a cinotecnia no exército português para o século xxi,

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  • 7/21/2019 A Cinotecnia No Exrcito Portugus Para o Sculo XXI,

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    ACADEMIA MILITAR

    A CINOTECNIA NO EXRCITO PORTUGUS PARA O

    SCULO XXI, NOVOS CENRIOS, NOVOS DESAFIOS

    ASPIRANTE-ALUNO DE INFANTARIA JOO PEDRO SILVA

    SOUSA

    Orientador: Capito Veterinrio Andr Filipe Ferreira Dias Pereira da Fonseca

    Relatrio Cientfico Final do Trabalho de Investigao Aplicada

    Lisboa, Agosto 2012

  • 7/21/2019 A Cinotecnia No Exrcito Portugus Para o Sculo XXI,

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    i

    ACADEMIA MILITAR

    A CINOTECNIA NO EXRCITO PORTUGUS PARA O

    SCULO XXI, NOVOS CENRIOS, NOVOS DESAFIOS

    ASPIRANTE-ALUNO DE INFANTARIA JOO PEDRO SILVA

    SOUSA

    Orientador: Capito Veterinrio Andr Filipe Ferreira Dias Pereira da Fonseca

    Relatrio Cientfico Final do Trabalho de Investigao Aplicada

    Lisboa, Agosto 2012

  • 7/21/2019 A Cinotecnia No Exrcito Portugus Para o Sculo XXI,

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    ii

    Dedicatria

    Aos meus Pais e Namorada pelo tempo que no vos dediqueiEm memria do meu querido Tio.

  • 7/21/2019 A Cinotecnia No Exrcito Portugus Para o Sculo XXI,

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    iii

    Agradecimentos

    Ao Capito Andr Fonseca pela sua grande disponibilidade para orientar o meu

    trabalho, pela sua constante preocupao em recolher e esclarecer toda a informao sobre

    a realidade cinotcnica, pelo tempo despendido e por esclarecer todas as dvidas que

    surgiram durante a realizao do trabalho.

    Academia Militar e a todos os que nela servem, pela sua formao e por me

    terem feito crescer.

    Ao Grupo de Interveno Cinotcnico da GNR pela sua disponibilidade em me

    receber, enriquecer o meu conhecimento e dar o seu contributo pelas entrevistas.

    Ao Tenente Coronel Victor Cipriano, Diretor de Curso de Infantaria, pela sua

    constante preocupao em entregar atempadamente os documentos solicitados.

    Ao Tenente Coronel Carlos Almeida pela disponibilidade demonstrada, pela ajuda

    em desenvolver os primeiros conhecimentos sobre o meu trabalho e pelo seu contributo na

    entrevista.Ao Subcomissrio ngelo Arajo por aceder em responder entrevista e pelo seu

    contributo para o enquadramento da realidade do Grupo Operacional Cinotcnico da PSP

    Ao 1 Sargento Alexandre Bragana e ao 1 Sargento Samuel Baptista pela sua

    grande disponibilidade

    Ao 1 Sargento Nuno Benedito pela sua inteira disponibilidade e contributo na

    apresentao da realidade cinotcnica da Fora Area Portuguesa, em particular da BA6.

    Professora Margarida Solheiro pela sua amizade e completa disponibilidade nareviso do trabalho.

    minha famlia e namorada por estarem sempre presentes no meu percurso, terem

    feito tudo para que nada me faltasse e por me terem feito crescer como pessoa.

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    iv

    Resumo

    O Trabalho de Investigao Aplicada versa sobre o tema A Cinotecnia no Exrcito

    Portugus para o Sculo XXI, Novos Cenrios, Novos Desafios, a partir do qual foram

    levantadas questes envolventes, de modo a saber que contributo poder dar a cinotecnia

    ao Exrcito.

    O trabalho encontra-se dividido essencialmente em duas partes, sendo a primeira a

    reviso bibliogrfica; e a segunda metodologia e procedimentos, apresentao, anlise e

    discusso de resultados, e concluses.

    A reviso bibliogrfica est vocacionada para os ces, as suas caractersticas, o

    emprego no mbito militar, nomeadamente no Exrcito dos Estados Unidos e, nos

    Paraquedistas e na Polcia do Exrcito, em Portugal.

    A metodologia usada para este trabalho foi baseada no Manual de Investigao

    Aplicada em Cincias da autoria de Raymond Quivy e Luc Campenhoudt, no Guia

    Prtico sobre a Metodologia Cientfica para a elaborao, Escrita e Apresentao de Tesesde Doutoramento, Dissertaes de Mestrado e Trabalhos de Investigao Aplicada da

    autoria de Manuela Sarmento e no Manual de Investigao em Educao da autoria de

    Bruce Tukman.

    Os resultados foram obtidos com recurso a entrevistas estruturadas com perguntas

    iguais para todos os entrevistados (pertencentes ou que tenham pertencido cinotecnia em

    Portugal), analisando-as estatisticamente. A discusso dos resultados feita tendo em

    considerao os resultados obtidos nas entrevistas e na anlise bibliogrfica.Como concluses acerca da investigao podemos afirmar que a cinotecnia um

    contributo eficiente para a resoluo de tarefas/situaes nos Teatros de Operaes.

    Contudo, no Exrcito Portugus no existe qualquer norma sobre o emprego ou treino

    operacional ou sobre o uso da fora com os ces, ficando limitado ao descrito nas

    capacidades dos quadros orgnicos das unidades que os detm.

    Palavras-Chave:Cinotecnia, Co, Exrcito, Entrevistas, Contributo

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    v

    Abstract

    This Applied Research is aboutWorking Dogs in the Portuguese Army for the XXI

    Century, New Scenarios, New Challenges, from which were razed evolving questions as a

    way of knowing how may Working Dogs contribute to the Portuguese Army.

    This paperwork is essentially divided in two parts, being the first one the

    bibliography revision. The second part is methods and procedures, presentation, analysis

    and result, discussion and finally conclusions.

    The bibliography revision is directed towards dogs, their skills, their use on military

    actions, specifically in the United States Army, and in the Portuguese Armys Airborne

    Troops and Military Police.

    The methodology used in this paperwork is based on the Manual de Investigao

    Aplicada em Cincias, from Raymond Quivy and Luc Campenhoudt, on the Guia Prtico

    sobre a Metodologia Cientfica para a elaborao, Escrita e Apresentao de Teses deDoutoramento, Dissertaes de Mestrado e Trabalhos de Investigao Aplicada, from

    Manuela Sarmento and on the Manual de Investigao em Educao, from Bruce

    Tukman.

    The results were obtained using structured interviews, with the same questions

    being posed to every interviewee (working or that have worked in the past with military

    working dogs in Portugal), and then statistically analyzed. The result discussion is made

    considering both the results of the interviews and the bibliography revision.As a conclusion we can claim that military working dogs are an efficient mean for

    the resolution of the tasks or situations encountered in different operation scenarios.

    However, there is no official regulation for the employment, training or use of force

    with military working dogs in the Portuguese Army, being limited to the capabilities

    described on the organics of the units with MWDs.

    Key-Words:Working Dogs, Dogs, Army, Interview, Contribution

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    vi

    ndice geral

    Dedicatria............................................................................................................................. ii

    Agradecimentos .................................................................................................................... iii

    Resumo ................................................................................................................................. iv

    Abstract .................................................................................................................................. v

    ndice geral ........................................................................................................................... vindice de figuras ................................................................................................................... ix

    Lista de anexos ...................................................................................................................... x

    Lista de abreviaturas, siglas e acrnimos ............................................................................. xi

    Captulo 1 -Introduo....................................................................................................... 1

    1.1. Enquadramento/ Contextualizao da investigao ................................................... 1

    1.2. Justificao do tema .................................................................................................... 2

    1.3. Metodologia ................................................................................................................ 3

    1.4. Delimitao da investigao ....................................................................................... 5

    1.5. Enunciado e estrutura do trabalho .............................................................................. 5

    Captulo 2 -Reviso da Literatura.................................................................................... 7

    2.1. O Co .......................................................................................................................... 7

    2.2. O Co Militar .............................................................................................................. 9

    2.3. Funes dos Ces Militares ...................................................................................... 12

    2.4. Os ces no US Army ................................................................................................. 15

    2.5. Os Ces no Exrcito Portugus ................................................................................. 17

    2.5.1. Escola de Tropas Pra-Quedistas ....................................................................... 18

    2.5.2. Polcia do Exrcito ............................................................................................. 20

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    vii

    Captulo 3 - Metodologia e procedimentos...................................................................... 22

    3.1. Mtodo de abordagem ao problema .......................................................................... 22

    3.2. Tcnicas, procedimentos e meios utilizados ............................................................. 23

    3.3. Amostragem .............................................................................................................. 24

    3.4. Descrio dos materiais e instrumentos utilizados ................................................... 25

    Captulo 4 -Apresentao, anlise e discusso dos resultados...................................... 26

    4.1. Apresentao e anlise de resultados ........................................................................ 26

    4.1.1. Apresentao e anlise da questo n 1 .............................................................. 26

    4.1.2. Apresentao e anlise da questo n 2 .............................................................. 28

    4.1.3. Apresentao e anlise da questo n 3 .............................................................. 304.1.4. Apresentao e anlise da questo n 4 .............................................................. 31

    4.1.5. Apresentao e anlise da questo n 5 .............................................................. 33

    4.1.6. Apresentao e anlise da questo n 6 .............................................................. 34

    4.1.7. Apresentao e anlise da questo n. 7 ............................................................. 35

    4.1.8. Apresentao e anlise da questo n 8 .............................................................. 36

    4.1.9. Apresentao e anlise da questo n 9 .............................................................. 37

    4.2. Discusso de resultados ............................................................................................ 38

    4.2.1. Discusso de resultados da questo n 1 ............................................................ 39

    4.2.2. Discusso de resultados da questo n 2 ............................................................ 39

    4.2.3. Discusso de resultados da questo n 3 ............................................................ 40

    4.2.4. Discusso de resultados da questo n 4 ............................................................ 40

    4.2.5. Discusso de resultados da questo n 5 ............................................................ 41

    4.2.6. Discusso de resultados da questo n 6 .......................................................... 411

    4.2.7. Discusso de resultados da questo n 7 .......................................................... 422

    4.2.8. Discusso de resultados da questo n 8 .......................................................... 422

    4.2.9. Discusso de resultados da questo n 9 .......................................................... 433

    Captulo 5 -Concluses e Recomendaes.................................................................... 444

