a barragem do rio manso e as estruturas de gestão ... · para a conservação são dadas por...
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A barragem do Rio Manso e as
estruturas de gestão percebidas por uma
comunidade tradicional. Silveira1, J.S e Da Silva2, C.J.
1. Doutoranda do Programa em Gestão e Política Ambiental, Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília [email protected] 2. Professora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Federal de Mato Grosso.
Introdução
A Bacia do Alto Paraguai possui sua área de captação
localizada no bioma Cerrado e sua planície alagável formando o
Pantanal Mato-Grossense. Segundo Da Silva (1998, p.559), as bacias
hidrográficas devem ser vistas “como espaços geográficos naturais
que funcionam como sistemas, onde características do solo, do relevo,
da vegetação, do clima e as atividades humanas refletem a variação
limnológica da água”. Compõe, assim, uma dinâmica integral e única
dos recursos hídricos da bacia. Dentro deste largo sistema hidrológico
encontra-se a bacia do rio Cuiabá, a qual recentemente foi alterada
pela barragem do Rio Manso, principal afluente do Rio Cuiabá.
O contexto de desenvolvimento econômico, político e social
centrado no cenário da Bacia do Rio Cuiabá e do APM1 Manso
(Aproveitamento Múltiplo de Manso) se encontra dentro de uma
esfera conflituosa do direito à água e à terra, acesso aos recursos
naturais e hídricos, e dependência dos mesmos para a sobrevivência.
A barragem do rio Manso foi inaugurada em 1998, com
objetivo de geração de eletricidade, controle de enchente e irrigação.
A barragem possui uma área de alagamento de 427km2 teve como seu
período de enchimento de Set/98 a Dez/99 possui quatro turbinas,
com uma potência instalada de 210MW (Brasil, 1987).
1 A barragem do Rio Manso, foi primeiramente denominada de UHE (Usina hidrelétrica) e hoje é denominada pela Eletronorte de Aproveitamento Múltiplo (APM).
A barragem do Rio Manso, hoje denominada pela Eletronorte,
aproveitamento múltiplo (APM) trata-se da primeira usina
hidrelétrica que controla a inundação no Pantanal em grande escala
(Da Silva & Girard, 2004). Mudanças no frágil sistema de inundação
da Bacia do Rio Cuiabá trazem conseqüências ainda não
completamente mensuráveis.
Junk & Nunes de Mello(1987) enfatizam a adaptação de plantas
e animais a condições específicas de um dado ecossistema. O
represamento de um rio significa uma interrupção do sistema de
conectividade e transformação do mesmo de aberto para fechado e de
acumulação. Esta pesquisa considera que tal adaptação é também
parte da vida das comunidades ribeirinhas à jusante da barragem do
Manso, uma vez que estas estão diretamente ligadas ao ecossistema
seja por meio de trabalho, esfera social, cultural ou cosmológica.
As comunidades tradicionais ribeirinhas desta bacia vivem em
um ambiente que é moldado pelo movimento de suas águas. Cada
fase deste movimento – enchente, cheia, vazante e estiagem – (Da
Silva & Silva, 1995) tem suas características próprias e traz para
aqueles que lá vivem e as observam um modo de pensar, sentir, olhar
e agir único que, portanto, devem ser considerados quando políticas
de manejo e conservação desta bacia são propostas. Esta percepção e
uso da água para sustentação da biodiversidade e do sistema hídrico
do Rio Cuiabá caracteriza o modo de vida destas comunidades
ribeirinhas, e promovem continuidade cultural e social de intra e inter
relações.
Com a barragem do Rio Manso percepções e modos de vida
foram alterados e ainda não compreendidos em sua totalidade. O
processo de tomada de decisão e execução deste grande
empreendimento foi caracterizado por uma forma de manejo de
exclusão, ecossistêmica e social. A participação presente neste
processo foi registrada através das estruturas de gestão percebidas
pela comunidade do Sítio Sant Rita, a jusante da barragem. Esta
comunidade está localizada no encontro do Rio Cuiabazinho com o
Rio Manso (Figura 1) e é composta principalmente por pescadores
profissionais artesanais.
Figura 1 – Área de estudo.
