a concepção criminológica de durkheim

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FACULDADE EDUCACIONAL DE PONTA GROSSA FACULDADE UNIO

GUILHERME FERNANDO FERREIRA DA SILVA

A CONCEPO CRIMINOLGICA DE DURKHEIM UM CRIMINOSO SOCIAL

PONTA GROSSA 2009

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GUILHERME FERNANDO FERREIRA DA SILVA

A CONCEPO CRIMINOLGICA DE DURKHEIM UM CRIMINOSO SOCIALTrabalho de Concluso de Curso

apresentado Faculdade Unio Curso de Bacharelado em Direito - Sob Orientao da Prof. Msc. Juliana Scalise Taques Fonseca.

PONTA GROSSA 2009

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DEDICATRIA

quele que, sem ser pai, me tomou por filho, e me proporcionou chegar onde hoje estou.

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AGRADECIMENTOS

Professora Juliana Scalise Taques Fonseca, pela orientao prestada ao orientando relapso na realizao deste trabalho. Ao Dr. Ivan Jairo Junckes, pelo auxilio na escolha da linha de pesquisa deste trabalho. Ao Prof. Luis Carlos Simionato Junior. Aos amigos: Aline, Tiago e Mons. Matthias, pela ateno, dedicao e apoio.

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EPGRAFE

Valeu a pena? Tudo vale a pena, quando a alma no pequena! Fernando Pessoa Quero, um dia, poder dizer s pessoas que nada foi em vo... que o amor existe, que vale a pena se doar s amizades a s pessoas, que a vida bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim...e que valeu a pena! Mrio Quintana

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RESUMO

Este trabalho apresenta o crime estudado como um fato social, aplicado s teorias sociolgicas de Emile Durkheim em As Regras do Mtodo Sociolgico, sendo analisado com normalidade, generalidade, e utilidade, demonstrando uma concepo do delito pelos olhares sociolgicos. Um breve estudo da pena, como tambm fato social e sua aplicao na sociedade. Este trabalho foi realizado atravs de pesquisas bibliogrficas, com o fim de demonstrar uma viso diferenciada do crime e do criminoso, longe do senso-comum, demonstrando a sua possvel aplicabilidade na sociedade de hoje.

Palavras-chave: Crime, pena, sociedade.

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SUMRIO

INTRODUO...............................................................................8 Contextualizao........................................................................... 10 1 A SOCIOLOGIA CRIMINAL......................................................12 2 O FATO SOCIAL......................................................................14 2.1 A SOCIEDADE............................................................17 3 TEORIA DA ANOMIA................................................................19 4 O CRIME, A PENA E SUA NORMALIDADE...............................21 CONCLUSO .................................................................................29 REFERNCIAS .............................................................................. 31

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Introduo"... o indivduo submete-se sociedade e na submisso est a condio para que se libere. Liberar-se, para o homem, tornar-se independente das foras fsicas, cegas, ininteligentes; mas ele no o conseguir, a menos que oponha a tais foras uma grande potncia inteligente, sob a qual se abrigue: a sociedade. Colocando-se sua sombra, ele se pe de certa forma, sob sua dependncia: mas esta dependncia libertadora. No h nisso nenhuma contradio" (Emile Durkheim)

A cada dia observa-se a ao de criminosos, cada vez mais evoluda e, tratada como uma aberrao, como seres anti-sociais, destruidores, terroristas. Fujamos porm do senso-comum e analisemos o que trs um ser-social, e tornar-se aos olhos da prpria sociedade um anti-social.

Antes de analisarmos este fato, mister se faz apresentarmos um conceito de crime. Crime , seno, um fenmeno social, uma conduta contrria quela esperada pela sociedade para o indivduo, um comportamento desviante, danoso, que provoca reaes emotivas; em sntese, um episdio na vida do indivduo. O crime no pode ser estudado em laboratrio, no pode ser reproduzido em estdio, fora da sociedade, no h que se falar em crime, sem falar tambm em sociedade. Ora, cada crime deve ser estudado separadamente, cada conduta desviante tem a sua histria, sua individualidade, suas razes. No h um crime sequer que seja igual a outro anteriormente praticado.

O conceito de crime desperta um dos grandes duelos na doutrina penal brasileira. No inicio da legislao penal, os legisladores e doutrinadores tratavam crime como conduta humana que infringisse a lei penal, Apenas a transgresso da lei era o suficiente para formar um criminoso. A nossa carta penal de 1940, mesmo com suas alteraes, no define o que crime, ao contrrio do que faziam as antigas legislaes penais. O Cdigo Criminal do Imprio, de 1830,definia crime como Julgar-se- crime ou delito toda ao ou omisso contraria as leis penais.. O Cdigo de 1890 assim definia violao imputvel e culposa da lei penal. Porm, nenhuma delas se faz conclusiva. Rudolph Von Ihering definia crime como sendo um

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fato oriundo de uma conduta humana que lesa ou pe em perigo um bem jurdico protegido por lei. Assim, podemos concluir o crime, perante as luzes da lei, como sendo toda conduta comissiva ou omissiva, tpica, contrria lei e que seja culpvel.