    5.1. Concluses .............................................................................................................. 444

    5.1.1. Resposta s perguntas derivadas ...................................................................... 444

    5.1.2. Resposta pergunta de partida ......................................................................... 455

    5.2. Recomendaes ...................................................................................................... 466

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    viii

    Captulo 6 - Bibliografia................................................................................................. 477

    Apndices ................................................................................................................... APE A1Apndice AGuio de Entrevista ............................................................................. APE A1

    Apndice B - Resumo das Respostas Questo n 1 ................................................. APE B1

    Apndice C - Resumo das Respostas Questo n2 .................................................. APE C1

    Apndice D - Resumo das Respostas Questo n3 .................................................. APE D1

    Apndice E - Resumo das Respostas Questo n4 .................................................. APE E1

    Apndice F - Resumo das Respostas Questo n5 ................................................... APE F1

    Apndice G - Resumo das Respostas Questo n6 .................................................. APE G1Apndice H - Resumo das Respostas Questo n7 .................................................. APE H1

    Apndice I - Resumo das Respostas Questo n8 ..................................................... APE I1

    Apndice J - Resumo das Respostas Questo n9 .................................................... APE J1

    Apndice K - Lista de Entrevistados .......................................................................... APE K1

    Apndice LMatriz de Anlise das Entrevistas ........................................................ APE L1

    Anexos ....................................................................................................................... ANE A1

    Anexo AProcedimento Cientfico ......................................................................... ANE A1

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    ix

    ndice de figuras

    Figura n 1Organigrama da SecCaesGuerra 19

    Figura n 2Organigrama da Seco Cinotcnica PE... 20

    Figura n 3Apresentao dos resultados da questo n 1... 29

    Figura n 4Apresentao dos resultados da questo n 2

    (vantagens)...................................................................................................................... 30

    Figura n 5Apresentao dos resultados da questo n 2

    (desvantagens).. 31

    Figura n 6Apresentao dos resultados da questo n 3... 32

    Figura n 7Apresentao dos resultados das especializaes.. 32

    Figura n 8Apresentao dos resultados da questo n 4... 33

    Figura n 9Apresentao dos resultados da questo n 5... 35

    Figura n 10Apresentao dos resultados da questo n 6. 36Figura n 11Apresentao da justificao da questo n 6. 37

    Figura n 12Apresentao dos resultados da questo n 7. 38

    Figura n 13Apresentao dos resultados da questo n 8. 39

    Figura n 14Apresentao dos resultados da questo n 9. 40

    Figura n 15Os atos e etapas do procedimento... ANE A

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    x

    Lista de Apndices e Anexos

    Apndices ................................................................................................................... APE A1

    Apndice AGuio de Entrevista ............................................................................. APE A1

    Apndice B - Resumo das Respostas Questo n 1 ................................................. APE B1

    Apndice C - Resumo das Respostas Questo n2 .................................................. APE C1

    Apndice D - Resumo das Respostas Questo n3 .................................................. APE D1

    Apndice E - Resumo das Respostas Questo n4 .................................................. APE E1

    Apndice F - Resumo das Respostas Questo n5 ................................................... APE F1

    Apndice G - Resumo das Respostas Questo n6 .................................................. APE G1

    Apndice H - Resumo das Respostas Questo n7 .................................................. APE H1

    Apndice I - Resumo das Respostas Questo n8 ..................................................... APE I1

    Apndice J - Resumo das Respostas Questo n9 .................................................... APE J1

    Apndice K - Lista de Entrevistados .......................................................................... APE K1

    Apndice LMatriz de Anlise das Entrevistas ........................................................ APE L1

    Anexos ....................................................................................................................... ANE A1

    Anexo AProcedimento Cientfico ......................................................................... ANE A1

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    xi

    Lista de abreviaturas, siglas e acrnimos

    AM Academia Militar

    BA6 Base Area n6

    BAI Brigada Aerotransportada Independente

    BCP Batalho de Caadores Pra-quedistas

    BOAT Batalho Operacional Aeroterrestre

    CRO Crisis Response OperationCS Companhia de Servios

    CTCFA Centro de Treino Cinotcnico da Fora Area

    DoD Department of Defense

    ETP Escola de Tropas Pra-quedistas

    UE Unio Europeia

    EUA Estados Unidos da Amrica

    FAs Foras ArmadasFAP Fora Area Portuguesa

    FND Foras Nacionais Destacadas

    GNR Guarda Nacional Republicana

    IED Improvised Explosive Device

    JFCL Joint Force Command Lisbon

    MWD Military Working Dog

    NBQR Nuclear, Biologico, Qumico e RadioativoNEP Norma de Execuo Permanente

    OTAN/NATO Organizao do Tratado do Atlntico Norte

    PA Polcia Area

    PE Polcia do Exrcito

    PSP Polcia de Segurana Pblica

    SecCaesGuerra Seco de Ces de Guerra

    SNPC Servio Nacional de Proteo Civil

    U/E/A Unidade, Estabelecimento ou rgo

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    xii

    US United States

    USHE Unidade de Segurana e Honras de Estado

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    Captulo 1Introduo

    1

    Captulo 1

    Introduo

    1.1. Enquadramento/ Contextualizao da investigao

    A raa canina constitui um grande contributo para a qualidade de vida do ser

    humano, razo pela qual, ao longo do tempo, tem vindo a ser investigada. Aproveitando as

    suas capacidades para vrios fins, os ces foram, at hoje, usados para uma variedade de

    tarefas, tais como: para o combate, em mltiplas misses, como animais de estimao,

    como meio de trao (trens), entre outras. (Allsop, 2011)

    Como mero companheiro ou tambm no mbito de trabalho, a valorizao do co,

    nas nossas vidas, oscila entre o conceito de verdadeiro heri e um tratamento de autntico

    desprezo.

    Antes da descoberta da plvora, os ces tinham uma grande importncia em

    combate. No tempo dos gregos e romanos usavam-se os ces de grande porte, equipados

    com colares de espinhos, para atacar o inimigo na linha da frente. Na Idade Mdia, os ces

    de guerra eram equipados com armaduras e, geralmente, usados para defender as

    habitaes sobre rodas (Allsop, 2011).

    Mais recentemente, durante a Guerra Russo-Japonesa, que teve incio em 1904 e

    trmino em 1905, os ces foram utilizados como ces ambulncia. Os blgaros e os

    italianos usavam-nos como sentinelas nos Balcs e em Trpoli. Foram ainda usados na

    deteo de explosivos, como ces de guia, para trao, para guardas e animais deestimao (Allsop, 2011).

    O uso exclusivo, no passado, de ces de combate, fez com que, ao longo do tempo,

    os ces ganhassem um grande reconhecimento e prestigio no servio militar. Isto levou a

    que se empenhassem os ces, nomeadamente a nvel da segurana, principalmente nas

    fronteiras, em patrulhas de segurana de permetros, na deteo de explosivos, e outras

    tarefas, de modo a prevenir possveis atentados segurana pblica. Como na atualidade as

    alteraes climticas so mais bruscas e cada vez menos previsveis, havendoprobabilidade de catstrofes naturais, o papel do co retoma importncia na busca e

  • 7/21/2019 A Cinotecnia No Exrcito Portugus Para o Sculo XXI,

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    Captulo 1Introduo

    2

    salvamento, satisfazendo solicitaes tambm de carcter Humanitrio (Nacional e

    Internacional).

    Na atualidade, o uso dos ces nas Foras Armadas de todo Mundo encarado como

    uma mais-valia nos Teatros de Operaes, tanto para o sucesso das operaes, como para

    elevar a moral das foras.

    Em territrio nacional, e aps e extino do servio militar obrigatrio, existiu uma

    diminuio brusca do nvel operacional das unidades, o que afetou U/E/O.

    Hoje, o uso dos co no mbito militar est descrito nos Quadros Orgnicos das

    Unidades com ces, onde abordada a existncia dos ces e as suas tarefas, nomeadamente

    de patrulha e de busca e deteo de explosivos, impondo-se a cinotecnia militar como uma

    mais-valia, no Exrcito e nas Foras Armadas Portuguesas. No entanto, a perspetiva sobre

    o uso dos ces podia ser alargada, no seu efetivo e nas suas utilizaes operacionais, pois j

    foram verificadas capacidades para isso, e ainda porque, j foi demonstrado, um co pode

    fazer um servio de guarda substituindo com vantagem trs a oito homens.

    1.2. Justificao do tema

    A deteo do odor humano sempre esteve associada ao empenho dos ces nas

    foras Paraquedistas, quer na guarda de instalaes, quer no seguimento de rastos, quer na

    vertente de explorao. Numa fase posterior, e com a evoluo, o faro dos ces foi

    utilizado na deteo de estupefacientes e explosivos, nunca para isso desprezando o seu

    principal objetivo, a guarda e a segurana das instalaes ou pontos sensveis.

    Os Paraquedistas tm participado em misses no estrangeiro, como unidades

    constitudas de foras aerotransportadas, cujo papel principal se tem inserido na

    manuteno da paz e no apoio s populaes. A defesa de pontos sensveis, deinfraestruturas e o controlo de checkpoints pode ser reforada com a presena canina,

    otimizando a presena de foras humanas e, eventualmente, diminuindo o efetivo a

    empenhar sem quebra da segurana. A nvel interno, o uso dos ces nas Tropas

    Paraquedistas restringe-se segurana de instalaes e demonstraes para divulgao.

    O Regimento de Lanceiros 2 tambm possui duas seces cinotcnicas com a

    mesma finalidade (uma em cada esquadro PE), usadas para patrulhamentos gerais,

    deteo de armas e explosivos e ces de guarda/sentinela.

