a conferÊncia municipal da cidade - bauru.sp.gov.br · dois anos se passaram e novamente o ......

25

Upload: lybao

Post on 10-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,
Page 2: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 2

2a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE 22 e 23 de julho de 2005

Bauru-SP TESE MUNICIPAL APROVADA PELA PLENÁRIA FINAL

Apresentação

Em 2003 realizou-se em Bauru a 1ª Conferência Municipal da Cidade, processo que reuniu

cerca de 350 pessoas para discutir o presente e o futuro do Município através das políticas públicas

de habitação, saneamento ambiental, trânsito, transporte, mobilidade urbana, gestão e qualidade de

serviços. Naquele momento o Governo Federal acabara de criar o Ministério das Cidades e precisava

de subsídios para nortear as ações da nova pasta a partir da identificação das demandas locais, por

isso promoveu uma grande mobilização nacional que culminou na realização de encontros por todo o

Brasil.

Dois anos se passaram e novamente o Governo Federal chama Estados e Municípios para

esta discussão. Bauru realiza sua 2a Conferência Municipal da Cidade, com vistas ao que foi

deliberado na edição anterior, mas ao mesmo tempo iniciando as discussões para elaboração de seu

Plano Diretor Participativo.

Esta conferência tem como eixo quatro temas: participação e controle social; políticas para

saneamento, recursos hídricos e meio ambiente; políticas para habitação, transporte e mobilidade

urbana e rural, proteção, preservação e recuperação do patrimônio construído; e financiamento do

desenvolvimento. Quatro campanhas nacionais também merecem destaque: Planos Diretores

Participativos, Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, Marco Regulatório do Saneamento

Ambiental e Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana. Diversos segmentos da sociedade estão

representados neste processo como delegados, mas a população em geral pode e deve participar da

discussão, apresentar propostas e definir em conjunto o que é melhor para Bauru.

É importante ressaltar que o município passa por um momento singular. Os movimentos

sociais estão cada vez mais envolvidos em conselhos setoriais e discussões públicas. O Poder

Público está coordenando processos importantes, como o Plano Diretor e o Orçamento Participativo.

O envolvimento de todos os setores nesta conferência é essencial, para que haja avanços.

Não podemos esquecer que a conferência termina em sua plenária final, no entanto as

deliberações obtidas no seu decorrer precisam ser cobradas das esferas competentes, para que

sejam cumpridas. Todos nós, moradores da zona urbana ou da zona rural, vivenciamos diariamente

os problemas e, por isso, podemos apontá-los e contribuir com sugestões para solucioná-los, ainda

mais quando temos em mãos deliberações referendadas numa conferência como esta.

Esperamos que este debate não fique estagnado em documentos, mas que se torne real,

vivo, e que contribua efetivamente para a construção de um município com mais eqüidade, onde a

qualidade de vida não seja apenas uma expressão bonita, mas sim um reflexo de uma sociedade

construída com o esforço de todos.

Comissão Organizadora

Page 3: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 3

1. TEMÁRIOS PROPOSTOS PELA CONFERÊNCIA

As diretrizes propostas pelo Ministério das Cidades para os eixos temáticos, que deveriam

nortear as discussões das Conferências Municipais, foram adequados à realidade local e divididas

em quatro temários: Participação e controle social; Políticas para saneamento, recursos

hídricos e meio ambiente; Políticas para habitação, transporte e mobilidade urbana e rural,

proteção, preservação e recuperação do patrimônio construído; e Financiamento do

desenvolvimento; cujas definições e propostas de ações são apresentadas a seguir.

1.1 PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL

As Conferências são espaços democráticos de participação dos diferentes segmentos

representativos da sociedade.

O processo de redemocratização do Brasil culminou na conquista da Constituição Federal em

1988, conhecida como “a constituição cidadã”, por conter uma perspectiva de democracia

representativa e participativa, incorporando a participação da comunidade na gestão das políticas

públicas (artigos 194, 198, 204, 206, 227).

Existem formas e mecanismos para implementação e efetivação dessa prática no Brasil. Do

ponto de vista das políticas de desenvolvimento urbano, a gestão democrática das cidades pressupõe

partilha de poder, respeito às diferenças de pensamento, acesso da população às informações,

fortalecimento dos atores sociais e combate permanente contra o clientelismo e o privilégio de

interesses particulares. Por parte dos governos, é necessário que o processo de participação leve em

conta um amplo planejamento das políticas públicas, através do levantamento das necessidades

imediatas e definição de prioridades de curto, médio e longo prazo.

Para que a sociedade possa participar nas ações de planejamento, acompanhamento,

avaliação e controle das Políticas Públicas, a articulação entre os Governos e a Sociedade Civil

depende também da mobilização, capacitação e predisposição da população, características que

devem ser demonstradas em ações concretas e contínuas. Os agentes sociais que participam dos

debates sobre políticas públicas devem conhecer os limites legais de cada esfera do Executivo, do

Legislativo e do Judiciário, da mesma forma devem conhecer a sua própria.

CONTROLE SOCIAL, portanto, é a capacidade que a sociedade organizada tem de intervir

nas políticas públicas, agindo em conjunto com o Estado, na definição de prioridades, na elaboração

de Planos de Ação, do Município, do Estado ou Governo Federal. É tarefa de cada cidadão colaborar

para a melhoria da qualidade de vida da população como um todo.

A 2ª Conferência da Cidade de Bauru também integra as ações do Plano Diretor de Bauru,

que além de deliberar sobre os vários temas que estão sendo debatidos, irá discutir e aprovar os

critérios de participação na elaboração do Plano Diretor participativo do Município.

Estamos vivendo um momento de reconvocação. Um momento como este requer muita

energia. Na década de 80 o movimento social teve papel importante. Na década de 90 foram as

ONGs, agora o país, e principalmente Bauru, quer muito de nós!

“Nunca duvide da força de um pequeno grupo de pessoas para transformar a realidade. Na verdade, eles são a única esperança de que isso possa acontecer." - Margaret Mead

Page 4: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 4

1.1.1 Ações e estratégias prioritárias – propostas

a. Garantir que os gestores municipal, estadual e federal tenham sintonia nas ações para que sejam

efetivados os compromissos assumidos através de lei específica;

b. Assegurar que os Poderes Executivo e Legislativo respeitem as deliberações de fóruns,

conferências, etc.;

c. Garantir que haja uma ampla discussão da sociedade organizada na elaboração da LDO, do

Orçamento Anual e do PPA-Plano Plurianual;

d. Garantir que as audiências públicas de prestação de contas do Orçamento Municipal- conforme

previsto na LRF-Lei de Responsabilidade Fiscal, sejam em horários e locais de fácil acesso e tenham

ampla divulgação junto aos meios de comunicação;

e. Garantir que as informações sobre orçamento, LDO, PPA e outros instrumentos de gestão como

o Plano Diretor, planos de gestão, planos de governo, sejam repassados de forma mais acessível à

população.

f. Garantir que haja uma política efetiva para que os meios de comunicação abram espaços para

uma agenda positiva em relação à participação popular;

g. Criação de uma política contínua de formação e capacitação dos cidadãos para que possam de

fato exercer o seu direito de decidir e de exercer um efetivo controle social.

h. Criação do Conselho do Município de Bauru.

i. Implantação do Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Integrado do Município de Bauru,

tendo como órgão deliberativo o Conselho do Município de Bauru.

1.1.2 Plano Diretor Participativo

O Plano Diretor, segundo concepção contida no Estatuto da Cidade, é resultado de um

processo de discussão e avaliação da cidade por todos aqueles que a constroem. A metodologia a

ser aplicada na elaboração do Plano Diretor tem como base o planejamento participativo e regras

estabelecidas na Resolução nº 25/2005 do Ministério das Cidades.

O Plano Diretor é definido como um processo de construção coletiva, com diretrizes para todo

o território do Município, visando um desenvolvimento sustentável e democrático, integrando o meio

urbano e rural e abordando também questões regionais.

Será denominado Plano Diretor Participativo do Município de Bauru.

