a condessa paula: conheÇa ou...

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UMA CARROÇA DE ALIMENTO BEZERRA DE MENEZES: OS ANIMAIS NO PLANO ESPIRITUAL CHICO XAVIER: OS OPOSITORES DO ESPIRITISMO HERCULANO PIRES: UM CURIOSO CASO DE DESOBSESSÃO DIVALDO FRANCO: CONHEÇA OU RECORDE A CONDESSA PAULA: A VIDA DESSA MULHER EXTRAORDINÁRIA outubro/2010 | edição 97 | ano IX | www.nossolarcampinas.org.br

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UMA CARROÇA DE ALIMENTO

bezerra de menezeS:

OS ANIMAIS NO PLANO ESPIRITUAL

ChiCO xavier:

OS OPOSITORES DO ESPIRITISMO

herCulanO pireS:

UM CURIOSO CASO DE DESOBSESSÃO

divaldO FranCO:

CONHEÇA OU RECORDE

A CONDESSA PAULA:

a vida deSSa mulher extraOrdinária

outubro/2010 | edição 97 | ano IX | www.nossolarcampinas.org.br

Ediçãocentro de estudos espíritas “nosso lar”Depto. editorialJornalista Responsávelrenata levantesi (mtb 28.765)Projeto Gráfi co r.múltipla|lumiéreRevisão Zilda nascimentoAdministração e Comércioelizabeth cristina s. silvaApoio Culturalbraga Produtos AdesivosImpressãoCitygráfi caO Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

FAle conoscorevistafi [email protected] +55 19 3233 5596

AssInAturAsAssinatura anual: R$ 50,00Exterior: US$ 55,00

centro de estudos espíritas “nosso lar”Rua Luís Silvério, 120 | Vila MarietaCampinas/SP | 13042-010CNPJ: 01.990.042/0001-80I.E.: 244.933.991.112

FAle conoscocADAstre-se no msne ADIcIone o nosso enDereço:atendimentorevistafi [email protected]

Certamente, Jesus esteve, está e estará sempre conosco, no levantamento do Reino de Deus, e por isso mesmo, urge reconhecer que, para isso, ele não nos reclama demonstrações de heroísmo ou espetáculos de grandeza.

Tudo em semelhante edifi cação é compreensível e simples, mas, por esta razão, o Mestre espera que as nossas tarefas compreensíveis e simples sejam cumpridas por nós, em regime de esforço máximo, a fi m de que venhamos a colaborar na fundação da estrutura eterna.

Para que atinjamos no mundo, o Reino de Deus, não nos pede o Senhor peregrinações de sacrifício a regiões particulares; espera, entretanto, demons-tremos coragem sufi ciente para viver, dia por dia, no exato cumprimento de nossos deveres, na viagem difícil da reencarnação.

Não exige nos diplomemos nos preceitos gramaticais do idioma em que desfrutamos agora o privilégio do entendimento mútuo, espera, porém, que saibamos dizer sempre a palavra equilibrada e reconfortante, em auxílio de nossos companheiros da Humanidade. Não nos obriga a renúncia dos bens terrenos; espera, todavia, que nos dediquemos a administrá-los sensatamente, empregando as sobras possíveis no socorro aos irmãos em penúria. Não nos impele as ginásticas especiais para o desenvolvimento prematuro de forças fí-sicas e psíquicas; espera, entretanto, nos esforcemos para barrar pensamentos infelizes, dominando as nossas tendências inferiores. Não nos solicita a perfei-ção moral de um dia para outro; espera, contudo, nos disponhamos a cooperar com ele, suportando injúrias e esquecendo-as, em favor do bem comum. Não nos determina sistemas sacrifi ciais de alimentação ou processos de vida incom-patíveis com as nossas necessidades justas e naturais; espera, porém, sejamos no respeito ao corpo que a Lei da Reencarnação nos haja emprestado, guardan-do fi delidade invariável aos compromissos que assumimos, uns à frente dos outros. Não nos aconselha o afastamento da vida social, sob o pretexto de pre-servarmos qualidade para a glória celeste; espera, no entanto, que exerçamos bondade e paciência, perdão e amor, no trato recíproco, a fi m de que, a pouco e pouco, nos certifi quemos de que todos somos irmãos perante o mesmo Pai.

Jesus não nos pede o impossível; solicita-nos apenas a colaboração e tra-balho na medida de nossas possibilidades humanas, cabendo-nos, porém, ob-servar que, se todos aguardamos ansiosamente o Mundo Feliz de Amanhã, é preciso lembrar que, assim como um edifício se levanta da base, o Reino de Deus começa de nós.

por emmanuel / ChiCO xavier

editorial

fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Alma e Coração. Págs. 33 - 34. Editora Pensamento. 1972.

par

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índice

cHico4 o cão lorde

Acerca de “Chico Xavier”

estudo6 os opositores do espiritismo

mensagem9 uma carroça de alimento

HistÓria10 Doutrina espírita: moral e religião

O progresso espiritual

diÁlogo12 Diálogo com Divaldo

Deseobsessão

capa14 A condessa Paula

comportamento18 transformação com o evangelho

reFleXão21 A mediunidade de minha mãe

com todas as letras22 um fato passa despercebido

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“(...) Fiquei muito contente em me enviares todos os detalhes da vi-sita efetuada ao nosso amigo do... Mais uma vez demonstraste o teu carinho fraterno e a tua boa vonta-de. Muito me confrange a situação em que vive o nosso velho compa-nheiro, mas o que havemos de fa-zer? Deus nos proteja e fortaleça a todos. É o que não me canso de soli-citar em minhas orações.

Segundo a tua nota, não envia-rei o “Pontos e Contos” ao “X” por-que, adiantado como se encontra para o lançamento, será melhor que ele veja o livro depois de pron-to. Podes ficar, deste modo, tranqüi-lo. (...)

Em 1939, o meu irmão José dei-xou-me um desses amigos fiéis (um cão). Chama-se Lorde e fez-se o meu companheiro, inclusive de preces, porque, à noite, postava-se junto a mim, em silêncio, ouvindo música. Em 1945, depois de longa enfermi-dade, veio a falecer. Mas, no último instante, vi o Espírito de meu irmão aproximar-se e arrebatá-lo ao cor-po inerte e, durante alguns meses, quando o José, em Espírito, vinha ter comigo era sempre acompanha-do por ele, que se me apresentava à visão espiritual com insignificante diferença. Atrevo-me a contar-te as minhas experiências, porque tam-bém passaste agora por essa dor de

perder um cão leal e amigo. Geral-mente, quando falamos na sobre-vivência dos animais, muita gente sorri e nos endereça atitudes de pie-dade. Mas a vida é uma luz que se alarga para todos. (...)”

Alusão a uma visita feita por Wan-tuil a um amigo de ambos.

O livro “Pontos e Contos”, do Ir-mão X, está prestes a ser lançado, o que acontece nesse mesmo ano.

O cão Lorde, cujo caso é citado no final do texto, traz-nos à lembran-ça o Padre Germano e seu fiel amigo Sultão. No seu livro de memórias ele exalta a lealdade de Sultão, que du-rante anos o acompanhou em todas as suas atividades, fazendo-se, inclu-sive, grande amigo das crianças de sua aldeia. É admirável o modo como ele se refere ao cão:

“Ah! Sultão! Sultão! que maravi-lhosa inteligência possuias. Quanta dedicação te merecia a minha pes-soa! Perdi-te, e perdi em ti o meu melhor amigo!