  • 7/21/2019 A Cinotecnia No Exrcito Portugus Para o Sculo XXI,

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    Captulo 1Introduo

    3

    A Guarda Nacional Republicana, pioneira na Busca e Salvamento em Portugal,

    fruto da experincia acumulada e dos meios afetos a esta especializao tem, num passado

    recente, participado, com relevantes resultados, em aes de mbito policial nas fronteiras

    da Unio Europeia, para deteo de emigrantes clandestinos. Sendo esta Fora de

    Segurana de cariz militar a origem da formao que num passado recente tem contribudo

    para impulsionar a Cinotecnia no Exrcito Portugus, poderia ser aproveitada a ligao

    para se especializarem alguns binmios da Seco de Ces de Guerra, da Companhia de

    Servios, do Batalho Operacional Aeroterrestre, da Escola de Tropas Para-quedistas

    (SecCaesGuerra/CS/BOAT/ETP), ou binmios da Seco Cinotcnica do Regimento de

    Lanceiros 2 (SecCino/RL2) nesta vertente?

    oportuno, no mbito das restries atuais, pensar em utilizar o Centro de

    Instruo Cinfila da PA como um centro de formao comum a todos os ramos das

    Foras Armadas, economizando meios e recursos?

    possvel colaborar com a Polcia de Segurana Pblica que possui experincia

    notvel e reconhecida?

    Poderiam os binmios, para alm desta misso especfica, estar preparados para

    intervir em auxlio das populaes perante cenrios de catstrofe?

    1.3. Metodologia

    A realizao deste trabalho de investigao tem como objetivo geral estudar a

    doutrina de empenhamento dos ces de guerra da Seco Cinotcnica dos Paraquedistas e

    da Polcia do Exrcito, com especial acuidade para a defesa de pontos sensveis, a deteo

    de pessoas, armamento e explosivos, e eventual interesse nesta especializao.

    Os objetivos mencionados partem do pressuposto que, de acordo com as missesdas foras armadas, existe a possibilidade de uma atuao conjunta e possivelmente

    tambm combinada, tanto em territrio nacional como internacional, este ltimo referente

    a FNDs.

    De acordo com a metodologia de investigao em cincias sociais, o procedimento

    cientfico um processo de trs atos constitudos por sete etapas, sendo eles a ruptura, a

    construo e a verificao (Quivy & Campenhoudt, 1995). A ruptura [] consiste

    precisamente em romper com os preconceitos e as falsas evidncias, que somente nos doa iluso de compreendermos as coisas. (Quivy & Campenhoudt, 1995, p. 26). A

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    17/78

    Captulo 1Introduo

    4

    construo consiste no levantamento de [] proposies explicativas do fenmeno a

    estudar e prever qual o plano de pesquisa a definir, as operaes a aplicar e as

    consequncias que logicamente devem esperar-se no termo da observao. (Quivy &

    Campenhoudt, 1995, pp. 26,28). Por ltimo, a verificao que aponta para que Uma

    proposio s tem direito ao estatuto cientfico na medida em que pode ser verificada pelos

    factos. (Quivy & Campenhoudt, 1995, p. 28) (Ver Anexo A). Estando de acordo com este

    autor, foi construda uma pergunta de partida para esta investigao cientfica que a

    seguinte: Que contributo poder dar a Cinotecnia para os novos desafios que se impem

    ao Exrcito Portugus?

    Definida a pergunta de partida, est traado um caminho orientador para o qual se

    utilizam os mtodos e procedimentos adequados, para apresentar uma resposta

    problemtica em anlise.

    Na quarta etapa do procedimento cientfico so definidas as perguntas derivadas

    associadas pergunta central, que a pretendem complementar, as quais vo ser respondidas

    durante a investigao (Quivy & Campenhoudt, 1995), sendo elas:

    1. Cinotecnia. Necessidade ou (des)iluso?

    2. Novas especializaes ou adaptao das atuais?

    3. Vantagens e desvantagens?

    4.

    Poderia ser aproveitada ligao com a GNR para se especializarem

    alguns binmios da Seco de Ces de Guerra da Companhia de Servios do

    Batalho Operacional Aeroterrestre da Escola de Tropas Para-quedistas

    (SecCesGuerra/CS/BOAT/ETP), na vertente da Busca e Salvamento e deteo de

    emigrantes clandestinos nas fronteiras, para aplicao em misses do Exrcito

    Portugus?

    5. Poderia ser aproveitado o Centro de Instruo Cinfila da PA

    sediado em Ovar para formar as unidades cinotcnicas do Exrcito, minimizandomeios e recursos?

    6. Os binmios da Seco de Ces de Guerra poderiam estar

    preparados para intervir em auxlio das populaes perante cenrios de catstrofe?

    Para responder a estas questes, so utilizadas tcnicas e mtodos, como anlise

    documental, dados e entrevistas cujos destinatrios sero militares distribudos

    essencialmente por duas grandes reas: militares cinotcnicos (do Exrcito, da Guarda

    Nacional Republicana e Fora Area), PSP e militares que tenham participado em missesno estrangeiro que incluram foras cinotcnicas.

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    Captulo 1Introduo

    5

    1.4. Delimitao da investigao

    No presente trabalho de investigao e, perante um tema bastante abrangente, existe

    a necessidade de delimitar a investigao. Por isso, esta investigao foi circunscrita a 9

    elementos pertencentes Seco de Ces de Guerra da Companhia de Servios do

    Batalho Operacional Aeroterrestre, 5 elementos do Peloto Cinfilo da Policia Area

    sediado na Base Area n6 (Montijo), 4 elementos do Grupo de Interveno Cinotcnico da

    Unidade de Interveno da GNR, um elemento do Grupo de Especialidades do Grupo

    Operacional Cinotcnico da PSP e um elemento da Unidade de Segurana e Honras de

    Estado em misso no Afeganisto. No foram entrevistados elementos da SecCino/RL2

    por se encontrarem em formao para misso de Polcia Militar sem co no Afeganisto.

    1.5. Enunciado e estrutura do trabalho

    Este trabalho obedece estrutura apresentada no Anexo F NEP

    520/DE/30JUN2011/AM (2011), a qual tem por objetivo uniformizar e regulamentar a

    redao do Relatrio Cientfico Final do Trabalho de Investigao Aplicada. Assim, este

    trabalho composto por 5 captulos:

    No Captulo 1, Introduo, feita uma apresentao geral do trabalho, dando a

    conhecer ao leitor um enquadramento da investigao, o seu objetivo e a metodologia

    associada.

    O Captulo 2, referente Reviso da Literatura, apresenta o que diz respeito

    informao terica do estudo a realizar, abordando o co, sua utilizao nas ForasArmadas, as funes que desempenha, e a sua orgnica no Exrcito.

    O Captulo 3, Metodologia e Procedimentos, est de acordo com a componente

    prtica da investigao, e so abordados os mtodos e procedimentos empregues na

    investigao, para a obteno de informaes, a fim de realizar a anlise e resoluo da

    problemtica em estudo.

    O Captulo 4,Apresentao, Anlise e Discusso de Resultados, dedicado a essa

    atividade para posterior discusso.

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    Captulo 1Introduo

    6

    O Captulo 5, Concluses e Recomendaes, refere-se apresentao das respostas

    s questes levantadas pela investigao, que por sua vez so sustentadas pelos resultados

    obtidos no Captulo 4. Contudo e no que diz respeito s recomendaes, so propostas

    temticas subsequentes a investigar.

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    Captulo 2Reviso da Literatura

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    Captulo 2

    Reviso da Literatura

    2.1. O Co

    O co, cujo nome cientfico Canis familiaris, o mamfero que h mais tempo foi

    domesticado pelo ser humano, tendo surgido h mais de 100 mil anos. Com o passar dos

    anos, o ser humano realizou uma seleo artificial dos ces, escolhendo aqueles com ascaractersticas fsicas, comportamentos e aptides mais desejadas. Assim, surgiu um vasto

    nmero de raas, que variam entre si, de acordo com a sua fisionomia e capacidades.

    (Macpherson, Meslin, & I.Wandeler, 2000)

    A origem do co, de acordo com os dados atuais, remonta a milhares de anos atrs,

    admitindo-se que este proveniente do lobo e a partir da que se fez a seleo dos

    exemplares mais desejados pelo Homem (Dinets, 2007).

    Os ces possuem vrias caractersticas que os tornam extremamente teis para ohomem, tais como o olfato, audio e a facilidade de aprendizagem. Em aproveitamento

    destas particularidades, o co foi ensinado a executar vrias tarefas, tais como, pastor de

    rebanhos, co de caa e co de guarda, desde os primrdios (Allsop, 2011).

    Apesar da domesticao e do cruzamento seletivo, os ces mantiveram as suas

    habilidades sensoriais, tais como, o olfacto, a audio, a viso, o tacto e o paladar,

    habilidades essas que podem ser e so aproveitadas, de modo a realizar as vrias tarefas de

    interesse humano com o melhor proveito para o ltimo (Tausz, 1997).O olfato canino significativamente mais sensvel que o do ser humano, pois o

    primeiro possui uma membrana nasal maior e consecutivamente um maior nmero de

    recetores e, quanto maior o focinho do animal, maior ser a sua capacidade olfativa. A

    humidade tambm um fator que influencia o olfato, pois funciona como um

    autocolante de molculas. Depois de o co cheirar, transmitida a informao ao

    crebro, onde guardada na memria olfativa, memria essa que permite ao co

    reconhecer os lugares, objetos e pessoas, o que justifica a sua utilidade na deteo de

    drogas, minas terrestres e pessoas sob escombros (Ishibe, 2011).

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    Captulo 2Reviso da Literatura

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    A audio , tal como o olfato, um dos seus sentidos mais apurados. Os ces so

    capazes de ouvir a alta frequncia, e so capazes de escutar um som a uma distncia quatro

    vezes superior que um ser humano consegue. Embora todas as raas possuam o mesmo

    potencial gentico para ativar os seus sentidos, a seleo feita pelos homens ao longo de

    vrios sculos, faz com que determinadas raas tenham o sentido mais apurado do que

    outras (Bruce Folge, 2000) .

    A viso canina, contudo, comparada com a viso humana muito diferente. Apesar

    de no se dizer que o ser humano v melhor do que um co, este facto comprova-se. Sendo

    originrio de um predador, a seleo natural deste animal privilegiava a viso noturna ou

    os perodos de pouca luminosidade. O co possui um ngulo de viso um pouco maior do

    que o do ser humano e a sua particular sensibilidade luz e ao movimento maior,

    conferindo-lhe a grande vantagem de ver algo mover-se, mesmo num ambiente de

    luminosidade reduzida. Contudo, frequentemente, a capacidade de focagem e de

    diferenciao de cores no lhe permite identificar com clareza o objeto, valendo-lhe os

    outros sentidos para a sua determinao. (Bruce Folge, 2000)

    O tacto, ao contrrio do olfacto e da viso, um sentido pouco apurado nos ces.

