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A ATIVAÇÃO DOS LINKS NO PROCESSO DE LEITURA DOS HIPERTEXTOS MEDEIROS, Juliana Pádua Silva[1] RESUMO: Esta comunicação objetiva discutir sobre o percurso traçado pelo leitor contemporâneo, na construção dos sentidos, nos hipertextos da Literatura Infanto-Juvenil, sobretudo naqueles exemplares que fazem uso do não-verbal em sua tessitura. Para tanto, utilizar-se-á como corpus A Maior Flor do Mundo, de José Saramago, e Abrindo Caminho, de Ana Maria Machado. Tal pesquisa visa contribuir, principalmente, para o aprimoramento das competências de leitura, uma vez que, ao percorrer os nós e nexos que amarram a rede textual, o leitor deixa de ser um simples destinatário passivo e passa a atuar como agente ativo da co-produção dos significados. PALAVRAS-CHAVE: Leitor; Leitura; Hipertexto; Verbal; Não-verbal; Literatura Infanto-Juvenil; O LEITOR CONTEMPORÂNEO A sociedade, ao longo de sua história, tem sofrido inúmeras transformações, e, conseqüentemente, os indivíduos que a compõem são afetados. Essa afirmativa parece gasta, porém, quando se embrenha para o universo da Literatura para crianças e jovens, observa-se que, ainda, há muito para ser dito, uma vez que os leitores não são os mesmos de outrora.[2] Segundo Santaella (1997), há três tipos de leitores os quais podem ser classificados quanto ao processo de leitura, não se baseando na diversidade de linguagens/processos de signos ou suportes/canais, mas, somente, nas habilidades perceptivas, cognitivas e sensoriais envolvidas no ato de ler.

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A ATIVAÇÃO DOS LINKS NO PROCESSO DE LEITURA DOS HIPERTEXTOS

MEDEIROS, Juliana Pádua Silva[1]

RESUMO: Esta comunicação objetiva discutir sobre o percurso traçado pelo leitor contemporâneo, na construção dos sentidos, nos hipertextos da Literatura Infanto-Juvenil, sobretudo naqueles exemplares que fazem uso do não-verbal em sua tessitura.

Para tanto, utilizar-se-á como corpus A Maior Flor do Mundo, de José Saramago, e Abrindo Caminho, de Ana Maria Machado.

Tal pesquisa visa contribuir, principalmente, para o aprimoramento das competências de leitura, uma vez que, ao percorrer os nós e nexos que amarram a rede textual, o leitor deixa de ser um simples destinatário passivo e passa a atuar como agente ativo da co-produção dos significados.

PALAVRAS-CHAVE: Leitor; Leitura; Hipertexto; Verbal; Não-verbal; Literatura Infanto-Juvenil;

O LEITOR CONTEMPORÂNEO

A sociedade, ao longo de sua história, tem sofrido inúmeras transformações, e,

conseqüentemente, os indivíduos que a compõem são afetados. Essa afirmativa parece gasta, porém,

quando se embrenha para o universo da Literatura para crianças e jovens, observa-se que, ainda, há

muito para ser dito, uma vez que os leitores não são os mesmos de outrora.[2]

Segundo Santaella (1997), há três tipos de leitores os quais podem ser classificados quanto

ao processo de leitura, não se baseando na diversidade de linguagens/processos de signos ou

suportes/canais, mas, somente, nas habilidades perceptivas, cognitivas e sensoriais envolvidas no

ato de ler.

Tais categorias tratam do leitor contemplativo/mediativo, produto da era pré-industrial, que

lida apenas com “signos duráveis, imóveis, localizáveis, manuseáveis”, próprios dos livros e da

imagem expositiva.

O movente/fragmentado, fruto da revolução industrial, do mundo dinâmico e híbrido, que

nasce com a explosão do jornal, fotografia e cinema. Logo, é “fugaz, novidadeiro, de memória

curta, mas ágil.”

