a arvore da vida - meditação dos cabalistas judeus (pdf-artigo)

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  • A rvore da VidaExtrato do texto "A Cabala e o Taro" Retirado da Internet

    A MEDITAO DOS CABALISTAS JUDEUS

    Com a alma suficientemente limpa atravs das prticas tnicas e espirituais centradas na Conscincia, e no caminho da perfeio (Mitzvah), o mstico est ento preparado para refletir uma viso do Absoluto; como nos relata Perle Epstein em seu livro "Kabbalah".

    Ainda que este estgio no seja classificado como "unio", bastante elevado. O mstico no se sente mais uma criatura mnima, insignificante, separada por eons em tempo e espao de seu Criador, mas agora v a Deus como seu amigo querido (dodi).

    Mesmo nesse nvel elevado, o amante aproxima-se de seu objetivo em estgios; a interdependncia da cadeia inteira de mundos ao longo da rvore Csmica lhe permite trabalhar com o Amor que ele obteve com o Despetar da Conscincia para o conhecimento de Deus, Sua Idia e Seu mundo que so Um. Portanto no microcosmo correspondente de sua prpria alma, o pensamento, a fala e a ao do mstico podem ser unificados como um. Esvaziado de seu ego, ele tambm est livre para criar novos mundos em cada respirao e destr-los em cada expirao.

    As sagas no crculo do Rabi Akiva na academia judica de estudos em Yavneh, no primeiro sculo da Era Comum, relatam que se empregava viagens "visualizadas" atravs das esferas, para induzir estados estticos. Desenhados para levar adiante o mstico em sua paixo e desejo de conhecer a Deus, esses exerccios contemplativos enfatizavam excures mentais atravs de lugares celestes e elaboradas vises do Trono ou da Carruagem de Deus.

    Em livros tais como: Ezekiel, O Hekhalot Menor e o Maior, Merkabah Rabbah, Shiur Komah e o Livro de Enoch, delineavam-se este "potpurri" de meditaes Judaicas, Persas e Gnsticas, de modo que os mais ardentes e impecavelmente preparados iniciados pudessem pratic-las.

    Rabi Akiva os avisava para no serem enganados pelas iluses, que suas mentes inevitavelmente iriam criar durante estes estados altos de conscincia; que apenas os vissem, mas no amassem as suas prprias projees.

    Utilizando os Salmos como livro guia para as visualizaes de Deus, estes msticos encarnavam grus ascendentes de conscientizao em imagens concretas que eventualmente perdiam as suas formas e se trasnformavam em pura luz.

    O autor (ou os autores) do Hekhalot Menor (Salas do Palcio de Deus), assim como o Rabi Akiva, tambm preveniam os viajantes contra imagens criadas por suas prprias mentes:

    "A porta da sexta cmara (ou nvel de contemplao) aparece como mrmore, coberto com uma mirade de cem mil (um bilho) de ondas de gua; mas no existe nele nem uma simples gota d'gua, mas sim reflexos do brilho das pedras de puro mrmore que

  • so claramente visveis na cmara, e cuja luminosidade faz lembrar a gua".

    Rashi, o grande comentarista do Talmud do dcimo segundo sculo, elabora no texto do primeiro sculo, dizendo: "Puro mrmore to transparente como a gua, mas no , como a gua, fsico ou produtor de vida".

    Sagas como a do Rabi Hananel ben Chushiel (900 -

    1055) relatam que ele rezava, e passava por procedimentos rituais de limpeza antes de sentar para contemplar as Salas do Palcio de Deus. Uma vz l, eles viam os Anjos Guardies, a estrutura dos Mundos dentro dos Mundos de Ezekiel, e at mesmo o Aravot, um lugar sagrado habitado por grandes almas que partiram. Uma outra saga do sculo XI relata que o Rabi Nathan ben Yechiel dizia que toda a jornada meramente acontece na mente do que medita. Fixando sua ateno na Coroa da rvore Csmica e no topo de sua prpria cabea, o mstico torna-se capaz de ver as Salas do Palcio de Deus, as hostes Anglicas, e os seres elevados que habitam os domnios da inconscincia humana.

    Rabi Hai Gaon (939-1038) estava mais interessado na natureza do homem que ousa aspirar essa jornada. Ele aconselhava a seus leitores a se afastar destas formas de conteplao, enquanto, assim como o Rabi Akiva, no tivessem experimentado a sabedoria divina. "E Deus deu a Akiva vida e tudo o que ele entreviu, ele pensou pensamentos adequados com conhecimentos adequados". As vises msticas por s prprias, conclui Rabi Hai Gaon, so verdades histricas, sucessoras de uma longa tradio de transformaes visionrias, experimentadas por santos bblicos e profetas, em estgios elevados de conscincia.