    Este relaciona-se mais com a ligao afetiva entre eles, mas tambm est ligado

    diretamente sua sensibilidade trmica, o que permite que as respostas homeostticas1

    entrem em funcionamento, tais como a respirao e a evaporao de gua atravs da

    lngua. As zonas que esto relacionadas com este sentido, so os pelos e o focinho que

    apresentam terminaes nervosas e as almofadas plantares (Bruce Folge, 2000).

    Por ltimo, o paladar, outro sentido pouco desenvolvido e, por isso mesmo, o sabor

    nos ces est diretamente ligado ao cheiro (Tausz, 1997).

    Relacionando-se com os sentidos, vem o comportamento do animal, o qual se

    manifesta como uma capacidade herdada e gravada na sua memria, com base na sua

    formao e que se revela em habilidades produtivas. Os ces herdaram dos seusascendentes a capacidade de flexibilidade mental, o que lhes permite aprender com as

    experincias, adaptando-se ao meio que os rodeia. Aprenderam tambm a confiar e a

    desconfiar dos seres que os envolvem, estabelecendo um relacionamento de afinidade com

    aqueles que lhes ficam mais prximos. A inteligncia canina tambm acarreta aqui uma

    1

    Relativo homeostasia (Biologia), visa manter a Homeostase, ou seja, do grego, homeo- similar ou igual estasis- estvel, atravs de processos de regulao interna do indivduo. A Homeostase caracterstica dos

    mamferos (Priberam, 2012).

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    Captulo 2Reviso da Literatura

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    grande importncia, do ponto de vista em que conseguem entender quem o seu dono e

    compreender os comandos humanos, de modo a desenvolverem a obedincia ou

    inteligncia de trabalho, para que a comunicao possa ser um meio de atingir um fim

    lucrativo ou no, tanto pessoal como coletivo, utilizando as habilidades caninas mais

    apuradas dependendo da raa utilizada (Bruce Folge, 2000).

    O relacionamento do homem com o co, uma simbiose2 h muitos anos bem

    conseguida, mas, para isso, tudo depende da sua domesticao.

    Os ces, como seres vivos tambm tm sentimentos e emoes, os quais necessitam

    de ser equilibrados, atravs do processo de aprendizagem, de modo a garantir a segurana

    de homem e co, para que o equilbrio no seja quebrado. Em norma, todos os ces tm a

    capacidade de aprender os comandos humanos, uns com mais facilidade que outros, mas

    estes comandos s funcionam com o empenhamento homem-co e vice-versa. Assim, o

    relacionamento Homem-co, depende diretamente dos mtodos utilizados e da

    domesticao do animal, e a ltima que lhe d a base para a execuo dos comandos,

    realizando assim as tarefas desejadas pelo dono, com a eficincia pretendida. Para isso,

    necessrio que o adestramento do co seja feito com as palavras e mtodos mais corretos.

    necessrio que o co entenda que o lder dominante o homem/dono: aquando das boas

    execues do co, dar-lhe o reforo positivo e, nas ms, reforar negativamente, no

    usando a brutalidade. Estudos da Universidade de Viena revelam que a adaptao dos ces

    se torna evidente no desenvolvimento da capacidade de aprendizagem por imitao, a qual

    uma caracterstica de todos os animais, mas, tendo o co crescido e evoludo no meio

    humano, leva vantagem no aproveitamento dessa caracterstica. (BBC, 2010)

    2.2. O Co Militar

    O co para fins militares surgiu h muitos sculos atrs. Selecionado, no incio,

    pelas suas habilidades de guarda ou caa. E nenhum outro animal tem servido o homem

    com mais nobreza do que os ces, em tempo de conflito. Eles so um formidvel meio de

    intimidao, que raramente desafiado em tempo de paz ou de guerra. Fazendo o uso dos

    seus cinco sentidos, viso, audio, olfato, paladar e tacto em diferentes graus,

    2Do grego sumbisis, vida em comum, camaradagem. Associao recproca de dois ou mais organismos

    diferentes que lhes permite viver com benefcio.(Priberam, 2012)

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    Captulo 2Reviso da Literatura

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    particularmente afinados e genericamente superiores aos dos seres humanos (dependendo

    da tarefa que esto a executar numa determinada situao) os ces tm, ao longo da histria

    do homem, dado um contributo de peso, em campanhas militares (Allsop, 2011).

    No que diz respeito audio, nas frequncias baixas (de 20 a 250 Hz), os ces e

    os seres humanos ouvem com a mesma agudeza. Acima de 250 Hz, o co tem um limite

    inferior de intensidade de resposta, e a sua melhor sensibilidade com a menor intensidade

    do som aproximadamente 8000 Hz. O limite superior da frequncia de audio canina

    varia, e vai desde 26000 Hz at os valores entre 44000 e 100000 Hz.3(Beaver, 2009, p.

    53).

    O Homem aprendeu a utilizar a mais-valia proporcionada pelos sentidos do co,

    desenvolvendo-os e aplicando-os em tempo de guerra. A fidelidade ao homem e o grande

    poder proporcionado pelo seu prodigioso olfacto, fez de alguns ces mais adequados para o

    treino como auxiliares insubstituveis na guerra. A ttulo de exemplo, podemos lembrar

    aqui o facto de os ces utilizados na I Guerra Mundial conseguirem distinguir os homens

    das tropas desconhecidas. Outro relato observado durante a mesma guerra foi que os ces,

    no conseguindo alcanar um objetivo especfico, devido ao perigo de estarem na rea do

    inimigo, voltavam ao seu canil. (Allsop, 2011).

    Todas as caractersticas caninas acima descritas foram aproveitadas para treinar os

    ces de guerra (Allsop, 2011). Assim, verificamos que, no passado, os ces foram

    selecionados principalmente pelo seu tamanho, permitindo-lhes aproveitar esse potencial

    fsico para a batalha e vrias matilhas foram criadas com habilidades de rastreamento e

    busca de fugitivos.

    Durante as duas grandes guerras, todas as raas foram consideradas como boas,

    tendo sido muitos ces oferecidos por entidades civis para servirem no U.S. Department of

    Defense, na esperana que os ces sobrevivessem guerra e fossem devolvidos aos seus

    donos (Allsop, 2011).Mais recentemente, o processo foi melhorado, selecionando-se assim, ces com

    habilidades mais especficas para o moderno campo de batalha pelo que, atualmente,

    verificamos que as raas tendem a ser padronizadas de acordo com as habilidades que os

    ces possuem naturalmente e das capacidades que desenvolvem para a execuo das

    3Traduo livre responsabilidade do autor.

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    Captulo 2Reviso da Literatura

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    diferentes tarefas, nas respetivas foras que os detm, passando descendncia as

    caractersticas selecionadas (Allsop, 2011).

    Tradicionalmente e por historial, a raa mais comummente usada para as operaes

    de tipo policial o co de pastor alemo. Autoridades alems tinham institudo, desde o

    incio, que um co militar no pode ser produzido atravs de cruzamentos aleatrios, e da

    que a raa maioritariamente usada por eles na I Guerra Mundial tenha sido o Co de Pastor

    Alemo, como co ambulncia, mas, nos ltimos anos, tm-se selecionado ces mais

    resistentes e com capacidade olfativa mais apurada para o trabalho de deteo (Allsop,

    2011).

    Assim, ao longo dos anos, ces de vrias raas foram treinados, de acordo com os

    seus traos, para realizar misses especficas, facto para que contribuiu o desenvolvimento

    da cincia gentica, que veio enriquecer a seleo dos ces. Assim, atualmente, as raas

    maioritariamente utilizadas para fins militares, hoje em dia, so: os Ces de Pastor Alemo,

    Ces de Pastor Holands, como ces de guarda, Rottweilers de patrulha e os Labradores e

    Spaniels como ces de deteo e busca (Allsop, 2011).

    O co, um conhecido antigo guerreiro, usava uma armadura leve (para que no

    condicionasse o seu movimento e velocidade no campo de batalha), fabricada em couro, e

    um colar de espinhos para proteger a garganta. Contudo, e com o avano no conhecimento,

    os ces tm, na atualidade, coletes prova de bala e botas de proteo, e ainda sistemas de

    comunicao e vdeo, estabelecendo assim uma maior eficcia de trabalho. Acresce ainda

    para manuteno de capacidades operacionais, o conhecimento de primeiros socorros dos

    tratadores para ajudarem o co o mais rpido possvel (Allsop, 2011).

    de pensar que com o aumento da complexidade das operaes o valor dos ces

    nas mesmas diminuiu, mas no, estes ainda possuem muitas vantagens sobre as novas

    tecnologias (Allsop, 2011).

    Segundo Allsop 2011, a grande capacidade de indicar a presena humana at umquilmetro, durante a noite, juntamente com a sua agilidade de movimentos, a sua

    capacidade de atravessar zonas pantanosas e at mesmo rios, apanhando um elemento

    hostil enquanto algum apoio chega, revelam-se de inegvel utilidade para as misses. Para

    alm desta grande vantagem, salienta-se o facto de os ces no serem dependentes de uma

    fonte de energia constante e serem capazes de operar em qualquer tipo de ambiente.

    Atualmente, nos servios prestados, o uso dos ces notoriamente rentvel como

    ces de guarda em grandes instalaes e aeroportos. Um nico binmio capaz de cobriruma rea que seria coberta por um peloto, mostrando que uma seco cinotcnica um

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    eficaz multiplicador de foras. Considerando, ainda, as restries financeiras existentes, o

    uso dos ces revela-se uma mais-valia incontornvel (Allsop, 2011).

    2.3. Funes dos Ces Militares

    No passado, os ces tinham qualquer funo, at mesmo de atrair o fogo para expor

    as posies inimigas, mas hoje podem ter as mesmas funes que o homem, e as suas

    aptides fazem com que as executem, por vezes, bem melhor. Em certas situaes, os ces

    podem ir onde um soldado no pode e, muitas vezes, podem enfrentar ou intimidar um

    adversrio mais rapidamente e com fora no-letal, se assim treinados. De entre todas as

    capacidades dos ces e dependendo das raas, eles foram selecionados para desempenhar

    vrias tarefas ou funes, entre as quais: guarda, mensageiros, busca e salvamento,

    transporte/trao, ambulncia, deteo de minas, sentinela, anticarro, ataque, de tnel,

    deteo de drogas e explosivos (Allsop, 2011).

