A busca de Mateus:o sentido da vida.

2a edição, 2013.

1ª edição, 2012Águas de São Pedro, SP

TriloGiaVolume I - A busca de Mateus: o manto negro da morte

Volume II - A busca de Mateus: seguir em frente é precisoVolume III - A busca de Mateus: o despertar

A busca de Mateus:o sentido da vida.

Editor responsávelZeca MartinsProjeto gráfico e diagramaçãoClaudio Braghini JuniorControle editorialManuela OliveiraCapaZeca MartinsRevisãoTiago Soriano

Esta obra é uma publicação da Editora Livronovo Ltda.CNPJ 10.519.6466.0001-33www.editoralivronovo.com.br@ 2012, São Paulo, SPImpresso no Brasil. Printed in Brazil

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criado, sem o prévio e expresso consentimento dos editores.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

P436vMatias-Pereira, J.O voo da águia real. A busca de Mateus: o sentido da vida / J. Matias-Pereira. 2a. edição - Águas de São Pedro: Livronovo, 2013.

352 p.; 21 cmISBN 978-85-8068-100-0

1. Literatura Brasileira. 2. Ficção. 3. Filosofia de vida. 4. Sabedoria. 5. Autoajuda. I. Título.

CDD – B869

Ao adquirir um livro você está remunerando o trabalho de escritores, diagramadores, ilustradores, revisores, livreiros e mais uma série de profissionais responsáveis por transformar boas ideias em realidade e trazê-las até você.

Dedico este livro aos grandes pensadores da civilização oci-dental e oriental, sem os quais não teria sido possível escrevê-lo.

Em memória de meu avô, Luiz Rufino,que desde muito cedo me ensinou a ler os sinais do universo.

Sumário

Prefácio ............................................................................................ 9A busca de Mateus: o manto negro da morte .................................. 11O fim de um ciclo .......................................................................... 13O brilho das luzes da cidade ........................................................... 19Imagem refletida no espelho ........................................................... 27Lembranças de uma bela mulher ................................................... 32O primeiro beijo ............................................................................ 39Os motivos da separação................................................................. 47O preço de uma traição .................................................................. 52Quando a tristeza chega para ficar ................................................. 61Um gosto amargo na boca .............................................................. 68O diálogo com os mortos ............................................................... 73O sinal .......................................................................................... 79A escolha do caminho .................................................................... 85O pórtico de Saint Jacques ............................................................ 92Uma ponte chamada Notre-Dame ................................................. 98A rota de Napoleão ...................................................................... 102O enigma do voo da águia ............................................................ 108O sentido da vida ......................................................................... 115A busca de Mateus: seguir em frente é preciso .............................. 125A descida da montanha ................................................................ 127

A celebração da missa no rito antigo ............................................. 134O encontro com o velho padre ..................................................... 138Um convite inesperado ................................................................. 142O doce reencontro com a moça ruiva francesa .............................. 146Seguir em frente é preciso... .......................................................... 158Lágrimas na trilha ........................................................................ 163As dores do caminho .................................................................... 170Sentindo pena de si mesmo .......................................................... 174Cada um faz o seu próprio caminho ............................................ 177Conversa com o pensador ............................................................. 182Em sintonia com a natureza ........................................................ 186O encontro com o velho do caminho .......................................... 195Perguntas simples, respostas complexas ........................................ 202Lições de vida .............................................................................. 208Um mergulho na mente humana .................................................. 214A intuição humana ....................................................................... 218A prática da tolerância .................................................................. 225Um breve debate sobre filosofia, ciência e religião ......................... 232A eterna procura da sabedoria ...................................................... 238Em busca do sentido da vida ........................................................ 246A chegada a Santiago de Compostela ............................................ 250Mensagem para o velho sábio do caminho ................................... 262Uma surpresa agradável ................................................................ 267Desfrutar a vida com intensidade ................................................. 271Deixando a vida fluir naturalmente .............................................. 283Uma estranha despedida .............................................................. 297A busca de Mateus: o despertar..................................................... 301O reencontro com a realidade ....................................................... 303Quando a vida perde o sentido ..................................................... 310A inexplicável viagem do espírito pelo caminho ........................... 314A experiência de quase-morte ....................................................... 322O sofrido processo de recuperação ................................................ 329Ninguém se perde no caminho de volta ....................................... 333Prólogo ......................................................................................... 343

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Prefácio

“A vida não é uma ciência exata, mas sim uma arte.” Samuel Butler (1835-1902), escritor britânico.

Esta obra - O voo da águia real - A busca de Mateus: o senti-do da vida – está organizada numa trilogia. No volume 1 temos “A busca de Mateus: o manto negro da morte”; no volume 2 “A busca de Mateus: seguir em frente é preciso”; e, no volume 3 “A busca de Mateus: o despertar.” O foco principal do livro é a inquietante busca de Mateus para compreender o sentido da vida. Nele o leitor é convidado a fazer uma viagem ao universo da mente humana, que é deflagrada no momento em que Mateus percebe que o mundo que havia construído para si era limitado e medíocre, e passa a refletir com intensidade sobre o sentido da vida. Ao se perguntar o que estava fazendo com a sua vida e aonde queria chegar ao final de sua caminhada, ele descobre que aquelas eram perguntas simples, cujas respostas eram muito complexas.

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Quando nos tornamos capazes de olhar ao mesmo tempo para o infinito e para o interior de nossa alma, descobrimos que existem inúmeras respostas possíveis para o sentido da vida. Essas respostas, em geral, estão vinculadas a convicções religiosas ou filosóficas, e são distintas de indivíduo para indivíduo. Mais importante, ainda, é saber que essas respostas tendem a variar no decorrer da vida de cada ser humano. Para alguns filósofos, como Espinosa, é importante tirar o máximo prazer das coisas que usamos sem chegarmos ao ponto de delas desgostarmos, já que tal não significaria prazer, eis a postura do homem sábio. O sentido da vida, discussão que vem ocorrendo desde a antiguidade, conduzida por pensadores, filósofos e, em especial, por uma grande parcela dos seres humanos, continuará merecendo novas reflexões no futuro, como as que ora vamos fazer juntos.