A comunidade a jusante foi escolhida por caracterizar o que
Adams sugere:
Os impactos sociais das barragens em ambientes à jusante tendem a resultar em complexas interações entre impactos ambientais e econômicos... os efeitos à jusante de uma barragem nas pessoas dependem de um conjunto complexo de impactos sobre o volume e a amplitude das inundações e ligações hidrológicas entre rio e planície de inundação. A dependência das comunidades a jusante em atividades econômicas dependentes do fluxo do rio mostram que impactos sociais refletem impactos ecológicos. Impactos a jusante têm sido a Cinderela dos debates sobre barragens: não-reconhecidos, mal-entendidos e sub-estimados por planejadores. Uma das razões é o fato desses ocorrerem em áreas remotas, longe da barragem e facilmente ignorados (Adams, 2002, p3). Para se obter um desenvolvimento integrado dos
recursos hídricos, as pessoas precisam estar no centro do processo de gerenciamento (International Fresh Water Conference, 2001) e tomada de decisões. Em um documento apresentado pela Estratégia Mundial para a Conservação, Diegues (2000) ressalta que os fatores limitantes para resolver problemas básicos da conservação não são de ordem ecológica, e sim política, econômica e social, onde as opiniões
Sítio Santa RitaSítio Santa Rita
para a conservação são dadas por biólogos, economistas, agrônomos, sociólogos, mas a decisão em última análise ainda não se encontra com os usuários locais dos recursos naturais. A etnoecologia aparece então como ferramenta chave na busca do continuun ser sociedade-natureza, pois valoriza o conhecimento cultural local, elevando-o ao patamar de igualdade na tomada de decisões.
O ponto de partida desta pesquisa é buscar a inclusão dos usuários locais em estruturas de gestão participativas e reconhecimento de seus saberes.
Estruturas de gestão, organização e mudança Grandes mudanças no sistema hídrico do Rio Cuiabá, como a
barragem do Rio Manso, estão contribuindo para uma mobilização
maior por parte daqueles que do rio tiram sua subsistência. Os
impactos como modificação de habitas, comprometimento do modo
de vida de animais, cheias extemporâneas, aumento da pesca
predatória e a própria falta de clareza da lei de pesca vigente no
estado afetam diretamente a vida do pescador ribeirinho.
O entendimento da comunidade do Sítio Santa Rita acerca da
participação nas estruturas de gestão, existentes ou a serem
constituídas, do Rio Cuiabá foi verificado através de duas estruturas
de gestão. A primeira é a colônia de pescadores e a segunda é a
fiscalização. As estruturas de gestão foram escolhidas por refletirem
o quê e como chegam políticas públicas na e para a comunidade.
A colônia de pescadores é uma estrutura que parte da sociedade
civil organizada e pressupõe controle da comunidade sobre a
estrutura. A colônia faz parte também da organização social da classe
de pescadores, implicando em uma participação mais efetiva dos
membros em decisões de classe, seus direitos e deveres.
Os valores positivos acerca da colônia de pescadores estão
relacionados à conservação dos peixes, ao respeito à lei do rio, à
ordem, ao seguro emprego, ao relacionamento social na comunidade,
à comercialização e a possibilidade de ter aposentadoria garantida
(Tabela I).
Por outro lado a percepção negativa sobre a colônia de
pescadores está associada ao fato da restrição de existirem empregos
com carteira assinada em outros locais; pela restrição de ter outra
atividade geradora de renda como a agricultura, artesanato e outras;
pela disposição em continuar utilizando artefatos de pesca proibidos
pela lei; e por considerarem que o seguro desemprego na época da
piracema afasta o pescador do rio facilitando, assim, a ação da pesca
ilegal (Tabela I).
Tabela I– Percepção dos pescadores da colônia de pesca Z-4. Positiva Negativa
“ A colônia ensina os pescador a respeitar mais a lei do rio sobre reserva, piracema, quando não tinha colônia, não tinha os profissional a turma misturava tudo, subida e descida era a mesma coisa, não tinha chefe para falá assim ‘ vamo respeita é piracema, vamo agüenta um pouco, vamo deixa o peixe descer e para o ano vem peixe’.” “ Sendo da colônia é o jeito mais fácil de comercializá o peixe.”
“Eu não posso fazer carteira porque eu não pesco só de anzol, se chamar para botar uma rede aí, ‘vamo bora’, botar tarrafa, ‘bora’, é bom que pega bastante logo, eu não gosto de pegar pouco não. Eu acho que não tem valor (carteira), pagam pouco, dá para ganhar mais. Com um salário desse aí eu não quero que assina minha carteira... para mexer com peixe assim não, não assinava não, o negócio é pescar contrabando e sem carteira”
“Eu acho uma coisa boa, para mim é bom porque as coisa andam mais em ordem, a gente anda em ordem com os documentos, essas coisa, aí também vem o seguro. Quando vem a piracema nós recebe dinheiro e tem direito a cinco quilos”
“Eu nasci e criei aqui, mas nunca interessei em ser pescador profissional, a colônia é bom só que não para mim, o pescador profissional tem que estar sempre no rio pescando, eu faço outras coisas.”
“ A colônia tem vantagens, ela é mais vantajosa por causa do seguro na época da piracema a gente tem esseretorno, que a gente paga todo o ano e quando chega na época da piracema nós temos retorno.” “ Eu agradeço por ter ficado aposentado, se não fosse pela colônia nem ligavam para a aposentadoria...eu acho muito os benefício da colônia, é bom para os pescador tudo, que compreende os regulamento, mantém os pagamento tudinho certo. Aqui ainda não tem, mas pode ter direito de médico e tudo, uma colônia bem organizada tem tudo isso, todo apoio de médico.”
