a cidade antiga

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Ages - FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS BACHARELADO DE DIREITO – 2014.2 ANA VIRGINIA CARDOSO DEISE PAULA NEVEZ BARBOSA EDCLÉA COSTA GOUVEIA JAQUELINE OLIVEIRA GAMA LISIANE GAMA SANTANA KARLA THAIS NASCIMENTO SANTANA MONALISA OLIVEIRA LIMA THASLA MACÊDO MOURA A CIDADE ANTIGA: LIVRO V 1

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Parte escrita de um seminário

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Ages - FACULDADE DE CINCIAS HUMANAS E SOCIAISBACHARELADO DE DIREITO 2014.2

ANA VIRGINIA CARDOSODEISE PAULA NEVEZ BARBOSAEDCLA COSTA GOUVEIA JAQUELINE OLIVEIRA GAMALISIANE GAMA SANTANA KARLA THAIS NASCIMENTO SANTANAMONALISA OLIVEIRA LIMA THASLA MACDO MOURA

A CIDADE ANTIGA: LIVRO V

PARIPIRANGA-BA2014ANA VIRGINIA CARDOSODEISE PAULA NEVEZ BARBOSAEDCLA COSTA GOUVEIA JAQUELINE OLIVEIRA GAMALISIANE GAMA SANTANA KARLA THAIS NASCIMENTO SANTANAMONALISA OLIVEIRA LIMA THASLA MACDO MOURA

A CIDADE ANTIGA: LIVRO V

Trabalho apresentado no curso de Direito da Faculdade Ages como um dos pr-requisitos para a obteno da nota parcial da disciplina Introduo ao estudo do Direito no 2 perodo, sob a orientao do Professor Mestre Paulo Gomes.

PARIPIRANGA-BA2014A Cidade Antiga Livro V Desaparece o regime municipal

I- Novas crenas; a filosofia altera as normas da poltica. O homem, como qualquer outro animal, possui a necessidade de viver em grupos com o intuito de facilitar a sobrevivncia. Tal agrupamento gerou sociedades que atingiram certo grau de desenvolvimento e desencadearam a relao entre seus componentes, que, consequentemente geraram conflitos de interesses. Diante desses embates surgiram regras, a fim de regular a conduta dos membros da comunidade. Neste sentido, surge o Direito como ferramenta para moderar condutas e exercer o controle social. Desde o princpio as normas das sociedades humanas eram atreladas a algum tipo de crena. Nas comunidades antigas, como na Grcia, as normas eram criadas no grupo familiar, principalmente no que se refere religio, que possua grande influncia naquela poca. As crenas eram politestas, ou seja, os indivduos acreditavam em vrios deuses, a quem eles praticavam cultos e sacrifcios. Segundo Wolkmer, o receio da vingana dos deuses, pelo desrespeito aos ditames, fazia com que o direito fosse respeitado religiosamente (2006, p.19). Os deuses eram da natureza, e as pessoas acreditavam que tempestades, enchentes e os raios eram uma forma de castigo mandada por essas divindades. Com o tempo, as crenas foram mudando, e as pessoas passaram a acreditar em divindades domsticas. Nesse perodo, o Estado era restrito aos limites da cidade, ou seja, cada uma possua autonomia prpria, restrita e diretamente associada com a religio. A mesma pregava a interpretao da morte de maneira diferente ao que se v atualmente. As sociedades da Grcia acreditavam na vida aps a morte, tendo em vista a adorao do corpo, a exemplo, o culto aos mortos. Eles tinham a crena de que se no praticassem rituais, como cultos e adoraes, os falecidos no descansavam em paz, e ficavam vagando no submundo. Quem se negava a participar dessas prticas era castigado. Diante da evoluo, a crena em vrios deuses foi diminuindo, dando lugar a um nmero bem menor. Nesse contexto, surgiram filsofos, como Pitgoras e Anaxgoras, que pregavam o afastamento das crenas antigas, que tambm gerou o distanciamento das antigas formas de governo, j que o Estado era diretamente vinculado com as convices religiosas. Outros pensadores, muito influentes naquela poca, chamados de sofistas, lutavam contra os velhos erros e pregavam novos princpios, andando de cidade em cidade como professores da dialtica e retrica. Muitos deles substituam os antigos costumes, moldados pela religio, dando lugar ao raciocnio e a sabedoria. No existia outro ente, se no a de esfera municipal, esta criada pelos fundamentos da religio e assim, dava segmentos as demais reas da sociedade. No havendo assim, hierarquia entre cidades, pois eram as nicas unidades representativas do governo. O Estado estava intimamente ligado religio, tendo nascido desta e com ela