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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO, PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL DO TRABALHO Leonardo Hébert A COBERTURA PREVIDENCIÁRIA À LUZ DO ACORDO PREVIDENCIÁRIO CELEBRADO ENTRE A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O CANADÁ Campina Grande 2014

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Uma das consequências da globalização da economia mundial é a intensificação do fluxo migratório de trabalhadores entre países. A preocupação do Estado com a proteção dos direitos previdenciários de seus trabalhadores em seus respectivos territórios acompanhou o movimento migratório. A celebração de tratados e convenções internacionais sobre o tema previdenciário são as soluções encontradas pelos Estados para garantir os direitos previdenciários de seus respectivos trabalhadores. Este artigo busca analisar os termos do Acordo de Previdência Social entre a República do Brasil e o Canadá. O artigo discorre sobre o sistema previdenciário brasileiro para em seguida analisá-lo sob o enfoque internacional para ao fim analisar o acordo previdenciário objeto deste estudo. A investigação adotou a pesquisa bibliográfica como procedimento. Ao final, evidencia-se a relevância do acordo celebrado.

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  • CURSO DE PS-GRADUAO

    ESPECIALIZAO EM DIREITO DO TRABALHO, PREVIDENCIRIO E

    PROCESSUAL DO TRABALHO

    Leonardo Hbert

    A COBERTURA PREVIDENCIRIA LUZ DO ACORDO PREVIDENCIRIO

    CELEBRADO ENTRE A REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O CANAD

    Campina Grande

    2014

  • Leonardo Hbert

    A COBERTURA PREVIDENCIRIA LUZ DO ACORDO PREVIDENCIRIO

    CELEBRADO ENTRE A REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O CANAD

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de

    Ps-Graduo Lato sensu em Direito do Trabalho,

    Previdencirio e Processual do Trabalho, modalidade EaD,

    da Universidade de Santa Cruz do Sul, UNISC, como

    requisito parcial para obteno do ttulo de Especialista em

    Direito do Trabalho, Previdecirio e Processual do

    Trabalho.

    Orientador: Prof. Eduardo Riveira Palmeira Filho

    Campina Grande

    2014

  • A COBERTURA PREVIDENCIRIA LUZ DO ACORDO PREVIDENCIRIO

    CELEBRADO ENTRE A REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O CANAD

    Leonardo Silva Hbert1

    Prof. Eduardo Riveira Palmeira Filho2

    Resumo: Uma das consequncias da globalizao da economia mundial a intensificao do fluxo migratrio

    de trabalhadores entre pases. A preocupao do Estado com a proteo dos direitos previdencirios de seus

    trabalhadores em seus respectivos territrios acompanhou o movimento migratrio. A celebrao de tratados e

    convenes internacionais sobre o tema previdencirio so as solues encontradas pelos Estados para garantir

    os direitos previdencirios de seus respectivos trabalhadores. Este artigo busca analisar os termos do Acordo de

    Previdncia Social entre a Repblica do Brasil e o Canad. O artigo discorre sobre o sistema previdencirio

    brasileiro para em seguida analis-lo sob o enfoque internacional para ao fim analisar o acordo previdencirio

    objeto deste estudo. A investigao adotou a pesquisa bibliogrfica como procedimento. Ao final, evidencia-se a

    relevncia do acordo celebrado.

    Palavras-chave: previdncia; acordo internacional; acordo previdencirio; Canad.

    1 Advogado Acadmico do Curso de Ps-Graduao em Direito do Trabalho, Direito Previdencirio e

    Processual do Trabalho, UNISC. E-mail: [email protected] 2 Prof. Orientador. Mestre em Direito. Juiz Federal da 4 Regio da Justia Federal. E-mail:

    [email protected]

  • SUMRIO

    1 Introduo _____________________________________________________________ p. 1

    2 Noes Bsicas sobre seguridade social ______________________________________ p. 2

    2.1 Benefcios previdencirios _________________________________________ p. 3

    2.2 Previdncia: um enfoque internacional _______________________________ p. 3

    2.3 Organismos e diplomas internacionais relevantes _______________________ p. 4

    3 Acordos internacionais como fonte de Direito Previdencirio _____________________ p. 5

    4 Acordo de Previdncia Social entre a Repblica Federativa do Brasil e o Canad _____ p. 6

    4.1 Conceitos bsicos ________________________________________________ p. 6

    4.2 Anlise do Acordo de Previdncia entre a Repblica do Brasil e Canad_____ p. 7

    4.3 Campo de aplicao material _______________________________________ p. 7

    4.4 Campo de aplicao pessoal _______________________________________ p. 8

    4.5 Cobertura de trabalhadores empregados e autnomos ___________________ p. 8

    4.6 Perodo de cobertura sob a legislao do Canad ______________________ p. 10

    4.7 Converso de perodos de cobertura ________________________________ p. 11

    5 Benefcios _____________________________________________________________p. 12

    5.1 Benefcios sob a Legislao do Canad ______________________________ p. 12

    5.2 Benefcios sob a Legislao do Brasil _______________________________ p. 13

    6 Dispositivos administrativos ______________________________________________ p. 13

    7 Consideraes Finais ____________________________________________________ p. 15

    8 Bibliografia ___________________________________________________________ p.15

  • 1 Introduo

    O fenmeno da globalizao promove os laos de interdependncia das economias

    nacionais e a intensificao do fluxo migratrio de trabalhadores entre pases. A formao e