O crime, portanto, como conduta tpica antijurdica e culpvel, uma ao ou omisso contrria lei que, fato comum, causa espanto na sociedade.

Para Lombroso, o delito advm do prprio delinquente e no do meio em que vive. Ora, sabemos que o homem adapta-se ao meio em que vive, independente de ser bom por natureza ou no. Um conceito de criminoso baseado na sociedade, ou na sua prpria existncia por menos incompleto, no pode-se esquecer do fator psico-social.

Sabemos que por anos, criminlogos se embrenharam em estudar os esteritipos do criminoso, um arqutipo do homem delinquente, atravs de aspectos morfolgicos, que nos tempos de hoje cai por terra.

Para a elaborao deste trabalho, a obra de Emile Durkheim ser fundamental, pois atravs dela podemos situar o delinquente como um ser social, compreender a relao entre crime e sociedade. Este autor compreendeu que a sociedade no era simplesmente o produto da ao e da conscincia individual. Pelo contrrio, o tratamento do crime como um fato social, de carter normal e at necessrio, permite reabilitar cientificamente o fenmeno criminal, alm de demonstrar que a prtica de um crime pode depender no tanto do indivduo, mas tambm da sociedade e dos mltiplos constrangimentos que nela se desenvolvem formando, assim uma nova conceituao do delito e do delinquente.

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Contextualizao

Antes de nos aprofundarmos nos pensamentos de Durkheim, necessria uma rpida contextualizao histrica, pois do contrrio corremos o risco de no entendermos o real sentido de suas teorias.

Quando Durkheim apresenta suas teorias, Auguste Comte j havia iniciado os estudos que deram origem sociologia e as teorias do Positivismo j comeavam a apontar.

Sabe-se que Comte teorizou sua sociologia antes da inspirao positivista e dizia que antes do Positivismo o pensamento humano j havia passado por dois momentos: o Teolgico e o Metafsico. O Estado Teolgico caracterizado pela crena do homem em divindades e espritos, o que sustenta o naturalismo e explica a natureza. J o Estado Metafsico se caracteriza pelo abandono das divindades, passando a considerar a existncia de leis naturais e constantes que organizam o mundo e as sociedades. Um terceiro estado, totalmente diverso dos dois anteriormente existentes o Positivismo, que apresenta uma compreenso cientfica do mundo, com a observao e interpretao direta dos fatos.1

neste contexto de transio de dois estados para um terceiro que mile Durkheim desenvolveu seus estudos. Uma poca de constantes crises econmicas e sociais que, embaladas por estes acontecimentos sociais, as correntes socialistas ganharam foras.

Durkheim no concordava com o pensamento socialista pelo fato de considerarem os fatos econmicos para diagnosticar a crise das sociedades, o que duelava com a teoria defendida por Durkheim ou a dos fatos sociais. Para ele, era1

MASCARO, Alysson Leandro, Lies de Sociologia do Direito, So Paulo, Quartier Latin, 2007.

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crucial determinar novas e independentes idias para guiar a conduta dos indivduos, e neutralizar as crises econmicas e polticas de sua poca. Este o necessrio para adentrarmos nos pensamentos de mile Durkheim, um pensador do final do sculo XIX, que criou uma sociologia independente de qualquer outra corrente.

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I A SOCIOLOGIA CRIMINAL

A Sociologia Criminal surge contemporaneamente com as teorias de Durkheim, entre o fim do sculo XIX e incio do sculo XX, visando buscar as causas do crime na sociedade.

Criada por Henrique Ferri, esta vertente da criminologia, preocupa-se com os fatores externos das causas do crime, e as respectivas consequencias para a sociedade.

Em uma primeira fase, a criminologia preocupou-se em estudar a pessoa do delinquente, usando para tanto a biologia e a psiquiatria, o que chegou a ser tratado como criminologia clnica. O delinquente era, portanto, tratado como um doente, um ser psiquiatricamente defeituoso.

Apenas em um estgio mais avanado de estudo, os criminlogos deslocaram o crime para o meio social, onde gerou-se a prtica delitiva, vindo a surgir da, a Sociologia Criminal, que com Durkheim incorporou-se como um ramo da atual sociologia.

O fato da Sociologia Criminal surgir to recentemente, no significa que a preocupao em explicar o delito pela sociedade seja tambm recente. Ora, Aristteles em sua Poltica, j considerava que o crime tinha origem na misria, no nmero de filhos e na organizao familiar. Ora vejamos:"Quanto a saber quais os filhos que se devem abandonar ou educar, deve haver uma lei que proba alimentar toda a criana disforme. Sobre o nmero dos filhos (porque o nmero dos nascimentos deve sempre ser limitado), se os costumes no permitem que os abandonem e se alguns casamentos so to fecundos que ultrapassem o limite fixado de nascimentos, preciso

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provocar o aborto, antes que o feto receba animao e a vida; com efeito, 2 s pela animao e vida se poder determinar se existe crime"

Em outra passagem:(...)a pobreza gera a revolta e o crime3

Toms de Aquino seguia a mesma linha adotada por Aristteles na concepo criminolgica, creditando misria as causas da criminalidade.