“esse seguro desemprego está erradíssimo, se liberasse para pescar de anzol, se tivesse fiscalização mesmo, era muito melhor do que ficar do jeito que está. O seguro desemprego tira o pescador profissional do rio, tira, eu não vou lá para fazer pic-nic, pegar 5 kilo para comer lá, eu não vou. É o que o clandestino gosta, ele não vai, cicrano não vai, beltrano não vai, é ele que vai tomar conta do rio, porque fiscal não tem...tem seguro desemprego, tá tudo a vontade.”
“ A vantagem é ter a carteira, se a fiscalização vem e está com a carteira está com tudo exigido não tem problema nenhum.”
“Eu não sou profissional nem amador, que minha carteira não pode assinar como pescador, que eu tenho carteira assinada em firma e se bater, o computador pega”.
“eu tenho boas amizades na colônia, é mais fácil de a gente conseguir algum recurso, é mais fácil de resolver os problemas. Temos o presidente lá então não precisa ficar correndo atrás das coisas é o presidente que corre atrás para a gente. Enquanto a gente tá trabalhando o presidente tá resolvendo os problemas, é um benefício que nós temos”
As comunidades ribeirinhas, especialmente aquelas que estão
envolvidas diretamente com a pesca profissional seguem uma
organização social que pode ser estudada de diversos ângulos. Um
primeiro nos traz a perspectiva que estas pessoas estão inseridas no
ambiente da margem do rio por pelo menos dois séculos e durante
este período de tempo adaptaram-se aquele ambiente, seus ciclos e
eventos. O segundo ângulo nos reporta à inserção de normas e valores
alheios à estrutura pré-existente. Um terceiro ângulo é caracterizado
pelo impacto da barragem do Rio Manso, este sobrepõe o primeiro e
do segundo, e nele encontramos a descontinuidade, a incerteza e a
necessidade de adaptação para sobrevivência.
No contexto estudado foram identificadas pelo menos três
formas de organização social. A primeira refere-se à realidade
ecológica e cultural dos ribeirinhos enquanto moradores das margens
ripárias. A segunda refere-se à organização enquanto morador,
pescador profissional, associado à colônia de pescadores Z-4, Nobres-
MT. A terceira organização identificada e reconhecida pelos
ribeirinhos é a fiscalização, uma estrutura que não tem como base
valores e regras locais e atende a interesses em nível regional e
federal. Esta é aqui tratada como uma estrutura alheia à comunidade,
mas que foi introduzida e necessita ser considerada em práticas
locais. As implicações destes níveis organizacionais, suas intra e
inter-relações abrem um leque de possibilidades na busca de
entendimentos acerca de formas de gestão e manejo para o Rio
Cuiabá.
A colônia de pescadores é um espaço que vem se organizando e
mostrando a capacidade que a classe possui de trabalhar por
condições mais justas e éticas de trabalho. Um exemplo claro foi a
realização do I Fórum Estadual de Pesca do Estado de Mato Grosso
que teve como objetivo “capacitar as lideranças das Colônias de
Pescadores para uma melhor intervenção nas Políticas Públicas; nas
atuações diárias dos trabalhos em diversas áreas, tais como
Previdência, Educação Ambiental, Fiscalização, Habilitação dos
Pescadores” (Convite/Programa do Evento). Representantes de todas
as 12 colônias de pescadores existentes no Estado de Mato Grosso
estiveram presentes reforçando, assim, o caráter participativo das
colônias de pescadores. Neste evento o impacto da barragem do Rio
Manso foi discutido com fervor na busca de alternativas para
compensações. Na percepção dos pescadores, a prática da pesca
profissional no estado já impõe condições e restrições2 (Medeiros,
1999) que nenhum outro trabalho demanda. A barragem acentua as
condições que restringem mais ainda a atividade pesqueira fazendo
com que a sobrevivência através desta única atividade se tornasse um
desafio diário. Este cenário contribui para a veracidade de conceitos,
como o de exclusão social e ecossistêmica de populações como a do
Sítio Santa Rita.
A fiscalização é uma estrutura governamental em que a
concepção de controle adquire outro significado, pois a comunidade é
controlada e não exerce controle. Quando indagados acerca de
estruturas de gestão foi a primeira a ser citada ou referenciada. A
fiscalização é vista como uma estrutura não participativa, onde a voz
da classe de pescadores ainda é pouco considerada.
A atuação da fiscalização como uma instituição controladora da
atividade de pesca no Estado de Mato Grosso tem sido questionada
quanto à eficácia e representatividade fidedigna ao poder público.