Outrora, quando me recolhia ao meu tugúrio; quando, prosternado ante o oratório, rezava com lágrimas; quando lamentava as perseguições que sofria, era ele quem me escutava imóvel sem nunca se aborrecer da minha companhia. Seu olhar busca-va sempre o meu e, quando às por-tas da morte, vi-o reclinar a cabeça

O CãOLorde

por Suely CaldaS SChubert

Muitas notícias têm sido transmitidas pelos Espíritos, através

dos anos, quanto à presença dos animais no plano espiritual

fonte: SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de Chico Xavier. Págs. 283 – 285. Feb. 1998.

25 de janeiro de 1.951

artigo :: chico

em meus joelhos, buscar o calor do meu corpo, foi quando no seu olhar se extinguiu a chama misteriosa que arde em todos os seres da Criação. Agora, sei que estou só (...). (Amália Domingo Soler, “Memórias do Padre Germano”, ed. FEB.)

Chico em 1932 psicografou men-sagem do Padre Germano, publicada no “Reformador” e que está inseri-da no livro de Clóvis Tavares “Trinta Anos com Chico Xavier”. Interessan-te mencionar que tanto para a vidên-cia de Chico Xavier quanto para a do médium Divaldo Pereira Franco, O Padre Germano se apresenta acom-panhado pelo Sultão.

Allan Kardec, em “O Livro dos Es-píritos”, aborda o tema da alma dos animais, especialmente nas questões 597 a 602.

Muitas notícias têm sido trans-mitidas pelos Espíritos, através dos anos, quanto à presença dos animais no plano espiritual. Inúmeras tam-bém são as afirmativas de médiuns que tiveram o ensejo de vê-los, seja pela vidência ou em desdobramento. Modernamente, André Luiz trouxe informes mais detalhados sobre os animais na espiritualidade.

Finalizando os comentários a res-peito do Lorde, Chico diz uma frase que nos deixa pensativo: “a vida é uma luz que se alarga para todos.”

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estudo

OS OpOSitOreS dO por J. herCulanO pireS

O Espiritismo, como Consolador Prometido, vem restabelecer o ensino do Cristo em sua pureza primitiva.

De vez em quando, recrudescem as campanhas religiosas contra o Es-piritismo. Seja a título de “esclareci-mento”, ou a pretexto de “salvação”, na piedosa intenção de converter as ovelhas tresmalhadas, essas cam-panhas, que surgem mansamente, acabam degenerando em movimen-tos agressivos. A intenção piedosa se transforma, na prática, em violência anti-fraterna. Evidente demonstra-ção da falta de verdadeiro sentimen-to religioso, que leva as pessoas a se esquecerem da paternidade univer-sal de Deus, para se apegarem ao dualismo anticristão do masdeísmo, dividindo o mundo entre dois pode-res iguais: o de Deus e o do Diabo.

De um lado são colocados os fi-lhos de Deus, que estão sempre com a boa causa. De outro, os do Diabo, que usam sempre de artimanhas para perderem as almas. Esse velho modo de pensar, que constituiu a arma de dominação das religiões antigas, em todas as civilizações desaparecidas, não pode mais encontrar ressonân-cia em nosso tempo. Desde que o Cristo definiu Deus pela pequenina palavra “Pai”, ensinando que o bom samaritano era melhor que o mais

fonte: PIRES, J. Herculano. O Homem Novo. Págs. 21 – 22. Correio Fraterno. 1989.

Há espíritas que dão nomes de san-tos aos Centros, porque a compre-ensão espírita lhes permite ver que Deus não faz acepção de pessoas. Um santo pode ser um espírito real-mente elevado. Santo Agostinho, por exemplo, deu luminosas comunica-ções a Kardec, que figuram no “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, e São Luiz fez o mesmo. Por que usa-ram o título de “santo”? Para serem identificados, pois os homens assim os conhecem há muitos séculos. E somente por isso.

Quanto ao uso de imagens nos Centros, é puro engano. Espíritas não usam imagens. Só podemos encontrá-las em agrupamentos hu-mildes, de gente sem instrução e ainda apegada à religião popular que lhe foi ensinada em criança. Também no Cristianismo primitivo acontecia isso. Cristãos novos se apegavam a ídolos do paganismo. Mas o Espiritis-mo esclarecerá essa gente humilde, porque ele é uma luz que espanca inevitavelmente as trevas. Quanto, porém, a fazer orações, não somente os espíritas devem fazê-las, mas to-das as pessoas realmente religiosas, conhecedoras, por pouco que seja,

espiritísmomação: “A pele de ovelha espírita é a caridade. Fazer o bem e praticar a ca-ridade”. É o caso de dizermos: bendi-ta pele de ovelha! Quisera Deus que todos os homens a vestissem! Pois se fazer o bem e praticar a caridade é fazer-se de ovelha, certamente o ve-lho conceito do lobo disfarçado per-de o seu sentido. Maravilhoso poder do Espiritismo, que transforma assim o homem, desviando-o do caminho tortuoso do mal e do ódio, para o caminho reto da caridade e do bem! Como podemos conhecer a árvore, senão pelos seus frutos? Não foi isso o que Jesus nos ensinou? Ora, se os espíritas podem ser conhecidos pela maravilhosa pele de ovelha da caridade, não é de supor-se que, por baixo da pele, o coração também seja de ovelha?

Logo mais, diz o artigo que os espíritas usam ainda outra forma de pele de ovelha, dando nomes de san-tos aos Centros, expondo imagens e fazendo orações. Esta nova forma, na verdade, já não teria importância, diante da outra, que tudo supera. Mas nesse ponto é preciso esclarecer que o joio da mentira se mistura ao trigo da verdade, e é bom separá-los.

da existência de Deus e dos Espíritos Superiores. O que acontece é que os espíritas aprendem, na sua doutrina, que ao orarem pelos seus irmãos de outras crenças devem ter o co-ração puro, cheio de amor fraterno, em lugar de vibrações de pesado rancor sectarista.

Não é verdade, pois, que os espí-ritas usam a pele de ovelha da adora-ção de imagens ou das preces falsas, para iludirem os outros. Longe disso. Os espíritas pregam incessantemen-te, através de palestras, artigos de jornais e revistas, livros doutrinários, e nas aulas de catecismos dos Cen-tros, que não se pode ser ao mesmo tempo espírita e de outra religião. O espírita tem de ser espírita. O que lhe compete, não é fingir-se prati-cante de ritos que a sua doutrina condena, mas ser fraterno, tolerante e compreensivo para com os seus ir-mãos de outras crenças. E isso não é vestir-se de ovelha. E apenas com-preender a religião em espírito e ver-dade, como Jesus ensinou à mulher samaritana.

escrupuloso fariseu, o exclusivismo das velhas seitas perdeu o sentido. O que ainda o fez prevalecer no mundo cristão foi simplesmente a incompre-ensão do Cristianismo, e principal-mente a sua deturpação.

O Espiritismo, como Consola-dor Prometido, vem restabelecer o ensino do Cristo em sua pureza pri-mitiva. Por isso mesmo, restabelece o conceito cristão de Deus como Pai, e como Pai Supremo de toda a Humanidade, sem privilégios e di-visionismos, a todos amparando no seu amor infinito. Assim como, para Jesus, o samaritano não era pior que o fariseu, assim também, para Deus: católicos, espíritas, protestantes, bu-distas, xintoístas, maometanos, são todos iguais. O que importa não é o sistema de crenças que adotem, pois os sistemas são invenções humanas, mas a maneira por que se conduzem na vida. Os que forem sinceros em suas crenças e souberem amar ao próximo como a si mesmos, estão mais próximos de Deus do que os outros, que transformam a religião em campo de lutas odiosas.