Apenas Thomas Morus, em sua Utopia, foi o primeiro a dar-se conta das causas sociais do crime, Em sua obra apresenta cidados de bem e virtuosos que vieram a abraar o crime. 4

A Sociologia Criminal busca as causas do crime na sociedade, analisa o crime como um fenmeno coletivo, sujeito as regras sociais e, portanto, previsvel.

A sociedade contm em si os germes da criminalidade, vindo desta forma a contaminar os seres-sociais. Lembremos do que j apresentava Rousseau em seu Contrato Social O Homem nasce bom, a sociedade o corrompe.Ou seja, o homem, como ser-social, em contato com a prpria sociedade que o gestou, contamina-se com a criminalidade que existe nela.

O ser - criminoso um mero instrumento do comportamento criminoso inato, j existente no prprio meio em que vive o homem. A soluo para o problema do crime depende de uma reestruturao social. Sabemos que cada sociedade tem o criminoso que merece.

ARISTTELES, Poltica Martin Claret, 2007, p. 150. Ibid 2 4 Com efeito eles receberam todos os germens da virtude; aprenderam a ser felizes e bons, e, no entanto, abraaram o crime. (MORUS, Thomas, Utopia, Loyola, 1997, p. 99.)3

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A partir do momento em que se compreende que no existe sociedade sem crime, descobre-se tambm que no se pode estudar a sociedade deixando o crime de lado. De igual maneira, o crime no pode ser trabalhado sem aprofundarmo-nos no meio social em que se desenvolve.

No podemos deixar de mencionar, ao falarmos de sociologia criminal, o estudo da vitimologia, ou cincia vitimologica, a qual preocupa-se com a pessoa da vitima, ou seja, do sujeito passivo no delito. Sabemos que a vitima, em certas ocasies pode ser colaboradora do ato criminoso que a vitima. Esta cincia, aponta cria o binmio vitima-delinquente, tornando a vtima to importante como o criminoso no delito.

O objetivo perseguido pela sociologia criminal corresponde a trs categorias de comportamentos, originalmente estudados pela sociologia geral. A sociologia criminal, ou, segundo Baratta, Sociologia Juridico-Penal, estuda primeiramente as aes e os comportamentos de formao do cidado, que do origem a aplicao de um sistema penal j aplicado; em segundo lugar estuda os efeitos deste sistema j institucionalizado e a reao do comportamento do cidado submetido ao controle social. J a terceira categoria estudada por este ramo da sociologia, busca compreender as reaes no institucionais do comportamento desviante, em concorrncia com as reaes institucionais j aplicadas e tambm as conexes de um sistema penal j conhecido e aplicado em conflito com as estruturas econmico- sociais.

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2 O FATO SOCIAL

Em 1895 Emile Durkheim, em sua obra fundamental As Regras do Mtodo Sociolgico, define o que, na sua concepo, seria o objeto de estudo da sociologia, O FATO SOCIAL.

Para ele, fato social :Toda maneira de fazer, fixada ou no, suscetvel de exercer sobre o individuo uma coero exterior: ou ento, que geral no mbito de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existncia prpria 5 independente das suas manifestaes individuais.

Deste conceito de Fato Social possvel extrair trs elementos bsicos e fundamentais: Coero Social; Exterioridade e Generalidade. Neste trabalho usaremos como elemento basal a Coero Social.

Sabemos que a coero uma fora que obriga os seres sociais, a comportarem-se de determinado modo, de acordo ou no com os fatos sociais. As coeres podem ser oriundas de lei ou da prpria sociedade, que dita as regras e os costumes.

Como coero advinda da lei, podemos citar as penas aplicadas aos delitos, os servios comunitrios, as multas de trnsito, j as coeres morais podem ser vislumbradas no isolamento aos fumantes, na imposio social pelo uso de uma roupa, ou a busca por um corpo ideal.

A segunda caracterstica que o fato social exterior ao indivduo portanto, depende de uma adeso inconsciente. So regras, costumes, j existentes5

DURKHEIM, mile. As Regras do Mtodo Sociolgico, So Paulo, Martins Fontes, 2007.

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antes do nascimento e que ele sabe deve cumprir, independente de qualquer coisa. Podemos citar como exemplo, o pudor.

A terceira e ltima caracterstica do fato social a sua generalidade, ou seja, o fato social se manifesta atravs da natureza coletiva e totalmente inerente ao grupo. Portanto, s fato social aquele que tambm um fato geral. Ora, no h sociedade fora de um grupo.