Muitos são os relatos quanto a maus tratos e desrespeito ao
trabalhador do rio:
“ tem horas que eles são meio grosseiro...”
“ Da fiscalização eu não digo nada porque a fiscalização na
forma da lei é boa, agora a fiscalização muitas vezes é baderna
também, muito. Abusa, né?”
Com alterações na qualidade da água desde do represamento do
Rio Manso, alguns moradores da beira do rio, que consumiam água
do Rio Manso, não consomem mais e vão em busca de água, em
outros córregos ou minas durante o ano todo. O depoimento que
2 Ver Lei de Pesca do Estado de Mato Grosso n° 6.672 de 22 de outubro de 1995.
segue é de um senhor viúvo, aposentado que usa sua canoa para
buscar água em uma mina:
“Muito ainda tem os canoeiro, agora nessa época aparece
mais, que os rio enche que a turma da fiscalização baixa em cima e
não deixa a gente pescar, nem para comer, teve um aí que veio e
queria que eu suspendesse minha canoa do rio para cá, eu digo, não
tem condição eu pego a minha canoa para buscar água, eu pego
água lá embaixo, não tem condição subir e descer a canoa toda vez
sozinho, tá loco, não sou obrigado a ficar arrastando canoa para lá e
para cá de jeito nenhum.”
Relatos como os aqui apresentados não são uma peculiaridade
desta pesquisa, estudos (Medeiros, 1999; Costa Jr, 1996; Da Silva &
Silva, 1995) também descrevem a percepção ribeirinha acerca da
atuação da fiscalização no estado. Por haverem várias estórias de
maus tratos, aspectos negativos relacionados à fiscalização, procurou-
se saber da comunidade o que poderia ser feito para que esta
instituição governamental melhorasse em sua atuação e
representatividade.
Os próprios ribeirinhos reconhecem a quantidade de trabalho
destinada aos poucos fiscais:
“ Eu acho que a fiscalização não tem condição de fiscalizar o
rio inteiro, o rio é muito grande e eles são poucos, enquanto eles tão
numa parte o pessoal tá rediando noutra.”
E o pouco apoio, recebido do próprio governo, para uma
eficácia maior no trabalho de fiscalização:
“Eu achava assim que eles tinham que dá mais apoio né, dá
mais incentivo assim para eles vim porque eles reclama que não tem
carro, falta de pessoal, eu achava que se o governo desse mais apoio
para nós nessa parte era melhor e apoiá a gente com a fiscalização,
para andar no rio pelo menos umas três ou quatro vezes por mês,
para nós seria melhor, principalmente na véspera da piracema.”
Quando indagados a respeito do pescador, como colaborador ou
até fiscal do rio, as respostas obtidas foram:
“um tempo até ficou assim que era para os pescador
profissional ajudá a fiscalizar o rio, mas era para eles dá um recurso
para nós, uma ajuda porque não tem como nós trabalhar se nós não
ganha nada, aí ficou assim e eles achou difícil e não quis colocar os
pescador, aí ficou só eles mesmo e eles não dão conta. Não tem como
a gente trabalhar dado”.
“...no meu ponto de vista eu achava que os fiscal daqui seria
mais os pescador, aumentasse mais o nosso ganho e nós mesmo seria
os fiscal. Aí o governo ficava do nosso lado, mas ele paga nós um
salário que não dá nada. Se ele aumentasse nosso salário poderia
cobrar mais de nós também. E nós tinha jeito de cobrar dele também.
Nosso salário é pouco, que uma pessoa faz com um salário, numa
casa que tem três ou quatro criança?, não dá para nada. Se for para
trabalhar com outra coisa não pode. E essa época assim se eles
ficassem do nosso lado, no caso assim, mais apoio a colônia, um
trator para nós, desse uma ajuda porque é época de plantio, se
viesse um salário e mais uma ajuda para nós planta, era uma forma,
um jeito deles fica do nosso lado.”
São respostas que chamam por uma integração maior entre os
interesses do pescador em eticamente preservar sua classe
trabalhadora, seu sustento, seu modo de vida e os interesses do Poder
Público em manter pessoas, cidadãos, trabalhando legalmente, com
condições dignas de qualidade de vida. Mas a questão da autoridade,
do lugar ocupado, de quem entende do rio e de quem não entende, é
ponto forte e que merece destaque:
“Eu acho que nós (pescadores como fiscais) não controla
também porque o povo só respeita a polícia, uma pessoa como eu
eles não vão respeitar, né? Eles só tem medo da polícia, o outro que
não é polícia eles não respeita, aí vai caça briga com eles, não dá”.
“Nós temos medo de polícia, fiscalização, eles fazem é
amendrontar a gente...esses pescador tudo são assustado.”