    Os ces de guarda foram os mais utilizados no seio militar, tendo sido treinados

    como ces-polcia, para defender instalaes militares, operando normalmente de noite.

    Eles anunciavam a presena de algo, podendo agir at que o tratador chegasse. Hoje, os

    ces com estas funes tm sido maioritariamente usados para guardar locais de

    armazenamento de armamento e aerdromos. Em misses no estrangeiro, tm sido usados,

    tal como o fizeram nas trincheiras, durante a primeira guerra mundial, para patrulhar os

    permetros, agora em bases no Afeganisto (Allsop, 2011).

    Tal como a funo anteriormente retratada teve um papel vital na primeira grande

    guerra, a funo de co mensageiro tambm, devido dificuldade de comunicao entre

    trincheiras. Os sistemas de comunicao na altura, eram pouco fiveis, o que fazia com que

    as mensagens nem sempre tivessem retorno. Assim, o papel dos ces tornou-seindispensvel, levando mensagens acopladas na sua coleira. Um dos maiores

    inconvenientes desta funo era os cuidados de higiene com os ces dentro das trincheiras

    que, por sua vez, j eram contaminadas o suficiente (Allsop, 2011).

    Aproveitando o olfato dos ces, a funo de busca e salvamento tambm foi

    desenvolvida, procurando pessoas perdidas ou fugitivos. Os ingleses usavam os ces de

    busca para seguir o rasto daqueles que fugiam justia do pas. Nos Estados Unidos e

    antes da guerra civil, eram usados para apanhar os escravos fugitivos. Mais recentemente,este tipo de ces foi usado para localizar armadilhas e tropas inimigas escondidas. Foram

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    tambm usados na guerra do Vietname, procurando inimigos perdidos, permitindo

    reestabelecer contacto com os vietcongues e fazer o reconhecimentos de rea. As equipas

    usadas eram distribudas por pelotes, mas a maior parte das vezes seguiam na frente, para

    manter a integridade de rudo (Allsop, 2011).

    O uso do co como meio de transporte ou trao vem desde a I Guerra Mundial, na

    qual os europeus usavam os ces para puxar carroas de pequeno porte, mtodo adotado

    por vrios exrcitos. Os alemes usavam os ces para puxar as metralhadoras Maxim4;

    enquanto os britnicos, na segunda guerra mundial, os usavam para transportar munies e;

    os soviticos, os empregavam para arrastar feridos. Ainda na Segunda Guerra Mundial, os

    americanos usavam equipas de ces para puxar trens de resgate. Hoje, o exrcito

    colombiano usa-os para transportar cargas leves, como munies, e suplementos mdicos

    para as vtimas isoladas, assim como outras foras armadas os usam como ces de tren,

    para diversas finalidades (Allsop, 2011).

    Os ces, j na Grcia antiga, eram usados para lamber as feridas aps as batalhas.

    Acreditava-se que a saliva canina era um antissptico que ajudava a prevenir as infees.

    Esse mito foi desfeito mas da surgiram os ces ambulncia. Estes ces eram usados para

    localizar feridos em lugares de difcil acesso para os soldados, o que por vezes significava

    a diferena entre a vida e a morte. Os ces da Cruz Vermelha foram a unidade mais bem

    organizada e sucedida durante a I Guerra Mundial. Os ces levavam os consumveis

    mdicos e alimentos para os soldados feridos, e foram ainda treinados para ignorar os

    soldados mortos. O contrrio acontecia quando um desses ces encontrava um soldado

    inconsciente, voltando para o seu tratador e conduzindo-o at ele. Hoje em dia, mais

    provvel este tipo de ces ser usado por organizaes paramilitares (Allsop, 2011).

    A deteo de minas, tambm foi uma funo para qual os ces foram treinados e da

    qual se tira grande proveito. Por exemplo, um co pode limpar uma rea semelhante a um

    campo de futebol em menos de uma hora, enquanto um homem levaria vrios dias. Aspreocupaes humanitrias fizeram com que este tipo de ces aumentasse. No Afeganisto,

    o programa de desenvolvimento destes ces tem sido de grande sucesso, conseguindo-se

    que mais de 130 ces e tratadores operem no campo em simultneo. Na Bsnia e

    4Metralhadora Maxim uma metralhadora pesada e foi inventada no ano de 1884 por Hiram Maxim, esta

    arma capaz de atingir uma cadncia de tiro continua e mortal, e fazia frente a cargas de cavalaria einfantaria (LaFontaine, 1997). Na 1 Guerra Mundial os alemes usaram um modelo variante da maxim

    criado em 1908 (Guedes & Alves)

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    Herzegovina estes ces tiveram um papel fundamental nestas operaes, devido ao

    aumento da velocidade de deteo e consequente desminagem. Os ces de deteo de

    minas so treinados para detetar todo o tipo de minas, tanto antipessoal como anticarro.

    Nos dias que correm, e em tempos de paz, as minas so responsveis por matar tanto civis

    como militares todos os dias e em vrios locais. Os ces so treinados para que esta

    situao seja evitada, pois qualquer destes ces deteta uma mina pelo cheiro, e a partir da

    essa zona vedada e desminada por uma equipa de sapadores (Allsop, 2011).

    Os ces de sentinela foram dos primeiros a serem utilizados pelos militares, sendo

    usados para defender instalaes e pontos sensveis, prioritariamente durante a noite. Neste

    caso, os ces so treinados para ladrar ou rosnar quando se apercebem de alguma coisa

    estranha, alertando os guardas. Esta especializao tornou-se um sucesso e vrias equipas

    foram treinadas para servios em quarteis (Allsop, 2011).

    A funo de ces anticarro foi a de maior desprezo para o animal e foi usada na II

    Guerra Mundial pela Unio Sovitica. Os ces eram treinados para procurar comida por

    baixo dos blindados, e desta forma foi desenvolvida a associao entre a alimentao e um

    blindado. Faziam os ces passar fome antes das batalhas, equipavam-nos com engenhos

    explosivos e, quando libertados, eram detonados assim que estivessem em contacto com os

    blindados alemes. Os explosivos que os ces transportavam eram magnticos e eram

    transportados como uma espcie de colete. Relatos referem que aproximadamente 300

    blindados alemes foram destrudos desta forma (Allsop, 2011).

    Como referido, os ces de ataque foram usados na antiguidade. Eram equipados

    com armaduras e colares com pontas e enviados para a frente da batalha, para atacar os

    ces usados pelos inimigos, homens e cavalos. Esta abordagem atualmente no faz sentido,

    visto que as armas presentes destruiriam os ces imediatamente (Allsop, 2011).

    Os ces de tnel foram especialmente criados devido a uma exigncia da guerra do

    Vietname, para detetar e expulsar os vietcongues de tneis onde se refugiavam. Osvietcongues tentavam confundir os ces, lavando as aberturas dos tuneis de ventilao com

    sabo e com camisas capturadas ao exrcito dos EUA (Allsop, 2011).

    Os ces de deteo de drogas e explosivos so normalmente utilizados por unidades

    de polcia. Este tipo de ces presta um servio indispensvel na guerra contra as drogas.

    So normalmente utilizados em aeroportos, fronteiras, e outros locais de possvel

    contrabando. Em tempos de paz, so usados pela polcia militar para impedir o pessoal da

    instituio de utilizar estas substncias ilegais, criando ambientes contra a condutainstitucional. Tanto os militares como os civis usam este tipo de ces lutando contra o

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    narcotrfico. Este trabalho ainda mais valioso quando so treinados para a deteo de

    engenhos explosivos, o que reverte para que, aquando do patrulhamento, os ces se dirijam

    na frente e nas bermas para a deteo de dispositivos improvisados (IEDs). Segundo

    Allsop (2011), uma das medidas preventivas mais eficazes para o uso de explosivos o

    efeito dissuasor e as capacidades das equipas dos ces de deteo de explosivos. O

    reconhecimento pblico que estas equipas tm, demonstrativo de como uma equipa

    funciona na dissuaso das pessoas que podem tentar usar explosivos ilegalmente.

    Contudo, onde os ces mais se destacam nas operaes de busca e salvamento.

    Desde a I Guerra Mundial que equipas cinotcnicas da cruz vermelha e de organizaes

    internacionais eram usadas para ajudar os feridos em combate. Neste caso, os ces eram

    treinados para intervir em qualquer ambiente e em qualquer situao. Os ces encontravam

    os soldados feridos e prestavam-lhe o devido apoio com kits que transportavam acoplados

    e ainda faziam com que o ferido no se sentisse sozinho, elevando por momentos a sua

    moral, at que chegassem os seus tratadores, ou eles encaminhassem os tratadores at aos

    feridos. Na II Guerra Mundial, os ces nestas operaes puxavam trens que auxiliavam no

    resgate de pilotos que se despenhavam no Alasca e militares de foras aliadas na

    Gronelndia. Atualmente, as equipas de ces de tren do Exrcito dinamarqus so usadas

    para patrulhar essa mesma rea usando os mesmos mtodos (Allsop, 2011).

    Hoje, a maioria das equipas cinotcnicas que realizam operaes de busca e

    salvamento so civis. Segundo Allsop (2011), mais de 50 equipas cinotcnicas

    internacionais de busca e salvamento, constitudas por mais de 1700 pessoas e cerca de 175

    ces, estiveram presentes no ps-terramoto no Haiti. Estes heris, so responsveis por

    salvar a vida de mais de 130 pessoas.

    O co de busca e salvamento, um dos meios mais eficazes e mais utilizado para

    localizar vtimas de terramotos, derrocadas, e nas demais situaes de catstrofe. O co

    torna-se ento num vetor de trabalho ao dispor de qualquer organizao para atender a estetipo de situaes. (Lima, 2010)

    2.4. Os ces no US Army

    O emprego dos ces nos Paraquedistas (Regimento de Caadores Pra-Quedistas)

    foi adotado quando a instituio ainda pertencia Fora Area. Neste sentido foi criado oManual para o emprego de ces exploradores, Manual este que foi traduzido e adaptado

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    16

    pelo RCP da origem (USA) (Regimento de Caadores Pra-Quedistas, 1969, p. 30) no

    mbito das necessidades de seguir uma linha orientadora para o treino especializado,

    possibilidades e limitaes do co de guerra.