Núcleo Gestor

A Coordenação do Plano Diretor Participativo estará a cargo de um Núcleo Gestor, composto

por representantes do Poder Público e Sociedade Civil, de forma paritária, sendo:

• 5 representantes do Poder Público (4 do Executivo e 1 do Legislativo), além de 2 suplentes (1

para o Executivo e 1 para o Legislativo ).

Page 5: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 5

• 6 representantes da Sociedade Civil, sendo 3 dos Movimentos Sociais e Ongs (2 da área urbana

e 1 da zona rural), com 1 suplente e 3 representantes das Entidades de Classe, Sindicatos e

Instituições de Pesquisa, também com 1 suplente.

O Núcleo Gestor terá a atribuição de coordenar os trabalhos, estabelecer cronograma das

atividades, verificar o cumprimento das regras estabelecidas coletivamente, garantir ampla divulgação

e participação da comunidade em todas as etapas de elaboração do Plano Diretor Participativo.

O Poder Público Municipal garantirá curso de capacitação aos membros do Núcleo Gestor.

Setorização

A fim de garantir ampla participação da comunidade em geral, as discussões deverão ocorrer,

num primeiro momento, de forma setorizada, quando serão feitas as “Leituras Comunitária e

Técnica”, assim como discussão das propostas para o setor.

Os setores respeitarão as divisas das bacias hidrográficas, tanto urbanas como rurais,

compatibilizando também as barreiras físicas impostas pelo sistema viário principal, rodovias e

ferrovias.

Na zona urbana serão 12 (doze) setores, numerados de 1 a 12, conforme Anexo 01.

Na zona rural serão 9 (nove) setores, denominados por letras de A à I, conforme Anexo 02.

Critérios para Eleição dos Delegados

Os Delegados a serem eleitos terão a atribuição de deliberar sobre as questões apresentadas

no Congresso Final para aprovação do Plano Diretor Participativo. Devido às peculiaridades de cada

área, foram estabelecidos critérios diferenciados para escolha dos Delegados da Área Urbana e Zona

Rural, garantindo, no entanto, a mesma proporcionalidade entre os diversos segmentos da

comunidade.

Na Área Urbana a previsão é de 171 delegados, no mínimo, sendo:

60% - Movimentos Sociais (Associações, ONGs, Conselhos)

Serão eleitos em Audiência, sendo 01 Delegado para cada 3.000 habitantes do Setor.

Deverão ser considerados os dados (setores censitários) do IBGE – 2000, que totalizam na

área urbana 310.442 habitantes, resultando em 103 Delegados;

20% - Sindicatos, Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa, Clubes de Serviço – 34

Delegados;

20% - Poder Público Municipal, Estadual e Federal – 34 Delegados.

Na Zona Rural a previsão é de 45 delegados, no mínimo, sendo:

60% - Representantes por Setor, garantindo que sejam contemplados, no mínimo, 01 proprietário,

01 morador e 01 trabalhador rural.

Até 30 participantes nas Audiências, 03 Delegados por Setor

De 30 a 60 participantes nas Audiências, 04 Delegados por Setor

Acima de 60 participantes nas Audiências, 05 Delegados por Setor

Page 6: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 6

Total: 27 a 45 Delegados

20% - Entidades organizadas do setor rural (Sindicato Rural, Sindicato Trabalhadores, Associações

e Conselhos)

Total: 9 a 15 Delegados

20% - Membros do Poder Público Municipal, Estadual e Federal, com atuação na zona

rural (Sagra, Deprn, Cati, Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros, Ibama, Incra)

Total: 9 a 15 Delegados

1.2 POLÍTICAS PARA SANEAMENTO, RECURSOS HÍDRICOS E MEIO AMBIENTE

Na definição de políticas públicas adequadas, a preocupação ambiental deve ser um dos

norteadores de ações e estratégias. Em Bauru os problemas são muitos e devem ser trabalhados do

ponto de vista legal, estrutural e administrativo. Investimentos em Educação Ambiental devem

acompanhar cada uma das ações a serem desenvolvidas. Temos praticamente todos os órgãos

governamentais do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) em Bauru, além de um

ordenamento jurídico-ambiental municipal. Os investimentos nesta área ainda são extremamente

pequenos e a transversalidade de ações dentro das diferentes esferas de governo é quase

inexistente.

Entre os problemas existentes, destacam-se os ligados ao saneamento (abastecimento,

tratamento do esgoto, drenagem e resíduos). O Rio Batalha, que já forneceu quase toda a água

consumida, responde por apenas 35% do abastecimento, estando em um elevado estado de

degradação. Temos que reformar nossa Estação de Tratamento de Água, construir novos

reservatórios e combater a super exploração da água subterrânea. Outro grande desafio é o

tratamento dos esgotos, que são lançados sem nenhum tratamento nos corpos d’água. A drenagem

urbana apresenta problemas estruturais e de planejamento, que precisam ser atacados, pois são

dezenas de erosões que praticamente engolem a nossa cidade.

Ainda se tratando de saneamento, a gestão dos resíduos sólidos carece de uma Política

Municipal Integrada, que possa resolver com eficiência os problemas dos resíduos domésticos, de

serviços de saúde, da coleta seletiva e dos provenientes da construção civil.

A grande maioria das áreas verdes e sistemas de lazer do município não está implementada

e urbanizada, e muitas estão localizadas nas margens de cursos d’água, dentro de erosões ou

mesmo cobertas com lixo e entulho. A arborização urbana é deficiente e foi quase toda concebida

com pouca diversidade, sem qualquer planejamento.

Outra área a ser trabalhada, urgentemente, é a conservação de nossa biodiversidade. Em

Bauru a diversidade de ecossistemas (Mata Atlântica e Cerrado) e a existência de remanescentes

conservados garantem a sobrevivência para centenas de espécies vegetais e animais, muitos

listados como ameaçados de extinção. Ao todo são 5.959 hectares de cobertura vegetal (8,8% da

área do município), distribuídos em 254 fragmentos, sendo 134 com menos de 10 hectares, 50 entre

10 e 20 hectares, 50 entre 20 e 50 hectares, 11 entre 50 e 100 hectares, 7 entre 100 e 200 hectares e

2 com mais de 200 hectares, o que justifica a necessidade de projetos de corredores ecológicos. Em

Page 7: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 7

virtude destas e outras características especiais, Bauru foi listado como Área Prioritária para

Conservação pelo Ministério do Meio Ambiente. Temos a necessidade da criação de novas unidades

de conservação, além da urgência em aprovar os Planos de Manejo e de estruturar cada uma delas.

Os desafios são grandes e para que possam ser atacados precisam de um planejamento

estratégico e dos investimentos necessários.

1.2.1 Ações e estratégias prioritárias – propostas

Para melhor estruturação do documento e encaminhamento das propostas, as mesmas foram

organizadas em 6 tópicos: 1) Saneamento ambiental integrado; 2) Biodiversidade e conservação

de áreas estratégicas; 3) Drenagem urbana; 4) Qualidade de vida; 5) Área rural, e 6) Sistema

municipal de meio ambiente, apresentadas a seguir.