se confundido. (p. 376) Por conseguinte, como a religio dava os ditames de toda a sociedade, consequentemente, a submisso era algo previsto. Porm, foroso observar as mudanas impostas pelos pensamentos filosficos dos homens. Partindo de uma perspectiva religiosa, os homens atribuam e viviam sobre regimento das leis sagradas e inquestionadas, at ento. Assim, a viso crtica ao comodismo religioso, no qual estagnou o avano intelectual da sociedade, impondo ditames de convivncia e governo, gerou uma insatisfao por parte de algumas pessoas, estas consideradas filsofos, que buscavam questionar aquilo at ento irrefutvel. Desta forma, puseram o fim as concepes religiosas e instigaram o homem a pensar. Ento foi um momento de transio das sociedades, que partiram de uma poca vivenciada segundo os ditames da religio e transita para o momento de questionamentos, no qual o homem buscou atravs de senso crtico, comeou a fazer indagaes sobre a poltica que regia as suas relaes e vidas dentro da sociedade. Neste momento, os homens, renem-se em templos para debater questes acerca da poltica. Alguns filsofos se destacam nesse perodo de transio, com Pigoras, Anaxgoras, os sofistas, que por sua vez, atacaram de forma mais densa a poltica, visitando cidade, e aplicando de forma impar a boa retrica. Os sofistas abalaram, como nos diz Plato, o que at ento estivera irremovvel (p. 376). Scrates, por sua vez, apesar de criticar a forma que os sofistas tinham em contestar, embora suas atitudes fossem mais ponderadas, pertenciam a essa escola. salutar ressalta, que aqueles que iam de encontro com os preceitos da sociedade regulamentada pela religio, eram perseguidos e condenados a morte, como assim foi o fim de Scrates. Porm, outros filsofos deram continuidade a essa nova ideologia. Partindo do pressuposto que o homem deve-se desvincular ao tradicional, de forma que esse advm do hbito e no passa meramente de estigma da conscincia humana, devemos primar sempre pela razo. Para Aristteles, essas consideraes eram tidas como mais objetivas, pois considerava a lei como razo, essa instrumento da natureza humana. E a mudana necessria dentro da sociedade. Esse era descrente de que a religio poderia dar fundamento a uma sociedade. A escola cnica tinha uma viso mais severa, e ainda pregava o despatriotismo, ou seja, a negao da prpria ptria e ainda considerava que o homem no devia a uma ptria especfica, pois o considerava como cidado do universo. Por conseguinte, a essa viso estatal como limitadora dos cidados, alguns filsofos de abstiveram das relaes com o Estado. O estoicismo apresenta tratados sobre o governo, bem como expe uma concepo de liberdade dos cidados, estes no se submeteriam mais aos ditames do Estado. Seria necessria, a priori, a liberdade de conscincia do homem, bem como a sua desvinculao dos regimentos estatais. Porm, a sociedade ateniense rejeitava esse princpio, considerado fundamental para a poltica. Zeno primava pela virtude e a dignidade da pessoa, de forma que considerava que o homem no deveria viver para o Estado, mas viver de forma digna e virtuosa. Partindo dessa premissa, faz-se necessria a liberdade individual para dar segmento ao novo modelo de poltica, desprovido de nepotismo e corrupo. II- A conquista de Roma Roma foi primeira cidade ser conquistada, dentre as outras cidades. Apresentando dois momentos divergentes, enquanto o espirito municipal detinha de fora e noutro quando se encontrava enfraquecido, o que por sorte, proporcionou a conquista. A priori, vale ressaltar a origem da populao de Roma. A sociedade romana era heterognica, composto por aborgenes e estrangeiros da cidade de Tria. A cidade de Roma foi instituda em outra cidade j existente, a Pallantio, de origem grega, no qual permaneceram vestgios culturais desse povo. Roma no parecia ser uma cidade nica, mas uma confederao de vrias cidades, cada qual se ligando, por sua origem, a outra confederao. Roma era o centro onde latinos, etruscos, sabinos e gregos se encontravam. Nesta perspectiva, os reinados seguiam a mesma ordem de habitantes, um por vez. Assim, notrio que havia diversos idiomas usados, por consagrar um misto de povos. Por