    fortalecimento de blocos econmicos facilita e promove a circulao de mercadorias e

    trabalhadores entre os estados membros. Ilustrativamente, nos primeiros seis meses de 2014,

    o governo brasileiro concedeu um total de 21.151 autorizaes de trabalho a cidados

    estrangeiros, dos quais 19.639 so temporrios com prazos de 90 dias a dois anos. Estes

    ltimos com ou sem contrato de trabalho no Brasil (BRASIL. MTbE). Por outro lado, mesmo

    sem dados precisos relativos ao nmero de expatriados brasileiros a servio de empregadores

    nacionais, baseado nos resultados do Censo realizado no ano de 2010, estima-se haver

    491.645 brasileiros residentes no exterior, numero este aqum da estimativa do Ministrio das

    Relaes Exteriores do Brasil, o qual sugere haver aproximadamente 2 a 3,7 milhes

    (BRASIL, MRE). O fato que o envio de trabalhadores para laborar em filiais localizados em

    pases diversos da localizao das respectivas matrizes uma realidade. Diante disto,

    questionamos como os Estados protegem os direitos trabalhistas e previdencirios de seus

    trabalhadores quando estes se encontram alhures. A soluo adotada por diversos pases se d

    atravs da celebrao de acordos bilaterais e adoo de regras decorrentes de convenes.

    A cobertura previdenciria de segurados expatriados objeto de acordos

    internacionais celebrados entre pases emissores e receptores de massas imigratrias, e visam

    garantir o acesso s prestaes previdencirias destes trabalhadores quando no se encontrem

    em seus pases de origem.

    Os critrios adotados pelo governo brasileiro para firmar acordos internacionais,

    conduzidas pelo Ministrio das Relaes Exteriores (MRE), so o volume de comrcio

    exterior, recebimento de investimentos externos, acolhimento significativo de fluxo

    migratrio e relaes especiais de amizade.

    No que diz respeito Previdncia Social, o governo brasileiro hoje signatrio de 11

    acordos previdencirios bilaterais em vigor e de quatro pendentes de ratificao pelo

    Congresso Nacional. Note-se tambm a participao do Brasil na condio de signatrio de

    duas convenes com repercusso previdenciria, a conveno IBEROAMERICANA e o

    MERCOSUL ( BRASIL, MPAS).

  • 2. Noes bsicas sobre seguridade social

    necessrio distinguir os conceitos de seguridade social e previdncia social, a fim de

    que no se confundam e que se entenda de forma clara e precisa o objeto de acordos

    previdencirios bilaterais firmados entre Brasil e demais pases.

    A seguridade social o conjunto de instrumentos e aes do Estado e sociedade civil

    que visam atender as necessidades bsicas e essenciais, previamente selecionadas. A

    seguridade destina-se proteo de membros da sociedade de contingncias concernentes

    sade, previdncia e assistncia social, buscando a defesa e a constante busca da paz e do

    progresso da sociedade atravs do bem estar individual dos seus membros (HORVATH,

    2011, p.112)

    A sade dever do Estado e compreende todas as aes de promoo, proteo e

    recuperao da populao, independentemente de contribuio. No Brasil, a sade dever do

    Estado por fora constitucional, previstos no texto da CFRB nos artigos 196 a 200, lei

    8.2012/91 assim como na lei 8.080/1991.

    A assistncia social um conjunto de servios de amparo que so prestados aos

    necessitados pelo Estado, subsidiariamente proteo previdenciria, portanto

    independentemente de contribuio do beneficiado, para obter o necessrio para a

    sobrevivncia, garantindo mnimos sociais e provimento de condies para atender

    contingncias sociais e promovendo a universalizao dos direitos sociais. (HORVAT, 2011,

    p.130). A assistncia social, instituda pela CFRB nos artigos 203 a 204, regulamentada

    pela Lei Orgnica da Assistncia Social, lei 8.742/1993.

    O homem, na busca pela sobrevivncia, sempre se preocupou com o dia do amanh. A

    previdncia, enquanto conceito, surge a partir do momento em que o homem passa a se

    preparar para os infortnios da vida, diante da impossibilidade, momentnea ou permanente,

    de adquirir por si, seu sustento. A origem do termo previdncia a expresso latina pre videre

    cujo significado ver adiante, antecipar e preparar-se, no sentido de estar apto a lidar com os

    contingentes do porvir.

    Enquanto sistema componente da seguridade social, a previdncia social uma tcnica

    de proteo social de seus beneficirios contra riscos predeterminados, pela qual as pessoas

    vinculadas a algum tipo de atividade laborativa, (...) ao contribuir, esto protegidas no caso de

    algum infortnio (PRESOTTO, 2008, p.4). Os riscos cobertos pelo sistema previdencirio

  • brasileiro esto arrolados no art. 201, incisos I a IV, da Constituio da Repblica Federativa

    do Brasil (CFRB), a saber: doena, invalidez, morte, recluso, proteo maternidade,

    proteo contra o desemprego involuntrio, encargos familiares e acidente de trabalho.