O fato social sendo geral a garantia de normalidade, uma vez que representa o consenso social, e a vontade do grupo em determinada questo.

Tudo que normal ao mesmo tempo obrigatrio e superior ao indivduo. O normal advm da norma o que significa que a sociedade, por ser normal, algo que est acima do indivduo, e denota uma conscincia moral deste para com aquela.

Esta supremacia social deve permitir a integrao entre indivduo e sociedade, e para isto deve prevalecer regras de cooperao e solidariedade uma vez que, segundo Durkheim em Regras do Mtodo Sociolgico O homem um ser social, pois ainda no aprendeu a viver sozinho6.

A partir do normal, Durkheim analisa o patolgico. Para ele, as sociedades atuais so sociedades doentes e contaminadas, pois sofrem de um fenmeno chamado anomia. A sociedade hodierna submete-se a mudanas brutais que o conhecimento coletivo deixa de ser uno, e no estabelece um senso de

6

Ibid 5

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regulamentao que seja adequado s estruturas sociais contemporneas, seja por falta de vontade, ou ainda pela falta de capacidade de seus integrantes.

Diante desta dinmica social, o ser social sente-se solitrio, imerso em redes de coletividade e dinmicas que crescem a cada dia com maior rapidez, procedendo da as causas sociais como o suicdio e a criminalidade que deriva de causas sociais e no individuais, conforme atesta mile Durkheim.

Para o autor, os fatos sociais devem ser tratados como coisas7, Com esta viso, o pesquisador deve manter-se afastado e separado do alvo da pesquisa, evitando, assim, que propusesse teorias baseadas em conceitos prprios ou no senso-comum da prpria sociedade. Razo pela qual, poderia apresentar uma viso distorcida da coletividade.

A identificao do fato social necessita que o pesquisador saiba identificar aqueles que apresentam as caractersticas comuns, diferenciando-as dos acontecimentos gerais e repetitivos.

Alysson Leandro Mascaro, em sua obra Lies de Sociologia do Direito trata do assunto, comparando o fato social ao fato jurdico, vejamos:O fato social para Durkheim, muito distinto daquilo que o jurista chamar por fato jurdico. Para o jurista moderno, determinados eventos tem a repercusso para o direito, outros no. Em geral, ele identifica um fato como sendo jurdico caso ele esteja previsto ou repercuta no sistema de normas do ordenamento estatal. Os fatos sociais, na perspectiva de Durkheim, so muito distintos disto. Os fatos devem ser tratados como coisas, e sobre elas deve incidir uma anlise objetiva. Da que os fatos se apresentam com dados brutos, no qualificados previamente, segundo alguma norma ou mesmo segundo algum juzo de valor. O fato jurdico j seria um fato trabalhado a partir de alguma perspectiva, como a normativa. O fato social no. Durkheim o deseja compreender objetivamente, como uma coisa que 8 se apresente ao socilogo.

7 8

Ibid p. 15 MASCARO, Alysson Leandro, Lies de Sociologia do Direito. Apud Humberto Barrinuevo Fabretti.

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2.1 A SOCIEDADE

Aps a apresentao dos fatos sociais, suas caractersticas e mtodos para analis-los, h a necessidade de passar ao estudo da prpria sociedade.

Atravs dos fatos sociais, mile Durkheim busca a compreenso da sociedade, considerando-a como um organismo vivo e, assim sendo, apresenta estados que podem ser considerados como normais ou patolgicos, ou seja, doentes ou sadios.

Porm, no se identifica um estado social normal ou patolgico apenas com um passar de olhos, pois a um primeiro olhar, a sociedade apenas a sociedade.

Para tanto, o autor usa da generalidade do fato social, como um carter objetivo, uma vez que repudia totalmente qualquer subjetividade. Desta forma, a generalidade do fato social, ou seja, a sua unanimidade, demonstra a normalidade do fato, diante do consenso social.

Desta forma, vejamos o que nos apresenta o socilogo:Chamaremos normais aos fatos que apresentam as formas mais gerais e daremos aos outros o nome de mrbidos ou de patolgicos. Se convencionarmos chamar tipo mdio ao ser esquemtico que resultaria da reunio num todo, numa espcie de individualidade abstrata,das caractersticas mais freqentes, pode-se- dizer que o tipo normal se confunde com o tipo mdio, e que qualquer desvio em relao a este 9 padro da sade um fenmeno mrbido

9

Ibid p. 48

19

A distino do fato social como normal ou patolgico. exige que seja considerada com relao a uma determinada sociedade, tendo em vista que cada sociedade tem a sua normalidade ou patologia especfica que pode mudar em determinado momento histrico.

Desta forma, no podemos classificar um determinado fato social como normal em uma sociedade, se nesta mesma sociedade ele j foi patolgico h certo tempo atrs, Conforme nos explana o autor, o fato social no pode ser considerado normal em uma certa espcie social, seno em relao a uma fase, igualmente determinada de seu desenvolvimento.