    Essencialmente centrados em dois smbolos, O Palcio de Deus e Seu Trono ou Carruagem, estas "subidas" e "descidas", nunca se tornaram propriedade do homem comum. Os msticos que praticaram estas tcnicas entre os anos 200 AC e 200 DC, eram usualmente professores que, antes de mesmo comear estas prticas, eram completamente versados na Tradio intelectual e mstica de Israel. Alm disso eram perfeitamente aderentes aos preceitos da Torah em sua vida quotidiana e tinham atingido um estado de santidade, que lhes conferia o direito de iniciar esta jornada.

    A partir das descries de suas experincias, ns apreendemos um mundo repleto de "criaturas vivas de fogo que enchem o mundo de alegria" e canes que somente os iniciados perfeitos podem ouvir sem arriscar suas vidas.

    Depois de passar por sete estados de conscincia, que precedem a primeira viso do Hekhalot (Salas do Palcio de Deus), o mstico atravessava mais sete "cus" antes de chegar ao Trono de Deus. A viso usualmente culminava aqui com a forma projetada de um homem csmico pousado sobre um brilhante assento de glria.

    O Caminho no era sem obstculos. Para pacificar os guardies que tentavam barrar o seu caminho, o iniciado carregava "slos" contendo os nomes de Deus que correpondiam a Seus Atributos: Compreenso, Julgamento, Amor-Delicadeza, e assim por diante. Quando se sentiam distraidos pelos guardies (projees psicolgicas que podiam se manifestar de forma sedutora ou horripilante), o iniciado visualizava o "slo" e simultaneamente pronunciava o nome apropriado. "Adonai"

  • por exemplo, o nome conectado com o atributo Julgamento. Caso o meditador desejasse obliterar uma imagem aterrorizante, ele meramente visualizava a esfera do Julgamento na rvore Csmica pintada de vermelho brilhante e repetia "Adonai" at que a imagem horrvel desaparecesse.

    Na sua qualidade de Mestre da Mercabah (Misticismo do Trono), Rabi Akiva escreveu diversos manuais de instruo para induo da ectasia. Estes tomaram a forma de literatura esotrica da seco de Criao do Genesis, o Cntico dos Cnticos e o Shiur Komah (Medida do Corpo). O ltimo destes, segundo Akiva, preparava o mstico para uma viso, inicialmente do Haluk (adorno de luz que circunda a glria de Deus) e posteriormente a prpria glria.

    O ritual chamado "colocar os Nomes" consistia literalmente de vestir o iniciado com uma tnica com os diversos Nomes de Deus escritos. O mstico da Mercabah utilizava esta tnica, que servia como lembrana externa, ao se introduzir na meditao, absolutamente sem distrao, sobre os Nomes que o levaria a encontrar a experincia visionria.

    Vestido em seu robe sagrado, cujas caractersticas esto cuidadosamente detalhadas em outro manual do primeiro sculo - Sefer Ha-Malbush (Livro da Vestimenta), o mstico estava realizando a metade fsica da experincia contemplativa que no podia ser realizada pela mente sozinha. "Vestindo" e e consequentemente "encarnando" os Nomes tornava o mstico mais "poderoso" para sua meditao.

    Vamos imaginar que o Rabi Akiva tendo jejuado, orado, e imerso no banho ritual, agora vestindo o robe dos Nomes, enquanto ascende os nveis de conscincia para o Hekhalot (Salas).

    Quando eu subi para o primeiro palcio eu era Hasid (Devoto), no segundo palcio eu era Tahor (Puro), no terceiro Yashar (Sincero), no quarto eu era completamente Tamim (com Deus), no quinto eu mostrava santidade perante Deus, no sexto eu falei a Kedushah (Santificao) perante Ele, que falou e criou, de modo que os Anjos Guardies no me molestassem, no stimo palcio eu me mantive ereto com todo o meu poder, e tremendo, disse a seguinte orao: "Louvados sejam aqueles que so exaltados, Louvados sejam aqueles na sublime cmara da grandiosidade".

    Akiva emergiu de sua viso do Trono de Deus um homem transformado. Ele podia agora meramente ao olhar uma pessoa, saber se era adltero ou assassino; ele tornou-se mestre sobre a natureza; um santo, ele era distinto de todos os outros homens por sua bondade e por seu julgamento sobre as leis.

    Rabi Ishmael, um conteporneo de Akiva, e ele mesmo um mestre da tradio Merkabah, apresentou a seus companheiros uma lista de cnticos projetados para evocar o estado visionrio de conscincia no qual, o Trono de Deus aparecia. Com base em suas prprias experincias, Rabi Ishmael esboou para seus discpulos um quadro cuidadosamente pintado sobre a quem eles deveriam confrontar e como deveriam reagir.