Além do leitor imersivo/virtual, resultado da era digital, usuário do computador, comum na

atualidade. Aquele que está sempre “em estado de prontidão, conectando-se entre nós e nexos, em

um roteiro multilinear, multi-seqüencial e labiríntico que ele próprio ajudou a construir ao

interagir com nós entre palavras, imagens, documentação, músicas, vídeos etc.”

Quanto a essas tipologias, nota-se que a autora optou por classificá-los apenas pelas suas

habilidades, associando o surgimento dos mesmos a certa seqüenciação histórica. Entretanto,

Santaella explica que o aparecimento de um não está, diretamente, ligado à exclusão do outro, pois

há uma coexistência entre eles determinada pela cultura humana.

Todavia, explorar-se-á, neste trabalho, o leitor imersivo/virtual, comum na atualidade, o qual

está, relativamente, correlacionado ao suporte e até mesmo à linguagem, pois o visual tem se

integrado ao livro como um texto rico em informações, perdendo, assim, o status de mero

instrumento decorativo e, puramente, literal.[3]

Logo, depreende-se que, se os leitores, os livros e as ilustrações mudaram, inevitavelmente,

o conceito de leitura, também, alterou, ou seja, não se centra somente na decodificação das palavras,

mas, vai muito além das letras, atingindo outros códigos (GARDIN; OLIVEIRA, 1981, p. 45-55)..

Por essa razão, se interessa em observar o percurso a ser traçado pelo leitor imersivo/virtual

na leitura de exemplares contemporâneos da Literatura Infanto-Juvenil, uma vez que os mesmos

podem ser tratados como hipertextos.

HIPERTEXTO

É necessário, em primeiro plano, enfatizar, que o uso dos termos leitor imersivo/virtual e

hipertexto, não se refere, propriamente, ao domínio da informática, pois:

(...) se prestarmos atenção ao processo de leitura, principalmente a literária, a palavra hipertexto se tornará mais familiar, já que através dela concretiza-se o próprio ato de ler. É que a leitura permite ao leitor abrir janelas e mais janelas no texto, promovendo um encadeamento com outros textos e contextos, sem seguir necessariamente as trilhas já traçadas. A leitura é sempre parte de uma rede de textos e de sentidos construídos no jogo entre produção e recepção, nesse ininterrupto processo intertextual. (WALTY, 2006, p. 117)

Assim, verifica-se que o leitor imersivo/virtual não se ajusta unicamente ao ciberespaço, as

telas do computador, mas, também, aos exemplares de literatura, que permitem ao sujeito navegar

pelas redes textuais, ativando links,[4] ou seja, abrindo novas janelas durante o processo de leitura.

No entanto, esse diagrama hipertextual não é algo proveniente apenas das produções da

atualidade, tendo em vista que é muito comum nos clássicos, como Divina Comédia, As Mil e Uma

Noites, Bíblia, Dom Quixote, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Madame de Bovary entre outros,

pois instaura uma rede entre textos culturais, literários ou não, que neles estão condensados, além de

vir a se tornar um espaço para conexões futuras (OLIVEIRA, 2000).

Logo, tal diagrama mantém vivo os clássicos, garantindo a eterna juventude à literatura,

porque traz consigo “as marcas das leituras que procederam a nossa e atrás de si os traços que

deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram” (CALVINO, 1995).

Portanto, conclui-se que o hipertexto, como uma escrita aberta, possibilita, a cada leitor,

traçar um trajeto próprio de leitura, tornando-se, assim, um co-produtor dos sentidos, o qual escolhe

um caminho entre tantos possíveis, a partir da mobilização de conhecimentos do mundo.

MULTIPLICIDADE

O que toma forma nos grandes romances do século XX é a idéia de uma enciclopédia aberta, adjetivo que certamente contradiz o substantivo enciclopédia, etmologicamente nascido da pretensão de exaurir o conhecimento do mundo encerrando-o num círculo. Hoje em dia não é mais pensável uma totalidade que não seja potencial, conjectural, multíplice. (CALVINO, 2008, p. 131)

Decorrente dessa idéia descrita pelo autor, pode-se afirmar que o livro se apresenta como

uma vasta rede hipertextual em constante crescimento e, dessa forma, concentra vários sentidos por

meio de confluências multiespaciais e temporais.