1.2.1.1 Saneamento Ambiental Integrado a. Recuperar a Bacia Hidrográfica do Rio Batalha de forma a garantir quantidade e a qualidade da

água fornecida para Bauru, e a Bacia Hidrográfica do Rio Bauru, garantindo dotação

orçamentária para implantação e manutenção das matas ciliares.

b. Regulamentar e implementar legislação municipal de águas subterrâneas, visando o uso racional

e preservando os mananciais superficiais.

c. Incrementar e priorizar novas áreas de captação e reservação de nossos mananciais superficiais,

a fim de evitar a exploração excessiva da água subterrânea.

d. Ampliar o sistema de reservação, visando a racionalização da energia elétrica nos horários de

pico e setorização das redes de abastecimento, visando redução de perdas por vazamento.

e. Substituir o parque de hidrômetros e setorizar os sistemas de abastecimento de água, com o

objetivo de redução das perdas, subsidiada pelo Poder Público ou órgão competente.

f. Reformar a Estação de Tratamento de Água visando a redução das perdas e tratamento do lodo

gerado;

g. Conservar mananciais superficiais para uso no abastecimento público, tais como os pertencentes

às Bacias Hidrográficas dos Córregos Água Parada e Campo-Novo.

h. Implementar uma política eficiente de combate ao desperdício de água e de redução de perdas

no sistema de abastecimento de água;

i. Desenvolver ações visando a implementação de programas de reuso de água;

j. Manter a gestão do saneamento ambiental a cargo do município, valorizando o DAE e órgãos

afins.

k. Instalar uma rede de interceptores, coletores-tronco, estações elevatórias e uma estação de

tratamento de esgotos, de modo a tratar 100% dos efluentes gerados pelo Município.

l. Implementar um plano de gestão integrada de resíduos sólidos, contemplando um Plano Diretor

de Limpeza, incluindo as seguintes ações:

l1- Instalar lixeiras e placas educativas nas principais áreas de concentração de pessoas, como

vias de circulação, avenidas, pontos de ônibus, praças, parques e feiras livres.

Page 8: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 8

l2- Dispor os resíduos sólidos, não aproveitados no programa de coleta seletiva e reciclagem em

Aterro Sanitário, conforme norma existente e devidamente licenciado.

l3 - Concretizar e implementar o plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos da

construção, voltados para cooperativa de trabalho na obtenção de emprego e geração de

renda, com obtenção de recursos financeiros.

l4- Implementar o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos de Saúde.

l5- Criar um cadastro atualizado dos geradores de resíduos industriais, e assegurar que os

mesmos sejam dispostos de maneira adequada em locais devidamente licenciados.

l6- Implementar política de apoio técnico e jurídico para criação e implantação de uma

cooperativa, tendo no mínimo 4 núcleos contemplando toda a cidade e uma central única de

recebimento de reciclagem que trabalhe com a separação e comercialização de materiais

recicláveis junto a um programa de coleta seletiva que atenda 100% da área do município

acompanhado de campanhas permanentes de educação ambiental.

1.2.1.2 Biodiversidade e Conservação de Áreas Estratégicas

a. Definir em mapa as áreas prioritárias para conservação;

b. Criar um Sistema Municipal de Unidades de Conservação, contemplando a criação de unidades

de conservação de proteção integral e de uso sustentável;

c. Implementar os Planos de Manejo e os Zoneamentos Ambientais das unidades de conservação;

d. Promover inventários de fauna e flora e estabelecer listas de espécies ameaçadas ou em risco de

extinção e medidas de conservação e recuperação.

e. Implantar um programa municipal de corredores ecológicos, promovendo a interconexão de

fragmentos com formações vegetais naturais.

1.2.1.3 Drenagem Urbana

a. Recuperar as áreas erodidas através de um Plano Municipal de monitoramento, controle e

recuperação de Erosões.

b. Implementar uma política municipal de uso e conservação de solo;

c. Dotar o município de uma rede de drenagem urbana com a implementação de galerias de águas

pluviais e de bacias de regularização de vazão, combatendo a formação de enchentes, a

formação de erosões e o assoreamento dos corpos d’água.

d. Recuperar de modo sustentável e revitalizar as áreas de fundos de vale, em especial as áreas de

preservação permanente e transformá-los em Parques Urbanos Lineares.

e. Executar as obras estabelecidas no Plano Diretor de Macrodrenagem, referentes ao Córrego das

Flores (Avenida Nações Unidas), Água da Ressaca, Água da Forquilha, Água do Sobrado e

Córrego da Grama.

f. Dar continuidade ao Plano de Macro Drenagem nas bacias dos Córregos Água do Castelo, Água

Comprida, Barreirinho e Vargem Limpa.

Page 9: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 9

g. Elaborar legislação que estabeleça tipo de ocupação por bacia de drenagem, segundo

orientações dos Planos Diretores de Macro e micro Drenagem, com exigências para execução,

pelo empreendedor, de obras de contenção de águas pluviais para manter a vazão de restrição.

h. Que seja dada prioridade a recuperação integrada nas nascentes dos córregos Água Comprida e

Água do Sobrado em âmbito da bacia hidrográfica.

i. Implementar uma política de evitar erosões, inundações e assoreamentos contemplando estudos

de geomorfologia no planejamento urbano.

1.2.1.4 Qualidade de Vida

a. Tratar a questão ambiental como prioritária no desenvolvimento das políticas públicas municipais,

contemplando-a em todos os planos de desenvolvimento.

b. Implementar uma política municipal de arborização urbana com a conseqüente adoção de um

Plano Diretor de Arborização Urbano.

c. Criar e manter praças, parques e áreas verdes em áreas estratégicas, com a criação de sistemas

de lazer, trilhas, equipamentos esportivos e espaços arborizados.

d. Criar uma rede telemétrica de monitoramento da qualidade do ar.

e. Criar um sistema eficiente de controle da poluição sonora.

f. Criar uma rede de monitoramento pluviométrico e fluviométrico.

g. Criar um sistema eficiente de controle da poluição visual, incentivando práticas alternativas que

substituam as pichações, como por exemplo, o grafite.

h. Criar um sistema cicloviário nas principais vias de circulação.

i. Incentivar práticas de turismo ecológico.

j. Implantar uma Política Municipal de Educação Ambiental.

k. Implementar os Parques Lineares de Fundo de Vale, que têm a função de integrar os setores da

cidade, oferecer equipamentos de esporte e lazer e implantar as barragens de contenção de

águas pluviais para controle das enchentes.

l. Criação de um cadastro municipal de áreas contaminadas e a conseqüente descontaminação ou

reabilitação destas áreas;

m. Intensificar a fiscalização nos espaços vazios urbanos quanto à limpeza e conservação.

n. Regulamentação das feiras livres do município.

o. Implementar política de desenvolvimento de agricultura urbana.

p. Implementar uma política de controle de animais nos centros urbanos.

q. Criar campanhas educativas sobre queimadas e um Plano Preventivo de Estiagem.

1.2.1.5 Área Rural

a. Implementar programas que visem a conservação e recuperação dos recursos naturais a fim de

promover o desenvolvimento rural sustentável procurando adequá-los aos limites de micro-bacia

b. Fomentar programas de incentivo a produção agropecuária orgânica.

Page 10: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 10

c. Implementar programas de difusão de tecnologia de produções agropecuárias e de adequação

dos sistemas de produção com fomento a agricultura familiar a fim de promover o

desenvolvimento rural sustentável

d. Criar legislação que obrigue a fiscalização e cadastramento dos 20% da reserva legal com

acercamento das APPs.

e. Criar legislação para estradas e pontes rurais.

f. Implementar programas de infra-estrutura rural contemplando a conservação, recuperação e

abertura de novas estradas rurais, pontes e mata burros.

g. Adequar os órgãos municipais responsáveis pela assistência técnica e extensão rural com

recursos humanos, financeiros e materiais

h. Implementar política de fomento ao agronegócio e agregação de valor aos produtos com ações

que facilitem o acesso ao credito rural

i. Estimular através de incentivos com prioridades de atendimento grupal as formas organizacionais

visando ações coletivas

j. Incentivar o proprietário rural ao desenvolvimento do turismo rural e do ecoturismo.

k. Garantir o acesso aos direitos de cidadão na zona rural (saúde, educação, lazer e cultura)

l. Criar um Programa de gerenciamento de resíduos na zona rural

m. Gerar e atualizar o banco de dados dos produtores (proprietários, parceiros, meeiros, arrendatário

e assentados) moradores, trabalhadores rurais e propriedades rurais, uso do solo e água no

município.

n. Elaboração de um diagnóstico ambiental (recursos, uso do solo, da água) rural com levantamento

de dados atualizados.

o. Criar uma Carta de Aptidão Agrícola e um Zoneamento Agrícola;

p. Criação de uma legislação para parcelamento do solo na zona rural.

q. Criação de uma política municipal de abastecimento com ênfase para canais de comercialização

de produtos agropecuários produzidos no município (feiras livres, mercados e afins).

r. Tornar efetiva as políticas de segurança alimentar do município.

s. Implantação imediata do Conselho Municipal de Segurança Alimentar.