Lemos, entretanto, num artigo contra o Espiritismo, esta curiosa afir-

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aLi mentouma CarrOça de

mensagem

por ramirO Gama

Jesus morava no seu lar e dentro de seu coração e dos corações de

seus queridos entes familiares

Bezerra de Menezes não fora, como alguns de seus admiradores supõem, um despreocupado com o dia de amanhã, com sua assistência à família, com o seu e o futuro dos seus queridos entes familiares.

Não.Sabia, como poucos, ater-se à dis-

ciplina do necessário, a desprezar o supérfluo, a não se apegar às coisas materiais com prejuízo de seu en-volvimento espiritual e da vitória de sua missão.

Aceitava o pagamento dos clien-tes que lhe podiam pagar e dava aos pobres e estropiados o que podia dar, inclusive algo de si mesmo.

Sua digna família jamais passou necessidade.

Todos os componentes de seu familistério lhe tiveram a assistência permanente e o alimento espiritual de seus bons exemplos.

Preocupava-se, isto sim, com o futuro de seu espírito e dos espíritos daqueles que o Pai lhe confiou.

Dia a dia, examinava-se, revia-se interiormente, para se certificar se era mais de Jesus e Jesus mais dele, se a distância psíquica entre ele e o Mestre era menor, se cumpria, como prometera, sua tarefa testemunhal.

fonte: GAMA, Ramiro. Lindos Casos de Bezerra de Menezes. Págs. 121 – 123. LAKE. 2001.

E tudo lhe corria bem. As dívidas eram pagas pontual-

mente. Nenhum compromisso dei-xava de ser cumprido.

Os filhos eram educados cris-tãmente. Jesus morava no seu lar e dentro de seu coração e dos cora-ções de seus queridos entes fami-liares, norteando-lhes a existência e fazendo-a vitoriosa.

Numa manhã, no entanto, houve no lar uma apreensão.

O celeiro estava vazio, sem víve-res para o jantar...

Na véspera, Bezerra havia, res-tituído a importância das consultas aos seus clientes pobres, porque, por intuição, compreendera que apenas possuíam o necessário para a compra dos medicamentos. Agrade-cera a boa intenção do farmacêutico mas achava que não podia guardar aquelas importâncias...

Junto com a esposa, ciente e cons-ciente da situação, ficara a pensar.

Vestira e saíra, consolando a que-rida companheira e dizendo-lhe:

— Não se preocupe, nada nos fal-tará, confiemos em Deus!

Ao regressar, à tardinha, encontra a esposa surpresa e um pouco agas-tada, que lhe diz:

— Por que tamanho gasto! Não precisava preocupar-se tanto, com-prando alimentos demais e que po-dem estragar-se...

— Mas, que aconteceu?!— Logo assim que você saiu — ex-

plica-lhe a esposa — recebemos uma carroça de alimentos...

E, levando-o à despensa, mos-trou-lhe os sacos, os embrulhos, os amarrados de víveres, que recebera...

Bezerra olhou para tudo aquilo e emocionou-se! Nada comprara e quem, então, lhe teria enviado tão grande dádiva se não Deus, através de seus bondosos filhos!...

E, abraçado à querida consorte, refugiou-se a um canto da casa para a prece de agradecimento ao pai e amor, que lhe vitoriava a missão, con-firmando-lhe o ideal cristão e como a lhe dizer:

— Por preocupar-se tanto com o próximo, com todos meus filhos, eu preocupo-me com você e todos os seus, também meus filhos!

Traduzia e opulentava para o vero servidor a lição de Jesus, quando nos apontou os lírios dos campos, as aves que não ajuntam em celeiros e se vestem e se alimentam e jamais passam fome...

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história

dOutrina eSpírita:moraL e reLigião

O Espiritismo bate sempre nessa tecla: o progresso espiritual

é duplo: intelectual

e moral.

1. Inegavelmente, Allan Kardec destacou, acompanhando os seus instrutores, o aspecto moral do Es-piritismo: este objetiva, dizia ele, à reforma moral da Humanidade; e explicava: é uma doutrina cientí-fica cujos fatos e noções originam “conseqüências morais”. É o que afiançam Delanne e Denis. Na Re-vista Espírita, setembro, 1866, põe a questão da reforma pessoal nos seguintes termos, segundo men-sagem de S. Luiz: 1) “o Espiritismo não é senão a aplicação legítima dos princípios de moral ensinados por Jesus”; 2) “vem, como o Cristianis-mo bem compreendido; mostrar ao homem a absoluta necessidade de sua renovação interior”; 3) porque ele terá de enfrentar as “conseqüên-cias mesmas que resultam de cada um de seus atos, de cada um de seus pensamentos”; 4) “as obrigações im-postas pelo Espiritismo são, pois, de natureza essencialmente moral”; 5) “o Espiritismo é uma ciência essen-cialmente moral”; 6) “há duas obri-gações para o adepto: esforçar-se pelo auto-aperfeiçoamento, em vir-tude da compreensão adquirida com o esclarecimento, e dar o exemplo, isto é, conformar a conduta com a crença, de modo a servir de modelo para outros reformarem-se”.

Que tenha de ser assim hoje, é

fonte: RIZZINI, Carlos Toledo. Evolução para o Terceiro Milênio. Págs. 53 – 56. EDICEL. 2009.

conduz a querer parecer superior aos demais. Diz o sujeito esperto: “eu só falo com gente inteligente”; afirma a comadre: “minha família tem sangue azul”. Daí, o próximo é sempre tratado como inferior, sem valor. Portanto, de ambos os senti-mentos procedem todos os males que afligem o ser humano, todas as lutas e misérias da Terra. O que é uma ambição senão um desejo veemente de posses, prestígio ou poder? Logo, egoísmo redobrado e orgulho ampliado. O que é uma paixão senão um desejo violento, uma doença (hipertrofia) do sen-timento ou de uma necessidade? A satisfação de ambições e de paixões (impulsos) sempre envolve prejuízo para outros, mesmo que estes parti-cipem convictamente dela. O senso de justiça é proporcional: justo é o que favorece os interesses pessoais (toda vez que o time perde, o juiz roubou...).

2. Consequentemente, no dia em que um dado ser humano, pela primeira vez, pensa em alguém an-tes de agir e considera-se semelhan-te aos outros — está despontando o senso moral: o espírito amadureceu para receber o Evangelho. O princí-pio exponencial: só faças aos outros o que queres os outros te façam —

conduz a fraternidade, cordialidade, altruísmo, solidariedade e humil-dade; é a prática do “amor ao pró-ximo”. O Espiritismo bate sempre nessa tecla: o progresso espiritual é duplo: intelectual (fé esclarecida, ra-ciocinada) e moral (relacionamento interpessoal correto).

Kardec escreveu duas obras bási-cas de fundo ético. O Céu e o Infer-no demonstra, por meio de informa-ções prestadas por espíritos cujas vidas terrenas foram conhecidas, as relações entre as ações praticadas na Humanidade e a posição ocupada na Espiritualidade; é um estudo da lei de causa e efeito, segundo a qual felicidade e infelicidade dependem da atuação, na Terra, em relação aos semelhantes, do uso que se fez da liberdade, invadindo ou não a área alheia. O Evangelho Segundo o Es-piritismo explica as máximas morais de Jesus; a preocupação especial ali é favorecer a transformação interior mediante a aquisição do altruísmo e da humildade como sentimentos contrários ao egoísmo e ao orgulho, visto estes amarrarem o Espírito ao chão planetário.