    (HORVATH, 2011, p. 114). O sistema previdencirio de natureza contributiva, portanto so

    beneficirio aqueles que contribuem para o sistema, seus respectivos dependentes, na forma

    da lei 8.212, art. 12 a 15; a Lei Bsica da Previdncia Social (LBPS), lei 8.213, art. 11 a 16.

    2.1 Benefcios previdencirios

    Os eventos cobertos pelo sistema de benefcios prestados pela Previdncia Social

    brasileira esto arrolados na CRFB em seu artigo 201. So estes: a doena, a invalidez, a

    morte e a idade avanada; a proteo gestante, a maternidade, o desemprego involuntrio; o

    salrio famlia e auxlio-recluso para dependentes de baixa renda e a penso por morte.

    Alm dos servios de habilitao e reabilitao profissional, os benefcios

    previdencirios disponibilizados, em ateno ao rol constitucional, incluem, para o segurado,

    a aposentadoria por invalidez, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de

    contribuio, aposentadoria especial, auxlio-doena, salrio-famlia, auxlio-acidente,

    auxlio-recluso, salrio-famlia, salrio-maternidade, penso por morte e abono anual.

    2.2 Previdncia: um enfoque internacional

    A globalizao da economia aproximou pases, incentivou a formao de blocos

    econmicos e celebrao de acordos bilaterais, assim como o fluxo de mercadorias e

    trabalhadores. A intensificao da migrao de trabalhadores em escala global consequncia

    natural da globalizao.

    O processo imigratrio com destino ao Brasil intensificou-se paulatinamente a partir

    do sculo XIX. Iniciou-se com a entrada de nacionais portugueses, seguidos de espanhis,

    italianos, japoneses, alemes, polacos e outras nacionalidades europeias, em menor nmero,

    assim como trabalhadores de vrios pases sul-americanos. Em sentido contrrio, houve um

  • incremento no fluxo emigratrio de brasileiros a diversos pases, sendo o destino principal os

    Estados Unidos, Canad e Europa, principalmente na segunda metade do sculo XX.

    O intenso movimento migratrio impulsionado pela globalizao gerou uma presso

    para que os pases buscassem solues de proteo aos direitos previdencirios da massa de

    trabalhadores migrantes. A soluo encontrada encontra-se no mbito do Direito

    Internacional, por meio da celebrao de acordos bilaterais e convenes (acordos

    multilaterais), visto que os Acordos Internacionais so as fontes primrias de Direito

    Internacional, e sua importncia decorre da positivao de seu termos. (FAVORETO, 2008,

    p. 2)

    2.3 Organismos e diplomas internacionais relevantes

    As organizaes de carter internacional tm influenciado e participado dos processos

    de criao e promoo de acordos e tratados de cunho previdencirio. Destacam-se as

    contribuies da Organizao Internacional do Trabalho e Associao Internacional de

    Seguridade Social por meio de suas convenes e aes para promoo da Seguridade Social

    enquanto direito conferido aos trabalhadores.

    A Organizao Internacional do Trabalho OIT - hoje uma agncia das Naes

    Unidas. Foi criada em 1919, como parte do Tratado de Versalhes, por ocasio do fim da

    Primeira Guerra Mundial. Desde sua criao, a OIT promoveu a adoo de convenes e

    celebrao de acordos internacionais que tm como objetivo a promoo dos direito do

    trabalhador. Na seara do campo previdencirio, destacamos Conveno no

    19, que trata da

    Igualdade de tratamento dos trabalhadores migrantes em matria de seguro contra acidentes

    de trabalho; a Conveno no 102, que trata das normas mnimas da seguridade social;

    Conveno no 103, que trata do amparo maternidade e a Conveno n

    o 118, que versa sobre

    a igualdade de tratamento de nacionais e estrangeiros em matria de previdncia social. Note-

    se que todos os tratados mencionados so ratificados pelo Brasil.

    A Declarao Internacional dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia Geral

    das Naes Unidas, no dia 10 de dezembro de 1948, define os direitos do homem inerentes

    sua condio de ser humano e tem como objetivo o reconhecimento de tais direitos por todos

  • e sua efetivao universal. lcito afirmar que a declarao universal dos direitos humanos

    um documento fundamental e fonte de princpios norteadores de acordos e tratados

    internacionais que versam sobre o Direito do Trabalho e Previdencirio.

    A Associao Internacional de Seguridade social (AISS), fundada em 1927, sediada

    em Genebra, Suia, com a finalidade inicial de promover e consolidar o seguro de

    enfermidade. (FAVORETTO, p.20). Atualmente conta com 340 membros em 157 pases e

    promove cooperao e fortalecimento institucional de seus membros, a dinamicidade dos

    sistemas de seguridade social e contribui para a melhoria dos resultados da seguridade social

    como forma do alcance do justia social.

    3. Acordos internacionais como fonte de Direito Previdencirio

    Um acordo internacional previdencirio tem como finalidade to somente garantir os

    direitos previdencirios dos segurados e seus dependentes, nos termos do respectivo tratado,

    portanto no promove a alterao legislativa das partes acordantes.

    A principal fonte do Direito Internacional so os acordos internacionais.