1.2.1.6 Sistema Municipal do Meio Ambiente

a. Regulamentar cada um dos instrumentos do Código Municipal de Meio Ambiente.

b. Dotar os órgãos municipais de meio ambiente, de recursos materiais e humanos de controle e

fiscalização ambiental.

c. Estabelecer um sistema municipal eficiente de cadastro, licenciamento e fiscalização ambiental.

d. Criar um sistema de informações geográficas fortalecendo e democratizando o

geoprocessamento municipal com base nas informações do DAE, capaz de reunir as informações

atualizadas sobre o município.

e. Implantar um zoneamento ambiental eficiente.

f. Tornar o Estudo de Impacto Ambiental obrigatório nos empreendimentos imobiliários.

g. Criar o Plano Municipal de Meio Ambiente.

Page 11: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 11

h. Elaboração e Aprovação da Agenda 21 local de forma democrática e participativa.

i. Municipalização do sistema de licenciamento ambiental com repasse dos recursos pelo Governo

do Estado.

1.3 POLÍTICAS PARA HABITAÇÃO, TRANSPORTE E MOBILIDADE URBANA E RURAL, PROTEÇÃO, PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DO PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO

Como este eixo temático é bastante abrangente, o mesmo foi subdividido em 3 temas:

1) Habitação; 2) Transporte e mobilidade urbana e rural, e 3) Proteção, preservação e

recuperação do patrimônio construído; cujas definições e propostas são apresentadas a seguir.

1.3.1 Habitação

O acesso universal à moradia digna, direito da pessoa humana reconhecido de uma maneira

geral na Carta dos Direitos Humanos da ONU, e mais especificamente em nosso país como garantia

fundamental transcrita na constituição de 1988, merece especial atenção na condução de políticas

públicas para o seu cumprimento.

Após a extinção do BNH em 1986, o Governo Federal abdica de possuir uma política

habitacional e todas as iniciativas no setor foram implementadas de uma forma fracionada e pontual,

com pouca coordenação por parte do governo, atendendo principalmente as classes mais

favorecidas, com renda mensal acima dos 5 salários mínimos.

Carente de uma política que enfrentasse o problema, o déficit habitacional saltou

consideravelmente na década de 1990, culminando com estimativas atuais da ordem de 7,2 milhões

de unidades para todo o país. Para melhor caracterizarmos o déficit habitacional estimado, é

importante destacar que 88% localiza-se na faixa de renda de até 5 salários mínimos e, o mais

alarmante, 60% concentra-se na faixa de renda familiar de até 3 salários mínimos. Esta população,

com renda inferior a 3 salários mínimos, excluída do sistema produtivo convencional, é jogada para a

informalidade e até mesmo a ilegalidade com as invasões de áreas públicas, privadas, de proteção

permanente e de riscos.

Após a Constituição de 1988, os municípios foram elevados à categoria de entes da

federação, carregando desta forma o bônus e principalmente o ônus deste novo status. Frente a

todas as outras responsabilidades municipalizadas, a habitação não teve o devido destaque na

divisão das parcas receitas municipais, agravando sobremaneira a situação do déficit de moradias

para a população de baixa renda.

Em 2001, com o advento do Estatuto das Cidades e, mais tarde em 2003, com a Criação do

Ministério das Cidades, são lançadas as bases para a implementação de uma Política Nacional de

Habitação. A PNH foi detalhada pelo Ministério, em Novembro de 2004, especificando objetivos e

diretrizes para sua implementação.

Em consonância com a nova doutrina da PNH, implantada pelo Governo Federal em 2004, o

Conselho Curador do FGTS, através da Resolução 460, estabelece novas regras para atender de

Page 12: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 12

forma mais adequada à população com renda inferior a 5 salários mínimos e prioritariamente a de

renda inferior a 3 salários mínimos.

Dentro deste contexto, a Cidade de Bauru apresenta um cenário similar às cidades de médio

porte da Região Sudeste, onde a especulação imobiliária levou a uma excessiva expansão da área

urbana, jogando as populações menos favorecidas para uma periferia distante, em áreas desprovidas

de infra-estrutura e equipamentos sociais.

Hoje, em Bauru aproximadamente 50% do perímetro urbano constitui-se de glebas de terras

ociosas, a serviço da especulação imobiliária. As populações excluídas do mercado imobiliário formal

possuem poucas alternativas e são empurradas para a ocupação de áreas não regularizadas, ou

invadem áreas públicas, de proteção ambiental e até mesmo, áreas de risco.

A estimativa do déficit habitacional para a cidade ainda no ano de 2000, segundo a Fundação

João Pinheiro, é de 6.609 unidades, com forte concentração na faixa de renda familiar de até 3

salários mínimos. Não considerando no déficit apontado, uma eventual demanda por qualificação de

imóveis ditos rústicos, desprovidos de alguns equipamentos mínimos como banheiros, fato que

elevaria consideravelmente a necessidade de novas habitações.

Com as novas medidas implantadas pelo Ministério das Cidades e a participação popular

estimulada pelo Estatuto das Cidades, o Município de Bauru tem nesse momento a oportunidade de

iniciar uma reversão deste quadro de aprofundamento da falta de habitações dignas, para a

população mais carente.

Neste processo de redirecionamento das prioridades e de implantação de novos programas

habitacionais voltados para a população mais carente, são fundamentais a forte participação popular

na definição de prioridades e a integração das instâncias governamentais aos níveis Federal,

Estadual e Municipal, para a obtenção dos recursos necessários.

1.3.1.1 Ações e estratégias prioritárias – propostas

Para facilidade de organização e encaminhamento das propostas, o tema Habitação foi

subdividido em 5 tópicos: 1) Solução para as favelas e habitações populares; 2) Controle da

especulação imobiliária; 3) Melhoria urbanística da implantação das habitações; 4)

Regularização fundiária, e 5) Moradia na área central da cidade.

1.3.1.1.1 Solução para as favelas e habitações populares

a. Promover o acesso à terra e à moradia digna aos habitantes da cidade e do campo, com a

melhoria das condições de habitabilidade, de preservação ambiental, saneamento básico e de

qualificação dos espaços, avançando na construção da cidadania, priorizando as famílias de

baixa renda.

b. Assegurar políticas fundiárias que garantam o cumprimento da função social da propriedade.

c. Desenvolver a Política Municipal de Habitação e implementar CMH e o FMH.

d. Dar continuidade ao levantamento das favelas estabelecendo, com a participação das

comunidades envolvidas, políticas adequadas para sua erradicação, seja através da remoção ou

de regularização fundiária, aplicando-se os instrumentos do Estatuto da Cidade.

Page 13: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 13

e. Propor ao Governo Federal e Estadual uma política de financiamento subsidiado para habitação.

f. Implementar o Fundo Municipal de Habitação com programas subsidiados para população com

renda até 3 salários mínimos.

g. Implantar uma política de terras municipais, a partir da aplicação dos instrumentos do Estatuto da

Cidade, para desenvolvimento de programas habitacionais, que atendam também a população

rural.

h. Promover processos democráticos na formulação, implementação e controle dos recursos da

política habitacional, estabelecendo canais permanentes de participação das comunidades e da

sociedade organizada.

i. Criação de um órgão municipal que desenvolva os projetos, políticas e ações definidos pelo

CMH.

j. Buscar recursos e programas disponíveis nas diversas esferas governamentais e em outros

agentes internacionais.

k. Priorizar programas habitacionais que atendam a população com renda até 3 salários mínimos.

l. Assegurar a vinculação da política habitacional com as demais políticas públicas, com ênfase às

sociais, espaços de lazer, de geração de emprego e renda, de educação ambiental e de

desenvolvimento urbano, valorizando os bairros e regiões periféricas da cidade.

m. Estimular a participação da iniciativa privada na promoção e execução de projetos compatíveis

com as diretrizes e objetivos da Política Municipal de Habitação.

n. Destinar ao FMH, no mínimo a parcela do ICMS referente à habitação que retorna ao município.

o. Que toda construção/projeto habitacional de interesse social garanta um número proporcional à

ocupação de espaços menores e vazios urbanos, e a disponibilidade dos equipamentos sociais e

outros já existentes, independente da fonte de recursos.