Tal perspectiva, vê o texto como produto de uma reunião de obras maiores, tornando-se uma

enciclopédia aberta, não porque abarca o conhecimento como um todo, mas porque conjectura a

multiplicidade:

(...) os livros modernos que mais admiramos nascem da confluência e do entrechoque de uma multiplicidade de métodos interpretativos, maneiras de pensar, estilos de expressão. Mesmo que o projeto geral tenha sido minuciosamente estudado, o que conta não é o seu encerrar-se numa figura harmoniosa, mas a força centrífuga que dele se liberta, a pluralidade das linguagens como garantia de uma verdade que não seja parcial.[5]

Portanto, a partir de um texto unitário, produzem-se inúmeros outros que podem ser

interpretados em vários níveis. Esses, por sua vez, geram diversos sujeitos, olhares e vozes sobre o

mundo, o que resulta em uma obra, conseqüentemente, aberta e inconclusa.

Segundo tal estudo, pensar a teoria da multiplicidade significa pôr sob consideração o

entendimento de que o texto literário é um método de conhecimento.

Dessa forma, se tece uma rede de conexões entre pessoas, fatos e o próprio mundo, tratando

de um “sistema de sistemas” em que cada um condiciona os demais e é condicionado por eles[6].

Logo, cada objeto mínimo é um núcleo de relações e, por conseguinte, cada núcleo leva ao

universo todo.[7]

Assim, o termo hipertexto configura-se como um compêndio de uma tradição narrativa que

se qualifica como uma enciclopédia de saberes. Por isso, a relação temporal entre passado e

presente se estabelece gerando um puzzle [8]que retrata o homem e sua visão de mundo: “Cada

vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos,

onde tudo pode ser continuamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis.”[9]

INTERATIVIDADE

Durante o processamento textual, o leitor do hipertexto carece mobilizar alguns

conhecimentos armazenados na memória para que, assim, possa interagir com o livro, uma vez que

a construção dos sentidos se dá por um jogo de pistas e sinalizações existentes na leitura.

Todavia, segundo Oliveira (2000), tratar sobre interatividade implica em algo mais do que,

somente, co-autoria. “É preciso explorar os limites e potencialidades desse hiper-livro, feito de

links múltiplos, que traçam vias permutacionais pelas quais é possível navegar.”

Logo, percebe-se que o conhecimento, na perspectiva da multiplicidade, é como um fio que

ata as obras maiores.

Conforme Koch (2002), há três grandes sistemas de conhecimento: o enciclopédico, o

lingüístico e o interacional.

O enciclopédico refere-se aos conhecimentos de mundo. Já o lingüístico abrange os saberes

lexicais e gramaticais, enquanto o interacional abarca as formas de interação por meio da

linguagem. Todos cooperam, diretamente, com a ativação dos links.

Portanto, analisando o percurso a ser traçado por um leitor imersivo/virtual, averigua-se que,

no livro Abrindo Caminho, sem um acesso ao conhecimento de mundo sobre vida e obra/feito de

algumas personalidades da Literatura e da História, fica difícil, para a criança, compreender a

riqueza da interface entre o verbal e o não-verbal, pois, no exemplar de Ana Maria Machado, há

alusões, na escrita e no visual, a Dante Alighieri, Carlos Drummond de Andrade, Antônio Carlos

Jobim, Marco Pólo, Cristóvão Colombo e Santos Dumont. No entanto, todas essas personagens

estão, aparentemente, inseridas em cenas isoladas com elementos que as enquadram em um

determinado espaço-temporal.

Contudo, o que ocorre é uma conexão multiespaço-temporal que, a partir de links, constrói

os sentidos em uma vasta rede hipertextual sempre em crescimento, assemelhando-se a uma

enciclopédia.