    Conceitualmente, acordo ou tratado internacional definido pela Conveno de Viena sobre o

    Direito dos Tratados, de 1969. O artigo 2 da referida conveno conceitua tratado

    internacional como acordo internacional celebrado por escrito entre Estados e regido pelo

    direito internacional, quer conste de um instrumento nico, quer dois ou mais instrumentos

    conexos, qualquer que seja sua denominao particular" (CONVENO de Viena).

    Tratado ato jurdico formal celebrado entre dois ou mais Estados soberanos, pelo

    qual se estabelece um acordo sobre dado tema. O processo formal para a celebrao vlida de

    um tratado consiste, de forma simplificada e nesta ordem, na negociao, assinatura pelos

    representantes das partes, troca de notas e, por fim, a ratificao.

    No Brasil, de competncia privativa do Presidente da Repblica a celebrao de

    tratados, convenes e atos internacionais, em ateno ao artigo 84 da CFRB:

    Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repblica: (...)

    VIII - celebrar tratados, convenes e atos internacionais, sujeitos a referendo do

    Congresso Nacional;

  • A Os tratados nos quais o Brasil figura como signatrios s passam a integrar o corpo

    legislativo nacional, tornando-se vigentes, aps o referendo pelo Congresso Nacional, em

    observncia do artigo 49, inciso I da Carta Magna:

    Art. 49. da competncia exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que

    acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimnio nacional

    O Decreto Legislativo que ratifique um acordo previdencirio internacional o

    transforma em lei a ser sancionado pelo Presidente da Repblica e regulamentado, via

    Decreto Executivo.

    H, ainda, a possibilidade de um ente federativo (estado ou municpio) celebrar um

    acordos com Estados estrangeiros ou organismos internacionais. O mandamento

    constitucional inserido no artigo 21, I, estabelece a atribuio exclusiva da Unio para

    manter relaes com Estados estrangeiros e participar de organizaes internacionais. Desta

    forma, qualquer acordo que um estado federado ou municpio deseje estabelecer com Estado

    estrangeiro, ou suas unidades que possuam tal poder, dever ser conduzido pela Unio, com a

    intermediao do Ministrio das Relaes Exteriores (...) (FAVORETTO, p.21).

    Conduzidos pelo Ministrio da Relaes Exteriores, os acordos internacionais

    inserem-se no contexto da poltica externa brasileira. Os acordos que versam sobre matria de

    direito previdencirios resultam dos esforos do Ministrio da Previdncia Social e de

    entendimentos diplomticos entre governos no sentido de assegurar os direitos de seguridade

    social previstos na legislao respectiva de cada Estado acordante aos respectivos

    trabalhadores e seus dependentes, enquanto residentes ou em trnsito no Brasil ou alhures.

    No se busca a modificao legislativa do Estado signatrio, mas to somente a prestao de

    benefcios na forma de sua respectiva legislao previdenciria e do acordo firmado

    (BRASIL, MPAS).

    Os pases com os quais o Brasil signatrio de acordos previdencirios bilaterais

    pendentes de ratificao pelo Congresso Nacional Brasileiro so a Blgica, Coria, Suia e

    Provncia canadense de Quebec, que goza de autonomia poltica diferenciada. Os pases com

    os quais o Brasil mantm acordos previdencirios em vigor so a Alemanha, Cabo Verde,

    Chile, Espanha, Frana, Grcia, Itlia, Japo, Luxemburgo, Portugal e Canad.

  • Para efeito de estudo desse artigo, analisaremos especificamente o Acordo de

    Previdncia Social entre a Repblica Federativa do Brasil e o Canad, com o objetivo de

    esclarecermos seus termos, finalidades e operacionalizao.

    4. Acordo de Previdncia Social entre a Repblica Federativa do Brasil e o Canad

    4.1 Conceitos bsicos

    Os acordos previdencirios internacionais adotam uma terminologia prpria.

    importante entendermos a terminologia comum em comento afim que se possa analisar com

    mais propriedade o contedo de um tratado especfico que verse sobre o tema.

    A autoridade competente para celebrar acordos internacionais no Brasil o Ministro

    de Estado da Previdncia Social, atravs do rgo especializado ligado Secretaria Executiva,

    a Assessoria de Assuntos Internacionais. A Assessoria de Assuntos Internacionais

    responsvel no s pela celebrao dos acordos, mas tambm pelo acompanhamento,

    avaliao e operacionalizao dos mesmos. No Canad, a autoridade competente o ministro

    titular do Ministry of Human Resources and Social Developement, equivalente canadense do

    Ministrio da Previdncia e Assistncia Social no Brasil.

    A Entidade Gestora a instituio competente para conceder as prestaes previstas

    no acordos. No Brasil, figura como entidade gestora o Instituto Nacional do Seguro Social.

    So beneficirios dos acordos internacionais os segurados e seus dependentes, sujeitos

    aos Regimes de Previdncia Social previstos, conforme cada acordo individualmente.

    4.2 Anlise do Acordo de Previdncia entre a Repblica do Brasil e Canad

    O acordo previdencirio celebrado entre a Repblica Federativa do Brasil e o Canad

    (Acordo), firmado no dia 8 de agosto de 2011 e aprovado pelo Congresso Nacional por meio

    do Decreto Legislativo no 421, no dia 28 de novembro de 2013, foi promulgado pela

    presidncia da repblica no dia 24 de julho de 2014. O acordo entrou passou a vigorar para o

    Brasil, no plano jurdico externo, a partir do dia 1 de agosto de 2014.