1.3.1.1.2 Controle da especulação imobiliária

a. Elaborar o novo Plano Diretor contemplando os instrumentos do Estatuto da Cidade, em especial

os que combatem a especulação imobiliária e os vazios urbanos, inclusive para aquisição de

imóveis, evitando-se o recurso da desapropriação.

b. Aplicar a Contribuição de Melhoria como forma de recuperação dos investimentos públicos.

c. Revisar a Planta de Valores Genéricos do Município de 2 em 2 anos, como forma de recuperação

dos investimentos públicos.

1.3.1.1.3 Melhoria urbanística da implantação das habitações

a. Permitir a expansão do perímetro urbano somente após a apresentação de Estudo de Impacto

Ambiental aprovado pelo órgão competente e referendado em audiência pública.

b. Priorizar a implantação de empreendimentos habitacionais nos vazios urbanos próximos das

áreas centrais, otimizando a infra-estrutura e equipamentos já implantados.

c. Exigir Estudo de Impacto de Vizinhança para empreendimentos habitacionais, garantindo sua

sustentabilidade econômica, financeira e social.

Page 14: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 14

d. Utilizar processos tecnológicos que garantam a melhoria da qualidade e a redução dos custos da

produção habitacional e da construção civil em geral.

1.3.1.1.4 Regularização Fundiária

a. Dar melhor destinação técnica e social aos Lotes Urbanizados.

b. Realizar recadastramento imobiliário em toda a cidade.

c. Implantar programas de regularização fundiária na zona rural.

d. Agilizar os processos já em andamento sobre regularização fundiária/usucapião nas ocupações

irregulares do município.

1.3.1.1.5 Moradia na área central da cidade

a. Criar incentivos à implantação de moradias na área central utilizando os instrumentos do Estatuto

da Cidade.

b. Implementar uma política de adequação para uso residencial das edificações ociosas na área

central, através de reciclagem, reabilitação e revitalização com programas subsidiados.

1.3.2 Transporte e mobilidade

No intuito de formular e implantar uma política de Mobilidade Urbana viável, as ações nas

áreas de trânsito e transporte deverão proporcionar às pessoas o acesso amplo e democrático ao

espaço urbano.

Na integração dos diversos modos de deslocamento e transporte de cargas, previstos no

CONTRAN, foi formulado o projeto para a futura regulamentação da circulação e transporte de cargas

e passageiros por meio de veículos de tração animal, no âmbito do Município de Bauru, atendendo a

determinação do artigo 24 do Código de Trânsito Brasileiro. Atualmente, no sistema viário, a adoção

da metodologia de implantação de mini-rotatória, para redução de movimentos veiculares conflitantes

acaba por minimizar os efeitos do uso massivo do carro.

A Mobilidade Urbana não motorizada tem seu incentivo em ações, como a implantação de

semáforos para pedestres na Av. Rodrigues Alves (quarteirão. 01 ao 14), calçadão da Batista de

Carvalho (quarteirão 01 ao 07), Av. Nações Unidas (quarteirão 17, próximo ao Supermercado

Paulistão) e, mais recentemente, na Av. Rodrigues Alves quarteirões. 36 e 37 (em especial as

pessoas que se dirigem para a Escola do SESI naquele local).

Após a execução do anteprojeto do POT de Bauru (Projeto de Orientação de Tráfego de

Bauru), começa a fase de execução do projeto definitivo e, paralelamente, os estudos sobre as

possibilidades de viabilizá-lo de forma financeira. Esta ação visa facilitar a locomoção através de

caminhos tradicionais ou alternativos, que serão indicados nas placas de sinalização, proporcionando

acesso mais racional no deslocamento aos principais corredores de tráfego, pontos turísticos,

serviços essenciais, logradouros e referenciais urbanos.

A reestruturação do transporte coletivo implantado recentemente compreendeu duas etapas.

Na primeira etapa a frota foi redimensionada para adequar-se a demanda (2003) e, na segunda

etapa, houve a integração plena do sistema (2004).

Page 15: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 15

A integração tarifária veicular através do sistema automático (Bilhetagem Automática),

atendeu, de forma otimizada, a necessidade de construção do terminal rodoviário urbano, através do

conceito de integração por conexão de linhas em pontos estratégicos da rede, permitindo ampla

acessibilidade à cidade, para aquelas pessoas que diariamente utilizam este meio de transporte. Mais

recentemente (2005) foi criado o Passe Múltiplo, destinado a pessoas que não utilizam o transporte

coletivo de forma rotineira.

Em relação às pessoas portadoras de mobilidade reduzida, foi introduzido ao sistema de

transporte coletivo mais uma Van (totalizando 03), para atender este segmento. Na reforma do

Terminal Rodoviário de Bauru, estão sendo feitas as adaptações necessárias para uma maior

integração dessas ao dia-dia com as demais pessoas.

Cabe ainda salientar que a revisão do modelo licitatório foi executada por modificação da

legislação, que extinguiu a Câmara de Compensação Tarifária e passou a remunerar o sistema de

transporte através de passageiros transportados, desonerando a prefeitura com os sucessivos déficits

que havia no sistema.

1.3.2.1 Ações e estratégias prioritárias – propostas

Para facilidade de organização e encaminhamento das propostas, o tema Transporte e

mobilidade urbana e rural foi subdividido em 7 tópicos: 1) Intermodalidade; 2) Sistema viário

urbano; 3) Malha ferroviária; 4) Melhoramento na área de Engenharia de Tráfego; 5)

Investimentos e ações em educação no trânsito; 6) Transporte, e 7) Mobilidade urbana.

1.3.2.1.1 Intermodalidade

a. Propor um Plano Diretor Democrático, local e regional que interligue o sistema rodoviário, ao

ferroviário, aeroviário e hidroviário.

b. Buscar recursos para investimentos regionais na intermodalidade.

c. Rever e fiscalizar as concessões e privatizações do sistema ferroviário, recompondo o seu papel

de transporte de passageiro regional.

1.3.2.1.2 Sistema viário urbano

a. Alterar os conceitos de sistema radiocêntrico e dar prioridade ao sistema de interligação inter-

bairros.

b. Reavaliar os projetos de vias de fundo de vales, ampliando as áreas de preservação permanente,

de áreas de lazer e esporte e de áreas institucionais.

c. Buscar recursos para construções de novas vias estruturais criando operações urbanas e infra-

estruturas para criação de novos pólos de desenvolvimento urbano.

d. Criação e manutenção das vias paralelas para circulação de carroceiros, carrinheiros, ciclistas,

triciclistas, skatistas, etc, identificando as regiões de maior necessidade da construção destas

paralelas.

Page 16: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 16

e. Prever nos novos empreendimentos imobiliários, itinerários e locais de parada para o transporte

coletivo, de modo a assegurar a acessibilidade, conforto e segurança de seus moradores e/ou

usuários.

1.3.2.1.3 Malha ferroviária

a. Investimento em ações junto aos órgãos municipais, estaduais e federais para aproveitamento

das áreas lindeiras à ferrovia para criação de lazer, esportes, ciclovias, etc.

b. Aproveitamento da malha para criação de um trem urbano com a busca de recursos junto ao

Governo Federal (metrô de superfície).

c. Aproveitamento das edificações ferroviárias para usos da cultura, comércio, serviços, educação,

geração de emprego e renda, ampliando o aproveitamento de circulação da malha ferroviária.

d. Aproveitamento da malha ferroviária dentro do município, com investimentos para implantação de

um circuito turístico-histórico entre o seu Museu Ferroviário Regional até a Estação de Curuçá,

Val de Palmas, Tibiriçá e outros.

e. Recuperação da Estação de Curuçá, Val de Palmas, Tibiriçá e outros, transformando-as em um

centro histórico receptivo de turista, valorizando a cultura regional e a história ferroviária do

município.