Desta forma, se h generalidade no fato social, se h um consenso da sociedade, pode-se dizer que a sociedade est normal, ou seja, saudvel. J, se este consenso no existe, e deixa de haver uma generalidade no fato social, a sociedade est por sua vez doente, ou seja, uma sociedade patolgica.

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3 A TEORIA DA ANOMIA

Anomia no significa seno, ausncia de normas. Esta teoria aplicada por Durkheim inicialmente em A Diviso do Trabalho Social, posteriormente em O Suicdio.

Segundo o autor, em A Diviso do Trabalho Social, a relao entre indivduo (ser social) e a sociedade est dominada pela idia de que a diviso do trabalho portadora de uma nova forma de coeso social, qual seja, a solidariedade e a cooperao entre os homens.

Porm, como a transformao social ocorria em velocidade dinmica, a sociedade carecia de um novo conjunto de idias que fosse capaz de guiar o comportamento dos indivduos e as relaes entre as funes sociais, surgindo da as crises industriais e econmicas da poca e as relaes grevistas decorrentes do conflito entre capital e trabalho. Tais fatos dificultavam o bom funcionamento da sociedade, fazendo com que a sociedade industrial mergulhasse em um total estado de anomia, ou seja, de ausncia de regras claramente esclarecidas.

Assim, vislumbramos que a anomia surge quando os sistemas sociais no so mais capazes de suportar a dinmica social, e desta maneira regulamentar a coletividade. Ou seja, a anomia a ausncia de coeso social, um distrbio na conscincia coletiva que causa a falncia total dos freios sociais necessrios para o controle social.

A teoria da anomia apresentada por Durkheim tambm em O Suicdio, onde o autor aponta ser a ausncia de normas a causa fundamental do aumento dos suicdios.

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O estudo do suicdio, embora este seja um ato totalmente individual, demonstra as fortes relaes indivduo-sociedade Para tanto, apresenta trs tipos de suicdios: (1) o egosta, que denota pouco relacionamento entre o ser social e a coletividade, resultando em uma individualidade excessiva, (2) o suicdio altrusta, que resultado de uma individualizao insuficiente, onde o ser no sabe viver sozinho, e quando encontra-se nesta situao, d cabo sua prpria vida e, (3) o suicdio anmico, que resulta da total falta de regramentos sociais, normalmente relacionado a momentos de crise, quando o ser no encontra uma soluo para seus problemas, seno o suicdio.

Assim,

vislumbramos

que

para

Durkheim,

a

anomia

uma

demonstrao de que a sociedade encontra-se doente, ou seja, incapaz de exercer o controle sobre seus membros.

O Direito uma resposta social anomia, editado em sociedades complexas, para enfrentar os comportamentos e desvios anmicos que ferem os costumes. Desta forma, a ordem jurdica reflete uma ordem geral com o fim de manter, conservar e defender a sociedade.

Desta maneira, Durkheim apresenta o suicdio, as relaes de trabalho e o crime como perfeitamente normais. Ora, sem trabalho e profisso, o ser social deixa de ser suficientemente engajado na sociedade, fortalecendo sua individualidade, o que o levaria ao suicdio e, sem o crime, as relaes sociais tornar-se-iam impossveis, diante da caracterstica dinmica da coletividade.

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4 O CRIME A PENA E SUA NORMALIDADE.

Voltemos ao incio deste trabalho, onde nos prontificamos a apontar um conceito de crime. Sabemos que ao contrrio das normatizaes penais antigas, o cdigo atual no nos apresenta um conceito pronto de crime, deixando este encargo para os doutrinadores.

Diante disso, temos que crime toda conduta comissiva ou omissiva, tpica, contrria a lei e aos costumes, e que seja culpvel.

O Novo Dicionrio Michaelis da Lngua Portuguesa apresenta a seguinte definio de crime:

cri.me (lat crimen) sm 1 Dir Violao dolosa ou culposa da lei penal. 2 Sociol Violao das regras que a sociedade considera indispensveis sua 10 existncia. 3 Infrao moral grave; delito.

Partindo das definies apresentadas, podemos dizer que crime toda ao contrria aos costumes, moral e a lei, que seja legalmente punida, ou, reprovvel.

O crime, para Durkheim, todo ato que ofende certos sentimentos coletivos, apesar de sua natureza aparentemente patolgica no deixa de ser considerado como um fenmeno normal. Grosso modo, o crime pode ser tratado como a dor da sociedade.

10

MICHAELIS, Novo Dicionrio Virtual da Lngua Portuguesa. So Paulo, Melhoramentos, 2008.

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A dor no corpo humano tratada como absolutamente normal, atravs do sentimento de dor podemos perceber que algo est errado em nosso organismo. Sem dor, a vida seria totalmente insuportvel, da mesma forma sociedade sem crime.