3. Quanto ao aspecto religioso, Kardec deixou claro que, na acepção tradicional da palavra, o Espiritis-mo não é uma religião. Faltam-lhe,

natural. O período áureo das ma-nifestações mediúnicas de índole material, espetaculares e ruidosas, já passou e os resultados ficaram registrados nos livros. Hoje, a me-diunidade dominante é a de efeitos intelectuais, menos ostensiva, po-rém mais apta à edificação espiritual porque atende melhor às premen-tes necessidades humanas. Ensinam os mentores desencarnados que os principais inimigos do homem e da mulher são o egoísmo e o orgulho, e não os outros entes conforme pensa a maioria. O instrumento para pro-mover a melhoria deles é a moral evangélica, prescreve o Espiritismo. O egoísmo leva o indivíduo a que-rer tudo para si mesmo, a conside-rar tudo em função dos interesses do próprio eu, sem perceber os direitos e necessidades alheios. Por exemplo, diz o pai: “Vou dar ao Lui-zinho o meu bife”; a mãe (egoísta) retruca rapidamente: “Ora, dê para mim!” Pede a jovem: “Quer dar-me o livro agora? Queria ler....” Retruca o interpelado: “Depois, agora vou deitar-me”. E, assim, o próximo é sempre percebido nebulosamente, como destituído de necessidades e direitos; e daqui promana a ingra-tidão. Em casos como os assinala-dos, é preciso dar uma explicação lógica para a recusa. O orgulho

para isso, os implementos caracte-rísticos: ritos, dogmas, sacerdotes e templos, segundo a concepção clássica. E o que pensa também De-lanne. Outros, porém, declaram-no rotundamente religião. Nesse caso, teremos de apelar para um conceito diferente de religião: a religião inte-rior, num sentido subjetivo. Temos aqui um sentimento de fé, de con-fiança, de união, em relação a um Poder Supremo, que é o criador e o supervisor de tudo quanto existe — sentimento que leva ao respeito pelas leis emanadas daquele po-der, a reverência pela vida e pelos semelhantes. Por outras palavras, a experiência religiosa é íntima e de natureza exclusivamente pessoal; os atos exteriores de culto e adoração perdem a significação — “Deus é Es-pírito e em espírito e verdade é que o devem adorar os que o adoram”: Jesus ( João 4:24). E um outro nível de religiosidade, estreitamente ade-rente à moralidade. Nessa base, Es-piritismo é religião.

Por isso, seria melhor exprimir assim: é uma doutrina científica a qual emanam conseqüências mo-rais e religiosas acerca do espírito humano que objetivam o progresso deste numa vida sem limite. Da mes-ma maneira, a doutrina exposta no Evangelho é ético-religiosa.

por CarlOS rizzini

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1.16 - Trabalhos de DesobsessãoPergunta: — Há também um tema

de grande importância na área doutri-nária. O Centro Espírita deve manter trabalhos de desobsessão? Como?

Divaldo: — A função do Centro Es-pírita é muito complexa: escola, hospi-tal e lar. A escola não é somente o lugar em que se transmitem experiências orais, mas também experiências vívidas e vividas.

Falando-se tanto da Psicoterapia aos alienados mentais, aos que sofrem de parasitose espiritual, é necessário que a Casa mantenha um departamen-to de desobsessão para pôr em prática os postulados que transmite. Faz-se imprescindível que toda a Casa Espírita mantenha um trabalho de desobses-são, mas que não seja única e exclusiva-mente esta a sua finalidade, senão um passo adiantado da vivência da Casa, que deve iniciar os seus labores pelo estudo da Doutrina, para que se saiba, primeiro, que é o Espiritismo, quais as suas metas, como aplicá-las no dia-a-dia da vida e depois começar a vivenciá-las, incluindo, como é lógico, o tratamento desobsessivo no seu primeiro progra-ma de socorro aos necessitados.

A sessão de desobsessão é de muita importância, não só para os que estão obsidiados, na alienação, como para aqueles que estão sob a injunção de Entidades perversas e ainda não se de-ram conta — não podemos esquecer que estamos sob a alça de mira de ad-versários muitos severos, inimigos pes-soais de ontem, inimigos doutrinários

fonte: FRANCO, Divaldo. Diálogo com Dirigentes e Trabalhadores Espíritas. U.S.E. 2001.

de muito tempo e inimigos do progres-so, por que há Entidades no mundo es-piritual que são inimigas do progresso da humanidade e que investem contra todos aqueles que se propõem mudar o comportamento da comunidade.

É necessário que os trabalhadores da causa espírita estejam vigilantes, porquanto o simples fato de aderir ao Cristo significa romper os vínculos com a treva. E como Treva é violência, o fato de rompermos o vínculo com os seus famanazes não implica que eles vão deixar-nos tranqüilos.

A desobsessão é uma oportunida-de também de lhes falarmos e de nos melhorarmos, desintoxicando-nos das viciações que eles insistentemente mantêm conosco.

Sobre isso temos experiências pes-soais e de outros companheiros, muito características.

Certa feita, fomos procurado por um moço que era portador de uma problemática muito grave. Ele nos pe-dia ajuda. Havia estado com um psica-nalista e este mandou que ele assumis-se o problema.

Agora está na moda assumir a lou-cura, mas nunca assumir o bem. Se é para assumir o bem, diz-se: “Tenha cuidado, hem! Não vá meter-se nisso. Não se engaje nessa coisa! Fique na periferia!” Como se expressou uma se-nhora: “Eu quero estar no Espiritismo mas não muito, porque, se eu avan-çar, posso desequilibrar-me”. Quando de referência às paixões negativas, às tendências infelizes, aos desvios de

comportamento, estimula-se: “Assuma, porque isto é muito bom para nós”. Infelizmente o indivíduo que assumir os problemas, terá mais conflitos; vai jogá-los nos outros.

O psicanalista estimulou-o, dizen-do: “Agora é assim mesmo; a gente tem de assumir, tem que ser por fora o que é por dentro”. Mais amargurado ainda, o moço me disse:

— Eu não posso. A minha função não permite. O senhor poderia ajudar-me de alguma forma, através do Espi-ritismo?

Como não, meu filho! Você deve assumir os valores positivos da vida; as-sumir esta luta; conscientizar-se e lutar frontalmente. Não arranje anestésicos, desvios. Examine em profundidade o problema, veja como você poderá superá-lo e assim irá vencendo. Eu me proponho a colaborar com você. Em determinados momentos, você irá conversar comigo, faremos psicotera-pia verbal. Aqui temos sempre pessoas doentes, pessoas que estão precisando tomar banho, cortar unhas, cabelos, fazer sopa...

Durante o tempo em que você es-tiver auxiliando nestes misteres, não lembrará do problema. Nós vamos lhe dar uma polivalência de idéias e, à me-dida que essas idéias forem tomando conta da sua mente, irá diminuindo a força da monoidéia em que esteve até agora. Simultaneamente, faremos a terapia espírita, a fluidoterapia. Pedire-mos a amigos para lhe aplicarem pas-ses, como também o aplicaremos. Você

irá ler, compreender as causas, etc.Interessei-me muito pelo problema

do jovem. Era uma pessoa tão honesta, tão desejosa de melhorar-se, que logo procuramos auxiliar com os ensinos espíritas.

O moço começou a freqüentar nossa casa, passamos a dialogar. Fui notando uma coisa curiosa: à medida que me ia aprofundando no problema dele, passava a sentir um inexplicável mal-estar psíquico e físico. Quando ele chegava, dava-me uma sensação de de-sagrado pela sua pessoa. Quando ele começava a narrar-me as dificuldades, eu reflexionava: “Meu Deus, que é que está havendo?”