1.3.2.1.4 Melhoramento na área de Engenharia de Tráfego

a. Redução de movimentos veiculares conflitantes em pontos críticos.

b. Melhoria na coordenação do sistema semafórico (centralização) e investimentos em novos

equipamentos e materiais (no breaks e led´s), garantindo a acessibilidade universal.

c. Sinalização indicativa da cidade de forma globalizada (integração das placas antigas com as

novas indicações).

d. Desenvolvimento de programa para implementar banco de dados de acidentes.

e. Estudos sobre operações de carga e descarga no quadrilátero central da cidade.

f. Criação de vagas de estacionamento nas áreas comerciais, em novos empreendimentos, em

quantidade compatível com a atividade a ser desenvolvida.

g. Melhoramento da pavimentação das vias.

h. Criação de entreposto de cargas fora do perímetro central, reduzindo o tráfego de caminhões no

quadrilátero central.

1.3.2.1.5 Investimentos e ações em educação no trânsito

a. Atividades educativas (teatros, palestras, cursos) em escola.

b. Mobilização de empresas para parceria na promoção de palestras e ciclos de debates.

c. Confecção e distribuição de material educativo.

d. Publicação de revista infantil com foco na segurança no trânsito.

e. Realização da semana do trânsito.

f. Incentivo ao trabalho em conjunto dos órgãos relacionados ao trânsito.

Page 17: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 17

g. Suporte das universidades locais em ações de educação.

h. Montagem de uma central de documentação de segurança no trânsito.

i. Implantação de painéis e outdoors com mensagens educativas e de painéis luminosos com

dados sobre o trânsito local.

j. Ampliação de cursos de direção defensiva em escolas e empresas.

k. Criação de portal específico na internet com informações sobre trânsito e transporte na cidade.

l. Criação de uma Cidade Mirim.

m. Incentivar uma política educacional que estimule o uso do transporte coletivo e de reduzido

impacto ambiental, restituindo dignidade do usuário e conforto do mesmo.

1.3.2.1.6 Transporte

a. Revisão da política tarifária objetivando sua modicidade através de subsídios públicos e privados,

incentivo à redução de impostos e ressarcimento das gratuidades (deficientes, idosos e

estudantes);

b. Implantação do uso de combustíveis alternativos na frota de ônibus coletivos, com a permanente

busca de soluções tecnológicas, ambiental e economicamente viáveis, que visem a

sustentabilidade do sistema no sentido de reduzir o impacto ambiental e as tarifas;

c. Investimento e ações educativas visando garantir assentos reservados a idosos, gestantes,

pessoas portadoras de deficiências e mães com crianças de colo;

d. Revisão da matriz de transportes do município de Bauru, considerando as aspirações e

potencialidades do município;

e. Priorizar o uso dos recursos públicos para o asfaltamento, recapeamento e melhoria na infra-

estrutura da periferia, com maior atenção às vias onde ocorre o tráfego de ônibus urbano.

f. Instalação e manutenção de abrigos (cobertura) e bancos em todos os pontos de ônibus,

priorizando as áreas de maior demanda, sendo os mesmos executados pela iniciativa privada

(publicidade) em parceria com as empresas responsáveis pelo transporte coletivo de Bauru,

seguindo um padrão adequado às diferentes demandas a ser definido pelo gerenciador do

sistema.

g. Ampliação da Fiscalização do transporte.

h. Revisão da legislação do sistema de transporte: individual, coletivo, escolar, fretamento, etc.

i. Ampliação do sistema de atendimento através de vans com agendamento “porta a porta”, para

portadores de deficiência física e motora com dependência de cadeira de rodas.

j. Renovação da frota de veículos do transporte coletivo, adequando-a à acessibilidade universal, a

fim de garantir a inclusão social, atendendo as leis federais 10.048/00 e 10.098/00,

regulamentadas pelo decreto 5.296/04.

1.3.2.1.7 Mobilidade

a. Revisão dos acessos à cidade pelas Rodovias, garantindo instrumentos que tragam segurança

aos motoristas e pedestres, visando reduzir o número de acidentes;

Page 18: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 18

b. Realização de estudos sobre o acesso ao Aeroporto Regional, prevendo o aumento da circulação

de veículos na região, e buscando apoio junto a órgãos municipais, estaduais e federais;

c. Melhorar a sinalização que identifica as vias públicas;

d. Parceria com o Governo do Estado para a ampliação da Avenida Nações Unidas para a região

norte, com acesso à Rodovia Bauru-Marília;

e. Criar instrumentos que obriguem os empreendedores de loteamentos e pólos geradores de

tráfego a investir em obras e equipamentos (sinalização) visando adequações do sistema viário e

minimizando impactos sobre a malha urbana, atendendo assim o artigo 88 e 93 do Código de

Trânsito Brasileiro.

f. Criar instrumentos que obriguem as empresas construtoras, pessoas e Poder Público a

cumprirem a qualidade na execução de calçadas públicas que são de responsabilidade do

proprietário lindeiro, evitando desníveis e, inclusive, garantindo passeios para pedestres,

preservando a sua segurança.

g. Estabelecer ligações viárias com qualidade entre os loteamentos e os pólos de desenvolvimento

ou geradores de empregos e renda.

h. Adaptação dos prédios públicos e de uso coletivo à acessibilidade universal.

i. Possibilitar a acessibilidade universal em vias e espaços públicos coletivos, criando condições de

uso com autonomia e segurança.

j. Criação de instrumentos para melhoria no sistema de fiscalização de vias e calçadas (conforme

artigo 94 e 95 do Código de Trânsito Brasileiro).

k. Emenda no projeto de lei municipal 51/04 “que estabelece normas sobre a aprovação e execução

de infra-estrutura nos parcelamentos do solo no município de Bauru”, incluir sinalização de

trânsito.

1.3.3 Proteção, preservação e recuperação do patrimônio construído

A ocupação inicial de Bauru foi espontânea, sem um planejamento inicial, na última década

do século XIX. A cidade desenvolveu-se no sentido norte-sul e as edificações foram construídas ao

longo das ruas Araújo Leite e Antônio Alves. É importante ressaltar que a chegada dos trilhos da

Sorocabana em 1905, da Paulista em 1910, e a construção da Noroeste fizeram com que Bauru se

tornasse importante centro de comércio e de desenvolvimento urbano. Também a ferrovia se torna

um importante meio de comunicação, de importação de materiais de construção e de novas técnicas

construtivas. As edificações são construídas com uma linguagem eclética; as primeiras casas de

porão alto com afastamentos laterais, platibandas, elementos ornamentais, comércio no pavimento

térreo e residências no piso superior.

De 1924 a 1936, a cidade teve sua maior expansão urbana, com a construção de novos

bairros. Em 1940, a área central se densifica e aparece um grande número de loteamentos na

periferia da cidade.

Page 19: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 19

Nas décadas de 40 e 50 o Movimento Moderno, já bastante forte em todo o Brasil, chega,

enfim, a Bauru. Personagens importantes passam a escrever a história da arquitetura moderna nesta

cidade: Zenon Lotufo, Ícaro de Castro Melo, Fernando Pinho, dentre outros, trabalharam no decorrer

de um período que corresponde às décadas de 40, 50, 60 e 70. Após 1950, a paisagem urbana do

centro é modificada pela construção de prédios verticais, tais como: o Alvorada Palace Hotel,

localizado na rua 1° de Agosto; Foto Giaxa e a Paulista, construídos na rua Batista de Carvalho, entre

outros. A construção destes edifícios no centro da cidade trouxe a ruptura da fisionomia da paisagem

urbana existente. Já na década de 60 e 70, a cidade se expande ao sul com as novas construções

denominadas “Altos da Cidade”.

