epistemolgica com os objetos pr-constitudos.

Rigor analticoformal

Rigor sintticoreal

operativo

sistmicos

Problemtica terica que permita submeter a uma interrogao sistemtica os aspectos da realidade colocados em relao entre si pela questo que lhes formulada.

CinciaObservao ou experimentao Formulao de hipteses

hiptese

experincia

Filsofos clssicos Realidade para o geral Vetor epistemolgico

Social para o real Crtica aos filsofos, pois o inverso no verdadeiro.

Trabalho experimental

Concepo

Ultimas manipulaes de laboratrio

Sem

teoria no possvel regular um nico instrumento, interpretar uma nica leitura.

TOTEMISMO UMA VEZ ABANDONADA A TEORIA

VOLTAM AO ESTADO DE POEIRA OS DADOS DE ONDE TINHAM SIDO TIRADOS. NO SE TRATA DE CONTESTAR, MAS DE LEMBRAR AS CONDIES EPISTEMOLGICAS DESSE TRABALHO DE RETRADUO QUE INCIDE SEMPRE SOBRE FATOS CONSTRUDOS E NO SOBRE DADOS.

ARQUIVOS

Fatos cientficos

DATA

COMPUTERS

questionrios

etnogrficos

Por isso tratamos Diferentemente o idntico

Comparar o incomparvel Deixar de comparar o comparvel.

Sociologia Dados so obtidos pela aplicao de grades que implicam pressupostos tericos.

Positivismo Dados a serem reinterpretados inconsequentemente.

Empirismo radicalproposta Que ele se anula

SociologiaOs fatos no falam S que o objeto das Cincias Sociais fala.

Socilogo Pretende tirar dos fatos a problemtica e os conceitos tericos corre o risco de se limitar ao que informado pelos questionrios e entrevistas.

Corre o risco de substituir As suas prenoes pelas de seus informantes.

Determinados

julgamentos formulados por outros sujeitos a determinados sujeitos em relao a julgamentos que nem ele prprio sabe situar ou considerar julgamentos superficiais, suscitados pela necessidade de responder a questes desnecessrias, como expresso de uma atitude profunda.

Recusa

a construo controlada e consciente de seu distanciamento do real e de sua ao sobre o real pode no s impor aos sujeitos determinadas questes que no fazem parte das experincias deles e deixar de formular questes suscitadas por tal experincia.

Questes que se portam objetivamente

Confuso positivista

Questes que eles se formulam de forma consciente

Abdica do direito e dever de construo terica em benefcio da sociologia espontnea.

Depara-se com a filosofia espontnea da ao humana.

Apontam que

Os sujeitos possam deter por algum tempo a verdade objetiva de seu comportamento.

No explicao do comportamento

Aspecto do comportamento a ser explicado

Construir os fatos

O Socilogo se submete a uma construo

Que se ignorava e que ele ignora

Coletando no mximo de discursos fictcios jogados pelos sujeitos

Para enfrentar a situao de pesquisa

E responder a questes artificiais ou a ausncia de questes

Socilogos

Interrogaes inconscientes, incontroladas e incoerentes? Elenco de hipteses metodicamente construdo para serem submetidos a prova experimental

escolhem

Recusa: fica condenado a aplicar pressupostos que no so diferentes da sociologia espontnea.

6 5 4 3 2 1 0 Srie 1 Srie 2 Srie 3

Questionrios, codificao, anlise estatstica constituem TEORIAS em ato, procedimentos de construo, conscientes ou inconscientes dos fatos e das relaes entre os meios.

Teoria do conhecimento do objetoQuanto menos consciente for a teoria implcita

Teoria do objetoMaiores sero as possibilidades de que ela seja mal controlada Mal ajustada ao objeto em sua especificidade

Em determinada prtica

Epistemolgica?

Quais os limites e quais as condies

Operaes estatsticas

neutralidade tica de Max Weber Bourdieu diz que essa postura limita a crtica. Direito de suspeitar da preferncia da tcnica de entrevista no-diretiva em detrimento da observao etnogrfica. Incita os sujeitos a produzir um artefato verbal. Distncia entre a relao com a linguagem favorecida por sua classe social e a linguagem que exigida deles. Crtica

Observao etnogrfica Experimentao social

Observao dos animais em meio natural Experimentao em laboratrio

Que no submete

No estaria em condiesDe fazer uma anlise sociolgica verdadeiramente neutra

Suas prprias interrogaes

interrogao sociolgica

Das respostas que elas suscitam.

Pergunta no transparente

Obnubilar o objeto

For

inconsciente em relao problemtica em suas perguntas privar-se- de compreender a problemtica que os sujeitos implicam em sua respostas.