De acordo dom Durkheim, o crime no se observa apenas na maior parte das sociedades desta ou daquela espcie, mas em todas as sociedades, de todos os tipos. No h nenhuma onde no exista criminalidade.

Este pensamento totalmente renovador e discordante dos tericos do perodo, que tratavam o delito como patolgico, e o delinqente como um doente, para Durkheim o crime deve ser tratado como fato social que , dentro de sua normalidade, em virtude de sua generalidade.

Tal concepo normal, resultado da aplicao do mtodo, proposto pelo autor para a anlise dos fatos sociais, ao crime.

Em, As Regras do Mtodo Sociolgico, assim trata Durkheim:

Se h um fato cujo carter patolgico parece incontestvel sem duvida o crime. Todos os criminlogos esto de acordo sobre esse ponto. Apesar de explicarem esta morbidez de maneira diferentes, so unnimes na sua constatao. Contudo, o problema merecia ser tratado com menos 11 superficialidade.

E mais adiante:

11

Ibid p. 66

24

Com efeito, apliquemos as regras precedentes. O crime no se produz s na maior parte das sociedades desta ou daquela espcie, mas em todas as sociedades, qualquer que seja o tipo destas. No h nenhuma em que no haja criminalidade. Muda de forma, os atos assim classificados no so os mesmos em todo o lado, mas, em todo o lado e em todos os tempos existiram homens que se conduziram de tal modo que a represso penal se 12 abateu sobre eles.

Durkheim nos mostra que os delitos no diminuem quando se passa de sociedades inferiores para superiores, ao contrrio, aumenta, desta forma, em sua normalidade o crime no nada mais do que um fato social e ainda no patolgico, pois, segundo nos apresenta o socilogo, a criminalidade nos apresenta claramente todos os sintomas de um ato normal, pois surge de uma atividade ligada coletividade.

Para o autor, transformar o crime em patologia social, o mesmo que dizer que a doena no um fenmeno acidental, mas que deriva da condio peculiar do ser vivo, desta forma elimina-se toda distino entre o fisiolgico e o patolgico.

Diante disto, nos pairamos questionando se o crime ser sempre normal, ou em algum momento poder se transformar em uma doena social? Sim, a criminalidade poder ser tratada como um fato social patolgico, se atingir nveis extremados, que fujam totalmente dos meios de controle sociais.

Portanto, podemos tratar o crime como um fato social normal, ou no patolgico, mas no de forma absoluta, pois em certos nveis, pode sim ser patolgica. Durkheim, em sua obra, afirma que, pela utilizao de seu mtodo podemos localizar a tnue linha que divide o delito normal do delito patolgico.

12

Ibid p. 66

25

Para explicar a normalidade delitiva, e chegar ao divisor de guas entre a normalidade e a patologia, Durkheim parte do ponto de que o crime normal, pois uma sociedade sem crime totalmente impossvel, conforme j vimos. E, j que o crime constitui uma ofensa a certos sentimentos coletivos, apenas deixaria de existir quando estes sentimentos diante do comportamento criminoso, se encontrassem em todas as conscincias individuais com a fora necessria para repelir os sentimentos contrrios, que fossem opostos ao ato criminoso, porm, para o autor o crime no deixaria de existir, e nem desapareceria, apenas mudaria de forma, pois, quando o sentimento de choque deixasse de existir, seria a prpria causa eliminando as origens da criminalidade, vindo a gerar uma nova fonte do delito.

O autor explica:Para que os assassinos desapaream preciso que o horror pelo sangue vertido se acentue nessas camadas sociais donde provm os assassinos; mas para que isso acontea necessrio que a sociedade global se 13 ressinta do mesmo modo.

Contudo, apenas esta aceitao da conscincia coletiva no seria suficiente, pois para que o crime deixe de existir, o sentimento da imoralidade, deve ser reforado, pois, segundo o autor, o sentimento de imoralidade um prolongamento do crime, e da conscincia coletiva.

Para explicar Durkheim faz uma comparao, entre o roubo e a simples desonestidade, segundo ele tanto um como outro chocam a conscincia coletiva, ferindo o sentimento altrusta, que o respeito pela propriedade, porm o roubo choca muito mais, enquanto a desonestidade tratada com uma maior tolerncia. Razo pela qual, pune-se o ladro, mas apenas adverte-se o desonesto.

Diante disto nos perguntamos. Se o crime tornar-se tolervel pela conscincia coletiva, e por isto deixarem de causar repulsa deixaro de serem13

Ibid p. 68

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crimes? A resposta no, pois dentro da conscincia individual a repulsa ser to grande, que far que tal ato jamais seja praticado por qualquer indivduo.

Assim nos mostra Durkheim:Imaginai uma sociedade de santos, um mosteiro exemplar e perfeito. Os crimes propriamente ditos sero desconhecidos; mas os erros que consideramos veniais ou vulgares provocaro o mesmo escndalo que o 14 delito normal provoca nas conscincias normais.