    Note-se que o Acordo no se aplica Provncia de Quebec, visto que esta provncia

    canadense goza de status especial e autonomia administrativa e poltica diferenciada em

  • relao s demais, inclusive para celebrar acordos com entidades estrangeiras e outros pases.

    H um acordo previdencirio firmado entre os governos do Brasil e de Quebec, assinado no

    dia 11 de outubro de 2014, porm pendente de ratificao pelo Congresso Nacional.

    Apesar da impreciso dos dados, o Ministrio da Previdncia e Assistncia Social

    estima que 36 mil cidados brasileiros residentes no Canad so beneficiados pelo acordo,

    que autoriza a soma dos perodos de contribuio realizados pelo segurado, enquanto

    residente no territrio de quaisquer das partes, para fins de concesso de benefcios. Os

    benefcios previdencirios concedidos pela Previdncia Social do Brasil alcanados pelo

    acordo so a aposentadoria por idade, penso por morte e aposentadoria por invalidez so os

    benefcios contemplados no acordo que alcana tanto os contribuintes do Regime Geral de

    Previdncia Social (RGPS), quanto os dos regimes prprios de servidores pblicos (RPPSs).

    (BRASIL, Ministrio da Previdncia e Assistncia Social)

    4.3 Campo de aplicao material

    O campo de aplicao material do Acordo definido em seu artigo 2. No que diz

    respeito ao Canad, o acordo se aplica ao Old Age Security Act, R.S.C., 1985, c. O-9, OAS

    (Lei de Proteo Social do Idoso) e Canada Pension Plan, CPP (Plano de Penso do Canad)

    e respectivos regulamentos. A legislao previdenciria brasileira sobre a qual se aplica o

    acordo inclui o Regime Geral de Previdncia Social (Lei. 8.213 de 24/07/1994) e os regimes

    prprios de previdncia social dos servidores pblicos, no que se refere aos benefcios de

    aposentadoria por invalidez, aposentadoria por idade e penso por morte.

    Alteraes legislativas e regulamentares da legislao prevista no artigo 2,

    posteriores entrada em vigor do acordo, tambm se submetem aos seus termos. Se a lei

    arrolada for revogada, aplicar-se- os termos do Acordo legislao novel substitutiva, nos

    termos do pargrafo 2. (ACORDO)

    importante observar que facultado uma das partes restringir a aplicabilidade do

    acordo alterao legislativa ou regulamentar mediante notificao prvia da outra em at

    trs meses a contar da data de entrada em vigor da modificao legal ou do regulamento. O

    silncio presume a aplicabilidade plena do Acordo s modificaes posteriores.

  • 4.4 Campo de aplicao pessoal

    O Acordo aplica-se a qualquer pessoa que esteja ou j tenha estado sujeito legislao

    previdenciria do Canad ou do Brasil, incluindo segurados e dependentes. O critrio bsico

    para determinar a aplicabilidade da legislao previdenciria o de local de residncia,

    portanto o acordo aplica-se a qualquer pessoa que resida ou tenha residido no Brasil ou no

    Canad.

    garantida a igualdade de tratamento de todos os beneficirios de ambos os sistemas

    de seguridade social, no sofrendo quaisquer diferenas de tratamento em funo de

    nacionalidade, naturalidade, sexo ou idade. Portanto, versa o Art. 4 do Acordo, que o

    beneficirio sujeito legislao previdenciria do Canad submete-se legislao

    correspondente brasileira, nas mesmas condies dos cidados brasileiros e vice-versa.

    H segurados que recebem benefcios pela Previdncia de uma parte enquanto reside

    no territrio da outra. Os benefcios no podero ser cancelados, suspensos, modificados ou

    sequer reduzidos pelo fato do beneficirio residir no territrio da outra parte, salvo houver

    dispositivo excepcional regra. As partes no podem se furtar a pagar benefcios devidos a

    beneficirios residentes em territrio canadense, brasileiro ou, ainda, em territrio de um

    terceiro Estado.

    4.5 Cobertura de trabalhadores empregados e autnomos

    No que diz respeito legislao previdenciria sob a qual o trabalhador est sujeito, o

    tratado adota critrios de residncia e de relao de trabalho, seja para o trabalhador

    empregado ou autnomo.

    Como regra, o trabalhador empregado submete-se exclusivamente legislao

    previdenciria vigente no territrio do pas onde trabalha. Um empregado que trabalha no

    Canad para um empregador localizado em territrio canadense, submete-se legislao

    local.

    O empregado que esteja sujeito legislao de uma das Partes do Acordo e seja

    deslocado para trabalhar no territrio da outra para o mesmo empregador, seguir submisso

    legislao do da primeira Parte pelo perodo mximo de 60 meses,. Decorridos os 60 meses, o

    empregado passar a se submeter s regras do local de trabalho, inclusive s regras pertinentes

    contribuio previdenciria do empregado e empregador. Como exemplo, citamos um

  • engenheiro que trabalhe para uma mineradora canadense que seja enviado para gerenciar um

    projeto localizado no Brasil. Este trabalhador regido pela legislao previdenciria

    canadense, at o limite mximo de 60 meses, como se o trabalho fosse realizado no Canad.