sua vez, instituiu a miscigenao dos povos, que detinham de seus hbitos, lngua, religio e nomes que distinguiria cada povo. salutar ressaltar que como Roma era composta de um misto de povo, no qual detinham de particulares, os eventos religiosos, tambm os distinguiria uns aos outros. Numa poca em que ningum tinha o direito de assistir festas religiosas de uma nao se nela no tivesse nascido, o romano tinha a incomparvel vantagem de poder tomar parte nas festas latinas, nas festas sabinas, nas festas etruscas e nos jogos olmpicos. (p.386)O Culto Nacional da Roma era uma espcie de reunio onde existiam muitos cultos, infinitamente diversos, cada um era ligado a diversos povos. Dentro deles, tinha os cultos gregos de Evandro e Hrcules, visto que ostentava de ter o Paldio troiano. No entanto, havia algo que se destacava, pois em um tempo que ningum podia ir as festas religiosas caso no pertencesse nao pelo nascimento, o romano possua o benefcio de poder participar das diferentes frias, sejam elas sabinas, etruscas ou de jogos olmpicos. A religio era levada com bastante seriedade, sendo assim, havendo cultos em comum entre duas cidades, consideravam-se parntese e a partir dessa ideia alienavam-se e ajudavam-se. No entanto, essa populao caracterizava-se pela mistura de vrias raas, onde existiam vrios cultos, e diferenciava-se das outras por sua religio, cuja no isolava as outras e as aceitava em sua lareira. importante salientar os primeiros atos da cidade, pois os primeiros acontecimentos foi a sequestro de mulheres sabinas, sendo que a lei parece muito duvidosa, se voltarmos a pensar no matrimnio e santidade ocorrida entre os antigos. Porm, a religio municipal no aceitava o casamento de pessoas cujo moravam em cidades divergentes, s aconteceria esse matrimnio caso as cidades possussem um lao de origem ou culto em comum. Os primeiros romanos apenas tinham o direito de casamento com Alba, pois eram originrios de l, e no com os Sabinos. Rmulo tinha o intuito de conseguir o casamento com a populao Sabina e para chegar a realizar esse fato necessitava criar um vnculo religioso e assim adotou o culto do deus Sabino Conso e celebrou a festa. A tradio diz que durante esse acontecimento, ele raptou as mulheres, mas isso de fato no verdico, pois caso isso tivesse ocorrido, no existiria a celebrao dos ritos, visto que o primeiro dos atos no iria acontecer, sendo este a traditio in manum, ou seja, a doao de filha pelo pai. Roma entrou em uma sequncia de guerras, uma delas foi contra os sabinos de Tcio, logo aps a guerra foi com Alba. Desse modo, foi nica cidade que atravs da guerra conseguiu aumentar a populao. Das cidades conquistadas, trouxe os habitantes e aos poucos fez dos vencidos, romanos. Uma caracterstica importante e fundamental que ela atraa os cultos de cidades vizinhas. A partir do momento pelo qual outras cidades, possua sua religio municipal, Roma tinha sorte ou habilidade de valer-se dela para atrair tudo para si e assim dominar. Na medida em que Roma crescia vagarosamente, de acordo com as ideias da poca, uma linha de acontecimentos sociais e polticos aconteciam em todas as cidades, inclusive na prpria Roma, mudando nos homens a maneira de pensar. Atravs dessas mudanas, sejam elas nos costumes, crenas no direito e at o patriotismo mudou de natureza, e esse fatores foram de suma importncia para o crescimento dessa cidade. A cidade era amada mais amada pela religio, nem pelos deuses, mas sim pelas leis existentes, pois oferecia a seus membros direitos e segurana. Desse modo, Tucdes pe na boca de Atenas que Eis por que os nossos guerreiros preferiam morrer heroicamente a deixar que lhe tirassem tal ptria; eis por que aqueles que sobrevivessem esto disposto a sofrer e a se devotar a ela. No entanto, esse patriotismo no tinha mais os efeitos dos velhos tempos, pois o corao no se prendia mais ao pritaneu, nem as religies, mas sim a instituies e leis, visto que estas mudavam bastante, o patriotismo ento se transformou em varivel. Desse modo, a ptria s era amada a partir do momento que o regime poltico prevalecia e quem achava ruins as leis, no tinha mais motivos para apegar-se a