Diante da complexidade das idias durkheinianas, a diviso das conscincias coletivas e individuais se torna impossvel, uma vez que no nvel de desenvolvimento social de hoje, as conscincias individuais deixam de ser unnimes, e cada vez menos a unio destas conscincias, consegue formar uma conscincia coletiva. No podemos deixar de lado, os pontos biolgicos, genticos, e at mesmo culturais, que podem facilmente influenciar no pensamento individual, e consequentemente o coletivo.

Ora, a conscincia coletiva unnime, que seria necessria para causar a repulsa ao delito, a ponto de no mais ser praticado, at mesmo nas sociedades mais tradicionais, ou de cunho religioso mais forte, que, segundo o autor seriam menos desenvolvidas culturalmente, h sempre aquele resqucio de conscincia individual, havendo sempre indivduos que apresentam uma tendncia criminosa.

E, mesmo que a conscincia coletiva fosse forte o suficiente, reagiria de forma brutal contra qualquer manifestao criminosa, tomando assim a prpria coletividade, um carter delituoso. Provando portanto, que o crime uma conduta normal, e inerente prpria sociedade, que o gesta.

14

Ibid p. 68

27

Durkheim chega a dizer que o crime alm de necessrio e inerente vida social, o crime til e indispensvel para a evoluo normal da sociedade.

Para explicar a utilidade do crime para a sociedade, assim diz o autor:(...)o prprio crime pode desempenhar um papel til nessa evoluo. No apenas ele implica que o caminho permanece aberto s mudanas necessrias, como tambm, em certos casos, prepara diretamente essas mudanas. No apenas, l onde ele existe, os sentimentos coletivos encontram-se no estado de maleabilidade necessrio para adquirir uma forma nova, como ele tambm contribui s vezes para predeterminar a forma que esses sentimentos iro tomar. Quantas vezes, com efeito, o crime no seno uma antecipao da moral por vir, um encaminhamento em direo ao que ser! De acordo com o direito ateniense, Scrates era um criminoso e sua condenao simplesmente justa. No entanto seu crime, a saber, a independncia de seu pensamento, era til, no somente humanidade, mas sua ptria. Pois ele servia para preparar uma moral e uma f novas, das quais os atenienses tinham ento necessidade, porque as tradies segundo as quais tinham vvido at ento no mais estavam em harmonia com suas condies de existncia. Ora, o caso de Scrates no isolado; ele se reproduz periodicamente na histria. A liberdade de pensar que desfrutamos atualmente jamais poderia ter sido proclamada se as regras que a proibiam no tivessem sido violadas antes de serem solenemente abolidas. Entretanto, naquele momento, essa violao era um crime, j que era uma ofensa a sentimentos ainda muito fortes na generalidade das conscincias. Todavia esse crime era til, pois preludiava transformaes que, dia aps dia, tornavam-se mais necessrias. A livre filosofia teve por precursores os herticos de todo tipo que o brao secular justamente perseguiu durante toda a Idade Mdia, at as vsperas dos 15 tempos contemporneos.

Com sua teoria, Durkheim apresenta o criminoso com uma funo perante a sociedade constituda, o de regular a vida em coletividade. Ora, se h um criminoso, sabe-se que algo naquela sociedade precisa ser trabalhado. De outra banda, nos alerta que no devemos ficar satisfeitos quando a sociedade apresenta nveis muito baixos de criminalidade, pois, se isso acontece, sinal de problemas com a prpria sociedade.O crime, por sua vez, no deve mais ser concebido como um mal que no possa ser contido dentro de limites demasiado estreitos; mas, longe de haver motivo para nos felicitarmos quando lhe ocorre descer muito sensivelmente abaixo do nvel ordinrio, podemos estar certos de que esse progresso aparente ao mesmo tempo contemporneo e solidrio de alguma perturbao social. Assim, o nmero de agresses e de ferimentos 16 jamais cai tanto como em tempos de penria.

