a cidade das torres

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Grupo: Enéas Fernandes Lianna Nogueira Michele Coyunji UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO TEORIA E HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DAS CIDADES PROFESSORAS: Fernanda Furtado, Marlice Nazareth e Vera Rezende HALL, Peter - Cidades do Amanhã. A Cidade das Torres

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Page 1: A Cidade Das Torres

Grupo:Enéas FernandesLianna NogueiraMichele Coyunji

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSEPÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMOTEORIA E HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DAS CIDADES

PROFESSORAS: Fernanda Furtado, Marlice Nazareth e Vera Rezende

HALL, Peter - Cidades do Amanhã.

A Cidade das Torres

Page 2: A Cidade Das Torres

→ De origem suíça e naturalizado francês, Le Corbusier desenvolveu seu trabalho em Paris, gerando impacto no planejamento urbano do século XX.

→ Voltou-se ao estudo sobre Paris, que segundo ele só poderia ser salva pela intervenção de grands seigneurs, homens “sem remorsos”, como Luis XIV, Napoleão e Haussman, cuja atuação constitui exemplo de espírito apto a dominar e compelir a plebe.

→ Para Le Corbusier, a casa era uma maquina de morar.

Introdução

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Plano de Le Corbusier para Paris.

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→ Conforme Le Corbusier, “projetar cidades é tarefa por demais importante para ser entregue aos cidadãos”.

→ Desenvolveu seus princípios urbanísticos em La Ville contemporaine (1922) e La Ville radieuse (1933) , sendo eles:

-Eliminação do excesso populacional dos centros das cidades, melhorando a circulação e fornecimento de espaços livres;

-Construção de edificações com alto gabarito, que ocupem pequena parte do terreno;

-O comércio deveria ficar nos centros, considerando que toda cidade grande deve reconstruir seus centros;

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→ A cidade contemporânea deveria ter uma estrutura diversificada, com uma organização social específica, segregada, na qual a moradia de uma pessoa dependia da atividade desenvolvida por esta.

→ Na cidade corbusiana, os centros abrigariam arranha-céus com escritórios de elite e deixariam 95% do terreno reservado com área livre. Fora desta zona, haveria dois tipos de zonas residenciais: prédios de seis andares com apartamentos luxuosos para atender a essa elite empresarial, e acomodações mais modestas para os trabalhadores, construídas em volta de pátios.

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Ville contemporaine (1922).

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Vistas de Ville contemporaine.

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La Ville radieuse (1933).

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La Ville radieuse (1933).

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→ Com relação a unidades habitacionais em massa desenvolveu um projeto de apartamentos padronizados, os quais ele denominou de “células”.

→ Le Corbusier criou um complexo de lazer e cultura para a classe média, enquanto que para os operários e comerciantes, tinha-se apartamentos com jardim, dentro de unidades satélites, tornando Le Ville Contemporaine uma cidade classista.

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→ Na época da cidade radiosa ocorreram importantes modificações teológicas, o que levou Le Corbusier a perder a fé nos capitalistas, acreditando que seria necessária a instauração de um sindicalismo hierárquico. Nesse contexto, em sua nova concepção de cidade, todos seriam igualmente coletivizados, e todos iriam morar em gigantescos prédios coletivos denominados Unités, tendo acesso aos serviços coletivos.

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O Planejamento de Chandigar

→ Projeto para a capital de Punjab, na Índia, desenvolvido pelo planejador Albert Mayer, e por uma equipe composta por Lê Corbusier, Jeanneret, Maxwell Fry e Jane Drew.

→ Segundo os preceitos do CIAM, resultou na troca de um estilo urbanístico por um estilo arquitetural, voltando-se para o aspecto estético em detrimento das demandas da população indiana, culminando em uma segregação de classes.

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Plano para Chandigar.

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Brasília: A Cidade Quase Corbusiana

→ O plano piloto de Brasília constitui um exemplo de cidade corbusiana, considerada mais de arquitetos que de planejadores urbanos:

-constitui-se de um eixo monumental que abriga os principais edifícios públicos e repartições administrativas, nas asas ficavam as zonas residenciais e outras.