Diante disso, é possível examinar, no primeiro par de páginas da obra, que a ilustração

explora a Idade Média, época em que viveu Dante, focando a oposição entre claro e escuro, anjo e

demônio, dia e noite, bem e mal. Além de evidenciar as caricaturas de Beatriz e Virgílio,

personagens da Divina Comédia, dentro de uma selva escura.

Ademais, observa-se que, no próprio exemplar, que esse fragmento do livro conecta com a

cena seguinte, na qual trata de Carlos Drummond de Andrade diante de uma pedra, inspiração para

o seu poema, que por sua vez, retoma o clássico de Dante Alighieri.

Logo, a leitura, em um movimento de trás para frente, ecoa em outras, que por sua vez, em

mais outras.

Em A maior flor do mundo, o ilustrador João Caetano, também, se utiliza, na página dois, de

técnicas caricaturais para produzir uma espécie de retrato de José Saramago, aproximando, assim, o

autor ficcional do empírico, tendo em vista que ambos possuem semelhanças não só físicas.

Tal reconhecimento se dá pela capacidade mnemônica acionada durante o processo de

navegação pelos textos, através de rotas associativas, que exige do leitor operar por meio de nós em

uma leitura não mais seqüencial.

X

Figura 1 Figura 2

Já o domínio do conhecimento lingüístico é um fator determinante para a leitura do código

verbal. Então, verifica-se que, em Abrindo Caminho, o leitor terá dificuldades para compreender a

passagem “Era pau. Era pedra. Era o fim do caminho?”[10], caso desconheça as propriedades dos

tempos verbais, pois é a alteração de presente para pretérito imperfeito que oferece uma gama de

significação ao texto, designando a incerteza dos personagens diante dos obstáculos a serem

transpostos.

Além do mais, no interior do livro, depara-se com a lembrança de uma palavra em outra,

multiplicando-se os significados dessa passagem.

Assim, as retomadas e aparentes repetições expressam, realmente, variações sutis que

substituem, negam e até invertem, desencadeando novos encaixes e desvios.

O conhecimento interacional, também, contribui com a produção de sentidos, pois, em uma

dada situação ilocucional do livro A Maior Flor do Mundo, é necessário que a criança identifique os

objetivos do produtor do texto, uma vez que ele pede desculpas caso a sua obra não a agrade, tendo

em vista, que se trata do primeiro exemplar literário direcionado ao público infantil.

Logo, identifica-se um núcleo gerador e interativo que navega, para trás e para frente, por

outras obras de José Saramago.

Enfim, tais sistemas de conhecimento interferem, significantemente, na atividade de uma

leitura satisfatória, pois os hipertextos exigem que o leitor acione determinados saberes durante o

percurso pelas redes textuais, interagindo na produção de sentidos da obra.

Por isso, observa-se que tanto em Abrindo Caminho, de Ana Maria Machado, quanto em A

maior Flor do Mundo, de José Saramago, as ilustrações, reforçam a importância da mobilização dos

conhecimentos do mundo, que, a partir de um diagrama hipertextual, consegue desenvolver em

valor e complexidade, como se estivesse ressignificando pelo mapa de navegação interativo e

multidirecional existente no computador.

Figura 3

Na ilustração de João Caetano, a presença da fada entrando pela janela, do baú, do castelo

no centro da página, dos títulos do exemplares Moby Dick, Gnomos e Duendes e A Ilha do Tesouro

retomam o universo clássico e aventuresco da Literatura, criando uma metonímia do livro como

enciclopédia.

Na mesma figura, há, na lateral de um livro de capa preta, a alusão às narrativas ficcionais

orientais - devido a imagem do samurai e da expressão “vol. 1” – que remetem a literatura

folclórica, origem dos textos para crianças.[11]

Enfim, os títulos exposto na prateleira sugerem um acervo enciclopédico, que intertextualiza

com A Maior Flor do Mundo, uma obra literária, igualmente, rica em aventuras, apontando a

multiplicidade geradora de caos e ordem.