Passei a viver uma dicotomia emo-cional. Aquela boa vontade e o mal-es-tar, prazer e desestímulo em atendê-lo, Depois que ele saía, eu ficava com uma certa indisposição. Orava então: “Meu Deus, não estou bem de saúde”. (A gente logo arranja uma desculpa: “eu não estava bem era de espírito e não de saúde física”). Fui lutando, lutando. Ao fim de duas semanas, eu estava realmente indisposto, mesmo sem a presença do moço. Então dei-me con-ta: isto aqui tem um sinal vermelho, chamando-me a atenção. Recolhi-me, orei demoradamente, procurei fazer uma avaliação, meditei bastante. Por fim, quando estava orando, apareceu um Espírito, que me disse:

— Bom, já que insiste tanto em querer saber a causa, eu vou dizer-lhe: é você mesmo!

— Eu sei, sim, que a causa está em

mim, porque se não sintonizasse, não teria a comunicação. Mas por que o ir-mão disse que causa sou eu?

— Porque aquele sujeito é meu es-cravo. Eu me locupleto com ele, dele me utilizo, como você se utiliza de uma máquina para conseguir determinados objetivos. Sou eu quem o leva a delin-qüir, porque ele me pertence.

E narrou-me a história da vida pre-gressa (da encarnação anterior do jo-vem):

— Como ele me traiu, quando viví-amos juntos, agora lhe cobro a dívida. Vou levá-lo a uma situação insuportá-vel, porque o que espero dele é o suicí-dio. Se ele se matar, eu o terei do lado de cá. Enquanto estiver escondido no corpo, eu o terei apenas parcialmente. Mas não vou matá-lo! Vou induzi-lo a que se mate! Vou tornar a sua situação tão insuportável, que ele terá idéia de fugir como solução. E a melhor porta que lhe sugerirei será esta, para que ele venha cair nos meus braços. Aí então é que irei cobrar a dívida.

— Mas, meu irmão, não estou en-tendendo; você quer matá-lo e me atrapalha? Por quê?

— Porque você me está atrapalhan-do. Para que você entenda: eu morava numa ilha com um escravo que me compreendia e nós éramos felizes. De repente, foi colocada uma ponte. Alguém chegou, dizendo: “Venha, saia daí, você vai ter um continente, ao invés de uma ilha. Venha para a liber-dade”. O meu escravo parte. Eu o vejo evadir-se. Que deverei fazer?

— Deixá-lo ir-se.— É, porque o escravo não é seu, é

meu e eu não o vou deixar. Mas, como ele está sendo atraído por uma voz ca-rinhosa e mais forte que a minha...

Interrompi-o, inquirindo:— Que voz é esta? Ele reagiu, infor-

mando:— A do outro.— Quem?— O tal do Cordeiro. Como não

posso matar o Cordeiro, que já foi sacrificado, vou quebrar a ponte e a ponte é você. Prepare-se, porque vou atacar você, porém meu escravo não sairá das minhas mãos.

Tentei pedir-lhe que atacasse o meu patrão, porque eu também sou escravo d’Ele. Como estava agindo não era justo.

— Por que você não vai quebrar o Chefe? Abusar de mim é covardia.

Ele sorriu, cínico e arengou;— Covardia ou não, cada um ataca o

que está mais fácil, e eu vou pegar você!Silenciei, vigiando e orando. Pos-

teriormente, disse ao rapaz:— Meu filho, você terá que fazer

um esforço dobrado, porque seu caso me está afetando, tal a gravidade de que se reveste.

Através de um trabalho contínua-do, a largo esforço do paciente, fomos tentando conquistar esse Espírito, até que ficamos amigos, os três. Hoje o moço está tranqüilo, o Espírito resol-veu colaborar e tudo vai bem. Logra-mos, porém, o êxito, através das ses-sões de desobsessão.

A desobsessão é uma oportunidade também de lhes falarmos e de nos melhorarmos,

desintoxicando-nos das viciações que eles insistentemente mantêm conosco.

por divaldO FranCO

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Bela, jovem, rica e de estirpe ilustre, esta era também perfeito modelo de qualidades intelectuais e morais. Faleceu com 36 anos de idade, em 1851. Seu necrológio é daqueles que podem resumir-se nes-tas palavras por mil bocas repetidas: — “Por que tão cedo retira Deus tais pessoas da Terra?” Felizes os que as-sim fazem abençoada a sua memória. Ela era boa, meiga e indulgente, sem-pre pronta a desculpar ou atenuar o mal, em lugar de aumentá-lo. Jamais a maledicência lhe conspurcara os lábios. Sem arrogância nem austeri-dade, era, ao contrário, com benevo-lência e delicada familiaridade que tratava os fâmulos, despercebida, aos demais, de quaisquer aparências de superioridade ou de humilhante proteção. Compreendendo que pes-soas que vivem do trabalho não são rendeiros e que, conseguintemente, têm precisão do que se lhes deve, já pela sua condição, já para se mante-rem, jamais reteve o pagamento de um salário. A simples idéia de que alguém pudesse experimentar uma

a COndeSSa

pauLa por allan KardeC imagem ShutterStOCK®

Só Deus sabe as lágrimas que ela enxugou, os desesperos que

acalmou, pois tais virtudes só tinham

por testemunhas os infelizes que

assistia.

privação, por sua causa, ser-lhe-ia um remorso de consciência. Ela não pertencia ao número dos que sem-pre encontram dinheiro para satisfa-zer os seus caprichos, sem pagarem as próprias dívidas; não podia com-preender que houvesse prazer para o rico em ter dívidas, e humilhada se julgaria se lhe dissessem que os seus fornecedores eram constrangidos a fazer-lhe adiantamentos. Também por ocasião da sua morte só houve pesares, nem uma reclamação.

A sua beneficência era inesgotá-vel, mas não essa beneficência osten-tosa à luz meridiana; e assim exercia a caridade de coração, que não por amor de vanglórias. Só Deus sabe as lágrimas que ela enxugou, os deses-peros que acalmou, pois tais virtudes só tinham por testemunhas os infe-lizes que assistia. Ela timbrava, além disso, em descobrir os mais pungen-tes infortúnios, os secretos, socor-rendo-os com aquela delicadeza que eleva o moral em vez de o rebaixar.

Da sua estirpe e das altas funções do marido decorriam-lhe onerosos

encargos domésticos, aos quais não podia eximir-se; satisfazendo plena-mente às exigências de sua posição, sem avareza, ela o fazia, contudo, com tal método, evitando desperdí-cios e superfluidades, que metade lhe bastava do que a outrem fora preciso para tanto.

E desse modo se permitia facul-tar da sua fortuna maior quinhão aos necessitados. Destinando a renda de uma parte dessa fortuna exclusi-vamente a tal fim, considerava-a sa-grada e como de menos a despender no serviço da sua casa. E assim en-contrara meios de conciliar os seus deveres para com a sociedade e para com os infortúnios. Um dos seus parentes, iniciado no Espiritismo, evocou-a doze anos depois de faleci-da, e obteve, em resposta a diversas perguntas, a seguinte comunicação :

“Tendes razão, amigo, em pensar que sou feliz. Assim é, efetivamen-te, e mais ainda do que a linguagem pode exprimir, conquanto longe do seu último grau. Mas eu estive na Terra entre os felizes, pois não me

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fonte: KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Págs. 220 – 224. Feb. 1994.

capa

lembro de haver aí experimentado um só desgosto real. Juventude, homenagens, saúde, fortuna, tudo o que entre vós outros constitui felicidade eu possuía! O que é, no entanto, essa felicidade comparada à que desfruto aqui? Esplêndidas festas terrenas em que se ostentam os mais ricos paramentos, o que são elas comparadas a estas assembléias de Espíritos resplendentes de brilho que as vossas vistas não suportariam, brilho que é o apanágio da sua pure-za? Os vossos palácios de dourados salões, que são eles comparados a estas moradas aéreas, vastas regiões do Espaço matizadas de cores que obumbrariam o arco-íris? Os vossos passeios, a contados passos nos par-ques, a que se reduzem, comparados aos percursos da imensidade, mais céleres que o raio?