    Aps este prazo, o trabalhador submete-se legislao brasileira.

    J o trabalhador autnomo, que resida no territrio de uma parte e que preste servios

    no territrio de outra parte ou trabalhe nos territrios de ambas, submete-se legislao

    previdenciria do territrio da parte de sua residncia.

    No que pese aplicar-se os termos do acordo a todos as pessoas que se submetam

    legislao previdenciria canadense ou brasileira, abre-se uma exceo respectivas misses

    diplomticas Servidores Pblico de Entidades Estatais. Portanto no se aplicam as

    disposies do acordo s misses diplomticas do Canad e do Brasil, tendo em vista reserva

    contida no artigo 8:

    1. Independentemente do disposto neste Acordo, as disposies referentes

    seguridade social da Conveno de Viena sobre Relaes Diplomticas de 18 de

    abril de 1961 e da Conveno de Viena sobre Relaes Consulares de 24 de abril de

    1963 continuaro a ser aplicadas., (...)

    A Conveno de Viena sobre Relaes Diplomticas de 1961 foi promulgada por meio

    do Decreto 56.435/65 e prev em seu artigo 33:

    1. Salvo o disposto no pargrafo 3 dste artigo o agente diplomtico estar no

    tocante aos servios prestados ao Estado acreditante, isento das disposies sbre

    seguro social que possam vigorar no Estado acreditado.

    2. A iseno prevista no pargrafo 1 dste artigo aplicar-se- tambm aos criados

    particulares que se acham ao servio exclusivo do agente diplomtico, desde que.

    a) No sejam nacionais do Estado acreditado nem nle tenham residncia

    permanente; e

    b) Estejam protegidos pelas disposies sbre seguro social vigentes no Estado

    acreditado ou em terceiro estado. (...)

    Versando sobre a mesma matria e com redao similar, a Conveno de Viena sobre

    Relaes Consulares de 1963, que passou a vigorar no Brasil aps a promulgao do Decreto

    no 61.078, em seu artigo 48 dispe:

    1. Sem prejuzo do disposto no pargrafo 3 do presente artigo, os membros da repartio consular, com relao aos servios prestados ao Estado que envia, e os

    membros de sua famlia que com les vivam, estaro isentos das disposies de

    previdncia social em vigor no Estado receptor.

    2. A iseno prevista no pargrafo 1 do presente artigo aplicar-se- tambm aos

    membros do pessoal privado que estejam a servio exclusivo dos membros da

    repartio consular, sempre que:

    a) no sejam nacionais do Estado receptor ou nle no residam permanentemente;

    b) estejam protegidos pelas disposies sbre previdncia social em vigor no Estado

    que envia ou num terceiro Estado. (...)

  • Mantm-se, portanto, a aplicabilidade da iseno do regime de previdncia social s

    misses diplomticas, nos termos das convenes citadas, em prejuzo dos termos do acordo

    em anlise.

    Os servidores pblicos de uma das partes que forem enviados a servio do Governo

    para trabalhar no territrio da outra, submete-se exclusivamente legislao da primeira, sem

    limite de tempo. No se aplica neste caso o limite de 60 meses imposto aos funcionrios de

    empregadores enviados para trabalhar no territrio da outra parte.

    Um trabalhador que resida no territrio de uma parte e que esteja a servio do

    Governo da outra, em relao a este emprego, submete-se legislao do pas de residncia.

    O critrio adotado para definir a legislao aplicvel aos servidores pblicos o critrio

    residencial.

    importante notarmos que as regras de aplicabilidade legislativa, estabelecidas do

    artigo 6 a 8, so flexveis, nos termos do artigo. 9o. As autoridades competentes podem

    estabelecer excees, desde que o faam por consentimento mtuo, por escrito e que as

    pessoas afetadas pelas excees propostas estejam submetidas legislao de uma das partes.

    4.6 Perodo de cobertura sob a legislao do Canad

    Lei de Proteo Social do Idoso ( Old Age Security Act, OAS):

    O perodo de estada ou residncia de uma pessoa no Brasil contar como perodo de

    residncia no Canad, para fins de clculo do benefcio da Lei de Proteo Social do Idoso,

    desde que esta pessoa goze da condio de segurado, sujeito legislao previdenciria

    canadense de que trata este acordo, inclusive os regimes de previdncia provinciais. Esta regra

    tambm se aplica aos cnjuges, companheiros ou dependentes que residam com o

    beneficirio, desde que no estejam vinculados a nenhum regime previdencirio e no se

    encontrem legislao previdenciria brasileira em decorrncia de emprego ou atividade

    laboral autnoma.

    Os segurados sujeitos legislao previdenciria brasileira, enquanto presentes no

    Canad, na condio de residente temporrio ou permanente, no contam o perodo de estada

    como tempo de residncia no Canad para fins de clculo dos benefcios previstos pela Lei

    de Proteo Social do Idoso. O mesmo se aplica ao cnjuge, companheiro ou dependentes,

  • desde que estes no se encontrem vinculados aos Plano de Penso do Canad ou a quaisquer

    regimes previdencirios provinciais canadenses em funo de emprego ou atividade laboral

    autnoma.