    Deste modo, importante referir a doutrina dos ces nos Estados Unidos da

    Amrica, visto que os princpios de emprego tiveram origem nesse pas.

    O Exrcito dos Estados Unidos tem um programa denominado Military Working

    Dog Program (MWD Program), no qual clarifica e estabelece as responsabilidades,

    procedimentos para a gesto e controlo do programa, de modo a atribuir as respetivas

    funes s equipas cinotcnicas. Define ainda as normas de seleo dos tratadores e dos

    ces, treino e emprego das equipas cinotcnicas, e o uso da fora. Explica como as equipas

    cinotcnicas so usadas em misses de apoio de combate e de non-combat, incluindo

    segurana de rea; operaes de apoio mobilidade, ordem pblica e proteo da fora,

    incluindo narcticos, minas, armas, munies e deteo de explosivos. (Department of the

    Army, 2007).

    Os MWD so treinados para as especializaes de ces de patrulha de deteo de

    narcticos, ces de patrulha de deteo de explosivos, co de deteo de narcticos, co

    deteo de explosivos, co deteo de minas, ces de busca, ces de patrulha e ces

    exploradores.

    Os ces de patrulha de deteo de explosivos, so treinados para detetar o odor e a

    presena de explosivos, aumentar a capacidade de proteo de instalaes e recursos e,

    preveno do crime. Estas equipas podem ser empregues no combate e/ou proteo da

    fora e em operaes de antiterrorismo em todo o mundo (Department of the Army, 2007).

    Os ces de patrulha de deteo de narcticos e/ou contrabando so treinados para

    detetar substncias escondidas, tais como metanfetamina, marijuana, haxixe, herona e

    cocana. Estes ces podem apoiar investigaes criminais e inspees militares. Contudo,

    Os ces que no so capazes de serem certificados nas duas especialidades acimamencionadas podem manter apenas a especialidade de co de patrulha, sendo ento

    empregues tanto de dia como de noite, detetar um fugitivo e se necessrio persegui-lo,

    atac-lo e agarr-lo. Podem ainda fazer patrulhas apeadas para manter a segurana de

    instalaes e tambm proporcionar maior segurana para as instalaes de comunicaes e

    postos de comando.

    Os ces de deteo de explosivos do inclusivamente apoio s autoridades civis

    (Governo civil, polcia e bombeiros na assistncia a desastres). Se forem ces com estaespecialidade mas em apoio a segurana de altas entidades, esta misso atribuda

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    Captulo 2Reviso da Literatura

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    primariamente U.S. Air Force que recebe as misses do Gabinete do Secretrio da Defesa

    ou Departamento do Estado. (Department of the Army, 2007).

    Os ces de busca so treinados como uma equipa (co e tratador) e recebem

    formao para realizarem misses de busca (sem trela) para detetar armas de fogo,

    munies e explosivos dentro de instalaes, veculos, reas abertas, limpeza de vias,

    checkpoints, pistas de aviao e busca de IEDs. Assim, estes ces apoiam as operaes de

    busca com uma distncia de segurana do pessoal fora da rea a ser inspecionada.

    (Department of the Army, 2007).

    Os ces de deteo de minas devem ser considerados como uma ferramenta

    adicional para o apoio das operaes de desminagem, tendo sempre as condicionantes

    climatricas, de terreno e da prpria situao. Estes ces ajudam a construir uma planta dos

    locais das minas, assim como os seus limites (podendo ser balizados) e quando bem

    treinados podem detetar arames de tropear que possam ativar as minas. (Department of

    the Army, 2007)

    O emprego dos ces exploradores permite s unidades seguir indivduos em todos

    os ambientes, sem ter contacto visual ou eletrnico. O co explorador capaz de seguir o

    odor humano, com a finalidade de restabelecer o contacto com o inimigo, sobreviventes

    e/ou fugitivos de emboscadas, prisioneiros de guerra e tambm patrulhas aliadas perdidas,

    pilotos que se despenharam, refns, e identificar um indivduo especfico desenquadrado

    de um grupo de pessoas.

    2.5. Os Ces no Exrcito Portugus

    Em Portugal, existem foras cinotcnicas espalhadas por todas as foras, tanto

    Foras Armadas como Foras de Segurana.Contudo, e fazendo este subcaptulo referncia aos ces militares no Exrcito

    Portugus, encontramos foras cinotcnicas apenas na Escola de Tropas Pra-Quedistas e

    na Polcia do Exrcito, sendo a Seco de Ces de Guerra na Companhia de Servios do

    Batalho Operacional Aeroterrestre em Tancos e uma Seco Cinotcnica em cada

    Esquadro de Polcia do Exrcito, 1 Esquadro e 2 Esquadro.

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    2.5.1. Escola de Tropas Pra-Quedistas

    No ano de 1956, mais especificamente no dia 7 de junho foi oferecido ao Batalho

    de Caadores Pra-quedistas (BCP) um casal de ces de Pastor Alemo, o que incentivou o

    comando a propor a criao de um Centro Cinotcnico. A 4 de julho de 1957, o Secretrio

    de Estado da Aeronutica exarou o despacho, para avanar com a criao de um canil, o

    qual, viria a garantir o treino e criao de ces militares para estarem ao servio do

    batalho e de outras unidades da fora area portuguesa. A raa que foi considerada como

    a mais indicada para as misses foi o co de pastor alemo, o qual, na altura vigorava para

    iniciar os treinos e tratamento no Exrcito Ingls (Lima, 2007).

    Foi ento criada a especialidade de Treinador/Tratador de Ces Militares, com o

    objectivo de dotar os homens das capacidades necessrias para acompanhar um co numa

    misso, na altura fundamentalmente de guarda, pistagem e deteo. (Escola de Tropas

    Pra-quedistas, 2006). Como consequncia disso, a 27 de agosto de 1958, os militares

    nomeados para a frequncia do estgio cinotcnico, o capito Fausto Marques e o 2

    Sargento Castro Gonalves, marcham para Linx-Frana. Aps isso, vrias propostas foram

    elaboradas, como a construo de um edifcio de comando, cozinhas, enfermarias para os

    ces, um canil com 20 lugares para a quarentena, um sistema para saltar com os ces de

    paraquedas5, canis e caixas de transporte. Desde ento o BCP foi reforado com ces

    comprados na Frana, Alemanha, e ainda com os criados na unidade (Lima, 2007).

    O primeiro destacamento de ces (com 6 ces) a sair para o estrangeiro em misso,

    foi a 30 de novembro de 1960 para a Base Area 9 (BA 9) em Luanda, para garantir a

    defesa prxima das instalaes que estavam a ser construdas (Lima, 2007).

    No ms de julho de 1961, j existiam 18 ces de guerra no BCP, constituindo 3

    equipas e treinados para guarda, e ainda 14 ces em Angola. Os ces de guerra foram

    utilizados em Angola no s em instalaes como tambm em misses de combate, talcomo pistagens. Entretanto, e pela boa prestao, foi solicitado pelas unidades o emprego

    dos ces, tanto em territrio nacional como na Guin, Angola e Moambique.

    Com a desativao das unidades paraquedistas nos territrios ultramarinos, a

    atividade do centro cinotecnico foi reduzida para misses de guarda e defesa das

    instalaes da unidade. Depois com a passagem dos Paraquedistas para a Brigada

    5Idntico ao sistema de lanamento de cargas de 2 a 200 quilos adotado na altura. (Lima, 2007)

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    Aerotransportada Independente (BAI), o servio dos ces de guerra foi decrescendo ainda

    mais, e at foi posta a hiptese de ser extinto, devido no existncia de misses com o

    uso de ces. Em 2001, d-se o contacto com a Companhia Cinotcnica da Guarda Nacional

    Republicana para a formao de Monitores Cinotcnicos (Lima, 2007).

    A partir da, a Seco de Ces de Guerra efetua, e est apta a efetuar misses no

    mbito da guarda s instalaes da unidade, guarda e segurana em acampamentos tticos,

    misses de esclarecimento e pistagem, tanto na manuteno de ordem pblica como no

    recrutamento e divulgao das capacidades cinotcnicas (Lima, 2007).

    Figura n 1Organigrama da SecCaesGuerra

    (Estado-Maior do Exrcito, 2010, p. 19)

    Conforme indicado na figura 1, a Seco Cinotcnica composta por um

    comandante de seco, posto 1 Sargento, com 2 Equipas de Patrulhas, a sete elementos,

    cada uma. O comandante de seco acumula funes e comandante de uma das equipas,

    perfazendo assim um total de 14 elementos. E aquando da ativao em treino ou emprego

    operacional do Batalho a cada militar corresponde um candeo (binmio) . (Estado-

    Maior do Exrcito, 2010, p. 11)

    Nas capacidades do Batalho Operacional Aeroterrestre (BOAT), nas alneas l. e

    m., referido que o batalho tem: capacidade para reforar a segurana de Bases de

    Partida e Avanadas com equipas Cinotcnicas.; e capacidade para constituir as equipas

    Cinotcnicas dos Batalhes de Pra-quedistas. (Estado-Maior do Exrcito, 2010, p. 3)

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    2.5.2. Polcia do Exrcito

    A orgnica das Seces Cinotcnicas da PE encontra-se de acordo com a figura

    apresentada seguidamente.

    Figura n 2Organigrama da Seco Cinotcnica PE

    (Estado-Maior do Exrcito, 2009, p. 15)

    Como se verifica na figura 2, as seces cinotcnicas do 1 e 2 Esquadro de

    Polcia do Exrcito so iguais, com um 1Sargento como comandante de seco, tm uma

    equipa de busca e deteo de explosivos e uma equipa de patrulhas. Isto d um total de seis

    elementos por seco.

    Na prtica, estas foras esto unidas na SecCino do RL2, apesar de estarem isoladas

    organicamente uma em cada esquadro, ambas contribuindo para o mesmo fim.