tal. A partir disso o patriotismo municipal enfraqueceu e a opinio dos homens se tornou mais sagrada por ele prprio do que a cidade natal, no havia mais pensamentos nos deuses protetores e era bastante fcil de adaptar sem a to ilustre ptria. De acordo com a evoluo de Roma, e com as mudanas em seus costumes, crenas e outros hbitos do qual seus povos se prendiam, nas polticas sociais e com o enfraquecimento do amor que eles sentiam pela sua ptria, pelo fato da mesma trazer segurana a todos os seus membros, os homens passaram a valorizar mais a opinio de cada um. Dessa forma, a busca pelo melhor meio social passou a ser maior, aumentando a migrao, pois o que passou a ser mais valorizado foi o crescimento de determinados partidos existentes em suas cidades, onde um era aristocrata e outro era democrtico, para a maioria deles no importava a independncia da mesma e sim vigorar uma mesma Constituio que estivesse seu favor por toda parte. Diante disso, muitos homens honestos passaram a se incomodar com essas atitudes, e passaram a buscar uma sociedade do qual se estabelecesse uma ordem que automaticamente geraria a paz e colaboraria para acabar com tantas turbulncias e desacordos, que continuava existindo em vrias cidades para ento prevalecer os interesses visando ordem comum e no individual muitos buscavam estabelecer um poder soberano, pois sempre existia a guerra sem fim entre o rico e o pobre, com muita violncia e vinganas e isso s geraria sofrimento e dio. Porm, o governo de Roma por muito tempo era aristocrata, mas aos poos a democracia foi se reerguendo lentamente e logo levando melhor, nos comcios de cada partido os votos eram divididos de acordo com o meio social e as reunies eram bastante tranquilas. No entanto, os costumes ainda eram aristocratas e a populao mais rica ainda dominava Roma, pois recebiam ainda mais privilgios e todos os lucros, comrcio, a administrao das provncias e ao acrescentar impostos continuavam em vantagens, e era de costume at mesmo os mais pobres terem certo respeito pelos mais ricos e existia certo costume de saud-los pela manha, mas essa distino entre os ricos e pobres no possuam nenhum carter de violncia. Vale lembrar que a populao menos favorecida de Roma no cobiavam tanto a riqueza, at mesmo as leis agrrias que geravam certa ameaa aos ricos e que eram ao seu favor no causavam ambio nos mesmos, com a vinda da populao mais rica da Itlia, o senado era composto pelos mais nobres e mesmos as leis sendo democrticas, continuavam tais distines sendo Roma aristocraticamente governada pela Itlia e pela Grcia, fazendo com que vrias cidades desse partido voltasse a se aliar a Roma.Por meio de uma srie de revolues que ocorriam frequentemente, as instituies da cidade antiga foram enfraquecidas e completamente destrudas aps a dominao romana. O Estado romano, civitas romana, no crescia com a conquista, continuava contando apenas s famlias que participavam da cerimnia religiosa do censo, o territrio romano, ager romanus, tambm no crescia, continuava encerrado nos limites imutveis que os reis lhe havia traado e que a cerimnia das Ambarvlias santificava a cada ano, s uma coisa aumentava a cada conquista: o domnio de Roma, imperium romanum. Tais fatores e mudanas ocorridas mostram que ambas no influenciaram no aumento do Estado romano, somente no domnio de Roma, que era valorizado e aumentava explicitamente aps cada conquista.No perodo que durou a repblica, era claramente notvel que os romanos e outros povos jamais formariam uma mesma nao, este fato ocorria devido a um princpio persistente na antiguidade, princpio esse ao qual Roma gostaria de se afastar, mas no podia libertar-se completamente, por esta razo , quando um povo era submetido no entrava no Estado romano, somente no domnio romano, Roma s reconhecia dois tipos de vnculos, a sujeio ou a aliana.A conquista romana tinha como efeito operar no interior de cada cidade, uma autntica transformao, de um lado estavam os sditos que eram aqueles que pronunciaram a frmula de deditio (espcie de rendio), haviam entregado ao povo romano a sua pessoa, os muros, terras, guas, casas, templos e deuses, renunciando assim no apenas