    O vnculo do trabalhador ao Plano de Penso do Canad ou regime previdencirio

    provincial durante o perodo de estada no Brasil s se mantm mediante contribuio

    previdenciria ao sistema. Verifica-se tambm a necessidade de contribuio ao sistema

    previdencirio brasileiro durante o perodo de estada no Canad, para manter a condio de

    segurado filiado ao RGPS, em virtude de emprego ou atividade laboral autnoma.

    4.7 Converso de perodos de cobertura

    Totalizao dos perodos para qualificao previdenciria

    Uma dos benefcios mais relevantes institudos pelo acordo previdencirio em apreo

    a possibilidade de contabilizar o tempo de trabalho e contribuio realizados em ambos os

    pases para fins de atender a critrios de concesso de benefcios do sistema previdencirio ao

    qual se encontra vinculado.

    Uma pessoa que no se qualifique para receber um benefcio por no acumular

    contribuies ou perodos de cobertura exigidos pela legislao de uma parte, pode totalizar

    os perodos (de cobertura ou residncia) em ambos os pases, desde que no se sobreponham

    no tempo.

    A equivalncia e totalizao de perodos obedecem os critrios de natureza dos

    benefcios, devendo-se obervar qual em lei o benefcio e, se benefcio decorrente de

    legislao brasileira, o benefcio propriamente dito.

    Para fins de qualificao para receber benefcios previstos na Lei de Proteo Social

    do Idoso (OAS), um perodo de cobertura no sistema previdencirio brasileiro equivale a um

    perodo de residncia no Canad. J para fins de qualificao para receber benefcios previsto

    no Plano de Penso do Canad (CPP), um ano civil, considerado este um mnimo de trs

    meses de cobertura pelo sistema previdencirio no Brasil equivale ao perodo de um ano para

    o Plano de Previdncia do Canad.

    Para fins de qualificao para receber os benefcios de aposentadoria por idade,

    aposentadoria por invalidez ou penso por morte pelo sistema previdencirio brasileiro, o

    perodo de um ano civil sob as regras do CPP equivale ao de 12 meses sob a legislao do

  • Brasil. O perodo de um ms de cobertura pelo OAS, desde que no concorra com a cobertura

    pelo CPP, ser considerado um ms de cobertura pela legislao Brasileira.

    Se o perodo de cobertura totalizado no atender os critrios de qualificao para

    receber um benefcio, pode-se incluir na totalizao o perodo de cobertura cumprido em um

    terceiro Estado que tenha celebrado acordos previdencirios com ambos os pases. Outrossim,

    os respectivos tratados devem estar em vigor e vedada a contagem de perodos de cobertura

    que se sobreponham. O perodo de cobertura que por ventura tenha sido aplicado por uma das

    partes no poder ser utilizado novamente.

    Se aps totalizado os perodos de cobertura sob a legislao previdenciria brasileira,

    um beneficirio no se qualificar para o a obteno de dado benefcio previdencirio

    brasileiro, lcito incluir na totalizao o perodo de cobertura cumprido em um terceiro

    Estado que apenas o Brasil tenha celebrado acordo previdencirio, desde que o respectivo

    acordo tambm permita a totalizao.

    5 Benefcios

    5.1 Benefcios sob a Legislao do Canad.

    Benefcios concedidos pelo OAS

    A instituio competente do Canad pagar os benefcios previstos na Lei de Proteo

    Social do Idoso aos beneficirios residentes no Brasil somente se perodo de residncia

    contabilizado, aps sua totalizao, for pelo menos igual ao perodo mnimo de residncia no

    Canad determinado pela Lei para concesso de benefcio.

    Se uma pessoa, para se qualificar para receber os benefcios concedidos pela Lei de

    Proteo Social do Idoso, lanar mo da totalizao dos perodos de cobertura com a

    converso do tempo de residncia no Brasil, a instituio competente do Canad calcular o

    valor dos benefcios de acordo com os dispositivos da Lei que regem o pagamento parcial dos

    mesmo, proporcionalmente ao perodo de residncia exclusiva no Canad. Uma pessoa

    qualificada para obter o benefcio integral se residisse no Canad, mas residente no Brasil,

    ter seu benefcio calculado de acordo com os mesmos dispositivos que regem o pagamento

    de penso fora do Canad, ainda que no tenha residido no Canad pelo perodo mnimo

    exigido em Lei.

  • Benefcios concedidos pelo CPP

    O valor dos benefcios previstos pela CPP concedidos exclusivamente pela totalizao

    de perodos de cobertura sero calculados pela instituio competente em conformidade com

    os dispositivos do regulamento do CPP.

    5.2 Benefcios sob a Legislao do Brasil

    O beneficirio que implemente os requisitos para a concesso dos benefcios

    previdencirios cobertos pelo acordo e regidos pela legislao do Brasil, sem aplicar as

    dispositivos do tratado referentes a totalizao dos perodos de cobertura, ter o valor de seu

    benefcio calculado com base no perodo de cobertura integralizado sob a legislao

    brasileira.