Questões relacionadas ao poder da autoridade e a função social
dos pescadores foram levantadas por meio das indagações de
legitimidade “povo só respeita a polícia” e poder “nós temos medo
da polícia”. Estas noções são extremamente importantes e remetem à
questão de como uma gestão integrada do sistema hídrico do Rio
Cuiabá, pode ser efetivamente alcançada.
É partindo deste ponto que busca-se, aqui, reconhecer a
discussão emergente acerca de espaços para participação e novas
propostas de manejo de recursos hídricos em nível nacional, regional
e local. Reconhecendo o que Castro (2000) sugere, as populações
tradicionais não somente estão no meio dos processos de mudanças
mais profundos de nossa contemporaneidade. Estes processos estão
marcados pela intensificação da lógica de mercado, das estruturas de
poder burocratizadas que estão em momento de serem chamadas a
tomar parte nas estruturas de gestão participativas que começam a
vigorar no Brasil e no mundo.
Essas estruturas de ordem podem ser exemplificadas através
dos Comitês de Bacia, que começam a ser implementados no Brasil.
A lei 9433/97 dita que Comitês de Bacias terão composição tripartite:
1) representantes da Administração Pública (federal, estadual e
municipal); 2) representantes dos usuários das águas de sua área de
atuação; e 3) representantes das entidades civis de recursos hídricos
com atuação comprovada na bacia (Irigaray, 2003). Para esta
composição tomar forma efetiva de participação é importante
observar considerações tais como as seguir destacadas:
É cediço que o longo período de autoritarismo vivido pelo nosso país desmobilizou a sociedade e enfraqueceu a cidadania. Resgatar o interesse pela ação política local e pela participação nos órgãos colegiados constituídos para a defesa de interesses difusos, requer uma ação concreta do Poder Público e das instituições políticas. A constituição de associações de moradores, usuários, ambientalistas, e o engajamento de instituições científicas e associações de profissionais devem ser estimuladas, sobretudo através de ações educativas que promovam o despertar de uma consciência ecológica, a sensibilização da sociedade e o interesse pela participação pública. Sensibilizar usuários e a sociedade civil, esclarecendo a real situação da água no mundo, é o primeiro passo para a criação de comitês de bacia operantes. Idêntico trabalho deve ser feito junto às autoridades municipais, prefeitos e vereadores que, via de regra, desconhecem a realidade dos problemas hídricos locais e a importância das ações preventivas. A informação é a chave que abre a porta à participação pública (Irigaray, 2003 p.68)
Em relação à gestão de bacias hidrográficas, segundo Irigaray
(op. cit.), os comitês de bacia em funcionamento hoje, ainda não
atendem ao interesse de assegurar usos múltiplos das águas em bases
sustentáveis, este só é possível se o gerenciamento da bacia acontecer
de forma integrada e participativa e não fragmentada e pontual. A
participação, no caso brasileiro, requer um esforço singular, pois a
longa história de colonialismo e de escravidão somam-se ao período
de autoritarismo entre 1964 e 1986 como barreiras históricas e sociais
à construção de uma gestão participativa.
À medida que os comitês de bacia no Brasil superem estes
desafios, pode-se relacionar tal estrutura a uma instituição que
promova o que Berkes (2003) chama de uma conservação mais
inclinada à base de comunidade. Primeiro porque compartilha o poder
de gestão e a responsabilidade através de ligações multi-
institucionais, tais como agências governamentais, ONGs e sociedade
civil e segundo porque pode enfatizar o aprendizado de feedback e a
construção de respeito mútuo entre os diferentes parceiros.
Estudos mostram que muito pouco foi avaliado quanto aos
efeitos à jusante de barragens(Adams, 2000, 1985; Johnson, 1999).
Adams (2000) coloca alguns motivos para a falta de planejamento de
efeitos à jusante de barragens, dentre eles estão: a avaliação técnica
da natureza e extensão dos impactos à jusante requer dados
ambientais, sociais e econômicos. A avaliação desses impactos
também demanda um alto nível de conhecimento da dinâmica do
ecossistema, e a habilidade de fazer previsões realistas acerca das
respostas aos diferentes estresses e, acima de tudo, um entendimento
a respeito da sociedade e cultura das pessoas potencialmente afetadas;
a presença de consultores exteriores ao ambiente local desencadeia
uma legitimidade que deriva da tecnologia, perícia e experiência, mas
freqüentemente falta o conhecimento local; a inclinação disciplinar
inerente ao processo de planejamento de barragens possui impactos a
jusante significativos, pois a avaliação é dominada pelas disciplinas
‘hard’ como a engenharia, hidrologia e agronomia e pela mais
tecnocrática das ciências sociais, a economia. As disciplinas ‘soft’
como ecologia, geografia, antropologia e sociologia, que são centrais
a uma avaliação holística dos impactos, tendem a ser marginais ao
processo de planejamento (Adams, 2000).