o governo municipal, mas tambm a tudo que a ele estava ligado entre os antigos, como sua religio e direito privado. Do outro lado estavam os aliados, que eram menos maltratados, do dia que passaram a estar sob o domnio romano foi estipulado que eles conservariam o regime municipal e permaneceriam organizadas em cidades, essas cidades eram consideradas independentes e parecia no ter outras relaes com Roma seno as de um aliado com o seu aliado.A natureza do regime municipal entre os antigos era tamanha, que ou tinha de ocorrer uma independncia completa ou parar de existir, consequentemente as instituies municipais faleciam tanto nos chamados povos aliados quanto nos chamados sditos, com a nica diferena de que os primeiros ainda conservavam as suas formas exteriores. Aps destrurem em toda parte o regime das cidades e retirar as instituies, Roma nada fazia, nem cogitava a ideia de criar instituies novas ou estabelecer regras fixas para governar os povos do seu imprio, seus sditos eram estrangeiros para ela, por isso tinha sobre eles esse poder irregular e ilimitado que o antigo direito municipal deixava ao cidado em relao ao estrangeiro ou ao inimigo, sendo nesse princpio que se pautou durante muito tempo a administrao romana. Tendo em vista a situao dos habitantes que iam para Roma (Os peregrinos) com o objetivo de fixar moradia l, importante ressaltar que na viso dos romanos, o peregrino no tinha direitos, tal como usufruir das leis romanas. Para impedir isso, h uma justificativa dada pelo sistema jurdico romano, que era composto por intrpretes nomeados jurisprudentes ou jurisconsultos tendo como funo estudar a lei obtendo a capacidade de responder s consultas pblicas. A lei, dessa forma no reconhecia a figura deles como marido, nem pai, a propriedade para o mesmo no existia, e era desconsiderado como cidado romano. Existia uma alternativa, para que os provincianos pudessem entrar em Roma sem ser desprezado, poderiam entrar no Imprio Romano, porm, perderiam sua religio, seu governo e seu direito privado. Os romanos, no deixavam o peregrino nomear-se como proprietrio do solo, entretanto permitia-lhe a possibilidade de trabalhar no solo, cultiva-lo e at vend-lo. Jamais deixavam que a terra fosse dos novos romanos, era como se fosse emprestada, como se fosse sua. Deixava-os sem direitos, mas era como se o tivesse. Era um teatro de iluso criado pela soberania romana. Alguns itens sustentavam a sociedade, como a fora, o arbtrio, e a conveno, as faltas de leis e princpios. Era uma populao desenraizada e aniquilada por toda Roma. Desta populao, nada lhe restou, primeiro a religio, depois o governo e por fim o direito privado. Mesmo sofrendo essas maldades pelo imprio romano, a populao conseguiu erguer-se, com muito esforo e trabalho. Adentrando-se na Roma de forma cruel. Os povos vencidos entram sucessivamente na cidade de Roma Quem no fosse cidado romano no era considerado nem marido, nem pai, no podendo legalmente ser nem proprietrio nem herdeiro. Tornar-se cidado, era a nica maneira de possuir direitos e obter algum valor na sociedade. Foi por esse meio, que os peregrinos conseguiram garantir de alguma forma, um reconhecimento valorizado entre a populao. Em 340, o chefe do imprio romano, nio, expressou sua revolta diante da lei romana, de excluir os demais cidados que no fossem de Roma. Que nos seja concedida a igualdade, que tenhamos as mesmas leis, que formemos convosco um s Estado, Una Civita, tenhamos apenas no mundo um s nome, e que todos nos chamem igualmente romanos. Porm, o Cnsul Mnlio foi contra, e ameaou a todos os estrangeiros de morte que se sentassem no Senado, pois, o mesmo era porta-voz da antiga lei religiosa, que prescrevia que todo estrangeiro fosse detestado pelos homens, por ser amaldioado pelos deuses da cidade. Para Mnlio, o senado era uma espcie de templo, e os deuses no gostariam de receber estrangeiros no seu santurio. Dai, surge a guerra em que os latinos perderam, abrindo mo de sua religio, suas cidades, seus cultos, suas leis e suas terras. Foi dado aos latinos, direitos da cidadania romana, porm, era isento aos mesmos, o direito do voto e o direito do