-No primeiro setor, blocos uniformes de escritórios deveriam ladear um amplo passeio público, que desembocava num complexo de edifícios governamentais.

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-No segundo setor, prédios uniformes de apartamentos deveriam ser construídos em superquadras corbusianas de frente para uma imensa espinha de tráfego, obedecendo à risca a prescrição de La Ville radieuse, onde todos deveriam ocupar os mesmos tipos de apartamentos nas mesmas quadras.

→ Todavia, o plano não objetivava resolver os conflitos entre pedestre e veículo, muito menos os sociais e como em Chandigar, houve o crescimento de uma cidade não planejada ao lado da planejada, porém, em maior escala: a cidade-satélite.

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Plano Piloto de Brasília.

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Brasília

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Brasília

Brasília

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Os Corbusianos Chegaram à Inglaterra

→ Por meio do CIAM de 1928 (“os jesuítas da fé”) e da formação da Modern ArChiteture Research Society - MARS, os Courbisianos conseguiram, relativamente, impor suas idéias na Inglaterra. Nos anos 30 só dois empreendimentos conseguiram quebrar a barreira dos cinco andares: Quarry Hill em Leeds e um outro em Londres.

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→ Construção – 1936 a 1938

→ Demolição – 1975 a 1978

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→ West Yorkshire Playhouse(Teatro)→ Quarry House and the College of

Music

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→ Ao final da guerra o panorama mudou. Sob a influencia do governo, que assumiu a tarefa de levar o bem estar ao povo,e a necessidade de tirá-lo dos cortiços urbanos, inicia-se um grande debate acerca da densidade ocupação das cidades ou a criação de cidades novas, tendo sido a primeira corrente aceita, em um primeiro momento, estabelecendo-se assim uma densidade intraurbana de Londres em 136 habitantes/acre, obrigando a mudança de gabarito dos prédios.

→ Mesmo assim, houve a necessidade da saída de quatro entre dez pessoas que lá moravam em 1939.

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Parkhill em Sheffield(1961)

→ A partir da década de 50 a influencia de Corbusier na Architetural Association-AA, era tanta que esta passou a criar projetos fantasiosos.

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→ A partir de então, capitaneada pela Architetural Review a escola Corbusiana foi criticada ao extremo chegado-se a compará-la a uma “Subtopia”.

→ Em 1955 com o apoio do Governo Britânico, dos fazendeiros que queriam defender o máximo de terras para si mesmos, inicia-se uma intensa defesa da construção de altos edifícios, já que o governo queria manter a população nos limites urbanos, para não arcar com o custo da implantação de novas cidades.

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A Grande Reconstrução

→ Em 1955 o governo conservador inglês executou o programa derruba-cortiço, que incentivava as autoridades locais a fixar cinturões verdes em torno das cidades mais importantes, a fim de conterem o crescimento urbano.

→ Consequentemente subiu o preço da terra, e intensificou-se a densidade das construção, o que junto ao subsídio governamental levou a um crescimento superior de prédios altos frente ao de habitações populares, passando de 7% no final dos 50 para 26% em meados dos 60.

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→ Todo este movimento foi acompanhado por contradições, onde a febre de construir novos prédios fazia com que se derrubassem casas recuperáveis.

→ Algumas cidades provincianas inglesas, investiram na tipologia residencial multifamiliar, como o projeto de urbanização para o Park Hill, ou Gorbals em Glasgow,feito por profissionais oriundos do AA.

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Gorbals anos 60 e atualmente

Park Hill – Sheffield (2006)

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→ Em sua grande maioria os moradores dos apartamentos viram-se desarraigados, colocados em unidades padronizadas, construídas as pressas pelo sistema, sem conforto, ambiente e espírito de comunidade, aceitaveis apenas para as pessoas que viviam em situações piores do que esta.

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→ Mesmo sofrendo severas criticas o projeto de reconstrução das cidades teve algum reconhecimento, porém, as propostas Corbusianas passaram a ser empregadas destituídas de espírito crítico, impondo-se soluções projetísticas às pessoas, sem considerar suas referências e modo de vida, o que refletia a insensibilidade dos projetistas frente ao modo de vida da família operária.