O centro da cidade de Bauru é a área histórica, o ponto de referência por que nela teve início

a cidade. Esta área concentra o maior número de edificações com valor histórico, arquitetônico e

cultural, tombados e indicados para o tombamento pelo CODEPAC (Conselho de Defesa do

Patrimônio Cultural) de Bauru, como: Automóvel Clube, Casa Sabastano, Casa Lusitana, Edifício

Abelha, Hotel Estoril, Hotel Terra Branca, Estação da Estrada de Ferro Noroeste, Foto Giaxa,

Superintendência da Estrada de Ferro Noroeste, Farmácia Popular, Hotel Cariani, Palacete Pagani,

Colégio São José, Aliança Francesa, Sociedade Beneficiente Portuguesa, entre outros. É importante

ressaltar que em Bauru, a Estação da Estrada de Ferro Noroeste e o Instituto Lauro de Souza Lima (a

Igreja de Nossa Senhora das Dores, o coreto e o teatro) foram tombados pelo Conselho de Defesa do

Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT).

O Estatuto da Cidade prevê “a proteção, a preservação e a recuperação do meio ambiente

natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico. Esta é

mais uma importante medida para se obter a garantia da convivência vital entre o homem e o meio,

bem como para a manutenção de nossa história urbana, seja ela local, regional ou nacional”.

Diante da deterioração, da descaraterização e mesmo da destruição do patrimônio cultural,

que são expressões das manifestações econômicas, sociais e culturais, devem ser criadas condições

necessárias para a salvaguarda deste patrimônio, tais como: legislação, financiamento, medidas

administrativas, sanções, reparações, recompensas e assessoramento, contemplados no Plano

Diretor da cidade, especificamente como Área de Proteção Especial.

1.3.3.1 Ações e estratégias prioritárias – propostas

Assim como nos temas anteriores, para facilidade de organização e encaminhamento das

propostas, o tema Proteção, preservação e recuperação do patrimônio construído foi subdividido em

7 tópicos: 1) Medidas administrativas; 2) Legislação; 3) Financiamento; 4) Sanções; 5)

Reparações, 6) Assessoramento, e 7) Programas educativos.

1.3.3.1.1 Medidas administrativas

a. Tombamento, através das instâncias de preservação no âmbito local, estadual ou nacional do

patrimônio construído de relevância histórica, ambiental, paisagística, arquitetônica e cultural,

além de bens móveis, relacionados à malha ferroviária.

Page 20: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 20

b. A responsabilidade pela salvaguarda do patrimônio arquitetônico e urbano em Bauru deverá

competir aos organismos federal, estadual e local.

c. Os serviços de salvaguarda do patrimônio deverão contar com pessoal qualificado, especialistas

competentes (arquitetos, urbanistas, geógrafos, historiadores, sociólogos, arqueólogos, entre

outros) em matéria de preservação do patrimônio edificado.

d. Deverão ser tomadas medidas administrativas necessárias para a salvaguarda do patrimônio

arquitetônico: fiscalizações, sanções, reparações, incentivos fiscais, entre outros.

e. A desapropriação do patrimônio deverá ser necessária em casos de deterioração, descaso e

abandono por parte dos proprietários. Esta deve ter caráter social.

f. Continuidade no processo de revitalização da área central e manutenção das benfeitorias

implementadas através de parcerias entre os poderes público e privado;

g. Requalificação do mobiliário urbano, na área central, inclusive no calçadão da rua Batista de

Carvalho com redesenho dos pórticos/coberturas, atendendo às especificações contidas nas

normas de segurança vigentes.

1.3.3.1.2 Legislação

a. Preservar as edificações existentes, evitando a descaracterização e mesmo sua demolição,

colocando funções compatíveis à sua tipologia.

b. Preservar a tipologia, o volume e as fachadas das edificações existentes dos diferentes períodos

históricos e estilos arquitetônicos;

c. Na reorganização dos espaços internos das edificações existentes para sua adequação a outra

função, deverá ser evitada a descaracterização das fachadas, a demolição das paredes internas

sempre que possível. Quando o programa exigir uma intervenção no arranjo interno da

edificação, esta deverá ser realizada com materiais contemporâneos e de fácil remoção, porém

integrados aos materiais existentes;

d. Nas intervenções contemporâneas realizadas no patrimônio cultural deverá ser facilitada sua

leitura através de materiais contemporâneos.

1.3.3.1.3 Financiamento

a. Que as três esferas de governo disponibilizem no orçamento valor ou rubrica suficiente para

assegurar a salvaguarda do patrimônio arquitetônico e urbano.

b. Que as três esferas de governo incentivem a criação de linhas de crédito com juros acessíveis e

incentivos necessários para a restauração, revitalização e reciclagem do patrimônio arquitetônico.

c. Prever incentivos fiscais e financeiros, concessão da transferência do direito de construir e de

outros instrumentos do Estatuto da Cidade para imóveis tombados.

Page 21: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 21

1.3.3.1.4 Sanções

a. Que as três esferas de governo sejam severas na punição às infrações cometidas em obras

públicas ou privadas por negligência ou intencionalmente em relação à salvaguarda do

patrimônio.

1.3.3.1.5 Reparações

a. Que as três esferas de governo adotem medidas necessárias para assegurar a reparação, a

restauração ou a reconstrução dos bens culturais deteriorados por obras públicas ou privadas,

criando condições para que seja concedida assistência financeira e técnica quando necessária.

1.3.3.1.6 Assessoramento

a. Que os Conselhos de Defesa do Patrimônio Artístico, Arqueológico, Histórico e Turístico

proporcionem às prefeituras, particulares e associações, assistência, dispondo de pessoal

especializado na salvaguarda do patrimônio, assessoramento técnico ou supervisão que permita

assegurar a salvaguarda do patrimônio arquitetônico.

1.3.3.1.7 Programas educativos

a. Que as três esferas de governo difundam a importância histórica, arquitetônica e cultural do

patrimônio edificado através de filmes documentais, livros pedagógicos nos diferentes graus de

educação, visitas programadas e outros que permitam conhecer o patrimônio e preservá-lo.

1.4 FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO

O financiamento do desenvolvimento urbano é uma condição para a continuidade do

crescimento econômico do País, retomado em 2004, para geração de emprego e renda e para o

enfrentamento das fortes desigualdades sociais e territoriais características da nossa sociedade.

Ao longo dos últimos anos, o financiamento do desenvolvimento urbano encontra duas

ordens de constrangimentos: a pura e simples retração dos investimentos públicos diretos e a

restrição da capacidade de endividamento dos Estados e Municípios.

Não há falta de recursos para financiamento, como atestaram e atestam atualmente as fontes

do FGTS e do FAT, no plano nacional e, também as fontes internacionais, como o Banco Mundial e

Banco Interamericano de Desenvolvimento, mas há limitações de recursos a fundo perdido (não

onerosos) e restrições para o endividamento público.

Outro desafio colocado no plano federal é a articulação dos investimentos definidos pelas

emendas parlamentares (recursos não onerosos do Orçamento Geral da União, que, em 2005,

representam 80% do total de recursos do OGU do Ministério das Cidades).

Page 22: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 22

O financiamento do desenvolvimento urbano, contudo, não é atribuição exclusiva da União.

Estados e Distrito Federal também têm um papel importante na mobilização de recursos,

principalmente para as áreas de habitação, saneamento ambiental e transporte e mobilidade urbana.

A implementação da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano depende, também, em

grande parte, da capacidade de investimento e de recursos próprios dos municípios. Diante desta

exigência, há que se reconhecer a forte dependência da maioria dos municípios dos recursos

transferidos por estados e União, o que reflete diferenças regionais e de tamanho populacional entre

os municípios.

Atualmente, o tributo municipal de maior arrecadação é o Imposto sobre Serviços de

Qualquer Natureza - ISS. Ele foi responsável, em 2003, por 43% dos R$ 22,5 bilhões arrecadados

pelas prefeituras brasileiras, mais de três quartos deste valor concentrados nos 106 municípios

brasileiros com mais de 200 mil habitantes. A tributação do patrimônio dos proprietários de terrenos e

edifícios urbanos representa menos de 0,5% de nosso Produto Interno Bruto, valores muito abaixo da

média de países mais desenvolvidos.