    A misso dos Esquadres PE a mesma, que diz: [] prepara-se para executar

    operaes em todo o espectro das operaes militares, no mbito nacional ou internacional,

    de acordo com a sua natureza.(Estado-Maior do Exrcito, 2009, p. 2)

    No que diz respeito s capacidades, o RL2 e, por extenso, a sua SecCino, tem:a. Capacidade para se integrar num sistema de comando e controlo nacionaloumultinacional.

    b. Capacidade para incorporar 2 (dois) Pelotes de Polcia do Exrcitoadicionais.c. Capacidade para planear, organizar e executar misses de Polcia do Exrcito,de acordo com asnormas da OTAN.d. Capacidade para conduzir operaes de resposta a crises (CRO).e. Capacidade para efectuar operaes de controlo de tumultos.f. Capacidade para efectuar operaes de segurana e proteco pessoal.

    g. Capacidade para participar em operaes Conjuntas/Combinadas.

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    Captulo 2Reviso da Literatura

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    h. Capacidade para actuar em condies de extremo calor ou frio e em todo o tipo econdies de terreno. []m. Capacidade para executar a seguintes misses de Polcia do Exrcito: controlo decirculao; segurana de rea; imposio da disciplina, lei e ordem; operaes de

    prisioneiros de guerra.

    n. Capacidade para autodefesa contra a uma fora de escalo seco.o. Capacidade para garantir proteco adequada para o pessoal e equipamentoorgnico no mbito CBRN (Chemical, Biological, Radiological and Nuclear).

    p. Capacidade para garantir proteco adequada de pessoal e equipamentocontra RCIED (Remote Controlled Improvised Explosive Devices)[](Estado-Maior do Exrcito, 2009, pp. 2,3)

    No Conceito de Emprego dos Esquadres de Polcia do Exrcito, referido na

    alnea (d) que as patrulhas de ces so usadas para os seguintes fins: patrulhamentos gerais

    (como exemplo busca de indivduos, controlo de tumultos, deteno de sujeitos); procurade armas e explosivos; e ces de guarda/sentinela; (Estado-Maior do Exrcito, 2009, p. 4).

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

    22

    Captulo 3

    Metodologia e procedimentos

    Aps concluda a reviso de literatura, onde foi dada preferncia documentao

    sobre a temtica deste trabalho, iremos partir para uma componente prtica que nos

    permitir obter informao relevante com vista a resolver a problemtica levantada no

    incio do estudo.

    Uma vez que no subcaptulo respeitante metodologia contemplado na Introduo,

    j foi explicada sucintamente a metodologia seguida para a execuo deste trabalho, neste

    captulo vamos complementar essa informao e descrever os procedimentos efetuados no

    nosso trabalho de campo.

    3.1. Mtodo de abordagem ao problema

    O mtodo cientfico para a abordagem do problema requer a identificao de

    operaes mentais e tcnicas para que seja possvel a sua verificao (Gil, 1999).

    Pode-se definir mtodo como caminho para se chegar a determinado fim e mtodo

    cientfico como o conjunto de procedimentos intelectuais e tcnicos adotados para se

    atingir o conhecimento. (Gil, 1999, p. 27). De acordo com Gil 1999, os mtodos

    esclarecem os procedimentos que so acompanhados numa investigao cientfica e

    ajudam a decidir o alcance da investigao, as regras de explicao dos factos e a validade

    das generalizaes, ao investigador. Para isso, o mtodo adotado para uma investigao

    pode ser: dedutivo, indutivo, hipottico-dedutivo, dialtico e fenomenolgico.

    O mtodo adotado neste trabalho o dedutivo, pois este mtodo que se baseia

    num raciocnio que parte do geral para o particular (Sarmento, 2008, p. 5). Ou seja, parte

    de princpios reconhecidos como verdadeiros e indiscutveis e possibilita chegar a

    concluses de maneira puramente formal, isto , em virtude unicamente de sua lgica []

    a razo capaz de levar ao conhecimento verdadeiro, que decorre de princpios a priori

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

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    evidentes e irrecusveis. (Gil, 1999, p. 27). De acordo com a minha investigao, que A

    Cinotecnia no Exrcito Portugus para o Sculo XXI, Novos Cenrios, Novos Desafios ,

    vou partir da realidade que se passa em Portugal, incluindo todas as foras cinotcnicas

    militares e paramilitares relevantes e descer ao universo das foras cinotcnicas no

    Exrcito Portugus.

    3.2. Tcnicas, procedimentos e meios utilizados

    Os dados recolhidos passam por um processo de investigao cientfica, de modo a

    chegar a um objetivo. Esses dados so recolhidos de vrias fontes, podendo os primeiros

    ser primrios ou secundrios, assim como as suas respetivas fontes. (Sarmento, 2008). Os

    dados primrios so pesquisados pelo investigador, com vista a satisfazer uma necessidade

    de informao presente e especfica. (Sarmento, 2008, p. 10), sendo tambm provenientes

    de fontes primrias, como por exemplo, os questionrios realizados pelo investigador.

    Porm, existem tambm os dados secundrios que so recolhidos, registados e

    analisados por outras pessoas, para o mesmo fim ou para outros fins que no so o

    propsito especfico da presente necessidade de informao. (Sarmento, 2008, p. 10),

    como, por exemplo, os dados recolhidos dos quadros orgnicos das foras, artigos do

    Jornal do Exrcito, artigos da revistaBoina Verde, entre outros.

    A tcnica utilizada para a recolha de dados nesta investigao a entrevista, visto

    que, enquanto tcnica de coleta de dados, [] bastante adequada para obteno de

    informaes acerca do que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem ou desejam,

    pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das explicaes ou razes a respeito

    das coisas precedentes (Gil,1999, p.117, in Seltiz et al.,1967, p. 273) e o objetivo obter

    os dados desejados com a mxima eficcia e a mnima distoro. (Tukman, 2000, p. 348).A entrevista permite transformar a informao recolhida em dados quantitativos,

    utilizando para isso, as mesmas interrogaes aos sujeitos entrevistados e obtendo assim os

    objetivos pretendidos (Tukman, 2000).

    Segundo Gil (1999), a vantagem das entrevistas que possibilitam a obteno de

    dados de vrios aspetos sociais, so mais eficiente para obter dados mais concretos acerca

    do comportamento dos sujeitos e ainda, os dados que se obtm podem ser classificados e

    quantificados.

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

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    Relativamente aos nveis de estruturao das entrevistas, estas so definidas por

    diferentes tipos, em funo do seu nvel de estruturao. Quando uma entrevista mais

    estruturada estamos perante um maior grau de antecipao das respostas obtidas, enquanto

    que, as menos estruturadas no esto sujeitas a um modelo preestabelecido de questes

    (Gil, 1999).

    A entrevista estruturada assenta sobre uma relao fixa de perguntas, sendo as

    ltimas iguais para todos os entrevistados. Este tipo de entrevistas tem a vantagem de

    serem de rpida realizao, no acarretarem grandes custos para o investigador e de

    garantirem respostas padronizadas, atravs de uma lista preestabelecida de questes (Gil,

    1999). Da esta investigao se debruar sobre entrevistas estruturadas, que segundo Gil

    (1999), quando uma entrevista totalmente estruturada e com respostas previamente

    estabelecidas, aproxima-se do questionrio, e que alguns autores preferem atribuir a este

    procedimento o conceito de questionrio, pelo contacto direto com os entrevistados.

    No entanto, para a recolha dos dados, foi feito um Guio de Entrevista (Ver

    Apndice A).

    3.3. Amostragem

    A necessidade da amostragem na pesquisa social, reverte ao facto de numa

    investigao ser preciso do universo em estudo cingir-se a uma pequena parte dos

    elementos que o compem. A escolha desta frao de uma populao deve ser

    representativa (Gil, 1999).

    Segundo Gil (1999) necessrio definir os conceitos bsicos para assim

    compreender a problemtica da escolha da amostragem numa pesquisa social, assim, para

    o autor, universo ou populao [] um conjunto definido de elementos que possuemdeterminadas caractersticas. Comumente fala-se de populao como referncia ao total de

    habitantes de determinado lugar. Todavia, em termos estatsticos, pode-se entender como

    amostra o conjunto de [] operrios filiados a um sindicato. (Gil, 1999, pp. 99,100), e a

    amostra entende-se como, o Subconjunto do universo ou da populao, por meio do qual

    se estabelecem ou se estimam as caractersticas desse universo ou populao. Uma amostra

    pode ser constituda, por exemplo, por cem empregados de uma populao de 4.000 que

    trabalham em uma fbrica. (Gil, 1999, p. 100). Assim sendo, nesta investigao, ouniverso so todos os militares cinotcnicos das Foras Armadas portuguesas, GNR e PSP,

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

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    e a amostra so 9 elementos da ETP, 5 da GNR, 5 da PA e 1 da PSP, nomeadamente os

    comandantes diretos das mesmas.6

    3.4. Descrio dos materiais e instrumentos utilizados

    No Durante esta investigao, no que diz respeito ao trabalho de campo, foram

    utilizados o Guio da Entrevista e um telemvel Samsung Galaxy mini GT-S5570 que

    possui uma aplicao gravador de voz para obteno das respostas s 9 questes das

    entrevistas.

    Em relao anlise dos dados, para o tratamento estatstico das respostas s

    questes foi usado oMicrosoft Office Excel 2010, enquanto que na construo de quadros

    resumo e tabelas foi usado oMicrosoft Office Word 2010.

    Para a anlise das respostas s questes das entrevistas foi usada uma matriz de

    anlise por segmentos7.

    6Ver Apndice KLista de Entrevistados.7Ver Apndice LMatriz de Anlise das Entrevistas

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

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    Captulo 4

    Apresentao, anlise e discusso dos resultados

    Neste captulo so apresentados os resultados obtidos na investigao realizada

    (trabalho de campo) atravs da anlise das entrevistas e do tratamento dos dados

    apresentados na interveno dos vrios entrevistados.

    Primeiramente, feita a apresentao e anlise atravs de tabelas de dupla entrada e

    grficos, exibindo cada uma das questes e respetivas ideias referidas por cada

    entrevistado.Posteriormente feita uma discusso dos resultados obtidos em cada uma das

    questes respondidas pelos entrevistados, tendo em conta toda a investigao realizada.

    4.1. Apresentao e anlise de resultados

    Este subcaptulo reservado apresentao e anlise das respostas s questesrealizadas nas entrevistas.

    So apresentadas tabelas e grficos tratados com as respostas dos entrevistados, de

    modo a serem analisadas individualmente e posteriormente discutidas, com vista a serem

    tiradas concluses acerca dos dados recolhidos.