Logo, a imagem da fada penetrando pela cortina da janela é uma analogia ao processo de

ativação dos links, uma vez que o leitor imersivo/virtual interage com os hipertextos, abrindo

janelas para uma compreensão satisfatória da mensagem estética.

Figura 4

Nessa ilustração, verifica-se que existe, na obra Abrindo Caminho, uma ligação entre a

palavra canto (recanto e cantiga) e as imagens que enriquecem a narrativa, porque o verso“Cada

um no seu canto com seu canto nos chamou. E nenhum de nós, nunca mais ficou sozinho”,[12]

intertextualiza-se com a gravura de uma criança, manuseando um livro, em seu aconchego, diante

de tantos outros na prateleira que convidam-na ao universo da leitura, conduzindo o leitor para

dentro da obra.

Ademais, os exemplares que compõe a estante podem ser considerados metonímias - Bossa

Nova, História Universal, Música, Drummond, Enciclopédias, Antologia Poética, Divina Comédia

e Poesia - pois aludem aos personagens mencionados no corpo do livro.

Novamente, uma metáfora do diagrama hipertextual, devido a rede de conexões entre verbal

e visual, entre a obra e os conhecimentos do mundo.

A ilustradora Elisabeth Teixeira, com maestria, utiliza-se de outro recurso, a metalinguagem,

pois o volume que a menina lê, retoma à mesma gravura registrada nas duas páginas anteriores de

Abrindo Caminho (um livro dentro de outro livro), em um movimento ziquezagueante de ir e vir no

andamento narrativo.

Também, é observável, na mesma ilustração, que a janela se constitui de quatro quadros,

sendo três referentes às cenas vistas no transcorrer da narrativa não-verbal: a mata, o rio e as

montanhas.

Entretanto, há um, totalmente, em branco, o que pressupõe que ali seria o espaço preenchido

pelo leitor, a janela a ser ativada, que é ao mesmo tempo paradoxal: lacuna e preenchimento.

A MAIOR REFLEXÃO DO MUNDO [13]

Dentre os vários questionamentos humanos, um dos mais intrigantes está ligado ao papel do

professor na mediação da leitura.

O que fazer para uma criança ler mais? Quais estratégias devem ser usadas para que a leitura

não fique somente na decifração do código verbal? As ilustrações, também, devem ser lidas? Muitas

são as perguntas que clamam por respostas.

O que fazer, então?

O objetivo deste trabalho não é elaborar métodos e fórmulas prontas, mas propor uma

análise crítica sobre a mediação no ato de ler.

Diante disso, acredita-se que o professor deve ser o primeiro leitor. Aquele que seleciona a

obra, a experimenta, se encanta com a mesma e, conseqüentemente, seduz seu aluno a apreciá-la

também.

O educador precisa ser o guia que ilumina os diálogos intertextuais e intersemíoticos,

possibilitando ao discente desenvolver a capacidade de relacionar “cada texto lido aos demais

anteriores (textos-vida + textos lidos) para reconhecê-los, significá-los e assimilá-los” (GÓES,

2003, p.17).

Em suma, o leitor contemporâneo carece ativar seus sistemas de conhecimento, enquanto

navega na rede textual de exemplares literários que exploram a interface entre o verbal e o não-

verbal para que possa aprimorar suas competências de leitura.

Entretanto, é fundamental destacar que cabe ao professor propiciar repertório suficiente de

experimentação para o aluno, de modo que ele tenha a bagagem mínima para interagir com o livro,

reconhecendo a rede hipertextual de uma grande enciclopédia humana.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

______. Seis propostas para o próximo milênio 3.ed., São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

COELHO, Nelly Novaes . Panorama Histórico da Literatura Infantil/Juvenil. São Paulo: Ática, 1995.