→ A aceleração do fim veio com o desmoronamento de Ronan Point em 1968 e com as inúmeras reclamações sobre vazamentos, elevadores que não funcionavam e problemas sociais desde as crianças até os idosos.

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Edificio Ronam Point em Newham

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→ As criticas culminam com o relatório feito pelo encarregado do projeto habitacional, Kenneth Campbell que elencou três falhas: -Elevadores – poucos demais, vagarosos demais, pequenos demais;- Crianças – muitas demais;- Gerenciamento – deficiente demais.

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→ Em defesa dos corbusianos podemos dizer que:

- Primeiro - nem todos os projetos foram feitos por discípulos de Corbusier. Algumas cidades sequer contrataram arquitetos, gerando o comentário de Crossman em 1965 ao visitar Wigan:

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“...seu enorme programa de construção” é como um sinal de “uma obscuridade e estupidez

assustadoras. Eles construíram uma Wigan, que, no ano de 2000, há de

parecer tão ruim como ruim parece a velha Wigan de 1800 aos olhos dos

anos 60”

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-Segundo –Corbusier jamais advogou a tese de colocar pessoas em arranha céus, sendo sua habitação proletária mais parecia com o Conjunto Hulme, o maior projeto de remodelação urbana já realizada na Europa, que revelou-se também um desastre.

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→ Sem compromissos críticos, os arquitetos corbusianos impunham “soluções” à população em geral, mas habitavam em vilas vitorianas.

→ Assim sendo conclui-se que as idéias de Le Corbusier aplicavam-se com mais facilidade as pessoas de classe média, que poderiam desfrutar dos serviços da cidade do que a classe proletária com inúmeros filhos.

→ Corbusier sequer tinha consciência do problema, já que pertencia a classe média e não tinha filhos pequenos.

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→ Iniciou-se em 1949 com a lei de Habitação.

→ Sua emenda, em 1954, enfatizava a decadência urbana causada pela obsolescência dos solos.

→ Estas leis não objetivavam moradia barata mas sim a reurbanização comercial de áreas deterioradas, situadas nos limites dos centros comerciais, gerando uma remodelação urbana.

A Remodelação Urbana nos EUA

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→“Coalizão de urbanização” = formadas por empresários mais jovens e prefeitos liberal-tecnocratas, tendo apoio de conselhos operários, conselhos do comércio da construção, grupos de governo constituído, planejadores profissionais urbanos e outros. Essas coalizões incluem, ainda, um novo grupo de executivos profissionais da remodelação urbana: Robert Moses em Nova York, Ed Logue em New Haven, Boston e Nova York, Justin Herman em São Francisco

→Mais tarde essa coalizão foi rompida devido a grande divergência de interesses entre os mesmos.

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→ Robert Moses (1888-1981) foi considerado o maior construtor da América, cria no crescimento de cima para baixo, exercido pelo funcionário incorruptível, imbuído de espírito público.

→Considerando a sua importância nas relações políticas, foi responsável pela construção de habitações populares, constituindo um sistema de poder,influência e clientelismo que o tornou quase inexpugnável.

→Deixou de ser mestre- construtor em 1968, em virtude de protestos de pequenos grupos de cidadãos, já que também utilizava medidas antidemocráticas.

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→Outro exemplo de coalizão encontra-se em New Haven, onde envolvia líderes democratas, comerciantes republicanos, o corpo docente e administrativo da Universidade de Yale e grupos étnicos sindicatos.

→ Essa coalizão promoveu a demolição de uma das mais importantes áreas de cortiços para a construção de escritórios centrais.

→Em São Francisco o argumento da remodelação urbana partiu do comércio organizado, que ao objetivar o saneamento das áreas de habitação popular promoveu a remoção de seus habitantes.

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→ Novos processos foram abertos e encerrados na década seguinte. Enquanto isso acontecia, os fundos para remodelação urbana foram sendo substituídos por Quotas Fixas do Tesouro para a Urbanização Comunitária, espalhando fundos públicos por toda a cidade.