“Horizontes nebulosos e limi-tados, que são, comparados ao es-petáculo de mundos a moverem-se no Universo infinito ao Influxo do Altíssimo? E como são monótonos os vossos concertos mais harmonio-sos em relação à suave melodia que faz vibrar os fluidos do éter e todas as fibras dalma! E como são tristes e insípidas as vossas maiores alegrias comparadas à sensação inefável de felicidade que nos satura todo o ser

como um eflúvio benéfico, sem mescla de inquietação, de apreensão, de so-frimento?! Aqui, tudo ressumbra amor, confiança, sinceridade: por toda parte corações amantes, amigos por toda parte!

“Nem invejosos, nem ciumentos! É este o mundo em que me encontro, meu amigo, e ao qual chegareis infalivelmente, se seguirdes o reto caminho da vida.

“A felicidade uniforme fatigaria, no entanto, e assim não acrediteis que a nos-sa seja extreme de peripécias: nem concerto perene, nem festa interminável, nem beatifica contemplação por toda a eternidade, porém o movimento, a ati-vidade, a vida.

“As ocupações, posto que isentas de fadiga, revestem-se de perspectivas e emoções variáveis e incessantes, pelos mil incidentes que se lhes filiam. Tem cada qual sua missão a cumprir, seus protegidos a velar, amigos terrenos a visitar, mecanismos na Natureza a dirigir, almas sofredoras a consolar; e é o vaivém, não de uma rua a outra, porém, de um a outro mundo; reunindo-nos, separando-nos para novamente nos juntarmos; e, reunidos em certo ponto, comunicamo-nos o trabalho realizado, felicitando-nos pelos êxitos obtidos; ajustamo-nos, mutua-mente nos assistimos nos casos difíceis. Finalmente, asseguro-vos que ninguém tem tempo para enfadar-se, por um segundo que seja. Presentemente, a Terra é o magno assunto das nossas cogitações. Que movimento entre os Espíritos! Que numerosas falanges aí afluem, a fim de lhe auxiliarem o progresso e a evolução! Dir-se-ia uma nuvem de trabalhadores a destrinçarem uma floresta, sob as ordens de chefes experimentados; abatem uns os troncos seculares, arrancam-lhes as ra-ízes profundas, desbastam outros o terreno; amanham estes a terra, semeando; edificam aqueles a nova cidade sobre as ruínas carunchosas de um velho mundo. Neste comenos reúnem-se os chefes em conferência e transmitem suas ordens por mensageiros, em todas as direções. A Terra deve regenerar-se, em dado tem-po — pois importa que os desígnios da Providência se realizem, e, assim, tem cada qual o seu papel. Não me julgueis simples expectadora desta grande empre-sa, o que me envergonharia, uma vez que todos nela trabalham. Importante mis-são me é afeta, e grandemente me esforço por cumpri-la, o melhor possível. Não foi sem luta que alcancei a posição que ora ocupo na vida espiritual; e ficai certo de que a minha última existência, por mais meritória que porventura vos pareça, não era por si só e a tanto suficiente. Em várias existências passei por provas de trabalho e miséria que voluntariamente havia escolhido para fortalecer e de-

purar o meu Espírito; dessas provas tive a dita de triunfar, vindo a faltar no entanto uma, porventura de todas a mais perigosa: a da fortuna e bem--estar materiais, um bem-estar sem sombras de desgosto. Nessa consistia o perigo. E antes de o tentar, eu quis sentir-me assaz forte para não sucum-bir. Deus, tendo em vista as minhas boas intenções, concedeu-me a graça do seu auxílio. Muitos Espíritos há que, seduzidos por aparências, pres-surosos escolhem essa prova, mas, fracos para afrontar-lhe os perigos, deixam que as seduções do mundo triunfem da sua inexperiência.

“Trabalhadores! estou nas vossas fileiras: eu, a dama nobre, ganhei como vós o pão com o suor do meu rosto; saturei-me de privações, sofri reveses e foi isso que me retempe-rou as forças da alma; do contrário eu teria falido na última prova, o que me teria deixado para trás, na minha carreira.

“Como eu, também vós tereis a vossa prova da riqueza, mas não vos apresseis em pedi-la muito cedo. E vós outros, ricos, tende sempre em mente que a verdadeira fortuna, a fortuna imorredoura, não existe na Terra; procurai antes saber o preço pelo qual podeis alcançar os benefí-cios do Todo-Poderoso.

Paula, na Terra Condessa de ***.”

Muitos Espíritos há que, seduzidos

por aparências, pressurosos escolhem

essa prova, mas, fracos para afrontar-

-lhe os perigos, deixam que as seduções do

mundo triunfem da sua inexperiência.

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comportamento

tranSFOrmaçãO COm O

e afirmando o desejo de vingar-se da sociedade, agredir a seus pais que o abandonaram para viverem a vacui-dade mundana dos salões da mentira dourada.

Chorou o rapaz... e Miréia tam-bém ao ouví-lo. Pensou nos seus filhos e nas responsabilidades que repousavam em suas mãos, uma vez que se via conhecedora da Doutrina Feliz do Espiritismo.

Prometeu retornar para revê-lo. Deixou o jovem, que soube chamar--se Levindo, com um sorriso na face, não obstante o estado geral de aba-timento.

*Ramiro abordou-a dois meses de-

pois, por vê-la tão interessada em vi-sitar um miserável detento, um ban-dido, um inimigo da comunidade.

Miréia, atenta aos seus propó-sitos de ajudar, explicou ao marido que o fazia pensando nos seus filhos que, dentro em pouco, estariam na adolescência, e que a Deus cabe co-nhecer todos os destinos... e o tem-po passa...

Após um ano de visitas semanais, em cujas ocasiões levava a Levindo alguma fruta, alguma guloseima e mensagens de conforto e de saúde moral, fez-se amiga e irmã de Levin-do, embora ele quase pudesse ser seu filho, em função da idade. Ela conseguiu com o delegado, antes do

julgamento, a concessão para que Levindo pudesse sair uma vez por semana para ir com ela ao Núcleo Espirita o qual frenqüentava.

Ao ver a dedicação da esposa e reconhecendo os resultados ótimos desse atendimento, Ramiro sensibi-lizou-se e desejou cooperar também com o detento rapaz facilitando o es-forço da companheira.

*Chegou o dia do julgamento... Levindo estava nervoso em de-

masia, enquanto Miréia e Ramiro vi-sivelmente comovidos, aguardavam os resultados. Miréia novamente ora-va, pensando na madruga de pavor vivido, quase dois anos atrás.

O resultado foi confortador. O réu era primário. Seu compor-

tamento fora exemplar na prisão. A decisão da Justiça era por sua liber-dade condicionada à prestação de serviço de jardinagem no Parque Municipal, por um ano inteiro.