casamento. O senado os enganava, atraioando todos os denominados, novos cidados de Roma. Cem anos se passaram, e com a mudana da politica de Roma, esses direitos retirados dos latinos foram reestabelecidos. Possuem agora o direito do censo, casamento, direito privado partilhando sua religio, seu governo e suas leis. O direito de cidadania tornou-se ento precioso, primeiro porque era pleno, depois porque era um privilegio.Podiam unir-se pelo casamento a uma famlia romana, estabelecer-se na cidade, ser nela proprietrio e comerciar em Roma. Foi chamada de guerra social aquela que se seguiu, em que eram os aliados de Roma que tomavam armas para no serem aliados e tornar-se romanos. Porm, como Roma foi vitoriosa sentiu-se obrigada a conceder o que pediam e os italianos ganharam o direito de cidade, e assim, assimilados aos romanos, puderam votar no frum, foi reconhecido o seu direito pelo sono, e tanto a terra romana, como a terra italiana, pode ser possuda como propriedade. Sem esquecer que, em sua vida privada, foram regidos pelas leis romanas. Assim, estabeleceu o Jus italicum. A partir deste fato, a Itlia passou a ser um s Estado. possvel verificar uma distino entre as provncias do Ocidente e a Grcia. No Ocidente, encontrava-se a Glia e a Espanha, que, antes da conquista no haviam reconhecido o verdadeiro regime municipal. Formaram-se cidades na Glia, em que cada uma delas teve o seu Senado, cada um tambm teve o seu culto local, sua imagem que no havia na antiga Grcia e na antiga Itlia, alm de outras coisas. Esse regime municipal no impedia que os homens fossem cidade romana. Assim, a Grcia entrou pouco a pouco no Estado romano, e cada cidade, no principio, manteve as ordens e mecanismos do regime municipal. Vale ressaltar que os gregos no tinham por Roma esse dio todo que normalmente tem por um ser estrangeiro, pelo contrrio, eles a admiraram, dedicavam-lhe um culto e lhe consagravam como um deus. Cada cidade deixava de lado a sua divindade protetora e adoravam a deusa Roma e o deus Csar, e assim, as mais belas festas eram pra eles. Os homens, de qualquer cidade, vinham Roma como uma verdadeira ptria, uma cidade excelente. As cidades natais dos mesmos pareciam pequenas, e no mais os satisfaziam as suas ambies. As leis que encontravam nas demais cidades, eram vazias e sem fundamentos, o prprio grego pouca a estimava. Aquele homem que conquistava o titulo de cidado romano, no fcil mais parte civilmente, nem politicamente de sua cidade natal. Poderia continuar a morar nela, mas era considerado estrangeiro. Essa era a consequncia do velho principio que no permitia que um mesmo homem pertencesse a suas cidades ao mesmo tempo. Aconteceu naturalmente que depis de algumas geraes houvesse em cada cidade grega um nmero bastante grande de homens, e normalmente os mais ricos, que no conheciam nem o governo, nem o direito dessa cidade. Assim, o regime municipal, pereceu lentamente e como que de morte natural. Chegou um dia em que a cidade passou a ser um quadro que no continha ais nada, em que as leis locais j no mais se aplicavam quase a ningum, em que os juzes municipais no tinham mais pessoas sujeitas sua jurisdio. Seguindo esta mesma linha de raciocnio, depois de quase 10 geraes, foi instaurado um decreto que o concedeu a todos os homens livres, sem distino. So raros os decretos mais importantes do que esse na histria, pois fazia at desaparecer a distino, muito mais velha que a religio e o direito haviam marcado entre as cidades. Assim, o titulo de cidado foi caindo cada vez mais em desuso.A partir disso, todos que faziam parte do imprio romano, desde a Espanha, at os Eufrates formaram realmente um nico povo e um s Estado. No foi somente a conquista para operar essa grande mudana, e sim foram necessria a lenta transformao de ideias e o foco dos interesses individuais. Todas as cidades desapareceram aos poucos e a prpria cidade romana, que era a mais resistente e existente, transformou-se literalmente voltada a um nico senhor, e assim, caiu o regime municipal. III- O cristianismo muda as condies do governoPara que sejam analisadas as mudanas que o cristianismo realizou na ordem social