J. Matias-PereiraSaint Jean de Pied-de-Port

Pirineus Atlânticos, Aquitânia, França, inverno de 2011

Livro I

A busca de Mateus: o manto negro da morte

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Capítulo 1

O fim de um ciclo

“Uma vida não questionada, não merece ser vivida.” Sócrates (470 a.C - 399 a.C.), filósofo grego, em Apologia, Platão.

A composição do metrô, naquele final de dia, quase noite, ,se aproximava de forma ruidosa da estação de Moncloa, ponto final da linha amarela. O nome da estação está relacionado a um dos bairros mais bonitos e agradáveis de viver, o de Moncloa-Aravaca, que abriga a imensa cidade universitária de Madri. Era sexta-feira, dia 14 de junho de 2010, e o calor do verão europeu tornava o ambiente quase sufocante no interior do vagão, que naquele horário de pico estava completamente lotado. Sacolejando de um lado para outro, na medida em que o con-dutor acionava os freios, o trem jogava as pessoas que viajavam de pé umas contra as outras, criando um ambiente confuso e desconfortável. Mesmo os passageiros que estavam sentados eram incomodados pelo barulho e a confusão que se formava dentro do vagão no momento da

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chegada da composição à estação. Em que pese os transtornos diários, não podia negar que gostava muito de viver em Madri.

A chegada do metrô à estação sempre gerava um frisson nos pas-sageiros, pois a grande maioria, que morava em bairros mais afastados do centro, ainda tinha que pegar a conexão de ônibus para chegar aos seus lares. Eu também comecei a preparar-me mentalmente para descer. Encontrava-me de pé, no corredor do vagão lotado, e embora não tivesse o costume de ficar olhando para outros passageiros, a senhora sentada à minha frente, de meia- idade, alta e gorda, pele muito branca, cabelo loiro artificial, estilo chanel, chamou a minha atenção. Os fios pretos, que nasciam na base de sua cabeça, sinalizavam que estava na hora dela fazer um retoque na pintura dos seus cabelos. Vestia uma blusa branca folgada e uma calça de jeans azul- céu, com aparência de surrada e apertada, e levava uma imensa bolsa marrom no colo. Dava para perceber que estava se sentindo bastante desconfortável naquele ambiente. Naquele momento ela passava na testa, sem sucesso, um lenço de papel amarrotado para enxugar o suor. A sua boca era nor-mal, e os lábios finos. A curvatura dos lábios, em forma de meia- lua virada para baixo, revelava que ela estava preocupada ou aborrecida com alguma coisa. Olhando novamente de esguelha o seu perfil, fiquei imaginando que talvez fosse descendente de italianos.

Com o anúncio da chegada do trem à estação ela tentou se levantar rapidamente, mas a parada brusca do trem, entretanto, fez com que ela desabasse pesadamente no colo do passageiro que estava sentado ao seu lado. A referência pouco elogiosa que ela fez sobre a genitora do condutor do trem inibiu as pessoas em volta a rirem do incidente. Observei, enquanto me levantava do banco, que na segunda tentativa ela conseguiu ficar de pé, graças a ajudada dada pelo passageiro que estava sendo quase esmagado por ela. Um novo balança do vagão fez com que ela viesse em minha direção. Como dois corpos não conseguem ocupar o mesmo lugar no espaço acabei

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sendo empurrado em direção aos passageiros que também já haviam se levantado, e que estavam às minhas costas. Logo em seguida, ouvi uma voz feminina aguda, que pelo timbre deveria ser de uma pessoa jovem, reclamando da falta de educação de alguém, alertando que ele estava pisando no seu pé. Já não conseguia mais achar graça da-quelas manifestações, muitas vezes cômicas, pois aquelas eram cenas recorrentes naqueles horários de maior movimento de passageiros. Para evitar um novo esbarrão, fiz pressão com as minhas costas, empurrando as pessoas que estavam atrás de mim, para deixar que a senhora gorda pudesse sair na minha frente, com a sua bolsa enorme. Ela saiu resmungando, sem olhar para trás.

Nos últimos quatro anos eu havia feito aquele trajeto diaria-mente nos períodos letivos, de segunda a sexta-feira, rumo ao Instituto Universitário Ortega y Gasset, localizado à calle Fortuny, 51, no centro de Madri. Partia pela manhã e retornava no início da noite. Naquele horário, além do forte odor que exalava das roupas impregnadas de suor dos passageiros, tornava-se perceptível os sinais de cansaço estampados nos seus rostos, após mais um longo dia de trabalho. Mesmo com a enorme dificuldade para ultrapassar a porta do vagão, pois todos que-riam sair ao mesmo tempo, sentia-me equidistante daquelas pessoas em minha volta. Sentia-me, porém, um pouco cansado.

Sem dúvida aquela sempre seria uma data especial para mim, pensei, pois havia defendido com sucesso, na manhã daquele dia, a minha tese de doutorado em Ciências Políticas na Faculdade de Ciên-cias Políticas e Sociologia da Universidade Complutense de Madri. Em que pese a expressão de alegria estar estampada no meu rosto - imagem que permanece congelada na fotografia tirada no momento em que o presidente do tribunal composto por cinco professores catedráticos, encarregado de julgar o trabalho, anunciou a aprovação da minha tese com louvor - eu me encontrava bastante desgastado física e emocional-mente, após quatro anos de estudos e pesquisas sobre a conexão que