Infelizmente os processos e construções de barragens no mundo
são regidos pelo pensamento cartesiano, mecanicista e fragmentado
de desenvolvimento. Este fica claro quando o evidente é a falta de
transparência em políticas pouco eqüitativas. Irigaray (2003) observa
que a falta de transparência na administração pública é um dos fatores
que limitam a efetivação de uma gestão em bases participativas no
Brasil. Esta exclusão política e de participação foi sentida pela
comunidade do Sítio Santa Rita:
“Os ribeirinho mora aqui na beira do rio, eles podia fazer uma
reunião aqui com nós né? falava que ia fazer essa usina e podia fazer
alguma proposta aqui para gente que mora aqui, aí a gente fica
alegre, agora não fez nada de reunião e foi fazendo a usina e
prejudicou muita gente mesmo que mora aqui na beira do rio.”
Os efeitos da barragem continuam sendo vivenciados pela
comunidade que segue seu ritmo de vida ainda sem saber como está a
qualidade da água:
“Não falaram nada de como ta a água para nós, mas eu mesmo
sei que a água não está boa realmente porque eu vou lá, assim no
tempo da chuva, a água escura, a gente vai tomar ela e tem aquele
gosto, gosto fermentada, não é aquela água que a gente conheceu.”
Houve um pescador que desabafou seu medo quanto à
possibilidade de inundação caso a barragem se rompa, um
depoimento fruto da falta de comunicação clara, entre
empreendedores e empreendidos:
“A conversa que corre a gente não pode nem falá, mas a gente
sabe de coisa né, eu tive lá no mercado em Nobres, uma pessoa que
eu não posso dar a definição me falou ´vocês tudo tá em perigo, você
mora a onde?´eu falei moro lá na beira do rio ´FURNAS tá correndo
perigo de quebrar, ir embora, matar todo mundo para cá´ aí
encontrei com um menino até da FURNAS e ele falou ´não, pode
dormir descansado´ mas traz um suspeito de quem mora para baixo
da barragem porque não sabe, né? e escuta essa conversa. Eu já
notei assim, fazer uma estradinha daqui lá naquela serra para
qualquer coisa... Então se ocorrer uma enchente bem forte e passar
por cima da barragem, então corre perigo? Mas Deus ajuda que não
acontece isso. Se num existisse perigo tudo bem, mas perigo existe, eu
não gosto de esperar, mas não tem perigo não, né?... Eu falei para
eles avisarem o quanto mais antes a gente para a gente pedir
socorro, saí daqui.” Pescador Aposentado.
De acordo com McCully (1996), os casos de incertezas quanto à
durabilidade de barragens e sensação de risco, governam vidas à
jusante em várias partes do mundo. Por algum tempo a vida das
pessoas à jusante da barragem seguirá regada de incertezas e
inseguranças, até que representantes legais de FURNAS se reúnam
com comunidades à jusante e esclareçam quanto às possibilidades
mínimas de um rompimento acontecer, e que eles serão avisados, na
eminência de um perigo. Não é difícil imaginar o porquê do alarme
por parte da comunidade. Eles nunca foram consultados. Por que
haveriam de confiar na informação de que se houver qualquer coisa,
eles seriam avisados com antecedência? A comunidade não tem
obrigação de saber dos riscos que uma barragem possa oferecer, ela
não sabe e isto ficou claro nesta pesquisa. Esta constatação remete a
falta de informação tal como foi colocada por Irigaray (2003) -
informação como chave que abre para a participação pública.
No que se refere ao compartilhamento dos benefícios as
comunidade observa o benefício que a barragem trouxe para outras
pessoas3:
“Olha a barragem para nós aqui não melhorou nada, para nós
não foi bom, agora para outros foi bom por causa que gerou energia
né e aí para outros lugar foi bom, mas para nós aqui...a água do rio
Manso ficou ruim até de beber...não fizeram nenhuma reunião para
falar para nós da água, num sei lá em Nobres, mas aqui não.”
3 Ver Irigaray 2003 que disserta sobre as campanhas apelativas feitas por FURNAS para ganhar apoio da sociedade civil, o chamado ‘terrorismo publicitário’.
“Para eles foi bom, mais no nosso caso já ficou difícil, no caso
eles só pensou na parte deles, na nossa eles não pensaram que ia
causar isso com a gente. porque lá mesmo para não dar essa
dequada4 acharam que deveriam fazer um desmatamento, porque
eles sabiam que a quantidade da água ia subir e não fizeram o
desmatamento, só prenderam a água aí deu a dequada da água que
ta aí até hoje.”
Pode-se verificar que a falta de informação, ausência de
participação e compartilhamento de benefícios no planejamento e
execusão da barragem do Rio Manso provocou uma descontinuidade
sócio-cultural nas comunidades a jusante, como a comunidade Sítio
Santa Rita:
“Eu não tô pretendendo fazer a carteira porque meu pai não
quer deixar, ele falou para largar do rio....” (20 anos).