No garante a univocidade das respostas tendo em vista as perguntas idnticas.

Separados pelas diferenas culturais, de origem, de classe, de raa, etc.

Diferentes linguagens no diferem apenas pela amplitude de seu lxico ou grau de absteno, mas pelas temticas e problemticas que veiculam.

Influncia das noes e categorias da lngua utilizada pelos sujeitos.

Libertamos das pr-construes da linguagem quer se trate da linguagem do cientista ou da linguagem de seu objeto

Dialtica: construes adequadas pelo confronto metdico de dois sistemas de pr-construes.

Normas sociais que regulam a situao de pesquisa probem que sejam formuladas.

Nem daquelas que o socilogo deixa de formular ao aceitar uma definio social da sociologia que no passa do decalque da imagem pblica.

Mais objetivas limitam a coletar o resultado da observao pelo sujeito pelas suas prprias condutas.

Exagero? Omisso?

Pesquisador

Simples inventrio de informaes

Inventrio sistemtico de atos e objetos culturais

Simplicidade aparente do procedimento Dewey diz que um engano.

Toda

pesquisa indutivodedutiva se apis na realidade das operaes graas aos materiais homogeneizados.

Mais

atentos s regras que regem as categorias do que as operaes permitam constru-las porque o problema da construo do objeto nunca pode ser resolvido.

Diviso

consciente de suas escolhas em funo de uma teoria inconsciente.

Relaes quantificveis

A anlise multivariada

No deve ser submetida interrogao epistemolgica?

Regem

o mtodo experimental.

Constituem

o fundamento da Teoria do Conhecimento Sociolgico so to postos epistemologia espontnea que podem ser constantemente transgredidos.

Lugar comum

De todas as tradies

metodolgicas

Dedica-se

fazer uma Sociologia sem objeto cientfico quando se recusa a ser o sujeito cientfico de sua sociologia.

a

Ter

conscincia de que todo objeto propriamente cientfico consciente e metodicamente construdo, e necessrio conhecer tudo isso para nos interrogarmos sobre tcnicas de construo das perguntas formuladas ao objeto.

Um

pensamento cientfico que recorre ao modelo analgico sempre um pensamento que funcione maneira do como se, assim a contrapartida do recurso aos modelos sua vigilncia constante.

Tipo ideal do conceito de gnero induo

Essncia espiritual ou a cpia impressionante do real

Visava explicitar as regras e avaliar todo o processo percorrido pelo pesquisador

Pesquisar se uma lei

Estabelecida para determinada natureza dos fatosPode ser aplicada alhures, mutatis mutandis

uma forma legtima de comparao, o nico meio prtico para tornar as coisas inteligveis.

Comparao

orientada pela hiptese de analogia constitui no s o instrumento privilegiado do corte com os dados prconstitudos, que pretendem com insistncia ser tratados em si mesmos e por si prprios, mas tambm o princpio da construo hipottica de relaes entre as relaes.

Modelo

todo sistema de relaes entre propriedades selecionadas, abstratas e simplificadas, construdo conscientemente com a finalidade de descrio, explicao ou previso e, por conseguinte, plenamente controlvel.

Limitam-se

a apreender as semelhanas exteriores, opemse aos modelos analgicos que visam reaprender os princpios ocultos das realidades que interpretam.

Raciocinar

por analogia formar um raciocnio baseado nas semelhanas ou relaes de uma coisa com outra.

Baseado

nas relaes ou semelhanas enquanto estas indicam as relaes, com efeito, no juzo analgico, a teoria abstrata incide unicamente sobre a razo das semelhanas, estas no tm qualquer valor desde que no indiquem relaes na natureza dos fatos nenhuma analogia se aplica.

A

cincia social j no se constri no plano dos acontecimentos como tambm a fsica deixou de se construir a partir dos dados da sensibilidade. O objetivo construir um modulo, estudar suas propriedades e suas diferentes maneiras de reagir no laboratrio para aplicar, em seguida, tais observaes interpretao do que se passa empiricamente.

Resulta dos princpios de sua construo Menos do seu grau de dormalizao

O

recurso s evidncias cegas dos smbolos constitui uma excelente proteo contra as evidncias ofuscantes da intuio.

D

ao objeto pr-constitudo uma respeitabilidade usurpada que o coloca a salvo da crtica terica.

A

analogia no se estabelece entre a Suma e a Catedral consideradas, suas entre dois sistemas de relaes inteligveis, no entre coisas que se confiariam percepo ingnua, as entre objetos conquistados contra as aparncias imediatas e construdas por uma elaborao metdica.

Modelo terico reconhecido

Poder de ruptura

Poder de generalizao