15 16

Ibid p. 72 Ibid p. 72

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Aps nos apresentar uma nova concepo para o crime, Durkheim nos mostra tambm um novo horizonte para as penas, dando a estas tambm uma funo social. Diz o autor, que se o crime uma doena, a pena o remdio, mas, se o crime deixa de ser patolgico, a funo da pena tambm no pode ser a de remediar, deve ser outra. Ora, se nos quedamos diante de um novo conceito de crime, que deixa de ser doena, tambm a pena deixa de ser remdio. Pois entendemos que aquele que esto so, no precisa se remediar. E assim, alteramos toda a teoria da pena. Para Durkheim, a funo da pena no prevenir ou sancionar o crime cometido, mas sim, serve como meio de satisfao da conscincia coletiva, que foi molestada em sua integridade, por um membro da sociedade. A coletividade exige a pena, a sociedade determina o grau de satisfao e de reparao, ela mesma cria o castigo, para algo que veio do seu prprio seio, para reparar no o criminoso, mas a si mesma. Desta forma, consegue manter a sua vivacidade e integridade, afastando o ser criminoso de seu meio, deixando intacta a convivncia social, e a conscincia comum. Diante desta teoria, podemos dizer que a pena existe para curar as feridas da prpria sociedade, para reparar o sentimento coletivo que foi alvejado e no para punir o delinquente. O pensamento Durkheiniano se mostra contrrio as teorias histricas da pena, e ao pensamento penal tradicional, que mostra a condenao como retribuio social ao mal praticado pelo delinqente. Teoria similar a apresentada por E. Durkheim, tratada por Cesare Beccaria em sua ilustre obra Dos Delitos e das Penas. Beccaria mostra em seu tratado, a pena como um fator preventivo a realizao de novos delitos, pois, a pena no pode ser vingana da sociedade para o criminoso, mas sim, deve ser praticada

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com racionalidade e isonomia. Beccaria inclusive questiona o que leva uma sociedade devidamente constituda a dar o poder de punir apenas a uma minoria. Do mesmo modo, Michel Foucault em seu Vigiar e Punir, trata da pena como um exerccio do poder estatal, visto que a sociedade d ao Estado o poder de punir em nome da dela. Foucault tambm prope um mtodo para a aplicao da pena devendo ser tratada como um fato social, uma vez que, serve como modo de reabilitao do condenado, para a vida em sociedade. Por fim, vemos que Durkheim no poderia mostrar a pena como algo diverso de sua teoria, uma vez que trata o crime como normal, e til para a sociedade, alm de que no pode ser evitado, a pena tambm h de ser um fato social. Portanto, pela teoria apresentada pelo socilogo francs, o crime deve ser reconhecido no como um mal, mas como um indicador de sanidade do sistema de valores que forma a conscincia coletiva. Neste sentido, o crime nada mais que um promotor de mudanas e de evoluo social.

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CONCLUSO O pensamento sociolgico de Emile Durkheim versa com o fim de explicar a sociedade existente, seus aspectos e sua formao. Para o socilogo, a sociedade um depositrio de valores e pensamentos. Ao impor a conscincia coletiva sobre a conscincia individual, demonstra que no se pode imaginar uma sociedade sem indivduos, ou seja, a construo social no existe e nem sobrevive sem as determinaes individuais. No que diz respeito particularmente ao crime Durkheim trs uma nova concepo da existncia do delito, que se choca com as teorias at ento existentes, posto que classifica o delito como fato social, tendo em vista que est presente em todas as sociedades, sem exceo e este serve como termmetro social, assim como a dor, o delito se apresenta necessrio, pois atravs dele, se percebe que algo, dentro da sociedade, no esta bem. O crime apenas ter um carter patolgico, e ser visto como uma doena se este atingir nveis muito altos, ou muito baixos, o que, segundo o pensador, fugiria da realidade e da normalidade de uma sociedade estruturada e desenvolvida. No apenas como um fenmeno, para Durkheim, o crime tratado como uma realidade social, que vista e sentida por todos os entes da sociedade, e importante e til para esta, pois, se o delito no existisse a convivncia social tornar-se-ia insuportvel. O crime existe porque a sociedade necessita de mecanismos de integrao que reforcem os laos, e segreguem os que no cumpram as normas estabelecidas. Desta forma enxergamos o crime como socialmente benfico, uma vez que auxilia na normalidade da prpria sociedade. Alguns pesquisadores discordam totalmente da teoria do socilogo francs, no admitindo de maneira alguma o crime como um fato social, sendo o

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delito um fenmeno patolgico, e o delinquente um doente, que precisa ser tratado. De outra banda, repudiam o mesmo pensamento, afirmando que o crime no se coaduna com os comportamentos ticos e morais de uma sociedade desenvolvida, pois, o crime no normal, e nem sequer til para a coletividade. Sob o pensamento sociolgico, ao afirmarmos que o comportamento criminoso normal dentro da sociedade, devemos entender at onde esta normalidade impera, e at que ponto o delinquente est totalmente integrado coletividade. No ser o ser-criminoso, aquele indivduo que esteja totalmente alienado da conscincia coletiva? Quanto s penas, o pensamento Durkheiniano merece credibilidade, uma vez que, quem aplica a pena a prpria coletividade, e a punio no seno, uma resposta do poder estatal, uma forma de exerccio poltico, a fim de satisfazer a sociedade pelo delito praticado por um ente que dela saiu, tendo em vista a necessidade de um conformismo, pois esta, no se conforma com o crime, ou seja, no o admite como um fato social. Por fim, o pensamento de Emilie Durkheim, perfeitamente possvel de ser aplicado nos dias de hoje, no que diz respeito ao crime, pois em uma sociedade cada diz mais criminalizada, torna-se fcil como seres sociais, enxergarmos o delito como um fato social, perfeitamente normal e necessrio.

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