O júbilo foi dos três. Ramiro, que guardava personalidade pouco afetu-osa, naquela circunstância comoveu--se até às lágrimas. Sentiam, agora, em Levindo, um filho do coração.

*Com o passar dos dias, tendo

conseguido uma hospedagem digna para o jovem amigo, resolveu Rami-ro convidá-lo para visitar-lhe o lar, conhecer os seus meninos e estrei-

rios explodiram no clube e na praça, porque as autoridades encontraram em seu poder, junto a um revólver e uns cigarros de maconha, objetos furtados e, curiosamente, um exem-plar de um livro espirita. Chasqueava então, Ramiro, zombando da esposa, admitindo que o jovem gatuno devia ser espirita e estar aprendendo com o Espiritismo a fazer o que fazia.

O coração de Miréia magoou-se com a mordaz referência do marido ébrio, porém entendeu que não era aquele o melhor momento para ex-plicações.

O dia passou pesadamente para aquela senhora, impressionada com o que lhe ocorrera; contudo, triste pela referência infeliz do companhei-ro, que parecia manipulado por per-turbadores para fazê-la sofrer mais.

Procurou alento na oração sin-cera, enquanto atendia aos afazeres domésticos.

No dia imediato, porque sabia que o rapaz detido estava na cadeia pública da cidadezinha, se dispos a ir até lá, a fim de visitá-lo.

Ao vê-lo de perto, identificou o perfil que surpreendera saltando por sua janela... A alma se lhe tremeu...

Sem identificar-se, aproxima-se das grades e busca conversar com o jovem, antes arredio, mas que, com a afável insistência de Miréia, acedeu em conversar, desabafando rancores

Tudo foi muito rápido... A senhora Miréia permanecera

em casa com os dois filhinhos, na noite de bulício carnavalesco, que fazia fervilhar de gente a praça pró-xima.

O esposo resolvera-se por apro-veitar a última noite para aceitar o convite de Momo, no mais famoso clube da cidade.

Miréia despertara com forte ru-ído no quarto de dormir e, quando de um salto, pôs-se de pé à beira do leito, viu somente um homem que saltava às pressas pela janela franca-mente aberta.

Com a claridade advinda de lâm-pada próxima a iluminar a via públi-ca, pode perceber que se tratava de um homem ainda jovem, que condu-zia uma sacola de lona abarrotada de coisas.

Assustada, a dona da casa corre ao quarto dos pequenos percebendo que tudo estava em ordem com eles que dormiam a sono solto.

Com os nervos afetados, procu-rou medicar-se com água açucarada, mas não logrou conciliar o sono no-vamente. Porque professava a cren-ça espírita, na medida em que se foi acalmando, resolveu-se por ler uma página confortadora de “O Evange-lho Segundo o Espiritismo’, que era mantido em pequeno armário do seu quarto.

Miréia deu-se conta, então, que aquele armário fora alvo da ação do larápio e, junto a outras peças de carinho doméstico e poucas jóias verdadeiras misturadas a bijuterias, o seu exemplar do “Evangelho...“ lá se fora.

Conformou-se o quanto pode e orou, com lágrimas nos olhos, agra-decendo a Deus nada ter sofrido com seus filhos, e a bênção que re-presentara a ausência do esposo, em considerando o seu temperamento explosivo, incapaz de ver um ladrão afugentar-se sem procurar vingança ou tentar impedir-lhe a fuga o que, possivelmente fosse desastroso.

Nessas reflexões, viu clarear o dia...

Nesse interim percebe que o ma-rido abre a porta, retornando dos festejos carnavalescos, mergulhado numa esfera que cheirava a fumo e alcoólicos. Procurou manter a tran-qüilidade o quanto lhe foi possivel, aguardando que, mais tarde quando o companheiro estivesse bem, após o sono refazente, viesse a narrar-lhe o ocorrido.

Ramiro, ao vê-la acordada tão cedo, sem imaginar o que lhe passa-ra, contou-lhe que um rapazelho fora detido por policiais vigilantes, quan-do intentava invadir residência próxi-ma à sua, que era, exatamente, a casa do delegado da cidade. Os comentá-

evangeLho por raul teixeira

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Fonte: TEIXEIRA, J. Raul. Vozes do Infi nito. Págs. 111 – 115. Fráter. 1991.

tar a amizade. Embora em suspenso, Miréia calou-se e aprovou o convite, demonstrando alegria por ter sido do marido a iniciativa.

Era uma vitória.Chegou o dia esperado...Chegaram de carro, pois Ramiro

fora buscá-lo.Ao entrar, Levindo é tomado por

intensa comoção e num pranto con-vulso abraça-se ao seu benfeitor que não conseguia compreender o que se passava, pois Miréia nada lhe hou-vera dito sobre o ocorrido.

Na sala de visitas, ante o olhar questionador de Ramiro, Levindo narra o episódio passado, confes-sando o constrangimento de que se via possuído por reconhecer que os únicos bons amigos que encontrara, haviam sido vitimados por sua ação infeliz.

Todos choram, os meninos tam-bém...

Passados longos minutos, detém--se Levindo, trêmulo de emoção e diz ao casal:

- Miréia, Ramiro, creio que de tudo isso que vivi e que vivemos, algo de bom, de muito bom, restou para mim.

- Diga, então, meu amigo, inter-veio a mãe da família.

- Sim, não havendo o que fazer na prisão, e tendo recebido as suas visi-tas continuadas, comecei a ler o livro que daqui levara, e levara sem saber porquê, uma vez que não intentava ler nada.

A cada dia aquelas páginas mo-difi cavam minha alma, e tornei-me espírita na prisão, sob os afagos do mestre silencioso que eu compulsa-va...

Hoje eu sou espírita. As sessões no Centro ajudaram-me a fi xar po-sição íntima de entendimento claro sobre as coisas da minha vida.

*A tarde foi de ventura, de apren-

dizado, de fraterno amor. No fi m do dia, antes de recolher-

-se, Ramiro contempla Miréia com ternura e fala-lhe com emoção na voz.

- Meu bem, peço-lhe para que me mostre esse caminho que lhe faz feliz e enobrecida. Quero percorrer esse roteiro que transforma. Fale-me do Espiritismo e desse Evangelho re-novador... Era a vitória do Bem, em festival de luz e de alegria.

Mamãe possuía várias faculdades medi-únicas e com elas trabalhou no Centro que frequentamos. O episódio a seguir demonstra como nela funcionava, às vezes, a audição.

Quando nos mudamos de Ribeirão Pre-to para a capital paulista, no fi nal de 1944, o mundo ainda sofria com a Segunda Grande Guerra, que só fi ndaria em maio de 1945, e havia grande difi culdade de se encontrar casa para alugar.

Meu irmão já se encontrava alojado com o patrão dele, mas mamãe, minha irmã e eu fomos para a casa de parentes, até que en-contrássemos morada para nós. Ali passamos a noite, mas as acomodações eram precárias, não dava para fi carmos mais.

Quando amanheceu, após o café, saí-mos, as três mulheres, para providenciar o imediatamente necessário. No meu modo de entender, era encontrar uma casa ou alojamento qualquer.

Mamãe, porém, afi rmou: — Vamos visitar a Conceição, para que a

Myrian fi que trabalhando com ela. Essa senhora era modista de profi ssão,

amiga de mamãe, e estava morando em São Paulo, e minha irmã era também costureira.