“Da minha idade (22 anos) na colônia que eu conheço só eu e
outro rapaz aqui que tirou carteira agora...não sei porque outros
colegas mais novo não quer fazer carteira, falta de interesse de cada
um...também não sei se vou ficar aqui, se ficar mais fácil de
sobreviver pode ser, mas por agora eu vou ficar depois quero
arrumar serviço melhor.”
“Não quero ser pescador profissional porque não adianta
nada...o peixe tá acabando já, tá muito pouco...quero trabalhar na
fazenda, tem amigos que trabalham lá...faz pouco tempo que decidi
não ser profissional, eu decidi porque do peixe não se está ganhando
nada, muito pouco e ficar com carteira aí não vai adiantar.” 18 anos
filho e neto de pescador profissional os amigos saíram para tentar a
vida plantando soja e deixaram a pesca de lado devido à falta de
perspectiva.
“Eu fui crescendo e fui gostando de pescar, aprendendo a
pescar com as iscazinha, os turistas comprava as iscas e os peixe que
4 Segundo um ribeirinho dequada é definida como “aquela água que podrece aquelas folhas, aqueles pau, aquela lodada das folha, madeira.” Da Silva (1984), em nota prévia a este conhecimento empírico descreve os processos biológicos envolvidos neste conceito, sendo esses os associados a matéria orgânica acumulada no hipolímnio (porção mais profunda do lago) em decomposição anaeróbica e produzindo gases sulfídrico e metano.
a gente pegava e eu fui interessando. Aí o peixe diminuiu, como o rio
baixou muito, aí diminuiu aí acabou né. O turista foi diminuindo,
diminuindo até acabou, não tem mais ninguém,, agora eu não
interesso em ficar aqui, vou estudar para arrumar serviço.” (20 anos)
“Eu não quero continuar morando aqui, é muito ruim aqui, não
tem para onde sair, não tem aonde trabalhar, não tem serviço. Na
hora que eu terminar meus estudos quero ver se consigo um serviço
na cidade, trabalhar, porque aqui não tem trabalho..Eu acho que
aos poucos as pessoas jovens não vai querer ficar tudo aqui para
sempre, eles querem sair, procurar serviço, estudar.” (17 anos).
Com a construção da barragem, algumas famílias deixaram de
viver na beira do Rio e foram tentar a vida na cidade, em busca de
sobrevivência. O conhecimento acerca da “vida na cidade” adquiriu
prioridade sob a vida à beira do rio, gerando o que Marques (2001)
chama de “emigração marginalizante”. A concepção do que é uma
vida melhor ganha forma diferente à margem da sociedade urbana.
Seu saber e modo de vida, ritmados pelo movimento do rio, são
suprimidos com valores e conceitos que andam em direção oposta ao
conhecimento já adquirido. Uma nova forma de organização social
ritmada pela urbanização emerge substituindo aquela imprimida pelo
ritmo das águas.
Uma maneira de entender os movimentos sócio-ecológicos que
regem a vida de comunidades tradicionais é através de esquemas que
representem diferentes conceitos que interagem dinamicamente
(Figura 2) no desenho da vida de comunidades ribeirinhas, como a do
Sítio Santa Rita.
Padrões de interação
Sociedade
sustentável
Ecossistemas
Pessoas e tecnologia
Conhecimento local
Direito de propriedade
Resultados
Influências regionais, nacionais e globais
Figura 2 – Esquema para analisar as relações entre sistemas sociais e ecológicos para resiliência e sustentabilidade. Fonte: Berkes & Folke 1998.
Para entender a aplicação deste esquema analítico a este estudo
é importante desdobrar os diferentes conceitos nele envolvidos. Quais
são as características dos ecossistemas em questão? Como é sua
estrutura e funcionamento? No estudo de caso apresentado temos um
sistema hidrológico tropical regido por um pulso de inundação
específico. Berkes & Folke (1998) sugerem que nem todas as
características do ecossistema possuem significado igual. Vale então
identificar variáveis bióticas e abióticas e processos físicos, que
caracterizam tal ecossistema. A descrição de um sistema social inicia
pelas pessoas enquanto comunidades envolvidas e a tecnologia por
elas empregada. O uso ou escolha de tal tecnologia pode fornecer
dados acerca dessas comunidades e talvez a sustentabilidade
envolvida em suas práticas. O conhecimento local está diretamente
ligado à realização de práticas dentro de um dado ecossistema. Esses
autores apontam que lições úteis de manejo vêm de sociedades que
sobreviveram à escassez de recursos. Tais sociedades adaptam-se a
mudanças e aprendem a interpretar sinais sobre o estoque de recursos
(Pàlsson, 1998) através de um processo sócio-ecológico dinâmico
fazendo com que instituições flexíveis sejam desenvolvidas para lidar
com crises de manejo de recursos. Este conhecimento adquirido
credita a estas comunidades o direito de propriedade sob os mesmos.
