a atitude crítica como contraposição à governamentalidade
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A atitude crítica como contraposição à governamentalidade
Uriel Massalves de Souza do Nascimento
PUC-RIO, Mestrando; Bacharel em filosofia pela UNIRIO.
Bolsista do CNPq.
Orientador: Pedro Duarte de Andrade.
Ao final de sua vida, Michel Foucault dedicou-se ao que ele mesmo nomeou de
ontologia do presente. Essa expressão aponta para uma reflexão que se debruça não
mais sobre questões universais como as acerca do Ser ou acerca da natureza do
conhecimento, mas sim sobre questões que ocorrem no mesmo tempo histórico em que
a pergunta é feita. Dito de outro modo, por ontologia do presente se compreende o
endereçamento feito por certos filósofos ao seu tempo, de modo que certas questões no
tempo se inserem não apenas por serem atuais, mas por seu conteúdo corresponder a
algo que a época pergunta. Os exemplos máximos disso são Kant, em seu “O que é o
esclarecimento?” e o endereçamento da modernidade feito nas primeiras páginas da
Fenomenologia de Hegel. A um leitor atento, toda a obra foucaultiana, se versa sobre
questões históricas, o faz na medida mesma em que essa história aponta para outros
delineamentos possíveis de uma questão possível no presente. Foucault é, também, um
filósofo da ontologia do presente, como ele mesmo admitirá em entrevista. Dentro de
um desses momentos nos quais se debruça sobre o presente, um deles tem ligação direta
com a obra de Kant. Trata-se do momento em que Foucault questiona acerca da
governamentalidade e põe, em contraposição a ela, a ideia de atitude crítica. Se toda
forma de poder engendra uma forma de resistência, a resistência à governamentalidade
– nada mais do que a forma de melhor governar uma população para os fins desejados,
sejam quais forem – parece, para Foucault, ser a crítica, uma forma de não se permitir
governar para quaisquer fins. Assim sendo, o presente trabalho parte da compreensão
foucaultiana de atitude crítica tal qual ele a depreende do texto kantiano e busca ligá-la
à ideia de governamentalidade para, com isso, esclarecer em que medida a
governamentalidade é também uma face do poder e não, como pensam alguns
comentadores, o índice de sua extinção.
Palavras-chave: Crítica; Foucault; Governamentalidade; Filosofia Contemporânea; Filosofia Política.