    4.1.1. Apresentao e anlise da questo n 1

    O seguinte grfico (figura n 3) apresenta os resultados obtidos com a realizao da

    questo n 1, sendo esta a seguinte: Que contributo poderia dar a cinotecnia para o futuro?

    As respostas dos entrevistados a esta questo debruaram-se principalmente sobre o

    facto de, com o uso dos ces, se verificar maior a facilidade em resolver os problemas; de a

    implementao de novas tcnicas e mtodos de trabalho permitir ajudar no seu emprego,

    para concluir da mais-valia que tudo isto traria, s Foras Armadas e Foras de Segurana,participando as foras cinotcnicas nas suas misses. Evidencia-se ainda o

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

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    desenvolvimento do conhecimento acerca dos candeos, aproveitando ao mximo os seus

    sentidos apurados e as suas caractersticas. O seguinte grfico ilustra os resultados obtidos

    com a questo, mostrando os tpicos abordados pelos entrevistados assim como a sua

    referncia ou no referncia.

    Figura n 3Apresentao dos resultados da questo n 1

    Com esta anlise podemos constatar que 45% dos entrevistados referiram que no

    futuro a cinotecnia poderia contribuir para facilitar a resoluo dos problemas encarados

    pelas Foras Armadas e Foras de Segurana, 40% consideram que a cinotecnia pode

    desenvolver novas tcnicas de trabalho nas foras, 10% responderam contribuir com a

    atuao em qualquer tipo de ambiente, servir para a segurana da populao, participar emmisses e ainda ser uma oportunidade de emprego, e 5% referiram que pode servir as

    Foras Armadas e Foras de Segurana, apostar na procriao canina, criao de uma

    Escola Nacional de Cinotecnia, conhecimento de novas potencialidades caninas e ainda

    garantir segurana de altas entidades.

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

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    4.1.2. Apresentao e anlise da questo n 2

    Na questo n 2, Quais so as vantagens e desvantagens que encontra na

    cinotecnia?,no que diz respeito s vantagens, os entrevistados apontam maioritariamente

    para os sentidos apurados dos candeos, para o desenvolvimento do conhecimento sobre a

    cinotecnia e para a eficcia e eficincia do trabalho cinotcnico. Relativamente s

    desvantagens, as mais apontadas foram o tempo e as condies de trabalho. Contudo,

    disseram que devido s imensas vantagens que o uso da cinotecnia apresenta, as

    desvantagens so anuladas, da alguns dos entrevistados no terem apresentado

    desvantagens e outros quando apresentaram, referiram poucas.

    Os seguintes grficos (figura n 4 e figura n 5) apresentam as vantagens e

    desvantagens referidas pelos entrevistados.

    Figura n 4 - Apresentao dos resultados da questo n 2 (vantagens)

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

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    Figura n 5 - Apresentao dos resultados da questo n 2 (desvantagens)

    No que diz respeito figura n 4, referente s vantagens, podemos verificar que

    45% dos entrevistados apresentou a eficcia/eficincia do trabalho do trabalho dos

    binmios, 30% referiu o sentido apurado dos candeos e o desenvolvimento do

    conhecimento sobre os ces, 20% a rapidez do trabalho de deteo e o co como meio

    dissuasor em diversas situaes, 15% a possibilidade de participao e apoio em misses e

    baixo custo de formao/manuteno dos ces, 10% a possibilidade da cinotecnia atuar em

    vrias situaes em apoio de foras, e 5% a participao em demonstraes, coeso do

    grupo de trabalho, interesse da cinotecnia para o servio policial e que muitas vidas so

    salvas com o seu emprego.

    Na anlise do grfico referente s desvantagens (figura n 5), 20% dizem serem as

    condies de trabalho desadequadas e o tempo aproveitado ser pouco, 10% consideram

    terem um efetivo reduzido, serem sujeitos a uma sobrecarga de servios, ser uma atividade

    emprica na forma como a mensagem passada para outros, a desvalorizao do seu

    trabalho como cinotcnicos, a no aplicabilidade para novos cenrios, em possuir um

    elevado rigor tcnico e 5% dizem ter poucas oportunidades de emprego, os mtodos j

    estarem ultrapassados, o equipamento ser pouco inovador e ainda, se o co for comprado,

    sair mais caro para a instituio.

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

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    4.1.3. Apresentao e anlise da questo n 3

    A questo n 3 aborda se o entrevistado concorda ou no se A especializao dos

    ces adequada s tarefas que desempenham? Quais so?. Os seguintes grficos

    apresentam a concordncia dos entrevistados e as especializaes que existem.

    Figura n 6Apresentao dos resultados da questo n 3

    Analisando a figura n 6, 90% dos entrevistados concorda que a especializao dos

    ces adequada s tarefas que desempenham, enquanto que 10% no concorda.

    Figura n 7Apresentao dos resultados das especializaes

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

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    Na figura n 7 so apresentadas as especialidades que os entrevistados referiram,

    sendo 70% a Guarda, 50% a Segurana, 35% a Pistagem, 30% Patrulha, e 25% Busca e

    Salvamento e Deteo.

    4.1.4. Apresentao e anlise da questo n 4

    A questo n 4 interroga os entrevistados se J participou em alguma misso

    envolvendo foras cinotcnicas? Se sim, onde quando e com que propsito?, qual a

    maioria respondeu afirmativamente. O seguinte grfico (figura n 8) ilustra os resultados

    obtidos.

    Figura n 8 - Apresentao dos resultados da questo n 4

    Analisando o grfico, referente participao ou no, 60% dos entrevistados

    disseram que sim e 40% disseram que no.

    Da amostra usada para a recolha dos dados, dos que responderam que participaram,

    trs pertencem aos SecCaesGuerra, trs Policia Area, quatro GNR, um PSP e um j

    pertenceu a SecCaesGuerra, Companhia Cinotcnica da GNR, est colocado na USHE e

    desde abril de 2012 est a comandar o 3. Contingente da GNR na NATO Training

    Mission no Afeganisto.

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

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    Dos entrevistados que pertencem SecCaesGuerra, dois participaram numa

    operao de busca e salvamento no rio Zzere, em 2012, em busca de um jovem

    desaparecido, e outro na Segurana doJFCLem 2010, no mbito da Cimeira da NATO.

    Dos militares que pertencem Policia Area, dois participaram no apoio ao curso

    Fuga e Evasoem Penamacor e o outro participou em 2010 no Exerccio Internacional de

    F16 na Base Area n6 (Montijo).

    Os entrevistados do Grupo de Interveno Cinotcnico da GNR, um participou em

    operaes no mbito de ordem pblica, deteo de drogas e explosivos no evento

    desportivo de futebol, Euro2004, deteo de drogas, armas e explosivos em territrio

    fronteirio no mesmo mbito, na manuteno de ordem pblica, deteo de drogas e

    explosivos no evento Expo98 e ainda com o uso da fora e deteo de odor humano em

    cooperao com a Agncia Frontex8nas fronteiras da UE de fevereiro a outubro de 2012.

    Outro participou no mbito da segurana de vrios eventos desportivos (no especificando

    quais), na ordem pblica durante a greve dos camionistas em Alenquer em maro de 2011

    e ainda na segurana do permetro em Ftima durante a visita do Papa Bento XVI em

    2010. Outro referiu ter participado no mbito de ordem pblica no evento desportivo de

    futebol Euro Sub-21 em 2006, greve dos camionistas em 2008, vrias Taas da Liga de

    Futebol no estdio de Faro/Loul e ainda vrias misses de busca e salvamento (no

    referindo quais). Por ltimo, o restante elemento disse que participou numa operao de

    busca de um fugitivo desaparecido em Pro Pinheiro este ano (2012).

    O elemento pertencente PSP disse que participou em inmeras operaes entre as

    quais destacou vrias misses de ordem pblica, nomeadamente em jogos de futebol e

    manifestaes.

    8Agencia Europeia de Gesto da Cooperao Operacional nas Fronteiras Externas (Frontex) : A AgnciaFRONTEX coordena a cooperao operacional entre os Estados-Membros no domnio da gesto dasfronteiras externas; apoia os Estados-Membros na formao dos guardas de fronteiras nacionais, incluindo adefinio de normas de formao comuns; realiza anlises de risco; acompanha a evoluo dainvestigao relevante em matria de controlo e vigilncia das fronteiras externas; apoia os Estados-Membrosem circunstncias que exijam assistncia operacional e tcnica reforada nas fronteiras externas; e facultaaos Estados-Membros o apoio necessrio no mbito da organizao de operaes conjuntas de regresso [...]

    A Agncia FRONTEX refora a segurana nas fronteiras, assegurando a coordenao das aces dosEstados-Membros na aplicao de medidas comunitrias relacionadas com a gesto das fronteiras externas.(Agncia Europeia de Gesto da Cooperao Operacional nas Fonteiras Externas, 2012)

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

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    4.1.5. Apresentao e anlise da questo n 5

    A questo n 5 aborda os entrevistados procurando saber se concordam que o tempo

    de treino e especializao dado ao binmio suficiente. O seguinte grfico (figura n 9)

    apresenta os resultados obtidos questo.

    Figura n 9 - Apresentao dos resultados da questo n 5

    Analisando o grfico temos que 70% dos entrevistados concorda que o tempo dado

    ao binmio para o treino e especializao suficiente. Contudo, 15% Discorda e 15% no

    expressam qualquer resposta.

    Os que concordaram manifestaram a ideia que o tempo suficiente gerindo bem o

    tempo de treino, que existe contacto dirio e ainda que se existisse mais tempo e locais de

    treino e material, seria ainda mais adequado.

    Os que discordam e que apresentaram justificao dizem que mais tempo seriaadequado.

    Aqueles que no concordam nem discordam dizem que mais tempo seria adequado

    e ainda que o trabalho nunca est acabado.

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    Captulo 4Apresentao, anlise e discusso de resultados

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    4.1.6. Apresentao e anlise da questo n 6

    A questo n6 aborda os entrevistados procurando responder se poderia ser

    aproveitada a ligao com outros ramos das Foras Armadas, Foras de Segurana e

    mesmo entidades da Proteo Civil, para a especializao dos binmios, aumentando o

    conhecimento e minimizando os meios e recurso. Os resultados so evidenciados na figura

    n 10 seguidamente ilustrado.

    Figura n 10 - Apresentao dos resultados da questo n 6

    Visto