Este conhecimento pode ser traduzido na forma dos etnoindicadores
registrados por Silveira (2004).
Os padrões de interação gerados pelo sistema social local
derivam de práticas de manejo (Berkes & Folke, 1998.). No caso
deste estudo, a atividade pesqueira baseada no conhecimento
ecológico do sistema hídrico, cujo os padrões são advindos da
dinâmica do pulso de inundação e de controles de manejo pela
colônia, fiscalização e atualmente pela hidrelétrica de Manso, sua
estrutura e funcionamento. Todas essas interações, de manejo e/ou
controle, geram resultados que podem ser sustentáveis ou não
dependendo da escala de observação e intensidade de interações.
É importante notar que mudanças registradas em determinados
sistemas sociais e ecológicos possuem magnitudes com escalas
diferentes. A magnitude do impacto para populações à jusante da
barragem, como o Sítio Santa Rita, que estão diretamente ligadas à
estrutura e funcionamento do Rio Cuiabá, foi local com caráter
global, considerando que o rio significa o mundo para essas
comunidades. Para populações urbanas, como a de Cuiabá, o impacto
poder ser visto como local, porque sua reprodução ecológica e
cultural supera e sobrevive. Este reconhecimento é fundamental na
identificação dos padrões de interação e resultados.
Sistemas sociais e ecológicos tendem a um fluxo cíclico como
demonstrado no esquema. Este, em conjunto com a gestão de
recursos, pode ser entendido através da perspectiva da resiliência.
Berkes et al (2000), abordam a resiliência como a capacidade de
recuperação depois de distúrbio que absorve stress, internaliza e
transcende. Resiliência é vista de maneira a conservar opções e
oportunidade de renovação e novidade. Segundo esses autores,
conceitos de adaptação e de resiliência podem ser incorporados a
instituições para que estas se tornem mais capazes de responder a
mudanças. Esta incorporação pode ser da seguinte forma: 1) manejo
usando regras que são cunhadas localmente e cumpridas socialmente
pelos próprios envolvidos; 2) uso do recurso tende a ser flexível com
áreas de rotatividade, troca de espécies e outras práticas; 3) acumulo
de uma base conceitual ecológica que ajuda a responder e a
interpretar eventos ambientais, tais como a mudança em captura por
unidade de esforço que ajuda a monitorar o status do recurso; 4)
utilização de uma diversidade de recursos para segurança do modo de
vida mantendo opções abertas e minimizando riscos; e 5)
operacionalização efetuada com o uso do manejo qualitativo onde
feedbacks de mudanças nos recursos e no ecossistema indicam a
direção pela qual a gestão deve tomar.
Nesta pesquisa tais conceitos podem ser incorporados em
instituições como as descritas: colônia de pesca, fiscalização e nos
comitês de bacia. Segundo Berkes (2004) a comunidades está em
constante mudança, não é um grupo estático ou isolado. São unidades
multidimensionais e/ou redes sócio-políticas transversais, daí a
justificativa em pensar nas comunidades e não nas instituições
definidas como um conjunto de regras que são realmente utilizadas,
que estão sendo definidas ou já em uso.
Instituições são obrigações humanamente idealizadas, que estruturam as interações humanas, as quais foram feitas de obrigações formais (regras, leis, constituições) e obrigações informais (normas de comportamento, convenções de códigos de conduta auto impostos) e suas características de efetivação ou cumprimento...Nós concentramos na dinâmica dessas instituições, ou seja, a renovação e a reorganização, o aprendizado e o adaptado, e a habilidade dessas instituições em lidar com mudanças (Berkes, 2004, p 623).
Neste estudo, quando se considera a colônia de pesca e o
comitê de bacia como instituições, pode-se adaptar a estrutura e o
funcionamento dessas redes sócio-políticas transversais, uma vez que
elas são alicerçadas nas interações humanas. As obrigações formais
que as compõe vêm do controle legal governamental e obrigações
informais são advindas de princípios de organização social local.
Desta forma pode-se ter a possibilidade de dinamizar essas
instituições, frente às mudanças ecológicas e culturais como a represa
do Manso.
Com esta perspectiva, abrem-se aqui as possibilidades que
trabalhos de gestão, com instituições já existentes, podem oferecer na
busca de um manejo integrado e participativo do sistema hídrico do
Rio Cuiabá. Manejo este onde a resiliência é reconhecida como a base
para a manutenção da unicidade de sistemas sócio-culturais e
ecológicos como o Rio Cuiabá.
Agradecimentos:
Á Comunidade do Sítio Santa Rita. Ao CNPq e o programa de Ciência e Tecnologia – Hidro.
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