necessrio lembrar que as sociedades antigas eram baseadas na concepo religiosa de que cada Deus protegia uma famlia ou uma cidade e a existem desse Deus estavam restritos para eles, e dessa religio erram construdos o direito, este organizava as relaes entes os homens, os direitos de propriedade, de hereditariedade e demais procedimentos jurdicos. Ela tambm est diretamente ligada forma de governo entre os homens, as dimenses de direito, governo e religio haviam se confundido e para muitos efeitos eram vista como uma nica coisa. As sociedades gregas e italianas durante os primeiros perodos da sua histria tinham como caracterstica principal a presena a formao do Estado composto pela a comunidade religiosa, em que os chefes de governos e os magistrados eram membros dessa comunidade, para essas sociedades antigas era a religio quem detinha o poder tanto na esfera da vida particular como na pblica, eram eles que formulavam a lei, e surgiam as noes de direito, de justia e o dio pelo estrangeiro, por aqueles quem no pertenciam quela cidade ou famlia. Porm no decorrer da histria as sociedades foram se modificando. Ocorreram mudanas no governo e no direito, ao mesmo passo que ocorriam nas crenas. Nos cinco sculos que antecederam o cristianismo j era possvel perceber mudanas na relao existente entre direito, poltica e religio, em que no ocorriam mais uma aliana to grande nessas trs dimenses. Essas mudanas se devem aos esforos das classes oprimidas e ao trabalho dos filsofos. E nesse perodo a poltica e o direito comearam a se tornar independente da religio, pois os homens deixam um pouco de lado as suas crenas.O Cristianismo fez renascer o sentimento religioso ento adormecido, contudo com uma perspectiva diferente. A viso que se te tinha antes de vrios deuses em que cada uma se destinava a uma famlia, passou para a de um Deus uno que no faz distino de pessoas. No era mais uma religio domestica to pouco de uma cidade ou nao, mas sim uma que no exclua ningum. O Cristianismo tinha como dogma a adorao de um Deus universal que no fazia distino de nenhuma raa, famlia ou Estado, em que no se devia pregar o dio para com o estrangeiro. Pois a religio no era mais um patrimnio e o sacerdcio no era passado de forma hereditria, pelo contrrio a religio era ensinada e levada para os mais distantes. Dessa forma o dio pelo estrangeiro foi substitudo pelo sentimento de deveres de justia e afeio.Atravs dos ensinamentos de Cristo tambm foi possvel perceber que deveria existir uma distino entre religio e poltica. Pois o cristianismo afirma que o Estado e religio no tem nada em comum e por isso deve ser separa o que durante a antiguidade era entendido como sendo a mesma coisa.A partir dessa mudana a poltica tornou-se mais livre, e o Estado passou a ter autonomia e soberania em muitos aspectos, contudo tambm diminuir o sentimento de pertencimento do cidado, pois essa religio ensinava que o homem s tinha compromisso com Deus. Os deveres de cidadania foram enfraquecidos.As concepes do direito tambm foram alteradas, pois anteriormente o direito estava submetido a religio e todas as suas regras vinha dela. Porm o cristianismo foi a primeira religio em que afirmou que o direito no surgia dele. Ela se coloca fora do direito, no regula o direito a propriedade, nem a herana, dentre outras concepes do direito. Podendo ento ser percebido nesse contexto a influncia do direito romano na histria. Dessa forma, ocorrem mudanas profundas na ordem social, o pai no tinha a autoridade absoluta de antes, e passou a ter um papel natural de cuidar das necessidades dos seus filhos. A mulher que antes era tratada como inferioridade, tornou-se moralmente igual ao marido. E os direitos de propriedade tambm foram modificados.Portanto, pode ser percebido que as mudanas no fato da religio no ser mais domestica contriburam para mudanas no somente na poltica, mas tambm no direito e na formao das famlias.

REFERNCIASCOULANGES, de Fustel. A cidade Antiga. 2 Ed. So Paulo: Martin Claret, 2007.WOLKMER, Antnio Carlos.O direito nas sociedades primitivas, In: Fundamentos de histria do direito, p. 19.

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