GARDIN, Carlos e OLIVEIRA, M. Rosa. Semiótica e Educação. In Revista Arte e Linguagem, São Paulo: EDUC, (14), 45-55, 1981.

GÓES, Lúcia Pimentel. Olhar de descoberta: proposta analítica de livros que concentram várias linguagens. São Paulo: Paulinas, 2003.

LINS, Guto. Livro infantil? Projeto gráfico, metodologia e subjetividade. São Paulo: Rosari, 2002.

KOCH, Ingedore Villaça. Ler e compreender: os sentidos do texto / Ingedore Villaça Kock e Vanda Maria Elias. – São Paulo: Contexto, 2006.

MACHADO, Ana Maria. Abrindo Caminho. São Paulo: Ática, 2004.

OLIVEIRA, M. R. D. .Memórias Póstumas de Brás Cubas e o hipertexto. In: 6 Congresso da Associação Internacional dos Lusitanistas, 2002, Rio de Janeiro, 2000.

SARAMAGO, José. A maior flor do mundo. Lisboa: Caminho, 2001.

WALTY, Ivete Lara Camargos. Palavra e imagem: leituras cruzadas. / Ivete Lara Camargos, Maria Nazareth Soares Fonseca, Maria Zilda Ferreira Cury. – 2a.ed., Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BELO, André. História & livro e leitura. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

CALDIN, Clarice Fortkamp. A poética da voz e da letra na literatura infantil: leitura de alguns projetos de contar e ler para crianças. 2001. 261f. Dissertação (Mestrado em Literatura) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 2006.

GHIRALDELLI JR., Paulo. História da Educação Brasileira. São Paulo: Cortez Editora, 2006.

ORLANDI, Eni P. Discurso e leitura. 3.ed. São Paulo Ed. UNICAMP, 1996.

PALO, Mª José e OLIVEIRA, Mª Rosa D. Literatura Infantil - Voz de criança. SP: Ática, 1986.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. De olhos abertos reflexões sobre o desenvolvimento da leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 1991.

______. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. São Paulo: Cortez, 1981.

ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global Ed., 4ª ed., 1985.

YUNES, Eliana; PONDÉ, Glória. Leitura e leituras da literatura infantil. São Paulo: FTD, 1998.

SITES

<http://www.avizora.com/publicaciones/biografias/images/saramago_jose.jpg> Acesso em: 15 out. 2007.

<http://www.pucsp/~cos-puc/epe/mostra/santaella.htm> Acesso em: 23 out. 2007.

ANEXO

[1] USP, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Programa de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa.

Avenida Belo Horizonte, nº 1313 – 38280-000 – Iturama – MG – Brasil – [email protected]

[2] Vide seção de anexos “Quadro sinóptico”, p. 15.

[3] LINS, Guto. Livro infantil? Projeto gráfico, metodologia e subjetividade. São Paulo: Rosari, 2002. O escritor aponta a evolução e a importância da ilustração nos livros de literatura infantil.

[4] Relativo à ligações, associações.

[5] CALVINO, loc. cit.

[6] CALVINO, op. cit., p. 121

[7] CALVINO, loc. cit.

[8] O termo é utilizado por Ítalo Calvino para designar o aspecto fragmentado do hiper-romance, que resulta no tema e no modelo.

[9] CALVINO, op. cit., p. 138.

[10] Essa passagem da obra literária intertextualiza, explicitamente, com a música Águas de Março, de Tom Jobim, e está inserida na obra Abrindo Caminho, de Ana Maria Machado.

[11] Nelly Novaes Coelho rastrea a gênese e a evolução da Literatura Infantil desde suas origens populares até o Brasil contemporâneo.

[12] O verso, também, se intertextualiza com a música A banda, de Chico Buarque. Em 1966, a canção divide com Disparada, de Théo de Barros e Geraldo Vandré, o primeiro lugar no II Festival de Música Popular Brasileira, promovido pela Record.

[13] A hipérbole foi usada para intertextualizar com o título do livro de José Saramago.