    A implementao dos requisitos para a concesso dos benefcios previdencirios sob a

    legislao do Brasil, baseados na totalizao dos perodos de cobertura determinam que a

    instituio competente, o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) calcule um valor

    terico integral e um valor real do benefcio a ser pago.

    O valor terico da prestao previdenciria ser calculado considerando que todo o

    perodo de cobertura tenha sido cumprido sob a legislao brasileira. O valor terico serve de

    base para o clculo do valor real do benefcio a ser pago.

    O valor real do benefcio ser calculado e pago pr-rata, considerando os perodos de

    cobertura completados em observncia legilao do Brasil e o total dos perodos de

    cobertura segundo a legislao de ambos o Brasil e Canad.

    relevante observar que o valor real do benefcio concedido no pode ser inferior ao

    mnimo garantido pela legislao do Brasil, qual seja a do salrio-mnimo vigente por ocasio

    da concesso.

    6 Dispositivos administrativos

    Ajuste administrativo

    As medidas necessrias para a aplicao e operacionalizao do Acordo sero objeto

    de um documento denominado Ajuste Administrativo. O Ajuste Administrativo foi firmado

    pelos representantes do Brasil e Canad no dia 6 de setembro de 2011. O Ajuste

  • Administrativo define como rgo de ligao designado pelo Canad, o International

    Operations Service Canada, vinculado ao Service Canada, rgo este vinculado ao Ministry

    of Human Resources and Social Developement, equivalente canadense do Ministrio da

    Previdncia e Assistncia Social no Brasil. O rgo de ligao designado pelo Brasil o

    Agncia da Previdncia Social Atendimento Acordos Internacionais, vinculado ao Instituto

    Nacional de Seguridade Social.

    Dever de assistncia mtua

    Os rgos de ligao devem comunicar quaisquer informaes necessria ou dados

    relevantes para a aplicao do Acordo. A assistncia mtua tem com finalidade determinar a

    implementao dos requisitos para obter benefcios e respectivo valores. De mesma sorte, os

    rgos de ligao devem comunicar quaisquer medidas adotadas ou modificaes legislativas

    que aftem a aplicabilidade do Acordo.

    As informaes pessoais de beneficirios transmitidas entre os rgos de ligao na

    forma do Acordo so de carter sigiloso e no podem ser repassadas a terceiros, salvo

    mediante notificao prvia e respectiva anuncia do rgo de ligao que forneceu a

    informao (parte emissora) e que a informao repassada seja utilizada para os mesmos

    propsitos justificadores do envio pela parte emissora original. Esta regras no se aplica s

    informaes de carter pblica, por fora de lei de uma parte.

    Requerimentos, notificaes e recursos

    A autoridade ou instituio competente dever transmitir imediatamente outra parte

    todo requerimento, notificao ou recurso que venha a receber de um beneficirio. Esta regra

    aplica-se somente se o beneficirio esteja sob a legislao da parte destinatria.

    Recursos, requerimentos e notificaes relativos a qualificao para requerer benefcio

    ou questionar de seu valor devem ser apresentados dentro do prazo definido pela legislao da

    parte sob o qual o beneficirio se encontra. A submisso de recursos, requerimentos ou

    notificaes feitos autoridade ou instituio competente da outra parte, dentro do prazo,

    considerada tempestiva. A data de apresentao do documento ser a de submisso junto

    autoridade ou instituio competente.

  • A data de requerimento de um benefcio regulamentado pela legislao de uma parte

    considerada a mesma para o requerimento do benefcio correspondente sob a legislao da

    outra. Condiciona-se o reconhecimento da mesma data do requerimento ao fornecimento de

    informaes relativos ao perodos de cobertura integralizados segundo a legislao da outra

    parte por ocasio da solicitao do benefcio. , ainda, facultado ao beneficirio a solicitao

    do sobrestamento do requerimento do benefcio relativo legislao da outra parte.

    7 Consideraes Finais

    Visto que o os acordos internacionais tm como finalidade garantir os direitos

    previdencirios dos trabalhadores e de seus dependentes e que a principal fonte do Direito

    Internacional , por excelncia, o tratado, o Acordo de previdncia social celebrado entre a

    Repblica do Brasil e o Canad beneficia milhares de pessoas ao promover o tratamento

    previdencirio justo queles que, de outra sorte, perderiam parte de seu patrimnio

    previdencirio ou restariam sem proteo social.

    Embora nmeros oficiais sejam dspares, de acordo com dados do Ministrio da

    Previdncia e Assistncia Social, estima-se que o Acordo beneficiar entre 30 a 36 mil

    brasileiros residentes no Canad. Muito embora no se tenha um nmero preciso de cidados

    canadenses residentes no Brasil, possvel estimar o nmero de trabalhadores canadenses que

    passaram pelo pas com base nos vistos de trabalho temporrios, 19.639 e permanentes, 1.512,

    concedidos entre 2011 e o primeiro semestre de 2014. V-se, portanto, que o Acordo justifica-

    se e supre uma necessidade h muito existente.

    Portanto, atendidos os requisitos, o trabalhador poder contar com os benefcios do

    sistema previdencirio ao qual se vincula e, de mesma forma, ao retornar ao seu pas de

    origem, poder contabilizar seus anos de trabalho alhures para fins de aposentadoria.

  • 8 Bibliografia

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