  • Eu imediatamente levantei e levei todo o grande Sanhedrin (montagem rabnica) e o pequeno Sanhedrin para o terceiro grande salo da casa de Deus. Me sentei em um sof de puro mrmore que me foi dado por meu pai Elisha. Eento vieram Rabi Shimon ben Gamiel, Rabi Eleazar o Grande, Rabi Eleazar ben Dama ... Jonathan ben Uziel, Rabi Akiva, Rabi Yehudah ben Bava. Ns viemos e sentamos perante Ele, e toda a massa de companheiros ergueu-se em seus ps, pois viram torrentes de fogo e chamas de luz separando a ns deles. E o Rabi Nehuniah ben Hakana sentou e arranjou ante eles as palavras da Mekabah, sua descida e subida, como um que desce deve faz-lo e como se deve subir.

    Quando algum quer descer deve chamar Suryah (o prncipe da face), ligando-se a ele por recitar cento e vinte vzes um cntico, usando o Nomes Totrosyai: Totrosyay, Tzurtek, Tutrcyal, Tofgor, Ashruylyay, Zvudial, Vzlterriyal, Tendal, Shuked, Hozya, Yemryon, Vadiryron. Algum deve dizer isto apenas cento e vinte vzes, ou pode morrer. Se isto feito corretamente, ele desce imediatamente e assume grande autoridade sobre a Merkabah. Dividino os dedos da mo na forma utilizada pelo Grande Sacerdote (do Templo) e pronuncia os Nomes.

    Assim, como mostramos nestes pequenos exemplos, desde a Idade Mdia a rvore Csmica da Vida com as suas dez esferas, ou atributos divinos, tem sido a imagem central da meditao cabalista. Mesmo que alguns mestres tenham adaptado os "sete Cus" da mstica Merkabah do primeiro sculo, igualando-os aos sete ramos mais baixos da rvore, a maioria dos cabalistas focaliza sua ateno na prpria rvore simblica.

    Com suas luzes internas, cores correspondentes, metais e nomes divinos, a rvore por s s suficientemente complexa. A atitude dos msticos quando se aproximam da meditao sobre as esferas prova a eles prprios que este o seu objetivo final, to certamente quanto foi a sua reverncia. Diz Moses de Leon, o grande cabalista espanhol do sculo treze:

    "Quando Deus deu a Torah a Israel, Ele abriu sete cus a eles, e eles viram que nada estava realmente l alm de Sua Glria; Ele abriu os sete mundos para eles, e eles viram que nada estava realmente l alm de Sua Glria; Eele abriu os sete abismos perante os seus olhos e eles viram que nada estava l alm de Sua Glria. Medite sobre estas coisas e voc entender que a essncia de Deus est ligada e conectada a todos os mundos, e que todas as formas de existncia esto ligadas e conectadas umas s outras, mas derivam de Sua existncia e de Sua Essncia". (Gershom Scholem - "Major Trends in Jewish Mysticism").

    Dentro deste esprito, o mstico preparado para escalar a rvore, confronta os mundos, experimenta as ligaes dentro de sua prpria pessoa, e vem para a experincia direta no terreno divino, sobre o qual todo o esquema reside.

    A esfera de Malkhut (Sovereignty - Adonai) representa o mundo da Matria (Assiah). Yesod (Foundation - El Hai ou Shaddai), Netzah (Endurance - YHVH Zevaot) e Hod (Majesty - Elohim Zevaot) combinam-se como o mundo Pr-manifesto do Esprito (Yehidah). Tifereth (Beauty - YHVH), Hesed (Loving-kindness - El) e Gevurah (Judgment - Elohim) fromam o mundo da Criao (Briah). Enquanto que o mundo de Hokmah (Wisdom - Yah), Binah (Understanding - Elohim) e Kether (Crown - Eheyeh) so o prprio domnio da divina imanncia (Atziluth). vSubindo ento,

  • mentalmente em direo a sua fonte, o mstico transversa uma mirade de universos personificados em dez esferas, assim como quatro mundo arquetpicos, os sete Nomes Divinos e inumerveis "faces" na rvore.

    Na culminao de todo o trabalho devocional, contemplativo e visionrio, sobre a asceno, o guia dos guias o Zohar (Livro do Esplendor). Um massivo compndio de histrias e exegeses Bblicas, este livro decodifica a Torah Esotrica e apresenta ao devoto uma mapa detalhado do terreno visionrio que ele ir explorar ao longo da rvore. "Quando abri o livro do Zohar", diz Baal Shem Tov, "Eu segurei todo o Universo". E ele queria dizer isso mesmo, literalmente...