Argumentei: — Alugar algo para morarmos é mais ur-

gente e necessário, mamãe. — Não. A “voz” me falou para irmos

na Conceição. Ah, a “voz” falou! Era um Espí-

rito amigo, não identifi cado, que mamãe ouvia em momentos espe-

ciais e em quem confi ava inteiramente. E lá fomos nós, eu muito contraria-

da, para a casa de d. Conceição, que fi cava na Rua Marquês de Itu, num

dos grandes casarões

fonte: OLIVEIRA, Therezinha. Coisas que Eu não Esqueci Porque me Ensinaram Muito. Págs. 59 – 62. Editora Allan Kardec. 2010.

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que ali existiam, remanescentes de um passa-do grandioso. A modista amiga ocupava todo o salão fronteiro do casarão e o restante do edifício, com inúmeros aposentos, funcionava como uma pensão.

D. Conceição acolheu-nos simpaticamente e ela e mamãe se puseram a conversar, relem-brando pessoas e fatos de Ribeirão Preto. E eu, preocupada, achando que aquela conver-sa inútil nos impedia de irmos à procura do alojamento necessário.

A certo ponto, fi cara acertado que a Myrian teria ali o seu emprego e um garçon, a chama-do de d. Conceição, trouxe-nos umas xícaras de café, comentando:

— Sabe, d. Conceição, aquele casal que lhe contei que estavam se desentendendo? A mu-lher está dizendo que vai embora...

A modista se apressou em dizer: — Se eles deixarem aqueles cômodos, Se-

bastião, eu os quero para a minha amiga aqui! Veja lá se eles vão sair, mesmo!

— Vou ver, d. Conceição, vou ver... E a conversa continuou animada, até que o

Sebastião voltou. — Estão saindo, d. Conceição, estão

saindo, sim! A modista foi falar com os donos da pen-

são, apresentou-lhes mamãe e os cômodos foram alugados para nós.

Quem diria! A “voz” acertara em cheio, re-velando o interesse e ajuda do plano espiritual em nosso favor.

Com ou sem uma voz que se possa ouvir tão bem, quanto minha mãe o fazia, por toda a parte os bons Espíritos representam a mise-ricórdia divina e, quanto possível ante as leis divinas, socorrem, inspiram, encaminham, sustentam e consolam, a todos nós, os encar-nados neste mundo.

por therezinha Oliveira

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mensagemcom todas as letras

um FatO paSSa atritOS por eduardO martinS

Um fato de que as pessoas não tomam conhecimento passa desapercebido. Certo? Não. E este é mais um erro que se comete habitualmente com relação às palavras de som parecido (parônimas).

Despercebido é que significa que não foi notado: A repreensão passou desperce-bida. Desapercebido tem emprego muito mais restrito e quer dizer desprovido, des-prevenido: desapercebido de dinheiro, de-sapercebido para a guerra.

Com acidente e incidente ocorre muito comumente confusão semelhante. Aciden-te é um acontecimento infeliz, desastre: aci-dente de trânsito, acidente entre o ônibus e a carreta, acidente pós-operatório, acidente de trabalho.

Incidente equivale a circunstância ca-sual, episódio, atrito: Houve um incidente entre os dois deputados. / O incidente fez que rompessem a amizade.

Alguns humoristas pretendem descobrir na advertência do Mestre uma exortação à covardia, sem no-ção de respeito próprio.

O parecer de Jesus, no entanto, não obedece apenas aos ditames do amor, essência fundamental de seu Evangelho. É igualmente uma peça de bom-senso e lógica rigorosa.

Quando um homem investe con-tra outro, utilizando a força física, os recursos espirituais de qualquer espécie já foram momentaneamente obliterados no atacante.

O murro da cólera somente surge quando a razão foi afastada. E sobre-vindo semelhante problema, somen-te a calma do adversário consegue atenuar os desequilíbrios, proceden-tes da ausência de controle.

O homem do campo sabe que o animal enfurecido não regressa à na-turalidade se tratado com a ira que o possui.

A abelha não ferretoa o apicultor,

fonte: MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág. 78. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999.

emmanuel | ChiCO xavier | vinha de luz

Veja a seguir mais uma série de palaVras de som parecido e sentido muito diferente.

Absolver declarar inocente: absolver o réu.

Absorver consumir, assimilar: absorver

energias, absorver ensinamentos.

AmorAl desprovido do senso da moral: Para

Oscar Wilde, a arte é amoral. ImorAl libertino, lascivo: livro imoral.ArreAr aparelhar (animal): arrear o cavalo. ArrIAr baixar: arriar a bandeira.

FlAgrAnte evidente ou ato de flagrar: flagrante

delito, apanhado em flagrante. Substantivo: flagrância (desusado).

FrAgrAnte perfumado: flores fragrantes.

Substantivo: fragrância.

FluIr proceder, escorrer: Tudo flui de

Deus. / O trânsito fluía bem. FruIr aproveitar: fruir as coisas boas da vida.

InFlAção fenômeno econômico: conter a inflação. InFrAção violação: infração da lei.

InFlIgIr aplicar: infligir derrota ao inimigo.

Atenção: não existe a forma “inflingir”. InFrIngIr violar: infringir os preceitos.

mAIs em maior quantidade: querer sempre mais. mAs porém: Desculpe, mas isso é bobagem.

PleIto eleição: vencedor do pleito. PreIto homenagem: preito ao artista.

rAtIFIcAr confirmar: ratificar o acordo. retIFIcAr corrigir: retificar o erro.

sAnAr corrigir: sanar a falha.

sAneAr tornar habitável, recuperar: sanear

o pântano, sanear as finanças. vultoso volumoso: vultoso empréstimo.

vultuoso com a face congestionada: rosto vultuoso.

despercebido físicosamigo da brandura e da serenidade.

O único recurso para conter um homem desvairado, compelindo-o a reajustar-se dignamente, é conser-var-se o contendor ou os circunstan-tes em posição normal, sem cair no mesmo nível de inferioridade.

A recomendação de Jesus abre--nos abençoado avanço...

Oferecer a face esquerda, depois que a direita já se encontra dilacera-da pelo agressor, é chamá-lo à razão enobrecida, reintegrando-o, de ime-diato, no reconhecimento da perver-sidade que lhe é própria.

Em qualquer conflito físico, a pa-lavra reveste-se de reduzida função nos círculos do bem. O gesto é a força que se expressará convenien-temente.

Segundo reconhecemos, por-tanto, no conselho do Cristo não há convite à fraqueza, mas apelo à su-perioridade que as pessoas vulgares ainda desconhecem.

Quando um homem investe contra

outro, utilizando a força física, os

recursos espirituais de qualquer

espécie já foram momentaneamente

obliterados no atacante.

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ATIVIDADES PARA 2011

Cursos Dias Horários Início

1º Ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. 2ª Feira 20h00 - 21h30 07/03/2011

1º Ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. domingo 10h00 - 11h00 13/03/2011

2º Ano 3ª Feira 20h00 - 22h00 01/02/2011 Restrito

2º Ano Domingo 09h00 – 11h00 06/02/2011 Restrito

3º Ano 4ª Feira 20h00 - 22h00 02/02/2011 Restrito

3º Ano Sábado 16h00 – 18h00 05/02/2011 Restrito

Evangelização da Infância Domingo 10h00 – 11h00 Fev / Nov Aberto ao público

Mocidade Espírita Domingo 10h00 – 11h00 ininterrupto Aberto ao público

Atendimento ao público

Assistência Espiritual: Passes 2ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes 4ª Feira 14h00 - 14h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes 5ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes Domingo 09h00 - 09h40 ininterrupto Aberto ao Público

Palestras Públicas Domingo 10h00 - 11h00 ininterrupto Aberto ao Público

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