→ As coalizões deste período destacam-se por seu êxito, mesmo sendo baseadas em programas contrários aos interesses dos eleitores.

→Em meados dos anos 60, as críticas à remodelação urbana se intensificaram, constatando-se que esta resultava na expulsão de população que pagava baixos valores de aluguel, destruía-se mais que se construía, grande parte das novas construções não eram destinadas a moradias e as novas edificações por serem em altos prédios de apartamentos configuraram um elevado nível dos aluguéis.

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Contra-ataque: Jacobs e Newman

→ A obra de Jane Jacobs, Death and life of Great American Cities (Morte e Vida das Grandes cidades Norte-Americanas), 1961, teve grande impacto na Inglaterra e nos Estados Unidos.

→Atacou o movimento cidade-jardim em sua base, pois este objetivava a salvação da cidade matando a mesma ao definir o conjunto do problema habitacional apenas em termos de qualidades físicas suburbanas e qualidades sociais de cidade pequena.

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Cidade Jardim InglesaTown country

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→ Com relação aos corbusianos, Jacobs os considerava egoístas: ”Não importa quão vulgar ou canhestro seja o projeto, quão árido e inútil seja o espaço livre, quão insossa a paisagem vista de perto, uma imitação de Le Corbusier aberra: ‘Vejam o que eu fiz! ’ – à semelhança de um grande e visível ego, ele apregoa a façanha de alguém”.

→Para Jacobs, não havia problema com altas densidades populacionais, acreditava que uma boa vizinhança urbana precisava de cem habitações e assim deveriam ser eliminadas as áreas livres..

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→ Jacob propõe a conservação dos bairros da área intra-urbana, tais como eram antes da intervenção dos planejadores.

→ Prescrevia a necessidade de ruas convencionais ao longo de quadras curtas, assim como uma densa concentração populacional.

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  Implosão de Pruitt-Igoe

→Projeto, desenvolvido em 1955, premiado em St. Louis, implodido dezesseis anos depois de construído e destinava-se a pobreza digna.

→Em 10 anos, um projeto considerado exemplar, se tornou um dos maiores cortiços urbanos dos EUA, visto que os aluguéis eram muito caros e os moradores não podiam arcar. Além disso, o custo de execução também era elevado demais.

→Para Oscar Newman, o problema estava na formação do arquiteto que não analisava devidamente a necessidade de saber o quanto bem ou mal funcionavam edificações existentes, e assim melhorar os projetos.

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Pruitt-Igoe

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Conjunto Pruitt-Igoe, em St. Louis, Missouri, E.U.A., em 1972.

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O Legado Corbusiano

→A cidade corbusiana das Torres volta-se para os habitantes da classe média, não contemplando as camadas menos favorecidas da sociedade.

→ O problema da obra de Le Corbusier e dos corbusianos está não em seus projetos, mas em sua forma arrogante de imposição a uma população que não podia arcar com estes, e de quem não poderia se esperar tal fato.

→Essa falha foi vinculada ao insucesso do planejamento, que, por sua vez, significa esquema ordenado de ação para atingir objetivos fixados a luz de limitações conhecidas, sendo exatamente, o que não ocorreu .

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Le Corbusier com a maquete de La Ville radieuse.

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Fontes Fotográficas

→ MEDIABISTRO.COM→ WORLDONLINE.DK→ UNIAN.IT → WORLDONLINE.DK→ TRAJEKT.ORG→ VE.SCOLA.AC-PARIS.FR→ STATIC.FLICKR.COM→ TREKEARTH.COM→ WWW.SFU.CA→ BBC.CO.UK→ LEODIS.ORG→ PT.WIKIPEDIA.ORG→ CITIOFLEEDS.CO.UK→ CAVS.MID.EDU→ QUARRYHOUSE.ORG.UK→ AASCHOOL.CO.UK→ CITYSNAPPER.ORG→ LONDON.FOTO.LAP.PL→ HARDBLOG.BLOGSPOT.COM → IBRARY.WUSTL.EDU→ VITRUVIUS.COM.BR