Desta forma, os impostos que mais geram receita para os municípios incidem sobre o

consumo, quando o imposto mais importante para as prefeituras promoverem desenvolvimento

urbano deveria incidir sobre a propriedade de edifícios e terrenos urbanos, o IPTU.

Mais que aumentar a receita dos municípios, a gestão responsável do solo urbano através da

cobrança do IPTU, é uma ação essencial para a justiça urbana e permite às prefeituras cumprir as

diretrizes do Estatuto das Cidades, assegurar a função social da propriedade, controlar a expansão

horizontal da cidade, adquirir terra de qualidade para a habitação de interesse social e retomar para o

Estado parte da valorização dos imóveis causada pelos investimentos públicos.

O financiamento do desenvolvimento urbano deve contar ainda com a participação da

iniciativa privada. Para isso, novas leis federais (como a que estabelece o Patrimônio de Afetação)

garantem mais segurança para o mercado habitacional e aumentam o volume de recursos privados

destinados `a classe média. O instituto da Parceria Público - Privada também viabiliza investimentos

privados em infra-estrutura urbana.

Diante deste quadro geral, foram levantadas as seguintes questões para discutir o

financiamento do desenvolvimento urbano:

1ª - Quais as alternativas para ampliar os recursos e o financiamento do desenvolvimento urbano?

2ª - Quais devem ser as prioridades dos três entes federados no financiamento do desenvolvimento

urbano?

3ª - Como articular de forma eficiente os recursos dos três entes federados para o desenvolvimento

urbano e qualificar os gastos públicos?

4ª - Quais as políticas, medidas e instrumentos que devem ser adotados pelos municípios para

viabilizar uma arrecadação própria para financiamento do desenvolvimento urbano?

5ª – Como viabilizar a articulação de recursos para financiamento e recursos não onerosos para o

desenvolvimento urbano?

Page 23: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 23

Aprofundando a questão municipal

1ª - Qual a capacidade de investimento próprio do município de Bauru?

2ª - Qual é a estrutura da arrecadação do município de Bauru?

3ª - Como melhorar a arrecadação e a capacidade de investimento direto do Município?

4ª - Quais as possibilidades de financiamento externo, público/privado, para investimentos municipais

em Bauru?

5ª - Como equacionar o problema do tratamento do esgoto, sua necessidade, suas conseqüências e

as possibilidades de financiamento?

Considerando-se que as questões macro poderão ser aprofundadas nas reuniões de âmbito

estadual e federal, propomos o foco central nos problemas de nosso Município, com destaque

para o financiamento do tratamento do esgoto.

1.4.1 Ações e estratégias prioritárias – propostas

A exemplo dos temas anteriores, para facilidade de organização e encaminhamento das

propostas, o tema Financiamento do desenvolvimento foi subdividido em 3 tópicos: 1) Municipal

2) Estadual, e 3) Federal.

1.4.1.1 Municipal

a. Priorizar o tratamento de esgoto, como forma de resolver os problemas ambientais, de saúde

pública, e atrair novos investimentos (indústrias, habitações entre outros).

b. Viabilizar recursos necessários para tratamento de esgoto através de financiamento

(empréstimos) e criar um fundo municipal de arrecadação, baseados em cobranças diferenciadas

por categorias de consumo e uso do sistema.

c. Desenvolver projetos para financiamento externo do asfalto comunitário e através da criação do

fundo municipal de pavimentação.

d. Modernizar a estrutura / equipamentos e gestão dos órgãos públicos municipais, buscando

melhoria da arrecadação municipal.

e. Discutir no orçamento participativo municipal os valores que se pretendam arrecadar com ISS e

IPTU visando atender os investimentos e prioridades estabelecidas.

f. Corrigir o valor venal dos imóveis do município a cada dois anos, buscando a atualização ao valor

de mercado praticando justiça tributária.

g. Fazer recadastramento imobiliário e de contribuintes de ISS, mantendo-o atualizado anualmente.

h. Garantir a aplicação da lei de contribuição de melhorias.

i. Criar mecanismos mais eficazes de fiscalização e acompanhamento, integrado a entidades afins,

de construções e suas utilizações (moradia, comércio, indústria, etc.).

j. Agilizar a regularização da situação de inadimplência do município visando garantir a

possibilidade de acesso a recursos financeiros.

k. Garantia de apoio do poder público às iniciativas que busquem a economia solidária, por meio de

intercâmbios e consórcios como forma de geração de renda e inclusão social.

Page 24: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 24

l. Utilização e aprofundamento dos instrumentos do Estatuto da Cidade como meio de

financiamento e redirecionamento do desenvolvimento urbano e rural.

m. Evitar sempre que possível a utilização do instrumento da desapropriação de terra utilizando-se

dos instrumentos do estatuto da cidade.

n. Buscar nos instrumentos do estatuto da cidade e outras leis, condições para agregar área para

instalação de novos Distritos Industriais, loteamentos populares e outros.

o. Desenvolver projetos integrados (urbanísticos, sociais, geração de emprego e renda e infra-

estrutura etc.) que articule financiamentos municipais, estaduais, federais e setor privado.

p. Viabilizar o acesso ao crédito rural, e criação de um fundo de aval municipal a fim de viabilizar o

crédito rural a agricultores familiares, visando o desenvolvimento rural do município.

1.4.1.2 Estadual

a. Revisão dos critérios de transferências do ICMS aos municípios com o aumento do peso do item

população.

b. Revisão dos critérios estabelecidos para destinação de micro crédito – Banco do Povo – visando

atingir os objetivos a que se propõe.

1.4.1.3 Federal

a. Destinar mais recursos do Orçamento Geral da União para projetos que se destinem a setores

essenciais como saúde, saneamento, habitação e etc.

b. Promover a revisão dos índices do fundo de participação repassados aos municípios, buscando

aumentar seus valores.

1.5 DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Para que sejam amplamente atingidos os objetivos da 2ª Conferência Municipal da Cidade de

Bauru, é imprescindível que sejam colocadas em prática as duas ações propostas a seguir:

a. A redação final da “Tese Municipal”, aprovada pela plenária final da 2ª Conferência Municipal da

Cidade de Bauru deverá ser amplamente divulgada.

b. Implementar uma política de real aplicabilidade dos planos ora debatidos dentro da realidade

municipal, levando-se em consideração as possibilidades de aplicabilidade prática, condizente a

realidade de Bauru, em curto, médio e longo prazo.

Page 25: a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE - bauru.sp.gov.br · Dois anos se passaram e novamente o ... Existem formas e mecanismos para ... Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa,

TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 25

1.6 MOÇÕES APROVADAS MOÇÃO 1 – proposta da Associação de Moradores do Parque Roosevelt “Que o Poder Público Municipal proceda a finalização do inventário das comunidades carentes de

Bauru, estabelecendo políticas e ações adequadas para sua urbanização, com a implantação da

logística necessária para uma perfeita integração social inclusive o de regularização fundiária,

aplicando-se o instrumental legal do Estatuto da Cidade”.

MOÇAO 2 – proposta de diversos delegados Os delegados da 2a Conferência Municipal da Cidade vêm por meio desta moção solicitar ao

Excelentíssimo Senhor Prefeito José Gualberto Tuga Angerami um maior enfoque na questão do

desenvolvimento cultural do Município, não contemplado nesta Conferência e que, no entanto, foi

considerado importante na estruturação social e desenvolvimento do Município. Propõe-se aqui a

realização de um seminário com o tema Propostas de Políticas Públicas para o Desenvolvimento

Cultural de Bauru, com o intuito de discutir a produção e difusão de idéias e proposições para a área

da cultura no âmbito Municipal, incentivando as manifestações culturais, de forma a torná-as mais

acessíveis e introduzí-las no interesse e cotidiano popular.